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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE HABILITAÇÕES PEDAGÓGICAS

CLEITON WILLIAN DA CONCEIÇÃO

UMA VISÃO GERAL DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE


INCLUSÃO PARA O INDIVIDUO SURDO EM UMA ESCOLA DA
REDE PÚBLICA

João Pessoa
2017
1. INTRODUÇÃO

A Educação, ao longo dos anos, tem inquietado os indivíduos envolvidos em sua


construção. Professores, alunos, pais e participantes tem o objetivo de melhorar a
questão educação de maneira geral. No Brasil, a Educação tem estado dentro de
processos de mudanças importantes para os vários públicos aqui existentes.

A Educação, de maneira geral, tem contribuído para sua própria situação de


decresço. Mas essa é uma culpa social-politicamente compartilhada. Como resultado da
escassez no investimento de materiais, as escolas públicas, se tornam lugares
extremamente prejudicados e insuficiente para oferecer uma educação de qualidade.

Dentro do grupo geral dos envolvidos no processo educativo, está o povo surdo.
Muitos ainda podem achar que o local das pessoas com deficiência é na educação
especial, onde o aluno só conviverá com outros surdos e a interação, será feita
totalmente em sua língua.

Entretanto, atualmente, as escolas públicas têm implementado, com mais ênfase, as


práticas de inclusão para todo aquele indivíduo, socialmente marginalizado tenha
chance a ter uma educação de qualidade.

Diferente da escola especial, a escola inclusiva não atende a um único público. A


escola inclusiva é nada menos do que a escola pública regular que aderiu as práticas
pedagógicas de inclusão para atender ao público já mencionado no parágrafo anterior.

Atualmente, quase todas escolas públicas regulares têm aceitado a implementação


das práticas de inclusão, no território pessoense. Nesses contextos educacionais, hoje o
aluno surdo está inserido mais nas escolas inclusivas, do que as especiais. Com a
presença do profissional de tradução e interpretação, tem se visto um maior interesse da
parte da comunidade surda local onde procurar.

Porém, mesmo com a presença do intérprete para traduzir a aula, ainda se precisa
fazer adaptações. De acordo com Perlin (2010), o ser surdo é por natureza habilidoso
visualmente. O professor que tem o surdo em sua sala, precisa considerar esse fator,
para que a facilitação para a realização do aprendizado do aluno seja feita de forma
eficaz.
Em João Pessoa, a escola pública regular escolhida para realização dessa pesquisa foi
Centro Estadual de ensino aprendizagem sesquicentenário, a qual é um espaço
formador composto por turmas de ensino fundamental anos iniciais a finais, assim como
o ensino médio.

Esse espaço educativo é divido em 60 por cento de suas ações para fins de escola
pública, assim como 40 por cento, para uma cooperativa educacional que atua no
espaço. Essa divisão também é feita no processo seletivo de entrada para instituição. 60
por cento das vagas são para as pessoas que querem entrar na escola em seu caráter de
escola pública. Mas pela grande concorrência, outros procuram a cooperativa com o
intuito de entrar na escola. Os alunos que entram pela cooperativa pagam mensalidade,
são alunos de caráter bastante distante, são adolescentes que, por toda vida, fizera parte
de uma família rica.

No tocante ao público surdo que encontrei na escola, foi interessante ver que a
maioria está sendo bem atendido, com a presença de intérpretes, e alguns profissionais
que os atendem que sabem Libras. Diferente da grande maioria das escolas que, na
maioria das vezes, não tem intérprete, ou um profissional de tradução da Libras
capacitado a realizar a função.

No projeto político pedagógico da escola, podemos ver três dimensões que regem as
ações da mesma para o cumprimento do direito a educação dos indivíduos, os quais são
‘Marco Situacional’, Marco conceitual’ e ‘Marco Operacional’. Esses três marcos
regem a organização da escola e a realização de sua missão, a qual é educar qualquer
indivíduo de forma igualitária, respeitando as individualidades de cada um.

