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Centro Universitário de Brasília - UniCEUB

Faculdade de Ciências da Educação e Saúde - FACES


Curso: Psicologia
Disciplina: Estágio Básico II
Professora: Ingrid Fuhr

Prática pedagógica como ferramenta de inclusão de crianças com deficiência intelectual


no ensino infantil a partir da visão dos professores.

Luisa Franco Costa e Milena Mori

Brasília
Agosto 2021
1

Sumário

1. Introdução……………………………………………………………………………

● 1.2Caracterização do contexto social da inclusão escolar de pessoas portadoras de

deficiência intelectual

…………………………………………………………………………………….

1.3. Justificativa……………………………………………………………………………….

1.4. Objetivos………………………………………………………………………………….

2. Revisão de literatura…….……………………………………………………………..…

2.1 Capacitismo…………………………………………………………………………………

2.2. Deficiência Intelectual …………………………………………………………...............

2.3 Inclusão Escolar …………………………………………………………………………..

3. Método ……….…………………………………………………………………………..

3.1 Participantes…………………………………………………………………………….......

3.2 Local………………………………………………………………………………….........

3.3 Instrumentos e materiais…………………………………………………………………...

3.4 Procedimentos………………………….……………………………………………..…….

3.5 Análise de dados……………………………………………………………………………

4. Resultados e Discussão……………………………………………………………………

4.1 Recursos

4.2Estratégias educativas como forma de aprendizagem

4.3 Relação responsáveis e escola

4.4 Capacitação profissional


2

5. Referências Bibliográficas……………………………………………………………….

6. Anexos……………………………………………………………………………………….

6.1 TCLE……………………………………………………………………………………..

6.2 Respostas das entrevistadas……………………………………………………………...

1. Introdução

Com as experiências que ocorreram no exterior, iniciou-se no Brasil no século XIX, a

organização de serviços para pessoas com deficiência visual, deficiência auditiva, deficiência

intelectual e deficiência física. Mas esses atendimentos preocupavam-se inicialmente apenas

em assistir as pessoas com deficiência em suas necessidades médicas. O Estado não

promoveu novas ações, quanto à educação, para as pessoas com deficiência e apenas

expandiu, de forma modesta e lenta, os institutos de cegos e surdos para outras cidades. As

poucas iniciativas, além de não terem a necessária distribuição espacial pelo território

nacional e atenderem uma minoria, restringiam-se apenas aos cegos e surdos Isso aconteceu

de forma tardia pois anteriormente as pessoas com deficiências eram consideradas inválidas,

ou incapazes de realizar algo produtivo na sociedade. (Tédde, 2012)

É interessante destacar que apesar da Educação para todos promulgada pela

Constituição Federal de 1988, o direito ao acesso a escolas regulares defendida pela

Declaração de Salamanca em 1994 e a instauração do Plano Nacional dos Direitos das

Pessoas com Deficiência, só em 2016 entrou em vigor no Brasil a lei Brasileira de Inclusão da

Pessoa com Deficiência , que impõe a aceitação de pessoas com deficiência nas escolas

regulares. Segundo Pletsch e Glat (2008), a Declaração de Salamanca foi originada a partir da

Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais: Acesso e Qualidade. Esta


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declaração é vista como um dos principais documentos que visam a inclusão social. Segundo

o documento, “toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a

oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem” (1994) e que “toda

criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são

únicas” (1994). Além disso, o documento afirma que “aqueles com necessidades educacionais

especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma

Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades[...]” (1994). A partir

deste documento foi reafirmado o direito à Educação para todos e foi adotado o conceito de

educação inclusiva que vem influenciando a elaboração de políticas e práticas educacionais”

(PLETSCH; GLAT, 2008).

Outros documentos, tanto anteriores quanto posteriores à Declaração de Salamanca,

foram significativos na história da Inclusão. Entretanto, a Declaração de Salamanca é um

divisor de águas, já que além de afirmar o direito de acesso à educação a todos sem distinção,

também rompe com a ideia de que há uma Educação Especial e de que há uma Educação

Comum. Em novembro de 2011, o governo Dilma apresentou O Plano Nacional dos Direitos

das Pessoas com Deficiência – o Viver sem limite – que envolveu mais de 15 ministérios e

constituiu ações em quatro eixos: Acessibilidade, Inclusão Social, Acesso à Educação e

Acesso à Saúde que visam a promoção da qualidade de vida das pessoas com deficiência.

Outro documento importante na construção do processo de inclusão no Brasil é a Lei

Brasileira de Inclusão, também chamada de Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei

13.146/2015), que entrou em vigor em janeiro de 2016. Esta lei afirma que recusar a inscrição

de um aluno em qualquer escola, seja pública ou privada, por motivos relacionados a qualquer

deficiência, é crime. Além de receber uma multa, os diretores ou responsáveis pela escola que

se negarem a matricular pessoas com deficiência podem ser punidos com reclusão de um a

cinco anos.
4

Em Agosto de 2021, o ministro da educação, Milton Ribeiro, em uma entrevista à TV

Brasil disse a afirmação: “ Universidade, na verdade, ela deveria ser para poucos nesse

sentido de ser útil à sociedade…’’, quando disse isso, houve muita repercussão por parte dos

dois lados, tanto as pessoas que concordavam quanto as que não. Já no mesmo ano, porém no

mês de Abril, a ministra da mulher, da família e dos direitos humanos, Damares Alves em um

debate com câmara defendia o “homeschooling” que pode ser entendida como educação em

casa, todavia é de suma importância o ambiente escolar com a sua respectiva grade curricular

que vem sendo alterada pela reforma do ensino médio.

O processo de inclusão das pessoas com deficiência em escolas de Ensino Regular

baseia-se na intenção de que estas pessoas possam conviver com outras que não tenham as

mesmas particularidades que as suas, assim promovendo o processo de incluí-las em espaços

aos quais anteriormente elas não pertenciam mesmo que a Educação fosse um direito de

todos. A instituição de leis e projetos constituem um avanço na promoção de políticas

públicas para pessoas com deficiência, entretanto, apenas promover a entrada dessas pessoas

nas escolas não garante a sua permanência nem o aproveitamento das suas potencialidades.

Junto com a inclusão surgem questões como a adequação do espaço para pessoas com

deficiência física; material especializado para pessoas com deficiência visual e com

deficiência auditiva; contratação de profissionais de apoio especializado que possam

promover as potencialidades desses sujeitos e atuarem no processo de socialização desses

sujeitos com os outros; capacitação de professores do ensino regular para que possam

compreender as particularidades desses sujeitos, entre outras questões. (Silva, 2019)

A etapa da escolarização é fundamental no desenvolvimento das crianças, pois é o

momento em que elas ampliam suas relações sociais interagindo com outras crianças e outras

pessoas, cada qual com suas próprias características e necessidades. Nesse sentido, conforme

defende Souza (2000), é preciso que uma educação de qualidade seja acessível para todas as
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pessoas de maneira inclusiva, a começar pela educação infantil, para que estas crianças

encontrem suas identidades e o reconhecimento de sua necessidade e importância por parte

das autoridades e de toda a comunidade. Uma vez que deficientes intelectuais ainda sofrem

muito pelo estigma de serem incapacitados desde a infância, pergunta-se: De que forma a

prática pedagógica pode contribuir para a inclusão educacional a partir das demandas de

alunos com deficiência intelectual?

Este estudo se faz necessário para uma melhor compreensão acerca das necessidades e

individualidades das pessoas com deficiência intelectual no âmbito escolar, de modo que

possa enriquecer ainda mais o campo de pesquisa nessa área, assim como evidenciar a

importância da implementação de estratégias eficazes para o processo de aprendizagem

dessas crianças. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo geral examinar de que

forma a prática pedagógica pode contribuir para a inclusão educacional a partir das demandas

de alunos com deficiência intelectual.

2. Fundamentação teórica

O Capacitismo é a concepção discriminatória e preconceituosa presente no social que

classifica as pessoas que possuem qualquer tipo deficiência como não iguais, incapazes de

tomar decisões, menos aptas ou não capazes de terem autonomia para gerir as próprias vidas,

e segundo Campbell (2001, 44), capacitismo define-se como: “uma rede de crenças,

processos e práticas que produz um tipo particular de compreensão de si e do corpo (padrão

corporal), projetando um padrão típico da espécie e, portanto, essencial e totalmente humano.

A deficiência para o capacitista é um estado inferior da espécie humana.


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No percurso da humanidade, é possível observar um histórico no qual, pessoas com

limitações físicas, sensoriais ou cognitivas, via de regra, sempre sofreram com a rejeição

social. Na Roma Antiga, tanto os nobres como os plebeus tinham permissão para sacrificar os

filhos que apresentavam alguma deficiência. Da mesma forma, em Esparta, os bebês e as

pessoas que desenvolviam algum tipo de deficiência eram lançados ao mar ou jogados de

precipícios. (Garcia, 2011)

Silva (1987) afirma que as “anomalias físicas ou mentais, sejam elas de natureza

transitória ou permanente, são tão antigas quanto a própria humanidade”, o que significa que

nos grupos humanos, desde o mundo primitivo até os dias atuais, sempre existiram pessoas

que nasceram com alguma limitação ou apresentaram durante a vida. Durante muitos séculos,

a existência dessas pessoas foi ignorada por um sentimento de indiferença e preconceito nas

mais diversas sociedades e culturas. Houve também a utilização comercial de pessoas com

deficiência para fins de prostituição ou entretenimento das pessoas ricas. (Garcia, 2011).

No cenário contemporâneo, após uma trajetória irregular e heterogênea entre os países

e culturas, é possível observar um grande progresso na inclusão dessas pessoas na sociedade,

mas ainda longe do que seria o ideal. Segundo Pereira (2018), a sociedade, apesar da

evolução, permanece sendo capacitista, onde a autonomia de pessoas com deficiência é

sempre questionada. Neste sentido, o capacitismo é profundamente subliminar e embutido

dentro da produção simbólica social. Faz parte de uma concepção enraizada e intrínseca de

opressão sobre o conceito da deficiência. Uma vez que sofrem discriminações diárias, há a

necessidade de trazer notoriedade aos problemas que estas pessoas enfrentam. (Dias, 2013)

De acordo com Nascarella (2021), ações preconceituosas direcionadas às pessoas

deficientes, especialmente em crianças, podem reforçar nelas, um sentimento de inferioridade

e insegurança, provocando dessa forma muito sofrimento e angústias.


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Segundo a Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento

(AAIDD), “Deficiência Intelectual é uma incapacidade caracterizada por limitações

significativas tanto no funcionamento intelectual quanto no comportamento adaptativo

expresso em habilidades conceituais, sociais e práticas do dia a dia''. Esta inabilidade se

origina antes da idade dos 18 anos. (AAIDD, 2010)

Um aspecto constante na vida de pessoas com deficiência intelectual é a proteção

exagerada, uma vez que essas pessoas são frequentemente vistas como frágeis ou coitadas.

Dessa forma é comum que tomem decisões por elas, sem seu devido consentimento. Existe a

ideia de que essas pessoas não são capazes de tomar decisões por si próprias e de decidirem o

que desejam, assim como a ideia de infantilização, na qual muitas vezes as pessoas com

deficiência intelectual são vistas e tratadas como crianças (Silva, 2019)

O termo Educação Inclusiva vem sendo uma proposta da aplicação prática ao campo

da educação de um movimento mundial denominado como Inclusão Social, atrelado à

construção de uma sociedade democrática, de resistência contra a exclusão social de qualquer

minoria. Tal movimento iniciou-se a partir da segunda metade da década de 1980 nos países

mais desenvolvidos e tomou impulso na década de 1990 nos países em desenvolvimento

como o Brasil (Gonçalves, 2006).

De acordo com Nepomuceno (2015), o que caracteriza a Educação Inclusiva é a

necessidade de que todas as crianças tenham a mesma oportunidade de acesso, permanência e

aproveitamento na escola, isto independente de qualquer característica específica que o

educando possua. Quando os alunos apresentam alguma deficiência, eles necessitam do apoio

técnico, acessibilidade e contato com recursos pedagógicos que auxiliem no desenvolvimento

das atividades de forma que aprendam cada um há seu tempo, as tarefas que são comuns aos

demais alunos da classe.


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A Constituição Federal brasileira, garante o Atendimento Educacional Especializado

(AEE) às pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino (Brasil, 1988)

e a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional reafirma o AEE gratuito aos

educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento a todos os níveis, etapas

e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino, com a redação dada pela Lei

12796 (Brasil, 2013).

A Lei Brasileira da Inclusão da Pessoa com Deficiência, também conhecida como

Estatuto da Pessoa com Deficiência, se destina a assegurar e a promover, em condições de

igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência,

visando a sua inclusão social e cidadania. O Art. 28 incumbe ao poder público assegurar,

criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar os sistemas educacionais.

Segundo Gonçalves (2006), a inclusão na educação infantil, especificamente na pré-

escola, é fundamental por proporcionar às crianças com e sem necessidades educacionais

especiais oportunidade de serem educadas juntas, criando laços de amizade que se

apresentam como base importante para enfrentarem futuras experiências de inclusão. Nesse

sentido, é necessário que os profissionais de educação infantil estejam atentos a essas

crianças com necessidades educacionais especiais, procurando compreender e reconhecer seu

modo particular de ser e estar no mundo, identificando os desejos, as necessidades e

particularidades de cada uma delas. Com o intuito de contribuir para o seu desenvolvimento,

por participarem, desde cedo de um ambiente coletivo e aberto às diversidades, às

necessidades e suas diferenças.

De acordo com Regen (1998), o processo de inclusão poderia oferecer às crianças de

maneira geral um excelente ambiente para o seu desenvolvimento integral, contribuindo para

a formação de uma geração menos preconceituosa; e possibilitar às crianças com


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necessidades educacionais especiais a convivência com outras, propiciando trocas e

condições de melhor aprendizagem.

Método

O método utilizado, foi a pesquisa qualitativa. Segundo Minayo (2009), o método

qualitativo de pesquisa se ocupa do nível subjetivo e relacional da realidade social, que não

deveria ser quantificado, sendo referido através da história, dos significados, das razões, das

crenças, dos valores e das atitudes dos atores sociais. O processo científico em pesquisa

qualitativa é dividido em três partes, sendo a primeira a fase exploratória, a segunda o

trabalho de campo e a última a análise e tratamento do material empírico e documental, onde

a fase exploratória consiste na produção do projeto de pesquisa, dedicação na literatura e

desenvolvimento teorico e metodologico; já o trabalho de campo consiste em colocar em

prática a construção teórica realizada anteriormente, através de instrumentos de observação,

entrevistas e outras variantes de comunicação com os sujeitos pesquisados, assim como o

levantamento de material documental. A terceira etapa refere-se ao conjunto de

procedimentos para compreender e interpretar os dados empíricos obtidos, ordenando-os,

classificando-os e analisando-os. Após a terceira etapa, o ciclo de pesquisa não se acaba,

afinal toda pesquisa produz conhecimento e estabelece novas indagações, dando abertura a

novos estudos (Minayo, 2009).

Participantes

Participaram da pesquisa 10 professoras da educação infantil de escolas públicas e

privadas, todas mulheres com idade entre 32 e 53 anos. A amostragem foi realizada por

conveniência através de redes sociais.


10

Professora 1 53 anos de idade 31 anos de Escola pública


experiência

Professora 2 23 anos de Escola pública


experiência

Professora 3 9 anos de Escola pública


experiência

Professora 4 20 anos de Escola pública


experiência

Professora 5 39 anos de idade 8 anos de Escola privada


experiência

Professora 6 18 anos de Escola pública


experiência

Professora 7 42 anos de idade 20 anos de Escola privada


experiência

Professora 8 34 anos de idade 14 anos de Escola privada


experiência

Local

O questionário foi respondido virtualmente com o uso da plataforma “Google Forms''.

Instrumentos e Procedimentos

Para entrar em contato com os participantes e enviar os formulários, foram utilizados

computadores e celulares com acesso a internet. Antes de começar o questionário, todos os

participantes receberam o Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), evidenciando

de forma clara os objetivos da pesquisa, os procedimentos a serem adotados e a liberdade de

sair do estudo a qualquer momento se assim fosse sua vontade. A partir disso, os

participantes só continuaram o processo mediante a assinatura do mesmo.

Para a execução da pesquisa, foram utilizadas entrevistas estruturadas realizadas

individualmente com cada um dos participantes através da plataforma do Google Forms. As


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entrevistas estruturadas têm como característica um questionário totalmente estruturado, onde

as mesmas perguntas são feitas a cada pessoa da mesma maneira e há uma neutralidade do

entrevistador, permitindo maior comparabilidade entre as respostas (MAY, 2004).

Análise de Dados

O procedimento aplicado foi a análise de conteúdo temática, a qual é dividida por três

etapas, buscando inicialmente fazer uma leitura compreensiva do conjunto do material

selecionado para que dessa forma, seja possível ter uma visão ampliada, aprender as

particularidades do material a ser analisado, elaborar pressupostos iniciais que servirão para a

análise e interpretação do material, escolher formas de classificação inicial e determinar os

conceitos teóricos que irão orientar a análise. (Minayo, 2009)

Na segunda etapa, o material passa por uma exploração, procurando distribuir trechos,

frases ou fragmentos de cada texto de análise pelo esquema de classificação inicial; fazer uma

leitura dialogando com as partes dos textos da análise, em cada classe; identificar, através de

inferências, os núcleos de sentido apontados pelas partes dos textos em cada classe do

esquema de classificação; dialogar os núcleos de sentido com os pressupostos iniciais e, se

necessário, realizar outros pressupostos; analisar os diferentes núcleos de sentido presentes

nas várias classes do esquema de classificação para buscarmos temáticas mais amplas ou

eixos em tomo dos quais podem ser discutidas as diferentes partes dos textos analisados;

reagrupar as partes dos textos por temas encontrados; elaborar uma redação por tema, de

modo a dar conta dos sentidos dos textos e de sua articulação com os conceitos teóricos que

orientam a análise. (Minayo, 2007)

A última etapa compreende o tratamento dos resultados, inferência e interpretação.

Ela é considerada a chave do processo na pesquisa qualitativa por contemplar as categorias de


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análise. Tais categorias reúnem o maior número possível de informações advindas das

diversas fontes (observação, entrevista e questionário) e têm a intenção de relacionar e

organizar os fatos naquilo que Bardin (1979) chama de categorização.

Resultados e discussões

Para analisar os resultados, as entrevistas foram interpretadas a partir da modulação

de quatro categorias que foram mais evidentes e exploradas nas falas das docentes, sendo

elas: recursos, estratégias pedagógicas, relação entre família e escola e por último o preparo

dos professores. A primeira categoria está relacionada aos recursos disponibilizados para a

incrementação do processo de aprendizagem das crianças. Nesta categoria, todas as

professoras que ministram aula na rede pública de ensino se queixaram da dificuldade em

ensinar as crianças que possuem deficiência intelectual devido a falta de recursos.

“Na escola pública não são oferecidos muitos cursos para


aprimoramento, não tem incentivo e atividades extraclasses para esses
alunos com deficiência, muitas vezes o professor acaba trabalhando
por conta própria. [...] a maior dificuldade encontrada na época era o
apoio da gestão escolar e a falta de material de trabalho para incentivar
esse aluno” (Professora 1).
“As dificuldades são: a falta de material na escola pública, falta de
apoio e conhecimento por parte da família, estrutura física da escola
(sala com grande número de alunos/cheia). Para superá-las, tento
trabalhar em conjunto com a família e ir passando por cima dessas
dificuldades de estrutura física, entendendo que sou eu (professora) e o
aluno no processo, adequando como posso o dia a dia na escola”
(Professora 2).
“Atualmente vemos que escolas públicas estão com um sistema para a
agregação de crianças neurotípicas maior que escolas particulares.
Contudo, hoje na escola que trabalho temos uma área de psicólogos e
mediadores voltada somente para acompanhamento de crianças que
têm algum diferencial, seja ele de aprendizado ou comportamental.”
(Professora 5)
“Creio que o que mais dificulta é a falta de material acessível ao
professor, tanto escrito (para leitura) quanto os recursos e ou atividades
específicas. Aqui no meu estado, Bahia, existem muitas restrições de
escolas e direção para aceitar alunos de inclusão diagnosticados com
deficiência intelectual e outros. E a falta de conhecimento dos direitos
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desses pelas famílias contribuem para que esse aluno não tenha na
totalidade seu direito garantido à aprendizagem.” (Professora 6).
Das quatro professoras que abordaram essa categoria, apenas a professora 5 ministra

aula em uma escola de rede privada. Enquanto todas as outras possuem críticas ao sistema

educacional em que estão inseridas, relatando a falta de recursos, a professora 5 reconhece

uma melhor adesão na rede pública mas relata que na escola onde trabalha (privada), existe

um suporte para mediar o aprendizado das crianças com deficiência intelectual.

Para Barcelli (2018), por mais que a educação seja um direito garantido por lei para

todas as crianças com e sem deficiência, não basta disponibilizar vagas nas escolas, pois isso

seria apenas uma tentativa de adequação, onde a criança é apenas inserida e não incluída, e

esta inclusão é essencial para o melhor desenvolvimento psíquico/social da mesma. A

disponibilidade de materiais, ferramentas e profissionais com aptidão e competência para

lidar com essas crianças, de acordo com a autora, seria de extrema valia para uma

aprendizagem efetiva e de qualidade.

A segunda categoria está relacionada com as estratégias pedagógicas utilizadas pelas

professoras para ensinar as crianças com deficiência intelectual no contexto escolar. Nessa

categoria, as participantes relataram quais são as práticas rotineiras usadas para incluir as

crianças em sala de aula.

Ao longo de todo o ciclo da vida estamos expostos à aprendizagem, mas a principal

fase é a da infância. De acordo Vygotsky (1984) atribuiu-se um relevante papel ao ato de

brincar na constituição do pensamento infantil. Que é pelas brincadeiras, jogos, que a criança

revela seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil, motor, seu modo de aprender com o

mundo de eventos, pessoas, coisas e símbolos.

“As estratégias já utilizadas foram incluir a criança com os demais


alunos, com a turma, fazer uma adaptação curricular, preparar
atividades para atender as necessidades da criança, dar um atendimento
individualizado e fazer muito uso de material concreto.”(Professora 2)
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“Gosto de investir nas brincadeiras como forma de aprendizagem, por


exemplo: montar o robô com formas geométricas; Escrever o próprio
nome com pregadores;passe o cordão pelos canudos de macarrão;
Memorização de letra e imagem; contar os palitos. Fazer com que
participem das atividades do ambiente escolar, desenvolver tarefas que
tenham significado.” (Professora 3)
“Estabelecer uma rotina diária, adaptação curricular; orientações curtas
e diretas; uma ledora para melhor compreensão; escriba; parceria com
A.E.E.” (Professora 4)

É possível considerar pela fala da professora 3, a diversificação de atividades com

esses alunos, desde brincadeiras até tarefas que possuam significado. Sempre reafirmando o

respeito e o desenvolvimento das habilidades individuais de cada aluno. Para a professora 4,

ela conta com o apoio da leitora, da escriba e das assistência do Atendimento Educacional

Especializado (AEE).

Na terceira categoria apresenta a ideia de responsáveis e escola, a participação

ativa dos pais dessa criança, exerce uma função fundamental no desenvolvimento do

mesmo. Conforme Costa e Souza (2019) escola e a família compartilham funções

sociais, políticas e educacionais, na medida em que contribuem e influenciam na

formação do cidadão, apesar de que a família possui uma educação informal e na

escola o conhecimento é mais sistematizado para alcançar e acompanhar o

desenvolvimento das crianças.

“Sim. A família é muito importante neste processo, pois a criança se


sentirá mais confiante, segura. E a interação professor-pais também é
importantíssima neste processo ensino –aprendizagem.” (Professora 4)
“Com certeza. A escola não consegue dar todo suporte para essas
crianças. Essas e seus pais precisam de acompanhamento psicológico e
psiquiátrico fora da escola para acompanhamento do desenvolvimento
e entendimento das situações que vão viver/vivem.”(Professora 5)
“Sim, pois é o primeiro vínculo e o seu primeiro contato com um
círculo social.”(Professora 6)
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Percebe-se pelas falas de todos os professores anteriores que possui uma unanimidade

quanto a relação de responsáveis com a escola. Conforme Prado (2004) deveriam ser criadas

Escola de Pais, sem nunca esquecer que a escola e a família têm o mesmo objetivo que é o

desenvolvimento da criança. Sendo a escola de pais um espaço de encontro e participação dos

pais e educadores,com objetivo de realizar a atualização e a reciclagem de conhecimentos e

que pretende colaborar com os pais na tarefa de educar os seus filhos.

Por último, a categoria IV aborda a capacitação profissional dessas professoras para

lidarem com crianças que possuem deficiência intelectual. Entre todas as participantes da

pesquisa, apenas uma (Professora 5), relatou que apesar de não ter tido nenhum tipo de

formação específica realizada para melhor lidar com crianças portadoras de deficiência

intelectual, realiza estudos de forma autônoma e todas as outras em meio ao seus percursos

acadêmicos fizeram cursos relacionados ao tema.

“Sim, realizei alguns cursos, oficinas e leituras sobre os temas em


torno do assunto” (Professora 2).

“Sim. Fiz o curso de inclusão escolar dos alunos com deficiência.”


(Professora 3)

“Sim. Vários cursos de capacitação.” (Professora 4)


“Não. Todos meus estudos foram de forma autônoma. Minha maior
dificuldade foi entender que a minha falta de tato com uma criança
poderia afetá-la de forma muito direta no decorrer da vida, sendo
assim, precisei iniciar muito estudos solo para conseguir alcançar
algum tipo de base.” (Professora 5)
“Estou em formação, curso pós - graduação em Neuropsicopedagogia e
psicopedagogia, além de cursos nas semanas pedagógicas com
profissionais da área.” (Professora 6)

Percebemos que o educador é colocado numa situação delicada, na qual, possui

grande interesse em aprimorar seus conhecimentos e habilidades para melhor atender os

alunos que possuem deficiência intelectual, mas que não recebem uma base sólida sobre as

práticas pedagógicas sobre esse cenário durante a graduação. Logo, o trabalho de qualificação

através de cursos específicos e oficinas permite que os educadores, aprofundem os


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conhecimentos nessa área, atualizem sua prática e busquem estratégias que facilitem o

desenvolvimento do ato pedagógico em sala de aula.

De acordo com Dantas (2009), os professores que têm a oportunidade de fazer uma

formação continuada na área de Educação Especial se encontram mais preparados para atuar

com crianças que têm deficiência, pois adquirirem maiores informações relativas às

condições de desenvolvimento e aprendizagem das crianças e, consequentemente, conseguem

desempenhar uma ação pedagógica, mais inovadora e direcionada a atender,

significativamente, as reais necessidades desses educandos. Podemos observar isso na fala da

professora 5, que não fez nenhuma formação específica e diz não se sentir de fato preparada

mesmo já tendo sido educadora de algumas crianças com deficiência intelectual.

“Não acho que tenha um momento que eu me sinta preparada, contudo,


acho que hoje tenho maiores estudos e propostas diferenciadas para
lidar com pessoas que se diferem, não somente as com deficiência, mas
que também possuem inteligências distintas.” (Professora 5)
Conclusão

Roteiro da entrevista semiestruturada


1. Há quantos anos você trabalha como educador(a)? Ao longo da sua carreira, já teve
alunos com deficiência intelectual diagnosticada?
2. Pra você o que é a Deficiência Intelectual?
3. Quais as estratégias educativas que utiliza ou já utilizou para implementar na
educação dessas crianças?
4. Perante a presença de alunos com deficiência intelectual na sala de aula, em que
medida considera estar preparado(a) para trabalhar com os mesmos?
5. Relate as maiores dificuldades que sente ou sentiu numa situação de ensino-
aprendizagem de um aluno com deficiência intelectual e o que faz passa superá-las?
6. Como as políticas educacionais respondem aos sujeitos com deficiência intelectual?
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7. Durante o seu percurso acadêmico/profissional, realizou formação específica para


melhor lidar com crianças portadoras de deficiência intelectual?
8. Você encoraja seus alunos com deficiência intelectual a envolverem-se ativamente na
sua própria aprendizagem escolar? de que modo?
9. Como é a interação da criança com deficiência intelectual com as outras crianças no
momento das brincadeiras? O que você faz para auxiliar nesse processo?
10. Na sua opinião, o aluno com uma boa relação com a família pode auxiliar no processo
de aprendizagem escolar?
11. Realiza adaptação curricular? de que maneira?
12. Quais ferramentas pedagógicas utiliza em sala para envolver todas as crianças em sala
de aula?
13. Que estratégias utiliza em sala para que o aluno diagnosticado com deficiência
intelectual se aproprie do conhecimento transmitido por você?
14. Você avalia sua prática pedagógica diariamente? o que faz para seu aprimoramento?

ENTREVISTA 1 (mãe Fernanda)

1- 31 anos, sim já tive.

2- São crianças com baixo rendimento e dificuldade de análise e aprendizagem.

3- Atendimento individual, atividades lúdicas com uso de material concreto e


observação.

4- Perante ao local em que trabalhei durante a vida (escola pública) me sinto


capacitado para ajudá-los, porém o número de alunos, o espaço físico e recursos
impossibilitam a qualidade do ensino.

5- Um aluno demonstrou dificuldade de interação com colegas e professora, era uma


criança desmotivada, relapsa…fiz um atendimento individual em horário contrário e
atividades psicomotoras.

6- Na escola pública não são oferecidos muitos cursos para aprimoramento, não tem
incentivo e atividades extraclasses para esses alunos com deficiência, muitas vezes o
professor acaba trabalhando por conta própria.

7- Sim.

8- Sim, através da ludicidade, com músicas, filmes, brincadeiras, teatro, etc.


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9- Não existe dificuldade nisso, as crianças não têm preconceito em relação à


deficiência.

10- Sim, o apoio da família é essencial para o aprendizado.

11- Sim, o conteúdo é adaptado nas reuniões de conselho.

12- Jogos, músicas, dança, leituras, etc.

13- Avaliações através de observação.

14- Sim, tive uma formação nisso, pesquisas, anamnese, formação superior, cursos,
seminários, etc. Conhecer o aluno e a sua história é fundamental para achar o
equilíbrio e o caminho para a aprendizagem além da afetividade, adquirir a confiança
e o prazer pelo estudo é muito importante.

ENTREVISTA 2 (mãe Isabela)

1) 23 anos que trabalho como educadora. Já tive alunos com deficiência intelectual
diagnosticada.

2) Deficiência intelectual é o quadro de inteligência e habilidades gerais abaixo da


média.

3) As estratégias já utilizadas foram incluir a criança com os demais alunos, com a


turma, fazer uma adaptação curricular, preparar atividades para atender as
necessidades da criança, dar um atendimento individualizado e fazer muito uso de
material concreto.

4) Procuro sempre me preparar com leituras e estudos, mas cada criança é de um jeito,
um ser individual, então quando recebo o aluno, procuro conhecê-lo e buscar
conhecimento para melhor incluí-lo na sala e atendê-lo.

5) As dificuldades são: a falta de material na escola pública, falta de apoio e


conhecimento por parte da família, estrutura física da escola (sala com grande
número de alunos/cheia). Para superá-las, tento trabalhar em conjunto com a família e
ir passando por cima dessas dificuldades de estrutura física, entendendo que sou eu
(professora) e o aluno no processo, adequando como posso o dia a dia na escola.
19

6) As políticas educacionais são lindas na teoria. Na prática, é a escola com o aluno,


principalmente o professor. A escola pública tem feito um maravilhoso trabalho de
inclusão, mas isso é mérito da vocação dos professores. Em tempos atuais, estamos
retrocedendo, observa-se as falas do próprio ministro da educação.

7) Sim, realizei alguns cursos, oficinas e leituras sobre os temas em torno do assunto

8) Com toda certeza! mostrando a eles que é possível, incentivando, encorajando,


elevando a autoestima, com carinho e respeito.

9) Tem-se uma boa interação. Estímulo a participar com os outros colegas das
brincadeiras e não a trato de forma desigual.

10) É fundamental uma boa relação com a família. A família a parceira na


aprendizagem da criança, sendo a "primeira escola"

11) Sim. A adaptação curricular é um processo trabalhoso. Precisa conhecer o


histórico da criança, ter conhecimentos das terapias que ela realiza (ou da falta delas),
das capacidades e habilidades já adquiridas e as necessárias e os objetivos que você
pretende alcançar com a criança.

12) brincadeiras, jogos, atividades interativas, atividades em grupo, rodas de


conversa, psicomotricidade

13) Acolhimento, atividades diversificadas, atendimento individualizado, parceria


com a sala de recursos, uso de material concreto

14) Sim, avalio diariamente. Procuro sempre estudar, me atualizar, trocar experiências
com os amigos de profissão, estar atenta às novidades de ensino.

ENTREVISTA 3 (Pedagoga da escola do tio João)

1- 9 anos. Sim, já tive alunos com deficiência intelectual diagnosticada.

2-Deficiência Intelectual para mim é quando existe a dificuldade de raciocínio e


compreensão, onde a criança ou o jovem possui habilidades gerais abaixo da média.

3- Fazer com que participem das atividades do ambiente escolar, desenvolver tarefas que
tenham significado.

4-Trabalhar com alunos com DI é um grande desafio para mim.


20

5-Sem dúvida tive um aluno com DI e a maior dificuldade encontrada na época era o apoio
da gestão escolar e a falta de material de trabalho para incentivar esse aluno;

6- Se realmente fossem implantadas seria ótimo pois temos boas políticas educacionais para
esses alunos, no entanto não são aplicadas na realidade.

7-Sim. Fiz o curso de inclusão escolar dos alunos com deficiência.

8-Sim. Sempre que lido com alunos DI tento inseri-los em todas as práticas escolares,
buscando incentivá-los e mostrando que apesar das dificuldades também são importantes para
nosso grupo.

9-Geralmente a interação das crianças é normal . Para auxiliá-la eu busco saber qual a
dificuldade dela e explicar de forma que ela consiga entender.

10- Com certeza a família pode ajudar no processo de aprendizagem dessas crianças.

11- Realizo adaptações curriculares quando percebo que o aluno com DI não está
conseguindo acompanhar o conteúdo. Dentro do mesmo conteúdo forneço ao aluno com DI
alternativas para que seu desenvolvimento não seja comprometido, acredito que a criança
com deficiência intelectual pode obter resultados escolares significativos. Mas para isso deve
ter adequação do currículo funcional ou individual às necessidades da criança. Muitas vezes
invisto na intervenção pedagógica ampla, contribuir metas e técnicas que possam ajudar na
aprendizagem.

12- Como ferramenta pedagógica costumo usar a música, a leitura, brincadeiras, objetos com
sucata, as atividades xerocopiadas.

13-Gosto de investir nas brincadeiras como forma de aprendizagem por exemplo:


● Montar o robô com formas geométricas; Escrever o próprio nome com pregadores;
● Passe o cordão pelos canudos de macarrão; Memorização de letra e imagem;
● Contar os palitos.

14- Sim. Geralmente ao final das aulas vejo aquilo que foi válido, o que deve ser continuado
e o que deve ser mudado.

ENTREVISTA 4 (Regina Seiko)

1) Há mais de 20 anos. Sim, já tive.

2) É a dificuldade de raciocínio e compreensão. Pessoas com deficiência intelectual ou


cognitiva costumam apresentar dificuldades para resolver problemas, compreender ideias
abstratas( como as metáforas, a noção de tempo e os valores monetários), estabelecer
relações sociais, compreender e obedecer regras e realizar atividades cotidianas.

3) Estabelecer uma rotina diária


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-Adaptação curricular
-Orientações curtas e diretas
-Uma ledora para melhor compreensão
- Escriba
- Parceria com A.E.E.

4) Nós, educadores temos que estar preparados para receber todos os alunos,
independentemente da sua condição intelectual. Capacitação deve ser uma constante na
carreira do professor.

5) No primeiro momento é muito difícil, mas com o passar do tempo você aprende a
adaptar as atividades de acordo com suas necessidades. É preciso buscar parceria para
aprimorar o seu trabalho, ter muita empatia e capacitar sempre.

6) A lei nº 13.146(L.B.I.) o capítulo IV aborda o direito à educação, com base na


Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência, que deve ser inclusiva e de
qualidade em todos os níveis de ensino; garantir condições de acesso e permanência,
participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e recursos de acessibilidades
que eliminem as barreiras. O A.E.E. também está contemplado, entre outras medidas. É
sabido que, para que a inclusão se concretize não basta leis que garantam, mas há a
necessidade de modificações profundas e relevantes no sistema de ensino, desde o
preparo dos professores, criação e até adequação de estruturas físicas, adequação do
currículo, com mudanças dos modelos de ensino, metodologias e avaliações.

7) Sim. Vários cursos de capacitação.

8) Sim. Constantemente devemos encorajá-los elevando sua autoestima, sempre fazendo o


melhor para eles, sempre buscando novas estratégias , valorizando cada avanço, por
menor que seja.

9) Por incrível que pareça, eles interagem muito bem. O grupo estabelece um vínculo
muito grande com eles, ajudando -os sempre que necessário.

10) Sim. A família é muito importante neste processo, pois a criança se sentirá mais
confiante, segura. E a interação professor-pais também é importantíssima neste processo
ensino –aprendizagem.

11) Sim. Procurando atividades e avaliações de acordo com o nível intelectual da criança,
colocando-a bem próxima à professora, na parte central da sala para que ela não se
disperse; lendo as atividades para que ela compreenda melhor, trabalhando com jogos
concretos( compreendem melhor no concreto).

12) Sempre que possível, a pesquisa , tanto na internet como extraclasse é uma boa
ferramenta para envolvê-los, bem como o agrupamento produtivo ( o que sabe mais com
22

o que sabe menos), trabalhos em grupo e roda de conversa

13) Primeiramente dar muita atenção, transmitir muito amor e carinho para depois usar os
recursos necessários. O deficiente intelectual precisa sentir segurança no professor , pois
será seu aliado nesta grande empreitada

14) Sim, trocas de experiências nos HTPCs, parceria com A.E.E.,capacitação.

ENTREVISTA 5 (pedagoga da escola Eleva - amiga da Kiyo)

1) Trabalho há 8 anos como educadora infantil. Já tive a oportunidade de trabalhar com


pelo menos 4 crianças laudadas e outras, que possuíam os sintomas.

2) Acredito que seja uma dificuldade de aprendizado com o sistema de ensino atual.

3) Adaptações de atividades conforme suas dificuldades é a que mais uso em sala de


aula.

4) Não acho que tenha um momento que eu me sinta preparada, contudo, acho que hoje
tenho maiores estudos e propostas diferenciadas para lidar com pessoas que se
diferem, não somente as com deficiência, mas que também possuem inteligências
distintas.

5) Minha maior dificuldade foi entender que a minha falta de tato com uma criança
poderia afetá-la de forma muito direta no decorrer da vida, sendo assim, precisei
iniciar muito estudos solo para conseguir alcançar algum tipo de base.

6) Atualmente vemos que escolas públicas estão com um sistema para a agregação de
crianças neurotípicas maior que escolas particulares. Contudo, hoje na escola que
trabalho temos uma área de psicólogos e mediadores voltada somente para
acompanhamento de crianças que têm algum diferencial, seja ele de aprendizado ou
comportamental.

7) Não. Todos meus estudos foram de forma autônoma.


23

8) Com a ajuda da mediadora conseguimos fazer esse envolvimento de forma mais ativo,
já que consegue dar essa atenção de forma mais integral. Ela faz comentários
explicando os vídeos/atividades/livros nas quais é visível a desatenção do aluno, para
que ele se interesse pelo que ela fala. Ela faz as adaptações das atividades nas quais
ele possui maior dificuldade.

9) O aluno da minha sala atual, laudado como autista, tem uma interação limitada pela
falta de vocabulário e por não conseguir interagir com todos os alunos. Hoje
promovemos atividades para esse aumento de vocabulário dele, usando para outras
pessoas. Dessa forma, tentando promover essa maior interação.

10) Com certeza. A escola não consegue dar todo suporte para essas crianças. Essas e seus
pais precisam de acompanhamento psicológico e psiquiátrico fora da escola para
acompanhamento do desenvolvimento e entendimento das situações que vão
viver/vivem.

11) Hoje as adaptações são feitas com ajuda do setor que auxilia os professores com a
integração desses alunos na escola. Mas algo que sempre foi feito é respeitar as
limitações e a forma de lidar.

12) O estudo da educação inclusiva tem auxiliado muito nesse caminho, hoje, a escola
que trabalho me dá um auxílio muito maior nesse quesito. Então, por mais que me
interesse nesse desenvolvimento, acabo deixando para a pessoa que está em sala
somente para desenvolver isso.

13) Diferentes formas de explicar e demonstrar as atividades.

14) Avalio conforme acho necessário, meu aprimoramento são meus estudos fora de sala
de aula.

ENTREVISTA 6 (pedagoga Ivana)

1) Há 18 anos. Não, diagnosticada com laudo nunca tive.


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2) Pessoas que possuem dificuldade de manter relações interpessoais, cumprir regras e


combinados e pessoas com dificuldade em realizar algumas tarefas do dia a dia, como
atividades que requeiram autocuidado.

3) Como respondido na questão 1, não tenho e não tive alunos com laudos, mas alguns
que levantei hipóteses de algo semelhante. Então, esse eu, busquei estimular
constantemente a capacidade de argumentação dessa criança e sua independência com
as relações sociais.

4) Todo o contexto da realidade de inclusão em sala precisa - se de muito estudo e


preparo. A busca por materiais é diária. Ainda não me acho apta para tal missão.

5) Creio que o que mais dificulta é a falta de material acessível ao professor, tanto
escrito (para leitura) quanto os recursos e ou atividades específicas
.
6) Aqui no meu estado, Bahia, existem muitas restrições de escolas e direção para aceitar
alunos de inclusão diagnosticados com deficiência intelectual e outros. E a falta de
conhecimento dos direitos desses pelas famílias contribuem para que esse aluno não
tenha na totalidade seu direito garantido à aprendizagem.

7) Estou em formação, curso pós - graduação em Neuropsicopedagogia e


psicopedagogia, além de cursos nas semanas pedagógicas com profissionais da área.

8) Trabalho em uma escola que segue no seu currículo o critério de dar importância ao
ensino baseado nas metodologias Ativas ( Na metodologia ativa, o aluno é
personagem principal, e é o maior responsável pelo processo de aprendizado.), Então,
todos são estimulados a buscar sua autonomia e participar ativamente em seu processo
ensino- aprendizagem. Além de uso de recursos lúdicos que promovem maior
engajamento nesse processo.

9) Se eu tivesse um aluno diagnosticado nessa condição, um dos pontos principais


seriam os estímulos de contato com o outro e as interações por meio de brincadeiras e
jogos.

10) Sim, pois é o primeiro vínculo e o seu primeiro contato com um círculo social
.
11) Não. Outro ponto que ajuda nesse sentido é que a escola em que trabalho conta com
uma equipe de psicólogos e terapeutas para eventuais intervenções. E até o momento
não foram feitas mudanças.

12) Hoje, com a chegada do ensino Híbrido, umas das ferramentas utilizadas para
engajamento da turma são as salas virtuais, a gamificação em sala, uso de jogos
virtuais e não virtuais e materiais lúdicos.
25

13) Aulas baseadas nas metodologias Ativas. Exemplos: Sala de aula invertida,
rotação por estações entre outros.

14) Sim. Busco constantemente me reciclar e aprender sobre questões que creio que
poderei enfrentar ao longo de minha caminhada como docente.

Professora 7 (Elenita)

1- Trabalho como professora a mais de 20 anos e sim, já tive alunos com deficiência intelectual

diagnosticada.

2- Considero deficiência intelectual a dificuldade ou modo de aprender de algumas crianças com

relação a outras.

3- É necessário que o professor conheça bem seus alunos, sua forma de aprender, quais

estratégias são mais favoráveis para a aprendizagem de cada um e buscar aprimoramento

sempre.

4- Mesmo que a ideia da inclusão já seja bem presente nas escolas e muitos avanços tem

acontecido, acredito que os professores não estão satisfatoriamente preparados para lidar com os

alunos com deficiência.

5- A maior dificuldade em trabalhar com um aluno que apresenta dificuldade em aprender, talvez

seja a falta de preparação para elaborar estratégias que facilitem a aprendizagem deste aluno.

6- O Plano Nacional de Educação garante o direito ao acesso ao Sistema Inclusivo, porém a

precariedade nesse atendimento ainda é grande,sobretudo na formação dos profissionais da

educação.

7- Curso específico para trabalhar com pessoas com deficiência intelectual, infelizmente nunca

tivemos. Aprendemos na prática, através de pesquisas, da troca de experiências.

8- Os professores sempre buscam envolver esses alunos na aprendizagem, através de

metodologias diferenciadas, atividades nas salas de AEE no contraturno, nas participações em


26

eventos e apresentações de projetos das escolas.

9- Os professores procuram desenvolver brincadeiras que promovam a interação, cuidando para

que todos participem, sem excluir.

10- Se a família é participativa na vida escolar da criança, com certeza esta terá melhor

desempenho nas aprendizagens.

11- Aqui no município, faz-se adaptação dos conteúdos para trabalhar em sala de aula, quanto a

adaptação curricular, no momento está acontecendo uma formação para que os professores e

toda a equipe escolar compreenda como fazer adaptações curriculares que atenderão essas

especificidades.

