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PABLO JUAN GRECO

JUAN CARLOS MORALES


GIBSON MOREIRA PRAÇA
GUSTAVO DE CONTI TEIXEIRA COSTA
HENRIQUE DE OLIVEIRA CASTRO

ANAIS DO 5º CONGRESSO INTERNACIONAL DOS


JOGOS DESPORTIVOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS


5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos
Realização: Universidade Federal de Minas Gerais
Organização: Centro de Estudos em Cognição e Ação – CECA/UFMG
Presidente da Comissão Organizadora: Prof. Dr. Pablo Juan Greco
Vice-presidente da Comissão Organizadora: Prof. Dr. Juan Carlos Morales

Proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por qualquer meio ou sistema, sem o
prévio consentimento dos seus organizadores.

Para dúvidas, críticas e sugestões sobre este livro, entre em contato:


Universidade Federal de Minas Gerais – Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia
Ocupacional – Av. Presidente Antônio Carlos, 6627 – CEP: 31.270.901 – BH/MG

C749 Congresso Internacional dos Jogos Desportivos (5. : 2015 : Belo Horizonte,
a MG)

2015 Anais do 5. Congresso Internacional dos Jogos Desportivos


/organizadores , Pablo Juan Greco, Juan Carlos Morales, Gibson Moreira
Praça, Gustavo de Conti Teixeira, Castro, Henrique de Olivera Castro. Belo
Horizonte : EEFFTO/UFMG, 2015.

1202p.

ISBN: 978-85-61537-23-4

Inclui bibliografia.

1. Esportes - Congressos 2. Esportes – Estudos e ensino - Congressos


3. Educação física - Congressos. I. Greco, Pablo Juan. II. Morales, Juan
Carlos. III.Praça Gibson Moreira. IV. Costa, Gustavo De Conti Teixeira. V
Castro, Henrique de Oliveira. VI. Título.

CDU:796

Ficha catalográfica elaborada pela equipe de bibliotecários da Biblioteca da Escola de Educação Física,
Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais.
SOBRE OS ORGANIZADORES

Prof. Dr. Pablo Juan Greco


Professor da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (UFMG)
Coordenador do Centro de Estudos em Cognição e Ação (CECA)

Prof. Dr. Juan Carlos Morales


Professor da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (UFMG)
Coordenador do Centro de Estudos em Cognição e Ação (CECA)

Prof. Ms. Gibson Moreira Praça


Professor do Departamento de Educação Física (UFVJM)
Membro do Centro de Estudos em Cognição e Ação

Prof. Ms. Gustavo De Conti Teixeira Costa


Professor do Centro Universitário Estácio de Sá – Belo Horizonte
Membro do Centro de Estudos em Cognição e Ação

Prof. Ms. Henrique de Oliveira Castro


Membro do Centro de Estudos em Cognição e Ação
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Reitor
Prof. Dr. Jaime Arturo Ramírez

Vice-Reitora
Profa. Dra. Sandra Regina Goulart Almeida

Diretor da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional


Prof. Dr. Sérgio Teixeira da Fonseca

Vice-diretor da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional


Prof. Dr. Herbert Ugrinowitsch

Chefe do Departamento de Esportes


Prof. Dr. Fernando Vitor Lima
EQUIPE EDITORIAL
ORGANIZADORES
Prof. Dr. Pablo Juan Greco EEFFTO/UFMG
Prof. Dr. Juan Carlos Morales EEFFTO/UFMG
Prof. Ms. Gibson Moreira Praça – DEFI/UFVJM
Prof. Ms. Gustavo De Conti Teixeira Costa - EEFFTO/UFMG
Prof. Ms. Henrique de Oliveira Castro EEFFTO/UFMG

REVISORES
Prof. Dr. Fernado Vitor Lima
Prof. Dr. Israel Teoldo da Costa
Prof. Dr. Amandio Graça
Profa. Ms. Schelyne Ribas Silva
Prof. Ms. Henrique de Oliveira Castro
Profa. Dra. Lenamar Fiorese
Prof. Dr. Rodolfo Novelino Benda
Prof. Dr. Samuel Penna Wanner
Prof. Dr. Varley Teoldo da Costa
Prof. Dr. Bruno Pena Couto
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Prof. Dr. Guilherme Lage
Prof. Dr. Gustavo Peixoto
Prof. Dr. Hans-Joachim Menzel
Profa. Dra. Layla Maria Campos Aburachid
Profa. Dra. Siomara Silva
Profa. Dra. Mariana Calábria Lopes
Prof. Ms. Gibson Moreira Praça

COLABORADORES
Prof. Ms. Marcelo Vilhena Silva
Prof. Dr. Cristino Julio Alves da Silva Matias
Fabiola de Araujo Cabral
Karen Cristine Rodrigues Alves
Victor Alberice de Oliveira Rodrigues
Frederico Gonçalves Constantino
Pedro Emilio Drumond Moreira
Raphael Brito e Sousa
Jorge Victor de Oliveira Silva
Raíssa Romão de Araújo
Ana Flávia D’Almeida Silva
Lucas de Castro Ribeiro
Kennya Borges Santos

CONSULTORA DE NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA


Íris da Silva – Bibliotecária CRB6 2283 – EEFFTO/UFMG
SUMÁRIO

Capítulo 1: Mesas Redondas------------------------------------------------------------------------ 9


Autores Diversos

Capítulo 2: Resumos na área de Cognição e Ação------------------------------------------ 146


Autores Diversos

Capítulo 3: Resumos na área de Ensino-Aprendizagem-Treinamento---------------- 270


Autores Diversos

Capítulo 4: Resumos na área de Formação de Treinadores------------------------------ 612


Autores Diversos

Capítulo 5: Resumos na área de Análise da Performance--------------------------------- 696


Autores Diversos
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CAPÍTULO 1: MESAS REDONDAS

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A FORMAÇÃO DE ATLETAS NO HANDEBOL

Marcus V. G. C. Vieira - FAP/BH – ICJ - EMBH


gomesmarcusv@yahoo.com.br

Introdução

O Ensino dos jogos desportivos coletivos tem diversas estruturas e perspectivas que
buscam de diversas formas um objetivo comum que é o ensino-aprendizagem- treinamento
das suas diversas modalidades esportivas.
O esporte atual, em nossa sociedade, oportuniza de forma cada vez mais abrangente
que as pessoas tenham a possibilidade de buscar nestas práticas a condição de
desenvolver e trabalhar atividades nos seus mais diversos objetivos seja ele como lazer ou
competição, conseqüentemente esta universalização vem aumentando o número de
praticantes nas diversas modalidades presente no nosso dia a dia (GRECO, 1998).
Neste contexto temos diversos processos de ensino, vivências, aprendizagem e
treinamentos esportivos. Segundo Santana (2005) a evolução do esporte não oportuniza
mais a prática simplista e reducionista das diversas possibilidades, tanto na iniciação
quanto no treinamento das modalidades.
O que não se apresenta diferente na estrutura e formação do ensino-aprendizagem-
treinamento, em uma das suas modalidades que neste caso é o Handebol. Prática comum
nas instituições de ensino e clubes com competições em diversas categorias desde a
escola até campeonatos mundiais ou Jogos Olímpicos (VIEIRA, 2011).
Nesta apresentação pretende-se abordar a formação de atletas da base do handebol
até e sua construção e a formação técnica, tática, física, psicológica e social para uma
possibilidade de participação de competições internacionais. Desde o praticante escolar da
modalidade passando pela sua formação como atleta e a possibilidade de participação em
selecionado nacional.
Para tanto é necessário propiciar aos alunos/atletas o conhecimento do esporte em
suas diferentes perspectivas e estimular nestes o gosto pela prática da modalidade bem
como sua formação plena como pessoa humana.

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Na busca por melhores resultados e nas tentativas de aperfeiçoar suas estruturas de


treinamentos ocorrem diversas discussões sobre a formação muitas vezes está é associada
ao método ou modelo que foi utilizado para o ensino da modalidade ou mesmo se apresenta
um novo método ou modelo, mas não será apenas o método ou modelo, pois a simples
repetição de um modelo ou método não direcionará o trabalho a sua realidade e
necessidade de desenvolvimento das capacidades, habilidades e organização dos diversos
sistemas de sua equipe e mesmo a formação do aluno/atleta (PAES e BALBINO, 2005)

Características da formação e treinamento

As práticas na formação das crianças nas escolas formais e em escolinhas


esportivas se baseiam em uma prática do jogo em si com diversas atividades práticas de
jogos, estruturas funcionais e exercícios técnicos.
As atividades devem buscar jogos que se caracterizem com a modalidade em foco
e atividades que busquem uma base coordenativa que oportunize o desenvolvimento da
criança tanto no aspecto coordenativo quanto no cognitivo na busca de soluções
pertinentes ao resultado a ser alcançado.
A conquista da criança/adolescentes na prática da atividade das modalidades
esportivas é fundamental para que se oportunizem as diversas vivências nos jogos para
seu entendimento futuro e sua prática prazerosa nas atividades de jogos esportivos
coletivos.
Esta construção baseada no entendimento dos jogos é amparada na ênfase dos
jogos formais como Ensino dos Jogos Esportivos Coletivos - EJEC (BAYER, 1986),
Teaching Games For Understanding - TGFU ou “Ensino dos Jogos para o seu
Entendimento” (THORPE et. al., 1986), e Ensino dos Jogos Desportivos - EJD (GRAÇA e
OLIVEIRA, 1995) como também nos processos incidentais da Iniciação Esportiva Universal
- IEU (GRECO e BENDA, 1998) e Escola da Bola - EB (KROGER e ROTH, 1999, 2002,
2005).
Esta formação deve estar bem sedimentada nas estruturas de aprendizagem a
serem trabalhadas concomitantemente. A aprendizagem se estrutura no desenvolvimento
das ações do corpo e a manipulação de um implemento, onde desenvolvemos a

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aprendizagem motora e paralelamente devemos saber como melhor executar estas para
se chegar ao objetivo final, ou seja, a conquista do ponto onde temos a aprendizagem tática
(GARGANTA, 1995).
Estas características oportunizam o entendimento da forma do jogo onde na
aprendizagem/treinamento se baseiam no “como fazer” características de exercícios para
desenvolver as técnicas e as habilidades no handebol e “o que fazer e quando fazer” que
são atividades que desenvolvem as características táticas de resoluções de situações de
jogo.

Características treinamento

A atividade esportiva com os atletas na iniciação da modalidade deve levar em


consideração as diversas estruturas que o atleta carrega com ele e se buscar um pleno
desenvolvimento destas. Dentre estas estruturas temos diversas características diferentes
que se influenciam mutuamente e também o desenvolvimento do atleta das suas atividades
e treinamentos.
Normalmente as práticas se concentram apenas nas estruturas das capacidades
físicas, técnicas e táticas, esquecendo de aspectos importantes presentes na formação
destes como as estruturas biotipológicas para melhor adaptação dos atletas e inserção
destes na prática. Outra é a psíquica onde o atleta tem toda uma estrutura que traz com
ele. E a sócio ambiental que é a relação dele como o meio e as questões sociais onde hoje
temos grandes questões como à acessibilidade (VIEIRA, 2011), ou seja, a disponibilidade
de deslocamento ou mesmo quem pode realizar o transporte com o atleta para sua
participação efetiva nas atividades.

Estruturas do treinamento

Nas práticas, na formação esportiva dos atletas, devemos ter em mente sempre a
formação do jogador como pessoa e sua construção motora e cognitiva, pois do contrário
teremos um jogador ou um pessoa incompleta. Nesta formação, que é uma formação

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coletiva, a estrutura de jogos é de grande importância e deve ser associado ao


desenvolvimento das capacidades coordenativas de uma forma incidental, com a maior
variedade de atividades e que se busque nas vivências anteriores do grupo um
desenvolvimento ideal na construção do entendimento do jogo através das regras ou
combinados e as características naturais do jogo como o tempo, o tamanho da quadra (o
espaço de jogo), as capacidades mínimas de se passar, receber e deslocar com a bola e
também sem está e o objetivo da partida que é o gol. Nesta construção do jogo se forma
as maneiras e os meios de se brincar e de se jogar criando uma maneira de se solucionar
as dificuldades apresentadas na tentativa de se conseguir ou impedir o gol do adversário.
Estamos então construindo no atleta as estruturas táticas do jogo.
Na construção da modalidade como esporte se deve buscar as orientações
defensivas, aproveitando as características dos jovens de buscar a bola e orientar para uma
marcação individual com busca de se roubar a bola. O jogo aberto com espaço e liberdade
para ações ofensivas e defensivas oportuniza maior vivência com o ambiente, os colegas
e com objetivos da partida que é o gol.

Conclusão

A inciação e formação de atletas de handebol perpassam por uma formação de base


ampla e com repertório motor e coordenativo bem trabalhado para poder associar
movimentos nas técnicas que o jogo solicita na sua realização. Paralelamente a construção
cognitiva no entendimento do jogo sobre o defender buscando conquistar a bola e no
momento que o faz passa a transportá-la para o ataque, o que poderia ser um contra
ataque, e se organizar para conquistar o gol e na perda da bola retornar marcando na busca
de recuperar a bola até a sua construção defensiva. Estas fases do jogo na formação e
construção do jovem jogador da modalidade associado às questões biotipológica, psíquica,
social e ambiental fazem a formação de uma base consistente para o aluno/atleta e se este
assim houver interesse de buscar uma preparação para o rendimento em equipes de
competição estará preparado, bastando a este jovem atleta a se dedicar e buscar a equipe
de treinamento de rendimento que se interessar.

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Referências

BAYER, Claude. O ensino dos desportos colectivos. Lisboa: Dinalivro, 1994.

GARGANTA , J. M. O ensino dos jogos desportivos colectivos: perspectivas e tendências.


Movimento. 4, (8). 1998.

GRAÇA, A. & OLIVEIRA, J. (Eds.). O ensino dos jogos desportivos. 2ed. Porto,
Universidade do Porto, 1995.

GRECO, P.J.; BENDA, R.N. Da Aprendizagem Motora ao Treinamento Técnico- conceitos


e perspectivas. In GRECO, P.J (org.). Iniciação Esportiva Universal: Metodologia da
iniciação esportiva na escola e no clube. Belo horizonte: UFMG, 1998.

KRÖGER, C; ROTH,K. Escola da Bola. São Paulo: Phorte. 2002.

PAES, R.R., BALBINO, H.F. Pedagogia do Esporte: contextos e perspectivas. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

THORPE, R.D., BUNKER, D.J., ALMOND,L. Rethinking games teaching. Loughborough,


UK: Loughborough University, 1986.

VIEIRA, M.V.G.C., DIAS, R. Comportamento Turístico do Participante de Eventos: o caso


das competições de Handebol em Cidades Turísticas Mineiras. TURyDES (Málaga), v.9,
2011.

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BASQUETEBOL NA EDUCAÇÃO FÍSICA CURRICULAR


Alexandre Anselmo

A primeira questão que queria colocar na discussão é qual o tipo de aluno que está
na escola hoje? Uma geração de crianças e jovens que cada vez mais estão sem um
repertorio motor amplo, faltam lhes espaços e as oportunidades estão ligadas a momentos
formais de aprendizado, mas com uma capacidade de acumular de acessar informações
nas mais diversas áreas. Alunos que muitas vezes são experts e táticas e estratégias no
ambiente virtual, mas não conseguem perceber e tomar decisões nas quadras. Como
ensinar essa geração, a geração Z, os nativos digitais?
O Colégio entende a Educação Física como área de conhecimento e por isso
optamos pelo estudo das práticas corporais produzidas pelos seres humanos ao longo de
sua história cultural, estamos reafirmando a cultura como um conceito importante nesta
proposta. Eleger a cultura como um conceito essencial não exclui pensar e considerar que
compartilhamos um patrimônio biológico universal, que faz com que todos nós sejamos
membros da mesma espécie.
Essa escolha influencia no ensino do esporte pois nos leva a ensinar tudo que é
relativo a esse tema em seus conteúdos atitudinais, procedimentais e conceituais.
O Basquetebol, nesse contexto, nos fez organizar seus conhecimentos nesses três
níveis. Na área conceitual estudamos sua origem e história, regras, táticas, grandes nomes
nacionais e internacionais e as relações de consumo e mídia e etc. Nos conteúdos
atitudinais valores éticos e morais relativos ao jogo, as relações interpessoais e ou
autoconhecimento. Na parte procedimental procuramos trabalhar os aspectos técnicos-
táticos a partir de uma concepção das publicações dos livros Iniciação esportiva universal
(IEU) (Greco, 1998) e Escola da bola (EB) (Kroger, Roth, 2005).
A primeira questão e problema é como trabalhar um método de viés
desenvolvimentista dentro de uma proposta da cultura corporal do movimento. Entendemos
que os métodos são ferramentas para atingir nossos objetivos por isso a escolha do IEU e
EB. Não como métodos únicos, mas com o objetivo de os alunos desenvolverem a
capacidade de jogo, aprenderem as técnicas e táticas do esporte.
Com essa visão escolhemos iniciar o trabalho escolhendo quais capacidades
básicas de jogo iriam em cada série.

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No ensino fundamental (2º ao 5º ano) dividimos as capacidades básica de jogo por


ciclos (2º e 3º anos / 4º e 5º anos). As relativas ao objetivo e ao ambiente ficaram no primeiro
ciclo e as relativas ao colega e ao oponente no ciclo posterior.
No quadro 1 mostramos quais conteúdos serão abordados no Basquetebol de 2º ao
5º ano do ensino fundamental:
Ano Subtema Tópicos Competência e Habilidade
Conhecer as características de cada modalidade.
Diferenciar o jogar “com” do jogar “contra”.
Capacidade básica de jogo
Aprimorar as habilidades com bola (driblar,
relacionada ao:
arremessar, agarrar).
2º - Objetivo (acertar o alvo e
Criar estratégias para a equipe levar a bola até seu
transportar a bola). objetivo.
e Basquetebol
. - Ambiente (reconhecer Criar estratégias para a equipe finalizar o objetivo
3º espaços e oferecer-se).
Criar estratégias para ocupar os espaços vazios da
quadra.
Criar estratégias para oferecer-se para receber o
passe do colega.
Criar estratégias para realizar defesa individual

Conhecer as características de cada modalidade.


Conhecer os fundamentos básicos de cada
Capacidade básica de jogo modalidade.
4º relacionada ao:
Diferenciar o esporte da televisão do esporte
e - Colega e oponente (jogo vivenciado nas aulas de Educação Física.
Basquetebol
coletivo e superação do
5º Diferenciar esporte de jogos e brincadeiras.
oponente).
Criar estratégias para realizar movimentos com os
colegas (tabela, cruzamento ou bloqueio).
Criar estratégias para realizar defesa individual.

Quadro 1: Competências e habilidades para o Basquetebol

A partir do 6º ano até o 9º ano partimos das estruturas funcionais para o ensino da
técnica e tática pensando quais fundamentos técnicos e quais os conhecimentos táticos
são necessários para jogas em tais situações. Como exemplo no 6º ano iniciamos as

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estruturas 1x1+1, 1x1 e 1x0. Quais técnicas e que percepções táticas são necessárias para
o aluno jogar.
Levantamos algumas dificuldades e dúvidas que vem alimentando discussões e a
atualização dessa proposta. Essas questões são:
 O que é essencial para o aluno aprender?

 O tempo disponível para esses objetivos se tornou insuficiente. Qual a melhor maneira de
potencializar o aprendizado?
 Como planejar aulas que contemplem os objetivos e conhecimentos de cada série e
esporte?
 Como pensar um método que atenda toda demanda da educação física escolar?

Basquetebol nas equipes de competição

O objetivo das equipes esportivas da nossa escola é que o esporte seja um meio
educativo norteado pelos seguintes princípios: aprendizagem, autonomia, cooperação,
disciplina, ética, integração, participação, respeito, solidariedade e superação.

A missão dessas equipes é contribuir com a formação integral dos alunos através do
esporte competitivo.

Participamos de competições escolares e com clubes, mas não temos como objetivo
principal a formação de atletas.

Nas equipes de Basquetebol dividimos as equipes em categorias, minibasquete


(sub12), sub14 e sub17. Essa são subdivididos em sub12, sub13, sub14, sub15 e sub17.
Os atletas têm três treinamentos semanais de 90 minutos.

A equipe sub 12 tem em torno de 30 atletas, de 10,11 e 12 anos. São todos alunos
do colégio e na grande maioria o único contato com o Basquetebol são as aulas de
educação física.

Pensamos o treinamento em três frentes. Habilidades técnicas e controle do corpo,


aprendizado da técnica e aprendizado tático.

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Habilidades técnicas e controle do corpo são atividades com e sem bola que visam
um aumento do repertório motor. Corridas variadas, trabalhos com bolas de diferentes
tamanhos e pesos e outras atividades afins.

Na parte técnica, de maneira geral, iniciamos o trabalho pensando nas estruturas


funcionais. 1x0, 1x1+1, 2x2 etc. Utilizando qual fundamento técnico é necessário para tal
ação tática (percepção, tomada de decisão e ação). Todas essas situações são regidas
por regras táticas (percepções) que devem ser ensinadas. Ver quadro 2

Estrutura Elementos técnicos Elementos táticos: individual e em grupo

Drible.
Arremessos (parado Perceber local na quadra.
1x0 e bandeja).
Perceber Distancia da cesta.
Giros (pé de apoio).
Tripla ameaça.

Drible com finta e


mudanças de
direção. Perceber distância e postura do defensor.
1x1
Posição de defesa
com bola.

Desmarcar-se.
Passe. Perceber no momento de se desmarcar, se recebe a
bola dentro ou fora do garrafão.
1 x 1+1 Corte em direção a
cesta.
Utilizar superioridade numérica.
Posição de defesa
sem bola.
Perceber momento do passe (assistência).
Passe com finta.
2x1
Bloqueio. Compreender momento de usar finta defensiva.

2 x 2 + 1 Jogo de Jogar em largura e profundidade.


cruzamentos.
2 X 2 Bloqueio

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Jogo de Perceber momento de passe ou arremesso.


3X2
cruzamentos.
3x3 Bloqueio fora da bola Perceber os jogadores dos dois lados quadra

Quadro 2: Conteúdos técnicos / táticos


Na parte de tática coletiva o trabalho é feito a partir do sistema de 5 jogadores abertos
em torno da linha de 3 pontos e colocando algumas regras táticas.

 Dividimos a quadra em 6 quadrantes, um jogador em cada quadrante, o espaço central


(área restritiva livre).
 Quem passa bola deve cortar em direção a cesta e deslocar para lado oposta da bola.
 O espaço deixado livre deve ser preenchido pelo colega que está mais próximo do espaço
deixado livre.

O modelo proposto ele foi elaborado para ser utilizado dentro da nossa escola pois
leva em consideração a proposta, a estrutura e o tipo de aluno que temos. Algumas
questões sobre nosso modelo de trabalho:

 Não conseguimos atletas com um domínio dos fundamentos técnicos do jogo, mas temos
atletas com boa inteligência de jogo.
 Não trabalho com situações táticas especificas, mas dependendo da necessidade de jogos
e torneios os atletas tendem a assimilar rapidamente essas situações.

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PEQUENOS JOGOS NO FUTEBOL: PESQUISAS DESENVOLVIDAS E NOVAS


PERSPECTIVAS PARA O TREINAMENTO DA TÁTICA
Gibson Moreira Praça – UFVJM
gibson_moreira@yahoo.com.br
INTRODUÇÃO
O treinamento de jogadores de futebol deve refletir as dinâmicas intrínsecas ao jogo,
as quais demandam dos atletas o desenvolvimento, concomitante, de aspectos técnicos,
táticos, físicos e psicológicos (AGUIAR et al., 2012; PRAÇA et al., 2015). Diante do
contexto do jogo, tais componentes manifestam-se não separadamente, mas em contínua
interação (DUARTE et al., 2012). Tal característica permitiu que treinadores e preparadores
físicos desenvolvessem novos meios de treinamento que permitam ganho em
especificidade ao garantir aprimoramento destas capacidades de maneira contextualizada,
no próprio jogo em si, nomeadamente a partir da utilização de situações de pequenos jogos
(MICHAILIDIS, 2013).
Na literatura, diferentes estudos buscam investigar a influência de componentes da
estruturação de pequenos jogos (PRAÇA, 2014), como o tamanho do campo, número de
jogadores e a inclusão de regras específicas (AGUIAR et al., 2012) nas respostas técnicas,
táticas, físicas e fisiológicas de jogadores de futebol. Tais estudos permitem a adequação
das configurações do jogo aos objetivos da comissão técnica para a sessão de treino
(CLEMENTE et al., 2014), e referendam a utilização dos pequenos jogos como meio
condicionante para jogadores de futebol, nomeadamente em relação às capacidades
físicas (HILL-HAAS et al., 2009).
Apesar do crescente desenvolvimento de estudos acerca dos pequenos jogos,
observa-se uma escassez de trabalhos que auxiliem no entendimento da utilização deste
meio para o treinamento tático no futebol. Ferramentas como o Sistema de Avaliação Tática
no Futebol (COSTA et al., 2011), o SoccerEye (BARREIRA et al., 2013), o Teste de
Conhecimento Tático Processual (GRECO et al., 2014) e a análise de coordenadas polares
(FOLGADO et al., 2012) apresentam-se como importantes ferramentas para a

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caracterização do comportamento tático durante pequenos jogos, embora poucos estudos


as tenham utilizado até o momento.
Diante da elevada importância da capacidade tática para o desempenho de
jogadores de futebol (COSTA et al., 2011; GARGANTA, 2009), e da crescente utilização
de pequenos jogos como meio condicionante para a preparação destes atletas, este
trabalho visa apresentar três investigações que incidem sob a avaliação do comportamento
tático durante pequenos jogos no futebol.
ESTUDO 1: ESTATUTO POSICIONAL INFLUENCIA OS COMPORTAMENTOS FÍSICOS
E TÁTICOS DURANTE PEQUENOS JOGOS?
No estudo 1, buscou-se investigar se havia diferença no comportamento tático de
jogadores de futebol durante pequenos jogos em relação ao estatuto posiciona (defensores,
meio-campistas e atacantes). A tabela 1 apresenta os resultados deste estudo.
Tabela 1: influência do estatuto posicional no comportamento tático
Meio-
Princípios Táticos
Defensores¹ campistas² Atacantes3 a. χ² p
a b a b a
Penetração 3,8 - 7,5 7,8 11,115; 13,793 0,001;b0,0002
Cobertura Ofensiva 8,4a 11,9 9,3 a
6,034 a
0,014
Espaço sem Bola 20,3 16,7 16,0 c c
5,094 c
0,024
Espaço com Bola 2,9 4,1 3,3
Mobilidade 5,9 5,2 5,6
Unidade Ofensiva 16,2 13,7e 18,7 e
7,716 e
0,005
Contenção 11 8,6 10,1
Cobertura Defensiva 9,8 10,9 6,8d d
9,497 d
0,002
Equilíbrio Defensivo 12,1 13,5 14,2
Equilíbrio de
Recuperação 3,5 4,3 5
Concentração 9,2 6 6,5
Unidade Defensiva 20,2 21,8 23
a
: 1<2; b:1<3; c:3<1; d:3<2; e:2<3
Conforme observado na tabela, o estatuto posicional interfere no comportamento
tático de jogadores de Futebol em situações de Pequenos Jogos. Salienta-se a importância
da utilização deste conhecimento na utilização de Pequenos Jogos no processo de ensino-
aprendizagem-treinamento com vistas à vivência de conteúdos técnico-táticos ao mesmo
tempo específicos para os contextos de jogo mais comuns para jogadores de cada função
e variados, na medida em que permitem aos jogadores responderem adequadamente a
situações-problema novas, pouco usuais, que emergem durante o jogo.

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ESTUDO 2: SUPERIORIDADE NUMÉRICA ALTERA RESPOSTA TÁTICA DURANTE


PEQUENOS JOGOS
A utilização de pequenos jogos em igualdade numérica apresenta-se com uma
possibilidade adotada em estudos prévios (ABRANTES et al., 2012). Contudo, durante o
jogo, por vezes há um desbalanceamento dos jogadores das equipes na região da bola,
decorrente da própria dinâmica do jogo (TRAVASSOS et al., 2014), de onde emergem
situações de superioridade numérica (PRAÇA et al., 2015). Neste estudo objetivou-se
analisar o comportamento tático dos jogadores de futebol durante pequenos jogos em
igualdade numérica (3vs.3), superioridade numérica ofensiva (4vs.3) e jogadores de apoio
nas laterais do campo de jogo (3vs.3+2). A tabela 2, abaixo, apresenta os resultados deste
estudo.
post-
Princípio Tático 3vs3¹ 3vs3+2² 4vs3³ p ω
hoc
Penetração 336 309 270 0,027 0,239 ¹>³
Cobertura Ofensiva 262 300 277 0,27 0,09
Espaço sem Bola 513 580 561 0,115 0,106
Espaço com Bola 94 114 81 0,057 0,337 ²>³
Mobilidade 144 177 202 0,008 0,425 ³>¹
Unidade Ofensiva 656 654 842 0,001 0,701 ³>¹,²
Contenção 374 340 354 0,44 0,05
Cobertura Defensiva 330 331 414 0,002 0,396 ³>²,¹
Equilíbrio Defensivo 393 359 400 0,286 0,074
Equilíbrio de Recuperação 143 170 174 0,174 0,159
Concentração 172 169 190 0,482 0,063
Unidade Defensiva 860 979 974 0,008 0,182 ³,²>¹
Especificamente, observou-se diferença no comportamento tático em função da
presença de jogadores adicionais. Jogos 4vs.3 demandaram aumento na cobertura
defensiva, estratégia usada para compensar a inferioridade numérica através do aumento
de defensores no centro de jogo. Por outro lado, ofensivamente, no jogo 3vs.3 observou-
se maior incidência de ações de penetração, necessárias para a progressão no campo de
jogo devido à baixa incidência de linhas de passe livres em relação ao jogo com
superioridade numérica ofensiva. De maneira geral, acredita-se haver diferenças nas três
configurações de jogo propostas, as quais devem ser ajustadas em função do objetivo da
comissão técnica.
ESTUDO 3: A CAPACIDADE TÁTICA INFLUCENCIA A RESPOSTA FÍSICA DURANTE
PEQUENOS JOGOS

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A capacidade tática compõe a estrutura de rendimento do jogo formal e possibilita o


acesso a níveis de desempenho mais elevados (GARGANTA, 2001). Por isso, o nível de
conhecimento tático dos jogadores poderia ser capaz de influenciar as demandas físicas e
fisiológicas em pequenos jogos no futebol Movimentações ineficientes e/ou recuperações
de ações equivocadas resultantes de erros na tomada de decisão poderiam aumentar
essas demandas em jogadores com menor capacidade tática. Contudo, há uma carência
de informações sobre a influência do nível de conhecimento tático sobre as demandas
físicas em pequenos jogos no futebol. O objetivo do presente estudo foi verificar a influência
do nível de conhecimento tático em pequenos jogos de futebol, sobre as demandas físicas
de jogadores de futebol. A tabela 3 apresenta os resultados deste estudo.
G1 G2 p TE
DT 427,86 (45,25) * 399,41 (48,30) 0,01 0,78
%D1 40,19 (7,46) * 44,07 (7,69) 0,028 0,54
%D2 42,96 (6,35) 41,43 (5,59) 0,273 0,25
%D3 15,46 (3,94) * 13,33 (4,00) 0,026 0,64
%D4 1,13 (1,38) 1,12 (1,16) 0,983 0,01
DT = distância total; %D1, %D2, %D3, %D4 = percentual da distância percorrida em intensidade
de nível 1, 2, 3 e 4, respectivamente; G1= grupo de atletas com maior desempenho no teste TCTP;
G2 = grupo de atletas com menor desempenho no teste TCTP; * diferença significante entre os
grupos.
Resultados apontaram que, na comparação entre os grupos, a distância total
percorrida (DT) no G1 foi maior que no G2 (6,6%). Além disso, foi verificado também que o
percentual da distância total percorrida entre 0 e 7,2 Km/h (%D1) foi menor no G1.
Diferentemente, o percentual da distância total percorrida entre 14,4 e 21,5 Km/h (%D3) foi
maior no G1.
No presente estudo é possível que o maior nível de conhecimento tático do G1 tenha
permitido que esses atletas realizassem uma melhor leitura do jogo, ocupando melhor os
espaços. Para que isso ocorresse esses atletas deveriam aumentar o número de
movimentações sem bola. Toda essa dinâmica resultou em uma maior distância total
percorrida e um maior número de ações em intensidades mais elevadas. Esse raciocínio é
baseado no entendimento de que um jogador só consegue executar determinado
comportamento de forma eficaz recorrendo ao conhecimento que detém do jogo (COSTA
et al., 2002).
CONSIDERAÇÕES FINAIS

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A investigação acerca do comportamento tático durante pequenos jogos apresenta-


se fundamental ao desenvolvimento deste meio de treino para jogadores de futebol. Na
literatura, apresentam-se instrumentos fidedignos à avaliação desta capacidade, o que
demanda dos pesquisadores a ampliação dos focos de pesquisa. Acredita-se que as
pesquisas acima apresentadas, bem como as demais que futuramente aparecerão,
revelem importantes contributos dos pequenos jogos para o treinamento da tática no
futebol, bem como referendam a necessidade de maiores investigações nessa área.
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ANÁLISE DO JOGO PRATICADO NO VOLEIBOL FEMININO


Gustavo De Conti Teixeira Costa - UFMG

INTRODUÇÃO
O ataque no voleibol assume-se como a ação mais determinante no sucesso
competitivo das equipes (EOM; SCHUTZ, 1992A, 1992B. PALAO; SANTOS; URENA,
2004), estando associado com o efeito da recepção (DRIKOS et al., 2009), efeito (eficácia)
da defesa (MONTEIRO; MARCELINO; MESQUITA, 2009), tempo (velocidade) de ataque
(ROCHA; BARBANTI, 2004; CESAR; MESQUITA, 2006) e tipo de ataque (MESQUITA;
CESAR, 2007; CASTRO; MESQUITA, 2008).
O ataque assume variantes de execução técnica na busca de novas opções de
finalização, seja como o ataque com e sem toque no bloqueio na tentativa de explorar o
bloqueio adversário, ou o ataque potente e colocado (CASTRO; MESQUITA, 2008). Apesar
da variabilidade e diversificação do ataque, o tipo de ataque mais comum é o potente,
estando sua utilização dependente das especificidades emergentes relacionadas com o
sistema defensivo adversário (CASTRO; MESQUITA, 2008).
O enquadramento conceitual apresentado evidencia, na categoria feminina, a
ocorrência de um jogo mais lento (CESAR; MESQUITA, 2006), com maior incidência de
ataques de tempo 2 e 3, enquanto que no jogo masculino observa-se a prevalência de
ataques com maior velocidade (ROCHA; BARBANTI, 2004), ou seja, ataques de tempo 1.
Além disso, percebe-se, na categoria feminina, a continuidade da jogada (COSTA et al.,
2012) enquanto que no jogo masculino há a predominância do ponto de ataque (COSTA et
al., 2012).
A maioria das pesquisas de análise de jogo no voleibol preocupou-se em investigar
as condicionantes do jogo praticado no masculino, evidenciando um jogo mais potente e
veloz. Contudo, as variáveis estruturais do jogo no feminino mostram diferenças empíricas
quanto ao tipo de jogo praticado. Por esta razão, este estudo pretende analisar a natureza
da relação entre o tempo e tipo de ataque sobre o seu efeito no voleibol feminino competitivo
brasileiro.
MÉTODO
Amostra

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O presente estudo teve como amostra, as equipes colocadas entre o 1 e 8 lugar na


Superliga Feminina 2006/2007. Recorreu-se à observação de 11 jogos obtendo um total de
1831 ações de ataque. As análises foram realizadas por dois treinadores experts em
voleibol com mais de dez anos de experiência.
Variáveis
Tipo de ataque realizado: Utilizou-se uma adaptação de Weishoff (2002) para analisar
o tipo de ataque realizado. As categorias para esta dimensão são:
1 – ataque potente na paralela (APP): ataque realizado com o máximo da força
paralelamente à linha lateral da quadra;
2 – ataque potente na diagonal (APD): ataque realizado com o máximo da força em
diagonal;
3 – largada (L): corresponde aos ataques em que a bola é contatada na parte inferior
com a ponta dos dedos, por cima do bloqueio para quadra adversária;
4 – ataque colocado (AC): a bola é contatada na parte inferior, com a mão em “concha”
e os dedos bem afastados.
5 – ataque explorando o bloqueio – Block out (AEBB): o atacante procura explorar as
fraquezas do bloqueio adversário, atacando a bola de encontro a este, para que esta
ressalte para fora da quadra ou de encontro à vareta;
6 – ataque explorando o bloqueio – costura (AEBC): o atacante procura explorar o
espaço entre os bloqueadores, este ataque é realizado quando o bloqueio não está bem
formado;
7 – ataque outros (AO): é o ataque realizado através da manchete, toque e etc.
Tempo de Ataque: Corresponde ao parâmetro temporal em que o ataque é realizado,
tendo como indicadores o levantador, o atacante e a trajetória da bola. Utilizamos para a
classificação dos tempos de ataque os critérios adotados por Afonso et al. (2010),
apresentando-se 3 tempos de ataque:
1º tempo de ataque: o atacante salta durante ou imediatamente após o levantamento,
podendo ocorrer um passo após o levantamento;
2º tempo de ataque: o atacante realiza dois ou três passos após o levantamento;
3º tempo de ataque: o atacante inicia as passadas de ataque após a bola levantada
atingir o seu pico em altura.

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Efeito do ataque: Analisou-se o efeito do ataque sobre o sistema defensivo adversário


(tabela 2). O instrumento de observação aplicado foi a adaptação da escala de Eom e
Schutz (1992a, 1992b)
Tabela 1. Categorias e escalas de avaliação do efeito do ataque

Escala Efeito do ataque


0 Erro do atacante
1 Erro do atacante decorrente do bloqueio adversário
2 Continuidade – defesa com contra-ataque organizado
Continuidade – cobertura de ataque, recuperação da bola após ação do
3
bloqueio adversário.
4 Continuidade – Defesa sem contra-ataque organizado
5 Ponto de ataque

Análise de dados
Para a associação entre as variáveis estudadas, recorreu-se ao teste do Qui-
Quadrado, com a correção de Monte Carlo, sempre que menos de 20% das células
apresentaram valor inferior a 5. Foram calculados os ajustes residuais, com o objetivo de
identificar quais as células apresentaram significado estatístico na explicação da relação
entre duas variáveis. Desta forma, esta relação é considerada apenas quando os valores
foram superiores │2│. Quando os valores foram inferiores a -2 significou que o efeito do
ataque ocorreu menos do que o esperado, enquanto que valores superiores a 2
corresponderam a ocorrência mais do que o esperado. No tratamento dos dados fez-se uso
do “software” SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 17.0 para
Windows.
RESULTADO
A apreciação da análise inferencial dos dados recolhidos permitiu constatar que
existe uma associação estatisticamente significativa (X2=577,967; p=0,000) entre o tipo de
ataque e o efeito do ataque. A associação entre o tempo de ataque e o efeito do ataque
também mostrou ser estatisticamente significativa (X2=26,606; p=0,003).
DISCUSSÃO
Em relação à frequência do tipo de ataque, observou-se maior ocorrência do ataque
potente na diagonal (59,4%), seguido pelo ataque na paralela (11%), largada (10,1%),
ataque explorando o bloqueio – block-out (9,7%), ataque colocado (6,0%), ataque outros

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(2,8%) e ataque explorando bloqueio – costura (0,9%). Corroborando parcialmente com os


resultados encontrados, Castro e Mesquita (2011) analisaram os ataques realizados
segundo o toque no bloqueio (ataque block-out e ataque costura) ou não (ataque potente e
ataque colocado). Desta forma, observou-se que os ataques potentes e colocados
ocorreram mais vezes com 68,1% e 13%, respectivamente. Enquanto isso, os ataques
explorando o bloqueio, ataque block-out e ataque costura, apresentaram 9,4% das
ocorrências, cada um.
O ataque potente (paralela e diagonal) mostrou associação com o erro de ataque,
bloqueio e continuidade que limita as opções de ataque do adversário, o ataque colocado
foi associado com a defesa que permite contra-ataque organizado, enquanto que o ataque
explorando o bloqueio (costura e block-out) apresentou associação com o ponto do ataque.
Esses resultados corroboram parcialmente com Costa et al. (2011) que observaram a
associação do ataque potente, em atletas juvenis masculinos, erro de ataque e ao ponto de
ataque, indicando que existe um erro controlado para a obtenção do ponto e que as chances
de pontuar são aumentadas quando se recorre ao ataque potente.
A associação entre o tempo de ataque e o efeito do ataque mostrou que apesar do
ataque de 3º tempo ter sido o mais recorrente, houve associação do ponto com o ataque
de 1º tempo. Contrariamente, o ataque de 3º tempo permitiu o erro, defesa com contra-
ataque organizado e menos do que o esperado o ponto de ataque. Ficou evidente que o
ataque mais lento oportunizou a continuidade do jogo, por meio da efetivação da defesa. O
estudo de Rocha e Barbanti (2004) confirma os resultados encontrados, uma vez que, ao
analisarem o Voleibol Masculino de alto nível, perceberam que os ataques de 1º e 2º tempo
se associaram ao ponto de ataque.
O presente estudo mostrou que na superliga feminina, o ataque potente foi mais
recorrente, enquanto os ataques colocados e outros tipos de ataque foram pouco utilizados,
indicando a necessidade do sistema ofensivo sobrepor-se ao defensivo. Além disso, jogar
com menor velocidade de ataque resulta em uma melhor estruturação defensiva da equipe
adversária, o que provoca maior continuidade do jogo. Esta tendência corrobora os estudos
acerca do tempo de ataque (ROCHA; BARBANTI, 2004; COSTA et al., 2011), que
demonstraram que o tempo de ataque mais rápido (1º tempo) possibilitou a ocorrência do
ponto, enquanto que o tempo de ataque mais lento (3º tempo) favoreceu a continuidade do
jogo e o erro do ataque.

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A PERCEÇÃO DOS EXPERTS ACERCA DOS FATORES RELEVANTES PARA O


DESENVOLVIMENTO DO JOGADOR DE BASQUETEBOL

Prof. Doutor Fernando Tavares


Mestre Américo Santos
Licenciado Luís Gonçalves
Faculdade de Desporto – Universidade do Porto
ftavares@fade.up.pt
Introdução
O Basquetebol é uma modalidade caraterizada pela exigência de múltiplas habilidades
técnicas e táticas e distintas capacidades físicas e psicológicas.
Trninić e seus colaboradores (1999) consideram que a qualidade de um jogador é traduzida
pelo nível e harmonia das suas decisões aliados à execução das habilidades motoras
específicas da modalidade. McCormick, (2008), considera que o melhor não é aquele que
se distingue dos outros na execução de habilidades, mas sim aquele que as executa mais
eficientemente no contexto de jogo, em interação com outros jogadores.
A este respeito, Abernethy e colaboradores (2002), consideram que os atletas de alto nível
de rendimento devem possuir um conhecimento tático superior aos não-expert, bem como
ser mais eficientes e rápidos na captação e processamento de informação e na tomada de
decisão.
No que diz respeito aos aspetos psicológicos, um atleta de alto rendimento deve estar
preparado para as exigências da competição, pelo que a ansiedade e o stress assumem
um papel crucial como fatores reguladores do seu estado psicológico. Para alguns autores,
saber lidar com as situações de stress próprias da competição (resiliência mental) é um
fator determinante na obtenção de um bom rendimento desportivo (Rose, Deschamps e
Korsakas, 2001). Segundo Baker e Horton (2004), atletas expert tanto conseguem canalizar
a ansiedade para a obtenção de performance como recuperam dos insucessos muito mais
rápida e facilmente que os não-expert.
Os últimos estudos na área revelam que a motivação, o compromisso, a focalização e a
disciplina de um atleta são decisivos para o rendimento (Duda e Treasure, 2006; Gould,
Dieffenbach, e Moffet, 2002).

Fatores de desenvolvimento da performance

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A visão que se tem sobre o percurso para a excelência permuta com o passar dos anos.
As evidências científicas no âmbito da predição da performance de um jogador de alto nível
revelam que esta não se limita exclusivamente a um fator, como pretende o eterno debate
entre o paradigma naturalista (em que a única influência decisiva é a genética) e o
paradigma ambientalista (onde apenas o processo interessa independentemente das
caraterísticas iniciais dos sujeitos). Nem se limita à soma de todas as suas características
somáticas e capacidades técnicas.
Uma linha de investigação mais recente começou a debruçar-se não apenas sobre o
contributo isolado de cada um dos fatores mas o tipo de interação existente entre eles e o
que define essas interações, ambientes de excelência. Nesta linha de pensamento, importa
enfatizar todas as influências ambientais no desenvolvimento da performance desportiva,
que conjuntamente com as genéticas, ampliam as hipóteses de alcançar o Alto
Rendimento.

Côté (1999), apresenta um Modelo de Desenvolvimento e Participação Desportiva dividindo


o percurso desportivo do atleta em 4 etapas distintas: Sampling years (anos recreacionais)
– ocorre entre os 6 e os 13 anos; Specializing years (anos de especialização) – ocorre entre
os 13 e os 15; 3); Investment years (anos de investimento) – ocorre a partir dos 15 anos;
4); Perfection years (aperfeiçoamento) ou performance – que ocorre depois dos 18 anos.

Fatores preponderantes no percurso de um jogador: a perceção dos experts


Gonçalves (2013) realizou uma investigação com o objetivo de analisar o conjunto de
fatores considerados, por experts do basquetebol, como essenciais no percurso de um
jovem atleta até ao Alto Rendimento. Para recolher a opinião dos intervenientes no estudo,
foi utilizada uma entrevista semiestruturada, a uma amostra composta por 7 Treinadores
Expert (TE), 7 Treinadores de Formação (TF), 4 Jogadores Expert (JE) e 4 Coordenadores
Técnicos (CT).
Através deste método procurou-se recolher a maior quantidade de informação possível
relativamente aos fatores considerados relevantes no percurso de um jovem atleta até ao
Alto Rendimento.

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Variáveis
Tendo como base o estudo de Ibañez et al. (2004), foi utilizado um sistema de codificação
com 6 variáveis como: ambientais; psicológicas, competências técnicas; competências
táticas; competências físicas e características antropométricas.
Na tabela 1 estão apresentados os códigos das variáveis, bem como uma breve descrição
e exemplos das mesmas.

Código Variável Descrição


AMB Ambiente Fatores do meio onde o atleta está inserido: treinador, família, clube, cultura
ou local de nascimento.
PSI Fatores Psicológicos Aspetos relacionados com dinâmicas de grupo e qualidades psicológicas
como as relações interpessoais, capacidade de liderança e de trabalho,
humildade ou concentração.
TÉC Técnica Aspetos relacionados com os gestos técnicos específicos do basquetebol.
TÁT Tática A execução da técnica de forma eficaz e inteligente, bem como a
capacidade de entendimento do jogo e das suas exigências.
QFI Qualidades físicas Referentes a qualidades físicas do jogador como a velocidade, impulsão
vertical ou força.
ANT Antropométricos Aspetos antropométricos como a altura, envergadura e peso.
Tabela 1 – Codificação das variáveis e sua descrição (adaptado de Ibañez, 2004)

RESULTADOS
Depois de definidas as variáveis e analisadas as entrevistas, foi efetuada uma cuidada
análise de conteúdo, no qual se incluía uma análise descritiva da percentagem com que
cada fator foi mencionado pelos diferentes grupos na amostra. Dado o elevado número de
dados obtidos, no presente estudo só apresentaremos os resultados gerais (tabela 2).

CATEGORIAS AMB PSI TÉC TÁT QFI ANT


Treinadores Expert 38% 20% 14% 12% 10% 6%
Treinadores de Formação 35% 25% 13% 10% 12% 5%
Jogadores Experts 38% 24% 11% 12% 10% 6%
Coordenadores Técnicos 36% 18% 14% 9% 17% 6%
TOTAIS 37% 22% 13% 11% 12% 5%
Tabela 2 - Resultados gerais do estudo. Percentagem (%) com que cada variável foi mencionada, através dos
seus diferentes fatores.

Através da análise de 22 entrevistas de experts do Basquetebol obtivemos, mais do que


um FATOR fulcral, a conjugação entre um conjunto de fatores que se assumem como

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fundamentais e que devem estar presentes no atleta ou na sua vida. Será a sua interação
que irá determinar se um jovem atleta alcançará ou não a expertise.
Os Fatores Ambientais (AMB) foram os mais destacados pelo conjunto da amostra, seguido
dos Fatores Psicológicos (PSI). De salientar a importância dada ao fator Qualidades Físicas
(QFI), pelos Coordenadores Técnicos.

Conclusão
A formação desportiva de basquetebolistas representa um enorme desafio para todos os
agentes que têm interesse e intervenção neste processo. Formar jogadores significa
transformar as suas aptidões e desenvolver competências que permitam desempenhos
com níveis de proficiência mais elevados.
Considerando o presente trabalho, podemos afirmar que a Performance Desportiva é o
resultado da interação de um alargado número de fatores. Não só o reportório genético
deverá ser considerado como também todos os fatores de índole psicológico, cognitivo,
ambiental, técnico-tático e físico. As determinantes diretamente relacionadas com o
processo de formação do jogador possuem, igualmente, uma elevada importância.
Por fim, podemos considerar como muito importante a influência decisiva dos fatores
ambientais, com destaque para a família e o treinador, tanto como promotores do início da
prática, como pela manutenção e desenvolvimento da mesma.

Bibliografia

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37

A INTERVENÇÃO DECISIONAL DO JOGADOR NA PARTICIPAÇÃO DE


ELEVADOS DESEMPENHOS DEPORTIVOS: REALIDADE E... FUTURO?

Fernando Tavares*, Maickel Padilha*1 e Filipe Casanova*

*CIFI2D –CEJD Faculdade de Desporto – Universidade do Porto


1
Bolsista do CNPq – Brasil

ftavares@fade.up.pt

1. A DIMENSÃO DECISIONAL DO JOGADOR NOS JOGOS DESPORTIVOS


COLETIVOS
A principal premissa nesta área é a importância que o desenvolvimento das
habilidades percetivas e cognitivas têm demonstrado no quadro da excelência no Desporto
(Greco, 1999, 2003; Tavares et al., 2006; William et al., 2012; Casanova et al., 2013).
Vários autores (Thomas, 1994; Greco, 2003; Casanova et al., 2013; Tavares, 2013)
entre outros, chegam mesmo a afirmar que o sucesso em jogos com predominância tática
está intimamente ligado à relação entre o desenvolvimento das capacidades percetivas e
intelectuais dos jogadores e outras componentes da prestação desportiva (i.e. físicas,
técnicas, táticas e psicológicas).
Apesar do processo da tomada de decisão (TD) ser multifacetado, é
operacionalizado rápida (sem contratempos) e eficazmente, a partir do momento em que
as faculdades cognitivas são adquiridas, por intermédio de uma prática extensa e de
experiências competitivas. A estrutura de conhecimentos acumulada, ao longo de muitas
horas de prática específica e concentrada, permite ao jogador o recurso a estratégias
visuais, as quais realçam a antecipação de acontecimentos futuros. Uma capacidade
antecipatória aumentada permite ao jogador a seleção da resposta atempadamente,
enquanto mantém outras respostas em alerta para uma possível seleção, caso o
envolvimento assim o exija (Tenenbaum, 2003; Casanova et al., 2013).

As diferentes modelações teóricas acerca dos mecanismos que medeiam a TD


mencionadas na literatura indiciam, coincidentemente, a importância de uma prática
deliberada, ou seja, contextualmente referenciada e claramente objetivada para a qualidade

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38

da TD e, consequentemente, da performance. Desta forma, o treino e a competição


implicam processos dinâmicos e interativos de decisão, que conduzem a ações que, por
sua vez, exigem novas decisões, sendo eles processos contínuos (Williams et al, 1999).

Alguns estudos (Hambrick & Meinz, 2011; Casanova et al., 2013) comprovam que
os jogadores experts, em situações reguladas, tanto interna como externamente, são mais
rápidos, que os novatos, na identificação e deteção de pistas pertinentes, na forma como
as relacionam, bem como na forma como antecipam as consequências dessas relações.
Logo, tomam decisões mais eficazes e eficientes. O jogador expert não só obtém uma
melhor seleção da informação, como, também, resultado dessa informação, desencadeia
padrões familiares de respostas, automaticamente controlados. Produz a solução numa
coordenação económica e eficiente, de forma ajustada às situações em mudança, em
contextos dinâmicos (Casanova et al., 2013).

Dodds e colaboradores (2003) referem que à medida que os jogadores vão


aumentando o conhecimento específico acerca da modalidade praticada, mais facilmente
serão capazes de aceder a ele durante a ação, para solucionar os problemas táticos, sendo
que um número mais elevado de soluções com sucesso melhora o seu desempenho
desportivo. Ou seja, existe uma estruturação recíproca entre o conhecimento e a ação na
performance desportiva, pois, o jogador necessita de conhecimento para agir mas, ao
mesmo tempo, essas ações aumentam esse nível de conhecimentos.
Deste modo, as diferenças entre jogadores experts e principiantes estão associadas
a estruturas cognitivas de conhecimento estratégico específico do desporto praticado,
desenvolvidas por anos de prática deliberada e intencional (Ericsson, 1996). O expert tem
uma base de conhecimento mais refinada e acessível que o principiante, como resultado
de um processamento estratégico ampliado da informação relevante para a tarefa (Williams
& Ward, 2003).

2. A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA NO ÂMBITO DAS CAPACIDADES E HABILIDADES


PERCETIVO-COGNITIVAS

Na literatura da especialidade, há unanimidade sobre a influência convincente que


têm as habilidades percetivas e cognitivas no desempenho motor e associado à realização

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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de desempenho de excelência no desporto de elite (Helsen & Starkes, 1999; Tenenbaum


et al., 2003; Hodges et al., 2006; Williams & Ward, 2007; Casanova et al., 2013).

A TD e a antecipação são entendidas como proeminentes capacidades ou


habilidades percetivo-cognitivas, com a TD também considerada como uma seleção da
resposta. O número de estudos focados na importância da TD, da antecipação e de
diferentes aspetos associados com estas habilidades, servem para confirmar a sua
importância no desporto (Hodges et al., 2006; Williams & Ward, 2007; Casanova et al.,
2013).

Starkes e colaboradores (2001) reviram exaustivamente estudos na área da perícia


desportiva e que têm por premissa que a TD e o julgamento (“antecipação” tal como é
designada) são processos racionais constrangidos por estruturas de conhecimento
armazenadas na memória. Os resultados da investigação convergem para a conclusão
geral de que “tem sido encontradas diferenças entre experts e novatos na quantidade e tipo
de informação que eles possuem e na forma como ela é usada na antecipação e na TD”
(Williams et al. 1999).

Os principais resultados da investigação em relação às vantagens percetivo-


cognitivas que os atletas experts possuem em maior abundância em comparação com os
atletas principiantes são apresentados segundo os diferentes tipos de habilidades
percetivo-cognitivas, a saber: a) Recolha de informação, retenção e reconhecimento; b)
Conhecimento específico do desporto; c) Rapidez e eficiência no processamento da
informação; d) Probabilidades situacionais; e) Comportamento da procura visual; f)
Utilização de pistas antecipatórias.

Um grande número de estudos e textos têm revisto os métodos e técnicas comuns


usadas para medir e analisar as habilidades percetivo-cognitivas e percetivo-motoras no
desporto. No entanto, de acordo com Williams e Ericsson (2005) e Williams e Ward (2007)
a forma mais comum de avaliar a performance das habilidades percetivo-cognitivas é
através de: a) Técnicas de registo do movimento ocular e de oclusão visual; b) Análise dos
relatos verbais (também usado durante ou na sequência ou subsequente em cenários de
jogo ou tarefas ao vivo).

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40

Que mostram o conjunto destes trabalhos? Eles evidenciam dois pontos essenciais.
O primeiro é que a expertise pode afetar numerosos processos percetivo-motores
(perceção, predição, orientação, TD, etc). O segundo ponto é que estas modificações são
relativamente específicas a cada modalidade desportiva, i.e., a natureza de cada desporto
influencia fortemente a forma como as habilidades percetivo-cognitivas diferenciam atletas
experts e principiantes.

3. PERSPETIVAS DA INVESTIGAÇÃO NO FUTURO - DESAFIOS Á INVESTIGAÇÃO


(FUTURO!)

A investigação da TD tem sido feita geralmente a um sujeito numa tarefa. Acontece


que nos JDC a decisão de um jogador deve estar em sintonia (coordenada) com as
decisões dos restantes colegas da equipa. Como se realiza essa coordenação? Este é um
dos problemas cruciais dos JDC e que diz respeito aos princípios de articulação entre a
autonomia individual de decisão do jogador e a necessária coordenação das ações
pessoais na ação coletiva.
Bourbosson e colaboradores (2012) têm desenvolvido investigações no terreno em
ciências do desporto centradas na análise da performance coletiva que têm permitido
caraterizar a rede de relações entre os jogadores, os diferentes modos de coordenação
entre dois jogadores e as diferentes formas de coordenação coletiva da equipa.
Atualmente as investigações fundamentais mostram o efeito da prática dos JDC
sobre as modificações dos processos cognitivos nos jogadores experts, o que não se tem
verificado nos principiantes. Torna-se imperativo desenvolver a investigação aplicada
ligada à análise do comportamento dos jogadores em situação real de jogo, no que diz
respeito á avaliação dos mecanismos percetivos e cognitivos.

4. BIBLIOGRAFIA

Bourbousson J., Poizat G., Saury J., & Sève, C. Temporal aspects of team cognition: a case
study on concerns sharing within basketball. Journal of Applied Sport Psychology, 24, 224-
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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PROCESSO ORGANIZACIONAL SISTÊMICO E SUAS RELAÇÕES COM A


PEDAGOGIA DO JOGO NO FUTEBOL
Prof. Dr. Alcides José Scaglia
FCA/FEF-UNICAMP
Na Pedagogia do Esporte, enquanto disciplina das Ciências do Esporte, tem sido
construída uma base argumentativa ao longo dos anos para defender o ensino de jogos
esportivos coletivos por meio da valorização do jogo, rompendo com a abordagem
tradicional de ensino e treinamento do esporte, desvelando a complexidade estrutural e
dinâmica dos jogos.
Nesta perspectiva de rompimento, as abordagens pautadas nas teorias ecológicas,
sistêmicas e complexas, buscam compreender o processo organizacional sistêmico dos
jogos para que possam estabelecer interações eficientes entre ambiente de jogo e o
ambiente de aprendizagem, reconhecendo o jogo como um sistema complexo.
A compreensão dessa base argumentativa, passa pelo entendimento de alguns
conceitos que emergem de um processo de rupturas paradigmáticas. Nesse sentido, por
exemplo, não basta dizer que o jogo é complexo; é preciso compreender o conceito de
sistema e o engendramento complexo das interações, culminando com o processo
organizacional.
Durante as últimas décadas do século XX, Edgar Morin, consolidado como um dos
nomes mais importantes do pensamento complexo, nos trouxe a complexificação das
relações internas dos sistemas, dizendo que estas não expressam apenas o todo maior
que a soma de suas partes, mas que as partes são ao mesmo tempo mais e menos que o
todo. Ele, ainda, integra os diferentes termos sistema, interação e organização,
evidenciando um macroconceito de recorrente interdependência.
Desse modo, a partir da maior ou menor aproximação entre as teorias desenvolvidas
por Edgar Morin, queremos ressaltar que elas delineiam o paradigma emergente,
fornecendo subsídios e sustentação teórica para pensarmos a Pedagogia do Esporte, e por
consequência as metodologias de ensino e treinamento de esportes, por um prisma (ponto
de vista) diferente da ainda hegemônica e positivista visão tradicional.
Feita a incursão sobre as bases do pensamento complexo/sistêmico, a qual poderia
se estender pelas profícuas reflexões de outros autores, podemos avançar sobre o

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44

processo de ensino, aprendizagem e o treinamento dos jogos coletivos, em particular do


futebol, partindo do pressuposto de entendê-los enquanto jogo, antes de tudo.
No intuito de imbricar tais pensamentos advindos do paradigma da complexidade à
Pedagogia do Esporte, procuramos aproximar essas definições junto ao conceito de jogo,
coadunando-as à reflexão de João Batista Freire, relacionando-os à pedagogia do jogo.
A partir da concepção que o jogo deve ser pesquisado em sua complexidade,
recorremos ao constructo teórico de Morin, fazendo a seguinte afirmação: “[...] o jogo se
caracteriza como uma unidade complexa, envolto pela organização sistêmica de suas
estruturas padrões, definida pelo seu ambiente (contexto)”, conforme representado na
figura 1.

JOGO
(UnidadeComplexa)

Condiçõe Jogadore
sExternas s

Regras Esquema
sMotrizes

EMERGÊNCIAS

Figura 01. Esquema representativo do processo organizacional sistêmico de uma unidade


complexa.
A ilustração acima expressa a complexidade das relações presentes no contexto do
jogo, a partir de suas estruturas padrões, evidenciando que cada tipo de jogo é uma unidade
complexa (futebol, por exemplo), no interior de um sistema complexo. Toda esta rede de
inter-retroações regida por um processo organizacional sistêmico desencadeará
propriedades e qualidades novas que são resultantes do todo. Estas propriedades e
qualidades novas podem ser chamadas de emergências (ou seja, as constantes resultantes
do processo de jogar o jogo).

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45

A dupla seta destacada no esquema demonstra as duas tendências que


caracterizam todos os sistemas. O sentido da seta que aponta para o interior do sistema
evidencia sua retroalimentação, justificando uma tendência auto afirmativa presente nos
sistemas de modo geral, em que o produto de suas emergências provoca constantes
readaptações e reorganizações internas, impondo uma adaptação cada vez mais
qualificada, definindo sua identidade. Isto é, na prática, quanto mais o jogador joga um jogo
(unidade complexa) em específico, mais qualificados e adaptados estão seus esquemas
motrizes para este jogo.
Já o outro sentido da seta, que aponta para fora do sistema, revela a tendência
integrativa. Reforçando a ideia de sistemas abertos que influenciam, por meio de seus
produtos emergentes, outros sistemas, que juntos compõem um ecossistema maior (para
nós, constituindo a grande família dos jogos). Esta conjectura evidencia, na prática, a
hipótese da transferência das habilidades (não estamos nos referindo exclusivamente a
habilidades motoras) adquiridas em jogo, para outros com semelhantes exigências.
Portanto, propomos compreender o jogo (sendo o futebol apenas mais um membro
desta família) como um sistema, em que coexistem diversas tendências de ação e formas
de se relacionar, dentre as quais mais comumente se encontram a cooperação e a
competição, revelando a inteligência de jogo. Entre outros motivos, é categórica a afirmação
que o jogo é uma unidade complexa e que age sobre ela um processo organizacional
sistêmico derivado de suas estruturas padrões, evidenciando na prática a discussão teórica
sobre as partes e o todo, concernente aos seus constantes ajustes.
Do processo organizacional sistêmico à pedagogia do jogo: desdobramentos
pedagógicos
É evidente uma mudança paradigmática, e não apenas didático-metodológica. Por
isso temos alardeado esta ruptura a partir do que denominamos novas tendências em
pedagogia do esporte. Novas, não na acepção temporal, mesmo porque há muito tempo
está se onstruindo essas mudanças, mas sim no sentido de substituir todos os ditames que
regem a abordagem tradicional de ensino dos esportes, sustentada por uma pedagogia
arraigada e alicerçada por abordagens tradicionais e comportamentais de ensino.
Desse modo, avaliar e entender as novas tendências em Pedagogia do Esporte
apenas como a abordagem que ensina por meio de jogos, é incorrer em grave equívoco.
Da mesma forma, é erro crasso acreditar que as novas tendências se diferem da

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abordagem tradicional por meio de uma negação da técnica e supervalorização da tática,


sustentada apenas pelo fato da primeira negar uma metodologia tecnicista e a segunda
nela se materializar.
É impossível negar a técnica, não existe esporte sem técnica. Mas é totalmente
plausível e ainda mais coerente, ensiná-la valendo-se de outra metodologia, sustentada por
diferente teoria do conhecimento, como a Interacionista, corroborando e respaldando-se na
clássica afirmação de Júlio Garganta, em que o referido autor, não negando a técnica, mas
fazendo coro à crítica ao tecnicismo, vem dizer a respeito do ensino da técnica, afirmando
que esta deve ser guiada pelas razões de se fazer (operação contextual) e não pelo modo
de se fazer (executar o gesto em si).
No bojo desta discussão, em meio às novas tendências em Pedagogia do Esporte,
que surge o contexto, sobre o qual emerge a necessidade e premência de se entender o
processo organizacional dos jogos coletivos. Temos defendido que o processo
organizacional sistêmico lança as bases e finca as raízes epistemológicas da Pedagogia
do Jogo.
Aproveitando as ideias de Ghiraldelli Jr. e Libâneo que discorrem sobre a Pedagogia,
a Pedagogia do jogo é a teoria prática e a prática teórica, que parte do pressuposto de que
todo esporte é antes de tudo um jogo, na sua perspectiva ontológica, logo é no jogo que
deve se pautar suas intervenções didático-metodológicas, gerenciando as relações entre
ambiente de jogo e ambiente de aprendizagem, evidenciando a complexidade estrutural do
jogo, a partir do entendimento de seu processo organizacional sistêmico.
É preciso entender que quando nos referimos a ambiente de jogo, estamos
afirmando que existe todo um ambiente ecológico que emana do e no jogo, gerando um
envolvimento peculiar nos jogadores, provocado pelo engajamento (estado de jogo), com
foco total na solução do problema engendrado pelo jogo.
O ambiente de jogo, além do lúdico (liberdade de expressão), apresenta quatro
pressupostos, inspirados e adaptados dos tipos de jogos propostos por Roger Caillois, são
eles: o desafio, o desequilíbrio, a imprevisibilidade e a representação (motivação
intrínseca).
Já, o ambiente de aprendizagem é a perspectiva funcional do jogo. É a identificação
das possibilidades de aprendizagem de algo que pode ser intencionalmente provocado pelo
professor/treinador, não descartando a aprendizagem incidental de muitos outros aspectos

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que fogem do controle pedagógico (o que é bom e importante que continue a acontecer,
pois esta é a dimensão do envolvimento do humano no jogo, seu caráter pático, libertino,
como diria Buytendijk, logo subversivo).
Logo, para se valer com efetividade de uma metodologia pautada no jogo, a qual
compõe a pedagogia do jogo, é necessário criar e gerenciar ambientes de aprendizagem
em meio ao desenvolvimento concomitante do ambiente de jogo, de modo a potencializar
o aprendizado (e treinamento) de conhecimentos primordiais para o seu avanço no jogo,
elevando o nível de conhecimentos específicos.
Temos proposto que o ambiente de aprendizagem tenha por referência básica as
competências essenciais1 presentes em todos os jogos coletivos, as quais são: a
estruturação de espaço, a comunicação na ação (leitura e reescrita do jogo) e a relação
com a bola. Estas competências se manifestam em diversos modos e em diferentes
contextos. Por exemplo, elas podem se manifestar de forma geral quando, na perspectiva
da iniciação esportiva, o ambiente de aprendizagem primar pela diversidade das ações que
emergem dos diferentes jogos aplicados ao longo do processo, perspectivando a ampliação
do acervo de possibilidades de respostas para o jogo.
As competências essenciais podem se manifestar de forma específica 2 quando, na
perspectiva da especialização, o ambiente de aprendizagem primar pela especificidade das
ações, engendrando uma adaptação específica a um jogo que se tenha por referência no
processo.
Ilustrando: no caso do treinamento especializado do futebol, por exemplo, não seria
mais interessante para o processo de especialização nesta modalidade se valer do jogo de
futsal, o que antes na iniciação era uma prática extremamente incentivada e explorada. Isto
se evidencia e se justifica facilmente a partir do entendimento do processo organizacional
sistêmico, partindo da proposta de que o jogo é uma unidade complexa, logo suas
tendências autoafirmativas e integrativas precisam ser levadas em consideração para guiar
o ambiente de aprendizagem.

1
As competências essenciais foram inspiradas e adaptadas dos níveis de jogo propostos inicialmente pelo professor Júlio
Garganta (1998).
2
Podemos pensar ainda que as competências essenciais podem ainda se manifestar diferentemente dentro do contexto da
competição, logo seria uma manifestação contextual.

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Já em meio às exigências e organização das distintas competições, temos a


manifestação das competências essenciais na sua perspectiva contextual, em que se situa
o esporte de alto rendimento (futebol profissional).
Assim sendo, os ambientes de aprendizagem para controlar e organizar o processo
a partir do entendimento das manifestações das competências essenciais prescindem de
uma organização e sistematização. A sistematização prevê o estabelecimento de
conteúdo/conceitos que devem ser aprendidos ao longo de um processo de
ensino/treinamento, caracterizando um currículo de formação.
Para o desenvolvimento do currículo de formação para qualquer jogo esportivo
coletivo estamos propondo que o mesmo se paute nas matrizes de jogos conceituais, jogos
conceituais em ambiente específico, jogos específicos e jogos contextuais. As matrizes de
jogos, tendo por base os referenciais estruturais e funcionais que engendram a lógica dos
diferentes jogos, devem ser entendidas como diferentes organizações de jogo, em que por
meio de quatro padrões permitem ao professor/treinador planejar sistematicamente todo
processo de interação entre os ambientes de jogo e aprendizagem, justificando e
corroborando uma periodização de jogo, no futebol (ou em qualquer outro), por exemplo.

Bibliografia:
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
49

NEUROPSICOLOGIA, COGNIÇÃO E AÇÃO NOS ESPORTES COLETIVOS

Guilherme Menezes Lage, UFMG

menezeslage@gmail.com

O esporte pode ser entendido como um construto complexo caracterizado pela


interação de diferentes dimensões que transcende as fronteiras de um determinado
domínio do conhecimento. Esse caráter multidimensional do esporte envolve dimensões
biológicas, motoras, sociais e cognitivas e necessita da investigação de pesquisadores de
diferentes áreas, tais como da Educação Física, Fisioterapia, Medicina, Psicologia e
Sociologia. Apesar de não apresentar um volume expressivo de pesquisas como em áreas
mais dedicadas ao estudo dos esportes, observa-se um número crescente de pesquisas
sobre esse tópico também na Neuropsicologia (LAGE et al., 2010).

A Neuropsicologia é uma disciplina científica situada entre as Neurociências e as


Ciências Cognitivas que investiga a relação entre função cerebral e comportamento nos
seres humanos (LAGE et al., 2007). As aplicações da Neuropsicologia ao estudo das
práticas esportivas têm apresentado duas grandes vertentes, quais sejam, a compreensão
de aspectos neuropsicológicos envolvidos nas lesões cerebrais adquiridas (CERNICH et
al., 2007) e o papel da cognição no desempenho de atletas em diferentes modalidades
(GONZAGA et al., 2014; LAGE et al., 2011).

O estudo da Neuropsicologia relacionada ao desempenho de atletas pode contribuir


para os estudos sobre cognição e ação nos esportes coletivos. Nas modalidades esportivas
de alta estratégia, tais como, voleibol, basquetebol, e futebol, a cognição é fundamental
para os processos de seleção de resposta (MATIAS; GRECO, 2010). A seleção de
respostas envolve a coordenação de várias funções executivas (FE) tendo em vista que
nesses esportes há uma constante mudança no ambiente (ex., mudança na posição do
oponente e dos companheiros de equipe) que força o atleta a inibir respostas pré-
planejadas, antecipar ações e coordenar os segmentos corporais com base em um fluxo
complexo e dinâmico de informações sensoriais (LAGE et al., 2011).

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As FE correspondem a um conjunto de habilidades que, de forma integrada,


permitem ao indivíduo dirigir comportamentos a metas, avaliar a eficiência e a adequação
destes comportamentos, abandonar estratégias ineficazes em prol de outras mais
eficientes e, desse modo, resolver problemas imediatos, de médio e de longo prazo
(MALLOY-DINIZ et al., 2007). As FE estão na base de nossa lógica, estratégia, tomada de
decisão e resolução de problemas, e assim como em nossas atividades diárias que
envolvam esse tipo de controle, elas estão presentes em inúmeras situações esportivas
(VESTBERG et al., 2012; WANG et al., 2013). As possíveis relações entre FE e cognição
e ação nos esportes coletivos serão apresentadas em dois momentos. O primeiro momento
propõe uma breve apresentação sobre aspectos anátomos-funcionais do sistema nervoso
central envolvidas na relação FE e cognição e ação. O segundo momento tem como
objetivo apresentar alguns achados de pesquisa que mostram as relações entre FE e
desempenho esportivo.

Um dos modelos mais conhecidos sobre os mecanismos de performance humana é


o de Marteniuk (1976). Nesse modelo o homem é entendido como um processador de
informações. Cinco mecanismos são apresentados e mais os circuitos de feedback
envolvidos no monitoramento e correção de movimentos (Figura 1A). Esses mecanismos
são interligados através de um fluxo unidirecional de informações, no qual a função
adequada de um determinado mecanismo depende das informações fornecidas pelo(s)
mecanismo(s) que o antecede. As informações processadas pelo mecanismo perceptivo
são transmitidas ao mecanismo de decisão para que um plano motor seja escolhido.
Propondo associações entre as funções apresentadas por Marteniuk (1976) e substratos
neurobiológicos é possível assumir que o córtex pré-frontal tem um papel fundamental na
decisão sobre qual plano de ação optar (Figura 1B). Já o mecanismo efetor tem a função
de transformar o plano motor em comandos motores para que a ação seja gerada (Figura
1A). Nessa fase do processamento, a área motora suplementar e o córtex pré-motor estão
associados à organização da sequência de ações e o córtex motor primário adicionaria a
essa sequência elementos específicos como força e direção para que esses comandos
sejam então liberados (KOLB; WHISHAW, 2006; Figura 1B).

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Figura 1. Modelo de processamento de informação de Marteniuk (1976) na figura A. Na


figura B estão representadas as funções das áreas frontais no planejamento e na
preparação da ação.

Três funções executivas nucleares parecem sustentar esses processos cognitivos e


motores envolvidos no planejamento e na preparação da ação. Uma delas é a memória
operacional, que refere à capacidade de sustentar temporariamente e trabalhar uma
representação mental. Outra função é o controle inibitório, que refere ao controle sobre
interferências internas, externas e inibição de respostas prepotentes e prematuras. E por
fim, a flexibilidade cognitiva, que refere à capacidade de alternar perspectivas ou
abordagem a um determinado problema, ajustando os planos de ação a novas demandas,
regras ou prioridades (DIAMOND, 2003). Juntas, essas funções dão suporte a outras
importantes funções cognitivas que estão diretamente associadas ao desempenho

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esportivo e uma importante área pré-frontal associada a essas funções é o córtex pré-frontal
dorsolateral (Figura 2A).

As FE não estão relacionadas somente a componentes puramente cognitivos,


chamados de “frios”, mas também a aspectos afetivos, chamados “quentes” e que estão
associados à circuitaria envolvendo o córtex orbitofrontal (Figura 2B). As FE “quentes”,
especialmente a tomada de decisão, envolvem aspectos afetivos e motivacionais (MATA et
al., 2011).

Figura 1. Associação entre funções executivas “frias” e “quentes” e substratos neurais.


CPDL= córtex pré-frontal dorsolateral; COF= córtex orbitofrontal.

Recentemente, observa-se o surgimento dos primeiros estudos que visam entender


a relação entre funções executivas e desempenho em esportes coletivos. Lage et al. (2011)
investigaram a relação entre diferentes dimensões da impulsividade com o desempenho no
handball. A dimensões da impulsividade estão estreitamente associadas à qualidade de

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determinadas FE. Como exemplo, a impulsividade motora está relacionada ao controle


inibitório. Foram observadas correlações significativas entre as dimensões da impulsividade
e vários aspectos do desempenho técnico, tais como o número de faltas cometidas.
Jacobson e Matthaues (2014) observaram que atletas de esporte individual (natação)
comparados a atletas de esporte coletivo (futebol) apresentam diferente níveis de
desempenho executivos. Foi encontrado um melhor controle inibitório por parte dos atletas
de esporte individual, ao passo que um melhor desempenho na solução de problemas foi
encontrado para os atletas de esporte coletivo.

A qualidade de determinadas FE, como o controle inibitório e a atenção sustentada,


de atletas de futebol foram comparadas com as FE de atletas amadores (VERBURGH et
al., 2014). Foi observado que os atletas apresentaram melhor controle inibitório e
capacidade atencional comparado aos amadores. Gonzaga et al. (2014) investigaram a
relação entre tomada de decisão afetiva e comportamento tático de jogadores. Atletas com
maior qualidade de desempenho tático apresentaram níveis diferenciados de tomada de
decisão afetiva comparados aos atletas com menor nível.

Esses estudos iniciais mostram que a relação entre FE e desempenho em esportes


coletivos é um caminho promissor de pesquisa para identificarmos características
cognitivas que favorecem o desempenho esportivo e como essas funções impactam no
desempenho técnico e tático em situações específicas. Como assumido previamente,
sugere-se que o estudo da Neuropsicologia relacionada ao desempenho de atletas possa
contribuir para o nosso conhecimento sobre cognição e ação (CA) nos esportes coletivos.

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INVESTIGAÇÃO NA ÁREA DA FORMAÇÃO DE TREINADORES NA FADEUP: COMO


APRENDER A SER TREINADOR?

Isabel Maria Ribeiro Mesquita / CIFI2D, FADEUP


imesquita@fade.up.pt

INTRODUÇÃO: O QUE URGE MUDAR NA FORMAÇÃO DE TREINADORES? A


investigação centrada na Formação de Treinadores alega alevantado reconhecimento à
aprendizagem decorrente das experiências práticas quotidianas do treinador, em desabono
dos processos de formação formal – cursos de frequência obrigatória. Em boa verdade, a
aprendizagem pela interação com outros significativos (por exemplo, pares, treinadores
peritos e tutores), em contextos reais de prática profissional, elenca predicados que a
enformam de maior significado e genuinidade para quem a experiencia na primeira pessoa:
o treinador (MESQUITA, 2013). A esta preferência pela aprendizagem de cariz não formal
(cursos de formação não obrigatória) e informal (aprendizagem ao longo de vida
proveniente das experiências e meio envolvente), não é alheio o facto de na formação
formal sobressair uma valência tecnocrática e biologista (MESQUITA, 2014). Nesta senda,
o paradigma de formação vigente é incitador do predomínio da racionalidade técnica, a qual
se expressa em vários domínios: orientação da formação para uma abordagem reprodutora
com fundamento na teoria comportamentalista da aprendizagem; enraizamento do ativismo
prático, porquanto as sessões práticas remetem para o “saber fazer”, em desfavor do “saber
pensar”; menosprezo pelo desenvolvimento de competências metacognitivas, sustentáculo
de uma formação orientada para a autonomia e inovação; e por fim, negligência dos
conteúdos alocados à aprendizagem para ser treinador, entregando-se esta missão ao
acaso e à vontade do treinador em aprender, por si mesmo, ao longo da sua carreira
(MESQUITA, RIBEIRO, SANTOS & MORGAN 2014).
Não obstante, o Coaching nos Desportos - área de investigação e domínio profissional da
atividade do treinador - está predominantemente alocado ao domínio social e pedagógico
(JONES, SANTOS, MESQUITA & GILBOURN, 2012; MESQUITA, COUTINHO, DE
MARTIN-SILVA, PARENTE, FARIA & AFONSO, 2015). Tal se deve ao facto de ser
reclamado ao treinador, para além do domínio dos conteúdos de treino e áreas afins, a

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capacitação para saber lidar com os atletas e outros intervenientes, aprendendo a


influenciá-los - dentro dos limites éticos requeridos - a saber gerir situações conflituosas,
ambíguas e problemáticas, apanágio do quotidiano da sua profissão.
Do exposto se depreende que a natureza complexa e dinâmica dos contextos e
circunstâncias onde o treinador exerce a sua atividade, não é compatível com uma
formação que assenta em modelos de ensino explícitos e formais, de teor autocrático, que
não estimulam a proatividade nem a autonomia na tomada de decisão do treinador. Urge,
assim, despoletar uma mudança de paradigma na formação de treinadores que
consubstancie o transitar de perspetivas de aprendizagem comportamentalistas para
construtivistas, incitadoras de um maior comprometimento, autonomia e
corresponsabilidade do próprio treinador pelos contornos e percurso da própria
aprendizagem. Para alcançar tais desideratos é necessário ultrapassar a cultura instalada
na Formação de Treinadores, a qual é instigadora da replicação e não da criatividade, da
“receita” e não da procura da “solução situada”.

NOVO MODELO DE FORMAÇÃO DE TREINADORES EM PORTUGAL: O VALOR DA


FORMAÇÃO ACADÉMICA E DO ESTAGIO PROFISSIONAL: Entre os países que mais
acolheram a necessidade de incrementar os processos formativos do treinador, destaca-
se Portugal onde, recentemente, foi alterado o modelo de formação, o qual é
extensivamente apresentado, quer concetual quer estruturalmente, no livro intitulado
“Programa Nacional de Formação de Treinadores“ de 2010, editado pelo Instituto do
Desporto de Portugal. Entre as alterações mais significativas do sistema de formação de
treinadores em Portugal destacam-se: (1) Reconhecimento da atividade de treinador como
profissão; (2) Reconhecimento legal do Ensino Superior enquanto agência formal de
formação de treinadores; (3) Estágio profissionalizante tutorado na formação de
certificação de nível; (4) Obrigatoriedade de realizar formação contínua para renovação da
cédula de treinador e para progressão na carreira; (5) Aumento da carga horária em todos
os níveis de formação. Para além disso, o novo modelo de formação de treinadores integra
4 graus, os quais se revestem de caraterísticas específicas, a saber: do grau 1 ao grau 3,
são perspetivadas competências para o exercício profissional em complexidade crescente
no que de mais identitário tem a profissão, isto é, orientar praticantes em treino e
competição. Em particular, o grau 1 corresponde à base hierárquica da qualificação

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profissional do treinador competindo-lhe a orientação, sob supervisão, de praticantes


situados nas etapas elementares da formação desportiva ou a coadjuvação de outros
treinadores nas restantes etapas da carreira desportiva do praticante. Por sua vez, o grau
2 corresponde ao primeiro nível de formação, onde é concedido ao treinador a
possibilidade de treinar autonomamente praticantes em todas as etapas da carreira
desportiva, inscrito na capacitação para planear, organizar, implementar e avaliar a
atividade dos mesmos, tanto no treino como na competição. No grau 3, compete ao
treinador planear o exercício e avaliar o desempenho de um coletivo de profissionais com
qualificação igual ou inferior, coordenando, supervisionando, integrando e harmonizando
as diferentes tarefas associadas ao treino e à participação competitiva, especialmente de
praticantes de alto nível de rendimento. O grau 4, plasma o desenvolvimento de
competências profissionais correlatas com a inovação, investigação, formação profissional
e empreendedorismo. Em particular, a formação de grau 4 consubstancia o topo da
hierarquia profissional da atividade de treinador e, concomitantemente, o desempenho das
funções mais destacadas no domínio da inovação e empreendedorismo, direção de
equipas técnicas pluridisciplinares, direções técnicas regionais e nacionais, coordenação
técnica de seleções regionais e nacionais e coordenação de programas de formação de
treinadores.
Este capítulo tem, assim, como propósito dar conta da mudança de paradigma na
formação de treinadores em Portugal. Em particular, o contributo singular proporcionado
pela inclusão, nos cursos de certificação de grau, do estágio profissional e da formação
em sede de sistema académico, na elevação da qualidade formativa do treinador.

DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA: Serão apresentados cinco estudos empíricos


realizados no âmbito da licenciatura da FADEUP do ramo treino desportivo, os quais fazem
parte de um projeto de investigação desenvolvido na Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto, entre 2011 e 2015, intitulado “Para uma compreensão da natureza
dinâmica da identidade e da aprendizagem do estudante: o caso do estudante de treino
Desportivo”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
O primeiro estudo da autoria de Patrícia Coutinho, Marina Sardinha e Isabel Mesquita,
intitulado “Formação de treinadores no contexto académico: Relação entre as perspetivas
de ensino e as abordagens de aprendizagem” analisou as perceções de estudantes a

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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treinadores no espaço académico acerca das perspetivas de ensino utilizadas pelos


professores nas aulas da unidade curricular de Metodologia I (ramo Treino Desportivo da
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto). Procurou-se, assim, compreender em
que medida as respetivas perspetivas de ensino influenciaram o modo como os estudantes
encararam e se envolveram na aprendizagem, discernindo-se sobra a influência desta
experiência pedagógica no seu desenvolvimento enquanto estudantes a treinadores. Treze
estudantes a treinadores participaram em entrevistas de grupo focais de natureza
semiestruturada. Recorreu-se à análise temática com recurso a procedimentos indutivos
para construir uma compreensão sobre os fenómenos investigados. Os resultados deste
estudo indicaram que a relação estabelecida entre as aulas teóricas e as aulas práticas,
bem como o espaço concedido ao aluno na aprendizagem foram fatores cruciais que
determinaram a forma como os estudantes encararam e se envolveram na aprendizagem.
A existência de uma relação profícua entre o discurso teórico e as vivências práticas, bem
como de um espaço de debate e de confrontação de ideias nas aulas (onde a reflexão e o
pensamento crítico foram estimulados), foram condições determinantes para a adoção de
uma abordagem de aprendizagem profunda (i.e. refletida, crítica) e de cariz transformatória
(i.e. pessoalmente assumida e comprometida, com compreensão crítica dos conteúdos).
Por sua vez, a desconexão entre as aulas teóricas e as aulas práticas, conjuntamente com
um formato excessivamente expositivo e com ausência de interação e debate, foram fatores
inibidores do desenvolvimento dos estudantes, concorrendo para uma abordagem de
aprendizagem superficial. Este estudo denunciou o impacto diferenciado de pedagogias
tradicionais e críticas nos processos de aprendizagem empreendidos pelos estudantes;
mormente, numa menor ou maior capacitação para conferirem nexos explícitos entres os
conceitos teóricos e as demandas das situações de prática. Os dados do presente estudo
reforçam a importância das perspetivas de ensino de índole construtivista, as quais
promovem contextos de aprendizagem ativos, estimulantes e incitadores de abordagens de
aprendizagem profundas.
O segundo estudo da autoria de Rúben Gomes, Cláudio Farias e Isabel Mesquita intitula-
se o Desenvolvimento do Conhecimento de Treinadores Estagiários em COP: Uma
Demanda Colaborativa para a Promoção de Abordagens de Treino Centradas nos Atletas.
Este estudo teve como objetivo examinar em que medida a aprendizagem numa COP
permitiu aos treinadores estagiários desenvolverem o seu conhecimento profissional.

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Concretamente, procurou-se compreender a sua evolução no domínio das abordagens de


treino, no que concerne ao papel desenvolvido pelos treinadores e atletas no processo de
ensino-aprendizagem e no tratamento didático do conteúdo (isto é, adaptação das tarefas
com constrangimentos situacionais e que atendem às necessidades individuais).
Participaram no estudo oito treinadores estagiários de uma instituição de ensino superior
portuguesa acreditada para a formação de treinadores (FADEUP). Os instrumentos
metodológicos utilizados para a recolha de dados englobaram entrevistas de grupo focal
mediados por um facilitador que desempenhou simultaneamente o papel de observador
participante. Os resultados mostraram que, numa primeira fase, os treinadores estagiários
adotaram uma abordagem de condução do treino em que assumiram uma postura de
“comando” centrada no treinador (isto é, mais autocrática). Esta abordagem foi fortemente
influenciada pelas crenças imperantes no contexto do coaching e pelas suas lacunas,
particularmente, ao nível do conhecimento pedagógico do conteúdo. A participação e
interação dos treinadores estagiários enquanto membros da comunidade de prática foi
fundamental para estimular o seu envolvimento no debate e partilha, na reflexão crítica e
na aprendizagem colaborativa, o que resultou numa melhor compreensão acerca das suas
próprias práticas. De forma progressiva, os treinadores estagiários reconheceram as
vantagens de utilizarem estratégias de treino menos diretivas e mais implícitas (por
exemplo, o questionamento), e em criarem contextos específicos para o desenvolvimento
da tomada de decisão (mais autónoma) dos atletas. Os treinadores estagiários, fruto do
envolvimento na COP, adotaram posturas mais flexíveis e adaptativas em relação à própria
prática, o que foi crucial para gerar novos entendimentos e responder aos problemas
impostos pela natureza dinâmica, complexa e ambígua, da sua atividade profissional.
O terceiro estudo empírico da autoria de Rúben Gomes e Isabel Mesquita designa-se “As
Dinâmicas Relacionais de Treinadores Estagiários numa COP: da Tensão à Colaboração”.
O presente estudo teve como objetivo examinar as estratégias que um grupo particular de
treinadores estagiários usaram para partilhar, negociar e otimizar as suas posições dentro
de uma COP. Especificamente, procurou-se compreender o modo como as tensões e as
relações de poder entre os treinadores se foram alterando no decurso do desenvolvimento
da comunidade. Os participantes foram oito treinadores estagiários que frequentavam uma
instituição de ensino superior portuguesa acreditada para a formação de treinadores
(Faculdade de Desporto da Universidade do Porto). Em termos de instrumentos

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metodológicos, as entrevistas de grupo focal (onde o investigador assumiu o papel de


facilitador) e as observações participantes foram utilizadas como fontes de recolha de
dados. Os resultados mostraram que, a fase inicial da COP foi caracterizada por uma
participação diferenciada dos treinadores estagiários, sobretudo devido ao estabelecimento
de relações de poder assimétricas entre eles, onde o poder exercido pelos “líderes” foi
determinante. Com a intervenção estratégica do facilitador, foi progressivamente
conseguida uma participação progressivamente mais simétrica, conseguida pela promoção
da aprendizagem colaborativa como elemento catalisador da dinâmica na COP, em
desfavor da dominância do estatuto individual percebido. Consequentemente, os “líderes”
foram permitindo uma evolução das dinâmicas colaborativas, culminando em
entendimentos mais profundos acerca das temáticas debatidas. Simultaneamente, os
treinadores estagiários evidenciaram maior liberdade e autonomia para partilhar
experiências e, inclusive, colocar as suas dúvidas sem receio de demonstrar lacunas no
seu conhecimento. Por fim, este foi um processo avaliado positivamente pelos treinadores
estagiários, destacando o desenvolvimento dos processos reflexivos e do conhecimento
acerca de temáticas importantes para as suas práticas.
O quarto estudo da autoria de Adriana Silva, Paula Batista e Isabel Mesquita e intitula-se
“Perceções dos estagiários sobre o processo de tutoria no estágio profissional em treino
desportivo”. Este estudo teve como propósito central examinar as perspetivas de
treinadores estagiários, do sistema académico, acerca do papel desempenhado pelo tutor
da instituição de acolhimento. Em particular, pretendeu-se perceber a conformação do
espaço de atuação dos treinadores estagiários e a natureza da relação estabelecida entre
eles e o tutor, ao nível dos papéis desempenhados, da regularidade da interação, da atitude
formativa do tutor e, ainda, dos temas debatidos. Participaram no estudo cinco estudantes
da licenciatura em Ciências de Desporto, da Faculdade de Desporto da Universidade do
Porto, no âmbito da unidade curricular de Metodologia de Treino Desportivo II (terceiro ano
da licenciatura), correspondente ao primeiro semestre do estágio profissional no Ramo de
Treino Desportivo, na modalidade de Voleibol. A recolha dos dados foi efetuada através de
entrevistas semiestruturadas, de grupos focais, e diários em vídeo. Os dados foram
analisados pelo recurso à análise temática. Os resultados evidenciaram que o espaço de
atuação dos treinadores estagiários, implicava, regra geral, a participação em todas as
tarefas de treino com exceção do planeamento, sendo este aspeto revelado como menos

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positivo por parte dos estagiários. Relativamente à natureza da interação tutor e treinador
estagiário, esta assumiu contornos relativamente distintos de acordo com o escalão e nível
competitivo das equipas; ou seja, nos escalões de formação os estagiários usufruíram de
mais atenção pelo tutor, revelando este uma atitude formativa mais vincada. Não obstante,
os momentos de interação era não regulares e circunscritos ao debate sobre os conteúdos
de treino, sendo praticamente ausente a discussão sobre o próprio processo formativo do
estagiário. Os estagiários consideraram que a experiência formativa do estágio foi rica, não
esperando mais do que aquilo que obtiveram muito, por conta, da cultura da formação de
treinadores instalada que não confere importância à aprendizagem e desenvolvimento da
identidade do treinador.

Por fim, o quinto estudo da autoria de José Afonso, Eugénia Azevedo e Isabel Mesquita
designa-se “A construção da identidade profissional do treinador no estágio
profissionalizante: estudo aplicado no contexto de formação académica”. Este estudo visou
analisar a construção e transformação da identidade profissional de treinador em cinco
estudantes, realizando estágio profissionalizante em contexto académico. Através de uma
metodologia de cariz qualitativo e interpretativo, analisaram-se as reflexões que os mesmos
plasmaram nos seus relatórios de estágio e em diários em vídeo. Ao longo do estágio, os
estudantes assumiram as suas identidades, as quais sofreram metamorfoses sob a
influência de múltiplos fatores. No decorrer do processo, os estudantes progressivamente
perceberam e incorporaram as complexidades inerentes à atividade de treinador, evoluindo
dum pensamento simplista e dualista para um mais complexo e relativista. O choque com
a realidade, aliado a um apoio da estrutura, estimulou uma evolução no sentido duma maior
profundidade e latitude nos processos reflexivos, aliados a um crescente agenciamento,
redundando num maior peso da identidade pessoal e menor da social, à medida que o
estágio se foi desenrolando. Deste modo, os estagiários foram, gradualmente, tornando-se
menos dependentes da estrutura e assumiram um papel mais pró-ativo, de iniciativa, com
maior agenciamento em todo o processo. Os modos específicos desta construção, bem
como as estratégias utilizadas para lidar com uma nova realidade, dependeram, em larga
medida, de processos de socialização antecipatória e, ademais, de aspetos contextuais
relacionados com a orgânica estrutural envolvente. Em suma, o estágio profissionalizante
configurou-se como um momento decisivo para a construção da identidade de treinador.

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Todavia, os contextos de realização do mesmo, aliados ao historial de cada estudante,


condicionam os percursos e deverão ser ponderados aquando da alocação dos estagiários.

CONCLUSÕES: Este conjunto de estudos empíricos evidenciou que aprender a ser


treinador requer a compreensão da profissão, dos processos e um envolvimento da pessoa
no sentido da aprendizagem ter um cunho transformatório, incitador de um
comprometimento com o que exige a profissão. Realça-se antes de mais o impacto
diferenciado de pedagogias tradicionais e críticas (onde e conferido espaço central ao
aprendiz) nos processos de aprendizagem empreendidos pelos estudantes; mormente,
numa maior capacitação das segundas em conferirem nexos explícitos entres os conceitos
teóricos e as demandas das situações de prática. O valor atribuído pela literatura à
aprendizagem em CoP é perscrutado no terceiro e quarto artigo. Enquanto o primeiro
evidencia o valor das dinâmicas relacionais instaladas na CoP e sua evolução no decurso
do tempo, o segundo revela o contributo da aprendizagem neste ambiente (CoP) para o
desenvolvimento do conhecimento profissional dos treinadores, em particular no que se
referencia às conceções e abordagens de treino adotadas; isto é, a partir de um maior
conhecimento pedagógico do conteúdo os estudantes a treinadores abandonam
abordagens centradas no treinador para privilegiarem abordagens centrados nos alunos.
Ainda no âmbito do estágio profissionalizante é conferido destaque ao estudo do papel do
Tutor na ótica dos treinadores estagiários, na medida em que do modo como ele
desempenha o seu papel depende, largamente, a qualidade do estágio profissional; dar
suporte e exigir e desenvolver a capacidade reflexiva dos treinadores em formação são
aspetos a serem desenvolvidos no futuro pelos programas de formação. Por seu turno, o
estágio profissionalizante evidenciou ser um momento marcante e insubstituível da
formação do treinador, e por via disso, crucial na (des)construção da identidade profissional.
No futuro e essencial dotar este momento de formação de maior suporte e monitorização
dos processos porquanto do apoio dado aos estagiários tanto pela instituição de formação
como pela instituição desportiva de acolhimento depende em grande medida a qualidade
da sua formação.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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preferences for knowledge sources related to their professional background. Journal of
Sports Science and Medicine, 9(3), p. 480-489, 2010.

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65

A GESTÃO DAS CIÊNCIAS DO ESPORTE NO MINAS TÊNIS CLUBE

Izabel Cristina Provenza de Miranda Rohlfs - Minas Tênis Clube


izabel.miranda@minastc.com.br

INTRODUÇÃO:
Contribuindo para o desenvolvimento esportivo no país, o Minas Tênis Clube (MTC)
tem investido na formação de novos atletas e na capacitação dos profissionais que lidam
diretamente com eles. O resultado se reflete na conquista de bons resultados nos pódios
brasileiros e do exterior e no reconhecimento alcançado pelo Clube como uma das
referências nacionais do esporte.
A gestão, estruturação e organização do esporte estão diretamente relacionadas ao
planejamento da conversão do conhecimento tácito no explícito (vice-versa). Nesta
perspectiva, o MTC mantém em sua rotina diversos projetos e ações, que visam um melhor
controle dos processos relacionados ao esporte. Dentre estes, destaca-se o
acompanhamento científico e tecnológico dos processos de seleção, treinamento e
competição. Assim, em 2007 foi implantado no Clube o Núcleo de Integração das Ciências
do Esporte (NICE), que passou a ser impulsionado pela Lei Federal do Incentivo ao Esporte
em 2009, com a finalidade de buscar por meio das ciências do esporte a excelência nos
processos esportivos com foco no resultado.
O trabalho é realizado por equipe multidisciplinar, formada por profissionais das
áreas técnica, de preparação física, fisioterapia, medicina esportiva, psicologia, nutrição,
fisiologia, biomecânica, bioestatística, biomecânica e tecnologia esportiva, integrantes da
Gerência Multidisciplinar de Atendimento ao Esporte.
O Departamento de Integração das Ciências do Esporte (DICE) é responsável por
promover atividades que propiciem a atualização, a capacitação e o aperfeiçoamento dos
profissionais do Clube nas práticas de treinamento de alto rendimento e formação de
atletas, tendo como premissas a promoção da saúde física e mental, a prevenção de lesões
e o crescimento social e intelectual, culminando no desenvolvimento integral dos jovens
minastenistas das equipes de base e de ponta.
O presente resumo tem como objetivo apresentar as atividades e os processos
desenvolvidos pelo DICE no sentido de integrar as diversas disciplinas que compõem as

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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ciências do esporte para um melhor direcionamento do programa de treinamento e


consequente melhora do desempenho integral do atleta.

MÉTODOS:
Para a efetiva implantação de uma gestão por resultados para o processo esporte é
fundamental o desenvolvimento e aprimoramento contínuo das ciências do esporte, como
base científica para o desenvolvimento pleno do atleta. O processo ciências do esporte é
considerado no meio esportivo, como um processo inovador. Em função disto, percebe-se
que esse processo necessita de um entendimento uniforme, eliminando conflitos de
responsabilidades entre as áreas envolvidas no processo.
Para tanto, o DICE se fundamenta na filosofia da integração do trabalho realizado entre
a iniciação esportiva e o esporte competitivo. Neste sentido, desde 2008, coordena o
Programa Integra-Ações, que tem como objetivo principal estabelecer ao método de
formação e desenvolvimento esportivo a qualidade de inteirar o processo de formação e
treinamento esportivo, tendo como base os princípios do Sistema de Formação Esportiva
apresentado por Greco e Benda (1998). Para tanto, o Clube mantém, a partir dos três anos
de idade, 21 modalidades de cursos de aprendizagem, que contam com cerca de 11.000
alunos, dos quais 5.500 nos cursos de formação esportiva.
O Programa Integra-Ações também busca desenvolver ações orientadas de integração
e qualificação técnica, normatização, vivências e aprimoramento do método de formação e
treinamento esportivos, ampliar a eficiência técnica do aluno e gerar maior acesso,
participação e permanência do sócio nas equipes de base, além de direcionar e subsidiar
os profissionais que aplicam este método a uma atitude responsável e influente de tal forma
que o principal sujeito do processo, o aluno/atleta, se beneficie completamente na busca e
obtenção de resultados.
Para garantir a integração dos processos que permeiam a formação de atletas de
rendimento, as principais atividades do Departamento de Integração das Ciências do
Esporte se apresentam a seguir:

 Capacitação de Profissionais do esporte: Jornadas científicas anuais, Escolas de


Profissionais, Escolas de Atletas e escolas de Pais,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
67

 Acompanhamento do desenvolvimento dos atletas da base por meio do


desenvolvimento, aprimoramento e consolidação da Matriz para Análise e
Acompanhamento de Atletas de Alto Rendimento do Minas Tênis Clube e
desenvolvimento do Banco de Imagem (BI) das equipes do Minas.

 Coordenação de Parcerias com Entidades Esportivas e Educacionais: Associação


Olímpica e Paralímpica Britânica desde 2013 (utilização das instalações do Minas
para treinamento pré Jogos Olímpicos de 2016, intercâmbios esportivos para
gestores, profissionais do esporte e atletas, além de atividades culturais e
intercâmbio educacional para os associados ); Associação Paralímpica Britânica;
Colégio e Faculdade Izabela Hendrix e Instituto Padre Machado (horário escolar
adaptado ao horários de treinamento dos atletas ); Convênio com a Escola de
Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG e seu Centro de
Treinamento.

 Coordenação da Semana de Avaliação de Pré-Temporada dos Atletas das


Categorias de Base, anualmente desde 2008, com a realização de testes em cerca
de 800 atletas na faixa etária de 6 a 20 anos, nas áreas cardiológica, ortopédica,
física, psicológica, nutricional e fisioterapêutica.

 Avaliações periódicas físicas e fisioterapêuticas (quadrimestrais) de


aproximadamente 800 atletas das Categorias de Base desde 2010.

 Desenvolvimento e acompanhamento de pesquisa na área de ciências do esporte


em parceria com Universidades e publicação anual de cerca de 10 trabalhos
científicos na área de esporte.

 Recepção de visitas de instituições de Ensino Superior, interessadas em conhecer


o Clube e o trabalho de seus profissionais na formação do cidadão/atleta.

 Execução de programas e projetos voltados para a atualização, o desenvolvimento


e a consolidação de processos de formação esportiva, bem como para o
desenvolvimento integral dos atletas, como o Programa Integra-Ações e o Programa
ACOMTC.

RESULTADOS:

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Segue um resumo dos principais resultados e indicadores que são acompanhados


pelo Departamento de Integração das Ciências do Esporte desde a sua implantação:

- Avaliação de Pré-Temporada:

Ano No de Atletas Avaliados


2008 699
2009 867
2010 846
2011 824
2012 793
2013 865
2014 793
2015 693
Tabela 1: Número de atletas avaliados em Avaliação de Pré-Temporada de 2008 a 2015

- Desempenho Esportivo com Prevenção: Acompanhado por meio do Índice de

Disponibilidade do Atleta

Ano Valor Apurado


Jan a Dez 2011 93%
Jan a Dez 2012 93,9%
Jan a Dez 2013 94,4%
Jan a Dez 2014 94,7%

Tabela 2- Índice de Disponibilidade do Atleta de 2011 a 2014: relação entre número de atletas liberados e o
total de atletas por modalidade

- Ações de Capacitação Profissional – Escolas de Profissionais, Pais e Atletas,

Benchmarking :

 08 Jornadas Científicas já realizadas;

 85 Escolas de Profissionais de Esporte, Pais e Atletas;

 72 visitas de benchmarking de Instituições de Ensino Superior;

- Produção Científica: Capacitações, Pesquisas e Publicações Científicas

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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 16 Capacitações internas em programas de análise estatística e de

movimento e Metodologia Científica, Introdução à Estatística e Tecnologia do Esporte;

 37 projetos de pesquisa foram concluídos e atualmente 08 pesquisas, que vão

de graduação ao doutorado, estão em andamento no clube;

 90 publicações científicas, em anais de eventos e em periódicos científicos.

CONCLUSÃO

A gestão das ciências do esporte no Clube, enquanto unidade do trabalho científico


está relacionada à dinâmica própria dos processos de organização, delimitação e
estruturação das ciências em desenvolvimento, considerando a ligação existente entre as
várias disciplinas que compõem o processo esporte. Ou seja, o reconhecimento de uma
"Unidade” suficientemente fundamentada na ética das ciências, funciona como um princípio
regulador de grande importância para o desenvolvimento das diversas disciplinas que
compõem a ciência do esporte, propiciando, assim, o desenvolvimento pleno do atleta.
A implementação e execução do Núcleo de Integração das Ciências do Esporte já

pode ser considerada uma experiência de sucesso e pioneira no cenário esportivo

brasileiro. No entanto, considerando que o processo de desenvolvimento humano e do

esporte é dinâmico e evolutivo, acredita-se que muito ainda deve ser feito para se alcançar

todos os objetivos propostos, visando a excelência esportiva aliada à saúde plena dos

atletas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GRECO, P. J. e BENDA, N. R. Iniciação Esportiva Universal: da aprendizagem motora


ao treinamento técnico. Volume I. 1. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG. 1998. 230p.
BICALHO, L. M. e OLIVEIRA, M. Aspectos conceituais da multidisciplinaridade e da
interdisciplinaridade e a pesquisa em ciência da informação. Encontros Bibliotécnicos:
Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, v. 16, n. 32, p. 1-26,
2011.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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A EXCELÊNCIA EM FUTEBOL: EQUÍVOCOS, EVIDÊNCIAS E DESAFIOS


JÚLIO GARGANTA
Centro de Investigação, Formação, Inovação e Intervenção em Desporto
Faculdade de Desporto - Universidade do Porto

1. Introdução

O Futebol atingiu uma expressão mediática nunca antes experimentada, tendo-se afirmado
não apenas enquanto jogo e fenómeno social, mas também como meio de educação física
e desportiva, profissão e campo de investigação.

Tendo em consideração a magnitude deste fenómeno ímpar, justifica-se que o mesmo


proceda de uma atividade estruturada e humanizante, à qual não seja alheia a observância
de imperativos de natureza ética (Garganta, 2006). Referimo-nos, obviamente, não a uma
ética abstrata, mas a princípios e ações que conduzem a boas práticas, no respeito pela
pessoa humana e no direito que lhe assiste quanto a ver ampliados os respetivos
conhecimentos e competências.

Sendo o Futebol um jogo desportivo coletivo, torna-se primordial o compromisso que se


estabelece entre o desenvolvimento individual dos jogadores e o modo como são
conduzidas e orientadas as equipas a que pertencem, de forma a coordenar interesses,
motivações e objetivos. Por isso, no treino como na competição, importa ter em mente uma
questão nuclear: como preparar os jogadores e as equipas, para que o jogo seja cada vez
mais competitivo e aliciante, ao mesmo tempo que se enaltece e promove a natureza
humana?

A especialização e as exigências inerentes às práticas de alto rendimento têm vindo a


indiciar que a procura da excelência desportiva requer uma perspetiva ampla que tenha em
conta a possibilidade de se conceder aos praticantes oportunidades para aspirarem à
máxima expressão no domínio que elegerem.

Se, por um lado, o percurso rumo à excelência requer uma combinação adequada de
recursos, estratégias, métodos, persistência e tempo, por outro, a ciência e a vida deixam
perceber que nem sempre as práticas de seleção e encaminhamento de praticantes

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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desportivos se têm guiado pelos pressupostos mais consentâneos com as respetivas


necessidades de evolução. Não raramente, esse facto influi negativamente na adequação
dos processos de formação, aprendizagem e treino dos atores desportivos.

A evolução que pretendemos ver operada no Futebol justifica, pois, a busca incessante de
ajustados entendimentos acerca dos constrangimentos que afetam o desempenho em
contextos desportivos e de como pode o mesmo ser dirigido e controlado. Neste âmbito,
tem vindo a ganhar um significado particular o processo de formação de jogadores e de
treinadores, assim como a pesquisa acerca do desenvolvimento do Futebol enquanto
fenómeno global.

Se nos detivermos nos elevados níveis de formação e de especialização que o Futebol


atualmente requisita, somos levados a perceber que a conceção, a operacionalização e a
regulação do treino desta modalidade desportiva podem beneficiar, de modo importante,
dos contributos da ciência. Contudo, há que ter presente que a reflexão e o conhecimento
que guiam, enquadram e orientam a ação e as explicações acerca da performance
desportiva, não são domínio exclusivo da ciência nem propriedade privada dos cientistas.

Entendemos a aprendizagem e o treino desportivo, sobretudo, como processos


pedagógicos que necessitam da ciência para progredirem e para ajudarem as pessoas e
as organizações a aumentarem os seus conhecimentos e a refinarem as respetivas
competências, de modo alcançarem os propósitos desejados.

Em conformidade, temos vindo a afirmar que se afigura tão importante compreender para
intervir, como intervir para compreender. Por isso, a formação e a intervenção dos agentes
desportivos só parece resultar verdadeiramente eficaz quando forjada na tensão entre a
reflexão e a ação, o que pode ser constatado através das diversas evidências empíricas
que o mundo do desporto vai propiciando.

2. Das ideias para jogar, ao jogo com ideias

Nas duas últimas décadas, os investigadores têm-se preocupado não apenas em indagar
os atributos específicos essenciais da prática desportiva de excelência, mas também em
conhecer e compreender porquê os melhores praticantes diferem dos demais e que

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
72

condições lhes foram disponibilizadas para que lograssem alcançar um desempenho de


exceção (Abernethy, 2008; Williams & Ericsson, 2008).

Sabe-se que existem várias formas de jogar Futebol e de se conseguir resultados


desportivos, do mesmo modo que se conhece vários modos de treinar. Não obstante, no
treino do Futebol trata-se de gerar uma harmonia ou sintonia entre uma equipa e um projeto.
Uma equipa é um concerto de cumplicidades, expressas na vinculação a uma visão, a um
modelo, a um ideal.

O processo de treino do Futebol consiste, fundamentalmente, na implementação de uma


cultura para jogar, em referência a regras de ação e de gestão do jogo. Portanto, a
preparação eficaz para jogar depende, em grande parte, da definição e da
operacionalização de conceitos e princípios intimamente relacionados com o modo de
promover as interações dos jogadores, nos diferentes cenários que configuram as partidas.

Deste modo, parece conveniente que qualquer agenciamento das capacidades ou


habilidades para treinar e jogar se reporte à conceção de jogo preconizada, porque é o
conjunto de referências que a configura que, em primeira e em última instância, confere
identidade ao processo e consente uma administração que assegure a integridade do
mesmo.

Tal como a dimensão técnica no Futebol só interessa verdadeiramente se servir o jogo e os


seus objetivos, também as metodologias de treino só podem ser consideradas adequadas
em função da congruência que revelam em relação aos efeitos que se pretende que
induzam nos jogadores e nas equipas, tendo como referência um determinado modo de
jogar.

Torna-se assim imprescindível que a preparação esteja claramente sintonizada com o tipo
e o nível de jogo que se pretende criar. Mais concretamente, as situações a propor no treino
deverão enfatizar as “variáveis especificadoras” do modelo/conceção de jogo, de modo a
que o transfere do treino para a competição se faça do modo mais natural e económico
possível.

O modelo funciona então como atractor de comportamentos/atitudes que se pretende que


venham a emergir no jogo, mas não os determina quanto à sua sequência nem antecipa as
respetivas formas intermédia e final. O entendimento do jogo enfatizando a faceta técnica
Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
73

e individual, em detrimento da respetiva contextualização, comporta o risco de aprisionar


os sujeitos em perspetivas demasiado compartimentadas e restritivas que embaraçam a
ação.

O bom Futebol joga-se de acordo com ideias. Trata-se, sobretudo, de um jogo de conceitos
relacionados com a forma como dois coletivos se organizam e gerem a oposição e a
cooperação em situações dinâmicas que sucessivamente se vão alterando.

Neste sentido, pode dizer-se que o Futebol caminha para a fase de excelência estratégico-
tática, o que pode ser atestado:

 Pelo crescente recurso ao modelo e conceção de jogo enquanto referências


nucleares para a preparação específica das equipas.

 Pelo cuidado, cada vez maior, posto na construção dos exercícios de treino, tendo
em conta os problemas revelados pela equipa em partidas anteriores e a
preparação para os jogos seguintes.

 Pelo controlo estratégico-tático da preparação, realizado a partir da observação e


interpretação do desempenho em partidas e em sessões de treino.

Maior autonomia conferida ao jogador para gerir o curso Sob a influência de múltiplos
constrangimentos, as equipas tendem a adoptar comportamentos preferenciais, que no
domínio dos sistemas
3. Excelência dinâmicos,
individual são denominados
e excelência de atractores. Apesar do jogo integrar
coletiva
várias transições de fase, entre estados de simetria e quebras de simetria táctica, os
Os jogadores
respectivos e aspor
momentos, equipas
vezes, a de Futebol de
um processo tornam-se excelentes
mudança gradual quando não
cuja separação os respetivos
é comportamentos fluem de
levada a cabo por linhas emdemarcação
função desúbitas
ideiasoue bruscas,
intenções,
masi.e.,
por quando se convertem
se dissiparem ou em
diluírem uns nosda
instrumentos outros, em gradações
sua própria pouco
vontade ou nada perceptíveis.
e expressão.
Neste
Apesardomínio,
de sera conveniente
teoria do caosque
oferece conhecimentos
os praticantes sobre
tenham o modo como
consciência dososseus
sistemas
recursos, visto
dinâmicos complexos deixam de ser absolutamente previsíveis, ainda que os seus estados
que a ideia que têm de si mesmos influencia a respetiva capacidade de agir, os saber-fazer
iniciais sejam conhecidos com grande pormenor (Ball, 2009). Embora se associe a ordem
sobre o jogo são aprendidos, em grande parte, como se de uma linguagem se tratasse.
e os padrões à simetria e a aleatoriedade à sua ausência, talvez a aleatoriedade tenha o
Tratando-se,
seu próprio tipo sobretudo, de um
de simetria (Ball, conhecimento tácito, não é de esperar que os praticantes
2009).
consigam descrever o capital de soluções técnicas e táticas que possuem, tanto mais que
Os observadores do jogo, para além de procurarem identificar indicadores tácticos que
as suas soluções e ações emergem a partir da interação com os cenários que o jogo
qualifiquem padrões estáveis de comportamento, aspiram a perceber os modos como os
propicia e(Garganta,
jogadores as equipas 2013).
se organizam e desorganizam em resposta às transições entre as
fases. Para tal, os conceitos de “emergência” e de “auto-organização” têm sido usados
para perceber o modo como a ordem e a estabilidade emergem das interacções de muitos
agentes, deAnais
acordo
do 5ºcom um conjunto
Congresso de regras.
Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015

O maior desafio consiste em descortinar as regras que guiam as interacções dos


jogadores, de acordo com a lógica, a sintaxe, que guia a forma como eles se relacionam
74

A inteligência para jogar pode ser entendida como a habilidade dos jogadores/equipas para
reconhecerem os estímulos mais significativos do envolvimento, para se adaptarem às
diversas situações e para agirem, em benefício da sua equipa, sobre os diferentes
ambientes de jogo. Como tal, quando nos reportamos à “inteligência de jogo” e à “tomada
de decisão”, não pretendemos invocar, forçosamente, aptidões conscientes e deliberadas,
nem tampouco abstratas ou invariáveis. Referimo-nos, sobretudo, a capacidades
suscetíveis de modificação através de ajustamentos dinâmicos específicos, ou seja, uma
“inteligência corporal” dinâmica e atualizável (Garganta, 2013).

Uma das maiores dificuldades no Futebol de alto rendimento, consiste em saber como
apelar a estratégias eficazes e originais para despertar o interesse e a afiliação dos
jogadores a um projeto, elevando, simultaneamente, o seu nível de consciência individual
e coletiva.

Em função dos considerandos aduzidos e ponderando a desejável adequação entre


conceções, meios e métodos para observar e interpretar o comportamento dos jogadores
e das equipas, destacamos a importância de dois pressupostos a considerar:

(1) O comportamento coletivo complexo não implica, forçosamente, estratégias mentais


complexas por parte dos jogadores (Gigerenzer, 2007; Leher, 2009);

(2) Apesar de ser recorrente realizar a observação do jogo a partir de um plano elevado, de
modo a permitir uma noção da movimentação global das equipas, convém estar ciente de
que esse ângulo omnisciente pode ser capcioso quanto aos cenários e estímulos
percebidos pelos jogadores em situação de jogo (Leher, 2009).

4. O equívoco do talento invariável e a relevância do treino enquanto mediador da


excelência

O treino e a competição no âmbito do Futebol encerram uma longa história que põe em
presença jogadores com os seus próprios recursos atualizáveis e uma intervenção externa
complexa, materializada pela intervenção do treinador e pela influência do envolvimento.
Neste sentido, o percurso até à excelência desportiva decorre de uma fusão de habilidades,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
75

capacidades e competências, cuja feição emerge das características do praticante e do


modo como é realizada a aprendizagem e o treino.

O reconhecimento e o desenvolvimento dos denominados “talentos” são processos


complexos, com implicações importantes na vida de um número significativo de crianças e
jovens.

Recorrentemente, somos convidados a aceitar a ideia de que os desempenhos de


excelência podem ser justificados pelo facto de alguns seres humanos terem nascido com
predisposições naturais para a prática de determinadas atividades. Contudo, como
argumenta Gladwell (2008), à medida que se investiga as carreiras dos indivíduos mais
proficientes, menor parece ser o papel atribuído ao “talento inato” e mais significativos se
afiguram os contributos da aprendizagem e do treino. Tal entendimento é reforçado por
Starkes & Ericsson (2003) quando reportam que o percurso até à excelência desportiva
decorre de uma fusão complexa de habilidades, capacidades e competências, cuja feição
emerge das características do praticante e do modo como é realizada a aprendizagem e o
treino para a atingir.

Aliás, a convicção de que “dons naturais” constituem o pressuposto nuclear para justificar
os desempenhos desportivos de excelência, pode acarretar consequências marcadamente
negativas, de entre as quais: (1) a predisposição para sinalizar como talentos, praticantes
que não têm ainda um tempo suficiente de exposição à prática; (2) a propensão para excluir
crianças e jovens, ou para não lhes conceder o acesso a oportunidades de treino e
competição idênticas às dos identificados como talentos; (3) a tendência para não
reconhecer o treino desportivo como processo capital para educar, desenvolver e atualizar
o talento dos praticantes (Garganta, 2009).
Também por isso, a clássica noção de talento que o associava a um conjunto de
capacidades inerentes ao sujeito, que determinavam o seu rendimento, está a ser
substituída por outra, relacionada com as aquisições operadas através da prática
sustentada e estruturada com o intuito de promover a melhoria do desempenho desportivo.
Através do treino procura-se resgatar o praticante ao seu determinismo genético, naquilo
que este pode comportar de negativo para a realização desportiva e, ao mesmo que tempo,
visa-se tirar partido das suas mais-valias no sentido de potenciar o efeito da exercitação
sistemática (Garganta, 2004). Portanto, se é plausível entender o talento como um atributo

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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relacionado com a performance consistente e acima da norma, num dado domínio, não é
menos razoável admitir que, para além de pessoal e intransmissível, o talento é atualizável,
ou seja, não é invariável, como aliás o comprovam as carreiras de vários desportistas
(Garganta, 2009).
Diga-se que o clássico escalonamento das etapas de formação de Futebolistas, não basta
para se perceber as cambiantes substantivas que, ao longo da carreira desportiva de um
praticante, acabam por fazer a diferença quanto ao desenvolvimento e atualização do
respetivo talento.
Para se compreender como evolui o talento desportivo, impõe-se o conhecimento e a
reflexão acerca da qualidade conferida ao processo de formação, nomeadamente no que
toca à arte de compatibilizar a quantidade com a qualidade do treino e da competição, de
modo a elevar o mais possível o nível dos praticantes. E este é um trabalho que está longe
de ser feito no domínio da investigação.
Quando perguntaram ao treinador francês Alain Périn (in Périn & Lemaré, 2006), como
escolhia os talentos, ele respondeu: “Faço-os jogar e vejo o que fazem e como fazem no
jogo. Detenho-me, essencialmente, na alegria de jogar, na maior ou menor facilidade com
que se relacionam com a bola e na propensão para o jogo coletivo”.
Estes argumentos parecem lógicos e aceitáveis. Contudo, a apreciação dos treinadores,
não raramente, está contaminada por efeitos perversos relacionados com a idade biológica,
as dimensões corporais e outros atributos físicos dos jogadores.
Como referem Abernethy e colaboradores (2005), quanto mais idade tiver uma criança ou
um jovem, relativamente aos colegas da mesma equipa, maior é a probabilidade de serem
considerados especialmente dotados, ainda que o não sejam de facto.
O modo como, por vezes, a seleção é realizada no Futebol constituiu um claro exemplo
daquilo a que o sociólogo Robert Merton (1968) denominou de “profecia que se
autoconcretiza”, ou seja, uma situação em que uma explicação que pode ser falsa à partida,
suscita expectativas e comportamentos que fazem com que a conceção que inicialmente
era falsa venha a tornar-se verdadeira.
Daqui resulta, portanto, um efeito perverso que se prende com o facto dos jogadores
identificados como especialmente dotados, i.e., como talentos, passarem a ser submetidos
a um processo de treino sistemático e a participar em competições formais de nível superior.
Tal significa que vão dispondo de mais e melhores oportunidades para apurarem as suas

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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qualidades e capacidades no âmbito da performance desportiva. Paralelamente,


constrange-se negativamente as condições de prática dos jogadores com idade biológica
mais baixa e estatuto maturacional mais atrasado, porque estes são obrigados a competir
com jogadores mais velhos, mais altos e mais fortes, o que os coloca em clara
desvantagem. Para além de se debaterem com um número mais restrito de probabilidades
de serem reconhecidos como talentos, por esse motivo dificilmente lhes serão facultadas
oportunidades bastantes, em quantidade e em qualidade, para evoluírem (Garganta, 2009).
Perante tal complexidade, não raramente somos surpreendidos com a precocidade e a
consistência do talento de alguns jogadores e, não menos, com a fugacidade e a labilidade
do talento de outros. Trata-se, de facto, de fenómenos cuja explicação parece situar-se
muito para além do formalismo devotado às denominadas etapas de desenvolvimento do
talento.
Em síntese, sabendo-se que não foi ainda encontrada suficiente sustentação científica para
prognosticar os fatores do talento no Futebol, torna-se difícil encontrar indicadores e
critérios que permitam predizer, sobretudo em idades mais baixas, que se está, ou não, em
presença de potenciais jogadores de classe superior.
Note-se que a “deteção de talentos” tem causado a ostracização de um número abundante
de praticantes, pelo facto destes não revelarem, à data das denominadas “peneiras”, as
aptidões consideradas fundamentais para chegarem a ser jogadores proficientes.
Em grande parte dos casos, tal deve-se à disparidade que os praticantes revelam no que
respeita ao seu estatuto maturacional, fenómeno que, no domínio da ciência, é conhecido
por “efeito da idade relativa”.

5. Formar para a excelência

Dado que o talento para jogar germina em função da exposição dos praticantes a ambientes
favoráveis, a prática do Futebol, aos mais diversos níveis, não pode deixar de refletir a
formação pessoal e profissional dos seus intervenientes.
Portanto, os executantes exímios não são super-seres com genes raros, mas seres
humanos que expressam a vivência de uma cultura de dedicação extrema, entrega,
sofrimento e risco, sempre na busca de melhores resultados.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Neste âmbito, e em complemento com as práticas espontâneas e informais em idades


baixas, a formação nos clubes desportivos adquire uma importância fulcral, visto que estas
instituições podem proporcionar, ou embaraçar, o desenvolvimento e a atualização do
talento das pessoas envolvidas neste processo, sejam jogadores, treinadores, dirigentes e
outros.
Logo, um departamento de formação de um clube deverá ter como preocupação primeira
“FORMAR”, o que implica que integre pessoas capacitadas, pessoal e profissionalmente, e
disponha de condições adequadas para realizar a devida formação e aperfeiçoamento dos
que aí laboram.
Partindo desse pressuposto, temos destacado a relevância de zelar pelo cumprimento de
três objetivos nucleares:

(a) Formar jogadores, o que implica que, ao longo de todo o processo de formação
desportiva, se devote um cuidado significativo aos programas de desenvolvimento
das competências para jogar, e, em paralelo, se fomente o desenvolvimento pessoal
dos praticantes. Concretamente, no plano tático-técnico, mais do que a obsessão por
um “modelo único” de jogo, justifica-se que sejam faseados os conteúdos (princípios,
sistemas, dispositivos táticos e outros) de modo a favorecerem a aquisição de uma
cultura para jogar, segundo diferentes estilos e métodos de jogo.

(b) Favorecer a formação contínua dos treinadores que integram os quadros do


clube, o que justifica o desenvolvimento de uma permanente cultura de exposição e
de partilha de experiências, bem como a atualização continuada, estimulando a
reflexão.

(c) Gerar uma clara sintonia entre o clube, a equipa e o projeto de formação, o que
implica identificar os dirigentes com a filosofia de formação e com os modos de
atuação dos treinadores, na persecução de objetivos comuns, de modo a facilitar a
comunicação e a intervenção nos vários planos.

6. Em síntese

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
79

Na tentativa de perceber como os jogadores e as equipas alcançam os mais altos


patamares do sucesso desportivo e, sobretudo, como aí se mantêm durante um tempo
prolongado, os pesquisadores vão chegando à conclusão de que a excelência desportiva
requer, cada vez mais, uma perspetiva inteira dos processos de treino e competição
(Garganta, 2006).

Sabendo-se que o nível de desempenho desportivo de um ser humano decorre do modo


como interagem diversas facetas de natureza biológica, psicológica e social, a
harmonização entre a quantidade e a qualidade do treino e da competição, têm vindo a ser
apontadas como decisivas no caminho que conduz aos desempenhos de exceção.
Admitimos, assim, que a excelência desportiva depende de múltiplas influências que
decorrem do modo como interagem diferentes variáveis, tais como, a data e o local de
nascimento dos praticantes, a experiência precoce e o tempo dedicado à prática, o acesso
a treino especializado com presença de treinadores estimulantes, bem como a paixão pela
superação.

Estes ingredientes, entre outros, podem induzir ou inibir o assomo de oportunidades que
influenciam o percurso de um jogador e de uma equipa de Futebol no caminho para
chegarem ao topo da expressão desportiva.

7. Epílogo

O Futebol faz-nos perceber, a cada dia, que sabemos pouco sobre as vias do talento e da
excelência, tanto mais que a investigação neste domínio é ainda inconsistente e, por vezes,
desfocada. Acresce que, no contexto desportivo, tem vindo a ser conferida demasiada
importância ao processo de seleção de jogadores, em detrimento de programas centrados
no desenvolvimento e numa carreira devidamente sustentada.

Estamos cientes do impacto de alguns discursos aliciantes, mas nem sempre benignos,
que prometem a concretização de sonhos de crianças e jovens que querem vir a tornar-se
futebolistas. Quase sempre tais promessas chegam acompanhadas de referências à
imprescindibilidade de se nascer com talento para se poder aspirar a “jogar à bola” nos
grandes palcos. Porém, sendo cada indivíduo diferente dos demais, sobretudo na forma
como responde ao processo de formação, ao acreditar-se no inatismo do talento põe-se
Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
80

em causa a importância da aprendizagem, do treino e da capacidade transformadora que,


por definição, os qualifica (Garganta, 2009).

Um dos grandes desafios da excelência é, pois, o de se entender como se pode secundar


a evolução de jogadores e equipas, através do acesso a conhecimento relevante e ao
aperfeiçoamento de competências para treinar e jogar.

Note-se que a extensa narrativa do Futebol mostra como muitos podem ser bem-sucedidos,
apesar das diferenças interpessoais e dos aparentes constrangimentos, sejam de natureza
biológica, social ou cultural. Com efeito, tais dissemelhanças constituem a real matéria-
prima para o desenvolvimento que se ambiciona.

A reforçar esta convicção, vem a propósito um argumento do sociólogo português


Boaventura de Sousa Santos (2004: 58): “... as pessoas e os grupos sociais têm o direito a
serem iguais quando a diferença os inferioriza e a serem diferentes quando a igualdade os
descaracteriza.”

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82

PEDAGOGIA DO ESPORTE E BASQUETEBOL: pesquisas aplicadas da iniciação à


excelência esportiva.

Larissa Rafaela Galatti/ FCA – UNICAMP

O basquetebol é uma modalidade esportiva coletiva com origem no final do século


XIX, em 1891, no contexto escolar norte-americano; em 1936 já apareceu nos Jogos
Olímpicos em Berlim e, na atualidade é uma das modalidades mais praticadas no mundo,
com 213 países vinculados à Federação Internacional de Basquetebol (FIBA, sd). No Brasil
é, historicamente, uma das modalidades com mais conquistas internacionais: a seleção
masculina foi campeã mundial em 1959 e 1963 e medalha de bronze nos Jogos Olímpicos
de Roma, em 1960 e Tóquio, 1964; a seleção feminina sagrou-se campeã mundial em 1994
e vice-campeã olímpica em 1996 (Atlanta) e medalha de Bronze nas Olimpíadas de Sidney
(2000). Na atualidade, observa-se o crescimento da modalidade no naipe masculino a partir
da melhor organização da competição nacional, o NBB. É também evidenciada a qualidade
de nossos atletas pelo número expressivo de jogadores e jogadoras brasileiras nas
principais ligas do mundo, inclusive NBA e WNBA.
Diante da relevância histórica e forte inserção social do basquetebol no contexto
brasileiro, pesquisadores, treinadores e professores vem desenvolvimento conhecimento
sobre contexto de formação, modelos de ensino-treino, estratégias de intervenção e outros
temas visando o desenvolvimento da modalidade e das pessoas com ela envolvida. A partir
do olhar da pedagogia do esporte, estes diferentes personagens podem contribuir em
melhor organizar, sistematizar, aplicar e avaliar conteúdos e procedimentos pedagógicos a
fim de elevar a qualidade de jogo, sempre considerando a possibilidade educacional da
modalidade, contribuindo para a formação integral do aluno e atleta nos mais diferentes
espaços e níveis de prática. Considerando o papel central de pesquisadores, treinadores e
professores na evolução do basquetebol e desenvolvimento de pessoas através do
envolvimento na modalidade, esse resumo trata do ensino do basquete e de possibilidades
de estudos aplicados no basquetebol até a excelência esportiva, a partir das produções do
LEPE/FCA (Laboratório de Estudos em Pedagogia do Esporte do Curso de Ciências do
Esporte da Faculdades de Ciências Aplicadas), LABIN/FCA (Laboratório de Biomecânica e

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Instrumentalização) e GEPESP/FEF (Grupo de Estudos em Pedagogia do Esporte da


Faculdade de Educação Física) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Ao tratar do ensino do basquetebol, a literatura vem reforçando o processo de
iniciação – seja na infância ou na iniciação tardia, que é quando o indivíduo já maduro
participa de um processo sistematizado mediado por um treinador para o aprendizado do
basquetebol (SILVA et al., 2010) – como o responsável por apresentar o basquetebol não
apenas visando a formação de atletas de elite, mas também como um bem sociocultural de
convivência por toda a vida no papel de praticante ou espectador, na perspectiva do
desenvolvimento humano (GALATTI e PAES, 2007; PAES, MONTAGNER e FERREIRA,
2009; GALATTI, 2010; SILVA et al., 2010; GALATTI et al, 2012; PAES e GALATTI, 2013;
GALATTI et al., 2013; GALATTI et al., 2014; LEONARDI et al., 2014). Desta forma, indicam
os autores que o processo de ensino, vivência e aprendizagem seja sustentado em base
lúdica, com a aprendizagem a partir de situações-problema, buscando maior capacidade
de compreensão tático-técnica da criança e adulto que aprendem o basquetebol.
Avançando temporalmente no processo de ensino, a prevalência das formas jogadas
continua, agora mais sustentadas em conceitos de jogo e no treino a partir de situações de
jogo (com igualdade e desigualdade de jogadores, uso de apoios, pivôs e outros recursos
didáticos). Por fim, no processo de ensino, é papel do treinador ou professor de basquetebol
considerar o desenvolvimento integral dos jogadores e jogadoras, sustentando a sua
pedagogia nos referenciais tático-técnico, socioeducativo e histórico-cultural (MACHADO
et al., 2012; 2014; 2015).
O outro tópico deste resumo são os estudos aplicados em basquetebol, que vão
desde o processo de ensino (como já citado) até o mais alto nível de excelência. O estudo
de Galatti (2010), por exemplo, apresenta como funciona um clube de basquetebol
espanhol modelo tanto na formação de crianças pelo esporte, no desenvolvimento de
categorias de base e na oferta do esporte de elite em nível nacional. Antoneli et al. (2012)
estudou o cenário do Divino Salvador, clube de tradição na formação de atletas de
basquetebol feminino no Brasil. Avançando para o estudo de atletas de elite, na
FCA/UNICAMP diversos estudos vem sendo desenvolvidos a partir de convênio com a
equipe local de basquetebol da Winner/Limeira (até a temporada 2014/2015) e que terão
continuidade em convênio com a equipe de Rio Claro (também no interior paulista), em
evidente aproximação entre teoria e prática; tais estudos tratam de temas como a eficiência

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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do contra-ataque, análise biomecânica do arremesso, verificação de momentos positivos e


negativos do jogo e análises conjuntas de elementos fisiológicos, tático, técnicos. Por fim,
tratando de atletas de excelência, podemos citar recente estudo de Galatti et al. (2015) que
investiga na visão das atletas as razões das conquistas da performance de excelência do
basquetebol feminino brasileiro (campeão do mundo em 1994 e medalhista olímpico em
1996 e 2000), sua manutenção naquele período, assim como as razões para não repetição
desse nível de resultados internacionais nos anos seguintes.
Observamos que são amplas as possibilidades de intervenção e pesquisa aplicada
no basquetebol, tema a ser discutido entre treinadores, professores e pesquisadores da
modalidade reunidos no 5. Congresso de Jogos Desportivos, na cidade de Belo Horizonte.

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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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A APRENDIZAGEM TÉCNICA E TÁTICA SOB A INFLUÊNCIA DE MÉTODOS DE


ENSINO E NÍVEL DE MOTIVAÇÃO NO BADMINTON

Layla Maria Campos Aburachid / GEMEPE - UFMT


lagusmar@ig.com.br

INTRODUÇÃO: Os processos de ensino-aprendizagem na área da educação deram-se ao


longo dos anos com base nas experiências pessoais dos professores, bem como nas
verificações empíricas de teorias advindas da psicologia e da pedagogia. nos esportes,
respostas às questões dos métodos, tais como: por que e para que ensinar?; quem ensina?;
quem aprende?; o que se ensina?; como se ensina?; onde e quando se ensina?; são
estudadas pela pedagogia do esporte. A aplicação dos métodos de ensino no esporte e a
motivação para a prática influenciam o desenvolvimento dos níveis de desempenho das
capacidades treinadas (WALLHEAD; O’SULLIVAN, 2005; GRAÇA; MESQUITA, 2013). A
proposta de diferentes métodos híbridos de ensino tem sido estimulada pela comunidade
acadêmica uma vez que os resultados das pesquisas são inconclusivos quanto à
hegemonia de um método de ensino sobre outro (HASTIE; OJEDAB; LUQUINC, 2011);
busca-se propor métodos que complementam, ou melhor, impactam o processo de
aprendizagem, conduzindo a inovações pedagógicas em seu tratamento didático (HASTIE;
CURTNER-SMITH, 2006). O objetivo do estudo foi investigar a aprendizagem técnica e
tática sob a influência de métodos de ensino e do nível de motivação de jovens iniciantes
no badminton.

MÉTODOS: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa n o 373.677 e


caracterizou-se como pesquisa quase-experimental de grupo controle não-equivalente. A
amostra, composta por 64 escolares (15,1±0,64) sem experiência na modalidade, foi
avaliada pelo Índice de tomada de decisão (ITD) que compõe o Game Performance
Assessment Instrument (OSLIN; MITCHELL; GRIFFIN, 1998), teste de saque curto de
French (SCOTT et al., 1941), teste de rebatida de badminton GSC (COTTEN; COBB;
FLEMING,1987) e Escala de Motivação para o Esporte (BARRA FILHO et al., 2011) antes
e depois de uma intervenção pedagógica de 17 sessões de aula. Os métodos aplicados

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
87

foram o método técnico (HAGEDORN; RIEPE; ZINDEL, 1990), método tático (GRIFFIN;
MITCHEL; OLSLIN, 1997) e o método de ensino integrativo (GRECO, 1998; ROTH;
KRÖGER; MEMMERT, 2002; ROTH, 1996; GRECO; BENDA, 2006).

RESULTADOS: O grupo controle não melhorou de maneira significativa, o que confirma


que a melhoria do desempenho no grupo experimental, deu-se, em parte, pelo efeito da
intervenção. Para o ITD os grupos masculinos dos métodos integrativo e tático
apresentaram melhores resultados no pós-teste (p = 0,002 e p=0,001; F=8,379 e F=9,915
η2 parcial 0,386 e 0,426). Para o grupo do sexo feminino e método tático o ITD foi melhor
no pós-teste (p=0,034; F=5,021 η2 parcial 0, 274). Para o saque não se encontrou
diferenças estatisticamente significativas em nenhum grupo. Para o Clear o grupo
masculino do método integrativo apresentou melhores resultados no pós-teste
(p=0,001; F=8,823 η2 parcial 0,398).

Para a faixa etária de 15 e 16 anos do estudo comprova-se que a aprendizagem implícita


para aspectos táticos deve ser estimulada, principalmente quando os conteúdos a serem
aprendidos são de natureza de menor complexidade. Neste caso, os problemas táticos do
jogo foram simples, como: iniciar o ataque criando espaços na quadra do adversário e
defender espaços do seu lado da quadra. Ambos os métodos (integrativo e tático) aplicaram
seus conteúdos com o domínio do treino geral, conforme Raab (2007), buscando contribuir
para um repertório esportivo generalizado, apesar da idade. Neste estudo, mesmo com a
aplicação de 17 sessões de aula, o grupo do método de ensino integrativo, considerado
como um método híbrido que apresenta conteúdos diversificados apresentou resultados
positivos na aprendizagem, corroborando com Hastie, Sinelnikov e Guarino (2009) que
aplicaram método híbrido (TGfU + Sport Education) e rechaçando os achados de French et
al. (1996). Quanto à influência do nível de motivação sobre a aprendizagem técnica e tática,
somente o grupo do método integrativo comprovou a influência da motivação intrínseca
(B=6,472; p=0,001; R2=0,555) e extrínseca (B=6,910; p=0,008; R2=0,406) sobre a
aprendizagem da técnica. Ainda para o mesmo grupo comprovou-se a influência da
motivação intrínseca (B=0,405; p=0,036; R2=0,278) sobre a aprendizagem da tática. Os
estudos que realizaram intervenção pedagógica com badminton (TJEERDSMA; RINK;
GRAHAM, 1996; NYE, 2010; WALLHEAD; HAGGER; SMITH, 2010) apresentaram

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
88

resultados para a elevação do nível de motivação intrínseca ao aplicarem métodos de


ensino com estilo produtivo, como o TGfU, o combinado (técnico + tático), o Sport Education
e o estilo de descoberta guiada (MORGAN; KINGSTON; SPROULE, 2005), o que corrobora
com o presente estudo, exceto para o método tático que se assemelha ao TGfU.

CONCLUSÃO: Os ganhos em aprendizagem do método integrativo foram superiores em


quantidade de variáveis atingidas tanto táticas (ITD) quanto técnicas (Clear) e com grandes
impactos. Os métodos de ensino que aplicaram, em sua maioria, atividades de organização
de prática com alta interferência contextual obtiveram resultados positivos no desempenho
do clear (método integrativo e tático), favorecendo a aplicação de métodos centrados na
tática em detrimento ao método técnico antes da aplicação em contexto de jogo. O ensino
dos esportes nas aulas de educação física deve levar os alunos a uma compreensão de
significado mais real e cognitivo. Seria mais benéfico para os mesmos receberem algumas
unidades de jogos de rede/parede, como o badminton, tênis, squash, entre outros, do que
receberem aulas seguidas de esportes que não apresentem relações, portanto, de
diferentes classificações como esportes de invasão. Nesse sentido, os alunos poderão
compreender as similaridades entre os esportes que, em um primeiro momento, parecerem
muito diferentes, mas que possuem conceitos táticos aplicáveis a outro jogo.

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ANÁLISE SE DA PERFORMANCE ESPORTIVA COM FOCO NAS CARACTERÍSTICAS


PSICOSSOCIAIS: EM BUSCA DE UM MODELO TEÓRICO

Lenamar Fiorese Vieira - UEM/PR


José Roberto Andrade do Nascimento Junior –UNIFAMA-PR
Andressa Contreira-UEM-PR
William Fernando Garcia-UEM-PR
Marcus Vinicius Mizoguchi-UFMS- MS
lenamarfiorese@gmail.com

Para analisar a performance esportiva com foco nas características psicossociais,


estamos construindo um esboço de um modelo teórico (Figura 1), que se baseou nas fases
de especialização motora de Krebs (2007). Este modelo tem como referências as idades e
as etapas de desenvolvimento psicossocial no esporte (inocência, fixação, diferenciação e
decisão), com as principais características psicológicas evidenciadas em cada fase (prazer
e diversão, aprovação social, relação interpessoal e autoconfiança).

Esse modelo apresenta as etapas, as quais, mais que estágios a serem alcançados,
são estruturas que envolvem o desenvolvimento das características psicossociais das
crianças/atletas nas diferentes fases da formação/especialização motora. Isso significa
dizer que a especialização esportiva é um processo complexo, dependente da interação
dinâmica entre múltiplas variáveis, as quais são os fatores instigativos do desenvolvimento,
que podem afetar de forma positiva ou negativa os processos proximais inerentes ao
desenvolvimento esportivo. Diante desses aspectos, é importante observar que, ao longo
da formação esportiva, existem alguns períodos sensíveis ideais para a aquisição de novas
experiências, indicando que as capacidades necessárias para a execução do movimento
estão presentes e algumas características psicossociais devem prevalecer no contexto da
aprendizagem/prática e especialização.

Para tanto, apresentamos um modelo teórico (Figura 1) que vem sendo delineado
ao longo de nossa experiência profissional e esportiva.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Figura 1. Modelo teórico do desenvolvimento das características psicossociais da


especialização esportiva.

Etapa da inocência: prazer e diversão (6-10 anos)

Essa etapa é considerada a idade da inocência, tanto para quem pratica esporte
(que tenta fazer tudo o que o professor ministra) como para quem ensina (apresenta muitas
dúvidas sobre o que ensinar). Tal situação deve ser examinada com cautela pelos
professores de Educação Física, instrutores e treinadores esportivos, uma vez que a prática
de atividades motoras inadequadas e exaustivas pode ocasionar consequências negativas
ao desenvolvimento motor e psicológico das crianças, levando-as à desistência das
atividades (GALLAHUE; OZMMUN, 2005; VILLWOCK; VALENTINI, 2007)

Vale a ressalva de que, nesse momento, o praticante caracteriza-se por um senso


rudimentar de competência, de modo que este realiza as atividades por prazer, alegria e
diversão e, portanto, esses aspectos devem ser evidenciados no desenvolvimento das
atividades ofertadas nesse período. Conforme destacado por Harter (1982), as pessoas
vêm ao mundo possuindo capacidades de experimentar o divertimento que suas próprias
ações podem causar, sendo esta capacidade universal e extremamente adaptativa.
Todavia, à medida que as crianças crescem e se desenvolvem, as diferenças individuais

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
93

para se envolverem em atividades ou manifestarem diversão devem ser consideradas.


Desse modo, criar ambientes positivos para a aprendizagem é fundamental para
proporcionar às crianças o gosto pela prática (VIEIRA, 2007).

Etapa da fixação: aprovação social (11-14 anos)

Nessa segunda etapa, a estrutura sofre uma modificação, uma vez que agora a
atividade está orientada a partir da ideia do movimento, o qual requer elaboração de um
plano motor (KREBS, 2007). Essa etapa é apontada como a idade da fixação ou idade de
ouro da aprendizagem. A ênfase nesse momento deve ser nas diferenças individuais e na
avaliação em relação aos próprios progressos e o foco deve recair sobre a internalização
de padrões de competência e a aprovação social do grupo.

Dessa forma, jogar é uma meta intrínseca que o adolescente estabelece pelo prazer
da prática. No momento em que tenta superar os outros e, assim, satisfazer sua
necessidade de aprovação social, meta extrínseca, já que deixou de jogar por prazer e
começou a praticar o esporte com o intuito de competir (HARTER, 1978; BERLEZE;
VIEIRA; KREBS, 2002). Por ser uma fase de formação de novas amizades e grupos sociais,
crianças e adolescentes atrelam a participação e a continuidade esportiva ao ambiente
vivenciado durante a prática esportiva (HARTER, 1982; ALTERMATT; POMERANTZ,
2003). Nesse sentido, elogiar e encorajar os jovens que fazem as coisas certas e
desenvolver expectativas realistas são algumas diretrizes importantes do treinamento para
essa faixa etária.

Etapa da diferenciação: relações interpessoais (15-18 anos)

Nessa etapa, o praticante de esportes já atingiu a automatização motora das


principais habilidades que compõem a tarefa a ser executada, de modo que o certo e o
errado devem ser considerados (KREBS, 2007).

O feedback positivo, a motivação, as relações interpessoais com os adultos


envolvidos no processo são fundamentais diante dos resultados. Em vista disso, percebe-
se que agentes externos possuem papéis importantes na motivação do atleta, podendo

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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promover suportes (emocional, autônomo e para tarefa), pressão e controle na participação


das atividades esportivas (importantes em determinados momentos para a estimulação e o
engajamento) e feedbacks positivos que servem como modelo (tanto para performance
como para comportamentos éticos) (BENGOECHEA; STREAN, 2007).

Martens (1978) ressalta a importância das relações interpessoais, argumentado que


não são o confronto, a competição ou o tipo de esporte que determinam automaticamente
o valor das atividades para os jovens, mas sim as experiências vividas nessas atividades,
as quais determinarão o valor qualitativo da prática esportiva e se esta representa ou não
um verdadeiro fator de formação e desenvolvimento para esses jovens atletas. Nesse
aspecto, a criação de um clima motivacional dentro do contexto esportivo é extremamente
importante para o desenvolvimento atlético. Dependendo dos critérios para o sucesso e os
objetivos utilizados pelo técnico e pares esportivos, podem-se apresentar vivências ruins e
negativas nos treinamentos e campeonatos dentro da equipe, ocasionando a desistência
da modalidade (CERVELLÓ; ESCARTÍ; GUZMÁN, 2007).

Etapa da dedicação exclusiva: autoconfiança (acima de 19 anos)

Para essa etapa, a dedicação exclusiva ao esporte é fundamental, o equilíbrio dos


fatores inatos e as características individuais desenvolvidas na infância e os fatores
ambientais serão decisivos para o atleta ao longo da construção de sua carreira esportiva
(KREBS, 2007).

Quando se aborda a competência, pode-se indicar que as competências de


disciplina, comprometimento e resiliência, diretamente ligadas ao suporte social,
contribuem para o sucesso do indivíduo e para a chegada ao alto rendimento (GAGNÉ,
2009). Desse modo, três competências podem ser apresentadas como pontos importantes
para o esporte: competência social (englobando as habilidades de bons convívios e
diálogos com outros sujeitos no esporte), a competência emocional (caracterizando suas
regulações emocionais e maturidade cognitiva) e a competência vocacional (envolvendo
hábitos de trabalho, e exploração das escolhas na carreira esportiva). A ausência dessas
competências atléticas é um fator que dificulta a chegada de esportista à alta performance
(MILLS et al., 2012).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
95

Considerações finais

Elaborar um modelo teórico com base nas etapas de desenvolvimento das


características psicossociais ao longo do processo de especialização esportiva significa
entender que em cada etapa o atleta tem algumas necessidades que devem ser
consideradas visando a sua manutenção no esporte.

Nas fases iniciais da inocência e da fixação, o prazer, a diversão e a aprovação social


são fundamentais e devem ser as características psicossociais em evidência; nas fases da
diferenciação e da decisão, as relações interpessoais e a autoconfiança são as
características mais importantes para o atleta, que estará definindo uma modalidade
esportiva à qual se dedicar/treinar no nível de alto rendimento.

Referências

ALTERMATT, E.R.; POMERANTZ, E.M. The development of competence-related and


motivational beliefs: an investigation of similarity and influence among friends. Journal of
Educational Psychology, v. 95, n.1, p.111-23, 2003.

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GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês,


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influence the development of elite youth football academy players. Journal of Sports
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VIEIRA, L.F. Criança e prática esportiva: considerações sobre o processo competitivo. In:
Tópicos em desenvolvimento motor na infância e adolescencia. Krebs, E.J & Neto Ferreira,
C.A. (Org). Rio de Janeiro: LECSU, 2007. Cap. XVI, p.250-258.

VILLWOCK, G.; VALENTINI, N. C. Percepção de competência atlética, orientação


motivacional e competência motora em crianças de escolas públicas: estudo
desenvolvimentista e correlacional. Revista brasileira de Educação Física e Esporte,
São Paulo, v.21, n.4, p.245-57, out./dez. 2007.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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PESQUISA NO ESPORTE ADAPTADO: ENFASE NOS ESPORTES COLETIVOS


Mário Antônio de Moura Simim, UFMG
mams.ef@gmail.com

INTRODUÇÃO
O Esporte Adaptado (EA) ou Paradesporto é compreendido como prática que
oportuniza as pessoas com deficiência (PCDs) o alcance de novos horizontes e
perspectivas de vida através de vivências motoras, psicológicas e sociais diversificadas.
EA é um termo utilizado apenas no Brasil que consiste na possibilidade de prática esportiva
para PCDs (Araújo, 2011; Simim, 2014). Em linhas gerais, o EA está relacionado às
experiências esportivas modificadas para suprir as necessidades de um público específico
(Winnick, 2004). Essas modificações estão relacionadas às regras da modalidade ou a
maneira como a modalidade se desenvolve (Winnick, 2004; Araújo, 2011; Simim, 2014).
Adicionalmente, EA é qualquer manifestação esportiva praticada por PCDs com
objetivos recreativos ou educacionais ou inclusivos ou de reabilitação ou rendimento. Já o
termo Paralímpico ou Esporte Paralímpico é relativo às modalidades esportivas praticadas
por PCDs reconhecidas pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC) e apresentadas em
eventos de sua promoção. As modalidades coletivas e individuais que integram os Jogos
Paralímpicos tem como objetivo o alto rendimento esportivo (Marques e Gutierrez, 2014).
Borges et al. (2015) destacam que modalidades coletivas são opção atrativa de prática para
PCDs, principalmente pelo aspecto pessoal (autosuperação) ou pelo aspecto social, por
meio da interação com pessoas com as mesmas condições.
Em nível de produção cientifica, algumas críticas persistem até os dias atuais,
principalmente em relação às questões metodológicas, qualidade das pesquisas aplicadas
(Mauerberg-Decastro, 2011). Conforme destacado por diversos autores (Mello, 2004;
Winnick, 2004; Mello e Wincler, 2012) as pesquisas a respeito dos EA são recentes e ainda
encontram-se em processo de divulgação das modalidades para fomentar os esportes.
Nesse sentido, ainda existem lacunas na produção científica acerca do EA e paralímpico.
Assim, o objetivo do presente trabalho foi analisar a produção científica sobre modalidades
coletivas do EA e Paralímpico e sugerir direcionamento para estudos futuros.

MÉTODOS

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Foram analisados estudos originais, publicados somente na língua inglesa, tendo


como referência as bases de dados PubMed e Scopus. Para a busca, foram utilizados os
seguintes descritores, de maneira isolada e/ou combinada: “Football 5-a-side” OR “Football
7-a-side” OR “Goalball” OR “Sitting volleyball” OR “Wheelchair basketball” OR “Wheelchair
rugby” OR “Wheelchair handball” OR “amputee soccer” OR “amputee football”.
O processo de pesquisa, seleção e inclusão é ilustrado na Figura 1. A pesquisa
revelou total de 471 estudos, que foram reduzidos a 248 trabalhos, após exclusão dos
estudos duplicados (166 estudos) e que não atendiam aos critérios de inclusão (57
estudos).

Figura 1: Procedimentos de identificação, triagem e inclusão de teses e dissertações na presente pesquisa

Tratamentos dos Dados


Para o tratamento dos dados foi utilizada estatística descritiva, composta por
distribuição de frequência absoluta e relativa.

RESULTADOS
Em linhas gerais, o Basquete e Rugby em cadeira de rodas são os esportes coletivos
que mais apresentaram publicações (Gráfico 1).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
99

Gráfico 1: Modalidades coletivas com maior frequência de publicações entre os EA (n = 248)

Os resultados do presente estudo podem ser explicados uma vez que, o basquete
em cadeira de rodas (BCR) foi uma das primeiras modalidades esportivas a serem praticas
por PCDs, especificamente a partir de 1944 (Mauerberg-Decastro, 2011). Além disso, foi a
primeira modalidade a ser estudada como modelo para sugestão de classificação esportiva,
marco divisório entre o modelo médico e o esportivo (Freitas e Santos, 2012). No caso
específico do BCR, os estudos se concentram nos aspectos fisiológicos (n = 63; 25%),
técnicos (n = 35; 15%), psicológicos (n = 24; 10%), biomecânicos relativos a cinemática da
propulsão das cadeiras de rodas (n = 17; 7%), sociais (n = 15; 6%), classificação funcional
esportiva (n = 8; 3%), lesões e nutrição (n = 2; 1%, respectivamente) e históricos (n = 1;
0,4%).
Apesar dos níveis de lesão mais comprometidos, o rugby em cadeira de rodas
(RCR), criado no final da década de 1970 em Winnipeg/Canadá, é modalidade muito
competitiva, que requer treinamento sistematizado e adequado considerando a modalidade
e a características dos atletas (Simim et al., 2013). Esse é fato interessante, principalmente
porque os estudos relacionados com o RCR encontrados na presente pesquisa apresentam
tendência para os aspectos fisiológicos (n = 33; 13%), psicológicos (n = 9; 4%) e da relação
entre classificação esportiva funcional e desempenho esportivo (n = 6; 2%)
Cabe ressaltar que no âmbito das deficiências visuais, o goalball apresentou maior
quantidade de estudos, quando comparado com o futebol de 5. Contudo, todos estudos
incluídos no presente trabalho sobre o futebol de 5 são relacionados com lesões esportivas.
Simim et al. (2015), em recente revisão sistemática sobre o futebol de 5, já apontam a
necessidade de estudos que abordem aspectos técnicos e de aprendizagem, iniciação e
treinamento da modalidade.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
100

No caso do goalball, os estudos relacionam-se com os aspectos físicos (03 estudos),


técnicos (03 estudos), lesões (01 estudo) e treinamento mental (01 estudo). Essa
modalidade torna-se alternativa para o trabalho com deficientes visuais, principalmente por
promover ao indivíduo desenvolvimento de várias habilidades e capacidades motoras
(Simim et al., 2014), além de melhoria da socialização (Almeida et al., 2008). Entretanto,
Zitti e Simim (2014) apontam para risco aumentado de comorbidades e doenças
cardiovasculares em praticantes de goalball. Dessa maneira, estudos devem ser realizados
buscando investigar a relação entre a modalidade e saúde de deficientes visuais, além dos
aspectos técnicos-táticos e físicos-fisiológicos.
Já no caso do futebol de sete, somente 01 estudo foi encontrado após busca nas
bases de dados. Esse trabalho (Kloyiam et al., 2011) buscou mensurar a economia de
corrida e a potência aeróbia de atletas com paralisia cerebral, e relacionar essas variáveis
com os critérios de classificação da Paralisia Cerebral estabelecidos na literatura científica.
O exposto acima vem confirmar a necessidade de pesquisas com indivíduos com paralisia
cerebral, principalmente enfocando as possíveis contribuições do esporte na coordenação
motora desse grupo de deficiência.
Foram encontrados 10 estudos que abordam o futebol para amputados. Esses
estudos têm como enfoque os aspectos nutricionais (01 estudo), prevenção de lesões (02
estudos), capacidades físicas (04 estudos), aspectos sociais (02 estudos) e vestuário
esportivo para amputados (01 estudo). Apesar de não ser conhecido popularmente, o
futebol para amputados existe desde 1980, com campeonatos em nível nacional e
internacional (Simim, Silva e Mota, 2015). Diferentemente das outras modalidades
apresentadas até o momento, o futebol para amputados não faz parte do ciclo de
modalidades paralímpicas, o que dificulta o desenvolvimento organizacional, financeiros e
de divulgação/mídia.
No presente estudo, não foram encontrados estudos com o voleibol sentado (Sitting
volleyball) e com o handebol em cadeira de rodas (Wheelchair handball). O voleibol sentado
estreou nos jogos paralímpicos de 1980, em Arnhem/Países Baixos (Carvalho, Gorla e
Araujo, 2013), enquanto o handebol em cadeira de rodas ainda não faz parte do ciclo de
modalidades paralímpicas, apesar de ter sido sistematizada em 2005 (Borges et al., 2015).

CONCLUSÃO

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Concluiu-se que Basquete e Rugby em cadeira de rodas são os esportes coletivos


que mais apresentaram publicações. Além disso, são necessários estudos nas
modalidades voleibol sentado e handebol em cadeira de rodas. Estudos integrativos,
baseados em perspectiva multidisciplinar são sugeridos para compreensão do fenômeno
do esporte adaptado e paralímpico.

REFERÊNCIAS
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Associados, 2008.

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Conexões, v. 13, n. 3, p. 195-212, 2015.

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iniciação da prática. Conexões, v. 11, n. 2, p. 97-126, 2013.

FREITAS, P. S.; SANTOS, S. S. Fundamentos básicos da classificação esportiva para


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MARQUES, R. F. R.; GUTIERREZ, R. L. O esporte Paralímpico no Brasil:


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2014.

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MELLO, M. T. Avaliação Clínica e da Aptidão Física dos Atletas Paraolímpicos


Brasileiros: Conceitos, Métodos e Resultados. São Paulo: Atheneu, 2004.

MELLO, M. T.; WINCLER, C. Esporte Paralímpico. São Paulo: Atheneu, 2012.

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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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O FUTSAL NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR

Pablo Ramon Coelho de Souza – Colégio Militar de Belo Horizonte


pablorcsouza@yahoo.com.br

O Futsal, apesar do benefício da influência da visibilidade do futebol de campo


e também por ser visto, em nossa cultura, como contribuinte para a formação de jogadores
de futebol, apresenta dificuldades e limitações que, são ainda potencializadas pela sua
prática no contexto escolar, representando um grande desafio para o professor.
O Futsal, no contexto da Educação Física Escolar, é dos conteúdos da cultura
corporal de movimento, mais especificamente dentro do bloco de conteúdos de esportes.
Por isso, em escolas que seguem corretamente a abordagem dos diferentes blocos de
conteúdos (ginásticas, esportes, lutas, danças e jogos/brincadeiras), atendendo ao
princípio da diversidade, o tempo destinado ao desenvolvimento de conteúdos específicos
do futsal fica restrito e o índice de retenção do conhecimento pode ser baixo, dependendo
da oferta ao longo dos anos.
Deste modo, o Futsal deveria usufruir e contribuir para o aprendizado de
princípios, regras procedimentos, comuns aos outros esportes, ou seja, aproveitar e ensinar
elementos comuns (regras, ações, princípios táticos; conceitos, etc). Por isso, nos anos
iniciais do ensino fundamental, destaca-se a importância de não trabalhar conteúdos
específicos de cada esporte coletivo, no caso também do futsal, e sim com elementos
comuns a todos eles, para que não ocorra a especialização precoce e, ainda, o privilégio
da técnica.
Porém, infelizmente, de acordo com Voser e Giusti (2002), a abordagem do futsal
no contexto das aulas de Educação Física tem estado mais voltada para o treinamento e
performance, reforçando as críticas feitas ao esporte praticado nas escolas, evidenciando
uma carência de propostas práticas realmente pedagógicas e apropriadas à realidade
escolar.
Além disso, esse esporte, bem como os outros conteúdos da Educação Física
Escolar, deve ser ensinado conforme preconizam os documentos normativos educacionais
(PCN’s,LDB’s), levando em consideração as seguintes dimensões do conteúdo: conceituais
(fatos, conceitos e princípios), ou seja, o “saber”; atitudinais (valores, atitudes, normas), ou

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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seja, o “saber ser e conviver”; procedimentais (métodos, técnicas e procedimentos), ou seja,


o “saber fazer”.
Assim sendo, segundo Durães e Souza (2014), a prática do futsal deve levar em
consideração, principalmente, o princípio da inclusão, dos menos habilidosos, mas também
das meninas. Esta preocupação justifica-se pela prática informal do futebol/futsal e a
questão cultural que, respectivamente, faz com que o nível de habilidade dentro de uma
turma seja muito variável e o acesso dos praticantes do sexo feminino seja menor. O
professor, então, deve, por meio de condutas pedagógicas apropriadas para o contexto
escolar, oportunizar a prática da modalidade uniformemente para todos os alunos, durante
a aula de Educação Física.
Podem também ser citadas outros desafios para o professor que trabalha com o
Futsal nas aulas de Educação Física Escolar, tais como: dificuldade em avaliar o
rendimento/progresso dos alunos, por não estarem envolvidos em jogos/competições;
quantidade escassa de material, o que ocorre em muitas escolas, o que é potencializado
pela escolha inadequada do método ou procedimento de ensino-aprendizagem; crescente
inatividade motora por parte das crianças e principalmente, a vivência óculo-pedálico, como
propõe algumas abordagens, como a Escola da Bola; maior dificuldade na inserção, dos
menos habilidosos, também pelo baixo nível de tolerância do mais habilidosos; turmas
numerosas (turmas com média de 30-35 alunos); duração restrita do tempo de aula e
também das “temporadas” de futsal; indisciplina, tendo em vista a obrigatoriedade de
prática, diferentemente das situações de treinamento e escolinhas de futsal.
Assim sendo, o professor deve inovar suas ações metodológicas para
recontextualizar a pratica do futsal no âmbito escolar. Não há nenhum obstáculo o fato do
mesmo ter formação generalista, ou seja, não ser um especialista na modalidade futsal,
pois as suas principais maiores necessidades dizem respeito a criar alternativas
pedagógico-metodológicas para lidar com as principais dificuldades citadas acima.
Como alternativas pedagógico-metodológicas podem ser citadas as seguintes:
dividir a turma em grupos, de acordo com o nível de habilidades e apresentando tarefas
compatíveis; estimular os mais habilidosos a colaborarem com os colegas, por exemplo,
como “curingas”; tomar decisão em relação a turmas mistas ou separadas; sistematizar a
evolução dos conteúdos da modalidade ao longo dos anos, usufruindo também com
aprendizado de elementos comuns as outros modalidades; melhor utilização dos métodos

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
105

de ensino de modo a favorecer a participação e minimizar o impacto do grande número de


alunos e a possível escassez de materiais.
Concluindo, apesar da popularidade da modalidade futsal e por ser, muitas
vezes, a prática preferencial de professores e alunos, é fundamental estar atendo às
limitações/dificuldades da sua aplicabilidade no contexto escolar. Portanto, o professor
deve adotar as intervenções necessárias para atender aos objetivos da prática do futsal,
como um dos conteúdos da cultura corporal de movimento e seus objetivos dentro da
estrutura escolar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DURAES, G. M.; SOUZA, P. R. C. Metodologia do Futsal. 1. ed. Montes Claros: Editora


Unimontes, 2014.

