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Anais do V Congresso Paradesportivo Internacional

Belo Horizonte/MG – 27 a 30 de outubro de 2016

ORGANIZADORES:
Academia Paralímpica Brasileira - APB
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

PRODUÇÃO E SUPERVISÃO:
Profª. Drª. Andressa da Silva de Mello
Prof. Ms. Mário Antônio de Moura Simim

O conteúdo dos resumos publicados é de inteira responsabilidade dos autores.


O PARADESPORTO NA VISÃO DA CIÊNCIA BRASILEIRA: LEVANTAMENTO DOS
ESTUDOS PUBLICADOS NO CONGRESSO BRASILEIRO E INTERNACIONAL
PARALÍMPICO, NO PERÍODO DE 2010 A 2014

Silvestre Cirilo dos Santos Neto/UERJ


Marco Miéres Filho/UFRJ
Lamartine Pereira DaCosta/UERJ
Marcelo de Castro Haiachi/UFS; UFRGS
silvestrecirilo@yahoo.com.br

RESUMO
O paradesporto brasileiro vive um momento de euforia pelos resultados obtidos no cenário
internacional. E, com a criação da Academia Paralímpica Brasileira, que estrutura-se a partir de
dois eixos: educação e formação e ciência e tecnologia, aproximando teoria e prática no campo do
paradesporto. Dessa maneira, o presente estudo tem como objetivo levantar os estudos publicados
nos anais dos Congressos Brasileiro e Internacional Paralímpico, mapeando as áreas temáticas
apresentadas no evento supracitado. Para tal, foi feito um levantamento do número de trabalhos
publicados em cada área temática, no período de 2010 a 2014 através da bibliometria. A coleta dos
dados indica o crescimento no número de áreas temáticas e verificou-se através da dinâmica
percebida ao longo das quatro edições do evento, o aumento do número de áreas temáticas (de 4
para 10) e uma variação no número de resumos aceitos para apresentação, saindo de 58 para 150,
com o pico observado na edição de 2012, com 218 resumos apresentados. A descentralização
através do estímulo a pesquisa científica deve gerar oportunidades a novos pesquisadores.
Recomenda-se para estudos futuros o mapeamento dos estudos realizados para o Congresso
considerando os grupos de pesquisa e as respectivas instituições de ensino.

Palavras-Chave: Ciência; Congresso; Paradesporto

INTRODUÇÃO
O paradesporto brasileiro vive um momento de euforia pelos resultados obtidos no cenário
internacional a cada ciclo Paralímpico. De trigésimo sétimo em 1996, o país saltou para sétima
potência mundial em 2012. Em 2016, alcançou um resultado de 72 medalhas, 65% melhor que a
edição anterior e, mesmo não alcançando a meta estipulada, não há como negar que a melhora do
desempenho do atleta paralímpico brasileiro ocorreu com a aproximação da academia com o

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treinamento. Nesse tocante, o Comitê Paralímpico Brasileiro, instituído em 1995, promoveu a
criação da Academia Paralímpica Brasileira, responsável pelo setor de estudos e pesquisas
referentes ao paradesporto, estruturado a partir de dois eixos técnico-científicos: educação e
formação e ciência e tecnologia.
Nesse sentido, a pesquisa científica é fortemente ligada ao desenvolvimento dos atletas,
pois a descoberta de novas soluções para as demandas cotidianas, a geração de vantagens
competitivas sobre os adversários, e mais o alinhamento com os regulamentos, acaba por
promover melhoras substanciais como, por exemplo, a obtida por Alan Fonteles em Londres 2012,
através de uma série de ajustes na sua prótese (chegando próximos aos limites impostos pelo
regulamento), melhorando o seu desempenho e causando surpresa ao bater o sul-africano Oscar
Pistorius, na prova de 200m rasos, no atletismo.
Tal condição é citada por De Bosscher et al. (2015), para quem a inovação na pesquisa
científica é um dos campos com crescimento mais rápido dentro do esporte e, acaba por dar suporte
à busca pelo sucesso esportivo. Tal cenário tem como base os centros nacionais de pesquisa e a
disseminação da informação científica, assim como o financiamento para essas pesquisas. Os
autores concluem que os países que adotam essas medidas, apresentam elementos chaves para
o sucesso esportivo. No caso do paradesporto, o resultado obtido nas pesquisas pode levar,
também, a mudanças na funcionalidade diária, criando ou alterando as condições ideais dos
indivíduos.
Apesar da iniciativa do Comitê Paralímpico Brasileiro, o cenário local depende de iniciativas
isoladas, não havendo uma sistematização global, estando a produção científica vinculada ao
lançamento de editais de fomento e aos grupos de pesquisa baseados nas universidades.
Dessa maneira, o presente estudo tem como objetivo levantar os estudos publicados nos
anais dos Congressos Brasileiro e Internacional Paralímpico, realizado pela Academia Paralímpica
Brasileira, mapeando as áreas temáticas apresentadas no evento supracitado.