Os três marcos que regem as ações realizadas pela escola, tem como objetivo, na
seguinte ordem, construir o estudante e formar um cidadão. O marco situacional está
ligado as situações onde os alunos se encontram, e as perspectivas para onde esses
alunos vão.

O segundo marco, se refere a visão da escola na construção das disciplinas currículo,


realidade educacional da escola, comunidade envolvida, organização curricular e etc.

O terceiro marco está relacionado a organização administrativa, são questões que não
envolvem a sala de aula, mas a gestão, assim como os outros componentes que mantem
a escola como está.
Pensando no contexto de inclusão da escola, os três marcos têm contribuído
fortemente para que as práticas pedagógicas de inclusão sejam implementadas com
sucesso. Os profissionais envolvidos, no período de dois dias de visita a escola, têm se
mostrado bastante eficiente quanto a isso.

A escola tem ao todo, quatro intérpretes. O que ainda é pouco para o número de
alunos surdos, que ao todo são quinze. Esses alunos são acompanhados por seus
tradutores tanto nas aulas regulares, quanto atividades extraclasses que são realizadas
pela escola.

O suporte que o Centro Estadual de Ensino e Aprendizagem sesquicentenário, tem


dado a seus alunos surdos tem sido excelente, com comparação a algumas escolas do
mesmo município. O crescimento desses indivíduos se faz através de ações que
promovam a estes, uma melhor qualidade na educação. Mesmo com o corpo docente,
ainda se adaptando a realidade desses alunos, os mesmos já estão contribuindo por
dividirem seu espaço de ensino com os interpretes. Os alunos surdos merecem uma
educação, mesmo que traduzida, mas eu sua língua.

2. DESENVOLVIMENTO

Grande número da população atual já acredita na educação inclusiva como a salvadora


para as pessoas com necessidades educacionais específicas. Mas, ainda temos um
processo educativo inclusivo muito falho. O que tem, na verdade, acontecido com o
processo de inclusão é que, podemos chamar de inclusão, mas na verdade é um processo
de integração educacional.
Muitas escolas do Brasil, ao invés de se adaptar ao aluno que está chegando e precisa
de um atendimento especializado, estão sendo colocados em sala e tendo que se adaptar
a rotina escolar apresentada a eles.

Felizmente, já existem escolas que põem em prática as ações de inclusão, como


devem ser colocadas. Ainda não temos um sistema de inclusão perfeito, mas estamos
caminhando nessa direção.

O Centro Estadual de Ensino Aprendizagem Sesquicentenário, tem realizado suas


ações de inclusão diferente de muitas escolas que dizem se utilizar de práticas
inclusivas, quando na verdade estão trabalhando e aplicando o conceito de integração,
em que o aluno que tem, com pequenos ajustes, aceitarem a realidade da escola e se
preparar para isso.

Lei nº 13.146 de julho de 2015, defende que as pessoas com deficiência tenham o
direito de se inserir na sociedade de forma a questões como mercado de trabalho,
diversão e entre outros. O direito a educação está incluso nessa lei, o que garante que
qualquer pessoa com deficiência tem direto a educação que atenda às suas necessidades
específicas.

No contexto educacional, muito se tem discutido sobre a singularidade de cada


aluno. Os estudantes não aprendem da mesma forma. Uns aprendem mais
auditivamente, outros visualmente e entre outros.

Os alunos com necessidades educacionais especificas (NEE), estes têm a lei da


inclusão que garante todos esses direitos. Infelizmente, esse público ainda sobre muito
preconceito, pois a construção de visão entre as pessoas foi sócio-cuturalmente
desenvolvidas pelo viés do colonizador. Ou seja, toda alteridade, o que é diferente de
mim, não pode existir.