VOSER, R. C., GIUSTI, J. G. O futsal e a escola: uma perspectiva pedagógica. Porto


Alegre: Artmed, 2002.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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ENSINO DO FUTSAL

Pablo Ramon Coelho de Souza – Colégio Militar de Belo Horizonte


pablorcsouza@yahoo.com.br

Para que possam ser adequadamente apresentados e discutidos os aspectos


referentes ao ensino do futsal, torna-se imprescindível conhecer a modalidade. No futsal,
as ações se desenvolvem em um espaço comum, com participação simultânea de
atacantes e defensores em relação à bola, sem esperar a ação final do adversário, com a
posse ou não da bola, até alcançar os objetivos do jogo. (SOUZA, 2002).
Essa caracterização desencadeia, conforme Garganta (1997), um ambiente de
elevada variabilidade, imprevisibilidade e aleatoriedade das ações, no qual as equipes em
confronto, disputando objetivos comuns, lutam para gerir em proveito próprio, o tempo e o
espaço, realizando em cada momento, ações reversíveis de sinal contrário (ataque –
defesa) alicerçadas em relações de oposição – cooperação.
Assim sendo, o processo de ensino-aprendizagem-treinamento (E-A-T) para o
Futsal deve permitir ao praticante o aprendizado de conteúdos técnicos-táticos diversos
que subsidiam a atuação dos jogadores, para atuar nesse ambiente. Deve também,
fornecer um amplo acervo motor – capacidade técnica – aliado a uma boa capacidade de
tomada de decisão – capacidade tática (GRECO; BENDA, 1998).
Por isso, considerando a necessidade de uma adequada tomada de decisão
para resolver os problemas em forma de situações de jogo e a necessidade de concretizar
essas intenções, por meio de uma ação motora, os métodos são abordados na literatura,
geralmente, a partir da ênfase a um desses componentes (técnico e tático).
De modo, então, a simplificar uma série de denominações diferentes em relação
aos métodos citados na literatura específica, estaremos classificando-os como centrados
na técnica e métodos centrados na tática, para apresentar suas características, vantagens
e desvantagens.
a) Métodos centrados na técnica:
Neste grupo poderemos considerar os métodos e/ou modelos: analítico,
tecnicista, linear, série de exercícios, etc. De modo geral, conforme Durães et al (2014),
seguem abaixo suas características, vantagens e desvantagens.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
107

 Características: baseiam-se nos princípios da simplicidade, da análise e de


progressividade; privilegia a montagem e remontagem dos gestos técnicos
elementares para posterior transferência às situações de jogo. Nestes modelos, a
aprendizagem do gesto técnico (chute a gol, passe, domínio e condução de bola,
etc) é tido como a base para a participação efetiva do aluno no jogo de Futsal. Assim,
os treinos transcorrem a partir da repetição de séries de exercícios relacionados ao
gesto técnico específico, e seguem um momento de junção dos conteúdos
aprendidos para o jogo formal (em forma de “coletivo”).
 Vantagens: possibilidade de domínio da técnica e a facilidade de organização da
treino (sessão), pois a literatura aborda inúmeras atividades (educativos).
 Desvantagens: os problemas são nítidos na hora do jogo, pela dificuldade de
transferência para o contexto-alvo. Assim sendo, quando a criança procura transpor
para as ações de jogo, é sobrecarregada pela quantidade de tarefas de percepção
e tomadas de decisão.

b) Métodos centrados na tática:


Neste grupo, poderíamos considerar os métodos e/ou modelos: situacional,
estruturalista, pequenos jogos, jogos adaptados, jogos condicionais, jogos para
desenvolver a inteligência tática, Escola da Bola (KROGER; ROTH, 2002) e a Iniciação
Esportiva Universal (GRECO; BENDA, 1998).
Segundo Durães et al (2014), seguem características, vantagens e
desvantagens:
 Características: realização de modificações estruturais no jogo, que reduzem a sua
complexidade (simplificação de regras, número de jogadores, modificação no
espaço de jogo, etc), conservando os objetivos e elementos essenciais do jogo.
Ações técnicas e táticas são compreendidas desde o início do processo de ensino-
aprendizagem. Os treinos transcorrem a partir da utilização de jogos reduzidos, jogos
para desenvolver a inteligência tática e estruturas funcionais (3x2, 3x3, 3x3+1).
 Vantagens: há a simplificação da estrutura complexa do jogo a níveis que não
desvirtuem a sua natureza fundamental. Transformam o jogo numa escala
assimilável para os praticantes, abordando as estruturas funcionais, onde a

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
108

aprendizagem é referenciada a princípios de ação e regras de gestão do jogo. Uma


grande vantagem é jogar desde o princípio.
 Desvantagens: é o fato do processo ensino-aprendizagem tornar-se mais lento;
sistematizar as atividades depende da “experiência de ensinar” do profissional em
identificar quais situações de jogo são mais frequentes para elaborar as atividades.
Concluindo, as características da dinâmica do jogo de futsal, bem como dos
métodos de ensino são fundamentais para uma escolha adotada, procurando formar um
jogador de futsal consciente, autônomo e comprometido com o seu processo de formação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DURAES, G. M. ; SOUZA, P. R. C.; PRAÇA, G. M. . Métodos de Ensino-Aprendizagem-


Treinamento no Futsal. In: DURAES, G. M.; SOUZA, P. R. C. Metodologia do Futsal. 1.
ed. Montes Claros: Editora Unimontes, 2014.

GARGANTA, J. M. Modelação táctica do jogo de Futebol: Estudo da organização da


fase ofensiva em equipas de alto rendimento. 1997. p.292. Tese (Doutoramento em
Ciências do Desporto). Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, Porto, 1997.

GRECO, P. J.; BENDA, R. N. Iniciação Esportiva Universal. Belo Horizonte: UFMG, 1998.

KROGER, C.; ROTH, K. Escola da bola: um ABC para iniciantes nos jogos esportivos.
São Paulo: Phorte, 2002.

SOUZA, P. R. C. Validação de Teste para Avaliar a Capacidade de Tomada de Decisão


e o Conhecimento Declarativo em Situações de Ataque no Futsal. 2002. P144.
Dissertação (Mestrado em Educação Fisica). Universidade Federal de Minas Gerais, 2002.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO ESPORTIVO EM JOGOS DESPORTIVOS:


ESTUDO DE CASO DAS EQUIPES DE ESPORTES COLETIVOS DO MINAS TÊNIS
CLUBE

Sergio Luis Falci de Carvalho


Departamento de Integração das Ciências do Esporte do Minas Tênis Clube
Faculdade de Educação Física da Universidade de Itaúna
Marcelo Luís Rodrigues Costa Junior
Departamento de Integração das Ciências do Esporte do Minas Tênis Clube
sergiofalci@minastc.com.br

Introdução
As questões relacionadas à avaliação do desempenho em jogos desportivos têm
sido amplamente investigadas pelos estudos das ciências do esporte e também
amplamente utilizado no esporte de alto rendimento.
O avançado estágio do conhecimento científico permite prever uma série de novos
caminhos para melhorar o desempenho do atleta, existindo, portanto, uma estratégia
completa para melhorar o desempenho esportivo, que não se restringe a apenas controlar
as capacidades motoras específicas de cada modalidade, mas também conhecer o
comportamento de atletas e equipes durante os jogos.
A Ciência do Esporte foi implantada no Minas Tênis Clube (MTC) em 2007 e foi o
primeiro clube de esportes especializados a criar uma área para apoio científico e de
tecnologia esportiva. Uma das primeiras ações foi criar uma estrutura que integrasse todos
os profissionais das ciências do esporte (técnicos, auxiliares técnicos, preparadores físicos
e os profissionais da saúde) com o objetivo de atuar e dar suporte aos atletas e equipes
esportivas no desenvolvimento pleno do atleta, baseando-se em parâmetros científicos.
Essa estrutura levou o nome de Núcleo de Integração das Ciências do Esporte (NICE).
Uma demanda da área técnica foi utilizar de recursos tecnológicos para melhorar o
controle dos aspectos físicos, técnicos e táticos intervenientes durante os jogos desportivos.
A análise do jogo é uma estratégia bastante utilizada por treinadores com o objetivo de
estudar as equipes esportivas técnico-taticamente de maneira quantitativa e/ou qualitativa.
(Santa Cruz, Ricardo Alexandre Rodrigues; Vespasiano, Bruno de Souza; Oliveira, Ramon
Martins; Pellegrinotti, Idico Luiz, 2013)

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
110

Apesar de estatísticas já serem levantadas em várias modalidades esportivas, de


diversas maneiras, a área de Ciência do Esporte no MTC buscou por tecnologias esportivas
que possibilitassem a obtenção, análise e disponibilização de informações sobre técnica e
tática do jogo, que convergissem para um mapeamento estatístico da participação dos
jogadores e das equipes.
Além da utilização de recursos tecnológicos para a coleta e armazenamento das
informações, a tarefa da análise do jogo exige a interação do observador, que precisa ter
conhecimento pleno do esporte em questão para prover informações precisas sobre o jogo
para treinadores e atletas. Partiu daí a exigência da presença de um profissional dedicado
ao trabalho de análise estatística de jogo.

Análise quantitativa dos jogos


Independentemente do nível de rendimento de uma equipe sempre há preocupação
em se saber mais sobre os atletas e como eles se comportam durante a competição. Neste
sentido pode-se citar a necessidade de conhecimento da capacidade física, técnica e tática
de um atleta ou equipe. Além do conhecimento destas capacidades, os estudos estão
preocupados em determinar como as equipes se comportam taticamente e como uma
equipe se organiza mediante as várias situações que ocorrem durante o jogo.
A análise do jogo ajuda a conhecer as características, regularidades e
particularidades dos comportamentos dos jogadores e das equipes (Marcelino R, Sampaio
J, Mesquita I, 2011). A preparação de uma equipe acontece a partir das necessidades da
competição. A partir das informações obtidas pode-se conhecer a eficiência dos jogadores
e das equipes em diferentes situações (Garganta, Júlio, 2001).
Garganta (2001) aponta que a análise do desempenho nos jogos coletivos tem
permitido, entre outros pontos, conhecer os comportamentos relacionados ao bom
desempenho esportivo e consequentemente, tornar o treino mais específico.
O levantamento estatístico quantitativo predomina nas análises. Os movimentos são
agrupados em categorias e por frequência de ocorrência.
Com o levantamento estatístico pronto é necessário interpretar os dados. Apesar dos
benefícios deste tipo de tratamento, as ações nos jogos coletivos dependem de um
contexto. As interpretações passaram a ser realizadas levando em consideração esse

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
111

contexto no qual foram obtidas (momento do jogo, funções dos jogadores, placar do jogo,
característica do adversário, etc.).
A tecnologia contribui com este processo. Da antiga coleta de dados com papel e
caneta até alguns procedimentos atuais com programas específicos de análise de jogo
(scout), muito tem sido feito. A tecnologia acelera a obtenção dos dados que podem ser
interpretados em tempo real. O movimento humano é multiplanar, a movimentação dos
jogadores é praticamente ilimitada e os jogos são não lineares.

Tecnologias Esportivas
Para maior fidedignidade dos dados das análises, equipamentos tecnológicos são
utilizados em todos os processos. Equipamentos para registro de vídeo de jogos,
programas de computador que registrem as ações técnicas e táticas e que permitem gerar
dados estatísticos com detalhes sobre os jogos, além de disponibilizar através de um banco
de dados histórico e interativo, permitindo acompanhar tendências e fazer comparações de
desempenhos.
A escolha dos equipamentos pode depender do orçamento disponibilizado.
Equipamentos mais atualizados e com melhores recursos, reduzem o tempo para análise
e entrega dos dados, bem como podem realizar em tempo real a análise dos jogos. No
entanto, equipamentos mais simples também realizam de forma satisfatória a análise de
desempenho. Equipamentos básicos necessários são: filmadora para registro das imagens
do jogo, computador portátil com um programa de análise estatística, e um sistema de
armazenamento para montagem de um banco de dados com informações relativas a atletas
e equipes.
Muitas empresas desenvolvem programa de análise que podem ser específicos para
cada esporte ou “genéricos”, que permitem a configuração da entrada de dados de acordo
com a necessidade do esporte ou preferencias de treinadores. Os dados e sua visualização
podem ser personalizados de acordo com as necessidades. A vantagem dos programas
específicos são que eles permitem a digitação de dados de acordo com a modalidade,
permitindo uma análise comum ao esporte, bem como permitem a colaboração e
compartilhamento de informações entre equipes.

Perfil do profissional no Minas Tênis Clube

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
112

Considerando-se a necessidade de atender às demandas de cada modalidade


esportiva do MTC, os departamentos esportivos podem contar com um profissional
dedicado à função de análise de desempenho esportivo, o Estatístico. Para este cargo foi
traçado um perfil do qual torna-se primordial a experiência na área de Educação Física e
Esportes, com experiência na modalidade específica (conhecimento técnico e tático),
habituado com tecnologias e informática e domínio em ferramentas de edição, planilhas.
Com esse perfil a prática estruturada leva o profissional a aprimorar a entrada de
dados (digitação) facilitando a análise e provendo treinadores e atletas de informações em
tempo real. O suporte técnico desses programas sugere um tempo de experiência de cerca
de 1000 horas para se atingir a expertise no trabalho digitação e análise das informações.

O caso do Voleibol
No voleibol a análise é realizada a partir das ações técnicas dos atletas e
consequentemente as ações táticas que são demandadas e/ou utilizadas. No
comportamento tático, as transições de defesa para ataque/contra-ataque são analisadas
para suprir de informações e facilitar a tomada de decisão de treinadores e atletas durante
os jogos.
O programa utilizado pelas equipes de voleibol sincroniza os registros das ações
técnicas e táticas com o vídeo do jogo, permitindo visualizar a informação da análise
estatística com o momento em que aconteceu no jogo. A visualização é imediata bastando
selecionar a ação desejada. A entrada dos dados replica as ações do jogo em sequência e
as ações são distribuídas automaticamente entre as equipes. Para isso é necessário entrar
com dados de ação e seu tipo, atleta que realizou a ação, direção da ação e qualidade
desta ação (valor). A Figura 1 mostra o relatório final de um jogo da equipe masculina de
voleibol do MTC. O relatório do adversário tem a mesma estrutura.

O caso do Basquete
Os profissionais da modalidade Basquete utilizam um programa disponibilizado pela
Liga Nacional a todas as equipes. Com isso as informações são uniformizadas, com
obrigação do clube mandante do jogo disponibilizar “nas nuvens” o arquivo de vídeo do jogo
para acesso de todas as equipes da competição. São coletados dados de quem executa a
ação, como e qual tipo de ação, onde foi realizada e quando foi realizada.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Figura 1 – Relatório final de jogo emitido por programa de estatística, específico para
voleibol.

Em relação ao desempenho técnico de um atleta ou de uma equipe o objetivo é


determinar o nível de suas ações, a execução dos fundamentos e a eficiência dessa
execução, quantificando a ação através de uma determinada mensuração. Já do ponto de
vista tático, analisam-se as situações desenvolvidas por pequenos grupos ou por toda a
equipe, a partir de padrões pré-definidos (plano tático de jogo) tanto na defesa, quanto no
ataque (ROSE JUNIOR, Dante; GASPAR, Alexandre; SINISCALCHI, Marcello, 2002).
Em comum com a análise do voleibol, o programa permite a sincronização da análise
estatística com o arquivo em vídeo, facilitando a visualização da ação estudada com o
momento do jogo.

O caso do Futsal
No futsal são analisados os fundamentos técnicos individuais divididos em jogadores
da linha e o goleiro. As seguintes características são observadas:
 Passes: Certos e errados: trajetória, objetivo, direção e resultado final;
 Desarmes: nessa variável foram observados os desarmes totais;
 Chutes – nessa variável foram observados todos os chutes:
a) Gol – quando a bola ultrapassa, entre as traves, por completo a linha de meta;

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b) Defesa do goleiro – quando o goleiro toca na bola, após uma finalização;


c) Trave – quando a bola toca a trave ou o travessão após uma finalização;
d) Fora – quando a bola não atinge a área de meta (gol) após uma finalização.
Com as regras atuais do futsal que permite número ilimitado de substituições, o jogo
tornou-se altamente veloz, exigindo jogadores polivalentes, com uma elevada capacidade
e rapidez de decisão. Por esse motivo a equipe de futsal do MTC também realiza a
estatística do tempo de permanência do atleta em jogo, e de acordo com a estatística,
permite a tomada de decisão do treinador quanto às necessárias substituições durante a
partida.

Conclusão
As análises estatísticas do desempenho esportivo das equipes de esportes coletivos
do MTC são realizadas de acordo com parâmetros científicos na forma quantitativa, mas
estão em constante desenvolvimento. Atualmente procura-se melhorar o entendimento da
frequência das ações técnicas e táticas dentro do contexto do jogo. Os estudos atuais
pretendem conhecer a tática mais eficaz, o comportamento ideal ou comum em
determinadas situações.
A estrutura organizacional do esporte no MTC permite a troca de informações entre
equipes e modalidades, trazendo novas ideias de interpretação de dados para definição de
processos de treinamento de estratégias de organização técnico-tática de uma equipe.

REFERÊNCIAS:

MARCELINO, Rui; SAMPAIO, Jaime; MESQUITA, Isabel. Investigação centrada na análise


do jogo: da modelação estática à modelação dinâmica. Revista Portuguesa de Ciências
do Desporto. Vol.1:125-152, 2011.

GARGANTA, Júlio. A análise da performance nos jogos desportivos. Revisão acerca da


análise do jogo. Revista Portuguesa de Ciências do desporto. Vol.1:57-64, 2001,.

SANTA CRUZ, Ricardo Alexandre Rodrigues; VESPASIANO, Bruno de Souza; OLIVEIRA,


Ramon Martins; PELLEGRINOTTI, Idico Luiz. Quantificação dos aspectos técnicos de uma

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115

equipe de futsal durante uma competição oficial. Rev. Acta Brasileira do Movimento
Humano. Vol.3, n.4, p.57-67 – Out/Dez, 2013 – ISSN 2238-2259

ROSE JUNIOR, Dante; GASPAR, Alexandre; SINISCALCHI, Marcello. Análise estatística


do desempenho técnico coletivo no basquetebol. Lecturas Educación Física y Deportes,
Revista Digital, Buenos Aires, v.8, n. 49, junho de 2002
< http://www.efdeportes.com/efd49/estatis.htm>. Acessado em 21/10/2015

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A DIFERENÇA DO TIPO DE JOGO PRATICADO NO VOLEIBOL JUVENIL


MASCULINO E FEMININO
Gustavo De Conti Teixeira Costa - UFMG
Introdução
O voleibol apresenta diferentes exigências competitivas, individuais e coletivas,
nomeadamente no que se refere à eficácia dos diferentes tipos de ação. (Palao et al., 2009).
Numerosos estudos de análise de jogo foram realizados no intuito de conhecer a dinâmica
do jogo de voleibol (Araujo et al., 2009; Drikos et al., 2009), contudo poucos estudos
realizaram a comparação entre os naipes masculino e feminino (Palao et al., 2009).
O objetivo do presente estudo foi analisar as diferenças existentes entre o jogo
praticado no voleibol juvenil feminino e masculino de alto rendimento, tendo por referência
o complexo de jogo, tipo de saque, tempo de ataque, tipo de ataque e efeito do ataque.
Método
Amostra
O presente estudo teve como amostra, um conjunto de seleções nacionais presentes
no Campeonato Mundial Juvenil Masculino de 2007 e no Campeonato Mundial Feminino
de 2007. Recorreu-se à observação de dezenove jogos, sendo onze jogos relativos à
categoria Masculina e oito jogos referentes à categoria Feminina, obtendo um total de 1816
ações de saque e 1914 ações de ataque.
Variáveis do estudo e instrumentos
Complexo de jogo
Para a variável complexo de jogo adotou-se as propostas de Eom e Schutz
1992a, 1992b, obtendo-se as seguintes categorias:
1. side-out: complexo de jogo compreendido pelas ações de recepção, levantamento e
ataque.
2. Transição: complexo de jogo compreendido pelas ações de saque, bloqueio, defesa e
contra-ataque.

Tipo de saque
Para a avaliação do tipo de saque baseamos na proposta de Palao et al. (2009),
distinguindo-se segundo o contato dos apoios com o solo (apoio ou suspensão) e de acordo

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117

com as características da trajetória da bola e intenção tática (potente, flutuante, colocado).


Desta forma, obtemos as seguintes categorias:
 Saque suspensão potente;
 Saque suspensão colocado;
 Saque flutuante suspensão tenso;
 Saque flutuante suspensão colocado;
 Saque em apoio.
Efeito do ataque
O instrumento de observação aplicado na avaliação do efeito do ataque foi uma
adaptação de Eom e Schutz (1992a). Desta forma, as categorias de análise seguem na
tabela abaixo.

Tabela 1 – Categorias e escalas de avaliação do efeito do ataque

Escala Efeito do ataque


0 Erro do atacante
1 Erro do atacante decorrente do bloqueio adversário
2 Continuidade – defesa com contra-ataque organizado
3 Continuidade - Rebatida pelo bloqueio para a equipe adversária
4 Continuidade – Defesa sem contra-ataque organizado
5 Ponto de ataque

Tempo de Ataque
Para a classificação dos tempos de ataque adotou-se os critérios utilizados por
Selinger (1986): 1º tempo de ataque: o atacante contata a bola logo após o levantador a
soltar; 2º tempo de ataque: o atacante sai para o ataque quando a bola chega às mãos do
levantador; 3º tempo de ataque: o atacante sai para o ataque quando a bola chega ao ponto
mais alto da trajetória ascendente depois de sair das mãos do levantador.

Tipo de ataque realizado


Para a variável tipo de ataque foi utilizou-se o instrumento de análise de Costa et al.
(2011), diferenciando o ataque forte do colocado, obtendo as seguintes categorias:
Ataque forte: o batimento na bola é forte na trajetória descendente;

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Ataque colocado: a trajetória da bola é ascendente.


Análise de dados
Recorreu-se à estatística descritiva para determinar freqüências e percentagens de
ocorrência de cada variável. No sentido de averiguar a possível existência de determinantes
do efeito do ataque, foi realizada a regressão logística multinomial. Utilizou-se do SPPS
17.0 para windows na análise de dados.
RESULTADOS
A tabela 2 apresenta os resultados de possíveis diferenças entre o jogo praticado no
voleibol juvenil feminino e masculino, bem como as freqüências e respectivas percentagens
de ocorrência.

Tabela 2 – Fatores preditores da diferença do jogo praticado


Masculino Feminino
Variáveis de jogo OR Bruto OR Ajustado P
(%) (%)
Feminino a
Complexo de jogo
Side-out 55,3% 44,7% 0,75 0,89 0,27
Transição b 48,2% 51,8%
Saque
Saque susp. Potente 76,8% 23,2% 0,042 0,047 <0,001
Saque susp. Colocado 72,6% 27,4% 0,052 0,049 <0,001
Saque flut. susp. Tenso 44,8% 55,2% 0,15 0,16 <0,001
Saque flut. susp. coloc. 64,2% 35,8% 0,077 0,081 <0,001
Saque em apoio b 12,1% 87,9%
Tempo de ataque
1º tempo 59,4% 40,6% 0,55 0,41 <0,001
2º tempo 58,7% 41,3% 0,56 0,43 <0,001
3º tempo b 44,5% 55,5%
Tipo de ataque
Potente 54,7% 45,3% 0,57 0,50 <0,001
Colocado b 40,9% 59,1%
Efeito do ataque
Efeito 0 49,8% 50,2% 1,41 0,93 0,76
Efeito 1 54,9% 45,1% 1,15 0,75 0,25
Efeito 2 50,2% 49,8% 1,39 0,77 0,33
Efeito 3 37,7% 62,3% 2,31 1,37 0,27
Efeito 4 49,6% 50,4% 1,42 0,89 0,49
Efeito 5 b 58,3% 41,7%
a
Categoria de referência da variável resposta
b
Categoria de referência da variável explicativa

DISCUSSÃO
O presente estudo teve por objetivo analisar as possíveis diferenças do jogo
praticado no âmbito do voleibol juvenil de alto rendimento masculino e feminino, tendo como

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referência o complexo de jogo, o tipo de saque, o tempo de ataque, o tipo de ataque e o


efeito do ataque.
No que concerne às possíveis diferenciações do tipo de jogo praticado, evidenciou-
se como fatores preditores da diferenças o tipo de saque realizado, o tempo de ataque e o
tipo de ataque, enquanto que o complexo de jogo e o efeito do ataque não se mostraram
como variáveis preditoras desta diferenciação.
O fato do tipo de saque ter sido determinante da diferenciação do jogo praticado
evidenciou que no voleibol masculino recorreu-se à maior utilização do saque em
suspensão, enquanto que o saque em apoio encontrou-se associado ao Feminino. Estes
dados se assemelham as tendências encontradas no estudo de Zetou et al. 2006, que ao
analisarem trinta e oito jogos de voleibol masculino adulto das Olimpíadas perceberam que
a agressividade do saque está correlacionada com a conquista do ponto.
Ao analisar a velocidade do ataque, percebeu-se que o voleibol masculino associou-
se aos ataques de 1º e 2º tempo, enquanto que o feminino aos ataques de 3º tempo,
verificando que devido às realidades diferentes, joga-se com mais velocidade no masculino
devido à maior agressividade ofensiva e defensiva, nomeadamente, ao nível do ataque e
do bloqueio. Asterious et al. (2009), ao analisarem quinze jogos da World League 2006,
através do método de regressão stepwise, perceberam que o levantamento de bolas
rápidas constitui-se como fator preditor para a vitória no jogo, evidenciando que o jogo mais
rápido cria vantagens ao sistema ofensivo.
No que se refere ao tipo de ataque, observou-se que no voleibol masculino
encontrou-se associado ao ataque potente, enquanto que o ataque colocado associou-se
ao Feminino. Estes resultados corroboram o estudo de Rocha e Barbanti (2004) que
analisaram vinte jogos de voleibol masculino adulto e perceberam que a chance de ocorrer
um ataque que permitisse a continuidade do jogo foi menor quando a bola foi atacada
diretamente para a quadra, regularmente concretizado pelo ataque forte; pelo contrário, a
prevalência do efeito continuidade aumentou, quanto o ataque foi colocado.

Referências Bibliográficas
ARAÚJO, R.; MESQUITA, I.; MARCELINO, R. Relationship between Block Constraints and
set outcome in Elite Male Volleyball. International Journal of Performance Analysis of
Sport, v.9, n.3, p.306-313. 2009.

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ASTERIOS, P., KOSTANTINOS, C., ATHANASIOS, M.; DIMITRIOS, K. Comparison of


technical skills effectiveness of men’s national volleyball teams. International Journal of
Performance Analysis in Sport, v.9, n.1, p.1-7. 2009.
COSTA, G.; FERREIRA, N.; JUNQUEIRA, G.; AFONSO, J.; MESQUITA, I. Determinants of
attack tactics in Youth male elite volleyball. International Journal of Performance
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DRIKOS, S.; KOUNTOURIS, P.; LAIOS, A.; LAIOS, Y. Correlates of Team Performance in
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EOM, H.J.; SCHUTZ, R.W. Statistical analysis of volleyball team performance. Research
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EOM, H.J.; SCHUTZ, R.W. Transition play in team performance of volleyball: A log linear
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PALAO, J.M.; MANZANARES; ORTEGA, E.Techniques used and efficacy of volleyball skills
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SELLINGER, A. (1986). Aire Selinger’s Power Volleyball. A. Sellinger e J. Ackermann-
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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A IMPORTÂNCIA DE MÚLTIPLAS VIVÊNCIAS PARA A FORMAÇÃO DE


TREINADORES DE HANDEBOL
Rafael Pombo Menezes – EEFERP/USP
E-mail: rafaelpombo@usp.br

INTRODUÇÃO: Partindo do princípio que o rendimento dos jogadores e das equipes de


handebol é um fenômeno multifatorial, dependente do desenvolvimento de múltiplas
competências de cunho individual, grupal e coletivo, não é de se espantar com a
responsabilidade das tarefas designadas aos treinadores.
Os treinadores desempenham um papel importante a partir de um trabalho
extremamente complexo, para o qual necessitam desenvolver uma base de conhecimento
que deve incluir, dentre outros, os aspectos específicos do esporte em questão e a
capacidade de liderança (WERTHNER; TRUDEL, 2006). Nunomura, Carbinatto e Carrara
(2013) sugerem a necessidade de grande conhecimento especializado do treinador na
medida em que se aproxima do alto nível de rendimento. Isto posto, este trabalho versa
sobre a necessidade de uma reflexão sobre as vivências e os saberes envolvidos no
processo de formação dos treinadores de handebol.

CONHECIMENTO TÉCNICO, CONHECIMENTO ACADÊMICO E APRENDIZAGENS: É


importante destacar que os treinadores, no seu dia a dia de treinamentos e competições,
possuem contatos com diferentes formas de aprendizagem dos conteúdos específicos do
handebol. Para Werthner e Trudel (2006) a aprendizagem deve ser vista como um processo
de mudança de concepções (referentes à estrutura cognitiva) e não simplesmente ao
acúmulo de conhecimentos de diferentes formas.
Werthner e Trudel (2006) descrevem que há dois importantes tipos de
aprendizagem: mediada e não mediada. Na primeira, que envolve os cursos de treinamento
formais, o aprendizado é dirigido por outra pessoa; já na segunda não há
instrutor/professor, sendo o aluno responsável por selecionar aquilo que irá aprender. Esta
última, segundo os autores, também devem ser consideradas como uma importante forma
de aprender, devido ao grande significado do material de aprendizagem.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
122

Outro ponto que merece destaque se refere ao fato de professores das Instituições
de Ensino Superior (IES - responsáveis por parte da construção dos saberes dos
treinadores) e de treinadores terem experiências prévias como jogadores de handebol.
Reis e Castellani (2012) buscaram levantar elementos para a caracterização do perfil
professores representantes de IES brasileiras públicas na condição de docente da disciplina
de Handebol (n=14), partindo de um questionário com 10 perguntas. Do total de docentes,
86% já foi atleta antes de se tornar docente, cujo forte vínculo desses com a modalidade
pode ser um importante contributo para a qualidade do curso. Porém os autores atentam
para o fato de que, apenas a experiência como atleta não é suficiente para garantir que um
bom curso seja oferecido, principalmente se estiver alienado do contato com a literatura e
de pesquisas atualizadas, devendo ser respaldada pela formação continuada do docente.
Em outro estudo, Reis e Castellani (2013) analisaram o perfil das disciplinas de
handebol oferecidas pelas IES brasileiras (públicas e privadas) a partir do depoimento de
seus professores. Os autores apontam que 79% dos professores entrevistados já foram
atletas de handebol antes de se dedicarem à carreira docente. Nunomura, Carbinatto e
Carrara (2013), ao entrevistarem 36 treinadores de ginástica artística (de diferentes
categorias competitivas), apresentaram divergências entre o conhecimento acadêmico e o
aperfeiçoamento técnico (específico da modalidade), em que os próprios treinadores
apontam para a necessidade de uma formação complementar (clínicas, cursos e
intercâmbios no exterior).
A partir das considerações apontadas pelos diferentes autores supracitados, e
pensando na formação de futuros treinadores de handebol, torna-se importante que ao
longo da graduação o discente possa desenvolver atividades como estágios
supervisionados, participação em cursos de extensão universitária, participação em
equipes representativas (como membro de comissão técnica ou mesmo como jogador),
para as quais é requerido um aporte teórico específico, ao passo que permite a relação com
o "campo prático", extrapolando o estigma teórico.
Olhando especificamente para os treinadores, Menezes, Madeira e Morato (2015)
identificaram e analisaram os principais aspectos apontados por seis treinadores
experientes de handebol para o processo de ensino-aprendizagem-treinamento (EAT) na
categoria sub-14, destacando: a noção espacial da quadra, a continuidade do jogo ofensivo,
o desenvolvimento dos elementos técnicos e técnico-táticos, o desenvolvimento das

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
123

capacidades de jogo (como percepção, atenção, antecipação e tomada de decisão) e os


diferentes sistemas defensivos. Os achados revelaram a importância de abordar, de
maneira a respeitar a complexidade do ambiente de jogo, os referidos temas a partir das
aulas na graduação e da integração entre discente e treinadores. Além desses aspectos,
Nunomura, Carbinatto e Carrara (2013), ao compararem a realidade de outros países com
a do Brasil (no contexto da ginástica artística), indicaram que no nosso país a formação
profissional específica talvez seja insuficiente. Tal argumento justifica-se no aspecto de que
esses observaram práticas pouco apropriadas, como as altas cargas especializadas de
treinamento para a obtenção de resultados em curto prazo, de forma precoce.
Destaca-se, assim, a relevância das experiências no handebol ao longo da
graduação, em disciplinas que o considerem como elemento central, cujo espaço pode ser
utilizado para reflexões sobre os contextos de EAT, bem como da ideia de que esse
processo ocorra em longo prazo. Assim sendo, diferentes métodos de ensino devem ser
apresentados aos discentes de modo que, em sua futura atuação profissional, evitem
conduzir seus jogadores a práticas que configurem possíveis cenários nocivos à prática
esportiva, como a especialização esportiva precoce.
Para Reis e Castellani (2012, p.114) são os docentes quem optam pelos conteúdos
e métodos de EAT utilizados durante o curso, considerados pelos autores como aspectos
significativos para a qualidade do curso, apontando "um caminho pedagógico que
provavelmente será adotado pelos alunos quando futuramente estiverem em atividades
profissionais". Emerge, desta forma, a necessidade de constante atualização dos docentes
em relação às tendências de ensino do handebol, à análise do jogo e à proximidade com
os possíveis campos de atuação de seus alunos na especificidade da modalidade.
Cassidy, Jones e Potrac (2009) apontam que se o objetivo é aumentar o número de
participantes nos esportes (reduzindo o drop-out), fazendo com que as pessoas tenham
mais prazer praticando esportes e aumentar o desempenho dos praticantes nesses, talvez
seja tempo para investigar os métodos que têm sido dados como certos e explorar outras
possibilidades. Essa ideia reforça o argumento (e a necessidade) de maior aproximação
entre Universidade e mercado de trabalho, principalmente se o objetivo for o de investir na
formação de bons treinadores de handebol.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
124

CONSIDERAÇÕES FINAIS: Para os treinadores e pesquisadores a modelagem tática pode


ser útil por oferecer a oportunidade de identificar regularidades do jogo e características
aleatórias de eventos do jogo de acordo com o jogo ofensivo e defensivo (GARGANTA,
2009). Porém, a compreensão do cenário no qual serão desenvolvidas as competências
dos jogadores, vinculadas ou não a um modelo de jogo específico, perpassa pelo domínio
dos conhecimentos específicos pelos treinadores.
Enfatiza-se, ainda, o fato de que as situações que envolvem a aprendizagem não
mediada é limitado por aspectos como o nível dos treinadores, a capacidade de aprender
por si só, a sua abertura e a vontade de criar novas oportunidades de aprendizagem e o
fato de que os treinadores não podem olhar para obter informações sobre um tópico se eles
não sabem que ele existe (WERTHNER; TRUDEL, 2006).

REFERÊNCIAS:
CASSIDY, T.; JONES, R.; POTRAC, P. Understanding sports coaching: the social,
cultural and pedagogical foundations of coaching practice. 2nd ed. New York: Routledge,
2009.

GARGANTA, J. Trends of tactical performance analysis in team sports: bridging the gap
between research, training and competition. Revista Portuguesa Ciências do Desporto,
v.9, n.1, p.81-89, 2009.

MENEZES, R.P.; MADEIRA, M.G.; MORATO, M.P. Identification and analysis of relevant
teaching aspects for U-14 team handball from coaches’ standpoint. In: XXIX Pediatric Work
Physiology Meeting, 2015, Utrecht (Netherlands). Anais... Urecht: PWP, 2015.

NUNOMURA, M.; CARBINATTO, M.V.; CARRARA, P.D.S. Reflexão sobre a formação


profissional na ginástica artística. Pensar a Prática, v.16, n.2, p.469-483, 2013.

REIS, H.H.B.; CASTELLANI, R.M. Caracterização dos cursos de handebol nas instituições
de ensino superior públicas. Conexões, v.10, n.2, p.103-120, 2012.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
125

REIS, H.H.B.; CASTELLANI, R.M. O perfil das disciplinas de handebol das instituições de
ensino superior. Revista Kinesis, v.31, n.1, p.19-38, 2013.

WERTHNER, P.; TRUDEL, P. A new theoretical perspective for understanding how coaches
learn to coach. The Sport Psychologist, v.20, p.198-212, 2006.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
126

PERSPECTIVAS PARA O ENSINO DO HANDEBOL: DA VISÃO DO TREINADOR ÀS


PROPOSTAS PEDAGÓGICAS
Rafael Pombo Menezes – EEFERP/USP
E-mail: rafaelpombo@usp.br

INTRODUÇÃO:
Pensar e discorrer sobre o ensino do handebol no atual cenário esportivo nacional
não é uma tarefa simples. Aspectos como as diferenças regionais e os possíveis ambientes
para a prática devem ser levados em consideração e este trabalho apresenta-se como um
pequeno recorte dessa grande realidade.
Não suscita dúvidas o fato de que o cenário no qual se desenvolve o jogo de
handebol é dotado de grande complexidade, principalmente por envolver a participação
simultânea, em espaço comum, dos jogadores de ambas as equipes. Para tanto, diferentes
princípios e regras de ação ofensivas e defensivas são apontadas na tentativa de descrever
como e porque os jogadores apresentam comportamentos específicos em ambas as fases
do jogo (BAYER, 1994; GRÉHAIGNE; GODBOUT, 1995).
Ao mesmo tempo, lidar com tais princípios e regras de ação ao longo do processo
de ensino-aprendizagem-treinamento (EAT) também se constitui uma tarefa complexa,
principalmente quando consideramos as etapas iniciais desse. Assim sendo, o objetivo
deste trabalho é apresentar algumas perspectivas para o ensino do handebol, que
perpassam pela compreensão dos treinadores de diferentes temas envolvidos no processo
de EAT.

O QUE REVELAM ALGUMAS OBSERVAÇÕES EM DIFERENTES ÂMBITOS: Menezes,


Marques e Nunomura (2015) mapearam, por meio de entrevista semi-estruturada, os
métodos de ensino adotados por seis treinadores de handebol experientes da categoria
infantil (sub-14), com tempo médio de experiência profissional de 18 (± 5,9) anos. Os
treinadores apontaram preferência pelo ensino por meio de jogos (método global-funcional),
porém mencionaram o ensino baseado nas situações do jogo (método situacional), nas
habilidades técnicas (método analítico-sintético) e na combinação de diferentes métodos,
justificada pela diversidade de estímulos e pelo desenvolvimento de diferentes

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
127

capacidades. Esses destacam, ainda, uma posição referente à formação generalista dos
jogadores, evitando processos que levem à especialização esportiva precoce
(principalmente por considerar que muitos jogadores ingressam no handebol nessa faixa
etária ou mesmo após essa, como destacado por MENEZES, 2010).
Dias e Menezes (2015) investigaram (por meio de entrevista semi-estruturada) os
sistemas defensivos preconizados por oito treinadores escolares de handebol (com
experiência profissional de 13,9 ± 9,2 anos) das categorias mirim (12-14 anos) e infantil (15-
17 anos)3 de acordo com as competições escolares do Estado de SP. Os resultados
apontaram que esses adotam sistemas semelhantes em ambas as categorias, mas
distinguem-se em dois grupos: a) os que priorizam os sistemas defensivos 6:0 e 5:1; b) os
que priorizam sistemas defensivos abertos (3:3, 3:2:1) e marcação individual.
A justificativa dada pelos treinadores para priorizar os sistemas defensivos 6:0 e 5:1
são: maior compactação desses, maior segurança no sistema 6:0, diminuir o ímpeto dos
jogadores de tentar roubar a bola e, ainda, passam a impressão de que os jogadores tentam
defender mais. Já os que optam por sistemas abertos consideram importante: recuperar a
posse da bola sem um contato mais frequente, obrigar os atacantes a se esforçarem mais,
exigir atenção permanente dos defensores e desenvolver a noção do espaço e dos setores
da quadra.
É importante destacar que o processo de EAT deva ser faseado, possibilitando o
contato com conteúdos de níveis crescentes de complexidade. Dessa maneira,
compreende-se que ao longo desse processo o jogador possa vivenciar não apenas as
diferentes formas e constelações pelas quais o handebol possa se manifestar, mas outros
esportes (individuais e coletivos) que permitirão o desenvolvimento de diferentes
capacidades. Côtè, Baker e Abernethy (2007) propuseram um modelo de desenvolvimento
de participação esportiva (do inglês DMSP) no qual são apresentadas três trajetórias:
práticas variadas durante a iniciação que resultam numa continuidade em participações
recreativas ao longo da vida (o esporte como conteúdo de lazer); práticas iniciais
semelhante à trajetória anterior, mas com vistas à especialização esportiva após a
puberdade (resultando na participação no alto rendimento ou no lazer; e especialização

3
As faixas etárias observadas neste estudo se referem ao âmbito no qual os treinadores estavam inseridos
e disputavam suas competições, não apresentando relações com as idades estipuladas pela Confederação
Brasileira de Handebol.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
128

esportiva precoce. Menezes, Marques e Nunomura (2015) apontam que na categoria sub-
14 (infantil) não devam ser realizados processos de especialização esportiva, mas que seja
proporcionada a formação generalista dos jogadores, corroborando autores como Greco,
Silva e Greco (2012) e Côtè, Baker e Abernethy (2007).
Especificamente em relação ao desenvolvimento dos sistemas defensivos, é notório
o esforço e a criteriosidade de autores como Ehret et al. (2002) e Greco, Silva e Greco
(2012) para a necessidade de desenvolver a marcação individual e os sistemas defensivos
abertos em momento anterior aos demais. Esses configuram-se como pré-requisitos para
a aprendizagem dos sistemas defensivos fechados, que apresentam diferentes
problemáticas aos defensores, no que se refere principalmente ao compartilhamento de
responsabilidades. Destaca-se, ainda, que a sistematização do ensino dos aspectos
defensivos deve estar atrelada ao desenvolvimento de diferentes elementos ofensivos,
considerando que os sistemas defensivos revelam diferentes contextos (individuais, grupais
e coletivos) aos atacantes aos quais devem atender às demandas impostas.
As pesquisas supracitadas, além de contribuírem com informações e concepções
relacionadas ao pensamento dos treinadores sobre o processo de EAT em diferentes
âmbitos, outros elementos podem ser observados a partir de investigações dessa natureza,
como os conteúdos considerados mais relevantes pelos treinadores em diferentes
categorias (MADEIRA; MENEZES, 2015) ou em relação aos motivos que levam à
especialização dos goleiros (SANTOS; MENEZES, 2015).
Entendendo que o processo de EAT no handebol é complexo e de longo prazo, e
considerando que diferentes métodos de ensino podem contribuir de maneiras específicas
ao longo desse processo (MENEZES; MARQUES; NUNOMURA, 2015), deve-se atentar
para uma formação que inicialmente valorize as questões associadas ao jogo deliberado,
em detrimento da prática deliberada (CÔTÈ; BAKER; ABERNETHY, 2007).

CONCLUSÕES:
O processo de EAT deve ser constituído por uma fonte rica e variada de estímulos
que priorizem o desenvolvimento de diferentes capacidades dos jogadores (DIAS;
MENEZES, 2015; MENEZES; MARQUES; NUNOMURA, 2015). Os resultados das
diversas pesquisas apresentadas podem servir como indicativos para o processo de EAT
do handebol em âmbitos variados, possibilitando reflexões sobre os procedimentos

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
129

pedagógicos e os elementos e sistemas de jogo de maneira que possibilitem aos jogadores


desfrutar de um jogo prazeroso e desafiador.

REFERÊNCIAS:
BAYER, C. O ensino dos desportos colectivos. Lisboa: Dinalivros, 1994.

CÔTÉ, J.; BAKER, J.; ABERNETHY, B. Practice and Play in the Development of Sport
Expertise. In: EKLUND, R.; TENENBAUM, G. (eds.). Handbook of Sport Psychology, 3rd
ed. Hoboken: Wiley, 2007, p.184-202.

DIAS, M.R.T.; MENEZES, R.P. O discurso dos treinadores de handebol escolar sobre os
sistemas defensivos priorizados nas categorias mirim e infantil. In: XV Simpósio Paulista de
Educação Física / IX Congresso Internacional de Educação Física e Motricidade Humana.
Motriz, v.21, n.2, Supl.I, p.S228, 2015.

EHRET, A.; SPÄTE, D.; SCHUBERT, R.; ROTH, K. Manual de handebol: treinamento de
base para crianças e adolescentes. São Paulo: Phorte, 2002.

GRECO, P.J.; SILVA, S.A.; GRECO, F.L. O sistema de formação e treinamento esportivo
no handebol brasileiro (SFTE-HB). In: GRECO, P. J.; FERNÁNDEZ ROMERO, J.J. (Org.).
Manual de handebol: da iniciação ao alto nível. São Paulo: Phorte, 2012, p.235-250.

GRÉHAIGNE, J.F.; GODBOUT, P. Tactical knowledge in team sports from a constructivist


and cognitivist perspective. Quest, n.47, p.490-505, 1995.

MADEIRA, M.G.; MENEZES, R.P. Identificação das variáveis técnico-táticas ofensivas do


handebol na categoria infantil na visão de treinadores experientes. In: XV Simpósio Paulista
de Educação Física / IX Congresso Internacional de Educação Física e Motricidade
Humana. Motriz, v.21, n.2, Supl.I, p.S227, 2015.

MENEZES, R.P. O ensino dos sistemas defensivos do handebol: considerações


metodológicas acerca da categoria cadete. Pensar a Prática, v.13, n.1, p.1-16, 2010.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
130

MENEZES, R.P.; MARQUES, R.F.R.; NUNOMURA, M. O ensino do handebol na categoria


infantil a partir dos discursos de treinadores experientes. Movimento, v.21, n.2, p.463-477,
2015.

SANTOS, W.R.; MENEZES, R.P. Os motivos para a especialização dos goleiros de


handebol a partir dos discursos de treinadores experientes. In: XV Simpósio Paulista de
Educação Física / IX Congresso Internacional de Educação Física e Motricidade Humana.
Motriz, v.21, n.2, Supl.I, p.S238, 2015.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
131

VALIDAÇÃO DO CONTEÚDO DE ESCALAS OBSERVACIONAIS DE TÉCNICAS


MOTORAS DO VOLEIBOL: SAQUE, BLOQUEIO E DEFESA

Auro Barreiros Freire (UFMG)

Luiz Alberto Batista (UERJ)

Gustavo De Conti Teixeira Costa (UFMG).

aurobfreire@hotmail.com

Resumo

Embasados pelas informações acumuladas ao observar um atleta realizando um exercício


ou habilidade motora, os técnicos e os professores emitem opiniões e fundamentam suas
intervenções profissionais. Assim, o presente estudo teve como objetivo elaborar e validar
o conteúdo de escalas observacionais da técnica do saque flutuante com apoio, bloqueio
simples e da defesa de manchete. A elaboração da escala seguiu roteiro adaptado do
modelo proposto por Benson e Clark. Oito técnicos das categorias de base da
Confederação Brasileira de Voleibol participaram do estudo a fim de fornecer opinião acerca
da pertinência, clareza e hierarquização dos itens em função de sua influência na eficácia
da ação. O ponto de corte adotado para permanência dos itens foi de 0.80 de concordância
entre os especialistas.Todos os itens iniciais das escalas obtiveram alto índice de
concordância entre os especialistas, tanto em relação à pertinência, quanto em relação à
clareza dos mesmos. Em alguns itens houve contribuições no sentido de melhorá-los,
assim, após essas modificações todos foram validados.

Palavras chave: Voleibol, escalas observacionais e validação de conteúdo.

Introdução

O jogo de Voleibol é constituído por seis habilidades básicas que podem ser distinguidas
em dois grandes complexos, o complexo I ou side-out (recepção, levantamento e ataque)
e o complexo II ou transição (saque, bloqueio, defesa e contra-ataque) (COSTA et al.,
2010).

O ensino e o treino de técnicas motoras específicas do Voleibol demandam do responsável


pelo processo à capacidade de proceder ao melhor exame possível das execuções, levando

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
132

em consideração o processo formativo e de aperfeiçoamento das habilidades e capacidades


necessárias à prática da modalidade (COLLET et al., 2011).

Hall (2005) adverte que os técnicos e os professores embasados pelas informações


acumuladas (que se tornam escala de medida mental) ao observar um atleta realizando um
exercício ou habilidade motora, atribuem juízo de valor e fundamentam suas intervenções
profissionais (MEIRA JUNIOR, et al., 2003).

Assim, o presente estudo teve como objetivo elaborar e validar o conteúdo de escalas
observacionais de uma técnica motora de cada habilidade que compõem o complexo II,
especificamente, do saque flutuante com apoio, bloqueio simples e da defesa de manchete.
Por ser o contra-ataque realizado prioritariamente pela mesma ação motora do ataque, este
não foi objeto de estudo desta pesquisa.

Métodos

A elaboração da escala seguiu roteiro adaptado do modelo proposto por Benson e Clark.
Os pesquisadores observaram parâmetros biomecânicos cinemáticos, como: ângulos de
articulações, posição do corpo e dos segmentos no instante de contato com a bola.

Estratégia para validação de conteúdo, Oito técnicos das categorias de base da


Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), com média de experiência em formação de
atletas de 21 anos e como técnicos da CBV 12.3 anos, participaram do painel de especialistas
a fim de examinar o material e fornecer opinião acerca da pertinência, clareza e
hierarquização dos itens em função de sua influência na eficácia da ação. Validade de
conteúdo, foi realizada estatística inferencial para medir a concordância entre os
especialistas, utilizando o cálculo da porcentagem quanto a pertinência e clareza de cada
item da escala. O ponto de corte adotado para permanência foi de 0.80. Ordem das escalas,
a porcentagem de concordância inter-especialistas foi utilizada para representar
estatisticamente a ordenação dos pontos relativos às escalas observacionais a partir do
critério eficácia.

Resultados

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
133

Saque flutuante com apoio Em 5 itens (38,46%), apesar de serem considerados


pertinentes, foram sugeridas modificações. Quanto à clareza, os itens foram considerados
claros por 100% dos especialistas.

SAQUE FLUTUANTE COM APOIO: instante de contato


ATLETA NÚMERO: ______ NOTA FINAL______
Instruções:
* Assinalar com um ( X ), o item cuja imagem do vídeo ilustra integralmente sua descrição.
* Ao final de cada item, aparece uma orientação (sugestão) do melhor plano para observá-lo: Plano Frontal (PF), Plano Sagital
(PS) e imagem em Movimento (MV).

I – Contato com a bola: ( ) 3 ou ( ) 0


( ) na parte interna da mão. (PS)
( ) ligeiramente à frente da cabeça. (PS)
( ) acima da cabeça. (PS)

II – Membro superior que toca a bola: ( ) 2 ou ( ) 0


( ) ombro flexionado, com cotovelo estendido acima da altura do ombro. (PS)
( ) mão espalmada e voltada para frente. (PF)

III – A bola: ( ) 2 ou ( ) 0
( ) lateralizada em relação ao eixo central do corpo. (PF)
( ) na direção do membro que a golpeia. (PF)

IV Tronco: ( ) 1 ou ( ) 0
( ) ereto ou em ligeira flexão. (PS)

V - Pés: ( ) 1 ou ( ) 0
( ) em contato com o solo e paralelos em boa base (distância entre os pés próxima à largura dos quadris). (PF)
( ) pé, contrário a mão que golpeia a bola, voltado para dentro da quadra. (PF)

VI - Joelhos: ( ) 1 ou ( ) 0
( ) estendidos. (PS)

Bloqueio simples ofensivo Em 5 itens (62,5%), apesar de serem considerados pertinentes,


foram sugeridas modificações. Quanto à clareza, 10 itens foram considerados claros por
100% dos especialistas. 1 item (7.6%), apesar de ser considerado pertinente, foi sugerida
modificação. 3 itens obtiveram 87.5% de concordância e também permaneceram na escala.

BLOQUEIO OFENSIVO SIMPLES: instante de contato


ATLETA NÚMERO: ______ NOTA FINAL______
Instruções:
* Assinalar com um ( X ), o item cuja imagem do vídeo ilustra integralmente sua descrição.
* Ao final de cada item, aparece uma orientação (sugestão) do melhor plano para observá-lo: Plano Frontal (PF), Plano Sagital
(PS) e imagem em Movimento (MV).

I – Membros superiores: ( ) 3 ou ( ) 0
( ) ombros flexionados, com cotovelos estendidos acima da altura dos ombros. (PS)
( ) paralelos, distantes, próximo à largura dos ombros. (PF)
( ) mãos espalmadas e dedos abduzidos. (PF)

II - Contato com a bola: ( ) 2 ou ( ) 0


( ) parte interna das mãos ou antebraços. (PS)
( ) à frente do rosto. (PS)

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
134

( ) acima da cabeça. (PS)


( ) no espaço aéreo adversário. (PS/MV)

III –A bola: ( ) 2 ou ( ) 0
( ) centralizada em relação ao eixo central do corpo. (PF)

IV -Tronco: ( ) 1 ou ( ) 0
( ) ereto ou em ligeira flexão. (PS)

V -Joelhos: ( ) 1 ou ( ) 0
( ) estendidos. (PS)

VI - Pés: ( ) 1 ou ( ) 0
( ) flexão plantar. (PS)
( ) paralelos, distantes, próximo à largura dos quadris. (PF)

Defesa de manchete Em 4 itens (28,5%) foram sugeridas modificações. 4 itens obtiveram


87.5% de concordância e também permaneceram na escala. Quanto à clareza, 12 itens
foram considerados claros por 100% dos especialistas. 2 obtiveram 87.5% de concordância
e também permaneceram na escala. Assim, em função de uma nova redação, a versão final
ficou com 11 itens.

DEFESA DE MANCHETE: instante de contato


ATLETA NÚMERO: ______ NOTA FINAL______
Instruções:
* Assinalar com um ( X ), o item cuja imagem do vídeo ilustra integralmente sua descrição.
* Ao final de cada item, aparece uma orientação (sugestão) do melhor plano para observá-lo: Plano Frontal (PF), Plano Sagital
(PS) e Imagem em Movimento (MV).

I – contato com a bola: ( ) 3 ou ( ) 0


( ) antebraços. (PS)
( ) à frente do tronco. (PS)
( ) próxima à altura dos quadris e/ou abdome. (PS)

II –membros superiores: ( ) 2 ou ( ) 0
( ) ombros semi-flexionados. (PS)
( ) cotovelos estendidos. (PS)
( ) mãos unidas. (PF)

III A bola: ( ) 2 ou ( ) 0
( ) centralizada em relação ao eixo central do corpo. (PF)

IV - Tronco : ( ) 1 ou ( ) 0
( ) semi-flexionado. (PS)

V Joelhos: ( ) 1 ou ( ) 0
( ) semi-flexionados, altura dos quadris acima da altura dos joelhos. (PS)

VI - Pés: ( ) 1 ou ( ) 0
( ) em contato com o solo e paralelos. Distância entre eles ligeiramente maior do que a largura dos quadris, de forma a não comprometer
um imediato deslocamento. (PF)
( ) antepostos, pé esquerdo à frente. (PS)

Conclusão

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
135

Todos os itens iniciais das escalas obtiveram alto índice de concordância entre os
especialistas, tanto em relação à pertinência, quanto em relação à clareza dos mesmos.
Em alguns, houve contribuições no sentido de melhorá-los, assim, após essas modificações
todos foram validados.

Referências

BENSON J, CLARK F. A guide for instrument development and validation. The American
Journal of Occupational Therapy, 36, 12, p. 789 - 800, 1982.

COLLET et al. Construção e validação do instrumento de avaliação do desempenho


técnico-tático no voleibol. Revista brasileira de cineantropometria e desempenho
humano. v. 3, 43 - p. 51, 2011.

COSTA et al. Estudo de determinantes tácticas da eficácia do ataque no voleibol feminino


juvenil de elevado nível de rendimento no side-out e na transição. Revista portuguesa de
ciências do desporto. v. 2, 33 - p. 46, 2010.

HALL, S. J. Biomecânica Básica. Rio de Janeiro: Guanabara, 2005.


MEIRA JUNIOR, et al., Validação de uma lista de checagem para análise qualitativa do
saque do voleibol. Motriz. v.9, p. 153 - 160, 2003

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
136

VALIDAÇÃO DO CONTEÚDO DE ESCALAS OBSERVACIONAIS DE TÉCNICAS


MOTORAS DO VOLEIBOL: RECEPÇÃO, LEVANTAMENTO e ATAQUE.

Auro Barreiros Freire(UFMG)

Luiz Alberto Batista (UERJ)

Gustavo De Conti Teixeira Costa (UFMG)

aurobfreire@hotmail.com

Resumo

A competência profissional de Educação Física depende, em parte, da precisão de suas


análises. Para tanto, o presente estudo teve como escopo elaborar e validar escalas
observacionais para as principais técnicas utilizadas nas ações de recepção, levantamento
e ataque do voleibol. A elaboração da escala seguiu roteiro adaptado do modelo proposto
por Benson e Clark. Oito técnicos das categorias de base da Confederação Brasileira de
Voleibol participaram do estudo a fim de fornecer opinião acerca da pertinência, clareza e
hierarquização dos itens em função de sua influência na eficácia da ação. O ponto de corte
adotado para permanência dos itens foi de 0.80 de concordância entre os
especialistas.Todos os itens iniciais das escalas obtiveram alto índice de concordância
entre os especialistas, tanto em relação à pertinência, quanto em relação à clareza dos
mesmos. Em alguns itens houve contribuições no sentido de melhorá-los, assim, após
essas modificações todos foram validados.

Palavras chave: Voleibol, escalas observacionais e validação de conteúdo.

Introdução

É comum que professores de Educação Física e técnicos esportivos se deparem com a


necessidade de avaliarem qualitativamente a execução de um exercício ou habilidade
motora, bem como, sugerirem soluções objetivando contribuir com o processo formativo e
o progresso dos jogadores (COLLET et al., 2011). Assim, é imperativo que desenvolvam a
capacidade de fazê-lo, pois a competência profissional depende, em parte, da precisão de
suas análises (HAY E REID, 1985).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
137

Morrow et al. (2003) esclarecem que a análise do desempenho humano tem como objetivos
principais o selecionar (capacidade de um teste de discriminar distintos níveis de
capacidade e permitir assim que se façam escolhas), o classificar (reunir as pessoas em
grupos nos quais elas melhor se adaptam) e o diagnosticar (determinar as deficiências de
uma pessoa a partir de testes que são validamente relacionados ao desempenho), sendo
os resultados provenientes deste último objetivo, utilizados em programas de ensino ou
treino esportivo, como base informativa para nortear o processo de decisão implicado.
Assim, tornar objetiva uma técnica de medida qualitativa deve ser a função de escalas
observacionais (MEIRA JUNIOR, et al., 2003).

Considerando as habilidades que compõem as ações do complexo I ou side-out do jogo de


voleibol, o presente estudo teve como escopo elaborar e validar escalas observacionais
para as principais técnicas utilizadas nas suas ações, ou seja, recepção, levantamento e
ataque.

Métodos

A elaboração da escala seguiu roteiro adaptado do modelo proposto por Benson e Clark.
Os pesquisadores observaram parâmetros biomecânicos cinemáticos, como: ângulos de
articulações, posição do corpo e dos segmentos no instante de contato com a bola.

Estratégia para validação de conteúdo, Oito técnicos das categorias de base da


Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), com média de experiência em formação de
atletas de 21 anos e como técnicos da CBV 12.3 anos, participaram do painel de especialistas
a fim de examinar o material e fornecer opinião acerca da pertinência, clareza e
hierarquização dos itens em função de sua influência na eficácia da ação. Validade de
conteúdo, foi realizada estatística inferencial para medir a concordância entre os
especialistas, utilizando o cálculo da porcentagem quanto a pertinência e clareza de cada
item da escala. O ponto de corte adotado para permanência foi de 0.80. Ordem das escalas,
a porcentagem de concordância inter-especialistas foi utilizada para representar
estatisticamente a ordenação dos pontos relativos às escalas observacionais a partir do
critério eficácia.

Resultados

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
138

Recepção. Três itens (23.0%), apesar de serem considerados pertinentes, foram sugeridas
modificações. Dois itens obtiveram 87.5% de concordância e também permaneceram na
escala. Quanto à clareza, dois itens apesar de serem considerados claros, foram sugeridas
modificações. Dois itens obtiveram 87.5% de concordância e permaneceram na escala.
Apenas um item (pé à frente correspondente ao lado que o passador se encontra em
relação à zona de levantamento) obteve 50% de concordância. Como este item não
superou o ponto de corte, foi eliminado da escala. Assim, em função de uma nova redação,
a versão final ficou com onze itens.

RECEPÇÃO DE MANCHETE: instante de contato


ATLETA NÚMERO: ______ NOTA FINAL______
Instruções:
* Assinalar com um ( X ), o item cuja imagem do vídeo ilustra integralmente sua descrição.
* Ao final de cada item, aparece uma orientação (sugestão) do melhor plano para observá-lo: Plano Frontal (PF), Plano Sagital
(PS) e Imagem em Movimento (MV).
I – A bola: ( ) 3 ou ( ) 0
( ) centralizada em relação ao eixo central do corpo. (PF)

II – Contato com a bola: ( ) 2 ou ( ) 0


( ) antebraços. (PS)
( ) à frente do tronco. (PS)
( ) próximo à altura dos quadris e/ou abdome. (PS)

III – Membros superiores: ( ) 2 ou ( ) 0


( ) ombros semi-flexionados. (PS)
( ) cotovelos estendidos. (PS)
( ) mãos unidas. (PF)

IV - Pés: ( ) 1 ou ( ) 0
( ) em contato com o solo e paralelos em boa base (ou, ligeiramente maior que à largura dos quadris). (PF)
( ) antepostos, esquerdo à frente ou ambos direcionados para a zona de levantamento. (PS)

V -Joelhos: ( ) 1 ou ( ) 0
( ) semi–flexionados, altura dos quadris acima da altura dos joelhos. (PS)

VI - Tronco: ( ) 1 ou ( ) 0
( ) semi-flexionado. (PS)

Levantamento Em três itens (23.0%), apesar de serem considerados pertinentes, foram


sugeridas modificações. Quanto à clareza, um item (7.6%), apesar de ser considerado claro,
foi sugerida modificação. Assim, em função de uma nova redação, a versão final ficou com
dez itens.

LEVANTAMENTO FRONTAL DE TOQUE COM APOIO: instante de contato


ATLETA NÚMERO: ______ NOTA FINAL______
Instruções:
* Assinalar com um ( X ), o item cuja imagem do vídeo ilustra integralmente sua descrição.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
139

* Ao final de cada item, aparece uma orientação (sugestão) do melhor plano para observá-lo: Plano Frontal (PF), Plano Sagital
(PS) e Imagem em Movimento (MV).
I – Membros superiores: ( ) 3 ou ( ) 0
( ) ombros flexionados, com cotovelos semi-flexionados acima da altura dos ombros. (PS)
( ) mãos espalmadas e dedos abduzidos. (PF)

II – Contato com a bola: ( ) 2 ou ( ) 0


( ) parte interna dos dedos. (PF/PS)
( ) ligeiramente à frente do rosto. (PS)
( ) acima cabeça. (PS)

III – A bola: ( ) 2 ou ( ) 0
( ) centralizada em relação ao eixo central do corpo. (PF)

IV - Tronco: ( ) 1 ou ( ) 0
( ) ereto ou em ligeira flexão. (PS)

V - Joelhos: ( ) 1 ou ( ) 0
( ) semi-flexionados, altura dos quadris acima da altura dos joelhos. (PS)

VI - Pés: ( ) 1 ou ( ) 0
( ) em contato com o solo e paralelos em boa base. (PF)
( ) antepostos, pé direito à frente. (PS)

Ataque Em 3 itens (23.0%), apesar de serem considerados pertinentes, foram sugeridas


modificações. Um item obteve 87.5% de concordância e também permaneceu na escala.
Quanto à clareza, um item obteve 87.5% de concordância e também permaneceu na escala.
Assim, em função de uma nova redação, a versão final ficou com dez itens.

ATAQUE DE CORTADA: instante de contato


ATLETA NÚMERO: ______ NOTA FINAL______
Instruções:
* Assinalar com um ( X ), o item cuja imagem do vídeo ilustra integralmente sua descrição.
* Ao final de cada item, aparece uma orientação (sugestão) do melhor plano para observá-lo: Plano Frontal (PF), Plano Sagital
(PS) e Imagem em Movimento (MV).

I – Membro superior que golpeia a bola: ( ) 3 ou ( ) 0


( ) ombro flexionado, com cotovelo estendido acima da altura do ombro. (PS)
( ) mão espalmada. (PF/PS/MV)

II – Contato com a bola: ( ) 2 ou ( ) 0


( ) parte interna da mão. (PS/MV)
( ) à frente do rosto. (PS)
( ) acima da cabeça. (PS)

III – A bola: ( ) 2 ou ( ) 0
( ) lateralizada, em relação ao eixo central do corpo. (PF)
( ) na direção do membro superior que a golpeia. (PF)

IV - Tronco: ( ) 1 ou ( ) 0
( ) ereto ou em ligeira flexão. (PS/PF)

V - Joelhos: ( ) 1 ou ( ) 0
( ) estendidos. (PS)

VI – Pés : ( ) 1 ou ( ) 0
( ) paralelos, distantes, próximo à largura dos quadris. (PF)

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
140

Conclusão Todos os itens iniciais das escalas obtiveram alto índice de concordância entre
os especialistas, tanto em relação à pertinência, quanto em relação à clareza dos mesmos.
Em alguns, houve contribuições no sentido de melhorá-los, assim, após essas modificações
todos foram validados.

Referências

BENSON J, CLARK F. A guide for instrument development and validation. The American
Journal of Occupational Therapy, 36, 12, p. 789 - 800, 1982.

COLLET et al. Construção e validação do instrumento de avaliação do desempenho


técnico-tático no voleibol. Revista brasileira de cineantropometria e desempenho
humano. v. 3, 43 - p. 51, 2011.

HAY, J. G; REID, J. G. As bases anatômicas e mecânicas do movimento humano. São


Paulo: Prentice, 1985.

MEIRA JUNIOR, et al., Validação de uma lista de checagem para análise qualitativa do
saque do voleibol. Motriz. Rio Claro, v.9, p. 153 - 160, 2003

MORROW JR., JAMES R. et al. Medidas e avaliações do desempenho humano. Porto


Alegre: Artmed, 2003.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
141

PESQUISA NO HANDEBOL: PARA ONDE PODEMOS VOLTAR NOSSOS OLHARES


PARA DESVENDAR A COMPLEXIDADE DO JOGO?
Rafael Pombo Menezes – EEFERP/USP
E-mail: rafaelpombo@usp.br

INTRODUÇÃO:
A cada dia mais ouvimos dizer que deve haver uma interação maior entre “aquilo
que se faz em quadra” com “aquilo que se faz na Universidade”, ou que esses dois
“mundos” assumiram posições muito específicas distanciando teoria e prática. Outra
preocupação também apontada há algum tempo por Garganta (2008) se refere à
proximidade necessária entre os comportamentos do jogo e do treino. O autor aponta que
a forma de jogar se constrói a partir do treino, e neste os comportamentos e atitudes dos
jogadores e da equipe devem ser orientados para a competição.
Os jogos não se constituem como um ambiente simples de análise, principalmente
pela complexidade do cenário assumido pelas interações entre jogadores de mesma equipe
e jogadores adversários (SHROJ; ROGULJ; KATIC, 2001; MENEZES, 2012). Assim, torna-
se necessário identificar as principais características dessas interações táticas, ao passo
de tornar possível treinar mais especificamente em relação ao contexto do jogo
(GARGANTA, 2009).
Nesse sentido, diferentes campos de estudo da Educação Física buscam
explicações razoáveis para os comportamentos em diferentes jogos esportivos coletivos,
dentre eles do handebol. O objetivo deste trabalho é promover uma reflexão sobre a análise
dos parâmetros técnico-táticos do jogo de handebol que considerem a complexidade
envolvida em seu ambiente.

DAS VARIÁVEIS PREDITORAS AO TREINAMENTO DO HANDEBOL:


Diferentes autores buscam, a partir de variáveis preditoras nas competições,
identificar comportamentos dos jogadores e das equipes, seja para identificar aquelas de
maior relevância ao jogo ou mesmo para buscar diferenças entre as equipes vencedoras e
as perdedoras (SHROJ; ROGULJ; KATIC, 2001; GARCÍA et al., 2008; MONCEF et al.,
2011; MUSA; MENEZES, 2015).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
142

García et al. (2008) estudaram as diferenças entre equipes vencedoras e perdedoras


da categoria cadete, a partir das estatísticas produzidas nos jogos do campeonato
espanhol. A análise considerou os gols marcados de diferentes regiões da quadra (6m, 7m,
9m), as sanções aplicadas pela arbitragem (dois minutos e cartões amarelos e vermelhos),
as recuperações de posse da bola, as assistências e os arremessos sofridos. Os autores
apontam que as equipes vencedoras apresentam maiores valores: a) na fase ofensiva: de
arremessos ao gol e assistências, com destaque para os arremessos dos 6m e os contra-
ataques4; b) na fase defensiva: de arremessos defendidos e recuperações de posse da
bola. Assim, concluem que há quatro elementos importantes na etapa de formação no
handebol: defesa agressiva, rápidas transições, trabalho ofensivo coletivo e arremessos de
regiões mais próximas ao gol adversário e com menos oposição.
Shroj, Rogulj e Katic (2001) analisaram os jogos do Campeonato Mundial
(masculino) 1999 a partir de 18 variáveis preditoras (como arremessos executados e gols
marcados de diferentes regiões da quadra, além dos contra-ataques). Os autores apontam
que os contra-ataques contra defesas não organizadas possuem grande influência na
determinação do resultado da partida. Outro aspecto destacado se refere ao fato de que
apenas o envolvimento dos jogadores não é suficiente para a produção de resultados, mas
sim a qualidade (eficácia) das suas ações durante a fase ofensiva.
Musa e Menezes (2015) analisaram os contra-ataques dos 12 jogos da fase final da
Copa dos Campeões (Europa) da temporada 2013/2014, a fim de comparar as equipes
vencedoras e as perdedoras. Os autores apontaram que no início dos contra-ataques o que
mais diferencia as equipes vencedoras das perdedoras são as defesas dos goleiros e os
tiros de saída, ao passo que no final dos contra-ataques as equipes vencedoras apresentam
maior efetividade.
Outra vertente que merece destaque quando nos referimos à pesquisa aplicada no
handebol se volta para o estudo do processo de ensino-aprendizagem-treinamento (EAT),
seja esse em âmbito escolar ou de equipes representativas municipais.
Madeira e Menezes (2015) mapearam as variáveis técnico-táticas ofensivas
relevantes para a análise de jogo na categoria infantil (sub-14) do handebol a partir do
discurso de treinadores experientes. Para os entrevistados, as variáveis ofensivas mais

4
Considerados pelos autores como pertencentes à fase ofensiva.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
143

relevantes são os elementos técnicos (como passe, arremesso, recepção, drible), os


elementos técnico-táticos (como finta, trajetória, desmarque, mudanças de direção), bem
como a noção da utilização do espaço e da continuidade do jogo.
Partido das premissas apontadas no estudo supracitado os elementos elucidados
pelos treinadores podem ser um ponto de partida para uma análise técnico-tática mais
específica da dinâmica do jogo na categoria sub-14, principalmente pelo fato de
referenciarem aspectos como a utilização do espaço e a continuidade do jogo. Tais
indicadores nos permitem apontar a preocupação com a identificação dos comportamentos
defensivos dos jogadores adversários e, para tanto, indicando análises mais complexas do
cenário do jogo.

A BUSCA POR UM MODELO MAIS AMPLO?


A crítica centra-se no fato de que, ao buscar compreender os comportamentos dos
jogadores de handebol de forma estanque (ou individualizada), permitimos que o mesmo
cartesianismo que foi o pilar do ensino do esporte (e hoje é criticado por diferentes autores)
seja um norteador dos processos de análise desses comportamentos. Dessa forma, a
análise centra-se em pequenas partes que podem desconsiderar a interação entre
jogadores e ambiente (MONCEF et al., 2011).
Perfaz-se necessário superar as análises no jogo pautadas apenas na eficácia dos
elementos técnicos ou nas frequências dos elementos técnico-táticos. É importante
identificar e mapear comportamentos individuais, porém eles podem não explicar o contexto
do jogo por não contemplar situações referentes ao desenvolvimento do jogo (ofensivo ou
defensivo) em suas essências grupais e coletivas. Mesmo que partindo de análises de
situações menores (como o 2x2, 3x3...) certamente o ponto de chegada será a extrapolação
para situações com números cada vez maiores de jogadores (companheiros e adversários).
Considerando, então, a complexidade do jogo que se apresenta, que demanda dos
jogadores a utilização de elementos técnico-táticos em diferentes situações (SHROJ;
ROGULJ; KATIC, 2001), é interessante passar a considerar as mútuas influências (como o
posicionamento de adversários e companheiros) no processo de análise do jogo, por
exemplo, principalmente ao considerar dados referentes à execução da técnica (como os
arremessos e os passes)

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
144

CONCLUSÕES:
As informações sobre o desempenho de jogadores e equipes são cruciais para
fomentar o processo de ensino-aprendizagem-treinamento, no qual se almeja índices cada
vez maiores de eficácia individual e coletiva, constituindo-se como um critério básico para
o processo de treinamento (GARGANTA, 2009).
Ao passo que se aumenta-se o número de jogadores envolvidos na análise dos
parâmetros em situação de jogo, incrementa-se também a complexidade proveniente das
possibilidades de interação entre esses. Ao mesmo tempo, possibilitam extrapolar uma
provável visão tecnicista da análise de jogo.
Por fim, as análises que procuram uma compreensão mais ampla do cenário de jogo
tendem a contribuir para o desenvolvimento de aspectos individuais e coletivos (ofensivo e
defensivo) das equipes (MENEZES; REIS; SANTANA, 2015), a partir de informações que
contextualizam as relações de cooperação e de oposição.

REFERÊNCIAS:
GARCÍA, J.; JOSÉ IBAÑEZ, S.; FEU, S.; CAÑADAS, M.; PAREJO, I. Estudio de las
diferencias en el juego entre equipos ganadores y perdedores en etapas de formación en
balonmano. Cultura, Ciencia y Deporte, a.5, v.3, p.195-200, 2008.

GARGANTA, J. Modelação táctica em jogos desportivos - A desejável cumplicidade entre


pesquisa, treino e competição. In: Tavares, F.; Graça, A.; Garganta, J.; Mesquita, I. (Eds.).
Olhares e Contextos da Performance nos jogos desportivos. Universidade do Porto:
Faculdade de Desporto, 2008, p.108-121.

GARGANTA, J. Trends of tactical performance analysis in team sports: bridging the gap
between research, training and competition. Revista Portuguesa Ciências do Desporto,
v.9, n.1, p.81-89, 2009.

MADEIRA, M.G.; MENEZES, R.P. Identificação das variáveis técnico-táticas ofensivas do


handebol na categoria infantil na visão de treinadores experientes. In: XV Simpósio Paulista
de Educação Física / IX Congresso Internacional de Educação Física e Motricidade
Humana. Motriz, v.21, n.2, Supl.I, p.S227, 2015.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
145

MENEZES, R.P. Contribuições da concepção dos fenômenos complexos para o ensino dos
esportes coletivos. Motriz, v.18, n.1, p.34-41, 2012.

MENEZES, R.P.; REIS, H.H.B.; SANTANA, W.C. A análise de jogo nos jogos esportivos
coletivos. In: NAVARRO, A.C.; ALMEIDA, R.; SANTANA, W.C. (Org.). Pedagogia do
esporte: jogos esportivos coletivos. 1.ed. São Paulo: Phorte, 2015, p.67-80.

MONCEF, C.; DAGBAJI, G.; ABDALLAH, A.; MOHAMED, S. The offensive efficiency of the
high-level handball players of the front and the rear lines. Asian Journal of Sports
Medicine, v.2, n.4, p.241-248, 2011.

MUSA, V.S.; MENEZES, R.P. Counterattack in team handball: analysis and comparison of
winners and losers of EHF Champions League 2013/2014 finalists. In: 20 th Congress of the
European College of Sport Science, 2015, Malmö (Sweden). Anais... Malmö: ECSS, 2015.

SHROJ, V.; ROGULJ, N.; KATIC, R. Influence of the attack end conduction on match result
in handball. Collegium Antropologicum, v.25, n.2, p.611-617, 2001.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
146

CAPÍTULO 2: RESUMOS NA ÁREA DE COGNIÇÃO E


AÇÃO

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
147

VISUAL SEARCH BEHAVIOUR AND TIME TO RESPONSE: ARE THEY RELATED IN


DECISION-MAKING?

Guilherme Figueiredo Machado / NUPEF – UFV


Felippe da Silva Leite Cardoso / NUPEF – UFV
João Vítor de Assis / NUPEF – UFV
Israel Teoldo / NUPEF – UFV
guilherme.machado19@hotmail.com

ABSTRACT: The aim of this study is to examine whether the visual search behaviour in a
decision-making test might influence the time to the start of the correct verbal response. The
sample comprised 89 male soccer players of the youth teams of a Brazilian first division
club. The instrument used to collect and analyse data was the Mobile Eye Tracking – XG.
For the assessment of decision-making, a video based test was used. The visual search
behaviour was determined by the percentage of the time of fixation on predefined locations
in the scenes. In this study, five locations were defined: i) the player in possession of the
ball; ii) ball; iii) teammates; iv) defenders; and v) space. Data distribution was analysed
through the Shapiro-Wilk test. To compare the groups with faster and slower responses, we
used the t test for independent samples. Statistical analysis was performed through SPSS
18.0 software. Results showed that players with faster response spent more time fixating on
attackers, defenders, and space when compared to players with slower response. It was
concluded that the time for the start of the response in a decision-making test influences the
visual search behaviour of youth soccer players.
Keywords: Visual Search Behaviour, Time of Response, Soccer.

INTRODUCTION: Decision-making in sports has been considered an important field of


study in order to understand the patterns that involve with high performance achievements
(AFONSO; GARGANTA; MESQUITA, 2012). In this sense, the perceptual-cognitive system
was proved to play an important role in decision-making of high level athletes (WILLIAMS;
ERICSSON, 2005). This system is responsible for gathering and processing the relevant
information from the environment, necessary for athletes to make their decision. The visual
search behaviour is considered a part of this system and also an important source of
information. An important study in this field carried out by Ward and Williams (2003)

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
148

demonstrated differences in visual search behaviour comparing players of different levels of


expertise levels and also from different ages.
Another variable that seems important for achieving elite level in sports is the time of
response. As long the sports evolve, players are required to correctly respond to the
environmental stimuli as quick as possible in order to take advantage from their opponents
(ROCA et al., 2011). However, up to date few studies were carried out that evaluated the
role of visual search behaviour the time of response. Therefore, the aim of this study is to
examine whether the visual search behaviour influence the time to the start of the correct
verbal response in a decision-making test of youth soccer players.

METHODS

Participants: The sample comprised of 89 male soccer players of the youth teams of a
Brazilian first division club, with a mean age of 16.69 ± 3.11 years. As inclusion criteria, all
players should participate in systematic training, with at least three weekly sessions of 1
hour and 30 minutes each and participate in national-level and/or international-level
competitions.
Participants signed an informed consent, reporting they were aware of their
participation in this research. All the procedures were conducted according to the norms
established by the Resolution of the National Health Council (466/2012) and by the
Declaration of Helsinki (1996) for research with human beings. The project had the approval
of the Research Ethics Committee of the Universidade Federal de Viçosa (n. 412.816 -
08/10/2013).

Procedures: For the evaluation of decision-making, we used a video based test proposed
by Mangas (1999). The decision-making test evaluates the working memory to recognize
certain environmental cues in match situations, and decide what are the best options for
action. The test consists of 11 offensive actions scenes video of 11 vs 11 of soccer matches,
recorded and watched by a third-person perspective (TV camera), with duration ranging
from 5 to 13 seconds each scene. For the application of the test, the scenes were projected
on a screen.
During the experiment, 11 video sequences were presented and paused at a time
prior to the end of an action. Once the video was paused, the subject was instructed to

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
149

respond as quickly as possible to the question "what should the ball carrier do" in each given
situation. After recording the test answers, the obtained audio material was transcribed into
text. The transcribed data was analysed and compared to the official expert panel test
developed by Mangas (1999). Only the right responses were considered for analysis.

Variables: The first variable was the “time to correct decision time”, measured in seconds.
It was defined as the time from the end of the video to the start of the participant’s
verbalization in correct responses. It was divided into three groups: faster, intermediate and
slower. Only the faster (n = 30, M = 1.67, SD = .32) and the slower (n = 30, M = 5.89, SD =
1.83) groups were considered for analysis. The intermediate (n = 29, M = 2.66, SD = .46)
group was excluded of the analysis.
The second variable was the ”percentage viewing time" per location in the scene.
The preferred fixation location on the screen is determined by the percentage of the time of
fixation on predefined locations in the scenes. In this study, five specific locations were
defined for analysis: i) the player in possession of the ball (PiP); ii) the ball (e.g. ball flight);
iii) the teammates (attackers); iv) the defenders (opponents); v) and the space (e.g. space
areas in the field where no player is located). The fixation was analysed using the Mobile
Eye Tracking-XG and was defined as the condition in which the eye has remained stationary
for about 1.5 degrees of change of tolerance and for a period equal to or greater than 120ms,
or three video frames (WILLIAMS; DAVIDS, 1998).

Statistical Procedures: Data distribution was analysed using the Shapiro-Wilk test. To
compare the groups with faster and slower responses, we used the t test for independent
samples. The analysis of the reliability regarding visual search rates was performed by three
trained observers. We used the Cohen's kappa test and a value of 12,72% of fixations
compared with the first evaluation. The reliability values of these evaluations were 92.09%
for intra-observer, and 88.44% inter-observer reliability. Statistical analysis were performed
using SPSS 18.0 software and the significance level was p<0.05.

RESULTS: The results displayed significant differences in three categories. The players
with faster response spent more time fixating the attackers (M = 17.35%, SD = 6.49), t(58)
= 1.31, p = .021; defenders (M = 12.51%, SD = 8.00), t(58) = .46, p = .003; and space (M =
25.61%, SD = 7.62), t(50) = 1.91, p = .018 compared to participants with slower responses

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
150

(M = 15.41%, SD = 4.79; M = 11.73%, SD = 4.77; and M = 20.18%, SD = 12.24,


respectively). These findings showed a difference in visual search behaviour employed
between both groups.

Figure 1: Means and SD for percentage of viewing time per location regarding the correct
decision time. Significant differences (p<0.05) were indicated by *.

A previous investigation by Roca and colleagues (2011) showed that skilled soccer
players employed qualitatively different visual search behaviour compared to the less skilled
participants. It was found that the fixation locations that provide more relevant information for
a correct decision-making were the attackers and space. These results corroborate with our
findings and also indicate that players with faster response are able to acquire more relevant
information from the environment with their visual-perceptive system. It is assumed that as
they looked more often to those important cues, they therefore made the correct decision
faster than players who gathered less relevant information and also had slower response.
The group with faster response employed a more purposeful visual search strategy and
extracted the relevant information quicker than their counterparts.

In regards to the time to response, a study carried out by Ward and Williams (2003)
showed that elite youth players responded significantly quicker than the sub-elite group in a

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
151

video based test. It indicates that more knowledge leads to a quicker processing of
environmental cues. The results of our experiment, that considered only correct responses
for analysis, might suggest that players that take less time to respond have also greater
knowledge than those from the slower response group, which enable them to respond
quicker. This is suggested because more knowledge enables players to: i) pick up more
meaningful information; and/or ii) identify relational information (patterns of play) (NORTH et
al., 2011). Both of these advantages might leads to a quicker correct response in such tasks.

CONCLUSION: It is concluded that the visual search behaviour in a decision-making test


influence the time to the start of the correct response of youth soccer players. Players with
faster response spent more time fixating on attackers, defenders and space compared with
the slower response group. This indicates that the group with faster responses employed a
more purposeful visual search strategy for decision-making.

ACKNOWLEDGEMENTS: This study was funded by the State Department of Sport and
Youth of Minas Gerais (SEEJMG) through the State Act of Incentive to Sports, by FAPEMIG,
CAPES, CNPQ, FUNARBE, the Dean's Office for Graduate and Research Studies and the
Centre of Life and Health Sciences from Universidade Federal de Viçosa, Brazil.

REFERENCES

AFONSO, J.; GARGANTA, J.; MESQUITA, I. Decision-making in sports: the role of


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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
153

COGNIÇÃO NO FUTEBOL: RELAÇÃO ENTRE CONTROLE INIBITÓRIO E


DESEMPENHO TÁTICO DE JOGADORES DA CATEGORIA SUB-15

Marcelo Odilon Cabral de Andrade / NUPEF - UFV


Israel Teoldo da Costa / NUPEF - UFV
mocabral.andrade@gmail.com

RESUMO
O objetivo deste estudo foi verificar a relação entre o controle inibitório e o
desempenho tático de jogadores de futebol. A amostra foi composta por 18 jogadores de
futebol da categoria sub-15. O instrumento utilizado para avaliação do controle inibitório foi
o Continuous Performance Test (CPT-II). Para avaliação do desempenho tático foi utilizado
o Sistema de Avaliação Tática no Futebol (FUT-SAT). Os valores de controle inibitório dos
jogadores foram obtidos através dos Erros por Omissão, Erros por Comissão, e Tempo de
Reação. Os valores de desempenho tático dos jogadores foram obtidos através do Índice
de Performance Tática Ofensiva (IPTO), Índice de Performance Tática Defensiva (IPTD), e
Índice de Performance Tática de Jogo (IPTJ). Foram utilizados os testes Shapiro-Wilk e
Correlação de Spearman, sendo o nível de significância adotado de p<0,05. Foi verificada
correlação positiva entre Erros por Comissão e IPTJ (rho = 0,539; p = 0,021), e verificadas
correlações negativas entre o Tempo de Reação e IPTO (rho = - 0,578; p = 0,012) e entre
o Tempo de Reação e IPTJ (rho = - 0,503; p = 0,033). Conclui-se que para esta amostra, o
controle inibitório teve relação com o desempenho tático dos jogadores de futebol.
Palavras-chave: Controle Inibitório, Desempenho Tático, Futebol.

INTRODUÇÃO
Dentre os processos cognitivos estritamente relacionados ao desempenho no
futebol, o controle inibitório caracteriza-se pela realização de respostas eficientes e rápidas,
evitando estímulos distratores. O controle inibitório pode ser definido como a capacidade
de inibir respostas e pensamentos antes de agir, sendo um importante fator no controle
motor (LOGAN; COWAN, 1984). Assim, este processo cognitivo vem sendo relacionado
com a capacidade de evitar comportamentos impulsivos.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
154

A respeito da forma como os jogadores se comportam, o desempenho tático vem


sendo utilizado como uma variável que descreve a performance individual e coletiva dos
jogadores (TEOLDO et al., 2009; SILVA et al., 2013). Estudos recentes vêm apontando a
influência da cognição sobre a componente tática do jogo, à medida que processos
cognitivos bem desenvolvidos parecem ter relação direta com a performance tática dos
jogadores (GONZAGA et al., 2014). Especificamente sobre o controle inibitório, Vestberg e
colaboradores (2012) realizaram um estudo sobre a variável encontrando diferenças
significativas entre níveis de controle inibitório para jogadores de níveis competitivos
diferentes. No entanto, no estudo mencionado, variáveis táticas não foram consideradas
como medidas de desempenho, sendo necessária a investigação dos efeitos do controle
inibitório na movimentação e posicionamento dos jogadores no campo de jogo.
Assim, o objetivo deste estudo foi verificar a relação entre o controle inibitório e o
desempenho tático de jogadores de futebol.

MÉTODOS
Amostra
A amostra foi composta por 1205 ações táticas realizadas por 18 jogadores de
futebol da categoria sub-15 de um clube de Minas Gerais, Brasil. Para critério de seleção
da amostra, os jogadores deveriam participar de treinamentos regulares (mínimo de três
vezes por semana) e de torneios de nível regional.

Instrumentos
Para avaliação do controle inibitório foi utilizado o Continuous Performance Test
(CPT-II) (CONNERS et al., 2003). Este instrumento permite avaliar processos relacionados
à atenção sustentada, controle inibitório e impulsividade.
Para avaliação do desempenho tático foi utilizado o Sistema de Avaliação Tática no
Futebol (FUT-SAT) (TEOLDO et al., 2011). Este sistema permite avaliar as ações táticas
com base em dez princípios táticos fundamentais do jogo: i) penetração; ii) cobertura
ofensiva; iii) mobilidade; iv) espaço; v) unidade ofensiva; vi) contenção; vii) cobertura
defensiva; viii) equilíbrio; ix) concentração; x) unidade defensiva.

Procedimentos Éticos

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
155

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos
da Universidade Federal de Viçosa (CEPH) sob o seguinte protocolo: Of. Ref. N.
132/2012/CEPH, e atende as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional em Saúde
(CNS 466/2012) e pelo Tratado de Ética de Helsinque (1996).

Procedimentos de Coleta de Dados


Como forma de coleta dos dados relacionados ao controle inibitório, o CPT-II foi
utilizado. O teste consiste em uma tarefa onde letras aparecem aleatoriamente em uma tela
de computador. Em frente ao computador, os participantes devem pressionar a barra de
espaços do teclado o mais rápido possível quando aparecerem alguma letra, exceto quando
a letra que aparecer corresponder à letra “x”. Nesse caso, os participantes não devem
pressionar a barra de espaços do teclado. A duração do teste é de aproximadamente 14
minutos.
Como forma de avaliar os princípios táticos, o teste de campo “GR+ 3 vs. 3+GR” foi
utilizado. A estrutura do teste consiste em um jogo em campo reduzido (36 metros de
comprimento por 27 metros de largura) onde duas equipes compostas por três jogadores
cada, mais os goleiros, com coletes devidamente numerados, são orientados a jogar por
quatro minutos seguindo as regras do Futebol, à exceção da regra do impedimento.
Anteriormente ao início do teste, foram concedidos aos participantes 30 segundos para
familiarização com a tarefa.

Materiais
Para a gravação dos jogos utilizou-se uma câmera digital SONY modelo HDR-
XR100. Os vídeos obtidos foram transferidos para um computador portátil modelo
POSITIVO Premium 4A015RX8T, processador Intel Pentium Dual core™, sendo
convertidos para ficheiros “avi” através do programa Format Factory for Windows®. Para a
análise dos jogos após a coleta, utilizou-se o software Soccer Analyser. Além disso, a coleta
de dados do CPT-II foi realizada no computador portátil anteriormente mencionado.

Análise Estatística
Os valores de controle inibitório dos jogadores foram obtidos através dos Erros por
Omissão (quando o participante omite respostas que deveria realizar), Erros por Comissão

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
156

(quando o participante apresenta respostas que deveria omitir), e Tempo de Reação (tempo
gasto para realização das respostas). Os valores de desempenho tático dos jogadores
foram obtidos através do Índice de Performance Tática Ofensiva (IPTO), Índice de
Performance Tática Defensiva (IPTD), e Índice de Performance Tática de Jogo (IPTJ). A
análise descritiva foi realizada para caracterização da amostra. Para verificar a normalidade
dos dados, foi utilizado o teste Shapiro-Wilk. Para relacionar as variáveis foi utilizado o teste
de Correlação de Spearman, adotando um nível de significância de p<0,05. Para as
análises estatísticas foi utilizado o software SPSS (Statistical Package for Social Sciences)
for Windows®, versão 22.
Para o cálculo da fiabilidade foi adotado o método de teste-reteste, utilizando os
valores do teste de Kappa de Cohen para descrição dos resultados. De um total de 1205
ações, foram reanalisadas 194 ações, que representam 16,1% da amostra. Neste
procedimento participaram dois avaliadores e os valores de fiabilidade encontrados
situaram entre o mínimo 0,820 (ep=0,062) e o máximo 1 para a fiabilidade intra-avaliador,
e entre o mínimo 0,862 (ep=0,023) e o máximo 0,956 (ep=0,016) para a fiabilidade inter-
avaliadores.

RESULTADOS
A tabela 1 apresenta os resultados das correlações entre as medidas de controle
inibitório do CPT-II (Erros por Omissão, Erros por Comissão e Tempo de Reação) e as
medidas de desempenho tático (IPTO, IPTD e IPTJ). Verificou-se correlação positiva entre
Erros por Comissão e IPTJ (rho = 0,539; p = 0,021), e foram verificadas correlações
negativas entre o Tempo de Reação e IPTO (rho = - 0,578; p = 0,012) e entre o Tempo de
Reação e IPTJ (rho = - 0,503; p = 0,033).

Tabela 1: Correlação entre as medidas do CPT-II e os Índices de Performance Tática

CPT- II IPTO IPTD IPTJ

Erros por Omissão 0,182 0,040 0,361


Erros por Comissão 0,437 -0,199 0,539*
Tempo de Reação -0,578* -0,143 -0,503*
*Correlação (rho) significante (p<0,05)

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157

Jogadores que erraram mais e tiveram um tempo de reação menor tiveram relação
positiva com o desempenho tático. Esses resultados corroboram o estudo de Dickman
(1990) onde pessoas mais impulsivas obtiveram maior precisão na execução de tarefas.
Apesar do estudo mencionado não estar no contexto esportivo, a impulsividade (parte do
processo de controle inibitório) pode não ser sempre um fator negativo na realização de
tarefas. Assim, novas pesquisas sobre o tema são necessárias, principalmente envolvendo
a componente tática do jogo de futebol.

CONCLUSÃO
Conclui-se para esta amostra que o controle inibitório teve relação com o
desempenho tático dos jogadores de futebol. Jogadores que cometeram mais erros por
comissão apresentaram maior desempenho tático. Também, jogadores que tiveram menor
tempo de reação nas respostas apresentaram maior desempenho tático.

AGRADECIMENTOS
Este trabalho teve o apoio da SEEJ-MG através da Lei Estadual de Incentivo ao
Esporte, da FAPEMIG, da CAPES, do CNPQ, da FUNARBE, da Reitoria, Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-Graduação e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade
Federal de Viçosa.

REFERÊNCIAS
CONNERS, C. K.; EPSTEIN, J. N.; ANGOLD, A.; KLARIC, J. Continuous performance test
performance in a normative epidemiological sample. Journal of Abnormal Child
Psychology, v.31, n.5, p.555-562. 2003.
DICKMAN, S. J. Functional and Dysfunctional Impulsivity: Personality and Cognitive
Correlates. Journal of Personality and Social Psychology, v.58, n.1, p.95-102. 1990.
GONZAGA, A. D. S.; ALBUQUERQUE, M. R.; MALLOY-DINIZ, L. F.; GRECO, P. J.;
TEOLDO, I. Affective Decision-Making and Tactical Behavior of Under-15 Soccer Players.
Plos One, v.9, n.6, p.1-6. 2014.
LOGAN, G. D.; COWAN, W. B. On the Ability to Inhibit Thought and Action: A Theory of an
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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SILVA, R. N. B.; TEOLDO, I.; GARGANTA, J.; MULLER, E. S.; CASTELÃO, D. P.; SANTOS,
J. W. Desempenho tático de jovens jogadores de futebol: comparação entre equipes
vencedoras e perdedoras em jogo reduzido. Revista Brasileira de Ciência e Movimento,
v.21, n.1, p.75-90. 2013.
TEOLDO, I.; GARGANTA, J.; GRECO, P. J.; MESQUITA, I. Avaliação do desempenho
tático no futebol: Concepção e desenvolvimento da grelha de observação do teste “GR3-
3GR”. Revista Mineira de Educação Física, v.17, n.2, p.36-64. 2009.
TEOLDO, I.; GARGANTA, J.; GRECO, P. J.; MESQUITA, I.; MAIA, J. Sistema de avaliação
táctica no Futebol (FUT-SAT): Desenvolvimento e validação preliminar. Motricidade, v.7,
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VESTBERG, T.; GUSTAFSON, R.; MAUREX, L.; INGVAR, M.; PETROVIC, P. Executive
Functions Predict the Success of Top-Soccer Players. Plos One, v.7, n.4, p.1-5. 2012.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
159

O IMPACTO DO MODELO DE ENSINO INTEGRATIVO SOBRE A APRENDIZAGEM


TÁTICO-TÉCNICA DE JOVENS ESCOLARES NO BADMINTON

Layla Maria Campos Aburachid / GEMEPE - UFMT


Schelyne Ribas da Silva / GEMEPE - UFMT
Nayanne Dias Araújo / GEMEPE - UFMT
Bruna Janaina Estevão / Unicentro - PR
Pablo Juan Greco / CECA - UFMG
lagusmar@ig.com.br

RESUMO: O objetivo do estudo foi analisar o impacto do desempenho tático-técnico de


jovens escolares considerando-se o efeito do tempo e do sexo após a aplicação do modelo
de ensino integrativo. A amostra, composta por 16 escolares (14, 81± 0,75 anos) sem
experiência na modalidade executou o Game Performance Assessment Instrument. Os
resultados da comparação no tempo para a tomada de decisão mostraram que os meninos
foram melhores no pós-teste e teste de retenção quando comparados com o pré-teste
(p=0,002 e p=0,047, F=8,379 η2 parcial 0,396), sendo que a média da tomada de decisão
permaneceu do pós-teste até o momento da retenção. Na comparação entre os sexos, os
meninos foram melhores no pós-teste do que as meninas (p=0,009; F=7,513 η2 parcial
0,152). Na variável técnica não houve melhoria significativa para ambos os sexos, o que
justifica a não melhoria da performance geral, exceto do pré-teste para a retenção nas
meninas (p=0,042; F=2,627 η2 parcial 0,165) em detrimento da elevação da média também
na retenção. Conclui-se que para escolares nesta faixa etária deve-se encorajar a forma de
aprendizagem implícita para aspectos táticos, especialmente quando os conteúdos táticos
a serem aprendidos no badminton são de natureza menos complexa. Palavras-chave:
Badminton. Modelo de ensino integrativo. Desempenho tático-técnico.

INTRODUÇÃO: Estudos de intervenção com diferentes modelos de ensino tem sido


estimulados pela comunidade acadêmica uma vez que os resultados não são conclusivos
quanto à hegemonia de um método de ensino em detrimento de outro. Logo, atualmente
busca-se propor modelos de ensino que se complementam, verificando seus impactos no
processo de aprendizagem (METZLER e HATHAWAY, 2006; RAAB, 2007; HASTIE,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
160

OJEDAB e LUQUINC, 2011) e não mais comparar, a fim determinar, qual o modelo de
ensino aplicado é o mais apropriado. O modelo de ensino integrativo classifica-se como um
modelo híbrido que, por meio de conexões de conteúdos presentes em outros modelos,
leva a inovações pedagógicas em seu tratamento didático classificando-se como estilo de
ensino de resolução de problemas e tarefa e formas de aprendizagem incidental e
intencional. Constitui-se de conteúdos propostos pelo Modelo Situacional da Iniciação
Esportiva Universal (GRECO, 1998), Escola da bola (ROTH, KRÖGER e MEMMERT, 2002)
e Modelo do treinamento técnico pendular (ROTH, 1996). O objetivo do estudo foi analisar
o impacto do desempenho tático-técnico de jovens escolares, considerando-se o efeito do
tempo (pré-teste, teste intermediário, pós-teste e retenção) e do sexo após a aplicação do
modelo de ensino integrativo em aulas de educação física.

MÉTODOS: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) sob o
protocolo CAAE 18222313.3.0000.5149 e no do parecer 373.677 e caracterizou-se como
pesquisa quase-experimental de grupo controle não-equivalente. A amostra, composta por
16 escolares (14, 81± 0,75 anos), sem experiência na modalidade, foi avaliada pelo Game
Performance Assessment Instrument (GPAI) (OSLIN, MITCHELL e GRIFFIN, 1998). O
teste consiste em filmar os sujeitos jogando em uma situação de 1 x 1 de forma simulada
durante 10 minutos em uma quadra oficial. O GPAI avalia as habilidades eficientes e
ineficientes e as decisões apropriadas e inapropriadas, extraindo os índices de execução
da habilidade (IEH), de tomada de decisão (ITD) e da performance no jogo (IEH+ITD/2),
apresentando uma interdependência entre a execução da técnica e a tomada de decisão
na situação de jogo.

RESULTADOS: O grupo controle não melhorou de forma significativa no tempo, o que


confirma que a melhoria do desempenho no grupo experimental, deu-se, em parte, pelo
efeito da intervenção. Para a tomada de decisão os resultados da comparação do tempo
mostraram que os meninos foram melhores no pós-teste e teste de retenção quando
comparados com o pré-teste (p=0,002 e p=0,047, F=8,379 η2 parcial 0,396), o que
demonstra uma melhoria crescente da tomada de decisão durante a aplicação do modelo
de ensino integrativo. Os conteúdos táticos da intervenção foram de natureza menos
complexa e aplicados em situações de jogo. A baixa complexidade das situações táticas

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
161

pode ter contribuído para os resultados de alto impacto, corroborando com o estudo de
Raab (2003) no handebol. A média da tomada de decisão permaneceu do pós-teste até o
momento da retenção. As formas implícitas de aprendizagem (RAAB, 2007), que
prevaleceram neste estudo, podem ter contribuído para uma aprendizagem mais duradoura
deste componente. Para o efeito sexo, os meninos foram melhores no pós-teste
comparados às meninas (p=0,009; F=7,513 η2 parcial 0,152), corroborando com Hastie,
Sinelnikov e Guarino (2009).
Método de Ensino Integrativo
ITD IEH PJ
Efeito Efeito Efeito
Média DP Média DP Média DP
sexo sexo sexo
M 0,50 0,32 3,74 2,71 2,12 1,32
1. Pré-teste
F 0,39 0,23 1,12 0,65 0,75 0,38
M 0,47 0,22 4,22 1,62 2,35 0,79
2. Intermediário M>F M>F
F 0,42 0,21 2,34 0,83 1,38 0,42
M 1,35 1,13 4,13 3,30 2,74 1,73
3. Pós-teste M>F
F 0,54 0,16 2,76 0,33 1,65 0,18
M 1,05 0,50 3,63 1,44 2,34 0,87
4. Retenção
F 0,59 0,21 3,99 2,10 2,29 1,10
M 1<3 ,4 ; 2<3,4
EFEITO TEMPO F 1<4
Tabela 1: Comparações do desempenho tático-técnico no efeito tempo e sexo

Na variável técnica não houve melhoria significativa para ambos os sexos, o que justifica a
não melhoria da performance geral tático-técnica, exceto do pré-teste para a retenção nas
meninas (p=0,042; F=2,627 η2 parcial 0,165) em detrimento da elevação da média da
técnica também na retenção. A falta de melhoria significativa neste componente pode estar
relacionada com uma demora na aprendizagem de métodos híbridos comparada a métodos
que não combinados (FRENCH et al., 1996). Para o efeito sexo, os meninos foram
melhores no teste intermediário comparados às meninas na variável técnica
(p=0,012; F=6,926 η2 parcial 0,142) e na performance de jogo (p=0,011; F=7,154 η2 parcial
0,146).

CONCLUSÃO: Conclui-se que, para escolares nesta faixa etária, deve-se encorajar a forma
de aprendizagem implícita para aspectos táticos, especialmente quando os conteúdos
táticos a serem aprendidos no badminton são a natureza menos complexa. O ensino da
técnica pelo Modelo do treinamento técnico pendular que, em determinados momentos, se
apoiou em exercícios de repetição em cooperação impossibilitou a detecção de alterações
Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
162

no desempenho da técnica de jogo pelo índice de execução da habilidade. Demais


instrumentos de alvo que avaliaram a eficácia técnica foram mais adequados para tais
inferências neste mesmo estudo.

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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
163

ANÁLISE DAS FIXAÇÕES VISUAIS E TOMADA DE DECISÃO DE ATLETAS DE


VOLEIBOL

Henrique de Oliveira Castro / CECA-UFMG


Pablo Juan Greco / CECA-UFMG
henriquecastro88@yahoo.com.br

RESUMO: Objetiva-se verificar o número e duração das fixações visuais e qualidade da


tomada de decisão de atletas de voleibol das categorias Infanto e Juvenil na análise de
cenas reais de jogos. Participaram 25 atletas voluntários do sexo masculino, sendo 11 da
categoria Infanto e 14 da categoria Juvenil. Utilizou-se o Eye Tracking SMI RED500® fixo
durante o teste de avaliação de cenas de jogos de voleibol. Avaliou-se a qualidade da TD
pela primeira resposta que o voluntário verbalizava como a melhor solução para a ação
apresentada na cena. Os resultados do presente estudo revelam que não houve diferenças
entre atletas das categorias infanto e juvenil para as variáveis “número de fixações visuais”
(p=0,010), “duração das fixações visuais” (p=0,642) e “qualidade da TD” (p=0,281). Além
disso, reportou-se tamanho do efeito pequeno para todas variáveis analisadas. Conclui-se
que os atletas já sabem onde fixar o olhar, realizando fixações em locais específicos que
apresentam qualidade dos sinais relevantes para uma ótima TD, onde pode-se observar
que, em se tratando da comparação entre atletas, a qualidade dos sinais relevantes é mais
importante do que a quantidade e duração das fixações visuais.
Palavras-Chave: Comportamento visual, atletas, voleibol.

INTRODUÇÃO: O processo de busca visual, tido como a capacidade de localizar


rapidamente sinais relevantes com informações para a tarefa (AFONSO; MESQUITA, 2013;
PIRAS; LOBIETTI; SQUATRITO, 2014), é utilizado para localizar objetos no campo visual
que por meio da seleção e discriminação da informação permitam eleger uma resposta e
implementá-la com a ação motora (TENENBAUM, 2003). O atleta deve ser capaz de
identificar as áreas com mais informações visuais, dirigir a sua atenção de forma adequada
e extrair algum significado destas áreas que o ajudará a ser eficiente e eficaz (PIRAS;
LOBIETTI; SQUATRITO, 2014). Assim, torna-se importante o estudo do direcionamento da
atenção como processo integrante da elaboração de uma decisão no momento do jogo.

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Apesar do grande número de investigações na modalidade voleibol, poucos experimentos


têm-se centrado nos padrões de busca visual (VANSTEENKISTE et al., 2014) e, na maioria
utiliza-se das análises desses padrões para a comparação entre peritos e novatos (LIU,
2015; SCHORER et al., 2013), sendo poucos os que apresentaram comparações entre as
diferentes categorias na modalidade.
O presente estudo objetiva verificar o número e duração das fixações visuais e qualidade
da tomada de decisão de atletas de voleibol das categorias Infanto e Juvenil na análise de
cenas reais de jogos.

MÉTODO: O projeto foi provado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade


Federal de Minas Gerais – COEP/UFMG (Parecer 971.037). A amostra constituiu-se de 25
atletas voluntários do sexo masculino, sendo 11 da categoria Infanto e 14 da categoria
Juvenil. A descrição da caracterização da amostra está apresentada em média e desvio-
padrão na Tabela 1.

Categoria N Idade (anos) Experiência com voleibol (anos)


Infanto 11 16 (±0,3) 3,2 (±1,3)
Juvenil 14 17,6 (±0,9) 4 (±0,9)
Tabela 1. Caracterização da amostra apresentada em média e desvio-padrão

Utilizou-se como instrumentos um questionário de dados demográficos, o teste de avaliação


de cenas de jogos de voleibol e o eye tracking fixo.

RESULTADOS: A Tabela 2 apresenta as médias gerais e os desvios-padrões das fixações


visuais (número e duração de fixações visuais) e qualidade da TD (número de respostas
corretas) de cada grupo e os valores do tamanho do efeito e poder estatístico do teste
utilizado.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
165

INFANTO JUVENIL
Média
314,8 (±50,0) 277,1 (±57,8)
Número de (dp)
fixações TE 0,113 0,113
β 0,375 0,375
Duração Média 76457,9
72328,2 (±23143,1)
das (dp) (±20576,4)
fixações TE 0,01 0,01
(ms) β 0,074 0,074
Média
12,0 (±3,0) 13,2 (±2,3)
Qualidade (dp)
da TD TE 0,05 0,05
β 0,0185 0,0185
Legenda: TD = Tomada de decisão; dp = Desvio-padrão; TE =
Tamanho do efeito; β = Poder estatístico
Tabela 2. Média (±desvio-padrão) das variáveis analisadas entre os grupos.

Conforme observado na Tabela 2, não foram observadas diferenças entre atletas das
categorias infanto e juvenil para as variáveis “número de fixações visuais” (p=0,010),
“duração das fixações visuais” (p=0,642) e “qualidade da TD” (p=0,281). Além disso,
reportou-se tamanho do efeito pequeno para todas variáveis analisadas. Os resultados do
presente estudo revelam que não houve diferenças significativas nas comparações entre
os grupos para nenhuma das variáveis analisadas. Esses resultados podem ser justificados
pela proximidade entre as categorias no que diz respeito à experiência e volume
(quantidade e duração) de treinamento na modalidade voleibol. Atletas percebem os sinais
relevantes das cenas de acordo com o conhecimento específicos na modalidade e
experiências prévias e não precisam prender a atenção por muito tempo para tomar as
decisões, ou seja, já sabem os sinais relevantes à observar.
Observa-se no presente estudo que não foram encontradas diferenças significativas no
número e duração das fixações visuais na comparação entre os grupos, o que corrobora
em sua totalidade com os resultados encontrados por Afonso e Mesquita (2013). No estudo

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
166

de Afonso e Mesquita (2013), os autores utilizaram o rastreamento ocular na análise de


cenas de vídeo com 15 atletas femininas de voleibol divididas em dois grupos: habilidosas
(n=9; 16,1±2,0 anos de idade) e menos habilidosas (n=6; 16,8±2,0 anos de idade). Os
resultados demonstraram que o número e duração das fixações visuais não foram
significativamente diferentes entre os grupos. Esses resultados podem ser explicados pela
proximidade da amostra utilizada no que diz respeito à experiência com a modalidade,
sendo assim, as atletas sabem as informações relevantes que deverão observar durante
as cenas. Além disso, demonstra-se uma maior importância e influência da qualidade das
fixações visuais do que na quantidade e duração dessas fixações.
Resultados diferentes relacionados ao número e duração das fixações visuais foram
reportados nos estudos de Afonso et al. (2012), Piras, Libietti e Squtrito (2014), Liu (2015)
e Saéz-Gallego et al. (2013) no voleibol, onde encontraram-se diferenças significativas nas
comparações entre os grupos analisados.

CONCLUSÃO: Conclui-se que os atletas já sabem onde fixar o olhar, realizando fixações
em locais específicos que apresentam qualidade dos sinais relevantes para uma ótima TD,
onde pode-se observar que, em se tratando da comparação entre atletas, a qualidade dos
sinais relevantes é mais importante do que a quantidade e duração das fixações visuais.
Sugere-se a investigação de diferentes modelos de treinamento técnico-táticos para
melhora do comportamento visual com o objetivo da melhora da qualidade da TD no
voleibol, utilizando-se do eye tracking para o rastreamento ocular e avaliação do
comportamento visual entre sessões de treino. Obtendo-se esses dados, os
treinadores/professores podem condicionar e direcionar os processos de ensino-
aprendizagem-treinamento (E-A-T) visando melhorar as possíveis “fraquezas” detectadas
individualmente em cada atleta. A partir dos trabalhos de rastreamento ocular possibilita-se
a criação de modelos de E-A-T tático específicos para melhora das estratégias visuais e
percepção de sinais relevantes, com o objetivo de direcionar a atenção e diminuir a duração
das fixações para TD mais rápidas e eficientes nas diversas situações apresentadas pelo
jogo.

REFERÊNCIAS

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
167

AFONSO, J.; GARGANTA, J.; MCROBERT, A.; WILLIAMS, A.M.; MESQUITA, I. The
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
168

COMPORTAMENTO VISUAL E QUALIDADE DA TOMADA DE DECISÃO NO


VOLEIBOL

Henrique de Oliveira Castro / CECA-UFMG


Gibson Moreira Praça / CECA-UFMG
Gustavo De Conti Teixeira Costa / CECA-UFMG
Pablo Juan Greco / CECA-UFMG
henriquecastro88@yahoo.com.br

RESUMO: Objetiva-se verificar (1) o comportamento visual utilizando-se da análise do


número e duração das fixações visuais e (2) a qualidade da tomada de decisão - TD de
atletas e não atletas de voleibol. Participaram 25 atletas (idade média de 16,9±1 anos) e 23
não atletas (idade média de 17,6±1,7 anos). Utilizou-se o Eye Tracking SMI RED500® fixo
durante o teste de avaliação de cenas de jogos de voleibol. Avaliou-se a qualidade da TD
pela primeira resposta que o voluntário verbalizava como a melhor solução para a ação
apresentada na cena. Observam-se valores significativamente maiores nas durações
médias das fixações visuais para o grupo não atletas em relação ao grupo atletas para a
situação AC (p=0,042). Em relação à qualidade da TD, revelam-se diferenças significativas
nas situações AE (p=0,024) e AC (p=0,001) na comparação entre os grupos, obtendo-se
uma maior frequência de respostas corretas dos atletas em relação aos não atletas.
Conclui-se que a qualidade dos sinais relevantes percebidos nas cenas diminuem o tempo
de fixação e aumentam a qualidade da TD.
Palavras-Chave: Cognição, busca visual, tomada de decisão.

INTRODUÇÃO: O conjunto de respostas (cognitivas e motoras) que solicitam-se para a


realização da ação, ou seja, operacionalização do comportamento tático no voleibol
concretiza-se com a participação e o apoio do sistema visual (MEMMERT; SIMONS;
GRIME, 2009). Na busca por informações relevantes para a tarefa, apresenta-se a
necessidade de focar a atenção, isto é, a visão, nos objetivos que emergem da mesma
(CARRASCO, 2011). A função da atenção consiste em otimizar o desempenho de tarefas
visuais, orientar o foco para os pontos relevantes e conduzir o comportamento esportivo
para fatores que permitam o sucesso na solução da tarefa (BAR-ELI; RAAB, 2006). O

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
169

sistema visual aporta ao indivíduo informações do ambiente que o mesmo relaciona e


integra nos processos que confluem para a TD (WILLIAMS; SINGER; FREHLICH, 2002).
O objetivo deste estudo foi verificar o comportamento visual utilizando-se da análise do
número e duração das fixações visuais (via eye tracking fixo) bem como da qualidade da
TD de atletas e não atletas de voleibol em cenas reais de jogo em situações de ataque de
extremidade (AE), ataque de central (AC), levantamento (LE) e bloqueio (BL).

MÉTODO: O projeto foi provado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade


Federal de Minas Gerais – COEP/UFMG (Parecer 971.037). Participaram 48 voluntários do
sexo masculino divididos em dois grupos: “Atletas” (n=25; idade média de 16,9±1 anos e
experiência com voleibol de 3,7±1,1 anos) e “Não atletas” (n=23; idade média de 17,6±1,7
anos e nenhuma experiência com voleibol). Utilizou-se um questionário de dados
demográficos, teste de avaliação de cenas de jogos de voleibol e o eye tracking fixo como
instrumentos para a pesquisa.

RESULTADOS: A Tabela 1 descreve a análise do comportamento visual, onde


apresentam-se as médias e os desvios-padrões do número de fixações visuais de cada
grupo para cada situação de jogo apresentada.

Situação Atletas Não atletas p


AE 12,64 (±2,36) 12,37 (±2,30) 0.691
AC 13,29 (±4,28) 12,95 (±2,77) 0.176
LE 10,97 (±2,65) 11,46 (±1,85) 0.470
BL 11,55 (±2,41) 11,67 (±2,92) 0.871
AE=Ataque de Extremidade; AC=Ataque de Central; LE=Levantamento; BL=Bloqueio.

Tabela 1. Média (±desvio-padrão) do número de fixações visuais entre os grupos em cada


situação.

Observa-se que o presente estudo não apresentou diferenças significativas entre os grupos
para o número de fixações visuais, corroborando com o trabalho de Afonso e Mesquita

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
170

(2013) e diferindo dos trabalhos de Afonso et al. (2012), Liu (2015) e Piras, Lobiette e
Squatrito (2014).
A Tabela 2 apresenta em média e desvio-padrão as diferenças na duração das fixações
visuais de cada grupo para cada situação de jogo.

Situação Atletas Não atletas P


AE 3227,22 (±993,21) 3594,11 (±787,86) 0.078
AC 3302,48 (±1362,89) 4037,24 (±891,42) 0.042*
LE 2883,40 (±940,46) 3162,17 (±630,74) 0.380
BL 3088,96 (±895,73) 3243,77 (±554,73) 0.959
AE=Ataque de Extremidade; AC=Ataque de Central; LE=Levantamento; BL=Bloqueio; *
p≤0,05

Tabela 2. Média (±desvio-padrão) da duração das fixações visuais entre os grupos em


cada situação.

Observa-se que atletas obtiveram fixações mais rápidas quando comparados com não
atletas corroborando com o trabalho de Liu (2015) e Piras, Lobiette e Squatrito (2014) e
diferindo dos trabalhos de Afonso e Mesquita (2013) e Afonso et al. (2012).
A Tabela 3 presenta os resultados referentes à quantidade de respostas corretas dos dois
grupos representadas pela média do número total de acertos para cada situação de jogo.

Situação Atletas Não atletas P


AE 3,64 (±1,15) 2,52 (±0,94) 0.024*
AC 4,4 (±1,5) 2,56 (±1,19) 0.001*
LE 2,36 (±1,38) 2,43 (±1,27) 0.927
BL 2,36 (±1,15) 2,21 (±1,2) 0.708
AE=Ataque de Extremidade; AC=Ataque de Central; LE=Levantamento; BL=Bloqueio; *
p≤0,05

Tabela 3. Média (±desvio-padrão) da quantidade de respostas corretas (qualidade da TD)


entre os grupos em cada situação.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
171

Observa-se que atletas obtiveram melhores TD nas situações de ataque quando


comparados com não atletas corroborando com o trabalho de Araújo, Afonso e Mesquita
(2011). Na situação de BL, não obteve-se diferenças significativas no presente estudo,
resultados semelhantes dos encontrados por Araújo, Neves e Mesquita (2012) e Vila-
Maldonado et al. (2012; 2014).
Essas diferenças entre os resultados podem ser justificadas pelas variações nas amostras
utilizadas relacionada aos tipos de voluntários e diferentes níveis de experiências com a
modalidade. Além disso, não foram utilizadas as mesmas cenas nos diferentes estudos.

CONCLUSÃO: Conclui-se que jovens atletas de voleibol realizam fixações mais rápidas
em situações de AC e ainda tomam decisões mais corretas em situação de ataque (AE e
AC) quando comparados com não atletas. A qualidade dos sinais relevantes percebidos
nas cenas diminuem o tempo de fixação e aumentam a qualidade da TD. Sugere-se a
investigação de diferentes modelos de treinamento técnico-táticos para melhora do
comportamento visual com o objetivo da melhora da qualidade da TD no voleibol, utilizando-
se do eye tracking para o rastreamento ocular e avaliação do comportamento visual.
Ressalta-se aqui também a importância de estudos com atletas das categorias de base,
que mostrou-se ser uma lacuna na literatura específica da área. Além disso, é importante
que estudos futuros utilizem as mesmas cenas para as análises e comparações nos
diferentes níveis e desenhos experimentais.

REFERÊNCIAS
AFONSO, J.; GARGANTA, J.; MCROBERT, A.; WILLIAMS, A.M.; MESQUITA, I. The
perceptual cognitive processes underspinning skilled performance in volleyball: Evidence
from eye-movements and verbal reports of thinking involving an in situ representative task.
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VILA-MALDONADO, S.; SAÉZ-GALLEGO, N.M.; ABELLÁN, J.; GARCÍA-LÓPEZ, L.M.


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VILA-MALDONADO, S.; SAÉZ-GALLEGO, N.M.; ABELLÁN, J.; RICARDO, O. Efecto del


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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
174

GERAÇÃO DE OPÇÕES NA TOMADA DE DECISÃO COM E SEM OCLUSÃO VISUAL


NO VOLEIBOL

Henrique de Oliveira Castro / CECA-UFMG


Gibson Moreira Praça / CECA-UFMG
Gustavo De Conti Teixeira Costa / CECA-UFMG
Pablo Juan Greco / CECA-UFMG
henriquecastro88@yahoo.com.br

RESUMO: Objetiva-se verificar a relação entre a quantidade de opções geradas para a


tomada de decisão - TD de atletas e não atletas de voleibol em cenas reais de jogo nos
momentos com e sem oclusão visual. Participaram 23 atletas e 23 não atletas. Utilizou-se
o relato verbal no momento da TD durante o teste de avaliação de cenas de voleibol
realizado nos momentos com e sem oclusão. Observa-se diferença sendo maior para os
atletas em relação aos não atletas na oclusão em todas as situações de jogo. No sem
oclusão gerou-se mais opções do que no com oclusão nos dois grupos. As diferenças com
e sem oclusão evidenciam a hipótese de Johnson e Raab (2003) de que a diferença entre
o número e os tipos de opções geradas depende das estratégias utilizadas para a resolução
de uma determinada ação.
Palavras-Chave: Cognição, tomada de decisão, geração de opções.

INTRODUÇÃO: Um dos focos de estudo da TD implica no entendimento das escolhas


realizadas pelo participante dentro das várias opções apresentadas durante uma situação
de jogo (JOHNSON; RAAB, 2003). Na pesquisa científica na área das ciências do esporte,
considera-se que a geração de opções caracteriza o comportamento criativo do sujeito para
a TD (FURLEY; MEMMERT, 2015). A TD nos esportes sob oclusão visual, onde a oclusão
das imagens, sem que haja um decréscimo na qualidade das opções geradas, pode
significar que o participante conseguiu extrair e processar as informações necessárias ao
longo da exibição da sequência ofensiva, caracterizando o desempenho expert nos
esportes. Além disso, induz processos intuitivos de TD e pressupõe maior utilização da
memória de trabalho na representação da situação, o que influenciam na subsequente
geração de opções e na qualidade dessas soluções (CAUSER; FORD, 2014; LABORDE;

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
175

RAAB; KINRADE, 2014). Contrário a isso, a TD sem que haja a oclusão visual, a exposição
da cena congelada durante a fase de geração de opções garante uma condição de
percepção constante, na qual a primeira opção será produzida sob a mesma condição em
relação à última opção, favorecendo os processos deliberativos (RAAB; JOHNSON, 2007).
O presente estudo objetivou verificar a relação entre a quantidade de opções geradas para
a TD de atletas e não atletas de voleibol em cenas reais de jogo em situações de ataque
de extremidade (AE), ataque de central (AC), levantamento (LE) e bloqueio (BL) em dois
momentos: com e sem oclusão visual.

MÉTODO: O projeto foi provado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade


Federal de Minas Gerais – COEP/UFMG (Parecer 971.037). Participaram 46 voluntários do
sexo masculino divididos em grupos atletas (n=23; idade média de 16,9±1 anos e
experiência com voleibol de 3,7±1,1 anos) e não atletas (n=23; idade média de 17,6±1,7
anos e nenhuma experiência com voleibol). Utilizou-se o teste de avaliação de cenas de
jogos de voleibol. Os testes foram realizados em dois momentos: no momento 1 (com
oclusão visual), a tela se apaga no momento da interrupção da cena; e no momento 2 (sem
oclusão visual), a tela congela no momento da interrupção. Nesse momento de interrupção
da cena, o voluntário tem até três segundos para responder “o que fazer?” (primeira opção
- TD). Em seguida, visando outras possíveis alternativas de solução da jogada que o
voluntário tenha percebido na cena, consideram-se até 22 segundos para responder
verbalmente “o que mais?” (LABORDE; RAAB, 2013; MEMMERT; HÜTTERMANN;
ORLICZEK, 2013), explicitando-se a fase de geração de opções. Com isso foi analisado a
geração de opções, que refere-se à possíveis alternativas de solução da jogada que o
voluntário tenha percebido na cena, além de responder por último qual a melhor das opções
dentre as alternativas produzidas para a ação de forma eficaz (BELLING; SUSS; WARD,
2015ab; KALIS; KAISER; MOJZISCH, 2015). Para minimizar o efeito da memória na
aplicação dos momentos de coleta, cada voluntário realizou primeiro o teste com oclusão e
após 48 horas, o mesmo voluntário realizou o teste sem oclusão com a ordem de
apresentação modificada e as cenas aleatorizadas, como descritas abaixo no Quadro 1.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
176

ORDEM DAS
SITUAÇÃO ORDEM DAS CENAS
SITUAÇÕES
AE 13A, 33A, 48A, 67A, 81A, 86AA
AC 62A, 64A, 84A, 117A, 141A, 214A
Com oclusão visual
LE 43L, 53L, 54L, 89L, 91L, 101L
BL 1B, 4B, 14B, 16B, 17B, 56B
LE 89L, 91L, 53L, 54L, 43L, 101L
AE 86AA, 81A, 33A, 48A, 13A, 67A
Sem oclusão visual
BL 14B, 17B, 1B, 56B, 4B, 16B
AC 64A, 84A, 141A, 117A, 62A, 214A
AE=Ataque de Extremidade; AC=Ataque de Central; LE=Levantamento; BL=Bloqueio.

Quadro 1. Apresentação do teste nas situações com e sem oclusão visual.

RESULTADOS: A Tabela 1 abaixo descreve em média e desvio-padrão as análises da


quantidade de opções geradas entre os grupos nos dois momentos em cada situação
apresentada.

ATLETAS NÃO ATLETAS


COM OCLUSÃO 2,25 (± 0,72)*ƚ 1,78 (± 0,78)
AE
SEM OCLUSÃO 1,92 (± 0,61) 1,90 (± 0,74)
COM OCLUSÃO 1,83 (± 0,75)** 1,65 (± 0,76)
AC
SEM OCLUSÃO 1,75 (± 0,70) 1,83 (± 0,66)°
COM OCLUSÃO 1,91 (± 0,55)*** 1,34 (± 0,62)
BL
SEM OCLUSÃO 1,87 (± 0,52) 1,78 (± 0,68)§
COM OCLUSÃO 2,05 (± 0,67)**** 1,75 (± 0,74)
LE
SEM OCLUSÃO 2,11 (± 0,62)ƨ 1,81 (± 0,70)
AE=Ataque de extremidade; AC=Ataque de central; BL=Bloqueio; LE=Levantamento; *
Atletas>Não atletas no momento com oclusão (p=0,0001); ƚ Com oclusão>sem oclusão no
grupo de atletas (p=0,0002); ** Atletas>Não atletas no momento com oclusão (p=0,04); °
Sem oclusão>com oclusão no grupo de não atletas (p=0,04); *** Atletas>Não atletas no

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
177

momento com oclusão (p=0,0001); § Sem oclusão>com oclusão no grupo de não atletas
(p=0,0001); **** Atletas>Não atletas nos dois momentos (p=0,0001); ƨ Sem oclusão>com
oclusão nos dois grupos (p=0,0001).

Tabela 1. Média (±desvio-padrão) da quantidade de opções geradas entre os grupos em


cada situação e cada momento

De acordo com os resultados apresentados na Tabela 1 revela-se que na situação AE,


houve interação entre os fatores principais (fator momento e fator grupo). Para o fator
momento: no momento com oclusão, o grupo de atletas apresentou maior média do que o
grupo de não atletas (p=0,0001). No fator grupo: o grupo atletas apresentou maior média
no momento com oclusão do que no momento sem oclusão (p=0,0002).
Na situação AC e BL houve interação entre os fatores principais (fator momento e fator
grupo). Para o fator momento: no momento com oclusão, o grupo de atletas apresentou
maior média do que o grupo de não atletas nas duas situações – AC e BL (p=0,04 e
p=0,0001, respectivamente). Para o fator grupo: o grupo de não atletas apresentou maior
média no momento sem oclusão do que no momento com oclusão nas duas situações –
AC e BL (p=0,04 e p=0,0001, respectivamente).
Na situação LE, não houve interação entre os fatores principais (fator momento e fator
grupo). Observa-se que o grupo de atletas apresentou maior média do que o grupo não
atletas, independente do momento. E o momento sem oclusão apresentou maior média do
que o momento com oclusão nos dois grupos.

CONCLUSÃO: Conclui-se que o presente estudo confirma a hipótese de Johnson e Raab


(2003) que citam que a diferença entre o número de opções geradas depende das
estratégias utilizadas, isto é, quando se define um tipo de estratégia necessária para a
resolução de uma determinada ação, diferentes tipos e quantidades de opções são
geradas. As diferentes estratégias de busca de sinais relevantes nos momentos com e sem
oclusão evidenciaram-se como um importante fator que comprova as diferenças
encontradas nos resultados deste estudo, afirmando a hipótese proposta por Johnson e
Raab (2003), que a diferença entre o número e os tipos de opções geradas depende das
estratégias utilizadas para a resolução de uma determinada ação. Diante os resultados

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
178

encontrados e nas pesquisas acima descritas sugere-se a investigação dos efeitos de


diferentes modelos de treinamento técnico-táticos e processos de E-A-T objetivando a
melhora da percepção, atenção e TD nas diferentes situações de jogo do voleibol.

REFERÊNCIAS
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LABORDE, S.; RAAB, M.; KINRADE, N.P. Is the ability to keep your mind sharp under
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
180

TOMADA DE DECISÃO NO FUTEBOL: A INFLUÊNCIA DAS ESTRATÉGIAS DE


BUSCA VISUAL SOBRE O TEMPO DE DECISÃO

João Vítor de Assis/ NUPEF-UFV


Guilherme Machado/ NUPEF-UFV

Felippe Cardoso/ NUPEF-UFV


Israel Teoldo/ NUPEF-UFV

jv_assis@yahoo.com.br

RESUMO: O objetivo do presente estudo é identificar se as estratégias de busca visual


exercem influência sobre o tempo de decisão em jogadores de futebol das categorias de
base. Foram avaliados 86 jogadores de futebol com média de idade de 16,69±3,11 anos.
Para a coleta de dados recorreu-se a utilização de testes de simulações de vídeo com a
utilização do Mobile Eye Tracking-XG para avaliação das capacidades perceptivo-
cognitivas. Os jogadores avaliados foram divididos em três grupos de acordo com o tempo
de decisão: rápidos, lentos e intermediários este último foi excluído da amostra. Para a
avaliação das estratégias de busca visual foram utilizados as seguintes medidas: número
de fixações por cena e duração da fixação. Os resultados sugerem que as estratégias de
busca visual influenciam no tempo de decisão, sendo que os jogadores que realizam um
maior número de fixações de curta duração são mais rápidos para tomar decisões corretas.
Palavras Chave: Tempo de decisão; Busca visual, Futebol.

INTRODUÇÃO: No futebol, várias decisões são tomadas pelos jogadores durante o jogo
levando os pesquisadores a tentar compreender quais são os processos envolvidos nestas
tomadas de decisão e como eles influenciam na qualidade das decisões e na velocidade
da mesma (WILLIAMS; DAVIDS, 1998; ROCA; WILLIAMS; FORD, 2012).
Uma das medidas que auxilia a compreensão desse fenômeno são as estratégias
de busca visual. As estratégias de busca visual dizem respeito à capacidade do indivíduo
em selecionar através da visão central, informações pertinentes do ambiente de jogo, de
modo a consubstanciar suas tomadas de decisões (WARD; WILLIAMS, 2003). Em um
estudo desenvolvido por Roca e colaboradores (2011) os autores observaram que através

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
181

das estratégias de busca visual, os melhores jogadores, conseguem retirar o máximo de


informações pertinentes do jogo para tomar decisões de forma mais rápida e qualificada.
Outro fator importante no processo de tomada de decisão é o tempo de decisão.
Devido à complexidade de ações presentes no futebol, é necessário que os jogadores
respondam às ações do jogo e tomem decisões de maneira adequada em períodos de
tempo cada vez mais curtos (WILLIAMS, et al. 2011).
Com base no que foi destacado, faz-se necessário investigar como as estratégias de
busca visual influenciam nas capacidades decisionais dos jogadores de futebol, sobretudo
no que diz respeito ao tempo de decisão destes jogadores. Assim o objetivo do presente
estudo, consiste em identificar se as estratégias de busca visual exercem influência sobre
o tempo de decisão em jogadores de futebol das categorias de base.

MÉTODOS

Participantes: Participaram do estudo 86 jogadores de futebol do sexo masculino das


categorias de base de um clube da primeira divisão do Brasil com média de idade
16,69±3,11 anos. Como critério de inclusão, todos os jogadores deveriam participar de
treinamentos sistematizados, com no mínimo três sessões semanais de 1h e 30 min de
duração cada e participarem de competições de nível nacional e/ou internacional.
Os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido informando
estarem cientes de sua participação na pesquisa. Todos os procedimentos da pesquisa
foram conduzidos de acordo com as normas estabelecidas pela Resolução do Conselho
Nacional de Saúde (466/2012) e pelo tratado de Ética de Helsinque (1996) para pesquisas
realizadas com seres humanos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisas
com seres humanos da Universidade Federal de Viçosa (Nº 412.816-08/10/2013).

Procedimentos: Para a avaliação da tomada de decisão e da eficiência cognitiva foi


utilizado um teste de vídeo (vídeo based) proposto por Mangas (1999) com utilização do
Mobile Eye Tracking-XG (Applied Science Laboratories, Bedford, MA, EUA). O teste avalia
as tomadas de decisão dos jogadores a partir de suas capacidades perceptivo-cognitivas e
da utilização da memória de trabalho em identificar determinadas pistas ambientais nas
situações de jogo e dessa forma deliberarem sobre quais são as melhores opções de ação.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
182

O teste é composto por 11 cenas de vídeo de ações ofensivas de jogos de futebol 11 contra
11, gravadas e assistidas em uma perspectiva de terceira pessoa (câmera de TV)
projetadas em uma tela, com duração entre 5 e 13 segundos cada cena (MANGAS, 1999).
Durante o experimento foram apresentadas as 11 sequências de vídeo, sendo pausadas
em um momento que antecede o final de uma ação. Assim que o vídeo era pausado o
avaliado estava instruído a responder o mais rápido possível “o que o portador da bola
deveria fazer” naquele momento.

Após a gravação das respostas do teste o material de áudio obtido foi transcrito para
formato digital em documentos de Word®, em um computador portátil (POSITIVO modelo
T 3300 processador Intel Core™ i3). Os dados transcritos foram analisados e comparados
junto ao painel de peritagem oficial do teste desenvolvido por Mangas (1999). Apenas as
respostas corretas foram consideradas para análise.

Definição dos grupos: A variável “tempo de decisão” avaliada através do teste de tomada
de decisão foi medida em segundos. Os dados foram divididos em três grupos: rápidos,
intermediários e lentos. Apenas os grupos “rápidos” (n = 30, média = 1,67 segundos, DP =
0,32) e “lentos” (n = 28, média = 5.91 segundos, DP = 1,83) foram usados na análise. O
grupo intermediário (n= 28, média =2.66 segundos, DP =0,47) foi excluído das análises.

As análises das taxas de busca visual neste experimento foram realizadas seguindo
os procedimentos propostos por Williams e Davids (1998). Esta medida está relacionada à
utilização da visão central durante os vídeos. Duas medidas foram examinadas como
variáveis: i) número de fixações por cenas; e ii) duração média de fixação (em
milissegundos). A fixação foi analisada usando o Mobile Eye Tracking-XG e definida como
a condição em que o olho permaneceu estacionário por aproximadamente 1,5 graus de
tolerância de variação e por um período igual ou superior à 120ms. ou três quadros de vídeo
(WILLIAMS, M; DAVIDS, 1998).

Procedimentos Estatísticos: A distribuição dos dados foi analisada através do teste de


Shapiro-Wilk. Para a comparação dos grupos “rápidos” e “lentos”, recorreu-se ao teste t
para amostras independentes. Utilizou-se o teste Kappa de Cohen e um valor de 12,72%
das fixações referentes à primeira avaliação. Os valores de confiabilidade das avaliações

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
183

foram de 92,09% para intra-avaliadores e 88,44% para inter-avaliadores. Os procedimentos


estatísticos foram realizados através do software SPSS 18.0 e o nível de significância
adotado foi de p<0,05.

RESULTADOS: Os valores de média e desvio padrão para a taxa de busca visual, em


relação ao Número de fixações por cena e Duração das fixações entre os grupos estão
apresentados na Tabela 1.

Tabela 1: Valores descritivos e inferenciais dos grupos “rápidos” e “lentos” para o tempo de
decisão

Rápidos Lentos
Taxa de Busca Visual p
Média(DP) Média(DP)
Número de Fixações por cena 21,50 (10,68) * 16,40 (5,12) <0,001
Duração das Fixações (ms) 569,13 (101,68) 601,16 (122,61) 0,561

*Diferenças significativas entre os grupos (rápidos e lentos no tempo de início de resposta correta) no
teste T.
Nível de significância adotado p<0,05

.
Em relação ao número de fixações por cena, os resultados do teste t aponta para
diferença significativa entre os jogadores “rápidos” e “lentos” em relação ao tempo de
decisão correta; t (58) = 2,38, p = 0,000. Para a duração das fixações, embora o grupo
“rápidos” apresente uma média no tempo de duração menor em relação aos “lentos”, não
foi observada diferença significativa entre os grupos t (58) = -1,22, p = 0,561.
Sobre o tempo de decisão, pesquisas com jogadores de futebol identificaram que
jogadores mais experientes são mais rápidos para tomar decisões, com um tempo de
resposta menor em comparação aos menos experientes (WILLIAMS; DAVIDS, 1998;
VAEYENS et al., 2007). Essa velocidade de resposta se deve, assim como no presente
estudo, ao maior número de fixações onde o jogador retira as informações necessárias do
jogo.
Em relação às estratégias de busca visual, nossos achados vão ao encontro de
outros estudos que envolveram a participação de jogadores de futebol habilidosos e menos
habilidosos, no qual os mais habilidosos utilizam um número maior de fixações de curtas
durações em comparação aos menos habilidosos (VAEYENS et al., 2007; ROCA et al.,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
184

2011). Essas fixações são direcionadas a vários locais do campo, variando entre os
estímulos de maior importância, onde o jogador consegue recolher mais informações do
ambiente. A partir do maior número de fixações no campo de jogo, o jogador identifica
melhor as situações, e de forma rápida toma as decisões certas em um tempo menor.
No entanto, em relação à duração das fixações, embora estes estudos apontem que
os jogadores mais rápidos gastem menos tempo em cada fixação, não foram encontradas
diferenças significativas em relação ao tempo de decisão. Talvez isto possa ser explicado
pela diferente disposição de vídeo apresentado no teste utilizado neste estudo em relação
aos anteriores, como a utilização de testes em situações de ataque ou defesa; diferenças
na composição do número de jogadores e nas perspectivas de apresentação do vídeo,
frontal, lateral ou primeira pessoa.
CONCLUSÃO: É possível concluir que as estratégias de busca visual exercem influência
sobre o tempo de decisão correta do jogador de futebol, sendo que os jogadores que
realizam um maior número de fixações são mais rápidos para tomar decisões corretas.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho teve o apoio da SEEJMG através da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, da
FAPEMIG, da CAPES, do CNPQ, da FUNARBE, da Reitoria, Pró-Reitoria de Pesquisa e
Pós-Graduação e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal
de Viçosa.

REFERÊNCIAS

MANGAS, J. C. Conhecimento Declarativo no Futebol: Estudo comparativo em


praticantes federados e não-federados, do escalão de Sub-14. Faculdade de Desporto
da Universidade do Porto, Porto, 1999. 98 p.

ROCA, A.; FORD, P. R.; McROBERT, A. P.; WILLIAMS, A. M.. Identifying the processes
underpinning anticipation and decision-making in a dynamic time-constrained task.
Cognitive Processing v. 12, n. 3, p. 301–310 , 2011.

ROCA, A.; WILLIAMS, A. M.; FORD, P. R. Developmental activities and the acquisition of
superior anticipation and decision making in soccer players. Journal of Sports Sciences
v. 30, n. 15, p. 1–10 , 2012.

VAEYENS, R.; LENOIR, M.; WILLIAMS, A. M.; PHILIPPAERTS, R. M. Mechanisms


underpinning successful decision making in skilled youth soccer players: an analysis of
visual search behaviors. Journal of Motor Behavior v. 39, n. 5, p. 395–408 , 2007.

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WARD, P.; WILLIAMS, A.M. Perceptual and Cognitive Skill Development in Soccer : The
Multidimensional Nature of Expert Performance. Journal of sport & exercise
psychology v. 25, p. 93–111 , 2003.

WILLIAMS, A. M; DAVIDS, K. Visual search strategy, selective attention, and expertise in


soccer. Research quarterly for exercise and sport v. 69, n. 2, p. 111–128 , 1998.

WILLIAMS, A. M; FORD, P.R.; ECCLES, D.W.; WARD, P. Perceptual-cognitive expertise


in sport and its acquisition: Implications for applied cognitive psychology. Applied
Cognitive Psychology v. 25, n. 3, p. 432–442 , 2011.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
186

ANSIEDADE PRÉ-COMPETIÇÃO EM ATLETAS UNIVERSITÁRIOS E PROFISSIONAIS


DAS EQUIPES DE HANDEBOL NA CIDADE DE BAURU

Rômulo Dantas Alves/ UNESP – Bauru, DEF/FC – GEPEAAM


Marlus Alexandre Sousa/ UNICAMP – Campinas – FEF – GEPESP
Rubens Venditti Jr/ UNESP – Bauru, DEF/FC – GEPEAAM

RESUMO: O objetivo do estudo foi identificar o grau de ansiedade no contexto universitário


e de rendimento, e encontrar as diferenças entre esses dois contextos, após análise dos
dados. O instrumento utilizado para a coleta foi o inventário intitulado “Inventário de
Ansiedade Traço-Estado” (IDATE), traduzido, desenvolvido e validado em português por
Biaggio, Natalício e Spielberger (1977). Foram investigados duas equipes de handebol da
cidade de Bauru, sendo a uma equipe de rendimento (AABB/Bauru) que representa a
cidade em jogos regionais e abertos; e uma equipe universitária da cidade (UNESP Bauru).
Os critérios de inclusão dos sujeitos, bem como as questões éticas e protocolares, seguiram
as etapas de cadastro e aprovação na plataforma Brasil. Encontrou-se níveis baixos de
ansiedade estado e traço para ambas as equipes, contudo a equipe AABB/Bauru
demonstrou maior grau de ansiedade estado-traço e média de idade menor, corroborando
com outros achados (SAMULSKI, 2002; SANTOS, S.G.; PEREIRA, S.A., 1997) da
literatura. Percebemos a importância das questões psicológicas para as atuações em
Pedagogia do Esporte e a necessidade de compreensão de cada contexto esportivo e de
seus atores ou personagens.

Palavras – Chave: Ansiedade, Contextos, Handebol

INTRODUÇÃO: Os contextos esportivos nos levam a ter olhares mais sensíveis para as
situações de competição em que os atletas estão embutidos, investigando elementos da
Pedagogia do Esporte e da Psicologia do Esporte no cenário competitivo, e compreendendo
a competição como formadora do contexto esportivo e fonte causadora de diversas
emoções, através do confronto, demonstração, comparação e avaliação (DE ROSE JR,
2002). Essas series de exigências são fontes causadoras de estresse, todo esse processo
de estresse pode levar a reações emocionais, e uma das reações é a ansiedade, que pode

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
187

ser definida como um estado emocional que acarreta em tensão, sentimentos negativos,
angustia, alterações e alto nível de ativação do sistema nervoso autônomo (SAMULSKI,
2002).No estudo de Pandolfo e colaboradores (2014), identificou-se o nível de ansiedade-
estado em atletas masculinos entre 14 e 16 anos, durante as fases finais do Campeonato
Gaúcho de Handebol no ano de 2012, obtiveram níveis baixos e moderados de ansiedade-
estado, entre os finalistas e semi-finalistas encontrou-se níveis moderados de ansiedade-
estado, porém entre as equipes que ficaram em segundo e quarto lugar observou-se um
menor nível, do que na equipe campeão e na terceira colocada, podendo haver um nível
de ansiedade ótimo para a performance.O estudo busca identificar o grau de ansiedade
pre-competição em atletas de diferentes contextos esportivos, para identificar elementos
comuns e distinto à cada contexto, entendo assim as especificidades de cada âmbito
competitivo.

METODO: O estudo utilizou para identificação da variável de ansiedade o “Inventário de


Ansiedade Traço-Estado – IDATE”, o inventario foi traduzido, desenvolvido e validado em
português por Biaggio, Natalício e Spielberger (1977) e é constituído por duas escalas auto
relatas, cada escala possuí 20 afirmativas no qual os atletas devem assinalar como sentem
dentro das quatro alternativas, que visam identificar o grau de ansiedade estado (A-estado)
e o grau de ansiedade traço (A-traço). Participaram voluntariamente 27 atletas masculinos,
sendo 12 atletas da equipe de rendimento que representa a cidade de Bauru em jogos
regionais e jogos abertos do estado de São Paulo, e 15 atletas da equipe universitária da
UNESP do campus de Bauru, que representa a Associação Atlética Acadêmica Unesp
Bauru em ligas e jogos universitários. A coleta de dados ocorreu cerca de uma hora antes
dos atletas iniciarem os jogos.

RESULTADOS: A Tabela 1 e 2 respectivamente mostram a pontuação individual de cada


atleta das duas equipes, sendo a equipe de rendimento primeiro e universitária abaixo. A
Tabela 3 mostra a média e o desvio padrão das idades e variáveis.

Os resultados nos mostram que em média os atletas de rendimento apresentam um


grau mais elevado de ansiedade estado e traço do que os atletas universitários. Segundo

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
188

Samulski (2002) quanto maior a experiência do atleta menores são seus níveis de
ansiedade, e Santos e Pereira (1997) verificaram atletas mais jovens apresentam maiores
níveis de ansiedade-traço, do que atletas mais adultos e experientes, considerando assim
que experiência e idade estão relacionadas aos níveis de ansiedade. Aqui verificamos que
ambas as equipes apresentam baixos níveis de ansiedade estado e traço, segundo a
instrumentos utilizado que varia em uma escola de 20 a 80 pontos, porém os resultados
corroboram com o fato de que atletas mais jovens apresentam maiores níveis de ansiedade,
sem questionarmos a experiência dos atletas que estão inseridos em contextos esportivos
diferentes e que forma de cobrança, pressão e expectativas de resultados é diferente.

AABB/Bauru Idade Ansiedade Estado Ansiedade Traço


1 20 32 30
2 19 55 49
3 19 38 45
4 19 35 34
5 20 35 53
6 19 38 23
7 18 39 37
8 24 30 30
9 20 37 39
10 27 42 44
11 18 34 26
12 20 39 37
Tabela 1: Quadro Individual de Ansiedade –IDATE – AABB/Bauru.

UNESP Bauru Idade Ansiedade Estado Ansiedade Traço


13 22 37 39
14 23 31 35
15 23 49 43
16 22 35 34
17 21 30 37
18 22 33 29
19 20 33 43
20 23 30 33
21 21 29 38
22 19 36 32
23 18 35 44
24 22 33 31
25 18 35 28
26 23 37 35
27 20 28 24

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
189

Tabela 2: Quadro Individual de Ansiedade – IDATE – UNESP BAURU.

AABB/Bauru UNESP/Bauru
Idade A-Estado A-Traço Idade A-Estado A-Traço
Média 19,5 37,5 37 22 33 35
Desvio 2,5 6,1 8,9 1,7 4,9 5,6

Tabela 3: média e desvio padrão da idade e variáveis.

CONCLUSÂO: Em suma, concluímos que os dois contextos esportivos são distintos e que
carecem de mais estudos e novas investigações para verificar quais fatores são mais
relevantes para cada situação. Apontamos a necessidade de maiores discussões a respeito
das variáveis psicológicas nos contextos esportivos coletivos e a necessidade de
aprofundamento e considerações acerca das influências emocionais e psicológicas para as
temáticas que envolvem a Pedagogia dos Esportes Coletivos. O estudo pode ter deixado
controlar algumas variáveis do contexto ou de verificar um melhor jogo ou momento para
realizar as coletas, mas enfatizamos que objetivo geral era identificar o grau de ansiedade
pre-competição, e que novos estudo devem ser feitos para maiores afirmações.

REFERENCIAS:
BIAGGIO, A.M.B., NATALÍCIO, L., SPIELBERGER, C.D. Desenvolvimento da forma
experimental em português do Inventário de Ansiedade Traço-Estado de Spielberger
(IDATE). Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada.v 29 n 3: 31 – 44.Jul/Set. 1977.

DE ROSE JR, D. A competição como fonte de estresse no esporte. Revista Brasileira de


Ciência e Movimento. v10 n 4: 19 – 26. Out. 2002.

PANDOLFO, K.C.M., AZAMBULA, C.R., MACHADO, R.R, SANTOS, D.L. Nível de


ansiedade-estado de atletas masculinos de handebol na final do campeonato
gaúcho.Revista Cinergis.v15 n 2: 94 – 97. Abril/Jun. 2014.

SAMULSKI, D. Psicologia do Esporte.1ed. São Paulo, Manole, 2002.

SANTOS, S.G.; PEREIRA, S.A. Perfil do nível de ansiedade traço-competitivo de atletas de


esportes coletivos e individuais do estado do Paraná. Revista Movimento, v 1 n 6: 03-13.
Jan.1997.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
190

MOTIVAÇÃO E SUPORTE PARENTAL EM ATLETAS BRASILEIROS JUVENIS DE


TÊNIS DE CAMPO

Marcus Vinícius Mizoguchi / FEF - UFMT


André Cardoso Tavares / DEF – UEM
Caio Rosas Moreira / DEF – UEM
Andressa Ribeiro Contreira / DEF - UEM
Lenamar Fiorese Vieira / DEF – UEM
marcusmaringa@gmail.com

RESUMO: Este estudo objetivou investigar a relação entre motivação esportiva e suporte
parental de atletas brasileiros juvenis de tênis de campo. Participaram 31 atletas do sexo
masculino (15,06±0,12 anos) da categoria juvenil de tênis de campo. Como instrumentos
de medida foram utilizados: a ficha de identificação do atleta, escala de motivação para o
esporte (SMS) e o teste de percepção do estilo parental (EMBU). A análise de dados foi
realizada por meio de estatística descritiva e inferencial, utilizando-se os testes: Shapiro-
wilk, ANOVA de medidas repetidas com post-hoc de Bonferroni, “U” de Mann-whitney e
coeficiente de correlação de Spearman, adotando-se p<0,05. Os resultados indicaram que
os atletas são intrinsecamente motivados, com maior prevalência para experiências
estimulantes (Md=5,5). Em relação ao suporte parental, evidenciou-se maior percepção de
suporte emocional paterno (Md=3,29) e maternal (Md=3,33). Ao correlacionar a motivação
com os estilos parentais, percebeu-se correlações moderadas e fortes entre a amotivação
e a motivação extrínseca e os comportamentos superprotetores e de rejeição (r>0,50).
Conclui-se que o suporte emocional é um fator importante para a promoção de motivação
intrínseca em atletas de tênis de campo.

Palavras-chave: Motivação, Pais, Atletas.

INTRODUÇÃO: O tênis de campo é um dos esportes mais praticados em todo mundo.


Estima-se que mais de 60 milhões de pessoas praticam esta modalidade, nos mais de 200
países filiados à International Tennis Federation (ITF) (CORTELA et al., 2012). Vale
destacar que para o atleta atingir objetivos em nível de alto rendimento, é necessário
desenvolver além dos aspectos físicos, também os psicológicos, a fim de assegurar um
desempenho satisfatório.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
191

Nesse sentido, os estudos na área da Psicologia do Esporte apontam algumas


variáveis psicológicas imprescindíveis para o início e permanência dos atletas na prática
esportiva, dentre as quais se destacam a motivação no esporte (ZANETTI; MACHADO,
2008; VISSOCI et al., 2008) e o suporte parental (LAUER; GOULD; ROMAN, 2010). Ao
consultar a literatura nacional sobre essas temáticas, foram observados poucos estudos no
contexto do tênis de campo, o que representa a lacuna a ser investigada no presente
estudo. Diante disso, este estudo objetivou analisar a relação entre motivação e suporte
parental em atletas brasileiros juvenis de tênis de campo.

MÉTODOS: Este estudo é vinculado ao projeto institucional com parecer do Comitê


Permanente de Ética em Pesquisa nº 339/2011. Participaram 31 atletas brasileiros juvenis
de tênis de campo, com 15,06 (±0,12 anos), ranqueados entre os 100 melhores do país no
ano de 2014. Os instrumentos utilizados foram: 1) Ficha de identificação (dados
sociodemográficos e ranqueamento dos atletas); 2) Escala de Motivação para o Esporte
(BARA FILHO et al., 2011), englobando as sete regulações baseadas na teoria da
Autodeterminação (DECI; RYAN,1985); 3) questionário EMBU para avaliar a percepção de
estilo parental (KOBARG et al., 2011), dividido nas dimensões suporte emocional,
superproteção e rejeição. O evento no qual os dados foram coletados é classificado no grau
A dos torneios da ITF. Para análise dos dados, foi utilizada a estatística descritiva e
inferencial, avaliando a normalidade pelo teste Shapiro-Wilk. Para comparação das
dimensões foi utilizada a ANOVA de medidas repetidas com esfericidade de Mauchly’s.
Para comparação entre grupos foi realizado o teste U de Mann-whitney. Para análise das
correlações entre os estilos parentais e os níveis motivacionais foi utilizado o coeficiente de
correlação de Spearman, adotando-se p<0,05.

RESULTADOS: A Figura 1 apresenta os níveis motivacionais dos atletas juvenis brasileiros


de tênis de campo. Os níveis são referentes ao continuum da Autodeterminação que inicia
com a amotivação, passando pela motivação extrínseca e por fim a motivação intrínseca.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
192

*Diferença significativa p<0,05


Figura 1- Níveis motivacionais de atletas brasileiros juvenis de tênis de campo.

Observou-se (Figura 1) níveis crescentes nos valores nas diferentes regulações,


com valores inferiores para amotivação, aumentando para as regulações de motivação
extrínseca (regulação externa, introjeção e identificação) até atingir as regulações de
motivação intrínseca (atingir objetivos, experiências estimulantes e conhecer). Dentre as
regulações, as experiências estimulantes foram as que apresentaram valores motivacionais
superiores (p<0,01), demonstrando que os atletas jogam pelas vivências satisfatórias no
contexto do tênis.

Quando comparadas as regulações em função do ranqueamento dos atletas (grupo


1= 30 melhores ranqueados; grupo 2= a partir do número 31 do mesmo ranking),
evidenciou-se maiores motivações intrínsecas de atingir objetivos para o grupo 2 (p=0,03).
Este dado pode ser explicado, pois no tênis de campo os tenistas com melhores
ranqueamentos recebem alguns benefícios como o pagamento de hotel, alimentação,
material e treinamento, o que pode aumentar sua motivação extrínseca para a prática. Em
contrapartida, os atletas do grupo 2 não recebem tais benefícios e para isso devem se
esforçar para atingir objetivos específicos, sem deixar de evidenciar a sensação do atleta
de estar classificado entre os melhores de seu esporte.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
193

A Tabela 1 apresenta os estilos de suporte parental dos atletas juvenis de tênis de


campo. As variáveis do questionário foram divididas pelas dimensões do suporte parental
(suporte emocional, rejeição e superproteção do pai e da mãe).

Pai Mãe
Tipo P
Md (Q1-Q3) Md (Q1-Q3)
Suporte
3,30 (2,86-3,43) 3,29 (2,97-3,43) 0,70
Emocional
Rejeição 1,31 (1,13-1,63) 1,31 (1,13-1,70) 0,62
Super Proteção 1,83 (1,50-2,38) 2,09 (1,62-2,83) 0,01*
Tabela 1- Comparação do estilo parental do pai e mãe em atletas brasileiros juvenis de
tênis de campo. *Diferença significativa p<0,05.

Observou-se maior percepção da dimensão suporte emocional (p=0,01), tanto para


o pai (Md=3,30) como para a mãe (Md=3,29), demonstrando comportamentos parentais
apropriados de forma a oferecer limitações e acolhimento necessários aos atletas. Quando
comparados em função do ranqueamento, salienta-se que o suporte parental materno foi
mais evidente no grupo 2 (p=0,01), identificando que quanto melhor a colocação, mais
autonomia dos pais o atleta possui.

Ao verificar a correlação da motivação e estilo parental em função do ranqueamento,


foi encontrado que para os atletas do grupo 1 (ranking entre 1 e 30) a Amotivação se
correlacionou com a Rejeição-Pai (r=0,69). A motivação extrínseca de Regulação Externa
também se correlacionou com a Rejeição-Pai (r=0,72) e com Rejeição-Mãe (r=0,70) e
Superproteção-Mãe (r=0,50). No entanto o Suporte emocional-Mãe foi a única dimensão a
se correlacionar moderadamente com a motivação intrínseca de Atingir Objetivos (r=0,46).

Para o grupo 2 (ranqueados acima do 31), a amotivação se correlacionou tanto com


a Superproteção-Mãe (r=0,85), como para o Pai (r=0,81). A motivação extrínseca de
Regulação Externa obteve correlação com Superproteção-Pai (r=0,68) e Mãe (r=0,65), bem
como Rejeição-Mãe (r=0,61). A motivação extrínseca de Identificação apenas se
correlacionou com Superproteção-Mãe (r=0,60).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
194

CONCLUSÕES: O estudo apontou que os atletas brasileiros juvenis de tênis de campo são
intrinsecamente motivados, apresentando objetivos voltados à busca do prazer, alegria e
bem-estar. No entanto, atletas com o ranking mais baixo apresentaram motivação maior
para a busca em atingir objetivos específicos na modalidade. Em relação à percepção dos
estilos parentais, os atletas se sentem apoiados pelos pais, apresentando maior suporte
emocional para a prática do tênis.

Ainda, foram observadas relações entre motivação autodeterminada e o suporte


emocional dos atletas juvenis de tênis de campo. Os achados desse estudo podem
contribuir com o trabalho desenvolvido pelos treinadores dos atletas de tênis de campo,
permitindo maior conhecimento dos aspectos psicológicos referentes à motivação e apoio
familiar, que também são fundamentais para o desempenho esportivo.

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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
196

THE EVOLUTION OF THINKING IN TACTICAL DECISION-MAKING IN SOCCER


Grégory Hallé Petiot / NUPEF - UFV

Felippe Cardoso / NUPEF - UFV

Rodrigo Santos / NUPEF - UFV

Israel Teoldo / NUPEF - UFV

ghpetiot@icloud.com

ABSTRACT: This study aimed to verify the evolution of thinking in tactical Decision-Making
in soccer players. The declarative decisions of 90 players evolving in five training categories
of a professional club in Brazil were recorded. The statements were distributed into four
categories (monitoring, evaluation, prediction, planning) and an inter-age level analysis was
performed. Descriptive analysis was performed and the Chi-square (x2) test was used to
observe the differences of frequencies of statement types through the categories. A
significance level of p<0.05 was adopted. Significant differences were found through age
levels. Such differences suggest an evolution of the thinking of the tactical decisions over
time.
Keywords : tactics, thinking, decision-making

INTRODUCTION: Visual information perceived during performance has long been studied
to understand how experts make better decisions. Though, classical rationales in general
study areas may not allow to underpin the elements of tactical decisions. For this reason,
sport has been of particular interest due to the representation of thinking in the form of an
action (Ericsson & Simon, 1993; Júlio Garganta & Gréhaigne, 1999; Júlio & Araújo, 2005;
A. M. Williams & Ericsson, 2005). This study assumes that thinking is part of decision-
making process, and that the study of thinking may portray the mechanisms underlying
information processing to make a tactical decision in soccer.

Due to difficulties related to the study of decision-making in situ, McPherson (1999a, 1999b)
has proposed the utilization of verbal procedures to identify domain-specific information
inherent to decisions with methods realized in laboratory. These methods enlighten the
cognitive processes solicited by decision-making and allows to identify differences in
thinking processes between subjects of different levels of experience (Vaeyens, Lenoir,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
197

Williams, Matthys, & Philippaerts, 2009; Van Someren, Barnard, & Sandberg, 1994; A. M.
Williams & Ericsson, 2005). Nevertheless, such studies do not take into account the
progression of decision-making through time, that is in training categories (Ford & Williams,
2012; Roca, Ford, McRobert, & Williams, 2011). The analysis of this progression would
clarify how decision-making evolves in time and what impact has the gain of experience on
tactical decision-making.

The statement types identified by Ward, Williams, and Ericsson (2003) reflect cognitive
processes, mainly manifested in executive functions used in the making of a decision.
Executive functions are defined as a module that involve “inhibition, working memory, and
organizational strategies necessary to prepare a response” (Norman & Shallice, 2000).
Accordingly, the brain development during childhood and adolescence is characterized by
a major growth in the frontal lobe, where most of problem solving processes such as
planning are localized (Stuss & Alexander, 2000).

The aim of this study is to verify the evolution of thinking over age levels, as subjects are
asked to make a tactical decision when watching play sequences in soccer, with respect to
the dominant statement types in verbal reports.

METHOD: The present work was submitted and approved by the Committee of Ethics in
Researches with Human Beings of the Federal University of Viçosa (CEPH: 403.759). The
legal tutors of each players signed an informed assent form before the realization of the
tests, allowing the participation of the players to the study and the usage of the data for
research purposes. The sample was composed of 90 male soccer players of the following
categories: Under-11 (n= 18), Under-13 (n= 18), Under-15 (n=18), Under-17 (n=18), and
Under-20 (n=18) of a Soccer Club affiliated to the Soccer Federation of the State of Rio de
Janeiro in Brazil (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, FERJ), and to the
Brazilian Soccer Confederation (Confederação Brasileira de Futebol, CBF).

Each subject was presented the same sequence of eleven video soccer plays of 8 to 12
seconds each, which ended by a frozen image of 2 seconds. The subjects were asked to
tell what they would have been doing if they were the player in possession of the ball when
the image had fixed. The answers were recorded and analyzed according to Ward’s
adaptation (Ward et al., 2003) of the protocol elaborated by Ericsson and Simon (1993). The

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198

content of the provided reports were distributed in four main categories of statements: (a)
monitoring statements, described as the recalls to current actions or descriptions of current
events; (b) evaluations, described as some form of comparison, assessment, or appraisal
of events that are situation-, task-, or context-relevant; (c) predictions, described as
anticipation or highlights of future or potential future events; and (d) planning statements,
described as the decision(s) on a course of action in order to anticipate an outcome or
potential outcome of an event (Roca et al., 2011). Each scene was ascribed the dominant
statement type amongst the four listed above when analyzing the verbatim of the justification
of their tactical decision. Each answer was compared to the four most relevant options
determined by the unanimity between a panel of experts. In the present study, the frequency
of each dominant statement type was calculated for each subject.

Descriptive analysis provided means and standard deviations. To calculate the differences
between frequencies of dominant statement types, statistical analysis was conducted with
the Chi-square test, using the age categories (Under-11, -13, -15, -17, and -20) as the
between-participant factor, and the verbal statement type (monitoring, evaluation,
prediction, planning) as within-participant factors. All the statistical procedures adopted the
significance level of p < 0,05 and were performed on SPSS (Statistical Package for Social
Science) for Windows®, version 20.0.

RESULTS: Table 1 shows the means and standard deviations of frequencies of the
dominant statement types, in each age level. Figure 1 presents the means and the trend
lines of the dominant statement types, also for each age level.

Under-11 Under-13 Under-15 Under-17 Under-20


(n = 18) (n = 17) (n = 18) (n = 18) (n = 18)

Monitoring 3.94 (± 3.12 (± 1.72 (± 3.39 (± 2.39 (±


2.94) 1.996) 1.447) 1.754) 1.819)

Evaluation 3.5 (± 4.29 (± 4.72 (± 4.39 (± 3.78 (±


1.917) 1.312) 2.445) 1.65) 1.437)

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199

Under-11 Under-13 Under-15 Under-17 Under-20


(n = 18) (n = 17) (n = 18) (n = 18) (n = 18)

Prediction 1.89 (± 2.29 (± 2.94 (± 2.17 (± 2.83 (±


1.844) 1.404) 2.578) 1.618) 1.823)

Planning 1.67 (± 1.24 (± 1.61 (± 1.06 (± 2 (± 1.815)


1.844) 1.147) 2.118) 0.998)

Table 1 - The means and standard deviations of the frequencies of the dominant statement
types, for each age level.

Monitoring Evaluation

3,75

2,5

1,25

0
Under-11 Under-13 Under-15 Under-17 Under-20

Figure 1 - The means and trend lines of frequencies of dominant statement types, for each
age level.

Several significant differences were verified through age categories: players provided
different dominant statement types as the age level increased. Differences were first found
in monitoring statements, where U-11 < U-15 and U-20 (p=0; p=0.009), U-13 > U-15 (p =

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200

0.016), U-15 < U-17 (p = 0.002). Monitoring trend lines shows a decreasing tendency of that
type of statement in time. Second, more differences were found in prediction and planning
statements, where U-11 < U-15 in prediction (p = 0.042); U-13 < U-15 (p = 0.047), and U-
17 < U-20 in planning (p = 0.022). Trend lines show a general increase of prediction
statements and an ascendant curve for the planning statements over time.

According to the trend lines, it also seems that the Under-15 age level is a turning point in
the way the subjects verbalize their decisions: the decrease of monitoring statements slows
down; evaluation statements start decreasing; prediction statements increase becomes
alleviates; and planning statements increases.

Such as mentioned by Mata and collaborators (2011), it is expected that the decision-making
skills are not yet developed as much as in their elder parts, and due to the likely proportional
amount of practice, young players know less than older players. The increase of prediction
statements is in line with the evidence that the accumulation of soccer activity time seems
to improve anticipation (Roca, Williams, & Ford, 2012). In that sense, a formal training
context features competition that encourages organized practice, that is aimed to make the
team win (Ford & Williams, 2012). Plus, this whole process is in concert with the mutual
relation between “doing” and “knowing”, thus in this case, to do repeatedly would have
enhanced the knowledge of the game (Allard & Starkes, 1991; M. Williams & Davids, 1995).
Finally, to observe more planning and less monitoring is in line both with the players’
neuropsychological development and the experience, since more experienced subjects
show ability to decide upon likely consequences, and imagine what result could happen
beyond one action despite the uncertainty of the course of the events in the play (Deleplace,
1996; Stuss & Alexander, 2000).

CONCLUSION: It was verified that players do present different thinking over time, and that
these differences allow the player to take more accurate decisions as he undergoes formal
training. This implies considerations in recruitment, as for instance, thinking may allow a
better understanding of the given tactical directives as well as a better communication with
teammates, in order to solve problem and subscribe to a game model (J. Garganta,
Guilherme, Barreira, & Rebelo, 2013).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
201

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203

CORRELAÇÃO ENTRE MOTIVAÇÃO, FUNÇÕES EXECUTIVAS E INDICADORES DE


DESEMPENHO DE ATLETAS DE FUTEBOL SUB-20: UM ESTUDO PILOTO

Maurício José de Souza Filho / LAPES-UFMG


Leandro Fernandes Malloy-Diniz / LIN-INCT-MM-UFMG
Rodrigo de Miranda Monteiro Santos / NUPEF-UFV
Lucas Dias Mantovani / NUPEF-UFV
Varley Teoldo da Costa / LAPES-UFMG
sgtarmeiro@yahoo.com.br
RESUMO: O objetivo deste estudo piloto foi verificar se há correlação entre os construtos
motivação, funções executivas e desempenho técnico tático em atletas federados de futebol
Sub-20. A amostra foi de atletas masculinos (n=5), pertencentes a um clube de futebol.
Para análise de jogo, a amostra foi de 71 sequências ofensivas. Foram utilizados a Escala
de motivação no esporte, Span de Dígitos, Cubos de Corsi e Teste dos 5 Dígitos. Para
avaliar os indicadores técnico tático foi adotado os índices de velocidade de transmissão
da bola, número de bolas recebidas, número de contatos realizados, volume de jogo total,
número de bolas conquistadas e número de variações do corredor. Foram utilizados os
testes de Shapiro-Wilk, correlação de Pearson e Spearman, com o nível de significância de
p≤0,05. Houve correlações significativas entre dimensões de motivação e medidas do Teste
dos 5 Dígitos, variando de r= -0,84 a -0,94; entre medida do Cubo de Corsi (r= -0,92) e entre
indicadores técnico tático, variando de r= -0,89 a -0,98. Embora exista uma limitação do
estudo relacionada ao tamanho da amostra, conclui-se que há evidências da existência de
correlação entre aspectos motivacionais, medidas de funções executivas e indicadores de
desempenho em atletas de futebol Sub-20.
Palavras-chave: Motivação, Funções Executivas, Indicadores técnico tático.

INTRODUÇÃO: O futebol tem sido estudado por pesquisadores em todo o mundo e


apresenta múltiplos fatores que podem influenciar o rendimento de um atleta. Dentre
inúmeras variáveis presentes no futebol, a comunidade científica tem investigado
temáticas, tais como funções executivas (GONZAGA et al., 2014), motivação (COSTA et
al., 2011) e indicadores técnico tático (MORAES; CARDOSO; TEOLDO, 2014). Entretanto,
na categoria de base, em especial na categoria Sub-20, devido a um reduzido número de
evidências a relação entre essas variáveis ainda não está bem esclarecida na literatura.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
204

Contudo, estudos têm apontado que as funções executivas têm papel importante para um
desempenho bem sucedido no futebol em atletas de categorias inferiores (VERBURGH et
al., 2014) e categoria adulto (VESTBERG et al., 2012). Assim, considerando que o bom
desempenho de funções executivas pode prever o sucesso no futebol, torna-se relevante
avançar no entendimento dessa temática na categoria Sub-20, uma vez que pouco se sabe
se as funções executivas podem contribuir para a seleção de atletas brasileiros dessa
categoria que poderão se profissionalizar futuramente.
Outro importante construto a ser considerado, que contribui para o rendimento de um atleta
durante treinos e competições, é a motivação (GARCÍA-MAS et al., 2010). No esporte, a
motivação é entendida através de um modelo multidimensional que consiste da motivação
intrínseca, extrínseca e desmotivação/amotivação (PELLETIER et al., 1995). Desse modo,
buscar conhecer a relação dessa variável ao desempenho técnico tático na competição
pode contribuir para a formação profissional desses atletas, uma vez que a motivação
intrínseca e extrínseca contribui positivamente para o comprometimento e satisfação de
atletas com o futebol (GARCÍA-MAS et al., 2010; COSTA et al., 2011).
Nessa mesma direção, a utilização de informações objetivas decorrentes das análises
durante o jogo pode contribuir positivamente para preparação das equipes e tem sido
considerada no futebol (GARGANTA, 1997; CARLING; COURT, 2013; MORAES;
CARDOSO; TEOLDO, 2014). Estudos que analisaram o comportamento tático de atletas
de futebol em categorias inferiores apontam para uma relação positiva entre variáveis
cognitivas e comportamento tático (GONZAGA et al., 2014), assim como, para fatores
motivacionais e desempenho no futebol (GARCÍA-NAVEIRA e REMOR, 2011).
Dessa forma, o objetivo deste estudo piloto foi verificar se há correlação entre os construtos
motivação, funções executivas e desempenho técnico tático em atletas federados de futebol
da categoria Sub-20 competindo a nível estadual.

MÉTODO: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) sob o
protocolo CAAE – 39153614.1.0000.5149. A amostra foi de cinco atletas do sexo
masculino, média de 18,80 ± 0,45 anos, pertencentes a um clube de futebol de rendimento,
da categoria Sub-20. Para análise de jogo, a amostra foi composta por 71 sequências
ofensivas realizadas em uma partida disputada pelos atletas a nível estadual. O nível de
motivação foi avaliado pela Escala de motivação no esporte - SMS (COSTA et al., 2011);

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
205

Para avaliação neuropsicológica foi utilizado: Span de Dígitos (NASCIMENTO, 2004) e


Cubos de Corsi (MILNER, 1971), ambos avaliam memória de trabalho. Teste dos 5 dígitos
- FDT (PAULA et al., 2014) para avaliação do controle inibitório e flexibilidade cognitiva.
Para avaliar os indicadores técnico tático foi adotado índices já utilizados por Garganta
(1997), sendo eles: Velocidade de transmissão da bola (VTB = NR/Nct); Número de bolas
recebidas (NR); Número de contatos realizados (Nct); Volume de jogo total (BJ = NC+NR+
Nct); Número de bolas conquistadas (NC) e Número de variações do corredor (NVC). Foi
solicitada a anuência do clube e a autorização dos responsáveis pelos atletas, os quais
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta dos dados
neuropsicológicos foi realizada na sede do clube e conduzida com a colaboração de
psicólogos. Em relação ao registro dos dados de desempenho técnico tático, utilizou-se a
observação de imagem de vídeo da partida disputada pelos atletas e transmitida por rede
de televisão. Para observação da partida utilizou-se o software de vídeo Windows Media
Player® em um computador portátil CCE®, modelo D35B, com resolução 1280x800 pixels.
Os dados foram registrados e quantificados utilizando-se planilhas do software Excel 2010
for Windows. Foi utilizada estatística descritiva (média ± desvio padrão). Foi verificada a
normalidade dos dados através do teste de Shapiro-Wilk. A correlação entre as variáveis
foi testada pelo coeficiente de correlação de Pearson e Spearman. Foi adotado o nível de
significância de p≤0,05. As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS 20.0.

RESULTADO: A Tabela 1 apresenta as correlações das dimensões de motivação, medidas


de funções executivas e indicadores de desempenho técnico tático.

Tabela 1 – Coeficientes de correlações entre as dimensões de motivação, medidas de


funções executivas e indicadores de desempenho técnico tático.
Variáveis/Dimensões MI-C MI-AO MI-EE ME-I ME-ID
FDT - erros totais (EI) -0,89* -0,91*
FDT - erros totais (EF) -0,94*
Cubos de Corsi (OI) -0,92*
Número de bolas recebidas -0,98**
Número de contatos -0,89*
Volume de jogo total -0,90*
Nota. * p<0,05; ** p<0,01; FDT: Teste dos Cinco Dígitos; EI: Etapa de inibição; EF: Etapa de flexibilidade; OI:
Ordem inversa; MI-C: Motivação intrínseca para conhecer; MI-AO: Motivação intrínseca para atingirem

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
206

objetivos; MI-EE: Motivação intrínseca para experiências estimulantes; ME-I: Motivação extrínseca de
introjeção; ME-ID: Motivação extrínseca de identificação.

A partir dos resultados, observa-se que foram encontradas correlações negativas entre
dimensões do construto de motivação e indicadores técnico tático, as quais podem ser
classificadas como forte (0,6 ≤ r < 0,9) e muito forte (0,9 ≤ r < 1,0). Em geral, as análises
demonstraram que fatores externos ligados a algum tipo de recompensa, ou mesmo a
busca pela titularidade e ascensão a equipe profissional podem influenciar a participação
do atleta na partida no que diz respeito à recepção de bola. Verificou-se ainda, que fatores
pessoais que levam o atleta a buscar novas habilidades e movimentos no futebol podem
influenciar o volume de jogo total do atleta na partida.
Quanto à memória de trabalho, houve correlação muito forte e negativa entre a medida de
Cubos de Corsi - ordem inversa e a dimensão de motivação intrínseca para conhecer,
indicando que fatores pessoais ligados à curiosidade e a busca de compreensão que o
atleta deseja obter sobre o futebol pode interferir na utilização da memória de curto prazo.
Já a medida de controle inibitório (FDT - erros totais – Etapa de inibição) correlacionou-se
negativamente com as dimensões de motivação extrínseca de introjeção e de motivação
extrínseca de identificação. Quanto à medida de flexibilidade cognitiva (FDT - erros totais –
Etapa de flexibilidade), verificou-se uma correlação negativa entre a dimensão de
motivação intrínseca para experiências estimulantes. Em síntese, esses achados indicam
que quanto maior a motivação extrínseca dos atletas menor é o número de erros
relacionados ao controle inibitório (FDT - erros totais – Etapa de inibição), ocorrendo à
inibição de comportamentos ou rotinas automáticas e a execução de rotinas controladas ou
conscientes em prol do que é mais apropriado ou preciso. Da mesma forma, atletas mais
motivados intrinsecamente tenderam a ter um menor número de erros relacionados à
flexibilidade cognitiva (FDT - erros totais – Etapa de flexibilidade), o que mostra que os
atletas conseguem perceber as mudanças do ambiente e reagir a elas rapidamente
adaptando-se às situações diversificadas, sendo esta característica relevante para o bom
desempenho na realização de tarefas dinâmicas e imprevisíveis, como o futebol
(VESTBERG et al., 2012).
Por fim, verificou-se a correlação entre os indicadores técnico tático e medidas de funções
executivas. Assim, houve correlação entre o número de bolas recebidas e a medida de
controle inibitório (FDT - erros totais – Etapa de inibição) (r= 0,89, p<0,05); bem como

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
207

correlação negativa entre a velocidade de transmissão da bola e memória de trabalho


medida pela ordem inversa do Span de Dígitos (r= -0,97, p<0,01). Em suma, os dados
indicam que o controle inibitório e a utilização da memória de curto prazo podem influenciar
a participação do atleta na partida no que diz respeito à recepção e número de contatos
com a bola.

CONCLUSÃO: A principal limitação deste estudo piloto deve-se ao reduzido tamanho da


amostra, entretanto, conclui-se que há evidências preliminares da existência de correlação
entre os aspectos motivacionais, as medidas de funções executivas e indicadores de
desempenho técnico tático em atletas de futebol da categoria Sub-20. Ressalta-se, que
estas medidas estão sendo investigadas em um projeto de mestrado desenvolvido no
Laboratório de Psicologia do Esporte / UFMG.

REFERÊNCIAS

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and soccer: developing elite performers. Routledge, 2013. p. 173-198.
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
209

EFICIÊNCIA COGNITIVA E SUA RELAÇÃO COM O TEMPO DE DECISÃO DE


JOGADORES DE FUTEBOL

Felippe da Silva Leite Cardoso / NUPEF – UFV


João Vítor de Assis / NUPEF – UFV
Guilherme Figueiredo Machado / NUPEF – UFV
Israel Teoldo da Costa / NUPEF – UFV
nupef.cardoso@gmail.com

Resumo: O objetivo do presente estudo é verificar se existe relação entre a eficiência


cognitiva e o tempo de decisão de jogadores de futebol das categorias de base. Foram
avaliados 86 jogadores de futebol das categorias de base. Para a coleta do tempo de
decisão e eficiência cognitiva, recorreu-se a utilização de testes de simulações de vídeo
com a utilização do Mobile Eye Tracking-XG. Para avaliação, os jogadores foram divididos
em três grupos em relação ao tempo de tomada de decisão: rápidos, lentos e
intermediários, estes últimos foram excluídos da amostra. A eficiência cognitiva foi
mensurada através da variabilidade do comportamento pupilar. Os resultados sugerem que
os jogadores com tempo de decisão mais rápido apresentam melhor eficiência cognitiva em
comparação com os jogadores que tomam decisões mais lentamente..
Palavras Chave: Eficiência Cognitiva, Tempo de Resposta, Tomada de decisão.

INTRODUÇÃO: A técnica da pupilometria tem sido utilizada para avaliar a eficiência


cognitiva em tarefas decisórias (MARSHALL, 2007; MORESI et al., 2008; SIBLEY; COYNE;
BALDWIN, 2011). Esta avaliação é possível, pois a dilatação da pupila acompanha as
demandas energéticas dos processos cognitivos (HESS, 1975). Desta maneira, a pupila
dilata-se progressivamente à medida que vai sendo solicitado um maior grau de esforço
cognitivo e, à medida que o estímulo/exigência torna-se menor, a pupila volta
progressivamente ao seu tamanho de repouso (KAHNEMAN; BETTY, 1966).
No contexto do futebol essa variável parece estar diretamente relacionada à
qualidade e a velocidade da tomada de decisão (MARSHALL, 2007). Como a característica
do jogo reduz cada vez mais o tempo disponível para o jogador, avaliar as melhores

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
210

possibilidades, processar as informações e decidir pela ação apropriada, os jogadores com


maior eficiência cognitiva levam vantagens consideráveis neste aspecto (CARDOSO;
TEOLDO, 2013). Tal fato será determinante na performance desses jogadores e
influenciará na suas capacidade de desempenhar a sua função em situações desfavoráveis
no jogo, como quando o estresse físico-fisiológico estiver elevado, ou em situações de
pressão (CASANOVA et al., 2009; CARDOSO; TEOLDO, 2013). Com base nestas
informações, o objetivo do presente estudo é verificar se existe relação entre a eficiência
cognitiva e o tempo de decisão de jogadores de futebol das categorias de base.

MÉTODOS:

Participantes: Participaram do estudo 89 jogadores de futebol do sexo masculino das


categorias de base de um clube da primeira divisão do Brasil, com média de idade de
16,69±3,11 anos.
Como critério de inclusão, todos os jogadores deveriam participar de treinamentos
sistematizados, com no mínimo três sessões semanais de 1h e 30 min. de duração cada e
participarem de competições de nível nacional e/ou internacional.
Os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido informando
estarem cientes de sua participação na pesquisa. Todos os procedimentos da pesquisa
foram conduzidos de acordo com as normas estabelecidas pela Resolução do Conselho
Nacional de Saúde (466/2012) e pelo tratado de Ética de Helsinque (1996) para pesquisas
realizadas com seres humanos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisas
com seres humanos da Universidade Federal de Viçosa (Nº 412.816-08/10/2013).

Procedimentos: Para a avaliação da tomada de decisão e da eficiência cognitiva foi


utilizado um teste de vídeo (vídeo based) proposto por Mangas (1999) com utilização do
Mobile Eye Tracking-XG (Applied Science Laboratories, Bedford, MA, EUA). O teste avalia
as tomadas de decisão dos jogadores a partir de suas capacidades perceptivo-cognitivas e
da utilização da memória de trabalho em identificar determinadas pistas ambientais nas
situações de jogo e deliberarem sobre quais são as melhores opções de ação. O teste é
composto por 11 cenas de vídeo de ações ofensivas de jogos de futebol 11 contra 11,
gravadas e assistidas de uma perspectiva de terceira pessoa (câmera de TV) projetadas
em uma tela, com duração entre 5 e 13 segundos cada cena (Mangas 1999). Durante o
experimento as sequências de vídeo, são pausadas em um momento que antecede o final

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
211

de uma ação. Assim que o vídeo era pausado o avaliado estava instruído a responder o
mais rápido possível “o que o portador da bola deveria fazer” naquele momento.
Após a gravação das respostas do teste o material de áudio obtido foi transcrito para
formato digital em documentos de Word®, em um computador portátil (POSITIVO modelo
T 3300 processador Intel Core™ i3). Os dados transcritos foram analisados e comparados
junto ao painel de peritagem oficial do teste desenvolvido por Mangas (1999).

Variáveis: A variável independente do estudo foi o “Tempo de Decisão”, avaliado em


segundos. O Tempo de Decisão considera o exato momento na qual o vídeo do teste é
interrompido até o início da verbalização da resposta do avaliado. Os participantes foram
divididos em três grupos com base nesta medida: “Rápidos”, “Intermediário” e “Lentos”.
Apenas os grupos “Rápidos” (n = 30, média = 1,67 segundos, DP = 0,32) e “Lentos” (n =
28, média = 5,91 segundos, DP = 1,83) foram levados em consideração nas análises.
A variável dependente utilizada foi a “variabilidade do diâmetro pupilar em
percentual”. Para a avaliação dessa variável a tarefa de vídeo apresentada foi dividida em
cinco momentos de avaliação. O primeiro trata-se do valor basal do diâmetro pupilar,
representado por M0. Este valor foi obtido a partir do menor valor do diâmetro pupilar
observado entre o final da calibração e o final da realização do experimento, esse momento
não foi considerado para a apresentação dos resultados.
Os outros quatro momentos para avaliação foram definidos durante o protocolo
experimental, são eles: M1) Vídeo (fase na qual o avaliado está a assistir o vídeo); M2)
Processamento da informação (Período entre o final do vídeo e o inicio da verbalização da
resposta); M3) Verbalização (fase na qual o avaliado está a responder verbalmente sua
decisão) e; M4) Recuperação (fase que considera o intervalo após a resposta do avaliado
até o início do próximo vídeo).
Para o cálculo da variabilidade do diâmetro pupilar foi utilizada a seguinte fórmula:

Variabilidade do Diâmetro Pupilar (VDP) = ((𝑉̅ 2-𝑉̅ 1)/𝑉̅ 1 × 100)


𝑉̅ 1 = Média do valor Inicial
𝑉̅ 2 = Média do valor Final

Procedimentos estatísticos: A distribuição dos dados foi analisada através do teste de


Shapiro-Wilk. Para a comparação dos grupos com tempo de decisão “Rápido” e “Lento” em

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
212

relação à VDP, recorreu-se ao teste t para medidas independentes. Os procedimentos


estatísticos foram realizados através do software SPSS 18.0 e o nível de significância
adotado foi de p<0,05.

RESULTADOS: Os resultados apontam para diferenças significativas entre os grupos com


tempo de decisão rápido e lento em dois momentos. Os jogadores mais rápidos apresentam
uma menor VDP no M2 (M=10,53; DP=12,782; p=0,010) e no M4 (M=-2,51; DP=0,81;
p=0,039) quando comparados com os jogadores mais lentos (M=8,52; DP=9.79 e M=1,88;
DP=2,89; respectivamente). Esses resultados indicam que os jogadores que tomam
decisões corretas mais rapidamente apresentam uma melhor eficiência cognitiva nestas
duas fases.

RÁPIDO

LENTO
*
Variabilidade do diâmetro pupilar (%)

16
Linha de tendência (RÁPIDO)
14
Linha de tendência (LENTO)
12
10
8
*
6
4 *
2 *
0
-2
-4
M1 M2 M3 M4

Momentos de avaliação

Figura 1: Diferenças entre os grupos com tempo de decisão rápido e lento na variabilidade
do diâmetro pupilar (VDP) nos diferentes momentos do teste. Diferenças significativas
(p<0,05) foram representadas por(*).

Estes achados podem ser explicados uma vez que jogadores que tomam decisões
mais rápidas provavelmente conseguem processar de modo mais eficiente os julgamentos
que antecedem estas tomadas de decisão. Fato que é garantido por possuírem capacidades
perceptivo-cognitivas mais aprimoradas (WILLIAMS et al., 2012).

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213

Para a prática, estes resultados podem ajudar a entender as diferenças entre os


jogadores que são capazes de tomarem decisões de qualidade mais rapidamente no jogo
em comparação com os demais. Além de permitir que os mesmos sejam avaliados e
treinados com intuído de aprimorarem suas capacidades decisionais e eficiência cognitiva.

CONCLUSÕES

Os resultados sugerem que os jogadores que tomam decisões corretas mais


rapidamente apresentam melhor eficiência cognitiva em comparação com os demais.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho teve o apoio da SEEJMG através da Lei Estadual de Incentivo ao


Esporte, da FAPEMIG, da CAPES, do CNPQ, da FUNARBE, da Reitoria, Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-Graduação e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade
Federal de Viçosa.

REFERÊNCIAS

CARDOSO, F.; TEOLDO, I. O comportamento pupilar como indicativo de conhecimento


específico do jogador de futebol. Revista Mineira de Educação Física, v.9, n.1, p.1087-
1094. 2013.

CASANOVA, F.; OLIVEIRA, J.; WILLIAMS, M.; GARGANTA, J. Expertise and perceptual-
cognitive performance in soccer: a review. Revista Portuguêsa de Ciências do Desporto,
n.1, p.115-122. 2009.

HESS, E. The tell-tale eye. New York: Van Nostrand Reinhold. 1975.

KAHNEMAN, D.; BETTY, J. Pupil diameter and load memory. Science, v.154, n.23, p.1583-
1585. 1966.

MANGAS, C. J. Conhecimento declarativo no futebol: Estudo comparativo em


praticantes federados e não-federados, do escalão de Sub-14. 1999. 98 p. (Mestrado).
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Universidade do Porto, Porto, 1999.

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MORESI, S.; ADAM, J. J.; RIJCKEN, J.; VAN GERVEN, P. W.; KUIPERS, H.; JOLLES, J.
Pupil dilation in response preparation. International Journal of Psychophysiology, v.67,
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SIBLEY, C.; COYNE, J.; BALDWIN, C. Pupil Dilation as an Index of Learning.


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Publications, 2011.

WILLIAMS, A.; WARD, P.; BELL-WALKER, J.; FORD, P. Perceptual‐cognitive expertise,


practice history profiles and recall performance in soccer. British Journal of Psychology,
v.103, n.3, p.393-411. 2012.

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APLICACIÓN DEL SABER TACTICO EN CATEGORIAS FORMATIVAS DE


BASQUETBOL EN SITUACION DE ATAQUE

Alberto Gabriel Fessia / FCM - UNL


Marisa Lorena Gionotti / FCM - UNL
gfessia@unl.edu.ar

RESUMEN: Objetivo: describir la aplicación del saber táctico en basquetbol, categorías U-


13 y U-15, en competición analizando Dinámicas de Creación de Espacios (DCE) realizadas
contra defensa individual y determinando de su eficiencia. Metodología: Estudio analítico
observacional. Se filmaron y analizaron 12 partidos de categoría U-13 y 12 de U-15
(Campeonato Interasociaciones - Federación Basquetbol Provincia de Santa Fe –
Argentina). Resultados: U-13 (n=1072): DCE en 1x1 (55%, eficiencia 32%), 2x2 (41%,
eficiencia 34%) y 3x3 (4%, eficiencia 31%). U-15 (n=1232): DCE 1x1 (64%, eficiencia 36%),
2x2 (31%, eficiencia 30%) y 3x3 (5%, eficiencia 34%). Diferencia significativa entre la
utilización de las DCE agrupadas en función del número de jugadores implicados en 1x1 y
2x2. Situaciones 1x1 U-13: DCBD (49%), DCSD (20%), APe (14%), AI (17%); U-15: DCBD
(37%), DCSD (12%), APe (23%), AI (28%). Situaciones 2x2 U-13: DSB (81%), BD (19%);
U-15: DSB (36%), BD (64%). No existiendo diferencias significativas en el aprovechamiento
de las DCE DSB (U-13 36%, U-15 38%) y BD (U-13 27%, U-15 26%). Conclusión: la
aplicación del saber táctico en categorías formativas de basquetbol evoluciona de
comportamientos reactivos a proactivos. Evidenciándose toma de decisión diversificada,
mejor lectura y mayor capacidad de juego.
Palabras clave: basquetbol, saber táctico, categorías formativas.

INTRODUCCIÓN: El basquetbol es un deporte abierto, de situación, acíclico que se


caracteriza por el gran número de cambios en su dinámica de juego, con variables inciertas
y una estructura de rendimiento diversificada y alto nivel de complejidad.
Reglamentariamente la categoría U-13 es la primera competitiva a nivel local, provincial y
nacional, en la misma se inicia la evaluación del jugador en función de resultados deportivos
colectivos y actuaciones individuales; mientras que la categoría U-15 constituye la primera
competitiva a partir de la cual se organizan selecciones nacionales para competir a nivel

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
216

internacional. Dado que la táctica consiste en determinar medios y encontrar soluciones


para los problemas prácticos surgidos en las situaciones de juego (GRECO, CHAGAS,
1992). La toma de decisión por parte de los jugadores depende de, al menos, tres factores:
las capacidades del deportista, la tarea a resolver y las características del entorno de
actuación; consolidándose por la realización de una habilidad motora (RAAB, 2015;
NITSCH, 2009). Abarcando el qué, cuándo y cómo ejecutar la respuesta seleccionada
(MATIAS, 2009). Entendiendo al desempeño táctico como el conjunto de factores referentes
a la toma de decisión, ejecución de componentes motores y movimientos con o sin balón,
adaptables a situaciones de juego que permitan la resolución de tareas, las cuales permiten
jerarquizar características que discriminan atletas de distinto nivel de rendimiento
(HOPPER, 2007).
El objetivo de investigación fue describir la aplicación del saber táctico (conocimiento
declarativo/verbalizable) por jugadores de basquetbol de categoría U-13 y U-15 en situación
real de competición mediante el análisis de: (i) Dinámicas de Creación de Espacios (DCE)
realizadas que precedieron al término de la posesión del balón en lanzamiento, falta o
pérdida de balón en situaciones contra defensa individual; y (ii) determinación de la
eficiencia de las DCE contra defensa individual.

MÉTODOS: Estudio analítico observacional. Se filmaron y analizaron a posteriori 12


partidos de la categoría U-13 y 12 partidos de la categoría U-15 del Campeonato
Interasociaciones de selecciones de la Federación de Basquetbol de la Provincia de Santa
Fe (FBPSF) – Argentina, desarrollados en el año 2014. Para la filmación se utilizó una
cámara digital (Samsung HMX-F80BN). Las acciones fueron editadas y posteriormente
analizadas anotando los datos en formularios específicos elaborados ad-hoc.
El tipo de ataque fue dividido en: (i) posicionado (la situación de oposición involucra a todos
los atacantes y defensores en la media cancha ofensiva); (ii) contraataque (existe
superioridad numérica ofensiva en la media cancha de ataque frente a la defensa) y; (iii)
perdida del balón (situación de perdida de la posesión del balón antes de producirse la
acción de creación de espacio para la finalización). Los tipos de organización defensiva
fueron divididos en: (i) individual (cada defensor es responsable de uno de los atacantes) y
(ii) zonal (cada defensor es responsable por un espacio del sector defensivo). Siendo los
criterios de inclusión: (i) la existencia de posesión de balón (definida como el periodo del

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217

juego que se inicia cuando un equipo adquiere control del balón y finaliza en el momento
en el cual el otro equipo recupera el control del mismo); (ii) una diferencia de puntaje menor
o igual a 10 puntos; y (iii) la utilización de defensa individual por parte del equipo sin
posesión del balón.
Para realizar el análisis de la aplicación del saber táctico se utilizaron las DCE (Dinámicas
de Creación de Espacios) (LAMAS et al., 2011), las cuales son definidas como
comportamientos ofensivos que tienen como objetivo crear espacio en el sector defensivo
proporcionando las condiciones para que ocurra una finalización. Indicando siete clases de
DCE: a) DCBD (Desmarque con balón con drible); b) DCSD (desmarque con balón sin
drible); c) APe (Aclarado en el Perímetro); d) AI (Aclarado Interior); e) DSB (Desmarque sin
balón); f) BD (Bloqueo Directo); g) BI (Bloqueo Indirecto). Pudiendo utilizarse las DCE
DCBD, DCSD, APe y AI en situación 1x1; las DCE DSB y BD en situación 2x2; y la DCE BI
en situación 3x3.
Los datos se procesaron, se describieron todas las variables mediante frecuencia relativa y
eficiencia, y se realizó un análisis de diferencias de proporciones y test de contingencia (X 2-
chi cuadrado) para relacionarlas (α=0,05). El tratamiento estadístico fue realizado con el
software SPSS versión 17.0.

RESULTADOS: Cumpliendo con el criterio de inclusión se analizaron 1557 posesiones de


balón de la categoría U-13 (contrataque n=220, 14%; perdida de balón n = 263, 17%; ataque
posicionado n=1074, 69%) y 1675 de la categoría U-15 (contrataque n=181, 10%; perdida
de balón n = 263, 16%; ataque posicionado n=1232, 74%). Para ambas categorías se
corrobora significante prevalencia del ataque posicionado en relación al contraataque y las
pérdidas del balón (p=2,5x10-4). No se observan diferencias significativas en las pérdidas
de balón entre ambas categorías (Test diferencia de proporciones p=0,12).
Para la categoría U-13 las DCE en situación 1x1 contra defensa individual se observaron
592 veces (55% del total, eficiencia 32%), en situación 2x2 437 veces (41% del total,
eficiencia 34%) y en situación 3x3 45 veces (4% del total, eficiencia 31%). Para la categoría
U-15 las DCE en situación 1x1 se utilizaron 795 veces (64% del total, eficiencia 36%), en
situación 2x2 372 veces (31% del total, eficiencia 30%) y en situación 3x3 65 veces (5% del
total, eficiencia 34%). Expresándose su utilización en el Gráfico 1. Existiendo diferencia

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
218

significativa entre la utilización de las DCE agrupadas en función del número de jugadores
implicados en 1x1 y 2x2, no así en 3x3 (Test diferencia de proporciones p=0,22).
El Gráfico 2 presenta la ocurrencia y eficiencia de las DCE en situaciones de 1x1. En
categoría U-13 la DCBD se utilizó 289 veces (49% del total de las situaciones 1x1), la DCSD
117 veces (20% del total), el APe 80 veces (14% del total) y el AI 106 veces (17% del total).
Mientras que en categoría U-15 en situación 1x1 se observó que la DCBD se utilizó 294
veces (37% del total), la DCSD 94 veces (12% del total), el APe 183 veces (23% del total)
y el AI 224 veces (28% del total).

400
350
300
250
200
150
100
50
0
DBCD DCSD APe AI DSB BD BI
1x1 2x2 3x3

U-13 N U-15 N

Gráfico1: Utilización de las Dinámicas de Creación de Espacio (DCE) contra defensa individual en las categorías U -13 y U-15

40%
35% *
30%
25% *
20%
15% * *
10% * * *
* * *
5% *
0%
*
Sucedio Sucedio y Sucedio Sucedio y Sucedio Sucedio y Sucedio Sucedio y
Convirtio Convirtio Convirtio Convirtio
Dinamica creación de Dinamica creación de Dinamica creación de Dinamica creación de
espacios DCBD espacios DCSD espacios APE espacios AI
Categoría de los Jugadores U-13 Categoría de los Jugadores U-15

Gráfico 2: Ocurrencia y eficiencia de las Dinámicas de Creación de Espacio (DCE) en situaciones de 1x1 en las categorías U-13 y U-15.
Donde los asteriscos indican que existe diferencia significativa entre las proporciones comparadas.

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En situaciones 2x2 contra defensa individual el DSB se utilizó 354 veces (81% del total de
las situaciones 2x2) en categoría U-13 y 135 veces (36% del total) en categoría U-15,
mientras que el BD se utilizó 83 veces (19% del total) en la categoría U-13 y 237 veces
(64%del total) en la categoría U-15. No existiendo diferencias significativas en el
aprovechamiento de las DCE DSB (U-13 36%, U-15 38%) y BD (U-13 27%, U-15 26%).

CONCLUSIÓN: Los resultados del análisis de la utilización de las Dinámicas de Creación


de Espacios (DCE) en las categorías U-13 y U-15 de basquetbol en el contexto de
situaciones reales de competición permiten destacar que la aplicación del saber táctico en
las categorías formativas de basquetbol evoluciona desde comportamientos reactivos a
proactivos conforme aumenta la edad de los jugadores. Evidenciándose - a través de la
realización de acciones de juego de complejidad creciente - una mejor lectura de juego, una
toma de decisión más diversificada y el desarrollo de una mayor capacidad de juego en la
cual se expresan tanto la inteligencia como la creatividad táctica. Resaltando que la
ocupación espacial y la sincronización temporal son factores clave en la eficacia de
utilización de las DCE en función de los objetivos de la acción, en presencia de
incertidumbre y bajo presión temporal. La identificación de la utilización de las DCE y la
determinación de su eficiencia procura colaborar en la orientación de la planificación del
proceso de desarrollo de la capacidad de juego perfilando la especificidad de la disciplina
deportiva y el ajuste de los procesos de entrenamiento con el objetivo de potenciar el
desarrollo del comportamiento táctico de los jugadores.

REFERENCIAS

GRECO, P. J.; CHAGAS, M. H. Considerações teóricas da tática nos jogos esportivos


coletivos. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v. 6, n. 2, p. 47-58, jul./dez.
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LAMAS, L.; DE ROSE JR., D.; SANTANA, F.; ROSTAISER, E.; NEGRETTI, L.;
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levantador de voleibol: da formação ao alto nível. 2009. Dissertação de Mestrado. UFMG:
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. 259 f.
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theoretical point of view. International Journal of Sport Psychology, 40(1), p.152-176.
2009.
RAAB, M. SMART-ER: a Situation Model of Anticipated Response consequences in Tactical
decisions in skill acquisition — Extended and Revised. Front. Psychol. 5:1533. 2015.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
221

VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO DE CENAS PARA AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO


TÁTICO DECLARATIVO NO VOLEIBOL

Gustavo De Conti Teixeira Costa – CECA/UFMG


Henrique de Oliveira Castro – CECA/UFMG
Pablo Juan Greco – CECA/UFMG
conti02@hotmail.com

RESUMO: Objetivou-se validar cenas de vídeo reais dos jogos de voleibol. Utilizou-se o
coeficiente da validade de conteúdo (CVC) proposto por Hernández-Nieto (2002).
Participaram do presente estudo cinco treinadores da seleção brasileira de Voleibol, peritos
na modalidade, com experiência mínima de dez anos na mesma. Os peritos avaliaram as
cenas conforme os critérios de “clareza de imagem”, “pertinência prática” e
“representatividade do item” (HERNÁNDEZ-NIETO, 2002). Os resultados demonstraram
que os critérios “clareza de imagem” (CVC=0,92), “pertinência prática” (CVC=0,96) e
“representatividade do item” (CVC=0,96) apresentaram níveis satisfatórios de CVC. A
validade ecológica foi verificada pela convergência entre a ação do jogador e a decisão dos
peritos (100 x 100). Somente consideraram-se válidas as cenas em que os cinco peritos
apontaram a mesma escolha da que a realizada pelo atleta, evidenciando uma
convergência total na tomada de decisão. Com relação aos sinais relevantes, todos os
treinadores indicaram os mesmos pontos de atenção para a tomada de decisão. Desta
forma, a partir das 212 cenas inicialmente elaboradas, 66 cenas foram validadas. As cenas
validadas por meio do CVC possibilitam a avaliação do conhecimento tático declarativo,
portanto, auxiliam no planejamento dos processos de ensino-aprendizagem-treinamento
(E-A-T) de atletas de voleibol masculino.
Palavras-chave: Voleibol; Coeficiente de Validade de Conteúdo; Conhecimento Tático
Declarativo.

INTRODUÇÃO: O voleibol como jogo esportivo coletivo (JEC) demanda do jogador


atividades cognitivas de percepção e tomada de decisão (TD), possibilitando a solução dos
problemas do jogo por meio de ações tático-técnicas (SÁEZ-GALLEGO et al., 2013). Na
tentativa de entender melhor a interface entre as funções executivas, a aquisição do

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
222

conhecimento e o desempenho habilidoso, Gréhaigne, Godbout e Bouthier (1997) sugerem


a utilização de testes que mensurem o conhecimento tático declarativo (CTD). Estes testes
constituem-se da apresentação de situações de jogo para a compreensão e análise do
comportamento tático nas diferentes modalidades esportivas. Neste sentido, o objetivo do
presente estudo consistiu em validar cenas de jogos de voleibol em situações de TD para
a criação de um teste de CTD no voleibol recorrendo-se ao procedimento de CVC proposto
por Hernández-Nieto (2002). Emerge o desafio da avaliação real do construto para a
utilização não só na área do diagnóstico, mas também como instrumento pedagógico para
o direcionamento do processo de ensino-aprendizagem-treinamento (E-A-T) da capacidade
tática do atleta.

MÉTODOS: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade
Federal de Minas Gerais – COEP/UFMG (parecer: 821.295). Participaram voluntariamente
do estudo cinco treinadores peritos na modalidade Voleibol (n=05). Conforme recomenda
Balbinotti, Benetti e Terra (2006), os critérios de seleção adotados foram (1) experiência
mínima de dez anos no processo de iniciação esportiva, especialização e alto nível de
rendimento, (2) desempenhar atualmente o papel de treinador da modalidade e (3) não ter
participado de nenhuma etapa da pesquisa. Neste estudo, todas as cenas de jogos foram
filmadas sob a perspectiva de topo, com distância aproximada de sete a nove metros da
quadra, permitindo ao observador a visão total da quadra e percepção de profundidade nas
diferentes situações, tornando as situações apresentadas o mais próximas possível da
realidade ambiental. Os voluntários analisaram toda a situação de jogo em sequência de
tempo e espaço reais, permitindo a escolha da melhor decisão a ser tomada pelo atleta na
definição da ação em busca do ponto.
Para a validação das cenas utilizaram-se os critérios metodológicos apresentados
por Pasquali (2003). Assim, empregou-se o Coeficiente de Validade de Conteúdo (CVC)
para conhecer o grau de concordância entre os peritos a respeito de cada item
(BALBINOTTI, 2005). Também avaliou-se a validade de conteúdo, preenchendo a lacuna
das propriedades métricas do Kappa, por exemplo, que avalia apenas a fidedignidade e a
consistência do instrumento (GRECO et al., 2014). Os critérios utilizados para o CVC foram:
“clareza de imagem”, “pertinência prática” e “representatividade do item” (HERNÁNDEZ-
NIETO, 2002).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
223

RESULTADOS: Os resultados do Coeficiente de Validade de Conteúdo Total (CVCt)


descrevem-se separadamente na Tabela 1 para cada critério.

REPRESENTATIVIDADE
CLAREZA DE IMAGEM PERTINÊNCIA PRÁTICA
DO ITEM
CVCt CVCt CVCt
0,92 0,96 0,96
Tabela 1. Resultados do CVCt para todos os critérios de validação

Os resultados demonstram que todos os critérios, em seus valores totais, obtiveram


valores iguais ou superiores à 0,92 de CVCt, demonstrando elevada validade de conteúdo.
A “clareza de imagem”, que determina a nitidez desta em relação aos objetos
presentes na situação de jogo, apresentou o menor escore no CVCt (0,92), seguido pela
“pertinência prática”, item que afere se as cenas representam situações adequadas para a
TD em um jogo de voleibol (0,96) e pela “representatividade do item”, isto é, se as cenas
permitem a análise da TD e da percepção (0,96).

CONCLUSÃO: Conclui-se que as evidências de validade de conteúdo alcançadas pelo


instrumento contribuíram para confirmar os processos teóricos, já que apresentou de
maneira objetiva sua adequação no que se refere a clareza de linguagem, pertinência
prática e relevância teórica, facilitando a tomada de decisão em relação a quantidade e
qualidade dos itens que o instrumento poderá conter em sua versão final.

REFERÊNCIAS
BALBINOTTI, M.A. Para se avaliar o que se espera: Reflexões acerca da validade dos
testes psicológicos. Aletheia, v.21, p.43-52, 2005.

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BALBINOTTI, M.A.; BENETTI, C.; TERRA, P.R. Translation and validation of the Graham-
Harvey survey for the Brazilian context. International Journal of Managerial Finance, v.3,
p.26-48, 2006.

GRECO, P.J.; ABURACHID, L.M.C.; SILVA, S.R.; MORALES, J.C.P. Validação de


conteúdo de ações tático-técnicas do Teste de Conhecimento Tático Processual –
Orientação Esportiva. Motricidade, v.10, n.1, p.38-48, 2014.

GRÉHAIGNE, J.F.; GODBOUT, P.; BOUTHIER, D. Performance assessment in team


sports. Journal of Teaching in Physical Education, v.16, n.4, p.500-516, 1997.

HERNÁNDEZ-NIETO, R. A. Contributions to Statistical Analysis. Mérida: Universidad


de Los Andes. 2002.

PASQUALI, L. Psicometria: Teoria dos testes na psicologia e na educação. Petrópolis:


Vozes. 2003.

SÁEZ-GALLEGO, N.M.; VILA-MALDONADO, S.; HERNÁNDEZ, J.A.; JORDÁN, O.R.C.


Análisis del comportamiento visual y la toma de decisiones en el bloqueo en Voleibol.
Cuadernos de Psicología del Deporte, v.13, n.2, p.31-44, 2013.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
225

CLIMA MOTIVACIONAL DE ATLETAS DE HANDEBOL

Alexandre de Freitas / UFTM


Manoella Fiocchi Marques / UFTM
Marcus Vinícius Simões de Campos / UFTM
Aline Dessupoio Chaves / ICS-UFTM
alexandredefreitas@hotmail.com

RESUMO: O objetivo do trabalho foi verificar o clima motivacional de atletas de Handebol


de alto rendimento. Participaram da pesquisa 32 jogadores de seleções participantes do
20° Mundial Masculino Júnior de Handebol, com idade média de 20,3 (± 0,79) anos. O
instrumento utilizado foi TEOSQ (TASK AND EGO ORIENTATION IN SPORT
QUESTIONAIRE), Questionário do Esporte de orientação para Tarefa ou Ego,
desenvolvido por Duda e Nicholls (1992) e, traduzido, adaptado e validado por Hirota e De
Marco (2006), em que podemos identificar se o indivíduo é orientado Ego ou orientado
Tarefa. A consistência interna das sub-escalas de orientação Tarefa e orientação Ego foi
determinada pelo coeficiente Alfa de Cronbach, apresentando índices adequados (Tarefa
= 0,69; Ego = 0,81) e foi realizada a médida para identificar a orientação motivacional dos
participantes, utilizando o SPSS (versão 21.0). O resultado de média de orientação foi de
2,53 (± 0,37) para o Ego e 4,15 (± 0,32) para a Tarefa. De acordo com os resultados,
verificamos que os atletas são orientados para a Tarefa, ou seja, acreditam no seu esforço,
são mais persistentes e cooperativos, julgam o êxito pela qualidade de seu trabalho, sendo
assim, otimistas e buscam a satisfação pessoal.

Palavras-chave: clima motivacional; handebol; treinamento.

INTRODUÇÃO: O clima motivacional influencia na forma como o praticante se dedica ao


esporte e está relacionado com uma predisposição individual que é influenciada por fatores
situacionais, de acordo com a forma que o aluno avalia seu desempenho nas atividades,
atribuindo, portanto, diversos significados à prática esportiva de acordo com seus próprios
valores e expectativas (DUDA; NICHOLLS, 1992; HIROTA; DE MARCO, 2006). Duas
orientações são utilizadas para explicar o envolvimento na prática do esporte, são elas,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
226

orientado para Tarefa ou orientado para Ego.

Desta forma, os alunos orientados para o domínio da Tarefa possuem motivação intrínseca
elevada, atitudes positivas frente ao objeto de ensino e um autoconceito de competência
indiferenciado, pois quer melhorar em relação a si mesmo (LI; LEE; SOLMON, 2005). Além
disso, estão preocupados com o domínio da atividade, almejam a aprendizagem e, nas
situações de insucesso, encaram os erros de forma positiva, considerando-os como
referência para uma próxima etapa no desenvolvimento de sua competência (MARANTE;
FERRAZ, 2006; HIROTA; TRAGUETA, 2007).
Por outro lado, no clima orientado para o Ego, o sucesso é superior à habilidade, existe
comparação entre indivíduos, tendência a meios ilícitos para vencer, busca por atividades
com menor grau de dificuldade, níveis altos de ansiedade e de tensão. Segundo Duda e
Nicholls (1992), nesta orientação os sujeitos são motivados por fatores externos
(demonstração de superioridade busca de reconhecimento social, prêmios) e mostram-se
preocupados com a comparação de sua capacidade com a das outras pessoas. Desta
forma, tendem a demonstrar capacidade superior (mesmo não a tendo), apresentam uma
sensação de competência, onde o que importa é o resultado, não são muito persistentes e
atribuem o êxito às suas habilidades, ao seu esforço e à sorte. Por isso, tendem a não
valorizar o esforço e não focam a evolução que podem ter tido durante aquele aprendizado,
ou seja, a comparação do seu próprio nível de competência anterior com a atual
(CAETANO; JANUÁRIO, 2009).

A proposta do trabalho foi verificar o clima motivacional de atletas de Handebol de alto


rendimento.

METODOLOGIA: Participaram do estudo 32 atletas profissionais, com de idade entre 18 e


21 anos, com idade média de 20,3 (± 0,79) anos, sendo todos do sexo masculino, das
seleções do Chile, Coréia do Sul e Tunísia, participantes do 20° Mundial Júnior de Handball,
realizado simultaneamente nas cidades de Uberaba – MG e Uberlândia – MG, no ano de
2015.

O instrumento utilizado foi TEOSQ (TASK AND EGO ORIENTATION IN SPORT


QUESTIONAIRE), Questionário do Esporte de orientação para Tarefa ou Ego,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
227

desenvolvido por Duda e Nicholls (1992) e, traduzido, adaptado e validado por Hirota e De
Marco (2006), em que podemos identificar se o indivíduo é orientado Ego ou orientado
Tarefa.

A consistência interna das sub-escalas de orientação Tarefa e orientação Ego foi


determinada pelo coeficiente Alfa de Cronbach e foi realizada a médida para identificar a
orientação motivacional dos participantes, utilizando o SPSS (versão 21.0).

RESULTADOS: O Alfa de Cronbach encontrado para orientação para Tarefa foi de 0,81, e
para orientação para o Ego de 0,71, apresentando índices adequados. Vale lembrar que
este resultado pode variar de 0 a 1, e quanto mais próximo de 1 melhor o resultado obtido.

Sobre o perfil motivacional da amostra, os atletas apresentaram maiores escores de


orientação para a Tarefa (4,15 ± 0,32) em relação aos escores de orientação para o Ego
(2,53 ± 0,37), de acordo com o Gráfico 1.

4,5 4,15
4 Orientado Ego- Média
3,5
3 2,53 DP
2,5
2 Orientado Tarefa-
1,5 Média
1 DP
0,37 0,32
0,5
0

Gráfico 1- Valores das médias para Orientação Ego e Orientação Tarefa

Os indivíduos orientados para Tarefa podem ser competitivos, mas julgando sua
competência em termos de auto-referência e "fazendo o seu melhor" no contexto
competitivo. A orientação para Ego foi associado claramente com incentivos
estado/reconhecimento, demonstrando que estes indivíduos são referenciados mais por
fatores extrínsecos. Os resultados apóiam a visão de que uma orientação para a tarefa é
motivacionalmente positivo, pois está associada a razões mais intrínsecas para o
envolvimento no esporte.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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CONCLUSÃO: Os resultados mostraramque os jogadores investigados são orientados


para Tarefa, ou seja, acreditam no seu esforço, são mais persistentes e cooperativos,
julgam o êxito pela qualidade de seu trabalho, sendo assim, otimistas e buscam a satisfação
pessoal. Compreender o clima motivação dos atletas é importante para poder realizar uma
preparação psicológica adequada para as equipes, e a partir disso, identificar os objetivos
individuais e em grupo se torna parte fundamental do treinamento, a comissão técnica
poderá repensar a maneira de instruir os atletas melhorando a participação dos mesmos
antes e durante a competição.

REFERÊNCIAS

CAETANO, Angélica; JANUÁRIO, Carlos. Motivação, teoria das metas discentes e


competência percebida. Pensar a Prática, v. 12, n. 2, 2009.

DUDA, Joan L.; NICHOLLS, John G. Dimensions of achievement motivation in schoolwork


and sport. Journal of educational psychology, v. 84, n. 3, p. 290-99, 1992.

HIROTA, Vinicius Barroso; DE MARCO, A. Identificação do clima motivacional em escolas


públicas e particulares na aprendizagem esportiva no futebol de campo: um estudo
piloto. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 20, n. 5, p. 123-133, 2006.

HIROTA, Vinicius Barroso; TRAGUETA, Verônica Amorim. Verificação do clima


motivacional em atletas femininas do futsal: um estudo com o questionário de orientação
para tarefa ou ego (TEOSQ). Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 6, n.
3, 2009.

LI, Weidong; LEE, Amelia M.; SOLOMON, Melinda A. Relationships among dispositional
ability conceptions, intrinsic motivation, perceived competence, experience, persistence,
and performance. Journal of Teaching in Physical Education, v. 24, n. 1, p. 51-65,
2005.

MARANTE, Wallace Oliveira; FERRAZ, Osvaldo Luiz. Clima motivacional e educação


física escolar: relações e implicações pedagógicas. Motriz. Revista de Educação Física.
UNESP, v. 12, n. 3, p. 201-216, 2007.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
229

SÍNDROME DE BURNOUT E ESTRATÉGIAS DE COPING EM ATLETAS QUE


PRATICAM VOLEIBOL

Letícia Vieira Barbosa - UFLA

Marco Túlio Silva Batista - UFLA

Helon Carvalho Almeida - UFLA

Débora Pereira Coutinho - UFLA

Marcelo de Castro Teixeira - UFLA

leticia_vbarbosa@hotmail.com

RESUMO: Estresse é algo comum na sociedade e está presente no esporte como um alvo
para caracterizar as tensões que os atletas se deparam - Síndrome de Burnout (SB). Essa
síndrome no âmbito esportivo possui três dimensões: “exaustão física e emocional”,
“reduzido senso de realização” e “desvalorização esportiva”. Para lidar com tais tensões,
esforços cognitivos e comportamentais podem ser utilizados para tentar diminuir os níveis
de estresses pelos atletas, sendo conhecidos como Estratégias de Coping. No Brasil uma
das principais modalidades é o Voleibol e o mesmo não está fora dessa realidade. Sendo
assim, objetivou-se correlacionar nesse estudo a SB com as Estratégias de Coping e o
tempo de prática (TP) em atletas de Voleibol do sexo feminino. Para coleta utilizou-se o
Questionário de Burnout para Atletas (QBA) para a síndrome, e o Athletic Coping Skills
Inventory- 28 (ACSI-28) para avaliar as Estratégias de Coping. Os dados foram coletados
individualmente no Campeonato Mineiro de Voleibol 2013 - Categoria Infanto-juvenil
Feminino, e correlacionados através do teste de Spearman. Os resultados apontaram
correlação entre Burnout e TP, e também entre as Estratégias de Coping mais utilizadas
(concentração), com TP. Assim, atletas com maior TP tiveram maior concentração e menor
síndrome.

Palavras-chave: Psicologia do Esporte, Tempo de Prática, Estresse.

INTRODUÇÃO: O esporte, de acordo com Brandão (2007), é um meio no qual se podem


vivenciar emoções com muita intensidade. Quando praticado, proporciona um
desenvolvimento global para o individuo, e este pode produzir fenômenos biológicos,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
230

sociais, intelectuais, cognitivos e comportamentais. O esporte apresenta seu caráter


educacional mesmo em seus aspectos recreativos ou competitivos. Não obstante, apesar
da tendência do esporte de alto nível, ele não deve ser visto apenas como suporte para
formação de esportistas profissionais, mas deve-se também considerar seu aspecto
educacional, pois ele atua plenamente na formação do individuo (TEIXEIRA, 2008).

A formação de atletas tem se dado através de um processo intenso que visa um rendimento
rápido. Tal processo culmina em diversas tensões, uma delas é o estresse, denominada
Síndrome de Burnout (SB) (AZEVEDO, 2008). Atualmente, o estresse tem sido explicado
como um processo onde as variáveis ambientais influenciam a percepção do atleta,
proporcionando manifestações psicofisiológicas que irão interferir no seu desempenho
(WEINBERG e GOULD, 2001). Raedeke (1997) defende a ideia de ser constituída por três
dimensões: “Esgotamento Físico e Emocional” (EFE), que são sentimentos frequentes de
extrema fadiga física e emocional associadas às exigências dos treinamentos e
competições; “Desvalorização Esportiva” (DE), refere-se a desvalorização e perda de
interesse pela modalidade em comparação com outras atividades de sua vida, onde o atleta
deixa de preocupar-se com seu rendimento; “Reduzido Senso de Realização Esportiva”
(RSR), que reflete avaliações negativas e insatisfatórias sobre si mesmo em relação ao
esporte, na qual o atleta pode frustrar-se por não alcançar suas metas e rendimentos
pessoais. Estratégias podem ser utilizadas para tentar diminuir tais níveis de estresse dos
atletas devido à pressão sofrida por eles.

Estratégias de Coping podem ser definidas como “o conjunto de esforços cognitivos e


comportamentais em permanente mudança, realizados pelo indivíduo para lidar (dominar,
reduzir ou tolerar) com as exigências, internas ou externas, que são avaliadas como
ultrapassando os seus recursos.” (LAZARUS e FOLKMAN, 1984, p. 141).

Dessa forma, o presente estudo possui como objetivo identificar se existe ou não a
Síndrome de Burnout e qualificar as Estratégias de Coping utilizadas pelo grupo de atletas
participantes do Campeonato Mineiro de Voleibol 2013 - Categoria Infanto-Juvenil
Feminina.

MÉTODO: Foi realizado um estudo de corte transversal de caráter descritivo correlacional,


avaliando 68 atletas praticantes de Voleibol da categoria sub-17, participantes da etapa

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
231

final do Campeonato Mineiro de Voleibol 2013, que aconteceu em Lavras- MG, com média
de idade de 15,87 anos (± 0,77), tempo de prática médio de 5,24 anos (± 2,21). Este estudo
foi enviado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos (COEP) como
adendo da pesquisa “Motivos de Início, Manutenção, Mudança e Abandono e a Síndrome
de Burnout no Voleibol competitivo Brasileiro” o número de parecer 160.065. Como
instrumentos foram usados o Questionário de Burnout para Atletas (QBA) para avaliar o
nível de burnout nas suas três dimensões e Burnout Total (BT), e o Athletic Coping Skills
Inventory - 28 (ACSI-28) para avaliar as estratégias escolhidas pelas atletas nas diferentes
situações. Os pais e/ou responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), e todas as atletas foram solicitadas a responderem os questionários.
Os dados foram analisados através de pacote estatístico SPSS versão 20.0. Adotou-se o
teste Alfa (α) de Combrach para determinar a consistência interna deste questionário. A
normalidade dos dados foi identificada pelo teste Kolmogorov – Smirnov. Para correlacionar
as Estratégias de Coping e SB foi utilizado o teste não paramétrico de Spearman.

RESULTADOS: De acordo com a Tabela 1, é possível observar que existem correlações


significativas, porém negativas, para a dimensão EFE com o Desempenho Sobre Pressão
(DSP), Bournout Total (BT) com DSP, Reduzido Senso de Realização (RSR) com
Metas/Preparação Mental (MPM) e Desvalorização Esportiva (DES) com Treinabilidade.
Houveram correlações positivas entre DES e DSP, EFE e Confiança/Motivação (CM), RSR
e Concentração, além de BT com CM. Para as demais respostas e dimensões não houve
correlação significativa.

Tabela 1: Correlação da Síndrome de Burnout com as Estratégias de Coping nas


participantes do Campeonato Mineiro de Voleibol 2013 - Categoria Infanto-Juvenil Feminina
Correla- LA DSP MPM Concentra- LP CM Treinabilidade
ção (r) Ção
EFE -0,218 -0,274* -0,173 -0,148 -0,3 0,01* 0,102
RSR -0,054 0,125 -0,017* 0,01* -0,067 0,33 0,11
DES -0,099 0,002* -0,219 -0,21 -0,188 -0,87 -0,03*
Burnout -0,128 -0,036* -0,165 -0,124 -0,128 0,039* 0,053
Total
EFE: exaustão física e emocional; RSR: reduzido sendo de realização; DES: desvalorização esportiva; LA: lidar com
adversidade; DSP: desempenho sob pressão; MPM: metas/preparação mental, LP: livre de preocupação; CM:
confiança/motivação. *Nível de Significância p≤0,05.

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232

Analisando a Tabela 2, pode-se constatar que existe correlação significativa, porém


negativa, entre o tempo de prática e os sintomas da SB observados nas atletas.

Tabela 2: Correlação da Síndrome de Burnout e o tempo de prática nas participantes do


Campeonato Mineiro de Voleibol 2013 - Categoria Infanto-Juvenil Feminina
Correlação (r) EFE RSR DES BT
Tempo de Prática -0,135 -0,049* 0,021* -0,042*
EFE: exaustão física e emocional; RSR: reduzido sendo de realização; DES: desvalorização esportiva; BT: Burnout total
*Nível de Significância p≤0,05.

Analisando a Tabela 3, é possível observar que existe correlação significativa entre o tempo
de prática e a estratégia de enfrentamento “concentração”. Sendo assim, quanto maior o
tempo de prática, maior será o nível de concentração do grupo de atletas.

Tabela 3: Correlação das Estratégias de Coping e o tempo de prática das atletas


participantes do Campeonato Mineiro de Voleibol 2013 - Categoria Infanto-Juvenil Feminina
Correla LA DSP MPM Concentra LP CM Treinabilidade
ção (r) Ção
Tempo de 0,195 0,156 0,079 0,029* -0,025* 0,132 0,094
Prática
LA: lidar com adversidade; DSP: desempenho sob pressão; MPM: metas/preparação mental, LP: livre de preocupação;
CM: confiança/motivação. *Nível de Significância p≤0,05.

Os estudos desenvolvidos por Caruzo (2010) com atletas de vôlei de praia, diferem dos
resultados encontrados neste estudo, pois tais atletas utilizam as estratégias “ausência de
preocupação”, “concentração”, e “treinabilidade”. Por outro lado, nos estudo de Vieira et
al., (2013), com atletas de vôlei de praia, as estratégias “lidar com adversidade” e
“concentração”, corroboram com o estudo presente, diferindo somente na estratégia
“rendimento máximo sob pressão”.

Corroborando com o presente estudo, Zilio (1994), em sua pesquisa obteve conclusões
similares, comprovando que existem aspectos positivos do tempo de prática para diminuir
as situações de estresse, e que, para as atletas com menos experiência poderá significar
uma situação de estresse elevado. Coimbra (2011) demonstrou que os indivíduos com
maior tempo de prática não se distraem facilmente e são capazes de se manter
concentrados na tarefa a ser realizada, mesmo em situações inesperadas. Keller et al.
(2005), afirma que a Síndrome de Burnout relacionada ao TP influencia no desempenho
das atletas.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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CONCLUSÃO: Conclui-se então, que o Reduzido Senso de Realização mostrou-se


importante relacionado à Concentração e à Treinabilidade. Quanto mais elevado o Burnout,
menor era Desempenho sob Pressão e maior a Confiança/Motivação. Em relação ao
Tempo de Prática, observou-se que quanto maior o tempo, menor os níveis de Reduzido
Senso de Realização e de burnout , no entanto os níveis de Desvalorização Esportiva
aumentaram na medida em que o Tempo de Prática era maior. Para coping e Tempo de
Prática, notou-se que a Concentração aumentava com a prática e que o Esforço Livre de
Preocupação diminuía.

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AZEVEDO, N. S. O consumo alimentar e o estresse psicológico: um estudo com


atletas de alto rendimento da Seleção Pernambucana de Voleibol 2005. (Mestrado
em Nutrição) – Universidade Federal de Pernambuco, 2008

BRANDÃO, M. Fatores de stress em jogadores de futebol profissional. 2000. Tese


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235

IMPULSIVIDADE E DESEMPENHO: ANÁLISE DA IMPULSIVIDADE POR NÃO


PLANEJAMENTO E DESEMPENHO TÁTICO DE JOGADORES DE FUTEBOL

Matheus Gomes de Campos / NUPEF - UFV


Marcelo Odilon Cabral de Andrade / NUPEF - UFV
Israel Teoldo da Costa / NUPEF - UFV
matheus.g.campos@ufv.br

RESUMO: O objetivo deste estudo foi verificar a influência da impulsividade por não
planejamento sobre o desempenho tático de jogadores de futebol da categoria sub-15. A
amostra foi composta por 18 jogadores da categoria sub-15. Para avaliação do
desempenho tático utilizou-se o FUT-SAT. Para o desempenho tático foram utilizados o
Índice de Performance Tática Ofensiva (IPTO), o Índice de Performance Tática Defensiva
(IPTD), e o Índice de Performance Tática de Jogo (IPTJ). Para avaliação da impulsividade
por não planejamento foi utilizado o IGT. A medida utilizada no IGT foi a Tendência Geral.
Foram utilizados os testes de Shapiro-Wilk e Mann-Whitney, sendo o nível de significância
adotado de p<0,05. Para realização das análises estatísticas foi utilizado o SPSS for
Windows, versão 22. Conclui-se que para esta amostra não houve influência da
impulsividade por não planejamento sobre o desempenho tático de jogadores de futebol da
categoria sub-15.
Palavras-chave: Futebol, Impulsividade, Desempenho Tático.

INTRODUÇÃO
A avaliação do desempenho tático no futebol vem sendo utilizada para ilustrar a
capacidade que jogador e equipe possuem na realização de ações durante uma partida
(GRÉHAIGNE; BOUTHIER; DAVID, 1997). Estudos têm revelado que jogadores com
maiores níveis de desempenho apresentam processos cognitivos mais bem desenvolvidos
do que os jogadores com níveis de desempenho inferiores (HELSEN; STARKES, 1999;
WARD; WILLIAMS; NORTH, 2003).
No que refere à avaliação do desempenho tático e variáveis relacionadas à cognição,
a impulsividade por não planejamento vem sendo destacada. A impulsividade por não
planejamento é um padrão comportamental caracterizado por várias manifestações de

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236

respostas rápidas, sem uma reflexão adequada (MOELLER et al., 2001). Em pesquisa
recente, jogadores de futebol menos impulsivos foram mais eficientes na realização dos
princípios táticos ofensivos. Também, foi observado que os jogadores com menor tempo
de reação apresentaram melhor desempenho tático de jogo, o que sugere que a
capacidade que o jogador possui para responder rapidamente aos estímulos que surgem
aleatoriamente pode contribuir para um melhor desempenho tático (GONZAGA, 2013).
Porém, para investigar como a impulsividade por não planejamento pode condicionar
o desempenho tático dos jogadores, torna-se importante a utilização de protocolos de
avaliação que permitam mensurar essas duas variáveis de maneira precisa. Esses
protocolos utilizados em diferentes amostras de clubes de futebol podem fornecer
informações mais precisas sobre o efeito dessa variável no jogo.
Assim, o objetivo do estudo foi verificar a influência da impulsividade por não
planejamento sobre o desempenho tático de jogadores da categoria sub-15.

MÉTODOS
Amostra
A amostra foi composta por 1205 ações táticas realizadas por 18 jogadores de
futebol da categoria sub-15, de um clube de Minas Gerais. Para critério de seleção da
amostra, os jogadores do clube deveriam participar de treinamentos regulares (três vezes
por semana) e de torneios de nível regional.

Instrumentos e Procedimentos
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos
da Universidade Federal de Viçosa (CEPH) sob o seguinte protocolo: Of. Ref. N.
132/2012/CEPH. Para avaliar o desempenho tático dos jogadores, foi utilizado para a
análise e coleta de dados o Sistema de Avaliação Tática no Futebol - FUT-SAT (TEOLDO
et al., 2011). Os participantes deveriam participar de um jogo (3 vs 3, mais goleiros),
seguindo as regras oficiais do futebol, exceto impedimento. O jogo foi gravado por uma
câmera filmadora e as imagens utilizadas para avaliação tática dos jogadores. Para a
avaliação da impulsividade foi utilizado o Iowa Gambling Task – IGT, desenvolvido por
Bechara et al. (1998) e traduzido para o português do Brasil por Malloy-Diniz et al (2008)
(IGT-Br). Este teste avalia o processo de tomada de decisão afetiva e impulsividade por

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237

não planejamento. O teste é realizado via computador, em forma de jogo de cartas.


Algumas cartas eram apresentadas na tela do computador. O participante deveria escolher
as cartas, uma a uma. As cartas sorteadas poderiam dar direito a um ganho imediato ou
perdas. Estas regras não eram reveladas aos participantes, devendo os mesmos descobrir
durante o jogo (ou não). O jogo termina quando o participante escolhe a centésima carta.

Materiais
Para a gravação dos jogos utilizou-se uma câmera digital SONY modelo HDRXR100.
Os vídeos obtidos foram transferidos para um computador portátil modelo POSITIVO
Premium 4A015RX8T, processador Intel Pentium Dual core ™, sendo convertidos para
ficheiros “avi” através do programa Format Factory for Windows®. Para a análise dos jogos
após a coleta, utilizou-se o software Soccer Analyser.

Análise Estatística
Para caracterização da amostra foi utilizada análise descritiva (média e desvio
padrão). A variável dependente do estudo foi o Índice de Performance Tática (IPT), sendo
divididos em Índice de Performance Tática Ofensiva (IPTO), Índice de Performance
Defensiva (IPTD), e Índice de Performance Tática de Jogo (IPTJ). A variável independente
do estudo foi o IGT, utilizando a medida de tendência geral. Assim, os valores no IGT foram
divididos em Alto e Baixo de forma que os índices de desempenho foram comparados
através deste parâmetro. Para verificar a normalidade dos dados foi utilizado o teste
Shapiro-Wilk. Para comparação entre os grupos foi utilizado o teste Mann-Whitney. O
software SPSS versão 22 foi utilizado, considerando p<0,05 em todas as análises.

RESULTADOS
Os resultados do estudo podem ser observados na tabela 1. As comparações
realizadas foram entre o IPTO, IPTD e IPTJ e o nível do IGT (Alto e Baixo), que representa
a impulsividade por não planejamento. Não foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas nas comparações.

Tabela 1: Comparação dos Índices de Performance Tática em relação ao IGT

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238

Variáveis ALTO BAIXO t P


IPTO 45,2 ± 4,78 51,6 ± 6,29 2,017 0,069
IPTD 30,8 ± 4,60 32,3 ± 6,34 0, 480 0,641
IPTJ 35,5±3,96 38,4 ± 5,10 1,061 0,312
p<0,05

Esses resultados indicam que para esta amostra ser impulsivo não representou um
menor ou maior desempenho tático. A impulsividade ser tratada de forma sempre negativa
pode depender do tipo de esporte e exigências que um jogo pode proporcionar (DICKMAN;
MEYER, 1988). Mais pesquisas com essa temática seriam interessantes com o intuito de
verificar os efeitos da impulsividade na componente tática do jogo de futebol.

CONCLUSÃO
Conclui-se que jogadores que possuíram níveis de impulsividade por não
planejamento maiores não se diferem dos jogadores que possuíram níveis de impulsividade
por não planejamento menores, em relação ao desempenho tático. Portanto, para esta
amostra a impulsividade por não planejamento não influencia o desempenho tático dos
jogadores de futebol.

AGRADECIMENTOS
Este trabalho teve o apoio da SEEJ-MG através da Lei Estadual de Incentivo ao
Esporte, da FAPEMIG, da CAPES, do CNPQ, da FUNARBE, da Reitoria, Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-Graduação e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade
Federal de Viçosa.

REFERÊNCIAS
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Memory from Decision Making within the Human Prefrontal Cortex. The Journal of
Neuroscience, v.18, n.1, p.428-37. 1998.

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Psychology, v.25, n.1, p.93-111. 2003.

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PRODUÇÃO CIENTÍFICA RELACIONADA À TÁTICA NO FUTEBOL: REVISÃO


INTEGRATIVA DE LITERATURA

Hackenhaar, Fabio Augusto - IFPR.


Ribeiro, Cezar Grontowski - IFPR.
Costa, David da - IFPR.
Gradaschi, Fernando Marlon Pilger - IFPR.
fabio.hachenhaar@ifpr.edu.br

RESUMO: O objetivo foi verificar na literatura científica o tratamento dado à tática na


modalidade de futebol. Revisão integrativa de literatura, baseada nos descritores “futebol”
e “tática”, com coleta de dados entre 7 e 10 de julho de 2015, sendo analisadas produções
do Portal de Periódicos Capes, Scielo Brasil e LILACS, referentes aos anos de 2005 a 2015.
Para análise utilizou-se uma matriz e o estudo foi organizado mediante protocolo validado.
Os artigos encontrados foram: Scielo (N=7–58,33), Lilacs (N=4–33,33); Periódicos Capes
(N=1–8,33). Os artigos versam sobre o conhecimento tático do atleta, análise do
comportamento tático da equipe e propostas de desenvolvimento do jogo. A efetividade dos
treinamentos em campo reduzido diminuiu erros e melhorou dinâmica de jogo. As propostas
precisam ter por objetivo criar compreensão e autonomia nas ações de jogo. A
compreensão da dimensão tática é fundamental para o êxito da equipe; treinamentos
devem ser embasados em situações reais de jogo, criando atletas preparados para
executar com qualidade as propostas de jogo. A tática foi considerada essencial na
obtenção de resultados. Sugere-se a ampliação dos estudos na área, como forma de
qualificar e compreender esse elemento primordial para o sucesso das equipes de
rendimento esportivo.
Palavras-chave: Futebol. Tática. Revisão integrativa.

INTRODUÇÃO: A tática é um elemento primordial para obtenção de resultados efetivos na


modalidade de futebol. A organização e disposição dos elementos do jogo influem
significativamente no desempenho individual e coletivo, ampliando ou diminuindo as
chances de sucesso. Este componente do jogo se configura o mais importante para o
resultado final da partida (CARVALHO; SCAGLIA; COSTA, 2013), e relaciona-se pelo

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
241

orientação operacional que ocorre no decorrer da partida, adaptando-se as situações


decorrentes do contexto e do adversários, estando intimamente ligada a dimensão espaço-
temporal (MENDES, et.al., 2013).
O objetivo foi verificar na literatura científica o tratamento dado à tática na modalidade de
futebol.

MÉTODO: Revisão integrativa de literatura, com abordagem qualitativa, sendo conduzido


pelas etapas propostas por Ganong (1987). Foram utilizados para a estratégia de busca os
descritores “tática” and “futebol” nas plataformas Scielo Brasil, Portal de Periódicos CAPES
e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS. Na primeira
busca encontrou-se 185 artigos (Scielo N = 10; Periódicos CAPES = 155; LILACS = 20).
Após aplicação dos filtros de seleção, restaram 12 artigos a serem analisados (Scielo N =
7; Periódicos CAPES = 1; LILACS = 4), que foram colocados em uma matriz, sendo que os
resultados advindos desta estão dispostos nos resultados e discussão.

RESULTADOS: Das publicações cientificas analisadas, 58,3% desenvolveram estudos


buscando avaliar o comportamento tático e verificar o desempenho dos jogadores de
futebol em relação aos princípios de jogo, 33,3% verificam padrões de jogo através de
analise tática, 9,4% propõem um modelo de jogo e processos de ensino no futebol.
O primeiro quesito observado foi a avaliação do comportamento tático e desempenho
dos jogadores em relação aos princípios de jogo. Os comportamentos desempenhados são
influenciados por alterações na dimensão do campo de jogo e são observados com maior
expressividade em relação a organização defensiva. No campo menor as equipes
executavam a marcação em bloco baixo e houve maior dinâmica de jogo e volume de troca
de passes. No campo maior a marcação ocorreu em bloco alto, dificultando às equipes
executar os princípios defensivos (COSTA, et.al., 2011). Observou-se menos erros e várias
ações táticas de princípios defensivos no campo de ataque, facilitadas no campo menor
porque as dimensões propiciam a aproximação dos jogadores ao centro de jogo, com mais
ações táticas próximas à bola (COSTA, et.al., 2011).
Quanto a variável espaço, estudo mostrou que os jogadores ofensivos apresentaram mais
dificuldades em realiza-las após o período de aplicação da metodologia tática, sendo que
depois do desenvolvimento do trabalho a equipe defensora ocasionou maiores dificuldades

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
242

ao adversário (SOUZA, et.al., 2014). As pesquisas sinalizaram também que este fator
influencia no resultado final da partida, e que o maior valor de mobilidade e unidade
defensiva podem ser determinantes para vitória (CARVALHO; SCAGLIA; COSTA, 2013;
SILVA, et.al., 2013). Identificou-se alterações no desempenho tático em relação ao estatuto
posicional, onde meio campistas obtiveram superioridade em relação aos atacantes no
princípio tático unidade ofensiva. Esta diferença entre o estatuto posicional não pode servir
de base para todas as categorias, pois estudos similares com diferentes categorias
apresentam outros resultados (PADILHA; MORAES; COSTA, 2013). Estudo que mensurou
o conhecimento tático processual aponta alta associação entre conhecimento tático
processual convergente e divergente, geral e específico, em diferentes categorias do
futebol, confirmando que os jogadores que demonstram mais inteligência de jogo são
também mais criativos. Não foi encontrada relação entre o conhecimento tático declarativo
e processual (GIACOMINI, et.al., 2010).

Os padrões de jogo (análise tática) também foram estudados. Observou-se como fator
indicativo ao sucesso das equipes o grande número de bolas recuperadas no setor médio
defensivo, principalmente nas laterais do campo, com interceptações de passe. É
importante salientar que a predisposição a evitar confrontos de 1X1 no setor defensivo pode
ser efetivo para não sofrer gols; esta tendência tem por base a grande incidência de
fragmentos constantes do jogo e poucas roubadas de bola nesse setor. Outra variável
importante é a velocidade de transição da bola, devendo ser constante durante o jogo, para
ampliar a posse de bola. Equipes que apresentaram resultados positivos em diversas
competições tem tendências a manter o seu padrão de jogo indiferente do placar da partida
(SANTOS; MORAES; COSTA, 2015; MORAES; CARDOSO; COSTA, 2014).

A efetividade dos métodos de jogo apresentados depende do equilíbrio do bloco defensivo


da equipe adversária, onde o contra-ataque é mais efetivo contra defesas com bloco mais
desequilibrado, enquanto o ataque mais organizado com manutenção de posse de bola
torna-se mais efetivo com defesas que mantém o seu bloco equilibrado. Outro fator
determinante é a qualidade dos treinamentos realizados, embasado em situações similares
ao jogo, tornando as ações táticas efetivas (SANTOS; MORAES; COSTA, 2015; MORAES;
CARDOSO; COSTA, 2014; FERNANDES, 2008). Outro estudo aponta que o método do
centroid e índice de dispersão pode ser utilizado em sistemas de análise e avaliação tática,

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243

podendo ser otimizado se considerar os jogadores e seus atributos em relação ao


posicionamento da bola; é possível analisar o índice de dispersão dos jogadores em relação
ao centroid no campo de jogo, bem como os princípios táticos de concentração defensiva
e espaço ofensivo (MENDES, et.al., 2013).
Os modelos de jogo e processo de ensino da tática também foram estudados. Uma das
maiores dificuldades encontradas é quanto ao processo de ensino aprendizagem dos
jogadores, principalmente em categorias de formação. A dificuldade dos treinadores
consiste em constituir um modelo de jogo que possa fornecer ao jogador constante
evolução (CASARIN, et.al., 2011). Deve considerar a dimensão tática como centro dos
fatores propostos. Conceitos e conteúdos do jogo devem ser demonstrados aos jogadores
de forma organizada, intencional e consciente, e metodologia para compreensão tática dos
princípios e modelos de jogo, indicados a cada categoria. Devem também incluir os
princípios globais e específicos, baseado em situações de jogo, sustentando a identidade
do jogador, fazendo com que desenvolvam uma dinâmica coletiva a partir das situações
decorrentes no jogo, adquirindo capacidade de decisão e autonomia durante a partida
(CASARIN, et.al., 2011).

CONCLUSÃO: Os estudos analisados demonstram preocupação com três aspectos


fundamentais: 1 - avaliação do comportamento tático e desempenho; 2 - padrões de jogo;
3 - modelos de jogo e processo de ensino da tática. Demonstra-se efetividade dos
treinamentos em campo reduzido como forma de diminuição de erros e aproveitamento do
espaço e dinâmica de jogo. As propostas objetivam criar compreensão e autonomia nas
ações de jogo. Os padrões de jogo foram associados à virtude de manter o padrão com
placar favorável ou adverso, sendo a qualidade do treinamento essencial para o êxito. Os
modelos de jogo permitem a compreensão da dimensão tática, fundamental para resultados
positivos. Treinamentos devem ser embasados em situações reais de jogo, criando atletas
com qualidades para executar as propostas de jogo nos diferentes cenários das partidas.
Percebeu-se carência de artigos científicos que tratem sobre a temática, o que se torna
uma limitação desse estudo. Sugere-se a ampliação dos estudos na área, como forma de
qualificar e compreender a tática como primordial para o sucesso das equipes de
rendimento esportivo.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
246

INÍCIO E O ABANDONO DE ATLETAS UNIVERSITÁRIOS NO VOLEIBOL

Otávio Luiz dos Santos Silva / GREV – UFLA

Valquíria Teixeira Junqueira / GREV – UFLA

Samuel de Almeida Rabelo / GREV – UFLA

Marcelo de Castro Teixeira / GREV – UFLA

Sandro Fernandes da Silva / GREV – UFLA

otavioluiz.1993@gmail.com

RESUMO: O esporte atualmente representa um fenômeno com inúmeras possibilidades,


tanto cultural quanto social, no mundo todo. Dentre os esportes, destaca-se o voleibol, que
é um esporte coletivo dinâmico e o segundo mais importante do Brasil em números de
praticantes. Com isso, existem diversos fatores a serem estudados em torno de seus
praticantes, quanto aos motivos relacionados à sua iniciação, motivação e ao abandono
nesse esporte. Por isso, esse estudo tem como objetivo analisar quais são os possíveis
motivos que levam os alunos/atletas a iniciarem e a abandonarem o voleibol e comparando
os dados através do fator sexo. Como referencial para a coleta de dados foi utilizado o
Questionário de Motivos de Início, Manutenção, Mudança e Abandono (MIMCA). O
questionário é divido em quatro subescalas em que contém perguntas sobre possíveis
causas e motivos que influenciam na prática esportiva. Esse questionário foi aplicado em
22 atletas das equipes de voleibol da UFLA. Os resultados no estudo mostraram que para
os homens, fatores extrínsecos são relevantes para terem iniciado no esporte, e intrínsecos
para abandono. Para mulheres os fatores são inversos, extrínsecos para abandono e
intrínseco para início. Diferenças significativas em comparação ao sexo aparecem em
ambos.

Palavras-Chave: Psicologia do Esporte, Motivação, Esporte Universitário.

INTRODUÇÃO: O esporte é um fenômeno sociocultural que tem diversas formas de


manifestações e que a cada dia que passa, atrai mais e mais adeptos. Nessa perspectiva,
pode-se ver que o esporte é um dos fenômenos mais extraordinários que ocorre na
sociedade. Em destaque no esporte, temos o voleibol, que é um esporte coletivo, dinâmico

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
247

e praticado em muitos países por pessoas das mais diversas etnias, classes sociais,
religiões e faixas etárias. Com esse crescimento do voleibol, crianças e adolescentes
começaram a ter mais opções para poderem praticar o esporte, o que leva a possibilidade
de muitos deles se tornarem atletas. Juntamente com essa possibilidade, acompanham
vários fatores ligados aos motivos de terem procurado essa prática e o porquê de
continuarem ou abandonarem o esporte. Fatores estes que hoje, são objetos de estudos
das áreas de Educação Física e da Psicologia do Esporte. (CARMO, et. al., 2007; SILVA,
2012; WEINBERG; GOULD, 2001; CARMO, et. al., 2009).

Com isso, tornou-se objetivo desse estudo analisar quais poderiam ser os possíveis motivos
que levaram os atletas universitários da UFLA a iniciarem, e quais poderiam ser os motivos
para abandonarem o esporte, que em questão é o voleibol. E na obtenção dos resultados,
buscar compará-los através do fator sexo, uma vez que serão analisados dados de times
masculinos e femininos.

MÉTODO: Foi utilizada uma amostra composta por 22 atletas universitários da


Universidade Federal de Lavras, praticantes de voleibol, onde 12 são do sexo masculino e
10 são do sexo feminino, com idade entre 17 e 27 anos e média de 21 anos com desvio
padrão de 2,89. O tempo de prática desses atletas é em média 8 anos com desvio padrão
de 4,01. Foi utilizado o Questionário de Motivos de Início, Persistência, Mudança e
Abandono Desportivo, versão brasileira (MIMCA-BR), que é a versão adaptada e
apropriada para investigações em amostras brasileiras por Carmo et al. em 2008 (CARMO
et al., 2008), do questionário de Motivos de Inicio, Manutenção, Mudança e Abandono
(MIMCA) criado por Rodriguez, Lucas e Alonso (1999). O MIMCA-BR consta de 53 itens
agrupados em quatro subescalas que abordam quatro momentos da vida esportiva: início,
persistência, mudança e abandono. As respostas baseiam-se em uma escala tipo Likert de
cinco pontos, que são: “totalmente de acordo” (5), “muito de acordo” (4), “de acordo” (3),
“pouco de acordo” (2) e “total desacordo” (1). Para este estudo foi utilizado apenas as
subescalas de início e abandono do questionário MIMCA-BR.

Para tratamento estatístico descritivo, tendo utilizado a média e o desvio padrão. Outra
análise realizada foi o teste não paramétrico de Mann-Whitney utilizado para comparar as
populações.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
248

RESULTADOS: Ao analisar os fatores mais importantes para os atletas nos motivos da


Subescala de Início, verificou-se que para os homens os principais foram: “Divertir-me”
(4,41; ± 0,90), “Influência dos pais” (4,08; ±1,16) e “Pratica-se no bairro” (4,33; ±0,88). Com
isso, destaca-se que os motivos mais relevantes para os homens estão relacionados,
principalmente, com características de motivação extrínseca, sendo evidenciado pelo fator
de influência dos pais, que obtém um destaque maior. Tal resultado se assemelha a
estudos de Zanetti et al. (2008), Dos Santos e Nascimento (2012), Junior, Campos e Tribst
(2001) e Carmo (2009). Em relação aos fatores mais importantes para as atletas do sexo
feminino, verificou-se que os principais foram: “Manter-me em forma” (3,70; ±1,41) e
“Amadurecer pessoalmente” (4,30; ±1,33). Desta forma, percebeu-se que os motivos mais
relevantes para o início da prática do voleibol para mulheres estão intimamente
relacionados com características motivacionais intrínsecas. Esse resultado se equipara
com outros estudos encontrados na literatura sobre a motivação no voleibol em que as
características intrínsecas se sobressaem, como nos estudos de Paim (2003), Pinto (2009),
Teixeira et. al. (2010) e Campos et. al. (2011).

Ao analisar a Subescala de Abandono, encontrou-se que para os homens a resposta “Se


não tivesse capacidade física para o meu esporte” (3,75; ± 1,35) e “Se não me desse bem
como com o treinador” (3,00; ± 1,27) são os fatores de maior influência que podem levá-los
a abandonar o voleibol. Com isso, podem-se relacionar os fatores encontrados para os
homens com os motivos extrínsecos, ou seja, são fatores externos que os levariam a
abandonar a prática. Corroborando com esses resultados, pode-se encontrar o estudo de
Bara Filho, Delgado e Guillén (2005), que apontou a mesma diferença significativa para os
motivos extrínsecos. Já para as mulheres foram encontrados como motivos relevantes: “Se
meus sonhos como atleta não se cumprissem” (4,30; ± 0,94) e “se o trabalho/estudo não
permitisse render o máximo” (3,30; ± 1,70). Na literatura pode-se destacar como
semelhança o estudo de Dos Santos e Nascimento (2012), em que os mesmos fatores são
encontrados como motivos mais relevantes. Entretanto, é importante destacar que há uma
divisão nos resultados, o que nos leva a relacionar que tanto os motivos extrínsecos, quanto
os intrínsecos estão presentes como características em um possível abandono feminino.
Contudo, levando em consideração que o fator “Se meus sonhos como atleta não se

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
249

cumprissem” obteve a maior média no presente estudo, pode-se ver que os motivos
intrínsecos acabam se sobressaindo.

Ao analisar os resultados obtidos na Subescala de Início, foram encontrados 3 fatores onde


existiu diferença significativa entre homens e mulheres. São eles: “Divertir-me”, “Influência
dos pais” e “Pratica-se no bairro”. Em todos esses itens a média dos homens foi superior à
das mulheres, mostrando que os fatores são bem mais marcantes para os homens. Assim
podemos perceber que os atletas estudados do sexo masculino são bem mais influenciados
por motivos extrínsecos do que as atletas do sexo feminino. Pode-se destacar que nesse
ponto o estudo vai de encontro ao de Carmo (2009) e Silva et. al. (2012), em que foi utilizado
o mesmo instrumento para coleta, e praticamente os mesmos objetivos, diferenciando
apenas no aspecto que o estudo de Silva foi voltado para a área escolar.

Para a Subescala de Abandono, somente em um item foi encontrado com diferença


significativa: “Se meus sonhos como atletas não se cumprissem”. Nesse item, são as
mulheres que possuem uma média maior que a dos homens. Sendo assim, ficou evidente
nesse estudo que motivos intrínsecos são mais influenciáveis às mulheres do que aos
homens para um possível abandono do voleibol. Contudo, nesse ponto, o presente estudo
se contrapõe ao de Carmo (2009) e ao de Bara Filho e Guillén Garcia (2008), onde os
destaques foram motivos relacionados às características extrínsecas.

CONCLUSÃO: O objetivo principal desse estudo foi caracterizar os motivos que levaram
os atletas universitários da UFLA a iniciarem no voleibol, e os possíveis motivos que podem
acarretar no abandono dos mesmos, comparando-os posteriormente de acordo com o sexo.
É importante destacar que os resultados obtidos nessa pesquisa podem servir como um
parâmetro, porém, não deve ser generalizado a outras populações devido às
especificidades do grupo. Diante dos resultados encontrados, pode-se observar que para
os homens do presente estudo a diversão, a influência advinda de dentro de sua própria
casa e o motivo do esporte ser praticado perto de onde mora, são os fatores principais para
uma motivação de terem iniciado no voleibol. Já entre as mulheres, esse estudo mostrou
que a preocupação com a estética e o crescimento pessoal são os motivos que mais
apareceram no estudo. Isso leva a concluir que motivos intrínsecos são os mais relevantes
para as mulheres, se diferenciando dos homens, em que a predominância é de motivos
extrínsecos.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
250

Em relação ao abandono no voleibol, foi observado que, na amostra do estudo, para os


homens, problemas com o treinador e com o próprio corpo poderiam ser motivos que
levariam a desistir da prática. Já para as mulheres, se seus desejos como atletas não
tivessem êxitos e problemas com trabalho e/ou estudos atrapalhassem no desempenho,
são os fatores mais fortes para o possível abandono do voleibol. Na análise comparativa
entre os gêneros, existiram diferenças significativas para a subescala de início onde os
fatores de destaque foram “Divertir-me”, “Influência dos pais” e “Pratica-se no bairro”, e
todos com maior ênfase para o sexo masculino. Para a Subescala de Abandono também
houve diferença significativa, porém, em apenas um fator: “Se meus sonhos como atleta
não se cumprissem”. Nesse caso, a ênfase deve ser dada para as atletas do sexo feminino.

Contudo, conclui-se que de um modo geral, os atletas masculinos envolvidos no estudo


tendem a ter motivos de ordem extrínseca tanto para iniciação, quanto para o abandono.
Nas atletas do sexo feminino, para a iniciação e para o abandono, a predominância é de
motivos intrínsecos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DOS SANTOS, Brunna Maila; NASCIMENTO, Mário César. Motivos de aderência e


abandono no judô. UDESC, Santa Catarina. 2012

ZANETTI, Marcelo Callegari; LAVOURA, Tiago Nicola; MACHADO, Afonso Antônio.


Motivação no esporte infanto juvenil. CONEXÕES: Revista da Faculdade de Educação
Física da UNICAMP, v. 6, 2008.

BARA FILHO, Maurício Gattás; GARCIA, Félix Guillén. Motivos do abandono no esporte
competitivo: um estudo retrospectivo. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte,
v. 22, n. 4, p. 293-300, 2008.

SILVA, Leandro Augusto Dutra et al. Início, persistência e abandono da prática desportiva
dos jovens nas escolas. 2012.

BARBOSA, Patrícia Crespo. A motivação na prática do voleibol: uma revisão bibliográfica.


2012.

PAIM, Maria Cristina Chimelo. Voleibol, que fatores motivacionais levam a sua prática?.
Lecturas: Educación física y deportes, n. 61, p. 20, 2003.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
251

CARMO, J. V. M., MATTOS, F. O., FILHO, M. B., MIRANDA, R., RIBAS, P. R., NUNES, J.
L., & ALBO J.. Validação preliminar de questionário de início, manutenção, mudança e
abandono (mimca) no esporte para a língua portuguesa. Conexões, Campinas, 2008.

CARMO, João Vítor de Moura et al. Motivos de início e abandono da prática esportiva em
atletas brasileiros. HU rev, v. 35, n. 4, 2009.

BARA, M., DELGADO, S., & GUILLÉN, F.. O abandono precoce no esporte competitivo.
Revista Mineira de Educação Física, Viçosa, 2005.

GOULD, D., & WEINBERG, R. S. Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício.


2. Ed. São Paulo: ARTMED Editora Ltda, 2001.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
252

FLEXIBILIDADE COGNITIVA E DESEMPENHO TÁTICO DE JOGADORES DE


FUTEBOL
Willer Afonso da Silva Peluso / NUPEF - UFV
Marcelo Odilon Cabral de Andrade/ NUPEF - UFV
Israel Teoldo da Costa/ NUPEF - UFV
willer.peluso@ufv.br

RESUMO:O objetivo deste estudo foi relacionar a flexibilidade cognitiva com o desempenho
tático de jogadores de futebol. A amostra foi composta por 18 jogadores de futebol da
categoria sub-15, de clubes e escolinhas de Minas Gerais. O instrumento utilizado para
avaliar a flexibilidade cognitiva foi o WCST (Wisconsin CardSorting Test). Para avaliação
do desempenho tático utilizou-se o FUT-SAT.Como variáveis do desempenho tático foram
utilizados o Índice de Performance Tática Defensiva (IPTD), o Índice de Performance Tática
Ofensiva (IPTO) e o Índice de Performance Tática de Jogo (IPTJ). A variávelutilizada para
flexibilidade cognitiva foi “categorias completadas”. Foram utilizados os testes Shapiro-Wilk
e Correlação de Spearman, sendo o nível de significância adotado de p<0,05. Para
realização das análises estatísticas foi utilizado o SPSS for Windows, versão 22. Verificou-
se que não houve relação significativa entre a flexibilidade cognitiva e o desempenho
tático.Conclui-se que para esta amostra a flexibilidade cognitiva não teve relação com o
desempenho tático dos jogadores de futebol da categoria sub-15.
PALAVRAS-CHAVE: Futebol, Desempenho Tático, Flexibilidade Cognitiva.

INTRODUÇÃO
No futebol, o desempenho tático vem sendo utilizado como medida de performance
de jogadores e equipes. O desempenho tático é definido como a execução das ações no
jogo e o resultado que estas ações provocamna equipe (MESQUITA, 1998). Nesse sentido,
para obter um desempenho tático elevado, os jogadores devem apresentar habilidades
cognitivas bem desenvolvidas (CASANOVA et al., 2009). Além disso, os jogadores têm que
se adaptar às respostas de acordo com as situações do jogo, requerendo uma flexibilidade
cognitiva desenvolvida (CAÑAS et al., 2003).
A flexibilidade cognitiva está relacionada com a capacidade de abstração e de
mudanças das estratégias cognitivas para responder às modificações do ambiente. Envolve

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
253

a capacidade de inibir uma ação ou uma resposta, seguida por uma elaboração de resposta
alternativa com rapidez e apropriada à situação (SCOTT, 1962; SCHARCHAR et al., 1995).
No querefereà investigação entre a relação do desempenho tático e flexibilidade
cognitiva, poucos estudos procuramanalisar a relação entre as variáveis. Em um desses
estudos, onde foi verificado as interações entre flexibilidade cognitiva e comportamento
tático de jogadores da categoria sub-15, diferenças na flexibilidade cognitiva entre grupos
com comportamento tático mais eficiente não foram encontradas (GONZAGA, 2013).Esses
resultados apresentaram informações relevantes sobre uma categoria de formação em
específico (no caso a sub-15) identificando aspectos relevantes relacionados ao
comportamento tático dos jogadores. Assim, informações relacionadas ao desempenho
tático dos jogadores podem complementar as conclusões sobre o efeito dessa variável na
componente tática do jogo.
Em continuidade às investigações sobre a temática,o objetivo deste estudo
foirelacionar a flexibilidade cognitiva com o desempenho tático de jogadores de futebol.

MÉTODOS
Amostra
A amostra foi composta por 1205 ações táticas realizadas por 18 jogadores de
futebol da categoria sub-15, de um clube de Minas Gerais. Para critério de seleção da
amostra, os jogadores do clube deveriam participar de treinamentos regulares (três vezes
por semana) e de torneios de nível regional.

Instrumentos e Procedimentos
Para avaliar a flexibilidade cognitiva dos participantes, o teste neuropsicológico
Wisconsin Card Sorting Test (WCST) foi utilizado. A versão utilizada neste estudo constou
de 4 cartões-chave e 64 cartões de resposta de figuras geométricas na tela do computador,
que variou de acordo com três possibilidades: cor, forma e número. A tarefa exigida dos
participantes era associar as cartas de resposta com qualquer um dos principais cartões
disponíveis na tela. Cada resposta é seguida pelo feedback "certo" ou "errado". Depois de
dez associações corretas, a categoria foi alterada sem aviso aos participantes. Foi utilizado
como medida de desempenho no teste as “categorias completadas”.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
254

Para coleta e análise de dados relacionados ao desempenho tático foi utilizado o


Sistema de Avaliação Tática no Futebol – FUT-SAT (TEOLDO et al., 2011). Este sistema
permite avaliar as ações táticas com base nosdez princípios táticos fundamentais de jogo,
sendo cinco para a fase ofensiva: i) penetração; ii) cobertura ofensiva; iii) mobilidade; iv)
espaço; v) unidade ofensiva; e cinco para a fase defensiva: i) contenção; ii) cobertura
defensiva; iii) equilíbrio; iv) concentração; v) unidade defensiva.Foi utilizado como medida
de desempenho o Índice de Performance Tática Defensiva (IPTD), o Índice de Performance
Tática Ofensiva (IPTO) e o Índice de Performance Tática de Jogo (IPTJ).
Como forma de avaliar os princípios táticos, foi realizado o teste de campo “GR+ 3
vs. 3+GR”. A estrutura do teste consiste em um jogo em campo reduzido (36 metros de
comprimento por 27 metros de largura) onde duas equipes compostas por três jogadores
cada, mais os goleiros, com coletes devidamente numerados, são orientados a jogar por
quatro minutos seguindo as regras do Futebol, à exceção da regra do impedimento.
Anteriormente ao início do teste, são concedidos aos jogadores 30 segundos para
familiarização com a tarefa.

Procedimentos Éticos
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos
da Universidade Federal de Viçosa (CEPH) sob o seguinte protocolo: Of. Ref. N.
132/2012/CEPH.

Materiais
Para a gravação dos jogos utilizou-se uma câmera digital SONY modelo HDR-
XR100. Os vídeos obtidos foram transferidos para um computador portátil modelo
POSITIVO Premium 4A015RX8T, processador Intel Pentium Dual core™, sendo
convertidos para ficheiros “avi” através do programa Format Factory for Windows®. Para a
análise dos jogos após a coleta, utilizou-se o software Soccer Analyser. Além disso, a coleta
de dados do WCST foi realizada no computador portátil anteriormente mencionado.

Análise Estatística
Inicialmente foi realizada análise descritiva (frequência, média e desvio padrão).
Para verificar a normalidade dos dados foi utilizado o teste Shapiro-Wilk. Para verificar a

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
255

relação entre as variáveis foi utilizado o teste de Correlação de Spearman, sendo o nível
de significância adotado de p< 0,05. Para realização das análises estatísticas foi utilizado
o SPSS for Windows, versão 22. Para o cálculo da fiabilidade utilizou-se o método teste-
reteste com os valores de Kappa de Cohen, sendo reanalisadas 194ações táticas que
representam 16,1% da amostra. Neste procedimento participaram dois avaliadores e os
valores de fiabilidade encontrados situaram entre o mínimo 0,820 (ep=0,062) e o máximo
1para a fiabilidade intra-avaliador, e entre o mínimo 0,862 (ep=0,023) e o máximo 0,956
(ep=0,016) para a fiabilidade inter-avaliadores.

RESULTADOS
Os resultados do estudo podem ser observados na tabela 1. Verificou-se que não
houve relação significativa entre a flexibilidade cognitiva e o desempenho tático.

Tabela 1: Correlação entre a flexibilidade cognitiva e o desempenho tático de jogadores


de futebol da categoria sub-15

IPTO IPTD IPTJ

rho -0,127 -0,243 -0,177


WCST
p 0,615 0,332 0,418
p<0,05
Os resultados corroboram os achados de Gonzaga (2013), que não revelou diferença
estatisticamente significativa quando comparados flexibilidade cognitiva e eficiência do
comportamento tático dos jogadores. No estudo mencionado o mesmo instrumento foi
utilizado. A partir disso, discute-se a necessidade da utilização de novos instrumentos que
considerem a flexibilidade cognitiva para realização de tarefas, podendo assim fornecer
informações diferentes da variável, através de novas medidas.

CONCLUSÃO
Conclui-se que para esta amostra o desempenho táticonão teve relação com a
flexibilidade cognitiva de jogadores de futebol da categoria sub-15.

AGRADECIMENTOS

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Este trabalho teve o apoio da SEEJ-MG através da Lei Estadual de Incentivo ao


Esporte, da FAPEMIG, da CAPES, do CNPQ, da FUNARBE, da Reitoria, Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-Graduação e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade
Federal de Viçosa.

REFERÊNCIAS
CAÑAS, J. J.; QUESADA, J. F.; ANTOLI, A.; FAJARDO, I. Cognitive Flexibility and
Adaptability to Environmental changes in Dynamic Complex Problem-Solving Task.
Ergonomics, v.46, n.6, p.482-501. 2003.

CASANOVA, F.; OLIVEIRA, J.; WILLIAMS, M.; GARGANTA, J. Expertise and Perceptual-
Cognitive Performance in Soccer: a Review. Revista Portuguesa de Ciências do
Desporto, v.9, n.1, p.115-122. 2009.

GONZAGA, A. S. Análise da Influência das Funções Executivas no Comportamento e


Desempenho Tático de Jogadores de Futebol. 2013. 91 p. (Dissertação de Mestrado).
Departamento de Educação Física, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa (Brasil), 2013.
91 p.

MESQUITA, I. The multidimensionality in the domain of the Volleyball Skills. In: M. Hughes
e F. Tavares (Ed.). Notational Analysis of Sport IV. Porto: Centre for Team Sports Studies,
Faculty of Sports Sciences and Physical Education, University of Porto, Portugal, 1998,
p.147-155.

SCHARCHAR, R.; TNNOCK, R.; MARRIOTT, M.; LOGAN, G. Deficient inhibitory control in
attention deficit hyperactivity disorder. Journal of Abnormal Child Psychology, v.23, n.4,
p.411-437. 1995.

SCOTT, W. A. Cognitive Complexity and Cognitive Flexibility. Sociometry, v.25, n.4, p.405-
414. 1962.

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257

TEOLDO, I.; GARGANTA, J.; GRECO, P. J.; MESQUITA, I.; MAIA, J. Sistema de avaliação
táctica no Futebol (FUT-SAT): Desenvolvimento e validação preliminar. Motricidade, v.7,
n.1, p.69-84. 2011.

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O CONHECIMENTO TÁTICO PROCESSUAL DE ESCOLARES: COMPARAÇÃO


ENTRE PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE JOGOS DE INVASÃO

Willian Cavalli ∕ GPEPE - UNIOESTE


José Carlos Mendes ∕ GPEPE – UNIOESTE
Felipe Canan ∕ GPEPE – UNIOESTE
Douglas dos Santos Taborda ∕ GPEPE – UNIOESTE
wiliancavaliedfisica@hotmail.com

RESUMO: O estudo teve como objetivo comparar os níveis de desempenho de


conhecimento tático processual entre escolares praticantes e não praticantes de Jogos
Esportivos Coletivos de Invasão (JECI). Para tanto, aplicou-se o teste de Conhecimento
Tático Processual: Orientação Esportiva em 55 escolares (21praticantes e 34 não
praticantes), com posterior classificação em 4 níveis de desempenho de conhecimento
tático processual nas ações ofensivas. Os resultados revelaram que a maioria dos
escolares investigados, independente da prática dos JECI, alcançou nível de desempenho
fraco ou regular. Para esta amostra especifica, os escolares praticantes de JECI não
apresentaram níveis mais elevados de desempenho de conhecimento tático nas ações
ofensivas que os escolares não praticantes.
Palavras-chave: Teste de Conhecimento Tático Processual; orientação esportiva; jogos
esportivos coletivos de invasão.

INTRODUÇÃO: No contexto da disciplina escolar de Educação Física, especialmente no


conteúdo esporte, existe uma diversidade de modalidades esportivas, dentre as quais os
Jogos Esportivos Coletivos seriam, aparentemente, práticas predominantes nas aulas,
especialmente, os Jogos Esportivos Coletivos de Invasão (JECI), como por exemplo, futsal,
handebol, etc.. De acordo com Matias e Greco (2010), nos JECI as ações são determinadas
do ponto de vista tático e a capacidade tática do atleta é constituída pela interação dos
processos cognitivos que desencadeiam as tomadas de decisão, as quais objetivam a
execução motora direcionada à obtenção da meta desejada. Araújo, Mürmanne Almeida
(2011), enfatizam que o praticante necessita de uma gama de conhecimentos e
experiências relacionadas à capacidade tática e coordenativa, que, quando aprimoradas,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
259

facilitam a aquisição de novas habilidades bem como a adaptação para certas situações
que afetam o desempenho.
Tavares, Greco e Garganta (2006) são enfáticos ao afirmar que a capacidade para
prever e ler as intenções dos adversários e formular uma resposta apropriada baseada em
aspectos estratégicos, táticos e técnicos é crucial para o rendimento nos jogos desportivos.
Durante prática dos JECI, segundo a psicologia cognitiva, manifestam-se duas formas do
conhecimento: conhecimento declarativo (saber o que fazer) e conhecimento processual
(saber como fazer), sendo que no primeiro consideram-se os fatos que podem ser
declarados, constituído de um corpo organizado de informações factuais, enquanto o
segundo caracteriza-se pelos procedimentos que podem ser executados por meio da
motricidade, fundamentais em ações de grande habilidade. Nessa perspectiva, os
praticantes experts dos JECI distinguem-se dos demais pela alta capacidade de tomar
decisões rápidas e eficazes sem comprometimento do seu desempenho motor durante o
jogo (TAVARES; CASANOVA, 2013).
A partir do exposto, formulou-se a seguinte pergunta: escolares praticantes de JECI
apresentam melhor desempenho em relação ao nível de conhecimento tático processual
do que escolares não praticantes? Para responder à questão-problema, traçou-se o objetivo
de comparar os níveis de desempenho de conhecimento tático processual entre escolares
praticantes e não praticantes de Jogos Esportivos Coletivos de Invasão.

MÉTODO: Tratou-se de pesquisa quantitativa, do tipo descritivo e de natureza aplicada


(THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007), em que participaram 55 os escolares do 9º ano
do Ensino Fundamental - Séries finais de uma escola pública de Marechal Cândido Rondon-
PR, sendo 34 não praticantes de JECI e 21 praticantes. Para avaliar o Conhecimento Tático
Processual, foi utilizado Teste de Conhecimento Tático Processual: Orientação Esportiva
(TCTP:OE) proposto por Greco, Aburachid, Silva e Morales (2014). Na análise dos dados,
após a visualização dos vídeos, as ações ofensivas de cada participante foram
quantificadas individualmente conforme a matriz sugerida do TCTP:OE.
Em seguida, os escolares foram classificados em níveis de desempenho de acordo
com as ações realizadas durante o teste da seguinte forma: desempenho fraco (0 a 4
ações), desempenho regular (5 a 9 ações), desempenho bom (10 a 14 ações) e
desempenho muito bom (15 ou mais ações), sendo quantificadas as frequências mínimas

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
260

dos escolares por nível de desempenho nas ações investigadas em relação às situações
de jogo com manipulação da bola com o pé durante o teste.

RESULTADOS: Na Tabela 1 são apresentados os resultados referentes ao nível de


desempenho dos alunos nas ações observadas em relação ao jogador atacante sem a
posse da bola, sendo as seguintes ações quantificadas: 1.1 - movimenta-se procurando
receber a bola; 1.2 - movimenta-se sem a intenção de procurar a bola; 1.3 - procura espaços
livres executando deslocamentos sem mudanças de direção e velocidade; 1.4 - procura
espaços livres executando deslocamentos com mudanças de direção e velocidade.

Grupos 1.1 1.2 1.3 1.4


Muito bom

Muito bom

Muito bom

Muito bom
Regular

Regular

Regular

Regular
Fraco

Fraco

Fraco

Fraco
Bom

Bom

Bom

Bom
Não praticante 17 6 1 0 28 6 0 0 29 5 0 0 34 0 0 0

Praticante 3 6 0 2 21 0 0 0 20 1 0 0 21 0 0 0

Total 20 22 11 2 49 6 0 0 49 6 0 0 55 0 0 0

Tabela 1: Frequência máxima dos alunos em relação ao nível de desempenho nas ações
técnico-táticas do jogador atacante sem posse de bola em jogo com os pés.

Os resultados mencionados na Tabela 1 revelaram que somente nas ações de


“movimentar-se procurando receber a bola” os escolares praticantes tiveram o desempenho
melhor que os escolares não praticantes (dois escolares “muito bom” e dez escolares
“bom”), sendo que nas demais ações, a maioria dos escolares, de ambos os grupos, teve
um desempenho “fraco” e “regular”.
Nesse sentido, vale ressaltar que o fato da bola ter sido manipulada com os pés pode
ter sido um fator inibidor de tomada de decisão dos participaantes, à medida que as ações
de recepção e domínio da bola com os pés tornam-se altamente complexas em um
ambiente imprevisível como o gerado durante os testes. De certa forma, os escolares
investigados executavam as ações durante o teste conforme as afirmações de Greco
(1998), ou seja, o desenvolvimento das possibilidades de escolha dos escolares dependia

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
261

do conhecimento que este tinha do jogo, neste caso, aparentemente baixo,


independentemente de serem de praticantes ou não praticantes de JECI.
Em relação ao nível de desempenho dos escolares nas ações técnico-táticas
observadas para o jogador atacante com posse da bola, foram quantificadas as seguintes
ações: 2.1 - protege a bola com a intenção de não perder a posse ou para realizar um
passe; 2.2 - dribla ou conduz a bola com intenção de realizar um passe; 2.3 - passa ao
colega sem marcação e posiciona-se para receber; 2.4 - passa ao colega com marcação e
posiciona-se para receber. Os resultados descritos na Tabela 2 revelaram que a maioria
dos sujeitos realizava poucas ações, classificando-os com nível de desempenho “fraco”.

Grupos 2.1 2.2 2.3 2.4


Muito bom

Muito bom

Muito bom

Muito bom
Regular

Regular

Regular

Regular
Fraco

Fraco

Fraco

Fraco
Bom

Bom

Bom

Bom
Não praticante 32 2 0 0 32 2 0 0 34 0 0 0 34 0 0 0

Praticante 20 1 0 0 10 11 0 0 21 0 0 0 19 2 0 0

Total 52 3 0 0 42 13 0 0 55 0 0 0 53 2 0 0

Tabela 2. Frequência máxima dos alunos em relação ao nível de desempenho nas ações
técnico-táticas do jogador atacante com a posse bola em jogo com os pés.

De fato, o elevado número de escolares com níveis de desempenho considerado


“fraco” nas situações de “jogador atacante com posse de bola”, torna-se uma questão
preocupante, à medida que estas ações (jogador com a posse de bola) seriam decisivas
para as ações de ataque, sendo que o baixo desempenho obtido nas análises proferidas
sobre tal jogador permitiu identificar que nestas situações, conseqüentemente, ocorreram
inúmeras perdas da posse de bola.
Nesse sentido, em relação às ações realizadas nas situações de ataque em jogo com
manipulação da bola com os pés, os investigados não apresentaram a permanente atitude
tático-estratégica mencionada por Garganta (2006), utilizada para superar a variabilidade e
aleatoriedade estrutural que as situações dos JECI apresentam, e que faz com que a
capacidade de decidir ocupe um lugar central nesse tipo de tarefa motriz.

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262

CONCLUSÃO: A análise do teste de Conhecimento Tático Processual em jogo com


manipulação da bola com os pés, realizada com os grupos investigados (praticantes e não
praticantes de JECI), revelou que, independente do grupo, há uma grande dificuldade na
realização das ações táticas necessárias para atuar no ataque.
Os escolares de ambos os grupos alcançaram o nível de desempenho considerado
como “fraco” nas situações táticas analisadas, demonstrando muita dificuldade para
manipular a bola, analisar a situação e buscar a melhor estratégia para chegar a uma
tomada de decisão correta, ou seja, na maioria das vezes, os escolares não sabiam “o que
fazer” e nem “como fazer”, apresentando déficits no conhecimento tático declarativo e
processual.

REFERÊNCIAS

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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
264

VISUAL SEARCH BEHAVIOR AND ANTICIPATION OF ELITE AND NON-ELITE


SOCCER PLAYERS

Maickel Bach Padilha / FADEUP-CIFID*


Filipe Casanova / FADEUP-CIFID
José Oliveira / FADEUP-CIAFEL
João Ribeiro / FADEUP-CIFID
Júlio Garganta / FADEUP-CIFID
maickel.bpadilha@gmail.com

ABSTRACT: The aim of this study was to verify which predictor of visual search behavior
could explain the variance of anticipation performance in elite and non-elite soccer players.
Sixteen soccer players were separated into two groups of eight each at elite level and non-
elite level. Different test films were created for each one comprising ten different offensive
sequences. The duration of each clip was approximately 5s, with an intertrial period of 5s.
The Applied Science Laboratories (ASL) 3000 eye-movement registration system was wore
by participants during the whole protocol test and used for recording the visual search
behaviors. The visual search behavior, like predictors influence the capacity of anticipation
in elite and non-elite groups according to the end of the first half match based protocol.
Keywords: Visual search, soccer, decision making.

INTRODUCTION: The complex environment that characterizes soccer requires from


players the ability to anticipate and to solve immediately the perceived problems of the
stimuli from action teammates, opposition, ball position, and other sources. WARD e
WILLIAMS (2003) argued that players´ anticipation occurs through the success on
forecasting the next action from opposite\teammates´ move before their own action.
Furthermore, the perception of interaction among players of both teams on the field is related
to the attempt of seeking the better information which helps the decision making, influences
directly players´ actions on the field when comparing the distinct competition such as
different skill level (WILLIAMS; DAVIDS; WILLIAMS, 1993).
Literature has reported that the perceptual-cognitive process has been proposing
different approaches when analyzing players´ behavior at simulated situations (MANN et al.,
2007). The demands of the official match influence soccer players´ perceptual-cognitive

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
265

skills underpinning the decision making in response to visual search strategies at different
moments, as first and second half, as well as the location where the player observe action
in order to have game clues (CASANOVA et al., 2013).
WILLIAMS et al. (1994) indicated that the skilled players employ more fixations on
field and of shorter duration compared with their partners which belong to less skilled
partners, specifically the visual search strategies, when analyzed video-based simulation of
11 vs. 11. Moreover, in same situation but with another approach, ROCA et al. (2013)
identified that skilled players made more fixations to more locations.
Furthermore, CASANOVA et al. (2013) have conducted an investigation where they
verify soccer players´ perceptual-cognitive skills during extend protocol and reported that,
specifically in the visual search strategies, high-level players fixed at greater number of
location during the protocol rather than low-level players. Therefore, the decision-making
accuracy might decrease in the end of the match due to intermittent exercise protocol and
consequently to the time spent for seeking relevant sources from other players’ movements.
We have verified the predictors that explain the variance of anticipation performance
between elite and non-elite soccer players, through the visual search strategy relative to the
end of the first and second half of the match during protocol. The aim of this study was to
verify which predictors of visual search behavior could explain the variance of anticipation
performance in elite and non-elite soccer players.

METHODS: Sixteen soccer players were separated at two groups of eight each at High-
level (mean age = 24.6 yr, SD = 3.9 yr) who had played at a semiprofessional or professional
level for an average of 5.1 yr (SD = 2.4 yr) and Low-level (mean age = 26.3 yr, SD = 2.9 yr)
who had only played the game at an amateur level for an average of 2.1 yr (SD = 2.4 yr).
The study was carried out with the ethical approval of the lead institution, which conforms to
the Helsinki Declaration. Test film: A panel of four elite-level soccer coaches, who all held
the Union of European Football Associations-A license. The level of agreement between
observers in regard to suitability of the clips was high (> = 0.889). Moreover, four different
test films were created, comprising ten different offensive sequences. The duration of each
clip was approximately 5 s, with an intertrial period of 5 s.
Apparatus: To ensure the image was representative of real match play the screen where
the clips were projected consists of a large screen (2.5 x 2 m) and was placed 1.5 m directly

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
266

in front of participants. The Applied Science Laboratories (ASL) 3000 eye-movement


registration system were wore by participants during whole the protocol test and used for
record the visual search behaviors. The system works records point of gaze onto a video
image of the eye. The image is analysed frame-by-frame with the software Pinnacle Avid
Liquid7. Procedure: Before the beginning of the test the procedure was explained and the
eye-movement system fitted onto the participant´s head. The ASL eye-movement system
was calibrated using a 9-point reference grid so that the fixation mark corresponded
precisely to the participant´s point of gaze. To ensure that players were familiar with the test
procedure, they were presented with six practice trials in the laboratory task environment.
Moreover the players were asked to anticipate their response relative to the response
performed by the player in possession of the ball: pass, shot at goal, or retain possession.
To simulate the demands of a soccer game was used the intermittent exercise protocol with
different exercise activities which varying intensities on a motorized treadmill based on the
motion-analysis data reported (e.g., walking, jogging, running, cruising, and sprinting)
(DRUST; REILLY; CABLE, 2000). The protocol lasted 119 min and was divided into two
halves with the same duration (52 min), with 15-min rest interval between them. The data
were collected in two test sessions (end 1º and 2º half time) during which players viewed 10
clips presented in a counterbalanced order. The test protocol duration approximately
210min. Analysis methods: The response accuracy (RA) scores were calculated based on
the players´ responses after viewing each clip and recorded if the correctly anticipated the
decision of the player in possession of the ball compared with what actually happened in the
match situation. Visual search behavior: Visual behaviors were analyzed to obtain the
search rate. The measures of search rate comprised the mean number of fixation locations
(NFL) (ball, teammate, opposition and playerball) per trial in percentage. A fixation was
defined as the period (120 ms) when the eye remained stationary within 1.5- of movement
tolerance (cf. The display was divided into five fixation locations: ball, teammate, opposition,
player in possession of the ball, and undefined. The undefined category was excluded
because the SR in this location was less than 1%. Altogether, 25% of the data were
reanalyzed, resulting in an inter-observer agreement value of 99% for these variables.
Statistical Analysis: We realized a multiple linear regression in order to explain the
variance of the dependent variable and it was used a alpha significant value (.05.) It was
also reported the descriptive statistics (mean and standard deviations) as well as correlation,

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coefficient of determination and Beta (β) values presented in multiple linear regression
tables.

RESULTS: A multiple linear regression was undertaken in order to identify which predictors
explain the variance of the dependent variable anticipation (Table 1). Therefore, we
compared the anticipation performance of two groups, elite and non-elite soccer players.
Thus our dependent variable was the anticipation performance, and the independent
variables the predictors that we used in our prediction model were part of the visual search
strategy, which contain the number of local fixations (ball, teammate, opposition and
playerball). This analysis was performed for the first and second half of the match based
protocol.

First (1º) Second (2º)


Group
Média SD Média SD
Elite 51,25 9,46 41,25 12,95
%RA
Non-Elite 37,50 9,89 23,75 4,94
Table 1: Mean and standard deviations for the first and second half of the match based
protocol separated by group level (elite & less Non-Elite) according to Response Accuracy
percentage (%RA).

According to the elite group, the regression model showed a moderate correlation
(r=.608) and 28% (r2=.276) of anticipation variance was explained by the predictors included
in our model, with a significance value of (p=.024). To the non-elite group, the regression
model showed a correlation (r=.744 & r2=.459) of anticipation variance is explained by the
predictors included in our model with a significance value of (p=.003).
Concerning to table 2, when analyzing the significance value of our predictors we
concluded that for elite and non-elite group the predictor “percentage of ball fixation” is
significant (p=.016 & p=.046) for elite and non-elite group, respectively. Also, the predictor
“percentage of teammate fixation” is significant just for non-elite group (p=.035).

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268

For non-elite group the best predictor which explains the variance of anticipation
variable is “percentage of teammate fixation” when compared with “percentage of ball
fixation” where we can see by Beta values. The predictor “percentage of teammate fixation”
has a value for Beta (β = 3.285) and “percentage of ball fixation” has a lower value of Beta
(β = 1.861). For the second half of the match there were no significant differences according
to the predictors.

First (1º) Second (2º)


%NFL Group
Mean SD β p Média SD β p
Ball Elite 3.60 4.83 .397 .016* 1.56 2.34 -.772 .389
Non-elite 5.48 5.85 1.861 .046* 4.45 3.18 1.861 .917
playerball Elite 45.55 12.9 - - 50.71 13.37 -2.776 .338
Non-Elite 47.62 12.92 3.255 .08 47.73 11.29 3.255 .084
teammate Elite 19.8 6.83 - .324 .16 18.26 9.92 -1.88 .415
Non-elite 18.57 10.78 3.285 .035* 18.7 9.021 3.258 .928
opposition Elite 30.99 8.37 .234 .29 28.61 10.35 -1.982 .374
Non-elite 27.82 9.03 1.947 .13 29.1 8.53 1.947 .735
Table 2: Mean and standard deviations (SD) and values for Beta (β) and level of significance
(p) for each group relative to the first and second half of the match based protocol according
to the of number of fixation location percentage (%NFL) (ball. playerball. teammate and
opposition).
* Significant difference: p< .05

CONCLUSION: This study analysed the predictors that could explain the variance of
anticipation according to the elite vs. non-elite groups relative to the end of the first and
second half of the match during the protocol.
Therefore, we concluded that for visual search strategy variables like “percentage of
ball fixation” both for elite and non-elite groups as well as “percentage of teammate fixation”
for non-elite groups just for the end of the first half of the match during the protocol, showed
significant values. Thus, these predictors might explain some of the variance of anticipation
in elite and non-elite groups according to the end of the first half match based protocol.

REFERENCES

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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
270

CAPÍTULO 3: RESUMOS NA ÁREA DE ENSINO-


APRENDIZAGEM-TREINAMENTO

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
271

IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DO ENSINO DOS CONTEÚDOS INDIVIDUAIS


DEFENSIVOS DO HANDEBOL EM AMBIENTE ESCOLAR
Rafael Pombo Menezes / EEFERP-USP
Mikaela Ramachotte Tavares Dias / EEFERP-USP
rafaelpombo@usp.br

RESUMO: Os objetivos desta pesquisa foram: a) identificar os conteúdos individuais


ofensivos considerados mais importantes pelos treinadores de handebol escolar (das
categorias mirim e infantil); b) identificar e discutir os métodos de ensino utilizados por
esses. Foram entrevistados onze treinadores que disputam as competições organizadas
pela Liga de Handebol Escolar de Ribeirão Preto/SP. Os discursos foram tabulados e
analisados com base no método do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Os treinadores
apontaram que em ambas as categorias deve-se desenvolver aspectos como a marcação,
as noções de posicionamento, cobertura e espaço de jogo. Para isso esses optaram, em
grau de importância, pelos métodos situacional, analítico e global-funcional.
Palavras-chave: Pedagogia do Esporte; Handebol; Jogo defensivo.

INTRODUÇÃO: No ambiente complexo e dinâmico dos jogos esportivos coletivos as


interações entre jogadores da mesma equipe e/ou entre adversários definem as questões
táticas a serem utilizadas nas fases ofensiva e defensiva. Atacantes e defensores possuem
objetivos antagônicos, para os quais a busca simultânea por êxito em diferentes fases do
jogo os leva à utilização de elementos técnico-táticos específicos (MENEZES; REIS;
TOURINHO FILHO, 2015).
A interpretação das situações do jogo e o repertório de ações e possibilidades que
os jogadores possuem para tomar suas decisões (como as capacidades de percepção,
antecipação e tomada de decisão) (MATIAS; GRECO, 2010), podem estar relacionados
com os métodos de ensino e aos estímulos a que esses foram submetidos durante as
aulas/treinamentos (MENEZES; MARQUES; NUNOMURA, 2014). Os objetivos desta
pesquisa foram: a) mapear os elementos técnicos e técnico-táticos individuais defensivos
nas categorias mirim (sub-14) e infantil (sub-17) do handebol em âmbito escolar; e b)
identificar e discutir os métodos de ensino-aprendizagem-treinamento (EAT) adotados
nessas categorias.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
272

MÉTODO: Foram entrevistados onze treinadores de handebol escolar responsáveis pelas


equipes de treinamento fora do turno escolar e que disputam as competições da Liga de
Handebol Escolar de Ribeirão Preto/SP. A média de idade dos treinadores é de 43,0 anos
(±10,8) e o tempo médio de atuação nesse âmbito é de 14,7 anos (±8,1). Todos os
entrevistados assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão
Preto, da Universidade de São Paulo (CAAE: 32063614.3.0000.5407).
A opção pela pesquisa qualitativa se justifica pela possibilidade em acessar os
pensamentos dos treinadores sobre determinada temática (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2012).
O instrumento utilizado foi a entrevista semiestruturada (MARCONI; LAKATOS, 2011), que
possibilitou aos treinadores expressarem suas opiniões sobre o ensino dos aspectos
defensivos individuais no handebol no âmbito escolar. As questões norteadoras deste
estudo foram: “o que você acha que seus jogadores devem fazer individualmente para que
a defesa seja eficaz nas categorias mirim e infantil?”; “como você ensina esses
conteúdos?”. Os discursos foram tabulados e analisados de acordo com o método do
Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), que culmina em um discurso-síntese escrito na primeira
pessoa do singular e elaborado a partir da identificação de figuras metodológicas como as
expressões-chave (ECH) e as ideias centrais (IC) (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2012).

RESULTADOS: Em relação às variáveis defensivas individuais os treinadores destacaram


a marcação de forma unânime (S1, S2, S3, S4, S5, S6, S7, S8, S9, S10, S11), conforme
descrito no DSC1 (proveniente da IC-1: “Devem saber marcar”):
No infantil e no mirim acho que travar o adversário é a primeira coisa que eles devem saberS1,S5,S9. Já cobro
um pouco mais não só daquele individual assim: “eu tô olhando para você e vou roubar a sua bola e acabou”;
eu já ensino para eles que pode segurarS3,S9. No mirim devem visar à bola, ter noção do quique e do tempo
da bola para conseguir roubá-laS3,S10,S11, do senso de antecipação e de corte de passesS11; e aí quando a
pessoa for quicar a bola na sua frente, você rouba; eles precisam recuperar a posse da bolaS3. Independente
se o adversário tá com bola ou nãoS8, se passa a bola em velocidade tem que fazer esse bloqueio e aí
realmente parar o jogoS4. Ensino os meninos a sairS8, a noção de quem eles vão marcarS4,S5, saber a hora de
dar contatoS7,S8, pra marcarem bem em defesas diferentesS5,S9. Ensino olhar a cintura do adversário, que
mostra pra que lado ele vaiS6. No infantilS1,S2 cobro mais velocidadeS1,S9 e mais contatoS2,S9,S10; é um pouco
mais de força física, porque quando você pega um menino maturado no infantil, ele não pode deixar o cara
passar fácil; se passou fácil é porque ou não teve perna ou não fez a marcação de proximidade direitoS1. A
posição de braço e perna é fundamentalS5; tem que ser rápido e efetivo pra chegar na bola antesS9; já começa
a corrigir os deslocamentosS6.

A ênfase dada à marcação pode ser justificada pela obrigatoriedade em assumir a


marcação individual na categoria mirim durante parte do jogo, evidenciando a necessidade
Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
273

de definir os respectivos marcadores. Destaca-se também o fato de considerarem a


importância da marcação individual (e em proximidade) para a constituição dos demais
sistemas defensivos, aspecto esse apontado por autores como Ehret et al. (2002) e Greco,
Silva e Greco (2012) como pré-requisito para o desenvolvimento dos demais sistemas
defensivos.
Surgem como características da marcação individual a proximidade entre atacantes
e defensores, em que estes devem dificultar as ações dos atacantes para tentar recuperar
a posse da bola e dificultar seu acesso aos setores centrais da quadra. A ênfase em ambas
as categorias é pela marcação de proximidade, cujo contato corporal visa interferir
diretamente nas ações dos atacantes (MENEZES; REIS; TOURINHO FILHO, 2015).
No DSC2 (constituído pela IC-2: “Desenvolver a noção de posicionamento e do
espaço da quadra”) os treinadores (S1, S2, S3, S4, S7, S8, S10) evidenciam que:
No infantil e no mirim eles precisam ter atençãoS1 e noção do espaço da quadraS1,S2,S3,S7; de que atrás deles
está o gol que tem que ser protegidoS2. Eles precisam centralizar a marcação e evitar o jogo do adversário
pelo meioS4, levar o adversário pra linha lateral S7. Se o jogador conquistar o espaço dele, já tá fazendo um
grande benefício para o coletivoS2. Eles precisam ter a noção de espaço, porque se o meu marcador bateu a
bola e segurou e está longe do gol eu não preciso mais ir nele, preciso cobrir o passe que ele vai fazer S3;
acho que além deles cobrirem os espaços pra impedir o passe do adversário, também precisam ter noção de
interceptar passeS7. No infantil cobro para começar a ter pelo menos a noção do que é a coberturaS2,S3,S4,S8,
porque não deixa de ser marcação individualS3, mas o que eu peço, é que quem está atrás, precisa ajudarS4;
não ficar mais naquele A com A, B com B, e assim por dianteS3, porque precisa dessa cobertura, então, se
passar por mim, as laterais precisam ajudarS8. Ter noção de espaço, tem que jogar o atleta para fora, trabalhar
ele na posição mais difícil, jogar junto com o goleiroS10,S11, trocas de marcação; a gente vai ensinar no 3:3,
depois no 6:0 vai ser assim tambémS10.

Os treinadores optam pelo desenvolvimento de aspectos relacionados ao


posicionamento dos jogadores, à indução às regiões laterais da quadra e à marcação
propriamente dita. De maneira complementar à reportada no DSC1, os treinadores aludem
no DSC2 ao desenvolvimento de um senso crítico dos jogadores em relação à noção de
espaço da quadra em função das ações dos atacantes. Assim, requer dos seus jogadores
a atenção não apenas ao seu marcador direto, mas uma leitura mais ampla das
possibilidades dos atacantes, objetivo este relacionado ao desenvolvimento da
intencionalidade do jogador e, consequentemente, dos aspectos táticos individuais
(GRECO; SILVA; GRECO, 2012).
O DSC2 também mostra que na categoria infantil os jogadores devem fazer a
cobertura, caracterizada pelo deslocamento de um defensor para ocupar o espaço deixado
pela flutuação de um defensor vizinho (MENEZES; REIS; TOURINHO FILHO, 2015).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
274

Mesmo com a marcação individual os jogadores precisam manter a cooperação para


ocupar possíveis espaços produtivos aos atacantes e tentar recuperar a bola.
Quando a temática central envolveu os métodos adotados pelos treinadores para o
ensino desses conteúdos, emergiram basicamente três posicionamentos: a preferência
pelo método situacional, pelo método analítico ou pelo método global-funcional. Destaca-
se que alguns treinadores preferem dois métodos, como situacional + analítico (S1, S5, S6)
e o situacional + global-funcional (S3, S7). O DSC3 (elaborado a partir da IC-3: “Opção pelo
método situacional”) (S1, S3, S4, S5, S6, S7, S8, S10, S11) relata que:
No mirim e no infantil uso bastante o método situacionalS1,S4,S5,S7,S8,S10,S11, 1x1S4,S6,S10, 2x1, 2x2, 3x2S3,S4,S5,S6,
3x3S8,S11, 3x4S1,S8, 4x3S8, 4x4 até chegar no 6x6S7,S11; às vezes também trabalho 1x1, em situação de contra
ataqueS6. Muitas vezes eu coloco eles em meia quadraS7,S11, daí um time só ataca e um time que só pode
defenderS7. Tem um momento que coloco pontuações: o time que tá defendendo conseguiu a posse da bola
é um ponto; o time que tá atacando fez um gol também é um ponto; eles entendem que a boa defesa é
importante e vale como um bom ataqueS7.

Nota-se a preocupação, quando a opção se dá pelo método situacional, pela


apresentação de diferentes constelações aos jogadores (1x1, 2x1, 3x2, 3x3...), que
envolvem progressivamente a participação de mais jogadores até chegar ao jogo formal.
Há alusão às situações de igualdade numérica e de superioridade numérica ofensiva e
defensiva, na maioria das vezes apresentadas em meia quadra. Para Greco, Silva e Greco
(2012) o trabalho com grupos menores possibilita maior participação dos jogadores nas
situações propostas, bem como o contato com um ambiente com menor nível de
complexidade ao comparado com o jogo (MENEZES; MARQUES; NUNOMURA, 2014).
O posicionamento do DSC4 (elaborado a partir da IC-4: “Opção pelo método
analítico”) (S1, S5, S6, S9) vai em direção diametralmente oposta ao DSC3:
No mirim e no infantilS1,S5,S6 começo com o analíticoS1, séries de exercíciosS9; faço mais a parte técnica junto
com a parte física: deslocamento para lateral, marcam e voltam; fazem isso sem oposição, só o movimento
mesmo e às vezes fazem sombra, pra ter ideia de noção de tempoS5. No mirim é mais o trabalho de
posicionamento, para que no infantil possamos corrigir e orientarS6. Eu também trabalho com situação de jogo
(2x1, 3x2, 4x3...), mas isso tudo depois de começar uma parte do analítico pra eles entenderem o gesto
técnico ali na defesaS1.

Alguns treinadores apresentam preferência pelo método analítico, que expõe a


vertente tecnicista para o ensino de determinadas movimentações/posicionamentos
defensivos de maneira descontextualizada às exigências do jogo. Esse posicionamento é
criticado por autores como Menezes, Reis e Tourinho Filho (2015), que defendem a
utilização do método situacional por fornecer subsídios cognitivos e motores para nortearem
as tomadas de decisão dos defensores.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
275

Já no DSC5 (elaborado a partir da IC-5: “Opção pelo método global-funcional”) (S3,


S7, S11) é apontada a preferência pelo ensino a partir de jogos:
Sempre no final do treino tem um joguinho, mas pelo menos a parte toda de exercício da aula no mirim é
lúdicaS3. No infantilS3,S7 exploro bastante o jogo de passesS7, delimito o espaço e falo que eles não podem
bater bola; o objetivo é trocar dez passes e a outra equipe precisa recuperar a bola sem contatoS3. Depois
começo a colocar elementos, como não poder passar a bola pra quem te passouS3. Se quero o desmarque
da defesa, vou controlar e corrigir um pouco mais a defesa nos mini-jogosS11. Com os maiores trabalho em
uma situação de espaço maior, é o mesmo jogo que eu trabalho no mirim, mas a situação é maior e cobro
mais a marcaçãoS7.

Destaca-se no DSC5 a utilização de jogos para o ensino de elementos específicos,


bem como a variação do espaço do jogo e das regras para que os objetivos possam ser
consolidados. Não há dúvidas de que essa preferência preenche uma importante lacuna
deixada pelo método analítico: a do contato constante com situações complexas que
valorizam o ensino da lógica do jogo (MENEZES; MARQUES; NUNOMURA, 2014). Ehret
et al. (2002) apontam que na categoria sub-14, por exemplo, deve-se jogar mais do que
exercitar-se, reforçando os DSC3 e DSC5 e contrapondo o DSC4.

CONCLUSÕES: Para Antón García (1990) quando da concepção e objetivos do processo


de EAT do handebol, os jogadores devem ser submetidos a estímulos variados, sugerindo
uma formação generalista. Menezes, Reis e Tourinho Filho (2015) também apontam que
as situações que simulam o jogo real oferecem aos jogadores uma grande riqueza de
informações, como os encadeamentos técnico-táticos no próprio contexto do jogo.
Notou-se que na categoria infantil é feito um apelo maior à velocidade e força em
comparação com a categoria mirim, corroborando as premissas apontadas por Menezes,
Reis e Tourinho Filho (2015). Por outro lado, o desenvolvimento de diferentes aspectos do
jogo deve iniciar-se na categoria mirim, possibilitando aperfeiçoar no infantil os conteúdos
assimilados anteriormente. Desta maneira, destaca-se a importância de um processo de
EAT pautado na diversidade de elementos e que, ao mesmo tempo, considere aspectos
referentes ao desenvolvimento dos jogadores em cada categoria.

REFERÊNCIAS:
ANTÓN GARCÍA, J.L. Balonmano: fundamentos y etapas de aprendizaje. Madrid: Gymnos
Editorial, 1990.
GRECO, P.J.; SILVA, S.A.; GRECO, F.L. O sistema de formação e treinamento esportivo
no handebol brasileiro (SFTE-HB). In: GRECO, P.J.; FERNÁNDEZ ROMERO, J.J. (Orgs.).

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276

Manual de handebol: da iniciação ao alto nível. São Paulo: Phorte, 2012. Cap.17, p.235-
250.
LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A.M.C. Pesquisa de representação social: um enfoque
qualiquantitativo: a metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo. Brasília: Liber Livro, 2012.
MARCONI, M.A.; LAKATOS, E.M. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2011.
MATIAS, C.J.A.S.; GRECO, P.J. Cognição e ação nos jogos esportivos coletivos. Ciências
& Cognição, v.15, n.1, p.252-271, 2010.
MENEZES, R.P.; MARQUES, R.F.R.; NUNOMURA, M. Especialização esportiva precoce e
o ensino dos jogos coletivos de invasão. Movimento, v.20, n.1, p.351-373, 2014.
MENEZES, R.P.; REIS, H.H.B.; TOURINHO FILHO, H. Ensino-aprendizagem-treinamento
dos elementos técnico-táticos defensivos Individuais do handebol nas categorias infantil,
cadete e juvenil. Movimento, v.21, n.1, p.261-273, 2015.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
277

PEDAGOGIA DO ESPORTE: AS MÍDIAS SOCIAIS COMO INSTRUMENTO NO


PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DOS ESPORTES

Wellington da Silva Briza / Sesc SP


wellington@bertioga.sescsp.org.br

RESUMO: O objetivo deste estudo é analisar a possibilidade pedagógica das mídias sociais
no processo de ensino-aprendizagem de conteúdos esportivos junto aos alunos do
Programa Sesc de Esportes na unidade do Sesc Bertioga, litoral do estado de São Paulo.
Participaram da pesquisa 56 alunos (8 meninas e 48 meninos), entre 13 e 15 anos, do
Curso de Futebol. De caráter qualitativo, a pesquisa foi realizada a partir da aplicação de
um questionário com seis questões que visavam identificar o cotidiano dos jovens nas redes
sociais, além de quais meios de comunicação eram utilizados pelos mesmos para tomarem
contato com conteúdos esportivos. Verificou-se que os meios de comunicação que os
jovens mais utilizam para acompanhar as notícias esportivas são a televisão (73,6%) e a
internet (26,4%). Além disso, 86% dos jovens tem acesso à internet, mas somente 38% dos
alunos já acompanharam uma transmissão esportiva em tempo real via internet.
Considerando os alunos que tem acesso à internet, 75% possuem perfil em redes sociais.
A partir desta relação entre esporte e mídias, foi possível criar um canal cooperativo de
comunicação sobre a temática esportiva nas mídias sociais e os conteúdos esportivos
vivenciados pelos jovens do curso de futebol. Considerando o cotidiano dos jovens e o
grande tempo despendido nas redes sociais, conclui-se que as mídias sociais podem ser
utilizadas como uma ferramenta de grande valor no processo de ensino-aprendizagem e
desenvolvimento da Cultura Esportiva.
Palavras-chave: Pedagogia do Esporte, Cultura Esportiva e Mídias Sociais.

INTRODUÇÃO: A Pedagogia do Esporte tem como objetivo a construção da autonomia do


indivíduo no ambiente esportivo e social (Paes, 2001). A autonomia esportiva consiste na
compreensão de todos os elementos que envolvem o esporte, as regras, os fundamentos
técnicos-táticos, e a relação com companheiros e adversários (Mesquita, 2013). Nesta
perspectiva, são várias as unidades pedagógicas que permeiam o processo ensino-

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278

aprendizagem. Uma delas, que está presente na vida cotidiana de todas as pessoas, é a
mídia (Betti, 2003; Batista, 2007; Belloni, 2005).
Sendo as mídias fontes de novas informações a todo o momento, elas podem ser
instrumentos de grande valor no processo educacional. A internet é uma mídia diferenciada,
porque além da circulação das informações em tempo real, ela proporciona às pessoas a
produção de conteúdos digitais disponibilizados, sobretudo, nas mídias sociais.
Considerando a presença da mídia no cotidiano dos jovens participantes do curso de futebol
do Programa Sesc de Esportes na unidade de Bertioga/SP, o objetivo desse estudo foi
analisar a possibilidade pedagógica das mídias sociais no processo ensino-aprendizagem
dos conteúdos esportivos durante o projeto “Copa Sesc 7 Society”, que consistiu na
elaboração e desenvolvimento de uma competição de Futebol Society, no qual os alunos
participaram ativamente de todo o processo, atuando como organizadores, jogadores,
técnicos e jornalistas.

MÉTODO: O estudo foi desenvolvido com alunos do Programa SESC de Esportes do


estado de São Paulo, da unidade de Bertioga, litoral do estado. Participaram 56 alunos das
turmas do curso de Futebol de 13 a 15 anos. As aulas acontecem 2 dias por semana, com
duração de 90 minutos cada.
Um questionário inicial foi aplicado aos alunos, buscando detectar seus hábitos sobre a
utilização das mídias, para buscar informações esportivas e a presença, ou não, das mídias
sociais no seu cotidiano. Posteriormente foi proposto aos jovens que participassem da
construção de uma competição, para eles entenderem os processos envolvidos na
realização de uma competição e a importância da mídia esportiva no desenvolvimento
esportivo. A participação dos alunos consistiu na elaboração da competição
(desenvolvimento do regulamento técnico e disciplinar), a formação das equipes (escolha
dos jogadores, do capitão e da formação tática da equipe), oficinas digitas para criação de
conteúdos e desenvolvimento dos escudos das equipes), a participação na competição
(atuação do aluno como jogador, fotógrafo e narrador), a cobertura jornalística (transmissão
em tempo real, fotos, vídeos e produção de conteúdos para divulgação da posterior) e a
realização de um programa de entrevistas com a comunidade.

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279

RESULTADOS: Os gráficos a seguir descrevem o perfil dos alunos que participaram do


projeto em relação ao uso das diversas mídias para aproximação ao universo esportivo.

Gráfico 1 - Percentual dos meios de comunicação utilizados pelos alunos para


acompanhar as notícias sobre os esportes

Gráfico 2 - Percentual de alunos que tem acesso à internet

Gráfico 3 - Percentual de alunos que já acompanharam uma transmissão esportiva em


tempo real pela internet

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280

Gráfico 4 - Percentual de alunos que possuem perfil em redes sociais

Gráfico 5 - Percentual de quantos dias por semana os alunos acessam o perfil nas redes
sociais

Gráfico 6 – Percentual das horas por dia que os alunos acessam as redes sociais

As figuras a seguir ilustram a produção de conteúdo digital pelos alunos.

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281

Figura 1 – Escudos desenvolvidos nas oficinas digitais

Figura 2 – Modelo das transmissões minuto a minuto

CONCLUSÃO: A criação de um canal de comunicação para o registro e difusão do projeto


“Copa Sesc 7 Society” nas redes sociais proporcionou uma maior compreensão desta
relação de dependência entre esporte e mídia. Este canal de comunicação aproximou a
comunidade de todos os acontecimentos do campeonato; estimulou os alunos a buscar
conhecimento sobre os aspectos técnicos-táticos da modalidade esportiva para poder
orientar os companheiros de equipe e comentar os jogos; aproximou os alunos que não
tem um bom desempenho físico na modalidade envolvendo em outras funções; contribuiu
para o trabalho em grupo; aflorou a potencialidade dos alunos na escrita, fotografia e
produção de vídeos; estimulou a criatividade para criação dos conteúdos; e possibilitou o
entendimento do papel da mídia no universo esportivo. Considerando o cotidiano dos

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282

jovens e o grande tempo despendido nas redes sociais, acreditamos que as mídias sociais
podem ser utilizadas como uma ferramenta de grande valor no processo de ensino-
aprendizagem do universo esportivo.

REFERÊNCIAS
BATISTA, R.A. Mídia & Educação: teorias do jornalismo em sala de aula. Brasília;
Thesaurus, 2007.
BELLONI, M. L. O que é mídia-educação? Campinas: Autores Associados, 2005.
BETTI, M. (org.) Educação Física e Mídia: novos olhares, outras práticas. SP: Hucitec,
2003.
MESQUITA, I. Perspectiva construtivista da aprendizagem no ensino do jogo. In:
PAES, R. R. Educação física escolar: o esporte como conteúdo pedagógico do ensino
fundamental. Canoas: Ed. da Ulbra, 2001.

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283

PEDAGOGIA DO ESPORTE E INICIAÇÃO ESPORTIVA TARDIA: O ENSINO-TREINO


DE HABILIDADES MOTORAS BÁSICAS DO TÊNIS DE MESA POR MEIO DE JOGOS

Mairin Del Corto Motta, FCA-UNICAMP

Taisa Belli, FCA-UNICAMP

Kelly Calheirana Soati, FCA-UNICAMP

Milton Shoiti Misuta, FCA-UNICAMP

Larissa Rafaela Galatti, FCA-UNICAMP

mottamairin@gmail.com

Resumo
Este estudo tem como o objetivo propor a renovação no ensino de habilidades motoras
básicas na modalidade tênis de mesa por meio de jogos na iniciação esportiva tardia. O
desenvolvimento do presente estudo foi conduzido baseado no conceito de jogos
conceituais integrado a proposta de trabalhar com habilidades motoras básicas para o tênis
de mesa, tendo a pedagogia interacionista como norteadora para o ensino-treino da
modalidade esportiva. O presente estudo conclui que é possível a aprendizagem de
habilidades motoras básicas a partir de aplicação de jogos, os quais apesar de focar no
ensino-treino de habilidades motoras básicas do tênis de mesa na iniciação esportiva tardia
também permitiram uma interface entre a técnica e competências táticas. Dessa maneira,
o iniciante adulto aprende e evolui na modalidade em suas múltiplas competências e de
maneira integrada.
Palavras-chave: esportes de raquete, pedagogia interacionista, jogos conceituais.

Introdução
O tênis de mesa é uma modalidade olímpica desde 1988 e também a segunda modalidade
esportiva mais praticada no mundo (MARINOVIC et al., 2006). Em conjunto com
habilidades táticas, de tomada de decisão, criatividade, competitividade e concentração, o
tênis de mesa também requer ampliada capacidade de resolver problemas motores, sendo

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
284

as habilidades motoras básicas e técnicas específicas fundamentais para a prática da


modalidade (FABER et al., 2015).
Em qualquer modalidade esportiva é necessário conhecer as habilidades motoras básicas
para que, a partir destas, seja possível a prática em qualquer momento do desenvolvimento
do aluno, como iniciação até alto rendimento. O tênis de mesa exige algumas habilidades
motoras básicas principais: coordenação mãos e olhos, coordenação de movimentos
simultâneos de mãos e pernas, habilidade motora fina e grossa combinada, agilidade,
equilíbrio e controle de raquete e bola (RODRIGUES et al., 2002; FABER et al, 2015). Tais
habilidades podem ser trabalhadas em conjunto ou separadamente.
Em questões pedagógicas, ainda é muito usual o ensino da modalidade tênis de mesa por
meio de abordagens tradicionais. Nestas, o aluno recebe as informações e apenas executa-
as e cada parte é trabalhada longe da exigência do jogo. Objetiva-se assim a reprodução,
o acúmulo de informações e o automatismo das habilidades motoras, tendo o professor
como modelo na demonstração das mesmas (MARINOVIC et al., 2006).
Tendências atuais em Pedagogia do Esporte defendem uma proposta metodológica
interacionista para o ensino dos esportes, determinando que se privilegie a gestão da
desordem inerente à natureza complexa do jogo, sendo esta a fonte geradora do progresso
(aprendizagem). Assim, o problema gerado no jogo irá exigir do jogador uma construção
criativa capaz de estabelecer uma nova ordem, ou seja, responder ao problema gerado no
jogo. Nesse caso, a ideia de desordem está acoplada à ideia de uma reorganização
(conhecimento), a qual surge frente à emergência requerida pelo jogo (Leonardo, Scaglia
e Reverdito, 2009).
Entretanto, tais tendências pedagógicas têm sido desenvolvidas em esportes coletivos e
ainda que haja iniciativas nesse sentido nos esportes de raquete, indicando o jogo como
meio pedagógico para essas modalidades (JORDÁN et al., 2007), a literatura pouco aborda
propostas para o tênis de mesa em específico.
A partir do exposto, é objetivo deste estudo propor a renovação no ensino de habilidades
motoras básicas na modalidade tênis de mesa por meio de jogos na iniciação esportiva
tardia.

Métodos

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285

O desenvolvimento do presente estudo foi conduzido baseado no conceito de jogos


conceituais (SCAGLIA et al., 2013) integrado a proposta de trabalhar com habilidades
motoras básicas para o tênis de mesa (RODRIGUES et al., 2002; FABER et al., 2015). Esta
integração consiste em investigações científicas que sinalizam a proposta interacionista
para o ensino do esporte, tendo o jogo por principal estratégia metodológica (SCAGLIA,
REVERDITO E GALATTI, 2014).
A proposta foi sistematizada tendo por cenário o Projeto de Extensão de Tênis Mesa da
Faculdade de Ciências Aplicadas/ UNICAMP, o qual é oferecido à comunidade interna da
universidade (SOATI et al., 2015). Portanto, embora possa ser extrapolada para outros
públicos, a mesma tem foco na iniciação esportiva tardia, ou seja, quando a iniciação em
uma dada modalidade esportiva se dá na fase adulta. (PIMENTEL, GALATTI E PAES,
2010).

Resultados
O Quadro 1 apresenta três jogos que tem como objetivo trabalhar as habilidades motoras
básicas no tênis de mesa, tendo suas características principais divididas em três categorias:
estruturais, funcionais e normativas (BETTEGA et al., 2015).
Quadro 1: Jogos para o ensino de habilidades motoras básicas
Jogos Principais objetivos Características
Jogo 1 Desenvolver a coordenação Estruturais: Espaço amplo com linhas no
mãos e olhos; a coordenação chão, adequar o número de alunos conforme o
de movimentos simultâneos espaço. Uma raquete e uma bola para cada
de mãos e pernas; a agilidade aluno.
e o controle de raquete e bola. Funcionais: Terá um pegador, os demais
estão livres, e devem fugir do pegador, porém
só podem se locomover lateralmente sobre as
linhas no chão e controlar a bola sobre a
raquete.
Normativas: Caso um aluno pule uma linha ou
se locomova sem ser lateralmente este torna-
se pegador, o mesmo se deixar a bola cair.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
286

Jogo 2 Desenvolver a coordenação Estruturais: Espaço amplo, colocar dois arcos


mãos e olhos; a coordenação alinhados numa distância de aproximadamente
de movimentos simultâneos 4 metros, onde um dos arcos deve conter 10
de mãos e pernas; a agilidade bolas, 1 raquete cada aluno. Não tem limite no
e o controle de raquete e bola. número de participantes.
Funcionais: Os alunos ficarão dispostos ao
lado do arco com bolas, ao sinal do professor
pega-se a bola para manusea-la com a raquete
da forma que preferir, sem deixá-la cair,
movimentando lateralmente até o outro arco,
põe a bola no arco vazio e volta pegar outra
bola. Vence quem levar todas as bolas primeiro.
Normativas: Pode levar apenas uma bolinha
por vez, sempre se locomovendo lateralmente,
caso a pessoa ande/corra normalmente, ou
deixe a bola cair volta a bola ao arco de início.
Jogo 3 Desenvolver a coordenação Estruturais: Dividir os alunos em dois times de
mãos e olhos; a coordenação três alunos, ambos os times terão uma cor de
de movimentos simultâneos cones para representar, o jogo da velha é
de mãos e pernas; a agilidade desenhado com cordas traçadas no chão.
e o controle de raquete e bola. Funcionais: O jogo da velha ficará a 5 metros
dos times, ao sinal do professor um aluno de
cada equipe deve pegar um cone da cor da sua
equipe e correr lateralmente até o jogo e
colocar o cone conforme a estratégia do time,
volta e o próximo da equipe sai e assim
respectivamente, até uma das equipes vencer
ou dar velha. Quem for mais ágil tem mais
vantagem
Normativas: Para se locomover tem de ser
lateralmente, tem de esperar o colega chegar

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
287

para então sair com o cone. Sendo um cone por


vez.

Conclusão
Apesar do estudo focar nas habilidades motoras básicas do tênis de mesa, o ensino-treino
da modalidade por meio de jogos parece ser adequado na iniciação esportiva tardia, pois
permite interface entre a técnica e competências táticas, visto que estas últimas também
permeiam os jogos propostos. Dessa maneira, o iniciante adulto aprende e evolui na
modalidade em suas múltiplas competências e de maneira integrada.
Referências
BETTEGA, Otávio Baggiotto et al. Pedagogia do esporte e futsal: pressupostos e princípios
para a iniciação esportiva dos cinco aos oito anos. Pensar a Prática, v. 18, n. 2, 2015.

FABER, I.R.; NIJHUIS-VAN DER SANDEN, M.W.G, ELFERINK-GEMSER, M.T.;


OOSTERVELD, F.G.J. The Dutch motor skills assessment as tool for talent development in
table tennis: a reproducibility and validity study. Journal of Sports Sciences, v. 33, n. 11,
p. 1149-1158, 2015.

JORDÁN, O.R.C., LÓPEZ, L.M.G., DEL CAMPO, D.G.D., DÍAZ, S.V., RUBIO, R.M.A.
Iniciación a los deportes de raqueta. La enzenãnza de los deportes de red y muro
desde um enfoque constructivista. Editorial Paidotribo.1ª ed., 2007

LEONARDO, L.; SCAGLIA, A.J.; REVERDITO, R.S. O ensino dos esportes coletivos:
metodologia pautada na família dos jogos. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 2, p. 236-246, 2009.

MARINOVIC, W.; IIZUKA, C.A.; NAGAOKA, K.T. Tênis de mesa: teoria e prática. São
Paulo: Phorte Editora, 2006.

PIMENTEL, R.M.; GALATTI, L.R.; PAES, R.R. Pedagogia do esporte e iniciação esportiva
tardia: perspectivas a partir da modalidade basquetebol. Pensar a Prática, v. 13, n. 1, p. 1-
15, jan./abr. 2010.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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RODRIGUES ST, VICKERS JN, WILLIAMS AM. Head, eye and arm coordination in table
tennis. J Sports Sci. 2002 Mar;20(3):187-200.

SCAGLIA, Alcides José et al. O ensino dos jogos esportivos coletivos: as competências
essenciais e a lógica do jogo em meio ao processo de organizacional sistêmico. Movimento
(ESEF/UFRGS), v. 19, n. 4, p. 227-249, 2013.

SOATI, K.C.; RIBEIRO, R.A.; ANTONACIO, I.H.; CASTRO, L.B.; SILVA, W.G.F.; MISUTA,
M.S.; GALATTI, L.R.; BELLI, T. Pedagogia do esporte: o ensino do tênis de mesa por meio
de jogos no projeto de extensão de tênis de mesa da FCA/UNICAMP. Motriz, v. 21, n.
p.S168, Abr/Jun. 2015.

REFLEXÕES ACERCA DO PAPEL DO DESPORTO NA UNIVERSIDADE: ANÁLISES A


PARTIR DO DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO

Gabriel Dambros - UNIFEI


Vilma Lení Nista-Piccolo - UNISO

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
289

gabrieldambros@yahoo.com.br

RESUMO
O desporto é um patrimônio da humanidade e, como tal, integra as atividades
desenvolvidas em uma Universidade. Nesse estudo objetivamos desvelar o desporto no
ambiente universitário e sua relação com o treinador desportivo como mediador do
processo de ensino do futsal, como meio de representação universitária competitiva. A
pesquisa foi constituída de um estudo de caso, mediante um delineamento qualitativo,
utilizando como instrumento as entrevistas. Para a análise dos resultados foi utilizada a
técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. Verificamos que os jogadores ressaltam em seus
discursos o desporto na Universidade como uma atividade educativa e apontam que as
ideias defendidas pela Pedagogia do Desporto consistem em diretrizes norteadoras para
elaboração de ações pedagógicas promovidas pelos treinadores. Os gestores relatam a
contribuição do desporto para a formação educacional dos alunos, mas reclamam da
ausência de um projeto político institucional. As informações encontradas na opinião destes
pesquisadores revelaram muitas incoerências entre os discursos e a realidade desportiva
na IES pesquisada. Observamos que essa Universidade apresenta um trabalho eficaz no
desenvolvimento do desporto universitário, porém, não o identificamos como atividade
integrante do projeto de formação profissional que a instituição oferece.
Palavras-chave: Desporto. Universidade. Futsal.

INTRODUÇÃO
O foco desse estudo é o desporto experienciado no ambiente universitário.
Comumente adotamos a concepção de que a prática de uma modalidade desportiva só
pode ser realizada por pessoas privilegiadas, ou seja, por aquelas que possuem alto nível
em seus desempenhos atléticos. Embora essa seja a ideia dominante, culturalmente
transmitida pelos meios de comunicação, é preciso desmistificá-la, considerando o
desporto como um fenômeno, o qual se mostra muito mais amplo do que uma simples
prática excludente.
A partir de um novo conceito do desporto, difundido recentemente como uma prática
de exercício sistematizada, na qual há regularidade, controle e intencionalidade, é possível
alargar a concepção atribuída a esse fenômeno. Essa reflexão não tenta negar o

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
290

conhecimento já produzido nas ciências que tratam do desporto, mas salientar que tanto
os valores por elas disseminados, como algumas formas de pensar a prática desportiva
não são mais cabíveis na atualidade pela sua insuficiência (NISTA-PICCOLO; MOREIRA,
2012a). Assim, propagamos em nossos estudos a compreensão de um desporto como
direito humano, que pode ser praticado, estudado, analisado e interpretado como um
fenômeno que se alastra na sociedade e ganha uma dimensão ampliada em sua
concepção.
Isso significa entender o desporto como sendo a conciliação de aspectos
aparentemente contraditórios, mas que se envolvem mutuamente e são pressupostos uns
dos outros, como o dever e direito, o trabalho e o jogo, o esforço e o prazer, a dor e a
alegria, a restrição e a liberdade, a disciplina e o excesso, a derrota e a vitória, a contenção
e a exaltação, a transpiração e a gratificação, o sacrifício e a realização, a concentração e
a distração, o cansaço e a satisfação etc (BENTO, 2013).
Foram essas as reflexões que geraram em nós a necessidade de compreender as
manifestações do desporto em uma de suas dimensões, o espaço universitário. As
Universidades podem oferecer aos seus alunos diferentes práticas desportivas como
atividades curriculares ou extracurriculares, e ainda na forma de cursos de extensão. Mas,
isso só pode acontecer se a Universidade estimular a promoção de um ambiente
multivariado, que caminhe para a real ideia de universalidade da formação do graduando e
do pós-graduando. É nesse ambiente que o desporto pode ser um excelente meio de
representação simbólica da vida, contribuindo para a profissionalização dos acadêmicos,
possibilitando que ao ingressarem numa Universidade, estejam mais preparados para os
desafios de seus cotidianos. O desporto pode consistir em um instrumento de estimulação
da formação do indivíduo, mediante as experiências que ele promove, as quais vão muito
além de um simples exercício corporal.
A partir das ideias expostas, torna-se importante investigarmos como os aspectos
destacados anteriormente se relacionam em uma IES, entendendo as formas que o
desporto se insere no ambiente universitário.

MÉTODOS

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
291

Considerando a temática desse estudo relacionada à Pedagogia do Desporto e ao


ambiente desportivo universitário, a pesquisa tem uma abordagem qualitativa, descritiva,
partindo da revisão bibliográfica para a investigação da realidade em um estudo de caso.
Utilizamos a metodologia de análise do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), proposto
por Lefèvre e Lefèvre (2003; 2006) para ser aplicado no campo dos estudos da área de
saúde. O DSC é um discurso síntese, fruto dos fragmentos de discursos individuais
reunidos por similaridade de sentidos. Tal discurso, formulado na primeira pessoa do
singular, é elaborado pelo pesquisador e analista de discurso.
Os participantes da pesquisa foram alunos que compõem as equipes de futsal
masculino e feminino da Universidade desde o ano de 2011 (participando dos treinamentos
e competições até a data da coleta) e os gestores da Universidade que eram responsáveis
pela organização das ações para o desenvolvimento do desporto. Para a elaboração do
roteiro de perguntas foram utilizadas questões que permitissem aos entrevistados
livremente expressar seus pensamentos. A pesquisa foi registrada no Comitê de Ética da
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), sob o protocolo número 2565.

RESULTADOS
Após a construção da análise e sua respectiva apresentação, buscamos relacionar
todos os DSC. Os sujeitos entrevistados revelam informações que nos permitem avançar
no conhecimento a respeito dessa temática, além de afirmarem a existência de
incoerências no desenvolvimento do desporto na IES estudada.
Nossa experiência profissional em competições do desporto universitário aponta
que, muitas vezes, são as Associações Atléticas Acadêmicas as principais responsáveis
por todo o desenvolvimento das práticas desportivas. Nessas associações, é comum a
existência de alunos que não defendem o desporto na sua visão mais ampla e atualizada,
como uma prática formativa, com objetivos claros e métodos de trabalho adequados.
Ressaltamos a importância da IES estudada em contratar profissionais de EF para serem
os responsáveis pela promoção do desporto universitário. Esses profissionais podem
contribuir para a prática desportiva de forma mais organizada e sistematizada,
fundamentando-se em conceitos atuais sobre o desporto, além de trabalhar com afinco
objetivando uma formação mais completa de seus atletas. Mas esse não é o único fator
que pode contribuir com a evolução do desporto universitário.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
292

Foi possível verificar nos dados obtidos que os profissionais de EF anteriormente


contratados pela instituição cumpriam apenas a obrigatoriedade da aplicação de uma
disciplina como componente dos currículos dos cursos de graduação. Ao mesmo tempo,
identificamos nos discursos dos gestores a defesa do desporto como atividade educativa,
que auxilia na formação do aluno, como proposta oficial a ser oferecida pela instituição.
Analisando os documentos expressos pela IES não foi possível detectar esse aspecto como
uma meta a ser atingida. Em nosso ponto de vista, o desenvolvimento de práticas
desportivas durante a graduação deveria integrar o projeto pedagógico da IES, destacando-
o como um meio na formação dos alunos, e como uma atividade com finalidades próprias.

Figura 1 - Cruzamento dos dados revelados no olhar dos pesquisadores

O universitário ainda é
o principal
responsável pelo
desenvolvimento do
desporto nas IES

Ausência de
profissionais do Os currículos
desporto e da acadêmicos dificultam
Pedagogia do a realização de
Desporto como atividades além da
norteadora das ações sala de aula
desenvolvidas
Discursos
Contraditórios

A IES entende o
Nem todos os
desporto como
universitários
atividade educativa
entendem o desporto
importante, mas não
como atividade
desenvolve ações para
educativa
sua consolidação

Especificamente, ao refletirmos sobre a relação dos conceitos teóricos apresentados


neste estudo com o pensamento do SC envolvido com o ambiente estudado, verificamos
que:
2. O desporto deve ser entendido como um fenômeno plural, que promove as relações
humanas, contribuindo para a formação dos indivíduos.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
293

3. O profissional de EF, ao trabalhar com o desporto, nas suas diferentes dimensões, deve
se pautar nos constructos da Pedagogia do Desporto.
4. O desporto deve fazer parte do projeto educacional das IES brasileiras, nas suas
diferentes vertentes.
5. O desporto competitivo pode se constituir em uma atividade importante para o
desenvolvimento dos nossos universitários, como também pode agregar valor à escolha
de uma determinada IES.
6. As IES brasileiras podem auxiliar o desenvolvimento do desporto universitário no nosso
país. Não devemos excluir o poder público neste processo, que também deve participar
das discussões e buscar alternativas para os problemas encontrados em relação ao
desporto desenvolvido no nosso país.

CONCLUSÃO
O desporto universitário desenvolvido em nosso país não atrai a atenção dos
pesquisadores, devido à falta de objetivos e entendimento sobre suas possibilidades nessa
etapa do desenvolvimento dos indivíduos, seja este humano, profissional ou desportivo.
Percebemos que algumas ideias defendidas neste estudo foram ratificadas pelos
grupos pesquisados, nos incentivando a continuar na defesa da importância da
compreensão do desporto como um direito humano, que deve ser praticado, estudado,
analisado e interpretado como um fenômeno que se alastra na sociedade e ganha uma
dimensão ampliada em sua concepção.
Estimamos que a construção deste estudo constitua-se em um material de auxílio e
reflexão para aqueles que atuam com o desporto universitário. Esperamos ter contribuído
para a compreensão do desporto no ambiente universitário, indicando os possíveis
objetivos a serem estimulados mediante a sua promoção. Esperamos também ter sugerido
ideias referentes ao processo de formação dos treinadores como também sobre os
conhecimentos necessários para o desempenho dessa função.

REFERENCIAS
BENTO, J. O. Dos sentidos do agonismo grego e do desporto. In: NASCIMENTO, J. V.;
RAMOS, V.; TAVARES, F. (Org.). Jogos Desportivos: formação e investigação.
Florianópolis: UDESC, 2013b, p. 19-40.

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294

LEFEVRE, F.; LEFÈVRE, A. M. C. O discurso do sujeito coletivo. Um novo enfoque em


pesquisa qualitativa (Desdobramentos). Caxias do Sul: Educs, 2003.

______. O sujeito coletivo que fala. Interface: Comunicação, Saúde e Educação, Botucatu,
v. 10, n. 20, 517‐524, jul./dez., 2006.

NISTA-PICCOLO, V. L.; MOREIRA, W.W. Esporte como Conhecimento e Prática nos


anos Iniciais do Ensino Fundamental. São Paulo: Cortez Editora, 2012.

PEDAGOGIA DO ESPORTE, VOLEIBOL E BLOG EDUCACIONAL: SSIBILIDADES


PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR À PARTIR DO CURRÍCULO ESTADUAL
PAULISTA
Fernanda Moreto Impolcetto / UNESP
Marina Sartori Mungai / UNESP
femoreto@rc.unesp.br

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
295

RESUMO: O objetivo desta pesquisa foi elaborar um blog educacional, a partir do currículo
de Educação Física do Estado de São Paulo, como material de apoio ao trabalho de
professores, com o conteúdo voleibol proposto para os anos finais do Ensino Fundamental.
O trabalho é de natureza qualitativa e foi desenvolvido em duas etapas: a) Análise do
currículo do Estado de São Paulo; b) Elaboração do blog de voleibol. À partir da primeira
etapa verificou-se as limitações do material e sete temas foram selecionados. Os temas
foram transformados em planos de aula para o blog, dentre os quais destacam-se quanto
as novas tendências da Pedagogia do Esporte: a lógica interna do voleibol, o sistema de
rodízio e o sistema de jogo 6X0. Conclui-se que os conteúdos propostos para o voleibol no
currículo de São Paulo, oferecem boas possibilidades para ampliar o ensino dessa
modalidade na escola, por meio das novas tendências da Pedagogia do Esporte, que
privilegiam o ensino por meio do jogo. Entende-se que um material didático digital, como o
blog, facilita o acesso dos professores, tornando-se ferramenta de apoio para o trabalho
pedagógico e em muitos casos, possibilidade de formação continuada.
Palavras-chave: Educação Física escolar; Pedagogia do Esporte; Voleibol.

