Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
do
MEC/IBC/DTE/DDI Instituto Benjamin Constant
ANO I
NÚMERO 6
JUNHO/JULHO 2014 Divisão de Pesquisa, Documentação e Informação
TROCANDO IDEIAS
PERSPECTIVAS EDUCACIONAIS
PARA A SURDOCEGUEIRA
M
arcia Noronha de Mello é professora do Ins- nais, oralização, tadoma, entre outros –, observando
tituto Benjamin Constant, atuando na área os que serão absorvidos pela criança, direcionando
de surdocegueira. Mestre em Educação pela o trabalho para o sistema que apresentar mais faci-
Universidade Estácio de Sá, na linha de pesquisa lidade. Na maioria dos casos, o sistema empregado
sobre Políticas Públicas e Gestão. Possui especia- é a língua de sinais.
lização em Saúde Mental da Infância e da Adoles-
cência e graduação em História pela Universidade Quais são as opções para a criança com surdo-
Santa Úrsula. cegueira ser escolarizada?
Nesta conversa, a professora destaca que
existem mitos em torno da surdocegueira que pre- Antes de falar das opções, vou falar das condi-
cisam ser desconstruídos, dentre eles o de que o ções de escolarização. Aqui no IBC, por ser um pro-
trabalho com pessoas com surdocegueira seja muito grama de reabilitação, a meta é o encaminhamento
difícil. Ela também ressalta a necessidade de uma para o mercado de trabalho. Para isso, a pessoa
conscientização da sociedade para a existência da atendida precisa ter um sistema de comunicação e,
pessoa com surdocegueira e para a importância de em seguida, ser escolarizada. O currículo para esse
políticas públicas que atendam a essa população. público tem caráter funcional, diferenciando-se, em
alguns casos, do currículo da escola regular. Quanto
Como se estabelece o processo de comunicação às opções, pela lei, seria a inclusão total, o aluno
com a pessoa com surdocegueira? com surdocegueira deveria frequentar normalmen-
te as salas de aula regulares, da creche ao ensino
O programa de surdocegueira do Instituto médio. Na prática, nem sabemos onde esses alu-
Benjamin Constant é de reabilitação, ou seja, aten- nos estão. O próprio diagnóstico da surdocegueira
de pessoas maiores de 16 anos com um sistema de não é fechado nas crianças. O que há é um encami-
comunicação implantado. Essas pessoas podem ser nhamento da fala dos profissionais diagnosticando
oralizadas, usar a LIBRAS ou algum sistema de co- uma criança surda com baixa visão ou uma criança
municação familiar, como escrita cursiva no braço cega com dificuldade auditiva. Com isso, a criança
ou no rosto. No caso do atendimento à criança, é com surdocegueira fica perdida na escola regular,
preciso verificar como a surdocegueira está se im- com comportamentos considerados, muitas vezes,
plantando: se a criança tem um resíduo auditivo, ela socialmente inadequados, sendo enquadrada como
será oralizada; se ela é inicialmente surda, apren- autista, deficiente intelectual... Quando, na verdade,
derá a língua de sinais. Hoje, nos programas inter- é uma pessoa angustiada que não sabe se expres-
nacionais, o atendimento à criança é realizado por sar. Quando se estabelece uma linguagem, a comu-
profissionais da terapia ocupacional. É um trabalho nicação é possível e a escolarização pode ser reali-
de estimulação em que se experimentam todos os zada. O trabalho de escolarização pode ser auxiliado
sistemas disponíveis de comunicação – língua de si- pela tecnologia assistiva. Na área da surdocegueira,
temos a famosa linha Braille, que possibilita a quem atendimentos está direcionada, atualmente, para
já é alfabetizado e sem comprometimento cognitivo pessoas com surdocegueira congênita associada a
o acesso aos programas de computador, ao e-mail, outros comprometimentos.
à Internet. São importantes, na escola regular inclu- Em uma escola regular, o currículo é um só
siva, o professor de apoio, o intérprete de língua de para todos os alunos; o processo educacional deve
sinais e a sala de recursos, conforme previsto pela contemplar o currículo definido nos Parâmetros
lei. Há uma grande discussão em torno do professor Curriculares Nacionais. O atendimento de apoio ou
de apoio: quem é ele, quais são suas atribuições... atendimento educacional especializado é um supor-
Nós estamos vivendo uma mudança de paradigma te, não trabalha com currículo. Por isso, o planeja-
no sentido de realizar, na sala de aula inclusiva, um mento é individual, visando a atender as necessi-
trabalho compartilhado entre os profissionais de dades do educando e possibilitando o acesso ao
educação envolvidos no processo de aprendizagem. conteúdo curricular. Todavia, há uma confusão em
relação a isso, uma expectativa das famílias e da
Como é o trabalho desenvolvido pelo IBC no escola de que esse atendimento especializado dê
atendimento à pessoa com surdocegueira? conta também do conteúdo curricular.
