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EDUCAÇÃO INCLUSIVA AO DEFICIENTE VISUAL

Autor: José Fernando Belíssimo Araújo1


Tutor externo: Lilian Branco2
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Curso (FLEX1230) – Estágio Curricular Obrigatório II
28/10/2020

RESUMO

Este trabalho é uma sequência do Projeto do Estágio Curricular Obrigatório II, da


Licenciatura em Matemática, com a temática das Práticas Inclusivas para Professores
da Educação Básica. Nele investigaremos a problemática da inclusão no ambiente das
escolas regulares, com foco no aluno deficiente visual, abordando características da
deficiência, o posicionamento histórico e metodologias de inclusão.

Palavras-chave: Educação inclusiva. Deficiência Visual. Matemática.


1 INTRODUÇÃO

Integrar significa somar cada parte, não interessando suas particularidades, de


forma a obter um todo contínuo, muito maior que a simples soma destas partes, tal
como no corpo humano, somos muito mais que a mera conexão de cabeça, tronco,
membros e órgãos, a tudo isso, como na educação inclusiva, acrescenta-se vida, caso
contrário corremos o risco de nos transformarmos em um monstro “franksteiniano”. Na
situação específica das pessoas com deficiência o ato de inclusão significa oportunizar
vida integral, indistintamente, pois nossas individualidades nos tornam diferentes.
A propósito, o conceito de normal é puramente estatístico, é apenas uma
distribuição de probabilidades para avaliar a possibilidade da ocorrência ou não de um
determinado evento. Desta maneira o dito “normal” é uma questão de quantificação e
não de qualificação, por exemplo, entre a tribo australiana de Pigmeus o normal (ou
melhor, o comum) é possuir estatura inferior a um metro e cinquenta centímetros, em
outras palavras, consideramos como “normal” o evento que se encontra dentro o
intervalo da média dos eventos.
Incluir não é apenas integrar, buscando analogias com a química, incluir não é
um mistura homogênea, onde apesar de parecer uma substância apenas, temos todos

1
Acadêmico do Curso de Licenciatura em Matemática; E-mail: jfernandobelissimo@gmail.com
2
Tutor Externo do Curso de Licenciatura em Matemática – Polo IERGS; E-mail:
lilian.branco@uniasselvi.com.br
solutos dispersos em um solvente, incluir é uma reação química, onde após a mistura
teremos um composto novo, com características distintas das partes que o criaram.

No universo da educação o docente se depara com uma parcela de público


portador de necessidades especiais, necessidades estas que exigem práticas inclusivas
que introduzam o educando especial no universo da normalidade. O papel do professor
é fundamental nessa quebra de preconceitos e paradigmas arraigados, como sugere
Maiola:

No caso das pessoas com deficiência, suas diferenças se exaltam e respondem


na forma de preconceitos que menosprezam suas potencialidades. Estas
pessoas costumam ser percebidas pelo que foge ao padrão, tanto no que falta,
quanto no que necessitam em questão de assistência e adaptações.
(MAIOLA, 2016, p.02).

Segundo a OMS3, existem 300 milhões de deficientes visuais no mundo, dentre


esse número, 75 milhões são totalmente cegos e o restante portador de baixa visão 4
grave. No Brasil somos quatro milhões de deficientes, entre os quais um milhão e cem
mil cegos. Nesse trabalho exploraremos a problemática do estudante deficiente visual e
apresentaremos algumas metodologias para sua inclusão deste aluno no cotidiano da
aprendizagem.

Tendo como pauta o projeto de extensão: Práticas Inclusivas para Professores da


Educação Básica, anexarei ao final desse trabalho um e-Book sobre educação inclusiva
ao deficiente visual.