INTRODUÇÃO: Na perspectiva da cultura corporal de movimento, entende-se que o ensino


do voleibol na escola, deve ser tratado de modo que o aluno compreenda, aproprie-se e
desfrute com autonomia a vivência dessa modalidade, tanto nas aulas de Educação Física
quanto fora do contexto escolar, por exemplo, nos momentos de lazer, como meio de cuidar
da saúde e da estética, como forma de linguagem e inclusive para o rendimento, se assim
desejar.
O Currículo de Educação Física do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2010), organiza os
conteúdos dessa disciplina, por meio de cadernos para professores e alunos, privilegiando
a diversificação dos conteúdos curriculares e não o seu aprofundamento. Desse modo, as
sugestões para o desenvolvimento do voleibol mostram-se superficiais, considerando sua
importância no contexto brasileiro. Por outro lado, promove possibilidades para o
desenvolvimento de um trabalho à partir das novas tendências da Pedagogia do Esporte,
por meio de determinados aspectos, como: a compreensão da lógica tática do jogo formal,
a utilização de jogos reduzidos e o jogo coletivo como uma situação-problema apresentada
ao aluno (BAYER, 1994; GARGANTA, 1998; GRECO E BENDA, 1998; DAÓLIO, 2002;
KRÖGER & ROTH, 2002; BOLONHINI E PAES, 2009).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
296

Considerando o contexto social atual, uma alternativa interessante para auxiliar o professor
no processo de ensino-aprendizagem, bem como possibilidade de formação continuada,
seria o uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), por meio das quais,
poderiam ser disponibilizados conhecimentos on-line complementares sobre determinados
conteúdos. Entende-se que as TIC representam grandes implicações na vida cotidiana, no
trabalho, no lazer, e consequentemente na educação, podendo proporcionar novas
alternativas pedagógicas para o professor (MORAN, 1995).
Especificamente em relação ao conteúdo voleibol, um blog educacional seria uma
alternativa para fornecer algumas orientações aos professores, além de propostas para
ampliar as possibilidades pedagógicas desse conteúdo no contexto escolar, como
verificado por Diniz (2014), que publicou e avaliou um blog educacional sobre danças
folclóricas, como material complementar ao currículo estadual paulista para as aulas de
Educação Física do 6º ano.
Apesar do voleibol ser considerado conteúdo tradicional das aulas de Educação Física,
alguns professores tem problemas para implementá-lo, como verificado por Impolcetto
(2012). Geralmente as dificuldades relacionam-se sobretudo à falta de vivência da
modalidade e deficiência na formação inicial, a isso somam-se ainda os novos métodos de
ensino, como os propostos pela Pedagogia do Esporte, que não fizeram parte do currículos
de formação de muitos professores que atuam na escola.
Diante do exposto, o objetivo desta pesquisa foi elaborar um blog educacional, a partir do
currículo de Educação Física do Estado de São Paulo, como material de apoio ao trabalho
de professores, com o conteúdo voleibol proposto para os anos finais do Ensino
Fundamental.

MÉTODO: Para atingir o objetivo proposto, optou-se por uma metodologia de natureza
qualitativa, constituída por duas etapas: 1) Análise do conteúdo de voleibol apresentado
pelo currículo de Educação Física do Estado de São Paulo (caderno do professor), como
base para a produção do material do blog educacional; 2) Elaboração do blog educacional
de voleibol.

RESULTADOS: A análise do currículo do Estado de São Paulo, permitiu verificar que o


conteúdo voleibol é sugerido para o 7º ano e o professor pode optar por tratá-lo novamente

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
297

no 8º ou 9º ano. Em relação às novas tendências da Pedagogia do Esporte, destaca-se a


sugestão dos jogos reduzidos no currículo, partindo das formações 2X2, 3X3, 4X4 e 5X5,
que possibilitam que os alunos compreendam melhor a dinâmica da modalidade e
promovem mais possibilidades dos mesmos tocarem na bola (BOLONHINI; PAES, 2009).
Diante dessa análise e das limitações observadas do material, optou-se por desenvolver os
seguintes temas no blog: História do voleibol; Campanha das seleções brasileiras
masculinas e femininas; Lógica interna do esporte coletivo com rede; Regras; Sistema de
rodízio; Princípios técnicos e táticos; Sistema de jogo 6X0.
À partir dos temas, foram elaborados planos de aula para o blog, dentre os quais destacam-
se quanto as novas tendências da Pedagogia do Esporte: o que trata da lógica interna do
voleibol, o sistema de rodízio e o sistema de jogo 6X0. No tema que trata da lógica interna,
optou-se pela diferenciação entre o voleibol e os esportes coletivo mais praticados (futebol,
basquete e handebol), no sentido de contrapor as características das modalidades de
invasão e do jogo com rede. Na parte de vivência o minivôlei praticado em sistemas 2X2,
3X3 e 4X4, introduzindo a compreensão da dinâmica do voleibol. O tema que trata do
rodízio, foi desenvolvido à partir do jogo de câmbio para que os alunos ampliem a
compreensão da dinâmica do jogo de voleibol e os momentos nos quais o rodízio dos
jogadores devem ocorrer na quadra. No sistema de jogo 6X0, sugere-se o jogo do minivôlei,
conduzindo os alunos a utilizarem os seguintes princípios táticos: no saque, colocar a bola
numa zona de difícil recepção; na recepção, deslocar-se para cobrir os espaços vazios; no
segundo toque, posicionar-se de forma adequada para passar a bola a um colega que
esteja em condições de tocar a bola para a quadra adversária; posicionar-se de modo
adequado para o terceiro toque, de modo a jogar a bola num espaço da quadra adversária
que dificulte a recepção (RIO GRANDE DO SUL, 2009).

CONCLUSÃO: A análise do currículo do Estado de São Paulo, possibilitou verificar que o


voleibol não é indicado para todos os anos do Ensino Fundamental II, o que pode ser
decorrente da quantidade e variedade dos conteúdos sugeridos. Isso aponta para uma
alteração no quadro histórico da área que tem privilegiado as modalidades esportivas
coletivas e entre elas o voleibol. À partir dos conteúdos propostos no currículo, boas
possibilidades foram encontradas para ampliar o ensino do voleibol na escola, incluindo-se,
por exemplo, as novas tendências da Pedagogia do Esporte, que privilegiam o ensino por

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
298

meio do jogo. Entende-se que um material didático digital, como o blog, facilita o acesso
dos professores, tornando-se ferramenta de apoio para o trabalho pedagógico e em muitos
casos, possibilidade de formação continuada. Considera-se ainda que é fundamental que
o blog de voleibol seja apreciado e avaliado por professores de Educação Física escolar,
que atuam com o currículo do Estado de São Paulo do 6º ao 9º ano, no sentido de verificar
a sua funcionalidade.

REFERÊNCIAS
BAYER. Claude. O ensino dos desportos colectivos. Lisboa: Dinalivro, 1994.
BOLONHINI, Sabine; PAES, Roberto. A proposta pedagógica do Teaching Games for
Understanding: reflexões sobre a iniciação esportiva. Pensar a Prática, v. 12, n. 2, p. 1-9,
maio/ago. 2009.
DAOLIO, Jocimar. Jogos esportivos coletivos: dos princípios operacionais aos gestos
técnicos – modelo pendular a partir das idéias de Claude Bayer. Revista Brasileira de
Ciência e Movimento. Brasília. v. 10, n. 4, p. 99-103, 2002.
DINIZ, Irlla. Blog educacional para o ensino das danças folclóricas a partir do
currículo de Educação Física do Estado de São Paulo. 2014. 206f. Dissertação
(Mestrado em Desenvolvimento Humano e Tecnologias) Universidade Estadual Paulista,
Rio Claro, 2014.
GARGANTA, Júlio. O ensino dos jogos desportivos colectivos – perspectivas e tendências.
Movimento, ano IV, n. 8, p. 19-27, 1998.
GRECO, Pablo; BENDA, Rodolfo (org.) Iniciação esportiva universal: 1. Da
aprendizagem motora ao treinamento técnico. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
IMPOLCETTO, Fernanda. Livro didático como tecnologia educacional: uma proposta
de construção coletiva para a organização curricular do voleibol. 2012. 321f. Tese
(Doutorado em Desenvolvimento Humano e Tecnologias) Universidade Estadual Paulista,
Rio Claro, 2012.
KRÖGER, Christian.; ROTH, Klaus. Escola da Bola: um ABC para iniciantes nos jogos
esportivos. São Paulo: Editora Phorte, 2002.
MORAN, José. Novas tecnologias e o re-encantamento do mundo. Tecnologia
educacional, Rio de Janeiro, v. 23, n. 126, p.24-26, set./out. 1995.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
299

RIO GRANDE DO SUL (Estado). Secretaria de Estado da Educação. Lições do Rio


Grande: Linguagens, códigos e suas tecnologias. Artes e Educação Física. Referencial
Curricular, v. 2. Porto Alegre, 2009.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria Estadual de Educação. Currículo do Estado de São
Paulo: Educação Física, 2010.

SOBRE A FORMAÇÃO DE JOGADORES INTELIGENTES NO HANDEBOL: A


POSSÍVEL AJUDA DA CONCEPÇÃO ESTRATÉGICO-TÁTICA

Diogo Castro
diogocastrosp@yahoo.com.br

RESUMO: Este estudo buscou na literatura formas de embasamento e de diálogo para que
a ideia de formar jogadores inteligentes no handebol não ficasse a margem de concepções
teóricas que a fundamente de forma mais ampla e coerente. Ampla porque o conceito de
inteligência tem sido muito utilizado, por diversas áreas do conhecimento, inclusive pelas

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
300

ciências do esporte. Mesmo assim, há possibilidade de maior integração à estas diferentes


áreas, inclusive entre o esporte e as artes e as neurociências. Assim, se valendo da
concepção estratégico-tática dos Jogos Esportivos Coletivos (JEC), tratou-se de fomentar
esta discussão e buscar contribuir para essa importante tarefa que é a de formar jogadores
inteligentes.
Palavras-chave: concepção estratégico-tática, jogadores inteligentes.

INTRODUÇÃO: Queremos jogadores inteligentes, e jogar a partir da concepção


estratégico-tática pode ajudar nesse processo, já que esta concepção visa garantir o
conhecimento necessário para elaboração de processos conscientes e intencionais
(inteligentes, portanto) para obtenção de objetivos: estratégias, táticas. Pensar o jogo ao
jogar, criar em cada situação a melhor solução, para atingir seus objetivos estratégico-
táticos. Entender a lógica do jogo, portanto, é fundamental. Bachelard nos serve de
referencia neste ponto: “a ciência é a estética da inteligência” (2008, p. 13).

MÉTODO: Além da revisão da literatura sobre os conceitos e rumos dos entendimentos


sobre inteligência humana e os estudos sobre a concepção estratégico-tática dos JEC,
sobretudo da modalidade handebol, buscou-se materiais não publicados por periódicos
científicos, mas sim por federações internacionais ou por associações de treinadores, além
do convívio profissional com diversos treinadores de handebol há mais de uma década.

RESULTADOS: De acordo com Bento, “se eu fosse um treinador... seria um prático-teórico”


(2006, p. 30). Defendemos que todos os treinadores sejam práticos-teóricos. Assim como
os jogadores devem, a nosso ver, também ser práticos - teóricos!
Por isso Santana (2008) afirma que devemos superar a dicotomia entre estratégia e tática,
para termos jogadores críticos e pensantes. Acreditamos então que “o sucesso nos jogos
táticos depende largamente do nível de desenvolvimento das faculdades perceptivas e
intelectuais dos atletas”, porque “os jogadores devem ter condições para inventar novos
jogos no decorrer do próprio jogo” (COSTA; GARGANTA; FONSECA; BOTELHO, 2002, p.
8).
Cabe aqui esclarecer o modo que entendemos esse processo integrado, visto que a
percepção é parte do processo inteligente já descrito.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
301

Assim, tudo se passa no jogo como se fosse uma banda de músicos de jazz. Como afirma
Laguna (2010), os músicos ensaiam (treinam), mas na apresentação é o improviso o
primordial. Ninguém improvisa do nada! Não se trata de um improviso autista e egocêntrico,
e sim de um improviso individual que nunca sai do tema, ou seja, da lógica interna da
estrutura musical dada. Deste modo, o improviso de um saxofonista é acompanhado pelos
demais músicos, graças ao domínio destes da lógica interna da atividade. A criação
individual faz sentido dentro da estrutura coletiva, dando possibilidade dos demais
acompanharem no tempo e ritmo certo. Graças a este domínio da lógica interna da
atividade é possível intuir então qual é a sua tendência, por onde devemos seguir no futuro
próximo. Devemos dominar a lógica interna da atividade e sua técnica para superarmos as
barreiras de ambas. Assim, o improviso e a criação ficam mais eficazes e coletivos. Como
afirma Levy (2000), seria a coordenação das inteligências em tempo real.
Tudo isso se passa nos JEC em um determinado terreno de jogo, e com tempo limitado. A
pressão temporal é, sobretudo, o que torna complexa a ação tática nesse contexto,
sobretudo nos JEC de invasão. Analisar o meio e interpretá-lo, tomar a correta decisão e
executar de maneira eficaz a ação motora podem ser, sem pressão temporal, tarefas
consideravelmente simples. Mas fazer tudo isso em curto espaço de tempo torna-se muito
complexo. Assim, considera-se muito importante a capacidade de saber, a tempo, que
informações o jogador deve coletar e tratar. Pode-se afirmar então, conforme fez Garganta
(2004, p. 223) que “os melhores jogadores distinguem-se dos outros não somente pela
justeza das decisões tomadas durante o confronto, mas também pela velocidade com que
estas decisões são tomadas”.
Afinal, não pretendemos formar atletas e jogadores que não consigam realizar bem e, em
tempo hábil, suas tarefas dentro do terreno de jogo. Mas também não pretendemos limita-
los a dominar somente isso (Alba, 2002). Queremos jogadores inteligentes e, sobretudo,
seres humanos inteligentes, que realizem bem suas ações não somente em jogo.
Para estudar a inteligência humana no processo de jogar uma modalidade esportiva
coletiva precisamos compreender e procurar analisar um processo que é dinâmico. Por
isso, “conhecer as leis do movimento da coisa, (...) ou a coisa em movimento” (KOSIK,
2002, p.34). Reitero; o jogo tem sua lógica interna e se passa em alta velocidade, de
maneira aberta e complexa. Assim, o ‘saber-fazer’ é determinante.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
302

Por isto, afirma Laguna (2006) que muitos admiram os jogadores que sabem ler a partida,
mas valorizamos muito mais os jogadores que escrevem a partida! Os que escrevem
agiram antes, obrigando os demais a atuar no cenário que eles criaram, e nas
circunstâncias que eles impuseram. Deste modo, buscamos formar jogadores que saibam
não somente ler o jogo, mas sim escrevê-lo e reescrevê-lo. Que sejam criativos, que
inventem novos jogos dentro da realidade que o jogo impõe. Está claro que para saber ler
e escrever é preciso ensinar e aprender o abecedário. Mas podemos alfabetizar com as
cartilhas do b-a bá ou de outras formas, em que o componente criativo já esteja incorporado
no processo. Mas, sobretudo, é preciso conhecer grandes textos para chegar a escrever
bem. Ninguém vai escrever uma obra prima sem saber o básico das letras (salvo raras e
maravilhosas exceções), sem conhecer o que já foi criado de universal e marcante na
história da literatura (CASTRO, 2013).
Aqui cabe a defesa mais uma vez de que devemos ensinar a teoria do jogo aos jogadores.
Desde cedo, que joguem com intencionalidade e pensando o jogo. Na música, teoria
musical e aprender a ler as partituras são parte importante da formação do jovem músico.
Por que, para formar o jovem atleta, não o é? Isto ajuda inclusive no processo de identificar
uma melodia ou um arranjo ‘de ouvido’, no processo de escutar rapidamente, pois ao
identificar, o tratamento da informação ganha outra marca, outra qualidade 5.

CONCLUSÃO: Almejamos tudo isto, sem perder de vista nosso objetivo nesse processo,
que é o da criação. Não podemos deixar de ter em mente que o que queremos também é
aflorar o processo criativo do atleta. Queremos jogadores poetas, literatos do jogo, que
consigam isso e também acompanhem em tempo hábil o improviso dos demais. Não
queremos pensadores lentos (RIVILLA, J.; LORENZO, J.; FERRO, A.; SAMPEDRO, J.,
2011). Queremos atletas inteligentes. Penso que devemos formar atletas que componham
suas músicas, com letra e melodia, seus arranjos e seus improvisos, que juntem teoria e
prática.

Para chegar a uma seleção da resposta final, é preciso recorrer ao raciocínio, e isso implica
ter em mente uma grande quantidade de fatos e de resultados correspondentes a ações
hipotéticas e confrontá-los com os objetivos intermédios e finais, requerendo todos eles um

5
Isto difere, em linhas gerais, a inteligência da expertise: a possibilidade de ultrapassar o limite da
especialização, que o domínio do conhecimento não seja delimitado.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
303

método, uma espécie de plano de jogo escolhido entre os diversos planos que ensaiamos
no passado em inúmeras ocasiões (DAMÁSIO, 2010, p. 199).

Essa afirmação nos elucida a importância do treinamento e do papel do treinador como


coordenador deste processo. É no processo de treinamento e nas experiências coletadas
nos jogos, que o atleta organiza esse método, que deveria corresponder à lógica interna do
jogo e seu estilo próprio de jogo; derivando daí os diversos planos possíveis, donde
selecionará o que deverá ser utilizado em cada situação. Devemos ressaltar que a clareza
do objetivo final/principal, seu diálogo com os objetivos intermediários e o método que
organiza a lógica interna do jogo e permite ao jogador estabelecer seu próprio estilo de
jogo, com seu perfil de seleção nos processos de tomada de decisão que o jogo impõe,
são, todos estes, trabalhos que o treinador deve coordenar (HERRERO, J. A., 2004).
Esta ideia também nos evidencia que, devido à grande quantidade de possibilidades de
fatos e consequências hipotéticas derivadas de cada decisão a ser tomada, o jogador deve
se preparar previamente para tal processo. Antever estes possíveis cenários, estas
possibilidades de acontecimentos, diferencia o jogador que terá mais êxito. Pois “decidir
bem implica também decidir de forma expedita, especialmente quando está em jogo o fator
tempo” (DAMÁSIO, 2010, p. 201). Afinal, nesta questão, saber lidar com a pressão temporal
é fundamental.
Suas ações são dependentes das suas tomadas de decisão, que são determinadas pelas
situações do jogo que vão sendo colocadas. Jogar deve ser entendido então como uma
atividade humana que pode ser libertadora se inteligente e criativa; no infinito processo de
humanização do ser humano.

REFERÊNCIAS:
ALBA, P. Former l’élite de demain: les pôles espoirs masculins de la FFHB. Revista da
Fédération Française de Handball, Approaches du Handball. Abril, 2002.

BACHELARD, G. A formação do espírito científico. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008.

BENTO, J. O. Formação e Desporto. In: TANI, G.; BENTO, J. O.; PEDERSEN, R. M. DE S.


Pedagogia do Desporto. 1ª edição. Rio De Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 41-57.

CASTRO, D. A Concepção estratégico-tática no handebol: implicações para a


formação de jogadores inteligentes. 2013. 159f. Dissertação (Mestrado em Educação

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
304

Física) – Faculdade De Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas,


2013.

COSTA, J.C.; GARGANTA, J.; FONSECA, A.; BOTELHO, M. Inteligência e conhecimento


específico em jovens futebolistas de diferentes níveis competitivos. Revista Portuguesa
de Ciências do Desporto, Porto, v. 2, n. 4, p.7–20, 2002.

DAMÁSIO, A. R. O Erro de Descartes: Emoção, Razão e o Cérebro Humano. 2ª. ed.


São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

GARGANTA, J.. A formação estratégico-táctica nos jogos desportivos de oposição e


cooperação. In: GAYA, A.; MARQUES, A.; TANI, G. (Org.) Desporto para crianças e
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HERRERO, J. A. G. Algunas consideraciones sobre el entrenamiento individual defensivo


en las etapas de formación. Artigo que tem sua origem na palestra ministrada na Real
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KOSIK, K. Dialética do Concreto. 7ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.

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______. El Ataque Posicional en las etapas de formacion: Hacer bien lo fácil. CURSO DE
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LÉVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 3ª. Edição. São
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SANTANA, W. C. DE. A Visão Estratégico-Tática de Técnicos Campeões da Liga


Nacional de Futsal. 2008. 256f. Tese (Doutorado em Educação Física) – Faculdade De
Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
305

PRIORIZAÇÃO DAS FASES DO JOGO NO PROCESSO DE ENSINO-TREINO DO


FUTEBOL: PERCEPÇÃO DE TREINADORES DE CATEGORIAS DE BASE DE UM
CLUBE DE ELITE

Otávio Baggiotto Bettega / CDS – UFSC


Larissa Rafaela Galatti / FCA – UNICAMP
Alexandre Vinícius Bobato Tozetto / CDS – UFSC
Juarez Vieira do Nascimento / CDS – UFSC
Alcides José Scaglia / FCA - UNICAMP

RESUMO

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
306

O estudo tem por objetivo identificar a fase do jogo de futebol priorizada no processo de
ensino-treino pelos treinadores das categorias de base de um clube de elite. A pesquisa
caracterizou-se como um estudo de caso de cunho qualitativo. O instrumento de coleta das
informações foi à entrevista semiestruturada, estabelecida a partir de três temas geradores:
planejamento, treino e jogo. Participaram da pesquisa oito treinadores das categorias de
base de um clube de elite do futebol brasileiro, líder no ranking nacional dos clubes que
mais faturam com a venda de jogadores de futebol entre os anos de 2003 e 2011. Os
resultados apontam que dois treinadores priorizam a fase defensiva, dois treinadores não
estabelecem prioridade e quatro treinadores destacam a fase ofensiva como prioritária nos
seus treinamentos. Portanto, a maioria dos treinadores prioriza a fase ofensiva e justifica
tal escolha a partir da filosofia do clube, condições competitivas e pela possibilidade de
maior gestão das ações do jogo.
Palavras-chave: Educação Física e Treinamento; Ensino; Futebol.

INTRODUÇÃO
Os conteúdos de treinamento no futebol são priorizados com base nas demandas e
necessidades do grupo de jogadores, bem como na filosofia do clube e nas concepções do
treinador. Além disso, a organização e a operacionalização do treinamento independente
da prioridade, defesa ou ataque, deve compreender a complexidade do jogo, colocando
problemas próximos da realidade e estimulando os jogadores a entenderem o jogo como
um processo contínuo, em que a defesa torna-se complementar ao ataque e o mesmo
acontecem inversamente (GOMES, 2008).
A priorização de conteúdos defensivos ou ofensivos converge em muitas situações
a partir dos problemas identificados na equipe durante treinamentos e jogos. Ao visualizar
tais dificuldades da equipe, defensivas ou ofensivas, o treinador tende a direcionar o
enfoque do treinamento para potencialização das ações e resolução dos problemas.
Entretanto, o treinador de categorias de base deve operacionalizar os conteúdos com base
no seu planejamento, priorizando a formação do atleta e não os resultados competitivos
(BETTEGA, 2015).
A alternância e a prioridade dos conteúdos passam pelo desenvolvimento de
aspectos técnicos e táticos referentes às fases de defesa e ataque (IBÁÑEZ et al., 2013).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
307

Desse modo, o estudo intenciona identificar a fase do jogo de futebol priorizada pelos
treinadores das categorias de base de um clube elite no processo de ensino-treino.

MÉTODO
A pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso, com abordagem qualitativa das
informações (YIN, 2009). O instrumento de coleta utilizado foi à entrevista semiestruturada,
organizada a partir de três temas geradores: planejamento, treinamento e jogo. O estudo
foi realizado com oito treinadores das categorias de base (sub 10; sub 11; sub 12; sub 13;
sub 14; sub 15; sub 16; sub 17) de um clube profissional participante da primeira divisão do
campeonato brasileiro de futebol. Além disso, o clube aparece no topo da lista daqueles
que mais faturam com a venda de jogadores de futebol entre os anos de 2003 e 2011 no
âmbito nacional (MARÀ, 2013). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina.

RESULTADOS
Os resultados obtidos reportam-se a priorização dos treinadores entre conteúdos
defensivos e ofensivos na operacionalização do treinamento. Nesse sentido, os resultados
indicam que dois treinadores priorizam a fase defensiva (Treinador B; Treinador D), quatro
treinadores priorizam a fase ofensiva (Treinador A; Treinador C; Treinador F; Treinador H)
e dois treinadores não estabelecem prioridade entre as fases do jogo (Treinador E;
Treinador G).

“A fase que a gente prioriza aqui é o ataque, até em relação aos nossos adversários, onde não é muito exigido
a fase defensiva e sim a parte ofensiva, a parte de criação de jogo, a parte de jogar dentro do campo do
adversário e deixar um espaço pra gente poder fazer as finalizações [...]” (Treinador A).

“A parte defensiva do time, a parte saída de baixo, a parte de transição defesa ataque pra mim é o mais
importante, o ataque em si, a retomada, o retorno, esse tipo de coisa ela já fica em segundo plano, claro, é
trabalhado? É. Eu do prioridade para o sistema defensivo [...]” (Treinador B).

“A fase ofensiva, com o jogo com bola para poder gerir todas as ações, isso é o mais importante, pra você
poder ter controle, acho que é o mais importante pra você ter o controle do jogo é através da bola [...]”
(Treinador C).

“Eu começo pela defesa e depois vou para o ataque, tem gente que começa do ataque, mas eu acho que se
tu estabelece uma defesa segura, sólida, a partir disso os guris começam a ter menos receio de arriscar lá na

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
308

frente, então tu estabelece quem já tem um padrão defensivo bom, a partir disso começa a evoluir para o
ataque [...]” (Treinador D).

“Não priorizo nenhuma fase específica assim, eu acho óbvio que todas as fases são importantes do jogo e
dentro do nosso planejamento a gente procura trabalhar todas essas fases [...]” (Treinador E).

“O ataque armado, e quando eu falo em ataque armado, é o ataque armado que tenta, que faz a defesa
adversária desequilibrar [...] a fase que mais gosto é o ataque armado [...]” (Treinador F).

“Não priorizo. Não porque o treinamento vai atingi todos esses momentos [...] vamos trabalha uma situação
de posse de bola, porém onde a equipe que está com a posse quando ela perde ela vai ter que
automaticamente trabalhar uma transição defensiva, então eles acabam sendo conteúdos que eles vão está
interligados [...]” (Treinador G).

“Sim. A gente tem, geralmente de acordo com o clube que eu estou hoje [...] eu vou trabalhar principalmente
a fase ofensiva e a transição defesa-ataque [...]” (Treinador H).

A priorização de uma das fases do jogo (defesa ou ataque) liga-se diretamente aos
objetivos estabelecidos pela comissão técnica. No caso dos treinadores investigados
constata-se que dois (B; D) priorizam a fase defensiva, pois acreditam que o primeiro passo
na organização da equipe vincula-se a coesão do bloco defensivo, para assim realizarem
as ações ofensivas com segurança. Barreira e colaboradores (2014) enfatizam que a fase
defensiva caracteriza-se como o primeiro momento do ataque, no qual a origem do
momento ofensivo torna-se dependente da eficácia das ações de retomada da bola
realizadas nos momentos defensivos. Outros dois treinadores (E; G) relataram que não
priorizam fase alguma do jogo para realização do treinamento e que a ocorrência de ambas
acontece com base no planejamento dos conteúdos. Nessa perspectiva, o objetivo comum
entre as situações de ataque e defesa configura-se pela busca da superioridade numérica
no centro de jogo, buscando uma participação eficaz na defesa e no ataque e exigindo o
desenvolvimento no treinamento de aspectos relacionados às duas fases do jogo (SILVA
et al., 2014). A maioria dos treinadores investigados (A; C; F; H) apontou o ataque como a
fase mais priorizada nos treinamentos, indicando a pouca exigência ofensiva dos
adversários enfrentados, a filosofia do clube e a possibilidade de controle das ações do jogo
pela manutenção da bola, bem como a capacidade de desequilíbrio da organização
defensiva oponente. Portanto, a necessidade da obtenção do gol para o sucesso nas
competições torna o processo ofensivo como ponto relevante da preparação, mas que
somente será constituído, caso seja antecedido por um processo defensivo eficaz.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
309

CONCLUSÃO
O processo formativo do jogador de futebol necessita de um programa esportivo,
alicerçado por um currículo condizente com a realidade de inserção. Além de estabelecer
conteúdos relevantes para cada etapa de formação, o programa deve ser organizado,
sistematizado, operacionalizado e avaliado de maneira qualificada. Nessa perspectiva, o
desenvolvimento de conteúdos defensivos e ofensivos que sustentem o programa esportivo
deve considerar a filosofia do clube, as preferências do treinador, as necessidades da
equipe, bem como as condições competitivas.
Ressalta-se que os conteúdos defensivos e ofensivos devem ser desenvolvidos de
forma equilibrada, porque ambos são relevantes no processo de ensino-treino e os
jogadores constantemente transitam entre problemas defensivos e ofensivos no ambiente
de jogo. Entretanto, há que se considerar que a formação do jogador vai além das
dimensões do campo de jogo, assim como a priorização de aspectos defensivos e ofensivos
deve ser flexibilizada também a partir das condições estabelecidas no contexto de trabalho.

REFERÊNCIAS
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ataque de futebol de elite. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho
Humano, v. 16, n. 1, p. 36, 2014.

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elite do futebol brasileiro. 2015. 57f. Dissertação (Mestrado em Educação Física). Centro
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inter-e-sao-paulo-sao-os-campeoes-de-vender-craques.html. Acesso em: 21 de abril, 2013.

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YIN, R. Case study research: design and methods. 4 Ed.; Thousand Oaks, CA: Sage,
2009.

TENDÊNCIAS METODOLOGIAS DOS TREINADORES DE FUTSAL DAS


CATEGORIAS SUB-13 E SUB-15

Michel Angillo Saad / LAPE - UFSC


Valmor Ramos / LAPE - UDESC
Michel Milistetd / LAPE - UTFPR
Juarez Viera do Nascimento / LAPE - UFSC
Jeferson Rodrigues de Souza / LAPE - UDESC
michel.saad@ufsc.br

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311

RESUMO: O objetivo deste estudo descritivo-exploratório foi verificar as tendências


metodológicas dos treinadores de futsal das categorias sub-13 e sub-15 ao longo da
temporada esportiva. Participaram deste estudo 34 jogadores de futsal de Santa Catarina,
pertencentes a duas equipes na categoria sub-13 e sub-15 respectivamente e, quatro
treinadores das equipes correspondentes. Foram observadas 96 sessões de treinamento,
sendo 24 sessões de cada equipe em cada categoria (sub-13 e sub-15). Como resultados,
ao analisar o tempo gasto nos tipos de tarefas nas sessões de treinamento, verifica-se que
o “aprimoramento do gesto técnico”, as “estruturas funcionais” e o “jogo formal”, são as
atividades mais utilizadas pelos treinadores das categorias sub-13 e sub-15. Conclui-se que
os treinadores investigados apresentam uma tendência no emprego de atividades técnico-
tático buscando assim o envolvimento conjunto dos componentes que cercam o rendimento
esportivo.
Palavras-chave: Metodologias de Ensino, Pedagogia do Esporte, Futsal.

INTRODUÇÃO: Pesquisas centradas nas metodologias de ensino das modalidades


esportivas coletivas têm demonstrado que os treinadores ainda dão maior ênfase à
dimensão técnica, em detrimento da dimensão tática, não proporcionando estruturas de
treino dirigidas aos problemas reais do jogo, demonstrando pouco domínio de estratégias
que favorecem o desenvolvimento da autonomia do jogador e a ampliação do seu repertório
técnico-tático (NASCIMENTO, 2008; GRAÇA; MESQUITA, 2011).
Ao privilegiar o processo de ensino-aprendizagem-treinamento dos conteúdos com enfoque
na técnica, implementada de forma descontextualizada do jogo, o treinador negligencia o
desenvolvimento da tomada de decisão e consciência tática do jogador (TAVARES, 2013;
ROBLES et. al., 2013). Por sua vez, especialistas (GRECO; BENDA, 1998; MESQUITA;
GRAÇA, 2006; SADI, 2010) defendem que o processo de ensino-aprendizagem-
treinamento das modalidades esportivas coletivas deve se basear nas características
funcionais da modalidade, atendendo a lógica do jogo, com destaque no desenvolvimento
das capacidades técnico-táticas, pois se apresenta como um contexto real de resolução de
problemas, estimulando a tomada de decisão constantemente.
Nessa perspectiva, a estruturação das atividades e das tarefas executadas nas sessões de
treinamento assume especial importância no quadro de planificações e condução do
processo de ensino-aprendizagem-treinamento (QUEIROZ, 1986). Sendo possível

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
312

também, identificar as prioridades estabelecidas e as intenções dos treinadores, a partir da


forma como distribuem o tempo nos diferentes tipos de tarefas realizadas nas sessões de
treinamento (HARRISON et. al., 2004). A partir deste contexto, o estudo teve como objetivo
verificar as tendências metodológicas dos treinadores de futsal das categorias sub-13 e
sub-15 ao longo da temporada esportiva.

MATERIAIS E MÉTODOS: Este estudo descritivo-exploratório teve como participantes 34


jogadores de futsal de dois clubes de Santa Catarina, pertencentes a duas equipes na
categoria sub-13 e duas equipes na categoria sub-15, bem como 4 treinadores
responsáveis pelas equipes correspondentes. Na coleta dos dados utilizou-se o
procedimento e protocolo adaptado para o futsal de Moreira e Greco (2005) e Saad (2002)
e na categorização dos dados respeitou a complexidade estrutural das tarefas. A coleta
consistiu na observação sistemática das sessões de treinamento, com o emprego de
filmadora, e na posterior transcrição em ficha específica de observação. A pesquisa foi
submetida à aprovação do Comitê de Ética para Pesquisa com Seres Humanos de uma
Universidade Pública (Processo 125/08). Foram observadas 96 sessões de treinamento
(semanas típicas de treinamento), sendo 24 sessões de cada equipe, sendo duas equipes
da categoria sub-13 e duas equipes da categoria sub-15. Todas as equipes da categoria
sub-13 e sub-15 apresentou frequência semanal de três sessões de treinamento e cada
sessão teve a duração aproximada de 60 minutos.

RESULTADOS: A partir da análise da complexidade estrutural das tarefas utilizadas pelos


treinadores das equipes de futsal sub-13 e sub-15 em 24 sessões, emergiram quatro
categorias de treinamento, que se referem aos diferentes condicionantes norteadores das
atividades de desenvolvimento técnico-tático. A Tabela 1 apresenta a comparação do
tempo total gasto em cada tipo de tarefa realizada pelos treinadores nas diferentes equipes
e categorias.

Categoria Categoria
Categoria de
Sub-13 Sub-15
Treinamento
Equip
- Tipos de Tarefas Equipe Equipe Equipe
e
Tendência 1 2 4
3
Metodológica

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
313

Aquisição do gesto técnico 203’ - - -


TÉCNICO Aprimoramento do gesto
243’ 233’ 234’ 225’
técnico
Jogadas pré-estabelecidas 132’ - 252’ -
TÁTICO
Situações especiais 55’ - 150’ -
TÉCNICO-
Estruturas funcionais 647’ 220’ 528’ 216’
TÁTICO
Jogo recreativo 80’ - - -
Jogo condicionado 115’ - 177’ -
JOGO
Jogo reduzido - - - -
Jogo formal 135’ 697’ 132’ 575’

Tabela 1: Tipos de tarefas e duração (minutos) nas diferentes equipes e categorias.

Pode-se observar na Tabela 1 que as equipes 1 e 2 da categoria sub-13 demonstraram


tendências distintas à opção metodológica de treinamento. A equipe 1 utilizou mais do
tempo total de treinamento da temporada em atividades de preparação técnica e técnico-
tática. Já a equipe 2 gastou a maior parte do tempo da temporada em atividades de jogo,
seguidas por tempos substancialmente menores em atividades técnicas e atividades
técnico-táticas, não realizando, nas sessões observadas, o treinamento tático.
A categoria sub-15, composta pelas equipes 3 e 4, apresentou comportamento
similar à sub-13, em que a equipe 3 demonstrou uma estrutura de treinamento mais
equilibrada, com um maior dispêndio de tempo em atividades técnico-táticas, seguido de
atividades táticas. Da mesma forma que a equipe 2, a equipe 4 apresentou um elevado
investimento do tempo total do treinamento da temporada em atividades de jogo. O
reduzido tempo para os treinamentos técnico e técnico-tático e a ausência de atividades
táticas demonstram, assim como na categoria sub-13, opções metodológicas divergentes
dos treinadores da categoria sub-15. As equipes 2 e 4, que tiveram uma grande dedicação
ao jogo, basearam fundamentalmente suas atividades na prática do jogo formal e no
aprimoramento do gesto técnico, na aplicação de exercícios, a partir de estruturas
funcionais. Estudiosos do treinamento (BALYI, 2001; BOMPA, 2001; COTE; HAY, 2002)
defendem que o processo de ensino-aprendizagem-treinamento centrato no jogo, assume
papel de destaque no desenvolvimento das capacidades técnico-táticas. As equipes 2 e 4
que apresentaram um caráter mais tradicional de treinamento, podem ser classificadas

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
314

como o emprego de um método misto, no qual ocorre o desenvolvimento de exercícios


técnicos e a sua aplicação no jogo formal. De acordo com Costa e Nascimento (2004), essa
é uma prática muito comum entre treinadores. Contudo, a transferência da aprendizagem
de habilidades isoladas para o contexto de jogo é um de seus maiores problemas.

CONCLUSÕES: Ao caracterizar as tendências metodologias dos treinadores a partir dos


tipos de tarefas empregados nas sessões de treinamento de equipes de futsal sub-13 e
sub-15 ao longo da temporada esportiva, as evidências encontradas permitiram concluir,
que as variações observadas no tempo requerido para o desenvolvimento da cada atividade
estiveram intimamente relacionadas com a determinação dos treinadores. De modo geral,
os treinadores investigados parece romperem com o processo de ensino-aprendizagem-
treinamento focado na unidimensionalidade técnica. Dois treinadores basearam seu
processo de treinamento em atividades de jogo, e outros dois em atividades técnico-táticas.
De modo geral, pode-se afirmar que todos os treinadores procuram privilegiar as ações
técnico-táticas, diferenciando somente na sua abordagem, seja através de jogo recreativo,
jogo formal, condicionado ou estruturas funcionais. Conclui-se que os treinadores
investigados apresentam uma tendência no emprego de atividades técnico-tático buscando
assim o envolvimento conjunto dos componentes que cercam o rendimento esportivo.

REFERÊNCIAS

BALYI, I. Sport System Building and Long-Term Athlete Development in British


Columbia. Canadá: SportsMed BC, 2001.

BOMPA, T. Total training for young champions. Champaign: Human Kinetics, 2001.

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metodológicas. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 15, n. 2, p. 49-56,
2004.Disponível em:
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set. 2007.

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SILVA, J.M. ; STEVENS, D. (Ed.), Psychological Foundations of Sports (2ª ed.).
Boston: p.484-582, 2002.

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avaliaçao. In: ROSADO, A.; MESQUITA, I. Pedagogia do Desporto. FMH: Lisboa. 2011.
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HARRISON, J.M.; BLAKEMORE, C.L.; RICHARDS, R.P.; OLIVER, J.; WILKINSON, C.;
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MESQUITA, I. GRAÇA, A. Modelos de Ensino dos Jogos Desportivos Coletivos. In:


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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
316

INVESTIGAÇÃO SOBRE A ATUAÇÃO SOCIAL E EXPECTATIVAS DE PAIS SOBRE A


TRAJETÓRIA ESPORTIVA DO FILHO ATUANTE EM ESCOLA DE FUTEBOL
Murilo dos Reis Morbi/ EEFERP-USP
Renato Francisco Rodrigues Marques/ EEFERP-USP
murilo.morbi@usp.br
Resumo: Durante o processo de iniciação esportiva, a participação dos pais exerce um
papel importante sobre a inserção e engajamento da criança na prática. A presente
pesquisa teve como objetivo investigar como se dá a atuação social de pais de crianças
participantes em escola de futebol. Como objetivo específico, procurou-se descrever
aspectos relacionados a expectativas que os pais têm frente à formação esportiva, e como
se caracteriza a interação entre os agentes de escola de futebol. A partir de entrevistas
semiestruturadas com seis pais de alunos de escola de futebol, com oito a onze anos de
idade, destacam-se os seguintes resultados: a) existe uma grande participação dos pais no

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
317

processo esportivo do filho, onde estes abrem mão de tarefas diárias para vivenciar
momentos desse processo; b) mostra-se uma despreocupação dos pais em fazerem planos
para o futuro do filho na pratica esportiva, destacando que não há cobrança no que se refere
ao desempenho do filho no futebol e que há uma maior preocupação com os estudos.
Palavras-chave: Pais, futebol, Iniciação esportiva.

Introdução: O processo de iniciação esportiva se compreende pelo período em que a


criança inicia uma prática e esta se torna uma atividade regular e com orientação. Desta
maneira, o processo tem como objetivo um desenvolvimento global, socializar com outras
pessoas e se divertir (SANTANA, 2008). A introdução da criança no âmbito esportivo não
se caracteriza somente por um processo procedimental, envolve também questões sociais
de aprendizagem, e é nesse aspecto que a atuação dos pais se mostra importante
(BALISH; CÔTÉ, 2013). O envolvimento destes sujeitos exerce um papel importante sobre
a participação esportiva da criança no futuro (MORAES, RABELO; SALMELA, 2004).
A atuação dos pais exerce grande influência sobre processos de educação dos
jovens, podendo interferir no direcionamento das práticas esportivas e/ou na forma como a
criança se relaciona com o esporte (CÔTÉ, 1999). Deste modo, o objetivo geral desta
pesquisa foi investigar como se dá a percepção dos pais de crianças, com idade entre oito
a onze anos de idade, participantes em escola de futebol da cidade de Ribeirão Preto/SP,
sobre sua própria participação frente à pratica esportiva do filho. Como objetivo especifico
procurou-se: a) apontar as expectativas frente à formação esportiva dos filhos; b) descrever
a percepção frente à organização do espaço de formação de jogadores de futebol; c)
investigar processos de interação entre os diferentes agentes do espaço do clube de
futebol.

Metodologia: Os sujeitos desta investigação foram seis pais de crianças praticantes de


futebol em escola especializada na cidade Ribeirão Preto/SP, sendo três da categoria sub-
9 (oito e nove anos de idade) e três da categoria sub-11 (dez e onze anos de idade). Os
critérios para a escolha dos sujeitos foram determinados com base na disponibilidade dos
voluntários, além da presença constante em treinos, jogos e viagens da equipe. A indicação
a respeito deste último critério coube aos treinadores de cada categoria, que não tiveram
conhecimento prévio sobre o conteúdo das entrevistas. Antes das entrevistas, os pais

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
318

assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido sobre a utilização das respostas


dadas por eles. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da Faculdade
de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP).
Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, aplicadas pessoalmente pelo
pesquisador aos sujeitos. Os dados foram organizados, classificados e analisados através
do método “Discurso do Sujeito Coletivo” (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005) e suas ferramentas
de análise - expressões-chave (ECH), as ideias centrais (IC) - que encadeadas e
relacionadas, distribuídas e ordenadas as informações.

Resultados: Com relação às razões dos filhos começarem a praticar futebol, os pais
apontaram o gosto pela prática e desejo de se tornarem jogadores profissionais, como os
ídolos. Os pais falam ainda do interesse do filho estar vinculado pela cultura que o país tem
pelo futebol e por eles também terem jogado. Tais achados sobre a razão do inicio da
pratica se assemelham com os dados no estudo de Carmo et al. (2009), sobre razões que
atletas brasileiros tiveram para o início da pratica.
Sobre a visão que os pais têm sobre o Brasil ser o país do futebol, no estudo de
Cavichiolli et al (2011) é destacado que o aprendizado desta modalidade no Brasil sempre
esteve atrelado ao significado cultural de sua prática.

DSC1: “... pelo gosto dele, por eu ter jogado e sempre incentivei a ver jogo, assistir jogo e
ai... “Ô pai, quero entrar numa escolinha, jogar porque eu gosto” - pelo prazer mesmo, ele
gosta muito (S6). É um prazer que ele tem, desde de muito cedo foi apresentado ao futebol
e assim achou que ele se apaixonou, eu acho que é uma paixão muita repentina na vida
dele (S3). É o Brasil né, o futebol como esporte vamos dizer que maioria das crianças
preferem futebol como esporte (S1), pelo país que a gente vive, país que respira o futebol
(S3).”

Referente às expectativas que os pais têm em relação ao futuro do filho no futebol,


percebe-se que eles não traçam planos para que se torne um jogador, apesar de que os
filhos demonstrem o desejo de seguir na carreira, eles esperam ao menos que obtenham
sucesso no âmbito escolar, deixando claro que os estudos estão em primeiro plano e que
há essa preocupação. No mesmo sentido, nos estudos de Simões, Böhme e Lucato (1999)
e Cavichiolli et al (2011) percebe-se que a maioria dos pais não se preocupa em criar planos

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
319

de carreira relacionados ao esporte e ainda contradizem a ideia de busca por recompensa


financeira em detrimento de abandono escolar.

DSC2: ““Não, de início não, não trouxe ele para isso, mas é lógico que se ele dedicar, ele
realmente for, que seu eu achar que for um caminho legal (S1). Para ele não esperar muito
de futebol, para ele botar primeiro o estudo, em primeiro lugar e depois ele ter o futebol
como uma atividade complementar (S3). Eu sempre falei o seguinte para ele, o futebol é
um hobbie que ele tem.... A partir dos momentos que a sua, a parte de escola não for muito
bem você perde essa parte esportiva entendeu, porque ele tem uma capacidade de ser o
que ele quiser ser, medico, engenheiro (S6). Planos é o seguinte, é sorte né, sorte e
consequência, agora se ele quiser ser jogador de futebol, primeiro ele vai ter que estudar,
pra ser profissional ou não pra ganhar dinheiro é outra coisa” (S4).

Como os pais não apresentaram planos para o filho se tornar jogador, percebeu-se
nos discursos que não havia cobrança por um bom desempenho do filho na modalidade,
pois os sujeitos veem o esporte como atividade complementar, onde as crianças agregam
novos valores e vivenciam ambientes diferentes dos que estão habituados. O cultivo ás
amizades foi um ponto destacado. O sentido de que o esporte se torna uma forma de
disseminar vários valores é visto no estudo de Marques, Guiterrez e Almeida (2008), onde
é dito que toda pratica esportiva conota uma razão e transmite valores de certa forma
dependendo do ambiente social. Outro estudo de Marques, Almeida e Guitierrez (2007) traz
a ideia de pelo esporte ser heterogêneo, ele pode se manifestar de maneiras diferentes em
lugares aparentemente parecidos, os valores morrais envolvidos serão determinados pelo
sentido que a pratica tem naquele ambiente.

DSC3:“...tudo na nossa vida são experiências, então eu vejo, eu olho para esse sentido
novas pessoas, novidade de vida né (S2). É no próprio futebol ele pega as amizades dele
né, para jogar bola pega o ônibus para viajar junto vem treinar, é umas novas amizades
que tudo gente também do mesmo nível que, eu acho que bastante amizade é amizade
boa... (S3). Oh primeiro a convivência, entre outras pessoas outros costumes, outras
linguagens, outras educações então mais o convívio social (S6).

A participação dos pais foi descrita como uma atividade intensa, onde eles abrem
mão de atividades do dia-a-dia para poder vivenciar todo o processo de iniciação esportiva
do filho. Como Samuslky e Vilani (2002) apontam, a participação do pai tem um grande
papel no desenvolvimento da personalidade da criança. Sendo assim, os pais que
realmente se envolvem com a rotina da prática esportiva do filho corroboram para que a

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320

criança se sinta importante. Os achados se assemelham com os dados do estudo de Darido


e Farinha (1995), que mostram a grande participação dos pais no inicio do processo
esportivo na natação. No estudo de Simões, Böhme e Lucato (1999) também foi visto uma
alta prevalência de participação dos pais nas atividades esportivas dos filhos.

DSC4: “Aquilo que eu te falei eu, eu de quarta e sexta feira eu abdiquei da minha academia
(S3). Ah minha participação, eu vou todo jogo eu estou presente todo treino, eu incentivo
ele demais ate quando ele não joga eu peço para ele ir assistir o jogo pra ele ver os amigos
dele jogar, quando ele não é convocado, ele se incentiva mais ainda, mas todo treino eu
estou junto (S5). Como nos participamos ativamente quando adolescente jovem, de
esportes, de basquete, futebol, minha esposa vôlei então eu tenho uma participação muito
ativa de realmente não cobrar porque eu sei que a idade dele não é de cobrança muito
rígida mas cobrar assim, de ter disciplina (S6).

Os pais acreditam que a idade ideal para que comece uma especialização no futebol
deve ocorrer durante a puberdade. Rodrigues (2003) sugere que de 10 a 13 anos de idade
o treinamento deve ter um caráter educativo. Uma tabela formulada por Bompa (2000)
aponta que a idade para o inicio da especialização no futebol gira em torno dos 14-16 anos
de idade.

DSC5:“Vamos falar que ele já terminou o colegial, que é uma idade mais ou menos, um
pouco antes segundo, primeiro colegial, terminou pelo menos o ensino básico (S1), 14, 15
anos, daí sabe se tem condições de ser (S4). Lá pelos uns 12, 13, 14 acho que é essa
idade que é a definição (S6).

Conclusão: Os pais entrevistados julgam que sua participação é importante para o filho e
devido a isso buscam participar ao máximo das atividades em que a criança está inserida.
A maioria dos sujeitos demonstra que não há preocupação com o rendimento competitivo
do filho neste momento e também não há planos de carreira esportiva. Eles dizem que em
primeiro lugar estão os estudos e que existe um fator de competência e sorte para o filho
se tornar profissional. Além disso, os pais ressaltam que a idade para começar a se
preocupar sobre uma possível carreira é próximo aos quinze anos de idade. É importante
destacar que tais achados dizem respeito a pais que estão presentes no processo de
participação esportiva do filho. Desta forma acredita-se que são necessários estudos
futuros em diferentes categorias de idade, e com pais com diferentes formas de
envolvimento com a prática do filho.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
321

Referências
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do filho. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo

ENSINO-APRENDIZAGEM E PROCESSOS CRIATIVOS NO ESPORTE POR MEIO DE


JOGOS: A AVALIAÇÃO NO MODELO DO TACTICAL GAMES
Renato Sampaio Sadi – UFSJ
Ivan dos Santos – Secretaria Municipal de Educação de Goiânia
Rafael Vieira de Araújo – Secretaria Municipal de Educação de Goiânia
renatosampaio63@gmail.com
RESUMO: O ensino-aprendizagem no esporte como questão estratégica depende de
variáveis externas como o ambiente, os equipamentos, os materiais e o planejamento de
jogos, assim como de questões internas aos sujeitos envolvidos, professores, alunos,
treinadores, jogadores. A organização de aulas e treinos, reforçada por processos criativos
no esporte foi explorada, neste trabalho, a partir do modelo pedagógico do Tactical Games.
Categorias e níveis de jogo foram problematizados. Questões sobre avaliação foram
produzidas. O objetivo foi obter a coerência entre o nível de complexidade do jogo e as
perguntas aos jogadores. A metodologia aplicada foi qualitativa, descritiva e discursiva,
Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
323

levando-se em conta a construção de lógicas cognitivas e as simulações hipotéticas sobre


o jogo. Os resultados indicaram, a partir de 5 categorias (Tempo, Espaço, Risco, Tática e
Técnica) a formulação de 16 questões avaliativas sobre a compreensão do jogo.
Conclusões: Pensar sobre o jogo e verbalizar o conjunto de ações ambientais do jogo e dos
jogadores conferem densidade e criatividade ao processo pedagógico.

Palavras-chave: jogo esportivo; criatividade; avaliação


INTRODUÇÃO: O problema deste estudo é aproximar o ensino-aprendizagem de
processos criativos no esporte por meio de jogos. A pesquisa foi baseada no método
Teaching Games for Understanding (TGfU) na vertente específica do Tactical Games. (TG)
(Mitchell; Oslin; Griffin, 2003) Após revisão da literatura e das características deste método,
esboçamos uma plataforma avaliativa específica composta por um planejamento de jogos,
nos quais extraímos questões, em forma de verificações sobre a compreensão do jogo. Os
objetivos gerais podem ser assim enunciados: aproximar o processo de ensino-
aprendizagem no esporte por meio de uma intervenção criativa baseada em jogos; criar
ênfases no conceito de jogo esportivo, que estabelece a ponte entre o jogo e o esporte;
esboçar um planejamento de jogos, separados por categorias e níveis; produzir questões
sobre avaliação. O objetivo específico foi obter a coerência entre o nível de complexidade
do jogo e as questões produzidas.

MÉTODOS: O método de pesquisa qualitativa e cumulativa pode ser traduzido como um


aporte de conhecimentos teórico-práticos na perspectiva do desenvolvimento pedagógico
e na descoberta de caminhos. (Van Zanten, 2004) Esta metodologia incluiu um extenso
conjunto de autores e textos, sintetizados em dois livros. (Sadi, 2010; 2015) Por não se
tratar de pesquisa direta com seres humanos ou animais não houve necessidade de
consentimento de sujeitos. Nesse sentido os procedimentos éticos foram relativos às
perguntas hipotéticas apresentadas e, portanto, respeitados. Os aportes teóricos do TGfU
orientaram as determinações de ensino, compreensão e criatividade no jogo. (Griffin;
Mitchell; Oslin, 1997; Butler; Griffin, 2010) Os procedimentos técnicos foram organizados
em três etapas: 1 – Seleção e descrição de jogos; 2 – Debate sobre o conteúdo e a forma
de cada jogo; 3 – Construção de plataforma avaliativa a partir das lógicas cognitivas que
inclui os determinantes da memória sobre a ação. (Matias; Grecco, 2010; Tavares, 2013)

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
324

RESULTADOS: A complexidade de assimilação do jogo obedece à 4 níveis de faixa etária.


Semelhanças, diferenças e pertinências entre formas de jogos e processos de ensino e
treino implicam em focos de compreensão e aplicação. Para cada nível, as perguntas
obedeceram à lógica que inicia no mais fácil e termina no mais difícil. 16 questões
produzidas para avaliar a compreensão foram distribuídas em cinco categorias
evidenciando a coerência entre o nível e a pergunta. (Quadros 1 a 5)

Categoria Tempo
Nível Exemplos de Perguntas
1 Quanto tempo demorou o jogo? Podemos jogar mais rápido?
2 Quando você pegar a bola o que deve fazer? Quando é melhor passar?
3 No início do jogo é melhor estudar o adversário ou sair jogando e deixa-
lo jogar? Quando você decidiu arremessar/chutar?
4 O que fazer ao escolher uma jogada que deu errado? Houve tempos
curtos de posse de bola?
Quadro 1

Categoria Espaço
Nível Exemplos de Perguntas
1 Qual é o tamanho do espaço de dentro e de fora da quadra? Qual é a
linha que divide este espaço? E as outras linhas?
2 Dentro do espaço de jogo quais são as divisões do nosso time? Para
quem você passou a bola?
3 Em cada espaço dividido (defesa, meio, ataque) qual é o nome (função)
dos jogadores? Qual é a melhor distância para
sacar/arremessar/chutar?
4 Por onde é melhor atacar? Direita, centro ou meio? Onde estão os
melhores jogadores do time adversário?
Quadro 2

Categoria Risco
Nível Exemplos de Perguntas

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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1 O que deve ser feito quando o time adversário pegar a bola? O que
deve ser feito quando a bola sai do jogo?
2 Quando um adversário tenta pegar a bola que está com você, o que
você deve fazer? O que você fez quando o nosso time estava perdendo
e faltava pouco para acabar?
3 O que deve ser feito quando o time adversário provocar e/ou fazer falta?
O que deve ser feito se um ou dois jogadores do nosso time saírem do
jogo?
4 Quando ocorrer a perda da posse de bola o que fazer para recompor a
equipe? O que você fez quando arriscou o saque/arremesso/chute?
Conseguiu visualizar o seu time? E o adversário?
Quadro 3

Categoria Tática
Nível Exemplos de Perguntas
1 O que deve ser feito para não juntar muita gente perto da bola? Quantos
jogadores tem o nosso time? Onde eles iniciam o jogo?
2 Antes de sacar/atacar/chutar no que você pensa? Como conduzir a bola
ao ataque sem ter medo de perde-la?
3 O que foi melhor, atacar pela esquerda, direita ou centro? Por que?
Como nós criamos chances de arremesso/chute/ataque?
4 Quais as diferenças entre uma defesa aberta e uma defesa fechada?
Qual delas se aproximou mais do jogo que fizemos? Ao decidir passar a
bola, você conseguiu fotografar mentalmente a posição dos jogadores?
Quadro 4

Categoria Técnica
Nível Exemplos de Perguntas
1 É melhor passar com as duas mãos ou com uma mão? Como você
passou? O que é mais fácil, sacar por cima ou por baixo? Como você
sacou?

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
326

2 O que é preciso fazer para jogar a bola de manchete? Qual técnica você
utilizou mais neste jogo?
3 Como que você salta para arremessar/atacar? No momento destes
saltos, como é a sua técnica? Como você arremessa/chuta/ataca em
jogadas de velocidade?
4 Qual a melhor técnica para atacar? E para defender? Quando utilizou
suas técnicas pensou em não fazer falta? Qual é a melhor técnica para
passar? E para receber um passe? Como você vem melhorando esta
técnica?
Quadro 5

CONCLUSÂO: O universo do jogo se aproxima cada vez mais do mundo do esporte, sendo
o jogo esportivo, uma combinação de jogo e esporte. Trata-se de um tema central que
envolve o ensino-aprendizagem do esporte em torno dos processos criativos. Há um campo
fértil de produção e reprodução de conhecimentos, que pode ser explorado, a partir de
modificações, assim como, por meio de perguntas específicas e coerentes aos jogadores,
de acordo com seu nível. Conclui-se, portanto que, as perguntas sobre a compreensão do
jogo se revelaram pertinentes. Pensar sobre o jogo e verbalizar o conjunto de ações
ambientais do jogo e dos jogadores conferem densidade e criatividade ao processo
pedagógico.

REFERÊNCIAS

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globally. Human Kinetics, 2010.

GRIFFIN, Linda, MITCHELL, Steve. A; OSLIN, Judy. Teaching sport concepts and skills:
A tactical games approach. Human Kinetics, 1997.

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MITCHELL, Steve; OSLIN, Judy;GRIFFIN, Linda. Sport foundations for elementary


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permanente e da intervenção criativa em crianças e jovens esportistas. Ícone, 2015.

TAVARES, Fernando. Jogos esportivos coletivos: a ação tática está na mente do jogador
ou no contexto da situação? In: NASCIMENTO, Juarez Vieira; RAMOS, Valmor; TAVARES,
Fernando. (orgs) Jogos Desportivos: formação e investigação, Universidade do Estado
de Santa Catarina, 2013.

VAN ZANTEN, Agnes. Pesquisa qualitativa em educação: pertinência, validez,


generalização. Perspectiva, 22, 25-45, 2004.

O ÍNDICE DE COMPLEXIDADE ESTRUTURAL DO JOGO: ENTRE SEUS PRIMEIROS


PASSOS E SUAS PRIMEIRAS POSSIBILIDADES

Marcos Vinícius Russo dos Santos / GIEPAJ – LEPE – Unicamp;

Luis Bruno de Godoy / GIEPAJ – LEPE – Unicamp;

Marcus Vinícius Simões de Campos / GIEPAJ – NUCORPO – UFTM;

Alcides José Scaglia / GIEPAJ – LEPE – Unicamp.

marcos.russantos@gmail.com

RESUMO: Este trabalho teve por objetivo se aprofundar no conceito e contexto do Índice
de Complexidade Estrutural do Jogo (ICEJ), assim como indicar suas primeiras
possibilidades. Foi uma pesquisa exploratória-descritiva sobre o ICEJ e suas possibilidades
para os Jogos Esportivos Coletivos (JEC). A Complexidade Estrutural do Jogo (CEJ) que é

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
328

o conceito raiz do ICEJ foi explorada no sentido de interpretá-la como o nível de perturbação
da estabilidade dinâmica, construída mentalmente por um jogador para subsidiar uma ação
tática, sendo que essas perturbações são derivadas das estruturas do jogo. Assim, pode-
se classificar o ICEJ pela mensuração da complexidade Tipo 1. Este índice é assim descrito:
ICEJ=[(Id/Ic)*(A*B)]*Cc; No qual seu valor refere-se a cada Tomada de Decisão (TD) de um
jogador de referência. Os seus componentes são as estruturas do jogo representadas pelas
Intenções divergentes (Id), Intenções convergentes (Ic), Alvos (A) e Bolas (B). O último valor
é o da Constante caótica (Cc) que representa o grau de imprevisibilidade das interações de
todos os agentes do jogo em um instante de TD. Neste sentido, há a possibilidade inicial
para o educador do esporte ajustar o ICEJ, como um indicador de dificuldade do JEC
proposto na perspectiva dos jogadores, entre outras.

Palavras-Chave: Jogos Esportivos Coletivos; Tomada de decisão; Estratégia.

INTRODUÇÃO: Alguns pesquisadores que estudam o fenômeno dos Jogos Esportivos


Coletivos (JEC) têm buscado maneiras de desenvolver o processo de ensino-
aprendizagem-treinamento, que levem em consideração a complexidade inerente ao jogo
(GRÈHAIGNE; BOUTHIER; DAVID, 1997; GARGANTA, 1998; DAOLIO, 2002; FREIRE,
2006; GRECO, 2006; SCAGLIA; REVERDITO; LEONARDO; LIZANA, 2013). Para isso,
perceberam ser importante o maior entendimento das tomadas de decisões no contexto
desses jogos (GRÈHAIGNE; WALLIAN; GODBOUT, 2005; ARAÚJO, 2009; ROCA; FORD;
MCROBERT; WILLIAMS, 2010), assim como das ações estratégico-táticas como um todo
(GARGANTA, 2006).

A dimensão estratégica-tática pode ser interpretada pela “[...] arte de utilizar as


informações que aparecem na ação, de integrá-las, de formular esquemas de ação e de
estar apto para reunir o máximo de certezas para enfrentar a incerteza” (MORIN, 2013, p.
192). Ligada a esta definição, sabe-se que pela imprevisibilidade estrutural do jogo, a
capacidade de decidir ocupa um lugar central nesse contexto (SOUZA; PAULA; GRECO,
2000).

Concordante às ideias acima, Russo dos Santos (2014) não nega a vastidão de
concepções e abrangência da complexidade como afirma Morin (2013), mas sim, utiliza das
ideias dele, entre outros autores (BERTALANFFY, 2008; MATURANA, 1980; BOGDANOV;

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
329

1996; CAPRA, 1996; MATURANA; VARELA, 2001) para definir uma das vias da
complexidade pela sua vertente estratégica.

Esta definição foi necessária para ajudar a compreender como ocorre as ações dos
jogadores em meio a um sistema complexo que é o jogo. Sendo que, esta definição somada
ao estudo do processo organizacional sistêmico dos JEC resultou na construção do
conceito de Complexidade Estrutural do Jogo (RUSSO DOS SANTOS, 2014). Portanto,
este trabalho tem por objetivo se aprofundar no conceito e contexto do Índice de
Complexidade Estrutural do Jogo para descrever suas primeiras possibilidades de
aplicação nos JEC.

MÉTODOS: Este trabalho foi uma pesquisa exploratória-descritiva sobre o Índice de


Complexidade Estrutural do Jogo (GERHARDT; SILVEIRA, 2009). Houve uma exploração
do conceito raiz do Índice de Complexidade Estrutural do Jogo e de seu contexto
tecnológico. Em seguida, houve uma descrição das primeiras possibilidades de aplicação
nos JEC e melhora dessa ferramenta para professores e treinadores adequarem seus jogos
às necessidades de cada grupo de alunos ou atletas.

RESULTADOS: O conceito raiz do Índice de Complexidade Estrutural do Jogo (ICEJ) é a


Complexidade Estrutural do Jogo (CEJ). A CEJ buscou entender como as estruturas do
jogo interagem com o mundo mental construído pelo jogador para agir no contexto desse
sistema complexo. Tais interações são provenientes das Estruturas Padrões ilustradas em
complexidade por Scaglia (2003) e descritas detalhadamente por Bayer (1994) na forma
das invariantes dos JEC.

As referências estruturais do jogo podem configurar-se no campo de conhecimento


dos jogadores ou no campo de desconhecimento, no momento de tomarem suas decisões.
Estas decisões objetivam, em última instância, vencer o jogo no momento em que este
acontece, logo, são decisões táticas (BAYER, 1994; GARGANTA, 1998; PÉREZ
MORALES&GRECO, 2007; SCAGLIA, 2011). Deste modo, este constructo teórico é
entendido como o nível de perturbação da estabilidade dinâmica, construída mentalmente 6

6
A construção de um mundo mental é derivada do Processo de Cognição descrito por Maturana (1980).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
330

por um jogador para subsidiar uma ação tática, sendo que essas perturbações são
derivadas das estruturas do jogo.

Do mesmo modo que argumenta Morin (2013), esta perspectiva da complexidade


também é vista como dificuldade, como incerteza e esse conceito pode ser aplicado a
qualquer JEC. Neste intuito, o ICEJ foi construído para conceber o nível dessa dificuldade
e incerteza pelo nível de desordem sobre a ordem, o que para a área da complexidade
ecológica significa que a fórmula descrita abaixo, se configura no tipo 1 de mensuração da
complexidade, caracterizando uma assinatura estrutural do nosso sistema complexo em
questão (PARROTT, 2010). Nesse sentido, o ICEJ é expresso da seguinte maneira:

ICEJ = [(Id/Ic)*(A*B)]*Cc => ICEJ/TD

O ICEJ procura relacionar as estruturas do jogo no momento da Tomada de Decisão


(TD) de um jogador que se tem por referência. Este jogador está inserido em um ambiente
competitivo, onde existem obrigatoriamente Intenções divergentes (Id) a dele,
representadas pela quantidade de adversários, pois a cada instante, a ação de cada um
deles aparece como perturbação à estabilidade dinâmica, construída por esse jogador para
subsidiar sua ação. Por outro lado, ele busca cooperar com determinadas Intenções
convergentes (Ic) a seu objetivo, representadas pela quantidade de companheiros de
equipe e si próprio, pois a cada instante de decisão, cada ação de um companheiro de
equipe irá reduzir o problema desse jogador de referência, aumentando sua previsibilidade
ambiental.

Todas essas relações competitivas e cooperativas irão combinar-se a outras


estruturas dos JEC, uma é a quantidade de Alvos a atacar (A), caracterizados pela
quantidade daquilo que conta ponto no jogo, ou seja, por aquilo que atrai as ações dos
jogadores, sendo que quanto mais alvos possíveis para o jogador atacar, mais destinos
possíveis sua ação pode tomar, o que aumenta a dificuldade de se construir uma
estabilidade dinâmica em meio ao jogo. Também outra estrutura é a quantidade de Bolas
(B), já que cada bola presente a um JEC forma perguntas ao jogador em relação à sua
dinâmica, o que é extremamente variável de instante para instante, por isso a dinâmica de
cada bola presente ao JEC se torna uma perturbação.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
331

Por fim, há outro elemento presente ao ICEJ que é a Constante caótica (Cc), ela é
representada pela resultante da interação de todos os agentes do sistema no momento de
decisão. Estes estão divididos em dois grupos os Agentes de Maior Escala (AME) que são
numericamente a quantidade total de jogadores e a Somatória de Agentes de Escala
Inferior (SAEI), os quais abrigam todos os agentes que não são os jogadores, mas que de
alguma forma interagem com eles, numericamente eles têm o valor de 1. Deste modo, Cc
= AME + SAEI.

O ICEJ, que é uma construção teórica e prática, possui algumas possibilidades já


iminentes. A primeira delas é de ser uma ferramenta para o professor ou treinador mensurar
a CEJ para determinado jogador de referência, entendo-a também como um indicador de
dificuldade do jogo. Uma segunda possibilidade e talvez a mais importante, é que com a
fórmula, o profissional poderá comparar quais alterações podem ser feitas nas estruturas
do jogo para aumentar ou diminuir a CEJ, ajustando o jogo a determinado grupo de alunos
ou atletas.

Outra questão de extrema importância é a não possibilidade de comparar


modalidades esportivas pelo ICEJ, pois caso se faça isso, reduzirá a complexidade do jogo
à CEJ, o que seria um erro. A proposta é comparar um jogo em específico como ele próprio,
conforme fizeram Bastos, Graça e Santos (2008) e entender sua repercussão na CEJ:

Futebol 3x3: ICEJ = [(3/3)*(1*1)]*7 => ICEJ = 7/TD

Futebol 5x5: ICEJ = [(5/5)*(1*1)]*11 => ICEJ = 11/TD

Futebol 11x11: ICEJ = [(11/11)*(1*1)]*23 => ICEJ = 23/TD

Embora o ICEJ tenha correspondido à elevação de complexidade esperada pelos


autores acima nos diferentes jogos, ainda é preciso melhorar esta fórmula para contemplar,
por exemplo, as diferentes dimensões de campo que esses autores utilizaram, pois isso
certamente altera a CEJ. No entanto, foram mostradas algumas possibilidades de utilização
do ICEJ, o qual se apresenta muito próspero.

CONCLUSÃO: Deste modo, pode-se conferir o surgimento de uma ferramenta de


mensuração da CEJ do Tipo 1, capaz de fornecer ao professor ou treinador uma visão
objetiva sobre a dificuldade do jogo proposto na perspectiva do jogador. Porém, o ICEJ

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
332

ainda não está pronto. Nesse sentido, a constante colaboração da comunidade científica
será fundamental para aprimorarmos esta proposta.

REFERÊNCIAS

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jogo reduzido em jovens do 3º ciclo do ensino básico. Rev Port Cien Desp, v.8, n.3, p.355-
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de Sistemas por: V. N. Sadovsky (editor técnico); A. Kartashov ; V. Kelle; P. Bystrov – 1ª
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GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. (Org.). Métodos de Pesquisa. 1ª ed. – Porto Alegre:


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- Ed. Revista e modificada pelo autor - 15ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.

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1076, Nov, 2010.

RUSSO DOS SANTOS, M. V. Complexidade estrutural do jogo: uma proposta


conceitual para os jogos esportivos coletivos. Monografia de graduação pela
Universidade Estadual de Campinas, 2014.

SCAGLIA, A J. O futebol e os jogos/brincadeiras com os pés: todos semelhantes


todos diferentes. Tese de Doutorado pela Universidade Estadual de Campinas, 2003.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
333

INICIAÇÃO ESPORTIVA AO BASQUETEBOL: OS JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS


COMO PRINCIPAL FATOR DE APRIMORAMENTO DA TÁTICA

Marlus Alexandre Sousa- FEF/Unicamp

Luiza Darido da Cunha – DEF/Unesp Rio Claro

Roberto Rodrigues Paes – FEF/Unicamp

Rubens Venditti Junior- FC/Unesp Bauru

marlusbh@yahoo.com.br

RESUMO: A presente pesquisa tem como finalidade apontar os Jogos Esportivos Coletivos
(JECs), como recurso pedagógico no refinamento tático do ensino e prática do Basquetebol.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
334

Já realizamos parcialmente uma pesquisa de observação em duas equipes de Basquetebol,


masculino, categoria-sub12, na cidade de Campinas-SP, uma vez que esta pesquisa
compõe as análises iniciais de estudos mais amplos em nossos grupos de pesquisa.
Esperamos encontrar resultados relacionados aos treinamentos enfatizando somente a
técnica, deixando de lado o trabalho tático, aspecto destacado nas observações. Desta
forma, não é concebido ao praticante seu desenvolvimento global e o conhecimento das
ações táticas e inteligência de jogo. Para o desenvolvimento do esporte de maneira integral,
assim como na iniciação esportiva ao Basquetebol, é imprescindível desenvolvermos
formas e métodos que contemplem a tomada de decisão, percepção e antecipação,
elementos importantes para a evolução e compreensão do jogo, fatores que serão
destacados na discussão do trabalho.

Palavras-chave: Jogos Esportivos Coletivos - Tática - Basquetebol

INTRODUÇÃO: O esporte vem evoluindo e se transformado de forma rápida e significativa.


O Brasil foi sede da Copa do Mundo de Futebol em 2014, evento de grande repercussão
mundial e sediará, em 2016, a Olimpíadas e Paralimpíadas. Diante deste quadro,
certamente e conforme aponta Ferreira (2009) haverá um enorme envolvimento das
pessoas com o universo esportivo, seja como praticante, telespectadores, consumidores,
pesquisadores ou como profissionais, aumentando a exposição do Esporte nos principais
veículos de comunicação, mostrando todo o seu potencial econômico e mercadológico.
Desta forma, podemos afirmar que o esporte é um fenômeno sociocultural de variadas
manifestações, cada vez mais incorporado aos interesses e necessidades dos mais
diversos tipos de praticantes (CAGIGAL,1983; GOELLNER, 2005; PAES,2002; GALATTI,
2006). Com o processo de massificação do esporte, tornando-o pluralizado e fascinante
(PAES, 1992), cada vez mais crianças e jovens procuram a prática esportiva seja no
ambiente formal (escolas), não-formal (clubes, escolas de esportes) ou informal (ruas,
praças públicas).

Tal modo, o presente trabalho busca enfatizar o treino tático na iniciação ao


Basquetebol, utilizando os Jogos Esportivos Coletivos (JECs) como instrumento atuante no
processo de ensino, vivência e aprendizagem das modalidades esportivas, em especial o
Basquetebol. Conforme mencionamos anteriormente, com a evolução do esporte, o
Basquetebol está mais dinâmico, imprevisível e competitivo, exigindo melhores níveis de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
335

proficiência dos praticantes, e também uma compreensão mais rica e execução dos seus
aspectos técnicos e táticos (PAES, MONTAGNER e FERREIRA 2009).

No ensino e aprendizagem do Basquetebol para crianças (Iniciação Esportiva),


observamos treinadores aplicando uma forma reducionista do esporte. Isto evidencia-se
quando observamos práticas descontextualizadas, pressupondo a ideia de que a criança
precisa aprender e aperfeiçoar a técnica para obter êxito no jogo. Essa concepção faz com
que se dissocie a tática (motivo de agir) da técnica (meio de agir), ocasionando uma
mecanização dos movimentos (FILGUEIRA e GRECCO, 2008). Com isso, conforme aponta
Ibáñez (2008) é necessário conhecer, analisar e organizar o treinamento esportivo, pois
procedimentos inadequados podem determinar resultados futuros. Corroborando com os
autores, Paes (2002) afirma que é preciso jogar para aprender e não aprender para jogar.

O objetivo deste estudo é a apontar os JECs como instrumento para o


desenvolvimento da tática na iniciação esportiva ao Basquetebol. Para isso, segundo
Tiegel e Greco (1998) é fundamental desenvolver métodos que otimizem as capacidades
cognitivas em idades precoces, aumentando as chances de se formarem praticantes com
capacidade de tomada de decisão e participarem de forma autônoma e ativa no jogo. As
decisões sobre “ o que fazer”, “quando fazer” e “ como fazer” tornam-se fundamentais ao
praticante comportar-se de maneira inteligente durante a partida, (GRECO, 1998). Nesta
mesma perspectiva, o autor Garganta (1995, p.12) ressalta que:

“Os JDC são atividades ricas em situações imprevistas às quais o indivíduo que joga tem que responder. O
comportamento dos jogadores é determinado pela interligação complexa de vários fatores (de natureza
psíquica, física, tática, técnica,). Nesta medida, devem os jogadores resolver situações de jogo que, dadas as
diversas configurações, exigem uma elevada adaptabilidade, especialmente no que diz respeito à dimensão
tático-cognitiva”.

Garganta (1995) destaca que os JECs possibilitam um ambiente favorável para o


praticante atingir seus objetivos. Da mesma forma, Galatti, Ferreira, Silva e Paes (2008),
ressaltam que os JECs por serem mais flexíveis, tornam-se mais adequados aos interesses
e necessidades dos alunos. Os autores defendem a realização de festivais esportivos, pois
não têm um valor exacerbado na competição e com isso todos participam
independentemente do seu grau de habilidade. Weineck (1991) ressalta que a competição
exacerbada em fases infantis é uma das causas do abandono precoce das práticas
esportivas.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
336

Ferreira, Galatti e Paes (2005) afirmam que é um equívoco indicarmos um método


correto para a aplicação e ensino do Basquetebol, pois seria difícil apenas um método
abranger toda a complexidade da modalidade. Concordamos com os autores, pois
considerar apenas um método, o treinador não considerará as diferentes particularidades
dentro do grupo.

MÉTODO: Conforme mencionado, nosso objetivo com este trabalho foi apontar os JECs
como instrumento para o desenvolvimento da tática na iniciação esportiva ao Basquetebol,
a partir de observações sistemáticas nas equipes do estudo. Vale ressaltar que por termos
os estudos ainda em andamento, inclusive pelo cronograma das pesquisas e também da
disponibilidade dos sujeitos participantes, no prazo de nossa submissão coletamos
parcialmente o conjunto de dados, que já nos indica algumas análises supostamente
pensadas por nós autores. Embora tenhamos ainda alguns dados para coleta e análise,
constatamos pertinente indicar o que já foi observado. Explicada a questão do pacote
parcial de dados, o estudo se caracteriza por uma pesquisa de observação, durante 2
meses, em duas equipes de Basquetebol, categoria sub-12, em dois clubes de Campinas-
SP, participantes de campeonato oficial da ARB (Associação Regional de Basquete).
Utilizamos para a análise o caderno de campo e anotações diárias dos treinos. Foram duas
equipes, compostas cada uma por 12 atletas, sendo as rotinas e atividades dos treinos
observadas por 08 (oito) semanas, totalizando 24 sessões de treinamento, nos meses de
setembro e outubro do ano corrente. Nas observações de cada sessão, buscou-se dar a
devida atenção aos itens: exercícios analíticos, exercícios sincronizados, jogos e
brincadeiras, situações de jogos, jogos pré-desportivos, jogo formal; materiais e recursos
utilizados.

RESULTADOS: Como resultados inicialmente observados, constatamos algumas


melhorias nas respostas da imprevisibilidade do jogo de Basquetebol. A referida
modalidade sofre alterações nas regras ao longo do tempo e nesta perspectiva complexa
é fundamental discuti-lo num contexto cercado de múltiplas possibilidades, funções e
significados. A partir daí, é preciso trata-lo com referenciais pedagógicos inovadores para
a aprendizagem e treinamento da modalidade (PAES, MONTAGNER e FERREIRA ,2009).
O ensino e prática do Basquetebol nas fases iniciais carece de evolução, pois notadamente

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
337

os praticantes são submetidos a treinos não condizentes com sua fase de desenvolvimento
e desprovidos de estímulo às Múltiplas Inteligências (BALBINO, 2007).

CONCLUSÃO: Constatamos que é imprescindível propor os JECs para uma rica reflexão
tática do jogo, fazendo com que o praticante tenha ampla capacidade de tomada de
decisão, elaborando respostas rápidas e inteligentes, explicitando um comportamento
cognitivo. Não defendemos apenas um modelo para o aprimoramento da tática na Iniciação
ao Basquetebol, mas é fundamental o treinador conhecer a realidade dos seus alunos, seus
anseios e necessidades a fim de contribuir para seu desenvolvimento integral. Ainda
observamos muitos técnicos e professores utilizando o método tradicional em suas aulas
ou treinos, favorecendo a não compreensão do jogo. Neste contexto da mecanização de
movimentos, o praticante torna-se desmotivado devido à realização de apenas movimentos
específicos. Portanto, numa fase de especialização esportiva o praticante terá dificuldades
motoras, sociais, afetivos e cognitivas.

REFERÊNCIAS:

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uma proposta em pedagogia do esporte. Dissertação (Mestrado), Faculdade de
Educação Física, Unicamp. Campinas: Unicamp, 2007.

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ACERO, R.et al. Educación Física y deporte no século XXI. Universidade da Corunã,
1996.p.163-180.

FERREIRA, H.B.; Galatti, L.R; Paes, R.R. Pedagogia do esporte: considerações


pedagógicas e metodológicas no processo de ensino e aprendizagem do Basquetebol. In:
Paes, R.R.; Balbino. H.F; Pedagogia do Esporte: contexto e perspectivas. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2005

FERREIRA, H. B. Pedagogia do esporte: identificação, discussão e aplicação de procedimentos


pedagógicos no processo de ensino-vivência e aprendizagem da modalidade basquetebol.
Campinas, SP: [s.n], 2009.

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FILGUEIRA, F.M.; GRECCO, P.J. Futebol: um estudo sobre a capacidade tática no


processo de ensino-aprendizagem-treinamento. In: Revista Brasileira de Futebol, 2008, Jul-
Dez: 01 (2): p.53-65, 2008.

GALATTI, L.R. Pedagogia do Esporte: o livro didático como mediador no processo de


ensino e aprendizagem de jogos esportivos coletivos.2006.139f.Dissertação (Mestrado em
Educação Física) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 2006.

GARGANTA, J. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA,
J. (Eds.). O ensino dos jogos desportivos coletivos. 2. ed. Porto: Universidade do Porto,
1995. p. 11¬25.

GOELLNER, S. Locais da memória: histórias do esporte moderno. Arquivos em


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GRECO, P.J.; BENDA, R.N. Iniciação esportiva universal. Belo Horizonte: Editora UFMG,
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PAES, Aprendizagem e Competição Precoce: o caso do basquetebol. Campinas-


SP.Ed: Unicamp, 1992

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Treinamento em Basquetebol. Rio de Janeiro.Editora: Guanabara Koogan, 2009.

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WEINECK, J: Biologia do esporte, Editora Manole, São Paulo, 1991.


Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
339

ENSINANDO O ATLETISMO PARA ALÉM DO TRADICIONAL: REFLETINDO SOBRE


NOVAS ABORDAGENS DE ENSINO
Guy Ginciene/ DEF – UNESP
Sara Quenzer Matthiesen/ DEF – UNESP
guy_ginciene@hotmail.com

RESUMO: O objetivo dessa pesquisa foi o de investigar na literatura publicações referentes


ao ensino do atletismo na perspectiva de superação do ensino tradicional. Por meio de uma
extensa revisão de literatura foram encontradas 5 abordagens para o ensino do atletismo
em uma perspectiva de superar o ensino tradicional e tecnicista. Com essas novas
abordagens o ensino do atletismo pode proporcionar uma aprendizagem para além dos

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
340

conteúdos procedimentais, além de motivar a participação dos alunos, sem contribuir para
a exclusão dos menos habilidosos.
Palavras-Chave: Atletismo; Ensino do atletismo; Metodologias de ensino.

INTRODUÇÃO: A disciplina das Ciências do Esporte que tem o intuito de olhar para o
ensino das modalidades esportivas e de outras práticas corporais é a Pedagogia do
Esporte. Um dos principais objetivos dessa área é o de superar o ensino tradicional, que se
caracteriza pelo ensino voltado exclusivamente ao aprendizado das técnicas esportivas.
Apesar disso, ainda são poucos os estudos que olham para o atletismo pelas lentes
da Pedagogia do Esporte e procuram relacionar as novas abordagens de ensino com essa
modalidade esportiva. Rufino e Darido (2009), por exemplo, constataram que dos 2,19%
dos artigos dessa área encontrados em 8 periódicos científicos brasileiros de Educação
Física, entre 2000 e 2009, apenas 5% estavam relacionados aos esportes individuais.
Nesse mesmo estudo, é possível constatar que a maior parte das publicações se referem
aos Jogos Esportivos Coletivos, revelando uma grande diferença entre o número de
publicações.
No entanto, existem algumas questões sobre o ensino do atletismo que merecem
ser observadas à luz da Pedagogia do Esporte. Uma dessas questões diz respeito ao
ensino tradicional, que, como Valero (2006) explica, é uma abordagem que tem como base
dividir o ensino dos movimentos em partes isoladas, seguido por exercícios de repetição de
cada parte. Depois disso, o professor vai direcionando o aluno a “juntar” essas partes até
resultar na exceção do movimento completo.
Não por outro motivo, o objetivo dessa pesquisa foi o de investigar na literatura
publicações referentes ao ensino do atletismo na perspectiva de superação do ensino
tradicional.

MÉTODO: Para a realização dessa pesquisa foi feita uma pesquisa bibliográfica para
revisar o que há na literatura sobre o ensino do atletismo. Essa técnica é definida por Ruiz
(1996) como uma forma de “análise do que já se produziu sobre determinado assunto que
assumimos como tema de pesquisa científica” (p. 58).
Assim, com base em pesquisa bibliográfica, reuniremos informações sobre o tema
em questão, em livros, artigos, trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
341

sendo que, posteriormente, discutiremos o ensino do atletismo segundo o referencial


teórico pesquisado.

RESULTADOS: Por meio de uma extensa revisão de literatura foram encontradas 5


abordagens para o ensino do atletismo com uma perspectiva de superar o ensino tradicional
e tecnicista.
Uma dessas propostas é a de Matthiesen (2005; 2007), que observando alguns dos
desafios enfrentados pelos professores para inserir o atletismo na escola – como falta de
espaço adequado e de materiais oficiais –, propôs o ensino do atletismo baseado em jogos
e brincadeiras que podem ser feitos sem a necessidade de materiais ou espaços oficiais
para as provas. Mais do que contribuir para a inserção dessa modalidade na escola, as
atividades possuem, também, um caráter lúdico e, consequentemente, motivacional para
as crianças.
Em outra pesquisa, Prado e Matthiesen (2007) apontam para as preocupações em
relação aos conteúdos ensinados em uma aula de Educação Física, mais particularmente,
para as aulas de atletismo que, muitas vezes, se limitam aos conteúdos técnicos, ou seja,
ao “saber fazer”, deixando de lado as dimensões conceituais e atitudinais.
Em relação a esse particular é que apresentamos a segunda abordagem para o
ensino do atletismo, que possui muitos trabalhos desenvolvidos com o objetivo de incluir os
aspectos históricos às aulas, como em Ginciene e Matthiesen (2009; 2012), Santos e
Matthiesen (2013), Matthiesen, Ginciene e Freitas (2012), Prado e Matthiesen (2007),
Matthiesen e Ginciene (2013), Freitas e Matthiesen (2011) e Matthiesen et al (2009).
Aqui, cabe ressaltar que o trato desses conteúdos históricos em sala de aula não se
limitam, unicamente, à introduções expositivas e teóricas de datas e nomes de atletas. A
ideia do ensino do atletismo na perspectiva histórica é fazer os alunos compreenderem a
história dessa modalidade, assim como as mudanças pelas quais as provas do atletismo
passaram no decorrer dos anos utilizando, para isso, jogos e brincadeiras integradas a uma
perspectiva histórica.
Ainda nessa direção, mas com um material mais completo, Matthiesen (2014)
apresenta o ensino do atletismo na escola pautado nas 3 dimensões dos conteúdos
(conceitual, procedimental e atitudinal) e descreve sugestões e exemplos de como trabalhar
nesse formato com as mais diversas provas do atletismo.

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A terceira abordagem que visa a superação do ensino tradicional que foi encontrada
nessa pesquisa é a de Valero (2006; 2007), conhecida como “enfoque ludotécnico”, cujo
objetivo é oferecer “uma orientação lúdica que aumente os níveis de diversão, sem deixar
de lado os aspectos que têm que ser considerados, se o que se pretende ensinar é a técnica
do atletismo” (p. 40, tradução nossa).
Essa proposta de ensino é dividida em 4 fases (VALERO, 2007; VALERO, 2006;
VALERO e MARMOL, 2013), como pode ser visto a seguir: “Apresentação global e proposta
de desafios”, “Propostas ludotécnicas”, “Propostas globais” e “Reflexão e balanço final”.
A quarta abordagem encontrada nesse estudo é a da IAAF (Associação Internacional
das Federações e Atletismo), que utiliza o Miniatletismo com o objetivo de promover a
saúde e a interação social, preocupando-se em instaurar o caráter de aventura nas
atividades, utilizando, para isso, materiais adaptados para crianças (CBAt, 2011).
Já a quinta abordagem se refere a duas pesquisas (HASTIE et al., 2013; PEREIRA,
et al, 2015) que procuraram verificar a abordagem do Sport Education de Daryl Siedentop
para o ensino do atletismo. Hastie et al. (2013) verificaram que não houve uma diferença
significativa na aquisição de habilidades entre o grupo que aprendeu por meio do Sport
Education e o grupo que aprendeu por meio do modelo tradicional. No entanto, foi possível
verificar que apenas o grupo do Sport Education teve uma aprendizagem mais universal,
englobando os aspectos e conteúdos do atletismo como as regras, a atuação como árbitro
etc.
Pereira et al. (2015) verificaram a melhora técnica em três provas do atletismo –
corrida com barreiras, arremesso do peso e salto em distância – em dois tipos de situações
de aprendizagens: uma temporada da abordagem do “Sport Education” e uma abordagem
de “Direct Instruction” – instrução direta. Assim como outras pesquisas, não houve uma
diferença significativa em relação à melhora técnica, no entanto, Pereira et al. (2015)
verificaram que no grupo de alunos que participou da temporada do Sport Education, todos
os alunos, independente do gênero, tiveram uma melhora nas habilidades em todas as
provas, enquanto na Direct Instruction a melhora se limitou aos meninos e àqueles que
possuíam maior habilidades. Um dos possíveis aspectos dessa diferença entre um e outro
é que o Sport Education proporciona um grau de motivação maior para todos, não excluindo
os menos habilidosos.

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CONCLUSÃO: As abordagens para o ensino do atletismo com o intuito de superar o ensino


tradicional encontradas nessa revisão mostram a preocupação existente de superar o
modelo tecnicista. É evidente que o atletismo possui um foco maior no aspecto técnico do
que os Jogos Esportes Coletivos (JECs). No entanto, é preciso ressaltar que o ensino do
atletismo não se limita a simples repetição de movimentos. Com essas novas abordagens,
o ensino do atletismo pode proporcionar uma aprendizagem para além dos conteúdos
procedimentais, além de motivar a participação dos alunos, sem contribuir para a exclusão
dos menos habilidosos.

REFERÊNCIAS

CBAt. Miniatletismo: iniciação ao esporte – Guia prático de atletismo para crianças.


Confederação Brasileira de Atletismo, 2011.

FREITAS, F. P. R.; MATTHIESEN, S. Q. O salto com vara: do processo histórico ao


ensino escolar. In: Dagmar Hunger; Samuel Souza Neto; Alexandre Drigo (Org.). (Org.).
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CRV, 2011, v. , p. 255-263.

GINCIENE, G.; MATTHIESEN, S. Q. Fragmentos da história dos 100 metros rasos: teoria
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GINCIENE, G; MATTHIESEN, S. Q. O sistema de partida em corridas de velocidade do


atletismo. Revista Motriz: Rio Claro, 2012.

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2007.

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MATTHIESEN, S. Q. ; GINCIENE, G.; FREITAS, F. P. R. Registros da maratona em jogos


olímpicos para a difusão em aulas de Educação Física. Revista Brasileira de Educação
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MATTHIESEN, S. Q, org. Atletismo: se aprende na escola. Jundiaí: Editoura Fontoura,


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PEREIRA, J.; HASTIE, P.; ARAÚJO, R.; FARIAS, C.; ROLIM, R.; MESQUITA, I. A
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PRADO, V. M.; MATTHIESEN, S. Q. Para além dos procedimentos técnicos: o atletismo


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RANGEL-BETTI, I. C., Esporte na escola: mas é só isso, professor? Motriz, nº 01, v. 01:
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SANTOS, I. L. ; MATTHIESEN, S. Q. . A história do atletismo como um saber necessário


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Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte (Online), v. 12, p. 118-129, 2013.

VALERO, A. V. El lanzamiento de peso en la educación primaria: una propuesta


ludotécnica de unidad didática. Revista Digital, Buenos Aires, nº 102, 2006.

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enfoques metodológicos. Kronos, n. 9, p. 34-44, jan/jun, 2006.

VALERO, A. V.; MARMOL, A. G. Fundamentos del modelo ludotécnico para la iniciación


al atletismo. Trances, nº 5, v. 5, p. 391-410. 2013

ENSINO DO HANDEBOL NO ÂMBITO ESCOLAR E O DESENVOLVIMENTO DAS


DIFERENTES DIMENSÕES DO DESEMPENHO NA OPINIÃO DOS TREINADORES
Walmir Romário dos Santos – EEFERP/USP
Rafael Pombo Menezes – EEFERP/USP
walmir@usp.br / rafaelpombo@usp.br

RESUMO: O objetivo desta pesquisa foi verificar a relevância das dimensões física, técnica,
tática e psicológica por treinadores de handebol em âmbito escolar. Foram entrevistados
dez treinadores das categorias sub-14 e sub-17 do município de Ribeirão Preto-SP. As

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
346

dimensões do desempenho esportivo foram ranqueadas das mais importantes (score 4) às


menos importantes (score 1) e os discursos dos treinadores com as justificativas foram
tabulados e analisados de acordo com o método do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Os
resultados apontaram maiores scores para dimensão psicológica na categoria sub-14 e
para a dimensão técnica na categoria sub-17. Em relação aos métodos de ensino,
compreendemos a necessidade de explorar os métodos ativos, uma vez que o gesto
técnico correto não é a característica mais enfatizada pelos treinadores entrevistados.
Palavras-chave: Pedagogia do Esporte; Handebol; Formação esportiva.

INTRODUÇÃO: O handebol é um jogo esportivo coletivo (JEC) de invasão que se


desenvolve em um ambiente complexo nos quais os elementos técnicos, táticos e suas
dimensões são exigidas para alcançarem os objetivos de cada fase do jogo (MENEZES;
MARQUES; NUNOMURA, 2015). Diversos métodos de ensino-aprendizagem-treinamento
(EAT) são utilizados durante a vivência esportiva dos jogadores, dentre os quais
destacamos o analítico-sintético, o situacional e o global-funcional (GRECO, 2001;
MENEZES; MARQUES; NUNOMURA, 2014; 2015).
Para Garganta (1998), Greco (2001) e Pujals e Vieira (2008) o desempenho
esportivo requer o desenvolvimento de diferentes dimensões, como a técnica, a tática, a
psicológica e a física. Neste contexto, o presente buscou analisar os discursos dos
treinadores de handebol sobre as variáveis mais importantes na categoria sub-14 e sub-17
no âmbito escolar.

MÉTODOS: A amostra foi composta por dez treinadores de handebol escolar de Ribeirão
Preto-SP. Todos os entrevistados são graduados em Educação Física há 18,9±12,8 anos
e com tempo médio de atuação como treinador no âmbito escolar de 13,5±7,4 anos. Todos
assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (CAAE nº. 32063614.3.0000.5407).
Pelo caráter qualitativo deste estudo, optamos pela entrevista semiestruturada, que
parte de questionamentos apoiados em hipóteses interessantes à pesquisa e oferecem
possibilidades para novas interrogativas (MARCONI; LAKATOS, 2011). As questões
norteadoras foram: “Classifique a ordem das capacidades que você considera mais

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
347

importante na categoria sub-14?”; “Por quê?”; “Classifique a ordem das capacidades que
você considera mais importante na categoria sub-17?”; “Por quê?”.
As justificativas para as escolhas (provenientes dos discursos) foram tabuladas e
analisadas de acordo com o método do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) (LEFÈVRE;
LEFÈVRE, 2003), composto por três figuras metodológicas: a) expressões-chave (ECH –
transcrições literais de trechos contínuos ou descontínuos do discurso que revelam a
essência do depoimento); b) ideias centrais (IC – que sintetizam o sentido dos discursos e
reduzem sua polissemia); e c) DSC (discurso-síntese redigido na primeira pessoa do
singular a partir das ECH com a mesma IC).
As dimensões foram ranqueadas pelos treinadores, cuja pontuação variou de 1
(menos importante) a 4 (mais importante). Foi calculada a média dos scores de cada uma,
de maneira a revelar as dimensões consideradas mais importantes para as categorias sub-
14 e sub-17.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: No Gráfico 1 é apontada a pontuação média atribuída


pelos treinadores, separadamente para a categorias sub-14 e sub-17.
FÍSICA

2,13

2,00

PSICOLÓGICA 2,38 2,71 TÉCNICA


3,25
3,71
2,00

Sub-14
2,88
Sub-17
TÁTICA

Gráfico 1. Distribuição da pontuação atribuída pelos treinadores dentre as dimensões.

No DSC1 estão apresentadas as justificativas para a escolha da dimensão


psicológica, com maior score na categoria sub-14:
DSC1: No sub-14 eles têm que aprender a lidar com a competição desde cedoS1, a partir daí a gente consegue
o restoS5. O esporte é uma válvula de escape para os problemasS3, tem que ter uma certa capacidade para
ver o jogo e se dispor a aprender o esporteS7. É fazer eles gostarem do esporteS4 e quando você trabalha a
parte psicológica das crianças, você já estará trabalhando as outrasS6,S10 para que o esporte seja uma coisa
gostosaS3, e a segurança que eles desenvolvem é fundamentalS10. No sub-17 ele já aprendeu no sub-14S1. A
psicológica é ligada às outrasS3,S9 e vai entrar na medida em que eles vão participar de alguma competiçãoS6.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
348

Você conversa uma coisa e sempre entra o psicológicoS6. Você aponta as falhas nas situações de jogoS6; ele
vai ser mais exigido e precisa de um suporteS7, a parte emocional é muito importanteS10.

No mesmo sentido dos entrevistados, Pujals e Vieira (2008) apontam a necessidade


de compreender os fatores psicológicos no esporte, sejam relacionados ao desempenho
ou ao simples prazer pela prática. Buscando compreender a importância dos aspectos
psicológicos na visão de treinadores de modalidades coletivas e individuais, Coimbra et al.
(2008) aplicaram um questionário específico sobre psicologia do esporte na prática
esportiva para 59 treinadores. Os resultados encontrados corroboram o panorama exposto
no DSC1 que, embora todos os aspectos do treinamento sejam importantes, ao
desenvolver os aspectos psicológicos nos jogadores haverá melhoria do desempenho de
uma forma global.
No handebol, assim como em outros JEC, além da importância da dimensão
psicológica há a interdependência entre as dimensões técnica e tática. Os treinadores
apontaram altos scores para o desenvolvimento da dimensão técnica, sendo o valor mais
alto para a categoria sub-17 e o segundo valor mais alto da categoria sub-14. Já a dimensão
tática recebeu o segundo maior score da categoria sub-17 e o menor score da categoria
sub-14 (juntamente com a dimensão física). As justificativas para ambas as dimensões
estão apresentadas respectivamente no DSC2 e DSC3:
DSC2: No sub-14 os fundamentos são a primeira coisa que ele vai ter que aprenderS6. Eles têm que
desenvolver o máximo possível as habilidadesS10 para que comecem a acertar alguma coisa em quadraS4.
Sem a técnica não existe a táticaS9. Na categoria sub-17 se não tiver a técnica não tem como ter uma tática
boaS8. O jogador tem que comprar a ideia do que é jogar, mesmo sabendo da deficiência dele, precisa usar
uma jogada e alguma tática que utilizo e não preciso tanto de uma técnica exemplar deleS2.

DSC3: É importante que ele goste do jogoS10, a capacidade tática é a utilização da técnica numa situação de
jogo coletivoS7. A tática é essencial para que ele entenda o que acontece em jogoS3,S9. No sub-17 vem antes
de qualquer coisaS1. A compreensão do jogo é fundamental, sem ela eles vão sofrer muitoS9.

A importância dada à dimensão técnica pode estar relacionada a aspectos como a


visão fragmentada do ensino do handebol por alguns treinadores, justificada pela premissa
do método analítico-sintético de que seja necessário primeiro aprender os fundamentos
para depois desenvolver a capacidade de jogar (MENEZES; MARQUES; NUNOMURA,
2014). Embora o método analítico-sintético apresenta-se como o mais recorrente na
iniciação esportiva (COSTA; NASCIMENTO, 2008), outras possibilidades ser consideradas,
principalmente as pautam-se no contexto do jogo.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
349

O ensino do handebol deve ser pautado no desenvolvimento do pensamento tático


individual e coletivo crítico, explorando ao longo do processo de formação diferentes
possibilidades de ação no contexto do jogo (MENEZES; MARQUES; NUNOMURA, 2014;
2015). A escolha de um método de EAT não deve levar em consideração somente os
aspectos individuais e a especificidade técnica, mas a interação entre os jogadores e as
respostas às situações-problema (GRECO, 2001; MENEZES; MARQUES; NUNOMURA,
2014) que, novamente, mostra o caráter indissociável entre técnica e tática.
No ambiente escolar o ensino do handebol deve ser pautado em situações-problema
que abordem as características fundamentais do jogo (GARGANTA, 1998), reforçando a
utilização de métodos como o situacional e o global-funcional ao longo da formação
esportiva (MENEZES; MARQUES; NUNOMURA, 2015). Pautar-se apenas no método
analítico, embora atinja uma melhora da execução da técnica, pode não resultar na
transferência para o jogo. Deve-se priorizar os métodos de ensino ativos que consideram
os jogadores como elementos centrais do processo de EAT, principalmente por enfatizarem
a eficácia (ou aplicabilidade) da técnica diante da situação-problema apresentada
(MENEZES; MARQUES; NUNOMURA, 2014). Greco (2001) aponta que, devido à interação
entre as diferentes dimensões aqui abordadas, não é possível que o aluno apreenda essas
sem que os métodos sejam utilizados de forma mista.
Sobre a dimensão física, com os menores scores em ambas as categorias, os
treinadores acreditam que essa pode ser desenvolvida na medida em que o jogo acontece
(em ambas as categorias), como indicado no DSC4:
DSC4: No sub-14 a capacidade física é naturalS6,S7. Ele vai correr mesmo, se a gente jogar a bola na frente
ele corre e pega, e não precisa fazer uma coisa específica para issoS6,S10. Mesmo que ele não tenha boa
capacidade psicológica, vai adquirir a capacidade física; o papel do professor é importante, mas ele se dispõe
a aprender e dali a pouco o moleque tá correndo dentro da quadra, saltando, fazendo de tudoS7. No sub-17 a
capacidade física será introduzida com os movimentos que serão colocados no sistema de treinamentoS6, a
exigência física é maior na categoriaS7, e sem ela não tem como ocorrer a capacidade táticaS8. Nessa
categoria é um fator decisivoS10.

Talvez pelo tempo escasso de treinamento durante a semana (muitas equipes


possuem apenas um treino por semana) os treinadores acreditam que as capacidades
físicas se desenvolvem de maneira natural, não sendo necessária (e viável) a
sistematização de treinamentos específicos para o desenvolvimento desta capacidade. A
dimensão física é de suma importância para o desenvolvimento das dimensões técnicas e
táticas, principalmente porque algumas das competições na categoria sub-14 e sub-17

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
350

exigem comportamentos específicos, como a marcação individual, que requer dos


atacantes a constante utilização de fintas e desmarques (MENEZES, 2010).

CONCLUSÃO: Na categoria sub-14 a dimensão psicológica apresentou maior score,


seguida pelas dimensões técnica e tática, enquanto na categoria sub-17 o maior score foi
apresentado pela dimensão técnica, seguida das dimensões tática e psicológica. A partir
da interação entre as diferentes dimensões que compõem o desempenho dos jogadores de
handebol, entendemos que na iniciação esportiva é interessante que os jogadores
desenvolvam os elementos técnicos dentro do contexto de jogo, juntamente com os
elementos táticos. Os métodos de ensino ativos podem ser interessantes para o
desenvolvimento da técnica e da tática considerando a complexidade do jogo, permeados
pelo desenvolvimento das dimensões psicológica (emoções envolvidas no jogo e pelas
relações entre companheiros e adversários) e física (demandas metabólicas do jogo).

REFÊRENCIAS
COIMBRA, D.R. et al. Importância da Psicologia do Esporte para Treinadores. Conexões,
v.6, n.1, 2008.
COSTA, L.C.A; NASCIMENTO, J.V. O ensino da técnica e da tática: novas abordagens
metodológicas. Revista da Educação Física/UEM, v.15, n.2, p.49-56, 2008.
GARGANTA, J. Para uma teoria dos jogos desportivos colectivos. In: GRAÇA, A.;
OLIVEIRA, J. O ensino dos jogos desportivos. 3.ed. Porto: Universidade do Porto/Centro
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coletivos. In: GARCIA, E.; LEMOS, K. Temas atuais VI em educação física e esportes.
Belo Horizonte: Saúde, 2001. Cap.3, p.48-72.
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pesquisa qualitativa. 1.ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2003.
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metodológicas acerca da categoria cadete. Pensar a Prática, v.13, n.1, 2010.
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o ensino dos jogos coletivos de invasão. Movimento, v.20, n.1, p.351-373, 2014.

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comportamento dos atletas de futebol de campo. Revista da Educação Física/UEM, v.13,
n.1, p.89-97, 2008.

THE IMPACT OF A HYBRID SPORT EDUCATION – STEP GAME APPROACH MODEL


VOLLEYBALL UNIT ON STUDENTS’ GAME UNDERSTANDING

Rui Manuel Flores Araújo / CIFI2D


Mariana Figueiredo Delgado / CIFI2D
Alexandre Igor Araripe Medeiros / UNIFOR
Isabel Maria Ribeiro Mesquita / CIFI2D
raraujo@fade.up.pt

KEYWORDS: Game Understanding; Sport Education; Step-Game-Approach.

ABSTRACT: The purpose of the present study was to analyze the impact of a hybrid Sport
Education Step-Game-Approach (SE-SGA) volleyball unit on student’s game
understanding. The participants were 96 secondary students of four randomly selected
classes. In order to evaluate students’ game understanding in volleyball, a video-based test

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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was developed and applied prior and after the unit. Results showed improvements in game
understanding scoring from pre-test to post-test, which suggest that improvements in game
understanding are possible when participating in a SE-SGA volleyball unit. The lack of
improvements observed in some situations that were the focus of the unit can find
explanation on the insufficient student-coaches’ instructional preparation. Therefore, future
implementations of this hybrid model should provide student-coaches not only the necessary
instructional tools for teaching but also pedagogical principles essential to successfully
elaborate the proposed content to peers. In addition, these results also suggested the need
to spend less time in acquisition tasks and consequently more time in structuring and
adaptation tasks, which resemble actual game conditions.

INTRODUCTION: Research on Sport Education (SE) model has extensively enhanced its
efficacy on student’s personal and social development, namely their attitudes and values
(WALLHEAD & O’SULLIVAN, 2005). However, to date, the impact of SE on student’s
improvements has been sparse (HASTIE et al., 2011). This lack of evidence can find
explanation in the fact of SE specially focus is the learning environment, namely teacher
and students roles (HASTIE & CURTNER-SMITH, 2006; MESQUITA et al., 2012; ARAÚJO
et al., 2015). In this way, researchers have been enhancing alliances between SE and other
instructional models that require specialized teaching of tactical performance and relying on
a situated learning perspective (HASTIE & CURTNER-SMITH, 2006; MESQUITA et al.,
2012; FARIAS et al., 2015).
The Step Game Approach (SGA; MESQUITA et al., 2005) have shown to be efficient for
non-invasion games, such is the case of volleyball (ARAÚJO et al., 2015). SGA is a
didactical model to teach volleyball, mostly in school settings, and comprehends a step-by-
step progression with increment of complexity (1x1 to 4x4). This sequence seeks to get
closer to real game situation and it “evolves in such a way that both formal and functional
structure remains aligned with student’s tactical understanding and skill level” (MESQUITA
et al., 2005, p. 473).
Nevertheless, to date no study was found that examined the impact of SE-SGA on students’
game understanding. Therefore, the purpose of the present study was to analyze the impact
of a hybrid Sport Education Step-Game-Approach (SE-SGA) volleyball unit on student’s
game understanding.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
353

METHODS: The design of this study is shaped as a teaching experiment. The participants
in this study were secondary school students (N=96; 40 boys and 53 girls aged from 16–18
years). Two teachers applied this hybrid unit in four randomly assigned classes. Both
teachers were knowledgeable and experienced in both models. In addition, one of them is
an expert volleyball coach and was also one of the researchers of the present study.
Students had no previous experience in both SE and SGA models. The ethics committee of
the researchers’ university approved the protocol of the study, and all participants provide
assent following parental informed consent.
A video-based test was developed to evaluate students’ game understanding in volleyball.
The original video, in which skillful sixteen-year-old boys and girls played modified volleyball
(1vs1, 2vs2 and 3vs3), was recorded from the most adequate perspective for each situation.
The video included 21 questions of offensive and defensive game situations, each one with
tactical principles of SGA (MESQUITA et al., 2005). These principles were adapted from
Oslin, Mitchell, & Griffin (1998) and selected by two experts for the final video-based game
understanding test. Each video sequence began with 4-7 seconds of lead-up to the match
situation to be evaluated. This was followed of a still frame (20 seconds) to give students
time to solve the question made next to the situation presented. The video sequences were
shown on a large screen (1.2 m x 1.2 m) with a video projector. After this first test (pre-test),
students participated in a SE-SGA volleyball unit. After the unit, students participated in the
same video-based game understanding test (post-test), again in their own classroom during
normal school hours.
A 24-lesson (45 minutes each) volleyball unit was design with six institutionalized sport
features (Siedentop, 1994): seasons, culminating event, affiliation, record keeping, formal
competition and festivity. This unit followed a four-phase format: teacher-directed skill
development phase, pre-season scrimmages, formal competition season and post-season
championship series. The adaptation of learning tasks to the game’s demands was
emphasized through the use of three types of instructional tasks (PEREIRA et al., 2011):
acquisition (aim the improvement of skill efficiency and do not have contextual interference),
structuring (follow the game’s sequence of action but without opposition), and adaptation
tasks (modified game with opposition character that allow the application of technical and
tactical abilities to game context). The present study comprised the second SGA step (2x2).

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354

Since exploratory data analysis revealed non-normality, nonparametric statistics were used.
To test intra-group differences, nonparametric statistics for two related samples were
applied through the Wilcoxon test. Data analysis was achieved with the use of SPSS 20.0.

RESULTS: Results showed improvements in game understanding scoring from pre-test to


posts-test (Table 1), which suggest that improvements in students’ game understanding are
possible when participating in a SE-SGA volleyball unit.

MPrT ± SD MPoT ± SD Z p
Identification of responsibility
S6 1,94±1,40 2,52±1,51 -2,71 <0,001
zones
Adjustment S7 3,10±1,38 3,52±1,11 -2,34 0,02
Prepares to set, approaching the
S8 2,61±1,50 1,97±1,41 -3,43 <0,001
net
Adapting the defence to opponents’
S12 1,96±1,42 2,35±1,50 -1,98 0,04
attack
Attack at the 2nd touch S14 2,10±1,45 2,87±1,46 -3,70 <0,001
Attack using appropriate technical
S19 2,29±1,49 3,10±1,38 -4,23 <0,001
skill
Support S20 1,94±1,40 2,71±1,49 -3,70 <0,001
Return S21 3,87±0,61 4,00±0,00 -2,00 0,05
Table 1 – Improvements in student’s game understanding
Legend: MPrT – mean pre-test; MPot – mean post-test

These findings corroborate previous research using hybrid models (FARIAS et al., 2015;
HASTIE et al., 2009; HASTIE et al., 2013) and were presented manly in step 2 of the SGA,
which was the focus of the unit. These results showed the importance of teaching specific
contents to improve game understanding. Differences from pre-tests to posts-tests were
also found in situations, which do not correspond to the approached step of the SGA model.
However, these tactical components emerge tacitly during the small-sided game
characteristic of the aforementioned step (2x2). Despite the 4 steps have different aims

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
355

concerning the contents, rules adaptation and student skill development they are all
connected and related (MESQUITA et al., 2005).
However, no improvements were found in several situations, which might be due to a lack
of student-coaches’ preparation. Teachers should provide student-coaches not only the
necessary instructional tools for teaching (HASTIE, 2000) but also pedagogical principles
essential to successfully elaborate the proposed content to peers (WALLHEAD &
O’SULLIVAN, 2007). An explicit and careful student-coaches’ preparation at the begging of
each unit is generally successful in preventing problematic breaches in the didactic contract
of content taught (WALLHEAD & O’SULLIVAN, 2007). This takes particular importance
when regarding complex tactical principles, as is the case of the present study. These lack
improvements can also suggest the need to spend less time in acquisition tasks. Structuring
and adaptation tasks increase resembling with actual game conditions (WILLIAMS &
HODGES, 2005) and prevent game disruption (MESQUITA et al., 2005), particularly in
volleyball (PEREIRA et al., 2011).

CONCLUSIONS: The students’ game understanding improvements showed on this study


strongly reinforce the value of incorporating the SGA model to SE. This alliance allowed the
achievement game understanding improvements without loosing the affective and social
goals of SE. Notwithstanding, future SE implementations should sough to provide student-
coaches sufficient instructional preparation. In addition, future research should examine
students’ game understanding improvements according to students’ sex and skill-level.

REFERENCES

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improvements during a hybrid sport education–step-game-approach volleyball unit.
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HASTIE, P. A.; SINELNIKOV, O.; GUARINO, A. J. The development of skill and tactical
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PEREIRA, F.; GRAÇA, A.; BLOMQVIST, M; MESQUITA, I, Instructional approaches in
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millennium? Physical Education and Sport Pedagogy, v. 10, n. 2, p. 181-210, 2005.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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ONDE OS JOGADORES DE BASQUETEBOL COMEÇAM A JOGAR? UM ESTUDO


COM ATLETAS DA NBB

Ana Lívia Gorgatto Fraiha/ DEF – UNESP


Larissa Rafaela Galatti/ FCA e FEF – UNICAMP
Luiza Darido da Cunha/ DEF – UNESP
Guy Ginciene/ DEF – UNESP
Suraya Cristina Darido/ DEF – UNESP
analivia_fraiha@hotmail.com

RESUMO: Na presente pesquisa de caráter quantitativa, buscou-se analisar por meio de


questionários o local de início da prática dos atletas de basquetebol que participaram do
Novo Basquete Brasil (NBB) da temporada 2014/2015. Participaram da pesquisa 101
atletas, de 10 clubes, sendo 86 brasileiros e 15 estrangeiros. Os dados permitem concluir

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
358

semelhança nos locais de início de prática esportiva entre brasileiros e estrangeiros, sendo
o clube o mais citado (46,5% entre os brasileiros e 44,66% para os estrangeiros. No entanto,
observa-se nessa geração do basquetebol masculino outros cenários relevantes, tais quais
escola e escola de esporte. Destaca-se a necessidade ampliar espaços diversos e públicos
para a prática do basquete.
Palavras-Chave: Basquetebol – local de início – clube

INTRODUÇÃO:
O esporte é um fenômeno sociocultural que permeia a cultura infanto-juvenil, sendo
o primeiro contato sistematizado mediado por um responsável e com finalidade de ensinar
a prática de uma dada modalidade denominada iniciação esportiva (PAES e GALATTI,
2013; GALATTI et al., 2013). Diferentes agentes são responsáveis por esse processo de
apresentar o esporte à criança, assim como são múltiplos os cenários a iniciação esportiva
pode ser desenvolvida, tais quais clubes, academias, prefeituras, escolas ou ONGs
(MACHADO et al., 2011; GALATTI et al., 2013).
Também são muitos os significados do esporte na sociedade contemporânea, sendo
um deles o esporte de elite. Se for certo que a prática esportiva na infância deve se afastar
da mera busca por resultados competitivos ou de futuros atletas – primando por
proporcionar à criança um universo extenso e cheio de opções para que futuramente possa
se apropriar daquele conhecimento da forma como desejar – é certo também que os atletas
de elite um dia foram iniciados no esporte em um processo que, em longo prazo, lhes
possibilitou atingir esse nível. No entanto, qual cenário é mais favorável para o
desenvolvimento de atletas de elite?
São vários os aspectos que contribuem para a formação de um atleta profissional
em modalidades esportivas. Sendo o processo de iniciação esportiva de grande
importância, assim como o acesso à prática. Considerando o local de início da prática um
dos aspectos relevantes na iniciação e que pouco se tem de dados sobre o cenário em que
se deu a iniciação esportiva de atletas de elite brasileiros, o objetivo deste estudo foi o de
verificar o local em que os jogadores da NBB (Novo Basquete Brasil) iniciaram a prática do
basquetebol.

MÉTODO:

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
359

De acordo com o objetivo do estudo foi realizada uma pesquisa quantitativa, a fim de
analisar fatos relevantes para esta investigação. Desta forma, questionários com perguntas
sobre o atleta, entre elas sobre o local que o mesmo iniciou sua prática, foram entregues
às equipes participantes do campeonato nacional brasileiro, o Novo Basquete Brasil (NBB).
Dos 265 atletas inscritos no Novo Basquete Brasil (NBB), temporada 2014/2015, 101
atletas responderam os questionários, sendo distribuídos em 10 equipes, do total de 16.
Dos 101 atletas, 86 são brasileiros e 15 estrangeiros (Argentina, Espanha, Estados Unidos
da América, República Dominicana e Dominica).
Os dados foram analisados no Microsoft Excel, por meio de uma média aritmética,
com o intuito de visualizar e verificar o local de início da prática do basquetebol dos atletas.

RESULTADOS:
Os resultados apontaram que do total de atletas brasileiros participantes da
pesquisa, o clube foi o local com maior incidência de início na modalidade (46,5%), seguido
da escola (19,8%), escola de esportes (7,9%), projetos sociais (6,9%), prefeitura (4%), rua
(4%), casa (2%), praça (2%) e outros (1%), como é possível visualizar no Quadro 1.
Em relação aos estrangeiros o clube também predominou, com 44,66%, seguido da
escola (20%), prefeitura (6,60%), rua (6,60%), casa (6,60%), praça (6,60%) e outros
(6,60%), como também pode ser visto no Quadro 1.
Clube Projetos Sociais Escola Escola de Esporte Prefeitura Rua Casa Praça Outros Repe tiram Total
TOTAL DE ATLETAS 47 7 20 8 4 4 2 2 1 6 101
46,5% 6,9% 19,8% 7,9% 4,0% 4,0% 2,0% 2,0% 1,0% 5,9%
BRASILEIROS 40 7 18 8 3 3 1 1 0 5 86
46,50% 8,10% 20,93% 9,30% 3,48% 3,48% 1,16% 1,16% 0,00% 5,81%
ESTRANGEIROS 7 0 3 0 1 1 1 1 1 15
46,66% 0 20% 0 6,60% 6,60% 6,60% 6,60% 6,60% 0

Quadro 1: Local de inicio da prática no basquetebol dos atletas da NBB.

Dessa forma, os dados apontam que, independentemente da nacionalidade do


atleta, o clube é o local que predomina no início da prática, seguido pela escola. Isso revela
que esses dois espaços são importantes para a formação do quadro de atletas profissionais
do basquetebol nacional.
Observando as possibilidades de respostas que os atletas poderiam ter assinalado,
percebe-se que o clube é um dos poucos locais que sempre oferecem as crianças e jovens
oportunidade de vivenciar, praticar e conhecer o basquetebol. Além do mais, os clubes são
muito comuns, especialmente no Brasil. Entende-se por clube, o “local que em geral conta

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
360

com instalações esportivas (piscinas, pista, quadras, ginásios etc.) e onde, comumente
pagando uma mensalidade ou taxa, se reúnem pessoas de uma sociedade para praticar
esportes, jogar, dançar etc.” (BARBANTI, 2003, p.108). De forma específica, entende-se
por clube esportivo aquele caracterizado pela oferta de uma ou mais modalidades, com a
participação em competições vinculadas a Federações, as quais organizam ligas e torneios,
determinando e interpretando normas e regras (GALATTI, 2010).
Esses dados reforçam a percepção do clube como um dos cenários mais procurados
para a prática e iniciação esportiva no Brasil (PAES e GALATTI, 2013), No entanto, é
interessante notar, que mais da metade dos atletas brasileiros em ação na última edição da
NBB iniciaram a prática do basquetebol em outros cenários, indicando uma diversificação
de locais de início de prática.
Já a escola, que foi o segundo local mais assinalado pelos atletas, não possui como
objetivo formar atletas, mas é um ambiente adequado para que a criança tenha o primeiro
contato com a modalidade (DARIDO; RANGEL, 2005). No entanto é preciso ressaltar que
nem sempre esse tema é abordado em aulas de Educação Física e nem toda escola possui
um projeto de basquetebol no contra turno escolar.
Os demais locais (escola de esportes, projetos sociais, prefeitura, rua, casa, praça)
aparecem com menor frequência, o que parece indicar que as cidades brasileiras oferecem
menos escolas de esportes, projetos sociais e espaços públicos com professores e
materiais adequados para a iniciação em basquetebol.
Quanto aos dados de atletas estrangeiros de 5 diferentes países respondentes do
questionário, observa-se semelhança com os resultados dos atletas brasileiros, indicando
uma homogeneidade na distribuição do local de início de prática do basquetebol entre
atletas brasileiros e estrangeiros na sétima edição da NBB.
Além disso, ao observar os estudos que procuram determinar fatores que influenciam
a formação de atletas profissionais (TURNNIDGE; HANCOCK; CÔTÉ, 2012; SURYA, et al.,
2012), pode-se ver que o clube é o local que mais se aproxima dessas características. Ou
seja, o clube é o local que possui as melhores condições estruturais, que melhor oportuniza
o desenvolvimento das habilidades e o que oferece as maiores condições de segurança.

CONCLUSÃO:

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
361

Pode-se apontar que o clube é o principal local para o inicio da prática no


basquetebol, sendo também responsável pela formação de atletas. Uma novidade é a
diversificação de locais de início de prática dos atletas brasileiros de basquetebol,
mostrando que outros cenários também têm sido importante em facilitar o acesso ao
esporte, o que é fundamental dado às restrições financeiras de acesso ao clube para
parcela importante da população. Outro achado relevante desse estudo é a similaridade de
espaço de início de prática do basquetebol entre atletas brasileiros e estrangeiros.

REFERÊNCIAS
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Vol. 4, No. 1, 2012.

A CONTRIBUIÇÃO DA PEDAGOGIA DO JOGO PARA O ENSINO DAS LUTAS NA


EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR.
Marcos Paulo Vaz de Campos Pereira / LEPE-FCA-UNICAMP
Carolina Cirino / LEPE-FCA-UNICAMP
Alcides José Scaglia / LEPE-FCA-UNICAMP
Larissa Rafaela Galatti / LEPE-FCA-UNICAMP
marcos.pereira@fca.unicamp.br

RESUMO: A pedagogia do jogo pode contribuir significativamente para propostas


metodológicas no ensino das lutas. Assim o objetivo do presente estudo é apresentar as
contribuições da pedagogia do jogo para o ensino das Lutas na escola, discutindo como
sistematizar e organizar o conteúdo na educação física escolar tendo o jogo como uma
estratégia pedagógica. Apresentando os equívocos e as problemáticas do ensino das Lutas
de maneira descontextualizada, e como o conteúdo das Lutas partindo de uma metodologia

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
363

sustentada pela pedagogia do jogo favorece o desenvolvimento intergral do educando e


facilita no trabalho pedagógico do educador.
Palavras-chave: Lutas, Jogo, Educação Física Escolar.

INTRODUÇÃO: A área de conhecimento da pedagogia do jogo vem apresentando


contribuições significativas na elaboração de propostas relacionadas ao processo de ensino
e aprendizagem nas aulas de educação física escolar. Diversos autores abordam o assunto
e demonstram uma constante atenção quanto à elaboração de métodos e estratégias de
ensino que utilizem o fenômeno complexo do jogo como estratégia metodológica. Mas para
que qualquer conteúdo da educação física escolar seja ensinado de forma eficaz deve
conter uma organização e sistematização. E nisso utilizar o jogo em várias de suas
manifestações: jogo/brincadeira, jogo/Luta, jogo/dança, jogo/ginástica, jogo/esporte entre
outras (SCAGLIA, 2007).
Dentre os vários conteúdos que a educação física escolar apresenta existem dificuldades
no desenvolvimento pedagógico de alguns deles, como o conteúdo de Lutas que muitas
vezes é negligenciado o seu ensino, assimilando Lutas com a violência (Olivier, 2000),
ensinadas de forma tradicional por meio de repetições exaustivas (PAES, 2010), de
maneira descontextualizada ou nem serem utilizadas pelo fato dos professores
considerarem que é necessário ser ou ter sido um praticante de alguma modalidade para
desenvolver o conteúdo na escola (PAES, 2010; NASCIMENTO e ALMEIDA, 2007). Com
a necessidade em sistematizar e organizar um conteúdo, as Lutas podem ser
desenvolvidas por meio da pedagogia do jogo (CIRINO, PEREIRA e SCAGLIA, 2013),
assim chamado jogo/Luta. Devido a isto, o presente estudo tem por objetivo apresentar as
contribuições da pedagogia do jogo para o ensino das Lutas na escola.
MÉTODOS: Para apresentar as contribuições da pedagogia do jogo no conteúdo das Lutas
este texto partirá de estudos sobre pedagogia do jogo (FREIRE e SCAGLIA, 2003), como
também apresentar uma organização do conteúdo partindo do agrupamento das Lutas
proposto por Gomes e Scaglia (2011), sendo: contato contínuo (contato pelo agarre),
contato intermitente (contato pelo toque) e contato mediado (contato por implemento). As
aulas serão organizadas e sistematizadas sempre com as dimensões dos conteúdos
propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN´s) (Brasil, 1997): conceitual: o

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
364

que o educando deve saber, atitudinal: o que o educando deve ser, e procedimental: o que
o educando deve fazer no caso o jogo/Luta.

RESULTADOS: A escola sendo um ambiente de ensino e aprendizagem, que se constitui


de conhecimentos, saberes e valores, deve se valer de teorias que suportem sua práxis
(SCAGLIA 2014). Teorias que devem organizar e sistematizar o conteúdo para melhorar o
ensino, rompendo métodos tradicionais de ensino, em que a criança nas aulas de Luta
apenas repete movimentos, reproduzindo o que o educador solicita (BREDA 2010). Devido
a isto, vários equívocos em seu processo de ensino aprendizagem são evidentes,
contrapondo a isto as Lutas partindo da pedagogia do jogo como estratégia pedagógica
consegue suprir as necessidades ausentes em métodos tradicionais de ensino do conteúdo
na educação física escolar.
No quadro comparativo abaixo seguem as diferenças dos métodos de ensino das lutas.
Método tradicional de ensino das Lutas Pedagogia do Jogo/Luta
Aulas organizadas e sistematizadas, Aulas organizadas e sistematizadas,
centradas na técnica e no educador. centradas no jogo e no educando.
Prioriza a execução correta dos Estimula o educando a resolver situações
movimentos, sendo o educador que solicita problemas que aparecem ao decorrer do
e o educando apenas reproduz o gesto jogo e a responder questionamentos
mecânico (educando sendo apenas um durante toda a aula.
cumpridor de tarefas).
Somente apresenta movimentos Explora durante as aulas movimentos que
previsíveis, e o educador que geralmente enriqueçam o repertório de respostas do
toma as decisões pelo educando, o educando para solucionar as situações
tornando dependente. problemas presentes no jogo que são
imprevisíveis, estimulando sua autonomia e
a criatividade.
Prioriza geralmente uma modalidade de Favorece ensinar várias lutas pelos tipos de
luta (na maioria das vezes a modalidade contatos, de acordo com suas semelhanças
que o educador era praticante). e características.
Quadro 1. Adaptado de Scaglia e Souza (2004).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
365

Estas características do método tradicional de ensino interrompem o processo de


aprendizado do educando, além do ensino estar todo centrado no educador que toma as
decisões por eles, assim robotizando todo o processo de ensino das Lutas. Agora um
conteúdo tendo o jogo/Luta como estratégia pedagógica, sendo sistematizado, e
organizando as Lutas em contatos (continuo, intermitente e mediado por implemento), por
suas semelhanças e características, e aplicado mediante as dimensões dos conteúdos
(conceitual, atitudinal e procedimental), estimula o desenvolvimento motor, cognitivo,
afetivo e social como também a criatividade do educando, sempre respeitando as
características de desenvolvimento do educando e com uma sequência pedagógica
apropriada.
No fluxograma abaixo está uma organização dos conteúdos partindo do conteúdo jogo/Luta
e sua sistematização por meio dos contatos e as dimensões dos conteúdos.

JOGO/
LUTA

CONTATO CONTATO CONTATO


CONTÍNUO INTERMITENTE MEDIADO POR
IMPLEMENTO

CONTEÚDO CONTEÚDO CONTEÚDO


CONCEITUAL ATITUDINAL PROCEDIMENTAL

O QUE DEVE O QUE DEVE O QUE DEVE


SABER SER FAZER

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
366

Figura 1. Sistematização e organização do conteúdo das Lutas.

CONCLUSÃO: Em conformidade com esta metodologia sistematizada a partir da


organização do conteúdo das Lutas por meio da pedagogia do jogo, é possível considerar
seu potencial na educação física escolar, rompendo o modelo tradicional de ensino das
Lutas, assim facilitando ao educando a tomada de consciência das ações por meio de
situações problemas e questionamentos durante o processo de ensino aprendizagem, além
de oportunizar ao educando vivências lúdicas e eficazes estimulando a todo o momento
sua criatividade. Por fim o educador sendo um mediador, e dentro da realidade em que se
encontra possa elaborar aulas diversificadas, organizadas e sistematizadas, ajudando no
desenvolvimento integral do educando.

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BREDA, M. et al. Pedagogia do Esporte aplicada às Lutas. São Paulo: Phorte, 2010.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:


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CIRINO, C.; PEREIRA, M. P. V. C.; SCAGLIA, A. J. Sistematização dos Conteúdos das Lutas
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FREIRE, J. B., SCAGLIA, A. J. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione,
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Porto Alegre: Artmed, 2000.

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procedimentos práticos. In: BREDA, M.; GALATTI, L.; SCAGLIA, A. J.; PAES, R. R.
Pedagogia do Esporte aplicada às Lutas. São Paulo: Editora Phorte, 2010. p. 49-72.

SCAGLIA, A. J.; GOMES, M. S. P. “Projeto de Extensão Crescendo com as Lutas”.


Limeira: FCA/UNICAMP, 2011.

SCAGLIA, A. J. Referencial Curricular da Educação básica das Escolas Públicas


Municipais de Franca, Franca SP, 2007.

SCAGLIA, A. J.; REVERDITO, R. S.; GALATTI, L. R. A contribuição da pedagogia do


esporte ao ensino do esporte na escola: tensões e reflexões metodológicas. In: Legados
do Esporte Brasileiro. Marinho, A.; Nascimento, J. V.; Oliveira, A. A. B. (org) –
Florianópolis: Ed: da UDESC, 2014.

SCAGLIA, A. J.; SOUZA, A. J. Pedagogia do esporte. In: COMISSÃO DE ESPECIALISTAS


DO MINISTÉRIO DO ESPORTE. Dimensões pedagógicas do esporte. Brasília:
CEAD/UNB, 2004.

“ARREMESSO PARA VIDA”: CONCEPÇÕES DE ENSINO DO HANDEBOL EM


PROJETO SOCIAL

Angelo Maurício de Amorim / GEPEECS - UNEB / LAPPE - UFSC


Alexandra da Paixão Damasceno de Amorim / GEPEECS - UNEB / UFBA
Ricardo Franklin de Freitas Mussi / GEPEECS - UNEB / UFSC
Saray Giovana dos Santos / BIOMEC - UFSC
Juarez Vieira do Nascimento / LAPPE - UFSC
angeloamorim@live.com

RESUMO: O presente texto possui como objetivo identificar as concepções de ensino da


prática esportiva presente no Projeto Arremesso para Vida, do Instituto Hand Social que
desenvolve atividades com foco na modalidade handebol na cidade de Saubara, Bahia.
Trata-se de uma análise documental do projeto de implantação e relatório de avaliação,
submetido e aprovado para financiamento estatal. São contemplados xxxx crianças na faixa
etária de 7 a 13 anos, em condição de vulnerabilidade social. As atividades desenvolvidas
têm como foco o aprendizado do handebol numa dimensão lúdico-recreativa. O esporte é

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
368

um meio para o desenvolvimento de valores para a vida. Ocorrem com regularidade


atividades com as famílias dos alunos na área de saúde e educação e; intervenções
pontuais na comunidade. Conclui-se que existe uma concepção de ensino que amplia as
possibilidades de uso e apropriação da prática esportiva na sociedade, sem descaracterizar
o aprendizado das relações do ato de jogar handebol.
Palavras-chave: Handebol. Ensino. Projetos Sociais.

INTRODUÇÃO: O esporte é um fenômeno polissêmico (KUNZ, 2004) e pode ser utilizado


como fim em si mesmo ou como meio para atingir outros objetivos (AMORIM, 2011). Nesta
celeuma, espaços onde as práticas esportivas visam desenvolvimento humano, tornam-se
ambientes possíveis para um engajamento de crianças em situação de vulnerabilidade
social (MACHADO, GALATTI, PAES, 2015).
Assim, o presente estudo possui como objetivo identificar as concepções de ensino da
prática esportiva presente no Projeto Arremesso para Vida, do Instituto Hand Social, que
desenvolve atividades com foco na modalidade handebol na cidade de Saubara, Bahia.

MÉTODO: Trata de uma análise documental (GIL, 2010). Os documentos objeto de análise
são a Proposta de Implantação do Projeto Arremesso para Vida e os relatórios de avaliação,
elaborado pelo Instituto Hand Social, uma associação civil, de direito privado, sem fins
lucrativos. Saubara-BA, distante cerca de 96 km da capital da Bahia, Salvador, na região
do recôncavo baiano. A população estimada para 2015 é de 12.238 habitantes (IBGE,
2015), com economia voltada para pesca, coleta de mariscos e artesanato.

RESULTADOS: A proposta de contemplação do projeto Arremesso para a Vida são as "


crianças e adolescentes do município de Saubara, principalmente os filhos de marisqueiras
e pescadores, em situação de risco social" (INSTITUTO HAND SOCIAL, 2012, p. 3). O que
representa a busca de oportunizar visibilidade social a grupos populacionais minoritários e,
historicamente, excluídos de políticas públicas de atenção aos direitos previstos na
legislação brasileira (MELO, 2005).
O Projeto Arremesso para vida iniciou suas atividades em 2013. Foram
contemplados nos primeiros dezoito meses de projeto, 100 crianças na faixa etária de 7 a
13 anos, em condição de vulnerabilidade social. “Os projetos surgem com a justificativa de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
369

oferecer à população em vulnerabilidade social oportunidade de ocupação do tempo livre,


com a finalidade de minimizar a exposição a situações de risco” (MACHADO, GALATTI,
PAES, 2015, p. 409).
Na síntese da proposta, fica evidente a concepção de oportunizar acesso a aspectos
que por ventura não são contemplados na comunidade beneficiada, sendo "um projeto de
inclusão social por meio da prática do handebol" (INSTITUTO HAND SOCIAL, 2012, p.3).
Os projetos sociais com enfoque no esporte cresceram no cenário nacional, “ganhando
visibilidade na/da mídia e, quiçá, verbas públicas, sejam diretamente ou via isenção de
impostos” (MELO, 2005, p. 84).
Para Reverdito e Scaglia (2009), a pedagogia do esporte deve se comprometer com
a potencialização de sujeitos humanos, reconhecendo as diferenças, e ensinando-os a
partir de sua condição humana. O foco central do projeto é o ensino do handebol, definido
pelo Instituto Hand Social (2012, p. 4) como “um esporte onde a coletividade, o convívio
com o grupo, habilidades motoras satisfazem as necessidades lúdicas do sujeito,
transmitindo prazer, felicidade e experiências positivas". A modalidade em questão reúne
aspectos de fácil aprendizagem como correr, saltar e arremessar (SANTOS, 2014).
Para Knijnik (2004), as estratégias para ensino do esporte envolvem a dimensão
lúdica para estimular aquisição de automatismos e padrões de comportamento presentes
nos jogos de oposição. As atividades desenvolvidas têm como foco o aprendizado do
handebol numa dimensão lúdico-recreativa, fundamentado na proposta do mini-handebol
(SANTOS, 2014; HUBNER, 1999). Estes aspectos estão presentes no relatório de
avaliação qualitativa do projeto Arremesso para vida.
Durante a aplicação do projeto as crianças e adolescentes tiveram um grande desempenho
no se refere às habilidades motoras, noção de lateralidade, tempo e espaço, equilíbrio e
outros aspectos físicos, que são necessários para a prática do esporte, como em situações
cotidianas. Desta forma foi possível acrescentar atividades mais complexa, como:
arremessar a distância; tiro ao alvo; orientação; rotina; esvaziar o caixão; e reação, todas
de acordo com a metodologia aplicada, no caso, a cartilha MiniHand. INSTITUTO HAND
SOCIAL, 2014a, p. 2)

É possível identificar também, concepções de ensino voltadas para aquisição de


competências, habilidades motoras e jogos situacionais, oriundas da Escola da Bola
(Kroger e Roth (2002), nas atividades realizadas.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
370

Em 2013, um grupo de alunos representativos tiveram a oportunidade de assistir


competição adulta de handebol, Copa dos Campeões, realizada em Camaçari-BA
(ARREMESSO PARA VIDA, 2013). Em 2014, participaram de um Festival de handebol,
promovido pela Federação Bahiana de handebol, nos naipes masculino e feminino (FBHb,
2014).
As avaliações motoras e cognitivas sinalizam melhoria média em 83% das variáveis
avaliadas: força, velocidade, resistência, coordenação, concentração, atenção, resolver
problemas e memorização (INSTITUTO HAND SOCIAL, 2014d). Os alunos atendidos no
projeto tiveram orientação nutricional, avaliação da curva de crescimento (IDEM, 2014b),
assistência social e psicológica em ações individuais e coletivas, além de orientações
educacionais (IDEM, 2014c).
“O esporte contribuirá com o processo educacional no cenário dos projetos sociais
quando for intencionalmente organizado, sistematizado e aplicado com o fim de fomentar o
pleno desenvolvimento de seus participantes, e não apenas mantê-los ocupados”
(MACHADO, GALATTI, PAES, 2015, p. 415). Assim, entende-se que o projeto Arremesso
para vida converge para uma experiência onde é garantido a especificidade do esporte
atrelado a um contexto de desenvolvimento humano do aluno envolvido.
Para além das orientações do processo de desenvolvimento humano dos alunos,
nas proposições metodológicas, é sinalizado a necessidade de articulação projeto-familia-
aluno, "Torna-se necessário que a família esteja incluída em uma intervenção preventiva
para que consiga cumprir com seu papel protetor e formador de sujeitos que venham a
construir famílias saudáveis” (INSTITUTO HAND SOCIAL, 2012, p. 9).
Neste contexto, o projeto atuou com as famílias através das reuniões mensais com
as seguintes temáticas: Bullying; Limites aos Filhos; Saúde na Terceira Idade; Prevenção
ao Câncer de Mama; Incentivo à Leitura; Dia da Consciência Negra; Prática de Atividades
Físicas Durante o Verão; Lei Maria da Penha; Benefícios Previdenciários e Assistenciais;
Formas de Transmissão do HIV; Verdadeiro Sentido da Pascoa; Cuidados com os Olhos
Durante os Festejos Juninos (INSTITUTO HAND SOCIAL, 2014a).
Foram realizadas três edições do evento Dia da cidania “hand” social, no município
de Saubara, com mais de 600 atendimentos registrados em diversas atividades: tais como:
orientação jurídica, nutricional, dentária e sobre a prática de atividade física. Oficinas de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
371

artesanato, tais como: fuxico, artesanato com material reciclável, trançadeira (INSTITUTO
HAND SOCIAL, 2014a).
Vale ressaltar que “ esporte não pode ser tratado como a solução de problemas que
requerem ações de ordem política” (MELO, 2005, p. 83), mas que as atividades realizadas
no Projeto Arremesso para Vida, vem contribuindo para a comunidade atendida por conta
de seu amplo espectro de alcance, onde as experiências de ensino da modalidade
handebol são garantidas, associados a um processo de engajamento significativo entre o
projeto-família-comunidade, contribuindo para maior esclarecimentos e mudanças de
comportamentos inadequados para a comunidade em vulnerabilidade social atendida pelo
projeto em Saubara, Bahia.

CONCLUSÃO: A concepção de ensino do handebol no projeto Arremesso para vida,


contempla dimensões contemporâneas da pedagogia do esporte por respeitar princípios e
orientações didático-pedagógicas para a iniciação esportiva.
Outrossim, garante a especificidade do ato de jogar handebol atrelado a um
engajamento positivo do desenvolvimento humano dos alunos, da família e da comunidade
atendida pelo projeto por meio de ações significativas orientadas pelas perspectivas de
alcance de projetos sociais.

REFERÊNCIAS
AMORIM, A. M. Sentidos da docência Universitária para professores das disciplinas
técnico-esportivas da UNEB. Dissertação de Mestrado - Programa de Pós-Graduação em
Educação, da Faculdade de Educação, da Universidade Federal da Bahia. Salvador 2011.

Arremesso para vida (blog). Visita à cidade do Saber: Copa dos Campeões de
handebol. 16 de dezembro de 2013. Disponível em:
https://arremessoparavida.wordpress.com/2013/12/16/alunos-do-projeto-visitam-a-cidade-
do-saber-copa-dos-campeoes-de-handebol/ Acesso em 21.set.2015.

FBHb. Federação Bahiana de handebol. Taça cidade do Salvador – Troféu Mata Souza.
Resultado final. Disponível em: http://www.bahiahandebol.com.br/taca-cidade-do-
salvador-trofeu-marta-souza-resultado-final/ Acesso em: 21.set.2015.

HUBNER, E.A, Mini handebol de 6 a 10 anos. Paraná: Studio Filatélico Paranaense, 1999.

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IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades. 2015. Disponível em:


http://cod.ibge.gov.br/23M2M . Acesso em 22.set.2015.

INSTITUTO HAND SOCIAL. Formulário de apresentação de projetos: arremesso para


vida. 2012.
________. Relatório qualitativo. 2014a.
________. Relatório nutricional. 2014b.
________. Relatório social. 2014c.
________. Avaliação motora e cognitiva. 2014d.

KNIJNIK, J. D. Conceitos básicos para a elaboração de estratégias de ensino e


aprendizagem na iniciação à prática do handebol. Revista Ludens – Ciências do
Desporto, Lisboa, p. 75-81, 2004.

KROGER,C.; ROTH, K. Escola da bola: um ABC para iniciantes. São Paulo: Phorte,
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KUNZ, E. Transformação didático-pedagógica do esporte. 6 ed. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2004.

MACHADO, G. V.; GALATTI, L. R. PAES, R. R. Pedagogia do Esporte e Projetos Sociais:


interlocuções sobre a prática pedagógica. Revista Movimento, Porto Alegre, v. 21, n. 2.,
p. 405-418, abr./jun. de 2015.

MELO, Marcelo Paula. Esporte e juventude pobre: políticas públicas de lazer na Vila
Olímpica da Maré. Campinas: Autores Associados, 2005.

REVERDITO, R. S.; SCAGLIA, A. J. Pedagogia do esporte: jogos coletivos de invasão.


São Paulo: Phorte, 2009.

SANTOS, A. L. P. Manual de Minihandebol - 2ª Edição Revisada e Ampliada. 2. ed. São


Paulo: Phorte, 2014.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
373

DESENVOLVIMENTO DA CAPACIDADE DE JOGO EM DIFERENTES TURMAS DE


MESMA FAIXA ETÁRIA

Wanda Maria Costa Braga – UFOP


Siomara Aparecida da Silva -UFOP
Samara Silva de Moura – UFOP
Thaiene Aliane de Vasconcelos - UFOP
Wanda_braga@hotmail.com

RESUMO: O objetivo deste estudo foi avaliar o quantitativo dos conteúdos de ensino da
capacidade de jogo aplicado a dois grupos de mesma faixa etária. Foram filmadas e
analisadas 18 sessões de ensino dos Jogos Coletivos de duas turmas de um programa
esportivo da cidade de Ouro Preto – MG. As aulas eram realizadas duas vezes por semana
com duração de 60 minutos cada, objetivando o desenvolvimento da capacidade de jogo,
utilizou-se o teste t-student para verificar se houve diferença significativa entre as turmas

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
374

adotando (p<0,05). Os resultados da turma A foram: 41,74% do tempo destinados à


conversa, 24,76% de aprendizagem tática e 33,5% de aprendizagem motora. Na turmaB:
40,53% foram destinados à conversa, 31,61% de aprendizagem tática e 27,86% de
aprendizagem motora. Considera-se que turmas de mesma faixa etária apresentam
percentual de desenvolvimento de conteúdos diferentes, esta diferença não pode ser
considerada significativa, mas dá indícios de que as turmas possuem desenvolvimento
motor e amadurecimento tático diferentes, sugerindo futuras investigações.
Palavras-Chave: Jogos Esportivos Coletivos; Iniciação Esportiva; Capacidade de Jogo.

INTRODUÇÃO: Os Jogos Esportivos Coletivos fazem parte dos conteúdos da educação


física e são relevantes no contexto escolar, em clubes, escolinhas e projetos sociais. Eles
se configuram como preferência de prática para meninos e meninas de diferentes idades e
contextos (BETTI e LIZ, 2003; AZEVEDO JÚNIOR, ARAÚJO e PEREIRA, 2006).
Planejar e controlar o processo de ensino-aprendizagem-treinamento, em especial dos
jogos esportivos, é de suma importância para professores e treinadores, mas é uma tarefa
árdua e de difícil definição de parâmetros. Quando o objetivo é avaliar os alcances e
diferenças de ensino entre turmas de idades e contextos diferenciados intensifica-se a
dificuldade. O conhecimento sobre as abordagens metodologias e concepções
pedagógicas para o ensino dos jogos é um fator de suma importância e auxilia traçando
parâmetros para controlar e fornecer informações do próprio processo contribuindo para a
melhoria de sua prática (PÉREZ MORALES e GRECO, 2007; GRECO, SILVA e SANTOS,
2009).
A capacidade de pensar e tomar decisões, capacidade tática, perante as exigências
situacionais dos jogos esportivos deve estar contida em todo o processo de ensino-
aprendizagem-treinamento sustentando uma sistematização da mesma ao longo das
idades e do nível de rendimento esportivo. Esta, associada ao desenvolvimento das
habilidades motoras favorecem o aprendizado das técnicas esportivas que são sustentadas
pela coordenação motora. A sistematização dos conteúdos da capacidade de jogo
(aprendizagem tática e motora) respeitando as características desenvolvimentais
proporciona ganhos no rendimento aplicados na dimensão educacional, lazer, saúde e alto
rendimento.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
375

Organizar o desenvolvimento da capacidade de jogo requer conhecer como os mesmos


conteúdos estão sendo aplicados ao longo das idades e nos diferentes contextos, e se
professores aplicam a mesma proposta diferentemente. Assim, o objetivo deste estudo foi
avaliar o quantitativo de conteúdos de ensino da capacidade de jogo aplicado a dois grupos
de mesma faixa etária.

MÉTODOS: Com parâmetros de pesquisa quantitativa para compreender o qualitativo esta


pesquisa contou com a população de crianças da cidade de Ouro Preto-MG na faixa etária
de 11 e 12 anos em duas turmas (A: manhã e B: tarde) de um projeto social esportivos que
foi investigado o planejamento e as aplicações dos conteúdos do desenvolvimento da
capacidade de jogo (GRECO, SILVA e SANTOS, 2009). As atividades deste conteúdo eram
proporcionadas duas vezes por semana com duração de 60 minutos cada dia, além de
outros objetivos em momentos distintos, por diferentes professores. Ao longo de 18 sessões
de cada turma, 36 no total, foram filmadas e posteriormente seus os conteúdos
identificados, cronometrados e quantificados por tempo de duração em uma planilha de
Excel, subdivididos em:
 Aprendizagem tática:
Capacidade tática básica;
Jogos para o desenvolvimento da inteligência e criatividade;
Estruturas funcionais.
 Aprendizagem motora:
Coordenação com bola;
Habilidades técnicas.
 Conversas
Os conteúdos da capacidade de jogo foram identificados por avaliadores treinados com
fidedignidade intra e inter superior a α= 0,85. Todos os procedimentos foram aprovados
pelo Comitê de Ética em pesquisa da Universidade Federal de Ouro Preto
(CAAE:0004.0.238.000-09).

RESULTADOS e DISCUSSÃO: O percentual do segmento conversa apresentou valores


semelhantes nos dois grupos, sendo que esta se referia à organização inicial da turma,
pausas para explicação, feedback / trocas de atividades e finalização da sessão. No total

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das 18 sessões a Turma A apresentou 41,74% do tempo destinado à conversa e a Turma


B 40,53%.
No desenvolvimento dos conteúdos as turmas apresentaram valores diferentes. Para os
conteúdos da Aprendizagem Tática a Turma A apresentou 24,76% e a Turma B 31,61%.
Para os conteúdos de Aprendizagem Motora a Turma A apresentou 33,5% e a turma B
27,86%. Ao verificar se houve diferença entre as turmas, foi possível perceber que estas
não apresentam diferença significativa (p<0,05) em nenhum dos segmentos (conversa,
aprendizagem tática e aprendizagem motora).

Gráfico 1. Desenvolvimento dos conteúdos das turmas.

A Turma A apresenta valores mais próximos do planejamento idealizado para o


desenvolvimento da capacidade de jogo para esta faixa etária, conforme a base da proposta
(GRECO, SILVA e SANTOS, 2009). Além de alcançar o quantitativo maior para o
desenvolvimento da aprendizagem motora do que tática, de acordo com o que também
indica a proposta.
No desenvolvimento dos conteúdos de aprendizagem tática e motora as turmas
apresentaram os seguintes valores:

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Conteúdos Turma A Turma B


Capacidades Táticas Básicas 23,30% 22,14%
Jogos para o Desenvolvimento 1,46% 1,52
da Inteligência e Criatividade
Estruturas Funcionais - 7,95%
Coordenação Motora 13,26% 9,82%
Habilidades Técnicas 20,24% 18,04%
Conversa 41,74% 40,53%
Tabela 1. Percentual de conteúdos de aprendizagem tática e motora.

O percentual de desenvolvimento dos conteúdos da Aprendizagem Tática para Turma B foi


maior devido ao desenvolvimento das Estruturas Funcionais, que não apareceram nas
sessões da Turma A. Segundo Greco e Benda (1998), as estruturas funcionais devem ser
priorizadas a partir dos 10 anos de idade, este conteúdo tem como objetivo reduzir a
complexidade de jogo que o esporte formal apresenta. Essa diferença pode ser devida aos
diferentes níveis de desenvolvimento da mesma capacidade de jogo entre as turmas, ou
mesmo a compreensão e/ou preferência do método entre os diferentes professores.
Para o percentual de desenvolvimento de conteúdos da Aprendizagem Motora as duas
turmas apresentaram valores de coordenação motora inferiores aos de Habilidades
Técnicas, sendo que o ideal para esta faixa etária seria o contrário. A coordenação motora
é necessária para o desempenho esportivo e seu nível de rendimento se expressa através
da habilidade e da técnica (GRECO e SILVA, 2013). Segundo Aburachid, et al (2015),
quanto mais difícil e complexo o treinamento da coordenação motora de forma gradativa,
melhor a resposta ao estímulo e mais efetivo o desenvolvimento da criança. A falta de
oportunidade de prática direcionada pode ter influenciado o nível de experiência das
crianças o que levou o professor a retroceder para adequar as necessidades dos sujeitos.

CONCLUSÃO: Turmas de mesma faixa etária podem apresentar ao longo de um processo


de ensino-aprendizado desenvolvimentos de conteúdos da capacidade de jogo diferentes,
mesmo tendo como com base o mesmo objetivo no planejamento. A adequação e os
ajustes dos conteúdos de ensino da capacidade de jogo são necessários em diferentes

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
378

contextos e características de desenvolvimento e rendimento dos sujeitos. Compreender e


saber ajustar os parâmetros de ensino é desafio constante, mas há necessidade de novos
estudos que orientem os ajustes para a melhor aquisição dos resultados no jogo.

REFERÊNCIAS

ABURACHID, L. M. C.; SILVA, S. R.; CLARO, J. N.; GRECO, P. J. O nível de coordenação motora
após um programa de treino em futsal. Revista Brasileira de Futsal e Futebol. São Paulo, v. 7, 2015.

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esportivas na adolescência: mudanças de preferências aos longo das últimas décadas.
Revista Brasileira de Educação Física e Esportes. São Paulo, v. 20, 2006.
BETTI, M.; LIZ, M. T. F. Educação física escolar: a perspectiva de alunas do ensino
fundamental. Motriz. Rio Claro, v. 9, 2003.
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do Esporte no Programa Segundo Tempo. In: OLIVEIRA, A. A. B. e PERIM, G. L. (Ed.).
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MENZEL, H. J.; SALES, L. Treinamento Esportivo. cap. 8, p.359, MANOLE (Ed.). São
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PÉREZ MORALES, J. C.; GRECO, P. J. A influencia de diferentes metodologias de ensino-
aprendizagem-treinamento no basquetebol sobre o nível de conhecimento tático
processual. Revista Brasileira de Educação Física e Esportes. v. 21, 2007.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
379

ATIVIDADE COM BOLA PREDOMÍNIO: NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Armânio Guilherme Bento (UFOP)


Samara Silva de Moura (UFOP)
Siomara Aparecida da Silva (UFOP)

RESUMO:O estudo teve como objetivo analisar o conteúdo de aulas de Educação Física
de uma única escola pública da cidade de Ouro Preto, Minas Gerais. O método utilizado
para análise foi realizado através de filmagens e diário de campo. Após as observações foi
possível perceber que a Educação Física, ainda influenciada pela concepção esportivista,
continua aplicando em suas aulas os esportes como principal conteúdo. Através do material
coletado observou-se que dentro deste conteúdo foi aplicadonas36 aulas observadasas
atividades com bola (queimada, pique-bola, entre outras) 22 vezes. Sabe-se que é de
grande valia o ensino dos esportes coletivos durante as aulas, no entanto na maioria das
vezes este é apresentado sem nenhuma sistematização ou critério de planejamento e
avaliação, sendo realizado apenas na ótica do saber fazer e com o professor no centro do
processo. O professor de Educação Física ciente da sua importância para a formação
integral dos indivíduos precisa embasar-se de um conhecimento teórico para um
planejamento que provoque nas crianças um desenvolvimento integral e, sobre tudo a
capacidade de jogo quando o ensino dos esportes coletivos.

Palavra Chave: Esportes Coletivos, Conteúdos, Formação Docente;

INTRODUÇÃO

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A formação do professor de Educação Física, em especial o licenciado, é um tema


muito abordado nos dias atuais no meio educacional. A falta desta formação qualificada e
outros fatores inerentes no âmbito escolar refletem diretamente no processo de ensino
aprendizagem e no desenvolvimento das crianças. Diante deste contexto surgem alguns
questionamentos:
- Os conteúdos ministrados pelos professores de Educação Física contribuem para
a formação integral dos indivíduos?
- Os professores ainda são influenciados, sobretudo pela concepção esportivista?
- Quais os principais conteúdos das aulas de educação física?
- Existe uma monocultura?
A Educação Física escolar, ao longo dos anos, passou por várias abordagens
pedagógicas as quais muitos professores se apoiaram para se afirmarem
profissionalmente.Junto a isso se encontra os documentos normativos como os PCN’s para
auxiliar os docentes no planejamento das suas aulas.O professor deve estar sempre atento
ao selecionar seus conteúdos, para tanto é de suma importância que ele conheça as fases
e estágios de desenvolvimento das crianças,de modo que as atividades planejadas
atendam as necessidades destas.
Deve-se levar em consideração o momento atual em que vivemos,devido vários
fatores de ordem sociocultural,violência, falta de investimento dos governantes em áreas
de lazer e praças de esportes,especulação imobiliária, avanço tecnológico entre outros
fatores que estão tornando nossas crianças cada dia mais sedentárias e consequentemente
adquirindo novos hábitos. Muitas vezes é na escola, em especial nas aulas de Educação
Física, que essas crianças vão ter a oportunidade de vivenciar conteúdos e experimentar
novos movimentos que formarão seu acervo motor. Cabe aos professores de Educação
Física planejar atividades que possam contemplar de forma efetiva as necessidades do
aluno. O profissional deve ser dotado de uma boa formação acadêmica, conhecer bem
aquilo que está sendo ministrado, saber planejar, definindo com clareza o “o que planejar,
o “como aplicar” e o “para quem” as atividades de ensinos e objetivam, e para tal deve estar
no processo a avaliação.
Assim, esse trabalho é fruto de observações de aulasrealizadas para identificaronde as
atividades se encaixam nosconteúdosda Educação Física, unidos às falas da professora e
sua constatação dos relatos do diário de campo. Isso tendo como objetivo analisar o

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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conteúdo de aulas de Educação Física de uma única realidade da escola pública, da cidade
de Ouro Preto, Minas Gerais.

MÉTODOS
As aulas de Educação Física dos anos Iniciais do Ensino Fundamental em uma
escola da rede pública Municipal na cidade de Ouro Preto-MG foram observadas por três
meses. A pesquisa caracteriza-se como qualitativa descritiva observacional. Os
instrumentos utilizados foram uma filmadora e um caderno como diário de campo no qual
foram anotadas as observações relacionadas aos conteúdos ministrados nas aulas. O
universo do estudo foi composto por duas turmas mista do 4º e 5º anos do Ensino
Fundamental com 25 alunos cada, de idades entre nove e dez anos.Foram observadas 18
aulas de cada turma com duração de 50 minutos cada, ministradas pelo mesmo professor.
Após cada registro no diário de campo a professora verificava as atividades registradas e
atestava-as com sua assinatura. As filmagens foram utilizadas para verificação dos
registros do diário de campo, quando necessárias.
RESULTADOS e DISCUSSÃO
A partir das observações, identificou-se que 36 aulas os esportes coletivos, os jogos
pré-desportivos e as brincadeiras com bola foram a base das atividades realizadas. Nestas
atividades a caracterização dos jogos esportivos foi percebida em atividades correlatas ao:
Futsal: 17 vezes, configurando 47,22% das atividades das aulas; o Handebol foi utilizado
nove vezes o que representou 25% nas aulas; o voleibol apresentado por 10 vezes
representando 27,77% nas aulas e as brincadeiras foram utilizadas 22 vezes ocupando
61% das atividades das aulas. Como pode ser observado no quadro abaixo.
Quadro 1: Atividades com bola desenvolvidas em 36 Aulaspara crianças com
idades de 9 e 10 anos

Conteúdos Temas desenvolvidos Frequência


Esportes Futsal 17 Vezes
Handebol 9 Vezes
Voleibol 10 Vezes
Brincadeiras Queimada 14Vezes
Golzinho de 4 cantos 2 Vezes
Futpet 3 Vezes
Pique-bola 3 Vezes

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De acordo com as análises preliminares dos dados da pesquisa foi possível perceber
que as atividades com bola têm certa predominância entre os demais conteúdos ocupando
61% das aulas, é possível perceber a forte influência dos Jogos Esportivos Coletivos (JEC).
Segundo relato da professora, a bola é um elemento externo que mais desperta curiosidade
nos alunos, pois, é o material o qual os alunos têm mais acesso fora do ambiente escolar.
As atividades com bola foram as que contavam uma maior participação dos alunos, assim
como foi possível perceber o grau de satisfação destes durantes as aulas atreladas ao um
bom desempenho. Segundo a professora isso se deve ao conhecimento prévio dos alunos,
fator este que contribui e muito para a compreensão das atividades.
Também deve se levar em conta a influencia esportivista a qual a professora se
ampara para administrar a suas aulas.Segundo relato da própria professora ela não tinha
motivação para estudar mais,e que suas leituras restringiam-se apenas em esportes e
recreação,as quais são utilizadas em suas práticas.
Com base nas aulas observadas foi possível perceber que os esportes coletivos
continuam sendo o conteúdo mais aplicado durante as aulas ministradas, no entanto sem
nenhuma estruturação ou mesmo problematização do conteúdo aplicado. Através da
pesquisa de campo, foi possível perceber uma realidade da Educação Física que continua
com raízes em atividades desenvolvidas em práticas vivenciadas pela professora que é
trazido para o desenvolvimento das aulas, sem construção ou aplicação do conhecimento
recebido na formação. A professora relata que não ter em suas aulas uma metodologia
específica, nem haver planejamento escrito, tudo é baseado na experiência adquirida aos
longos dos anos.Sendo esta problemática recorrente com outros docentes.
CONCLUSÃO
De acordo com os resultados da pesquisa podemos observa que há uma
predominância das atividades com bola no conteúdo das aulasde Educação Física
principalmente os jogos desportivos coletivos. Estes jogos podem ser um importante
subsídio para o desenvolvimento multilateral da criança ou adolescente, entretanto para
que essa contribuição seja eficaz, é necessária autilização baseada de uma metodologia
baseada na pedagogia do esporte, que atribui um aspecto educativo ao esporte, e que os
planejamentos dos professores tenham embasamentos teóricos para proporcionar ao
aprendiz um conhecimento integral da atividade que está sendo realizada.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
383

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
COSTA, Luciane; NASCIMENTO, Juarez. O ensino da técnica e da tática: novas
abordagens metodológicas. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 15, n. 2, p. 49-
56, 2 sem. 2004.
BETTI, I. C. R. Esporte na escola: mas é só isso, Professor? Motriz. v.1, n.1, p.25 -31,
junho, 1999.
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo:
Cortez, 1992.
BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
Fundamental. Brasília, MEC/SEF, 1997.
ZABALA, M. Á. Diários de aula: contributo para o estudo dos dilemas práticos dos
professores. Portugal: Porto, 1994.
BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Características da investigação qualitativa. In: Investigação
qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto, Porto
Editora, 1994. p.47-51.
MOREIRA, A. F. B. Currículos e Programas no Brasil. Campinas: Papirus, 1995.
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96.
Brasília, 1996.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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O ENSINO DOS ESPORTES COLETIVOS DE INVASÃO NO AMBIENTE ESCOLAR:


UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Luciane Cristina Arantes da Costa (UEM)


Patricia Carolina Borsato Passos (PEF/UEM)
Andressa Contreira (PEF/UEM)
Lenamar Fiorese Vieira (UEM)
luarantes100@gmail.com

RESUMO: Este estudo teve como objetivo estruturar o planejamento das aulas de
Educação Física com os conteúdos dos esportes coletivos de invasão (futsal, basquetebol
e handebol) organizando as unidades didáticas (45 aulas), utilizando como referência os
princípios do Modelo Desenvolvimentista (MD). Participaram do estudo alunos do 6º ano
do ensino fundamental de uma escola pública de um município do estado do Paraná. As
aulas realizadas no contexto escolar foram fotografadas e filmadas. Foi utilizada na
organização dos exercícios a lógica de dificuldade crescente (estágios de progressão dos
exercícios). A análise dos dados considerou as imagens das aulas (fotografia e filmagem).
As evidências demonstraram que o MD pode facilitar a organização das aulas e
proporcionar o aprendizado do esporte aumentando a motivação dos alunos,
principalmente ao oferecer exercícios e atividades pedagógicas que estabeleçam critérios
de êxito apropriados aos objetivos das aulas.
Palavras-chave: pedagogia; escola; esporte.

INTRODUÇÃO: O modelo desenvolvimentista (MD) para o ensino dos jogos esportivos foi
elaborado pela professora norte-americana Judith Rink na década de 1990. Este modelo
preconiza que os exercícios devem ser organizados didaticamente, de modo que as tarefas

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
385

de aprendizagem forneçam oportunidades para a melhoria da aprendizagem das


habilidades esportivas, sendo ordenadas em quatro estágios de complexidade.
No estágio 1 recomendam-se exercícios em que os alunos aprendam a controlar objetos
(bola, arcos, raquetes), realizando atividades de jogar a bola, receber ou quicar, cujas
experiências tenham a complexidade aumentada gradualmente. No estágio 2 as
habilidades vivenciadas devem ser combinadas, por exemplo, driblar e em seguida passar
a bola, ou receber a bola, driblar e arremessar. No estágio 3 devem ser vivenciadas
estratégias ofensivas e defensivas realizadas durante o jogo, como por exemplo a
manutenção e recuperação da posse de bola em situações de oposição simplificada (1X1,
2X2 e 3X3). Já no estágio 4 os alunos devem vivenciar situações mais complexas do jogo
formal em que o aspecto chave é a capacidade dos alunos de manutenção da continuidade
do jogo, mesmo que o número de alunos (em relação ao jogo formal) tenha que ser reduzido
(RINK, 2010).
Para Graça e Mesquita (2013) no MD o tratamento didático ocorre quando os professores
conseguem manipular as situações de aprendizagem, aumentando ou diminuindo as
dificuldades exigidas nas tarefas. Para tanto, o professor pode seqüenciar os conteúdos
estabelecendo prioridades (progressão), realizando atividades com objetivo de
aperfeiçoamento do movimento (refinamento) e atividades em condições que exijam o
rendimento no contexto do jogo (refinamento). Destaca-se que, enquanto a progressão se
caracteriza como a possibilidade de realizar as tarefas aumentando gradativamente a
dificuldade, o refinamento exige dos estudantes o aperfeiçoamento das respostas motoras
bem como da análise crítica da situação de jogo, e na aplicação são selecionadas tarefas
que possam ser utilizadas no contexto do jogo propriamente dito para favorecer o aumento
da tomada de decisão (MESQUITA e GRAÇA, 2011).
Diante dessa realidade, este estudo teve como objetivo estruturar o planejamento das aulas
de Educação Física com os conteúdos dos esportes coletivos de invasão (futsal,
basquetebol e handebol) organizando as unidades didáticas, tendo como referência os
princípios do Modelo Desenvolvimentista (MD).