Flávia Pereira, Rodrigo des do aluno com deficiência visu- Os médicos residentes do
Cardoso e Thiago E. dos Santos, al?; (3) O que move os professores Centro Oftalmológico do Insti-
alunos do curso de Licenciatura a procurarem os cursos do IBC?; tuto Benjamin Constant Julia F.
em Matemática da UFRJ, de- (4) Em que medida os cursos de Heringer, Heron G. Correia, Jo-
senvolvem o tema “Combinató- curta de duração do IBC propor- ana de Farias e Marcus Vinicius
ria no Ensino Fundamental”. A cionam experiências formativas Salady, coordenados pelo Dou-
pesquisa, vinculada ao Projeto transformadoras nas trajetórias tor Abelardo de S. Couto Júnior,
Fundão “Matemática para Defi- dos professores? ” realizam a pesquisa “Eficácia
cientes Visuais e Surdos”, des- da superposição de imagens na
tina-se a aplicar atividades que “Currículo de Arte/Educação detecção de alterações estrutu-
envolvam técnicas de contagem, para Alunos Cegos e com Visão rais do disco óptico”. Segundo
princípio aditivo e multiplicativo, Reduzida” é a pesquisa elabora- os pesquisadores, esse projeto
utilizando recursos adaptados da por Natalia Allão, graduanda pretende “testar uma nova forma
para o deficiente visual. do Curso de Pedagogia da UFRJ. de acompanhar o disco óptico,
A investigação tem como objetivo podendo auxiliar na detecção de
Elise de Melo B. Ferreira, identificar a importância das Artes/ pequenas alterações” em sua
professora do Instituto Benja- Música como um recurso de apren- estrutura “de forma mais pre-
min Constant, realiza pesquisa dizado para crianças cegas ou com coce e, quem sabe, se mostrar
de Mestrado em Educação pela baixa visão. promissor para detecção de pro-
Universidade Estácio de Sá. O gressão do glaucoma, auxiliando
título do trabalho é “Formação “A utilização de materiais na prevenção da cegueira”.
de professores na área da defi- grafotáteis como facilitadores na
ciência visual: narrativas de pro- aprendizagem da cinemática” é Maria Luisa G. da Fonse-
fessores egressos dos cursos o tema da pesquisa de Vagner ca, médica residente do Cen-
do Instituto Benjamin Constant”. S. da Cruz, professor do Institu- tro Oftalmológico do Instituto
Segundo a autora, tal estudo to Benjamin Constant. O escopo Benjamin Constant, elabora a
busca analisar as seguintes do trabalho é preparar gráficos pesquisa “Síndrome Ocular de
questões: “(1) Como se formam do movimento em materiais mul- Blefarocálase”. O estudo objeti-
os professores para atuarem na tissensoriais para pessoas com va discutir essa síndrome oftal-
área da deficiência visual?; (2) deficiência visual, possibilitando a mológica rara, para facilitar seu
Quais as dificuldades que eles esse público a exploração de tais diagnóstico e tratamento, divul-
encontram na prática pedagógi- recursos como uma complementa- gando os resultados entre os
ca para atender às especificida- ção do ensino da cinemática. médicos oftalmologistas.
O QUE HÁ DE NOVO?
EXPEDIENTE
Contatos
Direção Geral do Instituto Benjamin Constant Comissão Editorial IBC - DDI
Maria Odete Santos Duarte Daniele de Souza Pereira
Morgana Ribeiro dos Santos Avenida Pasteur, nº 350,
Centro de Estudos e Pesquisas Urca-RJ
Gabinete do Instituto Benjamin Constant Paolla Cabral Silva Brasil Rio de Janeiro
Allan Paulo Moreira dos Santos
Maria da Gloria de Souza Almeida Rodrigo Agrellos Costa CEP: 22290-240
Angélica Ferreira Beta Monteiro
Vitor Alberto da Silva Marques
Fabiana Alvarenga Rangel tel. (21) 3478-4517
Departamento Técnico Especializado
Márcia de Oliveira Gomes
Ana Lúcia Oliveira da Silva Email:
Rachel Maria C. M. de Moraes Diagramação
ddicentrodeestudo@ibc.gov.br
Domingos Octávio D.F. Souza
Divisão de Pesquisa, Documentação e Informação
Jornalista responsável Tiragem
Claudia Lucia Lessa Paschoal 300 exemplares
Domingos Octávio D.F. Souza
Remetente:
Destinatário: