Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE HABILITAÇÕES PEDAGÓGICAS
João Pessoa
2017
1. INTRODUÇÃO
Dentro do grupo geral dos envolvidos no processo educativo, está o povo surdo.
Muitos ainda podem achar que o local das pessoas com deficiência é na educação
especial, onde o aluno só conviverá com outros surdos e a interação, será feita
totalmente em sua língua.
Porém, mesmo com a presença do intérprete para traduzir a aula, ainda se precisa
fazer adaptações. De acordo com Perlin (2010), o ser surdo é por natureza habilidoso
visualmente. O professor que tem o surdo em sua sala, precisa considerar esse fator,
para que a facilitação para a realização do aprendizado do aluno seja feita de forma
eficaz.
Em João Pessoa, a escola pública regular escolhida para realização dessa pesquisa foi
Centro Estadual de ensino aprendizagem sesquicentenário, a qual é um espaço
formador composto por turmas de ensino fundamental anos iniciais a finais, assim como
o ensino médio.
Esse espaço educativo é divido em 60 por cento de suas ações para fins de escola
pública, assim como 40 por cento, para uma cooperativa educacional que atua no
espaço. Essa divisão também é feita no processo seletivo de entrada para instituição. 60
por cento das vagas são para as pessoas que querem entrar na escola em seu caráter de
escola pública. Mas pela grande concorrência, outros procuram a cooperativa com o
intuito de entrar na escola. Os alunos que entram pela cooperativa pagam mensalidade,
são alunos de caráter bastante distante, são adolescentes que, por toda vida, fizera parte
de uma família rica.
No tocante ao público surdo que encontrei na escola, foi interessante ver que a
maioria está sendo bem atendido, com a presença de intérpretes, e alguns profissionais
que os atendem que sabem Libras. Diferente da grande maioria das escolas que, na
maioria das vezes, não tem intérprete, ou um profissional de tradução da Libras
capacitado a realizar a função.
No projeto político pedagógico da escola, podemos ver três dimensões que regem as
ações da mesma para o cumprimento do direito a educação dos indivíduos, os quais são
‘Marco Situacional’, Marco conceitual’ e ‘Marco Operacional’. Esses três marcos
regem a organização da escola e a realização de sua missão, a qual é educar qualquer
indivíduo de forma igualitária, respeitando as individualidades de cada um.
Os três marcos que regem as ações realizadas pela escola, tem como objetivo, na
seguinte ordem, construir o estudante e formar um cidadão. O marco situacional está
ligado as situações onde os alunos se encontram, e as perspectivas para onde esses
alunos vão.
O terceiro marco está relacionado a organização administrativa, são questões que não
envolvem a sala de aula, mas a gestão, assim como os outros componentes que mantem
a escola como está.
Pensando no contexto de inclusão da escola, os três marcos têm contribuído
fortemente para que as práticas pedagógicas de inclusão sejam implementadas com
sucesso. Os profissionais envolvidos, no período de dois dias de visita a escola, têm se
mostrado bastante eficiente quanto a isso.
A escola tem ao todo, quatro intérpretes. O que ainda é pouco para o número de
alunos surdos, que ao todo são quinze. Esses alunos são acompanhados por seus
tradutores tanto nas aulas regulares, quanto atividades extraclasses que são realizadas
pela escola.
2. DESENVOLVIMENTO
Lei nº 13.146 de julho de 2015, defende que as pessoas com deficiência tenham o
direito de se inserir na sociedade de forma a questões como mercado de trabalho,
diversão e entre outros. O direito a educação está incluso nessa lei, o que garante que
qualquer pessoa com deficiência tem direto a educação que atenda às suas necessidades
específicas.
No que diz respeito ao povo surdo, esses indivíduos têm o decreto nº 5.626 que da
base judicial para a lei de libras de nº 10.436 de abril de 2002, assim como a lei da
pessoa com deficiência de nº 10.098 de 19 dezembro de 2000.
Esse conjunto tem o objetivo de oportunizar a pessoa com deficiência, nesse nosso
caso, o Surdo, como um povo dotado de uma expressão linguística própria desse grupo.
Hoje, o público surdo tem muitos diretos que os defende como comunidade linguística,
assim como garante seus direitos essenciais para vida em sociedade, como a educação e
oportunidades de trabalho.
Entretanto, a história do povo surdo nem sempre foi recheada de tantas garantias a
direitos básicos para sua formação como cidadão.
De acordo com um documento organizado pela professora Karin Strobel (2009), para
as aulas de história dos surdos, é possível ver uma época escura na trajetória do surdo
até aqui. Muito se tem a falar sobre essa época, mas focaremos aqui no que afeta
diretamente o Surdo brasileiro.
Foram 100 anos de exclusão da língua gesto-visual do Surdo. Esse indivíduo teve
que aceitar esse fato e deixar ser oralizado. O povo surdo foi submetido a um período
onde não podiam sua língua natural, como fins de comunicação teve que passar pelo
processo de oralização, que nem sempre servia para todos.
Esse retardo não só influiu no prejuízo da educação desse público mais também no
reconhecimento de sua língua, cultura e identidade. Acordando com Quaresma e
Ferreira (2013), A língua constitui a cultura e a identidade e vice-versa. Com a
proibição do povo surdo poder usar sua língua natural, se foi negada também a
expressão de sua cultura, assim como também sua identidade.
No momento em que qualquer povo for negado esses três itens que contribuem para
construção do ser, esse fica prejudicado e sofre um retrocesso na educação. Só em 2002
foi que a libras, veio ser reconhecida por lei como língua. Mas, toda essa história de
proibição acarretou também a falta de conhecimento dos profissionais e também
cidadãos em geral que lidam com pessoas acometidas pela surdez.
Todo esse fator histórico construiu a concepção de surdo como um ser sem língua,
cultura e identidade. Hoje, ainda é comum escutar as pessoas na rua falando
“Linguagem de sinais”, “Surdo-mudo”, “Mudo”, “Mudinho” e entre outros.
A educação tem tentado mudar essa situação. Hoje, as pessoas, mesmo que não a
maioria, pouco a pouco, está redescobrindo a comunidade surda e a riqueza que há
contida nela.
3. RESULTADOS
De acordo com a fala da maioria dos surdos que fazem parte do contexto escolar
pesquisado, é de extrema importância o trabalho feito pela sala AEE para a melhoria da
educação deles, pois, nas experiências que eles tiveram antes, sem a presença de
intérpretes e sem a sala AEE e seu atendimento especializado, eles não estariam onde
estão hoje.
Os intérpretes concordam com os surdos nesse sentido. Uma das intérpretes que
estava presente, o nome não será revelado por questões éticas, salientou que mesmo
alguns considerando o surdo com fora do quadro de pessoas com deficiência, no olhar
do ouvinte, e partindo da perspectiva do ouvinte, o surdo sempre vai estar em
desvantagem, pois eles vivem em um mundo onde não podem ouvir, enquanto o ouvinte
pode. O processo educacional é realizado com muito mais fluidez. Mas os surdos
formam uma comunidade linguísticas e se ensinado em sua língua, a aprendizagem já
será muito mais efetiva.
Mas foi observado, pelo pesquisador que, mesmo com a presença dos intérpretes e a
sala AEE, os sujeitos acometidos pela surdez, ainda são excluídos de muitas coisas.
As aulas não são adaptadas visualmente para os surdos. Toda a forma de passagem
de informação na escola é baseada na habilidade do ouvir. Por instancia, O sino para os
intervalos e fins dos mesmos só faz tocar. Não tem sinal de luz, o que seria o
recomendado para uma escola com surdos. Os grupos organizacionais e pedagógicos
não podem fazer o atendimento do surdo sem o auxílio de um intérprete, pois os
mesmos não sabem Libras.
Isso acarreta em uma estrutura de atendimento ao surdo que está caminhando, mas
ainda não chegou no seu destino final. É valido ressaltar a importância dos passos que já
foram dados, mas também de saber que muito precisa ser feito e não se calar diante
disso, pois só assim o contexto educacional vai melhorar de maneira geral.
4. CONCLUSÃO
5. REFERÊNCIAS