No que diz respeito ao povo surdo, esses indivíduos têm o decreto nº 5.626 que da
base judicial para a lei de libras de nº 10.436 de abril de 2002, assim como a lei da
pessoa com deficiência de nº 10.098 de 19 dezembro de 2000.

Esse conjunto tem o objetivo de oportunizar a pessoa com deficiência, nesse nosso
caso, o Surdo, como um povo dotado de uma expressão linguística própria desse grupo.
Hoje, o público surdo tem muitos diretos que os defende como comunidade linguística,
assim como garante seus direitos essenciais para vida em sociedade, como a educação e
oportunidades de trabalho.

Entretanto, a história do povo surdo nem sempre foi recheada de tantas garantias a
direitos básicos para sua formação como cidadão.

De acordo com um documento organizado pela professora Karin Strobel (2009), para
as aulas de história dos surdos, é possível ver uma época escura na trajetória do surdo
até aqui. Muito se tem a falar sobre essa época, mas focaremos aqui no que afeta
diretamente o Surdo brasileiro.

No ano de 1880, houve um congresso em Milão, onde educadores surdos se


reuniram para votar em uma forma de melhor educar o povo surdo. Através da
influência de ouvintes que acreditavam na eficiência do oralismo para o surdo, apoiou a
declaração. O fechamento mais marcante desse congresso foi a proibição da língua de
sinais até o ano de 1980, quando, aqui no Brasil, essa decisão deixa de vigorar.

Foram 100 anos de exclusão da língua gesto-visual do Surdo. Esse indivíduo teve
que aceitar esse fato e deixar ser oralizado. O povo surdo foi submetido a um período
onde não podiam sua língua natural, como fins de comunicação teve que passar pelo
processo de oralização, que nem sempre servia para todos.

Esse período em que a língua do surdo passou sendo/estando proibida, acarretou no


prejuízo na sua própria educação, pois ao longo desse período maçante de oralizar a
pessoa surda, os mesmos não tinham acesso à educação adaptada para sua própria
realidade.

Esse retardo não só influiu no prejuízo da educação desse público mais também no
reconhecimento de sua língua, cultura e identidade. Acordando com Quaresma e
Ferreira (2013), A língua constitui a cultura e a identidade e vice-versa. Com a
proibição do povo surdo poder usar sua língua natural, se foi negada também a
expressão de sua cultura, assim como também sua identidade.

No momento em que qualquer povo for negado esses três itens que contribuem para
construção do ser, esse fica prejudicado e sofre um retrocesso na educação. Só em 2002
foi que a libras, veio ser reconhecida por lei como língua. Mas, toda essa história de
proibição acarretou também a falta de conhecimento dos profissionais e também
cidadãos em geral que lidam com pessoas acometidas pela surdez.
Todo esse fator histórico construiu a concepção de surdo como um ser sem língua,
cultura e identidade. Hoje, ainda é comum escutar as pessoas na rua falando
“Linguagem de sinais”, “Surdo-mudo”, “Mudo”, “Mudinho” e entre outros.

A educação tem tentado mudar essa situação. Hoje, as pessoas, mesmo que não a
maioria, pouco a pouco, está redescobrindo a comunidade surda e a riqueza que há
contida nela.

Na escola acompanhada para o desenvolvimento dessa pesquisa, os alunos, ainda que


não em número total, já conhecem mais seus colegas surdos, sua língua e sua cultura. O
que abre espaço para reflexão de que nessa escola, os alunos estão, assim como a
sociedade, aos poucos, conhecendo melhor os Surdos, suas práticas, costumes, língua e
cultura. Isso influirá em uma educação futura mais sensível a essa parte da população
que já sofreu e sofre por terem tido esse passado e também uma educação totalmente
excludente.

3. RESULTADOS

No contexto educacional da escola escolhida para o desenvolvimento dessa pesquisa,


tanto alunos surdos, quanto intérpretes colocaram que a escola em questão tem
avançado muito na inclusão dos alunos surdos nas atividades realizadas pela escola. Os
surdos que fazem parte da comunidade escolar do Centro Estadual de Ensino e
Aprendizagem, já se sentem muito mais confortáveis, com relação a outros surdos do
município de João pessoa.