2 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


A história da deficiência visual no mundo é contada há muito tempo, conforme
Bruno e Mota (2001):
A história da deficiência visual na humanidade é comum a todos os tipos de
deficiências. Os conceitos foram evoluindo conforme as crenças, valores
culturais, concepção de homem e transformações sociais que ocorreram nos
diferentes momentos históricos. Assim sendo, na antiguidade as pessoas com
deficiência mental, física e sensorial eram apresentadas como aleijadas, mal
constituídas, débeis, anormais ou deformadas. Percebidos como degeneração
da raça humana no período em que predominava o princípio da eugenia,
essas pessoas eram abandonadas ou eliminadas. As obras de Platão e Sêneca
refletem as práticas helênicas e gregas que retratam essa concepção. Na Idade
Média, com o apogeu do Cristianismo, elas passam a ser alvo de proteção,
caridade e compaixão. Ao mesmo tempo, justifica-se a deficiência pela
expiação de pecados ou como passaporte indispensável ao reino dos céus.
3
OMS: Organização Mundial da Saúde
4
Baixa visão: é o comprometimento do funcionamento visual em ambos os olhos, mesmo após correção
com uso de óculos ou lentes de contato, mas a pessoa utiliza ou é potencialmente capaz de utilizar
a visão para planejamento e execução de alguma tarefa.
Surgem assim, as primeiras instituições asilares com encargo de dar
assistência e proteção às pessoas deficientes. Na Idade Moderna, a filosofia
Humanista começa a dar conta dos problemas relacionados ao homem, tendo
por base a evolução das ciências. O conhecimento científico assegura as
tentativas da educação de pessoas deficientes sob o enfoque da patologia. Na
Idade Contemporânea, os ideais da Revolução Francesa – igualdade,
liberdade e fraternidade – se expandem na construção de uma consciência
social e movimentos mundiais evocam direitos e deveres do homem,
assegurando às minorias o exercício da cidadania no jogo democrático.
Transformações político-sócio-culturais se processam deixando vir à tona
formas diferenciadas de ser ou de vir a ser.. (BRUNO;MOTA, 2001, p.25).

A inclusão do aluno portador de deficiência visual é de fácil justificativa:


somente no Brasil, conforme o site da Fundação Dorina Nowill para Cegos, a população
de pacientes supera a população do Uruguai, desta forma não seria razoável a criação de
ambientes exclusivos para um fato com frequência tão alta. Por outro lado, o apelo
visual da atualidade exige uso de técnicas adaptativas para manter a qualidade do ensino
tanto para o público portador como para o não portador de deficiência visual.

Segundo Barbosa e Camargo (2014):

O conceito de Educação Inclusiva é originário da Declaração de Salamanca


(1994), preconiza que todas as crianças portadoras de necessidades
educativas especiais têm o seu direito de acesso e permanência no ensino
regular. O termo “necessidades educativas especiais” não designa
exclusivamente crianças com deficiência física ou mental, compreende todas
as necessidades consideradas “destoantes da maioria” e que necessitem de
um atendimento diferenciado. A Educação Inclusiva busca a construção de
uma escola igualitária, onde todos os alunos que nela estão inseridos possuam
um atendimento educacional que lhes possibilite a construção do
conhecimento como um todo para poderem atuar efetivamente como
cidadãos na sociedade. (BARBOSA; CAMARGO, 2014, p.03).

Ainda conforme sugere Bruno e Mota (2001), o aluno deficiente visual deve,
inicialmente, ser alfabetizado, para que o processo de inclusão na turma de alunos sem
deficiência tenha um equilíbrio inicial nos processos de aprendizagem, nunca devemos
perder de vista que esta convivência é enriquecedora para ambos.

O docente da turma inclusiva, através do treinamento e da formação continuada,


tem o fundamental papel de promover a equalização da turma, de forma que a
deficiência não seja considerada um problema, mas sim, uma particularidade. É
interessante que seja experimentado exercícios de trocas de papéis, para apresentar aos
alunos não portadores de deficiência compreendam a sala de aula do ponto de vista do
aluno cego. Na sala de aula regular, o que causa diferença para o portador de deficiência
é a questão espacial e a escrita, que deve ser em alto relevo (método Braile), dessa
forma é aconselhável que, no turno reverso, seja oferecido atividades para facilitar,
tanto quanto possível, a inclusão a esses detalhes.

3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO
Novas catástrofes indicam sempre a necessidade de novas e criativas soluções. É
a força necessária para mudar o movimento retilíneo da história. Uma grave pandemia
obrigou-nos a repensar a ordem das coisas, e o estágio vivido dentro do mundo da
virtualidade foi tão concreto e real como se estivéssemos em uma sala de aula regular. O
estágio prático está para pesquisa teórica, como a existência está para o pensamento.
Nunca, em toda a história da educação, o ensino a distância esteve tão em pauta, os
holofotes totalmente voltados à essa nova metodologia de estudo e aprendizagem.

Começamos pela observação virtual, em tempos de massificação das


comunicações, nunca pensamos que seria tão difícil obter informações sobre uma escola
de ensino médio, não importando se pública ou particular. E-mails foram enviados,
buscamos contato telefônico, enfim, realizamos diversas abordagens em diversas
escolas, sem qualquer resposta. O Colégio Tiradentes da Brigada Militar de Santa
Maria, cujo site oferece um portfólio com minuciosos detalhes sobre todos tópicos
relativos à estrutura e a organização da escola, foi a única instituição a qual obtivemos o
acesso necessário.

Com relação à deficiência da visão, temática escolhida para esse trabalho,


exploraremos as dificuldades iniciais que este aluno especial encontra ao embarcar em
um ambiente com um forte apelo visual, com infraestrutura voltada a um público com
os cinco sentidos funcionais, e a importante e necessária participação do professor em
transformar a sala de aula em um ambiente adequado para todos os grupos.

Anexo a esse trabalho encontra-se um tutorial na forma de “e-Book”, que


sintetiza métodos para auxiliar o docente a identificar o aluno com deficiência visual
para, a partir daí, fundamentar sugestões para a supervisão pedagógica contatar
familiares na intenção de realizar um diagnóstico especializado. O trabalho de extensão
também contém tópicos que sugerem atitudes inclusivas necessárias ao planejamento
onde o público contenha alunos com vários graus de deficiência visual.

4 IMPRESSÕES DO ESTÁGIO (CONSIDERAÇÕES FINAIS)


O estágio prático, para formação acadêmica, é a consolidação de toda pesquisa
teórica realizada, é o desfecho de todo um contexto pedagógico. Entretanto, o maior
desafio enfrentado no modelo virtual do Roteiro de Observação foi à disponibilização
de informações relativas à estrutura organizacional de uma escola de ensino regular. Em
função da pandemia, a maioria dos estabelecimentos não mantinha pessoal na secretaria,
dificultando muitíssimo a obtenção do material para a redação dos trabalhos do estágio.

Mas o professor é um incessante pesquisador, portanto, este formato de estágio


fez-nos vivenciar a realidade do dia a dia do docente que, a todo o momento, tem que
criar uma aula nova e instigante, para, dessa forma, tornar atrativa e eficaz a
aprendizagem. A pesquisa virtual nos entregou horas de inspiração e transpiração, ora
no trabalho de garimpagem do material confiável e realmente útil, ora na árdua tarefa de
encontrar informações a respeito dos detalhes sobre a instituição.
Anexo a este “paper” apresentamos o projeto de extensão voltado a práticas
inclusivas para professores da Educação Básica, tendo como produto virtual, um e-Book
no qual sintetizaremos nossa busca pela inclusão de alunos portadores de deficiência
visual, nele encontraremos, além detalhes clínicos desse grupo de patologias,
ferramentas para auxiliar o professor a identificar alunos com problemas de visão e
técnicas para tornar a sala de aulas em um ambiente adequado e comum a todos.
A pandemia, ao que tudo indica, catalisou mudanças definitivas no processo de
aprendizagem e no relacionamento entre docentes e discentes, e as ferramentas de
comunicação e informação o mundo virtual em algo que tangencia o concreto.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Maria José Fagundes, CAMARGO, Joseli Almeida de. Os desafios da


Escola Pública Paranaense PDE – Artigos Volume 1. Governo do Estado do Paraná,
2014. Disponível em:
<http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/
2014/2014_uepg_mat_artigo_maria_jose_fagundes_barbosa.pdf >. Acesso em: 31 mai
2020.
MAIOLA, Carolina dos Santos. Curso sobre práticas inclusivas para formação de
professores. ETAPA 1. Centro Universitário Leonardo da Vinci, p. 04, 2016.
PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS (Deficiência Visual,
Volume 2, 2001). MEC. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/def_visual_2.pdf, 20 out 2020, 05:00h
SITE DA FUNDAÇÃO DORINA NOWILL. Disponível em:<
https://www.fundacaodorina.org.br/a-fundacao/deficiencia-visual/o-que-e-visao-
subnormal-ou-baixa-visao/>, 20 out 2020, 05:00h
ANEXO I
ANEXO II

TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA A DIVULGAÇÃO DE


MATERIAL DIGITAL DESENVOLVIDO NO PROJETO
DE EXTENSÃO

Eu José Fernando Belíssimo Araújo, acadêmico do curso de Licenciatura em Matemática,


matrícula 1367576, CPF 33434654020, da turma FLEX1230, autorizo a divulgação do produto
virtual, realizado para atender o Projeto de Extensão, intitulado de: Educação Inclusiva ao
Deficiente Visual, de acordo com critérios abaixo relacionados:

a) O produto virtual é de minha autoria, desenvolvido com materiais de diferentes


fontes pesquisa (vídeos, imagens, links de textos para pesquisa, links para visitas
virtuais, dicas de filmes, livros, etc.) devidamente referenciados, conforme as
Regras da ABNT.
b) Tenho ciência de que o material por mim cedido à UNIASSELVI é isento de
plágio, seguindo a Legislação brasileira vigente.
c) Estou ciente de que o material ficará disponível para consulta pública à
comunidade interna e externa, desde que aprovado pelos coordenadores,
professores e tutores da UNIASSELVI.

Número de telefone fixo/celular: (51) 98528-1419

Dar o aceite _____________________________________


Assinatura do acadêmico

Porto Alegre, 28 de outubro de 2020.

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