MÉTODOS: A investigação foi realizada com alunos do 6º ano do ensino fundamental de


uma escola pública que participaram de um programa de intervenção (45 aulas) utilizando
o MD. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos sob o

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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parecer nº. 236.092. A autorização dos responsáveis para participação do estudo foi
solicitada por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, esclarecendo os
possíveis riscos das atividades desenvolvidas.
As modalidades de futsal, basquetebol e handebol foram escolhidas como conteúdos por
possuírem características pedagógicas semelhantes (esportes coletivos de invasão). A
forma de organização dos exercícios realizados no planejamento das aulas foi
fundamentada nos estágios de progressão dos exercícios utilizado no MD (Quadro 1).
Os planos de aula do 6° ano foram elaborados seguindo os pressupostos do MD ao
apresentar critérios para a realização dos estágios de progressão dos exercícios no
processo de ensino e aprendizagem: 1) possibilitar a evolução do desempenho motor dos
estudantes; 2) proporcionar o máximo de atividade para todos os estudantes,
independentemente do nível de habilidade; 3) ser apropriado ao nível de experiência dos
estudantes; e 4) integrar os aspectos motor, cognitivo e afetivo aos objetivos educacionais
(Quadro 1).
Quadro 1 - Estágios de progressão de exercícios.
Estágio 1 (habilidades simples sem oposição/marcação)
 Preocupa-se com habilidades realizadas individualmente
 Capacidade de controlar um objeto (bola, raquete)
Ações – direcionar um objeto para um lugar com qualidade (força, nível e direção) de forma consistente, parado e em
movimento.
Receber ações–obter a posse do objeto indo na direção do mesmo, de qualquer nível, direção ou velocidade, parado
e em movimento.
Estágio 2 (combinação de habilidades sem oposição/marcação)
 Combinação de habilidades
 Movimentos realizados combinando habilidades.
Estágio 3 (situações de oposição simplificada)
 Estratégias básicas de defesa e ataque.
Estágio 4 (práticas semelhantes ao jogo formal)
 Modificar os jogos com alterações nas regras, limites, número de jogadores e posições especializadas.
Fonte: Adaptado de RINK (2010)

Embora a organização das tarefas fosse muito semelhante em todas as modalidades, as


diferenciações ocorreram nos aspectos relacionados às dimensões do conteúdo (motor,
cognitivo e afetivo) (Quadro 2).
Quadro 2 - Organização das dimensões dos conteúdos dos esportes coletivos de invasão
(motor, cognitivo e afetivo) para o planejamento das aulas do 6ºano de uma escola estadual.
Motor Cognitivo Afetivo
- Jogos Desenvolvimentistas de Nível II (grandes - Características dos - Cooperação;
jogos); esportes coletivos; - Autoconceito;
- Habilidades com bola (Fundamentos: a) futsal: - Ataque e defesa - Respeito;
drible, passe/recepção e chute; b) basquetebol: (direções); - Responsabilidade;
- Igualdade numérica; - Socialização;

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
387

drible, passe e arremesso; c) handebol: drible, - Conceitos iniciais de - Autoestima.


passe e arremesso); inferioridade e superioridade
- Tarefas de oposição simplificada (1X0, 2X1 e numérica;
3X2); - Tomada de decisão tática.
- Tarefas semelhantes ao jogo formal (1X1, 2X2 e
3X3).
- Torneios: futsal de trio, basquete de dupla e
handebol de trio.

Na análise dos dados qualitativos foram consideradas as imagens das aulas (fotografia e
filmagem). Para a análise de dados foram utilizados códigos de análise para demarcar os
temas por meio da comparação dos dados, procurando semelhanças, relações e diferenças
(BRAUN e CLARKE, 2006).

RESULTADOS
Estágio 1 (Habilidades Simples Sem Oposição)
Foram realizados os exercícios do estágio 1 em todas as modalidades. Ao realizar o
controle de bola (habilidades simples sem oposição) na modalidade de futsal, percebeu-se
a dificuldade da maioria das crianças em realizar as tarefas. As turmas eram heterogêneas
e alguns meninos se sentiam desmotivados com a facilidade de alguns exercícios. Foi
necessário estabelecer metas diferenciadas de acordo com o nível de habilidade de cada
aluno. Durante a realização de tarefas de troca de passes entre os alunos, procurou-se
estabelecer critérios de êxito (estabelecimento de número de passes por tempo e execução
de passes consecutivos) que facilitassem a participação dos estudantes que demonstravam
maior facilidade de execução, mas que também oportunizassem maior dificuldade para os
alunos com maiores habilidades.
No basquetebol, as habilidades simples sem oposição (estágio 1) e combinação de
habilidades (estágio 2) foram executadas com a participação de todos os alunos. Acredita-
se que isto se deve ao fato do nível de conhecimento da modalidade ser bastante
homogênea entre os alunos (todos conheciam muito pouco da modalidade). Além disso, a
maior experiência do professor com a modalidade de basquetebol facilitou a escolha das
tarefas de acordo com o nível de aprendizado dos estudantes. Essa percepção é
corroborada por Graça (2013), ao apontar que a experiência dos professores com
determinados conteúdos (conhecimento do conteúdo) facilita o processo de ensino e
aprendizagem quando aliado ao conhecimento pedagógico do conteúdo.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
388

Na modalidade de handebol os alunos já estavam familiarizados com algumas atividades,


o que facilitou a compreensão dos exercícios. Dessa forma, foi possível realizar este estágio
por um período mais curto de tempo, ou seja, mesmo que o objetivo das aulas fosse realizar
exercícios do estágio 1, em alguns momentos foram realizados exercícios do estágio 3 e
estágio 4, aumentando a motivação dos alunos que demonstravam maior satisfação na
realização das tarefas. Conforme destacado por Mesquita e Graça (2006), os estágios 2 e
3 deveriam ser mais trabalhados na escola. Além disso, um estágio deve continuar sendo
trabalhado, mesmo quando o professor direcione as atividades prioritariamente para outro
estágio, pois os exercícios são estruturados a partir da ótica de professores e alunos
enquanto necessidade de realização durante o jogo.

Estágio 2 (Combinação de Habilidades sem Oposição)


Nos exercícios em que se combinam as habilidades, mas ainda não é evidenciado o papel
do defensor (receber um passe e driblar, driblar e passar, driblar e chutar/arremessar,
receber, driblar e chutar/arremessar), o nível de motivação para realização das tarefas
estava muito baixo. Assim, a adoção de metas e critérios de êxito (GRAÇA e MESQUITA,
2013) também facilitou o processo de ensino e aprendizagem. No futsal, a troca de passes
foi ser executada com a finalização ao gol. No basquetebol e no handebol, os alunos que
conseguiam realizar as tarefas de acordo com as regras pré-estabelecidas ganhavam o
“bônus” de continuar com a posse de bola.
Quando as tarefas envolviam maiores movimentações (trocas de coluna, passar para um
lado e movimentar-se para outro), as dificuldades eram ainda maiores, especialmente pela
falta de controle de bola e de domínio corporal. Entretanto, as dificuldades e os erros, de
acordo com Garganta et al. (2013), são importantes e devem integrar o processo de
aprendizagem, desde que os professores sejam capazes de identificá-los para que os
estudantes possam progredir durante o processo. Um aspecto a destacar é que, ao
executar as tarefas do estágio 2, os estudantes foram se familiarizando com as regras da
modalidade, ganhando autonomia para o trabalho em grupo e evitando a exclusão dos
pares menos habilidosos.

Estágio 3 (Situações de Oposição Simplificada)

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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A introdução de tarefas que envolviam situações de oposição simplificada exigiu várias


demonstrações do professor. A quadra foi demarcada com giz, os gols foram adaptados
com cones e os defensores utilizavam coletes para se diferenciar dos atacantes. Após as
primeiras tentativas, algumas metas foram estabelecidas (critérios de êxito), como o
número de passes antes da tentativa do gol e o número de toques na bola. O tamanho do
espaço utilizado foi aumentado progressivamente. No basquetebol, os exercícios de
superioridade numérica (2X1) foram iniciados com alvos adaptados (arcos e cones),
estimulando as fintas como elemento importante para a realização do passe. Nestas
atividades, os estudantes vivenciaram a realização de algumas regras da modalidade.
Ao realizar as tarefas de superioridade numérica utilizando meia quadra os estudantes
tiveram muita dificuldade.
Ao realizar tarefas com a mesma dinâmica nas modalidades de basquetebol e
handebol, os estudantes mais familiarizados às tarefas realizadas na primeira unidade
didática (futsal) tiveram maior facilidade na execução, apesar da falta de conhecimento
específico destas modalidades.

Estágio 4 (Práticas semelhantes ao Jogo Formal)


Os exercícios em situações semelhantes ao jogo formal foram realizados com a redução
do número de jogadores em todas as modalidades. A execução das tarefas em situação
2X2 foi ainda mais complexa, exigindo maior habilidade motora, controle da bola e controle
corporal. Para o recebimento da bola, os estudantes deveriam se movimentar para se
desmarcar, pois a atitude defensiva foi bastante motivada pela recuperação de bola. Para
facilitar este processo, buscou-se realizar tarefas mais simples com 2 atacantes e apenas
um defensor, ou seja, 1X1 (+1), onde um dos atacantes exercia o papel de curinga
(GRECO, 1998).
Foram realizadas tarefas para que os estudantes aprendessem a se movimentar para
receber a bola, de modo que o adversário não conseguisse realizar a marcação. Para
facilitar o recebimento da bola pelos estudantes, tarefas de 2X2 (+1), foram realizadas
inicialmente com o professor executando o papel de curinga.

CONCLUSÕES: As evidências encontradas apontaram a possibilidade de implementação


do Modelo Desenvolvimentista (MD) no ensino dos esportes de invasão nas aulas de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
390

Educação Física, embora o conhecimento do conteúdo pelo professor seja fundamental


para a sua organização didática. Além disso, verificou-se o importante papel da utilização
dos critérios de êxito na realização dos exercícios, independentemente dos estágios de
progressão.
Sugere-se que investigações futuras possam ser realizadas em realidades diferenciadas
(escolas privadas e outras séries), colaborando para valorização da Educação Física
escolar.

REFERÊNCIAS

BRAUN, V.; CLARKE, V. Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in


Psychology, v. 3, p. 77-101, 2006.

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RINK, J. Teaching physical education. 6 ed. New York: McGraw-Hill Companies, 2010.

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391

O DESENVOLVIMENTO DA PERFORMANCE E COMPREENSÃO DO JOGO NUMA


UNIDADE HÍBRIDA DE INSTRUÇÃO NO FUTEBOL
Cláudio Farias/CIFI2D-FADEUP
José Pereira/UFJF
Marcelo Izar/FADEUP
Isabel Mesquita/CIFI2D-FADEUP
claudiofariasef@gmail.com
RESUMO
Este estudo aplicou uma unidade híbrida (Modelo de Educação Desportiva-Modelo de
Competência dos Jogos de Invasão) de ensino do futebol aferindo o seu impacto na
performance e compreensão do jogo dos alunos e nas correlações entre os dois domínios,
tendo em conta o seu nível de habilidade. Participaram no estudo 25 alunos do 5.º ano de
escolaridade. Um pré-teste e um pós-teste aferiram a performance dos alunos e a
compreensão do jogo (tomada de decisão e execução motora).
Os alunos de menor habilidade melhoram significativamente na performance total e na
tomada de decisão. Os alunos de Maior habilidade melhoraram na performance defensiva.
Na compreensão de jogo, os alunos de menor habilidade melhoraram nos cinco índices
considerados e os alunos de Maior habilidade em três. Somente no PoT foram encontradas
correlações entre a compreensão de jogo e a performance dos alunos, nos alunos de Maior
habilidade nas componentes ofensivas do jogo e nos alunos de menor habilidade na
execução motora. As características específicas de cada um dos modelos coligados
influíram determinantemente nas aprendizagens dos alunos.
Palavras-chave: Unidade de ensino híbrida; Aprendizagem do futebol; Performance e
compreensão do jogo.
INTRODUÇÃO

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Em qualquer atividade desportiva, quando o critério é a performance, o domínio cognitivo


(conhecimento e compreensão do jogo) e o comportamento motor (execução) contribuem
para a eficiência e qualidade do nível de jogo dos estudantes porquanto são recrutados de
forma interligada (THOMAS; THOMAS, 1994). No âmbito da Educação Física e da
Pedagogia do Desporto têm emergido algumas conceções de ensino que procuram
desenvolver de forma integrada a compreensão do jogo e a performance em jogo
(BUNKER; THORPE, 1982). Atendendo à especificidade de alguns desportos de equipa,
recentemente, os investigadores coligaram o Modelo de Educação Desportiva (MED) com
o Modelo de Competência dos jogo de Invasão (MCJI) (FARIAS; MESQUITA; HASTIE,
2015). Pretendeu-se desenvolver a autonomia decisional dos estudantes através da criação
de um contexto de aprendizagem mais autêntico e significativo para os estudantes (MED)
onde o conteúdo desportivo dos jogos fosse aprendido por meios de tarefas de
aprendizagem especializadas (MCJI).
No seguimento desse estudo, a presente investigação pretendeu aferir o impacto de uma
unidade híbrida de ensino (aplicação combinada do MED e do MCJI) de futebol (dada a
relevância cultural no contexto deste estudo) no desenvolvimento da compreensão de jogo
dos alunos (fora do contexto de jogo) e sua performance em jogo, bem como na criação
de correlações entre os dois domínios. A análise dos dados tomou em conta o nível de
habilidade inicial dos estudantes.
MÉTODOS
Participaram na unidade de ensino híbrida MED-MCJI (22 aulas) 25 alunos (nove rapazes
e 16 raparigas) do 5.º ano de escolaridade. Os alunos participam em aulas de EF duas
vezes por semana (uma aula de 45 minutos mais uma aula de 90 minutos).
A unidade híbrida MED-MCJI
O contexto de aprendizagem: MED. A turma foi dividida em três equipas heterogéneas de
equivalente nível motor que desenvolveram uma identidade própria (afiliação). Para além
do papel como jogadores os alunos desempenharam em regime de rotatividade os papéis
de capitão-treinador, subcapitão, técnico de material, estatístico, árbitro, cronometrista,
oficial de mesa e diretor desportivo, que foram levados a cabo essencialmente durante as
jornadas competitivas.
O tratamento didático do conteúdo: MCJI. Três tipologias de tarefas constituíram as
atividades de aprendizagem utilizadas. A Forma Básica de Jogo (FBJ) com um formato 3

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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vs 2 + guarda-redes. As Formas Parciais de Jogo (FPJ) (enfoque tático e na resolução dos


problemas específicos do jogo). As Tarefas Baseadas no Jogo (TBJ), serviram para refinar
ações técnicas de forma contextualizada.
Recolha dos dados
Performance de jogo. A performance de jogo dos alunos foi aferida através de observação
sistemática da sua performance em jogo (durante a prática da FBJ) em dois momentos, no
início (PrT) e final da unidade (PoT), com recurso ao instrumento de observação de
Blomqvist, Vänttinen e Luhtanen (2005). Foram analisadas e classificadas as tomadas de
decisão (TD) com bola (passe, drible/transporte e remate), e sem bola (ofensivas:
movimento para fluência de jogo, movimento para receção de passe e movimento não
necessário; defensivas: movimento para fluência de jogo, marcação, cobertura defensiva,
tentativa de conquista de bola e defender a baliza) bem como a execução motora (EM)
ofensiva (receção, passe, drible/transporte e remate) e execução motora defensiva (duelo
individual e interceção). A cada comportamento/execução apropriada/eficiente foi atribuído
1 ponto.
Teste de compreensão do jogo. Dois peritos elaboram um teste adaptado ao locus de
desenvolvimento cognitivo dos estudantes. Foram escolhidos 14 problemas de jogo para
examinar as estratégias congruentes e intrinsecamente relacionadas com as tarefas
ministradas na unidade de ensino e com os problemas de jogo advindos da prática, aos
quais se juntaram seis questões relacionadas com a eficiência de desempenho nas
habilidades técnicas. As questões táticas englobaram seis perguntas sobre TD com a bola,
cinco sobre TD ofensiva sem bola, três sobre TD defensiva, quatro sobre EM ofensiva e
duas sobre EM defensiva.
Análise dos dados
Índices. Cada aluno recebeu cinco pontuações relativas à sua performance de jogo. A
performance total de jogo (PTJ) (TD + EM), a TD (TD-PJ), a EM (EM-PJ), a performance
ofensiva de jogo (POJ) (TD ofensiva + EM ofensiva) e a performance defensiva de jogo
(PDJ) (TD defensiva + EM defensiva). Cada aluno recebeu cinco pontuações relativas à
sua compreensão do jogo. A compreensão total de jogo (CTJ) representa a soma das
respostas do teste referentes à TD (TD-CJ) com a soma das respostas referentes à EM
(EM-CJ). O índice de compreensão ofensiva de jogo (COJ) agrega os scores nas respostas

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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referentes à TD com bola, a TD ofensiva sem bola e a EM ofensiva. O índice de


compreensão defensiva de jogo (CDJ) soma os scores na TD defensiva da EM defensiva.
Médias e desvios padrões foram calculados para todas as variáveis. Para testar as
diferenças intragrupo do PrT para o PoT foi aplicada estatística não-paramétrica (Wilcoxon)
Para testar as relações entre a compreensão do jogo dos alunos e a sua performance
recorreu-se à correlação de Spearman. Com base nos seus scores iniciais, os alunos foram
divididos em dois grupos, maior (MH) e menor (mh) nível de habilidade.
RESULTADOS
Performance de jogo
A tabela 1 mostra as médias dos scores e desvios padrão dos alunos nas categorias da
performance de jogo. Os alunos de mh elevaram os scores do PrT para o PoT em todas as
variáveis, com melhorias significativas na PTJ (Z = - 2.32, p = .020) e na TD-PJ (Z = - 2.27,
p = .023). Os alunos de MH elevaram os scores em quatro dos cinco domínios, melhorando
significativamente na PDJ (Z = - 2.20, p =.020).
Compreensão do jogo
A tabela 2 mostra as médias dos scores e desvios padrão dos alunos nas categorias da
compreensão do jogo. Do PrT para o PoT os alunos de mh melhoraram em todos os
domínios da compreensão do jogo, isto é, na CTJ (Z = - 3.64, p < .020), na TD-CJ (Z = -
3.02, p = .003), na EM-CJ (Z = - 3.63, p < .001), na COJ (Z = - 3.51, p < .001) e na CDJ (Z
= - 3.32, p < .001). Os alunos de MH elevaram os scores em quatro das cinco categorias,
melhorando significativamente na CTJ (Z = - 2.32, p < .021), na TD-CJ (Z = - 2.38, p =. 017)
e na COJ (Z = - 2.69, p = .007).
Tabela 1
Médias e desvios padrão da performance dos alunos de acordo com o seu
nível de habilidade
________________________________________________________________________

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___

Índice mh MH
___________________________________________________________________________

PrT (M / DP) PoT (M / DP) PrT (M / DP) PoT (M / DP)


___________________________________________________________________________

PTJ 42.00 (11.54) 52.78 (8.10) * 51.86 (11.41) 55.00 (7.85)

TD-PJ 34.12 (9.81) 40.67 (6.06)* 40.43 (9.53) 42.57 (3.50)


EM-PJ 6.91 (3.87) 9.71 (4.78) 11.43 (6.08) 13.43 (4.50)
POJ 26.11 (5.11) 27.61 (10.12) 32.50 (6.20) 30.71 (8.16)
PDJ 18.38 (6.10) 23.57 (5.12) 20.00 (6.17) 26.13 (4.13)*
* Melhoras estatisticamente significativas do PrT para o PoT
Tabela 2
Médias e desvios padrão dos scores dos alunos no teste de compreensão do jogo de acordo
com o seu nível de habilidade
_______________________________________________________________________

Índice mh Mh
___________________________________________________________________________

PrT (M / DP) PoT (M / DP) PrT (M / DP) PoT (M / DP)


____________ _______________________________________________________________

CTJ (max = 40) 29.47 (3.06) 35.59 (3.92) * 32.78 (4.58) 37.11 (4.76)*

TD-CJ (max = 28) 20.47 (2.65) 24.88 (3.02)* 22.89 (3.98) 26.11 (3.92)*
EM-CJ (max = 12) 9.00 (1.62) 10.71 (.69)* 9.89 (1.53) 11.00 (1.00)
COJ (max = 30) 22.00 (2.29) 26.12 (3.12)* 24.44 (3.40) 27.89 (2.93)*
CDJ (max = 10) 7.47 (1.81) 9.47 (.94) * 8.33 (1.73) 9.22 (1.99)
* Melhoras estatisticamente significativas do PrT para o PoT
Relação entre compreensão do jogo e performance em jogo
No PrT não foram encontradas correlações entre o conhecimento e a performance de jogo
em nenhum dos grupos. Nos alunos de mh foram encontradas correlações significativas
entre a performance e compreensão do jogo no PoT. existiram correlações entre
performance e compreensão, nomeadamente entre a EM defensiva e a compreensão do
jogo (EM-CJ: r = 59, p = .013; EM defensiva, r = 67, p = .003, respetivamente). Existiram
correlações entre a performance na TD ofensiva sem bola e a compreensão da EM ofensiva
(r = 64, p = .005 ) e entre a TD-PJ e a compreensão da EM ofensiva (r = 56, p = .021).
No alunos de MH, no PoT, foram encontradas correlações entre a performance na TD com
bola e a COJ (r = 68, p = .045) e entre a TD e a compreensão da TD (r = 70, p =. 036), da

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TD com bola (r = 75, p = .020), da TD ofensiva sem bola (r = 72, p = .036), da COJ (r = 80,
p = .011) e da CTJ (r = 72, p = .028).

CONCLUSÕES
No presente estudo a unidade híbrida MED-MCJI teve um impacto determinante no
desenvolvimento da performance e da compreensão de jogo dos alunos. As características
específicas e únicas da unidade, nomeadamente, o tratamento didático especializado da
matéria de ensino (a especificidade das tarefas de jogo) e o perfil instrucional do MCJI, em
aliança com o ambiente autêntico das aprendizagens advindas das características do MED
semelhantes aos desportos de competição, são adiantadas como responsáveis pelo forte
impacto da unidade nas aprendizagens. No final da unidade, contrastando com o verificado
no início, tanto os alunos de maior habilidade como os de menor habilidade correlacionaram
a sua performance com a sua compreensão do jogo, especialmente os alunos de mais
participativos em jogo, sugerindo um impacto fundamental da unidade MED-MCJI neste
aspeto. É particularmente salientada a importância de se promover as melhorias na
performance tática e motora dos estudantes, em função de um processo simultâneo de
tomada de consciência e compreensão tática decorrente das suas próprias vivências em
jogo. A “atmosfera” educativa autêntica em que as aprendizagens ocorreram e a prática
sistemática da FBJ em contextos competitivos saudáveis foram determinante para criar um
forte comprometimento dos alunos para com a matéria de ensino.

REFERÊNCIAS
BUNKER, D.; THORPE, R. A model for the teaching of games in the secondary school. Bulletin
of Physical Education. 10, p. 9-16, 1982.
BLOMQVIST, M.; VÄNTTINEN,T.; LUHTANEN, P. Assessment of Secondary School Students’
Decision-Making and Game-Play Ability in Soccer. Physical Education and Sport Pedagogy,
10
(2), p. 107-119, 2005.
THOMAS, K.; THOMAS, J. Developing expertise in sport: The relation of knowledge and
performance. International Journal of Sport Psychology. 25 (2), p. 295-312, 1994.
FARIAS, C.; MESQUITA, I.; HASTIE, P. A. Game performance and understanding within a
hybrid sport education season. JTPE, 34(3), p. 363-383, 2015.

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PROGRAMA SEGUNDO TEMPO: AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS NO


NÚCLEO DE ESPORTES ADAPTADOS DA ESEF/UFPEL

Alexandre Carriconde Marques / ESEF - UFPel


Jennifer Rodrigues Silveira / ESEF – UFPel
amcarriconde@hotmail.com

RESUMO: O acesso ao esporte tem sido usado como uma ferramenta de oportunidade
para crianças e jovens com deficiências, visando não apenas as questões de saúde, mas
também para a inclusão destes no contexto social. O objetivo do presente estudo é
descrever as ações desenvolvidas no núcleo de esportes adaptados do PST –
ESEF/UFPel. Participam das atividades 98 crianças e jovens, sendo 32 sem deficiências e
66 com algum tipo de deficiências. Todos os participantes são oriundos de classes com
poder aquisitivo baixo, classificados pela ABIPEME nas classes C e D. Os alunos
participam durante seis horas da semana em atividades esportivas, de desenvolvimento
motor e complementares. Coordenam as atividades um professor e cinco monitores.
Durante o programa são utilizados instrumentos de avaliação para verificar a melhoria da
aptidão física, habilidade motora, percepção de saúde, nível de satisfação dos alunos e
também dos familiares. Os resultados do trabalho tem demonstrado uma melhoria das
habilidades motoras , determinada pelo aumento do nível de participação nas atividades
propostas. A interação nas atividades, tem favorecido a melhoria das relações pessoais,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
398

observadas durante a prática da atividade esportiva, onde alguns alunos com autismo tem
participado dos jogos coletivos. A oportunidade de participarem em ambientes inclusivo na
pratica de esportes, tem modificado o estilo de vida dessas criança, contribuindo para o
aumento dos níveis de independência e autonomia nas tarefas de vida diária.

INTRODUÇÃO: As atividades em turno inverso ao da escola, tem propiciado uma


aderência maior das crianças e jovens em programas de esporte, incluindo-se ai também
aquelas que tem algum tipo de deficiências. Em 2008, o Programa Segundo Tempo (PST),
começou a desenvolver os Núcleos de Esportes Adaptados, com a intenção de oportunizar
uma maior participação de crianças e jovens com deficiências nas práticas esportivas. Foi
criado na ESEF-UFPel, o primeiro núcleo que funcionou como um projeto piloto do PST,
chamado na época de “PST Especial”. Este pilotou serviu para criação das diretrizes que
colaborariam com a implementação de outros núcleos parecidos pelo Brasil. O Programa
Segundo Tempo – Esportes Adaptados é um espaço universal onde todos os beneficiados
participam das atividades em ambientes e com desenvolvimento de trabalhos pedagógicos
direcionados. As atividades físicas e esportivas, tem ajudado as pessoas com deficiência a
adquirirem, além de autonomia e independência, o resgate da autoestima, autoconfiança,
relações pessoais e equilíbrio emocional. O objetivo do presente estudo é descrever as
ações desenvolvidas no núcleo de esportes adaptados do PST – ESEF/UFPel.

MÉTODO: O estudo caracteriza-se como um estudo epidemiológico transversal.


Participaram da amostra 98 crianças e jovens com idades entre 11 e 21 anos, sendo 70
meninos e 28 meninas, sendo 66 com algum tipo de deficiência e 32 sem deficiência. Dos
que tem deficiências, 10 tem Síndrome de Down (SD); 19 déficit intelectual, 08 paralisia
cerebral, 16 com espectro autista, 09 com deficiências físicas e 04 cegos. Atuam com esses
alunos um professor e quatro monitores da área da Educação Física. Para verificar a
aptidão física foi utilizada a bateria de testes do PRODOWN para avaliar os que tinham SD
e a bateria do PROESP-BR adaptada para os demais, com e sem deficiências. Foram
aplicados instrumento do PST para avaliar o nível de satisfação dos alunos e também dos
familiares. Cada aluno tem três dias de atendimento na semana e seis modalidades
esportivas diferentes. Os alunos são divididos em quatro turmas de no máximo 25 alunos,
todas as turmas são heterogenias e sem limites de idade. Procura-se trabalhar com

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
399

múltiplas modalidades esportivas para que os alunos conheçam e vivenciem diferentes


experiências, inclusive modalidades que não são comumente trabalhadas nas escolas
públicas, como tênis e natação. As atividades são modificadas a cada semestre ou
bimestre, sendo que a cada período de dois anos, os alunos participam de no mínimo 10
modalidades esportivas diferentes. Cada modalidade é trabalhada a partir da vivencia do
jogo e de conhecimentos de regras básicas voltadas a participação, onde inicialmente, o
foco principal fica na vivencia sem a necessidade de realização de técnicas especificas de
execução (FIGURA 1).

Figura 1: Imagens do Núcleo de esportes adaptados ESEF-UFPel, nas modalidades


basquete em cadeira de rodas, desenvolvimento motor e natação.

RESULTADOS: Observou-se nos testes e re-testes (4 meses) de aptidão física que 60%
(n=42) dos meninos e 40% (n=12) das meninas melhoraram sua aptidão física em todos
os testes das baterias específicas. Um menino com paralisia cerebral que melhorou sua
aptidão física, passou a não usar mais o andador para se locomover, dado esse não
apenas física, mas também um questão social de melhoria da qualidade de vida. As
crianças que não possuem deficiências, estão todas com níveis desejados de saúde de
acordo com as normas da bateria do PROESP-BR. Verificou-se que das 04 meninas com
SD, todas estavam na faixa de obesidade, observando-se uma relação com os baixos níveis
de aptidão física para todos os testes da bateria PRODOWN. Com relação a avaliação da
percepção de saúde (sim, considerável ou não) relatada pelos pais ou responsáveis, os
meninos apresentam uma melhor condição de saúde, estabelecendo um associação
significativa para um p=0,02 no teste do qui-quadrado. Os pais percebem que a partir da
participação no PST, seu filhos tem reclamado menos de dores no corpo (51% - n=50).
Todos alunos quando perguntados, declararam gostar das atividades do PST. Metade dos
meninos diz não se importar de não praticar o futebol, pois conheceram outras modalidades
tão legais quanto o futebol. Percebe-se que a melhoria geral da aptidão física, tem trazido

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
400

ganhos de independência e autonomia para realização de atividades de vida diária (AVD)


e melhoria da autoestima, além de incrementar questões afetivas e sociais.

CONCLUSÃO: Contudo, o programa tem permitido situações de ensino aprendizagem, as


quais beneficiam não só os alunos, mas também os monitores servindo de estímulo e
aprendizado profissional e social durante a graduação. Os alunos sem deficiência mostram
maiores facilidades em relação a aprendizagem e realização das atividades, entretanto,
todos os alunos beneficiam-se com o relacionamento interpessoal de inclusão e interação.
É preciso em todos os níveis trabalhar com as crianças a partir de suas potencialidades,
sem rotular, ou estereotipar. Nota-se que é possível trabalhar com crianças com deficiência
e crianças sem deficiência no mesmo ambiente sem que se perca a qualidade do ensino e
proporcionado vivencias que servirão para a vida toda dos alunos, dos pais e dos
profissionais envolvidos.

REFERÊNCIAS

CARDOSO, Vinícius Denardin. A reabilitação de pessoas com deficiência através do


desporto adaptado. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 529-539,
abr.9/jun. 2011
GAYA, A.C. PROESP-BR: Indicadores de saúde e fatores de prestação esportiva em
crianças e jovens. Revista Perfil. Ano VI, n.6, p. 01 - 15, 2002.
MINISTÉRIO DO ESPORTE. Diretrizes do Programa Segundo Tempo. Ministério do
Esporte. Governo Federal. 2013
MINISTÉRIO DO ESPORTE. Diretrizes do Programa Segundo Tempo – Esportes
Adaptados. Ministério do Esporte. Governo Federal. 2013
PEREIRA, S. O. Reabilitação de Pessoas com deficiência no SUS: Elementos para um
debate sobre integralidade. 2009. 113f. Dissertação (Mestrado) Instituto de Saúde
Coletiva, Universidade Federal da Bahia, 2009.
OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bássoli. PERIM, Gianna Lepre (Organizadores).
Fundamentos pedagógicos do Programa Segundo Tempo: da reflexão a prática –
Maringá: Eduem, 2010.
PRODOW, in MARQUES, A.C. O perfil do estilo de vida de pessoas com Síndrome de
Down e normas para avaliação da aptidão física. Porto Alegre: Tese de Doutorado,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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COMPARAÇÃO ENTRE OS SEXOS DA COORDENAÇÃO MOTORA GROSSA E


APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA ENTRE CRIANÇAS DE 6 A 10 ANOS
Elenice de Sousa Pereira / LACE – UFV
Mariana Calábria Lopes / LACE – UFV
elenice.ufv@gmail.com

RESUMO: O objetivo deste estudo foi comparar entre os sexos o nível de coordenação
motora grossa e a aptidão cardiorrespiratória em escolares. Participaram da amostra 113
sujeitos do sexo masculino e 105 do sexo feminino (n=218), com idade entre 6 e 10 anos.
A coordenação motora grossa foi avaliada por meio do “Teste de Coordenação Corporal
para Crianças” (Körperkoordinationstest Für Kinder - KTK) e a aptidão cardiorrespiratória
dos escolares foi medida por meio do “Corrida de 6 minutos”. Foram observadas diferenças
estatisticamente significativas ao comparar entre os sexos no teste de 6 minutos e
Coordenação Corporal, sendo que os meninos apresentaram um melhor desempenho
quando comparado aos das meninas em ambos os testes (p<0,05). E ao comparar entre
os sexos nas quatro tarefas do KTK, o sexo masculino apresentou valores superiores ao
sexo feminino em todas as tarefas, sendo observadas diferenças significativas somente no
salto monopedal (p<0,05). Pode-se concluir que os meninos apresentam um desempenho
de coordenação motora grossa e aptidão cardiorrespiratória superiores ao sexo feminino.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Esses resultados podem auxiliar os profissionais que atuam com Educação Física escolar
a traçar programas específicos para o desenvolvimento das carências identificadas nas
aulas, bem como elaborar estratégias de intervenção visando o aprimoramento das
competências motoras.
Palavras-chave: coordenação motora grossa, aptidão cardiorrespiratória, crianças.

INTRODUÇÃO: De acordo com alguns estudos (FAIGENBAUM, 2000; PETROSKI &


GAYA, 2010), o nível das capacidades motoras básicas, como resistência, força,
velocidade, flexibilidade e coordenação, vem reduzindo devido ao aumento do
sedentarismo das crianças. A insuficiência de níveis de rendimento da capacidade de
coordenação em crianças provoca uma moderada alteração qualitativa dos movimentos,
bem como produz uma diminuição leve a mediana do rendimento motor (BÖS, 2001). Os
resultados obtidos se agravam quando se considera que o desenvolvimento das
capacidades motoras na infância deve alcançar níveis mínimos de rendimento, de forma a
garantir a saúde das crianças (CARMINATO, 2010).
Atualmente, há uma preocupação com o desenvolvimento da coordenação motora e as
implicações desta capacidade na saúde das crianças e dos adolescentes de ambos os
sexos. Em um estudo com 3742 crianças portuguesas de ambos os sexos dos 6 aos 10
anos, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na coordenação motora
entre os sexos, sendo que os meninos com 8 e 9 anos apresentaram valores médios
superiores aos das meninas no mesmo intervalo etário (LOPES, MAIA, SILVA, SEABRA E
MORAIS, 2003). Em relação a aptidão cardiorrespiratória, Paludo, Fernandes, Blasquez,
Zambrin e Serassuello Junior (2012), realizaram um estudo com 184 escolares de ambos
os sexos de 7 a 10 anos e, encontraram diferenças significativas entre os sexos, onde os
meninos percorreram maior distância no teste de corrida em relação às meninas.
Nesse sentido, torna-se importante avaliar a aptidão cardiorrespiratória e as capacidades
coordenativas de crianças de diferentes sexos, de forma a monitorar e prevenir problemas
motores e de saúde que podem se agravar na idade adulta. Desta forma, o objetivo do
presente estudo foi comparar entre os sexos o nível de coordenação motora grossa e a
aptidão cardiorrespiratória em escolares.

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MÉTODOS: A amostra foi composta por 218 crianças (113 meninos e 105 meninas), entre
6 a 10 anos de idade, matriculados em escolas públicas de Viçosa-MG e participantes de
um projeto esportivo-social. O presente estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa por meio do
parecer número 636.262.
No que se refere aos instrumentos, a coordenação motora grossa foi avaliada por meio do
“Teste de Coordenação Corporal para Crianças” (Körperkoordinationstest Für Kinder - KTK)
desenvolvido por Kiphard e Schilling (1974) de ampla aplicação no Brasil (RIBEIRO, DAVID,
BARBACENA, RODRIGUES & FRANCA, 2012). O KTK é composto por quatro tarefas que
envolvem os componentes da coordenação corporal como equilíbrio, ritmo, força,
lateralidade, velocidade e agilidade. Já a aptidão cardiorrespiratória dos escolares foi
medida por meio do “Corrida de 6 minutos” (BÖS et al., 2001; GAYA et al., 2015), que
consiste em dar o maior número de voltas possíveis em uma quadra de voleibol (18 x 9
metros) em 6 minutos, podendo o aluno andar ou correr.
A análise dos dados foi realizada por meio de procedimentos estatísticos descritivos e de
inferência, realizados no programa SPSS® versão 19. A normalidade dos dados foi testada
por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov. A comparação entre os sexos foi feita por meio
do teste t Student amostras independentes para os dados paramétricos e o teste Mann-
Whitney amostras independentes para os dados não-paramétricos, adotando em ambos os
procedimentos o valor de significância de p<0,05.

RESULTADOS: A Tabela 1 apresenta os resultados referentes a comparação entre os


sexos no teste de 6 minutos e no teste de Coordenação Corporal (KTK).
Sexo N Mediana Z p
Teste 6 minutos Masculino 102 810,00
-4,32 ,001*
Feminino 103 756,00
Total 205
Teste KTK Masculino 111 385,50
-6,40 ,001*
Feminino 102 330,00
Total 213
Tabela 1: Comparação entre os sexos no teste de 6 minutos e Coordenação Corporal.

Pode-se observar que os meninos apresentaram um melhor desempenho quando


comparado aos das meninas em ambos os testes (p<0,05). Em relação ao KTK, outros

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estudos realizados chegaram a resultados semelhantes, apresentando os meninos uma


coordenação motora superior às meninas (BUSTAMENTE et al., 2008; LOPES et al., 2003;
GRAF et al., 2004). Tal diferença pode ser explicada devido às crianças dessa faixa etária
estarem passando pelos estágios de desenvolvimento fundamental, sendo que em
determinadas fases desse processo os meninos apresentam melhores índices quando
comparados as meninas em função das alterações de crescimento e composição corporal
próprias do estirão de crescimento e da maturação sexual (LOPES et al., 2003). Os níveis
de aptidão cardiorrespiratória, bem como o desenvolvimento da coordenação motora,
podem ser influenciados por transformações fisiológicas e anatômicas que ocorrem com o
início da puberdade (PALUDO et al., 2012), sendo que a quantidade de gordura corporal,
o maior comprimento das pernas, a massa muscular mais desenvolvida, deveriam
proporcionar aos meninos um melhor desempenho motor quando comparado às meninas
(GALLAHUE & OZMUN, 2005). Outro fator observado é quantidade de prática de atividade
física habitual, sendo os meninos mais aptos fisicamente do que as meninas, além dos pais
darem mais liberdade aos filhos homens, o que se traduz em maior oportunidade de
momentos ativos em sua vida diária (BERGMANN, ARAÚJO, GARLIPP, LORENZI &
GAYA, 2005).
Na Tabela 2 são apresentados os resultados referentes a comparação entre os sexos nas
quatro tarefas do teste de Coordenação Corporal (KTK).
Sexo N Média dp t p
Equilíbrio** Masculino 111 34,29 15,63
14,93 1,58 ,519
Feminino 103 30,98
Total 214
Salto Lateral** Masculino 111 40,80 14,72
13,83 1,60 ,224
Feminino 103 37,66
Total 214
Transferência Masculino 110 35,14 10,35
Plataforma** 9,05 ,799 ,060
Feminino 103 34,07
Total 213
Mediana Z
Salto Masculino 111 52,00
Monopedal*** -- -2,11 ,034*
Feminino 103 46,00
Total 214
Tabela 2: Comparação entre os sexos nas quatro tarefas do teste KTK. * Valor de
significância p<0,05. **Média e desvio padrão. *** Mediana e z-score.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
405

Podemos observar que o sexo masculino apresentou valores superiores ao sexo feminino
em todas as tarefas do KTK, sendo observadas diferenças estatisticamente significativas
somente no salto monopedal (p<0,05). Os resultados do presente estudo se assemelham
aos achados de Gorla, Duarte e Montagner (2008), que encontraram diferenças
significativas no salto monopedal em favor dos meninos.
Os índices mais elevados no salto monopedal para os meninos demonstram que,
possivelmente o fato deles terem uma resistência de força maior do que as meninas podem
ter favorecido para os melhores resultados (GORLA et al., 2008). Além disso, esses
resultados também podem estar relacionados com as variações na velocidade de
crescimento, bem como na diversidade das experiências e repertórios motores em ambos
os sexos (GALLAHUE & OZMUN, 2005).

CONCLUSÃO: Pode-se concluir que os meninos apresentam um desempenho de


coordenação motora grossa e aptidão cardiorrespiratória superiores ao sexo feminino.
Esses resultados podem auxiliar os profissionais que atuam com Educação Física escolar
a traçar programas específicos para o desenvolvimento das carências identificadas nas
aulas, bem como elaborar estratégias de intervenção visando o aprimoramento das
competências motoras.

REFERÊNCIAS:

BERGMANN, G.G.; ARAÚJO, M.L.B.; GARLIPP, D.C.; LORENZI, T.D.C.; GAYA, A.


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testes e avaliação: versão 2015. Disponível em:
<https://www.ufrgs.br/proesp/arquivos/manual-proesp-br-2015.pdf>. Acesso em 02 set.
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GORLA, J. I.; DUARTE, E.; MONTAGNER, P. C. Avaliação da coordenação motora de


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COBURGER,S.; LEHMACHER, W.; BJARNASON-WEHRENS B.; PLATEN, P.;
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PALUDO, A. C.; FERNANDES, R. A.; BLASQUEZ, G.; ZAMBRIN, L. F.; SERASSUELLO


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Motricidade, v.8, n.3, p. 40-51, 2012.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
407

ESTADO DA ARTE DO HANDEBOL BRASILEIRO DE ALTO RENDIMENTO

Emerson da Mota Saint’Clair / PPGCEE – UERJ

Sebastião Josué Votre / PPGCEE – UERJ

Antônio Geraldo Magalhães Gomes Pires / CEFE – UEL

emersonsaintclair@gmail.com

RESUMO: O presente trabalho é um recorte da pesquisa em andamento que investigou o


estado da arte do handebol brasileiro de alto rendimento. A pesquisa foi realizada a partir
do Banco de Dados da CAPES, tendo como referência as teses e dissertações publicadas
de 1987 a 2011. Constatamos a predominância dos estudos no campo de ensino-
aprendizagem-treinamento, de situações de táticas de jogos no contexto escolar, de
competições esportivas, de categorias de iniciação, e fraca presença de grupos de
pesquisas.
Palavras-chave: Handebol. Alto Rendimento. Pesquisa.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
408

INTRODUÇÃO: No Brasil, o handebol estabeleceu-se a partir da década de 1970, com


sua inclusão como conteúdo programático nas aulas de educação física e nos programas
dos Jogos Escolares e Universitários (SILVA, 1995).
Constatamos que o handebol presença fraca no Diretório de Grupos de Pesquisas
do CNPq, em que estão registrados dois Grupos de Estudos e Pesquisas de Handebol, o
da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas e o da Faculdade
de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá.
Segundo os autores Lazzarotti Filho, Silva e Mascarenhas (2014), a produção
científica que apresentava o handebol como objeto de estudo no Brasil se inicia a partir
década de 1980 associadas às transformações com o papel do esporte sofre com o
processo de redemocratização política do país. É importante ressaltarmos que a
consolidação da redemocratização se materializa com a produção dos estudos e pesquisa
na perspectiva crítico-superadora.
Na década de 2000, a produção acadêmica sobre handebol se avoluma, no campo
da educação física e dos esportes. Esse crescimento coincide com a expansão de cursos
de graduação e, sobretudo, de pós-graduação stricto sensu, com aumento dos editais de
fomento a pesquisa e bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado (LAZZAROTTI
FILHO; SILVA; MASCARENHAS, 2014). O objetivo deste estudo foi investigar e interpretar
o estado da arte do handebol brasileiro de alto rendimento.

METODOLOGIA: Na primeira fase, a pesquisa efetuada na base de dados da CAPES


resultou na identificação de 101 produções, das quais 18 teses de doutorado e 83
dissertações referentes ao handebol. Duas teses de doutorado e 18 dissertações atendiam
os critérios7 de inclusão e exclusão. Na segunda fase foram pesquisados os aspectos
relativos à identificação e localização da instituição, natureza e quantidade das fontes
(dissertações e teses); programas de pós-graduação nos quais foram produzidas e sua
distribuição percentualizada por região geográfica e no país.

7
O critério de inclusão obedece à catalogação na CAPES, e reconhecida às ciências sociais e humanas; o
critério de exclusão diz respeito às produções associadas às ciências biomédicas e as produções não
relacionadas ao handebol.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
409

RESULTADOS: Há maior concentração dos estudos relacionados ao handebol, na região


sudeste, totalizando 74 trabalhos, a seguir tem-se a região sul com 20, a região nordeste
03, e a região centro-oeste 03 e, por último, a região norte com um.
Os dados estão em conformidade com a tendência da produção da pesquisa no
Brasil, em termos de regiões e distribuição do número de cursos de pós-graduação, como
também, das linhas de pesquisas (CAPES, 2015).
Das 20 produções, uma foi produzida no Estado de Santa Catarina, as demais são
do Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Dentre essas 20 produções, há
duas teses, a de Greco, (1995) e a de Meneses, (2011). O quadro apresenta os campos
que foram produzidos os estudos: 1 categorias de iniciação, 2 situações de táticas de jogos
no contexto escolar, 8 competições esportivas, 9 ensino-aprendizagem-treinamento.
Doze dissertações foram publicadas após a década de 2000, refletindo o aumento
dos estudos na área de educação física e esportes, no Brasil. Desde então, houve uma
expansão dos programas de pós-graduação em educação física.
Em 2006, eram 13 os programas, sendo cinco com cursos de mestrado e doutorado
e oito com curso de mestrado (ÁVILA, 2008). Em 2015, esse número passa para 46
programas, sendo 18 com cursos de mestrado e doutorado e 28 com curso de mestrado
(CAPES, 2015). Nos títulos, nos objetivos da pesquisa, na metodologia e nos resultados
principais das teses e dissertações, constatamos questões de ensino-aprendizagem-
treinamento, de táticas, de jogos no contexto da escola, de competições esportivas, de
categorias de iniciação. Essas características vão ao encontro da literatura que verificam a
aproximação com pedagogia do esporte (PAIVA, 2004; LAZZAROTTI FILHO, SILVA e
MASCARENHAS, 2014). O questionário é o instrumento mais utilizado nas pesquisas,
seguidos das entrevistas semiestruturadas e da observação sistemática. A maioria dos
trabalhos é de natureza qualitativa.
Quadro 1: Lista de Dissertações e Teses sobre o Handebol
Autor/a Título Formato Ano UF
Estudo do comportamento de
SIMÕES, Antônio
liderança dos técnicos de Dissertação 1987 SP
Carlos
handebol
RIBAS, João Francisco Situações de agressividade em
Dissertação 1993 SP
Magno competições de handebol
SILVA, Mauro Cesar Difusão e cultura do handebol
Dissertação 1995 RJ
Sá da no Rio de Janeiro

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
410

O ensino do comportamento
tático nos jogos esportivos
GRECO, Pablo Juan Tese 1995 SP
coletivos: aplicação no
handebol
O ensino crítico-participativo no
contexto das disciplinas técnico-
TERRA, Dinah desportivas nos cursos de
Dissertação 1996 RJ
Vasconcellos licenciatura em educação física:
análise do impacto de um projeto
de ensino no handebol
Ser é ser percebido: uma
KNIJNIK, Jorge radiografia da imagem corporal
Dissertação 2001 SP
Dorfman das atletas de handebol de alto
nível no Brasil
Comportamento normatizado
versus comportamento efetivo
CONSTANTINO,
na prática do fair play entre Dissertação 2002 RJ
Marcio Turini
jovens escolares de Quintino,
Rio de Janeiro
Capacitação de treinadores no
handebol brasileiro: a
CALEGARI, Décio
complexidade como alternativa Dissertação 2002 MG
Roberto
de superação do modelo
técnico-linear
O ensino do handebol na 1ª serie
SANTOS, Heliany
do ensino médio em escolas Dissertação 2002 SP
Pereira Dos
públicas de Catalão, Goiás
Grupos esportivos de handebol:
NERY, Maria
um estudo sobre a Dissertação 2003 SP
Aparecida da Câmara
intersubjetividade
LAMENHA, Izabel Motivação no handebol em
Dissertação 2003 SP
Cavalcanti Barros desportistas iniciantes
Observação sistemática no
PAULÃO, Rosana de
esporte: um estudo com atletas Dissertação 2003 SP
Fátima
de handebol
Perfil perséfone: um estudo
CONCEIÇÃO, Paulo sobre crenças religiosas e lócus
Dissertação 2003 SP
Félix Marcelino de controle de atletas de
handebol
Interferências do método Pilates
DELGADO, Cecília
na percepção do corpo-atleta de Dissertação 2004 SP
Panelli
handebol
A popularidade do handebol no
PASKO, Venessa
contexto escolar e extra-escolar Dissertação 2005 RJ
Cerqueira
do Rio de Janeiro
PINTO, Vagner O Jogo como uma proposta
Dissertação 2005 SP
Mathias metodológica para o ensino e

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
411

aprendizagem de habilidades
motoras específicas do
handebol
Análise das percepções de
RIBEIRO, Paulo
intercolegiais de handebol no Dissertação 2006 RJ
Henrique
esporte escolar.
O processo de ensino-
MENDES, José Carlos aprendizagem-treinamento do
Dissertação 2006 SC
handebol no estado do Paraná:
um estudo da categoria infantil
Proposta de sistematização
OLIVEIRA, Ana
pedagógica e avaliação no Dissertação 2011 SP
Carolina Santana De
handebol em cadeira de rodas
Modelo de análise técnico-tática
do jogo de handebol:
MENEZES, Rafael necessidades, perspectivas e
Tese 2011 SP
Pombo implicações de um modelo de
interpretação das situações de
jogo em tempo real

CONCLUSÃO: Notou-se no decorrer da pesquisa que existe uma concentração de estudos


relacionados ao handebol na região sudeste e, em seguida, na região sul. Esses dados
estão em conformidade, com as regiões e com a distribuição do número de programas de
pós-graduação e algumas linhas de pesquisa.
Predominam estudos do ensino-aprendizagem-treinamento, de situações de táticas
de jogos no contexto escolar, de competições esportivas, de categorias de iniciação. Os
estudos revelam certa preocupação no uso de metodologias do handebol, sendo possível
constatar que ainda existem lacunas diante das produções, uma fraca presença de grupos
de pesquisas e a aproximação com a pedagogia do esporte.
Portanto, como o campo de investigação está aberto e em construção, acredita-se
também que há possibilidades de novas práticas de pesquisa sobre o handebol brasileiro
de alto rendimento, incorporando outras formas de pensar na produção diante dos desafios
da ciência do esporte.

REFERÊNCIAS

AVILA, Astrid Baecker. Pós-graduação em educação física e as tendências na


produção do conhecimento: o debate entre realismo e anti-realismo. 2008. 221 f. Tese
(Doutorado em Educação). Faculdade de Educação, Universidade Federal de Santa
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complexidade como alternativa de superação do modelo técnico-linear. 2002. 87 f.
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DIRETÓRIO DE GRUPOS DE PESQUISAS DO CONSELHO NACIONAL DE


DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLOGIA. Disponível em:
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LAZZAROTTI FILHO, Ari; SILVA, Ana Márcia; MASCARENHAS, Fernando.


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intersubjetividade. 2003. 161 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física). Universidade
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de handebol. 2003. 131 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Universidade de São
Francisco. São Paulo, 2003.

PINTO, Vagner Mathias. O Jogo como uma proposta metodológica para o ensino e
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RIBEIRO, Paulo Henrique. A participação nas competições intercolegiais de handebol


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handebol. 1993. 122 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física). Universidade Estadual
de Campinas, Campinas, 1993.

SANTOS, Heliany Pereira dos. O ensino do handebol na 1ª série do ensino médio em


escolas públicas de Catalão, Goias. Dissertação (Mestrado em Educação Física). 2002.
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handebol. 1987. 74 f. Dissertação. (Mestrado em Educação Física). Universidade de São
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TERRA, Dinah Vasconcellos. O ensino crítico-participativo no contexto das disciplinas


técnico-desportivas nos cursos de licenciatura em educação física: análise do impacto
de um projeto de ensino no handebol. 1996. 128 f. Dissertação. (Mestrado em Educação
Física). Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 1996.

INVESTIGAÇÕES PRELIMINARES SOBRE ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS PARA


O ENSINO E DESENVOLVIMENTO DO VOLEIBOL

Roberto Rocha Costa / FEF-UNICAMP


Alcides José Scaglia / FCA-UNICAMP
Prof.betocosta@gmail.com

RESUMO: O objetivo desse estudo é fazer uma proposta de organização de conteúdos do


voleibol, a partir dos conceitos de Sistema Complexo, Princípio da Organização Recursiva,
Organização, Organização Complexa e o Princípio Hologramático de Edgar Morin. Em
nossa proposta os conteúdos estão organizados a partir das situações do jogo (saque,
recepção, levantamento, ataque e defesa), porque entendemos que todas formam o jogo e
a essência do jogo está em cada uma e em todas essas situações. Nelas os
constrangimentos do jogo estão presentes e as técnicas são necessárias e aparecem como
possíveis soluções para esses desafios táticos. Assim concluímos que o jogo se produz por
meio das táticas e técnicas das situações do jogo, mas, ao mesmo tempo, o jogo está
influenciando diretamente nas escolhas e execuções das táticas e técnicas. É possível

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
415

perceber também que os conteúdos aprendidos inicialmente (táticas individuais e técnicas)


serão necessários sempre e que o todo depende das partes, e as partes dependem do
todo.

Palavras chave: Sistemas Complexos; Aprendizagem; Voleibol

INTRODUÇÃO: A mudança paradigmática provocada pelo ensino dos esportes pautado no


jogo (GALATTI et al, 2014), as Novas Tendências em Pedagogia do Esporte (SCAGLIA,
2014) e o nos estudos sobre Sistemas Complexos em esportes coletivos (GARCÍA-RUBIO
et al, 2015; GARCIA et al, 2013) nos fez discutir os conteúdos do voleibol. Numa perspectiva
tradicional/tecnicista o ensino dos esportes é fragmentado, partindo das técnicas
(padronizadas e repetidas de forma descontextualizada) e espera-se que quem aprende
nesse modelo tenha as habilidades específicas da modalidade bem desenvolvidas desde
o início da sua prática. Dessa forma o ensino do voleibol é geralmente fragmentado nos
movimentos específicos, também chamados de fundamentos (SOUZA, 2014). Mas
entendemos que o jogo de voleibol é muito mais que somente a execução dos movimentos
específicos nos momentos apropriados. O que nos leva a repensar sobre, que conteúdos
do voleibol devem ser ensinados? Como organizá-los? O objetivo dessa investigação
preliminar é fazer uma proposta inicial de organização dos conteúdos do voleibol para o
seu ensino e treinamento. Para isso iremos refletir sobre organização e sobre a relação
entre as partes e o todo a partir das ideias de Edgar Morin (2009, 2005) para finalmente
fazer uma proposta com possíveis conteúdos para o ensino do voleibol.

MÉTODO: Por se tratar de uma investigação preliminar esse estudo exploratório


(THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007), que tem a intenção de propor uma nova forma
de olhar um fenômeno, tomando por referência os estudos sobre a complexidade (MORIN,
2009 e 2005), para sugerir uma proposta de organização de conteúdos que seja coerente
com o referencial teórico estudado.

RESULTADOS: O voleibol é um sistema complexo porque ao mesmo tempo que se


autoproduz também se auto-organiza, ou seja, as partes e o todo produzem e organizam
entre si (MORIN, 2009) o que Morin (2005) chama de Princípio da Organização Recursiva.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
416

"Organização é aquilo que constitui um sistema a partir de elementos diferentes; portanto,


ela constitui, ao mesmo tempo, uma unidade e uma multiplicidade."(MORIN, 2005, p.180).
O que nos permite inferir por analogia que reduzir a organização dos conteúdos do voleibol
a alguns movimentos do jogo é um equívoco.
Outro aspecto importante em nossa reflexão é o princípio hologramático em que Morin
(2005) explica que da mesma forma que a parte forma o todo, o todo também está em cada
uma das partes, como o corpo humano, que é formado por diferentes tipos de células, mas
que em cada uma delas existe um DNA com as informações do todo. Logo, “podemos dizer
que não só a parte está no todo, mas também que o todo está na parte” (MORIN, 2005,
p.181). Isso significa que não devemos na organização dos conteúdos do voleibol nos
pautarmos somente nas partes do jogo, nem valorizar o todo negligenciando as partes. Mas
enfim pensar em uma maneira de identificar partes e que essas estejam relacionadas
diretamente com o todo, e que de alguma forma o todo (ou as necessidades do todo)
estejam em cada uma e em todas as partes.
Nossa proposta, apresentada no Quadro 1, busca identificar partes que compõem o jogo
de voleibol, e essas estão subdivididas em aspectos táticos individuais e técnicos, que
estão intimamente ligadas entre si e com a situação do jogo, mas também com a essência
do jogo de voleibol. Em nossa proposta os conteúdos não estão organizados a partir dos
movimentos específicos (o que não significa que não sejam abordados diretamente), mas
a partir das situações do jogo: saque, recepção, levantamento, ataque e defesa. Em todas
essas situações os problemas do jogo estão presentes e nesse contexto as táticas e
técnicas emergem como soluções para resolvê-los, portanto as técnicas são necessárias e
aparecem como a execução das táticas individuais. Dessa forma o jogo está nessas
soluções (táticas e técnicas), assim como essas soluções compõem o que é o jogo. Mas o
ensino de movimentos repetidos de forma descontextualizada podem levar a aprendizagem
de movimentos que formam o jogo, mas o jogo não está nesses movimentos.

Situação de
Componente Conteúdos
jogo
 Colocar a bola em jogo;
 Direcionar o saque;
Saque Tática  Dificultar a recepção;
 Dificultar/evitar o levantamento pelo levantador;
 Pontuar;

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
417

 Pé contrário ao membro dominante à frente;


 Lançar a bola com a mão não dominante;
Técnica  Lançar a bola na altura adequada;
 Lançar a bola a frente do eixo do corpo;
 Encaixe adequado da mão na bola;
 Não deixar a bola cair no chão;
 Dar possibilidade de continuidade ao jogo;
Tática
 Direcionar ao levantador;
 Facilitar uma jogada combinada

Recepção  Pernas semiflexionadas e pés apoiados no solo no


momento de contato com a bola;
 Corpo posicionado atrás da bola;
Técnica
 Contado da bola no meio dos apoios;
 Contato da bola na plataforma dos antebraços em
extensão, ou acima e a frente da testa;
 Manter a bola em jogo na própria equipe
 Preparar a bola de forma que seja possível atacar;
Tática
 Preparar a bola de acordo com o atacante
 Melhor combinação de jogadas
Levantamento  Contato da bola na plataforma dos antebraços em
extensão, ou contato da bola acima e a frente da testa;
Técnica  Coordena movimentos de membros inferiores e
superiores;
 Posiciona o corpo na direção da zona de ataque;
 Passar a bola para, e acertar a quadra;
 Direcionar o ataque;
Tática  Dificultar a defesa;
 Dificultar/impedir o levantamento pelo levantador;
 Pontuar;
Ataque
 Posição do pé oposto ao membro dominante à frente;
 Coordena flexão/extensão dos membros inferiores com o
Técnica pendulo dos membros superiores;
 Toca a bola acima e a frente do corpo
 Toca a bola com o braço de ataque estendido;
 Não deixar a bola cair no chão;
 Dar possibilidade de continuidade ao jogo;
Tática
 Direcionar ao levantador;
 Facilitar uma jogada combinada;
Defesa
 Bloqueio
Técnica o Coordena a flexão/extensão de pernas e braços;
o Na fase aérea os braços invadem a área adversária

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
418

o Retorna ao solo em equilíbrio;


 Defesa no solo
o Pernas semiflexionadas e pés apoiados no solo no
momento de contato com a bola;
o Corpo posicionado atrás da bola;
o Contado da bola no meio dos apoios;
o Contato da bola na plataforma dos antebraços em
extensão, ou acima e a frente da testa;
Quadro 1: proposta de organização dos conteúdos do voleibol separados por situação de
jogo e dividido entre aspectos táticos e técnicos envolvidos na ação do jogo.

Nesse quadro vemos uma apresentação de conteúdos a serem ensinados, mas a


complexidade das relações desses conteúdos não permite que sejam entendidos somente
de forma linear, ou seja, não estão indicados de forma crescente, ou da menos para a mais
complicada. Pois em cada situação de jogo os conteúdos específicos não só se completam,
como todos estão em cada um dos outros conteúdos, por exemplo, na recepção o “não
deixar a bola cair no chão” está implícito no “dar possibilidade de continuidade do jogo”,
“direcionar ao levantador” e “facilitar uma jogada combinada”. Assim como “facilitar uma
jogada combinada”, “direcionar ao levantador” e “dar possibilidade de continuidade no jogo”
está na expectativa ou na intenção de quem “não deixa a bola cair no chão”.
Semelhantemente as características técnicas não estão expostas como sequencias de
aprendizagem, mas como possibilidades que, se combinados, podem levar ao resultado
esperado, mas que ao mesmo tempo não dependem uma das outras para resolver os
problemas do jogo.
Essa proposta deve ser debatida para considerar as unidades complexas do jogo e não
somente a partir de sua lógica linear. Para seu desenvolvimento é necessária uma
metodologia diferente da tradicional (pautada na soma das partes), de modo que o
ensino/treinamento considere a complexidade do jogo. Para tanto o quadro deve ser
interpretado a partir das Novas Tendências em Pedagogia do Esporte.

CONCLUSÕES: O objetivo desse estudo fazer uma proposta inicial de organização dos
conteúdos do voleibol. Nossa proposta busca superar a fragmentação do jogo em
movimentos específicos e além disso envolve o jogo como um todo e suas partes. Partimos
do entendimento de que o jogo se produz por meio das táticas e técnicas das situações do
jogo, mas o jogo, através de seus constrangimentos, provoca as táticas e técnicas. É
Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
419

possível concluir também que os conteúdos aprendidos inicialmente (táticas e técnicas)


serão necessários sempre e que o todo depende das partes, e as partes dependem do
todo. Dessa forma também é imprescindível uma superação de um método de ensino que
somente propõe a soma das partes, pelas Novas Tendências em Pedagogia do Esporte.
Em estudos posteriores deverão ser aprofundadas discussões relacionadas aos métodos
de ensino/treinamento e também em relação aos momentos/fases/períodos do
desenvolvimento do jogo em que esses conteúdos possam/devam ser ensinados.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
GALATTI, Larissa Rafaela; REVERDITO, Riler; SCAGLIA, Alcides José; PAES, Roberto
Rodrigues; SEOANE, Antonio Motero Pedagogia do esporte: tensão na ciência e o ensino
dos jogos esportivos coletivos. Revista da Educação Física/UEM. Maringá, v. 25, n.1,
2014.
GARCIA, Javier; IBÁÑES, Sergio J.; CAÑADAS, Maria; ANTÚNEZ, Antonio. Complex
system theory in team sports. Example in 5 on 5 basketball contest. Revista de Psicologia
del Deporte. v. 22, n.1, p.209-213. 2013.
GARCÍA-RUBIO, Javier; GÓMEZ, Miguel Ángel; CAÑADAS, Maria; IBÁÑEZ, Sergio J.
Offensive Rating-Time coordination dynamics in basketball. Complez systems theory
applied to Basketball. International Journal of Performance Analysis in Sport. v.15,
p.513-526. 2015
MORIN, Edgar.A cabeça bem-feita: repensar a reforma reformar o pensamento. 16. ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. 128 p.
MORIN, Edgar.Ciência com consciência.9. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. 350
p.
SCAGLIA, Alcides. José. Novas tendências em Pedagogia do Esporte. In BALBINO, H. F.
(Org.) "Inteligências Múltiplas: Uma experiência em pedagogia do esporte e da atividade
física no SESC São Paulo". São Paulo: Ed. SESC, 2014.
SOUZA, Adriano José de. É Jogando que se Aprende: o caso do voleibol. In: NISTA-
PICOLLO, Vilma; TOLEDO, Eliana (Org.).Abordagens pedagógicas do
esporte:modalidades convencionais e não convencionais. Campinas: Papirus, 2014. p.
447-471.

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THOMAS, Jerry. R.; NELSON, Jack. K.; SILVERMAN, Stephen. J. Métodos de pesquisa
em atividade física. Porto Alegre: Artmed, 2007.

IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DO ENSINO DOS CONTEÚDOS INDIVIDUAIS


DEFENSIVOS DO HANDEBOL EM AMBIENTE ESCOLAR
Rafael Pombo Menezes / EEFERP-USP
Mikaela Ramachotte Tavares Dias / EEFERP-USP
rafaelpombo@usp.br

RESUMO: Os objetivos desta pesquisa foram: a) identificar os conteúdos individuais


ofensivos considerados mais importantes pelos treinadores de handebol escolar (das
categorias mirim e infantil); b) identificar e discutir os métodos de ensino utilizados por
esses. Foram entrevistados onze treinadores que disputam as competições organizadas
pela Liga de Handebol Escolar de Ribeirão Preto/SP. Os discursos foram tabulados e
analisados com base no método do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Os treinadores
apontaram que em ambas as categorias deve-se desenvolver aspectos como a marcação,
as noções de posicionamento, cobertura e espaço de jogo. Para isso esses optaram, em
grau de importância, pelos métodos situacional, analítico e global-funcional.
Palavras-chave: Pedagogia do Esporte; Handebol; Jogo defensivo.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
421

INTRODUÇÃO: No ambiente complexo e dinâmico dos jogos esportivos coletivos as


interações entre jogadores da mesma equipe e/ou entre adversários definem as questões
táticas a serem utilizadas nas fases ofensiva e defensiva. Atacantes e defensores possuem
objetivos antagônicos, para os quais a busca simultânea por êxito em diferentes fases do
jogo os leva à utilização de elementos técnico-táticos específicos (MENEZES; REIS;
TOURINHO FILHO, 2015).
A interpretação das situações do jogo e o repertório de ações e possibilidades que
os jogadores possuem para tomar suas decisões (como as capacidades de percepção,
antecipação e tomada de decisão) (MATIAS; GRECO, 2010), podem estar relacionados
com os métodos de ensino e aos estímulos a que esses foram submetidos durante as
aulas/treinamentos (MENEZES; MARQUES; NUNOMURA, 2014). Os objetivos desta
pesquisa foram: a) mapear os elementos técnicos e técnico-táticos individuais defensivos
nas categorias mirim (sub-14) e infantil (sub-17) do handebol em âmbito escolar; e b)
identificar e discutir os métodos de ensino-aprendizagem-treinamento (EAT) adotados
nessas categorias.

MÉTODO: Foram entrevistados onze treinadores de handebol escolar responsáveis pelas


equipes de treinamento fora do turno escolar e que disputam as competições da Liga de
Handebol Escolar de Ribeirão Preto/SP. A média de idade dos treinadores é de 43,0 anos
(±10,8) e o tempo médio de atuação nesse âmbito é de 14,7 anos (±8,1). Todos os
entrevistados assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão
Preto, da Universidade de São Paulo (CAAE: 32063614.3.0000.5407).
A opção pela pesquisa qualitativa se justifica pela possibilidade em acessar os
pensamentos dos treinadores sobre determinada temática (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2012).
O instrumento utilizado foi a entrevista semiestruturada (MARCONI; LAKATOS, 2011), que
possibilitou aos treinadores expressarem suas opiniões sobre o ensino dos aspectos
defensivos individuais no handebol no âmbito escolar. As questões norteadoras deste
estudo foram: “o que você acha que seus jogadores devem fazer individualmente para que
a defesa seja eficaz nas categorias mirim e infantil?”; “como você ensina esses
conteúdos?”. Os discursos foram tabulados e analisados de acordo com o método do
Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), que culmina em um discurso-síntese escrito na primeira

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
422

pessoa do singular e elaborado a partir da identificação de figuras metodológicas como as


expressões-chave (ECH) e as ideias centrais (IC) (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2012).

RESULTADOS: Em relação às variáveis defensivas individuais os treinadores destacaram


a marcação de forma unânime (S1, S2, S3, S4, S5, S6, S7, S8, S9, S10, S11), conforme
descrito no DSC1 (proveniente da IC-1: “Devem saber marcar”):
No infantil e no mirim acho que travar o adversário é a primeira coisa que eles devem
saberS1,S5,S9. Já cobro um pouco mais não só daquele individual assim: “eu tô olhando para
você e vou roubar a sua bola e acabou”; eu já ensino para eles que pode segurar S3,S9. No
mirim devem visar à bola, ter noção do quique e do tempo da bola para conseguir roubá-
laS3,S10,S11, do senso de antecipação e de corte de passes S11; e aí quando a pessoa for
quicar a bola na sua frente, você rouba; eles precisam recuperar a posse da bola S3.
Independente se o adversário tá com bola ou não S8, se passa a bola em velocidade tem
que fazer esse bloqueio e aí realmente parar o jogo S4. Ensino os meninos a sairS8, a noção
de quem eles vão marcarS4,S5, saber a hora de dar contato S7,S8, pra marcarem bem em
defesas diferentesS5,S9. Ensino olhar a cintura do adversário, que mostra pra que lado ele
vaiS6. No infantilS1,S2 cobro mais velocidadeS1,S9 e mais contatoS2,S9,S10; é um pouco mais de
força física, porque quando você pega um menino maturado no infantil, ele não pode deixar
o cara passar fácil; se passou fácil é porque ou não teve perna ou não fez a marcação de
proximidade direitoS1. A posição de braço e perna é fundamentalS5; tem que ser rápido e
efetivo pra chegar na bola antesS9; já começa a corrigir os deslocamentosS6.

A ênfase dada à marcação pode ser justificada pela obrigatoriedade em assumir a


marcação individual na categoria mirim durante parte do jogo, evidenciando a necessidade
de definir os respectivos marcadores. Destaca-se também o fato de considerarem a
importância da marcação individual (e em proximidade) para a constituição dos demais
sistemas defensivos, aspecto esse apontado por autores como Ehret et al. (2002) e Greco,
Silva e Greco (2012) como pré-requisito para o desenvolvimento dos demais sistemas
defensivos.
Surgem como características da marcação individual a proximidade entre atacantes
e defensores, em que estes devem dificultar as ações dos atacantes para tentar recuperar
a posse da bola e dificultar seu acesso aos setores centrais da quadra. A ênfase em ambas
as categorias é pela marcação de proximidade, cujo contato corporal visa interferir
diretamente nas ações dos atacantes (MENEZES; REIS; TOURINHO FILHO, 2015).
No DSC2 (constituído pela IC-2: “Desenvolver a noção de posicionamento e do
espaço da quadra”) os treinadores (S1, S2, S3, S4, S7, S8, S10) evidenciam que:
No infantil e no mirim eles precisam ter atenção S1 e noção do espaço da quadraS1,S2,S3,S7;
de que atrás deles está o gol que tem que ser protegido S2. Eles precisam centralizar a

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marcação e evitar o jogo do adversário pelo meio S4, levar o adversário pra linha lateral S7.
Se o jogador conquistar o espaço dele, já tá fazendo um grande benefício para o coletivoS2.
Eles precisam ter a noção de espaço, porque se o meu marcador bateu a bola e segurou e
está longe do gol eu não preciso mais ir nele, preciso cobrir o passe que ele vai fazer S3;
acho que além deles cobrirem os espaços pra impedir o passe do adversário, também
precisam ter noção de interceptar passe S7. No infantil cobro para começar a ter pelo menos
a noção do que é a coberturaS2,S3,S4,S8, porque não deixa de ser marcação individual S3, mas
o que eu peço, é que quem está atrás, precisa ajudarS4; não ficar mais naquele A com A, B
com B, e assim por dianteS3, porque precisa dessa cobertura, então, se passar por mim, as
laterais precisam ajudarS8. Ter noção de espaço, tem que jogar o atleta para fora, trabalhar
ele na posição mais difícil, jogar junto com o goleiroS10,S11, trocas de marcação; a gente vai
ensinar no 3:3, depois no 6:0 vai ser assim tambémS10.

Os treinadores optam pelo desenvolvimento de aspectos relacionados ao


posicionamento dos jogadores, à indução às regiões laterais da quadra e à marcação
propriamente dita. De maneira complementar à reportada no DSC1, os treinadores aludem
no DSC2 ao desenvolvimento de um senso crítico dos jogadores em relação à noção de
espaço da quadra em função das ações dos atacantes. Assim, requer dos seus jogadores
a atenção não apenas ao seu marcador direto, mas uma leitura mais ampla das
possibilidades dos atacantes, objetivo este relacionado ao desenvolvimento da
intencionalidade do jogador e, consequentemente, dos aspectos táticos individuais
(GRECO; SILVA; GRECO, 2012).
O DSC2 também mostra que na categoria infantil os jogadores devem fazer a
cobertura, caracterizada pelo deslocamento de um defensor para ocupar o espaço deixado
pela flutuação de um defensor vizinho (MENEZES; REIS; TOURINHO FILHO, 2015).
Mesmo com a marcação individual os jogadores precisam manter a cooperação para
ocupar possíveis espaços produtivos aos atacantes e tentar recuperar a bola.
Quando a temática central envolveu os métodos adotados pelos treinadores para o
ensino desses conteúdos, emergiram basicamente três posicionamentos: a preferência
pelo método situacional, pelo método analítico ou pelo método global-funcional. Destaca-
se que alguns treinadores preferem dois métodos, como situacional + analítico (S1, S5, S6)
e o situacional + global-funcional (S3, S7). O DSC3 (elaborado a partir da IC-3: “Opção pelo
método situacional”) (S1, S3, S4, S5, S6, S7, S8, S10, S11) relata que:
No mirim e no infantil uso bastante o método situacional S1,S4,S5,S7,S8,S10,S11, 1x1S4,S6,S10, 2x1,
2x2, 3x2S3,S4,S5,S6, 3x3S8,S11, 3x4S1,S8, 4x3S8, 4x4 até chegar no 6x6S7,S11; às vezes também
trabalho 1x1, em situação de contra ataque S6. Muitas vezes eu coloco eles em meia
quadraS7,S11, daí um time só ataca e um time que só pode defender S7. Tem um momento

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que coloco pontuações: o time que tá defendendo conseguiu a posse da bola é um ponto;
o time que tá atacando fez um gol também é um ponto; eles entendem que a boa defesa é
importante e vale como um bom ataqueS7.

Nota-se a preocupação, quando a opção se dá pelo método situacional, pela


apresentação de diferentes constelações aos jogadores (1x1, 2x1, 3x2, 3x3...), que
envolvem progressivamente a participação de mais jogadores até chegar ao jogo formal.
Há alusão às situações de igualdade numérica e de superioridade numérica ofensiva e
defensiva, na maioria das vezes apresentadas em meia quadra. Para Greco, Silva e Greco
(2012) o trabalho com grupos menores possibilita maior participação dos jogadores nas
situações propostas, bem como o contato com um ambiente com menor nível de
complexidade ao comparado com o jogo (MENEZES; MARQUES; NUNOMURA, 2014).
O posicionamento do DSC4 (elaborado a partir da IC-4: “Opção pelo método
analítico”) (S1, S5, S6, S9) vai em direção diametralmente oposta ao DSC3:
No mirim e no infantil S1,S5,S6 começo com o analíticoS1, séries de exercíciosS9; faço mais a
parte técnica junto com a parte física: deslocamento para lateral, marcam e voltam; fazem
isso sem oposição, só o movimento mesmo e às vezes fazem sombra, pra ter ideia de
noção de tempoS5. No mirim é mais o trabalho de posicionamento, para que no infantil
possamos corrigir e orientarS6. Eu também trabalho com situação de jogo (2x1, 3x2, 4x3...),
mas isso tudo depois de começar uma parte do analítico pra eles entenderem o gesto
técnico ali na defesaS1.

Alguns treinadores apresentam preferência pelo método analítico, que expõe a


vertente tecnicista para o ensino de determinadas movimentações/posicionamentos
defensivos de maneira descontextualizada às exigências do jogo. Esse posicionamento é
criticado por autores como Menezes, Reis e Tourinho Filho (2015), que defendem a
utilização do método situacional por fornecer subsídios cognitivos e motores para nortearem
as tomadas de decisão dos defensores.
Já no DSC5 (elaborado a partir da IC-5: “Opção pelo método global-funcional”) (S3,
S7, S11) é apontada a preferência pelo ensino a partir de jogos:
Sempre no final do treino tem um joguinho, mas pelo menos a parte toda de exercício da
aula no mirim é lúdicaS3. No infantilS3,S7 exploro bastante o jogo de passes S7, delimito o
espaço e falo que eles não podem bater bola; o objetivo é trocar dez passes e a outra
equipe precisa recuperar a bola sem contato S3. Depois começo a colocar elementos, como
não poder passar a bola pra quem te passou S3. Se quero o desmarque da defesa, vou
controlar e corrigir um pouco mais a defesa nos mini-jogosS11. Com os maiores trabalho
em uma situação de espaço maior, é o mesmo jogo que eu trabalho no mirim, mas a
situação é maior e cobro mais a marcação S7.

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Destaca-se no DSC5 a utilização de jogos para o ensino de elementos específicos,


bem como a variação do espaço do jogo e das regras para que os objetivos possam ser
consolidados. Não há dúvidas de que essa preferência preenche uma importante lacuna
deixada pelo método analítico: a do contato constante com situações complexas que
valorizam o ensino da lógica do jogo (MENEZES; MARQUES; NUNOMURA, 2014). Ehret
et al. (2002) apontam que na categoria sub-14, por exemplo, deve-se jogar mais do que
exercitar-se, reforçando os DSC3 e DSC5 e contrapondo o DSC4.

CONCLUSÕES: Para Antón García (1990) quando da concepção e objetivos do processo


de EAT do handebol, os jogadores devem ser submetidos a estímulos variados, sugerindo
uma formação generalista. Menezes, Reis e Tourinho Filho (2015) também apontam que
as situações que simulam o jogo real oferecem aos jogadores uma grande riqueza de
informações, como os encadeamentos técnico-táticos no próprio contexto do jogo.
Notou-se que na categoria infantil é feito um apelo maior à velocidade e força em
comparação com a categoria mirim, corroborando as premissas apontadas por Menezes,
Reis e Tourinho Filho (2015). Por outro lado, o desenvolvimento de diferentes aspectos do
jogo deve iniciar-se na categoria mirim, possibilitando aperfeiçoar no infantil os conteúdos
assimilados anteriormente. Desta maneira, destaca-se a importância de um processo de
EAT pautado na diversidade de elementos e que, ao mesmo tempo, considere aspectos
referentes ao desenvolvimento dos jogadores em cada categoria.

REFERÊNCIAS:
ANTÓN GARCÍA, J.L. Balonmano: fundamentos y etapas de aprendizaje. Madrid: Gymnos
Editorial, 1990.
GRECO, P.J.; SILVA, S.A.; GRECO, F.L. O sistema de formação e treinamento esportivo
no handebol brasileiro (SFTE-HB). In: GRECO, P.J.; FERNÁNDEZ ROMERO, J.J. (Orgs.).
Manual de handebol: da iniciação ao alto nível. São Paulo: Phorte, 2012. Cap.17, p.235-
250.
LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A.M.C. Pesquisa de representação social: um enfoque
qualiquantitativo: a metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo. Brasília: Liber Livro, 2012.
MARCONI, M.A.; LAKATOS, E.M. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2011.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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MATIAS, C.J.A.S.; GRECO, P.J. Cognição e ação nos jogos esportivos coletivos. Ciências
& Cognição, v.15, n.1, p.252-271, 2010.
MENEZES, R.P.; MARQUES, R.F.R.; NUNOMURA, M. Especialização esportiva precoce e
o ensino dos jogos coletivos de invasão. Movimento, v.20, n.1, p.351-373, 2014.
MENEZES, R.P.; REIS, H.H.B.; TOURINHO FILHO, H. Ensino-aprendizagem-treinamento
dos elementos técnico-táticos defensivos Individuais do handebol nas categorias infantil,
cadete e juvenil. Movimento, v.21, n.1, p.261-273, 2015.

CRENÇAS A RESPEITO DAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO DOS ESPORTES:


ESTUDO DE CASO COM INGRESSANTES DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Jeferson Rodrigues de Souza / CDS – UFSC
Valmor Ramos / CEFID – UDESC
Vinicius Zeilmann Brasil / CDS – UFSC
Filipy Kuhn / CEFID – UDESC
Ciro Goda / AVANTIS
jeferson.souza@posgrad.ufsc.br

RESUMO: O objetivo do estudo foi analisar as crenças de discentes ingressantes do curso


de Educação Física a respeito das estratégias de ensino dos esportes. Adotaram-se
procedimentos metodológicos de pesquisa qualitativa de caráter descritivo interpretativo de
estudo de casos múltiplos. Oito discentes ingressantes em Educação Física de uma
universidade pública foram investigados. Os instrumentos utilizados foram roteiro de
entrevista estruturada e semiestruturada; observação sistemática; e procedimentos de
estimulação de memória. A técnica de análise de conteúdo foi utilizada e as classes de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
427

análise foram determinadas a priori. Os discentes acreditam que as habilidades básicas ou


os gestos motores devem ser privilegiados no processo de ensino dos esportes, através do
modelo analítico. Deste modo, verificou-se que as crenças dos sujeitos sobre as estratégias
de ensino podem estar associadas às experiências pessoais de prática esportiva. Conclui-
se que compreender essas crenças, podem auxiliar os professores formadores na
elaboração de estratégias para um direcionamento de autoavaliação e senso crítico dos
discentes sobre seus conhecimentos prévios, além de proporcionar experiências
significativas que possibilite a aquisição de novos conhecimentos formais.
Palavras-chave: Crenças, Educação Física, Ensino dos Esportes.

INTRODUÇÃO: As crenças podem ser entendidas como um tipo de conhecimento pessoal


ou opinião individual, acumuladas e organizadas na memória das pessoas a partir de
experiências significativas de vida (DEWEY, 1978). Neste sentido, os indivíduos
desenvolvem sistemas de crenças, na qual algumas crenças são mais centrais do que
outras (ROKEACH, 1981).
No contexto da formação de professores, algumas crenças agem como filtros,
influenciando na seleção de novas experiências e conhecimentos, bem como as suas
percepções e interpretações referentes ao processo de ensino (BORKO; PUTNAM, 1996).
Na área da Educação Física, alguns estudos têm evidenciado a presença uma variedade
de experiências pessoais e crenças sobre o ensino em estudantes universitários, adquiridas
antes mesmo do ingresso na formação inicial, com potencial para influenciar a trajetória
acadêmica destes futuros profissionais (TSANGARIDOU, 2008; HENRIQUE; FREITAS,
2009).
Nesta perspectiva, julga-se relevante analisar as crenças de discentes ingressantes
do curso de Educação Física a respeito das estratégias de ensino dos esportes.

MÉTODO: Adotou-se o método de pesquisa do tipo qualitativa, de caráter descritivo e


interpretativo (THOMAS; NELSON, 2002), utilizando o procedimento de pesquisa
denominado de estudo de casos múltiplos (YIN, 2001).
Foram investigados oito discentes do 1º ano do curso de bacharelado em Educação
Física de uma universidade pública de Santa Catarina, Brasil. Os sujeitos possuíam idades
entre 17 e 26 anos no período da pesquisa. Para seleção dos sujeitos, adotaram-se quatro

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
428

critérios: a) estar cursando o 1º ano do curso de Educação Física; b) estar cursando uma
disciplina obrigatória na grade curricular, denominada Iniciação Esportiva; c) não possuir
experiência de atuação no ensino da Educação Física e esportes; d) expressar motivação
e disponibilidade para participar do estudo no ensino dos esportes.
Na coleta de dados, utilizaram-se os seguintes instrumentos: a) roteiro de entrevista
estruturada para atender os critérios de inclusão dos sujeitos de estudo; b) observação
sistemática das aulas ministradas por cada sujeito aos seus colegas (ambiente simulado),
sem qualquer tipo de orientação para escolha da modalidade esportiva, elaboração de
planejamento, organização da aula, conteúdos e ações de ensino; c) entrevista
semiestruturada composta perguntas referentes às experiências pessoais; d)
procedimentos de estimulação de memória, que consistiu na exibição do vídeo das
respectivas aulas, realizando questionamentos a respeito dos procedimentos pedagógicos
adotados pelos universitários através de entrevista semiestruturada.
Os dados foram analisados a partir da técnica de análise do conteúdo conforme
Bardin (1979), utilizando categorias determinadas a priori, fundamentadas no modelo do
conhecimento profissional de Grossman (1990), especificamente o conhecimento das
estratégias de ensino. Estas estratégias foram analisadas e classificadas a partir dos tipos
de tarefas de aprendizagem conforme Ticó-Camí (2002), denominadas: analítica, sintética
e global.
Todos os participantes foram devidamente informados sobre o objetivo do estudo e
assinaram o respectivo termo de consentimento para gravações e divulgação das
informações. Os discentes foram representados na pesquisa por letras e números para
preservar a identidade dos mesmos (D1, D2, ...). Este estudo foi avaliado e aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos numa universidade pública no Brasil,
sob o protocolo CAAE 06514912.4.0000.0118, Parecer nº 83238/2012.

RESULTADOS: Verificou-se que todos os discentes tiveram experiências pessoais no


contexto esportivo de forma sistematizada, em modalidades como futebol ou futsal (D1; D2;
D6; D7), voleibol (D4; D5) e basquetebol (D3; D8). Identificou-se que cada universitário
privilegiou a utilização das tarefas analíticas em suas aulas, destinando mais de 50% do
tempo de exercitação nestas tarefas. Questionados a respeito das estratégias de ensino
adotadas, os sujeitos indicaram algumas crenças particulares para cada tipo de tarefas de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
429

aprendizagem, ainda que não tenham contemplado na sessão observada, como se verifica
na Tabela 1:

Tipos de Tarefas
Crenças a respeito das estratégias (Sujeitos)
de Aprendizagem
Situações facilitadas de ensino (D1; D2; D5; D6; D7);
Decomposição dos elementos do esporte (D3; D5);
Desmotivação dos alunos na prática das tarefas (D4);
Aprimoramento das habilidades técnicas (D4);
Analítica Familiarização com as habilidades técnicas (D6);
Integração das habilidades técnicas (D7);
Aplicação das habilidades no contexto do jogo (D7);
Elevar o nível de motivação dos alunos (ataque) (D8).
Objetivos de treinamento tático (D1);
Elevar o nível de motivação dos alunos (D2);
Ênfase no lazer da prática esportiva (D2);
Sintética Diversão dos alunos (D3);
Desenvolvimento leitura do jogo (D4);
Precede o jogo e/ou fim do treino (D5);
Situações implícitas na tarefa global (D6).
Objetivo final a ser alcançado (D1; D2; D3; D4; D5; D6; D7; D8; D9);
Mostrar o que aprendeu em aula (D3; D5);
Global Prêmio pelo desempenho nas tarefas anteriores (D5; D6);
Ênfase no lazer da prática esportiva (D2);
Diversão dos alunos (D6).

Tabela 1: Crenças dos discentes a respeito das estratégias de ensino dos esportes.

De modo geral, os universitários acreditam que o tipo de exercitação analítica é a


mais adequada para o desenvolvimento dos gestos técnicos, sendo as atividades mais
enfatizadas durante as aulas. Já as sintéticas servem para o treinamento tático e para
elevar a motivação e divertimento dos praticantes; e por sua vez, a tarefa global está
relacionada ao objetivo final da aprendizagem, além de serem igualmente reconhecidas
como atividades que aumentam o nível de motivação dos alunos.
No estudo de Ramos, Graça e Nascimento (2006), investigando três universitários
de Educação Física em licenciatura, no período de estágio supervisionado, identificaram
que dois dos sujeitos ensinavam o esporte (basquetebol) privilegiando a utilização de
tarefas analíticas, com enfoque no desenvolvimento da técnica em ações ofensivas, ao
contrário de outro sujeito que apresentou práticas de ensino com ênfase na tática,
verificando, portanto, que os universitários tinham objetivos ou crenças particulares para o
ensino, profundamente relacionadas às experiências pessoais de prática esportiva.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
430

Nesta perspectiva, o ensino dos esportes tanto no contexto de treinamento esportivo


quanto no âmbito educacional, ainda prevalece o desenvolvimento centrado nas
habilidades básicas (COSTA; NASCIMENTO, 2004), com enfoque no modelo analítico.
Para tanto, identificar as crenças dos universitários pode auxiliar os professores formadores
na elaboração de novas experiências significativas aos universitários, para adquirirem
conhecimentos formais durante a formação inicial (PHILPOT; SMITH, 2011), no caso deste
estudo, sobre as novas correntes de abordagens e modelos de ensino dos esportes
presentes na literatura especializada (RAMOS et al. 2014).

CONCLUSÃO: Os discentes ingressantes apresentaram um conjunto de crenças a respeito


das estratégias de ensino dos esportes, com ênfase no desenvolvimento das habilidades
técnicas utilizando tarefas analíticas, decompondo o jogo na forma mais elementar de
exercitação. Além disso, as tarefas do tipo sintética e global são utilizadas com o objetivo
elevar do nível de motivação dos alunos. Acredita-se que as crenças dos sujeitos podem
estar associadas às experiências anteriores ao ingresso na formação inicial,
especificamente durante as práticas esportivas sistematizadas.
Por fim, entende-se que descrever e interpretar as crenças dos universitários
ingressantes em Educação Física pode possibilitar aos cursos de formação inicial e
professores formadores na elaboração de estratégias pedagógicas para um direcionamento
de autoavaliação e senso crítico sobre os próprios conhecimentos prévios dos
universitários, além de proporcionar experiências significativas que possibilite a aquisição
de novos conhecimentos formais.

REFERÊNCIAS:
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1979.

BORKO, H.; PUTNAM, R. Learning to teach. In: BERLINER, D. C.; CALFEE, R. C. (Ed.).
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INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 3., 2009, Salvador. Anais… Salvador:
UFBA, 2009. p. 1-12.

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49, 2006.

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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
432

NÍVEL DE CONHECIMENTO TÁTICO PROCESSUAL: UM ESTUDO COM


CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Schelyne Ribas da Silva/GEMEPE- UFMT


Layla Maria Campos Aburachid/GEMEPE- UFMT
Juan Carlos Pérez Morales/ CECA- UFMG
Karen Cristine Rodrigues Alves/ CECA- UFMG
Pablo Juan Greco/ CECA- UFMG
schelys@hotmail.com

Resumo: O objetivo deste estudo foi associar o nível de conhecimento tático processual
com diferentes faixas etárias e prática esportiva. A amostra foi composta por 210
participantes de 8 a 12 anos, separados em dois grupos (G1- 8 e 9 anos; G2- 10 a 12 anos).
Como instrumento de medida foi utilizado o Teste de Conhecimento Tático Processual para
Orientação Esportiva (TCTP-OE) com mão e pé (GRECO et al.,2015). Os resultados
revelaram associação significativa entre a prática esportiva e o CTP: OE- PÉ e MÃO. Ainda,
evidenciou-se que a prática de escolinha esportiva no contra turno, aprimora o TCTP:OE-
Mão em 2,9 vezes e o TCTP:OE-Pé em 3,2 vezes em relação aos indivíduos não

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
433

praticantes. Conclui-se que a prática de escolinhas esportivas contribui significativamente


para um melhor nível de conhecimento tático processual dos praticantes.
Palavras-chave: Conhecimento tático processual, esporte, desempenho.

INTRODUÇÃO: Os jogos esportivos coletivos são conteúdos predominantes nas aulas de


educação física, no qual seu ensino se dá em um ambiente imprevisível variável e de
constante mudança (GARGANTA, 2004). Durante a prática destes Casanova et al., (2009)
afirma que durante o jogo a percepção, pensamento, inteligência e tomada de decisão são
as capacidades cognitivas mais requeridas e seu desenvolvimento é fundamental para a
otimização do conhecimento tático.
Diferentes autores afirmam que o nível de desenvolvimento do conhecimento tático
– técnico (declarativo e processual) dos indivíduos, permite solucionar adequadamente as
diferentes tarefas – problemas durante a prática dos jogos, selecionando primeiramente “o
que fazer” (conhecimento tático declarativo) e em segundo momento “o como fazer”
(conhecimento tático processual) conforme a situação do jogo (GRAÇA; MESQUITA, 2006;
MORALES; GRECO, 2007; TAVARES; GRECO; GARGANTA, 2006; ente outros).
Para Rink, French e Tjeerdsma (1996), a avaliação do CT tem como finalidade
mensurar a tomada de decisão (domínio cognitivo) e a execução dessa resposta por meio
da realização de uma habilidade técnica, tanto em ambientes controlados quanto em
situações do jogo.
Nesta perspectiva, o objetivo deste estudo foi associar o nível de conhecimento tático
processual com diferentes faixas etárias e prática esportiva.
MÉTODO: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da Universidade
Federal de Minas Gerais sob o número CAAE – 0734.0.203.000-12. A amostra foi
composta por 210 participantes de 8 a 12 anos, separados em dois grupos (G1- 8 e 9 anos;
G2- 10 a 12 anos). Como instrumento de medida foi utilizado o Teste de Conhecimento
Tático Processual para Orientação Esportiva (TCTP-OE) com mão e pé (GRECO et
al.,2015). Por se tratar de um procedimento para orientação esportiva o teste é realizado
na forma de jogo (com mão e pé) de três contra três, por meio da troca de passes entre os
colegas de equipe durante quatro minutos. O objetivo é manter a posse de bola por mais
tempo possível. O time sem posse de bola deve recuperá-la para assim imediatamente
passar para o ataque e pela sua vez manter a posse de bola. Quando o jogo é realizado

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
434

com a mão é permitido ao time na defesa procurar a retomada da bola semelhante ao


basquetebol e ao handebol. Durante a realização do jogo com o pé a bola pode ser tomada
sem falta considerando as regras do futsal ou do futebol. Durante todo o teste os
participantes devem estar com coletes numerados para melhor identificação e análise.

Figura 1: Área de aplicação do TCTP-OE mão e pé.

A análise do comportamento tático, por meio do TCTP-OE, é realizada a partir da


situação do jogador no ataque sem bola (JSB), jogador no ataque com bola (JCB), jogador
na defesa marcando ao jogador sem bola (MJSB) e jogador na defesa marcando ao jogador
com bola (MJCB), apontados no quadro 1.
TESTE DE CONHECIMENTO TÁTICO PROCESSUAL - ORIENTAÇÃO ESPORTIVA
(TCTP:OE)
1. AÇÕES TÉCNICO-TÁTICAS NO ATAQUE: JOGADOR SEM BOLA (JSB)
1.1. *Movimenta-se procurando receber a bola
2. AÇÕES TÉCNICO-TÁTICAS NO ATAQUE: JOGADOR COM BOLA (JCB)
2.4. *Passa ao colega sem marcação e posiciona-se para receber
AÇÕES TÉCNICO-TÁTICAS NA DEFESA: MARCAÇÃO AO JOGADOR SEM BOLA
3.
(MJSB)
*Apóia aos colegas na defesa (cobertura) quando são superados pelo
3.3.
adversário
*Apóia ao colega na defesa quando o jogador com bola tem dificuldade para
3.4.
dominá-la
AÇÕES TÉCNICO-TÁTICAS NA DEFESA: MARCAÇÃO AO JOGADOR COM BOLA
4
(MJCB)
4.2. Pressiona ao adversário e acompanha seus deslocamentos

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
435

4.4. *Pressiona ao adversário levando-o para os cantos do campo de jogo


Negrito: Itens validados no teste (TCTP:OE- Mão); *: Itens validados no teste (TCTP:OE-
Pé)
Quadro 1: Critérios de observação avaliados no TCTP – OE nos procedimento “ B” com a
mão e com o pé.

Para análise das variáveis recorreu-se a frequência absoluta e relativa e a mediana e aos
testes estatísticos Qui-Quadrado (x² ) e o cálculo das razões de chance (odds ratio- OR),
utilizou-se p≤0,05.

Resultados: Os resultados associativos da tabela 1 apresentam, exceto para os


praticantes de esportes no TCTP: OE mão, maior frequência para o menor desempenho
(percentil 33) quando avaliado o TCTP: OE pé e mão entre os grupos. Ainda pode-se
observar, nos CTP:OE pé e mão, que os praticantes de esportes apresentam maior
frequência no percentil acima de 66 em relação aos não praticantes assim como o G2 em
relação ao G1, no entanto, apenas entre os grupos praticantes e não praticantes , em
ambos os testes de CTP:OE, foi identificada associação significativa entre as variáveis (Pé
p=0,000* e Mão p=0,006*).

Tabela 1: Associação entre as variáveis estudas.


CTP: OE Pé CTP: OE Mão
Percent
Percenti Percent Percent il
l Percentil il acima il Percent acima
33 66 66 P 33 il 66 66 p
Não
47(50%) 33(35%) 14(15%) 44(47%) 31(33%) 19(20%)
Praticante 0,000* 0,006*
Praticante 41(35%) 36(31%) 39(34%) 37(32%) 32(28%) 47(40%)
G1 32
26(34%) 19(24%) 0,976 31(40%) 24(31%) 22(29%) 0,789
(42%)

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436

G2 56(42%) 43(32%) 34(26%) 50(38%) 39(29%) 44(33%)


*p≤0,05
Evidenciou-se ainda que para o TCTP:OE-Pé, os praticantes de escolinha esportiva
apresentam 3,2 vezes mais chance de apresentar melhores escores no teste em relação
aos indivíduos não praticantes de escolinha OR 3,2 (1,523- 6,696). No teste TCTP:OE-
Mão os praticantes de escolinha esportiva apresentam 2,9 vezes mais chance de
apresentar melhores escores no teste em relação aos escores dos não praticantes de
escolinha OR 2,942 (1,477- 5,860).
Corroborando com estes achados as diferenças significativas foram encontradas nos
peritos que apresentaram melhor conhecimento processual do que novatos ou não
praticantes (DOMÍNGUES et al., 2006; MCPHERSO e KERNODLE, 2007). Morales e
Greco, 2007 afirmam que o desenvolvimento do conhecimento tático processual propicia
aos praticantes da modalidade desportiva a percepção positiva do próprio progresso e uma
relação afetuosa com a modalidade exercitada. Para tal os praticantes devem ter liberdade
processual, decorrendo na geração de uma ação intencional e autônoma, efeito da
percepção de indicadores especificadores, dos sinais relevantes, disponível no contexto
situacional do jogo (MESQUITA, 2005).

Conclusão: A partir do objetivo e resultados encontrados foi possível observar que, a


amostra estudada apresenta maior frequência no baixo nível do TCTP:OE- Mão e Pé,
exceto para os praticantes de esportes. Ainda ficou evidente que a prática de escolinha
esportiva no contra turno, aprimora significativamente o conhecimento tático processual dos
praticantes em relação ao não praticante.

REFERÊNCIAS
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cognitive performance in soccer: a review. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto,
v.9, n.1, p. 115-122, 2009.

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Desporto. Rio de Janeiro; Guanabara Koogan, 2006. p. 284-298.

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438

DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS DO 6° ANO DO ENSINO


FUNDAMENTAL SÉRIES FINAIS (10/11 ANOS)
Antonio Carlos Jaess - UNESA
Siomara Aparecida da Silva - UFOP
Raphael de Grammont Mapa - UFOP
Lázaro Fernandes Lobo - UFOP
antoniojaess@bol.com.br
siomarasilva.lamees@gmail.com

Resumo: Este estudo teve como objetivo verificar a coordenação com bola de crianças do
6º ano do ensino fundamental séries finais (10/11anos) de uma escola da rede pública
estadual de São Paulo, descrevendo suas características motoras e fazendo a comparação
entre idades e sexo com para um planejar mais direcionado. Participaram desta pesquisa
37 crianças matriculadas no 6º ano do ensino fundamental séries finais (10/11 anos) de
uma escola estadual de São Paulo. Os escolares foram avaliados através do teste de
coordenação com bola – TECOBOL para identificar o nível de habilidade motora. Para
análise do estudo foi utilizado estatística descritiva e o teste t-student para amostra
independente. Os resultados mostraram que não houve diferenças significativas entre
meninos e meninas, apesar dos meninos terem sido melhores que as meninas em todas
as habilidades. Entre as idades também não houve diferenças significativas, apesar das

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
439

crianças de 11 anos terem sido melhores que as crianças de 10 anos. Agora é possível
planejar o desenvolvimento da coordenação com bola para essa fase sem necessidade de
separação de grupo e com tranquilidade e adequação.

Palavras-chave: Desenvolvimento motor; Crianças; Educação Física.

Introdução: A prática de exercícios resulta do desenvolvimento motor, processo que


começa desde que a criança nasce. Segundo Rigolin (2012), a criança precisa
experimentar todas as possibilidades de movimento para desenvolver suas habilidades, o
autor ressalta ainda dois grandes problemas para esta situação. Começa pela reclusão
urbana. A grande preocupação dos pais é quanto a: segurança, integridade física da
criança, a crescente tecnologia que é mais atrativa que novas experiências motoras. Com
os brinquedos tecnológicos a criança desenvolve várias habilidades cognitivas, sem dúvida,
mas muito pouco da parte motora. Um dos fatores de risco, em relação a tecnologia, é que
delimita a amplitude de movimento, podendo acarretar em sedentarismo.
Antes de entrar numa discussão mais detalhada, é importante ressaltar que as crianças
necessitam de abundância de oportunidades, motivação e orientação numa variedade de
atividades motoras diárias com o objetivo de desenvolver suas capacidades singulares de
movimento (GALLAHUE & OZMUN, 2008).
Não se pode esquecer ainda que as atividades motoras são essenciais para o
desenvolvimento global da criança. É por meio delas que a criança age sobre o meio
ambiente para alcançar objetivos desejados ou satisfazer suas necessidades.
O desenvolvimento motor, de acordo com Gallahue e Donnelly (2008) pode ser visto como
uma mudança progressiva do comportamento motor através do ciclo da vida. Ainda
segundo esses autores, desenvolvimento motor envolve contínua adaptação às mudanças
nas capacidades de movimento de um indivíduo por meio do esforço contínuo para atingir
e manter o controle motor e competência motora.
Gallahue e Donnelly (2008) afirmam que durante o período entre 8 aos 12 anos (segunda
infância), as crianças apresentam rápidos ganhos em aprendizagem e são capazes de
atuar em níveis crescentes no desenvolvimento de habilidades de movimentos.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
440

A coordenação motora é de grande importância em várias áreas científicas como a


aprendizagem motora, o controle motor e o desenvolvimento motor (LOPES et al., 2003).
A coordenação está presente em todas as práticas do movimento, sendo importante no
desempenho de atividades, especialmente das técnicas dos esportes (GRECO e BENDA,
1998).
Assim, o objetivo foi verificar a coordenação com bola de crianças do 6º ano do ensino
fundamental séries finais (10/11anos) de uma escola da rede pública estadual de São
Paulo, descrevendo suas características motoras e fazendo a comparação entre idades e
sexo com para um planejar de atividades mais direcionado.

Método: Para a realização dos testes foi solicitada a autorização da direção da escola
através da carta de anuência e autorização enviada aos pais pelo professor responsável
pelos testes. Estes foram aplicados individualmente para cada aluno no horário de aula no
período vespertino.
O instrumento utilizado para verificar o nível de desenvolvimento motor dos alunos, foi o
teste de coordenação com bola – TECOBOL versão curta. Mão na parede (drible e
condução) e jogar na parede (lançamento e chute).

Resultados: Foram avaliadas 37 crianças entre 10 e 11 anos, sendo 15 do sexo


masculino e 22 do sexo feminino.
No quadro abaixo que apresenta as estatísticas descritivas de todas as habilidades
avaliadas, data de nascimento, idades, aulas semanais de Educação Física e duração
mínima das aulas, observou-se que as crianças, tanto de 10 anos como as de 11 anos,
apresentaram maiores dificuldades na execução do teste mão na parede (drible).

Estatísticas descritivas

N Mínimo Máximo Média Desvio


padrão
Idade 37 10 11 10,59 ,498
Lançament 37 0:30:00,00 1:46:00,00 0:53:45,41 0:15:09,110
o
Chute 37 0:53:59,99 2:58:00,00 1:42:19,46 0:28:27,047
Drible 37 1:01:00,00 3:56:00,00 2:04:34,05 0:36:36,112
Condução 37 0:54:59,99 3:27:00,00 1:41:24,32 0:32:11,086

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441

Com relação ao teste de amostras independentes, em todas as habilidades avaliadas, não


houve diferenças significativas.
Com relação as estatísticas de grupo no Teste T apresentado no quadro abaixo, observou-
se que os meninos (1) foram melhores que as meninas (2) em todas as habilidades
avaliadas, apesar de na habilidade drible não se notar tal diferença.

Estatísticas de grupo

Sexo N Média Desvio Erro padrão da média


padrão
Lançame 15 0:48:12,0 0:10:02,2 0:02:35,494
m
nto 0 24
22 0:57:32,7 0:17:00,5 0:03:37,580
f
3 42
15 1:32:28,0 0:25:24,9 0:06:33,745
m
0 69
Chute
22 1:49:02,7 0:28:59,2 0:06:10,801
f
3 09
15 2:04:24,0 0:32:34,6 0:08:24,680
m
0 17
Drible
22 2:04:40,9 0:39:51,7 0:08:29,933
f
1 99
15 1:28:52,0 0:30:36,0 0:07:54,066
m
Conduçã 0 49
o 22 1:49:57,2 0:31:01,5 0:06:36,887
f
7 64

No quadro abaixo que mostra as estatísticas de grupo Teste T com relação as idades,
observou-se que as crianças de 11 anos foram melhores que as de 10 anos em todas as
habilidades avaliadas.

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Estatísticas de grupo

Idade N Média
Desvio Erro padrão
padrão da média
10 15 0:59:00,00 0:14:00,306 0:03:36,966
Lançamento
11 22 0:50:10,91 0:15:09,500 0:03:13,906
10 15 1:51:16,00 0:34:39,632 0:08:56,959
Chute
11 22 1:36:13,64 0:22:09,051 0:04:43,355
10 15 2:10:16,00 0:42:54,759 0:11:04,800
Drible
11 22 2:00:40,91 0:32:05,562 0:06:50,531
10 15 1:50:00,00 0:35:01,591 0:09:02,629
Condução
11 22 1:35:32,73 0:29:28,847 0:06:17,120
No teste de amostras independentes, não houve diferenças significativas entre idades e
gêneros.

Discussão: Como podemos ver neste estudo, não houve diferenças significativas no teste
de coordenação com bola – TECOBOL versão curta, levando- se em consideração os
gêneros e idades dos escolares. Notou-se sim, com relação ao gênero, que os meninos
apresentaram um resultado melhor que as meninas em todas as habilidades avaliadas isso
pode ser explicado por questões culturais, já que meninos normalmente são mais ativos
fisicamente. Com relação as idades, o estudo mostrou que as crianças de 11 anos tiveram
um resultado melhor que as de 10 anos, porém nada significativo. De todas as habilidades
avaliadas nos testes mão na parede (drible e condução) e jogar na parede (lançamento e
chute), as crianças de ambos os sexos apresentaram maior dificuldade no teste mão na
parede com a habilidade drible, sendo assim, farei durante minhas aulas de Educação
Física com essa faixa etária, atividades que motivem e proporcionem uma vivência maior
nesta habilidade para que haja um ganho maior e consequentemente à aprendizagem.

Conclusão: Com o teste de coordenação com bola – TECOBOL versão curta, foi possível
avaliar o nível de desenvolvimento motor de crianças do 6° ano do ensino fundamental
séries finais (10 e 11 anos).
Neste estudo, pôde-se comparar diferenças entre gêneros e idades na avaliação das
habilidades e identificar as dificuldades motoras apresentadas nas habilidades avaliadas.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
443

Os resultados obtidos nos testes foram considerados satisfatórios para a faixa etária, mas
é importante frisar que outros aspectos como por exemplo, as influências culturais e até
mesmo preconceito por práticas de determinadas modalidades por ambos os sexos pode
dificultar o desenvolvimento motor de muitas crianças.
Lembramos que as crianças necessitam de uma abundância de atividades motoras, para
que quando sejam inseridas no ensino dos esportes atinjam resultados satisfatórios.
Sugere-se que se faça um estudo mais detalhado com um número maior de escolares da
rede pública estadual de São Paulo, para que se tenha melhores resultados que poderão
servir de referência para intervenções futuras.

Referências Bibliográficas:

GALLAHUE, D.L. & DONNELLY F.C. Educação Física desenvolvimentista para todas as
idades. São Paulo: Phorte, 2008.
TANI, G.; TEIXEIRA, L.; FERRAZ, O.L. Competição no Esporte e Educação Física Escolar.
In: Conceição, J.A.N. Saúde Escolar: a criança, a vida e a escola. São Paulo: Sarvier, 1994.
RIGOLIN, L.R. Desempenho esportivo: Treinamento com crianças e adolescentes. São
Paulo: Phorte, 2012.
SILVA, S.A. Bateria de testes para medir a coordenação com bola de crianças e jovens.
Tese de Doutorado. Escola de Educação Física da UFRGS, 2010.
GRECO, P.J.; BENDA, R.N. Iniciação Esportiva Universal. UFMG, Belo Horizonte, 1998

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
444

INICIAÇÃO DO ATLETA DE HANDEBOL BAIANO: LOCAIS E PERÍODOS

Angelo Maurício de Amorim / GEPEECS - UNEB / LAPPE - UFSC


Alexandra da Paixão Damasceno de Amorim / GEPEECS - UNEB / UFBA
Ricardo Franklin de Freitas Mussi / GEPEECS - UNEB / UFSC
Saray Giovana dos Santos / BIOMEC - UFSC
angeloamorim@live.com

RESUMO: A formação esportiva avança do paradigma de detecção para o de


desenvolvimento do talento esportivo. A escola é um ambiente onde o esporte no espaço
escolar foi fruto de duras críticas durante a década de 1980 e 1990. Neste sentido, o objetivo
do presente estudo foi identificar a faixa etária e o local onde ocorreu o processo de
iniciação esportiva dos atletas adultos de clubes baianos de handebol. O presente estudo,
de caráter descritivo, baseou-se em análise de dados secundários disponíveis pela
Federação Bahiana de Handebol (FBHb). Os dados demonstram que os atletas se iniciaram
no esporte principalmente no espaço escolar, no entanto, de maneira tardia.
Palavras-chave: Handebol. Educação Física. Iniciação Esportiva.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
445

INTRODUÇÃO: O processo de formação esportiva esporte avança do paradigma de


detecção para o de desenvolvimento do talento esportivo (FOLLE, NASCIMENTO, GRAÇA,
2015). No esporte, a tendência é iniciar cada vez mais cedo em alguma modalidade
esportiva, no intuito de obter-se, rapidamente, sucesso e vitórias (TSUKAMOTO,
NUNOMURA, 2005). É nesse contexto que se insere a prática do Handebol.
Durante a década de 1970, o processo de ensino-aprendizagem-treinamento dos
esportes acontecia dentro do ambiente escolar, com intuito de selecionar os mais hábeis
para as equipes esportivas (AMORIM, 2011). Nas décadas de 1980 e 1990, os esportes
coletivos tornaram-se “os ‘vilões’ das aulas de Educação Física [...] ‘rotulados’
negativamente devido à presença marcante de orientação tecnicista do esporte de alto
rendimento nas escolas” (GRECO, 2012, p. 289).
A iniciação esportiva pode ocorrer na escola, no clube ou nas escolinhas esportivas
desde que sejam respeitadas as orientações contemporâneas da pedagogia do esporte
(REVERDITO; SCAGLIA, 2009), sistematizadas a partir da década de 1980 (SAAD et al,
2013). Durante esse processo devem ser considerados os estágio, fases e etapas de
formação, cada uma com objetivos, conteúdos e metodologias específicas (COTÊ, 1999,
GRECO; SILVA; GRECO, 2012; PAES; OLIVEIRA, 2004,).
Neste sentido, objetiva-se identificar a faixa etária e o local onde se deu o processo
de iniciação esportiva dos atletas adultos de clubes baianos de handebol participantes da
Copa dos Campeões, promovida pela Federação Bahiana de Handebol (FBHb) em
dezembro de 2013.

MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa quantitativa de cunho descritivo. Os dados, de


natureza secundária, são provenientes de banco de informações disponibilizado pela
FBHb.
A Copa dos Campeões contou com a participação das equipes melhor classificadas
ao longo nas competições oficiais da FBHb (3 etapas da Copa Bahia e Campeonato
baiano), totalizando 10 equipes (três femininas e sete masculinas), portanto, a elite atlética
handebolística que participam das competições da federação baiana no ano de 2013.
Durante a competição, a Federação apresentou formulário para fins de
reconhecimento do perfil dos atletas participantes. Esse instrumento continha 25 questões,
sobre as seguintes dimensões: Caracterização pessoal; Atividades de treinamento, lesões

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
446

e nível de experiência esportiva e; Avaliação de competições da Federação Bahiana de


Handebol.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Entre os atletas de handebol participantes da Copa dos


Campeões, 47 responderam ao questionário, predominantemente homens, 66,0%(31), com
idade de 26,9+5,7 anos e experiência esportiva de 12,5+5,0 anos.
É possível considerar que o estágio inicial do sistema de formação divide-se na fase
de habilidades básicas (até 6 anos), Universal 1 (6 – 8 anos), Universal 2 (8 – 10 anos)
(GRECO, SILVA, GRECO, 2012). Entre os sujeitos da pesquisa, apenas 10,6%(5) iniciaram
a prática no estágio de formação universal. Ressalta-se que esta etapa privilegia o estimulo
a capacidades e habilidades motoras, comportamento tático por meio de jogos situacionais
(KROGER, ROTH, 2002), caracterizado pela busca por uma prática lúdica e gratificante
(COTÊ, 1999).
O estágio de transição possui as fases de universalidade esportiva (10-12 anos),
orientação (12 – 14 anos) e direção (14 – 16 anos) (IBDEM, 2012). 76,6%(36) dos sujeitos
iniciaram a prática do handebol no estágio de transição. A faixa etária de contato com as
atividades handebolísticas mais recorrente entre os atletas foi dos 13 aos 14 anos ou
31,9%(15). Nesta etapa de iniciação, espera-se que o praticante já tivesse vivência nas
diversas modalidades esportivas, conhecimento de regras básicas e noções de
comportamento técnico-tático (GRECO, BENDA, 1998), equilibrando as estruturas de
prática deliberada e jogo deliberado (COTÊ, 1999).
Embora o ensino médio represente nas bases legais o aprofundamento dos
conhecimentos adquiridos no ensino fundamental (BRASIL, 1996; BRASIL, 2000), foi
possível identificar que 12,8% (6) atletas que iniciaram a prática do handebol no ensino
médio, em idade referente ao estágio de decisão (GRECO, SILVA, GRECO, 2012),
caracterizado pelo direcionamento do atleta para a especialização na modalidade orientada
para a performance, ou escolha para a prática recreativa e de lazer (COTÊ, 1999).
Considerando apenas os atletas que iniciaram a prática esportiva nascidos no
período durante e após a chamada “crise da Educação Física brasileira”, foram totalizados
40 atletas. Destes, 33 (80,5%) iniciaram na escola e 7 (19,5%) em clubes. Considerando
apenas os que nasceram a partir de 1990 e se inseriram na prática esportiva por volta dos
anos 2000, dos 19 atletas, apenas um iniciou a prática do handebol em clube. Nesse

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
447

sentido, é importante reconhecer a escola ainda é o espaço fundamental para iniciação


esportiva da criança. Assim como na presente investigação, estudo com atletas que
compuseram a seleção brasileira de handebol, identificou que 66,7% destes iniciaram suas
vidas esportivas no ambiente escolar (MENDONÇA et al, 2007).
O processo de ensino-aprendizagem-treinamento e, consequente, avaliação do
desenvolvimento do esportista, precisam estar encadeados numa proposta que respeite as
especificidades do jogo e da criança/adolescente que pratica o desporto, “criando
possibilidades para a construção do conhecimento que extrapolem os limites da quadra, do
campo e das intenções e tensões que a sociedade [...[ atrela ao ensino do esporte e suas
consequências” (SCAGLIA; REVERDITO, GALATTI, 2014, p. 48). Assim, entende-se a
escola como local profícuo, também, para o desenvolvimento da iniciação esportiva, haja
vista que foi neste ambiente onde 85,1%(40) dos atletas de handebol que participaram da
pesquisa iniciaram a prática do handebol.

CONCLUSÃO: Conclui-se que os processos de iniciação dos atletas de handebol adultos


baianos ocorreu predominantemente em estágios posteriores ao recomendado e em ampla
maioria continua sendo no espaço escolar. Embora as proposições teóricas e as discussões
acadêmico-científicas apontaram para um esvaziamento da escola como lócus de iniciação
esportiva, a escola ainda é o lugar onde esta etapa da formação de atletas de equipes
baianas de handebol acontece.

REFERÊNCIAS
AMORIM, A.M. Sentidos da docência Universitária para professores das disciplinas
técnico-esportivas da UNEB. 2011. 207f. Dissertação (Mestrado em Educação) -
Universidade Federal da Bahia/Faculdade de Educação: Salvador, 2011.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20 de


dezembro de 1996.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.


Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio). Brasília: MEC, 2000.

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CÔTÉ, J. The influence of the family in the development of talent in sport. Sport
Psychologist, Champaign, v. 13, no. 4, p. 395-417, dec. 1999.

FOLLE, A.; NASCIMENTO, J. V.; GRAÇA, A. B. Processo de formação esportiva: da


identificação ao desenvolvimento de talentos esportivos. Revista da Educação
Física/UEM, v. 26, n. 2, 2015.

GRECO, J. P. Desafios dos estágios nos cursos de bacharelado em Educação Física: a


questão dos esportes coletivos. IN: NASCIMENTO, J. V.; FARIAS, G. O. (orgs).
Construção da identidade profissional em Educação Física: da formação à
intervenção. Florianópolis: UDESC, 2012.

GRECO, P.J.; BENDA, R.N. Iniciação esportiva universal: vol 1. Da aprendizagem


motora ao treinamento técnico. Belo Horizonte: UFMG, 1998.

GRECO, P.J.; SILVA, S.A.; GRECO, F.L. O sistema de formação e treinamento esportivo
no handebol brasileiro (SFTE-HB) IN: GRECO, P. J; ROMERO, J. J. F. Manual de
Handebol: da iniciação ao alto nível. São Paulo: Phorte, 2012.

KROGER, C.; ROTH, K. Escola da bola: um ABC para iniciantes. São Paulo: Phorte, 2002.

MENDONÇA, M. T. et al. Formação e desenvolvimento de talentos esportivos no Handebol


masculino. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v.6, n.1, p .125-35, 2007.

OLIVEIRA, V.; PAES, R.R.A pedagogia da iniciação esportiva: um estudo sobre o ensino
dos jogos desportivos coletivos. Lecturas Educación Física y Deportes, v.10, n.71, 2004.

REVERDITO, R.S.; SCAGLIA, A.J. Pedagogia do esporte: jogos coletivos de invasão. São
Paulo: Phorte, 2009.

SAAD, M. A.; COLLET, C.; VICENTE, L. J.; RAMOS, V.; NASCIMENTO, J. V. Avaliação do
desempenho técnico-tático em modalidades esportivas coletivas. IN: NASCIMENTO, J. V.;

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RAMOS, V.; TAVARES, F. (orgs). Jogos desportivos: formação e investigação.


Florianópolis: UDESC, 2013.

SCAGLIA, A. J.; REVERDITO, R. S.; GALATTI, L. R. A contribuição da pedagogia do


esporte ao ensino do esporte na escola: tensões e reflexões metodológicas. IN: MARINHO,
A.; NASCIMENTO, J. V.; OLIVEIRA, A. A. B. (orgs). Legados do esporte brasileiro.
Florianópolis: UDESC, 2014.

TSUKAMOTO, M.H.C.; NUNOMURA, M. Iniciação esportiva e infância: um olhar sobre a


ginástica artística. Revista Brasileira de Ciência do Esporte, v.26, n.3, p.159-76, 2005.

PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM-TREINAMENTO DO VOLEIBOL EM


ESCOLAS PARTICULARES DE MACEIÓ

Nathália Barros da Silva – UFAL


Joana Lys Gomes de Carvalho Santiago – UFAL
Davi Correia da Silva – NUPEF/ UFV
nathaliaaabs@gmail.com

RESUMO: Este estudo teve como objetivo identificar e caracterizar as metodologias de


ensino utilizadas em aulas de Educação física com o conteúdo voleibol. A amostra foi
composta por 13 atividades utilizadas em cinco aulas de educação física em três escolas
particulares de Maceió-AL. Para registro das atividades e a posterior caracterização e
análise dos dados coletados, foi utilizado o diário de campo. Após isto, os dados foram
transcritos para o Microsoft Office Word versão 2010, onde foram categorizados. Os
resultados apontam que os professores utilizaram o método parcial como método principal
para elaboração de suas aulas, pois das treze atividades registradas, nove (69.24%) foram
caracterizadas no método parcial e quatro (30.76%) no método recreativo. Pode-se
observar que os professores de educação física das escolas de Maceió utilizam o método
tradicional (parcial) com mais frequência no processo de ensino-aprendizagem-treinamento
do Voleibol.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
450

Palavras-chave: Metodologias de ensino; método parcial; método recreativo.

INTRODUÇÃO: Os métodos de ensino aplicados aos jogos esportivos coletivos são os


meios pelos quais se busca melhorar o nível de rendimento do praticante. Esses métodos
devem facilitar o processo de ensino-aprendizagem e preparar o aluno para o processo de
treinamento. Durante esse processo é necessário proporcionar situações e tarefas que o
aluno execute conforme a sua capacidade no intuito de preservar a motivação do aluno
(GRECO, 1998).
Entre os métodos de ensino, a utilização da abordagem tradicional geralmente é o
caminho que os professores ainda utilizam em suas aulas (COSTA; NASCIMENTO, 2004).
A importância de outros métodos de ensino, indo contra o tradicional, necessita de um
pensamento crítico e reflexivo dos profissionais, e isso exige esforço, dedicação e estudo
(COSTA; NASCIMENTO, 2004). Portanto, a utilização de métodos inovadores e de outras
formas de utilização das atividades ligadas ao objetivo da aula, requer reflexão da
importância, também, de outros métodos existentes para a prática pedagógica.
Diante disso, este estudo quantitativo insere-se na problemática da investigação de
quais métodos de ensino são utilizados no processo de ensino-aprendizagem-treinamento
do voleibol das escolas particulares de Maceió. O estudo objetiva, sobretudo, identificar e
caracterizar as metodologias de ensino utilizadas em aulas de Educação Física com o
conteúdo voleibol.

MÉTODOS: A amostra do estudo delimitou-se a treze atividades referentes a cinco aulas


ministradas em três escolas particulares de Maceió-AL. Para levantamento dos dados
recorreu-se da investigação através de diário de campo, onde foram registradas as
atividades realizadas nas aulas de voleibol e relatadas às atividades. Após isto, as
atividades foram transcritas no Microsoft Office Word 2010, para serem analisadas e
categorizadas.

RESULTADOS: Os resultados apontam a prelavência do método parcial e a inserção de


maneira menos frequente do método recreativo.
Tabela 1: Frequência absoluta e relativa do número total de atividades e dos métodos
parcial e recreativo.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
451

Método Parcial Método Recreativo Atividades


N % N % N %
Colégio 1 02 100 0 0 02 100
Colégio 2 03 50 03 50 06 100
Colégio 3 04 80 01 20 05 100
TOTAL 09 69,24 04 30,76 13 100

A utilização dos métodos tradicionais é mais comum entre os professores no


processo de ensino-aprendizagem. Este resultado pode ser explicado pela formação
desses professores, pois a maioria deles aprendeu o desporto coletivo de forma tecnicista,
através da repetição dos movimentos até que sejam realizados da forma correta
(COUTINHO; SILVA, 2007). Por este método tecnicista ser tradicional no ensino do
desporto, o professor utiliza-o em detrimento de possíveis métodos mais inovadores, e
consequente utilização desses métodos, trazem resultados negativos ao processo de
ensino-aprendizagem (COUTINHO; SILVA, 2007).
No que diz respeito ao método parcial, este é um método considerado tradicional e
é um dos mais utilizados pelos professores. Ele é caracterizado pelo ensino das habilidades
em partes, de forma gradual, até que alcance o gesto completo e obtenha um resultado
satisfatório (TENROLLER; MERINO, 2006). Esse método tende a não motivar os alunos
por ser realizado de forma repetitiva, e fora da realidade do desporto ensinado (COSTA;
NASCIMENTO, 2004).
Em relação à abordagem do método recreativo, é possível que os elementos
técnicos e táticos, adotados de uma maneira lúdica, ou seja, recreativa, propiciem ao aluno
um aprendizado mais eficiente do esporte devido à motivação (TENROLLER; MERINO,
2006). A utilização do método recreativo, além de utilizar a forma lúdica como elemento de
aprendizagem, este método traz satisfação aos alunos.
Em suma, método parcial, com a repetição dos gestos motores, traz para o aluno o
avanço da técnica, a melhor execução do movimento. O método recreativo, através da
ludicidade, faz os alunos executarem movimentos técnicos e táticos do jogo, de forma
divertida e natural. Então, a utilização dos dois métodos pode ter sido uma estratégia para
unir os benefícios destes métodos.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
452

No entanto, a abordagem do método tradicional, ou qualquer outro método de


ensino, requer observação, avaliação e análise de seus alunos, para a utilização do método
mais eficiente para o determinado grupo de participantes. A utilização dos métodos,
estudados e dominados pelo professor, necessitam estar ligados às necessidades de seus
alunos, assim, construindo um modelo particular de trabalho (GALATTI; PAES, 2006).

CONCLUSÃO: Observa-se que, diante da identificação das metodologias de ensino


utilizadas pelos professores nas aulas, pode-se concluir que as atividades mais frequentes
ainda estão ligadas ao ensino através de métodos tecnicistas tradicionais. É importante que
os professores busquem diversificar as práticas a fim de estimular melhorias em diferentes
aspectos do rendimento esportivo. É de grande utilidade estudos que apresentem ao
professor quais metodologias usar em determinadas modalidades, direcionando-o a
desenvolver um trabalho melhor com os alunos.

AGRADECIMENTO: Este trabalho teve apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de


Pessoal de Nível Superior – CAPES e do Programa de Bolsas de Desenvolvimento
Acadêmico e Institucional – BDAI.

REFERÊNCIAS

COSTA, L. C. A.; NASCIMENTO, J. V. O ensino da técnica e da tática: novas


abordagens. Revista da Educação Física/UEM, v. 15, n. 2, p. 49-56, Maringá, 2004.

COUTINHO, N. F.; SILVA, S. A. P. S. Knowledge and application of Collective Sports


Games Teaching Methods in the Physical Education Professional Preparation. Revista
Movimento, v. 15, n. 1, p. 117-144, 2009.

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GALATTI, L. R; PAES, R. R. Fundamentos da pedagogia do esporte no cenário


escolar. Revista Movimento & Percepção. v. 6, n. 9, p. 16-25, Espírito Santo do Pinhal,
jul/dez, 2006.

GRECO, P. J.; BENDA, R. N. Iniciação esportiva universal 2. 1ª edição. Minas Gerais:


Editora UFMG, 1998.

TENROLLER, C. A.; MERINO, E. Métodos e Planos para o Ensino dos Esportes. 1ª


Edição. Canoas: Editora da ULBRA, 2006.

CONTEXTOS DE FORMAÇÃO E A IDADE RELATIVA DE JOGADORES


PROFISSIONAIS DE FUTEBOL DA SÉRIE A

Alexandre Vinícius Bobato Tozetto / LAPE – UFSC


Felipe Goedert Mendes / LAPE – UFSC
Rodolfo Silva da Rosa / LAPE – UFSC
Edison Roberto de Souza / LAPE – UFSC
Larissa Rafaela Galatti / FCA – UNICAMP
alexandrebobato@hotmail.com

RESUMO: O objetivo do presente estudo foi verificar o contexto de formação e a idade


relativa de jogadores profissionais de futebol. A amostra foi composta por 163 atletas
brasileiros, de cinco clubes do Campeonato Brasileiro da Série A de 2015. Os dados
referentes ao ano de nascimento e cidade natal foram obtidos com a entrada nos sites dos
clubes. A análise dos dados foi realizada por meio de uma análise descritiva por meio da
frequência, porcentagem, média e desvio padrão. A maioria dos atletas nasceu nas cidades
de menor contingente populacional e quanto maior a população, menor a chance de
ascensão esportiva, aonde 27% nasceram no intervalo de menor população (< 50,000) com

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
454

chances de ascensão entre 106 a 1.136. Sobre o IDH-M, os valores apresentaram a maior
parte dos atletas nos intervalos Médio (35,6%) e Alto (31,3%). Em relação à idade relativa,
a maioria dos atletas nasceu nos dois primeiros quartis (62,3%). Os achados podem ser
advindos devido à especialização precoce estar mais presente nos grandes centros, além
das melhores condições de vida que podem ter alavancado a carreira dos atletas e os
estágios maturacionais favorecerem os atletas mais experientes na formação esportiva da
presente amostra.
PALAVRAS-CHAVE: Contextos de formação; idade relativa; jogadores profissionais de
futebol.

INTRODUÇÃO: A formação de atletas até chegarem ao alto desempenho tem sido atrelada
a determinados fatores como possíveis preditores do sucesso esportivo, como o
contingente populacional da cidade natal dos atletas (BALISH; RAINHAM; BLANCHARD,
2014; TURNNIDGE; HANCOCK; CÔTÉ; 2014), a idade relativa disposta em quartis
(MORAES et al, 2009; TURNNIDGE; HANCOCK; CÔTÉ, 2014) e por fim os aspectos
nacionais sócio-econômicos referentes ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), os
quais parecem favorecer a prática esportiva, o tipo de atividades vivenciadas e a qualidade
de formação do talento esportivo (COSTA; CARDOSO; GARGANTA, 2013).
Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi verificar o contexto de formação
(contingente populacional e Índice de Desenvolvimento Humano) e a idade relativa de
jogadores profissionais da Série A do Campeonato Brasileiro de 2015.

MÉTODO: A amostra intencional foi composta por 163 jogadores profissionais de futebol,
nascidos em território nacional, de cinco clubes da Série A do Campeonato Brasileiro de
2015. Após a entrada nos endereços eletrônicos, foram selecionados os clubes que
disponibilizavam os dados referentes ao presente estudo.
O IDH-M e contingente populacional foram classificados de acordo com o Atlas do
Desenvolvimento Humano nas Regiões Metropolitanas Brasileiras (PNUD, 2013). Os dados
foram extraídos dos censos de 1991 e 2000, devido a estes censos serem os primeiros
divulgados pelo PNUD e com o valor de maior proximidade com a data de nascimento dos
atletas de acordo com a média de cada grupo etário (G1= 16-28; G2= 29-39), sendo que a
média de idade foi de G1= 22,79 ±2, 696 e G2= 31,68 ±2,346 anos.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
455

A análise dos dados foi realizada por meio de uma análise descritiva (frequência,
porcentagem, média e desvio padrão) em cada categoria das variáveis dos atletas.

RESULTADOS: A Tabela 1 apresenta os valores de frequência e porcentagem em cada


intervalo, indicando as chances de ascensão esportiva em cada grupo.

Intervalo População Frequência Porcentagem Chances de ascensão

1 > 4,999,999 29 17.8 172.413 a 388.051

2 2,500,000-4,999,999 0 0 -

3 1,000,000-2,499,999 26 16,0 38.461 a 96.153

4 500,000-999,999 11 6,7 45.454 a 90.909

5 250,000-499,999 13 8,0 19.230 a 38.461

6 100,000-249,999 21 12,9 4.761 a 11.904

7 50,000-99,999 19 11,7 2.631 a 5.263

8 < 50,000 44 27 106 a 1.136

Total 163 100


*As chances de ascensão foram calculadas por uma divisão entre o número de jogadores
profissionais e a população mínima e máxima contida em cada intervalo populacional.
Tabela 1. Frequência dos jogadores profissionais de futebol nos oito intervalos
populacionais do estudo e chances ao alto rendimento.
Na Tabela 2 são apresentados os valores de frequência e porcentagem, de acordo
com os intervalos de classificação do IDH-M.
Intervalo IDH-M Frequência Porcentagem
1 Muito baixo (< 0,5) 22 13,5
2 Baixo (0,6-0,5) 31 19,0
3 Médio (0,7-,6) 58 35,6
4 Alto (0,8-0,7) 51 31,3
5 Muito alto 1-0,8 1 0,6
Total 163 100
Tabela 2. Frequência e porcentagem de jogadores profissionais com relação ao IDH-M.
A Tabela 3 apresenta a frequência e porcentagem de atletas de acordo com o quartil
de nascimento.

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Quartil Frequência Porcentagem


jan-mar 48 29,1
abr-jun 54 33,2
jul-set 37 22,5
out-dez 24 15,2
Total 163 100
Tabela 3 – Frequência e porcentagem dos jogadores por quartil de nascimento.

CONCLUSÃO: Podemos concluir que a maioria dos atletas nasceu nas cidades de menor
contingente populacional e quanto maior a população, menor a chance de ascensão
esportiva, o que pode ter ocorrido devido à especialização precoce estar mais presente nos
grandes centros. Sobre o IDH-M, os valores apresentaram maior ocorrência nos intervalos
Médio e Alto, provavelmente pelas melhores condições de vida, o que pode alavancar e dar
o suporte para a carreira dos atletas. A idade relativa apresentou as maiores porcentagens
dos atletas nos dois primeiros quartis, possivelmente devido aos atletas mais experientes
apresentarem um estágio maturacional avançado sobre os mais novos no período de
formação, outro fator agravante, seria os atletas de diferentes idades estarem nas mesmas
categorias, aumentando as diferenças entre os atletas, como na capacidade física
condicional de força, além do tempo de vivência esportiva que pode oportunizar um maior
repertório de habilidades motoras e técnico-táticas aos jovens jogadores de maior faixa
etária.

REFERÊNCIAS
BALISH, S.; RAINHAM, D.; BLANCHARD, C. Community size and sport participation
across 22 countries. Scandinavian journal of medicine & science in sports, p.1-6,
oct./dec. 2014.

COSTA, I.; CARDOSO, F.; GARGANTA, J. O Índice de Desenvolvimento Humano e a


Data de Nascimento podem condicionar a ascensão de jogadores de Futebol ao alto nível
de rendimento? Motriz, v.19, n.1, p.34-35, jan./mar. 2013.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
457

Programa das Nações Unidas em Desenvolvimento. Atlas do Desenvolvimento


Humano nas Regiões Metropolitanas Brasileiras [Internet]. Brasília: PNUD; 2013. [acesso
em: 05 jul. 2015]. Disponível em: http://www.brasil2016.gov.br/pt-
br/olimpiadas/medalhistas.

MORAES, L.; PENNA, E.; FERREIRA, R.; COSTA, V.; MATOS, A. Análise do quartil de
nascimento de atletas profissionais de futebol. PENSAR A PRÁTICA, v.12, n.3, p.1-9, set./dez. 2009.

TURNNIDGE, J.; HANCOCK, D.; CÔTÉ, J. The influence of birth date and place of
development on youth sport participation. Scandinavian journal of medicine & science
in sports, v.24, n.2, p.461-468, 2014.

PREVALÊNCIA DE UTILIZAÇÃO DE MÉTODOS DE ENSINO PARA TAREFAS


MOTORAS NA INICIAÇÃO ESPORTIVA.
Ralciney Márcio Carvalho Barbosa - UNIFOR
Mónica Helena Pinheiro - UNIFOR
Carminda Lamboglia - UNIFOR
Paulo Vicente João / UTAD - CIDESD
Ágata Aranha / UTAD - CIDESD
ralciney@unifor.br
RESUMO: O presente estudo tem como objetivo verificar a prevalência de utilização de
métodos de ensino para tarefas motoras na iniciação esportiva na cidade de Fortaleza.
Caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, transversal com abordagem quantitativa.
Observou-se que 45,5% (10 profissionais) da amostra “quase sempre” utilizam o método
global, 40,9% dos entrevistados utilizam “às vezes” o método parcial. Por outro lado, 50%
da amostra “sempre” utiliza o método de demonstração nas aulas. Na prática, o que está
demonstrado na pesquisa é a continuidade, ainda no século XXI, de metodologias
ultrapassadas que visam assegurar somente o aprendizado da técnica, sendo essa
descontextualizada da realidade do jogo.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
458

Palavras-chave: Metodologia de Ensino, Esportes Coletivos, Iniciação Esportiva

INTRODUÇÃO: Desde o início da história do homem sobre a terra, sua vida se pauta
basicamente no movimento corporal, tornando essa atividade de vital importância para que
nossa espécie não tivesse o destino de milhares de outras que não tendo condições de
adaptação a realidades diferenciadas e, principalmente, por não ter a condição de buscar
lugares apropriados para sua sobrevivência, sucumbiram.

Para que esses movimentos corporais se tornassem melhores e mais aperfeiçoados,


o homem buscou maneiras diferenciadas de torná-los cada vez mais eficazes na
perspectiva de garantir suas necessidades básicas com um menor gasto de energia,
surgindo então, desde esse período histórico, as metodologias básicas de aprendizagem
do movimento humano.
Os movimentos naturais como correr, saltar, lançar, trepar, rastejar, quadrupedar,
entre outros, utilizados nas suas ações de sobrevivência como a caça, a pesca, a guerra,
a fuga, etc., foram ganhando em qualidade de execução em função, principalmente, da
experiência adquirida e repassada de geração em geração ao longo da história da
humanidade (Comitê Olímpico Internacional, 2005).
O objetivo dessa pesquisa foi o de verificar a prevalência de utilização de métodos
de ensino para tarefas motoras na iniciação esportiva na cidade de Fortaleza.
MÉTODOS: O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, que visa uma
descrição objetiva e completa dos aspectos investigados (Thomas, Nelson & Silverman,
2007), transversal, com abordagem quantitativa.
INSTRUMENTOS NA RECOLHA DE DADOS: O questionário contemplava 10 questões
de caracter fechado, onde se buscou: caracterizar a amostra; Formação e atualização
profissional e opção metodológica.
Para validar esse questionário, foi feita a aplicação de um projeto piloto com dez
professores. Após essa aplicação, o instrumento foi reavaliado e algumas reformulações
foram realizadas. A seguir, foi solicitado a um júri, composto por três professores (Mestres
e Doutores) com larga experiência na elaboração e aplicação de instrumentais de coleta de
dados em pesquisa científica na área de Educação Física e Esportes que avaliassem se o
instrumento produzia o resultado esperado.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
459

Para verificar a fidedignidade, foi realizada a correlação não paramétrica de Spearman,


onde cada professor respondeu ao mesmo questionário duas vezes com intervalo de 15
dias entre eles, demonstrando uma associação forte entre as respostas.
Foi ainda utilizada uma ficha de observação contemplava 24 itens relacionados ao fazer
pedagógico do professor com relação basicamente a dois pontos: organização da estrutura
da aula; Métodos de ensino colocados em prática;
Para validar essa ficha de observação, foi feita a aplicação de um projeto piloto com dez
professores. Após essa aplicação, o instrumento foi reavaliado e algumas reformulações
foram realizadas. De seguida, foi solicitado a um júri, composto por três professores
(Mestres e Doutores) com larga experiência na elaboração e aplicação de instrumentais de
coleta de dados em pesquisa científica na área de Educação Física e Esportes que
avaliassem se o instrumento produzia o resultado esperado.
SUJEITOS: A Amostra foi constituída por n=22 Profissionais de Educação Física que atuam
na iniciação esportiva na dimensão esporte educacional na Cidade de Fortaleza (ver tabela
1).

Frequência absoluta Frequência relativa (%)


Graduado 13 59,1
Especialista (Pós-graduação) 7 31,8
Mestre 1 4,5
Provisionado 1 4,5
Tabela 1. Caracterização da população com relação a sua formação profissional.

Os Critérios de Inclusão tiveram em atenção os Profissionais de Educação Física atuantes


na iniciação esportiva no segmento esporte educacional, registrados no Sistema
CONFEF/CREF e que manifestaram vontade de participar do estudo.
TRATAMENTO ESTATÍSTICO: Recorreu-se ainda à Estatística Descritiva, Média, desvio
padrão e moda para as variáveis contínuas, frequências absolutas e relativas das respostas
dadas, assim como ao Qui-quadrado de associação. Cruzamento dos dados das fichas de
observação com os questionários aplicados – nível de significância de p<0,05. Versão
SPSS 18.0 for windows. O projeto de pesquisa foi aprovado no dia 31 de março de 2011
pelo Comitê de Ética da Universidade de Fortaleza – UNIFOR, sob o parecer número
0021/2011, sendo registrado com o número11-099.

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460

RESULTADOS: Para verificar a prevalência da utilização dos métodos de ensino para


tarefas motoras (Tabela 3), observou-se que 45,5% (10 profissionais) da amostra “quase
sempre” utilizam o método global, 40,9% dos entrevistados utilizam “às vezes” o método
parcial. Por outro lado, 50% da amostra “sempre” utiliza o método de demonstração nas
aulas.
Ainda na Tabela 3, em relação ao método de resolução de problemas, 36,4% dos
entrevistados “quase sempre” utilizam esta metodologia, enquanto 22,7% da amostra
“sempre” se utilizam deste método de ensino para tarefas motoras. O método de ensino
misto é utilizado “às vezes” por 36,4% da amostra.

Tabela 3 - Frequência absoluta e relativa da utilização de métodos de ensino para tarefas motoras.
Global Parcial Demonstração Resolução de problemas Misto
f % f % f % f % f %
Não utiliza 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Raramente utiliza 3 13,6 2 9,1 0 0 1 4,5 2 9,1
Pouco utiliza 3 13,6 3 13,6 0 0 1 4,5 2 9,1
As vezes utiliza 0 0 9 40,9 4 18,2 7 31,8 8 36,4
Quase sempre utiliza 10 45,5 4 18,2 7 31,8 8 36,4 5 22,7
Sempre utiliza 6 27,3 4 18,2 11 50,0 5 22,7 5 22,7
Esses resultados indicam que ao se utilizar o método da demonstração pela maioria
dos inquiridos, os mesmos são ensinados de forma estereotipados, ou seja, a única
maneira de se executar um movimento técnico é aquele preconizado por padrões
previamente definidos. Segundo Braid (2003), esse método não é apropriado para ser
utilizada com crianças, pois ao demonstrar uma ação motora o professor está apresentando
um modelo de motricidade e nesse caso, a criança não vive a experiência de criar sua
própria motricidade.
Por outro lado, 45,5% da amostra afirma quase sempre utilizar o método global, pelo
fato desse método ser o mais indicado quando da entrada da criança no aprendizado
esportivo. Neste aspecto, os dados apresentaram resultados positivos, visto que, este
método favorece que a criança descubra suas possibilidades motoras e ainda propicia que
ela aprenda a jogar jogando.
Nesse sentido, os estudos de Daolio & Marques (2003), indicam haver dentro dessa
mesma perspectiva, uma necessidade de se ensinar aspectos técnicos e táticos do jogo de
forma integrada, dando especial atenção àquilo que o aluno trás como cultura corporal,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
461

aprendido por ele na sociedade, sendo constantemente atualizado, ganhando novos


significados.
Para Leonardo, Scaglia e Reverdito (2009), o jogo deve ser o principal instrumento
a ser utilizado na aprendizagem esportiva, essencialmente pelas suas características
complexas e sistêmicas, negando assim a abordagem tecnicista de ensino dos esportes.
Com relação ao método de resolução de problemas, vale ressaltar que o mesmo é
sempre bem vindo à iniciação esportiva, quando se oportuniza ao aprendiz perceber suas
possibilidades motoras ao ser desafiado a realizar tarefas possíveis.
Importante no método de resolução de problemas é a possibilidade de despertar a
inteligência de jogo ou inteligência tática que se traduz em tomar uma atitude acertada
dentro de uma determinada situação de jogo.
Para Cunha (2000), a tática consiste em determinar meios e encontrar soluções para
os problemas táticos surgidos em situação de jogo.
O método parcial foi utilizado “às vezes” por 40,9% da amostra, indicando que ainda
permanece hegemônico dentro do ensino aprendizagem dos esportes.
Não se deve negar a importância do método parcial, mas existe o momento certo de
introduzi-lo, normalmente quando a criança percebe que para participar melhor do jogo,
deve dominar algumas estruturas mais elaboradas (COSTA E NASCIMENTO, 2004).

O método de ensino misto é utilizado “às vezes” por 36,4% da amostra. Esse
método, entendido como a utilização de dois ou mais métodos simultaneamente, tem como
ponto positivo a possibilidade de ser utilizado na iniciação quando se propõe a integralizar
conceitos.

CONCLUSÕES: Na prática, o que está demonstrado na pesquisa é a continuidade, ainda


no século XXI, de metodologias ultrapassadas que visam assegurar somente o aprendizado
da técnica, sendo essa descontextualizada da realidade do jogo, ou ainda, outra prática
comum, estabelecida há muito tempo por profissionais de educação física na escola e em
algumas escolas de ensino dos esportes, que consiste em realizar a prática esportiva
somente através do jogo formal.
REFERENCIAS
BRAID, L.M.C. (2003). Educação Física na Escola: Uma proposta de renovação. Revista
Brasileira em Promoção da Saúde. Fortaleza, v. 16, n.1/2, p. 54-58, 2013

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
462

COMITÊ OLÍMPICO INTERNACIONAL - COB. Manual de Administração Esportiva.


Lausane: Roger Jackson y Asociados Ltd. 2005.
COSTA, L. C. A., & NASCIMENTO, J. V. O ensino da técnica e da tática: Novas abordagens
metodológicas. Revista da Educação Física. Maringá, v.15, n.2, p. 49-56, 2004.
CUNHA, A. (2000). A análise técnico-tática do campeonato do mundo de andebol –
Egipto’99. In: Garganta, J. (Ed.) Horizontes e órbitas no treino dos jogos desportivos.
Porto: Centro de Estudos dos Jogos Desportivos. 2000.
DAOLIO, J. MARQUES, R. F. R. Relato de uma experiência com o ensino de futsal para
crianças de 9 a 12 anos. Motriz. Rio Claro, v.9, n.3, p. 169-174, 2003.
LEONARDO, L. SCAGLIA, A. J. REVERDITO, R. S. O ensino dos esportes coletivos:
metodologia pautada na família dos jogos. Motriz, Rio Claro, v.15, n.2, p. 236-246, 2009.
THOMAS, J. R. NELSON, J. K. SILVERMAN, S. Métodos em pesquisa em atividade
física. 5. Ed. Porto Alegre: Artmed. 2007

PEDAGOGIA DO ESPORTE: COMPARAÇÃO DOS TIPOS DE ATIVIDADE AO LONGO


DA TEMPORADA NAS CATEGORIAS SUB-13 E SUB-15 DE FUTSAL

Rodolfo Silva da Rosa /LAPE - UFSC


Michel Angillo Saad/LAPE - UFSC
Edison Roberto de Souza/LAPE - UFSC
Felipe Goedert Mendes/LAPE - UFSC
Alexandre Bobato Tozetto/LAPE - UFSC
rodolfodarosa@yahoo.com.br

Resumo: Este estudo exploratório objetivou comparar o tipo de atividades desenvolvidas


ao longo da temporada pelos treinadores de futsal nas categorias sub-13 e sub-15.
Participaram deste estudo 34 jogadores de futsal de Santa Catarina, pertencentes a duas

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463

equipes na categoria sub-13 e sub-15 respectivamente e, quatro treinadores das equipes


correspondentes. Foram observadas na totalidade, 96 sessões de treinamento: 24 sessões
de cada equipe em cada categoria(12 preparatório e 12 competitivo). Foram utilizados os
testes de t pareado e o teste t para amostras independentes afim de identificar a existência
de diferenças significativas entre os períodos preparatório (pré-teste) e competitivo (pós-
teste) assim como entre as categorias sub-13 e sub-15. Os dados foram analisados no
programa Statitiscal Package for the Social Science (SPSS) adotando nível de significância
de 5%. Os resultados revelaram que nas ações dos treinadores as atividades de aplicação
técnico-tática apresentaram o maior dispêndio de tempo na categoria sub-15. Enquanto
que atividades de aprimoramento técnico apresentaram maior ênfase no período
preparatório, jogadas preestabelecidas e jogo condicionado forma mais enfatizadas no
tempo despendido no período competitivo. Pode-se concluir que na preparação das
equipes investigadas, os meios de treinamento técnico-táticos assumem um papel de
destaque, independentemente do período do planejamento da temporada esportiva.
Palavras-chave: Educação Física; Pedagogia do esporte; Futsal.

INTRODUÇÃO: A abordagem metodológica destinada ao treinamento do futsal dentro de


um processo de ensino-aprendizagem, necessita contemplar todas as características
inerentes a modalidade (SANTANA, 2004). A organização das sessões de treinamento
técnico-tático passa necessariamente pela capacidade do treinador de selecionar e utilizar
as tarefas motoras mais adequadas para concretizar os seus objetivos de treino. Harrison
et. all (2004) apontam que o tipo de tarefa de treino e a forma como são estruturadas,
devem refletir as intenções do treinador.
Nesse sentido ao considerar o contexto de intervenção do treinador, o estudo tem
como objetivo comparar os tipos de atividades aplicadas pelos treinadores nos
treinamentos em equipes de futsal nas categorias sub-13 e sub-15, em Santa Catarina.

METODOLOGIA: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética para Pesquisa com Seres
Humanos de universidade pública no Brasil (Processo 125/08). Os participantes foram
escolhidos de forma intencional. Participaram 34 jogadores de futsal de Santa Catarina,
pertencentes a duas equipes na categoria sub-13 e duas equipes na categoria sub-15, bem
como 4 treinadores responsáveis pelas equipes correspondentes. Foi utilizado o os testes

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
464

de t pareado e o teste t para amostras independentes afim de identificar a existência de


diferenças significativas entre os períodos preparatório (pré-teste) e competitivo (pós-teste)
das equipes, assim como entre as categorias sub-13 e sub-15. Os dados foram e
analisados no programa Statitiscal Package for the Social Science (SPSS) 17.0. O nível de
significância utilizado foi de 5%.

RESULTADOS:Para a apresentação dos resultados, foram consideradas a média e o


desvio padrão da duração das sessões no tipo de atividade realizada em cada categoria ao
longo da temporada esportiva e nos diferentes períodos de treinamento adotados pelos
treinadores. A Tabela 1 apresenta os resultados da comparação dos tipos de atividades em
relação com as categorias e períodos de jogo.

Tabela 1. Comparação dos tipos de atividade (em segundos) em relação às categorias e


aos períodos de treinamento.
Dimensã

Tipos de Categorias Períodos


Atividades
o

Sub-13 Sub-15 Preparatório Competitivo


Média (DP) Média (DP) Média (DP) Média (DP)
Aprimorar o gesto 261,25 – 181,25 80,00
técnico/1 (444,11)* (411,34)* (240,11)
Técnico

elemento
Aprimorar o gesto 595,00 573,75 571,25 597,50
técnico/ 2 ou mais (540,28) (381,47) (394,13) (325,34)
elementos

Jogadas 233,75 315,00 232,50 316,25


preestabelecidas (355,56) (401,96) (309,40) (438,24)*
Tático

Situações 233,75 187,50 177,50 243,75


especiais (355,56) (332,88) (334,47) (352,43)
Técnico

Estruturas 846,25 930,00 1005,00 771,25


Tático

funcionais (432,18) (578,05)* (501,33) (495,25)

Jogo 125,00 – 40,83 54,17


recreativo (217,61)* (149,07) (181,58)
Jogo 331,88 221,25 237,50 315,63
Jogo

condicionado (380,66)* (345,40) (307,49) (415,68)*


Jogo – – – –
reduzido

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465

Jogo formal 1121,25 883,75 955,42 1049,58


(663,31) (727,94) (686,34) (723,25)
3770,43 3111,25 3446,81 3428,13
Total (1052,00)* (907,79) (1040,97) (1032,49)

Na comparação entre as categorias (Tabela 1), constatou-se que a categoria sub-15


gasta mais tempo com exercícios na forma de estruturas funcionais (*) (p=0,022). Por sua
vez, a categoria sub-13 gasta mais tempo com jogo condicionado (*) (p=0,004). Ao avaliar
os tipos de atividades realizadas nas sessões de treinamento nos diferentes períodos de
planejamento (Tabela 1), constatou-se que as atividades de aprimoramento de um
elemento técnico apresentaram maior ênfase no período preparatório (*) (p=0,001). As
atividades de jogadas preestabelecidas (*) (p<0,001) e jogo condicionado (*) (p<0,001)
apresentaram maiores valores de tempo despendido no período competitivo.
Não foram encontrados resultados referentes as atividades de jogos reduzidos os
treinadores privilegiavam situações com o número reduzido de jogadores ou em espaços
menores apenas em situações especiais ou de estruturas funcionais.
Em relação à predominância de treinamento técnico no período preparatório e, de
treinamento tático no período competitivo, verificado nos resultados deste estudo, pode-se
afirmar que este é um dos princípios do treinamento que norteia o planejamento de uma
temporada esportiva. Os dados encontrados convergem com outros achados na literatura,
aonde o jogo se destacou como o principal segmento das sessões de treinamento na
modalidade de futsal (SAAD, 2002; PERFEITO, 2008) corroborando os presentes dados.
Nos estudos citados, o treinamento técnico mostrou-se como o segmento que mais
tempo ocupava nas sessões destas investigações, depois do jogo. Os resultados caminham
na perspectiva de Menezes, Marques e Nunomura (2015) de que os treinadores preferem
o ensino por meio do jogo e nas habilidades técnicas. As evidências encontradas podem
ser interpretadas como preocupações que os treinadores apresentam quanto ao
desenvolvimento harmônico dos componentes técnicos e táticos do jogo, nas categorias de
formação no futsal, como sugere a literatura contemporânea.

CONCLUSÕES: O A partir do objetivo de analisar as tarefas realizadas nas sessões de


treinamento do futsal em categorias sub-13 e sub-15, dos resultados obtidos e
considerando as limitações do estudo podemos concluir que: em relação as atividades

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466

desenvolvidas nos treinos que mais tempo ocupam nas sessões, destaca-se o treino sobre
o jogo na sua concepção institucionalizada, seguido do treino técnico-tático. Verificou-se
que na categoria sub-13 prevaleceu a fundamentação técnica, por outro lado, na categoria
sub-15, o treinador priorizou a formação técnico-tática, através de atividades de complexo
de jogo I. Isso pode revelar uma tendência da formação técnico-tática, em detrimento da
formação técnica, na transição da categoria sub-13 para a categoria sub-15.
Conclui-se que os aspectos técnico-taticos se mostram prioritários nas propostas dos
treinadores investigados mostrando tendência no maior envolvimento desses componentes
na preparação para a temporada esportiva. Dessa forma, a abrangência e a profundidade
com que os dados foram tratados nesta investigação revelaram aspectos importantes no
âmbito da Pedagogia do Esporte, predominando ações mecanizadas em detrimento da
compreensão do jogo.

REFERÊNCIAS:
Harrison, J.M; Blakemore, C.L; Richards, R.P; Oliver, J; Wilkinson, C; Fellingham G. The
effects of two instructional models-tactical and skill teaching-on skill development and game
play, knowledge, self-efficacy, and student perceptions in volleyball. Physical Educator;
v.61, n.4, p186-199. 2004

MENEZES, R. P.; MARQUES, R. F. R.; NUNOMURA, M. O ensino do handebol na


categoria infantil a partir dos discursos de treinadores experientes. Movimento, v. 21, n. 2,
p. 463–477, abr-jun 2015.

Perfeito, P.J.C. Metodologia de treinamento no Futebol e Futsal: Discussão da tomada


de decisão na iniciação esportiva. [Dissertação de Mestrado]. Brasília: Universidade de
Brasília. Programa de Pós-Graduação em Educação Física; 2009.

Saad M.A. Estruturação das sessões de treinamento técnico-tático nos escalões de


formação do Futsal. [Dissertação de Mestrado]. Florianópolis: Universidade Federal de
Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física; 2002.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Santana, W. C. Futsal: apontamentos pedagógicos na iniciação e na


especialização. Campinas: Autores Associados, 2004.

PEDAGOGIA DO ESPORTE: COMPARAÇÃO DOS TIPOS DE ATIVIDADE AO LONGO


DA TEMPORADA NAS CATEGORIAS SUB-13 E SUB-15 DE FUTSAL

Rodolfo Silva da Rosa /LAPE - UFSC


Michel Angillo Saad/LAPE - UFSC
Edison Roberto de Souza/LAPE - UFSC
Felipe Goedert Mendes/LAPE - UFSC
Alexandre Bobato Tozetto/LAPE - UFSC
rodolfodarosa@yahoo.com.br

Resumo: Este estudo exploratório objetivou comparar o tipo de atividades desenvolvidas


ao longo da temporada pelos treinadores de futsal nas categorias sub-13 e sub-15.

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Participaram deste estudo 34 jogadores de futsal de Santa Catarina, pertencentes a duas


equipes na categoria sub-13 e sub-15 respectivamente e, quatro treinadores das equipes
correspondentes. Foram observadas na totalidade, 96 sessões de treinamento: 24 sessões
de cada equipe em cada categoria(12 preparatório e 12 competitivo). Foram utilizados os
testes de t pareado e o teste t para amostras independentes afim de identificar a existência
de diferenças significativas entre os períodos preparatório (pré-teste) e competitivo (pós-
teste) assim como entre as categorias sub-13 e sub-15. Os dados foram analisados no
programa Statitiscal Package for the Social Science (SPSS) adotando nível de significância
de 5%. Os resultados revelaram que nas ações dos treinadores as atividades de aplicação
técnico-tática apresentaram o maior dispêndio de tempo na categoria sub-15. Enquanto
que atividades de aprimoramento técnico apresentaram maior ênfase no período
preparatório, jogadas preestabelecidas e jogo condicionado forma mais enfatizadas no
tempo despendido no período competitivo. Pode-se concluir que na preparação das
equipes investigadas, os meios de treinamento técnico-táticos assumem um papel de
destaque, independentemente do período do planejamento da temporada esportiva.
Palavras-chave: Educação Física; Pedagogia do esporte; Futsal.

INTRODUÇÃO: A abordagem metodológica destinada ao treinamento do futsal dentro de


um processo de ensino-aprendizagem, necessita contemplar todas as características
inerentes a modalidade (SANTANA, 2004). A organização das sessões de treinamento
técnico-tático passa necessariamente pela capacidade do treinador de selecionar e utilizar
as tarefas motoras mais adequadas para concretizar os seus objetivos de treino. Harrison
et. all (2004) apontam que o tipo de tarefa de treino e a forma como são estruturadas,
devem refletir as intenções do treinador.
Nesse sentido ao considerar o contexto de intervenção do treinador, o estudo tem
como objetivo comparar os tipos de atividades aplicadas pelos treinadores nos
treinamentos em equipes de futsal nas categorias sub-13 e sub-15, em Santa Catarina.

METODOLOGIA: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética para Pesquisa com Seres
Humanos de universidade pública no Brasil (Processo 125/08). Os participantes foram
escolhidos de forma intencional. Participaram 34 jogadores de futsal de Santa Catarina,
pertencentes a duas equipes na categoria sub-13 e duas equipes na categoria sub-15, bem

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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como 4 treinadores responsáveis pelas equipes correspondentes. Foi utilizado o os testes


de t pareado e o teste t para amostras independentes afim de identificar a existência de
diferenças significativas entre os períodos preparatório (pré-teste) e competitivo (pós-teste)
das equipes, assim como entre as categorias sub-13 e sub-15. Os dados foram e
analisados no programa Statitiscal Package for the Social Science (SPSS) 17.0. O nível de
significância utilizado foi de 5%.

RESULTADOS:Para a apresentação dos resultados, foram consideradas a média e o


desvio padrão da duração das sessões no tipo de atividade realizada em cada categoria ao
longo da temporada esportiva e nos diferentes períodos de treinamento adotados pelos
treinadores. A Tabela 1 apresenta os resultados da comparação dos tipos de atividades em
relação com as categorias e períodos de jogo.

Tabela 1. Comparação dos tipos de atividade (em segundos) em relação às categorias e


aos períodos de treinamento.
Dimensã

Tipos de Categorias Períodos


Atividades
o

Sub-13 Sub-15 Preparatório Competitivo


Média (DP) Média (DP) Média (DP) Média (DP)
Aprimorar o gesto 261,25 – 181,25 80,00
técnico/1 (444,11)* (411,34)* (240,11)
Técnico

elemento
Aprimorar o gesto 595,00 573,75 571,25 597,50
técnico/ 2 ou mais (540,28) (381,47) (394,13) (325,34)
elementos

Jogadas 233,75 315,00 232,50 316,25


preestabelecidas (355,56) (401,96) (309,40) (438,24)*
Tático

Situações 233,75 187,50 177,50 243,75


especiais (355,56) (332,88) (334,47) (352,43)
Técnico

Estruturas 846,25 930,00 1005,00 771,25


Tático

funcionais (432,18) (578,05)* (501,33) (495,25)

Jogo 125,00 – 40,83 54,17


recreativo (217,61)* (149,07) (181,58)
Jogo

Jogo 331,88 221,25 237,50 315,63


condicionado (380,66)* (345,40) (307,49) (415,68)*
Jogo – – – –

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
470

reduzido
Jogo formal 1121,25 883,75 955,42 1049,58
(663,31) (727,94) (686,34) (723,25)
3770,43 3111,25 3446,81 3428,13
Total (1052,00)* (907,79) (1040,97) (1032,49)

Na comparação entre as categorias (Tabela 1), constatou-se que a categoria sub-15


gasta mais tempo com exercícios na forma de estruturas funcionais (*) (p=0,022). Por sua
vez, a categoria sub-13 gasta mais tempo com jogo condicionado (*) (p=0,004). Ao avaliar
os tipos de atividades realizadas nas sessões de treinamento nos diferentes períodos de
planejamento (Tabela 1), constatou-se que as atividades de aprimoramento de um
elemento técnico apresentaram maior ênfase no período preparatório (*) (p=0,001). As
atividades de jogadas preestabelecidas (*) (p<0,001) e jogo condicionado (*) (p<0,001)
apresentaram maiores valores de tempo despendido no período competitivo.
Não foram encontrados resultados referentes as atividades de jogos reduzidos os
treinadores privilegiavam situações com o número reduzido de jogadores ou em espaços
menores apenas em situações especiais ou de estruturas funcionais.
Em relação à predominância de treinamento técnico no período preparatório e, de
treinamento tático no período competitivo, verificado nos resultados deste estudo, pode-se
afirmar que este é um dos princípios do treinamento que norteia o planejamento de uma
temporada esportiva. Os dados encontrados convergem com outros achados na literatura,
aonde o jogo se destacou como o principal segmento das sessões de treinamento na
modalidade de futsal (SAAD, 2002; PERFEITO, 2008) corroborando os presentes dados.
Nos estudos citados, o treinamento técnico mostrou-se como o segmento que mais
tempo ocupava nas sessões destas investigações, depois do jogo. Os resultados caminham
na perspectiva de Menezes, Marques e Nunomura (2015) de que os treinadores preferem
o ensino por meio do jogo e nas habilidades técnicas. As evidências encontradas podem
ser interpretadas como preocupações que os treinadores apresentam quanto ao
desenvolvimento harmônico dos componentes técnicos e táticos do jogo, nas categorias de
formação no futsal, como sugere a literatura contemporânea.

CONCLUSÕES: O A partir do objetivo de analisar as tarefas realizadas nas sessões de


treinamento do futsal em categorias sub-13 e sub-15, dos resultados obtidos e

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
471

considerando as limitações do estudo podemos concluir que: em relação as atividades


desenvolvidas nos treinos que mais tempo ocupam nas sessões, destaca-se o treino sobre
o jogo na sua concepção institucionalizada, seguido do treino técnico-tático. Verificou-se
que na categoria sub-13 prevaleceu a fundamentação técnica, por outro lado, na categoria
sub-15, o treinador priorizou a formação técnico-tática, através de atividades de complexo
de jogo I. Isso pode revelar uma tendência da formação técnico-tática, em detrimento da
formação técnica, na transição da categoria sub-13 para a categoria sub-15.
Conclui-se que os aspectos técnico-taticos se mostram prioritários nas propostas dos
treinadores investigados mostrando tendência no maior envolvimento desses componentes
na preparação para a temporada esportiva. Dessa forma, a abrangência e a profundidade
com que os dados foram tratados nesta investigação revelaram aspectos importantes no
âmbito da Pedagogia do Esporte, predominando ações mecanizadas em detrimento da
compreensão do jogo.

REFERÊNCIAS:
Harrison, J.M; Blakemore, C.L; Richards, R.P; Oliver, J; Wilkinson, C; Fellingham G. The
effects of two instructional models-tactical and skill teaching-on skill development and game
play, knowledge, self-efficacy, and student perceptions in volleyball. Physical Educator;
v.61, n.4, p186-199. 2004

MENEZES, R. P.; MARQUES, R. F. R.; NUNOMURA, M. O ensino do handebol na


categoria infantil a partir dos discursos de treinadores experientes. Movimento, v. 21, n. 2,
p. 463–477, abr-jun 2015.