O atendimento na sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE) tem


contribuído para esses indivíduos se encontrarem na ‘zona de conforto’ para com sua
língua e educação, na qual eles se encontram hoje em dia.

De acordo com a fala da maioria dos surdos que fazem parte do contexto escolar
pesquisado, é de extrema importância o trabalho feito pela sala AEE para a melhoria da
educação deles, pois, nas experiências que eles tiveram antes, sem a presença de
intérpretes e sem a sala AEE e seu atendimento especializado, eles não estariam onde
estão hoje.

Os intérpretes concordam com os surdos nesse sentido. Uma das intérpretes que
estava presente, o nome não será revelado por questões éticas, salientou que mesmo
alguns considerando o surdo com fora do quadro de pessoas com deficiência, no olhar
do ouvinte, e partindo da perspectiva do ouvinte, o surdo sempre vai estar em
desvantagem, pois eles vivem em um mundo onde não podem ouvir, enquanto o ouvinte
pode. O processo educacional é realizado com muito mais fluidez. Mas os surdos
formam uma comunidade linguísticas e se ensinado em sua língua, a aprendizagem já
será muito mais efetiva.

Mas foi observado, pelo pesquisador que, mesmo com a presença dos intérpretes e a
sala AEE, os sujeitos acometidos pela surdez, ainda são excluídos de muitas coisas.

As aulas não são adaptadas visualmente para os surdos. Toda a forma de passagem
de informação na escola é baseada na habilidade do ouvir. Por instancia, O sino para os
intervalos e fins dos mesmos só faz tocar. Não tem sinal de luz, o que seria o
recomendado para uma escola com surdos. Os grupos organizacionais e pedagógicos
não podem fazer o atendimento do surdo sem o auxílio de um intérprete, pois os
mesmos não sabem Libras.

Isso acarreta em uma estrutura de atendimento ao surdo que está caminhando, mas
ainda não chegou no seu destino final. É valido ressaltar a importância dos passos que já
foram dados, mas também de saber que muito precisa ser feito e não se calar diante
disso, pois só assim o contexto educacional vai melhorar de maneira geral.

4. CONCLUSÃO

De acordo com as leis que foram apresentadas no desenvolvimento, é interessante


salientar que a situação do surdo no Brasil ainda está a passos largos de alcançar o ideal
para que essa comunidade tenha sua acessibilidade como um todo acessada. Precisamos
de mais processos de sensibilização, não só no âmbito educacional, que ainda não
atende o suficiente a comunidade surda de forma a criar um contexto educacional cem
por cento funcional ao indivíduo surdo. Essa sensibilização é de estrema importância
em todas as esferas sociais, não só com relação ao Surdo, mas com todos aqueles que
fazem partes de minorias e merecem ter seus direitos respeitados e cumpridos. Pois o
direito no papel sozinho não resolve toda problemática de exclusão. Leva tempo para as
sociedades aceitarem as novidades, mas com mais trabalhos de sensibilização e
entendimento, mais curto será o prazo para que todo o contexto de exclusão brasileiro se
torne inclusivo por excelência.

5. REFERÊNCIAS

 BRASIL. Decreto n. 5.626, de 22 de dec. de 2005. Lei nº 10.436, de 24 de abril


de 2002. Brasília, DF, mar 2017.
 PERLIN, Gladis. Identidades surdas. In: SKLIAR, Carlos (Org.). A surdez – um
olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, 2005. p. 51-73.

 QUARESMA, F. J. P. OS POVOS INDIGENAS E A EDUCAÇÃO. Revista


práticas de linguagem. V. 3, n. 2, Jul/Dez. 2013.

 STROBEL, Karin. História do Povo Surdo. Universidade Federal de Santa


Catarina, 2009.

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