12- Utiliza-se muitos materiais concretos para facilitar as aprendizagens.

13- O aluno com deficiência intelectual poderá demandar mais tempo para realizar uma atividade

ou rejeitar por não se sentir capaz de realizá-la ou até mesmo perder o estímulo por não

compreender a forma que foi repassada para a turma. O professor deverá estar sempre atento a

saber se o que foi apresentado alcançou todos os alunos ou precisa ser retomado, ou mudar as

estratégias.

14- O professor precisa está sempre avaliando o seu fazer pedagógico, sempre buscando

conhecimento, melhorias para a sua prática.

Professora 8 (Gabriela -

Trabalho na área da educação há 14 anos e hoje sou coordenadora pedagógica. Atuei desde o
berçário as séries finais do Fundamental 1. Tive alunos com TDAH, AUTISMO e
SÍNDROME DE DOWN

2- É uma condição pessoal que impede de determinada forma o desenvolvimento integral do


ser, necessitando assim de certas tecnologias assistivas.

3- Sempre trabalhei e trabalho com base no diálogo, muitas conversas, buscando sempre um
entendimento e entrosamento da turma com os alunos com deficiência, explicava o que era e
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por qual motivo o aluno se comportava de determinada maneira. Outra estratégia é trabalhar
de forma lúdica e criativa, com o máximo de mão na massa possível, tudo muito concreto.

4- Me sinto preparada para tal, porém acredito que os demais alunos ainda não estejam
preparados, precisando o professor fazer a “ponte” entre esses alunos pois a sociedade não
tem tanto contato com deficientes e os percebem com inferioridade.

5- A maior dificuldade foi receber um aluno no segundo semestre do quinto ano autista e não
alfabetizado. Ao término do ano consegui concluir o processo de alfabetização dele por meio
de jogos,brincadeiras e atividades concretas e lúdicas.

6- Acredito que na teoria as políticas públicas não deixem faltar nada, porém na prática, falta-
se e muito para exercermos a cidadania e direitos dos deficiêntes

7- Sim.

8- O tempo todo, mostro que eles tem tanto potencial quanto qualquer outra pessoa, incentivo
por meio de desafios e games, processos de gamificação ajudaram muito também.

9- Sempre brinquei junto com meus alunos para que pudessem se sentir parte do meio e me
perceberem também como parte do grupo. Percebo que alguns alunos têm mais facilidade
com a relação em grupo com interação e procurava promover a interação dos mais “tímidos”
com os demais alunos.

10- Sem dúvidas, o processo de auxílio entre escola e família gera um grande engajamento
para o desenvolvimento do aluno.

11- Partindo da análise de dificuldade de cada aluno, são adaptações direcionadas.

12-Diferentes metodologias, recursos de gamificação e práticas maker.

13- Estratégia de dinâmicas, acompanhamento direcionado.

14- Faço análise e muitas leituras e cursos complementares.


Anexos

TCLE

Termo de Consentimento Livre Esclarecido - TCLE

Prática pedagógica como ferramenta de inclusão de crianças com deficiência intelectual


no ensino infantil a partir da visão dos professores.

Instituição da pesquisadora: UniCEUB

Orientadora responsável: Ingrid Fuhr

Pesquisadoras: Luisa Franco Costa e Milena Alberto Mori.

Você está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa acima citado. O documento

abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa realizada. Sua colaboração

neste estudo será de muita importância, mas se desistir a qualquer momento, isso não lhe

causará nenhum prejuízo. O nome deste documento é Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE). Antes de decidir se deseja participar (de livre e espontânea vontade)

você deverá ler e compreender todo o conteúdo. Ao final, caso decida participar, você será

solicitado a assiná-lo e receberá uma cópia dele. Antes de assinar faça perguntas sobre tudo o

que não tiver entendido bem. O pesquisador responderá às suas perguntas a qualquer

momento (antes, durante e após o estudo).

Natureza e objetivos do estudo

● Identificar estratégias e capacitações dos professores da educação infantil quanto aos

alunos com deficiência intelectual.

Procedimentos do estudo
29

- Sua participação consiste em responder um questionário de 14 questões.

- Serão executada em 15 minutos

- A pesquisa será realizada virtualmente. Riscos e benefícios - Caso alguma questão possa

gerar algum tipo de constrangimento, o Senhor (a) não precisa responder.

- Sua participação ajudará para o conhecimento a respeito da prática pedagógica na inclusão

escolar de alunos com deficiência intelectual.

- Sua participação é voluntária. O(a) Senhor(a) não terá nenhum prejuízo se não quiser

participar.

- O(a) Senhor (a) poderá se retirar desta pesquisa a qualquer momento, bastando para isso

comunicar o pesquisador.

- Conforme previsto pelas normas brasileiras de pesquisa com a participação de 10 seres

humanos, não haverá nenhum tipo de compensação financeira pela sua participação neste

estudo. Sigilo e Confidencialidade das informações

- Seus dados serão manuseados somente pelo pesquisador e a orientadora responsável e não

será permitido o acesso a outras pessoas.

- O material com as suas informações ficará guardado sob a responsabilidade de Milena

Alberto Mori, com a garantia de manutenção do sigilo e confidencialidade. Os dados e

instrumentos utilizados ficarão arquivados com a pesquisadora responsável por um período

de 5 anos, e após esse tempo serão destruídos.


30

- Os resultados deste trabalho poderão ser apresentados em encontros ou revistas científicas,

entretanto, ela mostrará apenas os resultados obtidos como um todo, sem revelar seu nome,

ou qualquer informação que esteja relacionada com sua privacidade.

Se houver alguma consideração ou dúvida referente aos aspectos éticos da pesquisa,

entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de Brasília –

CEP/UniCEUB, que aprovou esta pesquisa, pelo telefone 3966.1511 ou pelo e-mail

cep.uniceub@uniceub.br. Também entre em contato para informar ocorrências irregulares ou

danosas durante a sua participação no estudo. (61) 3966-1200 | www.uniceub.br |

central.atendimento@uniceub.br Unidade sede: SEPN 707/907 – CEP 70790-075 – Brasília-

DF.

Eu, ______________________________RG _______________, após receber uma

explicação completa dos objetivos do estudo e dos procedimentos envolvidos concordo

voluntariamente em fazer parte deste estudo. Este Termo de Consentimento encontra-se

impresso em duas vias, sendo que uma cópia será arquivada pelo pesquisador responsável, e a

outra será fornecida ao senhor(a)

Brasília, _______ de ________________de ______________________.

___________________________________________

Participante

______________________________________________

Ingrid Fuhr
31

__________________________________________

Milena Alberto Mori

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