METODOLOGIA
O presente artigo foi elaborado a partir de levantamento feito nos anais dos Congressos
Brasileiro e Internacional Paralímpico. Para tal, foi feito um levantamento do número de trabalhos
publicados em cada área temática, no período de 2010 a 2014. Com a finalidade de diagnosticar a
produção científica no evento supracitado, Roesch (2009) explica que a pesquisa-diagnóstico serve

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para a exploração e levantamento dos problemas, obtendo informações sobre um determinado
assunto. “explorar o ambiente organizacional e de mercado; levantar e definir problemas”.
A técnica utilizada para a consolidação dos estudos levantados foi a bibliometria que,
segundo Spinak (1998, p.142) é “uma disciplina com alcance multidisciplinar e que analisa um dos
aspectos mais relevantes e objetivos dessa comunidade, a comunicação impressa”. No entanto,
Araújo (2006, p.12) define a bibliometria como uma “técnica quantitativa e estatística de medição
de índices de produção e disseminação do conhecimento científico”. Vanti (2002, p.153) questiona-
se: “de que maneira é possível fazer este diagnóstico. Uma das possibilidades consiste na utilização
de métodos que permitam medir a produtividade dos pesquisadores, grupos ou instituições de
pesquisa”.
E, nesse sentido, essa análise da produção científica apresenta na bibliometria áreas de
consonância com o descrito e, dentre elas, Macias-Chapula (1998, p.135) cita que a bibliometria
auxilia na medição através do levantamento das “características das publicações, sobretudo a
distribuição em revistas de artigos relativos a uma disciplina”. Por ora, indica-se que o presente
estudo adapta-se à bibliometria utilizando os anais publicados com os resumos de cada evento
realizado.

RESULTADOS
O Congresso Paradesportivo teve sua primeira edição em 2010, com sede em Campinas
com o nome de I Congresso Paralímpico Brasileiro. 58 resumos foram aceitos em quatro áreas
temáticas. Em 2011, inicia-se a internacionalização do evento, sendo nomeado como II Congresso
Paralímpico Brasileiro e I Congresso Paradesportivo Internacional, realizado em Uberlândia, contou
com 146 resumos em oito áreas temáticas. Em 2012, na cidade de Natal, realiza-se o III Congresso
Paralímpico Brasileiro e II Congresso Paradesportivo Internacional, com 218 resumos em oito áreas
temáticas. Observou-se uma mudança quanto a questão temporal do evento, que passa a ser
bienal, nos anos subsequentes ao Vista (congresso acadêmico organizado pelo Comitê
Paralímpico Internacional) e, concomitantemente, a realização próxima a algum grande evento
esportivo. Atualmente, o congresso realizado pela Academia Paralímpica Brasileira é o maior
evento científico do mundo voltado aos estudos do esporte Paralímpico. O IV Congresso
Paradesportivo Internacional consolida a internacionalização do evento, que perde a nomenclatura
de congresso brasileiro. 150 resumos foram aceitos em 10 áreas temáticas.

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A coleta dos dados indica o crescimento no número de áreas temáticas, gerando novas
oportunidades para o aumento de estudos e participação de pesquisadores quando comparados
os números alcançados entre a primeira edição do evento (2010) e a última (2014).
Verificou-se através da dinâmica percebida ao longo das quatro edições do evento, o
aumento do número de áreas temáticas (de 4 para 10) e uma variação no número de resumos
aceitos para apresentação – seja comunicação oral ou pôster), saindo de 58 para 150, com o pico
observado na edição de 2012, com 218 resumos apresentados.
56,47% dos resumos apresentados estão inseridos nas seguintes áreas temáticas:
Avaliação em Esporte Paralímpico, Treinamento em Alto Rendimento do Esporte Paralímpico e
Formação de Jovens Atletas Paralímpicos. Observa-se no cenário apresentado, uma ordem natural
para a construção de um fluxo de desenvolvimento dentro do para desporto no Brasil.
Na tabela 1, observa-se a evolução das áreas temáticas (através da frequência dos resumos
e o percentual em relação ao total de resumos aceitos em cada edição do evento).