Perfeito, P.J.C. Metodologia de treinamento no Futebol e Futsal: Discussão da tomada


de decisão na iniciação esportiva. [Dissertação de Mestrado]. Brasília: Universidade de
Brasília. Programa de Pós-Graduação em Educação Física; 2009.

Saad M.A. Estruturação das sessões de treinamento técnico-tático nos escalões de


formação do Futsal. [Dissertação de Mestrado]. Florianópolis: Universidade Federal de
Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física; 2002.

Santana, W. C. Futsal: apontamentos pedagógicos na iniciação e na


especialização. Campinas: Autores Associados, 2004.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
472

PERCEPÇÃO DISCENTE ENTRE JOGO E ESPORTE NA EDUCACAO FÍSICA


ESCOLAR

Raquel Wandscheer, LAPE / UFSC


Edison Roberto de Souza, LAPE/UFSC
Rodolfo Silva da Rosa, LAPE/UFSC
Felipe Goedert Mendes, LAPE/UFSC
Ana Flávia Backes, LAPE/UFSC
rwraquel@yahoo.com.br

RESUMO: Considerando o jogo como ferramenta peculiar de formação e desenvolvimento


humano (SOUZA, 2001), e como pré-requisito ao ensino dos esportes, este estudo
objetivou investigar a percepção discente de alunos do 4º ano do Ensino Fundamental,
sobre a relação entre o jogo e o esporte. Nessa direção, a experiência foi realizada com o

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
473

Jogo Futebol em Círculo para investigar os possíveis nexos com a modalidade esportiva do
futebol. Os alunos se posicionaram em circulo, afastando os pés, encostando-os junto aos
pés dos colegas ao lado. Estavam divididos em dois grupos e posicionados
intercaladamente. A bola era jogada com a mão pelo chão, procurando efetuar o gol por
entre as pernas dos colegas adversários. O jogo foi dividido em dois tempos, havendo
oportunidade de os alunos pensarem estratégias de jogo no intervalo. As semelhanças
relatadas foram às questões físicas: metas, goleiro, colegas, adversários, campo e bola.
Para além dos aspectos físicos eles colocaram o ataque, defesa e a tática. Concluindo que
é possível os alunos compreenderem e visualizarem semelhanças entre o jogo lúdico e a
modalidade esportiva, devendo esta prática de ludicidade ser incentivada na educação
física escolar.
Palavras-chave: Jogo lúdico, Educação física escolar, Futebol.

INTRODUÇÃO: Na atual situação que encontra-se a Educação Física na escola pode-se


perceber que os esportes coletivos vem sendo priorizados mediante as demais atividades
que deveriam ser trabalhadas como base fundamental para o desenvolvimento das
habilidades e valores das crianças.
Os documentos escolares (PPPs) vêm apontando que os aspectos lúdicos, recreativos e
de desenvolvimento de valores éticos e morais devem ser trabalhados na Educação Física
escolar por meio de jogos e brincadeiras de cunho lúdico e recreativo. Kunz (1994) ao
abordar o tema jogo, fala que este pode representar possibilidades de experiências para
toda a vida, sendo um recurso pedagógico mais apropriado que o esporte na educação
física escolar.
Priorizando as atividades lúdicas e os jogos recreativos de iniciação pré-desportiva, parte-
se da concepção que estas atividades vêm a contribuir para a aquisição de conceitos e
contextualizações das modalidades, uma vez que estas são mais favoráveis neste
ambiente, pois abrem espaços para a vivência lúdica, marcando “[...] no próprio corpo
experiências de “vida vivida”, deixando marcas, saberes e conhecimentos que nunca mais
se perdem” (REZER, 2013).
Nessa perspectiva, oportuniza-se ao aluno o prazer e o interesse pelo movimento e por
uma modalidade, permitindo que se desenvolvam integralmente, pois enquanto um ser em

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
474

desenvolvimento necessita de estímulos ao aprimoramento de saberes, qualidades e


valores.
É nesta intenção que se busca investigar qual é a compreensão e as semelhanças
visualizadas pelos discentes dos anos iniciais do ensino fundamental, entre um jogo lúdico
e uma modalidade esportiva?

MÉTODO: A experiência foi desenvolvida na escola Centro Integrado de Ensino


fundamental (CIEF), na cidade catarinense de Iporã do Oeste, com uma turma do 4° ano
do Ensino Fundamental, com o objetivo de diagnosticar os conhecimentos dos alunos sobre
a modalidade, além de fazê-los compreender o funcionamento das ações de ataque e
defesa do jogo de futebol.
Na aplicação do jogo, utilizou-se de 45 minutos, os alunos foram conduzidos até o ginásio.
Após a realização de uma atividade de aquecimento e alongamento os alunos
posicionaram-se em circulo para uma discussão inicial sendo possível diagnosticar o
conhecimento sobre a modalidade e equipes de futebol, principalmente os clubes que cada
um e seus familiares torcem, motivando desta forma o interesse pela atividade.
Iniciou-se a explanação da atividade bem como as suas regras. Primeiramente, solicitou-
se aos alunos para que ficassem em pé no circulo, de forma que não ficassem tão próximos
uns dos outros, com o corpo encostado, porém, não muito distantes que não pudessem se
tocar. Deveriam então afastar os pés sendo que o pé direito deveria encostar-se ao pé
esquerdo do seu colega da direita e seu pé esquerdo deveria encostar-se ao pé direito do
colega a sua esquerda, ficando o circulo sem espaços entre os pés dos alunos.
Assim como estavam, foram instigados a imaginar que as suas pernas eram as traves
(metas), então, nestas atividades haveria várias metas as quais deveria ser defendida com
as mãos e braços, e que ao mesmo tempo eles deveriam tentar efetuar o gol (jogar a bola
por entre as pernas dos colegas) com as mãos e sem levantar a bola do chão.
Após 8 min de jogo, o mesmo foi interrompido para que os alunos pudesse se reunir em
equipes e pensar alguma estratégia para conseguir efetuar o gol, já que eles poderiam
trocar passes, com a bola rente ao chão. O jogo foi reiniciado pelo mesmo período de tempo
onde os mesmos deveriam posicionar-se de forma intercalada com os colegas da outra
equipe, como no inicio da partida, tentando executar a estratégia combinada.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
475

Após o fim do jogo os alunos foram convidados a sentarem-se na quadra e expressarem


o que haviam compreendido do jogo, além de argumentarem o que acreditavam que esta
atividade possuía da modalidade de futebol (ligações, conexões e interações).

RESULTADOS: Após a atividade, no momento em que os alunos foram convidados a se


sentarem na quadra e argumentar sobre o que acreditavam que este jogo possuía da
modalidade de futebol, alguns elementos foram levantados.
As primeiras relações que os alunos mencionaram foram às semelhanças físicas, no caso
havia metas (traves) que eram as pernas; havia goleiros no caso os braços; havia jogadores
colegas e adversários, por assim dizer as mãos que jogavam com e contra você; havia um
campo que estava representado pelo circulo; e o jogo possuía a bola, mesmo esta sendo
de borracha e com um diâmetro menos era uma ferramenta do jogo.
Considerando a ideia de Bayer (1994) que afirma que as modalidades esportivas podem
ser agrupadas em uma única categoria, já que possuem “seis invariantes”, ou seja, seis
aspectos que são iguais para todas as modalidades de esportes coletivos. Considerando o
que os alunos observaram e estas invariantes, pode-se salientar que os alunos elencaram
cinco delas, deixando de registrar apenas as regras específicas, que para o autor, apesar
de não terem muito conhecimento sobre a modalidade, ou conhecimentos primários,
algumas questões básicas eram conhecidas.
Os alunos também foram estimulados a pensar para além dos aspectos físicos, foi então
que outros fatos foram mencionados como o ataque e defesa e as estratégias de jogo, que
vinha a ser o jogo tático.
Os seis princípios operacionais de Bayer (1994), sendo três de atraque e três de defesa,
foram mencionados de uma forma geral não especificando os princípios de cada um, mas
compreendendo o sentido de tentar realizar o gol e proteger a sua meta, impedindo que a
outra equipe realizassem mais gols do que a sua equipe.
Quanto às questões táticas, os alunos as consideraram como estratégias, compreendendo
a importância desta ação no desenvolvimento do jogo, Rezer e Saad (2005) consideram a
tática como a leitura de jogo, permitindo possibilidades de resolver problemas. Eles
estavam cientes de que deveriam de alguma maneira encontrar uma forma de vencer o
jogo realizando mais gols que a outra equipe, ou seja, deveriam ser inteligentes e criativos,
uma vez que este era um jogo de iniciação. Para Sternberg (2000, apud SILVA; GRECO,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
476

2009) estas qualidades são considerados como conhecimentos. A inteligência é o


conhecimento convergente e a criatividadeo conhecimento divergente.
Considerando que a atividade trabalha diversos elementos, princípios dos quais Bayer
(1994) apresenta, Daolio (2002) considera o jogo de iniciação de grande valia, pois ele
acredita que os primeiros momentos do processo de ensino-aprendizagem devem ser
enfatizados, não de forma exclusiva e sim gerais dando ênfase não na execução gestual
da técnica, mas nas sua formas gerais, de resolução das questões de jogo, sendo estas de
grande importância para o desenvolvimento do futuro jogador independente da modalidade.

CONCLUSÃO: Observando as respostas dos alunos pode-se afirmar que eles conseguem
sim compreender e visualizar semelhanças entre o jogo lúdico e a modalidade esportiva,
uma vez que conseguiram elencar várias invariantes e alguns princípios operacionais. É
claro que não com as expressões corretas das mesmas, mas as compreenderam em sua
essência e souberam expressá-las de acordo com os seus conhecimentos.
Assim, é visível a possibilidade de desenvolver com os alunos uma modalidade esportiva
por meio do jogo, devendo esta prática ser mais constante nas aulas de educação física
escolar, e nessa direção, concorda-se com Freire (2003) ao defender que as situações
lúdicas deverão continuar a fazer parte das aulas.

REFERÊNCIAS

BAYER, C. O ensino dos desportos coletivos. Lisboa, Dinalivro, 1994.

DAOLIO, J. Jogos esportivos coletivos: dos princípios operacionais aos gestos técnicos-
modelo pendural a partir das idéias de Claude Bayer. Revista Brasileira de Ciências e
Movimento. Brasília, v.10, n.4, p. 99-104, Out. 2002.

FREIRE, J. B. Pedagogia do futebol. Campinas: Autores Associados, 2003.

KUNZ, E. Transformação didático-pedagógico do esporte. Ijuí: UNIJUÍ, 1994.

REZER, R. O ensino dos “futebóis” na educação física. In: RAMOS, V.; MILISTETD, M.
(Orgs.) Jogos desportivos coletivos: investigação a prática pedagógica. Florianópolis:
UDESC, p. 131-147, 2013.

REZER, R.; SAAD, M. A. Futebol e futsal: possibilidades e limitações da prática


pedagógica em escolinhas. Chapecó, SC: Argos, 2005.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
477

SILVA, M. V.; GRECO, P. J. A influência dos métodos de ensino-aprendizagem-treinamento


no desenvolvimento da inteligência e criatividade tática em atletas de futsal. Revista
Brasileira de Educação Física e Esporte. São Paulo, v.23, n.3, p. 297-307, Jul./Set. 2009.

SOUZA, E. R. Do Corpo Produtivo ao Corpo Brincante: O Jogo e suas Inserções no


Desenvolvimento da Criança.Tese de Doutoramento. Florianópolis (SC): Universidade
Federal de Santa Catarina, 2001.

ANÁLISE COMPARATIVA DAS AÇÕES DEFENSIVAS ENTRE GOLEIROS DO SUB-13


DO FUTEBOL DE 7 E GOLEIROS DE TODAS AS CATEGORIAS DE BASE DO
FUTEBOL DE CAMPO

Lucas Ometto Bezerra/ IEFD-UERJ

Victor Hugo Germano Ferreira/FADEUP

Fábio Sabino/ IEFD-UERJ

Fabrício Vasconcellos/ IEFD-UERJ

fabriciovav@hotmail.com

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
478

RESUMO: O objetivo deste estudo foi identificar diferenças entre a frequência total das
ações do goleiro no Futebol de 7 (categoria sub-13) e no Futebol de 11 (categorias Sub-13,
Sub-15, Sub-17 e Sub-20). Foram analisados no total 35 jogos, sendo 7 de cada categoria.
Participaram do estudo 70 goleiros de diferentes times do Rio de Janeiro. Foi desenvolvido
um modelo de scouting para contabilização das ações técnicas de defesa dos goleiros. Os
dados obtidos no scouting foram transportados para uma planilha para facilitar a
interpretação da frequência de ações dos goleiros. Como principal resultado, pode ser
destacado que no futebol de 11 (Sub-13 → 0,12 ações/min; Sub-15 → 0,11 ações/min; Sub-
17 → 0,10 ações/min; Sub-20 → 0,07 ações/min) teve uma menor frequência de ações do
que o futebol de 7 (categoria Sub-13 → 0,41 ações/min). Conclui-se que o Fut-7 de ser
considerado como alternativa eficaz para o desenvolvimento de habilidades motoras
especifica dos goleiros, devido a uma maior incidência no número de ações quando
comparado ao futebol de 11.

Palavras chave: futebol, aprendizagem motora, treinamento de goleiro.

Introdução

O futebol é um jogo desportivo coletivo no qual a sua dinâmica resulta da competição


entre duas equipes pela conquista da posse da bola, com o objetivo de introduzir a bola o
maior número de vezes possíveis na baliza adversária e evitar que esta entre na sua própria
baliza (Castelo, 2009). Para um melhor desenvolvimento dos jovens jogadores de futebol,
tanto na vertente técnica como na tática, é necessária uma progressão pedagógica
adequada, jogos com campos reduzidos, menor quantidade de jogadores, bola mais leve,
e regras mais simples que no futebol de 11 (Garganta, 2002). Com o treinamento do goleiro

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
479

não é diferente. Cada vez mais a sua importância é destacada nos momentos decisivos do
jogo. Entretanto, o conhecimento científico e a literatura ainda abordam pouco sobre este
tema, o que torna o aprofundamento desta temática difícil (Piqueras e Vallet, 2005). Neste
sentido, o Futebol de 7 vem surgindo como alternativa eficaz para processo ensino-
aprendizagem e alternativa de progressão pedagógica adequada no desenvolvimento do
treinamento do goleiro, pois além de ser uma modalidade semelhante ao Futebol de 11,
pode se encaixar às demandas necessárias nas faixas etárias mais baixas.

Portanto, o objetivo deste estudo foi verificar se existe diferença entre a frequência
total das ações do goleiro no Futebol de 7, categoria sub-13, e no Futebol de 11, categorias
Sub-13, Sub-15, Sub-17 e Sub-20.

Métodos

Foram analisados 35 jogos, sendo 7 jogos de cada categoria e modalidade. No Sub-


13 o jogo teve duração de 70 minutos, no Sub-15 duração 80 minutos, e no Sub-17 e Sub-
20 duração de 90 minutos. Já o futebol de 7 para categoria Sub-13 a duração do jogo foi
de 25 minutos. Para análise das ações totais (defesas) realizadas pelos goleiros, o total de
ações foi normalizado pelo tempo de jogo, ou seja, frequência de ações por minuto jogado,
e esta análise foi aplicada através do um modelo de scout. O scouting é um processo de
análise da performance individual e coletiva, que visa dotar o treinador de informações
(Hughes & Franks, 2008). O processo de recolha, coleção, tratamento e análise dos dados
obtidos a partir da observação do jogo, assume-se como aspecto cada vez mais importante
na procura da otimização do rendimento dos jogadores e das equipes (Garganta, 2001). A
coleta de dados ocorreu a partir da gravação dos jogos dessas equipes, e posterior
contabilização da frequência de ações de defesa dos goleiros. Como critérios, foram
adotados momentos em que o goleiro defendia a bola, evitando que ela entrasse na baliza,
independente de sua qualidade técnica. As defesas foram consideradas como habilidades
motoras necessárias ao desempenho dos goleiros no jogo de futebol. Foram analisados
dois goleiros por jogo, um de cada equipe, totalizando 70 goleiros. Os dados foram
exportados para uma planilha de Excel para ordenação através de uma tabela onde se
separava cada ação técnica e sua incidência no jogo, e a análise estatística foi realizada

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
480

pelo software SPSS v. 21.0. (SPSS Inc., Chicago, IL). Para comparação da frequência das
ações dos goleiros nas diferentes categorias e modalidades foi utilizado o teste ANOVA
fatorial e Post Hoc de Tukey, com objetivo de descobrir entre quais categoria e modalidades
havia diferença significativa. Atribuiu-se um nível de significância de p < 0,05.

Resultados e discussão

A tabela 1. Apresenta a frequência de ações dos goleiros referente as categorias do


futebol de 11 e a categoria do Fut-7. Os goleiros do Fut-7, categoria Sub-13 apresentaram
um maior total de ações/minuto do que o futebol de 11 (categorias Sub-13, Sub-15, Sub-17
e Sub-20).

CATEGORIA TOTAL DE AÇÕES/MINUTOS


Sub-13 0,12
Sub-15 0,11
Sub-17 0,10
Sub-20 0,07
Sub-13 (Fut-7) 0,41*

*Apresentou diferença significativa em relação as outras categorias do futebol de 11.

Com base nos dados investigados e nos resultados obtidos, podemos afirmar que
um jovem goleiro estará mais exposto e, consequentemente, em maior exigência técnica
no jogo de futebol de 7. Devido ao tamanho do campo, número de jogadores, peso da bola
e tamanho das balizas, o futebol de 7 se torna essencial na participação do goleiro. Com o
goleiro tendo uma participação maior, mais vezes ele executará seus movimentos técnicos
específicos da posição, fornecendo maior chance de aprendizagem motora, maior
repertório técnico, maior participação tática e maior influência na equipe. Bem como será
um fator motivacional a mais ao goleiro, fazendo com que ele se sinta mais útil à equipe.
Como habilidades motoras especificas, podemos observar a agilidade e o tempo de reação,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
481

como fundamentais para um goleiro de futebol, e que podem ser trabalhadas em maior
escala no futebol de 7, já que o goleiro se torna mais participativo, assim uma maior
experiência na aprendizagem durante os treinos e jogos facilitará na aquisição de
habilidades específicas (Zaichkowsky et al, 1980). Além destas, podemos inserir a atenção
e concentração constantes, uma vez que a bola estará mais vezes próxima a baliza. Tendo
em conta o desenvolvimento motor e cognitivo naturais da faixa etária, a alta exposição do
goleiro às ações técnicas específicas poderá ajudar na assimilação e posterior evolução
dos processos motores e cognitivos.

Conclusão

Conclui-se que o Fut-7 deve ser considerado como uma alternativa eficaz para o
desenvolvimento de habilidades motoras específicas dos goleiros, devido a maior
incidência no número de ações quando comparado ao futebol de 11. Deste modo, acredita-
se que o Fut-7 poder ser um meio de ensino adequado para facilitar o processo do ensino-
aprendizagem dos goleiros de futebol sub 11.

Referências

Castelo, J.(2009) – Organização dinâmica do jogo (3ª ed.). Lisboa: Edições Universitárias
Lusófonas, 2009.
Garganta, J. A análise da performance nos jogos desportivos. Revisão acerca da análise
de jogo. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, vol 1, nº 1, 57-64, 2001.
Garganta, J. Competências no ensino e treino de jovens futebolistas. EF Deportes Revista
Digital, 2002.
Hughes, M., & Franks, I. The essentials of performance analysis. New York: Routledge,
2008.
Malta, P. & Travassos, B. Caracterização da transição defesa-ataque de uma equipa de
futebol. Motricidade, vol. 10, n. 1, p. 27-37, 2014.
Piqueras, P.G.; Vallet, C.C. Entrenamiento integrado del portero de fútbol a través de
sus acciones técnico tácticas ofensivas. Portal Fitness. 2006.

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Zaichkowsky L, Zaichkowsky L, Martinek T (1980). Development of Motor Skills. Growth


and Development. The Child and Physical Activity. London: C.V. Mosby Company, p.
30-55, 1980.

CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO TÁTICO DE JOGADORES DE


FUTEBOL, FUTSAL E FUTEBOL DE 7.

Pedro Emílio Drumond Moreira-UFMG


Gibson Moreira Praça-UFVJM
Pablo Juan Greco-UFMG
pedrodrumondmoreira@hotmail.com

RESUMO

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
483

O presente estudo objetiva-se caracterizar e comparar o comportamento tático dos


jogadores no futebol, futsal e futebol de 7. Participaram do estudo 57 atletas de futebol,
futsal e futebol de 7 da categoria sub-14 e sub-15, todos do sexo masculino. Utilizou-se o
teste de conhecimento tático processual: orientação esportiva (TCTP:OE) para avaliar o
comportamento tático dos atletas. Para a análise dos dados recorreu-se ao teste qui-
quadrado para comparação das frequências das ações táticas das três modalidades. Além
disso, realizaram-se protocolos de fiabilidade e adotou-se em todos os casos o nível de
significância de 0,05. Os resultados evidenciaram que apenas o item 2- “Passa ao colega
sem marcação e posiciona-se para receber”, referente ao ataque do jogador com bola
apresentou diferença significativa entre cinco avaliados entre as três modalidades. Além
disso, os itens de ataques foram mais frequentes em comparação aos itens de defesa,
sendo o item 1-“Movimenta-se procurando receber a bola” com maior frequência entre os
cinco itens. Nesta pesquisa, observou-se que os jogadores têm um maior foco na fase de
ataque comparado com a fase de defesa. Apesar disso, o comportamento tático no geral
não apresentou diferenças em jogadores de futebol, futsal e futebol de 7.

Palavras-chave: Comportamento Tático; futebol; futsal.

INTRODUÇÃO
O futebol, futsal e futebol de 7 estão inseridos dentro dos jogos esportivos coletivos (JEC)
que se caracterizam por uma elevada imprevisibilidade, aleatoriedade e variabilidade em
relação ao ambiente destas modalidades (GARGANTA, 2006). No entanto, tais
modalidades apresentam características estruturais diferentes como tamanho do campo de
jogo, regras, número de jogadores, tamanho da baliza e piso, as quais demandam
diferentes capacidades dos praticantes (LEITE; BARREIRA, 2014). Autores têm
investigado o comportamento tático no futebol (SANTOS; PADILHA; TEOLDO, 2014;
SILVA; COSTA; GARGANTA; MULLER; CASTELÃO, 2013) no futsal (BRAVO; OLIVEIRA,
2012; MOREIRA; MATIAS; GRECO, 2013) e poucos na comparação de ambos. Apesar do
crescente número de investigações na área do futebol de 7 (COSTA; GARGANTA;
GRECO; MESQUITA; SILVA; MULLER; CASTELÃO, 2010) pouco se sabe sobre os
aspectos táticos nessa modalidade. Nesse sentido, torna-se relevante conhecer os
comportamentos táticos específicos do futebol, futsal e futebol de 7 e dessa maneira,
demonstrar a relevância da prática focalizada em uma modalidade apenas, pensando na

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
484

progressão dos atletas para as categorias adultas. Além disso, é importante contribuir com
profissionais das áreas no adequado planejamento do processo de ensino-aprendizagem.
Portanto, este estudo objetiva caracterizar e comparar o comportamento tático dos
jogadores no futebol, futsal e futebol de 7.

MÉTODOS
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Pesquisa da UFMG. Participaram do
estudo 57 atletas do sexo masculino, sendo dezenove (19) de Futebol, dezenove (19) de
futsal e dezenove (19) de futebol de 7 da categoria sub-14 e sub-15. O instrumento usado
para avaliar os comportamentos táticos dos jogadores foi o Teste de Conhecimento Tático
Processual: Orientação Esportiva-TCTP: OE (GRECO; ABURACHID; SILVA; MORALES,
2014). Realizaram-se protocolos de fiabilidade inter e intra-avaliador e a análise da
consistência foi conduzida por meio do cálculo do coeficiente de correlação intraclasse.
Utilizou-se o teste de qui-quadrado para comparação das frequências das ações táticas das
três modalidades e adotou-se o nível de significância de 0,05.

RESULTADOS

A análise de confiabilidade inter e intra-avaliador (coeficiente de correlação intraclasse)


revelou que todos os itens avaliados apresentaram valores superiores a 0,8, considerado
confiabilidade satisfatória (WEIR, 2005). A tabela 1 mostra as frequências de ações dos
jogadores de futebol de 7, futsal e futebol

Tabela 1. Frequência (absoluta) dos itens avaliados no futebol de 7, futsal e futebol


________________________________________________________________________
Futebol Valor
ITENS Futsal Futebol
7 de p
1-Movimenta-se procurando receber a bola 0,473
134 142 125
(JSA)
2-Passa ao colega sem marcação e posiciona-
40 57 67
se para receber (JCA) 0,012*
Total Ataque 174 199 192

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485

3-Apoia aos colegas na defesa (cobertura)


8 12 10
quando são superados pelo adversário (MJS) 0,798
4-Apoia ao colega na defesa quando o jogador
4 3 0
com bola tem dificuldade para dominá-la (MJS) 0,48
5-Pressiona ao adversário levando-o para os
14 11 20
cantos do campo de jogo (MJC) 0,266
Total Defesa 26 26 30
________________________________________________________________________
Legenda: JSA-jogador sem bola no ataque; JCA-jogador com bola no ataque; MJS-
marcação ao jogador sem bola; MJC-marcação ao jogador com bola.
(*)- Diferença Significativa

No que se refere as frequências de ações dos jogadores avaliados, observa-se que o item
4 “apoia ao colega na defesa quando o jogador com bola tem dificuldade para dominá-la”,
foi a ação menos frequentes nas três modalidades. Em contrapartida, o item 1
“movimenta-se procurando receber a bola” que corresponde a situação do jogador no
ataque sem bola, foi a ação mais frequente nas três modalidades.

Observa-se ainda que as ações relacionadas ao ataque são mais frequentes do que as
ações relacionadas à defesa, porém o item 5 “pressiona ao adversário levando-o para os
cantos do campo de jogo” que corresponde a situação de marcação ao jogador no ataque
com bola, é a ação mais frequente entre as ações relacionadas à defesa nas modalidades
de futebol de 7 e futebol. Ainda, a modalidade de futsal apresentou maior frequência de
ações na fase ofensiva e o futebol uma maior frequência na fase defensiva.

A tabela 1 permite visualizar ainda que houve diferença significativa apenas na incidência
do item 2 “passa ao colega sem marcação e posiciona-se para receber” que se refere ao
jogador no ataque com bola (p=0,012).

DISCUSSÃO
O objetivo do estudo foi caracterizar e comparar os comportamentos táticos dos jogadores
no futebol, futsal e futebol de 7. Verificou-se diferença significativa em apenas um item
avaliado entre as modalidades. Ainda, observou-se uma maior frequência de ações na fase

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
486

de ataque comparado as ações na fase defensivas nas três modalidades estudadas. Nesse
último resultado, considera-se que o ensino dos esportes para algumas faixas etárias como,
sub-13 e sub-14 é apresentado, muitas vezes, apenas em um único propósito, voltado para
o objetivo do jogo “fazer gol; fazer ponto; fazer a cesta”, ocultando o aspecto coletivo e de
outros conteúdos (GUTIÉRREZ; FISETTE; GARCÍA-LÓPEZ; CONTRERAS, 2014). Assim,
o empenho na manutenção da posse de bola pelos jogadores permite uma maior execução
das ações de ataque. Além disso, categorias de escalões inferiores, sub-13 e sub-15,
podem apresentar deficiência nos processos cognitivos e, consequentemente, na tomada
de decisão, refletindo na baixa execução de ações defensivas (GIACOMINI; SILVA;
GRECO, 2011).

Os modelos de ensino voltados para os aspectos táticos, com metodologias que valorizem
o desenvolvimento dos processos cognitivos que oportunizam a tomada de decisão,
constituem-se em valioso aporte pedagógico na formação do comportamento tático de
praticantes de futebol de 7, futsal e futebol. Além disso, recomenda-se uma experimentação
diversificada das funções e posições do jogo, possibilitando um melhor conhecimento para
execuções de ações nas fases de ataque/defesa. Além disso, o nível da categoria dos
jogadores avaliados do presente estudo, sub-14 e sub-15 pode ter sido uma variável de
influência nos resultados. Contudo, novas investigações sobre os comportamentos táticos
em novas faixas etárias e níveis de rendimento torna-se relevante a fim de conhecer novos
aspectos específicos destas modalidades.

CONCLUSÃO
Verificou-se que não houve diferença significativa no comportamento tático entre as
modalidades de futebol, futsal e futebol de 7, exceto em um item avaliado 2 -Passa ao
colega sem marcação e posiciona-se para receber, referente ao ataque do jogador com
bola-(JCA). Além disso, sugere-se que o planejamento e a estruturação do processo de
ensino-aprendizagem-treinamento nos JEC permita, concomitantemente, desenvolvimento
da capacidade de jogo nas fases ofensiva e defensiva, com o propósito de evitar o
predomínio de aprendizagem em só uma fase.

REFERÊNCIAS

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
487

BRAVO, L.; OLIVEIRA, M. T. Comportamentos táticos no jogo de futsal: Os princípios do


jogo. Millenium, v. 42, p.127-142, 2012.

COSTA, I. T.; GARGANTA, J.; GRECO, P. J.; MESQUITA, I.; SILVA. B.; MULLER, E. S.;
CASTELÃO, D. Estudo comparativo do comportamento táctico na variante GR3x3GR
utilizando balizas de futsal e de futebol de sete. EFDeportes.com. 2010; 14. Disponível
em<http://www.efdeportes.com/efd142/comportamento-tactico-futebol-de-sete.htm>.
Acesso em: 26, jul, 2015.

GARGANTA, J. Fundar os Conceitos de Estratégia e Táctica nos Jogos Desportivos


Colectivos, para promover uma eficácia superior. Revista Brasileira Educação Física e
Esporte, v. 20, n. 5, p. 201- 203, 2006.
GIACOMINI DS, SILVA EG, GRECO PJ. Comparação do conhecimento tático declarativo
de jogadores de futebol de diferentes categorias e posições. Revista Brasileira Ciências
do Esportes, v. 33, n. 2, p. 445-463, 2011.
GRECO, P. J.; ABURACHID, L. M. C.; SILVA, S. R.; MORALES, J. C. P. Validação de
conteúdo de ações tático-técnicas do Teste de Conhecimento Tático Processual -
Orientação Esportiva. Motricidade, v. 10, n. 1, p. 38-48, 2014.
GUTIÉRREZ, D.; FISETTE, J.; GARCÍA-LÓPEZ, L. M.; CONTRERAS, O. Assessment of
Secondary SchoolStudents’ Game Performance Related to Tactical Contexts.
Journal Human Kinetics, v. 42, p. 223-234, 2014.
LEITE, W.; BARREIRA, D. Are the Teams Sports Soccer, Futsal and Beach SoccerSimilar?
International Journal of Sports Science, v. 4(6A), p.75-84, 2014.
MOREIRA, V. J. P., MATIAS, C. J. A. D. S.; GRECO, P. J. A influência dos métodos de
ensino-aprendizagem-treinamento no conhecimento tático processual no futsal. Revista
Motriz, v. 19, n.1, p.84-98, 2013.
SANTOS, R.; PADILHA, M. B.; TEOLDO I. Relationship between Tactical Behavior and
Affective Decision-Making in U-17 Youth Soccer Players. Human Movement Science, v.
15, n. 2, p. 100-104, 2014.
SILVA, R. N. B., COSTA, I. T.; MULLER, E. S.; CASTELÃO, D. P.; SANTOS, J. W.
Desempenho tático de jovens jogadores de futebol: comparação entre equipes vencedoras
e perdedoras em jogo reduzido. Revista Brasileira Ciência e Movimento, v. 21, n. 1, p.75-
89, 2013.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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WEIR, J. P. Quantifying test-retest reliability using the intraclass correlation coefficient and
the sem. Journal of Strength Conditioning Research, v. 19, n. 1. p. 231-240, 2005.

ESPORTE NA ESCOLA: PRINCIPAIS MÉTODOS PARA O SEU ENSINO NA


EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Cleber Siman de Amorim / UNIVALE

RESUMO Esta pesquisa teve como objetivo identificar os métodos utilizados e que
predominam na escola para o ensino-aprendizagem do conteúdo esporte nas aulas de
educação física. As informações foram coletadas mediante questionários aplicados em 10
professores habilitados e com experiência na área da educação física escolar. As
observações apontaram que os professores normalmente são influenciados nas suas
escolhas, onde há certo predomínio pelos métodos tradicionais no ensino esporte, sendo
eles: Recreação; Jogos com ênfase na competição e Jogos com regras, técnicas e normas

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
489

institucionalizadas. Neste sentido, apesar dos professores demonstrarem estar satisfeitos


com os métodos utilizados em suas aulas, é preciso repensar ou até mesmo reinventar o
esporte na escola, a fim de ampliar as possibilidades de ensino e oferecendo um tratamento
pedagógico com valores educacionais significativos que atenda uma demanda maior de
alunos.

Palavras-Chave: Educação Física Escolar, Esporte, Métodos de Ensino.

Introdução: Sabendo que o esporte, na educação física escolar, é bastante utilizado pelos
professores e com grande aceitação por parte dos alunos, torna-se contestável do ponto
de vista educativo seus métodos de ensino. Diante das diversas possibilidades existentes
para seu ensino, é comum encontrar métodos mecanizados com propostas não planejadas
e desprovidos de valores educacionais. Objetivou-se neste estudo listar, analisar e discutir
sobre os principais recursos metodológicos utilizados na escola para o
ensino\aprendizagem do esporte nas aulas de educação física.

Metodologia: Foi realizada uma pesquisa de campo, através de uma abordagem dedutiva
utilizando como procedimento o método descritivo, onde foram registradas, analisadas e
descritas todas as informações verdadeiramente coletadas. Participaram da pesquisa
(respondendo ao questionário) 10 professores habilitados em Educação Física, com
experiência entre 02 e 27 anos na área escolar. Estes profissionais tiveram sua identidade
preservada, e a pesquisa só iniciou após assinatura de termo de consentimento. O
instrumento para coleta de dados foi um questionário composto por 10 questões (abertas e
fechadas), sendo possíveis comentários em todas as questões, onde à marcação em mais
de uma alternativa nas questões fechadas, ficaria a critério dos entrevistados. Todos os
questionamentos foram em torno do conhecimento, aplicabilidade e utilidade sobre os
métodos de ensino do esporte.

Resultados: Após análise dos dados, constatou-se que alguns métodos tradicionais ainda
são predominantes, sendo eles: Recreação; Jogos com ênfase na competição; Jogos com
regras, técnicas e normas institucionalizadas. Outro fator analisado foram os objetivos dos
professores que apresentaram incoerência com os métodos que costumam utilizar.

De acordo com o critério para a escolha dos métodos, os professores entrevistados


apresentaram que a seleção vai de acordo com as características da turma/alunos e\ou

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
490

através dos métodos nos quais acreditam que sejam facilitadores para ensino dos esportes.
(Quadro 01)

(Quadro 01) Métodos utilizados para o ensino dos esportes:

Contrutivista-Interacionista 5,20%
Priorizam o desenv. técnico e tático 7,80%
Ensino das Aulas Abertas 13,10%
Abordagens Críticas 15,70%
Jogos Competitivos 15,70%
Jogos Propriamente dito e Regras Oficiais 18%
Recreacionista 23,60%
0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00%

Um dos problemas dentro da educação física escolar e identificado nos participantes da


pesquisa é que grande parte continuam reféns e reprodutores das características históricas
do esporte na escola. Contribuindo assim por uma reprodução dos métodos tradicionais de
ensino que predominam dentro da educação física escolar (MATTOS & NEIRA, 2000)

Ao utilizar o esporte nas aulas de educação física, os professores devem levar aos alunos
há reflexões criticas e transformadoras, buscar direcioná-los sobre refletir quanto problemas
educacionais, assim estes poderiam/podem compreender sobre os problemas
educacionais e os valores na educação. (SAVIANI, 2009).

Entende-se que o professor precisa explorar as diversas possibilidades referentes ao


conteúdo, para isso, é preciso oferecer um tratamento pedagógico ao esporte adotando
métodos que sejam coerentes e tenha algum sentido/significado educacional. (DARIDO E
BARROSO, 2009)

Conclusões: O professor na escola, sendo o grande responsável pelo o ensino, muitas


vezes concentra o ensino do esporte em movimentos técnicos, táticos e com características
de um jogo que só tem valor para um determinado grupo de alunos, perdendo o sentido e

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
491

acentuando o desinteresse pela aula e\ou conteúdo para outros grupos. Apesar dos
professores demonstrarem que estão satisfeitos com os métodos utilizados em suas aulas,
é preciso repensar ou até mesmo reinventar o esporte na escola, a fim de ampliar as
possibilidades de ensino oferecendo um tratamento pedagógico com valores educacionais
significativos que atenda uma demanda maior de alunos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROSO, A. L. R.; DARIDO, S. C. A pedagogia do esporte e as dimensões dos
conteúdos: conceitual, procedimental e atitudinal. Revista da Educação Física, Maringá,
PR, v.20, n. 2, p.281 – 289, jun.2009
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo:
Cortez, 1992.
DARIDO, Suraya Cristina; RANGEL, Irene Conceição Andrade. Educação Física na
escola: implicações para prática pedagógica. Editora Guanabara Koogan, 2005.
KUNZ, E. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí: UNIJUÍ, 1994.
MATTOS, Mauro G. & NEIRA, Marcos G. Educação Física na adolescência:
construindo o conhecimento na escola. São Paulo: Phorte Editora, 2000.
SAVIANI, Dermeval, 1944- Educação: do senso comum à consciência filosófica-
Demerval Saviani-18. Ed. Revista – Campinas, SP: Autores Associados, 2009.

ENSINANDO A JOGAR: ANÁLISE DAS METODOLOGIAS DE ENSINO DO VOLEIBOL


ESCOLAR

Ana Flávia Backes / CDS – UFSC

Edison Roberto de Souza / CDS - UFSC

Carine Collet / CDS - UFSC

Rodolfo da Silva Rosa / CDS - UFSC

Felipe Goedert Mendes / CDS - UFSC

aninha_back21@hotmail.com

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
492

RESUMO: O objetivo do estudo foi analisar os métodos empregados no ensino do voleibol


nas aulas de Educação Física das séries finais do Ensino Fundamental da Rede Pública de
um município da Grande Florianópolis (SC). Caracterizou-se como pesquisa exploratório-
descritiva qualitativa, em que participaram quatro professores. Na busca dos objetivos,
utilizou-se junto aos professores a observação sistemática e entrevista semiestruturada. Os
dados foram apreciados por meio da Análise de Conteúdo e empregou-se o software
NVIVO 9.2 na sistematização das categorias de análise. Os resultados apontam para a
utilização hegemônica dos métodos de ensino tradicionais pelos docentes, principalmente
o método misto. Conclui-se que os métodos empregados, conforme a literatura
especializada, mostram-se eficazes no desenvolvimento dos fundamentos técnicos,
favorecendo a aprendizagem da técnica em relação aos aspectos táticos devido a pouca
ênfase atribuída a essa dimensão do jogo pelos professores em suas aulas. Aliado disso,
o pouco conhecimento teórico declarado pelos docentes a respeito dos métodos utilizados,
evidencia o distanciamento teórico-prático nas suas atuações pedagógicas voltadas ao
ensino do voleibol escolar.

Palavras-chave: Educação Física Escolar, Voleibol, Metodologias de Ensino.

INTRODUÇÃO: As investigações sobre a forma como o ensino dos esportes é disseminado


nos contextos formais e não formais, apontam que essa manifestação da cultura corporal
humana vem sendo compreendida e ensinada por meio de uma transição progressiva de
perspectivas tradicionais, na direção de métodos considerados mais holísticos e
contemporâneos, pautados na compreensão do jogo e no ensino da técnica subordinado à
tática (MESQUITA; GRAÇA, 2006).

A escolha de um método de ensino-aprendizagem é um suporte pedagógico importante


para subsidiar a prática pedagógica docente, de modo a possibilitar ao discente, meios,
caminhos e ferramentas que facilitem a aquisição da aprendizagem (GRECO, 1998).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
493

Nesta direção, objetivou-se analisar as metodologias utilizadas por docentes no ensino do


voleibol nas aulas de Educação Físicas das séries finas do Ensino Fundamental, tendo
como aporte de discussão a teoria vigente da pedagogia do esporte.

MÉTODO: A pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade


Federal de Santa Catarina mediante o parecer nº 932.068, constituiu-se num estudo
exploratório-descritivo, de abordagem qualitativa dos dados. Na perspectiva de analisar as
metodologias de ensino empregadas por quatro professores de Educação Física atuantes
nas séries finais do Ensino Fundamental da rede pública de um município pertencente à
região da Grande Florianópolis (SC), utilizou-se a observação sistemática das aulas e a
entrevista semiestruturada como instrumentos do estudo. Os dados obtidos foram
apreciados por meio da técnica de Análise de Conteúdo de Bardin (2011) com suporte do
software NVIVO 9.2.

RESULTADOS: O quadro 1 apresenta as estratégias e os métodos de ensino empregados


pelos professores nas aulas observadas.

ESTRATÉGIAS MÉTODOS DE ENSINO

Professor Fundamento individual/duplas; Jogo formal com Método Misto


A intervenção; Jogo com adaptação de regras.

Professor Fundamento individual; Jogo formal com Método Misto


B intervenção; Jogo com adaptação de regras.

Professor Método Global


C
Jogo com adaptação de regras.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Professor Fundamento individual/duplas; Jogo com Método Misto


D adaptação de regras.

Quadro 1: Estratégias e métodos empregados pelos professores.

Com base no quadro 1, verifica-se que as estratégias utilizadas pelos professores “A”, “B”
e “D”, assemelham-se com os princípios do método de ensino “misto”, uma vez que
priorizaram a junção do método analítico e global. O método analítico é definido por Greco
(1998) como aquele que consiste na repetição de séries de exercícios dirigidos ao domínio
das técnicas. O método global, segundo o mesmo autor, versa numa aplicação de “série de
jogos” (jogos de iniciação, jogos pré-esportivos e grandes jogos) no qual procura-se
trabalhar a ideia central do jogo, de forma que a técnica e a tática são articuladas. Somente
o professor “C”, apresentou características do método global nas estratégias utilizadas, ao
valer-se do jogo como meio de ensino dos aspectos inerentes ao voleibol.

Neste sentido, o uso de métodos tradicionais, principalmente o misto, quando voltados ao


ensino dos fundamentos apresentam-se eficazes na obtenção destes conhecimentos,
porém, como apontam as críticas realizadas a estes métodos de ensino, a dimensão tática
é pouco valorizada, dificultando a aquisição de sua compreensão (GRECO, 1998; COSTA;
NASCIMENTO, 2004).

Paralelamente a isso, percebeu-se nos discursos dos professores, que há certo


distanciamento entre teoria e prática, reflexo do pouco conhecimento teórico declarado a
respeito das metodologias de ensino empregadas, o que dificulta a compreensão do seu
fazer pedagógico. Esta situação pode estar atrelada a visão dicotômica teórico-prática na
organização curricular das formações iniciais (DORNELES; NASCIMENTO; SHIGUNOV,
2012), bem como, o pouco engajamento e oferecimento de formações continuadas a estes
profissionais.

CONCLUSÕES: A partir das constatações apontadas no estudo, destaca-se a importância


do conhecimento por parte dos professores para uma forma mais global de ensino do

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
495

esporte, que pode favorecer o desenvolvimento de competências cognitivas e sociais, para


além da técnica específica.

A ausência de tais ações globais pode estar relacionada ao desconhecimento docente


acerca de outras propostas metodológicas para o ensino dos esportes, voltadas para o
desenvolvimento cognitivo e social por meio do esporte. Portanto, sugere-se a
sistematização e confecção de materiais pedagógicos que comtemplem os variados
métodos de ensino existentes na literatura, com abordagens teóricas e suas concernentes
aplicações práticas, para assim, facilitar a disseminação e acessibilidade destes
conhecimentos aos professores de Educação Física escolar.

REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de conteúdo: Edição revista e ampliada. São Paulo: Edições 70,
2011.

COSTA, L. C. A; NASCIMENTO, J. V; O ensino da técnica e da tática: novas abordagens


metodológicas. Revista da Educação Física/UEM.V.15, n.2, p.49-56, 2004.

GRECO, P. J. Iniciação Esportiva Universal 2: metodologia da iniciação esportiva na


escola e no clube. Belo Horizonte: UFMG, v.2, 1998.

MESQUITA, I; GRAÇA, A. Modelos de ensino dos jogos desportivos. In: TANI, G; BENTO,
J. O; PETERSEN, R. D. S. (Org.), Pedagogia do desporto. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2006, p. 269-283.

DORNELES, C. I. R; NASCIMENTO, J. V; SHIGUNOV, V. Relação teoria e prática da


Educação Física no ensino fundamental. In: FOLLE, A; FARIAS, G. O. (Org.), Educação
Física: prática pedagógica e trabalho docente. Florianópolis: UDESC, 2012, p. 171-194.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
496

O ENSINO-APRENDIZAGEM-TREINAMENTO DE FUTSAL PROBLEMATIZADO


PELO MARCADOR DE GÊNERO.

Ana Claudia Ferreira de Souza – GEPPEM/ IFSULDEMINAS


Stefanny Batista dos Santos – GEPPEM/ IFSULDEMINAS
Mariana Zuaneti Martins – GEPPEM/ IFSULDEMINAS
anacfsouzaa@hotmail.com
RESUMO: O objetivo deste trabalho é analisar e problematizar a partir do marcador
de gênero a experiência com ensino-aprendizagem-treinamento do futsal por mulheres de
17 a 27 anos. Para realizar essa pesquisa, utilizamos a abordagem qualitativa. Nossos
dados foram coletados a partir de uma observação participante no projeto de Extensão
“Futebol para Todas”. As aulas-treinos foram relatadas em um diário de campo, registrando

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
497

os aspectos peculiares da dinâmica de gênero no ensino-aprendizagem-treinamento do


futsal. Percebeu-se que a necessidade de tematização pedagógica do futsal é fundamental
para mulheres, devido à grande desigualdade em níveis de jogo e experiências anteriores
relacionadas à modalidade, mesmo num espaço de lazer. Entretanto, apresenta-se como
obstáculo a irregularidade de presença nas aulas-treinos e o próprio desnível faz com que
a assimilação dos meios técnico-táticos seja desigual. Por fim, percebeu-se que os eventos
competitivos externos são motivadores para o ensino-aprendizagem-treinamento dessas
mulheres.
Palavras-Chave: futsal; pedagogia do esporte; gênero.

INTRODUÇÃO: O objetivo deste trabalho é analisar e problematizar a partir do


marcador de gênero a experiência com ensino-aprendizagem-treinamento do futsal por
mulheres de 17 a 27 anos. De acordo com Goellner (2010), em função das diferenciações
culturais reforçadas pelo marcador de gênero, historicamente meninas e meninos têm
acesso a diferentes práticas corporais ao longo da vida, o que introduz diferenciações em
relação a suas capacidades motoras e físicas.
É importante ressaltar que, nessa visão, compreende-se o gênero como uma
construção cultural que identifica masculino e feminino (GOELLNER, 2010). Portanto,
quando nos referimos ao gênero, estamos tratando de uma identidade que é reafirmada e
reproduzida constantemente pelo indivíduo, conformando sua masculinidade ou
feminilidade. Identidades essas que se imprimem no corpo e nas possibilidades de práticas
corporais. Portanto, não nos referimos a um fator biológico. Nesse sentido, as diferenças
oportunizadas culturalmente ajudam a compreender as razões pelas quais talvez menos
mulheres e meninas se interessem pelo futsal do que meninos. No que diz respeito à prática
do futsal especificamente, Santana e Reis (2003) já demonstraram como a questão de
gênero tem tido implicações pedagógicas relevantes para o ensino-aprendizagem-
treinamento da modalidade.
Conforme relatam Santana e Reis (2003), o fato de a maioria das atletas de elite do
futsal feminino paranaense iniciarem a prática da modalidade fora dos clubes e escolas
especializadas demonstra uma defasagem de oportunidades para as meninas e mulheres.
Tal apontamento, ainda que possa ser ponderado nos últimos anos, também é ratificado no

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
498

trabalho sobre futsal feminino universitário de Cabral, Aburachid e Greco (2012). Nesse
sentido, é importante compreender como o gênero introduz diferenciações com relação às
oportunidades de aprendizagem para, a partir delas, propor iniciativas diferenciadas para
intervir alterando esse cenário, democratizando a modalidade para meninas e mulheres.
Segundo Cabral, Aburrachid e Greco (2012, p. 1452)
Toda metodologia de ensino-aprendizagem treinamento deve estar relacionada com o marco cultural e social
das praticantes e adequada aos objetivos formulados pelos participantes. Assim, a pouca experiência das
praticantes com a modalidade indica a necessidade de projeção de processos de iniciação esportiva
diferenciados que oportunizem um impacto educacional consistente de forma a aumentar a motivação pela
prática da modalidade
Nesse sentido, essa pesquisa busca, a partir da experiência de um projeto de
Extensão de ensino-aprendizagem-treinamento de futsal para mulheres, problematizar
como a questão de gênero tem implicações pedagógicas em ambientes de práticas de
lazer.

METODOLOGIA: Para realizar essa pesquisa, utilizamos a abordagem qualitativa.


Minayo (1999) aponta que a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados,
motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, que correspondem a um espaço mais
profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à
sistematização de variáveis numéricas. A pesquisa qualitativa, então, preocupa-se com a
explicação da dinâmica dos fenômenos sociais. Nossos dados foram coletados a partir de
uma observação participante (MINAYO, 1999) no projeto de Extensão “Futebol para
Todas”, realizado em uma instituição federal de ensino. O grupo era composto de 13
mulheres, com média de idade de 21,15 (± 2,88). As aulas-treinos foram relatadas em um
diário de campo, registrando os aspectos peculiares da dinâmica de gênero no ensino-
aprendizagem-treinamento do futsal8.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nesse sentido, em primeiro lugar, é importante


descrevermos um diagnóstico do grupo. O grupo foi formado espontaneamente, de
mulheres que se reuniram para ter um espaço próprio de prática de futsal, porque preferiam
jogar entre elas, que com homens. Deste modo, quando os encontros se iniciaram não

8
Os procedimentos éticos presentes na resolução nº 466/12, do Conselho Nacional de Saúde, foram
respeitados.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
499

havia pessoa especifica para organizá-los, em forma de treino. Aconteciam os famosos


“rachões”, realizados uma ou duas vezes na semana. As meninas que participavam
apresentavam níveis bem distintos de jogo, em que as formas irregulares de treino eram
perceptíveis. Jogavam conforme sua experiência, não havia nenhuma orientação, notava
se que não tinha nenhum esquema tático para defender e muito menos para atacar. Era
visível a dificuldade de boa parte das meninas em relação ao posicionamento em quadra
para os jogos, pois se aglomeravam em torno da bola tornando assim o jogo bem primário,
com indícios de níveis fraco de jogo, anárquico (GARGANTA, 1995).
Se, por um lado, essa forma de jogar permitia proximidades com a dinâmica jogada
na rua, que favorece a aprendizagem de formas criativas e autônomas (FREIRE, 1998;
SCAGLIA, 1999), por outro lado, o estudo de Viana (2012), demonstrou que só o jogo livre,
no caso do futebol, não agrada às expectativas de aprendizagem de meninas. A autora
descreve em sua pesquisa como a utilização dos jogos situacionais como tematização
pedagógica do futebol tem agradado às meninas que se interessam pela prática da
modalidade.
A necessidade de uma tematização pedagógica do futsal surgiu a partir da
participação em um torneio de futsal feminino. Para tanto, uma das mulheres que
participava dos treinos, pela sua experiência na área de ensino-aprendizagem-treinamento
de futsal, se voluntariou a assumir as aulas. Após a participação nesse torneio, foram
diagnosticados alguns dos principais problemas que deveriam ser trabalhados com o grupo.
Importante ressaltar que o desejo de realizar treinamentos sistemáticos afetava todo o
grupo, que já percebia o esgotamento dos “rachões”, uma vez que tal dinâmica também
tornava excludente o jogo para uma parcela das participantes, que muitas vezes se sentiam
desmotivadas a participar.
A proposta para os treinos iniciais foi de espalhar e posicionar melhor as jogadoras
dentro da quadra. Foram apresentadas a elas as funções de cada posição. Os treinos
passaram a ser de duas a quatro vezes na semana, porém a grande dificuldade ainda era
da regularidade das mulheres no treino e o nível técnico distinto. Como o grupo não era tão
grande ficava inviável dividi-las em grupos de acordo com o nível de jogo. Com os treinos
as meninas passaram a se posicionaram melhor, deixando de lado a característica de
aglutinação, mas ainda era presente a falta de um sistema de ataque e defesa. Os treinos
eram baseados em jogos situacionais (GRECO, 1998), no qual a abordagem de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
500

aprendizado era mais bem assimilada entre as mesmas, possibilitando que elas
conseguissem trocar passes, criar jogadas e finalizar.
O segundo passo foi tentar organizar os meios táticos de defesa e ataque. Para
ensinar a movimentação tática da defesa foi abordado o que seria a defesa em zona, e
posteriormente mostraram-se as posições. A princípio, a maior dificuldade entre elas, era
que as meninas se acostumassem a trocar a marcação sem sair de sua zona.
Foram abordados inúmeros jogos situacionais para a melhor fixação dos meios táticos
da defesa, no caso, da marcação zonal. Com bastantes irregularidades de meninas em
treino, foi difícil a abordagem para todas, pois se encontravam em níveis distintos, e os
quartetos sempre estavam alternando suas integrantes. Não foi totalmente assimilado entre
todas as jogadoras, mas a maioria atualmente consegue fazer uma marcação meia quadra
e em zona. A dificuldade para que todas aprendam hoje ainda é apresentada por faltas de
treinos, pois acredita-se que se todas treinassem juntas o desenvolvimento, e a
movimentação seria melhor adquirida por todas e com o tempo seria algo natural para o
time.
Quanto aos meios táticos de ataque não obteve-se muito sucesso. Inicialmente,
realizaram-se exercícios para que elas aprendessem jogadas visando a profundidade,
como: atitudes táticas ofensivas (acelerar o passe-Suporte) e (bola em profundidade-
Apoio), trabalhando os setores, a correr por fora da quadra tornando assim o jogo mais
amplo para atacar. Mas maioria não conseguiu assimilar bem a proposta.
Sendo assim, foram apresentadas mais duas propostas de meios táticos de ataque
para que todas pudessem atacar e finalizar com mais eficiência nas jogadas. Ensinou-se a
movimentação em (X) e em (L), com o intuito de que elas pudessem discernir na hora do
jogo, qual a movimentação mais adequada, possibilitando repertório técnino-tático para a
percepção e a tomada de decisão. Muitas delas conseguiam realizar as jogadas,
movimentavam-se sem dificuldades nos treinos, porém, nos jogos, ainda não conseguiam
colocar em prática os meios táticos de ataque treinados.
Um fator que contribuía para aumentar a motivação das meninas para o treinamento
era a realização de amistosos e participação em competição. Os treinos que antecediam
esses eventos eram mais cheios e as mulheres demonstravam maior atenção e
concentração nas atividades propostas. Nesses eventos, buscávamos alternar os
quartetos, de modo que todas pudessem participar deles. É preciso ressaltar, entretanto,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
501

que algumas das mulheres, mesmo motivadas a treinar pela participação em jogo externo,
ainda apresentavam alguma resistência a entrar em quadra, com medo de ter um
desempenho que prejudicasse a equipe. Nesse caso, elas não eram obrigadas a entrar em
quadra, podendo escolher quando se sentiam mais a vontade para tal, a fim de que
continuassem motivadas a participar. Além disso, o desempenho da equipe nas
competições ajudava a diagnosticas os erros que ainda precisavam ser corrigidos.

CONCLUSÕES: Apesar do diferente nível técnico-tático das jogadoras, alguns


resultados positivos foram alcançados. Em especial, a aprendizagem dos meios táticos de
defesa. Um dos entraves para um avanço maior foi a regularidade de presença nos treinos,
pois quando trabalhado com todas as jogadoras notou-se evolução em alguns amistosos e
torneios disputados ao decorrer dos treinos, em que foi possível ver um jogo mais
organizado e sistematizado que inicialmente. A realização de treinamentos com mulheres
que desejam ter o futsal como um espaço de lazer é necessária, mesmo com todas essas
dificuldades, devido ao grande desnível que existe entre elas. Deste modo, só com os
“rachões”, muitas mulheres se sentiriam desmotivadas a participar por não apresentarem
um rendimento que tornasse o jogo possível para elas também.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CABRAL, F. A. ; ABURACHID, L. M. C. ; GRECO, P. J. . Futsal feminino universitário: análise


de uma proposta metodológica para o desenvolvimento das habilidades técnicas. Revista
Mineira de Educação Física (UFV), v. 2, p. 1451-1456, 2012.
FREIRE, João Batista. Pedagogia do Futebol. Londrina: Midiograf, 1998.
GARGANTA, Júlio. Para uma teoria dos jogos desportivos. In: GRAÇA, Amândio; OLIVEIRA,
José. (Org.). O ensino dos jogos desportivos. 2. ed. Faculdade de Ciências do Desporto e
da Educação Física. Universidade do Porto: Porto, 1995.
GOELLNER, Silvana Vilodre, A Educação dos Corpos, dos Gêneros e das Sexualidades e o
Reconhecimento da Diversidade. Cadernos de Formação RBCE, p. 71-83, mar. 2010.
GRECO, Pablo Juan Iniciação esportiva universal. Vol. 2. Belo Horizonte, Ed. UFMG, 1998.
SANTANA, Wilton Carlos de; REIS, Heloisa Helena Baldy dos. Futsal Feminino: perfil e
implicações pedagógicas. Rev. bras. Ci. e Mov. Brasília v. 11 n. 4 p. 45-50 out./dez. 2003.

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SCAGLIA, Alcides. O Futebol que se aprende e o Futebol que se ensina. Dissertação


(mestrado). Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física, Campinas,
SP, 1999.
VIANA, Aline Edwiges dos Santos. As relações de gênero em uma escola de
futebol: quando o jogo é possível? 141 p. Dissertação (mestrado). Universidade Estadual de
Campinas, Faculdade de Educação Física, Campinas, SP, 2012.

ANÁLISE COMPARATIVA DOS SEGMENTOS E OS PERÍODOS DE TREINAMENTO


DE FUTSAL ENTRE AS CATEGORIAS SUB-13 E SUB-15
Felipe Goedert Mendes/ LAPE - UFSC
Edison Roberto de Souza/ LAPE - UFSC
Michel Angillo Saad/ LAPE – UFSC
Rodolfo Silva da Rosa/ LAPE – UFSC
Alexandre Vinicius Bobato Tozetto/ LAPE – UFSC
felipe_goedert@hotmail.com

RESUMO: O objetivo do estudo foi comparar sessões de treinamento e período


preparatório entre categorias de base de equipes de futsal catarinenses. A amostra contou

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
503

com 34 jovens atletas do sexo masculino e quatro treinadores, submetidos aos


instrumentos de observação sistemática das sessões de treinamento. Houve o total de 96
sessões de treinamento observadas, com a análise das sessões de treinamento baseando-
se complexidade estrutural das tarefas e a classificação das atividades. Para a identificação
da existência de diferenças significativas entre os períodos preparatório (pré-teste) e
competitivo (pós-teste) das equipes e entre as categorias sub-13 e sub-15, foram utilizados
os teste t pareado e o teste t para amostras independentes, respectivamente. As análises
foram no programa SPSS, versão 17.0, adotando p<0,05. Os resultados demonstraram que
há diferenças no tempo empregado: o treinamento técnico (p=0,001) foi realizado mais no
período preparatório e, o treinamento tático (p=0,001), no período competitivo. Pode-se
concluir que na preparação das equipes investigadas, os meios de treinamento técnico-
táticos assumem um papel de destaque, independentemente do período do planejamento
da temporada esportiva. Todos os treinadores privilegiaram as ações técnico-táticas.
Palavras-chave: Esporte; Educação Física; Futsal.

INTRODUÇÃO: A elaboração de estruturas de treinamento nas modalidades esportivas


coletivas tem recebido cada vez mais atenção nos últimos anos, à medida que se constitui
em um processo complexo, no qual o produto final resulta da convergência de múltiplos
fatores. A explicação e o entendimento desta complexidade dependendo o conhecimento
profundo do conteúdo do treino, mas também da experiência do treinador para intervir
adequadamente sobre processo de preparação da sua equipe (MESQUITA, 1997).
De um modo geral, estudos realizados no Brasil identificaram que as atividades e
tarefas executadas nas sessões de treinamento têm sido estruturadas fundamentalmente
através de sequências de exercícios compostas por aquecimento ou preparação orgânica,
treinamento de técnicas específicas, seguidas pelo jogo propriamente dito (SILVA, GRECO,
2009; RAMOS, GRAÇA e NASCIMENTO, 2006). Por outro lado, a ênfase de tempo gasto
nos diferentes segmentos do treinamento tem se mostrado um indicador importante na
identificação de alguma tendência metodológica de ensino-aprendizagem-treinamento por
parte dos treinadores (SAAD, 2002).
Levando em consideração este contexto de intervenção do treinador, o estudo que se
apresenta tem como objetivo comparar sessões de treinamento e período de treinamento
entre as categorias sub-13 e sub-15 de equipes de futsal catarinenses.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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MÉTODOS: O estudo teve delineamento descritivo exploratório, que contou com a amostra
de 34 jovens atletas do sexo masculino das categorias sub-13 e sub-15 de duas equipes
do estado de Santa Catarina/BR e seus respectivos treinadores (n=4). Houve o aceite do
comitê de ética para pesquisa com seres humanos de uma universidade pública no brasil,
com o número de processo 125/08. Os procedimentos de coleta contaram a adaptação dos
instrumentos de Moreira e Greco (2005) e Saad (2002), que consiste na observação
sistemática das sessões de treinamento, com o emprego de filmadora, e na posterior
transcrição em ficha específica de observação. A coleta dos dados ocorreu durante
“semanas típicas de treinamento”, no período preparatório (12 sessões) e no período
competitivo (12 sessões) de uma temporada esportiva, obtendo o final de 96 sessões de
treinamento observadas. A análise das sessões de treinamento concentrou-se na
complexidade estrutural das tarefas e a classificação das atividades observadas. Foi
empregada uma análise descritiva e inferencial dos resultados, recorrendo ao agrupamento
dos dados obtidos, estabelecendo os valores de média e desvio padrão das variáveis
quantitativas, com cálculo da respectiva normalidade da distribuição dos dados (teste
Kolmogorov-Smirnov). Para a identificação da existência de diferenças significativas entre
os períodos preparatório (pré-teste) e competitivo (pós-teste) das equipes e entre as
categorias sub-13 e sub-15, foram utilizados os testes de t pareado e o teste t para amostras
independentes, respectivamente. As análises foram no programa SPSS (Statitiscal
Package for the Social Science) for Windows, versão 17.0, adotando o nível de significância
de 5% (p<0,05).

RESULTADOS

Tabela 1. Comparação dos 10 segmentos do treinamento (em segundos) em relação às


categorias e aos períodos de treinamento.
Segmento do Categorias Períodos
Treinamento
Sub-13 Sub-15 Preparatório Competitivo
Média (DP) Média (DP) Média (DP) Média (DP)
Conversa com 273,75 (84,77) 278,75 (74,77) 285,75 (69,09) 293,75 (85,96)
o treinador
Aquecimento 325,00 (207,42) 603,75 (92,96)* 483,75 (187,83) 445,00 (235,11)
sem bola

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Aquecimento 595,00 (340,28) 573,75 (381,47) 571,25 (394,12) 597,50 (325,34)


com bola
Treino técnico 261,25 (444,11)* – 181,25 (411,34)* 80,00 (240,11)
Treino técnico- 846,25 (432,18) 906,25 (598,24)* 1005,00 (507,84) 747,50 (504,73)
tático
Treino tático 233,75 (355,56) 502,50 (551,67)* 307,50 (411,92) 428,75 (538,93)*
Transição/ 85,00 (93,31) 138,75 (65,68)* 112,50 (82,68) 111,25 (87,51)
descanso
Jogo 1521,25 (385,88) 1128,75 (590,17) 1263,75 (532,56) 1386,25 (533,11)
Instrução do 228,75 (106,22) 227,50 (120,61) 208,75 (119,99) 247,50 (103,28)
treinador
Relaxamento 130,00 (174,75) 140,00 (146,62)* 107,50 (145,90) 162,50 (171,04)*
final
*Significante sendo p<0,05.

CONCLUSÃO: Ao avaliar as diferenças entre as categorias sub-13 e sub-15 e os períodos


de treinamento, os segmentos do treinamento permitiram interpretar que a composição das
sessões varia de acordo com a categoria, pontualmente nos referentes de técnica e tática.
Já considerando os períodos de treinamento, observa-se que no período preparatório,
gastou-se mais tempo com treinamento técnico, enquanto que o treinamento tático e o
relaxamento final apresentaram maior dispêndio de tempo no período competitivo.

Referências

MESQUITA, I. Pedagogia do treino: a formação em jogos desportivos colectivos.


Lisboa: Livros Horizonte, 1997.

MOREIRA, V. J. P.; GRECO, P. J. Estudo Comparativo da estruturação dos treinos de


Futsal na categoria pré-mirim. FIEP Bulletin. v. 20, n. 1, pg 23-27. 2005.

RAMOS, V.; GRAÇA, A. B. S; NASCIMENTO, J. V. A representação do ensino do


basquetebol em contexto escolar: estudos de casos na formação inicial em educação
física. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. v. 20, n.1, pg37-49. 2006.

SAAD, M. A. Estruturação das sessões de treinamento técnico-tático nos escalões


de formação do Futsal. [Dissertação de Mestrado]. Florianópolis: Universidade Federal
de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física; 2002.

SILVA, M.; GRECO, P. J. A influência dos métodos de ensino-aprendizagem-treinamento


no desenvolvimento da inteligência e criatividade tática em atletas de futsal. Revista
Brasileira Educação Física e Esporte. v.23, n.3, pg.33-45. 2009.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
506

LOCAL DE INÍCIO DE PRÁTICA DO BASQUETEBOL: EXISTEM DIFERENÇAS


ENTRE ATLETAS DA NBB E DA LDB?

André Magri/FCA – UNICAMP


Luiza Darido da Cunha/ DEF – UNESP
Ana Lívia Gorgatto Fraiha/ DEF – UNESP
Suraya Cristina Darido/ DEF – UNESP
Larissa Rafaela Galatti/ FCA e FEF – UNICAMP
abililo@hotmail.com

Resumo: Tradicionalmente, o modelo esportivo do Brasil é pautado no clube, sendo


escasso outros espaços de início de prática. No entanto, nos últimos anos novos cenários

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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de iniciação esportiva vem se estabelecendo, como os projetos sociais. A fim de identificar


se há diferença no local de início de prática entre atletas jovens e atletas de elite do
basquete brasileiro, o estudo objetiva identificar e comparar onde os atletas da NBB (Novo
Basquete Brasil) da temporada 2014/2015 e da LDB (Liga de Desenvolvimento de
Basquete) temporada 2015/2016 iniciaram suas vidas esportivas na modalidade.
Participaram da pesquisa 101 atletas da NBB, de 10 clubes diferentes, sendo 86 brasileiros
e 15 estrangeiros; enquanto que na LDB participaram 95 atletas de 8 diferentes equipes,
sendo todos brasileiros. Os resultados obtidos demonstraram que existe uma associação
entre o local onde ocorreu a iniciação esportiva e o fato de ser ou não atletas de elite
(p=0,037). O achado significativo apontou algumas diferenças no local de início da prática
esportiva para os atletas inseridos na LDB em comparação com os atletas da NBB, sendo,
observado um peso maior no papel dos projetos sociais.

Palavras-chaves: Basquetebol – Local de Início – LDB ou Projetos Sociais.

INTRODUÇÃO
A iniciação esportiva compreende uma fase em que as experiências devem ser
diversificadas, sinalizando o esporte como meio formativo, fascinante e desafiador
(BETTEGA, et al. 2015) Esta etapa é extremamente significativa, proporcionando uma
vivência ao longo do processo desenvolvimentista (PAES, et al. 2013) que tem reflexos
positivos nas dimensões física, mental, emocional e social. A inserção da criança nesse
meio permite a busca pelo novo, pelo desafio, assim desenvolvendo a imaginação e a
criatividade para além das fronteiras do esporte. Essa busca irá reconhecer o sucesso e o
insucesso, o superior para o inferior, a vitória e a derrota, encontrando e desenvolvendo
uma ampla vivência de aceitação, respeito e compreensão (BENTO, 2013).
O campeonato Novo Basquete Brasil (NBB) organizado pela Liga Nacional de
Basquete (LNB) é uma Liga Oficial fundada no dia 1º de Agosto de 2008, e lançada em
Dezembro do mesmo ano, com 18 clubes filiados, e organizada com aprovação da
Confederação Brasileira de Basquetebol (CBB) e reconhecida pela Federação Internacional
de Basquetebol (FIBA). Esta liga existente ha 8 anos, foi formada para substituir o
Campeonato Brasileiro de Basketball, e tem como principal objetivo a condução da
modalidade ao posto de segundo mais popular do Brasil, atrás apenas do futebol.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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A Liga de Desenvolvimento de Basquete (LDB) é o principal campeonato de


formação do basquete brasileiro, organizada e gerida pela LNB desde a sua primeira edição
(temporada 2011/2012). No início chamava-se Liga de Desenvolvimento Olímpico (LDO) e
tinha sua categoria como Sub-21. A partir da segunda edição (2012 / 2013), houve a
mudança de seu nome e a competição começou a ser de categoria Sub-22. O principal
objetivo da LDB é criar melhores possibilidades no desenvolvimento dos atletas e prepará-
los para a inserção no campeonato adulto da NBB.
Varias instituições podem ser responsáveis pela apresentação e formação do
desenvolvimento das modalidades esportivas em seu período inicial, tais como: Clubes,
prefeituras, escolas públicas, escolas particulares, escolas esportivas, ONGs entre outras
(MACHADO et al., 2011; GALATTI et al., 2013, GALATTI, 2010). Em nosso país,
importantes problemas apresentados por essas entidades dificultam o processo de
formação e desenvolvimento de crianças e posteriormente de jovens atletas. Uma das
principais causas apontadas para este subdesenvolvimento esportivo é a precariedade das
estruturas esportivas, que na grande maioria das vezes, estão sucateadas ou parcialmente
destruídas, dessa maneira dificultando e muitas vezes impedindo o desenvolvimento das
modalidades e diminuindo o interesse e a permanência das crianças nos âmbitos
esportivos. Neste sentido, este estudo tem o objetivo de identificar e comparar onde os
atletas da NBB (Novo Basquete Brasil) da temporada 2014/2015 e da LDB (Liga de
Desenvolvimento Basquete) temporada 2015/2016 iniciaram suas vidas esportivas no
basquetebol.

MÉTODOS
O estudo aqui apresentado por meio dessa pesquisa tem natureza quantitativa
comparativa e foi elaborado a partir de um questionário estruturado com perguntas para
rastreio de características pessoais, da carreira esportiva, e da iniciação esportiva, bem
como dados sociodemográficos sobre os atletas tanto da NBB como da LDB. Dentre essas
perguntas, uma delas foi referente ao local em que o atleta deu início a sua prática esportiva
no basquetebol.
O questionário foi entregue a todas as equipes competidoras do Novo Basquete
Brasil (NBB) que totalizavam 16 times com um total de 265 atletas inscritos na competição.
Das equipes contatadas, 10 retornaram os questionários preenchidos por 101 atletas,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
509

sendo 86 brasileiros e 15 estrangeiros (Argentina, Espanha, Estados Unidos da América,


República Dominicana e Dominica), cinco desses atletas relataram o início de suas práticas
em mais de um lugar e, portanto foram excluídos da amostra. A aplicação dos questionários
para os atletas da Liga de Desenvolvimento Brasil (LDB) foi realizada em uma das etapas
da competição, a qual aconteceu na cidade de Rio Claro; Estavam presentes 8 equipes das
24 participantes do campeonato, totalizando 95 atletas brasileiros. Todos os esportistas
participantes dessa etapa da competição responderam ao questionário.
Os dados foram analisados no SPSS versão 2.0. Foi utilizada a estatística descritiva
não paramétrica. Para se verificar a associação entre as variáveis categóricas dos dois
grupos avaliados, utilizou-se um teste Qui-Quadrado, assumindo um nível de significância
de 5%, com o intuito de visualizar, analisar e comparar o local de início da prática do
basquetebol dos atletas.

RESULTADOS
O resultado demonstrou que existe uma associação entre o local onde ocorreu a
iniciação esportiva e o fato de ser ou não atletas de elite (p=0,037). Desta forma, podemos
demonstrar que existe uma associação do local de início da prática para os grupos
avaliados. O achado significativo demonstrou algumas diferenças no local de início da
prática esportiva para os atletas inseridos na LDB em comparação com os atletas da NBB.
Nomeadamente, é observado um peso maior no papel dos projetos sociais, das práticas
promovidas pelas prefeituras e da escola na iniciação no basquetebol de atletas da LDB
em relação aos atletas da NBB. Já para estes atletas, inseridos na NBB, os clubes
apresentaram um peso maior no desenvolvimento da modalidade em comparação com os
da LDB (ver gráfico 1a e 1b).
Estes resultados permitem inferir que possa haver uma influência do local onde se
inicia a prática esportiva sobre a formação e possível profissionalização de atletas de
basquetebol.

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Gráfico 1. Porcentagem dos locais em que os atletas da LDB (a) e NBB (b) desenvolveram
a prática desportiva do basquetebol

CONCLUSÃO
A conclusão do estudo foi à existência uma associação entre a iniciação esportiva e
o fato de ser ou não atletas de elite no basquetebol. A significância do estudo se deu em
algumas diferenças nos locais de início da prática esportiva, os jovens atletas da LDB em
comparação aos da NBB: foi observada uma prevalência maior de jovens oriundos dos
projetos sociais, e das práticas providas pelas prefeituras municipais e escolas de iniciação
ao basquetebol. Dessa maneira apontamos que o possível aumento do número de
entidades nos últimos anos, que não sejam clubes e escolas, no processo de iniciação
esportiva de crianças e jovens possam estar refletindo seus resultados nessa categoria
(Sub-22) da LDB em comparação ao que ocorreu com os atletas adultos da NBB.

REFERÊNCIAS
BENTO, Jorge. O. Desporto: discurso e substância. Belo Horizonte: Instituto Casa da
Educação Física, 2013.

BETTEGA, Otávio. Baggiotto., PRESTES, Marcelo Freitas., LOPES, Charles Ricardo, &
GALATTI, Larissa Rafaela. Pedagogia do esporte e futsal: pressupostos e princípios para
a iniciação esportiva dos cinco aos oito anos. Pensar a Prática, v.18, n.2, 2015.

GALATTI, Larissa. Rafaela. ESPORTE E CLUBE SÓCIO-ESPORTIVO: percurso,


contextos e perspectivas a partir de um estudo de caso em clube esportivo espanhol.
2010.

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GALATTI, Larissa. Rafaela. FERREIRA, Henrique, MACHADO, Gisele, SCAGLIA,


Alcides. & PAES, Roberto. Pedagogia do esporte: a diversidade na iniciação em
basquetebol. In: RAMOS, Valmor; SAAD, Michel; MILISTETD, Michel. Jogos
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81-104, 2013.

LIGA DE DESENVOLVIMENTO DE BASQUETE. In: Wikipédia: a enciclopédia livre.


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Acesso em: 29 set 2015.

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LIGA NACIONAL DE BASQUETE. Estatuto Social da Liga Nacional de Basquete. São


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<http://lnb.com.br/documentos/ESTATUTO%2BLNB%2B%2528APROVADO%2B10%2BA
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NOVO BASQUETE BRASIL. In: Wikipédia: a enciclopédia livre.Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Novo_Basquete_Brasil> Acesso em: 29 set 2015.

MACHADO, Gisele Viola, PAES, Roberto Rodrigues., GALATTI, Larissa. Rafaela, &
RIBEIRO, Sheila Cristina. Pedagogia do esporte e autonomia: um estudo em projeto
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VIOLA, Gisele., PAES, Roberto., GALATTI, Larissa Rafaela., & RIBEIRO, Sheila.
Pedagogia do esporte e autonomia: um estudo em projeto social de educação não formal.
Pensar a Prática, v. 14, n. 3, 2011.

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PAES, Roberto Rodrigues; GALATTI, Larissa. Rafaela. Pedagogia do Esporte: o esporte


educacional no contexto do clube contemporâneo. In: GONÇALVES, C.E.B. Educação
pelo Desporte e Associativos Desportivo. Porto : Edições Afrontamento, 2013. p 85 – 110.

CRENÇAS A RESPEITO DAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO DOS ESPORTES:


ESTUDO DE CASO COM INGRESSANTES DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Jeferson Rodrigues de Souza / CDS – UFSC
Valmor Ramos / CEFID – UDESC
Vinicius Zeilmann Brasil / CDS – UFSC
Filipy Kuhn / CEFID – UDESC
Ciro Goda / AVANTIS
jeferson.souza@posgrad.ufsc.br

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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RESUMO: O objetivo do estudo foi analisar as crenças de discentes ingressantes do curso


de Educação Física a respeito das estratégias de ensino dos esportes. Adotaram-se
procedimentos metodológicos de pesquisa qualitativa de caráter descritivo interpretativo de
estudo de casos múltiplos. Oito discentes ingressantes em Educação Física de uma
universidade pública foram investigados. Os instrumentos utilizados foram roteiro de
entrevista estruturada e semiestruturada; observação sistemática; e procedimentos de
estimulação de memória. A técnica de análise de conteúdo foi utilizada e as classes de
análise foram determinadas a priori. Os discentes acreditam que as habilidades básicas ou
os gestos motores devem ser privilegiados no processo de ensino dos esportes, através do
modelo analítico. Deste modo, verificou-se que as crenças dos sujeitos sobre as estratégias
de ensino podem estar associadas às experiências pessoais de prática esportiva. Conclui-
se que compreender essas crenças, podem auxiliar os professores formadores na
elaboração de estratégias para um direcionamento de autoavaliação e senso crítico dos
discentes sobre seus conhecimentos prévios, além de proporcionar experiências
significativas que possibilite a aquisição de novos conhecimentos formais.
Palavras-chave: Crenças, Educação Física, Ensino dos Esportes.

INTRODUÇÃO: As crenças podem ser entendidas como um tipo de conhecimento pessoal


ou opinião individual, acumuladas e organizadas na memória das pessoas a partir de
experiências significativas de vida (DEWEY, 1978). Neste sentido, os indivíduos
desenvolvem sistemas de crenças, na qual algumas crenças são mais centrais do que
outras (ROKEACH, 1981).
No contexto da formação de professores, algumas crenças agem como filtros,
influenciando na seleção de novas experiências e conhecimentos, bem como as suas
percepções e interpretações referentes ao processo de ensino (BORKO; PUTNAM, 1996).
Na área da Educação Física, alguns estudos têm evidenciado a presença uma variedade
de experiências pessoais e crenças sobre o ensino em estudantes universitários, adquiridas
antes mesmo do ingresso na formação inicial, com potencial para influenciar a trajetória
acadêmica destes futuros profissionais (TSANGARIDOU, 2008; HENRIQUE; FREITAS,
2009).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Nesta perspectiva, julga-se relevante analisar as crenças de discentes ingressantes


do curso de Educação Física a respeito das estratégias de ensino dos esportes.

MÉTODO: Adotou-se o método de pesquisa do tipo qualitativa, de caráter descritivo e


interpretativo (THOMAS; NELSON, 2002), utilizando o procedimento de pesquisa
denominado de estudo de casos múltiplos (YIN, 2001).
Foram investigados oito discentes do 1º ano do curso de bacharelado em Educação
Física de uma universidade pública de Santa Catarina, Brasil. Os sujeitos possuíam idades
entre 17 e 26 anos no período da pesquisa. Para seleção dos sujeitos, adotaram-se quatro
critérios: a) estar cursando o 1º ano do curso de Educação Física; b) estar cursando uma
disciplina obrigatória na grade curricular, denominada Iniciação Esportiva; c) não possuir
experiência de atuação no ensino da Educação Física e esportes; d) expressar motivação
e disponibilidade para participar do estudo no ensino dos esportes.
Na coleta de dados, utilizaram-se os seguintes instrumentos: a) roteiro de entrevista
estruturada para atender os critérios de inclusão dos sujeitos de estudo; b) observação
sistemática das aulas ministradas por cada sujeito aos seus colegas (ambiente simulado),
sem qualquer tipo de orientação para escolha da modalidade esportiva, elaboração de
planejamento, organização da aula, conteúdos e ações de ensino; c) entrevista
semiestruturada composta perguntas referentes às experiências pessoais; d)
procedimentos de estimulação de memória, que consistiu na exibição do vídeo das
respectivas aulas, realizando questionamentos a respeito dos procedimentos pedagógicos
adotados pelos universitários através de entrevista semiestruturada.
Os dados foram analisados a partir da técnica de análise do conteúdo conforme
Bardin (1979), utilizando categorias determinadas a priori, fundamentadas no modelo do
conhecimento profissional de Grossman (1990), especificamente o conhecimento das
estratégias de ensino. Estas estratégias foram analisadas e classificadas a partir dos tipos
de tarefas de aprendizagem conforme Ticó-Camí (2002), denominadas: analítica, sintética
e global.
Todos os participantes foram devidamente informados sobre o objetivo do estudo e
assinaram o respectivo termo de consentimento para gravações e divulgação das
informações. Os discentes foram representados na pesquisa por letras e números para
preservar a identidade dos mesmos (D1, D2, ...). Este estudo foi avaliado e aprovado pelo

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Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos numa universidade pública no Brasil,
sob o protocolo CAAE 06514912.4.0000.0118, Parecer nº 83238/2012.

RESULTADOS: Verificou-se que todos os discentes tiveram experiências pessoais no


contexto esportivo de forma sistematizada, em modalidades como futebol ou futsal (D1; D2;
D6; D7), voleibol (D4; D5) e basquetebol (D3; D8). Identificou-se que cada universitário
privilegiou a utilização das tarefas analíticas em suas aulas, destinando mais de 50% do
tempo de exercitação nestas tarefas. Questionados a respeito das estratégias de ensino
adotadas, os sujeitos indicaram algumas crenças particulares para cada tipo de tarefas de
aprendizagem, ainda que não tenham contemplado na sessão observada, como se verifica
na Tabela 1:

Tipos de Tarefas
Crenças a respeito das estratégias (Sujeitos)
de Aprendizagem
Situações facilitadas de ensino (D1; D2; D5; D6; D7);
Decomposição dos elementos do esporte (D3; D5);
Desmotivação dos alunos na prática das tarefas (D4);
Aprimoramento das habilidades técnicas (D4);
Analítica Familiarização com as habilidades técnicas (D6);
Integração das habilidades técnicas (D7);
Aplicação das habilidades no contexto do jogo (D7);
Elevar o nível de motivação dos alunos (ataque) (D8).
Objetivos de treinamento tático (D1);
Elevar o nível de motivação dos alunos (D2);
Ênfase no lazer da prática esportiva (D2);
Sintética Diversão dos alunos (D3);
Desenvolvimento leitura do jogo (D4);
Precede o jogo e/ou fim do treino (D5);
Situações implícitas na tarefa global (D6).
Objetivo final a ser alcançado (D1; D2; D3; D4; D5; D6; D7; D8; D9);
Mostrar o que aprendeu em aula (D3; D5);
Global Prêmio pelo desempenho nas tarefas anteriores (D5; D6);
Ênfase no lazer da prática esportiva (D2);
Diversão dos alunos (D6).

Tabela 1: Crenças dos discentes a respeito das estratégias de ensino dos esportes.

De modo geral, os universitários acreditam que o tipo de exercitação analítica é a


mais adequada para o desenvolvimento dos gestos técnicos, sendo as atividades mais
enfatizadas durante as aulas. Já as sintéticas servem para o treinamento tático e para
elevar a motivação e divertimento dos praticantes; e por sua vez, a tarefa global está

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
516

relacionada ao objetivo final da aprendizagem, além de serem igualmente reconhecidas


como atividades que aumentam o nível de motivação dos alunos.
No estudo de Ramos, Graça e Nascimento (2006), investigando três universitários
de Educação Física em licenciatura, no período de estágio supervisionado, identificaram
que dois dos sujeitos ensinavam o esporte (basquetebol) privilegiando a utilização de
tarefas analíticas, com enfoque no desenvolvimento da técnica em ações ofensivas, ao
contrário de outro sujeito que apresentou práticas de ensino com ênfase na tática,
verificando, portanto, que os universitários tinham objetivos ou crenças particulares para o
ensino, profundamente relacionadas às experiências pessoais de prática esportiva.
Nesta perspectiva, o ensino dos esportes tanto no contexto de treinamento esportivo
quanto no âmbito educacional, ainda prevalece o desenvolvimento centrado nas
habilidades básicas (COSTA; NASCIMENTO, 2004), com enfoque no modelo analítico.
Para tanto, identificar as crenças dos universitários pode auxiliar os professores formadores
na elaboração de novas experiências significativas aos universitários, para adquirirem
conhecimentos formais durante a formação inicial (PHILPOT; SMITH, 2011), no caso deste
estudo, sobre as novas correntes de abordagens e modelos de ensino dos esportes
presentes na literatura especializada (RAMOS et al. 2014).

CONCLUSÃO: Os discentes ingressantes apresentaram um conjunto de crenças a respeito


das estratégias de ensino dos esportes, com ênfase no desenvolvimento das habilidades
técnicas utilizando tarefas analíticas, decompondo o jogo na forma mais elementar de
exercitação. Além disso, as tarefas do tipo sintética e global são utilizadas com o objetivo
elevar do nível de motivação dos alunos. Acredita-se que as crenças dos sujeitos podem
estar associadas às experiências anteriores ao ingresso na formação inicial,
especificamente durante as práticas esportivas sistematizadas.
Por fim, entende-se que descrever e interpretar as crenças dos universitários
ingressantes em Educação Física pode possibilitar aos cursos de formação inicial e
professores formadores na elaboração de estratégias pedagógicas para um direcionamento
de autoavaliação e senso crítico sobre os próprios conhecimentos prévios dos
universitários, além de proporcionar experiências significativas que possibilite a aquisição
de novos conhecimentos formais.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
517

REFERÊNCIAS:
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DEWEY, J. Democracia e educação. São Paulo: Nacional, 1978.

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New York: Teachers College Press, 1990.

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análise transversal face as orientações de valores dos professores formadores. In:
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INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 3., 2009, Salvador. Anais… Salvador:
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basquetebol em contexto escolar: estudos de casos na formação inicial em Educação
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49, 2006.

RAMOS, V.; SOUZA, J. R.; BRASIL, V. Z.; BARROS, T. E. S.; NASCIMENTO, J. V. As


crenças sobre o ensino dos esportes na formação inicial em Educação Física. Revista da
Educação Física/UEM, v. 25, n. 2, p. 231-244, 2014.

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In: Ibañez-Godoy, S. & Macías-García, M. (Eds.). Novos horizontes para o treino do
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education during student training. Physical Education and Sport Pedagogy, Worcester,
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YIN, R. K. Estudo de caso: Planejamento e Métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

A EXPERIÊNCIA DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DOS SISTEMAS DE


JOGO DO VOLEIBOL PARA ADULTOS: DO 6X0 AO 5X1.

Paulo Henrique de Souza Cavalcante/Sesc Belenzinho - Sesc SP


cavalcante@belenzinho.sescsp.org.br

RESUMO: O presente trabalho descreve e inicia uma discussão sobre o processo de


ensino-aprendizagem dos sistemas de jogo do voleibol, pelo qual três turmas de voleibol
adulto (16 a 59 anos) passaram, no programa Sesc de Esportes do Sesc SP, na unidade
do Sesc Belenzinho. Para tal, durante um semestre o conteúdo desenvolvido foi estruturado
a partir de expectativas de aprendizagem conceituais, procedimentais e atitudinais, que

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
519

para alcançá-las foi utilizado um ciclo de aprendizagem, que envolveu diferentes estratégias
pedagógicas, sendo avaliado por observação e relatos dos próprios alunos. O processo foi
permeado de dificuldades e conquistas, que possibilitaram o desenvolvimento de muitas
capacidades pelos alunos, além do próprio aprendizado dos sistemas de jogo.
Palavras-chave: Voleibol, Sistema de Jogo e Ensino-Aprendizado do Voleibol.

INTRODUÇÃO: O Clube do Voleibol9 é uma atividade voltada para o público adulto, de 16


a 59 anos, e compõe o Programa Sesc de Esportes, do Sesc SP, que tem como foco a
educação por meio do esporte e para o esporte, possibilitando infinitas trocas simbólicas,
favorável à formação de pessoas e à construção da cidadania, sendo um estímulo
prazeroso para a conquista da autonomia corporal, melhoria da qualidade de vida e
aprendizado de novas habilidades e expressões corporais (SESC SP, 2015). Neste
trabalho, relato a experiência do desenvolvimento do aprendizado dos sistemas de jogo
pelas turmas de Clube de Voleibol da unidade do Sesc Belenzinho, localizada na Zona
Leste da cidade de São Paulo, do qual foi um dos conteúdos elencados para o trabalho
considerado de relevância para o curso e de grande demanda por parte dos alunos. Para
estes últimos, em diferentes momentos de conversas e avaliações individuais, as
demandas de aprender tal conteúdo relacionam-se com as expectativas: de aproximarem
o seu jogo com aquele que assistem e acompanham em competições oficiais; de jogarem
de forma mais dinâmica e com funções especializadas; e de aprender o 5x1, o sistema de
jogo mais valorizado em suas falas. Esta intenção em aprender, corrobora o entendimento
que “o ensino não pode ser “dado”, mas antes deve ter a qualidade de algo que, sendo
“apresentado” pelo educador, possa também ser “encontrado” a partir da subjetividade do
educando” (ROSA, 1998, p.103).
A partir desta vontade explícita de aprender dos alunos do Clube do Voleibol realizei
um planejamento estruturado em uma unidade didática que “detalha os objetivos de
aprendizagem e conteúdos a serem ensinados nas dimensões dos conceitos, dos fatos,
dos procedimentos e das atitudes, transformando-os em expectativas de aprendizagem”

9
No programa de esportes do Sesc SP, o esporte adulto é divido em cursos de iniciação e clubes de prática das diferentes
modalidades. Na iniciação, o desenvolvimento do trabalho está na aprendizagem das técnicas e princípios táticos e na
introdução à cultura esportiva da modalidade em questão. Nos clubes, a prática do jogo em suas complexidades e o
aprendizado e desenvolvimento das habilidades técnicas e táticas são o foco do trabalho, além do incentivo à cultura
esportiva e a busca pela autonomia na prática do esporte.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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(JÚNIOR; COSTA; D`ÂNGELO, 2012). Em consonância com esta estruturação e levando


em conta a complexidade do fenômeno esportivo incorporei também o entendimento de
Machado, Galatti e Paes (2012) a respeito dos referenciais técnico-tático, socioeducativo e
histórico-cultural como balizadores da Pedagogia do Esporte para a organização e
sistematização do conteúdo nas aulas dos sistemas de jogo no voleibol.
O sistema de jogo é um elemento tático da equipe, que distribui os seis jogadores
em quadra em funções e número de atacantes e levantadores, que podem ser aprendidos
à medida que a capacidade técnica e entendimento da tática evoluem (BIZZOCCHI, 2004).
Um dos objetivos deste processo é possibilitar esta evolução e estimular os alunos a não
serem, como afirma Mesquita (2003), jogadores que apresentam uma inteligencia para o
jogo caracterizada por “saber executar uma habilidade técnica sem compreender a razão
da sua escolha” ou “compreender o jogo, mas não ter habilidade para colocar em prática a
decisão tomada”, tornando a ação “insuficiente para ser eficaz”.
Ainda neste sentido, o sistema de jogo favorece a inclusão e o desenvolvimento de
habilidades de acordo com a capacidade de cada jogador, possibilitando também uma
coesão do conjunto em quadra. Esta escolha do sistema de jogo e distribuição da equipe
deve partir da oferta de elementos que o educador propicia ao educando, para que
futuramente, este possa autogerir sua prática, de forma individual e coletiva, numa
perspectiva de emancipação (PAES, MONTAGNER, FERREIRA, 2009).
A escolha do sistema de jogo no voleibol também influencia diretamente em toda a
formulação das ações e organizações técnicas e táticas de recepção, levantamento,
ataque, defesa e contra-ataque. Os sistemas de jogo são identificados por dois números,
no qual o primeiro, por convenção, representa o número de atacantes, e o segundo a
quantidade de levantadores. Assim, de acordo com Bizzocchi (2004), temos os sistemas:
6x6 (ou 6x0)10; 3x3; 4x2 (ou 4x2 simples); 6x2 (ou 4x2 ofensivo); e 5x1.
A progressão e/ou ensino dos sistemas de jogo do voleibol não é um tema recorrente
na literatura. Além disso, Garganta (2002, p. 1) leva a pensar que a sistematização deste
conhecimento a respeito do ensino-aprendizagem deste componente de natureza tática do
jogo, deve partir da concepção de que “o praticante deve saber o que fazer, para poder
resolver o problema subsequente, o como fazer, selecionando e utilizando a resposta

10
Neste sistema todos os jogadores são levantadores e atacantes. Não há funções específicas. Todos levantam
quando passam por determinada posição e, quando não estão nela, têm a função de atacar (BIZZOCCHI, 2004).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
521

motora mais adequada” (GARGANTA, 2002, p.1). Assim temos mais dois problemas em
questão, que são: como ensinar os sistemas de jogo; e ainda em como possibilitar que os
alunos se sintam seguros e autônomos para escolher e adaptar os sistemas de jogo a partir
de suas experiências em suas práticas.

MÉTODOS: Parafraseando Freire (2006), o processo de ensino do esporte apresenta


quatro balizadores: ensinar esporte a todos, ensinar bem esporte a todos, ensinar mais do
que esporte e ensinar a gostar de esporte. A Figura 1 ilustra como o ensino dos sistemas
de jogos foi estruturado neste processo.

Figura 1 – Ciclo de ensino-aprendizagem de sistema de jogo no voleibol.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Este ciclo de ensino-aprendizagem foi pensado e esquematizado a partir: da


diversificação de estratégias pedagógicas de exercícios analíticos e sincronizados,
brincadeiras, jogos pré-esportivos, situações de jogo e jogo formal (GALATTI et al, 2013);
de feedback, que demonstra ser uma estratégia instrucional diferenciadora da eficácia
pedagógica (MESQUITA; PEREIRA; GRAÇA, 2010); e de accountability 11. Para avaliação
do aprendizado foram utilizados a observação por parte do professor e relatos dos alunos
em diferentes momentos. A observação é algo mais que olhar, é captar significados
diferentes através da visualização. Deve ser pautada em uma atenção seletiva, que delimita
o que saber observar, e quanto mais interligada à avaliação, mais ela permite detectar
indicadores e identificar, com base nestes, a causa para o comportamento observado.

11
“Termo sem correspondência precisa em português, que remete para as ideias de responsabilização e de “prestar
contas”, ou seja, de comprometimento do aluno no empenhamento e no cumprimento das tarefas. É um componente
crítico do processo de ensino-aprendizagem.” (MESQUITA; PEREIRA; GRAÇA, 2010, p. 154).

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Quanto maior a afinidade entre os dois processos maior será a compreensão e o


consequente ajustamento do ensino de modo a favorecer a aprendizagem. (MENDES et
al., 2012). Os relatos aconteceram nas rodas de conversas em aula ou em jogos, e em
momentos individuais, a partir de uma auto-avaliação feita pelo aluno, que contemplava
aspectos técnicos-táticos (saque, passe, recepção, bloqueio, ataque, movimentação,
comunicação e levantamento) e aspectos do desenvolvimento no jogo (participação,
evolução, dinamica e equipe), além de sugestões e temas de demanda do aluno.

RESULTADOS: O aprendizado se mostrou efetivo quando: observou-se autonomia no


ensino dos sistemas de jogo pelo próprio grupo para novos integrantes que chegaram no
grupo sem passar pelo processo descrito acima; foram verificado relatos identificando os
sistemas de jogo quando os alunos assistiram jogos televisionados ou pessoalmente; na
prática, verificou-se a capacidade de adaptação e modificação do sistema jogado; os alunos
demonstraram ser capazes de analisar os sistemas adversários em campeonatos e jogos
amistosos; e melhoria na fluência do jogo, especialmente no que se refere ao rodízio e
montagem do sistema de recepção. Estes mesmo indicadores também apontaram que o
trabalho foi muito direcionado para o posicionamento do sistema de recepção, mas que não
conseguiu desenvolver com eficácia uma inteligência tática para “armar” o sistema de
ataque em alguns momentos, ainda que este aspecto também tenha aos poucos se
desenvolvido.

CONCLUSÃO: É evidente a necessidade de respeitar o tempo de aprendizado dos alunos,


a compreenssão das etapas de complexidade e diferenciações de um sistema de jogo para
outro, possibilitar o contato com diversas formas de visualizar as situações de rodízio e a
prática dos sistemas, jogando e experimentando diferentes situações. Este trabalho é o
início de uma investigação, que aponta para necessidade de pensar a sistematização do
ensino dos sistemas de jogo no voleibol e sua complexidade, mediada por resultados
obtidos a partir de instrumentos de avaliação para iniciação esportiva, seja na infância ou
na fase adulta.

REFERÊNCIAS:

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MILISTETD, M. (Org.). Jogos Desportivos Coletivos: investigação e prática pedagógica.
Florianópolis: Tribo da Ilha, 2013, p. 81-104.

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MACHADO, G. V.; GALATTI, L. R.; PAES, R. R. Pedagogia do esporte e o referencial


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reflexivas em esporte educacional.: Unidade didática como instrumento de ensino e
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SESC-SP (Org.). Programa Sesc de Esportes. Disponível em:


<http://www.sescsp.org.br/programacao/4190_PROGRAMA+SESC+DE+ESPORTES#/co
ntent=programacao>. Acesso em: 05 set. 2015.

ATIVIDADES DE ENSINO PARA CONCEITUAÇÃO DAS LUTAS DE AGARRE


(PROJEÇÕES E IMOBILIZAÇÕES).

Geovani Alves dos Santos / UFRB

Adriana dos Santos / UFRB

Diego Alves Ribeiro Queiroz/ UFRB

José Arlen Beltrão de Matos / UFRB

Leopoldo Katsuki Hirama / UFRB

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Geovani.ufrb@gmail.com

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi propor atividades de ensino nas quais sejam
compreendidos os princípios básicos das modalidades de lutas de agarre. Foi realizada
análise documental de planejamentos de aulas realizadas entre o ano de 2010 a 2014 em
projeto de extensão do Centro de Formação de Professores da Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia no qual é disponibilizado o ensino da modalidade de judô para
crianças e adolescentes, cinco atividades para cada princípio básico (agarre, projeção e
imobilização) foram selecionadas. A compreensão dos princípios das modalidades é algo
indispensável ao professor de educação física, as atividades apresentadas servem de
parâmetros para abstração e materialização destes conceitos, entretanto adaptações
podem ocorrer, pois a centralidade do ensino esta no aluno e as modificações nas
propostas apresentadas podem ser de grande contribuição ao ensino-aprendizado. As lutas
como construções históricas da humanidade devem ser garantidas no ensino escolar,
considerando que partindo da conceituação dos princípios das modalidades de lutas
podem-se propor atividades de ensino nas quais o objetivo não é formar atletas, mas
garantir o acesso ao conhecimento produzido nos conflitos das relações sociais em
momentos históricos distintos, aos estudantes escolares.

Palavras-chaves: Ensino das Lutas de Agarre, Jogos no ensino das lutas, lutas de agarre.

INTRODUÇÃO: Ainda é controversa a opinião dos próprios professores de educação física


quanto sua formação para o ensino das lutas. Estudos como o de Nascimento e Almeida,
(2007), Beltrão et al., (2015) discutem qual a percepção dos professores de educação física
quanto o ensino das lutas nas escolas, no entanto levantam que uma argumentação de
restrição para a inserção deste conteúdo nas aulas, é a falta de vivência pessoal em lutas
por parte dos professores, no cotidiano de vida, como na formação acadêmica. Indica
também que é possível superar esta restrição sem a necessidade do professor virar um
especialista em lutas.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
526

O ensino deve ser pautado em princípios que caracterizam e diferenciam as modalidades


esportivas (LEONARDO; SCAGLIA; RIVERDITO, 2009), fazendo uso da resolução de
problemas por parte dos alunos, considerando o entendimento prévio dos mesmos,
adaptando regras e materiais e entendendo a modalidade de uma forma mais geral até
suas características mais especificas (Hirama et al., 2014).

Intervenções e propostas metodológicas aproximando as modalidades de lutas a


conceituação dos princípios básicos nelas presentes, os transpondo didaticamente por
meio de jogos e brincadeiras são apresentados por Nascimento e Almeida, (2007), Monteiro
(2014) e Gomes et al. (2009). A própria Mariana Gomes et al., (2009) aponta princípios
condicionantes das modalidades e as separam inicialmente por lutas de longa, média e
curta distância. Já Espartero (1999) propõe uma sistematização de ensino a partir de uma
similaridade entre as modalidades de lutas as separando por lutas de agarre, de golpes
contundentes e com uso de implementos. Com estes elementos percebemos que para uma
intervenção elementar é necessário à conceituação das modalidades de lutas podendo ser
pautadas por suas similaridades/princípios/características.

O objetivo deste trabalho foi propor atividades de ensino nas quais sejam compreendidos
os princípios básicos das modalidades de lutas de agarre (projeções e imobilizações).

MÉTODO: A pesquisa foi realizada em projeto de extensão do Centro de Formação de


Professores da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia no qual discentes do curso
de Licenciatura em Educação Física são capacitados a ensinar a modalidade de judô para
crianças e adolescentes.

A coleta de dados foi a partir da análise documental de planejamentos de aulas realizadas


entre o ano de 2010 a 2015 (LÜDKE E ANDRÉ, 1986).

Cinco atividades para cada princípio básico (agarre, projeção e imobilização) foram
selecionadas pelas seguintes exigências: 1- relacionar-se com o conceito básico de luta de
agarre, 2- garantir a integridade física dos praticantes, 3- ter como base a resolução de uma
situação problema.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
527

RESULTADOS: Como breve caracterização das lutas de agarre podemos definir que são
as lutas nas quais a oposição entre os adversários se dá a partir do contato físico onde há
a necessidade do agarre para o combate, tendo como ferramentas em algumas delas o uso
de projeções e imobilizações, assim também como chaves de articulações e
estrangulamentos.

As atividades apresentadas a seguir são voltadas ao entendimento do conceito lutas de


agarre proposto por Espartero, (1999) entendendo que o ensino deve centrar-se no
entendimento do todo da modalidade (HIRAMA et al. 2014).

As atividades serão apresentadas em categorias separadas para melhor entendimento do


leitor, contudo deve-se atentar para a relação de similaridades intrínsecas em atividades
diferentes.

Atividades de compreensão do agarre:

Disputa de fitas: Divididos em duplas, cada aluno terá dois pedaços de fita crepe que
deverá escolher onde fixá-las na região anterior do tronco, ao comando de inicio os alunos
deverão tentar segurar o local marcado com a fita no agasalho do adversário e contar até
três, a cada tentativa de sucesso os alunos acumulam pontos, após algumas execuções
modificam-se os adversários.

Desatando nó da faixa: em duplas, cada aluno com uma fita de pano, irá colocá-la na
cintura como um cinto e fará um laço que deve estar posicionado na região das costas, ao
comando de início os aluno irão tentar desfazer o laço da fita do colega.

Luta na fronteira: em duplas, separados por uma linha ao comando de início, utilizando o
agarre ao agasalho do colega tentarão fazer com que o oponente ultrapasse a linha com
os dois pés.

Pega e movimenta: após divididos as duplas, os alunos irão pegar no agasalho do colega
e deverão elencar o maior número de formas de segurar em pontos diferentes do agasalho,
buscando descobrir em dupla qual a melhor estratégia de pegada para evitar a
movimentação do adversário, para isso serão alternados os momentos em que um aluno
faz os tipos diferentes de pegada e o outro tenta desvencilhar-se dela.

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Cola na mão: cada dupla frente a frente terá um tempo de 30 s de combate, no qual é
vencedor aquele que ao fim do tempo continuar com as duas mãos no agasalho do
oponente, caso os dois terminem com as duas mãos no agasalho é considerado empate.

Atividades de compreensão das projeções:

Dono do espaço: Após determinar vários espaços na sala (círculos ou quadrados) cada
espaço terá um dono, e outros alunos ficarão fora do espaço (todos os alunos em posição
cócoras), ao iniciar a atividade os alunos que estão de fora tentarão ficar com os espaços
dos colegas, para isso é necessário fazer com que quem esteja defendendo toque o quadril
ao chão.

Sumô sem braços: com a marcação de um circulo no chão dois alunos devem ser
posicionados no centro, com as mãos atrás das costas os alunos tentarão fazer com que o
colega saia do círculo, usando o contato dos troncos.

Derrubando: separados por duplas, cada aluno receberá dois pedaços de papelão com
barbantes, devendo escolher onde amarrá-los, tendo como escolha qualquer local da região
lateral e posterior do corpo. Agachados e frente a frente ao comando de inicio terão que
fazer os papelões do colega tocar o chão (tatame, colchonete, cholchão), fazendo uso do
desequilíbrio gerado pelo agarre no agasalho do oponente juntamente com movimentação.

Vento e Jaqueira: Dividir a turma em dois grupos, um será o vento e o outro a Jaqueira,
as Jaqueiras ficam deitadas em um lado do Dojô e os ventos têm que buscá-las e levá-las
até um local determinado do outro lado do Dojô. a Jaqueira tem que ficar rígida e imóvel.
A projeção aqui é tratada com os alunos como o ato de retirar o oponente de um espaço e
dirigi-lo a outro.

Pega Derruba: após escolher um ou mais alunos para função de pegador, todos em quatro
ou seis apoios iniciarão a atividade, para que um aluno seja considerado pego, o pegador
deve fazer com que o seu colega toque o quadril no chão.

Atividades de Compreensão das imobilizações:

Mãe da Rua: os alunos serão posicionados em um lado da sala todos na posição de


agachados, um ou mais alunos ficarão ao centro e ao comando de “passa” os que estão na
lateral terão que se dirigir a lateral oposta, enquanto isto, os alunos do centro tentarão

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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derrubar e segurar os colegas com as costas no chão e contar até 5. Sendo pego o aluno
fica também no centro e ajuda a pegar os outros.

Tomando a bola: separados em duplas, cada aluno ficará em uma extremidade do espaço
e será colocada uma bola no centro entre eles, ao comando de início o aluno deverá pegar
a bola e levar até o lado do adversário. Para anular o ataque, aquele que defende terá que
segurar o colega que está com a bola na mão, posicionando de costas no chão.

Proteção dos feudos: separados por equipes e agachados, cada equipe terá um espaço
demarcado, ao comando de inicio, os alunos tentarão conquistar outros espaços, a
estratégia fica por conta dos grupos, ao entrarem em combate por espaços cada aluno que
o oponente segurar no chão e contar até cinco estão eliminados. Ao final ganha a equipe
que tiver um ou mais integrante sem ser imobilizado.

Segurando o colega no chão: em duplas os dois integrantes terão que criar formas de
segurar o oponente no chão, devendo variar os momentos de quem imobiliza o outro, ao
final deve-se fazer o compartilhamento das criações dos alunos investigando quais formas
foram mais eficazes para segurar o adversário com as costas no chão.

Quem sai?: divididos em duplas, e variando o momento de quem imobiliza, os alunos terão
um tempo para vivenciar as formas de imobilizar que aprenderam. Em um momento um
aluno ficará deitado e o outro fará a imobilização, o que estiver deitado tentará achar uma
forma de sair da imobilização do colega.

Sugerimos como foco principal para as atividades/jogos que a centralidade seja os atos de
agarrar, projetar e imobilizar, não exigindo técnicas formais aos alunos. Percebemos, a
partir dos relatos dos documentos, que a não exigência de técnicas especificas gerou um
grande aprendizado aos alunos, uma vez que estes puderam criar, experimentar e
confrontar as técnicas não formais que executavam, contudo o ensino deve ser em direção
a construção do dialogo entre o que foi criado pelo aluno e o que já esta estipulado nas
modalidades, entrelaçando a necessidade de criação destas técnicas em momentos
históricos diferentes.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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CONCLUSÃO: As lutas como construções históricas da humanidade devem ser garantidas


no ensino escolar, considerando que partindo da conceituação dos princípios das
modalidades de lutas podem-se propor atividades de ensino nas quais o objetivo não é
formar atletas, mas garantir o acesso ao conhecimento produzido historicamente pelo
homem.

REFERÊNCIAS

BELTRÃO, José A., HIRAMA, Leopoldo K., GALATTI, Larissa R., MONTAGNER, Paulo C.
A Presença/Ausência Do Conteúdo Lutas Na Educação Física Escolar: Identificando
Desafios E Propondo Sugestões. Conexões: revista da Faculdade de Educação Física da
UNICAMP, v. 13, n. 2, p. 117-135, abr./jun. 2015.

ESPARTERO, J. C. Aproximación Histórico-Conceptual A Los Deportes De Lucha.


In: VILLAMÓN, M. Introducción Al Judo. Barcelona: Editorial hispano Europea S.A.,
1999.

GOMES, Mariana S. P., MORATO, Marcio P., DUARTE, Edison, ALMEIDA, José J. G. de.
Ensino Das Lutas: Dos Princípios Condicionais Aos Grupos Situacionais. Movimento, v.
16, n. 02, p. 207-227, abr/jun. 2010.

HIRAMA, Leopoldo. K., JOAQUIM, Cássia. S., COSTA, Roberto. R., MONTAGNER,
Paulo. C.. Propostas Interacionistas Em Pedagogia Do Esporte: Aproximações E
Características. Conexões: revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, v.
12, n. 4, p. 51-68, out./dez. 2014.

LEONARDO, Lucas; SCAGLIA, Alcides José; REVERDITO, Riller Silva. O Ensino Dos
Esportes Coletivos: Metodologia Pautada Na Família Dos Jogos. Motriz. V. 15, n. 2, p.
236-246, abr/jun. 2009.

LÜDKE, M., ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa Em Educação: Abordagens Qualitativas.


EPU, 1986.

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531

MONTEIRO, Fabio, As Lutas E A Ludicidade Na Educação Física Escolar. Anais


Semef 2014. Acessado 24/09/2014. Disponível em
http://www.gpef.fe.usp.br/semef%202014/P%C3%B4ster%20Fabricio%20Monteiro%20%2
0AS%20LUTAS%20E%20A%20LUDICIDADE%20NA%20EF%20ESCOLAR.pdf

NASCIMENTO, Paulo Rogério Barbosa do; ALMEIDA, Luciano de. A Tematização Das
Lutas Na Educação Física Escolar: Restrições E Possibilidades. Movimento, v. 13, n. 03,
p. 91-110, set./dez. 2007.

O EFEITO DA IDADE RELATIVA ENTRE OS JOGADORES DE FUTEBOL NO


CAMPEONATO BRASILEIRO DAS SÉRIES A E B
Bruno Botelho de Abreu Nascimento/ Especialização em Futebol – UFV
Felippe da Silva Leite Cardoso /NUPEF – UFV
Adeilton dos Santos Gonzaga / NUPEF – UFV
Israel Teoldo da Costa / NUPEF – UFV
brunobanbh@gmail.com

Resumo: O presente estudo tem por objetivo verificar a presença do efeito da idade relativa
entre os jogadores de futebol que participaram do Campeonato Brasileiro das séries A e B
no ano de 2013. Foram analisados os dados referentes às datas de nascimento de 1.411
jogadores de futebol que disputaram o Campeonato Brasileiro das séries A e B do ano de
2013. Os dados coletados foram organizados em quartis, de acordo com o mês de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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nascimento dos jogadores: Q1 – janeiro a março; Q2 – abril a junho; Q3 – julho a setembro;


Q4 – outubro a dezembro. Utilizou-se estatística descritiva e o teste qui-quadrado (2). O
nível de significância adotado foi P<0,05. Foram verificadas diferenças estatisticamente
significativas na distribuição dos jogadores pelos quartis de nascimento, tanto na série A,
quanto na série B. Os resultados indicam um maior número de jogadores nascidos nos
primeiros meses do ano.
Palavras Chave: Efeito da Idade Relativa, Campeonato Brasileiro, Futebol.

INTRODUÇÃO: O efeito da idade relativa é resultado das diferenças físicas, motoras,


cognitivas e psicológicas entre os indivíduos nascidos no mesmo ano, porém, em períodos
distintos (MUSCH; GRONDIN, 2001). Estas diferenças resultam em vantagens no
desempenho esportivo em favor dos jogadores mais velhos. Como consequência do efeito
da idade relativa, os jogadores nascidos no inicio do ano de seleção possuem mais chance
de serem identificados como talentosos e selecionados para participarem de treinamentos
em um grande clube e de competições em níveis mais elevados, favorecendo o seu
desenvolvimento e aumentando a sua chance de sucesso (HELSEN; VAN WINCKEL;
WILLIAMS, 2005).
Vários estudos têm revelado maior frequência de jogadores nascidos nos primeiros
meses do ano inscritos em competições oficiais, o que demonstra um favorecimento aos
jogadores mais velhos ao longo do processo de formação (BARNSLEY; THOMPSON;
LEGAULT, 1992; CARLI et al., 2009; DEL CAMPO et al., 2010). Esta tendência é muito
comum em competições onde o nível de competitividade é elevado e número de
interessados é superior ao número de vagas disponíveis (MUSCH; GRONDIN, 2001).
Os campeonatos brasileiros das séries A e B se destacam pelo equilíbrio entre as
equipes e pelo número de jogadores de alto nível que participam das competições. No
campeonato da série A estão os principais jogadores que atuam no país. No entanto, nos
últimos anos, com a presença da mídia televisiva, que transmite todos os jogos, o
campeonato da série B cresceu em investimentos, competitividade e interesse. Nesse
sentido, tanto a série A quanto a série B apresentam níveis competitivos elevados. Assim,
é possível que o efeito da idade relativa esteja presente nestas competições. Dessa forma

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
533

o objetivo do presente estudo é verificar a presença do efeito da idade relativa entre os


jogadores de futebol no Campeonato Brasileiro das séries A e B no ano de 2013.

MÉTODOS:

Amostra: Para a realização deste estudo, foram analisados os dados referentes à data de
nascimento de 1411 jogadores de futebol que disputaram o Campeonato Brasileiro das
séries A e B de 2013, sendo 667 da Série A e 744 da Série B.
Procedimentos de coleta de dados: Os dados foram coletados através das informações
disponíveis nos sites oficiais dos 40 clubes participantes das competições (20 da série A e
20 da série B) e no site da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)
(http://www.cbf.com.br). As informações coletadas foram comparadas por pareamento
entre estas duas fontes, a fim de se verificar a veracidade dos mesmos. Foram excluídos
da análise os jogadores que foram transferidos para outros clubes antes do período de
coleta de dados e que suas informações ainda se encontravam nos sites oficiais dos clubes
antigos. Outro fator de exclusão se deu quando os dados, comparados em duas fontes
diferentes, apresentaram divergências de informações. Todos os dados coletados foram
mantidos em sigilo e utilizados, apenas, para fins de pesquisa.
Os dados coletados foram armazenados numa planilha Excel e agrupados em
quartis, considerando o mês de nascimento dos participantes: no primeiro quartil (Q1), os
jogadores nascidos entre janeiro e março; no segundo quartil (Q2), entre abril e junho; no
terceiro quartil (Q3), entre julho e setembro; no quarto quartil (Q4), entre outubro e
dezembro.

Procedimentos estatísticos: Foi aplicada estatística descritiva para verificar os valores de


frequência e percentual de participantes por quartil. Para verificar se houve diferença
estatisticamente significativa na distribuição dos dados e para comparação entre os quartis
foi utilizado o teste qui-quadrado (2). Para a análise estatística, foi utilizado o
softwareSPSS 18.0. O nível de significância utilizado no estudo foi p<0.05.
RESULTADOS: Os valores referentes à distribuição dos jogadores por quartil de
nascimento são apresentados na tabela 1. É possível observar que o maior número de
jogadores, tanto na série A quanto na série B nasceu nos primeiros meses do ano. O teste
qui-quadrado (2) revelou diferenças estatisticamente significativas na distribuição dos

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
534

participantes entre os quartis, considerando a amostra total (2(3)=47,344; p<0,001) e entre


os jogadores da serie A (2(3)=28,298; p<0,001) e da série B (2(3)=19,892; p<0,001).
Tabela 1. Frequência (e percentual) de jogadores por quartil de nascimento
Campeonato Quartil 1 Quartil 2 Quartil 3 Quartil 4
Série A1 218 (31,8) 186 (27,9) 145 (21,7) 124 (18,6)
Série B2 227 (30,5) 199 (26,7) 173 (23,3) 145 (19,5)
Total3 439 (31,1) 385 (27,3) 318 (22,5) 269 (19,1)
Diferenças estatisticamente significativas (P<0,005): 1χ2(3)=28,298; p<0,001; 2χ2(3)=19,892; p<0,001;
χ (3)=47,344;
3 2
p<0,001.
Na comparação entre os quartis, foram observadas diferenças estatisticamente
significativas entre Q1 e Q3, Q1 e Q4, Q2 e Q3, e Q2 e Q4, para os jogadores que
participaram do campeonato brasileiro da Série A. Para os jogadores que jogaram a Série
B, foram observadas diferenças significativas entre Q1 e Q3, Q1 e Q4, e Q2 e Q4. Os
resultados são apresentados na tabela 2.
Tabela 2: Valores do teste de qui-quadrado para a comparação entre os quartis de
nascimento dos jogadores da série A e B
Comparação entre Série A Série B
os quartis χ 2
P χ 2
P
Quartil 1 x Quartil 2 1,698 0,192 1,840 0,175
Quartil 1 x Quartil 3 197,361 <0,001* 210,935 <0,001*
Quartil 1 x Quartil 4 382,095 <0,001* 408,151 <0,001*
Quartil 2 x Quartil 3 5,079 0,024* 1,817 0,178
Quartil 2 x Quartil 4 173,600 <0,001* 184,715 <0,001*
Quartil 3 x Quartil 4 1,639 0,200 2,465 0,116
*Diferenças estatisticamente significativas
A distribuição dos participantes pelos quartis de nascimento revelou que a maioria
dos jogadores nasceu nos primeiros meses do ano. Este resultado foi observado tanto entre
os jogadores da série A quanto da série B, o que demonstra uma tendência dos clubes em
favorecer os jogadores nascidos no início do ano, em detrimento aos nascidos nos últimos
meses do ano. Este fenômeno, conhecido como efeito da idade relativa (EIR), tem sido
observado em diversos estudos que analisaram a distribuição dos jogadores de futebol,
considerando a sua data de nascimento, em competições profissionais e nas categorias de
base (HELSEN; VAN WINCKEL; WILLIAMS, 2005; CARLI et al., 2009; DEL CAMPO et al.,
2010).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Para modificar esta realidade, é necessário mudanças nos critérios utilizados pelos
clubes na identificação e seleção de jogadores. É importante avaliar as muitas habilidades
(físicas, motoras, técnicas, táticas, psicológicas) que podem contribuir na identificação um
jogador como talentoso, utilizando critérios cientificamente comprovados.

CONCLUSÕES
Os resultados apresentados no presente estudo revelaram a presença do efeito da
idade relativa entre os jogadores de futebol no Campeonato Brasileiro das séries A e B. É
provável que este resultado seja uma consequência dos critérios utilizados na identificação
e seleção de jogadores pelos clubes, ao longo do seu processo de desenvolvimento, que
favorecem os garotos nascidos nos primeiros meses do ano.

REFERÊNCIAS:
BARNSLEY, R. H.; THOMPSON, A. H.; LEGAULT, P. Family planning: Football style. The
relative age effect in football. International Review for the Sociology of Sport, v.27, n.1,
p.77-87. 1992.
CARLI, G. C.; LUGUETTI, C. N.; RÉ, A. H. N.; BÖHME, M. T. S. Efeito da idade relativa no
futebol. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v.17, n.3, p.25-31. 2009.
DEL CAMPO, D. G. D.; VICEDO, J. C. P.; VILLORA, S. G.; JORDAN, O. R. C. The relative
age effect in youth soccer players from Spain. Journal of Sports Science and Medicine,
v.9, n.2, p.190-198. 2010.
HELSEN, W. F.; VAN WINCKEL, J.; WILLIAMS, A. M. The relative age effect in youth soccer
across Europe. Journal of Sports Sciences, v.23, n.6, p.629-636. 2005.
MUSCH, J.; GRONDIN, S. Unequal competition as an impediment to personal development:
A review of the relative age effect in sport. Developmental review, v.21, n.2, p.147-167.
2001.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
536

COMPETÊNCIAS PSICOSSOCIAIS DE ATLETAS DE BASQUETEBOL FEMININO

Eduardo José Dallegrave / LAPLAF - UDESC


Alexandra Folle / LAPLAF - UDESC
Iris Dantas da Motta / LAPLAF - UDESC
Gelcemar Oliveira Farias / LAPLAF - UDESC
Juarez Vieira do Nascimento / LAPE - UFSC
alexandra.folle@udesc.br

RESUMO: o objetivo deste estudo foi analisar as competências psicossociais de atletas de


basquetebol feminino de um clube tradicional do estado de Santa Catarina. Participaram do
estudo 31 atletas das categorias de base. A coleta das informações foi realizada por meio

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
537

de entrevista semiestruturada, a qual foi analisada por meio da técnica de análise de


conteúdo. As evidências sobre a disciplina com a prática esportiva indicam que as atletas
investigadas demonstram dedicação necessária e disponibilidade para efetuar sacrifícios.
Quanto ao comprometimento esportivo, revelaram como principais motivos de
envolvimento com o esporte a aprendizagem, as influências sociais, as oportunidades e os
interesses pessoais. Ressalta-se que seus objetivos de carreira estão voltados à atuação
profissional, às conquistas coletivas e individuais, bem como às recompensas advindas do
esporte. Por fim, no que se refere à resiliência no esporte, as atletas de basquetebol
revelaram que enfrentaram, em suas jovens carreiras, obstáculos esportivos e de relações
interpessoais. Como estratégias de enfrentamento, destacaram o apoio emocional de
pessoas significativas. Em síntese, os resultados revelam que as competências
psicossociais das atletas de basquetebol feminino se complementam entre os aspectos de
disciplina, comprometimento e resiliência no contexto esportivo.
Palavras-Chave: Disciplina; Comprometimento; Resiliência.

INTRODUÇÃO: As competências psicossociais de atletas se caracterizam como um tema


de extrema relevância para o desenvolvimento e a inserção no contexto esportivo. No
entanto, os estudos sobre o esporte como meio para o desenvolvimento psicossocial ainda
se apresentam escassos na literatura nacional e internacional (PETITPAS et al., 2005),
apesar de sua importância para a ampliação da compreensão e das discussões referentes
à formação do atleta de qualquer modalidade esportiva.
Os estudos encontrados apontam a aquisição de competências e de habilidades
psicossociais de atletas adolescentes no cenário esportivo, as quais são levadas para o
decorrer de suas vidas (GARCIA; MEDEIROS; ZAREMBA, 2011), demonstrando sua
relevância em relação aos cuidados que os treinadores devem ter em relação ao
desenvolvimento das características psicossociais de seus atletas (BOJIKIAN, 2013), ao
mesmo tempo em que indicam que o sucesso no processo esportivo é mediado pelos
aspectos psicossociais (FREITAS et al. 2009).
Neste contexto, Holt e Dunn (2004) ressaltam três competências psicossociais associadas
ao sucesso de jovens atletas no esporte: disciplina (dedicação necessária e disponibildiade
para fazer sacríficios), comprometimento (motivos e objetivos de carreira) e resiliência

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
538

(obstáculos e estratégias de enfrentamento). Além de competências ambientais


relacionadas ao apoio social (emocional, informativo, concreto).
Diante do exposto, o objetivo do estudo foi analisar as competências psicossociais de
atletas de basquetebol feminino de um clube tradicional do estado de Santa Catarina. O
desafio está centrado no entendimento e na mobilização das competências psicossociais
no basquetebol, possibilitando aos treinadores, o poder de qualificar o treino e ampliar
resultados de sucesso.

MÉTODOS: Participaram do estudo 31 atletas de basquetebol feminino de um clube


tradicional do estado de Santa Catarina, com idade entre 11 e 18 anos de idade e
participantes dos campeonatos estaduais mirim (sub13), infantil (sub14), infanto-juvenil
(sub16) e juvenil (18 anos). Na coleta de informações foi utilizada uma entrevista
semiestruturada, pautada nos seguintes temas geradores: caracterização das atletas,
motivos, objetivos, metas, obstáculos e transições na carreira esportiva.
As entrevistas foram realizadas individualmente, gravadas e transcritas na íntegra. O
projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética com Seres Humanos da
Universidade Federal de Santa Catarina. As atletas maiores de 18 anos e os pais das
menores de idade assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
A análise das informações obtidas nas entrevistas foi realizada por meio da técnica de
análise de conteúdo do tipo categorial (BARDIN, 2011), no software QSR NVivo, versão
9.2. As categorias de análise foram elencadas a partir da proposta teórica de Holt e Dunn
(2004), referentes às competências psicossociais de jovens atletas.

RESULTADOS: Os resultados encontrados confirmam que as competências psicossociais


das atletas de basquetebol feminino estão relacionadas à disciplina e ao comprometimento
esportivo, assim como a resiliência necessária para sobrevivência no esporte.
Ao reconhecer a categoria disciplina, como a forma de comportamento necessário para
suportar uma prática esportiva massiva, a qual impõe, muitas vezes, rigorosas exigências
de formação e rendimento sobre jovens jogadores (HOLT; DUNN, 2004), observa-se que
os sentimentos de disciplina das atletas de basquetebol estão, inicialmente, voltados para
a ‘dedicação necessária’ ao esporte, a qual está refletida no fato de precisarem obedecer
a ordens (fazer o que o treinador solicita) para alcançarem um melhor desempenho

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
539

esportivo. Além disso, necessitam demonstrar responsabilidade social relativa à dedicação


e ao empenho cada vez maior após derrotas ou mal desempenho individual. Tais resultados
corroboram a indicação de Holt e Dunn (2004) de que, para ser eficaz no esporte, o jovem
atleta precisa aprender a seguir instruções e tornar-se responsável por seu comportamento,
desenvolvimento e desempenho.
Em termos de ‘disponibilidade para efetuar sacrifícios’, as atletas evidenciaram que
realizam sacrifícios em sua vida pessoal e social em prol do esporte (afastamento de
amigos, interferência nos relacionamentos interpessoais, abrir mão do entretenimento, de
momentos de lazer). Holt e Dunn (2004) enfatizam que muitos sacrifícios são realizados
pelos atletas em sua vida social a fim de prosseguirem para uma carreira esportiva
profissional, especialmente a abdicação de elementos valorizados no estilo de vida de
adolescentes.
O comprometimento esportivo é reconhecido como as forças motivacionais e o apego
psicológico subjacente à busca de uma carreira esportiva (HOLT; DUNN, 2004). Assim, no
que diz respeito ao comprometimento com o esporte, revelou-se diferentes motivos e
objetivos para a carreira esportiva no basquetebol. Os principais ‘motivos’ para o
comprometimento esportivo se relacionam à aprendizagem (o esporte ensina a conviver, a
lidar com os resultados, a ter concentração e paciência), às influências sociais (convívio
com as amigas e com os treinadores, incentivo da família), às oportunidades oferecidas
pela prática esportiva (autonomia financeira, bolsa atleta, bolsa de estudo, viagens,
possibilidade de conhecer outras cidades) e a fatores pessoais (definição da própria
personalidade, desejo de ser atleta, gosto pela prática, meta de vida). Fontes e Brandão
(2013) reforçam a importância atribuída no basquetebol feminino as oportunidades que este
proporciona para se fazer amizades e conhecer lugares com culturas diferentes, situações
que contribuem para acrescentar novas experiências e conhecimentos para a vida de
jovens atletas.
Os principais ‘objetivos de carreira’ retratados pelas atletas vinculam-se, principalmente, a
perspectivas de atuação profissional futura: competir em outros clubes do estado, em outros
estados, no exterior, profissionalmente pelo clube, jogar por lazer. Além disso, as atletas
evidenciam interesses em conquistas coletivas (conquistar títulos estaduais e nacionais,
clube vir a disputar a Liga Nacional Feminina) e individuais (ser atleta destaque, melhorar
o rendimento, ser convocada para seleções estaduais e nacionais), bem como de obtenção

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
540

de recompensas (ganhar dinheiro com o basquete, receber bolsa de estudos na


universidade pelo basquete, viajar e conhecer lugares com o basquete).
Com relação à resiliência, enfatizou-se os obstáculos e as estratégias de enfrentamento
das atletas de basquetebol em suas carreiras esportivas. Para Holt e Dunn (2004),
resiliência reflete a capacidade de o atleta se recuperar depois da adversidade, levando a
superação de obstáculos pessoais e contextuais. Nesse caso, os principais ‘obstáculos’
enfrentados pelas atletas de basquetebol estiveram ligados aos aspectos esportivos, como
a chegada de atletas contratadas, o fato de treinar com atletas mais experientes, o desgaste
físico provocado pelo excesso de treinamento e competições, o corte de seleção estadual
e as lesões. Deste modo, as ‘estratégias de enfrentamento’ para superação destes
obstáculos, enfrentados no cenário esportivo, corresponderam ao apoio emocional, advindo
do incentivo da família, das colegas de equipe e do treinador e a realização de sessões de
fisioterapia.
Os obstáculos na carreira de um atleta se configuram assim como o confronto com barreiras
que estes são obrigados a superar na busca do sucesso, enquanto as estratégias de
enfrentamento se remetem ao gerenciamento das pressões, dos constrangimentos e dos
momentos negativos em situações de treinamento e competição (HOLT; DUNN, 2004).
Neste contexto, os resultados encontrados se assemelham a proposição de Fontes e
Brandão (2013, p. 158), de que um “processo bem-sucedido no esporte se refere ao
desenvolvimento e a manutenção de determinadas atitudes e comportamentos que são
conseguidos através do controle de processos relacionados com a busca de objetivos
esportivos.
Nesse sentido, a escolha dos objetivos de ação para lidar com as adversidades, com o
sucesso e o fracasso no esporte” deve ser sempre levada em consideração. Diante disso,
reforça-se que o esporte tende a trazer desafios e dificuldades para os atletas, tornando-se
a resiliência uma competência fundamental neste contexto (TROMBETA, 2000).

CONCLUSÃO: As distintas competências psicossociais das atletas de basquetebol,


analisadas neste estudo, realmente estão relacionadas aos aspectos referentes à
disciplina, ao comprometimento e à resiliência no esporte.
Os resultados obtidos no estudo servem para que os treinadores possam qualificar seus
treinos, centrados na estimulação das competências psicossociais com a finalidade de

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541

expandir e atingir resultados de sucesso. Assim como, as informações obtidas permitem a


sugestão de realização de novos estudos que intensifiquem o olhar das comunidades
científica e esportiva sobre as competências psicossociais de atletas de diferentes
modalidades e níveis competitivos, no intuito de ampliar as discussões em torno das
contribuições do esporte para o desenvolvimento destas competências no cenário
competitivo.

REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011.

GARCIA, R.P.; MEDEIROS, C.; ZAREMBA, R.S. Desenvolvendo competências de vida


através do esporte: relato de uma experiência. Revista Brasileira de Psicologia do
Esporte. v. 4, n. 1, p. 2-14, 2011.

BOJIKIAN, L.P. Processo de formação de atletas de voleibol feminino. 2013. 223 f.


Tese (Doutorado em Educação Física) – Escola de Educação Física e de Esporte,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

FONTE, R.C.C.; BRANDÃO, M.R.F. A resiliência no âmbito esportivo: uma perspectiva


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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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O PROGRAMA SESC DE ESPORTES E A METODOLOGIA DE ENSINO-


APRENDIZAGEM PARA JOVENS DE 11 A 15 ANOS DE IDADE
Paulo Henrique Verardi / Sesc - SP
verardi@scarlos.sescsp.org.br

RESUMO: O Sesc é uma Instituição de caráter privado, cuja missão é promover o bem-
estar social e a melhoria da qualidade de vida de seu público prioritário e de toda a
coletividade. Para tanto desenvolve ações em variadas áreas, entre elas a esportiva. Assim
sendo, lança em 2012 o Programa Sesc de Esporte que atende diferentes faixas etárias.
O Programa Sesc Jovem conta com participantes divididos em 2 módulos: 11 e 12 e 13 a
15 anos. No 1, busca-se a “aprendizagem diversificada de modalidades esportivas”; no 2,
a “automatização e refinamento da aprendizagem dos conteúdos das fases anteriores,
buscando a fixação em uma só modalidade esportiva”. Baseado nessa metodologia o

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Programa tem como objetivo geral possibilitar aos jovens a prática sistematizada de
modalidades esportivas efetivadas através de procedimentos pedagógicos que
potencializem as possibilidades educacionais e formativas do Esporte; e como objetivo
específico possibilitar a adoção de procedimentos pedagógicos adequados para processos
de ensino, vivência e aprendizagem de modalidades esportivas.
Já participaram do Programa cerca de 800 jovens em especial em São Paulo e nas cidades
do litoral e interior.
Pode-se concluir que o Programa tem alcançado uma importante abrangência e tem
contribuído para a discussão de trabalhos na área.

Palavras chaves: Esporte Pedagogia do Esporte Programa de Ensino-aprendizagem

INTRODUÇÃO: O Sesc Serviço Social do Comércio, é uma Instituição de caráter privado,


sem fins lucrativos, criado em 1946 por iniciativa dos empresários do setor do comércio de
bens e serviços e turismo que o mantêm e administram. Sua missão é promover o bem-
estar social, a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento cultural do trabalhador
no comércio de bens e serviços e turismo e de seus dependentes.
Do ponto de vista do Sesc, no entanto, a noção do bem estar social deve ter amplitude
suficiente para conter, além da superação das necessidades materiais imediatas, o
movimento de incorporação, por parte dos indivíduos, das virtudes e valores da cidadania.
Cidadania expressa antes de mais nada pelo desejo de participação, pelo conhecimento da
realidade e vontade de atuar positivamente sobre a mesma. É por isso que a instituição,
assume também um projeto sócio cultural cujas ações e resultados estende-se não só a
seu público prioritário “como à toda coletividade”.
Baseado nessas diretrizes o Sesc São Paulo desenvolve diferentes “Programas” no campo
artístico, da saúde, das atividades físicas e esportiva, voltadas para as diferentes faixas
etárias em 35 centros culturais e desportivos (Unidades Operacionais) construídos para tal
fim. São espaços que valorizam a convivência, a troca, a aprendizagem e, também, o
descanso, o Lazer. A Educação permanente, o atendimento qualificado e a democratização
da cultura são valores basilares e que conduzem cada um dos programas.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Assim sendo, conta também com um programa específico para a questão da Atividade
Física e do Esporte. Trata-se do “Desenvolvimento Físico-Esportivo”. Tal programa é
baseado no processo de educação permanente e não formal e objetiva a ampliação do
repertório motor de seus participantes; busca ainda o incentivo à prática autônoma da
atividade físico-esportiva e também a conscientização sobre a importância da inclusão de
exercícios físicos na agenda diária das pessoas.
No referido Programa o Esporte tem como sua essência o “Esporte para Todos”; assim, o
Sesc São Paulo entende a atividade física e o Esporte enquanto manifestações culturais;
busca a inclusão pelo e para o Esporte; vislumbra no Esporte, o seu conceito mais amplo:
o da Qualidade de Vida; e prioriza também, a difusão da Prática Esportiva e Memória do
Esporte.
Baseado nesses conceitos o Sesc São Paulo busca a adoção de uma ação permanente
ligada a prática esportiva, entendendo-a como um importante campo para a difusão de
princípios como integração, respeito à diversidade e inclusão social. Incentiva assim a
prática inclusiva e prazerosa do Esporte entre todas as pessoas. Tais atividades são
sempre voltadas para o bem-estar e o desenvolvimento integral dos indivíduos e são
desenvolvidas de acordo com a faixa etária e os interesses do participante.

No ano de 2012, o Sesc São Paulo visando um realinhamento de conceitos e linhas de


ação a respeito do Esporte na Instituição, a unificação das linguagens, nomenclaturas e
faixas etárias e buscando efetivar a adoção de atividades que contemplassem a oferta de
modalidades esportivas para as faixas etárias envolvidas, lança o “Programa Sesc de
Esportes”.
No referido programa, a Educação ocorre por meio do Esporte e para o Esporte. Brincar,
aprender, competir, jogar e divertir são elementos presentes no universo dos esportes;
prática humana promovedora de infinitas trocas simbólicas, favorável à formação de
pessoas e à construção da cidadania. Um estímulo prazeroso para a conquista da
autonomia corporal, a melhoria da qualidade de vida e o aprendizado de novas habilidades
e expressões corporais.
Assim sendo, o Programa em questão passa a ser desenvolvido dentro da seguinte
formatação: Esporte Criança (3 a 6 anos); Esporte Criança (6 a 10 anos), Esporte Jovem

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(11 e 12 anos); Esporte Jovem (13 a 15 anos); Esporte Adulto (16 a 59 anos) e Esporte
para Idosos (acima de 60 anos de idade).

A partir das colocações feitas até aqui, descreveremos como o Sesc São Paulo entende a
prática do Esporte para jovens da faixa etária dos 11 aos 15 anos de idade.

Como mencionado, tal ação é denominada de “Esporte Jovem”. O referido Programa é


baseado em pressupostos conceituais que buscam estudos e autores que caracterizam e
estabelecem as fases do desenvolvimento em que se encontra a criança/adolescente e
suas respectivas características; e que orientam sobre a prática sistematizada de
modalidades esportivas, que serão descritas a seguir.

Nos dias atuais, observa-se um aumento considerável nas discussões sobre as


metodologias de ensino-aprendizagem dos Esportes. Nesse sentido, observa-se o grande
número de reflexões a respeito da ação conhecida como iniciação esportiva. Vários autores
apresentam propostas visando a busca de novos procedimentos pedagógicos, com vistas
a facilitar esse processo (BAYER 1994, MESQUITA 1997, GARGANTA 1998, BOTA, I. e
COLIBABA-EVULET, D. 2001, PAES e BALBINO 2005, REVERDITO e SCAGLIA 2009)
Nesse sentido surgem questões que devem nortear um trabalho de iniciação esportiva, a
saber: O que ensinar na iniciação esportiva? Para quem ensinar? Como ensinar? Em que
medida o Esporte pode contribuir para a formação de seus participantes?
Baseado nesse contexto, o Programa Sesc Jovem pretendeu, pautado na missão e
experiência da Instituição bem como nos conceitos apresentados por autores da área,
destacar a importância em se adotar a “diversificação de movimentos como uma proposta
pedagógica no processo de ensino e aprendizagem dos Esportes, preocupada em atribuir
ao fenômeno Esporte uma função educativa e que tem o Jogo como instrumento facilitador
desse processo”.

Assim sendo, observa-se que autores como Paes, Montagner e Ferreira (2009)
apresentam a iniciação esportiva como o primeiro contato do participante, em especial da
criança e adolescentes com qualquer que seja o Esporte.
Para Paes (2001), seus fundamentos, princípios, características, regras e movimentações
devem ser, aos poucos, apresentados de maneira simples e num nível de exigência com
as capacidades do participante que está iniciando um novo processo; deve também ter
características que a afastam do plano unicamente recreativo tanto como do esporte de
competição que busca resultados imediatos.
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Para Greco e Benda (1998) e Paes (2001), uma proposta que visa ao planejamento da
prática do Esporte deve priorizar o desenvolvimento dos seus praticantes em etapas e fases
que percorrem desde a iniciação até o profissionalismo. Assim sendo, para os referidos
autores, o aprendizado das práticas esportivas para crianças e adolescentes deve respeitar
as fases de desenvolvimento humano e a atividade motora aplicada a este público.

Assim, dentro do programa Sesc Jovem, a etapa de iniciação dos esportes é um período
que abrange desde o momento em que as crianças iniciam-se nos esportes até a decisão
por praticarem uma modalidade específica. Desta maneira, os conteúdos devem ser
ensinados respeitando-se cada fase do desenvolvimento dos jovens. Sendo assim, optou-
se por dividir essa etapa de iniciação esportiva em 2 fases (ou Módulos), sendo que cada
fase possui objetivos específicos que posteriormente serão apresentados.

No Módulo 1 (11 e 12 anos de idade), a fase de iniciação esportiva é marcada por


oportunizar aos jovens à aprendizagem de várias modalidades esportivas.
Em conformidade com essa idéia, encontra-se os estudos de Paes (1989) que ressalta que
nesse período, deve proporcionar ao participante o conhecimento de diferentes
modalidades, devendo sua prática ser organizada em decorrência a um tempo pedagógico
adequado, respeitando as características da faixa etária do aluno, bem como da fase de
ensino da qual o aluno faz parte.
O referido autor ainda, assinala essa fase como generalizada, na qual pretende-se a
aquisição das condições básicas de jogo ao lado de um desenvolvimento psicomotor
integral, possibilitando a execução de tarefas mais complexas.
De acordo com a literatura, os iniciantes devem participar de jogos e exercícios, advindos
dos esportes específicos e de outros, que auxiliem a melhorar sua base multilateral e no
preparo com a base diversificada para o esporte escolhido. As competições devem ter
caráter participativo e podem ser estruturadas para reforçar o desenvolvimento das
capacidades coordenativas e das destrezas, melhorando a técnica do movimento
competitivo, vivenciando formações táticas simples. Deve-se buscar, a aprendizagem
diversificada e motivacional, visando ao desenvolvimento geral. Essa fase se confere muita
importância à auto-imagem, socialização e valorização, por intermédio dos princípios
educativos na aprendizagem dos jogos coletivos (Paes, 2001).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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No Módulo 2 (13 a 15 anos), a fase de iniciação esportiva é marcada por oportunizar aos
jovens à escolha da prática de uma única modalidade esportiva.
Para Paes (2001), nessa fase o jovem procura por si só, a prática de uma ou mais
modalidades esportivas por gosto, prazer, aplicação voluntária e pelo sucesso obtido nas
fases anteriores. Neste sentido, os atributos pessoais parecem ser fundamentais para o
aperfeiçoamento das capacidades individuais. A idade e o biótipo, além da motivação, são
características determinantes para a opção por uma ou outra modalidade na busca da
automatização e refinamento da aprendizagem dos conteúdos das fases anteriores,
buscando a fixação em uma só modalidade.

Segundo o referido autor ainda, em relação às habilidades motoras, essa fase deve buscar
a automatização e refinamento do que foi aprendido e acrescenta as situações de jogo e
sistemas táticos, os quais, aliados à técnica, visam ao aperfeiçoamento das condições
gerais da formação do atleta, na qual os conteúdos de ensino equilibram-se entre exercícios
e jogos com o objetivo de ensinar habilidades "técnicas específicas", que são o modo de
fazer aliado à "tática específica", a razão de fazer

Nesse sentido e em relação à pedagogia da iniciação esportiva, Paes (2001) aponta o “jogo
possível" como um importante instrumento de uma pedagogia do esporte; como uma
possibilidade de ensinar jogos desportivos coletivos, pois o mesmo pode propiciar aos
alunos o conhecimento e a aprendizagem dos fundamentos básicos das modalidades
coletivas, considerando seus valores relativos e absolutos, e também aprenderem de
acordo com suas possibilidades materiais (locais de aprendizagem). Para o autor ainda, tal
procedimento, proporciona a motivação por parte dos praticantes, para que os mesmos
tomem gosto e possam usufruir a prática esportiva, como beneficio para melhor qualidade
de vida, caso seus talentos pessoais não despertem o sucesso atlético.
Assim sendo, o autor em questão, apresenta uma proposta para o ensino dos jogos
coletivos, tomando como referência a idéia do jogo. Considerando então os esportes
coletivos a partir de suas semelhanças estruturais, para o autor deve-se garantir nas fases
iniciais a aquisição por parte dos alunos dos princípios operacionais dos esportes coletivos,
para, em seguida, desenvolver as regras de ação e as atitudes específicas de cada
modalidade. Segundo Paes, Montagner e Ferreira (2009) dessa forma, o aluno conseguirá

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transferir os princípios operacionais para outras situações de jogo e outras modalidades; a


partir dessa metodologia, evita-se a especialização precoce em uma modalidade esportiva,
além de incentivar no aluno a inteligência tática, que garantirá um acesso ao conhecimento
esportivo de forma criativa e autônoma. Para o autor ainda, é por isso que tal pedagogia
constitui um processo que solicita ao máximo os poderes de decisão do aluno a sua reflexão
tática; o aluno mais do que reproduzir certos gestos esportivos deverá se comportar
ativamente no jogo, compreendendo as razões de fazer determinados movimentos.

Uma última questão que orienta a construção conceitual do Programa SESC Jovem, aponta
para uma discussão da pedagogia da iniciação esportiva, destacando a importância de se
dar ao Esporte um “tratamento educativo”.
Uma forma muita utilizada, por ações de iniciação esportiva, é aquela que baseia-se
no ensino tendo por parâmetro a prática de equipes de alto rendimento. Tal ação tem se
apresentado com inúmeros pontos discutíveis e muitas vezes tem sido apontados através
da denominação de especialização precoce. Essa, busca de forma equivocada a plenitude
atlética em crianças ainda em formação, privilegia a competição exacerbada, definição
precoce do esporte a ser praticado, a especialização esportiva precoce, a pressão
psicológica exercida pelos pais e técnicos e a singularidade dos treinos ou aulas limitando
um desenvolvimento que deveria ser o mais amplo possível (PAES, MONTAGNER E
FERREIRA, 2009)

Uma pedagogia do Esporte voltada para o aprendizado do esporte educacional, não pode
ter uma finalidade em si mesma, mas sim ser uma etapa no processo de formação do
participante.

Adotando-se um referencial sócio-educativo, a iniciação esportiva poderá diferenciar o


trabalho com crianças e adolescentes enquanto estivermos pensando num processo de
ensino e aprendizagem na perspectiva de formarmos cidadãos, sem cometermos o
equivoco de darmos ao fenômeno esporte um tratamento singular, restringindo suas
possibilidades à formação de atletas.

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Segundo Paes, Montagner e Ferreira (2009) a todo momento devemos refletir na formação
esportiva específica de crianças e adolescentes buscando contribuir na sua formação
enquanto cidadãos. Para esse autor ainda, os educadores devem ter o conhecimento para
avaliar quando, e de que modo atuar com a especialização esportiva, com o objetivo a longo
prazo, visando um homem mais equilibrado e melhor preparado para o futuro. Além disso,
o autor coloca que, a meta é dar a esse homem a oportunidade de ser um amante do
esporte ou um profissional desse esporte, desde que tenha condições psíquicas, uma
preparação física adequada, e um apoio financeiro; como amante do esporte, deve ter
adquirido boas experiências, aumentando o seu acervo motor e guardado boas
recordações de convívio com outros indivíduos; dessa forma, terá obtido uma contribuição
da prática esportiva que incorporou à sua vida.

Diante do exposto O Programa Sesc Jovem tem como “Objetivo Geral”: possibilitar aos
jovens a prática sistematizada de modalidades esportivas efetivadas através de
procedimentos pedagógicos que potencializem as possibilidades educacionais e formativas
do Esporte.
E como “Objetivo Específico”: possibilitar a adoção de procedimentos pedagógicos
adequados para processos de ensino, vivência e aprendizagem de modalidades esportivas.

MÉTODOS: A partir das colocações anteriores, descreveremos a seguir como é a


metodologia de aplicação do “Programa Sesc Jovem”.
Como mencionado, o Programa atende jovens da faixa etária dos 11 aos 15 anos de idade,
divididos em 2 módulos (grupos): o Módulo 1 (11 e 12 anos) e o Módulo 2 (13 a 15 anos).

No Módulo 1, busca-se a “aprendizagem diversificada de modalidades esportivas, dentro


de suas particularidades”.
Assim sendo, o jovem irá participar de Modalidades Esportivas Básicas; Modalidade
Esportiva Complementar e Modalidades Esportivas Adicionais.

Para que a aprendizagem diversificada de modalidades esportivas seja proporcionada ao


participante, ocorre um “rodízio” entre as atividades, permitindo a realização de
modalidades Básicas, a Complementar e as Adicionais e no decorrer do processo

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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denominado de “ciclo” e que tem a duração de 6 semanas. Tal ação visa possibilitar a
adoção de uma ação processual na transição entre o Esporte Criança e o momento de
escolha de uma modalidade específica (Módulo 2), que será descrita posteriormenter.

Nas “Modalidades Esportivas Básicas”, são oferecidas quatro (4) modalidades escolhidas
pelas Unidade Operacionais do Sesc. Essas são preferencialmente coletivas, estabelecidas
a partir de estudos referentes à demanda, características de espaço físico/esportivo e perfil
dos professores. Ainda que apresentam uma maior visibilidade junto ao público alvo e
apresentam maior potencial para atendimento por parte das Unidades.
Tais modalidades esportivas, representam a maior carga horária / tempo de prática, ou seja,
4h por ciclo (16h total). Tal ação objetiva garantir a transição entre as fases anteriores e
posteriores do Programa (como mencionado anteriormente). Exemplos de atividades
desenvolvidas nas Unidades: Handebol, Basquete, Futsal, Voleibol, Natação, Tênis de
Campo.

Já a “Modalidade Complementar” adotada, trata-se do “Atletismo”. Entende-se que a


mesma proporciona uma formação motora importante para a prática de um esporte
específico posterior. E ainda, garante de a continuidade da prática dessa modalidade nas
Unidades Operacionais do Sesc. Essa tem uma carga horária intermediária, ou seja, 2h por
ciclo. Vale salientar que a prática dessa modalidade também garante a transição entre os
programas e deve ser Adaptado às características de espaço das Unidades (pois somente
algumas possuem campo/espaços específicos para a prática da modalidade)

As “Modalidades Adicionais”, são estabelecidas a partir de estudos das características dos


espaços das Unidades e perfil dos professores. Podem apresentar uma menor visibilidade
junto ao público alvo e menor potencial posterior para atendimento por parte das Unidades.
Possuem a menor carga horária, ou seja, 1h por ciclo. Devem ser efetivadas através de
“vivências” em modalidades esportivas. Nessa caso também, entende-se que as mesmas
garantem a transição entre os Programas. Alguns exemplos são: Natação, Tênis de Campo
/ Badminton, Futevôlei, Peteca, Tênis de Mesa / Modalidades Paralímpicas / Esportes
Diferenciados.

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Para que a prática diversificada de modalidades esportivas seja proporcionada ao


participante, ocorre um “rodízio” entre as atividades, permitindo a realização de
modalidades Básicas, a Complementar e as Adicionais e no decorrer do processo
denominado de “ciclo” e que tem a duração de 6 semanas. Tal ação visa possibilitar a
adoção de uma ação processual na transição entre o Esporte Criança e o momento de
escolha de uma modalidade específica (especialização), que será descrita posteriormente.

Quanto a “periodicidade e duração” das atividades, essas acontecem por duas vezes na
semana e por 2 horas por turma. O “número de participantes” x “professores” é de até 30
participantes por grupo/turma e conta com 1 professor por grupo/turma. A “inscrição” para
participação no Programa é anual, sendo que o jovem se matricula no módulo, escolhendo
a turma (terça e quinta ou quarta e sexta);

No Módulo 2, objetiva-se a “automatização e refinamento da aprendizagem dos conteúdos


das fases anteriores, buscando a fixação em uma só modalidade esportiva”.
Para tanto, o jovem irá participar de “Modalidades Esportivas Eletivas”. Essas são
escolhidas pelo participante de acordo com a oferta de cada Unidade e são estabelecidas
a partir de estudos referentes à demanda, características de espaço físico/esportivo e perfil
dos professores. Alguns exemplos são: Handebol, Vôlei, Basquete, Futsal / Natação, Tênis
de Campo / Badminton, Futevôlei, Peteca, Tênis de Mesa / Modalidades Paraolímpicas /
Esportes Diferenciados.

Quanto a “periodicidade e duração” das atividades, essas acontecem por duas vezes na
semana e por 2 horas por turma. O “número de participantes” x “professores” é de até 30
participantes por grupo/turma e conta com 1 professor por grupo/turma. A “inscrição” para
participação no programa é anual, sendo que o jovem se matricula escolhendo a
modalidade específica.

Ainda, em acordo com os autores citados anteriormente, a participação do jovem no


Programa deve prever a realização de competições esportivas, com as seguintes
características: Módulo 1 (11 e 12 anos) - “prever a realização de jogos, festivais internos
ou com equipes/instituições convidadas”; Módulo 2 (13 a 15 anos) - prever a realização de

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jogos, festivais internos, locais e preferencialmente encontros entre os Programas similares


das diversas Unidades do Sesc.

Também baseado nos autores citados anteriormente, o Programa busca como Estratégias
Pedagógicas, “diversificar as estratégias de ensino sendo”, a saber: jogo formal; jogo
reduzido; jogos pré-desportivos; situações de jogo; brincadeiras; exercícios sincronizados
e exercícios Analíticos (em menor escala). (PAES e BALBINO, 2005). Ainda buscam
priorizar, no processo pedagógico, a utilização do jogo e de situações problemas por
entender que essas apresentam como ganhos adicionais:possibilitam adaptações;
envolvem o pensar e o agir; a autonomia, a criatividade, a diversificação e a ludicidade.
(PAES e BALBINO, 2005).

Nesse mesmo sentido, a efetivação do programa prevê a realização de “Reunião de Pais”


(no início das atividades no ano e preferencialmente semestrais). Tal ação visa alinhar o
conhecimento, as expectativas e a apresentação/discussão da avaliação do Programa/e
participante. Nesse mesmo sentido, ocorre ainda a partir de uma reflexão sobre as
possíveis articulações entre o ensino do Esporte e os Temas Transversais, a - Participação
dos jovens em atividades como Campanhas de Higiene e Saúde Bucal, Dia Mundial de
Combate da Aids e Virada Inclusiva (exemplos de ações cotidianamente desenvolvidas nas
Unidades do Sesc São Paulo).

O Programa também entende ser necessário a realização de um “Acompanhamento


Longitudinal” (avaliação) dos participantes. Assim objetivando a obtenção de dados da
participação do jovem no decorrer do processo de participação no Programa, são efetivadas
a: Avaliação inicial e Avaliação final (anual).
Tal ação visa o “acompanhamento do desenvolvimento motor dos participantes”, o
“acompanhamento do desenvolvimento de habilidades esportivas” e o “acompanhamento
da participação social do participante do Programa. Tais pontos mencionados foram
estabelecidos a partir das colocações apresentadas por Rosseto Junior, Costa e D’Angelo
(2008).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Vale salientar também que, para a implantação do referido Programa, foi desenvolvido e
aplicado um “plano de capacitação dos professores” do Regional São Paulo envolvidos no
processo, baseados na divisão do próprio Programa e suas faixas etárias (processo
ocorrido no ano de 2012). E que atualmente, ainda estão sendo realizadas capacitações
para reflexões e alinhamento do Programa. Ainda, como citado anteriormente, o Programa
Sesc de esportes (e o Sesc Jovem) foi lançado em 2012, mas considera-se para tempo de
realização plena, devido as adaptações necessárias para a sua implantação, o período a
partir de 2013.

RESULTADOS: Já participaram do Programam Sesc Jovem em seus 2 anos e meio de


realização, cerca de 800 jovens em especial na capital do Estado de São Paulo e nas
inúmeras cidades onde o Sesc possui suas Unidades Operacionais no litoral e interior do
Estado.
Vale salientar ainda que, a partir das discussões, reflexões e experiências práticas
apresentadas a partir da efetivação do referido programa, foi realizado em 2014 na Unidade
Operacional do Sesc na cidade de São Carlos, o “I Encontro de Práticas Pedagógicas do
Esporte”. Estiveram presentes a ele, nomes de peso ligados as áreas docentes (inclusive
internacional, vindo de Portugal), artística, esportivas e à entidades representativas. Contou
com a participação de cerca de 300 graduandos e profissionais das áreas da Educação
Física e Esporte, oriundos de diferentes cidades de todo o Brasil.

CONCLUSÃO: O trabalho desenvolvido pelo Sesc SP se baseia nos princípios que


orientam as atuações da entidade, possibilitando ações de democratização do acesso à
atividades esportivas, culturais, artísticas e de desenvolvimento/inclusão social.
Proporcionam o envolvimento e incentivo a participação em programações que o Sesc
oferece, bem como buscam a melhoria da qualidade de vida das pessoas que dele
participam.
Considerando as informações anteriormente apresentadas, pode-se concluir que o
Programa Sesc Jovem tem alcançado uma importante abrangência e tem logrado status de
referência de trabalho na área da pedagogia do esporte em especial para o ensino-
aprendizado de modalidades esportivas por jovens de 11 a 15 anos de idade; ainda, tem
contribuindo e colaborado para a melhoria e sedimentação da divulgação das informações

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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que estimulam a melhoria da qualidade de vida das pessoas que dele participam, bem como
estimulado a consolidação dos campos de conhecimento na área e atuação profissional
que a cada dia se expande no nosso país.

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Aprendizagem. São Paulo: Phorte, 2008

VARIÁVEIS TÉCNICO-TÁTICAS OFENSIVAS E DEFENSIVAS DETERMINANTES


PARA O ÊXITO NA CATEGORIA SUB-13 DO BASQUETEBOL FEMININO SEGUNDO
OS TREINADORES
Letícia Missura Ariosi / EEFERP-USP
Mayara Gonçalves Madeira / EEFERP-USP
Márcio Pereira Morato / EEFERP-USP
Rafael Pombo Menezes / EEFERP-USP
leticia.ariosi@usp.br / rafaelpombo@usp.br
RESUMO: O objetivo do estudo foi identificar os conteúdos defensivos e ofensivos
considerados mais importantes por treinadores semifinalistas do Campeonato Paulista de
Basquetebol feminino (categoria sub-13). Optou-se pela entrevista semiestruturada e os
discursos foram tabulados e analisados a partir do método do Discurso do Sujeito Coletivo.
Os resultados revelaram que dentre os conteúdos ofensivos são priorizados: a) elementos

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
556

táticos; b) posicionamento e sistemas de jogo; c) elementos técnicos; d) jogadas ensaiadas.


Dentre os conteúdos defensivos os resultados apontam: a) elementos táticos; b) visão
periférica; c) aspectos técnicos e deslocamentos. Conclui-se que os treinadores priorizam
dentre as fases ofensivas e defensivas que seus jogadores consigam entender o jogo do
ponto de vista tático, além de conseguir realizar os elementos técnicos e técnico-táticos
efetivamente.
Palavras-chave: Pedagogia do Esporte; Basquetebol; Conteúdos.

INTRODUÇÃO: No contexto dos jogos esportivos coletivos os jogadores devem tomar suas
decisões de acordo com as fases do jogo, respeitando seus princípios operacionais
(BAYER, 1994). Para que se tenha uma melhor compreensão dos fatores que estão
relacionados ao rendimento dos jogadores é importante ouvir a opinião dos treinadores
sobre diferentes aspectos do esporte (MENEZES; MARQUES; NUNOMURA, 2015).
Aprimorar diferentes capacidades relacionadas ao processo de tomada de decisão
dos jogadores, a partir dos parâmetros provenientes da opinião dos treinadores, pode
fornecer indicativos para planejar e controlar os treinamentos, aproximando-os do contexto
do jogo. Nesse panorama, o objetivo desse estudo foi identificar os conteúdos defensivos
e ofensivos mais relevantes para a categoria sub-13, a partir da opinião de treinadores
semifinalistas de importante competição do Estado de São Paulo.

MÉTODO: A amostra foi constituída por quatro treinadores semifinalistas do Campeonato


Estadual de Basquetebol da categoria sub-13 feminina (promovido pela Federação Paulista
de Basketball), com idade média de 45 (±8,4) anos e que possuem 20,3 (±11,3) anos de
experiência profissional. Nesta pesquisa de caráter qualitativo foi utilizada a entrevista
semiestruturada como instrumento para a coleta dos dados (depoimentos dos treinadores),
partindo de questionamentos pré-estabelecidos relacionados à temática dos conteúdos
ofensivos e defensivos mais relevantes para a categoria. Para tabular e analisar os
discursos foi utilizado o método do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) (LEFÈVRE;
LEFÈVRE, 2003). Para isso, foram identificadas três figuras metodológicas: a) ideias
centrais (IC - descrição sucinta e objetiva do sentido de um determinado discurso sobre
uma temática); b) expressões-chave (ECH - transcrições literais de trechos do discurso,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
557

que revelam a essência desse); e c) DSC (discurso-síntese em primeira pessoa) com as


ECH que possuem mesma IC) (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os DSC elaborados foram agrupados em duas categorias:


ofensiva e defensiva. Considerando a análise dos parâmetros do jogo ofensivo a opinião
dos treinadores revelou quatro DSC, sendo que no DSC1 os treinadores aludem à
importância de desenvolver diferentes elementos táticos, como a circulação da bola, o corta
luz e o passa e vai:
DSC1: A gente trabalha muito a bola rodada, a bola não para na mão S1. Quanto mais
parada na quadra, mais fácil de ser marcada, e pra isso tem alguns exercícios de fintas
específicos de laterais. A movimentação é o básico, porque estando livre você vai receber
a bolaS4. Ensino passe vai, passe cruza, corta luz, que é uma coisa simples S2 pra menina
se livrarS4. É saber o que elas fazem quando recebem a bola: ‘arremesso, passo ou driblo’?
E a que tá sem bola tem que saber respeitar o espaço da outra pra todo mundo jogar S2.
Todo mundo tem que movimentar, não é porque eu que tô livre na primeira que vou
arremessar; tem 24 segundos pra trabalhar a bola e a que estiver mais bem posicionada é
quem vai finalizarS1.

Ao apontar esses elementos os treinadores se preocupam com a sua utilização no


ambiente do jogo, com a presença da oposição e em diferentes situações do próprio jogo,
além da percepção do ambiente para a tomada de decisão. Outra preocupação se remete
à ocupação dos espaços da quadra pelos jogadores, permitindo ao jogador em posse da
bola identificar a melhor opção para dar continuidade ao jogo ofensivo. No DSC2 é
enfatizado o posicionamento dos jogadores, complementando o DSC1, e os sistemas de
jogo, enfatizando o fato de aprender a jogar de forma organizada:
DSC2: Ensino passo a passo, dando as regras dos sistemas e mostrando o valor que o
sistema tem e principalmente o poder de decisão que elas têm através de um sistema.
Dentro de uma jogada [ensaiada] elas não têm [poder de decisão], que é uma coisa
fechada, uma coisa que deve ser feita daquela maneira sempre S3. Cada uma tem que
aprender a jogar no seu espaço, saber respeitar o espaço da outra, gosto do sistema 4
abertos e 5 abertos e de forma que eu chamo de carrossel S2; começa a ensinar alguns
sistemas de ataques mais trabalhados organizadamente S4. A menina que joga na lateral
tem que entrar e sair, descer, entrar e sair, fazer o triângulo, se a menina tá na lateral, fazer
o corta-luz pra ela subir livre. Aí já é um sisteminha de jogo simples, mas vai trabalhando
em partes pra chegar no todo S4. Se você utiliza um sistema acaba deixando a jogadora
mais inteligente, ela lê a defesa pra saber o que fazer, pra saber o que executar S3.

É importante que os jogadores possam entender o jogo para que assim se


contextualizem no cenário tático que o mesmo se encontra. As relações de oposição e

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
558

cooperação existentes no jogo (GARGANTA, 1998) influenciam diretamente o


posicionamento do ataque e os sistemas ofensivos, fazendo com que os jogadores
entendam: a necessidade de jogar no seu espaço, o respeito ao espaço do companheiro e
o processo de tomada de decisão dentro de uma possível jogada ensaiada. Já no DSC3 os
treinadores apontam a importância dos elementos técnicos durante o jogo:
DSC3: Os fundamentos de finalização, passe, drible devem ser bons e os jogadores
precisam entender o sistema que foi apresentado pra eles S3. Os passes tem que ser muito
bem feitos, tem que ser precisosS1.

Nessa fase há a necessidade de desenvolver diferentes habilidades, específicas ou


não do basquetebol, portanto o processo de ensino-aprendizagem-treinamento (EAT) deve
ser pautado em múltiplos estímulos e em vivências variadas, proporcionando
aprimoramento dos repertórios motor e cognitivo, sem visar à especialização precoce
(CÔTÈ; BAKER; ABERNETHY, 2007). Por fim, no DSC4 é apontada a necessidade de
ensinar jogadas ensaiadas como base do processo ofensivo:
DSC4: Tem que trabalhar muita movimentação de bola, muitas jogadas. As jogadas que a
gente dá não são assim ‘várias jogadas’, mas assim com várias variações que o próprio
atleta pode criar aliS1.

O jogo pautado nessa ênfase apresenta baixa possibilidade de ter sucesso, uma vez
que o complexo cenário do jogo não permite que comportamentos se repitam a todo o
momento de maneira determinista (MENEZES, 2012). Desenvolver comportamentos
estereotipados pode dificultar a compreensão do cenário do jogo, caso os adversários
adotem procedimentos diferentes daqueles padronizados ao “ensaiar uma jogada”.
No tocante às variáveis defensivas, o DSC5 aponta a importância dada pelos
treinadores para o desenvolvimento de diferentes elementos táticos defensivos:
DSC5: Criança quando começa cada um marca o seu e vice-versa, a gente não cobra
muito. Depois que adianta um pouquinho mais, começa a pedir ajuda; vai aumentando as
responsabilidades da criança. Então, qual era a sua principal responsabilidade? Era marcar
só a sua jogadora, não era? A partir de agora além de marcar a sua jogadora você tem que
ajudar a sua companheira e recuperar a suaS4. Na fase da iniciação a criança fica muito no
corta-luz, até aprender a cobrir isso leva muito treino, só com muito treino S1. Invento vários
exercícios táticos para que elas vão entendendo como se deslocar e como ter uma ideia de
que a defesa deve trabalhar; uso o termo ‘lado da bola’ e ‘lado da ajuda’, e procuro manter
elas com o raciocínio desses dois lados, sabendo se portar em cada um deles S3. Elas
devem trabalhar adequadamente em relação à bola, se elas estão no lado da ajuda
flutuando bastante e se estão no lado da bola agredindo o atacante S3; além de marcar tem
que ajudarS4.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
559

Para os treinadores os elementos técnico-táticos começam a ser exigidos a partir do


sistema defensivo da equipe, pois os jogadores passam a ter maiores responsabilidades
nesta categoria e maior cobrança por melhor desempenho individual, grupal e coletivo. Ao
longo do processo de EAT os treinadores devem utilizar métodos que proporcionem o
desenvolvimento de tais competências. Menezes, Marques e Nunomura (2015), em estudo
realizado com treinadores de handebol sobre a categoria sub14, apontaram a preferência
pelo ensino por meio de jogos, que de forma análoga apontam importante transferência
para o basquetebol (BAYER, 1994).
No DSC6 os treinadores apontam a importância do desenvolvimento da visão
periférica, como uma forma de possibilitar ao jogador perceber outros elementos
provenientes do ambiente de jogo:
DSC6: Quando é pequeno tem muita dificuldade, bate bola olhando pra bola e não enxerga
a menina livre lá e quando tá ficando mais velho é aquela que tá livre é que vai fazer a
cestaS4. Ter uma visão periférica muito boa, porque tem corta-luz, você não pode ficar e
não pode deixar seu jogador sozinho S1. Peço que além de marcar o seu jogador ninguém
perca a visão da bola; falo que a mão da gente é o terceiro olho: tem que estar com o olho
na bola e a mão você coloca no jogador; você não perde o contato com ele e não perde a
bolaS4.

Para Matias e Greco (2010) é importante que haja captação da informação e tomada
de decisão por parte do jogador para saber se portar à imprevisibilidade do jogo. Durante o
mesmo, o componente cognitivo, por exemplo, percepção, antecipação, atenção, faz com
que o jogador realize a “leitura do jogo” e consiga determinar a movimentação exata para
obter o melhor resultado. No DSC6 a visão periférica, embora apontada em relação às
questões defensivas também deve ser vista no panorama ofensivo, e pode ser entendida
como o comportamento desejado pelo jogador para elaborar rapidamente as ações e
conseguir realizar o movimento mais apropriado dentro do contexto do jogo. Por fim, o
DSC7 apresenta a ênfase no desenvolvimento de aspectos técnicos e dos deslocamentos
dos jogadores durante a fase defensiva:
DSC7: Na parte técnica tem que ter educativos; gosto de trabalhar com o imaginário,
imaginar que elas estão segurando uma corda, daí uma desloca em relação à bola e faz de
conta que tá puxando a outra e ajuda; independe de marcação zonal ou individual S2. Espero
que elas tenham postura e discernimento em como se deslocar em relação à defesa e ao
ataqueS3.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
560

Embora se refira à expectativa dos treinadores em relação ao ensino desses


elementos, a manifestação e análise desses em situação de jogo pode fornecer
importantes subsídios para o processo de EAT. As tarefas realizadas pelos jogadores e
pela equipe são fundamentais para os modelos de treino e de jogo, no sentido de transferir,
da melhor forma possível, para o jogo as modificações observadas nos treinos
(GARGANTA, 2001). A análise do jogo deve levar em consideração a contextualização das
ações dos defensores e atacantes e as suas relações, como observado nos DSC, as ações
defensivas não existiriam sem a ocorrência das ofensivas.

CONCLUSÃO: No tocante ao jogo defensivo os treinadores optam pelo desenvolvimento


dos aspectos técnicos (como o deslocamento) e de elementos táticos (como a cobertura).
Já no jogo ofensivo há ênfase nos elementos técnicos (passe, recepção, drible, arremesso)
e elementos técnico-táticos (corta-luz, jogadas, movimentações, finta), além da circulação
da bola e dos próprios jogadores, perturbando o equilíbrio defensivo e dificultando as ações
dos defensores. Há alusão ainda à visão periférica, considerada importante para realizar
as ações técnico-táticas e para perceber diferentes aspectos da própria equipe e dos
adversários.
Nessas fases do jogo os elementos técnicos e táticos são considerados importantes
pelos treinadores, considerando o fato das ações ocorrerem com objetivos diferentes.
Desta maneira, durante os treinamentos e as competições os treinadores devem enfatizar
diferentes fatores relacionados à execução dos elementos técnicos, técnico-táticos que
subsidiem o processo de tomada de decisão, pautando o processo de EAT em aspectos
específicos, sem desconsiderar o complexo contexto do jogo.

REFERÊNCIAS
BAYER, C. O ensino dos desportos colectivos. Lisboa: Dinalivros, 1994.
CÔTÈ, J.; BAKER, J.; ABERNETHY, B. Practice and play in the development of sport
expertise. In: EKLUND, R.; TENENBAUM, G. (Ed.). Handbook of Sport Psychology. 3.ed.
Hoboken: Wiley, 2007. p. 184-202.
GARGANTA, J. A análise da performance nos jogos desportivos. Revisão acerca da análise
do jogo. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, v.1, n.1, p.57-64, 2001.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
561

GARGANTA, J. Para uma teoria dos jogos desportivos colectivos. In: GRAÇA, A.;
OLIVEIRA, J. (Org.), O ensino dos jogos deportivos. 3.ed. Porto: Universidade do Porto,
1998. p.11-26.
LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A.M.C. Discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque em
pesquisa qualitativa. 1.ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2003.
MATIAS, C.J.; GRECO, P.J. Cognição & ação nos jogos esportivos coletivos. Ciências &
Cognição, v.15, n.1, p.252-271, 2010.
MENEZES, R.P.; MARQUES, R.F.R.; NUNOMURA, M. O ensino do handebol na categoria
infantil a partir dos discursos de treinadores experientes. Movimento, v.21, n.2, p.463-477,
2015.

PRÁTICA DA NATAÇÃO ADAPTADA: UMA REALIDADE DO PROGRAMA ESPORTE


E LAZER DA CIDADE NO NÚCLEO N.A.D.A.R EM FORTALEZA – CEARÁ.
Ralciney Márcio Carvalho Barbosa – UNIFOR.
Hudsonn Mendes Monteiro – UNIFOR
Heloísa Stangier Pires Barbosa – N.A.D.A.R
Franklin Willgson Alves do Vale – N.A.D.A.R
Fabiana Maria Cavalcante Barbosa – N.A.D.A.R
ralciney@unifor.br

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562

RESUMO: O objetivo desse estudo foi o de apresentar as ações desenvolvidas por um


projeto social voltado para pessoas com deficiência na prática da natação adaptada na
cidade de Fortaleza. A metodologia utilizada foi um estudo de caso, envolvendo quatro
participantes de um programa social desenvolvido no núcleo NADAR na cidade de
Fortaleza – Ceará. Os resultados apontam para a ressocialização dos beneficiários, assim
como, melhoria da autoestima, minimizando as dificuldades, pondo fim às diferenças,
promovendo a melhoria da qualidade de vida dos mesmos, além de divulgar a natação
como instrumento de inclusão social e retorno à sociedade, pois todos obtiveram melhoria
na escala de força de OXFORD, em suas AVDs e função motora. Conclui-se a importância
de serviços dessa natureza que proporcione aos indivíduos com sequelas de deficiência
medular o completo retorno à vida diária com ajustes necessários próprios a cada nível de
lesão.

Palavras-chave: lesão medular, reabilitação, atividade aquática adaptada.

INTRODUÇÃO: Segundo Schoeller et al (2012), lesão medular é considerada epidemia


global. Estudos indicam que o Brasil tem a segunda maior incidência de trauma
raquimedular do mundo. São estimados 50 casos novos para cada 1 milhão de habitantes.
Mesmo com números alarmantes, existe uma carência de pesquisas que aprofundem o
tema sob os diversos aspectos nele envolvido.
Muitos são os impactos causados à vida de uma pessoa que adquire lesão medular,
pois há uma mudança de expectativa de vida no que diz respeito àquilo que a pessoa era
capaz de realizar antes e depois do trauma (MEDOLA ET AL, 2011).

Aspectos psicológicos, físicos, sociais e afetivos são afetados na vida dessas


pessoas e as possibilidades de ressocialização devem ser buscadas, através do apoio
familiar e de atendimentos de especialistas em cada uma dessas áreas do conhecimento.
O ponto fundamental é a melhoria da autoestima. (FECHIO, 2009).
Assim, programas como o PELC – Programa de Esporte e Lazer da Cidade, tem
uma responsabilidade social no atendimento de pessoas que buscam a prática dos
esportes como forma de lazer e promoção da saúde, incluindo aí pessoas com deficiência,
estimulando assim a convivência social.
O NADAR - Núcleo Adaptado de Desporto Aquático e Reabilitação em Fortaleza é
um desses núcleos do PELC e tem como princípio promover a reabilitação e o ensino da

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
563

natação adaptada para pessoas com deficiência, como sequeladas de trauma


raquimedular.
Assim, o objetivo dessa pesquisa foi o de apresentar um estudo de caso das ações
desenvolvidas por um projeto social voltado para pessoas com deficiência na prática da
natação adaptada na cidade de Fortaleza.

MÉTODOS: A metodologia utilizada nessa pesquisa foi o estudo de caso que tem por
objetivo “investigar um fenômeno contemporâneo situado no contexto da vida real, em que
as fronteiras entre o fenômeno estudado e o contexto não estão claramente demarcados”
(GAYA, 2008 p. 105).
O NADAR é um dos diversos núcleos do PELC espalhados pelo Brasil e
especificamente na cidade de Fortaleza. Esse núcleo desenvolve seu trabalho tendo como
base profissionais e estudantes de educação física previamente selecionados e
capacitados para atuarem na área desportiva junto a pessoas com deficiência.

INSTRUMENTOS: Todo trabalho desenvolvido no NADAR tem como base o estudo de


caso de cada participante, levando em consideração o potencial de recuperação funcional,
interpretado através dos exames radiológicos como tomografia computadorizada e
ressonância magnética, levando-se em conta ainda dados como o tempo da lesão, o nível
de lesão e o comprometimento, seguindo o mapa de miótomos e por fim o tipo de lesão
(completa ou incompleta).
O atendimento só é iniciado após a liberação médica e quando o beneficiário se
encontra clinicamente estável e para a atividade aquática.
O NADAR tem o propósito de oferecer um trabalho de alta qualidade nas áreas
técnico, físico e nutricional visando a evolução desses indivíduos para que em um futuro
bem próximo possam retomar suas vidas de forma adaptada, mas produtiva.
Todas as atividades propostas são baseadas na possibilidade de função e avaliadas
segundo protocolo do teste ASIA e teste de OXFORD.
No teste ASIA são avaliados dez músculos chaves, cinco dos membros superiores
e cinco dos membros inferiores que são testados bilateralmente com avaliação de força
seguindo o teste de OXFORD onde:
- 0 quando não se observam sinais de contração muscular

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
564

- 1 apresenta sinais de discreta contratilidade sem movimento articular


- 2 apresenta mobilidade articular com ausência de gravidade
- 3 movimento articular completo contra ação da gravidade
- 4 mobilidade completa contra ação da gravidade e certo grau de resistência
- 5 mobilidade completa contra ação da gravidade e contra resistência acentuada.

SUJEITOS: Os sujeitos em questão neste estudo são:


- Aluna NMF, 24 anos com diagnóstico de paraparesia traumática por infecção com início
no programa em março de 2012;
- Aluno HCB, 53 anos, queda em acidente de moto a 160Km/h em 24/5/2014 com
diagnóstico de tetraplegia traumática incompleta com nível C4 com sequelas sensitivas e
motoras permanentes nos quatros membros com início no programa em setembro de 2014;
- Aluno FVC, 50 anos, agressão por arma branca em 28/05/2014 com diagnóstico de
paraplegia traumática com nível T8 com início no programa em outubro de 2014;
- Aluno FAAS, 30 anos, lesão por MAR em dezembro de 2014, com diagnóstico de
tetraplegia traumática incompleta com nível sensitivo C4 e motor C5 bilateralmente com
início no programa em junho de 2015.

PROCEDIMENTOS: No primeiro contato com a água após avaliação prévia numa


entrevista (anamnese), em todos os casos foi feita a adaptação deste novo corpo na água
e suas possibilidades. A seguir trabalham-se os movimentos residuais em atividades
funcionais para resgate de memória motora e muscular.
Após esta fase de adaptação iniciam-se os exercícios de nado adaptado levando em
consideração o nível de funcionalidade de cada um, sendo feito entre um atendimento e
outro a avaliação entre os profissionais e o planejamento da próxima aula e a meta a ser
atingida.

RESULTADOS: No NADAR, iniciando com a reabilitação e trabalhando com a natação


adaptada tem-se o desenvolvimento na formação do indivíduo, estimulando a disciplina
intelectual e física, oferecendo chances reais de que os beneficiados poderão, além de
alcançar uma melhor qualidade de vida, desenvolver suas aptidões para a vida profissional
e até a prática do esporte.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
565

Cardoso (2011) corrobora com esse achado afirmando que uma grande quantidade
de pessoas com deficiência buscam as atividades físicas, visando estimular suas
potencialidades e possibilidades, em prol de seu bem-estar físico e psicológico.
As atividades realizadas pelo NADAR para indivíduos neste perfil, contribuiu na sua
ressocialização e melhoria da autoestima, minimizando as dificuldades, pondo fim as
diferenças, promovendo a melhoria da qualidade de vida dos mesmos, além de divulgar a
natação como instrumento de inclusão social e retorno a sociedade, pois todos obtiveram
melhora na escala de força de OXFORD, em suas AVDs – Atividades da vida diária e função
motora.
Nahas (2006), aponta que a prática regular de atividades físicas pode diminuir a
ansiedade, a depressão, aumentando os níveis de bem estar das pessoas com deficiência,
promovendo a socialização e aumentando os níveis de bem estar.
Projetos sociais como o PELC, através do núcleo NADAR, são de fundamental
importância para atender às necessidades de ressocialização do indivíduo com deficiência
física e em especial com lesão medular. Os beneficiados são normalmente pessoas de
classes sociais menos favorecidas ou por outro lado, pessoas de outras classes sociais que
não encontram atendimento especializado em outros locais.
Resultados semelhantes foram encontrados por Medola et al (2011), que dentro de
um projeto social desenvolvido na Universidade Estadual de Londrina – UEL, com
indivíduos paraplégicos e tetraplégicos por lesão medular, usuários de cadeira de rodas,
através de treinamento das modalidades adaptadas, onde foi identificado a melhora da
capacidade funcional, a percepção do estado geral de saúde como resultado direto do
treinamento físico e esportivo, uma vez que estes proporcionam melhora da condição física,
interação social e o surgimento de novos objetivos de vida.

CONCLUSÃO: Conclui-se a importância de serviços que proporcione aos indivíduos com


sequelas de deficiência medular o completo retorno a vida diária com ajustes necessários
próprios a cada nível de lesão.
Se faz necessária a passagem pelo processo de “desospitalização” e/ ou
“desinstitucionalização” dando condições de adaptar as atividades inerentes ao dia a dia
auxiliando no enfrentamento das dificuldades impostas pelo meio ambiente, como a

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
566

acessibilidade e inclusão social seja no ambiente de trabalho, de formação acadêmica,


esporte e lazer.
Fatores como preconceito, falta de condições sociais e financeiras das famílias, além
das condições de acessibilidade do transporte público, infraestrutura e profissionais
capacitados para trabalhar com este público interferem na possibilidade de um trabalho de
qualidade.
AGRADECIMENTOS: Neste trabalho se faz necessário agradecer a gestão de 2014 da
SESPORTE - Secretaria de Esporte do Estado do Ceará nas pessoas do então secretário
Gilvan e João Neto que apoiaram a inclusão do NADAR como núcleo do PELC. À nova
gestão da SESPORTE nas pessoas do secretário Geová Mota e Moacir Paiva que vem
demonstrando apoio ao movimento paralímpico de base do estado, oportunizando lazer
através do esporte. Aos colaboradores do dia a dia do núcleo: os pais e responsáveis dos
alunos, estagiários Adriano Afonso, Mateus Murinelly, Carlos Eduardo Barahuna, Cristiana
Maia, Edvaldo Jason e aos professores Fabiana Maria Cavalcante Barbosa - coordenadora
do núcleo e Bergson Luciano.
REFERÊNCIAS

CARDOSO, V.D. A reabilitação de pessoas com deficiência através do desporto adaptado.


Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 2, p. 529-539, abr./jun.2011

FECHIO, M.B, PACHECO, K.M.B, KAIHAMI H.N, ALVES, V.L.R. A repercussão da lesão
medular na identidade do sujeito. Acta Fisiatr, São Paulo, v.16, n. 1, p. 38-42, mar. 2009.

GAYA, A. Ciências do movimento humano: introdução à metodologia da pesquisa. Porto


Alegre: Artmed. 2008

MEDOLA, F.O, BUSTO R.M, MARÇAL, A.F, ACHOUR JUNIOR, A, DOURADO, A.C. O
esporte na qualidade de vida de indivíduos com lesão da medula espinhal: série de casos.
Rev Bras Med Esporte, São Paulo, v. 17, n. 4, p. 254-256, jul. /ago. 2011.

NAHAS, M. V. Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida: conceitos e sugestões para


um estilo de vida ativo. 4. ed. Londrina: Midiograf, 2006.

SCHOELLER, S.D, BITENCOURT, R.N, LEOPARD, M.T, PIRES, D.P, ZANINI, M.T.B.
Mudanças na vida das pessoas com lesão medular adquirida. Rev. Elet. Enfermagem,
Goiânia, v.14, n.1, p. 95-103, jan/mar. 2012. Disponível em
http://www.fen.ufg.br/revista/v14/n1/v14n1a11.htm. Acesso em: 15 de agosto de 2015.

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567

A INFLUÊNCIA DE JOGADORES CURINGAS SOBRE AS AÇÕES TÁTICAS DE


JOGADORES NAS FASES OFENSIVA E DEFENSIVA EM JOGOS REDUZIDOS E
CONDICIONADOS DE FUTEBOL.

Rafael Toshio Bagatin – FADEUP/UFV


Guilherme Figueiredo Machado - UFV
Maickel Bach Padilha – FADEUP/UFV - Bolsista CNPq/Brasil
Israel Teoldo da Costa - UFV
rafabagatin@hotmail.com

Resumo: O objetivo do presente estudo foi analisar a influência de jogadores curingas


sobre as ações táticas de jogadores nas fases ofensiva e defensiva em jogos reduzidos e
condicionados de Futebol. A amostra foi composta por 24068 ações táticas sendo 11401
ofensivas e 12667 defensivas realizadas por 168 jogadores de Futebol da categoria sub-

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17. O instrumento utilizado para pesquisa foi o Sistema de Avaliação Tática no Futebol
“FUT-SAT”. Com base na configuração “GR+3X3+GR” o teste foi realizado em duas
diferentes configurações, a primeira denominada “sem curinga” e a segunda “com curinga”.
Foi realizada a análise descritiva de média e desvio padrão para as variáveis das
categorias, a distribuição dos dados foi verificada através da utilização do teste
Kolmogorov-Smirnov, o teste de Wilcoxon (z) foi utilizado para comparar as médias das
variáveis das duas configurações de jogo. Foi adotado um nível de significância de p<0,05.
Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre as configurações de
jogo paras ações táticas: Ofensivas, Defensivas, Total de jogo, sendo maiores na
configuração “com curinga”. Conclui-se que a presença de curingas em jogos reduzidos e
condicionados de Futebol influenciou a realização das ações táticas dos jogadores durante
as fases de jogo.
Palavras-chave: Futebol, Tática, Curingas.

INTRODUÇÃO: O Futebol é caracterizado pelo enfrentamento entre as equipes e pela


consequente interação entre os jogadores, gerando constantemente ações táticas
aleatórias e de difícil previsão (REVERDITO; SCAGLIA, 2007). Em função destas
características, torna-se necessário promover aos jogadores o entendimento das ações
táticas realizadas em campo, através de treinamentos que forneçam a melhoria da
compreensão do jogo (SILVA, 1997; GARGANTA; GRÉHAIGNE, 1999).
Entre as diferentes ferramentas do processo de ensino-aprendizagem e treinamento
do Futebol, os jogos reduzidos e condicionados têm sido amplamente utilizados por
treinadores e frequentemente discutido na literatura. Isso porque permite aos treinadores
a manipulação de constrangimentos do jogo, proporcionando aos jogadores a realização
de diferentes ações táticas ofensivas e defensivas, simulando situações próximas ao jogo
de Futebol (GARGANTA; GRÉHAIGNE, 1999; TEOLDO et al., 2010).
Uma das possibilidades que permite simular as diferentes situações de jogo durante
a prática dos jogos reduzidos e condicionados é a utilização de jogadores curingas, uma
vez que estes jogadores têm a função de auxiliar ambas as equipes, seja em momentos
defensivos e/ou ofensivos de jogo (HOLT; STREAN; BENGOECHEA, 2002; GARGANTA,
2005). Desta forma o objetivo do presente estudo foi analisar a influência de jogadores

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
569

curingas sobre as ações táticas de jogadores nas fases ofensiva e defensiva em jogos
reduzidos e condicionados de Futebol.

MÉTODO:
Amostra: A amostra foi composta por 24068 ações táticas sendo 11401 ofensivas e
12667 defensivas realizadas por 168 jogadores de Futebol da categoria sub-17
pertencentes a clubes brasileiros de diferentes regiões. Esta pesquisa foi aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa
(CEPH) (Of. Ref. Nº 133/2012/Comitê de Ética) e atende as normas estabelecidas pelo
Conselho Nacional em Saúde (CNS 466/2012) bem como pelo tratado de Ética de Helsinki
(1996) para pesquisas realizadas com seres humanos.
Instrumento: Foi utilizado o Sistema de Avaliação Tática no Futebol “FUT-SAT”
(TEOLDO et al., 2011), que avalia o comportamento tático dos jogadores com base nos dez
(10) princípios táticos fundamentais do jogo de Futebol (TEOLDO et al., 2009).
Procedimento de Coleta de Dados:. , Foi realizado o teste de campo do FUT-SAT
em duas diferentes configurações tendo como base o teste “GR+3X3+GR”. A primeira
denominada “sem curinga” (GR+3 vs. 3+GR), os jogadores foram orientados a jogarem de
acordo com as regras oficiais do jogo de Futebol, exceto à regra do impedimento. A
segunda denominada “com curinga” (GR+3 vs. 3+GR)+2 os jogadores foram orientados a
jogarem sob as mesmas regras que a primeira configuração, entretanto eles foram
informados sobre a presença e a utilização de jogadores curingas de apoio ofensivo
posicionados nas laterais do campo. Antes do início do teste, todos os jogadores foram
devidamente informados sobre os procedimentos e objetivo da pesquisa. Todas as dúvidas
do jogo em relação à utilização dos jogadores curingas foram esclarecidas aos jogadores.
Em ambas as situações o teste teve duração de quatro minutos e oportunizou-se 30
segundos de “familiarização” antes do início efetivo dos testes.
Materiais: Foram realizadas as gravações dos jogos utilizando uma câmera digital
(SONY modelo HDR-XR100). O material de vídeo obtido foi introduzido, em formato digital,
em um computador portátil (HP Pavilion Dv4 1430us) via cabo USB, convertidos em
ficheiros “avi. ”através do software Format Factory Vídeo Converter. Inc. Para o tratamento
das imagens e análise dos jogos foi utilizado o software Soccer Analyser®.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
570

Análise Estatística: Para a análise estatística dos dados foi realizada a análise
descritiva de média e desvio padrão para as variáveis das categorias. A distribuição dos
dados foi verificada através da utilização do teste Kolmogorov-Smirnov. O teste de Wilcoxon
(z) foi utilizado para comparar as médias das variáveis das duas configurações de jogo. Foi
adotado um nível de significância d p<0,05. Para a fiabilidade das observações foi utilizado
o método teste-reteste. Foi respeitado um intervalo de três semanas entre as sessões de
análise para verificar a fiabilidade das observações (ROBINSON; O'DONOGHUE, 2007).
Para o cálculo recorreu-se ao teste Kappa de Cohen e com isso foram reavaliadas um
número de ações superior ao apontado pela literatura (10%) (TABACHNICK; FIDELL,
2007). Para a configuração “sem curinga” os valores da fiabilidade intra-avaliador indicaram
o mínimo de 0.888 (ep=0.007) e o máximo de 0.985 (ep=0.003) e, no processo inter-
avaliadores, os valores apresentaram o mínimo de 0.810 (ep=0.024) e o máximo de 0.989
(ep=0.011). Para a configuração “com curinga” os valores para intra-avaliador indicaram o
mínimo de 0.847 (ep=0.006) e o máximo de 0.962 (ep=0.005). No processo inter-
avaliadores os valores apresentaram o mínimo de 0.819 (ep=0.013) e o máximo de 0.963
(ep=0.012). Foi utilizado o software SPSS (Statistical Package for Social Sciences) for
Windows®, versão 18.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Quando comparada as ações táticas entre as


configurações de jogo "sem curinga" e "com curinga" os resultados da Tabela 1 indicam
diferenças estatisticamente significativas para as ações táticas nas fases ofensiva (Z=-2,75,
p=0,006), defensiva (Z=-2,152, p=0,031) e para o total de jogo (Z=-6,438, p<0,001).

Tabela 1: Médias e desvios padrão das Ações Táticas Ofensivas, Defensivas e Total de Jogo, nas
configurações “sem curinga” e “com curinga”.
Sem Curinga Com Curinga
Média DP Média DP p
Fase Ofensiva 32,61 7,48 35,25 9,82 0,006
Fase Defensiva 36,54 8,12 38,85 10,61 0,031*
Total de jogo 69,16 8,61 74,10 8,95 <0,001*
Diferenças estatisticamente significativas: *p<0,05, p<0,001.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
571

Ao comparar as configurações de jogo a situação “com curinga” influenciou as ações


táticas realizadas pelos jogadores durante os momentos ofensivos, defensivos e no total de
jogo, quando comparado com o jogo sem os curingas.
A superioridade numérica ofensiva em função da presença dos jogadores curingas
posicionados nas laterais proporcionou a realização de mais ações táticas durante a prática
do jogo. Desta forma, o aumento do número de jogadores em fase ofensiva parece
favorecer as trocas de passes e, como consequência, a organização ofensiva na busca
pela gestão dos espaços e na realização de mais ações durante a prática do jogo
(ABRANTES et al., 2012).
A inferioridade numérica ocorrida durante a fase defensiva proporcionada pela
presença dos curingas em apoio ofensivo, favoreceu para a realização de mais ações nessa
fase comparado com a configuração “sem curinga”. Essa inferioridade parece favorecer a
compactação e a diminuição entre os jogadores, priorizando um maior número de jogadores
entre a bola e a baliza a defender (WORTHINGTON, 1974; TRAVASSOS et al., 2014).
O favorecimento para a dinâmica de jogo promovida pelo aumento da realização das
ações táticas ocorridas na configuração “com curinga” pode auxiliar o processo de ensino-
aprendizagem e treinamento do Futebol. Durante as sessões de treino utilizar a
superioridade numérica ofensiva, promovida pela presença dos jogadores curingas, pode
proporcionar aos demais jogadores a realização de mais ações (ofensivas e defensivas)
durante o jogo (GRECO, 2012).

CONCLUSÃO: A presença de curingas durante os jogos reduzidos e condicionados


influenciou as ações táticas dos jogadores nas fases ofensiva e defensiva. O jogo com a
configuração “com curinga” apresentou um aumento na realização de ações táticas durante
as fases ofensiva e defensiva, bem como no total de jogo quando comparado com a
configuração “sem curinga”. A prática de jogos reduzidos e condicionados com a presença
de jogadores curingas pode auxiliar no processo de ensino-aprendizagem etreinamento do
Futebol, promovendo aos jogadores a realização de um repertório diversificado e de ações
táticas.

AGRADECIMENTOS: Este trabalho teve o apoio da FAPEMIG, da SETES-MG através da


LIE, da CAPES, do CNPq, da FUNARBE, da Reitoria, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós -

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
572

Graduação e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal de


Viçosa.

REFERÊNCIAS
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the number of players and game type constraints on heart rate, rating of perceived exertion,
and technical actions of small-sided soccer games. The Journal of Strength &
Conditioning Research, v.26, n.4, p.976-981. 2012.
GARGANTA, J. Dos constrangimentos da acção à liberdade de (inter) acção, para um
Futebol com pés... e cabeça. O contexto da decisão–A acção táctica no desporto,
p.179-190. 2005.
GARGANTA, J.; GRÉHAIGNE, J. F. Abordagem sistêmica do jogo de futebol: moda ou
necessidade? Movimento (ESEF/UFRGS), v.5, n.10, p.40-50. 1999.
GRECO, P. J. Metodologia do ensino dos esportes coletivos: iniciação esportiva universal,
aprendizado incidental–ensino intencional. Revista Mineira de Educação Física, v.20, n.2,
p.30. 2012.
HOLT, N. L.; STREAN, W. B.; BENGOECHEA, E. G. Expanding the Teaching Gaines for
Understanding. Journal of teaching in Physical Education, v.21, p.162-176. 2002.
REVERDITO, R. S.; SCAGLIA, A. J. A gestão do processo organizacional do jogo: uma
proposta metodológica para o ensino dos jogos coletivos. Motriz, Rio Claro, v.13, n.1, p.51-
63. 2007.
ROBINSON, G.; O'DONOGHUE, P. A weighted kappa statistic for reliability testing in
performance analysis of sport. International Journal of Performance Analysis in Sport,
v.7, n.1, p.12-19. 2007.
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fase ofensiva em equipas de alto rendimento. 1997. 318 p. (Doctor). Ciências do
Desporto, Universidade do Porto, Porto, 1997. 318 p.
TABACHNICK, B.; FIDELL, L. Multivariate analysis of variance and covariance. Using
multivariate statistics, v.3, p.402-407. 2007.
TEOLDO, I.; GARGANTA, J.; GRECO, P. J.; MESQUITA, I.; MAIA, J. Sistema de avaliação
táctica no Futebol (FUT-SAT): Desenvolvimento e validação preliminar. Motricidade, v.7,
n.1, p.69-84. 2011.
TEOLDO, I.; GRECO, P. J.; MESQUITA, I.; GARGANTA, J. O teaching games for
understanding (Tgfu) como modelo de ensino dos jogos desportivos coletivos. 2010.
TEOLDO, I.; SILVA, J. M. G. D.; GRECO, P. J.; MESQUITA, I. Princípios Táticos do Jogo
de Futebol: conceitos e aplicação. Motriz rev. educ. fís.(Impr.), v.15, n.3, p.657-668. 2009.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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TRAVASSOS, B.; VILAR, L.; ARAÚJO, D.; MCGARRY, T. Tactical performance changes
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Journal of Performance Analysis in Sport, v.14, n.2, //, p.594-605. 2014.
WORTHINGTON, E. Learning & teaching soccer skills: Wilshire Book Company. 1974.

ESTUDO SOBRE ESPORTE COLETIVO / JOGOS COLETIVOS: UM OLHAR SOBRE


AS TESES E DISSERTAÇÕES NACIONAIS

Raquel Wandscheer, LAPE / UFSC


Veruska Pires, LAPE/UFSC
Edison Roberto de Souza, LAPE/UFSC
Jose Ricardo Paz, Universo/RJ
Bruna Paz, UNOPAR/PR
rwraquel@yahoo.com.br

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
574

RESUMO: Ao entender o jogo coletivo por sua lógica e características próprias, percebe-
se a intencionalidade da reflexão do esporte coletivo como uma categoria única e não pelas
suas especificidades dadas por modalidades esportivas diferenciadas. Neste sentido o
presente estudo de revisão documental objetivou verificar o quanto tem sido investigado
esse objeto de estudo nos programas de pós graduação no Brasil. Para coleta de dados
buscou-se a investigação de teses e dissertações nacionais da área da Educação Física
da CAPES. Como critério de seleção, foram incluídos somente aqueles que apresentavam
no título ou resumo a expressão esportes coletivo/jogo coletivo. Foram encontrados quatro
dissertações em quatro programas de pós graduações distintos e nenhuma tese sobre o
tema. A análise indicou um número baixo de publicações sobre a temática com distintos
tipos de estudos, objetivos, populações e temáticas dentro dos esportes/jogos coletivos.
Assim, o estudo aponta para a necessidade de novos olhares sobre o tema de forma
especifica e concreta, uma vez que o número reduzido de trabalhos analisados nos indica
a necessidade de uma exploração efetiva deste tema na perspectiva de reflexões sobre as
metodologias e estratégias de ensino do esporte coletivo.
Palavras-chave: Esportes coletivos. Jogos coletivos. Produção científica.

INTRODUCÃO: O presente estudo tem como entendimento à perspectiva do jogo enquanto


uma categoria sistêmica e complexa, o que vem a assumir uma característica importante
nos jogos esportivos coletivos (SCAGLIA, 2011). Assim, a intencionalidade deste estudo
não se restringe a verificar a produção científica sobre os esportes coletivos que o tratam
como uma modalidade específica, mas sim que se utilizam do seu caráter comum a todas
as modalidades esportivas coletivas (BAYER, 1994).
O tema vem sendo discutido sobre diferentes olhares como, por exemplo, o da
iniciação esportiva, as metodologias dos treinamentos, a formação de treinadores, entre
outros. Desta forma, nos últimos anos os estudos sobre os esportes coletivos vêm
ganhando força e ampliando o aporte teórico que subsidia a postura adotada pelos
professores e treinadores dos esportes coletivos (BOMPA, 2003; CORRÊA, BENDA &
UGRINOWITSCH, 2006; ROSE JUNIOR, 2006; GRAÇA & OLIVEIRA, 1998; GRECO,
2002; OLIVEIRA & PAES, 2004; TANI, BENTO & PETERSEN, 2006).
Assim, nos utilizamos destes estudos, para tratar aqui o esporte coletivo como um
entendimento base para as modalidades esportivas coletivas, isto é, o entendimento da

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
575

lógica do jogo coletivo para uma qualificação das especificidades de cada modalidade.
Desta forma, o estudo se concretiza exatamente na necessidade de evidenciar o estado da
arte de propostas investigativas que tratam do tema pelo olhar do jogo/esporte coletivo e
não pelo seu detalhamento enquanto uma única prática esportiva.
Os modelos de intervenção pedagógica no processo de ensino-aprendizagem-
treinamento esportivo acompanham a tendência da própria área da Educação Física, em
buscar inovações para modelos didáticos pedagógicos tradicionais, que caracterizam o
processo de ensino aprendizagem em execução de uma técnica padronizada.
No entanto, a inovação e exploração de novas possibilidades que propõem e
apresentam vantagens do trabalho com as modalidades coletivas através da lógica da
execução tática, se concretizam em modelos de ensino (COSTA, NASCIMENTO, 2008;
GRECO, 2001).
Desta forma, tem-se o objetivo de investigar as produções científicas de teses e
dissertações dos programas de Pós Graduação que tratam da temática dos esportes
coletivos. Para esta intencionalidade o seguinte questionamento é inerente ao processo
investigativo: Como se constituem os estudos que têm os esportes coletivos como foco?

MÉTODO: O estudo se desenvolveu a partir da seleção das teses e dissertações com os


descritores propostos e a análise de conteúdo dos estudos evidenciados no processo
investigativo.
A busca pelos estudos envolvidos foi realizada através do site da Capes, pelo link
banco de teses. Para a pesquisa foram utilizados os descritores “esportes coletivos” e
“jogos coletivos”, com inserção em “assunto” e/ou “título”. Após a identificação dos trabalhos
foi possível analisá-los a partir de suas temáticas, populações envolvidas e principais
teorias utilizadas. O período de corte estabelecido para a seleção das pesquisas foi de
janeiro de 2004 á dezembro de 2014.
A partir destes dados foi possível analisar os resumos e as palavras chave das teses
e dissertações selecionadas com referência aos descritores. Foi estabelecido os critérios
de inclusão para os estudos que teriam seu conteúdo analisado na íntegra. Somente
trabalhos que tratavam do esporte coletivo de forma ampla foram incluídos no conjunto final
de estudos para serem analisados. Sendo excluídos os estudos que em seus resumos e/ou
títulos apresentavam temáticas como: modalidades específicas, aspectos fisiológicos dos

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
576

esportes coletivos, estudos que tratavam de esportes individuais e coletivos, e os temas


gerais de gerenciamento e administração esportiva, comunicação e tecnologias.
Desta forma, para a análise final foram selecionadas quatro dissertações e nenhuma
tese. Salientamos que em todo o processo de constituição dos grupo de trabalho que
seriam investigados, foi realizado por dois pesquisadores concomitantemente a partir da
avaliação duplo-cego, garantindo desta forma a validade e qualidade metodológica da
coleta de dados.

RESULTADOS: O grupo final de análise foi constituído por 4 trabalhos, no entanto, é


importante destacar que na primeira busca foram encontrados 14 trabalhos em nível de Pós
Graduação. A utilização dos filtros de exclusão gerou o movimento de análise e refinamento
para que o grupo, então definido como participantes deste ensaio, pudesse ser selecionado.
As dissertações foram defendidas nos programas de Educação Física das
Universidades Federais do Rio Grande do Sul, do Triangulo Mineiro e na Universidade
Estadual de Londrina. Um dos trabalhos analisados pertencia ao programa de Nutrição e
alimento da Universidade Federal de Pelotas. Os anos de publicação dos estudos
encontrados e selecionados foram em 2011 e 2012.
Evangelista (2011) objetivou seu estudo nas atitudes morais de atletas juvenis dos
jogos coletivos de invasão; Já Casagrande (2012) teve seu foco na discussão das
metodologias de ensino e os processos de aprendizagem dos jogos coletivos, onde o
professor é colocado como o centro de investigação, tratando do ensino dos esportes
coletivos, identificando as estratégias utilizadas por eles, afirmando ainda que os programas
de formação continuada, por eles realizados, não contribuíram efetivamente para a
qualificação de suas atuações com esta temática.
As disciplinas dos cursos de formação inicial em Educação Física que tratam dos
esportes coletivos foram o foco do estudo de Gobbo (2012); e A avaliação alimentar de
atletas que praticam esportes coletivos foi o estudo de Araujo (2012).
As dissertações apresentam dois tipos de trabalhos. Sendo o tipo de pesquisa
exploratória utilizado em duas dissertações, com a utilização de questionários. Um destes
abordou as atitudes no esporte – QAE-23, aplicado em 265 atletas vinculados a contextos
esportivos de modalidades coletivas da região sul, na faixa etária de 13 a 16 anos
(EVANGELISTA, 2011) e o outro estudo aplicou um questionário semi estruturado com 50

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
577

profissionais e professores de Educação Física das escolas, publicas e privadas e clubes


da cidade de Uberlândia, MG (CASAGRANDE, 2012).
Na análise das dissertações, o trabalho de Gobbo (2012), é caracterizado por um
estudo de caso que envolveu oito professores de duas instituições publicas do Paraná. Ele
também se utilizou de uma entrevista semi estruturada e da análise documental. Nesta
investigação foi possível constatar que as ementas dos cursos de Educação Física tanto
na habilitação de Bacharelado como Licenciatura são similares. No entanto, os docentes
revelaram que em suas práticas pedagógicas esta diferenciação é mais concreta. Contudo,
é identificado tensões a serem esclarecidas nas propostas de formação continuada com
relação aos esportes coletivos, ou seja, os paradigmas que hoje fundamentam a lógica do
esporte coletivo devem estar presente e incorporada nas diferentes disciplinas das
propostas de formação inicial em Educação Física.
O estudo de Araujo (2012) foi enquadrando no grupo de estudos analisados pelos
critérios de inclusão propostos, mas possui características bem significativas. O estudo
apresentou a investigação da alimentação ingerida e o conhecimento nutricional de atletas
de idade entre 15 e 18 anos que praticam os esportes coletivos. Neste estudo, as
considerações finais indicaram uma insuficiente ingestão de vitaminas, nutrientes por parte
dos envolvidos e um conhecimento nutricional moderado. A analise foi realizada a partir
dos resultados das características das modalidades esportivas coletivas.

CONCLUSÃO : Diante dos resultados encontrados pôde-se concluir que há necessidade


de novos olhares sobre o tema, sendo estes de forma especifica e concreta, uma vez que
o número reduzido de trabalhos analisados nos indica a necessidade de uma exploração
mais efetiva deste tema em novos estudos da área. Sendo o tema encontrado em apenas
quatro programas de Pós Graduação, três na área da educação física e outro na Nutrição.
Outro resultado importante foi o fato de as dissertações apresentarem somente
características de estudos de campo tornando-os diferenciados, alertando para a
necessidade de trabalhos com outras populações.

REFERÊNCIAS

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
578

ARAUJO, M. M. Perfil alimentar e avaliação do conhecimento nutricional de jogadoras


de esportes coletivos. Dissertação de Mestrado em Nutrição e alimentos. Universidade
Federal de Pelotas, 2012.

BAYER, C. O ensino dos desportos colectivos. Lisboa: Dinalivros, 1994.

BOMPA, T.O. Treinamento de atletas de desporto coletivo. São Paulo: Phorte. 2003.

CASAGRANDE, C. G. Ensino e aprendizagem dos esportes coletivos: análise dos


métodos de ensino na cidade de Uberlândia, MG. Dissertação de Mestrado em
Educação Física. Universidade Federal do Triângulo Mineiro, 2012.

CORRÊA, C.H.A.; BENDA, R.N.; UGRINOWITSCH, H. Processo ensino-aprendizagem no


ensino do desporto. In: TANI, G.; BENTO, J.O.; PETERSEN, R.D.S. (Eds.). Pedagogia
do desporto. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.2006. p.241-51.

COSTA, L. C. A.; NASCIMENTO, J.V. O ensino da técnica e da tática: novas abordagens


metodológicas. Revista da Educação Física/UEM, v. 15, n. 2, p. 49-56, 2008.

EVANGELISTA, P. H. M. As atitudes morais no esporte de competição: um estudo


descritivo-exploratório com atletas dos jogos coletivos de invasão. Mestrado
Acadêmico em Ciências do Movimento Humano, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, 2011.

GOBBO, G. A.. Esportes coletivos sob a ótica docente na formação inicial em


Educação Física. Dissertação de Mestrado em Educação Física - UEL – UEM .
Universidade Estadual de Londrina, 2012.

GRAÇA, A.; OLIVEIRA, J. O ensino do basquetebol. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA, J. (Eds.)
O ensino dos jogos desportivos. Porto: CEJD/FCDEF/Universidade do Porto, p.61-94.
1998.

GRECO, P. J. Métodos de ensino-aprendizagem treinamento nos jogos esportivos


coletivos. In: GARCIA, E. S. ; LEMOS, K. L. M. (Org.). Temas atuais VI em Educação
Física e esportes. Belo Horizonte: Health, p. 48-72, 2001.

___________. O ensino-aprendizagem-treinamento dos esportes coletivos: uma análise


inter e transdisciplinar. In: GARCIA, E.S.; LEMOS, K.L.M. (Orgs.). Temas atuais VII em
educação física e esportes. Belo Horizonte: Health, p.53-78. 2002.

OLIVEIRA, V.; PAES, R.R. A pedagogia da iniciação esportiva: um estudo sobre o ensino
dos jogos desportivos coletivos. Lecturas, Educación Física y Deportes: Revista Digital,
Buenos Aires, v.10, n.71, 2004. Disponível em:
http://www.efdeportes.com/efd71/jogos.htm/. Acessado em: 20 de abril de 2015.

ROSE JUNIOR DE, D. Modalidades esportivas coletivas. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2006.

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SCAGLIA, A. J. et al. A organização do processo de ensino em função da lógica do jogo e


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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, Porto, v. 11, supl. 4, p. 89, 2011.

TANI, G.; BENTO, J. O.; PETERSEN, R.D.S (Eds.). Pedagogia do desporto. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan.2006.

FORMAÇÃO E FORMA DE ATUALIZAÇÃO DE TREINADORES DA 2ª DIVISÃO DO


FUTEBOL GAÚCHO
Antônio Evanhoé Pereira de Souza Sobrinho – URCAMP
Fábio Bitencourt Leivas – URCAMP
Luiz Fernando Framil Fernandes – URCAMP
Marcelo Cozzensa – URCAMP
antoniosobrinho@urcamp.edu.br

RESUMO

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
580

O objetivo do presente estudo foi investigar a formação e a forma de atualização de


treinadores profissionais de futebol. A amostra foi formada pela totalidade dos treinadores
atuantes na 2ª divisão do campeonato gaúcho de 2013 (n=13). A coleta de dados se deu
através de um questionário e entrevista, analisados através de estatística descritiva e
análise de conteúdo. Os resultados informam um perfil de formação de treinadores pouco
baseado na formação acadêmica em Educação Física e ainda a utilização de situações não
mediadas e informais enquanto forma de atualização.
Palavras-chave: Treinador; Formação; Futebol.
INTRODUÇÃO
De acordo com a lei número 8.650 de 20 de abril de 1993, em seu artigo 3º, que trata
sobre a profissão de treinador profissional de futebol, está assegurado, preferencialmente
tal exercício, aos portadores de diploma em Educação Física, e aos profissionais que, até
a data do início da vigência desta Lei, hajam, comprovadamente, exercido cargos ou
funções de treinador de futebol por prazo não inferior a seis meses, como empregado ou
autônomo, em clubes ou associações filiadas às Ligas ou Federações, em todo o território
nacional (BRASIL, 1993), ou seja, neste caso, a formação acadêmica não é obrigatória.
No entanto, a formação destes treinadores vem sendo questionada, primeiro pela
abrangência dos cursos de bacharelado (MILISTETD et al., 2014), segundo e não menos
importante, pela permissividade da lei. Neste momento surge um questionamento que
parece de fato bastante importante: será que os treinadores de futebol profissional têm uma
formação adequada para o exercício da profissão? Pois hoje, reconhece-se que no esporte
de elite, a busca pelos melhores resultados exige excelência na preparação de atletas
(MILISTETD et al., no prelo).
A literatura tem mostrado que os cursos de formação de treinadores, oferecidos em
curtos espaços de tempo, não tem sido suficientes para prepará-los adequadamente
(TRUDEL, CULVER & WERTHNER, 2013), e, além disso, há uma tendência entre os
estudiosos das atividades dos treinadores (WERTHNER & TRUDEL, 2006; CALLARY,
2012; WERTHNER, CULVER & TRUDEL, 2012; TRUDEL, CULVER & WERTHNER, 2013;
DEEK et al, 2013) em considerar a formação destes, a partir de um olhar de formação ao
longo da vida (JARVIS, 2006).
Entendendo que existem várias oportunidades de aprendizagem, como a vivência
prática, a troca de informações com outros treinadores e a observação de colegas
(MILISTETD et al, no prelo), que os treinadores devam se envolver na maior quantidade

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
581

possível de oportunidades de aprendizagem, sejam elas formais, não formais ou informais


(TRUDEL, CULVER & WERTHNER, 2013), e que a orientação de um treinador eficaz
parece essencial para o alcance de sucesso por parte dos atletas (KOH, MALLET & WANG,
2013), o objetivo deste estudo foi investigar a formação e a forma de atualização dos
treinadores profissionais de futebol da 2ª divisão gaúcha.

MÉTODOS
O estudo caracterizou-se por ser descritivo exploratório. Para a coleta de dados
utilizou-se um questionário estruturado e entrevista. A amostra foi composta pela totalidade
de Técnicos de Futebol dos 13 clubes que participaram da 2ª Divisão do futebol profissional
do estado do Rio Grande do Sul no ano de 2013. A análise dos dados se deu através da
estatística descritiva e análise de conteúdo (BARDIN, 1977).
Vale ressaltar que o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de Pelotas sob número 475.742.

RESULTADOS
Segundo os resultados encontrados, verificou-se que os treinadores possuíam uma
carreira, entendida aqui como o progresso linear através da vida em relação a um tema
específico (CHRISTENSEN, 2014), de 11.3 anos em média (± 7.3 anos), variando de 1 a
22 anos, valores estes que colocam a maioria dos treinadores (10 de 13) na fase de
estabilização proposta por Burden (1990), expressa pelo bom comando das atividades de
ensino e do ambiente, ou ainda no terceiro estágio de desenvolvimento de Bloom (1985
apud MILISTETD et al, no prelo) marcado pelo total comprometimento com a atividade e
pelo desenvolvimento da autonomia no seu próprio desenvolvimento.
Com relação à formação acadêmica dos treinadores envolvidos no estudo, 3
possuíam formação em Educação Física, 6 estavam cursando Educação Física, 1 tinha
formação em Direito e 3 treinadores tinham ensino médio completo. Quando analisados
quanto à formação em cursos específicos para treinadores, 9 possuíam formação e 4 não
tinham frequentado estes cursos específicos. Destes 4 que não possuíam formação
acadêmica em educação física, 1 possuía outra graduação, 1 apenas ensino médio e 2
eram alunos do curso de Educação Física.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
582

Diferentemente do relatado por Fernandes et al. (2013), que “boa parte dos
treinadores brasileiros de elite, na atualidade, acumularam horas de estudo, seja em cursos
de graduação (Educação Física), ou cursos específicos” (p.5), na amostra do estudo, a
minoria dos treinadores estudados (3 de 10) possuía formação formal, e ainda, 4
treinadores não possuíam formação alguma.
Entretanto, a prática enquanto treinador por si só, não configura qualidade de
trabalho, pois as investigações sobre esta temática têm relatado que a experiência
enquanto atleta, a assistência a treinadores mais experientes e a formação formal e
informal, são fatores importantes na busca pela otimização na carreira (CÔTÉ, ERIKSSON
& DUFFY, 2013). Neste sentido, será eficaz o treinador que consistente e integradamente
aplicar os conhecimentos profissionais, inter e intrapessoais no sentido de melhorar nos
atletas sua competência, confiança, conexão e o caráter em contextos específicos de treino
(CÔTÉ & GILBERT, 2009).
A Tabela 1, trás os resultados a respeito das formas de atualização dos treinadores.

FORMAS DE ATUALIZAÇÃO DOS N = 13


TREINADORES
Internet 9
Livros 6
Vídeos 7
Softwares 3
Cursos 3
Assistência a jogos 4
Análise de equipes adversárias 1
Debate ou troca de informações com 3
outros treinadores

Observa-se nos achados, com relação às formas de atualização dos treinadores, a


clara utilização de situações de aprendizagem não mediadas, onde os treinadores
escolhem o que querem aprender e decidem como aprender, e não formais, aquelas
atividades educacionais conduzidas fora do ambiente de aprendizagem (ISCF, 2012),
concordando com Gilbert, Côté & Mallet (2006) em seu estudo sobre as vias de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
583

desenvolvimento dos treinadores esportivos, os quais verificaram uma baixa procura pela
educação formal, ou seja, clínicas, workshops, cursos de certificação. Esses resultados vão
ao encontro dos encontrados por Nash & Sproule (2009), onde os métodos de
desenvolvimento dos treinadores foram informais, a partir do debate com outros treinadores
sendo reconhecidos como essencial para seu progresso.

CONCLUSÃO
Segundo os objetivos traçados para o estudo de investigar a formação e a forma de
atualização dos treinadores profissionais de futebol da 2ª divisão gaúcha, conclui-se que,
apesar de os treinadores apresentarem uma carreira estável e comprometida, sua formação
acadêmica em Educação Física é reduzida. Além disso, utilizam enquanto estratégias de
atualização situações não mediadas e não formais.
Sendo assim, apesar de o Brasil legalmente permitir a não formação em Educação
Física a partir da comprovação de experiência anterior, a literatura tem mostrado que será
mais eficaz aquele treinador que combinar conhecimentos profissionais, interpessoais e
intrapessoais e ainda que estes se desenvolvam a partir do aporte a situações de
aprendizagens formais, informais e não-formais.

REFERÊNCIAS
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BRASIL, Lei Nº 8.650, de 20 de Abril de 1993. Dispõe sobre as relações de trabalho do


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JOGOS DESPORTIVOS NO ENSINO TÉCNICO INTEGRADO: APROXIMAÇÕES COM


A PEDAGOGIA SOCIAL

Gilberto Cabral de Mendonça / Ifes

gilberto.mendonca@ifes.edu.br

RESUMO: Os objetivos deste texto foram: estabelecer um diálogo entre a Educação Física
e o ensino dos jogos desportivos nos cursos técnicos profissionalizantes a partir da
aproximação com a pedagogia social; buscar alternativas para se construir uma nova
concepção da prática do professor de Educação Física que aproxime da pedagogia social
numa dimensão reflexiva como componente fundamental. Foram desenvolvidas aulas de
Educação Física no currículo dos cursos técnicos integrados do Instituto Federal do Espírito

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
586

Santo – Campus Guarapari, assim como os projetos de ensino nos anos letivos de 2013 e
2014, a partir dos possíveis diálogos com a pedagogia social. Encontramos resultados
muito expressivos, revelados pelos próprios alunos, ampliando as contribuições da
Educação Física na formação dos discentes. Conclui-se que a partir da função social do
professor como facilitador do processo de transformação e possíveis diálogos no interior da
escola de ensino técnico integrado profissionalizante com a pedagogia social podem trazer
frutíferos resultados. Embora sendo uma prática que se constitui desafiadora, ao mesmo
tempo, revela ser possível.

Palavras-chave: Jogos Desportivos, Ensino Técnico Integrado, Pedagogia Social.

INTRODUÇÃO: A pedagogia social vem surgindo como possibilidade de uma atuação


também transformadora de uma realidade voltada para o ensino profissionalizante. Nessa
perspectiva encontramos trabalhos produzidos na área a fim de fornecer outro sentido à
Educação Física Escolar tem sido vários, como os estudos de Assis (2005), Caparroz
(1997), Grupo de Trabalho Pedagógico UFSM-UFPE (1991), Hildebrandt-Stramann
(1986), Kunz (1994), entre outros. É visível que há na atualidade uma preocupação em
inserir a escola e a Educação Física Escolar em uma nova perspectiva, mais crítica e
voltada para a realidade. Sabe-se que a escola tem como objetivo proporcionar
conhecimento e possibilidades de atividade física com educadora e formadora de
cidadãos, que experimentarão formas de expressão da cultura presente em seu cotidiano.
As práticas esportivas fazem com que os alunos aprendam a apreender e a conhecer os
limites do corpo, reconhecendo a necessidade do saber físico que muitas vezes parece
estar aquém do intelecto. Nesta perspectiva encontramos também a contribuição da
pedagogia social que entende que a criança como pessoa que deve ser assumida como
um ser integral, de múltiplas dimensões, complexo e em constante movimento e
mudança. Assim entre suas várias dimensões, uma da mais importantes é a corporal. Em
relação a sua corporeidade, valores e vida, uma proposta educacional não pode deixar
de defender, promover e restaurar a sua integridade de vida. (GRACIANI, 2014,
pág.62).Também na perspectiva da Pedagogia social, o corpo não se configura como
objeto de intervenção, mas como parte do sujeito que porta cultura, saberes e
gestualidades construídas na inserção social. Assim a história das diferentes

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
587

manifestações populares devem ser socializadas e difundidas. (GRACIANI, 2014, pág.


66) Nesse sentido, a escola é o espaço onde se trata de saberes mais elaborados,
ampliando o horizonte do aluno para coisas, lugares e saberes que não atingiria sem ela.
Esta escola como lugar de conhecer, apresenta, para o aluno, o que há de grandioso na
ciência, ou seja, o homem diante da dúvida, diante de um processo que se constrói pelos
erros e pela negação, por rupturas e continuidades. Assim neste lugar de conhecer
haveria um respeito profundo pela inteligência do aluno (SOARES, 1996). Os objetivos
deste texto foram estabelecer um diálogo entre a Educação Física e o ensino dos jogos
desportivos nos cursos técnicos profissionalizantes a partir da aproximação com a
pedagogia social e buscar alternativas para se construir uma nova concepção da prática
do professor de Educação Física que aproxime da pedagogia social numa dimensão
reflexiva como componente fundamental.

MÉTODO: Este estudo foi desenvolvido no Instituto Federal do Espírito Santo – Ifes,
durante os anos letivos de 2013 e 2014. Nesse período foram desenvolvidas aulas de
Educação Física e projetos de ensino tais como os Jogos Escolares do Instituto Federal do
Espírito Santo – JIFES; Jogos Internos do Instituto Federal do Espírito Santo – Campus
Guarapari – JINIFES e IFES na Praia. Participaram alunos do 1º, 2º, 3º e 4º anos do ensino
técnico integrado, matriculados nos cursos técnicos integrados em Administração,
Eletrotécnica e Eletromecânica. Trabalhamos numa perspectiva que valorizou a
participação de todos.

RESULTADOS: Forquim (1993) destaca que a educação é reflexo e transmissão da


cultura, existindo entre Educação e cultura, uma relação íntima, orgânica. Entretanto, a
escola ensina uma parte extremamente restrita de tudo o que constitui a experiência
coletiva, a cultura viva de uma comunidade humana. A escola deve respeitar os saberes
socialmente construídos pelos alunos na prática comunitária. Discutir com eles a razão de
ser de alguns saberes em relação ao ensino dos conteúdos. Discutir os problemas por eles
vividos. Estabelecer uma intimidade entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos
e a experiência social que eles têm como indivíduos. Discutir as implicações políticas e

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
588

ideológicas, e a ética de classe relacionada a descasos (FREIRE, 1996, pág.30). Snyders,


apud Soares (1996) afirma a existência possível de uma escola alegre; afirma a
possibilidade da alegria como sentimento que floresce do ato de conhecer. E ainda deseja
que a escola possa ser invadida por aquela alegria que os jovens sentem e expressam nos
campos esportivos. Mas para isso o conhecimento tratado em seu interior não pode ser
hierarquizado. As atividades corporais e artísticas fazem parte deste lugar de aprender.
Não são apenas o equilíbrio buscado pelo estafante e “sério” trabalho intelectual.

A criança que trabalha e estuda aprende, teórica e praticamente, que o seu divertimento precisa ser
adiado além da hora do “serviço” e o “estudo”, pois “não se brinca em serviço” e a escola “'e lugar
de aprender e não de brincar”. Há uma separação, uma fragmentação da corporeidade da criança
que não é vista como totalidade. (GRACIANI, 2014, pág. 61)
Nessa perspectiva ensinar exige alegria e esperança - Esperança de que professor e alunos
juntos podem aprender, ensinar, inquietar-se, produzir e também resistir aos obstáculos à
alegria. O homem é um ser naturalmente esperançoso. A esperança crítica é indispensável
à experiência histórica que só acontece onde há problematização do futuro. Um futuro não
determinado, mas que pode ser mudado (FREIRE, 1996, pág. 72). Conforme Caliman
(2010) a escola atualmente assume funções sociais que na verdade seriam próprias da
família e da sociedade. A ela atribui-se não somente os processos de ensino-
aprendizagem, mas, de forma mais presente, delega-se a solução de grande parte dos
problemas sociais dos alunos. Alguns sentimentos e resultados são expressos na fala de
uma aluna, após a realização de uma das etapas dos Jogos do Instituto Federal do Espírito
Santo: “Não vencemos, não teríamos mais jogos, mas fizemos tudo o que estava ao nosso
alcance, como time e na torcida. Aprendemos a ser fortes juntos, a superar juntos, viramos
uma equipe, vivemos amizades incríveis e fizemos coisas inesquecíveis. Até mesmo eu,
mera relatora, me senti acolhida e útil, ao escrever aqui tudo o que se passou, mas não tive
nem nunca terei a habilidade de dizer o que sentimos”. (ALUNA DO 2º ANO, ENSINO
TÉCNICO INTEGRADO, 2013). Continua a aluna em seus relatos: “Flashes das últimas
fotos por todos os lados, risos, brincadeiras e muita conversa não faltou. Tiramos uma foto
de todos os participantes e tudo, sem dúvida, ficará gravado em nossas memórias e
corações”. (ALUNA DO 2º ANO, ENSINO MÉDIO INTEGRADO, 2013). Podemos perceber
no relato da aluna que o lúdico é um elemento presente na vida da criança, mas para que
a sua expressão máxima se manifeste - o jogo – é preciso que haja suspensão da obrigação
e do constrangimento e que sejam viabilizados espaços e tempo para o seu

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
589

desenvolvimento. (GRACIANI, 2014, pág. 61). A construção destas práticas proporciona e


fortalece o meu querer bem aos educandos e a própria prática educativa de que participo.
Essa abertura significa que a afetividade não me assusta, que não tenho medo de
expressá-la. Seriedade docente e afetividade não são incompatíveis. Aberto ao querer bem
significa minha disponibilidade à alegria de viver. Quanto mais metodologicamente rigoroso
me torno na minha busca e minha docência, tanto mais alegre e esperançoso me sinto
(FREIRE, 1966, pág. 141).

CONCLUSÃO: Acredito que os estudos sobre uma prática reflexiva podem contribuir muito
para o debate na área da Educação Física e seria um grande avanço incorporar em nossos
projetos político-pedagógicos mecanismos que possibilitem a construção de uma prática
profissional que incorpore em seu cotidiano os processos reflexivos, de crítica, de análise
da realidade e um dialogo permanente com a pedagogia social comprometido com projetos
educacionais de superação e de mudança. Conclui-se que é possível, pensando na
formação dos alunos, estabelecer o diálogo entre o ensino técnico integrado e a pedagogia
social.

REFERÊNCIAS

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CALIMAN, G. Pedagogia social: seu potencial crítico e transformador. p. 341-368. In
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semestre/2010

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FORQUIN, JEAN CLAUDE. Escola e cultura: as bases epistemológicas do


conhecimento escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

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Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1986.

KUNZ, E. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí/Rio Grande do Sul:


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SOARES, CARMEM LÚCIA. Educação Física escolar: conhecimento e


especificidade. Revista Paulista de Educação Física - suplemento nº. 2 p.06-12,1996.

PEDAGOGIA DO ESPORTE: COMPARAÇÃO DOS TIPOS DE ATIVIDADE AO LONGO


DA TEMPORADA NAS CATEGORIAS SUB-13 E SUB-15 DE FUTSAL

Rodolfo Silva da Rosa /LAPE - UFSC


Michel Angillo Saad/LAPE - UFSC
Edison Roberto de Souza/LAPE - UFSC
Felipe Goedert Mendes/LAPE - UFSC
Alexandre Bobato Tozetto/LAPE - UFSC
rodolfodarosa@yahoo.com.br

Resumo: Este estudo exploratório objetivou comparar o tipo de atividades desenvolvidas


ao longo da temporada pelos treinadores de futsal nas categorias sub-13 e sub-15.
Participaram deste estudo 34 jogadores de futsal de Santa Catarina, pertencentes a duas

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
591

equipes na categoria sub-13 e sub-15 respectivamente e, quatro treinadores das equipes


correspondentes. Foram observadas na totalidade, 96 sessões de treinamento: 24 sessões
de cada equipe em cada categoria(12 preparatório e 12 competitivo). Foram utilizados os
testes de t pareado e o teste t para amostras independentes afim de identificar a existência
de diferenças significativas entre os períodos preparatório (pré-teste) e competitivo (pós-
teste) assim como entre as categorias sub-13 e sub-15. Os dados foram analisados no
programa Statitiscal Package for the Social Science (SPSS) adotando nível de significância
de 5%. Os resultados revelaram que nas ações dos treinadores as atividades de aplicação
técnico-tática apresentaram o maior dispêndio de tempo na categoria sub-15. Enquanto
que atividades de aprimoramento técnico apresentaram maior ênfase no período
preparatório, jogadas preestabelecidas e jogo condicionado forma mais enfatizadas no
tempo despendido no período competitivo. Pode-se concluir que na preparação das
equipes investigadas, os meios de treinamento técnico-táticos assumem um papel de
destaque, independentemente do período do planejamento da temporada esportiva.
Palavras-chave: Educação Física; Pedagogia do esporte; Futsal.

INTRODUÇÃO: A abordagem metodológica destinada ao treinamento do futsal dentro de


um processo de ensino-aprendizagem, necessita contemplar todas as características
inerentes a modalidade (SANTANA, 2004). A organização das sessões de treinamento
técnico-tático passa necessariamente pela capacidade do treinador de selecionar e utilizar
as tarefas motoras mais adequadas para concretizar os seus objetivos de treino. Harrison
et. all (2004) apontam que o tipo de tarefa de treino e a forma como são estruturadas,
devem refletir as intenções do treinador.
Nesse sentido ao considerar o contexto de intervenção do treinador, o estudo tem
como objetivo comparar os tipos de atividades aplicadas pelos treinadores nos
treinamentos em equipes de futsal nas categorias sub-13 e sub-15, em Santa Catarina.

METODOLOGIA: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética para Pesquisa com Seres
Humanos de universidade pública no Brasil (Processo 125/08). Os participantes foram
escolhidos de forma intencional. Participaram 34 jogadores de futsal de Santa Catarina,
pertencentes a duas equipes na categoria sub-13 e duas equipes na categoria sub-15, bem
como 4 treinadores responsáveis pelas equipes correspondentes. Foi utilizado o os testes

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
592

de t pareado e o teste t para amostras independentes afim de identificar a existência de


diferenças significativas entre os períodos preparatório (pré-teste) e competitivo (pós-teste)
das equipes, assim como entre as categorias sub-13 e sub-15. Os dados foram e
analisados no programa Statitiscal Package for the Social Science (SPSS) 17.0. O nível de
significância utilizado foi de 5%.

RESULTADOS:Para a apresentação dos resultados, foram consideradas a média e o


desvio padrão da duração das sessões no tipo de atividade realizada em cada categoria ao
longo da temporada esportiva e nos diferentes períodos de treinamento adotados pelos
treinadores. A Tabela 1 apresenta os resultados da comparação dos tipos de atividades em
relação com as categorias e períodos de jogo.

Tabela 1. Comparação dos tipos de atividade (em segundos) em relação às categorias e


aos períodos de treinamento.
Dimensã

Tipos de Categorias Períodos


Atividades
o

Sub-13 Sub-15 Preparatório Competitivo


Média (DP) Média (DP) Média (DP) Média (DP)
Aprimorar o gesto 261,25 – 181,25 80,00
técnico/1 (444,11)* (411,34)* (240,11)
Técnico

elemento
Aprimorar o gesto 595,00 573,75 571,25 597,50
técnico/ 2 ou mais (540,28) (381,47) (394,13) (325,34)
elementos

Jogadas 233,75 315,00 232,50 316,25


preestabelecidas (355,56) (401,96) (309,40) (438,24)*
Tático

Situações 233,75 187,50 177,50 243,75


especiais (355,56) (332,88) (334,47) (352,43)
Técnico

Estruturas 846,25 930,00 1005,00 771,25


Tático

funcionais (432,18) (578,05)* (501,33) (495,25)

Jogo 125,00 – 40,83 54,17


recreativo (217,61)* (149,07) (181,58)
Jogo 331,88 221,25 237,50 315,63
Jogo

condicionado (380,66)* (345,40) (307,49) (415,68)*


Jogo – – – –
reduzido

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
593

Jogo formal 1121,25 883,75 955,42 1049,58


(663,31) (727,94) (686,34) (723,25)
3770,43 3111,25 3446,81 3428,13
Total (1052,00)* (907,79) (1040,97) (1032,49)

Na comparação entre as categorias (Tabela 1), constatou-se que a categoria sub-15


gasta mais tempo com exercícios na forma de estruturas funcionais (*) (p=0,022). Por sua
vez, a categoria sub-13 gasta mais tempo com jogo condicionado (*) (p=0,004). Ao avaliar
os tipos de atividades realizadas nas sessões de treinamento nos diferentes períodos de
planejamento (Tabela 1), constatou-se que as atividades de aprimoramento de um
elemento técnico apresentaram maior ênfase no período preparatório (*) (p=0,001). As
atividades de jogadas preestabelecidas (*) (p<0,001) e jogo condicionado (*) (p<0,001)
apresentaram maiores valores de tempo despendido no período competitivo.
Não foram encontrados resultados referentes as atividades de jogos reduzidos os
treinadores privilegiavam situações com o número reduzido de jogadores ou em espaços
menores apenas em situações especiais ou de estruturas funcionais.
Em relação à predominância de treinamento técnico no período preparatório e, de
treinamento tático no período competitivo, verificado nos resultados deste estudo, pode-se
afirmar que este é um dos princípios do treinamento que norteia o planejamento de uma
temporada esportiva. Os dados encontrados convergem com outros achados na literatura,
aonde o jogo se destacou como o principal segmento das sessões de treinamento na
modalidade de futsal (SAAD, 2002; PERFEITO, 2008) corroborando os presentes dados.
Nos estudos citados, o treinamento técnico mostrou-se como o segmento que mais
tempo ocupava nas sessões destas investigações, depois do jogo. Os resultados caminham
na perspectiva de Menezes, Marques e Nunomura (2015) de que os treinadores preferem
o ensino por meio do jogo e nas habilidades técnicas. As evidências encontradas podem
ser interpretadas como preocupações que os treinadores apresentam quanto ao
desenvolvimento harmônico dos componentes técnicos e táticos do jogo, nas categorias de
formação no futsal, como sugere a literatura contemporânea.

CONCLUSÕES: O A partir do objetivo de analisar as tarefas realizadas nas sessões de


treinamento do futsal em categorias sub-13 e sub-15, dos resultados obtidos e
considerando as limitações do estudo podemos concluir que: em relação as atividades

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
594

desenvolvidas nos treinos que mais tempo ocupam nas sessões, destaca-se o treino sobre
o jogo na sua concepção institucionalizada, seguido do treino técnico-tático. Verificou-se
que na categoria sub-13 prevaleceu a fundamentação técnica, por outro lado, na categoria
sub-15, o treinador priorizou a formação técnico-tática, através de atividades de complexo
de jogo I. Isso pode revelar uma tendência da formação técnico-tática, em detrimento da
formação técnica, na transição da categoria sub-13 para a categoria sub-15.
Conclui-se que os aspectos técnico-taticos se mostram prioritários nas propostas dos
treinadores investigados mostrando tendência no maior envolvimento desses componentes
na preparação para a temporada esportiva. Dessa forma, a abrangência e a profundidade
com que os dados foram tratados nesta investigação revelaram aspectos importantes no
âmbito da Pedagogia do Esporte, predominando ações mecanizadas em detrimento da
compreensão do jogo.

REFERÊNCIAS:
Harrison, J.M; Blakemore, C.L; Richards, R.P; Oliver, J; Wilkinson, C; Fellingham G. The
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595

O PROGRAMA SESC DE ESPORTES E A METODOLOGIA DE ENSINO-


APRENDIZAGEM PARA JOVENS DE 11 A 15 ANOS DE IDADE
Paulo Henrique Verardi / Sesc - SP
verardi@scarlos.sescsp.org.br

RESUMO: O Sesc é uma Instituição de caráter privado, cuja missão é promover o bem-
estar social e a melhoria da qualidade de vida de seu público prioritário e de toda a
coletividade. Para tanto desenvolve ações em variadas áreas, entre elas a esportiva. Assim
sendo, lança em 2012 o Programa Sesc de Esporte que atende diferentes faixas etárias.
O Programa Sesc Jovem conta com participantes divididos em 2 módulos: 11 e 12 e 13 a
15 anos. No 1, busca-se a “aprendizagem diversificada de modalidades esportivas”; no 2,
a “automatização e refinamento da aprendizagem dos conteúdos das fases anteriores,
buscando a fixação em uma só modalidade esportiva”. Baseado nessa metodologia o
Programa tem como objetivo geral possibilitar aos jovens a prática sistematizada de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
596

modalidades esportivas efetivadas através de procedimentos pedagógicos que


potencializem as possibilidades educacionais e formativas do Esporte; e como objetivo
específico possibilitar a adoção de procedimentos pedagógicos adequados para processos
de ensino, vivência e aprendizagem de modalidades esportivas.
Já participaram do Programa cerca de 800 jovens em especial em São Paulo e nas cidades
do litoral e interior.
Pode-se concluir que o Programa tem alcançado uma importante abrangência e tem
contribuído para a discussão de trabalhos na área.

Palavras chaves: Esporte Pedagogia do Esporte Programa de Ensino-aprendizagem

INTRODUÇÃO: O Sesc Serviço Social do Comércio, é uma Instituição de caráter privado,


sem fins lucrativos, criado em 1946 por iniciativa dos empresários do setor do comércio de
bens e serviços e turismo que o mantêm e administram. Sua missão é promover o bem-
estar social, a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento cultural do trabalhador
no comércio de bens e serviços e turismo e de seus dependentes.
Do ponto de vista do Sesc, no entanto, a noção do bem estar social deve ter amplitude
suficiente para conter, além da superação das necessidades materiais imediatas, o
movimento de incorporação, por parte dos indivíduos, das virtudes e valores da cidadania.
Cidadania expressa antes de mais nada pelo desejo de participação, pelo conhecimento da
realidade e vontade de atuar positivamente sobre a mesma. É por isso que a instituição,
assume também um projeto sócio cultural cujas ações e resultados estende-se não só a
seu público prioritário “como à toda coletividade”.
Baseado nessas diretrizes o Sesc São Paulo desenvolve diferentes “Programas” no campo
artístico, da saúde, das atividades físicas e esportiva, voltadas para as diferentes faixas
etárias em 35 centros culturais e desportivos (Unidades Operacionais) construídos para tal
fim. São espaços que valorizam a convivência, a troca, a aprendizagem e, também, o
descanso, o Lazer. A Educação permanente, o atendimento qualificado e a democratização
da cultura são valores basilares e que conduzem cada um dos programas.
Assim sendo, conta também com um programa específico para a questão da
Atividade Física e do Esporte. Trata-se do “Desenvolvimento Físico-Esportivo”. Tal
programa é baseado no processo de educação permanente e não formal e objetiva a

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
597

ampliação do repertório motor de seus participantes; busca ainda o incentivo à prática


autônoma da atividade físico-esportiva e também a conscientização sobre a importância da
inclusão de exercícios físicos na agenda diária das pessoas.
No referido Programa o Esporte tem como sua essência o “Esporte para Todos”; assim, o
Sesc São Paulo entende a atividade física e o Esporte enquanto manifestações culturais;
busca a inclusão pelo e para o Esporte; vislumbra no Esporte, o seu conceito mais amplo:
o da Qualidade de Vida; e prioriza também, a difusão da Prática Esportiva e Memória do
Esporte.
Baseado nesses conceitos o Sesc São Paulo busca a adoção de uma ação permanente
ligada a prática esportiva, entendendo-a como um importante campo para a difusão de
princípios como integração, respeito à diversidade e inclusão social. Incentiva assim a
prática inclusiva e prazerosa do Esporte entre todas as pessoas. Tais atividades são
sempre voltadas para o bem-estar e o desenvolvimento integral dos indivíduos e são
desenvolvidas de acordo com a faixa etária e os interesses do participante.
No ano de 2012, o Sesc São Paulo visando um realinhamento de conceitos e linhas
de ação a respeito do Esporte na Instituição, a unificação das linguagens, nomenclaturas e
faixas etárias e buscando efetivar a adoção de atividades que contemplassem a oferta de
modalidades esportivas para as faixas etárias envolvidas, lança o “Programa Sesc de
Esportes”.
No referido programa, a Educação ocorre por meio do Esporte e para o Esporte. Brincar,
aprender, competir, jogar e divertir são elementos presentes no universo dos esportes;
prática humana promovedora de infinitas trocas simbólicas, favorável à formação de
pessoas e à construção da cidadania. Um estímulo prazeroso para a conquista da
autonomia corporal, a melhoria da qualidade de vida e o aprendizado de novas habilidades
e expressões corporais.
Assim sendo, o Programa em questão passa a ser desenvolvido dentro da seguinte
formatação: Esporte Criança (3 a 6 anos); Esporte Criança (6 a 10 anos), Esporte Jovem
(11 e 12 anos); Esporte Jovem (13 a 15 anos); Esporte Adulto (16 a 59 anos) e Esporte
para Idosos (acima de 60 anos de idade).

A partir das colocações feitas até aqui, descreveremos como o Sesc São Paulo
entende a prática do Esporte para jovens da faixa etária dos 11 aos 15 anos de idade.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
598

Como mencionado, tal ação é denominada de “Esporte Jovem”. O referido


Programa é baseado em pressupostos conceituais que buscam estudos e autores que
caracterizam e estabelecem as fases do desenvolvimento em que se encontra a
criança/adolescente e suas respectivas características; e que orientam sobre a prática
sistematizada de modalidades esportivas, que serão descritas a seguir.

Nos dias atuais, observa-se um aumento considerável nas discussões sobre as


metodologias de ensino-aprendizagem dos Esportes. Nesse sentido, observa-se o grande
número de reflexões a respeito da ação conhecida como iniciação esportiva. Vários autores
apresentam propostas visando a busca de novos procedimentos pedagógicos, com vistas
a facilitar esse processo (BAYER 1994, MESQUITA 1997, GARGANTA 1998, BOTA, I. e
COLIBABA-EVULET, D. 2001, PAES e BALBINO 2005, REVERDITO e SCAGLIA 2009)
Nesse sentido surgem questões que devem nortear um trabalho de iniciação esportiva, a
saber: O que ensinar na iniciação esportiva? Para quem ensinar? Como ensinar? Em que
medida o Esporte pode contribuir para a formação de seus participantes?
Baseado nesse contexto, o Programa Sesc Jovem pretendeu, pautado na missão e
experiência da Instituição bem como nos conceitos apresentados por autores da área,
destacar a importância em se adotar a “diversificação de movimentos como uma proposta
pedagógica no processo de ensino e aprendizagem dos Esportes, preocupada em atribuir
ao fenômeno Esporte uma função educativa e que tem o Jogo como instrumento facilitador
desse processo”.
Assim sendo, observa-se que autores como Paes, Montagner e Ferreira (2009)
apresentam a iniciação esportiva como o primeiro contato do participante, em especial da
criança e adolescentes com qualquer que seja o Esporte.
Para Paes (2001), seus fundamentos, princípios, características, regras e movimentações
devem ser, aos poucos, apresentados de maneira simples e num nível de exigência com
as capacidades do participante que está iniciando um novo processo; deve também ter
características que a afastam do plano unicamente recreativo tanto como do esporte de
competição que busca resultados imediatos.
Para Greco e Benda (1998) e Paes (2001), uma proposta que visa ao planejamento
da prática do Esporte deve priorizar o desenvolvimento dos seus praticantes em etapas e
fases que percorrem desde a iniciação até o profissionalismo. Assim sendo, para os

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
599

referidos autores, o aprendizado das práticas esportivas para crianças e adolescentes deve
respeitar as fases de desenvolvimento humano e a atividade motora aplicada a este público.
Assim, dentro do programa Sesc Jovem, a etapa de iniciação dos esportes é um
período que abrange desde o momento em que as crianças iniciam-se nos esportes até a
decisão por praticarem uma modalidade específica. Desta maneira, os conteúdos devem
ser ensinados respeitando-se cada fase do desenvolvimento dos jovens. Sendo assim,
optou-se por dividir essa etapa de iniciação esportiva em 2 fases (ou Módulos), sendo que
cada fase possui objetivos específicos que posteriormente serão apresentados.
No Módulo 1 (11 e 12 anos de idade), a fase de iniciação esportiva é marcada por
oportunizar aos jovens à aprendizagem de várias modalidades esportivas.
Em conformidade com essa idéia, encontra-se os estudos de Paes (1989) que ressalta que
nesse período, deve proporcionar ao participante o conhecimento de diferentes
modalidades, devendo sua prática ser organizada em decorrência a um tempo pedagógico
adequado, respeitando as características da faixa etária do aluno, bem como da fase de
ensino da qual o aluno faz parte.
O referido autor ainda, assinala essa fase como generalizada, na qual pretende-se
a aquisição das condições básicas de jogo ao lado de um desenvolvimento psicomotor
integral, possibilitando a execução de tarefas mais complexas.
De acordo com a literatura, os iniciantes devem participar de jogos e exercícios, advindos
dos esportes específicos e de outros, que auxiliem a melhorar sua base multilateral e no
preparo com a base diversificada para o esporte escolhido. As competições devem ter
caráter participativo e podem ser estruturadas para reforçar o desenvolvimento das
capacidades coordenativas e das destrezas, melhorando a técnica do movimento
competitivo, vivenciando formações táticas simples. Deve-se buscar, a aprendizagem
diversificada e motivacional, visando ao desenvolvimento geral. Essa fase se confere muita
importância à auto-imagem, socialização e valorização, por intermédio dos princípios
educativos na aprendizagem dos jogos coletivos (Paes, 2001).
No Módulo 2 (13 a 15 anos), a fase de iniciação esportiva é marcada por oportunizar
aos jovens à escolha da prática de uma única modalidade esportiva.
Para Paes (2001), nessa fase o jovem procura por si só, a prática de uma ou mais
modalidades esportivas por gosto, prazer, aplicação voluntária e pelo sucesso obtido nas
fases anteriores. Neste sentido, os atributos pessoais parecem ser fundamentais para o

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
600

aperfeiçoamento das capacidades individuais. A idade e o biótipo, além da motivação, são


características determinantes para a opção por uma ou outra modalidade na busca da
automatização e refinamento da aprendizagem dos conteúdos das fases anteriores,
buscando a fixação em uma só modalidade.
Segundo o referido autor ainda, em relação às habilidades motoras, essa fase deve
buscar a automatização e refinamento do que foi aprendido e acrescenta as situações de
jogo e sistemas táticos, os quais, aliados à técnica, visam ao aperfeiçoamento das
condições gerais da formação do atleta, na qual os conteúdos de ensino equilibram-se entre
exercícios e jogos com o objetivo de ensinar habilidades "técnicas específicas", que são o
modo de fazer aliado à "tática específica", a razão de fazer
Nesse sentido e em relação à pedagogia da iniciação esportiva, Paes (2001) aponta
o “jogo possível" como um importante instrumento de uma pedagogia do esporte; como
uma possibilidade de ensinar jogos desportivos coletivos, pois o mesmo pode propiciar aos
alunos o conhecimento e a aprendizagem dos fundamentos básicos das modalidades
coletivas, considerando seus valores relativos e absolutos, e também aprenderem de
acordo com suas possibilidades materiais (locais de aprendizagem). Para o autor ainda, tal
procedimento, proporciona a motivação por parte dos praticantes, para que os mesmos
tomem gosto e possam usufruir a prática esportiva, como beneficio para melhor qualidade
de vida, caso seus talentos pessoais não despertem o sucesso atlético.
Assim sendo, o autor em questão, apresenta uma proposta para o ensino dos jogos
coletivos, tomando como referência a idéia do jogo. Considerando então os esportes
coletivos a partir de suas semelhanças estruturais, para o autor deve-se garantir nas fases
iniciais a aquisição por parte dos alunos dos princípios operacionais dos esportes coletivos,
para, em seguida, desenvolver as regras de ação e as atitudes específicas de cada
modalidade. Segundo Paes, Montagner e Ferreira (2009) dessa forma, o aluno conseguirá
transferir os princípios operacionais para outras situações de jogo e outras modalidades; a
partir dessa metodologia, evita-se a especialização precoce em uma modalidade esportiva,
além de incentivar no aluno a inteligência tática, que garantirá um acesso ao conhecimento
esportivo de forma criativa e autônoma. Para o autor ainda, é por isso que tal pedagogia
constitui um processo que solicita ao máximo os poderes de decisão do aluno a sua reflexão
tática; o aluno mais do que reproduzir certos gestos esportivos deverá se comportar
ativamente no jogo, compreendendo as razões de fazer determinados movimentos.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
601

Uma última questão que orienta a construção conceitual do Programa SESC Jovem,
aponta para uma discussão da pedagogia da iniciação esportiva, destacando a importância
de se dar ao Esporte um “tratamento educativo”.
Uma forma muita utilizada, por ações de iniciação esportiva, é aquela que baseia-se
no ensino tendo por parâmetro a prática de equipes de alto rendimento. Tal ação tem se
apresentado com inúmeros pontos discutíveis e muitas vezes tem sido apontados através
da denominação de especialização precoce. Essa, busca de forma equivocada a plenitude
atlética em crianças ainda em formação, privilegia a competição exacerbada, definição
precoce do esporte a ser praticado, a especialização esportiva precoce, a pressão
psicológica exercida pelos pais e técnicos e a singularidade dos treinos ou aulas limitando
um desenvolvimento que deveria ser o mais amplo possível (PAES, MONTAGNER E
FERREIRA, 2009)
Uma pedagogia do Esporte voltada para o aprendizado do esporte educacional, não
pode ter uma finalidade em si mesma, mas sim ser uma etapa no processo de formação do
participante.
Adotando-se um referencial sócio-educativo, a iniciação esportiva poderá diferenciar
o trabalho com crianças e adolescentes enquanto estivermos pensando num processo de
ensino e aprendizagem na perspectiva de formarmos cidadãos, sem cometermos o
equivoco de darmos ao fenômeno esporte um tratamento singular, restringindo suas
possibilidades à formação de atletas.
Segundo Paes, Montagner e Ferreira (2009) a todo momento devemos refletir na
formação esportiva específica de crianças e adolescentes buscando contribuir na sua
formação enquanto cidadãos. Para esse autor ainda, os educadores devem ter o
conhecimento para avaliar quando, e de que modo atuar com a especialização esportiva,
com o objetivo a longo prazo, visando um homem mais equilibrado e melhor preparado para
o futuro. Além disso, o autor coloca que, a meta é dar a esse homem a oportunidade de ser
um amante do esporte ou um profissional desse esporte, desde que tenha condições
psíquicas, uma preparação física adequada, e um apoio financeiro; como amante do
esporte, deve ter adquirido boas experiências, aumentando o seu acervo motor e guardado
boas recordações de convívio com outros indivíduos; dessa forma, terá obtido uma
contribuição da prática esportiva que incorporou à sua vida.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
602

Diante do exposto O Programa Sesc Jovem tem como “Objetivo Geral”: possibilitar
aos jovens a prática sistematizada de modalidades esportivas efetivadas através de
procedimentos pedagógicos que potencializem as possibilidades educacionais e formativas
do Esporte.
E como “Objetivo Específico”: possibilitar a adoção de procedimentos pedagógicos
adequados para processos de ensino, vivência e aprendizagem de modalidades esportivas.
MÉTODOS: A partir das colocações anteriores, descreveremos a seguir como é a
metodologia de aplicação do “Programa Sesc Jovem”.
Como mencionado, o Programa atende jovens da faixa etária dos 11 aos 15 anos de idade,
divididos em 2 módulos (grupos): o Módulo 1 (11 e 12 anos) e o Módulo 2 (13 a 15 anos).
No Módulo 1, busca-se a “aprendizagem diversificada de modalidades esportivas,
dentro de suas particularidades”.
Assim sendo, o jovem irá participar de Modalidades Esportivas Básicas; Modalidade
Esportiva Complementar e Modalidades Esportivas Adicionais.
Para que a aprendizagem diversificada de modalidades esportivas seja
proporcionada ao participante, ocorre um “rodízio” entre as atividades, permitindo a
realização de modalidades Básicas, a Complementar e as Adicionais e no decorrer do
processo denominado de “ciclo” e que tem a duração de 6 semanas. Tal ação visa
possibilitar a adoção de uma ação processual na transição entre o Esporte Criança e o
momento de escolha de uma modalidade específica (Módulo 2), que será descrita
posteriormenter.
Nas “Modalidades Esportivas Básicas”, são oferecidas quatro (4) modalidades
escolhidas pelas Unidade Operacionais do Sesc. Essas são preferencialmente coletivas,
estabelecidas a partir de estudos referentes à demanda, características de espaço
físico/esportivo e perfil dos professores. Ainda que apresentam uma maior visibilidade junto
ao público alvo e apresentam maior potencial para atendimento por parte das Unidades.
Tais modalidades esportivas, representam a maior carga horária / tempo de prática, ou seja,
4h por ciclo (16h total). Tal ação objetiva garantir a transição entre as fases anteriores e
posteriores do Programa (como mencionado anteriormente). Exemplos de atividades
desenvolvidas nas Unidades: Handebol, Basquete, Futsal, Voleibol, Natação, Tênis de
Campo.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
603

Já a “Modalidade Complementar” adotada, trata-se do “Atletismo”. Entende-se que


a mesma proporciona uma formação motora importante para a prática de um esporte
específico posterior. E ainda, garante de a continuidade da prática dessa modalidade nas
Unidades Operacionais do Sesc. Essa tem uma carga horária intermediária, ou seja, 2h por
ciclo. Vale salientar que a prática dessa modalidade também garante a transição entre os
programas e deve ser Adaptado às características de espaço das Unidades (pois somente
algumas possuem campo/espaços específicos para a prática da modalidade)
As “Modalidades Adicionais”, são estabelecidas a partir de estudos das
características dos espaços das Unidades e perfil dos professores. Podem apresentar uma
menor visibilidade junto ao público alvo e menor potencial posterior para atendimento por
parte das Unidades. Possuem a menor carga horária, ou seja, 1h por ciclo. Devem ser
efetivadas através de “vivências” em modalidades esportivas. Nessa caso também,
entende-se que as mesmas garantem a transição entre os Programas. Alguns exemplos
são: Natação, Tênis de Campo / Badminton, Futevôlei, Peteca, Tênis de Mesa /
Modalidades Paralímpicas / Esportes Diferenciados.
Para que a prática diversificada de modalidades esportivas seja proporcionada ao
participante, ocorre um “rodízio” entre as atividades, permitindo a realização de
modalidades Básicas, a Complementar e as Adicionais e no decorrer do processo
denominado de “ciclo” e que tem a duração de 6 semanas. Tal ação visa possibilitar a
adoção de uma ação processual na transição entre o Esporte Criança e o momento de
escolha de uma modalidade específica (especialização), que será descrita posteriormente.

Quanto a “periodicidade e duração” das atividades, essas acontecem por duas vezes
na semana e por 2 horas por turma. O “número de participantes” x “professores” é de até
30 participantes por grupo/turma e conta com 1 professor por grupo/turma. A “inscrição”
para participação no Programa é anual, sendo que o jovem se matricula no módulo,
escolhendo a turma (terça e quinta ou quarta e sexta);
No Módulo 2, objetiva-se a “automatização e refinamento da aprendizagem dos
conteúdos das fases anteriores, buscando a fixação em uma só modalidade esportiva”.
Para tanto, o jovem irá participar de “Modalidades Esportivas Eletivas”. Essas são
escolhidas pelo participante de acordo com a oferta de cada Unidade e são estabelecidas
a partir de estudos referentes à demanda, características de espaço físico/esportivo e perfil

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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dos professores. Alguns exemplos são: Handebol, Vôlei, Basquete, Futsal / Natação, Tênis
de Campo / Badminton, Futevôlei, Peteca, Tênis de Mesa / Modalidades Paraolímpicas /
Esportes Diferenciados.
Quanto a “periodicidade e duração” das atividades, essas acontecem por duas vezes
na semana e por 2 horas por turma. O “número de participantes” x “professores” é de até
30 participantes por grupo/turma e conta com 1 professor por grupo/turma. A “inscrição”
para participação no programa é anual, sendo que o jovem se matricula escolhendo a
modalidade específica.
Ainda, em acordo com os autores citados anteriormente, a participação do jovem no
Programa deve prever a realização de competições esportivas, com as seguintes
características: Módulo 1 (11 e 12 anos) - “prever a realização de jogos, festivais internos
ou com equipes/instituições convidadas”; Módulo 2 (13 a 15 anos) - prever a realização de
jogos, festivais internos, locais e preferencialmente encontros entre os Programas similares
das diversas Unidades do Sesc.
Também baseado nos autores citados anteriormente, o Programa busca como
Estratégias Pedagógicas, “diversificar as estratégias de ensino sendo”, a saber: jogo formal;
jogo reduzido; jogos pré-desportivos; situações de jogo; brincadeiras; exercícios
sincronizados e exercícios Analíticos (em menor escala). (PAES e BALBINO, 2005). Ainda
buscam priorizar, no processo pedagógico, a utilização do jogo e de situações problemas
por entender que essas apresentam como ganhos adicionais:possibilitam adaptações;
envolvem o pensar e o agir; a autonomia, a criatividade, a diversificação e a ludicidade.
(PAES e BALBINO, 2005).
Nesse mesmo sentido, a efetivação do programa prevê a realização de “Reunião de
Pais” (no início das atividades no ano e preferencialmente semestrais). Tal ação visa alinhar
o conhecimento, as expectativas e a apresentação/discussão da avaliação do Programa/e
participante. Nesse mesmo sentido, ocorre ainda a partir de uma reflexão sobre as
possíveis articulações entre o ensino do Esporte e os Temas Transversais, a - Participação
dos jovens em atividades como Campanhas de Higiene e Saúde Bucal, Dia Mundial de
Combate da Aids e Virada Inclusiva (exemplos de ações cotidianamente desenvolvidas nas
Unidades do Sesc São Paulo).
O Programa também entende ser necessário a realização de um “Acompanhamento
Longitudinal” (avaliação) dos participantes. Assim objetivando a obtenção de dados da

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
605

participação do jovem no decorrer do processo de participação no Programa, são efetivadas


a: Avaliação inicial e Avaliação final (anual).
Tal ação visa o “acompanhamento do desenvolvimento motor dos participantes”, o
“acompanhamento do desenvolvimento de habilidades esportivas” e o “acompanhamento
da participação social do participante do Programa. Tais pontos mencionados foram
estabelecidos a partir das colocações apresentadas por Rosseto Junior, Costa e D’Angelo
(2008).
Vale salientar também que, para a implantação do referido Programa, foi
desenvolvido e aplicado um “plano de capacitação dos professores” do Regional São Paulo
envolvidos no processo, baseados na divisão do próprio Programa e suas faixas etárias
(processo ocorrido no ano de 2012). E que atualmente, ainda estão sendo realizadas
capacitações para reflexões e alinhamento do Programa. Ainda, como citado
anteriormente, o Programa Sesc de esportes (e o Sesc Jovem) foi lançado em 2012, mas
considera-se para tempo de realização plena, devido as adaptações necessárias para a
sua implantação, o período a partir de 2013.
RESULTADOS: Já participaram do Programam Sesc Jovem em seus 2 anos e meio de
realização, cerca de 800 jovens em especial na capital do Estado de São Paulo e nas
inúmeras cidades onde o Sesc possui suas Unidades Operacionais no litoral e interior do
Estado.
Vale salientar ainda que, a partir das discussões, reflexões e experiências práticas
apresentadas a partir da efetivação do referido programa, foi realizado em 2014 na Unidade
Operacional do Sesc na cidade de São Carlos, o “I Encontro de Práticas Pedagógicas do
Esporte”. Estiveram presentes a ele, nomes de peso ligados as áreas docentes (inclusive
internacional, vindo de Portugal), artística, esportivas e à entidades representativas. Contou
com a participação de cerca de 300 graduandos e profissionais das áreas da Educação
Física e Esporte, oriundos de diferentes cidades de todo o Brasil.
CONCLUSÃO: O trabalho desenvolvido pelo Sesc SP se baseia nos princípios que
orientam as atuações da entidade, possibilitando ações de democratização do acesso à
atividades esportivas, culturais, artísticas e de desenvolvimento/inclusão social.
Proporcionam o envolvimento e incentivo a participação em programações que o Sesc
oferece, bem como buscam a melhoria da qualidade de vida das pessoas que dele
participam.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Considerando as informações anteriormente apresentadas, pode-se concluir que o


Programa Sesc Jovem tem alcançado uma importante abrangência e tem logrado status de
referência de trabalho na área da pedagogia do esporte em especial para o ensino-
aprendizado de modalidades esportivas por jovens de 11 a 15 anos de idade; ainda, tem
contribuindo e colaborado para a melhoria e sedimentação da divulgação das informações
que estimulam a melhoria da qualidade de vida das pessoas que dele participam, bem como
estimulado a consolidação dos campos de conhecimento na área e atuação profissional
que a cada dia se expande no nosso país.

REFERÊNCIAS
BA YER, C. O ensino dos desportos coletivos. Lisboa: Dinalivros, 1994.

BOTA, I. e COLIBABA-EVULET, D. Jogos desportivos coletivos: teoria e metodologia.


Lisboa: Instituto Piaget, 2001.

GARGANTA, J. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In: GRAÇA, A.;
OLIVEIRA, J. (Eds). O ensino dos jogos desportivos coletivos. Lisboa: Universidade do
Porto, 1998.
GRECO, P. J. e BENDA, R. N. Iniciação esportiva universal I:da aprendizagem motora
ao treinamento técnico. Belo Horizonte: UFMG, 1998.

MESQUITA, I. Pedagogia do Treino: a formação em jogos desportivos coletivos.


Lisboa: Livros Horizontes, 1997.

PAES, R.R. Aprendizagem e competição precoce: o caso do basquetebol.


Universidade Metodista de Piracicaba: Dissertação de Mestrado, 1989.

____________. Educação Física Escolar: o esporte como conteúdo pedagógico no


ensino fundamental. Porto Alegre: ULBRA, 2001.

PAES, R.R. e BALBINO, H. Pedagogia do esporte: contexto e perspectivas. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
607

PAES,R. R., MONTAGNER, P. C. e FERREIRA, H. B. Pedagogia do esporte: iniciação


e treinamento em basquetebol. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2009.

REVERDITO,R. S. e SCAGLIA, A. J. Pedagogia do esporte: jogos coletivos de invasão.


São Paulo: Phorte, 2009

ROSSETTO JUNIOR, A. J., COSTA, C. M. e D'ANGELO, F. L.Práticas Pedagógicas


Reflexivas em Esporte Educacional: Unidade Didática como Instrumento de Ensino e
Aprendizagem. São Paulo: Phorte, 2008

PEDAGOGIA DO ESPORTE: COMPARAÇÃO DOS TIPOS DE ATIVIDADE AO LONGO


DA TEMPORADA NAS CATEGORIAS SUB-13 E SUB-15 DE FUTSAL

Rodolfo Silva da Rosa /LAPE - UFSC


Michel Angillo Saad/LAPE - UFSC
Edison Roberto de Souza/LAPE - UFSC
Felipe Goedert Mendes/LAPE - UFSC
Alexandre Bobato Tozetto/LAPE - UFSC
rodolfodarosa@yahoo.com.br

Resumo: Este estudo exploratório objetivou comparar o tipo de atividades desenvolvidas


ao longo da temporada pelos treinadores de futsal nas categorias sub-13 e sub-15.
Participaram deste estudo 34 jogadores de futsal de Santa Catarina, pertencentes a duas
equipes na categoria sub-13 e sub-15 respectivamente e, quatro treinadores das equipes
correspondentes. Foram observadas na totalidade, 96 sessões de treinamento: 24 sessões

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
608

de cada equipe em cada categoria(12 preparatório e 12 competitivo). Foram utilizados os


testes de t pareado e o teste t para amostras independentes afim de identificar a existência
de diferenças significativas entre os períodos preparatório (pré-teste) e competitivo (pós-
teste) assim como entre as categorias sub-13 e sub-15. Os dados foram analisados no
programa Statitiscal Package for the Social Science (SPSS) adotando nível de significância
de 5%. Os resultados revelaram que nas ações dos treinadores as atividades de aplicação
técnico-tática apresentaram o maior dispêndio de tempo na categoria sub-15. Enquanto
que atividades de aprimoramento técnico apresentaram maior ênfase no período
preparatório, jogadas preestabelecidas e jogo condicionado forma mais enfatizadas no
tempo despendido no período competitivo. Pode-se concluir que na preparação das
equipes investigadas, os meios de treinamento técnico-táticos assumem um papel de
destaque, independentemente do período do planejamento da temporada esportiva.
Palavras-chave: Educação Física; Pedagogia do esporte; Futsal.

INTRODUÇÃO: A abordagem metodológica destinada ao treinamento do futsal dentro de


um processo de ensino-aprendizagem, necessita contemplar todas as características
inerentes a modalidade (SANTANA, 2004). A organização das sessões de treinamento
técnico-tático passa necessariamente pela capacidade do treinador de selecionar e utilizar
as tarefas motoras mais adequadas para concretizar os seus objetivos de treino. Harrison
et. all (2004) apontam que o tipo de tarefa de treino e a forma como são estruturadas,
devem refletir as intenções do treinador.
Nesse sentido ao considerar o contexto de intervenção do treinador, o estudo tem
como objetivo comparar os tipos de atividades aplicadas pelos treinadores nos
treinamentos em equipes de futsal nas categorias sub-13 e sub-15, em Santa Catarina.

METODOLOGIA: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética para Pesquisa com Seres
Humanos de universidade pública no Brasil (Processo 125/08). Os participantes foram
escolhidos de forma intencional. Participaram 34 jogadores de futsal de Santa Catarina,
pertencentes a duas equipes na categoria sub-13 e duas equipes na categoria sub-15, bem
como 4 treinadores responsáveis pelas equipes correspondentes. Foi utilizado o os testes
de t pareado e o teste t para amostras independentes afim de identificar a existência de
diferenças significativas entre os períodos preparatório (pré-teste) e competitivo (pós-teste)

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
609

das equipes, assim como entre as categorias sub-13 e sub-15. Os dados foram e
analisados no programa Statitiscal Package for the Social Science (SPSS) 17.0. O nível de
significância utilizado foi de 5%.

RESULTADOS:Para a apresentação dos resultados, foram consideradas a média e o


desvio padrão da duração das sessões no tipo de atividade realizada em cada categoria ao
longo da temporada esportiva e nos diferentes períodos de treinamento adotados pelos
treinadores. A Tabela 1 apresenta os resultados da comparação dos tipos de atividades em
relação com as categorias e períodos de jogo.

Tabela 1. Comparação dos tipos de atividade (em segundos) em relação às categorias e


aos períodos de treinamento.
Dimensã

Tipos de Categorias Períodos


Atividades
o

Sub-13 Sub-15 Preparatório Competitivo


Média (DP) Média (DP) Média (DP) Média (DP)
Aprimorar o gesto 261,25 – 181,25 80,00
técnico/1 (444,11)* (411,34)* (240,11)
Técnico

elemento
Aprimorar o gesto 595,00 573,75 571,25 597,50
técnico/ 2 ou mais (540,28) (381,47) (394,13) (325,34)
elementos

Jogadas 233,75 315,00 232,50 316,25


preestabelecidas (355,56) (401,96) (309,40) (438,24)*
Tático

Situações 233,75 187,50 177,50 243,75


especiais (355,56) (332,88) (334,47) (352,43)
Técnico

Estruturas 846,25 930,00 1005,00 771,25


Tático

funcionais (432,18) (578,05)* (501,33) (495,25)

Jogo 125,00 – 40,83 54,17


recreativo (217,61)* (149,07) (181,58)
Jogo 331,88 221,25 237,50 315,63
condicionado (380,66)* (345,40) (307,49) (415,68)*
Jogo

Jogo – – – –
reduzido
Jogo formal 1121,25 883,75 955,42 1049,58
(663,31) (727,94) (686,34) (723,25)

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3770,43 3111,25 3446,81 3428,13


Total (1052,00)* (907,79) (1040,97) (1032,49)

Na comparação entre as categorias (Tabela 1), constatou-se que a categoria sub-15


gasta mais tempo com exercícios na forma de estruturas funcionais (*) (p=0,022). Por sua
vez, a categoria sub-13 gasta mais tempo com jogo condicionado (*) (p=0,004). Ao avaliar
os tipos de atividades realizadas nas sessões de treinamento nos diferentes períodos de
planejamento (Tabela 1), constatou-se que as atividades de aprimoramento de um
elemento técnico apresentaram maior ênfase no período preparatório (*) (p=0,001). As
atividades de jogadas preestabelecidas (*) (p<0,001) e jogo condicionado (*) (p<0,001)
apresentaram maiores valores de tempo despendido no período competitivo.
Não foram encontrados resultados referentes as atividades de jogos reduzidos os
treinadores privilegiavam situações com o número reduzido de jogadores ou em espaços
menores apenas em situações especiais ou de estruturas funcionais.
Em relação à predominância de treinamento técnico no período preparatório e, de
treinamento tático no período competitivo, verificado nos resultados deste estudo, pode-se
afirmar que este é um dos princípios do treinamento que norteia o planejamento de uma
temporada esportiva. Os dados encontrados convergem com outros achados na literatura,
aonde o jogo se destacou como o principal segmento das sessões de treinamento na
modalidade de futsal (SAAD, 2002; PERFEITO, 2008) corroborando os presentes dados.
Nos estudos citados, o treinamento técnico mostrou-se como o segmento que mais
tempo ocupava nas sessões destas investigações, depois do jogo. Os resultados caminham
na perspectiva de Menezes, Marques e Nunomura (2015) de que os treinadores preferem
o ensino por meio do jogo e nas habilidades técnicas. As evidências encontradas podem
ser interpretadas como preocupações que os treinadores apresentam quanto ao
desenvolvimento harmônico dos componentes técnicos e táticos do jogo, nas categorias de
formação no futsal, como sugere a literatura contemporânea.

CONCLUSÕES: O A partir do objetivo de analisar as tarefas realizadas nas sessões de


treinamento do futsal em categorias sub-13 e sub-15, dos resultados obtidos e
considerando as limitações do estudo podemos concluir que: em relação as atividades
desenvolvidas nos treinos que mais tempo ocupam nas sessões, destaca-se o treino sobre

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
611

o jogo na sua concepção institucionalizada, seguido do treino técnico-tático. Verificou-se


que na categoria sub-13 prevaleceu a fundamentação técnica, por outro lado, na categoria
sub-15, o treinador priorizou a formação técnico-tática, através de atividades de complexo
de jogo I. Isso pode revelar uma tendência da formação técnico-tática, em detrimento da
formação técnica, na transição da categoria sub-13 para a categoria sub-15.
Conclui-se que os aspectos técnico-taticos se mostram prioritários nas propostas dos
treinadores investigados mostrando tendência no maior envolvimento desses componentes
na preparação para a temporada esportiva. Dessa forma, a abrangência e a profundidade
com que os dados foram tratados nesta investigação revelaram aspectos importantes no
âmbito da Pedagogia do Esporte, predominando ações mecanizadas em detrimento da
compreensão do jogo.

REFERÊNCIAS:
Harrison, J.M; Blakemore, C.L; Richards, R.P; Oliver, J; Wilkinson, C; Fellingham G. The
effects of two instructional models-tactical and skill teaching-on skill development and game
play, knowledge, self-efficacy, and student perceptions in volleyball. Physical Educator;
v.61, n.4, p186-199. 2004

MENEZES, R. P.; MARQUES, R. F. R.; NUNOMURA, M. O ensino do handebol na


categoria infantil a partir dos discursos de treinadores experientes. Movimento, v. 21, n. 2,
p. 463–477, abr-jun 2015.

Perfeito, P.J.C. Metodologia de treinamento no Futebol e Futsal: Discussão da tomada


de decisão na iniciação esportiva. [Dissertação de Mestrado]. Brasília: Universidade de
Brasília. Programa de Pós-Graduação em Educação Física; 2009.

Saad M.A. Estruturação das sessões de treinamento técnico-tático nos escalões de


formação do Futsal. [Dissertação de Mestrado]. Florianópolis: Universidade Federal de
Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física; 2002.

Santana, W. C. Futsal: apontamentos pedagógicos na iniciação e na


especialização. Campinas: Autores Associados, 2004.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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CAPÍTULO 4: RESUMOS NA ÁREA DE FORMAÇÃO DE


TREINADORES
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A NATUREZA DOS SABERES E PROCESSOS FORMATIVOS NA SOCIALIZAÇÃO


PROFISSIONAL DO TREINADOR ESPORTIVO.

Heitor de Andrade Rodrigues (UFG)


Roberto Rodrigues Paes (UNICAMP)
Samuel de Souza Neto (UNESP)
triheitor@yahoo.com.br

RESUMO: O objetivo da pesquisa foi investigar o processo de socialização profissional de


treinadores de basquetebol de jovens atletas, buscando identificar os saberes apreendidos
ao longo do tempo e analisar a natureza dos processos formativos por trás da apropriação
desses saberes. Optou-se por uma pesquisa do tipo qualitativa, sendo a entrevista
narrativa, na perspectiva etnossociológica, a técnica para coleta de dados. Os sujeitos
participantes foram 13 treinadores. Os resultados revelaram a apropriação de um conjunto
diversificado de saberes (experienciais, acadêmicos e profissionais), fruto de socializações

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
614

sucessivas, sustentadas pela educação artesanal, formação acadêmico-científica e prática


reflexiva.

PALAVRAS CHAVE: Socialização; Saberes; Treinadores.

INTRODUÇÃO: Este estudo discorre sobre a socialização do treinador esportivo como um


processo de profissionalização e produção de saberes, tendo como recorte o basquetebol.
Embora, no espaço social do esporte, o treinador seja um elemento chave na formação de
jovens atletas e equipes adultas (BOSSCHER et al., 2009), esta questão tem suscitado
diferentes desafios e ações, como: (1) o International Council for Coaching Excellence 12
que tem por missão promover a profissão de treinador e aumentar a sua capacitação em
todos os níveis do esporte; (2) as pesquisas sobre as iniciativas de programas nacionais
para a formação e a certificação de treinadores no(a) Canadá, Austrália, Reino Unido e
Estados Unidos (TRUDEL, GILBERT e WERTHNER, 2010) e; (3) Gilbert e Trudel (2004)
que identificaram e analisaram de 1970-2001, 610 artigos, em 161 periódicos científicos de
língua inglesa, sobre o treinador. No Brasil, de um lado, a formação de treinadores de
esporte tem sido evidenciada, sobretudo, nas Confederações esportivas e, mais
recentemente, no Comitê Olímpico Brasileiro (COB). No caso específico do basquetebol, o
reconhecimento da necessidade de formação pode ser constatado com a criação, em 2009,
da Escola Nacional de Treinadores de Basquetebol (ENTB). Por outro lado, no que diz
respeito à pesquisa científica, o número de publicações sobre os treinadores tem
aumentado, mas ainda é reduzido. Essa situação pode ser confirmada pela ausência de
uma agenda de pesquisa sobre a formação profissional, no qual se sobressaem pesquisas
isoladas ou de pequenos grupos. Dentre os objetos/temas insuficientemente explorados
destaca-se o número reduzido de estudos que buscam investigar as competências e os
saberes dos treinadores (BALBINO, 2005; RAMOS, 2008). De acordo com Freidson (1996)
delimitar um corpo de conhecimentos e habilidades especializadas é uma iniciativa das
ocupações que visam controlar seu trabalho. Freire, Verenguer e Reis (2002), na Educação
Física, destacam que a definição do saber profissional é um dos elementos imprescindíveis

12
Disponível em: <www.icce.ws>. Acesso em: 20 de setembro de 2015.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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na constituição da identidade profissional e no reconhecimento social da categoria


profissional. Assim, a formalização do conjunto de conhecimentos e saberes que sustentam
a prática dos profissionais é um dos pilares da profissionalização e condição essencial a
qualquer profissão, pois o reconhecimento social, no sentido de elevar o status profissional
de uma categoria a profissão perpassa a investigação e a demarcação dos saberes
necessários ao desenvolvimento das tarefas profissionais. Em função desses aspectos,
esta pesquisa tem como objetivo investigar o processo de socialização profissional de
treinadores de basquetebol de jovens atletas, buscando identificar os saberes apreendidos
ao longo do tempo e analisar a natureza dos processos formativos por trás da apropriação
desses saberes.

MÉTODOS: Optou-se pela pesquisa qualitativa, estudo descritivo, por ser uma abordagem
que estuda os fenômenos em seus cenários naturais descrevendo-os, bem como busca
interpretá-los tomando por base os significados que as pessoas lhes conferem, tendo na
técnica da narrativa de vida, na perspectiva etnossociológica (BERTAUX, 2010). Neste
percurso, inicialmente, esta investigação foi aprovada junto ao Comitê de Ética em
Pesquisa (CAAE – nº 11226312.0.0000.5404) e, posteriormente, desenvolvida com o
consentimento dos treinadores. Participaram 13 treinadores de basquetebol (T1 a T13)
vinculados a formação de jovens atletas, tendo sido selecionados por sua expertise e
disponibilidade em participar. As idades dos treinadores oscilaram de 23 anos a 48 anos.
Dos 13 participantes, três eram do sexo feminino e 10 do sexo masculino. O menos
experiente estava há dois anos na ocupação, enquanto que o mais experiente estava a 23
anos como treinador. Desse grupo, cinco treinadores eram diplomados em licenciatura e
bacharelado e oito em licenciatura plena. A maioria (12) em instituições particulares de
ensino. Em relação à formação continuada, todos relataram ter participado de pelos menos
uma clínica de formação de treinadores; seis já participaram de cursos da Escola Nacional
de Treinadores (ENTB) e cinco realizaram especialização (lato sensu). Em relação à análise
dos dados, Bertaux (2010) sugere quatro fases: (1) transcrição das entrevistas; (2)
reconstrução da estrutura diacrônica das narrativas e reconstituição dos grupos de
coabitação presentes nas narrativas; (3) análise compreensiva; (4) análise comparativa.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
616

RESULTADOS: A partir da análise das narrativas de vida dos treinadores de basquetebol


constatamos que a apropriação dos saberes é um processo que ocorre ao longo da vida,
fruto das inúmeras socializações vivenciadas pelos indivíduos nos mais diversos contextos
(família, escola, treinamento, universidade, ao longo da carreira profissional). Os dados
revelaram que, para além da formação obtida no curso de Educação Física, os saberes dos
treinadores pesquisados foram adquiridos em diferentes fases da vida. Identificou-se que
as socializações sucessivas, experimentadas pelos treinadores ao longo da vida pessoal e
profissional, foram constituindo um reservatório de saberes, em permanente transformação,
que foi mobilizado em resposta às demandas de trabalho. Esse resultado referenda o que
tem sido divulgado na literatura (NELSON, CUSHION e POTRAC, 2006) de que os
treinadores de esporte aprenderam o oficio por meio de fontes diversificadas de
conhecimento no contexto formal, não-formal e/ou informal, podendo-se destacar três
períodos: socialização pré-profissional - experiências anteriores a universidade;
socialização profissional – formação inicial e socialização profissional ao longo da carreira
– as experiências de trabalho. No âmbito da socialização pré-profissional a aprendizagem
dos saberes foi social e espaço-temporal ocorrendo pela imersão na cultura esportiva,
denominada de educação artesanal, na perspectiva das “escolas de oficio” em que o
aprendiz aprende com o mestre de ofício, sendo introduzido nos segredos do ofício
(RAMOS, 2009). Sobressaíram um conjunto de saberes experienciais expresso nos
conhecimentos específicos sobre o basquetebol, suas técnicas, táticas, regras e
metodologias de ensino, bem como um conjunto de valores sobre a iniciação esportiva e o
treinamento. Em relação ao curso de Educação Física observamos que a aprendizagem
dos saberes acadêmicos-científicos foi cognitiva, plural e heterogênea com ênfase para
Didática, Fisiologia, Anatomia, Teoria do Treinamento e Psicologia. Embora este processo
tenha sido sustentado pelos pressupostos da racionalidade técnica na lógica disciplinar
(PÉREZ-GÓMEZ, 1995), os objetivos a serem atingidos pelos treinadores são diferentes
não dando margem para uma unidade teórica de conteúdo, mas para uma coerência
pragmática em relação a prática (TARDIF, 2000). Em função disso surgem os
questionamentos relacionados a produção e transmissão de conhecimentos científicos para
serem aplicados aos problemas colocados pela prática. No âmbito da carreira ficou
evidenciado a emergência de um conjunto de saberes profissionais (saberes da ação)
(TARDIF, 2000), no qual se observou que esta aprendizagem é relacional, personalizada e

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
617

situada, trazendo subjacente a ela um capital cultural. Destacam-se os conhecimentos


sobre o jogo e o ensino do jogo, conhecimentos e habilidades para se relacionar com os
atletas e, com menor incidência, os conhecimentos de Fisiologia, Teoria do Treinamento e
Didática. Em relação às características do processo formativo, há indícios de que os
saberes profissionais foram produzidos a partir de uma prática reflexiva dos treinadores
(reflexão na ação, reflexão sobre a ação e reflexão retrospectiva sobre a ação) (SCHÖN,
2000) em estreita relação com os desafios colocados pela prática profissional.

CONCLUSÃO: Do ponto de vista do desenvolvimento profissional observamos indícios de


uma ocupação que oscila entre um ofício e uma profissão, pois de um lado se encontram
vestígios de uma educação artesanal e, de outro, a influência dos conhecimentos
universitários, na perspectiva de uma formação universitária de alto nível, fora do contexto
de trabalho. Cabe ressaltar que, no bojo do movimento de profissionalização dos
treinadores, considerando a relevância expressa na definição de um corpo especializado
de saberes e conhecimentos científicos necessários à formação e ao exercício profissional,
a pesquisa confirma a urgência em considerar o terreno profissional como um elemento
indispensável na definição dos saberes profissionais dos treinadores, o que ratifica a
premência de tentar defini-los a partir de uma epistemologia da prática profissional.

REFERÊNCIAS

BALBINO, H. F. Pedagogia do treinamento: método, procedimentos pedagógicos e as


múltiplas competências do técnico nos jogos desportivos coletivos. 2005. 92f. Tese
(Doutorado em Educação Física) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP), Campinas, 2005.

BERTAUX, D. Narrativas de vida: a pesquisa e seus métodos. Natal: EDUFRN, 2010.

DE BOSSCHER, V.; DE KNOP, P.; VAN BOTTENBURG, M.; SHIBLI, S.; BINGHAM, J.
Explaining internacional sporting success: an international comparison of elite sport
systems and policies in six countries, Sport Management Review, 12, p. 113-136, 2009.

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FREIDSON, E. Para uma análise comparada das profissões: a institucionalização do


discurso e do conhecimento formais. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 11,
1996, p. 141-154.

FREIRE, E. S.; VERENGUER, R. C. G.; REIS, M. C. C. Educação Física: pensando a


profissão e a preparação profissional. Revista Mackenzie de Educação Física e
Esporte, v. 1, ano 1, p. 39-46, 2002.

GILBERT, W; TRUDEL, P. Analysis of coaching science research published from 1970-


2001. Research Quarterly for Exercise and Sport, London, v. 75, n. 4, p. 388-399,
2004.

NELSON, L.; CUSHION, C. J.; POTRAC, P. Formal, nonformal and informal coach
learning: a holistic conceptualization. International Journal of Sports Science and
Coaching, Reino Unido, v. 1, n. 3, p. 247-259, 2006.

PÉREZ GÓMEZ, A. I. O pensamento prático do professor – a formação do professor


como profissional reflexivo. In: NÓVOA, A. Os professores e sua formação. 2. ed.
Lisboa: Dom Quixote, 1995. p. 102-154.

RAMOS, V. O treino do basquetebol na formação jovens desportivas: estudo do


conhecimento pedagógico de treinadores. 2008. 115 f. Tese (Doutorado em Ciência do
Desporto) – Faculdade de Desporto, Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2008.

RAMOS, G. N. S. Escolas de ofício, profissão educação física e sociedade. Motriz, Rio


Claro, v. 15, n. 4, 2009, p. 919-924.

SCHÖN, D. A. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a


aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

TARDIF, M. Saberes profissionais dos professores e conhecimentos universitários:


elementos para uma epistemologia da prática profissional dos professores e suas
consequências em relação à formação para o magistério. Revista Brasileira de
Educação, Rio de Janeiro; Campinas, n. 13, p. 5-13, jan./abr. 2000.

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619

TRUDEL, P.; GILBERT, W.; WERTHNER, P. Coach education effectiveness. In: LYLE, J.;
CUSHION, C. (Orgs.). Sports coaching: professionalisation and practice. London:
Elsevier, 2010. Cap. 9, p. 135-152.

A FORMAÇÃO DO TÉCNICO NO FUTEBOL GOIANO

ÍTALO GLAUCO FERNANDES DA SILVA/UFG-RC


LEOMAR CARDOSO ARRUDA/UFG-RC
italo_coxinha@hotmail.com

Resumo: O objetivo deste estudo foi descrever a trajetória de formação dos treinadores do
futebol profissional goiano. A pesquisa caracteriza-se como de campo, de caráter descritivo
e exploratório. Para análise dos dados utilizamos a análise descritiva e os resultados foram
apresentados por porcentagem de frequência de respostas. Utilizou-se um questionário

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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com 26 questões abertas e fechadas, aplicado aos técnicos (n=06) participantes do


Campeonato Goiano de Futebol em 2015. As informações analisadas nos permitem
concluir que 100% dos sujeitos da pesquisa têm como o fator de terem sido ex-atletas de
futebol como o principal marco para a sua formação como técnico esportivo, embora
reconheçam a importância da formação em um curso superior. Conclui-se também que as
federações estaduais de futebol e a Confederação Brasileira de Futebol não possuem de
forma regular cursos de formação para técnicos de futebol. Espera-se que os resultados
contribuam para o melhor desenvolvimento dos técnicos de futebol e estimulem e subsidiem
futuras discussões sobre formação profissional no futebol brasileiro.

Palavras-chave: Futebol. Técnico Esportivo. Formação.

INTRODUÇÃO

O futebol entendido como um fenômeno cultural, social, político e econômico, nas


últimas décadas tem se inserido cada vez mais no cotidiano dos brasileiros, e, mesmo
empiricamente, no cenário nacional, percebemos que há poucos estudos no campo da
formação de técnicos que estão à frente das equipes profissionais, e nos causa certos
desconforto sujeitos se tornarem técnicos somente por terem sido ex-atleta de futebol
profissional.
De Rose Junior (2013), ressalta que para atuar como treinador exige-se que este
profissional domine diversos conhecimentos para sua atuação, e, que não se trata apenas
de conhecimentos relacionados aos aspectos técnico e tático, mas também ao psicológico,
ao social, ao econômico, ao cultural e ao biológico, para além de adaptar os atletas ao
ambiente esportivo em que se encontra.
Com a grande inserção de ex-atletas para a carreira de técnico sem formação
adequada (Marturelli Junior, 2002) e (Thiengo, 2011), entendemos que para obter os
conhecimentos citados anteriormente, necessita-se de formação para exercer a função de
técnico, e para (Lima, 1982) a formação do treinador é uma necessidade indiscutível, e para
quem deseja se tornar treinador deve ter uma formação adequada de acordo com um
programa que apresente as evoluções e valorize as capacidades do treinador, de maneira
que possam ser comprovadas suas competências a partir da prática de ensino, através dos
conhecimentos que foi oferecido pela instituição formadora.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
621

Com a finalidade de dialogar sobre a formação dos técnicos de futebol, o presente


texto teve como objetivo identificar a trajetória de formação dos técnicos que atuaram no
Campeonato Goiano de Futebol no ano de 2015.

METODOLOGIA

Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa de campo, de natureza exploratória


(Gonsalves, 2011) e descritiva (Gil, 2008), realizada com seis técnicos de futebol (T1 a T6)
que atuaram no Campeonato Goiano em 2015. Utilizou-se, para a coleta dos dados, a
aplicação de um questionário juntos aos sujeitos da pesquisa no período de 10 de março a
07 de abril de 2015. Para a análise dos dados optamos pela análise descritiva, sendo os
resultados apresentados por porcentagem de frequência de respostas (Gil, 2008). Todos
os sujeitos da pesquisa concordaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre
Esclarecido.
RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os 06 técnicos que participaram da pesquisa foram denominados de (T1 a T6).


Identificamos que a média de idade dos sujeitos é de 47 anos, todos os sujeitos do sexo
masculino. O tempo de atuação no clube atual foi de 90 dias para T1 e T3, 30 para T5 e
T6, 35 para T2 e 15 dias ao T4. E com relação ao tempo de carreira, identificamos que T2
e T5 possuem maior tempo, sendo de 26 e 13 anos, os demais técnicos com tempo inferior
á 10 anos.
Indagamos os técnicos sobre formação estudantil e universitária, e percebemos que
todos haviam concluído o ensino médio, em relação á formação universitária, T2 e T5
possuem graduação em EF, com especialização em futebol e EF escolar, respectivamente.
T4 segue com graduação em EF em andamento, T1 é graduado em Ciências Contábeis, já
T6 não possui curso superior. Identificamos que nenhum técnico possui mestrado e
doutorado.
Em nosso estudo perguntamos aos técnicos de onde surgiu a motivação para se
tornar técnico de futebol profissional, e constatamos que 100% dos entrevistados relata que
o motivo foi ter atuado profissionalmente como atleta, e de acordo com os sujeitos tal
situação contribui na formação profissional e atuação dos técnicos. Encontramos nas falas
dos técnicos que ter exercido outras funções dentro do futebol também trouxe contribuição

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
622

na carreira do técnico. T3 e T6 atuou como comentarista de futebol, T6 ainda foi gerente de


futebol, e T1 e T4 foram auxiliares técnicos.
Posteriormente indagamos a qualificação dos técnicos que atuam no Brasil, e
encontramos nas respostas, que há deficiência na formação de técnicos no cenário
brasileiro, e pedem apoio das entidades que regulamenta o esporte, e dos clubes em que
atua, uma vez que todos disseram nenhum clube oferece suporte aos técnicos para buscar
qualificação. E aos perguntamos se haviam participado de cursos para se qualificar como
profissional para área especifica, e identificamos que todos os sujeitos buscaram se
qualificar para atuar, os que mais se destacaram no estudo foram os cursos realizados pelo
sindicato dos treinadores do Rio de Janeiro e São Paulo, os demais foram FUTCOM, FIFA,
CREF-GO, ABTF, cursos Online, e cursos e estágios com outros treinadores, sendo os
mesmos custeados pelos técnicos.
Questionamos os profissionais a necessidade de ser graduado em EF, T2 disse sim,
T4 entende que ser formado traz ganho na carreira, T3, T5 e T6 disseram não, já T1 não
expressou sua opinião.
Buscamos a opinião dos técnicos se a vivencia como atleta de futebol qualifica-se para
exercer a função de técnico, e obtivemos nas opiniões de não para T2, T3, T4, e T5, quanto
á T1 e T6 disseram sim, ser atleta garante boa atuação profissional.
CONCLUSÃO

Embora os técnicos que participaram deste estudo mencionem a importância dos


cursos de formação, o principal fator que contribuiu para a sua formação profissional como
técnico de futebol foi o fato de serem ex-atleta, e, reconhecem também a carência de ações
formativas por parte das Federações Estaduais de Futebol, Clubes Esportivos e CBF.
O fato de ter sido jogador de futebol não é o suficiente para qualificar e habilitar este
para atuar como técnico de futebol, assim como somente a formação acadêmica sem a
intervenção prática durante sua formação, também não é o suficiente para garantir que um
bom técnico esportivo tenha a competência para exercer esta profissão.
Registramos aqui a necessidade de que as instituições representativas do esporte
brasileiro promovam espaços de formação para técnicos, assim como acontece com a
Confederação Brasileira de Voleibol e a Confederação Brasileira de Atletismo. Assim como
é urgente que os profissionais que atuam no futebol brasileiro se organizem e cobrem dos

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
623

seus representantes nas Federações e Confederações, cursos de formação para técnicos


acessíveis a todo território nacional.
REFERÊNCIAS

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<http//:vivaobasquetebol.wordpress.com – Publicado em 05/11/2012>. Acesso em: 05
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GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. Ed., reimpr., São Paulo: Atlas,
2007. p. 44-68.

GONSALVES, E. P. Conversas sobre iniciação à pesquisa cientifica. 5. ed.,


Campinas: Editora Alínea, 2011, p. 67 – 75.

LIMA, T. Com que então quer ser treinador? 1° Volume. Colecção Educação Física e
Desporto. Lisboa: Editorial Compendium, 1982.

MARTURELLI JUNIOR, Mauro. A organização do trabalho de treinadores de futebol:


estratégias de ação e produtividade de equipes profissionais. 2002, 102f. Dissertação
(Mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. Disponível em:
<https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/83391/185217.pdf?sequenc
e=1&isAllowed=y>. Acesso em: 05 mar. 2015.

THIENGO, C. R. Os saberes e o processo de formação de futebolistas no São Paulo


Futebol Clube. 2011, 284f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista,
UNESP, Rio Claro, 2011. Disponível em: <
http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/96055/thiengo_cr_me_rcla.pdf?sequen
ce=1>. Acesso em: 17 mai. 2015.
PEDAGOGIA DO ESPORTE: ENSINO-TREINO DO SAQUE DO TÊNIS DE MESA
BASEADO EM EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS

Renê Augusto Ribeiro, FCA-UNICAMP

Taisa Belli, FCA-UNICAMP

Lívia Bernardes de Castro, FCA-UNICAMP

Larissa Rafaela Galatti, FCA-UNICAMP

Milton Shoiti Misuta, FCA-UNICAMP

ribeiro.rene@outllok.com

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Resumo: O objetivo do estudo foi investigar na literatura fontes que pudessem sustentar a
aprendizagem tática-técnica do tênis de mesa por meio do modelo de jogo, no qual o aluno
terá tarefas de treino no ensino-treino do saque do tênis de mesa, considerando a
imprevisibilidade da modalidade e a necessidade do jogador de aprender a observar o jogo
e solucionar problemas. Desse modo foi proposto um jogo e suas variações com base na
literatura como Fei et al (2010), Lanzoni et al(2013) e Muelling et al (2014). É possível
concluir que há poucas iniciativas que propõe tarefas de treino a partir de evidências
científicas, em especial que apliquem resultados de análise de jogo nesse processo. Sendo
assim, o presente estudo abordou o ensino-treino de habilidades táticas focadas no saque
do tênis de mesa.

Palavras-chaves: esportes de raquetes; habilidades táticas; scout.

Introdução: O tênis de mesa exige diferentes competências do jogador, como


competências técnicas (Marinovic et al, 2006), táticas (Fei et al, 2010, Lanzoni et al, 2013
e Muelling et al, 2014) e demandas fisiológicas (Zagatto et al, 2010). Contudo, os livros
específicos de tênis de mesa ainda priorizam o ensino das habilidades técnicas, pouco
abordando o ensino-treino das competências tático-técnicas da modalidade, sendo este o
enfoque deste estudo.
Diante disso, nesta modalidade, é corriqueiro que o treinamento tático seja pouco
sistematizado e baseado em conselhos do treinador, sustentado em conhecimento tácito,
ou seja, baseado na sua experiência empírica (como treinador ou ex-jogador) (Ramos et
al., 2014). Assim, a orientação estratégica e tática do jogador de tênis de mesa durante o
treino parece ainda ter pouca sustentação na análise de dados dos objetivos dos jogadores
e adversários (Fei et al., 2010).
Um dos métodos mais usados é gravar os jogos, e realizar uma análise das estatísticas de
scout dos mesmos, assim, buscando uma estratégia de jogo, como é usado em várias
modalidades esportivas. Ainda que em menor volume, já é possível recorrer a pesquisas
para incrementar a qualidade do treino tático-técnico no tênis de mesa.
Nesse sentido, a partir das pesquisas feitas por análise com Fei et al. (2010), Lanzoni et al.
(2013) e Muelling et al. (2014), é possível realizar estratégias e sessões de treinamento
mais pautadas nas metodologias interacionistas, tendo por meio a prática de jogos,

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respeitando assim a natureza dessa modalidade. As análises desses autores auxiliam a


estruturação de jogos ao considerar o comportamento da trajetória da bola, distâncias dos
jogadores, velocidades dos jogadores e da bola, posições mais eficazes para realização
dos golpes durante o jogo, o saque e várias outras análises.
A partir do exposto, é objetivo deste estudo indicar a renovação de tarefas de treino no
ensino-treino do saque do tênis de mesa, tendo parâmetros mais objetivos sustentados por
meio de artigos científicos e considerando a imprevisibilidade da modalidade e a
necessidade do jogador de aprender a observar o jogo e solucionar problemas.

MÉTODOS
Realizamos uma busca de artigos científicos de análise de jogos de tênis de mesa nas
bases do Pubmed, Web of Science e junto a Federação Internacional de Tênis de Mesa
(ITTF) para elaboração de tarefas de treino da modalidade.
As investigações encontradas analisaram jogadores classificados dentre os 20 melhores
do mundo em campeonatos oficiais da ITTF (Lanzoni et al., 2013), o campeão do
campeonato Niigata University Table Tennis Club (Fei et al., 2010) bem como jogadores
iniciantes e avançados avaliados em ambiente laboratorial (Muelling et al, 2014).

RESULTADOS
Fei et al. (2010) observaram que 80% dos pontos são finalizados até a quarta bola. Assim,
aquele que tem o poder de saque acaba tendo vantagem, pois consegue planejar
estrategicamente que tipo de efeito imprimir, o local da mesa que irá direcionar o saque e
assim aplicar seu estilo de jogo antes do seu adversário.
Já o estudo de Lanzoni et al (2013) evidenciou que existem regiões mais vantajosas para
realizar o saque, como a área próxima a rede no meio da mesa (Posição 2 exemplificada
na Figura 1), dificultando o adversário realizar o contra-ataque e dando a oportunidade de
quem realizou o saque a atacar a terceira bola para obtenção do ponto. Além disso, outras
posições na mesa são vantajosas para realização do saque, como as áreas próximas da
rede e localizadas mais centralmente na mesa do lado que o adversário realiza o golpe de
backhand (Posições 1 e 4 para jogadores destros ou Posições 3 e 6 para jogadores
canhotos exemplificadas na Figura 1).

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Figura 1: Mapa estratégico proposto por Fei et al. (2010)


9 8 7
6 5 4

3 2 1

1 2 3
4 5 6
7 8 9

A partir disso, propomos um jogo para o ensino-treino do saque contendo três variações.
As regras foram similares a um jogo oficial, tendo a contagem de pontos alterada para
alcançar os objetivos propostos nas variações dos jogos.

Jogo Duração Descrição Procedimentos


pedagógicos
Jogo estratégico Uma partida O jogo é realizado na mesa Após algum tempo
Variação 1 de 3 sets oficial, mas com nove regiões de de prática do jogo,
cada lado desenhadas sobre a questionar os
mesma, figura 1. jogadores sobre as
Quando os jogadores que estratégias
marcarem o ponto tiverem escolhidas e porquê,
realizado o saque nas regiões a fim de levar o
1,2 e 4 (se o adversário for jogador a refletir
destro) ou 2, 3 e 6 (se o sobre suas ações.
adversário for canhoto) será
computado dois pontos ao invés
de um ponto. Nessa primeira
variação os jogadores não
saberão exatamente qual região
vale mais pontos, sabem apenas

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que existem regiões que valem


mais pontos. Assim, o treinador
estará fazendo a contagem dos
pontos.
Jogo estratégico Uma partida O jogo tem a mesma regra que a Questionar sobre os
Variação 2 de 3 sets variação anterior, mas agora os pontos estratégicos,
jogadores saberão os pontos dificuldades e
estratégicos e eles facilidades para
acompanharão as pontuações. pontuar/defender.
Jogo estratégico Uma partida O que muda nessa variação é a Após o jogo
Variação 3 de 3 sets pontuação, não tendo a região questionar sobre os
predeterminada pelo treinador e pontos escolhidos e
sim pelo jogador, o qual deve por que, a fim de
declarar qual será a estratégia estimular o jogador a
(tipo de efeito e onde vai sacar). analisar o jogo em
Se o jogador vencer o ponto suas próprias
fazendo a estratégia marca dois jogadas.
pontos.

Conclusão
O ensino-treino a partir de metodologias pautadas no jogo vem sendo debatida há décadas
nos Jogos Esportivos. No entanto, ainda são tímidas as iniciativas que propõe tarefas de
treino a partir de evidências científicas, em especial que apliquem resultados de análise de
jogo nesse processo. Sendo assim, o presente estudo abordou essa lacuna da literatura,
particularmente no que diz respeito ao ensino-treino de habilidades táticas focadas no
saque do tênis de mesa. Nessa mesma perspectiva, futuras investigações poderão
contribuir propondo jogos que envolvam outros componentes tático-técnicos da referida
modalidade esportiva.
Referências
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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LANZONI. I. M.; DI MICHELE. R.; MERNI. F. A notational analysis of shot characteristics in


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MUELLING, K.; BOULARIAS. A.; MOHLER. B.; SCHÖLKOPF. B,: PETERS. J. Learning
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RAMOS, V.; SOUZA, J. R.; BRASIL, V. Z.; BARROS, T. E. S.; NASCIMENTO, J. V. As


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Strength and Conditioning Research, 24, 942_949. doi:10.1519/JSC.
0b013e3181cb7003 (2010).
ESTILO DE LIDERANÇA DE TREINADORES DE GINÁSTICA RÍTMICA DO PARANÁ
Marcus Vinícius Mizoguchi /FEF- UFMT

Vandressa Teixeira Ribeiro/DEF- UEM

Renan Codonhato/DEF- UEM

Selso Ananias Sitoe/DEF- UEM

William Fernando Garcia /DEF- UEM

marcusmaringa@gmail.com

RESUMO: O objetivo do estudo foi investigar o estilo de liderança de treinadores de


ginástica rítmica do Paraná de categorias juvenil e adulta. Fizeram parte do estudo 52
sujeitos (12 treinadores e 40 atletas do sexo feminino). Como instrumentos foram utilizados

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uma ficha de identificação e a Escala de Liderança no Desporto (LSS). Para análise dos
dados foram utilizados os testes Kolmogorov-Smirnov, “U” de Mann-Whitney, Wilcoxon,
ANOVA de Medidas Repetidas com Post-Hoc de Bonferroni e o d de Cohen, adotando-se
p<0,05. Os resultados não apontaram diferença significativa na percepção de liderança por
técnicos e atletas; a autopercepção do técnico diferiu da preferência das atletas para o
comportamento autocrático (p<0,05); a preferência das atletas se diferiu de sua percepção
para as subescalas reforço, autocrático e democrático; os resultados indicam ainda uma
preferência das atletas pelos estilos de reforço (Md=4,80), treino-instrução (Md=4,22) e
suporte social (Md=3,81). Conclui-se que a autopercepção dos técnicos se aproxima da
percepção das atletas, sendo que as atletas têm preferencias por comportamentos de
reforço e treino-instrução, esses resultados contribuem para o trabalho de técnicos e
psicólogos com atletas de ginástica rítmica, identificando comportamentos que possam
favorecer o desempenho das mesmas.
Palavras-chave: liderança; ginástica rítmica; treinador.

INTRODUÇÃO: Estudar as relações presentes entre liderados e lideres é essencial para


compreender a dinâmica existente em uma equipe esportiva. O papel do líder é considerado
como fundamental para alcançar sucessos coletivos (SONOO et al., 2008), sendo assim, a
liderança tem sido amplamente estudada nos últimos anos na psicologia social, assumindo-
se como um tema de grande interesse pelas implicações no desempenho de equipes em
diversos contextos, dentre eles, o esportivo.
Para descrever como se estabelece o comportamento de liderança, Chelladurai (1990)
desenvolveu o modelo multidimensional de liderança no esporte, conceituando a liderança
como um processo interacional, em que a efetividade do líder depende de suas
características (comportamentos apresentados), de seus atletas (comportamentos
preferidos) e do contexto.
Estudos têm demonstrado que a liderança no esporte pode apresentar relações positivas
com a coesão de grupo (PRICE; WEISS, 2011; SMITH et al., 2013). Se tratando da
Ginástica Rítmica no Brasil, estudos na área da psicologia do esporte têm se pautado em
aspectos motivacionais e estressantes no contexto competitivo (VIEIRA et al., 2005) e
distúrbios alimentares e imagem corporal (VIEIRA et al., 2009). Contudo, investigações
sobre a liderança no contexto nacional dessa modalidade, ainda são escassas.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
630

Desta forma, a presente pesquisa objetivou analisar o estilo de liderança de treinadores de


ginástica rítmica do Paraná a partir da percepção dos treinadores e das atletas das
categorias juvenil e adulta. Especificamente buscou-se comparar autopercepção de
liderança de técnicos em função da percepção e preferência de liderança de atletas, e
identificar os estilos de liderança preferidos pelas ginastas.

MÉTODOS: A pesquisa caracteriza-se como descritiva (THOMAS; NELSON; SILVERMAN,


2007). A amostra foi composta por 52 sujeitos (12 treinadores e 40 atletas do sexo feminino)
participantes do Torneio Regional Paranaense de Ginástica Rítmica no ano de 2014 nas
categorias juvenil (12 e 13 anos) e adulta (acima de 14 anos).
Como instrumento foi utilizada a Escala de Liderança no Desporto (LSS) – validada para o
contexto esportivo (SERPA et al., 1988). A escala é compostapor três versões distintas
constituídas por 40 itens cada, sendo duas delas direcionadas a atletas (percepção e
preferência) e outra direcionada ao treinador (autopercepção), avaliando a percepção de
estilos de liderança em cinco dimensões: treino-instrução; suporte social; reforço positivo;
comportamento democrático e autocrático.
O projeto foi submetido ao Comitê Permanente de Ética em Pesquisa da Universidade
Estadual de Maringá (parecer nº 623.520/2014). Após a aprovação, os questionários foram
aplicados de forma coletiva e respondidos individualmente, mediante aceite e assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Os dados foram analisados no pacote estatístico SPSS versão 20.0. A distribuição dos
dados foi verificada pelo teste Kolmogorov-Smirnov, obtendo-se distribuição não-normal.
Para comparar a autopercepção do treinador em relação à percepção e preferência das
atletas foram utilizados os testes de Kruskal-Wallis e “U” de Mann-Whitney. Para a
comparação da percepção e preferência das atletas foi utilizado o teste Wilcoxon. Para
comparação entre as dimensões de liderança preferidas pelas atletas foi utilizado o teste
ANOVA de Medidas Repetidas com Post-Hoc de Bonferroni. Foi utilizado o d de Cohen
para avaliar o tamanho do efeito nas comparações (d>0,20, efeito leve; d>0,50, efeito
moderado; d>0,80, efeito forte), adotando-se significância de p<0,05 em todas as análises.

RESULTADOS: Na comparação dos estilos de liderança de acordo com treinadores e


atletas (Tabela 1), não foi evidenciada diferença significativa entre a autopercepção dos

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técnicos e a percepção das atletas, indicando que ambos percebem o comportamento do


técnico de forma semelhante. Houve diferença significativa para o estilo “Autocrático” entre
a percepção que o técnico possui de si, e a preferência das atletas por esse estilo de
liderança (d=1,16). A preferência das atletas se diferenciou de forma significativa de sua
percepção nos estilos “Reforço” (d=0,55), “Democrático” (d=0,50) e “Autocrático” (d=0,92).

Autopercepção do Percepção das Preferência das


Estilos de
técnico atletas atletas
liderança
Md (Q1-Q3)
Treino instrução 4,38 (4,03 – 4,84) 4,46 (4,01 – 4,61) 4,22 (4,07 – 4,61)
Suporte social 4,06 (3,78 – 4,59) 3,93 (3,37 – 4,59) 3,81 (3,50 – 4,43)
Reforço 4,80 (4,20 – 4,95) 4,40 (4,00 – 4,80)b 4,80 (4,45 – 5,00)b
Democrático 3,16 (2,79 – 3,41) 3,00 (2,46 – 3,55) b
3,44 (2,79 – 3,82)b
Autocrático 2,30 (1,85 – 2,95)a 2,00 (1,76 – 2,75)b 1,40 (1,05 – 1,80)ab
a. Diferença significativa entre “autopercepção do técnico” e “preferência das atletas”
b. Diferença significativa entre “percepção das atletas” e “preferência das atletas”
Significância adotada a p<0,05
Tabela 1. Comparação da autopercepção de liderança de técnicos e percepção e
preferência de liderança de atletas de Ginástica Rítmica do Paraná

Em relação à disparidade entre a preferência das atletas e o comportamento do técnico no


estilo autocrático, evidencia-se que esse estilo de liderança não reflete necessariamente a
preferência das ginastas. Observou-se também que o reforço positivo e a participação das
atletas nos métodos e estratégias de seus treinamentos (liderança democrática) são
amplamente valorizados.
Os resultados encontrados se assemelham aos estilos de liderança reportados na literatura
com atletas de modalidades individuais (ARDUA; MARQUEZ, 2007; THON et al., 2012) e
de modalidades diversas, dentre as quais, a ginástica rítmica (CASANOVA, 2003; SONOO
et al., 2008). Isso aponta o foco dos treinadores na melhoria de aspectos técnicos/táticos e
em recompensar boas performances como forma de melhorar o rendimento de suas atletas,
o que corrobora com a preferência das mesmas.
Ao verificar os estilos de liderança preferidos de ginastas paranaenses (Tabela 2), o reforço
positivo foi considerado como o comportamento mais relevante, indicando a importância
atribuída por essas atletas em obter reconhecimento por boas atuações. Em seguida,
destacou-se o treino instrução, que reflete o investimento do técnico na melhoria de

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aspectos técnicos e táticos da modalidade. Esses estilos de liderança promovem maior


autonomia e responsabilidade de atletas em relação ao monitoramento e aperfeiçoamento
da sua própria performance (CONROY; COATSWHORTH, 2006; CHAMBERS; VICKERS,
2006), consequências consideradas como positivas na busca do rendimento esportivo.

Estilos de Liderança Md (Q1 – Q3)


1. Treino instrução b
4,22 (4,07 – 4,61)
2. Suporte social c
3,81 (3,50 – 4,43)
3. Reforçoa 4,80 (4,45 – 5,00)
4. Democráticod 3,44 (2,79 – 3,82)
5. Autocrático 1,40 (1,05 – 1,80)
Significância adotada para p<0,01. a. Diferença significativa entre 3 e 1; 3 e 2; 3 e 4; 3 e
5; b. Diferença significativa entre 1 e 2; 1 e 4; e 1 e 5; c. Diferença significativa entre 2 e 4;
e 2 e 5; d. Diferença significativa entre 4 e 5
Tabela 2. Preferência de estilos de liderança de atletas de Ginástica Rítmica do Paraná

Observou-se também que comportamentos característicos de um estilo autocrático são


listados como os menos preferidos. Segundo Alba et al. (2010), comportamentos
autoritários podem aumentar o esgotamento físico e mental, além de que atletas do sexo
feminino parecem preferir um estilo mais democrático de treinador (ARDUA; MARQUEZ,
2007; SONOO et al., 2008).

CONCLUSÃO: Conclui-se que técnicos e atletas de ginástica rítmica do Paraná


perceberam de forma semelhante os estilos de liderança utilizados. Considera-se também
que o foco no reforço positivo e melhorias técnico-táticas são os principais comportamentos
para o trabalho com essa modalidade. Os resultados do presente estudo contribuem para
a compreensão da liderança no contexto da ginástica rítmica. Como implicação prática,
pontuamos a aplicação de treinamentos e intervenções psicológicas voltados à tarefa, o
uso de feedbacks positivos pelos técnicos e atenção aos comportamentos autoritários, de
modo que essas estratégias poderão refletir em uma maior satisfação e rendimento de
atletas dessa modalidade.

REFERÊNCIAS

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basquetebol sobre o estilo de liderança do técnico. Rev.bras. ciên.esporte, Campinas,
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ARDUA, C.M.; MÁRQUEZ, S. Relação entre estilos de liderança do treinador e rendimento


na natação sincronizada. Fit.& Perf., Rio de Janeiro, p.394-397, 2007.

CHAMBERS, K.L.; VICKERS, J.N. Effects of bandwidth feedback and questioning on the
performance of competitive swimmers. The Sport Psychologist, Champaign, v.20, p.184-
197, 2006.

CASANOVA, J.S. Estudos de caracterização e comparação entre a relação de


liderança treinador/atleta em desporto escolar/desporto federado no contexto de
atividades gímnicas. Universidade Técnica de Lisboa. Faculdade de Motricidade Humana,
2003.

CHELLADURAI, P. Leadership in Sport: a Review. International Journal of Sport


Psychology, nº 21, pp.328-354, 1990.

CONROY, D.E.; COATSWORTH, J.D. Coach training as a strategy for promoting youth
social development.The Sport Psychologist, Champaign, v.20, p.128-144, 2006.

PRICE, M.S.; WEISS, M.R. Peer leadership in sport: relationship among personal
characteristics, leader behaviors, and team outcomes. Journal of Applied Sport
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SERPA, S.; LACOSTE, P.; ANTUNES, I.; PATACO, V.; SANTOS, F. Metodologia de
tradução e adaptação de um teste específico de desporto: a “Leadership scale for sports”.
In: II Simpósio nacional de investigação em psicologia, Lisboa, 1988.

SMITH, M.J; ARTHUR, C.A.; HARDY, J.; CALLOW, N.; WILLIAMS, D. Transformational
leadership and task cohesion in sport: the mediating role of intrateam communication.
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SONOO, C.N; HOSHINO, E.F; VIEIRA, L.F. Liderança esportiva: estudo da percepção de
atletas e técnicos no contexto competitivo. Psicologia: Teoria e Prática, v.10, n.2, p.68-
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física. 5ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2007.

THON, R.A.; PASSOS, P.C.B.; COSTA, L.C.A.; PRATES, M.E.F.; NASCIMENTO JÚNIOR,
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VIEIRA, J.L.L.; AMORIM, H.Z.; VIEIRA, L.F.; AMORIM, A.C.; ROCHA, P.G.M. Distúrbios de
atitudes alimentares e distorção da imagem corporal no contexto competitivo da ginástica
rítmica. Rev Bras Med Esporte, v.15, n.6, 2009.

VIEIRA, L.F.; BOTTI, M.; VIEIRA, J.L.L. Ginástica rítmica – análise dos fatores competitivos
motivadores e estressantes da Seleção Brasileira Juvenil. Acta Sci. Health Sci., v.27, n.2,
p.207-215, 2005.

QUAIS OS MOTIVOS LEVARIAM TREINADORES DE FUTEBOL DE CATEGORIAS DE


BASE A ABANDONAREM A SUA CARREIRA ESPORTIVA?
Felipe Gustavo dos Santos / LAPES-UFMG

VarleyTeoldo da Costa / LAPES-UFMG


felipedus@hotmail.com
RESUMO: O objetivo do presente estudo foi identificar os motivos que levariam treinadores
brasileiros de futebol de categorias de base a abandonarem a carreira esportiva. A amostra
foi composta por 26 treinadores brasileiros de futebol com idade média (37,60±7,37 anos)
e tempo de prática (7,20±5,37 anos) que trabalham em onze das principais equipes de
categorias de base do Brasil. Os treinadores preencheram o Questionário de avaliação das
fontes de estresse, recuperação e motivos do abandono da carreira esportiva em
treinadores de futebol desenvolvido por Santos e Costa (2014). As respostas dos

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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treinadores foram categorizadas para analisar os motivos que os levariam ao abandono da


profissão. Os resultados mostraram que 26,98% dos treinadores não abandonariam a
profissão por nenhum motivo e dentre os fatores que levariam os treinadores ao abandono
da carreira esportiva a desmotivação com a profissão foi o motivo mais identificado.
Conclui-se que apesar das dificuldades inerentes a profissão de treinador de futebol de
categorias de base dos principais clubes brasileiros, muitos treinadores não abandonariam
a carreira esportiva por nenhuma razão.
Palavras-Chave: Treinadores, Abandono da Carreira Esportiva, Futebol de Categorias de
Base

INTRODUÇÃO: No contexto esportivo o treinador é responsável pela melhora das


capacidades físicas, técnicas, táticas e psicológicas em seus atletas (FLETCHER; SCOTT,
2010). No futebol de categorias de base para além das funções anteriormente
mencionadas, o treinador assume importante função no processo de desenvolvimento e
maximização do rendimento de atletas em processo de formação (COSTA; SAMULSKI;
COSTA, 2009).
Devido à importância que o futebol assume dentro da sociedade brasileira, os
treinadores de categorias de base que atuam nos principais clubes de formação do país
convivem com pressões por parte de dirigentes, mídia e torcedores, além da autocobrança.
Juntamente com estas pressões, os treinadores são expostos a desgastantes rotinas de
trabalho, excesso de viagens e pouco tempo disponível para realizarem atividades sociais
com amigos e familiares, fatores que contribuem para o desencadeamento de alterações
biopsicossociais na saúde dos treinadores (DIAS; CRUZ; FONSECA, 2010; FLETCHER;
SCOTT, 2010; RHIND; SCOTT; FLETCHER, 2013).
As alterações biopsicossociais sofridas pelos treinadores podem ocasionar prejuízos
à saúde destes profissionais como estresse e burnout, que em situações extremas podem
levar o indivíduo ao abandono da carreira esportiva (COSTA et al., 2012a,b; GOODGER et
al., 2007; SANTOS, 2015). Dentro da literatura, o abandono da carreira esportiva é
denominado de dropout, que é caracterizado como a desistência do indivíduo no
prosseguimento de sua carreira esportiva (BRANDÃO et al., 2000; FRASER-THOMAS;
CÔTÈ; DEAKIN, 2008). Contudo, situações involuntárias que afastam o indivíduo

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
636

temporariamente de suas funções laborais no esporte como uma demissão não deve ser
entendido como abandono da carreira esportiva (CERVELLÓ; ESCARTI; GUZMÁN, 2007).
A consequência do abandono da carreira esportiva para o treinador vai além da falta
de vontade em prosseguir no esporte. Os motivos que levam ao abandono das atividades
laborais esportivas muitas vezes estão associados a aspectos psicológicos negativos que
desencadeiam a evasão esportiva (CERVELLÓ; ESCARTI; GUZMÁN, 2007; GARCIA-
DANTAS; GONZALEZ; GONZALEZ, 2014). Na literatura esportiva, até o presente
momento, não foram encontradas evidências científicas sobre os motivos que levariam
treinadores de futebol de categorias de base a abandonarem a profissão.
Dessa maneira, compreender os motivos que levariam treinadores de futebol de
categorias de base ao abandono da carreira esportiva, fornecerá indicadores para que
dirigentes, psicólogos do esporte e os próprios treinadores possam elaborar estratégias que
controlem e previnam os fatores que levaria o treinador ao abandono da profissão. Portanto,
o presente estudo tem como objetivo identificar os motivos que levariam treinadores
brasileiros de futebol de categorias de base a abandonarem a carreira esportiva.

MÉTODO: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da Universidade


Federal de Minas Gerais, CAAE-26509134.2.0000.5149. A amostra foi composta por 26
treinadores de futebol pertencentes às categorias sub-15, sub-17 e sub-20 que trabalham
em onze das principais equipes de formação de atletas do futebol brasileiro. Todos os
voluntários eram do sexo masculino e apresentavam idade (37,60±7,37 anos) e tempo de
prática (7,20±5,37 anos). Foi utilizado O questionário de avaliação das fontes de estresse,
recuperação e motivos do abandono da carreira esportiva em treinadores de futebol
desenvolvido por Santos e Costa (2014). Para este estudo foi utilizada a pergunta 6 do
questionário sobre os motivos que levariam os treinadores ao abandono da carreira
esportiva. O questionário forneceu informações dos voluntários sobre identificação dos
treinadores, hábitos diários, tempo de atuação na profissão e os motivos que os levariam
ao abandono da profissão de treinador de futebol. O estudo foi realizado durante as
temporadas de 2013 e 2014. Inicialmente foi realizado um contato com os treinadores por
telefone ou correio eletrônico explicando os objetivos do estudo e buscando agendar uma
reunião, caso o treinador se colocasse a disposição para ser voluntário. A aplicação do
questionário ocorreu nos locais de trabalho ou na residência dos treinadores. Todas as

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
637

coletas foram realizadas pelo mesmo pesquisador. Para análise dos dados, inicialmente
realizou-se uma análise descritiva (média e desvio padrão) das variáveis idade e tempo de
prática assim como a distribuição de frequência para as variáveis relacionadas ao
abandono da carreira. As respostas dos treinadores quanto aos motivos que os levariam
ao abandono da carreira esportiva foram categorizados qualitativamente.

RESULTADOS: A tabela 1 apresenta os principais motivos que levariam os treinadores


avaliados a abandonarem a carreira de treinador.
Tabela 1: Principais motivos que levariam os treinadores ao abandono da carreira esportiva
MOTIVO FONTE FREQUÊNCIA PERCENTUAL
Não abandonaria por motivo
algum - 7 26,98%

Desmotivação com a profissão Psicológica 4 15,39%


Problemas financeiros Social 3 11,53%
Não souberam responder - 3 11,53%
Problemas de saúde Biológica 3 11,53%
Problemas com a arbitragem Social 1 3,84%
Problemas de saúde na família Social 1 3,84%
Problemas de relacionamento
no futebol Social 1 3,84%
Frustração na profissão Psicológica 1 3,84%
Proposta financeira rentável
em outra profissão Social 1 3,84%
Aposentadoria Social 1 3,84%
Total 26 100%
Fonte: Santos (2015)

De acordo com os resultados apresentados na tabela 1 observa-se que 26,98% dos


treinadores informaram que não abandonariam a profissão por motivo algum. A
recompensa financeira, as experiências vividas e o prestígio que a profissão de treinadores
de futebol pode proporcionar aos indivíduos são motivos que explicam o número de
treinadores que relataram não abandonar a carreira esportiva (HJALM et al., 2007).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
638

Dentre os motivos destacados pelos treinadores para o abandono da carreira


esportiva a desmotivação com a profissão foi o mais representativo com 15,38%. Estudos
apontaram que a baixa motivação foi capaz de predizer o abandono da carreira esportiva
em atletas (CERVELLÓ; ESCARTI; GUZMÁN, 2007; FRASER-THOMAS; CÔTÈ; DEAKIN,
2008). Conforme os resultados apresentados no presente estudo especula-se que a
desmotivação possa ser um fator capaz de predizer o abandono da carreira esportiva
também em treinadores. Dessa maneira, é importante o controle sistematizado acerca dos
níveis motivacionais nos treinadores de futebol de categorias de base.
Além disso, com menores frequências foram identificados como motivos para o
abandono da carreira esportiva de treinador de futebol de categorias de base, problemas
financeiros, problemas de saúde, problemas com a arbitragem, problemas de
relacionamento, frustração no esporte, uma proposta financeiramente melhor em outra
profissão e a aposentadoria. Por fim, 11,53% dos treinadores não souberam apontar causas
para o abandono da carreira esportiva.

CONCLUSÃO: Conclui-se que apesar das dificuldades inerentes a profissão de treinador


de futebol de categorias de base, muitos treinadores não abandonariam a carreira esportiva
por nenhum motivo. Contudo, observa-se que fatores de natureza biológica, psicológica e
social foram identificados como motivos para o abandono da carreira esportiva. Por fim
especula-se que o prestígio relacionado à profissão, as experiências positivas que a
carreira esportiva proporciona e a capacidade de resiliência destes profissionais em meio
às dificuldades enfrentadas na profissão de treinador de futebol de categorias de base dos
principais clubes de formação do Brasil, podem justificar a pouca possibilidade de abandono
da carreira por parte dos treinadores avaliados.

REFERÊNCIAS
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NASTÁS, M. A. Causas e consequências da transição de carreira esportiva: uma revisão
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CERVELLÓ, E. M.; ESCARTÍ, A.; GUZMÁN, J. F. Youth sport dropout from the achievement
goal theory. Psichotema, v.19, n.1, p.65-71, 2007.

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COSTA, I. T.; SAMULSKI, D. M.; COSTA, V. T. Análise do perfil de liderança dos


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propriedades psicométricas do RESTQ-Coach na versão brasileira. Motriz, v.18, n.2, p.218-
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DIAS, C.; CRUZ, J. F.; FONSECA, A. M. Emoções, "stress", ansiedade e "coping": estudo
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SANTOS, F. G. Treinadores de categorias de base do futebol brasileiro: Uma análise
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da temporada esportiva. 2015. 133f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Esporte) –
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Universidade Federal de
Minas Gerais, Minas Gerais.

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O PROCESSO COLABORATIVO NUMA COMUNIDADE DE PRÁTICA COMO BASE


PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO PEDAGÓGICO DO CONTEÚDO

Rúben Gomes/CIFI2D-FADEUP
Cláudio Farias/CIFI2D-FADEUP
Michel Milistetd DAEFI-UTFPR
Isabel Mesquita/CIFI2D-FADEUP
ruben7gomes@hotmail.com
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo examinar o modo como a participação numa
comunidade de prática permitiu aos treinadores estagiários desenvolverem o seu
conhecimento relativamente às abordagens de ensino. Pretendeu-se analisar o modo como
desenvolviam o processo de ensino-aprendizagem, nomeadamente em relação ao

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
641

tratamento didático do conteúdo. Foram recrutados oito treinadores estagiários de uma


faculdade portuguesa acreditada para a formação de treinadores (Faculdade de Desporto
da Universidade do Porto). Entrevistas de grupo focal e observação participante foram
utilizados como instrumentos metodológicos para a recolha de dados. Os resultados
revelaram que, inicialmente, os treinadores estagiários recorriam a uma postura de
“comando” centrada no treinador, sobretudo devido à cultura dos clubes e à sua dificuldade
em adaptar o conhecimento pedagógico do conteúdo ao nível dos atletas. A participação
numa comunidade de prática colaborativa permitiu um aumento da compreensão acerca
das práticas, desenvolvendo progressivamente estratégias de treino menos diretivas (por
exemplo, questionamento), ao mesmo tempo que proporcionavam contextos específicos
para a promoção de uma maior autonomia por parte dos atletas. No final da participação
na comunidade de prática, os treinadores estagiários revelaram um maior conhecimento
pedagógico do conteúdo e, consequentemente, uma maior capacidade para responder
adequadamente aos desafios da sua atividade profissional.

Palavras-Chave: Formação de Treinadores, Conhecimento Profissional, Facilitador.

INTRODUÇÃO
A investigação no âmbito do coaching nos desportos13 tem vindo a reconhecer a atividade
do treinador como complexa e dinâmica (CHESTERFIELD, POTRAC, e JONES, 2010).
Contudo, nos programas de formação de treinadores contínua a prevalecer a abordagem
de ensino autocrática, expositiva e diretiva, onde a atividade do treinador é vista de forma
simplista (MESQUITA et al., 2015). Estas abordagens, ao privilegiarem a transmissão de
conteúdos, induzem os treinadores a adquirir um leque de conhecimento estandardizados
e pré-estabelecidos, negligenciando as necessidades reais da prática (CUSHION et al.,
2010). Este aspeto, juntamente com a cultura dominante do coaching, que reitera o
treinador como um líder instrucional referenciado a um modelo de Instrução Direta
(METZLER, 2011), promove a utilização de uma abordagem centrada no treinador
(MARTENS, 2004). Deste modo, o treinador assume total protagonismo na condução do
processo ensino-aprendizagem, desencorajando o papel ativo do atleta na resolução dos
problemas práticos e, limitando-o assim, à reprodução do conhecimento (KIDMAN, 2005).

13 Coaching refere-se a toda a atividade do treinador, possuindo um vínculo essencialmente pedagógico e social.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Contudo, nos últimos anos, investigação tem vindo a destacar a necessidade dos
professores recorrerem a uma abordagem mais centrada nos alunos (DYSON, 2014). Do
mesmo modo, e em especial nos Jogos Desportivos Coletivos, atendendo à natureza tático
do jogo, tem sido reclamada também a utilização de uma abordagem centrada no atleta,
por conferir uma maior proatividade, autonomia e comprometimento com a aprendizagem
(MESQUITA et al., 2015).
Um dos pilares fundamentais para a maior eficácia na utilização de abordagens centradas
no aluno/atleta, é o domínio do conhecimento pedagógico do conteúdo (CPC) que o
professor/treinador deve dominar para poder tratar didaticamente o conteúdo da aula/treino
(SHULMAN, 1986). WARD (2012) defeniu o CPC como “a focal point, a locus, defined as
such as an event in time (and therefore specific contextually) where teachers make
decisions in terms of content based on their understandings of a number of knowledge
bases (e.g., pedagogy, learning, motor development, students, contexts, and curriculum) (p.
7)”.
Nos últimos anos, tem sido referido que um recurso fundamental para o desenvolvimento
do conhecimento do treinador assenta na aprendizagem situada, uma vez que a otimização
da aprendizagem pela interação permite integrar e relacionar o conhecimento e
experiências prévias com os problemas e dilemas em debate (SCHÖN, 1983). Do mesmo
modo, a participação em Comunidades de Prática (CoPs), por estimularem a interação
entre os participantes, têm sido destacada como um meio para desenvolver o
conhecimento, nomeadamente na formação de treinadores (JONES, MORGAN, e HARRIS,
2012). WENGER, McDERMOTT e SNYDER (2002) definem uma CoP como “a group of
people who share a common concern, set of problems, or a passion about a topic and who
deepen their knowledge and expertise in the area by interacting on an going basis” (p. 4).
Adicionalmente, o papel do facilitador no sucesso da CoP, tem sido referido como
fundamental, uma vez que ajuda os participantes a refletir criticamente sobre a
compreensão da sua atividade (WENGER et al, 2012).
Consequentemente, o objetivo do presente estudo foi examinar o modo como a participação
numa CoP gerida por um facilitador, permitiu aos treinadores estagiários desenvolverem o
seu conhecimento relativamente às abordagens de ensino, nomeadamente o CPC.