Tabela 1: Frequência e porcentagem, por área temática, dos resumos (comunicação oral e pôster) apresentados no
Congresso Brasileiro e Internacional Paradesportivo, no período de 2010 a 2014.
2010 2011 2012 2014 Total
Área Temática
f % f % f % f % f %
Avaliação em Esporte
28 48,28 42 28,77 57 26,15 43 28,67 170 29,72
Paralímpico
Treinamento em
14 24,14 17 11,64 40 18,35 18 12,00 89 15,56
Esporte Paralímpico
Formação de
Recursos Humanos
7 12,07 9 6,16 15 6,88 14 9,33 45 7,87
em Esporte
Paralímpico
Classificação
Funcional em Esporte 9 15,52 5 3,42 9 4,13 1 0,67 24 4,20
Paralímpico
Administração e
Organização do - 23 15,75 23 10,55 - 46 8,04
Esporte Paralímpico
Formação de Jovens
- 21 14,38 43 19,72 - 64 11,19
Atletas Paralímpicos
Lesões e Reabilitação
no Esporte - 10 6,85 11 5,05 9 6,00 30 5,24
Paralímpico
Clube Escolar
- 19 13,01 20 9,17 - 39 6,82
Paralímpico
Gestão No Esporte
- - - 17 11,33 17 2,97
Paralímpico
Detecção de Talentos
e Formação de Jovens - - - 20 13,33 20 3,50
Atletas Paralímpicos

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Inovações
Tecnológicas no - - - 8 5,33 8 1,40
Esporte Paralímpico
Psicologia no Esporte
- - - 17 11,33 17 2,97
Paralímpico
Recursos Ergogênicos
e Doping no Esporte - - - 3 2,00 3 0,52
Paralímpico
Total 58 100,00 146 100,00 218 100,00 150 100,00 572 100,00
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados coletados nos Anais do Congresso Brasileiro e Internacional
Paradesportivo

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho trouxe um levantamento dos resumos publicados nos anais do
Congresso realizado pela Academia Paralímpica Brasileira em parceria com universidades
brasileiras, no período de 2010-2014. Nesse espaço de tempo, 572 resumos foram aceitos para
apresentação (comunicação oral e pôster), num total de 10 áreas temáticas ao longo do período
estudado.
Tais resultados suscitam a discussão em torno da produção científica ligada à área do
paradesporto brasileiro. Percebeu-se uma concentração de quase 60% das pesquisas relacionadas
a três áreas temáticas: Avaliação em Esporte Paralímpico, Treinamento em Alto Rendimento do
Esporte Paralímpico e Formação de Jovens Atletas Paralímpicos.
Uma análise feita a partir dos dados levantados nos revela a necessidade de promover
estímulos à produção científica nas demais áreas temáticas, para que a contribuição não fique
centrada em poucas áreas temáticas, ocasionando um desequilíbrio no desenvolvimento da parte
acadêmica no para desporto, que conta, como observado na prática, uma estreita ligação entre a
teoria e a prática. A descentralização através do estímulo a pesquisa científica nos diversos campos
teóricos observados deve gerar oportunidades a novos pesquisadores em ambientes não usuais
desse evento.
Recomenda-se para estudos futuros o mapeamento dos estudos realizados para o
Congresso considerando os grupos de pesquisa e as respectivas instituições de ensino,
consolidando o cenário brasileiro da pesquisa voltada ao esporte Paralímpico.

REFERÊNCIAS
ARAÚJO, C. A. Bibliometria: evolução histórica e questões atuais. Em Questão, Porto Alegre, v.12,
n.1, p.11-32, jan./jun. 2006.
DE BOSSCHER, V. et al. Successful elite sport policies: an international comparison of the sports
policy factors leading to international sporting success (SPLISS 2.0) in 15 nations. Maidenhead:
Meyer & Meyer Sport, 2015.
I CONGRESSO PARAOLÍMPICO BRASILEIRO. 1. 2010. Campinas. Anais... Campinas: Unicamp,
Faculdade de Educação Física. 2010.
II CONGRESSO PARAOLÍMPICO BRASILEIRO E I CONGRESSO PARAOLÍMPICO
INTERNACIONAL. 2. 2011. Uberlândia. Anais... Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade
de Educação Física e Fisioterapia. 2011.
III CONGRESSO PARALÍMPICO BRASILEIRO E II CONGRESSO PARADESPORTIVO
INTERNACIONAL. 3. Natal. 2012. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2012.

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