METODOLOGIA

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
643

O estudo desenvolveu-se através de um processo de investigação-ação, que pode ser


entendida como “a form of self-reflective enquiry undertaken by participants in social
situations in order to improve the rationality and justice of their own practices, their
understanding of these practices, and the situations in which the practices are carried out”
(CARR e KEMMIS, 1986, p. 162).
Os participantes do estudo foram oito estudantes (treinadores estagiários, TE) que
frequentavam o terceiro ano, e último, da licenciatura em Ciências do Desporto (da
Faculdade de Desporto, Universidade do Porto), estando a frequentar a Unidade Curricular
de Metodologia do ramo Treino Desportivo (em Futebol), o que implicou a realização de um
estágio profissional.
Os instrumentos metodológicos utilizados incluíram oito entrevistas de grupo focal e 112
observação participante (14 para cada um dos treinadores estagiários). O estudo iniciou-se
com uma sessão inicial de entrevista de grupo focal desenvolvida no início do estágio
profissional, onde o facilitador (papel desenvolvido pelo primeiro autor deste estudo)
procurou captar as conceções dos TE acerca do treino do futebol. Após cada entrevista de
grupo focal (realizada sensivelmente no início de cada mês entre outubro e maio), cada TE
foi observado duas vezes em contexto de prática profissional, no sentido de compreender
o modo como atuavam durante a prática, sobretudo ao nível da intervenção pedagógica e
das interações com os atletas.
Os dados foram codificados e analisados através do processo indutivo de análise de
CHARMAZ (2006), particularmente em relação à codificação inicial, focal e teórica.

RESULTADOS
A Preponderância das Abordagens de Treino Centradas no Treinador
Na parte inicial do estágio profissional, os TE foram confrontados com a cultura do clube,
onde havia a necessidade de obtenção de resultados, o que condicionou o espaço dado
para o desenvolvimento da criatividade e autonomia nos atletas:
Roberto: “Alguns clubes preferem ganhar em vez de formar bons jogadores ou em
vez de colocar a equipa a jogar bem.” (Entrevista de grupo focal nº 1).
Para além disso, o limitado CPC conduziu a uma atuação mais prescritiva e orientada para
a mecanização dos atletas.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Manuel: “Nós sabemos que temos que repetir muitas vezes aquele exercício…ou
seja, estimular muitas vezes a aprendizagem para ele aprender. Sabemos que não
é uma vez ou duas vezes, sabemos que ai a repetição é fundamental…” (Entrevista
de grupo focal nº 2).

A CoP como base para o desenvolvimento de abordagens mais centradas no atleta


Após o reconhecimento, das dificuldades dos treinadores estagiários em adotar estratégias
de treino que promovessem o desenvolvimento dos atletas, o papel do facilitador passou a
ser mais ativo no seio da CoP, procurando despoletar a reflexão acerca do impacto que
uma abordagem mais centrada no atleta (por exemplo, mais baseada no questionamento)
poderia ter no processo ensino-aprendizagem.
Facilitador: “O que vos parece que o questionamento pode ‘dar’ ao atleta? O que
obriga o atleta a fazer?”
José: “Obriga-os a pensar…só por aí obriga-os a pensar e quando eles encontram
a resposta por eles, é mais fácil ficar automatizado…e é mais fácil ficarem ‘dispostos
a’ do que se for a dar as respostas todas…” (Entrevista de grupo focal nº 3).
Para além disso, o facilitador estimulou a consciencialização acerca da possibilidade de
utilizar o erro através do questionamento, enquanto forma de ajudar o atleta a aumentar a
compreensão da sua ação.
Facilitador: “E como intervéns nessa situação?”
Leonardo: “Aí paro e pergunto, por exemplo, ‘olha para o campo, vê onde estão os teus
colegas…então olha para o jogo e vê onde tens a possibilidade de fazer o passe…é por
aqui ou por ali?…’
Por fim, os TE demonstraram um desenvolvimento da compreensão da possibilidade de
promover constrangimentos na tarefa, de forma a estimular a tomada de decisão autónoma
dos atletas, conseguindo assim a implementação de uma abordagem mais centrada no
atleta ao longo das suas práticas.
Fernando: “Agora, a nossa intervenção passa por criar contextos para que possam
ser eles, por eles próprios, a decidirem por onde nós queremos que eles vão. Então
nós orientarmos o exercício para que aconteçam os comportamentos que nos
desejamos, para que deixemos que sejam eles a compreender e a tomar
decisões…” (Entrevista de grupo focal nº 7).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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CONCLUSÃO
O presente estudo destaca a importância do debate, da partilha e da reflexão dos TE numa
CoP, no sentido de promover uma melhoria na compreensão das abordagens de treino
utilizadas. A presença do facilitador assumiu um papel fundamental no processo de
participação dos TE na CoP, contribuindo como catalisador para o desenvolvimento do
CPC. Deste modo, ficou evidente que a aprendizagem colaborativa pode desempenhar um
papel importante no processo de formação dos treinadores, sobretudo pela possibilidade
de refletir conjuntamente sobre a melhor opção para proporcionar aprendizagens
significativas aos atletas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARR, Wilfred; KEMMIS, Stephen. Becoming Critical: education, knowledge and action
research. Oxon: Routledge. 1986
CHARMAZ, Kathy. Constructing grounded theory: A practical guide through qualitative
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CHESTERFIELD, Gavin; POTRAC, Paul; JONES, Robyn. "Studentship" and "Impression
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
646

MESQUITA, Isabel; COUTINHO, Patrícia; DE MARTIN-SILVA, Luciana; PARENTE, Bruno;


FARIA, Mário; AFONSO, José. The value of indirect teaching strategies to enhance student-
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METZLER, Mark. Instructional Models for Physical Education. 3rd Ed. Scottsdale,
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SHULMAN, Lee. Those who understand: Knowledge growth in teaching. Educational
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WARD, Phillipe. Re-conceptualizing pedagogical content knowledge. Research Quarterly
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WENGER, Ettiene; McDERMOTT, Richard; SNYDER, William. Cultivating communities
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O USO DO FEEDBACK PELO PROFESSOR/TÉCNICO EM COMPETIÇÕES


ESCOLARES

Gerard Maurício Martins Fonseca – UC S

Letícia de Lemos Perin – UCS

Rai Fioreli Perotoni – UCS

Micheli Reis Ferreira – UCS

RESUMO: O feedback é uma estratégia importante utilizada pelo técnico durante os jogos
esportivo coletivos, objetivando melhorar o desempenho de sua equipe. Desta maneira, o
presente trabalho tem como objetivo estudar a utilização do feedback pelos
professores/técnicos durante os jogos de futsal em competições escolares.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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O presente trabalho de característica qualitativa e abordagem descritiva teve como


instrumento para a coleta de informações a filmagem e pauta de observação. Participaram
do estudo 6 professores/técnicos de escolas públicas da cidade de Vacaria- RS, que
disputaram a etapa municipal dos Jogos Escolares do Rio Grande do Sul (JERGS) na
modalidade esportiva futsal masculino, na categoria infantil (12 a 14 anos de idade) no ano
de 2014. Os resultados apontaram que o tipo de feedback mais utilizado é o de reforço,
seguido pelo motivacional, sendo o feedback de informação o menos utilizado. A frequência
do feedback diminuiu com o passar do tempo, sendo mais presente na etapa inicial dos
jogos. Concluímos que no presente caso os professores/técnicos apoiam suas orientações
numa característica mais qualitativa do movimento corporal, possivelmente por ser uma
competição escolar. Sugere-se investigações mais aprofundadas deste tema, devido a sua
importância e presença nos esportes coletivos.

Palavras chave: feedback, escola, futsal

INTRODUÇÃO: O esporte é um dos componentes da cultura corporal do movimento, sendo


conteúdo desenvolvido historicamente nas aulas de educação física no nosso país. Ao
longo dos anos o esporte escolar vem crescendo como componente da estrutura escolar,
para além das aulas de educação física (ALMEIDA; FONSECA, 2013). O esporte surge
como um complemento as aulas de educação física, na medida em que as escolas criam
equipes esportivas para a participação em competições escolares. As competições
esportivas escolares transformam os alunos em atletas e os professores em técnicos. A
partir disso, surgem questões indagadoras de como estão sendo tratados esses
alunos/atletas e se realmente estão sendo valorizadas as suas habilidades e
individualidades. Neste sentido, o feedback emitido pelo professor durante a competição
pode causar a mudança necessária ao aluno, através do crescimento de sua motivação
durante os jogos e o interesse em desempenhar e aprimorar novas tarefas (SCHMIDT;
WRISBERG, 2010). O presente trabalho tem como objetivo identificar quais são os tipos de
feedback mais utilizados pelos professores/técnicos durante os jogos de futsal em
competições escolares e apontar em que momento das partidas eles são utilizados.

MÉTODO: A pesquisa é de viés qualitativo e abordagem descritiva. Foram analisados 6


professores/técnicos de escolas públicas (estaduais e municipais) da cidade de Vacaria-
RS na etapa municipal dos Jogos Escolares do Rio Grande do Sul (JERGS) na modalidade

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
648

esportiva futsal masculino, na categoria infantil (12 à 14 anos de idade). Os professores


aceitaram a participação no trabalho e assinaram o Termo de Consentimento Livre. Como
instrumento para a coleta de informações foi realizada a filmagem dos jogos e elaborada
uma pauta de observação, adaptada de Álvarez e Buendía (2008) e Garzón e Delgado
(2012), contendo as funções de informação, reforço e motivação. A pauta verificou o tipo
de feedback utilizado pelo professor, bem como a frequência do mesmo durante os jogos,
excetuando-se os pedidos de tempo e o intervalo de jogo. Ao todo foram gravados 300
minutos de atuação dos professores/técnicos durante 15 jogos analisados. As informações
foram analisadas por meio de estatística descritiva e tabelas de frequência.

RESULTADOS: Ao todo foram ministrados 472 feedbacks e a partir análise da pauta


elaborada para este estudo, podemos observar na tabela 1 a distribuição das funções de
feedback ao longo dos jogos avaliados.

FUNÇÃO Informação Reforço Motivação Total

Técnico 1 23% 52% 25% 100%

Técnico 2 32% 49% 19% 100%

Técnico 3 22% 37% 41% 100%

Técnico 4 55% 36% 9% 100%

Técnico 5 27% 39% 34% 100%

Técnico 6 49% 34% 17% 100%

Média 35% 41% 24% 100%

Tabela 1: Distribuição dos Feedbacks.

Os resultados mostram que o reforço é feedback mais utilizado pelos professores técnicos
ao longo dos jogos, seguido pela utilização de informações e por fim da função

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
649

motivacional. Schmidt e Wrisberg (2010) destacam que feedback extrínseco (aumentado)


está sob controle dos professores e pode ser fornecido em momentos diferentes e de
formas diferentes, ou seja, o professor/técnico pode utilizar esse meio de passar
informações conforme a necessidade do aluno/atleta, escolhendo a melhor forma e
momento. A ansiedade dos alunos/atletas nas competições, pode interferir no recebimento
do feedback transmitido pelo professor/técnico. A ansiedade e o estresse exercem
influência direta na execução de tarefas (GOULD, 2001), desta forma como podemos
observar na tabela 1 o papel do professor/técnico na realidade investigada se baseia na
premissa da transmissão positiva de mensagens, destacando as ações corretas (reforços)
para estimular a sua equipe e conferir mais confiança nos seus alunos para superar as
dificuldades. Em relação a distribuição dos feedbacks nos dois períodos das partidas, os
resultados mostraram que de todos feedbacks do primeiro tempo dos jogos a função
informativa ocorreu em 47% dos casos, já no segundo tempo, de todos os feedbacks
ministrados, o reforço foi o mais utilizado pelos professores em 54% dos casos. Os
resultados demostram que com o passar do tempo, os aspectos mais emocionais
dominaram as orientações dos professores, na medida em que as orientações mais
táticas/técnicas perderam espaço.

CONCLUSÃO: Concluímos que a tendência, ou mesmo opção, dos técnicos na realidade


investigada é pela utilização do reforço, objetivando despertar no seu aluno mais confiança.
Possivelmente pela pouca quantidade e/ou possibilidade de treino, o feedback de
informação foi menos utilizado de maneira geral, mas utilizado nos momentos iniciais da
partida. Acreditamos que isto ocorreu na tentativa do professor tentar “treinar” a equipe
durante o próprio jogo. Pela complexidade do tema, sugerimos novos estudos nesta
proposta, principalmente no futsal escolar.

REFERÊNCIAS:

ALMEIDA, U. M.; FONSECA, G. M. M. Jogos escolares de vacaria: retrato da


participação dos estudantes. Caderno de Educação Física e Esporte, 2013; 11(1): 89-99.

ÁLVAREZ, J. L. H.; BUENDÍA, R. V. La evaluación en educación física: Investigación y


práctica en el ámbito escolar. Graó: Barcelona, 2008.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
650

SCHMIDT, R. A.; WRISBERG, C. A. Aprendizagem e Performance Motora – Uma


abordagem da aprendizagem baseada no problema. 4ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2010.

GARZÓN, C. P; NOGUERA, M.A. D. Observación del profesor de educación física: una


investigación de salud en el aula. Rev. Int. Med. Cienc. Act. Fís. Deporte, 2012;
12(47):493-521.

GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. Porto Alegre:


Artmed, 2001.

THOMAS, J. R.; NELSON, J. K.; SILVERMAN, S. J. Métodos de Pesquisa em Atividade


Física. Porto Alegre: Artmed, 2007.

FORMAÇÃO E FORMA DE ATUALIZAÇÃO DE TREINADORES DA 2ª DIVISÃO DO


FUTEBOL GAÚCHO
Antônio Evanhoé Pereira de Souza Sobrinho – URCAMP/Bagé
Fábio Bitencourt Leivas – URCAMP/Bagé
Luiz Fernando Framil Fernandes – URCAMP/Bagé
Marcelo Cozzensa – UFPEL/Pelotas
antoniosobrinho@urcamp.edu.br
RESUMO

O objetivo do presente estudo foi investigar a formação e a forma de atualização de


treinadores profissionais de futebol. A amostra foi formada pela totalidade dos treinadores
atuantes na 2ª divisão do campeonato gaúcho de 2013 (n=13). A coleta de dados se deu
através de um questionário e entrevista, analisados através de estatística descritiva e
análise de conteúdo. Os resultados informam um perfil de formação de treinadores pouco
baseado na formação acadêmica em Educação Física e ainda a utilização de situações não
mediadas e informais enquanto forma de atualização.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
651

Palavras-chave: Treinador; Formação; Futebol.

INTRODUÇÃO
De acordo com a lei número 8.650 de 20 de abril de 1993, em seu artigo 3º, que trata
sobre a profissão de treinador profissional de futebol, está assegurado, preferencialmente
tal exercício, aos portadores de diploma em Educação Física, e aos profissionais que, até
a data do início da vigência desta Lei, hajam, comprovadamente, exercido cargos ou
funções de treinador de futebol por prazo não inferior a seis meses, como empregado ou
autônomo, em clubes ou associações filiadas às Ligas ou Federações, em todo o território
nacional (BRASIL, 1993), ou seja, neste caso, a formação acadêmica não é obrigatória.
No entanto, a formação destes treinadores vem sendo questionada, primeiro pela
abrangência dos cursos de bacharelado (MILISTETD et al., 2014), segundo e não menos
importante, pela permissividade da lei. Neste momento surge um questionamento que
parece de fato bastante importante: será que os treinadores de futebol profissional têm uma
formação adequada para o exercício da profissão? Pois hoje, reconhece-se que no esporte
de elite, a busca pelos melhores resultados exige excelência na preparação de atletas
(MILISTETD et al., no prelo).
A literatura tem mostrado que os cursos de formação de treinadores, oferecidos em
curtos espaços de tempo, não tem sido suficientes para prepará-los adequadamente
(TRUDEL, CULVER & WERTHNER, 2013), e, além disso, há uma tendência entre os
estudiosos das atividades dos treinadores (WERTHNER & TRUDEL, 2006; CALLARY,
2012; WERTHNER, CULVER & TRUDEL, 2012; TRUDEL, CULVER & WERTHNER, 2013;
DEEK et al, 2013) em considerar a formação destes, a partir de um olhar de formação ao
longo da vida (JARVIS, 2006).
Entendendo que existem várias oportunidades de aprendizagem, como a vivência
prática, a troca de informações com outros treinadores e a observação de colegas
(MILISTETD et al, no prelo), que os treinadores devam se envolver na maior quantidade
possível de oportunidades de aprendizagem, sejam elas formais, não formais ou informais
(TRUDEL, CULVER & WERTHNER, 2013), e que a orientação de um treinador eficaz
parece essencial para o alcance de sucesso por parte dos atletas (KOH, MALLET & WANG,
2013), o objetivo deste estudo foi investigar a formação e a forma de atualização dos
treinadores profissionais de futebol da 2ª divisão gaúcha.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
652

MÉTODOS
O estudo caracterizou-se por ser descritivo exploratório. Para a coleta de dados
utilizou-se um questionário estruturado e entrevista. A amostra foi composta pela totalidade
de Técnicos de Futebol dos 13 clubes que participaram da 2ª Divisão do futebol profissional
do estado do Rio Grande do Sul no ano de 2013. A análise dos dados se deu através da
estatística descritiva e análise de conteúdo (BARDIN, 1977).
Vale ressaltar que o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de Pelotas sob número 475.742.

RESULTADOS
Segundo os resultados encontrados, verificou-se que os treinadores possuíam uma
carreira, entendida aqui como o progresso linear através da vida em relação a um tema
específico (CHRISTENSEN, 2014), de 11.3 anos em média (± 7.3 anos), variando de 1 a
22 anos, valores estes que colocam a maioria dos treinadores (10 de 13) na fase de
estabilização proposta por Burden (1990), expressa pelo bom comando das atividades de
ensino e do ambiente, ou ainda no terceiro estágio de desenvolvimento de Bloom (1985
apud MILISTETD et al, no prelo) marcado pelo total comprometimento com a atividade e
pelo desenvolvimento da autonomia no seu próprio desenvolvimento.
Com relação à formação acadêmica dos treinadores envolvidos no estudo, 3
possuíam formação em Educação Física, 6 estavam cursando Educação Física, 1 tinha
formação em Direito e 3 treinadores tinham ensino médio completo. Quando analisados
quanto à formação em cursos específicos para treinadores, 9 possuíam formação e 4 não
tinham frequentado estes cursos específicos. Destes 4 que não possuíam formação
acadêmica em educação física, 1 possuía outra graduação, 1 apenas ensino médio e 2
eram alunos do curso de Educação Física.
Diferentemente do relatado por Fernandes et al. (2013), que “boa parte dos
treinadores brasileiros de elite, na atualidade, acumularam horas de estudo, seja em cursos
de graduação (Educação Física), ou cursos específicos” (p.5), na amostra do estudo, a
minoria dos treinadores estudados (3 de 10) possuía formação formal, e ainda, 4
treinadores não possuíam formação alguma.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
653

Entretanto, a prática enquanto treinador por si só, não configura qualidade de


trabalho, pois as investigações sobre esta temática têm relatado que a experiência
enquanto atleta, a assistência a treinadores mais experientes e a formação formal e
informal, são fatores importantes na busca pela otimização na carreira (CÔTÉ, ERIKSSON
& DUFFY, 2013). Neste sentido, será eficaz o treinador que consistente e integradamente
aplicar os conhecimentos profissionais, inter e intrapessoais no sentido de melhorar nos
atletas sua competência, confiança, conexão e o caráter em contextos específicos de treino
(CÔTÉ & GILBERT, 2009).
A Tabela 1, trás os resultados a respeito das formas de atualização dos treinadores.

FORMAS DE ATUALIZAÇÃO DOS N = 13


TREINADORES
Internet 9
Livros 6
Vídeos 7
Softwares 3
Cursos 3
Assistência a jogos 4
Análise de equipes adversárias 1
Debate ou troca de informações com 3
outros treinadores

Observa-se nos achados, com relação às formas de atualização dos treinadores, a


clara utilização de situações de aprendizagem não mediadas, onde os treinadores
escolhem o que querem aprender e decidem como aprender, e não formais, aquelas
atividades educacionais conduzidas fora do ambiente de aprendizagem (ISCF, 2012),
concordando com Gilbert, Côté & Mallet (2006) em seu estudo sobre as vias de
desenvolvimento dos treinadores esportivos, os quais verificaram uma baixa procura pela
educação formal, ou seja, clínicas, workshops, cursos de certificação. Esses resultados vão
ao encontro dos encontrados por Nash & Sproule (2009), onde os métodos de
desenvolvimento dos treinadores foram informais, a partir do debate com outros treinadores
sendo reconhecidos como essencial para seu progresso.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
654

CONCLUSÃO
Segundo os objetivos traçados para o estudo de investigar a formação e a forma de
atualização dos treinadores profissionais de futebol da 2ª divisão gaúcha, conclui-se que,
apesar de os treinadores apresentarem uma carreira estável e comprometida, sua formação
acadêmica em Educação Física é reduzida. Além disso, utilizam enquanto estratégias de
atualização situações não mediadas e não formais.
Sendo assim, apesar de o Brasil legalmente permitir a não formação em Educação
Física a partir da comprovação de experiência anterior, a literatura tem mostrado que será
mais eficaz aquele treinador que combinar conhecimentos profissionais, interpessoais e
intrapessoais e ainda que estes se desenvolvam a partir do aporte a situações de
aprendizagens formais, informais e não-formais.

REFERÊNCIAS
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 1977.

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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
656

PREFERRED LEADERSHIP STYLE IN COLLEGIATE FUTSAL: THE MODERATING


EFFECT OF GENDER

Guilherme Figueiredo Machado / NUPEF – UFV


Israel Teoldo da Costa / NUPEF – UFV
Costas I. Karageorghis / BRUNEL UNIVERSITY LONDON – UK
guilherme.machado19@hotmail.com
ABSTRACT: The aim of this study was to examine the moderating influence of gender in
preferred leadership style using the MMLS as a guiding conceptual framework. The sample
was comprised of 20 male and 10 female athletes from the British Universities and Colleges
Sports (BUCS) futsal league. The Leadership Scale for Sport (LSS) was used to assess
participants’ preferred leadership style. This instrument measures five dimensions of
leadership: i) democratic behaviour; ii) positive feedback; iii) training and instruction; iv)
social support; and v) autocratic behaviour. An oneway, between-subjects MANCOVA was
applied to LSS subscale scores to test the moderating influence of gender for preferred
leadership behaviour. There was a main effect of gender evident for social support, with
greater preference evident for females when compared to males. The highest means for

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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both genders were evident in autocratic behaviour. The least preferred leadership style for
males was training and instruction, while for females it was positive feedback. It was
concluded that autocratic behaviour is preferred by futsal players of both genders, albeit that
data were collected during a playoffs phase. Moreover, female players showed a higher
preference for social support behaviours from their coaches.
Keywords: Leadership, Gender, Futsal.
INTRODUCTION

Effective leadership has been identified as a critical aspect of successful


organisations across diverse fields (ALON; HIGGINS, 2005; CHATTERJEE, 2014). In the
sport context, Chelladurai (1980) developed the Multidimensional Model of Sport Leadership
(MMSL). This model expounds athlete characteristics, leader characteristics, and situational
characteristics. These aspects will have a bearing on the behaviour of a leader, which the
model delineates as required behaviour, actual behaviour and preferred behaviour.
According to the MMSL, performance and satisfaction are enhanced when there is
congruence across these three behaviours.

Studies have indicated the moderating influence of a range of demographic factors


in athletes’ preferences of leadership style (EAGLY; JOHNSON, 1990; AMOROSE; HORN,
2000). One such characteristic is gender and there is evidence to suggest that female
players prefer a more democratic leadership style when compared to their male counterparts
(BEAM; SERWATKA; WILSON, 2004). To date, we have not found any study that examines
preferred leadership style in futsal. Accordingly, the aim of the present study was to examine
the moderating influence of gender in preferred leadership style using the MMLS as a
guiding conceptual framework. It was hypothesized that males would report a higher
preference than females for the training and instruction component of leadership style and
that females would report a higher preference for democratic behaviour.

METHODS

Participants

Volunteer participants were selected from the British Universities and Colleges Sports
(BUCS) futsal league. The sample comprised of 20 male (Mage = 21.9 years, SD = 1.8 years)

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
658

and 10 female (Mage = 20.7 years, SD = 2.8 years) futsal players. The males had been
playing futsal for 4.3 years (SD = 4.5 years) and the females for 2.4 years (SD = 2.5 years).

Measures

The Leadership Scale for Sport (LSS) was used to evaluate participants’ preferred
leadership style (CHELLADURAI; SALEH, 1980). This scale measures five dimensions of
leadership: i) democratic behaviour; ii) positive feedback; iii) training and instruction; iv)
social support; and v) autocratic behaviour. There are three versions of the questionnaire
and these assess: i) the athletes’ preference for leader behaviour; ii) the coach’s actual
leadership as perceived by the athlete; and iii) the actual leadership behaviour as self-
reported by the coach. Only the second version of the instrument was used for the purposes
of the present study (CHELLADURAI; SALEH, 1980). This instrument is comprised of 40
items and that are attached to a 5-point Likert scale with the verbal anchors: never (1),
seldom (2), occasionally (3), often (4), and always (5). Chelladurai and Saleh (1980) found
that in four of the five dimensions, the internal consistency coefficient (Cronbach’s α), ranged
from .70 (social support) to .93 (training and instruction). However, the α coefficient for
autocratic behaviour was only .45, which is a distinct weakness of the instrument. The values
for test-retest reliability ranged from .71 (social support) to .82 (democratic behaviour).

Procedures

Coaches were contacted and a meeting scheduled before a training session in order
to administer the questionnaires. A brief explanation of the purpose of the research was
provided to participants and they then completed an informed consent form. The LSS was
administered thereafter, and the first author was on hand the entire time to address any
participant queries.

Data Analysis

Univariate outliers were checked using z scores >  3,29 and the Mahalanobis’s
distance method was used to check for multivariate outliers with p < .001 (TABACHNICK;
FIDELL, 2013). The normality of data was checked using standard skewness and standard
kurtosis within each cell of the analysis. The possible confound of years of practice was
entered into the analysis as a covariate, therefore a oneway, between-subjects MANCOVA

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
659

was applied to LSS subscale scores to test the moderating influence of gender for preferred
leadership behaviour.

RESULTS

The omnibus statististics for the MANCOVA indicated no overall difference,


Hotelling’s T = .491, F(5, 23) = 2.25, p = .083, p2 = .329. This lack of difference was
associated with low observed power (.621) and a very large effect size, which prompted us
to examine the follow-up F tests. There was a gender effect evident for social support, F(1,
27) = 5.28, p < .05, p2 = .16, with greater preference from females when compared to males.
Gender accounted for 16% of variance in social support, which is considered a large effect.
The highest mean scores for both genders were evident in autocratic behaviour, albeit that
gender did not have a moderating influence, F(1, 27) = 3.67, p > .05, p2 = .12. The least
preferred leadership style for males was training and instruction, while for females it was
positive feedback (see Table 1).

Table 1: Descriptive statistics and MANCOVA for the five dimensions of the Leadership
Scale for Sport.

Gender
Preferred leadership
Male Female F ratio (df) p2
Style
M SD M SD

Training and Instruction 1.93 .47 2.09 .30 .66 (1, 27) .024

Democratic Behaviour 2.62 .62 2.38 .24 .89 (1, 27) .032

Autocratic Behaviour 3.12 .60 3.60 .33 3.67 (1, 27) .120

Social Support 2.83 .49 3.27 .43 5.28* (1, 27) .164

Positive Feedback 1.94 .65 1.88 .42 .11 (1, 27) .004

p2 = partial eta squared.

*p < .05.

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660

The aim of this study was to assess the moderating influence of gender in preferred
leadership style among collegiate futsal players. The research hypothesis was not
supported. The findings tentatively suggest a higher preference in both genders for
autocratic behaviour and do not support the findings of previous research; for example, Terry
and Howe (1984) who reported a preference for training and instruction among both genders
in a collegiate athlete sample. The athletes in the present study were evaluated at the end
of their season and this may have had a bearing on the findings. Turman (2003) found a
trend wherein players shift their preference toward autocratic behaviour late in the season.
In playoffs, where there is particular pressure for positive performance outcomes, a
preference for autocratic behaviour is exhibited by most players (HALLIWELL, 2004).

Gender had a moderating influence on preferred leadership style, whereas females


preferred more social support than males. These findings challenge those of previous
studies, which reported a female preference for democratic behaviour (e.g., MARTIN et al.,
1999). The females within the present sample were in a phase of their group evolution
wherein they were building their identity as a group; it was their first year playing together.
Conversely, the male futsal players comprised a more stable group and had greater playing
experience, both individually and as a group. As suggested by Sarason, Sarason and Pierce
(1990), the preference of the female participants for social supportive behaviours might be
related to their need for acceptance as part of a group.

One limitation was the number of participants sampled for the present study. In our
study, the statistical power values ranged from .06, for positive feedback to .60, for social
support, whereas values of .80 are desirable (TABACHNICK; FIDELL, 2013). Future
researchers should seek to recruit larger samples to ensure an adequate level of statistical
power. The key message for futsal coaches is that players of both genders prefer leaders
who are able to show their authority and have the conviction to take important decisions.

CONCLUSIONS

It was concluded that autocratic behaviour is preferred by futsal players of both


genders, albeit that data were collected during a playoffs phase. Furthermore, female
participants exhibited a higher preference for social support behaviours from their coaches.

ACKNOWLEDGEMENTS

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This work was conducted under an academic scholarship supported by the


International Cooperation Program CAPES/Science Without Borders UK at Brunel
University London, UK. The project was supported by CAPES – Brazilian Federal Agency
for Support and Evaluation of Graduate Education within the Ministry of Education, Brazil.

REFERENCES

ALON, I.; HIGGINS, J. M. Global leadership success through emotional and cultural
intelligences. Business Horizons, v.48, p.501-512. 2005.
AMOROSE, A. J.; HORN, T. S. Intrinsic motivation: Relationships with collegiate athletes'
gender, scholarship status, and perceptions of their coaches' behavior. Journal of Sport &
Exercise Psychology, v.22, p.63-84. 2000.
BEAM, J. W.; SERWATKA, T. S.; WILSON, W. J. Preferred leadership of NCAA division I
and division II intercollegiate student-athletes. Journal of Sport Behavior, v.27, n.1, p.3-
17. 2004.
CHATTERJEE, D. Leadership in innovators and defenders: The role of cognitive personality
styles. Indutry and Innovation, v.21, n.5, p.430-453. 2014.
CHELLADURAI, P. Leadership in sports organizations. Canadian Journal of Applied
Sports Science, v.5, n.4, p.226-231. 1980.
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EAGLY, A. H.; JOHNSON, B. T. Gender and leadership style: A meta-analysis.
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HALLIWELL, W. Preparing professional hockey players for playoff performance. Athletic
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Pearson. 2013.
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Applied Sports Science, v.9, p.188-193. 1984.
TURMAN, P. D. Athletic coaching from an instructional communication perspective: The
influence of coach experience of high school wrestlers’ preferences and perceptions of
coaching behaviors across a season. Communication Education, v.52, n.2, p.73-86. 2003.

CONHECIMENTOS DO TREINADOR ESPORTIVO: A VISÃO DOS PROFESSORES DA


FORMAÇÃO INICIAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Carine Collet
Daiane Cardoso da Silva
Michel Milistetd
Júlio Cesar Schmitt Rocha
Juarez Vieira do Nascimento

RESUMO: O presente estudo buscou analisar a importância atribuída pelos professores


universitários aos conhecimentos necessários ao treinador esportivo e associar tais dados
com a experiência docente no ensino superior. Participaram do estudo 40 professores de
Educação Física das universidades públicas do sul e sudeste do Brasil, os quais
ministravam disciplinas de esportes ou relacionadas ao treinamento esportivo. Os dados
foram coletados por meio de um questionário adaptado de Borges (2009) e analisados no

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
663

programa SPSS versão 21. Os resultados demonstraram que, de maneira geral, os


professores destacaram os conhecimentos relacionados à metodologia do treino e à
competição esportiva, ficando em segundo plano os conhecimentos relacionados à gestão
esportiva e à formação pessoal e profissional dos treinadores. Os professores com maior
número de anos de docência no ensino superior atribuíram menor importância aos
conhecimentos relacionados com a formação pessoal e profissional, porém não foram
encontradas associações estatisticamente significativas. Nesse sentido, destaca-se que os
professores investigados buscaram destacar as questões específicas do esporte
(treinamento e competição) nas disciplinas relacionadas à formação do treinador,
valorizando, assim, o desenvolvimento de conhecimentos a partir da experiência
profissional.

PALAVRAS-CHAVE: Conhecimentos; Treinador; Docentes do ensino superior.

INTRODUÇÃO:
A figura do treinador esportivo constitui-se como o profissional preparado para
conduzir o processo de desenvolvimento esportivo, o qual envolve o trabalho que vai desde
o treinamento até a competição. O treinador assume grandes responsabilidades esportivas
e também sociais carecendo apresentar um caráter ético que se projeta para as ações
futuras dos atletas (MESQUITA, 2000; MOROUÇO, 2004).
Para desempenhar seu papel profissional e social com qualidade e responsabilidade,
o treinador esportivo precisa de conhecimentos acerca de diferentes fatores, os quais irão
conduzir a atuação e a busca pela melhor formação do esportista. Investigações (CÔTÉ;
GILBERT, 2009; GILBERT; CÔTÉ, 2013) tem demonstrado que a base de conhecimentos
para a intervenção do treinador esportivo é sustentada por três elementos centrais:
Conhecimento Profissional (referentes ao contexto, modalidade, ações técnico-táticas,
metodologias de treino etc.), Conhecimento Interpessoal (capacidade de comunicação e
gestão de pessoas) e Conhecimento Intrapessoal (capacidade de autoformação e
desenvolvimento de filosofia de trabalho).
A aquisição dos diferentes tipos de conhecimentos essenciais à atividade do treinador
esportivo são adquiridos ao longo da carreira, no entanto, a preparação formal exerce papel
central no seu desenvolvimento (LEMYRE et al., 2007; WILSON et al., 2010). No Brasil,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
664

pelo reconhecimento da profissão de Educação Física (Brasil, 1998), a preparação formal


de treinadores esportivos ocorre pela via universitária, por meio dos cursos de bacharelado
em Educação Física. Nesse contexto, os conhecimentos necessários à profissão começam
a ser sistematizados nas aulas das disciplinas específicas de esportes, pedagogia,
treinamento e gestão esportiva, bem como em práticas experienciais, nomeadamente as
práticas pedagógicas como componente curricular e os estágios curriculares.
Normalmente, esses conteúdos e atividades de aprendizagem são ministradas por
professores com conhecimento teórico na área esportiva, contudo, esses professores não
estão envolvidos diretamente com área do treinamento, pois o seu vínculo profissional não
permite essa prática.
Com base nessa realidade, a presente pesquisa buscou verificar a importância
atribuída pelos professores da formação inicial aos conhecimentos necessários ao treinador
esportivo, relacionados com a organização e metodologia do treino esportivo, gestão e
competição esportiva e a formação pessoal e profissional de treinadores. Além disso,
buscou-se relacionar o grau de importância atribuída pelos professores aos conhecimentos
do treinador considerando os anos de experiência como docentes do ensino superior.

MÉTODOS
O presente estudo caracterizou-se como uma pesquisa de natureza aplicada, do tipo
descritiva, com abordagem quantitativa dos dados. Participaram do estudo 40 professores
de Educação Física Bacharelado das universidades públicas do sul e sudeste do Brasil, os
quais ministravam disciplinas de esportes (futebol, voleibol, ginástica etc.) ou relacionadas
ao treinamento esportivo (pedagogia do esporte, treinamento esportivo etc.). Os
professores foram divididos em dois grupos, um com até 9 anos e outro com 10 ou mais
anos de atuação no ensino superior.
Os dados foram coletados de maneira on line a partir de um questionário adaptado
de Borges (2009), o qual possui questões acerca dos dados demográficos e dos
conhecimentos importantes ao treinador. Os conhecimentos do treinador são subdivididos
em quatro partes: Metodologia do Treino, Competição Esportiva, Gestão Esportiva e
Formação Pessoal e Profissional. As possibilidades de resposta constituem-se de uma
escala do tipo Likert de 1 a 5, determinadas a partir da importância atribuída pelos
professores ao assunto de cada questão.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
665

Os dados foram agrupados e analisados estatisticamente no programa SPSS for


Windows versão 21, utilizando os recursos da estatística descritiva (moda, média e desvio
padrão) e inferencial (teste de hipóteses – Exato de Fisher, com nível de significância de
5%). Ressalta-se que foram seguidos os parâmetros éticos da pesquisa, tendo em vista a
aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFSC (parecer nº
169.330 de 10 de dezembro de 2012).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A distribuição dos dados relacionados com a importância atribuída pelos professores
aos conhecimentos do treinador (Tabela 1) revelou que houve prevalência nos
conhecimentos acerca da metodologia do treino e competição esportiva, em que a maioria
dos professores apontou o grau máximo de importância (5). Por outro lado, os
conhecimentos dos treinadores relacionados com a gestão esportiva e a formação pessoal
e profissional receberam, em sua maioria, graus intermediários de importância (3).

CONHECIMENTOS MODA MÉDIA DESVIO PADRÃO


Metodologia do treino 5 4,25 1
Competição esportiva 5 4,05 1,11
Gestão esportiva 3 3,46 1,08
Formação pessoal e profissional 3 3,64 1,09
Tabela 1 - Importância atribuída pelos professores aos conhecimentos do treinador.
Dados semelhantes ao da presente pesquisa foram encontrados no estudo de
Borges (2009) que também identificou que os próprios treinadores em Portugal valorizaram
os conhecimentos relacionados ao treino e competição como “muito importantes”. Para
Costa (2005) a metodologia do treino é vista pelos treinadores como algo de “muita
necessidade” para acrescentar na formação, já que este conhecimento está diretamente
ligado às tarefas diárias da atividade do treinador.
Os conhecimentos acerca da gestão esportiva e da formação pessoal e profissional,
não receberam destaque pelos professores entrevistados, provavelmente pelo fato de não
estar diretamente relacionada com os conhecimentos necessários ao dia-a-dia do treinador.
No entanto, apesar dos conhecimentos profissionais serem os conteúdos determinantes
em programas de formação no Brasil, alguns programas da Europa e Canadá têm buscado

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
666

valorizar atividades que desenvolvam a comunicação, liderança e reflexão dos treinadores


(MORGAN et al., 2013; PAQUETTE et al., 2014).
As dimensões dos conhecimentos necessários à formação dos treinadores foram
associadas com o tempo de experiência dos professores na docência no ensino superior.
A distribuição das opiniões dos dois grupos de professores foi similar, não havendo
associações estatisticamente significativas quando comparadas as opiniões sobre a
importância dos conhecimentos considerando os grupos de professores. Os grupos de
professores com até 9 anos e com 10 anos ou mais de experiência no ensino superior
destacaram o conhecimento sobre a metodologia do treino como muito importante, havendo
uma distribuição um pouco maior na importância atribuída à gestão esportiva.
Destaca-se, a partir dos dados da pesquisa, a valorização dos conhecimentos
profissionais desenvolvidos nos currículos de Educação Física existentes no Brasil. Esses
resultados corroboram o estudo de Milistetd (2014) no qual demonstra que a estrutura
organizada na formação inicial de treinadores evidencia a formação centrada no
desenvolvimento de conteúdos específicos de modalidades esportivas, com poucas
oportunidades para que os futuros treinadores desenvolvam a capacidade de gestão,
comunicação e reflexão sobre sua prática. Porém, é nesta fase da formação que,
geralmente, os futuros treinadores começam a ter contato com as disciplinas das ciências
do esporte, entre elas a pedagogia do esporte, além de contar com a possibilidade de
concretizar e “aplicar” estes conhecimentos na prática (NOZAKI, 2012).

CONCLUSÃO
De maneira geral, os dados coletados na presente pesquisa demonstraram que os
professores da formação inicial em Educação Física consideraram “muito importantes” os
diferentes conhecimentos para a formação e atuação do treinador esportivo. Destacaram-
se os conhecimentos relacionados à metodologia do treino e à competição esportiva,
demonstrando grande importância atribuída aos conhecimentos que são necessários ao
dia-a-dia do processo de treinamento. Os conhecimentos sobre gestão esportiva e
formação pessoal e profissional dos treinadores receberam menor grau de importância,
tendo em vista que não correspondem a conhecimentos aplicáveis no cotidiano.
Nesse sentido, os dados levam a interpretar que os professores dos cursos de
formação das universidades investigadas parecem oferecer mais atenção às questões

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
667

específicas do esporte (treinamento e competição) nas disciplinas relacionadas com a


formação do treinador. Assim, os demais conhecimentos seriam adquiridos no decorrer da
carreira, em que os maiores níveis de conhecimento seriam obtidos por meio da prática
profissional, reforçando a perspectiva de que a formação universitária é apenas um
momento de desenvolvimento inicial da carreira de treinadores no Brasil.

REFERÊNCIAS
BORGES, M. Valorização, auto-percepção e necessidades de formação acerca dos
conhecimentos e competências do treinador desportivo: estudo aplicado em
treinadores de andebol em Portugal. 2009. 189 f. Dissertação (Mestrado em Ciência do
Desporto) – Faculdade de Desporto, Universidade do Porto, Porto, 2009.Brasil, 1998
BRASIL. Lei n. 9.696, 1º set. 1998.
COSTA, J. P. A. A formação do treinador de futebol: Análise de competências,
modelos e necessidades de formação. 2005. 145 f. Dissertação (Mestrado em Treino do
Jovem Atleta) - Faculdade de Motricidade Humana, Universidade Técnica de Lisboa,
Lisboa, 2005.
CÔTÉ, J.; GILBERT, W. An integrative definition of coaching effectiveness and expertise.
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GILBERT, W.; CÔTÉ, J. Defining coaching effectiveness: A focus on coaches’ knoweldge.
In: Potrac, P.; Gilbert, W.; Dennison, J. (Eds.), Routledge Handbook of Sports Coaching.
London: Routledge, 2013, p. 147-159.
LEMYRE, F.; TRUDEL, P.; DURAND-BUSH, N. How youth-sport coaches learn to coach,
The Sport Psychologist, v. 21, p. 191-209, 2007.
MESQUITA, I. A pedagogia do Treino - a formação em jogos desportivos colectivos.
2. ed. Lisboa: Livros Horizonte, 2000. 96p.
MILISTETD, M.; TRUDEL, P.; MESQUITA, I.; NASCIMENTO, J. V. Coaching and Coach
Education in Brazil. International Sport Coaching Journal, v. 1, p. 165-172, 2014.
MORGAN, K. et al. Innovative Approaches in Coach Education Pedagogy. In: Potrac, P.
Gilbert, W.; Dennison, J. (Eds.), Routledge Handbook of Sports Coaching. London:
Routledge, 2013, p. 486-497.
NOZAKI, J. M. Os significados e as implicações da extensão universitária na formação
inicial e na atuação profissional em Educação Física. 2012. 404 f. Dissertação

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
668

(Mestrado em Ciências da Motricidade) - Instituto de Biociências, Universidade Estadual


Paulista, Rio Claro, 2012.
PAQUETTE, K. J. et al. Sport federation’s attempt to restructure a coach education program
using constructivist principles. International Sport Coaching Journal, v.1, n.2, p.75-85,
2014.
WILSON, L.; BLOOM, G.; HARVEY, J. Sources of knowledge acquisition: Perspectives of
the high school teacher/coach. Physical Education and Sport Pedagogy, v.15, n.4,
p.383– 99, 2010.

EVOLUÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES ATLETAS E A AUSÊNCIA DE


TREINADORAS MULHERES NAS MODALIDADES COLETIVAS OLÍMPICAS
BRASILEIRAS

Julia Gravena Passero / FCA - UNICAMP

Gabriela Carvalho / FCA - UNICAMP

Sergio Settani / FEF - UNICAMP

Riller Silva Reverdito / UNEMAT

Larissa Galatti / FCA - UNICAMP

juliapassero@gmail.com

RESUMO: São poucas as propostas apresentadas na literatura que descrevem a


participação das mulheres no esporte, como atleta e como treinadoras. Os estudos

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
669

encontrados apresentam o perfil de mulheres na liderança, outros estudos apontam o


problema social que as mulheres enfrentam para conseguir espaço no meio esportivo.
Sendo assim, este estudo parte de um levantamento histórico das participações das
mulheres nos Jogos Olímpicos (JO) com o objetivo de evidênciar que, apesar do avanço
na participação de atletas mulheres nesse evento, a incidência de mulheres treinadoras nas
seleções de modalidades coletivas é ainda escassa, sendo evidenciada a ausência destas
na posição de treinadora principal das equipes brasileiras.

PALAVRAS CHAVE: mulheres, atletas, treinadoras.

INTRODUÇÃO: Coubertin idealizador dos JO modernos tentou deixar a participação das


mulheres de fora dos jogos, porém isso não durou por muito tempo, já que nos jogos de
Paris de 1900 houve a participação de 22 mulheres diante da participação de 975 atletas
do sexo masculino (PFISTER, 2000). A primeira atleta mulher brasileira e sul-americana a
participar de uma edição dos JO foi a nadadora Maria Lenk, em 1932 com 17 anos
(MOURÃO, 2004).

Para Guttmann (2002), na geração de Coubertin as construções sociais das distinções de


gênero parecem que foram ditadas pela condição biológica. Por isso, para ele, a exclusão
das mulheres estava baseada nos papéis sociais estabelecidos na época: cabia ao homem
os conceitos de virilidade, vigor, moralidade – expressos também através do esporte – e as
mulheres a maternidade, o cuidado com a casa (DEVIDE, 2005).

De acordo com Pfister (2003), atualmente o esporte ainda pertence ao mundo masculino,
porém as mulheres estão aumentando a sua participação nesse mundo. Uma das formas
de indicação da integração da mulher no esporte é a presença delas em todas as
modalidades esportivas, fazendo com que sua presença seja notada, porém mesmo que
elas sejam praticantes de modalidades tidas como “esportes masculinos” elas ainda são

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
670

parte restritiva principalmente nos países industrializados . Além do papel de atleta, pouco
se sabe da presença de mulheres no cargo de treinadoras olímpicas.

Para Kinijnik (2003), o fortalecimento da inserção das mulheres nos diversos segmentos da
sociedade, especialmente no esporte, foi devido ao movimento feminista das décadas de
60 e 70 nos EUA, que fez com que a ocupação de postos, antes exclusivos dos homens,
tais como treinadora, dirigente, árbitra entre outras, fossem cada vez maior na participação
das mulheres nesses cargos. No entanto pode-se observar que houve uma estagnação
nesse processo. Assim o objetivo do estudo é evidênciar que houve avanços na
participação feminina entre atletas, mas não entre treinadores(as). Os dados sobre atletas
terão caráter geral, enquanto sobre treinadoras será feita uma análise restrita às
modalidades coletivas olímpicas.

MÉTODO: Foram levantados dados para montar um mapeamento da participação efetiva


das mulheres tanto como atletas quanto treinadoras. Sendo assim foram montadas
planilhas no Microsoft Excel® para obter um estudo comparativo de atletas homens em
relação as mulheres, para isso foi realizada uma pesquisa documental a partir dos dados
contidos no site oficial do COI (Past Games)14, acessado a partir de 28 de Janeiro de 2015.
Assim como informações retiradas dos sites da confederações para informação dos sexos
dos(as) treinadores(as) brasileiras das diferentes modalidades, acessados a partir de 28 de
Agosto de 2015. Foram mapeados todos os(as) treinadores(as) brasileiros(as) das
modalidades coletivas dos jogos olímpicos, para quantificar o número de mulheres e
homens que dirigiam as seleções brasileiras.

RESULTADOS: O gráfico 1 de todas as edições dos JO de verão e o gráfico 2 apresenta


valores da quantidade de homens e mulheres nas últimas 4 edições dos JO de verão.

14
Disponível em <http://www.olympic.org/olympic-games>; Factsheet Women In The Olympic Movement
Update – May 2014 Disponível em
<http://www.olympic.org/Documents/Reference_documents_Factsheets/Women_in_Olympic_Movement.pdf.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
671

ATLETAS PARTICIPANTES
DOS JOGOS OLÍMPICOS DE
1896 à 2012

Mulheres
25%

Homens
75%

Gráfico 1: Quantidade de homens e mulheres em todas as edições dos JO de verão

ATLETAS PARTICIPANTES
DOS JOGOS OLÍMPICOS DE
2000 à 2012

Mulheres
Homens 42%
58%

Gráfico 2: Quantidade de homens e mulheres nas últimas 4 edições dos JO de verão

A Tabela 1 apresenta a relação das modalidades de esportes coletivos com os respectivos


nomes e sexo dos treinadores.

Modalidade de Esportes
Treinador Principal Sexo
Coletivos
Basquetebol Feminino Luiz Augusto Zanon M
Basquetebol Masculino Rubem Magnano M

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Futebol Feminino Vadão (Oswaldo Fulmeiro) M


Futebol Masculino Dunga (Carlos Caetano Verri) M
Handebol Feminino Morten Soubak M
Handebol Masculino Jordi Ribera Romans M
Hóquei sobre a grama Feminino Ignacio Lopez M
Hóquei sobre a grama Masculino Claudio Rocha M
Polo aquático Feminino Patrick Oaten M
Polo aquático Masculino Ratko Rudic M
Rugby Feminino Chris Neill M
Rugby Masculino Andres Romagnoli M
Voleibol Feminino José Roberto Guimarães M
Voleibol Masculino Bernardo Rezende M
Tabela 1: Relação das modalidades de esportes coletivos com os respectivos nomes e sexo
dos treinadores.

CONCLUSÃO: Conclui-se que houve um aumento considerável na participação das


mulheres atletas nos Jogos Olímpicos de verão, de acordo com os gráfico 1 e 2:
historicamente, somando todas as edições dos Jogos, observamos que 75% dos atletas
eram homens e 25% mulheres; por outro lado, nas últimas 4 edições no século XXI, essa
diferença caiu, sendo 58% dos atletas homens e 42% mulheres.

Logo, pode-se afirmar que falta pouco para que haja um equilíbrio em relação à participação
de atletas mulheres e homens nos JO. Por outro lado, observamos que as modalidades
coletivas tiveram inserção tardia nos jogos, mais ainda na categoria feminina. Porém, isso
não significou a incidência de mulheres como treinadoras em equipes brasileiras de
esportes coletivos, que, a considerar a situação atual, não terá nos JO do Rio de Janeiro
em 2016, nenhuma mulher atuando como treinadora principal em seleções brasileiras.

REFERÊNCIAS

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
673

DEVIDE, F. P. Gênero e Mulher no Esporte: história das mulheres nos Jogos Olímpicos
Modernos. Ijuí: editora Ijuí, 2005.

GUTTMANN, A. The Olympics: a history of the Modern Games. 2ª ed. Illinois: Universtiy
of Illinois Press, 2002.

KNIJNIK, J. D. A Mulher brasileira e o esporte: seu corpo, sua história. São Paulo:
Mackenzie, 2003.

MOURÃO, L. A mulher Na administração do esporte no Brasil segundo a norma olímpica,


III Fórum de debates sobre Mulher & Esporte, São Paulo – USP, 2004. p.47.

PFISTER, G. Líderes femininas em organizações esportivas – Tendências mundiais.


Revista Movimento. Porto Alegre, v.09, n.2, p.11-35 maio/agosto de 2003.

APRENDIZAGEM PROFISSIONAL DE TREINADORES DE JOVENS NO FUTEBOL

Alexandre Vinícius Bobato Tozetto / LAPE – UFSC


Larissa Rafaela Galatti / FCA – UNICAMP
Vinicius Zeilmman Brasil / LAPE – UFSC
William das Neves Salles/ LAPE – UFSC
Michel Milistetd / DAEFI – UTFPR
alexandrebobato@hotmail.com

RESUMO: Foi objetivo interpretar as aprendizagens profissionais de treinadores de jovens


no futebol. Adotou-se uma abordagem qualitativa de caráter exploratório-descritivo e
interpretativo. Os participantes foram três treinadores, com média de idade de 34,6 anos e
experiência mínima de um ano como treinadores. Para a coleta de dados foi utilizado o
instrumento Rappaport Time Line (RTL), versão adaptada. Após a aplicação do RTL,
realizou-se uma entrevista semiestruturada. Os treinadores indicaram similaridades nas
três situações de aprendizagem, com maior incidência na situação de aprendizagem
interna, conforme descritas: interna (8); não-mediada (3); mediada (1). Individualmente, o
T3 indicou quatro aprendizados, sendo que três não foram citados pelos outros treinadores,
enquanto o T2 reforçou três indicadores e o T1 não reforçou nenhum indicador. Por fim,
seis indicadores foram apontados por diferentes profissionais nas situações de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
674

aprendizagem distintas. Concluiu-se que os resultados podem ser explicados pela


similaridade das trajetórias de vida dos treinadores. Em contraponto, os indicadores
isolados que surgiram, podem estar relacionadas ao processo idiossincrático desses
profissionais. Nesse processo de categorização, ocorreu uma maior frequência de
indicadores nas situações internas e não-mediadas, o que nos leva a refletir sobre possíveis
lacunas nas situações mediadas como a formação inicial.
PALAVRAS-CHAVE: aprendizagem profissional; treinador de jovens; futebol.

INTRODUÇÃO: A aprendizagem dos treinadores esportivos pode ser interpretada a partir


das diferentes situações que estes vivenciam durante sua trajetória pessoal e profissional.
As situações de aprendizagem mediadas correspondem a um sistema de cursos formais
sobre o treinamento, onde a aprendizagem é dirigida por outra pessoa. As situações de
aprendizagem não-mediadas, por outro lado, não possuem um instrutor, cabendo ao
indivíduo tomar a iniciativa e ser responsável pela própria aprendizagem. Finalmente, nas
situações de aprendizagem internas, existe uma reapreciação das ideias incorporadas na
estrutura cognitiva do treinador a partir da reflexão (WERTHNER; TRUDEL, 2006).
Em especial, a reflexão do treinador sobre sua própria prática tem sido considerada
como fundamental, pois permeia tanto as situações mediadas quanto as situações não-
mediadas de aprendizagem. Porém, os treinadores necessitam assumir uma reflexão com
senso-crítico e questionar as informações a serem incorporadas para que permaneçam em
evolução contínua (KNOWLES et al, 2006). Neste sentido, acredita-se que o processo de
reflexão possa ser impulsionado ou estimulado a partir da sistematização e da organização
de determinadas situações proporcionadas aos profissionais, como por exemplo, com o
desenvolvimento de um planejamento e relatórios pontuais acerca das atividades
profissionais (GARCÍA-MORALES; JIMÉNEZ-BARRIONUEVO; GUTIÉRREZ-
GUTIÉRREZ, 2012).
Foi objetivo do estudo, caracterizar as aprendizagens profissionais ao longo da vida
de treinadores de jovens atletas de futebol, nas situações de aprendizagem mediadas, não-
mediadas e internas.

MÉTODO: Este estudo de caso com treinadores de categorias de base em um clube


participante do Campeonato Catarinense de Futebol é parte de uma pesquisa mais ampla

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
675

e caracteriza-se como descritivo-exploratório e interpretativo quanto a seus objetivos


(MAXWELL, 2005).
Participaram voluntariamente da investigação três treinadores de futebol de campo
(Sub-13, Sub-15, Sub-17), do sexo masculino, com médias de idade de 34,6 anos e com,
no mínimo, um ano de experiência nesta função.
Para a coleta de dados foi utilizado o instrumento Rappaport Time Line (RTL), versão
adaptada por Langley e Knight (1999). Após a aplicação do RTL, realizou-se uma entrevista
semiestruturada (YIN, 2011).
As entrevistas tiveram duração entre 51 e 108 min, considerando a parte introdutória
e os esclarecimentos. As respostas foram registradas por meio de um gravador digital,
sendo transcritas literalmente com o auxílio dos programas Microsoft Windows Media
Player e Word e, posteriormente, analisadas em seu conteúdo (BARDIN, 2011) com o uso
do programa QSR NVivo (versão 9.2). Para preservar o anonimato dos investigados, cada
sujeito foi identificado por letras e números (T1, T2, T3). A confirmação das informações se
deu por meio de procedimentos de checagem, que consistiu no envio das transcrições
categorizadas aos participantes, conforme procedimento de validação descritiva
(MAXWELL, 1992). O pesquisador principal contou, ainda, com o auxílio de um pesquisador
colaborador no processo de análise dos dados (ROSE; JEVNE, 1993).

RESULTADOS: No Quadro 1 são apresentadas as situações de aprendizagem a partir da


categorização das falas dos treinadores, sendo expressos os termos que melhor
caracterizam o aprendizado adquirido em cada uma delas. Os números entre parênteses
foram organizados de forma a representar os treinadores pertencentes a cada indicador.
Relata-se ainda a importância de destacar que a situação de aprendizagem interna, apesar
de ser considerada uma das situações de aprendizagem, ocorre em meio às situações
mediadas e não-mediadas, processo este, contínuo para a aprendizagem.

MEDIADAS INTERNAS NÃO-MEDIADAS


FORMAÇÃO INICIAL EXPERIÊNCIAS COMO
- Saber gerir o contexto (1; ATLETA
2); - Aprendizado dos direitos e
REFLEXÃO
- Desenvolver a liderança deveres cívicos (1; 2; 3);
- Ser criativo (1; 2; 3);
(2); - Conscientizar-se sobre
- Planejar os treinamentos
- Planejar os treinamentos responsabilidade e
(1; 2; 3);
(3); honestidade (1; 2; 3);

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
676

- Aprender a refletir (3); - Manter boas relações (1; - Considerar diferentes


- Formar os atletas no todo 2; 3); culturas (1; 2);
(3); - Reforçar crenças (1; 2; 3); - Planejamento de carreira
- Quebrar paradigmas (3). - Desenvolver a (2);
comunicação (1; 2; 3); - Desenvolver a
CURSOS / - Estar sempre evoluindo comunicação (2);
ESPECIALIZAÇÃO (1; 2; 3); - Desenvolver a iniciativa
- Verificar as tendências (1; - Estar motivado (1; 2; 3); (3).
2; 3); - Se profissionalizar (1; 2;
- Saber gerir o contexto (2); 3); EXPERIÊNCIAS
- Criar uma rede de - Realizar leituras (2; 3); PROFISSIONAIS
relações (2); - Enxergar com diferentes - Aprender a discutir os
- Avaliação dos jogadores perspectivas (2; 3); componentes de jogo (1; 2;
(2; 3); - Recorrer à religião (2); 3);
- Aprender a observar (2); - Fazer a diferença (2; 3); - Conhecer a realidade (1;
- Desenvolver consultorias - Relacionar teoria e prática 2);
(2). (2; 3); - Ter humildade (3);
- Quebrar paradigmas (2; - Verificar as tendências.
PÓS-GRADUAÇÃO 3); (2);
Stricto-Sensu (3) - Assimilar as ideias (2); - Atender a demanda (2);
- Organizar treinamentos - Saber agir em situações - Trabalhar com qualidade
transformacionais; inesperadas (3); de vida (2);
- Buscar uma perspectiva - Compartilhar os desafios - Criar uma rede de
mais construtivista; (3); relações (3).
- Influenciar e ajudar - Saber se impor (3).
pessoas. EXPERIÊNCIAS NO
CLUBE
- Desenvolver outras
funções (2).
- Influenciar e ajudar
pessoas (2, 3);
- Aprender a ser paciente e
diplomático (3);
- Verificar as tendências
(3);
Quadro 1. Aprendizagens percebidas pelos treinadores considerando a vivência nas
situações de aprendizagem mediadas, não-mediadas e internas.
Foram indicadas pelos três treinadores similaridades nas três situações de
aprendizagem, com maior incidência na situação de aprendizagem interna, conforme
descritas: interna (ser criativo, planejar os treinamentos, manter boas relações, reforçar
crenças, desenvolver a comunicação, estar sempre evoluindo, estar motivado, se
profissionalizar); não-mediada (aprendizado dos direitos e deveres cívicos, conscientizar-

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
677

se sobre responsabilidade e honestidade, aprender a discutir os componentes de jogo);


mediada (verificar as tendências).
Individualmente, o T3 indicou quatro aprendizados, sendo que três não foram citados
pelos outros treinadores, os dois primeiros nas situações mediadas e internas (quebrar
paradigmas, planejar os treinamentos), o terceiro e quarto indicadores surgiram nas
situações mediadas e não-mediadas (verificar as tendências, influenciar e ajudar pessoas).
O T2 reforçou três indicadores, apresentando nas situações de aprendizagem mediadas
(saber gerir o contexto), nas situações mediadas e não-mediadas (verificar as tendências)
e nas situações internas e não-mediadas (desenvolver a comunicação). O T1 não reforçou
nenhum indicador.
Nas situações de aprendizagem distintas, seis indicadores foram apontados por
diferentes profissionais em duas ou três situações de aprendizagem, no que segue: verificar
as tendências (T1, T2, T3); planejar os treinamentos (T1, T2 e T3); desenvolver a
comunicação (T1, T2 e T3); criar uma rede de relações (T2 e T3); quebrar paradigmas (T2
e T3); influenciar e ajudar pessoas (T2 e T3).

CONCLUSÃO: Concluiu-se que os resultados podem ser explicados pela similaridade das
trajetórias de vida dos treinadores, tais como a formação acadêmica e as experiências com
outros treinadores. Em contraponto, os indicadores isolados que surgiram, podem estar
relacionadas ao processo idiossincrático desses profissionais. Sobre os cursos formais
onde ocorrem com maior frequência às situações de aprendizagem mediadas e, portanto,
ações planejadas de ensino-aprendizagem, várias aprendizagens não foram destacadas, o
que nos leva a refletir as suas possíveis lacunas. As situações não-mediadas e internas,
por outro lado, compreenderam um maior número de aprendizagens, provavelmente devido
ao interesse particular dos treinadores nas experiências práticas cotidianas. Desse modo,
as interações entre as situações de aprendizagem, desde a formação inicial com um
suporte mediado e a partir de reflexões críticas por parte dos futuros profissionais, podem
alavancar a qualidade da aprendizagem profissional, bem como dos contextos de prática
nos quais ocorre.

REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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GARCÍA-MORALES, V. J.; JIMÉNEZ-BARRIONUEVO, M. M.; GUTIÉRREZ-GUTIÉRREZ,


L. Transformational leadership influence on organizational performance through
organizational learning and innovation. Journal of Business Research, v. 65, n. 7, p.
1040-1050, 2012.

KNOWLES, Z. et al. Reflecting on reflection: exploring the practice of sports coaching


graduates. Reflective Practice, v. 7, n. 2, p. 163-179, 2006.

LANGLEY, D. J.; KNIGHT, S. M. Continuity in sport participation as an adaptive


strategy in the aging process: A lifespan narrative. Journal of Aging & Physical Activity,
v. 7, p. 32-54, 1999.

MAXWELL, J. Qualitative research design: An interactive approach. 2 ed. Thousand


Oaks, CA: Sage, 2005.

MAXWELL, J. Understanding and validity in qualitative research. Harvard


educational review, v. 62, n. 3, p. 279-301, 1992.

ROSE, J.; JEVNE, R.F.J. Psychosocial processes associated with athletic injuries. The
Sport Psychologist, v. 7, p. 309-328, 1993.

WERTHNER, P.; TRUDEL, P. A New Theoretical Perspective for Understanding How


Coaches Learn to Coach. The Sport Psychologist, v. 20, p. 198-212, 2006.

YIN, R. K. Qualitative research from start to finish. New York: The Guilford Press,
2011.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
679

TEMPO DE PRÁTICA E ABANDONO NO VOLEIBOL POR UNIVERSITÁRIOS

Giovanna Vargas Consoli Rennó- UFLA

Marco Túlio Silva Batista - UFLA

Gislaine de Fátima Geraldo - UFLA

Marcelo de Castro Teixeira - UFLA

Alessandro Teodoro Bruzi - UFLA

givargas9@gmail.com

RESUMO: Fatores de diversas naturezas influenciam na adesão da criança ao esporte e


outros tantos vão direcionar sua permanência, mudança de modalidade e até mesmo o
abandono. Em relação ao abandono, o motivo mais recorrente é a dificuldade de conciliar
estudo e treinamento. Por esse fato, essa investigação objetivou identificar os motivos de
abandono da prática competitiva e correlacioná-los com o Tempo de Prática (TP). A
amostra contou com atletas universitários de Voleibol, que não atingiram o alto rendimento,
participantes de torneios universitários. Para determinar esses aspectos, o instrumento
utilizado foi o Questionário de Abandono, parte do MIMCA, traduzido e validado para Língua
Portuguesa. Os resultados corroboram a literatura e apontam para o encerramento da
prática competitiva por conta da dificuldade de conciliação da rotina de treinamento com

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
680

estudo/trabalho. Encontramos também diferentes motivos quando relacionados com


Tempo de Prática (TP), dentre eles, a má relação com o treinador para atletas com menor
tempo de pratica. Assim, vemos que compromissos escolares são a principal motivação
para abandono uma vez que não se torna possível conciliá-los com os treinamentos e o
mesmo motivo aparece para atletas com menor período de prática.

Palavras-chave: Psicologia do Esporte, Motivação, Carreira Esportiva.

INTRODUÇÃO: Práticas esportivas entre os jovens desde a sua iniciação até o abandono
apresentam diferentes características. Isso faz desse fenômeno cultural da humanidade
uma atividade especial e merecedora de pesquisas em Ciências do Esporte, especialmente
sobre os aspectos psicológicos envolvidos. Nessa perspectiva, o Voleibol, como uma das
manifestações esportivas mais bem sucedidas no Brasil (três títulos olímpicos nos últimos
11 anos), torna-se um dos objetos de investigação “mais cobiçados” dentre as diferentes
modalidades investigadas pelas ciência esportiva. Dentro das possibilidades de pesquisa
sobre a prática do Voleibol, a carreira esportiva é o tema do presente estudo.

Alfermann e Stambulova (2007) definem carreira esportiva como uma prática voluntária e
plurianual de uma atividade esportiva escolhida pelo atleta com o objetivo de alcançar altos
níveis de desempenho em um ou vários eventos esportivos. Essa carreira é composta por
diversas fases desde seu início até o final. Esse final é causa de questionamentos em
diversos estudos (BARA FILHO, 2008; CARMO et al., 2009; COSTA, 2008; DE ROSE JR.,
2002; MOLINERO et al., 2009; WEIMBERG e GOULD, 2001), que ao longo das últimas
décadas, tem sido relacionado a mudança e o abandono da prática esportiva dos atletas
por “não terem capacidades físicas para o esporte”, “desmotivação com a prática”, “relação
negativa com o técnico”, “intensidade dos treinamentos/cansaço”, “pressão dos pais”,
“dificuldades, necessidade de outras atividades” e principalmente a “impossibilidade de
conciliar o esporte com estudo ou trabalho”.

Nota-se também que no Brasil o atleta tem de decidir, ainda na formação esportiva, entre
a carreira profissional no esporte ou a possibilidade de ingressar no ensino superior. O
momento dessa decisão torna a segunda opção mais segura e, portanto mais comum,
principalmente para atletas com menor tempo de prática. Essa formação acontece
precocemente e culmina no abandono também prematuro, uma vez que o modelo

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
681

universitário no Brasil não tem um papel na formação de atletas. Para Tani et al. (2009), na
realidade brasileira, a universidade não é um local privilegiado para a formação de atletas,
mas sim um local de formação profissional e de inovação científica e tecnológica a respeito
do Esporte. No entanto, mesmo que esporadicamente, algumas instituições de ensino
superior proporcionam ao estudante a possibilidade de continuar praticando uma
determinada modalidade esportiva, seja visando a manutenção da saúde ou até mesmo a
formação de equipes para disputar competições universitárias. Em função dessa
oportunidade não considerada pelo atleta ao escolher ingressar na universidade, levanta-
se a seguinte questão: será que para esses universitários, os motivos de abandono são os
mesmos propostos pelos estudos supracitados?

Diante disso, o presente estudo teve como objetivo verificar motivos de abandono por
voleibolistas universitários do sexo masculino, assim como a influência do Tempo de Prática
(TP) na decisão pelo ingresso na universidade.

MÉTODOS: A amostra foi composta por 61 atletas universitários de Voleibol do naipe


masculino com média de idade de 21,72 (±2,46) e TP 9,28 (±4,49) que participaram das
competições universitárias no Estado de Minas Gerais, como a Liga Desportiva
Universitária e os Jogos Universitários de Minas Gerais (JUM’s). Todos assinaram o Termo
de Compromisso Livre e Esclarecido (TCLE). O Comitê de Ética de Pesquisa com Seres
Humanos da Universidade Federal de Lavras aprovou a pesquisa sob o protocolo CAAE:
41436214.8.0000.5148.

O questionário de Abandono do MIMCA (Questionário de Motivos de Início, Manutenção,


Mudança e Abandono) foi adotado para abordar motivos que levaram atletas universitários
a abandonarem o Voleibol competitivo e ingressarem na universidade. Tal questionário
contém 10 questões e as respostas baseiam-se em uma escala tipo Likert de cinco pontos
que oscila desde “total desacordo” (1) a “totalmente de acordo” (5). A partir disso, a coleta
realizou-se nos locais de competição (ginásios e alojamentos) e o questionário foi aplicado
pelos próprios pesquisadores. Os pesquisadores, inicialmente, fizeram uma abordagem
sobre o objetivo da pesquisa, entregaram aos atletas o questionário juntamente ao TCLE
que foram preenchidos e respondidos pelos atletas. A coleta era realizada com duração
média de aproximadamente cinco minutos. Em relação à proteção e à confidencialidade,
todos os dados foram arquivados em banco de dados do laboratório, em computador de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
682

acesso restrito aos pesquisadores envolvidos, pelo período necessário às divulgações


científicas pertinentes.

Os dados foram analisados através do pacote estatístico SPSS versão 20.0 com nível de
significância estatístico fixado em p ≤ 0,05. Em uma etapa preliminar realizou-se uma
análise para inferir a normalidade dos dados através do teste de Kolmogorov-Smirnov, no
qual verificou anormalidade na distribuição dos dados. Uma análise descritiva de média,
desvio padrão foram feitas no momento inicial. E para correlacionar os motivos de início,
manutenção, mudança e abandono com a idade e o TP, utilizou-se do teste de correlação
não paramétrico de Spearman.

RESULTADOS: O motivo que mais se destacou para ambos foi a impossibilidade de render
o máximo no esporte estando trabalhando ou estudando. Outro motivo para o abandono foi
perceber que não tinha capacidades físicas para o alto nível no Voleibol. (Tabela 1). Na
literatura, autores apresentaram fatores como: “pressão excessiva”, “má relação com o
técnico”, “falta de diversão”, “necessidade de estudar”, “necessidade de trabalhar” e a
“relação com colegas de equipe” preponderantes para a evasão no esporte (BRANDÃO,
2010; COSTA, 2011; VILANI e SAMULSKI apud GARCIA e LEMOS, 2002).(Tabela 1)

Tabela 1. Motivos relevantes para o Abandono de voleibolistas universitários masculinos


Motivos p Média

Se não tivesse capacidades 0,019* 3,12±0,29


físicas
3,02±0,26

Se trabalho/estudo não me 0,010* 3,12±0,29


permitisse render o máximo
3,02±0,26

Dificuldade de conciliar 0,019* 3,12±0,29


esporte estudo/trabalho
3,02±0,26

*Nível de significância para p≤0,05

Na Tabela 2 vemos que a má relação com o treinador seria motivo para abandonar à
medida que o TP era menor. Dificuldade de conciliar treinamentos e competições com
estudos e trabalho, além do motivo abandonar por não atingir os objetivos desejados foram
mais relevantes para homens com menor TP.

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Tabela 2. Correlação do TP com os motivos de Início, Manutenção, Mudança e Abandono

Masculino
Motivos r p
Treinar fosse incompatível -0,279 0,015*
com o meu Trabalho/Estudo
Se trabalho/estudo não -0,202 0,049*
permitisse render o máximo
ABANDONO
Se não me desse bem com o -0,240 0,037*
treinador

Se não conseguisse os -0,204 0,048*


resultados que desejo

*Nível de significância para p≤0,005

CONCLUSÃO: Levando em consideração a literatura existente, o abandono ocorre por


motivos relacionados aos estudos e pela relação com treinadores e familiares, além da
dificuldade em conciliar a rotina dos treinamentos com os estudos e/ou trabalho, que
também se mostram relevantes para atletas com menor tempo de prática no Voleibol. No
entanto, os resultados do presente estudo se mostrou diferente dos motivos de abandono
encontrados nas demais literaturas. Os resultados também foram distintos a estudos
quando citado atletas com maior tempo de prática que não apresentaram motivações
específicas para o abandono.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALFERMANN, D.; STAMBULOVA, N. Career transitions and career termination. Em:


TENENBAUM, G.; EKLUND, R.C. (Eds.). Handbook of sport psychology. 3rd ed. New
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2008.

BRANDÃO, M. R. F.; MACHADO, A. A. O Voleibol e a psicologia do esporte. São


Paulo: Atheneu; Coleção psicologia do esporte e do exercício; v.5, 2010

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CARMO, J.V.M.; MATOS, F.O.; RIBAS, P.R.; MIRANDA, R.; FILHO, M.B. Motivos de
início e abandono da prática esportiva em atletas brasileiros. HU Revista. 35(4):257-64.
2009.

COSTA, L.M.C.M. Motivação para a participação e abandono desportivo de jovens


em idade escolar [tesis]. Porto: Universidade do Porto; 2008..

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MOLINERO, O.; SALGUERO, A.; ALVAREZ, E.; MÁQUEZ, S. Reasons for dropout in
youth soccer: a comparison with other team sports. Motricidade European Journal of
Human Movement. 22:21-30. 2009.

TANI, G.; MEIRA JUNIOR, C. M.; OLIVEIRA, J. A. CORRÊA, U. C. O day after olímpico e
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VILANI, L.H.P.; SAMULSKI, D. M. Família e esporte: uma revisão sobre a influência dos
pais na carreira esportiva de crianças e adolescentes. In GARCIA, E. S,; LEMOS K. L. M.
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WEIMBERG, R.S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício.


2ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2001.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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ESCALA DE AUTOEFICÁCIA DOCENTE DE ACADÊMICOS EM EDUCAÇÃO FÍSICA


COM E SEM EXPERIÊNCIA ESPORTIVA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA.

Valmor Ramos / CEFID - UDESC


Filipy Kuhn / CEFID - UDESC
Thais Emanuelli da Silva de Barros / CDS - UFSC
Jeferson Rodrigues de Souza / CDS - UFSC
Vinícius Zeilmann Brasil / CDS – UFSC
valmor.ramos@udesc.br

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi analisar e comparar a percepção de autoeficácia


de graduandos em Educação Física que possuem ou não experiência esportiva, através da
Escala de Autoeficácia Docente. Participaram da investigação, 78 graduandos de
Educação Física de uma universidade pública do Estado de Santa Catarina. O instrumento
utilizado foi a Escala de Autoeficácia Docente, do tipo Likert de seis pontos, distribuídos em
duas dimensões: intencionalidade da ação docente e manejo de classe. Para a análise dos
dados foram utilizados recursos estatísticos descritivos (média e desvio-padrão) e
inferenciais (testes de hipóteses), com auxílio do programa estatístico SPSS Statistics
versão 21.0. Os resultados indicaram que as experiências prévias destes sujeitos no
contexto esportivo parecem ter fornecido alguma confiança para realizar atividades de
ensino, na modalidade para a qual possuíam experiência. Conclui-se que os valores de
autoeficácia geral dos acadêmicos estão acima do ponto médio de classificação
estabelecido para a escala de autoeficácia.
Palavras-chave: Autoeficácia, Educação Física, Acadêmicos.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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INTRODUÇÃO: Experiência é um processo de ajustamento ou equilíbrio adaptativo que


ocorre a partir da interação de um sujeito diante de uma situação específica. O agir sobre
o outro e sofrer um reação, simultaneamente, é o que se pode chamar, portanto, de
experiência (DEWEY, 1978). Para o autor, as experiências mais significativas de vida se
acumulam na memória das pessoas, convertendo-se em crenças ou conhecimentos
pessoais uteis para ações futuras, em situações com características semelhantes.
Estas experiências e crenças parecem auxiliar os indivíduos acerca do julgamento de suas
próprias capacidades para atingir metas pessoais de realização ou desempenho em
determinada tarefa, podendo ser estudadas a partir do conceito de percepção de
autoeficácia. Em grande parte a percepção de autoeficácia de um indivíduo determina as
opções e atitudes, sendo capaz de influenciar a quantidade de confiança, energia, tempo e
perseverança que alguém despende em prol de um objetivo determinado (BANDURA,
1986).
O objetivo deste estudo foi analisar e comparar a percepção de autoeficácia de graduandos
em Educação Física que possuem ou não experiência esportiva, através da Escala de
Autoeficácia Docente (EAED).

MÉTODOS: Foram adotados procedimentos de pesquisa quantitativa, de caráter descritivo-


diagnóstico, de maneira a caracterizar determinada população ou fenômeno (GIL, 1995). A
delimitação do estudo em um único contexto ou esfera educativa (universidade) pode,
ainda, caracterizá-lo como estudo de caso (THOMAS; NELSON, 1990).
Participaram da investigação, 78 graduandos de Educação Física (Bacharelado e
Licenciatura) de uma universidade pública do Estado de Santa Catarina. A amostra foi
selecionada de maneira intencional (MINATTO et al., 2011), procurando abranger os
estudantes matriculados e que estivessem frequentando as aulas regularmente, da quinta,
sexta, sétima ou oitava fases.
O instrumento utilizado foi a Escala de Autoeficácia Docente (EAED), adaptada e validada
para o Brasil por Polydoro et al., (2004). Trata-se de uma escala de atitudes do tipo Likert
de seis pontos, representados em intervalo de 1 (pouco autoeficaz) a 6 (muito autoeficaz).
Os 24 itens da escala foram distribuídos em duas dimensões: intencionalidade da ação
docente e manejo de classe. O escore geral da EAED pode variar entre 24 (mais baixa

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
687

crença de autoeficácia docente) a 144 pontos (mais alta crença de autoeficácia docente),
com ponto médio de 84.
A coleta de dados ocorreu ao final do 1° semestre letivo de 2014, de maneira que todos os
estudantes investigados tivessem concluído ou próximo de concluir, pelo menos, um
semestre de estágio obrigatório. Todos os indivíduos assinaram um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A pesquisa foi aprovada por um Comitê de Ética
em Pesquisa com Seres Humanos de uma universidade pública brasileira, sob o Parecer
nº 718.173/2014.
As informações obtidas a partir dos instrumentos foram tabuladas e analisadas por meio de
recursos estatísticos descritivos (média e desvio-padrão) e inferenciais (testes de
hipóteses), com auxílio do programa estatístico SPSS Statistics versão 21.0.
Os dados foram submetidos à verificação de normalidade por meio do teste de Kolmogorov
Smirnov. Para encontrar possíveis diferenças entre os alunos com ou sem experiência
esportiva, foram empregados os testes U de Mann Whitney. Destaca-se que na
apresentação dos dados utilizou-se mediana (Md) e o intervalo interquartil (Q1-Q2). Em
todas as análises, o nível de significância adotado foi igual ou superior a 95% (p<0,05).

RESULTADOS: A Tabela 1 apresenta os níveis de autoeficácia docente dos acadêmicos


com e sem experiência esportiva, considerando-se os escores geral e específicos de
intencionalidade docente e manejo de classe – EAED.

Intencionalidade Manejo de Autoeficácia


Variáveis p-valor p-valor p-valor
docente classe geral
Experiência esportiva
Sim 66,5 (11,8) 46,6 (8,5) 113,1 (19,8)
0,81 0,85 0,86
Não 63,6 (20,2) 43,7 (13,8) 107,3 (33,8)
Tabela 1: Nível de autoeficácia docente dos acadêmicos.

Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas em nenhuma das


variáveis para as dimensões estudadas. Porém, na dimensão Intencionalidade docente, os
valores dos acadêmicos com experiência esportiva, são superiores. A questão do inquérito
que recebeu a maior atribuição de valor (5,09) foi “quanto você pode ajudar seus alunos a

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dar valor a aprendizagem?” (Q.9). No caso da dimensão Manejo de classe, os valores dos
acadêmicos com experiência esportiva, são superiores àqueles sem estas experiências.
Indicando a possibilidade de que, os estudantes que possuem experiências esportivas
prévias, se percebem mais autoeficazes. Nas questões relacionadas ao manejo de classe,
os acadêmicos atribuíram maior valor médio a “quão bem você pode providenciar desafios
apropriados para os alunos muito capazes” (Q.24) e “quão bem você pode estabelecer
rotinas para manter as atividades acontecendo de forma tranquila” (Q.8).
Utilizando estudo qualitativo com procedimentos de estimulação de memória, Ramos et al.
(2014), investigaram as experiências prévias e crenças sobre o ensino nos esportes de 5
universitários do primeiro ano de graduação em Educação Física. Os resultados indicaram
que as experiências prévias destes sujeitos no contexto esportivo parecem ter fornecido
alguma confiança para realizar atividades de ensino, na modalidade para a qual possuíam
experiência.
Os resultados obtidos na Escala de Autoeficácia Docente, conforme Tabela 1, apontaram
níveis elevados de autoeficácia dos estudantes investigados, dado que corrobora com
outros estudos na área da Educação Física (SILVA, 2005; VENDITTI JR., 2005; IAOCHITE,
2007; SILVA, AZZI, IAOCHITE, 2010; IAOCHITE et al., 2011; IAOCHITE, AZZI, 2012).

CONCLUSÃO: Conclui-se que os valores de autoeficácia geral dos acadêmicos estão


acima do ponto médio de classificação estabelecido para a escala de autoeficácia para a
intencionalidade docente e manejo de classe, indicando que as fontes de experiências
estudadas foram importantes para obtenção da percepção de autoeficácia destes
estudantes.
Neste estudo foram utilizadas as escalas de seis níveis de valores, como o objetivo de
assegurar a validade dos instrumentos já obtidos nos estudos brasileiros. Contudo, isto
pode ter se convertido em uma limitação do estudo, relativamente a precisão das respostas
dos estudantes. Assim, julga-se importante, a utilização de escala com maior amplitude de
valores em pesquisas futuras, ou utilizar procedimentos de pesquisa qualitativa.

REFERÊNCIAS
BANDURA, A. Social foundations of thought and action: a social cognitive theory.
Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1986.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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(Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 2007.

IAOCHITE, R. T.; AZZI, R. G.; POLYDORO, S. A. J.; WINTERSTEIN, P. J. Autoeficácia


docente, satisfação e disposição para continuar na docência por professores de educação
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IAOCHITE, R. T.; AZZI, R. G. Escala de fontes de autoeficácia docente: Estudo exploratório


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MINATTO, G.; SILVA, S. G. da; FARES, D.; SANTOS, S. G. dos. População e


amostra/sujeitos da pesquisa. In: SANTOS. S. G. dos (Org.), Métodos e técnicas de
pesquisa quantitativa aplicada à Educação Física. Florianópolis: Tribo da Ilha, 2011,
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POLYDORO, S. A.; WINSTERSTEIN, P. J.; AZZI, R. G.; DO CARMO, A. P.; VENDITTI JR,
R. Escala de auto-eficácia do professor de Educação Física. In: MACHADO, C.; ALMEIDA,
L. S.; GONÇALVES, M.; RAMALHO (orgs). Avaliação Psicológica: formas e contextos.
Braga: Psiquilíbrios edições. 2004. p. 330-337.

RAMOS, V.; SOUZA, J. R. de; BRASIL, V. Z.; BARROS, T. E. da S. de.; NASCIMENTO, J.


V. do. As crenças sobre o ensino dos esportes na formação inicial em Educação Física.
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SILVA, A. J. da. Crenças de auto-eficácia de futuros professores de educação física. 2005.


54 p. Monografia (TCC) - Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 2005.

SILVA, A. J. da; IAOCHITE, R. T.; AZZI, R. G. Crenças de autoeficácia de licenciandos em


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THOMAS, J. R.; NELSON, J. K. Research methods in physical activity. 2ª ed.


Champaign: Human Kinetics, 1990.

VENDITTI JR., R. Análise da auto-eficácia docente de professores de educação física.


2005.167 p. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
691

AS FONTES DE CONHECIMENTO DOS TREINADORES DE BASQUETEBOL DE


JOVENS ATLETAS

Eugênio Lopes Dos Santos Junior / FEFD – UFG

Heitor de Andrade Rodrigues / FEFD – UFG

eeugeniolsj@gmail.com

RESUMO: O objetivo geral da pesquisa foi investigar a formação profissional dos


treinadores esportivos, por sua vez, o objetivo específico foi investigar as fontes de
conhecimento que sustentam o processo de formação e o desenvolvimento profissional de
treinadores de basquetebol de jovens atletas. A metodologia utilizada foi de natureza
qualitativa, sustentada pelos pressupostos da pesquisa exploratória. A técnica de coleta de
dados foi a entrevista semiestruturada e a técnica de análise foi a análise de conteúdo. Os
sujeitos participantes foram seis treinadores de basquetebol do estado de Goiás. Os
resultados revelaram que a formação e o desenvolvimento profissional dos treinadores
ocorreram por meio de fontes diversificadas de conhecimento, com destaque para a
internet, o diálogo com treinadores experientes, o curso de Educação Física, as
experiências como atleta, as experiências do cotidiano de trabalho e os cursos de curta
duração. Conclui-se que a formação dos treinadores pesquisados ocorreu,
predominantemente, por meio de fontes informais de conhecimento, fora do contexto
educacional institucionalizado.

PALAVRAS-CHAVE: Formação; Fontes de conhecimento; Treinadores.

INTRODUÇÃO: O reconhecimento da relevância do treinador de basquetebol no contexto


da formação de jovens esportistas encontra-se, no Brasil, permeado por elementos
paradoxais. Por um lado, identificamos ações que fortalecem a importância da figura do

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treinador na emergência de cursos de formação. No caso do basquetebol, o exemplo mais


recente foi a criação da Escola Nacional de Treinadores de Basquetebol (ENTB), em 2009.
Por outro lado, apesar de haver propostas pioneiras de formação, no âmbito da pesquisa
científica há pouca investigação e conhecimento disponível sobre a formação e o processo
de desenvolvimento profissional do treinador (ROSADO e MESQUITA, 2011). O número
reduzido de pesquisas nacionais e, consequentemente, a pouco disponibilidade de
conhecimentos sobre os treinadores limita a elaboração de propostas consistentes de
formação desse grupo de trabalhadores. Nesse sentido, há uma necessidade premente de
que as propostas de formação de treinadores sejam acompanhadas pelo crescimento das
investigações sobre a pessoa do treinador, sua formação e seu trabalho. No contexto
internacional, em especial no Reino Unido, Austrália, Canadá e Estados Unidos, a
discussão sobre a formação do treinador (coach education) e seu processo de
desenvolvimento profissional (coaching development) é bastante fértil (TRUDEL, GILBERT
e WERTHNER, 2010). Dentre os diversos assuntos pesquisados destacam-se as
investigações que buscam identificar os contextos de aprendizagem da profissão e as
fontes de conhecimento dos treinadores, com vistas à qualificação do processo de
formação. Trudel e Gilbert (2006) apontam que a aprendizagem profissional de treinadores
pode ocorrer em contextos variados, nomeadamente em cursos de formação (metáfora da
aquisição). Nessa perspectiva, a aprendizagem ocorre pela transmissão formal de
conhecimentos sobre o treinamento. Outra possibilidade é a aprendizagem experiencial
(metáfora da participação), na qual o treinador aprende pela reflexão de sua própria prática
e pela observação dos contextos de treino ao longo de sua vida, seja como ex-jogador,
assistente técnico, entre outras formas de engajamento voluntário no esporte. Diante
desses elementos, o objetivo da pesquisa foi investigar as fontes de conhecimento que
sustentam o processo de formação e o desenvolvimento profissional de treinadores de
basquetebol de jovens atletas.

MÉTODOS: A metodologia utilizada é de natureza qualitativa, sustentada pelos


pressupostos da pesquisa do tipo exploratória. As pesquisas exploratórias possuem um
planejamento mais flexível durante sua operação necessitando de levantamento
bibliográfico e, principalmente, estudos de caso. Além destas características as pesquisas
de caráter exploratório tendem a utilizar amostragem de dados qualitativos de investigação

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
693

(GIL, 2008). Em relação aos procedimentos de coleta de dados optou-se pela entrevista
semiestruturada. A entrevista semiestruturada é um tipo de entrevista que apresenta um
nível de estruturação por meio de temas ou perguntas chaves, em que o entrevistado terá
a oportunidade de transcorrer sobre um determinado assunto livremente, além de permitir
ao pesquisador formular questões não previstas no roteiro inicial, no intuito de aprofundar
as temáticas de interesse da pesquisa (GIL, 2008). Para a análise dos dados recolhidos
utilizou-se a técnica de análise de conteúdo. Grosso modo, Lüdke e André (1986)
denominam a análise de conteúdo como uma etapa imprescindível da pesquisa, em que o
pesquisador deverá se dedicar a construção de um conjunto de categorias descritivas e
interpretativas em estreita relação com o referencial teórico. Os sujeitos participantes foram
seis treinadores de basquetebol, atuantes na formação de jovens atletas, no estado de
Goiás. A média de idade entre os treinadores é de 42 anos, sendo que o treinador mais
jovem tinha 25 anos e o mais experiente 67 anos. Os treinadores têm em média 17 anos
de experiência profissional como treinador, sendo que o menos experiente atuava há dois
anos e o mais experiente há 45 anos. Dos seis treinadores entrevistados cinco concluíram
o curso de Educação Física e um deles ainda estava cursando. A presente pesquisa é parte
integrante de um projeto mais amplo sobre a formação de treinadores aprovado junto ao
Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE – nº 11226312.0.0000.5404) e, posteriormente,
desenvolvida com o consentimento dos treinadores.

RESULTADOS: Diante das análises realizadas foi possível identificar pelo menos sete
fontes distintas de conhecimento que sustentam a formação e o desenvolvimento
profissional dos treinadores pesquisados, quais sejam: a internet, sendo pontuada por cinco
treinadores (T1, T2, T3, T5 e T6), o diálogo com outros treinadores, revelado por quatro
treinadores (T1, T4, T5 e T6), a formação universitária, citada por três treinadores (T3, T4
e T6), a experiência prática do dia-a-dia como treinador, citada por três treinadores (T3, T4
e T5), a experiência como atleta revelada por três treinadores (T1, T5 e T6), cursos
específicos da modalidade ressaltada por dois treinadores (T2 e T4) e, por fim, a atuação
como professor de Educação Física citada por um treinador (T1). Cada uma das fontes
reveladas exerceu um papel específico na formação profissional dos treinadores, o que
pode ser identificado, sobretudo, pelos saberes apropriados a partir de cada fonte. A
internet, uma das fontes de maior frequência na pesquisa, é apontada como uma fonte

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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responsável por oferecer informações práticas e objetivas sobre assuntos do universo da


modalidade, por meio dela os sujeitos relataram ter acesso a sites, programas de
treinamento, vídeos e artigos relacionados a modalidade. De acordo com Werthner e Trudel
(2006) este tipo de aprendizagem se caracteriza como um tipo de aprendizagem não
mediada, aquela em que o sujeito seleciona os seus próprios meios de obtenção de
saberes. O diálogo com outros treinadores é uma fonte recorrente apresentada pelos
entrevistados, os sujeitos destacam que o contato com outros treinadores é uma fonte
privilegiada capaz de oferecer ideias, reflexões sobre a própria prática e a prática dos
colegas, bem como o compartilhamento de materiais didáticos. Nelson, Cushion e Potrac
(2006) classificam esta fonte como uma fonte informal de obtenção de conhecimento. Esta
fonte tem a característica de oferecer conhecimento ao sujeito através da interação com
suas vivências e relacionamentos estabelecidos na carreira. A experiência como atleta é
tida por alguns treinadores como fonte principal na constituição de saberes, esta fonte é
considerada responsável por apresentar aos sujeitos o universo da modalidade,
demostrando os significados e tradições da prática. A experiência como atleta também é
responsável por oferecer uma compreensão preliminar sobre o perfil profissional de um
treinador, o que contribui para apropriação de um conjunto de crenças, valores e
comportamentos. Trudel e Gilbert (2006) classificam as experiências como atleta no âmbito
do que denominam como a metáfora de participação, o que remete a aprendizagem por
meio de experiências participativas e observáveis ao longo da vida. Outra fonte relatada é
a experiência prática do dia-a-dia como treinador, os sujeitos revelaram que esta fonte é
utilizada como base de reflexão para a melhoria de seu desempenho e autoavaliação como
treinador. Werthner e Trudel (2006) classificam esta fonte como aprendizagem interna, cuja
característica é produzir aprendizagens a partir de suas próprias conclusões e reflexões
acerca das ações que estão sendo realizadas durante o trabalho. Ainda no âmbito das
fontes de conhecimento, os cursos específicos da modalidade também obtiveram
frequência nos resultados, estes cursos na maioria dos casos são ofertados por federações,
instituições ou até mesmo grupo de treinadores, em curto espaço de tempo (dias ou
semanas). Esse tipo de fonte contribui para a aquisição de conhecimentos pontuais da
modalidade, como programas de ações táticas ofensivas e defensivas, programas
nutricionais e montagem de treinos de acordo com a faixa etária dos atletas. Na mesma
perspectiva dos cursos específicos da modalidade, a formação universitária é apontada

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695

pelos treinadores como uma fonte responsável por transmitir conhecimentos vinculados às
Ciências do Esporte. Nelson, Cushion e Potrac (2006) destacam estas fontes como formais,
uma vez que são oferecidas por instituições educacionais e esportivas, resultando na
certificação dos concluintes. A última fonte constatada na pesquisa foi a experiência como
professor de Educação Física na Educação Básica, de acordo com o treinador este tipo de
experiência é capaz de oferecer noções sobre como estruturar uma aula e uma sequência
didática, além de contribui para a solução das adversidades cotidianas. Esta fonte pode ser
classificada como fonte informal de acordo com Nelson, Cushion e Potrac (2006) por ser
resultado da interação do sujeito com suas vivências cotidianas.

CONCLUSÃO: A formação do treinador esportivo é um tema emergente no campo da


Educação Física e Ciências do Esporte, uma vez que esse profissional é fundamental na
formação de jovens atletas e no sucesso de equipes adultas. Ao analisarmos as fontes de
conhecimento concluímos que a formação dos treinadores pesquisados é resultado da
interação entre diversas fontes e que este processo é contínuo durante a carreira,
entretanto observa-se a predominância de fontes informais de conhecimento (metáfora da
participação), fora do contexto educacional institucionalizado.

REFERÊNCIAS

GIL, A, C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo. Atlas, 2008.


LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. E.P.U. São
Paulo, 1986.
NELSON, L.; CUSHION, C. J.; POTRAC, P. Formal, nonformal and informal coach learning:
a holistic conceptualization. International Journal of Sports Science and Coaching,
Reino Unido, v. 1, n. 3, p. 247-259, 2006.
ROSADO, A.; MESQUITA, I. Modelos, concepções e estratégias de formação de
treinadores. In: ______. (Orgs.). Pedagogia do desporto. Porto: FMH Edições, Cap. 8, p.
207-219, 2011.
TRUDEL, P.; GILBERT, W. Coaching and coach education. In: KIRK, D.; MACDONALD,
D.; O’SULLIVAN, M. Handbook of Physical Education. London: Sege, p. 516-539, 2006.

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TRUDEL, P.; GILBERT, W.; WERTHNER, P. Coach education effectiveness. In: LYLE, J.;
CUSHION, C. (Orgs.). Sports coaching: professionalisation and practice. London:
Elsevier, Cap. 9, p. 135-152, 2010.
WERTHNER, P.; TRUDEL, P. A new theoretical perspective for understanding how coaches
learn to coach. The Sport Psychologist, Champaign, Illinois, v. 20, p. 198-212, 2006.

CAPÍTULO 5: RESUMOS NA ÁREA DE ANÁLISE DA


PERFORMANCE

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
697

ANÁLISE DA MOTIVAÇÃO DE ATLETAS DA LIGA AMADORA DE VOLEIBOL


FEMININO DO MUNICÍPIO DE MARINGÁ-PR

Francielli Ferreira da Rocha (UEM)


Pâmela Norraila da Silva (UEM), Andressa Ribeiro Contreira (UEM), Aryelle Malheiros
Caruzzo (UEM), Lenamar Fiorese Vieira (UEM)
Maringá, Paraná, Brasil
franciellirocha13@gmail.com

RESUMO: A motivação é considerada um processo ativo, intencional e dirigido à uma meta,


resultante de fatores internos (pessoais) e externos (ambientais). O objetivo do estudo foi
analisar o nível de motivação de atletas da liga amadora de voleibol feminino da cidade de
Maringá-PR em função da faixa etária. Fizeram parte da pesquisa 80 atletas do sexo
feminino, com idades entre 16 e 57 anos, participantes da liga amadora de voleibol feminino
de Maringá no ano de 2015. O instrumento foi a Escala de Motivação para o Esporte II
(SMS II). Para análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva (mediana e intervalo
interquartílico) e o teste U de Mann Whitney, adotando-se p<0,05. Os resultados apontaram
diferenças significativas nas dimensões Regulação Integrada (p=0,03), Regulação
Introjetada (p=0,01) e Regulação Externa (p=0,02) com valores superiores nas medianas
sendo apresentados pelas atletas de faixa etária superior (acima de 33 anos). Conclui-se
que no contexto do voleibol feminino amador, a influência dos fatores externos para a
prática esportiva é mais evidente nas atletas mais experientes, as quais também identificam
que tal prática pode trazer benefícios que estejam em consonância com os valores
pessoais.

Palavras-chave: Motivação; Atletas; Voleibol amador.

INTRODUÇÃO: Pesquisas apontam que a motivação é um fator chave para a inserção,


permanência ou desistência em atividades esportivas, refletindo também sobre o

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
698

desempenho dos atletas (DECI; RYAN, 1985). Essas evidências têm sido verificadas
principalmente no esporte de alto rendimento, uma vez que é caracterizado pela excessiva
cobrança dos técnicos e dirigentes, bem como dos demais fatores externos
(patrocinadores, mídia, torcida, familiares e dependência econômica) (SONOO; HOSHINO;
VIEIRA, 2008; ROCHA; MARTINS, 2015).
Em se tratando do esporte amador, os estudos realizados podem apresentar
resultados distintos, ao considerar que os atletas não possuem qualquer tipo de
recompensa externa e a sua participação em treinamentos esportivos pode decorrer de
aspectos relacionados à maior satisfação e prazer (LAURENTINO; KREBS; BARROSO,
2009; CASSETTARI; GRAÇA, 2014). Ao consultar a literatura nacional, foram observadas
diversas investigações voltadas à análise da motivação de atletas amadores,
principalmente na modalidade futebol (PAIM, 2001, HIROTA; SCHINDLER; VILLAR, 2006,
ROCHA; MARTINS, 2015), por ser esta modalidade considerada uma das mais populares
no Brasil e no mundo (PAIM, 2001). Contudo, no contexto do voleibol observa-se uma
escassez de estudos que contemplem a temática motivação, sendo esta a lacuna do
presente estudo.
Vale destacar que atualmente o voleibol vem sendo o segundo esporte mais
praticado no Brasil, tanto de forma recreativa quanto profissional, sendo que a forma
recreativa envolve todos os grupos etários (BORGES; LOPES; BENEDETTI, 2014). Diante
de tais considerações, este estudo teve como objetivo analisar o nível de motivação de
atletas da liga amadora de voleibol feminino da cidade de Maringá-PR em função da faixa
etária.

MÉTODO: Fizeram parte do estudo 80 atletas do sexo feminino, com idades entre 16 e 57
anos, participantes da liga amadora de voleibol de Maringá - PR no ano de 2015. Como
instrumento foi utilizada a Escala de Motivação para o Esporte II (SMS II) proposta por
Pelletier et al. (2013) e validada para a população brasileira por Nascimento Junior et al.
(2014). A escala é constituída por 18 questões subdividas em seis subescalas: regulação
intrínseca, regulação integrada, regulação identificada, regulação introjetada, regulação
externa e desmotivação. As respostas estão dispostas em uma escala do tipo Likertde 7
pontos, variando de 1 (não corresponde totalmente) a 7 (corresponde completamente).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
699

O estudo foi aprovado pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa (COPEP) da


Universidade Estadual de Maringá sob processo nº 339/2011. Foi solicitada às comissões
técnicas das equipes autorização para realização da pesquisa e aplicação dos
questionários com as atletas participantes. As coletas foram realizadas nas dependências
dos ginásios, sendo os questionários aplicados por acadêmicos do curso de Educação
Física, de forma coletiva e com preenchimento individual. Todas as atletas participantes do
estudo leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
A análise estatística foi realizada no pacote estatístico SPSS versão 20.0. A
distribuição dos dados foi realizada por meio do teste Kolmogorov-Smirnov, obtendo-se
distribuição não normal. Assim, para apresentação dos resultados foram utilizados a
Mediana (Md) e Intervalo Interquartílico (Q1; Q3). Para a comparação dos estilos
regulatórios da motivação em função da faixa etária foi utilizado o teste “U” de Mann-
Whitney. Para tal comparação, a variável idade foi categorizada em duas categorias a partir
da mediana: “Até 33 anos” (16 a 33 anos) e “Acima de 33 anos” (34 a 57 anos). O nível de
significância adotado foi de p<0,05.

RESULTADOS: A Tabela 1 apresenta a comparação dos estilos regulatórios da motivação


em função da faixa etária das atletas da liga amadora de voleibol. Os resultados apontaram
diferenças significativas nas dimensões Regulação Integrada (p=0,03), Regulação
Introjetada (p=0,02) e Regulação Externa (p=0,01), sendo que o grupo de atletas com faixa
etária acima dos 33 anos apresentou valores superiores nas três dimensões mencionadas
(Md=5,6; Md=5,6; Md=2,8), respectivamente.

Estilos Regulatórios Até 33 anos Acima 33 anos


Md (Q1; Q3) Md (Q1; Q3) p
(n=40) (n=40)

Regulação Intrínseca 5,6 (4,4; 6,3) 5,6 (4,7; 6,9) 0,43

Regulação Integrada 4,8 (4,3; 6,0) 5,6 (4,6; 6,5) 0,03*

Regulação Identificada 5,1 (4,3; 6,0) 5,6 (3,7; 6,6) 0,27

Regulação Introjetada 4,8 (3,4; 5,5) 5,6 (4,6; 6,6) 0,02*

Regulação Externa 1,3 (1,0; 2,9) 2,8 (1,0; 4,3) 0,01*

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
700

Desmotivação 1,0 (1,0; 1,0) 1,0 (1,0; 1,9) 0,55


Tabela 1 - Comparação dos estilos regulatórios da motivação das atletas paranaenses de
voleibol amador em função da faixa etária. *p<0,05.

Os dados indicam maior predominância de regulações externas (motivos


relacionados às recompensas externas, aprovação social ou envolvimento para o ego) para
as atletas com idades acima de 33 anos, mas também apontaram que estas se encontram
num processo de maior conscientização sobre o valor pessoal que esta atividade
proporciona (Regulação Integrada), ao serem encontradas medianas superiores também
nessa dimensão quando comparadas às atletas mais jovens (Md=5,6; Md=4,8),
respectivamente. Estes achados estão em conformidade com o estudo de Hernandez et
al., (2004), o qual identificou que atletas mais velhos da elite do futebol e
futsal apresentaram expectativas voltadas ao maior reconhecimento entre os pares e
aceitação social. Nesse sentido, é possível perceber que mesmo que as atletas não
recebam recompensas financeiras para a prática do esporte, o valor social se torna mais
significativo para a continuidade na atividade.
Com relação aos valores superiores na Regulação Integrada para as atletas de idade
mais avançada, estes podem ser decorrentes do processo de conscientização ao longo do
tempo sobre o valor que a prática da modalidade imprime em sua satisfação pessoal. Tais
suposições estão de acordo com as proposições da Teoria da Autodeterminação (DECI;
RYAN, 1985), a qual postula que a motivação do ser humano é dinâmica e se desenvolve
a partir de continuum que vai desde a total ausência de motivação para determinadas
atividades, passando por estilos de regulação externa (recompensas externas) até atingir
a conscientização e, finalmente, a motivação autodeterminada, que explica a realização de
atividades não mais por influências externas ao indivíduo, mas por fatores intrínsecos como
prazer e satisfação.

CONCLUSÃO: Por meio dos resultados obtidos pode-se concluir que no contexto do
voleibol feminino amador, a influência dos fatores externos para a prática esportiva é mais
evidente nas atletas mais experientes. Ressalta-se que apesar de a prática do voleibol não
gerar satisfação pessoal e prazer para as atletas mais experientes, por terem apresentado
resultados superiores na Regulação Integrada em comparação às atletas mais jovens, tal

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
701

prática pode trazer mais benefícios que estejam em consonância com os valores pessoais
das atletas acima de 33 anos.

REFERÊNCIAS

BORGES, L.J.; LOPES, M.A.; BENEDETTI, T.R.B. Significado da prática esportiva do


voleibol: estudo de caso com idosos. Pensar a Prática, v.17, n.4, 2014

CRUZ, J.F.; DIAS, C.; GOMES, R.; ALVES, A.; SÁ, S.; VIVEIROS, I.; ALMEIDA, S.; PINTO,
S. Um programa de formação para a eficácia dos treinadores da iniciação e formação
desportiva. Análise Psicológica, v. 1, n. XIX, p, 171- 182, 2001.

CASSETTARI, R.M.; GRAÇA, R.L. Fatores motivacionais do atletas amadores de jiu-jitsu


brasileiro na cidade de Criciúma. Revista Digital EFDeportes.com, v.19, 2014.

HIROTA, V. B; SCHINDLER, P.; VILLAR, V. Motivação em atletas universitárias do o sexo


feminino praticantes do futebol de campo: um estudo piloto. Revista Mackenzie de
Educação Física e Esporte, p.135-142, 2006.

LAURENTINO, G.S. KREBS, R.J. BARROSO, M.L.C. Motivos para a prática do futebol
amador nas ligas da grande Florianópolis, Trabalho de conclusão de curso, 2009. Acesso
em junho de 2015. Díponívelem <http://www.pergamum.udesc.br/dados-
bu/000000/000000000017/00001707.pdf>
NASCIMENTO JUNIOR, J.R.A., VISSOCI, J.R.N., BALBIM, G.M., MOREIRA, C.R.,
PELLETIER, L., VIEIRA, L.F. Adaptação transcultural e análise das propriedades
psicométricas da Sport MotivationScale-II no context brasileiro. Revista da Educação
física/UEM, v.25, p.441, 2014.
PAIM, M. C. C. Fatores motivacionais e desempenho no futebol. Revista da Educação
Física/UEM, Maringá, v. 12, n. 2, p. 73-79, 2001.

PELLETIER, L.G., ROCCHI, M. A., VALLERAND, R. J., DECI, E. L., & RYAN, R.
M. ValidationoftheRevised Sport MotivationScale (SMS-II). Psychologyof Sport
andExercise, 14, p. 329-341, 2013.
DECI, E. L.; RYAN, R. M. Intrinsicmotivationand self-determination in humanbehavior.
New York: Plenum, 1985.

ROCHA, J.; MARTINS, J. A influência do estilo de liderança do treinador no rendimento


individual e coletivo. Revista de Cienciasdel Deporte, p.219-220, 2015.

SONOO, C.N.; HOSHINO, E.F.; VIEIRA, L.F. Liderança esportiva: estudo da percepção de
atletas e técnicos no contexto esportivo. Psicologia: Teoria e Prática, v.10, n. 2, p. 68-82,
2008.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
702

ESTADOS DE HUMOR E MARCADORES DE LESÃO: UM ESTUDO LONGITUDINAL


COM ATLETAS DE VÔLEI DE PRAIA
Nayara Malheiros Caruzzo – UNINGÁ
Monique Cristine de Oliveira – UNINGÁ
João Ricardo Nickenig Vissoci – UNINGÁ
nayaramalheiros@gmail.com

RESUMO: Este estudo objetivou analisar o estado de humor e os marcadores de lesões


esportivas em atletas brasileiros de vôlei de praia. Foram sujeitos do estudo 16 atletas de
vôlei de praia, representantes do Paraná em competições nacionais. Utilizou-se a Escala
de Humor de Brunel (BRUMS) para a identificação do humor, validado por Rohlfs, et al.
(2008). Para avaliação dos marcadores de lesões esportivas foram realizadas coletas
periódicas de sangue nos períodos preparatório, pré-competitivo e regenerativo. Utilizou-
se a análise em rede para representar correlações parciais entre as medidas de humor e
os biomarcadores por meio do programa Linguagem R. Resultados: No período
preparatório houve predominância do biomarcador CK, com maior prevalência de Raiva e
Vigor. No período pré-competitivo, o Vigor se manteve alto, com elevação da Tensão,
porém com diminuição desta última no período regenerativo. Na fase pré-competitiva, os
radicais livres e o antioxidante TIOS apresentaram maiores valores, se mantendo altos no
período regenerativo, com aumento de CAT. Conclui-se que na fase pré-competitiva o
aumento da Tensão se correlaciona positivamente com a produção de radicais livres, de
modo que no período regenerativo os antioxidantes TBARS e CAT aumentam para
neutralizar os efeitos dos radicais livres aumentados na fase de competição.
Palavras-chave: Estado de Humor, Marcadores de Lesão, Atletas.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
703

INTRODUÇÃO: Estima-se que 7 a 20% dos atletas envolvidos em um programa intensivo


de treinamento em uma temporada, sofram da síndrome do excesso de treinamento,
resultado de um desequilíbrio entre a demanda do exercício e a possibilidade de
assimilação do treinamento (ROHLFS, et al. 2008). Essa síndrome vem a acarretar
alterações metabólicas com consequências não apenas para o desempenho, mas para os
aspectos fisiológicos e emocionais (ROHLFS, et al. 2004).
Quando em estado deprimido, o atleta diante de situações desfavoráveis pode
apresentar comportamentos de desistência ou fuga; entretanto quando experimenta
estamos emocionais como vigor, animação e alegria, pode apresentar comportamentos de
enfrentamento de situações, sentindo-se encorajado (VIEIRA, et al. 2008). Dessa forma, os
estados de humor são indicadores que auxiliam o rendimento e a prevenção da saúde do
atleta (ROTTA, et al. 2014).
Não se julga ser saudável ao atleta alterações na homeostase corporal causadas
pela alta intensidade do exercício, pois pode levar a lesões teciduais. Essas lesões, muitas
vezes, não são visualizadas em exame físico ou, somente, são percebidas pelo atleta
durante sua prática desportiva, tanto em queixas quanto em diminuição do seu
desempenho. (MANNRICH, 2007). Verifica-se que a lesão muscular é decorrente de uma
disfunção na membrana com consequente migração do conteúdo intracelular para o meio
extracelular e da circulação sistêmica, podendo ser identificada a partir de alterações
histológicas evidentes e da quantificação sérica de enzimas musculares específicas, as
quais servem como indicadores do aumento da permeabilidade de células musculares
(SMITH, 1991; CORDOVA, NAVAS, 2000).
Diante do exposto, esse estudo busca responder a questão problema: Existe relação
entre o estado de humor e o os marcadores de lesões esportivas em atletas brasileiros de
vôlei de praia? Objetivando dessa forma, analisar o estado de humor e os marcadores de
lesões esportivas em atletas brasileiros de vôlei de praia, especificamente correlacionar o
estado de humor e os marcadores de lesões esportivas nos diferentes períodos de
treinamento.

MÉTODOS: Foram sujeitos do estudo 16 atletas de vôlei de praia, representantes do estado


do Paraná em competições nacionais, em que destes, seis meninas, com média de idade
de 17 anos e 11 meninos, com média de idade de 17,5 anos.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
704

Como instrumento, utilizou-se a Escala de Humor de Brunel (BRUMS) para a


identificação do humor, validado por Rohlfs, et al. (2008). As questões simulam situações
que são avaliadas em uma escala Likert variando de 0 a 4 (0 = nada e 4 = extremamente).
Os 24 itens da escala compõem as seis subescalas: raiva, confusão, depressão, fadiga,
tensão e vigor. Cada subescala contém quatro itens e com a soma das respostas de cada
subescala, obtém-se um escore que pode variar de 0 a 16.
Para avaliação dos marcadores de lesões esportivas utilizou-se coleta periódica de
sangue no laboratório de Análises Clínicas da Faculdade Ingá, sob a responsabilidade de
biomédica credenciada, seguindo todos os cuidados de higiene e assepsia. Foram
coletados cinco ml de sangue em jejum após 48h de repouso da sessão de treinamento
durante os períodos preparatório geral, pré-competitivo e regenerativo. O sangue foi
coletado diretamente em tubo heparinizado e em seguida, centrifugado por 15 minutos, a
3000 x g para separação do soro e hemácias. O soro foi utilizado para análise das
concentrações de creatina quinase (CK), aspartato aminotransferase (AST), grupamentos
sulfidrila totais (TIÓIS) e substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS). As hemácias
foram lavadas e hemolisadas para análise das atividades das enzimas catalase (CAT) e
superóxido dismutase (SOD).
Utilizou-se a análise em rede para representar correlações parciais entre as medidas
de humor e os biomarcadores. Utilizou-se uma rede bipartite, ponderada e não-direcionada.
As análises foram conduzidas através do programa Linguagem R.

RESULTADOS:

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Figura 1 – Correlação do estado de humor com os biomarcadores de lesões esportivas de


atletas de vôlei de praia no período de preparação.

Os atletas de vôlei de praia apresentaram valores elevados de Vigor nos três


períodos competitivos. Na fase de preparação destacaram-se a Raiva e Confusão (Figura
1). No período pré-competitivo, a Tensão também se manteve elevada, porém com
diminuição da Confusão em relação à fase anterior (Figura 2). Durante a regeneração, a
Tensão também foi elevada, mas com valores menores que nas demais fases (Figura 3).
Em relação aos Biomarcadores, na preparação a CK teve os valores mais elevados
enquanto SOD foi o mais baixo (Figura 1). Na fase pré-competitiva, todos os marcadores
foram mais baixos com maior ênfase para TBARS e TIOIS (Figura 2). Na fase regenerativa,
TIOIS e TBARS mantiveram-se altos com aumento de CAT (Figura 3).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
706

Figura 2 – Correlação do estado de humor com os biomarcadores de lesões esportivas de


atletas de vôlei de praia no período pré-competitivo.

Analisando as redes de associação, pode-se observar que na fase de preparação,


Vigor esteve associado positivamente com AST e negativamente com o antioxidante TIOIS
(Figura 1). Por outro lado, Confusão associou-se negativamente com o biomarcador de
lesão AST. Valores elevados de Tensão ocorreram com valores elevados de TIOIS e os
radicais livres TBARS, mas também com valores mais baixos do antioxidante SOD. Fadiga
também se correlacionou negativamente com o biomarcador de lesão CK. Raiva e
Depressão associaram-se negativa e positivamente respectivamente, com o antioxidante
CAT. Porém Raiva associou-se positivamente com SOD e Depressão com AST.
Na fase pre-competitiva, Riva e Depressão não apresentaram associação direta com
os marcadores biológicos. Vigor associou-se positivamente com CAT, enquanto que
Tensão correlacionou-se positivamente com TBARS e CAT, e negativamente com TIOIS e
CK. Fadiga, por sua vez, relacionou-se negativamente com AST e positivamente com CK
e CAT.
Na fase regenerativa (Figura 3), Vigor apresenta menor importância nas
configurações das redes como nas fases anteriores. Fadiga apresentou associação direta
com os radicais livres TBARS (positiva) e CAT antioxidante (negativa). Depressão
associou-se positivamente com TIOIS e negativamente com TBARS. Tensão, contudo, foi

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
707

a que apresentou mais frequência de conexões com marcadores biológicos relacionando-


se negativamente com CK e SOD, e
positivamente com CAT.

Figura 3 – Correlação do estado de humor com os biomarcadores de lesões esportivas de


atletas de vôlei de praia no período pré-competitivo.

CONCLUSÃO: Conclui-se que na fase preparatória, os biomarcadores de lesão esportiva


CK e AST apresentam-se com altos valores e correlação negativa com a produção do
antioxidante SOD. Na fase pré-competitiva a Tensão está relacionada com a produção de
radicais livres, e com prejuízo para a produção do antioxidante TIOS. Assim, observa-se
que no período regenerativo os antioxidantes TBARS e CAT aumentam na tentativa de
neutralizar os efeitos dos radicais livres aumentados na fase de competição.

REFERÊNCIAS:
MANNRICH, G. Perfil dos marcadores bioquímicos de lesões músculo esquelética, ,
relacionado ao estado psicológico, em atletas profissionais de futebol. 2007. 122f.
Dissertação – Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Florianópolis, 2007.
ROLHFS, I. C. P. M; et al. Aplicação de instrumentos de avaliação de estados de humor na
detecção da síndrome do excesso de treinamento. Rev Bras Med Esporte. v. 10, n. 2,
mar/abr, p. 111-116, 2004.

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708

ROLHFS, I. C. P. M; et al. A escala de humor de Brunel (Brums): instrumetno para detecção


precoce da síndrome do excesso de treinamento. Rev Bras Med Esporte. v. 14, n. 3,
mar/jun, p. 176-181, 2008.
ROTTA, T. M.; ROHLFS, I. C. P. M.; OLIVEIRA, W. F. Aplicabilidade do Brums: estados de
humor em atletas de voleibol e tênis no alto rendimento. Rev Bras Med Esporte. v. 20, n.
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VIEIRA, L. F.; et al. Estado de humor e desempenho motor: um estudo com atletas de
voleibol de alto rendimento. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. v. 10, n. 1, p.
62-68, 2008.

COMPARAÇÃO DA CIRCULAÇÃO DE BOLA ENTRE EQUIPES BRASILEIRAS EM


UMA COMPETIÇÃO REGIONAL
Henrique Américo / NUPEF - UFV
Emerson Moraes / NUPEF - UFV
Rodrigo Santos / NUPEF - UFV
Israel Teoldo / NUPEF - UFV
henriquebamerico@hotmail.com
RESUMO

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
709

A circulação de bola das equipes vem sendo apontada como essencial para o
sucesso no futebol. O objetivo do estudo foi comparar a circulação de bola entre as três
melhores equipes de um campeonato regional de futebol do Brasil. A amostra do estudo foi
composta por 1131 sequências ofensivas realizadas nos sete jogos disputados entre as
três melhores equipes do referido torneio. Para análise da circulação da bola, utilizou-se o
índice de Velocidade de Transmissão da Bola (VTB). O índice da VTB é obtido através do
quociente entre o número de bolas recebidas (NR) e o número de contatos com a bola (Nct)
durante a ação ofensiva (VTB=NR/Nct). Utilizou-se análise descritiva e o teste de
Kolmogorov-Smirnov para verificar a distribuição dos dados. O teste Mann-Whitney foi
utilizado para comparar a VTB entre as equipes (p<0,005). Os resultados demonstraram
que a equipe campeã do torneio obteve VTB significativamente maior do que as demais
(p=0,008 e p<0,001, respectivamente). Conclui-se que a equipe que obteve o melhor
resultado no campeonato apresentou uma circulação de bola mais rápida. Tal fato aumenta
a imprevisibilidade da equipe, o que dificulta a organização do bloco defensivo da equipe
adversária, aumentando assim, a possibilidade de sucesso.

Palavras-Chave: Futebol, análise de jogo, circulação da bola.


INTRODUÇÃO

A análise de jogo no futebol vem sendo utilizada para compreender os padrões de


comportamento das equipes (HUGHES; FRANKS, 2008). Através desses padrões, é
possível identificar os pontos fortes, para que eles sejam ainda mais desenvolvidos, e
também os pontos fracos, objetivando elevá-los ao nível desejado. No que refere à equipe
adversária, a análise notacional é utilizada para obter informações no intuito de explorar
seus pontos fracos e tentar neutralizar e contra-atacar seus pontos fortes (GARGANTA,
2009; LAGO-PEÑAS, 2009).

No entanto, a literatura tem indicado que alguns comportamentos estão diretamente


relacionados a um melhor rendimento dentro do futebol. Entre eles, a qualidade da
circulação da bola das equipes vem sendo apontada como uma variável fundamental para
a obtenção do sucesso na modalidade (LEMOINE; JULLIEN, 2008; LAGO-PEÑAS; LAGO-
BALLESTEROS; REY, 2011). Essa circulação é entendida como sucessões de passe e

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
710

condução de bola, com o objetivo de conservar a posse e progredir em direção à baliza


adversária (GARGANTA, 1997).

A rápida circulação da bola exige uma organização tática e movimentação constante


dos jogadores para obter uma qualidade superior do jogo posicional (LEMOINE; JULLIEN,
2008). Com isso, a equipe pode desestruturar o bloco defensivo adversário e progredir de
forma segura em direção à baliza, exigindo um alto nível atencional da equipe adversária
(LEMOINE; JULLIEN; GENOLINI, 2007).

O Brasil é historicamente reconhecido pela qualidade de seus jogadores e equipes,


estando presentes nos campeonatos mais competitivos do mundo. Nos últimos anos, as
principais equipes do estado de Minas Gerais vêm tendo destaque no Brasil, conquistando
os principais títulos nacionais e internacionais. Dessa forma, torna-se pertinente fazer uma
análise da circulação de bola das melhores equipes do campeonato dessa região.

Sendo assim, o objetivo deste estudo é comparar a Velocidade de Transmissão da


Bola entre as três melhores equipes do Campeonato Mineiro 2012.

MÉTODOS

Amostra

A amostra deste estudo foi composta por 1131 sequências ofensivas realizadas em
7 jogos do Campeonato Mineiro de Futebol de 2012 da categoria Profissional, das equipes
Clube Atlético Mineiro (1º colocado), América Futebol Clube (2º colocado) e Cruzeiro
Esporte Clube (3º colocado). Foram consideradas para análise apenas as partidas em que
estas equipes se enfrentaram durante o torneio.

Procedimento de análise de dados

Para a análise da circulação da bola, foi utilizado o índice da Velocidade de


Transmissão da Bola (VTB). Este índice foi introduzido por Dugrand (1989) com o intuito de
analisar a circulação da bola das equipes durante os jogos. O índice consiste no quociente
entre o Número de Bolas Recebidas (NR) pelo Número de Contatos com a Bola (Nct) por
uma equipe, durante uma sequência ofensiva (VTB = NR/Nct). Seu valor varia entre 0 e 1,
e a transmissão da bola será tanto mais rápida quanto mais próximo de 1 for o seu valor
(GARGANTA, 1997).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
711

Os dados foram analisados através de vídeos dos jogos disputados entre as equipes
estudadas. Os vídeos dos jogos foram convertidos para o formato “.mp4” e analisados
através do software de vídeo LongoMatch®.

Material

A análise dos jogos foi realizada utilizando-se um computador portátil MacBook Pro,
modelo MD102BZ/A.

Análise Estatística

Foram realizadas análises descritivas (média e desvio-padrão) para a variável


“Velocidade de Transmissão da Bola” (VTB). O teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov
foi aplicado para verificar a distribuição dos dados. O teste Mann-Whitney foi utilizado para
verificar diferenças entre as equipes. O nível de significância considerado foi de P<0,05.
Para o tratamento dos dados, foi utilizado o software IBM SPSS (Statistical Package for
Social Sciences) versão 21.0.

RESULTADOS

A tabela 1 apresenta os resultados de média e desvio padrão da Velocidade de


Transmissão da Bola das três melhores equipes do Campeonato Mineiro de 2012.

Tabela 1: Média e Desvio Padrão da Velocidade de Transmissão da Bola.


1º colocado 2º colocado 3º colocado

VTB 0,29 ± 0,14 0,27 ± 0,14 0,26 ± 0,14


VTB: Velocidade de Transmissão da Bola.

A tabela 2 apresenta os resultados referentes à comparação da Velocidade de


Transmissão da Bola entre as três melhores equipes do Campeonato Mineiro de 2012.

Tabela 2: Comparação da Velocidade de Transmissão da Bola.


Confronto Sig (p<0,05)

1º colocado x 2º colocado 0,008*


1º colocado x 3º colocado <0,001*
2º colocado x 3º colocado 0,468
*Diferenças estatisticamente significativas.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
712

Esses resultados demonstram que a equipe campeã do torneio teve uma circulação
de bola significativamente mais rápida do que a equipe vice-campeã (p=0,008) e a terceira
colocada (p<0,001). Percebe-se que não houve diferença significativa na velocidade da
circulação de bola entre vice-campeã e a terceira colocada (p=0,468).

O estudo de Moraes et al. (2014) indicou que a seleção espanhola campeã da Copa
do Mundo FIFA® 2010 teve uma circulação de bola mais rápida nessa competição quando
estavam ganhando as partidas por dois ou mais gols de diferença, comparado a situações
onde a equipe estava perdendo, empatando ou ganhando por apenas um gol. Com isso,
percebe-se uma tendência da equipe que está vencendo a partida transmitir a bola com
uma maior velocidade. A alta velocidade na circulação de bola pode levar a eficácia da
sequência ofensiva, sendo um recurso interessante para desestruturar o bloco defensivo
adversário (DUGRAND, 1989).

Em outro estudo, Acar, et al. (2009) demonstram que sequências ofensivas de curta
duração e com poucos passes têm uma maior velocidade de transmissão da bola. Além
disso, essas sequências resultaram em maior quantidade de gols na Copa do Mundo FIFA ®
2006, o que pode ter levado ao sucesso nas partidas, corroborando com os achados desse
estudo.

De acordo com Santos, et al. (2013), essa circulação de bola em alta velocidade
facilita a ruptura do espaço de jogo efetivo, aumentando as situações de risco próximo ao
gol adversário. Portanto, a circulação de bola mais rápida aumenta a imprevisibilidade da
equipe, o que dificulta a organização do bloco defensivo adversário e aumenta a
possibilidade de sucesso (LEMOINE; JULLIEN, 2008).

CONCLUSÃO

Conclui-se que a equipe que obteve o melhor resultado no Campeonato Mineiro 2012
apresentou uma circulação de bola mais rápida que a equipe vice-campeã e a terceira
colocada. Tal fato torna as ações ofensivas da equipe mais imprevisíveis, o que leva a uma
desorganização do bloco defensivo adversário e aumenta a possibilidade de criar situações
de risco próximo à baliza adversária.

AGRADECIMENTOS

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
713

Este trabalho teve o apoio da SETES-MG através da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte,
da FAPEMIG, da CAPES, do CNPQ, da FUNARBE, da Reitoria, Pró-Reitoria de Pesquisa
e Pós-Graduação e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal
de Viçosa.

REFERÊNCIAS
ACAR, M. F.; YAPICIOGLU, B.; ARIKAN, N.; YALCIN, S.; ATES, N.; ERGUN, M. Analysis
of goals scored in the 2006 World Cup. In: T. Reilly e F. Korkusuz (Ed.). Science and
Football VI: The Proceedings of the Sixth World Congress on Science and Football.
New York: Routdlege, 2009, p.235-242.
DUGRAND, M. Football, de la transparence à la complexité. Paris: Presses
Universitaires de France. 1989. 157 p.
GARGANTA, J. Modelação táctica do jogo de futebol - estudo da organização da fase
ofensiva em equipas de alto rendimento. 1997. 312 p. (PhD Thesis). Faculty of Sports,
University of Porto, Porto, Portugal, 1997. 312 p.
GARGANTA, J. Trends of tactical performance analysis in team sports: bridging the gap
between research, training and competition [Revista Portuguesa de Ciências do
Desporto, v.9, n.1, p.81-89. 2009.
HUGHES, M.; FRANKS, I. M. The Essentials of Performance Analysis: an Introduction.
New York: Routlege. 2008. 312 p.
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indicators between winning and losing teams in the UEFA Champions League [Journal of
Human Kinetics, v.27, p.135-146. 2011.
LEMOINE, A.; JULLIEN, H. Jeu en déviation et configurations du jeu en football [eJRIEPS,
julho 2008, p.5-19. 2008.
LEMOINE, A.; JULLIEN, H.; GENOLINI, C. Origine et déroulement du jeu en déviation en
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MORAES, E. L.; CARDOSO, F.; TEOLDO, I. Análise dos padrões ofensivos da Seleção
Espanhola de Futebol na Copa do Mundo FIFA® 2010 em relação ao “status” da partida
[Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v.28, n.3, p.361-369. 2014.
SANTOS, R. D. M. M.; ANDRADE, M. O. C. D.; TEOLDO, I. Análise da relação entre a
circulação e o tempo de posse de bola da seleção espanhola de futebol na Copa do
Mundo FIFA® 2010. CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 2013.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
714

ANÁLISE DO RELACIONAMENTO TREINADOR-ATLETA E A MOTIVAÇÃO DE


ATLETAS PARANAENSES DE FUTEBOL
Gislaine Contessoto Pizzo
Tatyanne Roiek Lazier-Leão
Patricia Carolina Borsato Passos
José Roberto Andrade do Nascimento Junior
Lenamar Fiorese Vieira

RESUMO: Este estudo teve como objetivo analisar as relações entre a qualidade do
relacionamento treinador-atleta e o nível de motivação de atletas profissionais de futebol.
Participaram do estudo 5 equipes de futebol da região norte e noroeste do estado do

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
715

Paraná, totalizando 141 atletas. Como instrumentos foram utilizados o questionário


Relacionamento Treinador atleta (CART–Q) - versão atleta e a Escala de Motivação para o
Esporte II (SMS-II). Os resultados evidenciaram altos níveis para as dimensões do
relacionamento treinador-atleta para proximidade (6,75) seguido de complementariedade
(6,25) e comprometimento (5,67); quanto à motivação, os maiores valores foram para
regulação intrínseca (6,33) e identificada (6,00); verificou-se correlação significativa entre
“Proximidade” e Regulação Intrínseca (r=0,35**) e Regulação Identificada (r=0,30**), e do
Comprometimento com a “Regulação Intrínseca” (r=0,32**). Concluiu-se que existe relação
entre as regulações de motivação autônoma e a qualidade do relacionamento treinador-
atleta, indicando que quanto maior a motivação autônoma dos atletas, maiores são suas
percepções em relação à proximidade e comprometimento com seus treinadores.

INTRODUÇÃO: Diversas pesquisas têm apontado que o treinador tem um papel


extremamente importante no desenvolvimento de atletas no esporte, além de ressaltar que
a motivação dos atletas pode estar significativamente ligada à seus treinadores (FENTON;
DUDA; QUESTED; BARRETT, 2014; BANACK; SABISTON; BLOOM, 2011). Tais
evidências indicam que a conduta dos treinadores deve atuar como um elemento de apoio,
fornecimento de estrutura e envolvimento, tendo assim um impacto benéfico sobre a
autonomia e competência dos atletas e, consequentemente, na motivação dos indivíduos
(MAGEAU; VALLERAND, 2003).
Neste sentido, a motivação pode estar presente na díade relacionamento treinador-
atleta (RTA), uma vez que essa relação é estabelecida de forma correlata e caracterizada
por uma situação dinâmica, na qual os aspectos cognitivos comportamentais e afetivos de
treinadores e atletas se relacionam de forma interdependente (JOWETT, 2005). E ainda, a
motivação esportiva é compreendida como um processo ativo, intencional e dirigido a uma
meta, a qual depende da interação dos fatores pessoais e ambientais (WEINBERG;
GOULD, 2008).
Com vistas a analisar e compreender as relações entre a motivação e o
relacionamento treinador-atleta no contexto esportivo, o estudo teve como base a Teoria
da Autodeterminação - TAD (DECI; RYAN, 2012). A TAD postula que os seres humanos
são dotados de uma capacidade inata para desenvolver sua autodeterminação por meio do
engajamento em atividades que proporcionem a satisfação de suas necessidades

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
716

psicológicas básicas de competência, autonomia e relacionamento (RYAN; DECI, 2012).


Nessa perspectiva, a participação, o esforço e a persistência de uma pessoa em relação a
determinada atividade pode ser classificada ao longo de um continuum de
autodeterminação, que vai da total ausência de motivação e perpassa por regulações
externas, introjetada (Motivação Controlada), identificada, integrada até alcançar a
motivação intrínseca (Motivação Autônoma).
Neste sentido, a motivação externa é regulada pela participação no esporte por
demandas, recompensas ou pressões ambientais e a motivação introjetada se caracteriza
pela adesão ao esporte por contingências que foram parcialmente internalizadas, como por
exemplo, para evitar sentimentos de vergonha ou culpa e ou busca de aprovação por pares
(FENTON; DUDA; QUESTED; BARRETT, 2014). Já a motivação identificada, ocorre
quando o indivíduo participa de determinado esporte por escolha pessoal e para atingir
resultados, e a motivação integrada por sua vez, reflete os verdadeiros objetivos e valores
do indivíduo e o seu senso de si mesmo, sendo esta a forma mais autodeterminada da
auto-regulação dentro do continuum (FENTON; DUDA; QUESTED; BARRETT, 2014).
Frente a tais considerações, o presente estudo torna-se relevante na medida em
que analisa as relações entre o RTA e a motivação no contexto do futebol profissional, visto
que são escassas as pesquisas com estas variáveis nesta modalidade. Diante destas
considerações, este estudo objetivou analisar as relações entre o relacionamento treinador
atleta e o nível de motivação de atletas profissionais de futebol do estado do Paraná.

MATERIAIS E MÉTODOS: A população foi constituída por atletas de equipes de futebol


profissional do estado do Paraná. Do total de 33 equipes filiadas à Federação Paranaense
de Futebol, participaram do presente estudo 5 equipes da região norte e noroeste do
estado, totalizando 141 atletas que aceitaram voluntariamente em participar do estudo. O
critério para seleção da amostra foi atender ao nível de desempenho esportivo determinado
(nível profissional) e assinar ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
aceitando a participação voluntária na pesquisa
Para avaliar a relação treinador-atleta (versão atleta) foi utilizado o questionário de
Relacionamento Treinador-Atleta (CART–Q) – versão atleta, validado para o contexto
brasileiro por Vieira et al. (2015) – in press. O questionário avalia as percepções do atleta
sobre sua relação com o treinador. A escala é constituída por 11 itens distribuídos em três

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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dimensões: Proximidade, Comprometimento e Complementaridade. As respostas são


dadas numa escala do tipo Likert de 7 pontos, num continuum de “Discordo totalmente” (1)
a “Concordo totalmente” (7).
Para identificar o nível de motivação dos atletas foi utilizada a Escala de Motivação
para o Esporte II (SMS-II) validado para o contexto brasileiro por Nascimento Junior et al.
(2014). O questionário é constituído por 18 itens distribuídos em seis subescalas: regulação
intrínseca, regulação integrada, regulação identificada, regulação introjetada, regulação
externa e desmotivação. As respostas variam numa escala tipo Likert de sete pontos, num
continuum de “Não corresponde totalmente” (1) a “Corresponde completamente” (7).
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa com
Seres Humanos (COPEP) da Universidade Estadual de Maringá (339/2011). Com a
finalidade da coleta de dados, foram contatadas a diretoria e a comissão das equipes de
futebol pelos pesquisadores. Após a autorização das equipes, os atletas assinaram o termo
de consentimento livre e esclarecido concordando com a participação no estudo. A coleta
de dados foi realizada no local de treinamento dos atletas. Os questionários foram aplicados
uma hora antes do início do treinamento e foram respondidos em aproximadamente 30
minutos.
Para a análise dos dados, incialmente foi avaliada a normalidade dos dados por meio
do teste de Kolmogov-Smirnov. Os dados não apresentaram distribuição normal, assim foi
utilizada a Mediana (Md) e os Quartis (Q1; Q3) para a apresentação dos resultados. Para
a análise da correlação foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman. A
significância adotada foi de p < 0,05.

RESULTADOS: Ao analisar o nível de relacionamento treinador-atleta de jogadores


profissionais de futebol (Tabela 1), verificou-se que os atletas apresentaram altos níveis
para proximidade (Md = 6,75) seguido de complementariedade (Md = 6,25) e
comprometimento (Md = 5,67) evidenciando um bom relacionamento com o treinador.
Quanto aos níveis de motivação (Tabela 1), verificou-se maiores níveis para
regulação intrínseca (Md = 6,33) e identificada (Md = 6,00), sendo que essas propriedades
estão relacionadas à indivíduos autodeterminados e, que consequentemente, estarão mais
engajados nas atividades resultando no aprimorando de sua aprendizagem e sentimento
de realização pessoal (FENTON; DUDA; QUESTED; BARRETT, 2014). Além disso,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
718

observou-se que os atletas apresentaram baixo nível de regulação externa e integrada em


relação ao contexto esportivo.

RELACIONAMENTO Md (Q1-Q3)
TREINADOR-ATLETA
Proximidade 6,75 (6,25-7,00)
Comprometimento 5,67 (5,00-6,33)
Complementariedade 6,25 (6,00-6,87)
ESTILOS REGULATÓRIOS Md (Q1-Q3)
Regulação Integrada 1,67 (1,00 – 2,83)
Regulação externa 3,33 (2,33 – 4,33)
Regulação Introjetada 5,67 (4,67 – 6,33)
Regulação Intrínseca 6,33 (5,33 – 7,00)
Regulação Identificada 6,00 (5,33 – 6,67)

Tabela 1 – Medianas e intervalos interquartílicos da relação treinador-atleta e estilos


regulatórios da motivação dos atletas de futebol do estado do Paraná.

Na Tabela 2, destaca-se maiores coeficientes de correlação da “Proximidade” com a


Regulação Intrínseca (r=0,35**) e a Regulação Identificada (r=0,30**); e do
Comprometimento com a “Regulação Intrínseca” (r=0,32**). Esses resultados são
reforçados ao se deparar com a literatura, uma vez que, o apoio e autonomia dos
treinadores favorece o desenvolvimento da motivação autodeterminada de seus atletas
(GILLET; VALLERAND; AMOURA; BALDES, 2010).

Regulação Regulaçã Regulaçã Regulaçã Regulação


Integrada o Externa o o Identificad
Introjetad Intrínseca a
a
Proximidade 0,27** - 0,04 0,20* 0,35** 0,30**
Comprometimento 0,17* -0,07 0,16 0,32** 0,21*
Complementarieda 0,26** 0,03 0,25** 0,23** 0,20*
de
*p< 0,05; ** p < 0,01.

Tabela 2 – Correlação entre relacionamento treinador-atleta e estilos regulatórios da


motivação dos atletas de futebol do estado do Paraná.
CONCLUSÃO: Os achados deste estudo evidenciaram que os atletas demonstraram níveis
altos de percepção do relacionamento treinador-atleta e motivação autônoma. Destaca-se
também correlações significativas entre proximidade e regulação intrínseca e identificada,
assim como, comprometimento e regulação intrínseca, mostrando que quanto maior a

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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motivação autônoma dos atletas, maiores são suas percepções em relação a proximidade
e comprometimento com seus treinadores.
Diante dessas conclusões, o estudo pode contribuir para a atuação de treinadores e
psicólogos na modalidade futebol, no sentindo de fornecer uma estrutura organizacional e
social para que seus atletas se sintam motivados e autônomos frente a sua prática
esportiva. Sugere-se para futuras pesquisas a investigação das variáveis aqui analisadas,
em outras modalidades esportivas a fim de ampliar o impacto da pesquisa sobre o
relacionamento treinador-atleta e motivação dos atletas no contexto esportivo.

REFERÊNCIAS
BANACK, H. R.; SABISTON, C. M.; BLOOM, G. A. Coach autonomy support, basic need
satisfaction, and intrinsic motivation of paralympic athletes. Res Q Exerc Sport. Dec. 82(4).
p.722 - 30, 2011.

DECI, E. L.; RYAN, R. M. Self-determination theory. In P. A. M. Van Lange, A. W.


Kruglanski, & E. T. Higgins (Eds.). Handbook of theories of social psychology. Thousand
Oaks, CA: Sage. vol.1. p.416 - 437, 2012.

DO NASCIMENTO JUNIOR et al. Adaptação transcultural e análise das propriedades


psicométricas da Sport Motivation Scale-II no contexto brasileiro. Rev. da Educ. Fís./UEM,
v. 25, n. 3, 2014.

FELTON, L.; JOWETT, S. "What do coaches do" and "how do they relate": their effects
on athletes' psychological needs and functioning. Scand J Med Sci Sports. Mar. 23(2),
2013.

GILLET, N.; VALLERAND, N. J.; AMOURA, S.; BALDES, B. Influence of coaches' autonomy
support on athletes' motivation and sport performance: A test of the hierarchical model of
intrinsic and extrinsic motivation. Psychology of Sport and Exercise. v. 11, p.155 - 161,
2010.

JOWETT, S.; CHAUNDY, V. An investigation into the impact of coach leadership and coach-
athlete relationship on group cohesion. Group Dynamics: Theory, Research and
Practice. v.8, n.4, p.302 - 311, 2005.

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MAGEAU, G. A.; VALLERAND, R. J. The coach-athlete relationship: a motivational model.


J Sports Sci. Nov. 21 (11), 2003.

WEINBERG, R.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 4. ed.


Porto Alegre: Artmed, 2008.

VIEIRA, L. F. et al. Adaptação transcultural e propriedades psicométricas do questionário


de relacionamento treinador-atleta brasileiro (CART-Q) Versão atleta. Revista Brasileira
de Cineantropometria & Desempenho Humano (Impresso), 2015.

EFEITO DE UM PROGRAMA DE TREINO FUNCIONAL NA VELOCIDADE DE


REMATE, SALTOS, FORÇA E POTÊNCIA DE JOGADORAS DE HANDEBOL

Daniel Souza Pinto / FADEUP – U.Porto

Maria Luisa Dias Estriga / FADEUP – U.Porto

souza.daniel.p@gmail.com

RESUMO: Há uma escassez de estudos a respeito do treino funcional, assim como de


investigação experimental na área do treino físico no handebol, principalmente no sexo
feminino. Portanto, este estudo objetiva verificar a influência de um programa de treino
funcional na velocidade de remate, saltos, força e potência muscular de jogadoras de
handebol. A amostra foi composta inicialmente por 54 atletas de dois clubes, que realizaram
5 semanas de treino funcional, sendo 2 sessões por semana. Os resultados mostraram

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
721

haver diferenças significativas entre os grupos da amostra, assim como foram identificadas
diferenças significativas entre as avaliações feitas para a velocidade do remate com a bola
normal de handebol, saltos unilaterais, torque e potência muscular. Conclui-se que o treino
funcional parece ser uma boa estratégia para jogadoras de diferentes níveis, na melhora
de alguns indicadores de performance, assim como manutenção destes. Além disto se
mostrou mais “estimulante” para as atletas e possuir fácil e rápida execução apesar de
planejamento não tão simples.

INTRODUÇÃO: O handebol é uma modalidade na qual a componente física é protagonista,


sendo um dos desportos coletivos mais velozes e intensos, devido a diversas
características como repetidos sprints, saltos, e contatos corporais vigorosos (Karcher &
Buchheit, 2014). Força e potência muscular são características que distinguem o nível de
performance de atletas (Vila et al., 2012; Granados et al., 2013). Dessa forma, o treino
resistido assume papel central no treinamento de jogadores de handebol por ser promotor
de melhoras em diversos componentes físicos essenciais para a modalidade (Manchado et
al. 2013). Baseado no princípio da especificidade, o treino funcional tem se popularizado e
surge como uma alternativa ao treino tradicional, promovendo uma aproximação entre as
exigências do jogo e aquilo que é realizado no treino, buscando maior transferência entre
estes momentos (Boyle, 2004). Portanto, o objetivo do estudo foi verificar os efeitos de um
programa de treino funcional nos níveis de força e potência muscular, na capacidade de
varios saltos e na velocidade de diferentes tipos de remate em jogadoras de andebol.

MÉTODOS: Foram envolvidas 54 jogadoras de handebol de dois clubes, das quais 14


foram excluídas entre o 1º e 2º momentos de avaliações e 10 entre o 2º e 3º momentos, do
que resultou uma amostra final de 30 jogadoras. O trabalho foi realizado mediante
autorização dos clubes envolvidos, dirigentes e treinadores. Todas as jogadoras ou
encarregados de educação (caso as jogadoras fossem menores de 18 anos) foram
devidamente informados acerca dos objetivos e procedimentos do trabalho. As jogadoras
foram avaliadas em três momentos nas seguintes variáveis: peso corporal altura, a
distância máxima observada nos diferentes tipos de salto horizontal, bilateral, unilateral com
a perna esquerda e com a perna direita e o salto triplo, a velocidade no remate dos 7 metros
com bola normal e bola lastrada, a velocidade do remate em suspensão dos 9 metros, com
bola normal e bola lastrada, o torque máximo produzido no movimento de rotação interna

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
722

do ombro bem como a potência deste movimento, para ambos os lados. O programa de
treino funcional teve o formato de circuito, trinta segundos ativos, em alta intensidade,
realizando-se os movimentos propostos, e trinta segundos de intervalo passivo. Foram
realizadas 10 sessões de treino funcional, durante 5 semanas de duração do programa, ou
seja, duas sessões por semana.

RESULTADOS: Foram verificadas diferenças significativas entre o pré e pós-teste no clube


1, para: saltos unilaterais, velocidade de remate dos 7M e dos 9M em suspensão, na
potência do movimento de rotação interna do ombro do membro direito e do torque do
mesmo movimento analisado em ambos os membros direito e esquerdo. Para o clube 2
não foram verificadas diferenças significativas.

CONCLUSÃO: Tendo em conta os resultados observados no presente estudo, parece-nos


legítimo afirmar que este programa de treino funcional foi capaz de promover algumas
melhorias de indicadores de performance em atletas de handebol, da mesma forma como
foi possível observar a manutenção de grande parte das variáveis analisadas. As melhorias
se mostraram mais propensas a ocorrer em um dos grupos, aquele de menor nível de
performance.

Admite-se que este tipo de trabalho seja uma boa estratégia de manutenção, assim como
de obtenção de melhorias em indicadores físicos relacionados com a modalidade em
questão, além de ser uma estratégia relativamente mais acessível financeiramente e
aplicável em contexto desportivo.

REFERÊNCIAS:

Boyle, M. Functional training for sports: superior conditioning for today's athlete.
Champaign, IL: Human Kinectics, 2004.

Granados, C.; Izquierdo, M.; Ibañez, J.; Ruesta, M.; Gorostiaga, E. M. Are there any
differences in physical fitess and throwing velocity between national and international elite
female handball players? J Strength Cond Res 27(3): 723–732, 2013.

Karcher, C.; Buchheit, M. On-court demands of elite handball, with special reference to
playing positions. Sports Med. 44(6):797-814, 2014.

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Manchado, C.; Tortosa-Martínez, J.; Vila, H.; Ferragut, C.; Platen, P. Performance factors
in women’s team handball: Physical and physiological aspects—A review. J Strength Cond
Res 27(6): 1708–1719, 2013.

Vila, H.; Manchado, C.; Rodriguez, N.; Abraldes, J.A.; Alcaraz, P.; Ferragut, C.
Anthropometric profile, vertical jump, and throwing velocity in elite female handball players
by playing positions. J Strength Cond Res 26-8: 2146–2155, 2012.

EFEITO DA IDADE RELATIVA NO FUTEBOL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA E


META-ANÁLISE

Larissa Oliveira Faria / DES - UFV


Ana Luiza de Castro Lopes / DES - UFV
Maicon Rodrigues Albuquerque / DES - UFV
lof.ufv@gmail.com

RESUMO

As diferenças de idade cronológica entre um mesmo grupo etário são chamadas de


idade relativa e as suas consequências de Efeito da Idade Relativa. O estudo objetivou
realizar uma revisão sistemática e meta-análise dos trabalhos que investigaram este
fenômeno no Futebol. Inicialmente, foram encontrados 357 artigos. Destes, 217 foram
excluídos, pois estavam repetidos. Após análise, 83 artigos foram excluídos pelo título, 12

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artigos foram excluídos pelo resumo e 3 artigos foram excluídos à partir dos critérios. Ao
final de todo o processo 41 artigos foram selecionados. Em resumo o Efeito da Idade
Relativa no Futebol foi robusto em: 1) diferentes níveis de rendimento (amador e
profissional); 2) diferentes categorias (base e profissional) e 3) sexos (masculino e
feminino).

PALAVRAS-CHAVE: Efeito da Idade Relativa, Futebol, Meta-Análise.

INTRODUÇÃO

No futebol o processo de formação de atletas de alto rendimento é considerado de


difícil entendimento devido ao fato de diversas variáveis (ex. físicas, cognitivas, motoras e
sócio-afetivas) estarem envolvidas (HELSEN et al., 2000a; REILLY et al., 2000; WILLIAMS
e REILLY, 2000; BAKER et al., 2003). Durante o processo de formação de um jogador de
futebol uma data de "corte" é usada para agrupar participantes em categorias de base.
Contudo, esta estratégia de agrupamento parece não ser sensível o suficiente para
promover tais aspectos, já que uma criança que nasceu no dia 1º de Janeiro tem 364 dias
a mais, de oportunidades e experiências físicas, cognitivas, afetivas e sociais, quando
comparada com uma criança que nasceu no dia 31 de Dezembro (DELORME et al., 2011).
No contexto de esportes competitivos, este efeito foi descrito pela primeira vez em 1988 e
denominado de Efeito da Idade Relativa (BARNSLEY e THOMPSON, 1988). O Efeito da
Idade Relativa pode ser conceituado como sendo a diferença entre os indivíduos que foram
agrupados em uma atividade (BARNSLEY e THOMPSON, 1988), sendo que no Futebol
este efeito parece ser robusto (COBLEY, 2009).

Sendo assim, o presente estudo tem como objetivos: 1) Verificar o Efeito da Idade
Relativa no Futebol e 2) Verificar o Efeito da Idade Relativa no Futebol diferenciando por
sexo.

MÉTODO

Este é um estudo de revisão de meta-análise composto por artigos sobre Efeito da


Idade Relativa no Futebol encontrados nas bases de dados Pubmed, ScienceDirect e

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Scopus, publicados até abril de 2014 e escritos em inglês e português. Os termos usados
para a pesquisa foram: “Relative age effect” AND “Soccer”, “Relative age Effect” AND
“Football”, “Season of birth” AND “Soccer”, ‘Season birth” AND “Football”, “Birth date” AND
“Soccer” e “Birth date” AND “Football”.

Os critérios de inclusão foram: (1) estudos encontrados nas bases de dados que
continham os termos usados para a pesquisa no resumo, no título ou nas palavras-chave;
(2) estudos relacionados ao assunto Efeito da Idade Relativa no Futebol; e (3) artigos
publicados no idioma inglês ou português. Os critérios de exclusão foram: (1) artigos de
conferência, e (2) artigos de revisão.

Inicialmente, foram encontrados 357 artigos. Destes, 217 foram excluídos, pois
estavam repetidos. Após análise dos resumos e títulos 18 artigos foram selecionados.

Como em outra revisão (Cobley et al., 2009) realizada sobre o Efeito Idade Relativa,
"Odds Ratio" (OR) e intervalo de confiança de 95% (IC) serão calculados. As distribuições
da data de nascimento (por exemplo, número de pessoas no quartil 1) serão comparados
na freqüência esperada , assumindo uma distribuição igual (por exemplo, N = 100 , que
deverá contar quartil = 100 /4 = 25). RevMan Software foi utilizado para comparar eventos
entre primeiro trimestre e o último trimestre. O modelo de efeitos fixos ou efeitos aleatórios
foi utilizado de acordo com o teste de heterogeneidade (I²). Foi considerado
heterogeneidade substancial quando os valores de “p” forem menores que 0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Figura 01 apresenta os resultados referentes à análise do Efeito da Idade Relativa


no Futebol amador, sendo que os sujeitos agrupados no Quartil 1 apresentaram uma
proporção maior não significativa (OR = 2,19; 95% CI 1,79–2,69; p =0,65) que os atletas do
Quartil 4.

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Figura 01: Efeito da Idade Relativa no Futebol Amador.


As Figuras 02 e 03 apresentam os resultados referentes ao Efeito da Idade Relativa
nas categorias de Base, sendo que tanto para os atletas do sexo masculino (OR = 2,99;
95% CI 2,41–3,70; p < 0,00001) quanto do feminino (OR = 0,90; 95% CI 0,39–2,09; p <
0,001) os resultados demonstram que Quartil 1 apresentaram uma proporção
significativamente maior que os atletas do Quartil 4, mas com um efeito mais robusto (OR
= 2,99 x OR = 0,99) do Efeito da Idade Relativa nos atletas do sexo masculino.

Figura 02: Efeito da Idade Relativa na Categoria de Base – Masculino.

Figura 03: Efeito da Idade Relativa – Futebol Amador – Feminino.


As Figuras 04 e 05 apresentam os resultados referentes ao Efeito da Idade Relativa
no Futebol Profissional sendo que para os atletas do sexo masculino (OR = 1,56; 95% CI
1,27–1,91; p < 0,001), os resultados demonstram que o Quartil 1 apresentou uma proporção
significativamente maior que os atletas do Quartil 4, enquanto que para o feminino (OR =
0,96; 95% CI 0,91–1,01; p = 0,17) isso não aconteceu.

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Figura 04: Efeito da Idade Relativa – Futebol Profissional – Masculino

Figura 05: Efeito da Idade Relativa – Futebol Profissional – Feminino

Os resultados do presente estudo demonstram um Efeito da Idade Relativa robusto


no futebol. Um dos principais fatores que tem sido utilizado para explicar o Efeito da Idade
Relativa parece estar relacionada à competitividade de determinadas modalidades em
determinados países. Quanto maior a competitividade, maior a influência do período de
nascimento sobre o processo de seleção de atletas de alto rendimento (MUSCH e
GRONDIN, 2001).

Alguns autores têm se preocupado em criar mecanismos que eliminem o Efeito da


Idade Relativa (COBLEY et al., 2008; BAKER et al., 2010). Por exemplo, Cobley et al.
(2008) sugerem que um aumento do número de equipes de podem maximizar as
oportunidades e reduzir a concorrência e a necessidade de seleção, consequentemente
diminuindo o Efeito da Idade Relativa. Além disso, os treinadores de jogadores jovens (10-
16 anos de idade) não devem pressionar os atletas a ganhar, especialmente nas faixas
etárias em que o desempenho é afetado pela maturação biológica (MALINA et al., 2004a;
MALINA et al., 2004b).

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CONCLUSÃO

Os resultados encontrados demonstram um Efeito da Idade Relativa no Futebol


robusto em: 1) diferentes níveis de rendimento (amador e profissional); 2) diferentes
categorias (base e profissional) e 3) sexos (masculino e feminino).

REFERÊNCIAS:

BAKER, J. et al. Nurturing sport expertise: factors influencing the development of elite
athlete. Journal of Sports Science and Medicine, v. 2, n. 1, p. 1-9, 2003.

BAKER, J.; SCHORER, J.; COBLEY, S. Relative age effects: An inevitable consequence of
elite sport? German Journal of Sport Sciences (Sportwissenschaft), v. 40, n. 1, p. 26-
30, 2010.

BARNSLEY, R. H.; THOMPSON, A. H. Birthdate and success in minor hockey: The key to
the NHL. Canadian Journal of Behavioural Science, v. 20, n. 2, p. 167-176, 1988.

COBLEY, S. et al. Annual Age-Grouping and Athlete Development: A Meta-Analytical


Review of Relative Age Effects in Sport. Sports Medicine, v. 39, n. 3, p. 235-256, 2009.

COBLEY, S.; SCHORER, J.; BAKER, J. Relative age effects in professional German soccer:
A historical analysis. Journal of Sports Sciences, v. 26, n. 14, p. 1531-1538, 2008.

DELORME, N.; CHALABAEV, A.; RASPAUD, M. Relative age is associated with sport
dropout: evidence from youth categories of French basketball. Scandinavian Journal of
Medicine & Science in Sports, v. 21, n. 1, p. 120-128, 2011.

HELSEN, W. F. et al. The roles of talent, physical precocity and practice in the development
of soccer expertise. Journal of Sports Sciences, v. 18, n. 9, p. 727-736, 2000a.

MALINA, R. M.; BOUCHARD, C.; BAR-OR, O. Growth, Maturation, and Physical Activity
2th. Champaign: Human Kinetics, 2004a.

MALINA, R. M. et al. Maturity-associated variation in the growth and functional capacities


of youth football (soccer) players 13–15 years. European Journal of Applied Physiology,
v. 91, n. 5-6, p. 555-562, 2004b.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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MUSCH, J.; GRONDIN, S. Unequal Competition as an Impediment to Personal


Development: A Review of the Relative Age Effect in Sport. Developmental Review, v. 21,
n. 2, p. 147-167, 2001.

REILLY, T. et al. A multidisciplinary approach to talent identification in soccer. Journal of


Sports Sciences, United Kingdom, v. 18, n. 9, p. 695-702, 2000.

ANÁLISE DAS EXPERIÊNCIAS ESPORTIVAS DE JOVENS ATLETAS PARANAENSES

Andressa Ribeiro Contreira /DEF- UEM


Vandressa Teixeira Ribeiro /DEF- UEM
Caio Rosas Moreira /DEF- UEM
Aryelle Malheiros Caruzzo /DEF- UEM
Lenamar Fiorese Vieira /DEF- UEM
andressacontreira@gmail.com
RESUMO: Este estudo objetivou investigar as experiências esportivas de jovens atletas
paranaenses. Fizeram parte do estudo 274 atletas, sendo 147 do sexo feminino e 127 do
sexo masculino, com média de idade 22,61 ±5,48 anos, participantes de modalidades
coletivas (basquete, futebol, handebol e futsal) na fase final dos Jogos Abertos do Paraná
2014. Como instrumentos foram utilizados uma ficha de identificação e o Questionário de
Experiências de Jovens no Esporte (YES-S). Os resultados evidenciaram que não houve
diferença significativa das experiências em função do sexo; porém, foi observado que todos
os atletas apresentaram valores mais elevados nas experiências positivas, com destaque
para as dimensões Iniciativa (Md=4,00) e Estabelecimento de metas (Md=3,75), e baixos

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valores para as Experiências negativas (Md= 1,70 masculino e Md=1,60 feminino). Ao


comparar as experiências esportivas em função da faixa etária, verificou-se que os atletas
acima de 21 anos apresentaram valores mais elevados para as Experiências negativas
(Md=1,80) quando comparados com os atletas mais novos (Md=1,50). Conclui-se que,
independente do sexo, as experiências positivas são mais evidentes em detrimento às
negativas e que à medida que avança a idade, os atletas apresentam maiores percepções
de experiências negativas no esporte.

Palavras-chave: Experiências positivas; Jovens; Esporte.

INTRODUÇÃO: A influência da prática esportiva sobre o desenvolvimento de jovens atletas


tem sido foco de estudos nos últimos anos, tendo em vista seu potencial para promoção do
desenvolvimento positivo dos jovens (JONES et al., 2011; RIZZO; FERREIRA; SOUZA,
2014). Pesquisas apontam que as experiências no contexto esportivo podem influenciar
positivamente os jovens para uma carreira bem-sucedida de crescimento pessoal, desde
que devidamente orientadas (STRACHAN; CÔTÉ; DEAKIN, 2011; MACDONALD et al.,
2012; SULLIVAN; LAFORGE-MACKENZIE; MARINI, 2015).
Contudo, é importante ressaltar que no cenário nacional pouco se tem investigado
sobre a influência do esporte no desenvolvimento positivo dos jovens, o que pode ocorrer
pela dificuldade na avaliação deste processo devido à escassez de instrumentos validados
em específico para o contexto esportivo brasileiro (ESPERANÇA et al., 2013).
Recentemente, foi desenvolvido por MacDonald et al., (2012) o Youth Experience
Survey for Sport (YES-S), um importante instrumento projetado especialmente para
avaliação das experiências dos jovens no contexto do esporte (RIZZO; FERREIRA;
SOUZA, 2014; SULLIVAN; LAFORGE-MACKENZIE; MARINI, 2015). Este instrumento foi
adaptado e validado para o contexto esportivo brasileiro (RIGONI, 2014), possibilitando que
novos estudos sejam realizados em território nacional. Diante dessas informações, o
presente estudo teve como objetivo verificar as experiências esportivas de jovens atletas
paranaenses.

MÉTODO: Participaram do estudo 274 atletas, sendo 147 do sexo feminino e 127 do sexo
masculino, com média de idade 22,61 anos±5,48 anos, praticantes de modalidades
coletivas (basquete, futebol, handebol e futsal) nos Jogos Abertos do Paraná 2014.

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731

Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados uma ficha de identificação


(nome, idade, modalidade, sexo e tempo de prática) e o Questionário de Experiências de
Jovens no Esporte (YES-S) desenvolvido por MacDonald et al. (2012) e validado para o
contexto esportivo brasileiro por Rigoni (2014). O instrumento é composto por 37 questões
que avaliam as experiências dos jovens nos esportes, cujas questões são respondidas
numa escala do tipo Likert com pontuação de 1 a 4, variando de 1 “De jeito nenhum” a 4
“Definitivamente sim”. As dimensões que o questionário avalia são: Habilidades sociais e
pessoais, Habilidades cognitivas, Estabelecimento de metas, Iniciativa e Experiências
negativas. A interpretação do questionário se dá a partir dos maiores valores apresentados
em cada uma das dimensões, indicando experiências positivas ou negativas no contexto
esportivo. A coleta de dados foi realizada no segundo semestre de 2014, nos locais de
realização das competições (Toledo – PR) e nos alojamentos. Os questionários foram
aplicados de forma coletiva e com preenchimento individual, por acadêmicos do curso de
Educação Física devidamente capacitados.
O projeto foi aprovado pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa da
Universidade Estadual de Maringá (parecer nº 339/2011). Os dados foram analisados no
pacote estatístico SPSS versão 20.0. A distribuição dos dados foi verificada pelo teste
Kolmogorov Smirnov, obtendo-se distribuição não normal. Diante disso, os resultados
foram apresentados pela mediana (Md) e intervalo interquartílico (Q1-Q3). A comparação
das experiências dos jovens no esporte em função do sexo e faixa etária foi realizada por
meio do teste U de Mann Whitney, adotando-se significância de p<0,05.

RESULTADOS: A Tabela 1 é referente à comparação das experiências no esporte dos


jovens atletas paranaenses em função do sexo. Os resultados não apontaram diferenças
significativas em função do sexo nas dimensões de experiências esportivas (Tabela 1).

Masculino (n=127) Feminino (n=147)


Experiência no Esporte p
Md (Q1-Q3) Md (Q1-Q3)
Habilidades pessoais e sociais 3,50 (3,29-3,71) 3,57 (3,30-3,79) 0,300
Habilidades cognitivas 3,20 (2,60-3,60) 3,20 (2,60-3,75) 0,812
Estabelecimento de metas 3,75 (3,50-4,00) 3,75 (3,50-4,00) 0,719

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Iniciativa 4,00 (3,50-4,00) 4,00 (3,50-4,00) 0,870


Experiências negativas 1,70 (1,30-2,20) 1,60 (1,20-2,20) 0,137
Tabela 1 - Comparação das experiências na prática esportiva dos jovens atletas
paranaenses de modalidades coletivas em função do sexo. *p<0,05.
Pode-se verificar que os jovens atletas paranaenses, independente do sexo,
apresentaram valores elevados na maioria das dimensões relacionadas às experiências
positivas, com valores máximos para a dimensão Iniciativa (Md=4,00 masculino e feminino),
seguida de Estabelecimento de metas (Md=3,75 masculino e feminino). Tal achado indica
que a prática esportiva pode contribuir de forma positiva para o desenvolvimento de
comportamentos de liderança e maior energia/disposição para a realização das atividades,
além de auxiliar na criação de estratégias para o alcance de metas relacionadas ao esporte
(MACDONALD et al., 2012). Esses resultados são corroborados pelo estudo de Gould, Flett
e Lauer (2012), que verificaram que ambientes esportivos com um clima motivacional
voltado à maestria têm influência positiva no desenvolvimento pessoal e social dos jovens,
facilitando e promovendo o trabalho em equipe, o desenvolvimento de habilidades físicas e
de iniciativa por meio da participação dos jovens.
Além disso, foram encontrados baixos escores na dimensão Experiências negativas
(Md= 1,70 masculino e Md=1,60 feminino) (Tabela 1), o que pode ser considerado
satisfatório, uma vez que esta dimensão se refere aos comportamentos inadequados
(desrespeito e atitudes moralmente negativas) ou de exclusão social dentro do grupo.
Na Tabela 2 é apresentada a comparação das experiências no esporte dos jovens
atletas paranaenses em função da faixa etária (16 a 20 anos e acima dos 21 anos).

Até 20 anos Acima 21 anos


Experiência no esporte (n=123) (n=147) p
Md (Q1-Q3) Md (Q1-Q3)
Habilidades Pessoais e sociais 3,57 (3,31-3,71) 3,56 (3,29-3,79) 0,568
Habilidades cognitivas 3,20 (2,80-3,60) 3,20 (2,60-3,60) 0,839
Estabelecimento de metas 3,75 (3,25-4,00) 3,75 (3,50-4,00) 0,970

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Iniciativa 4,00 (3,50-4,00) 4,00 (3,50-4,00) 0,847


Experiências negativas 1,50 (1,20-2,00) 1,80 (1,30-2,40) 0,019*
Tabela 2 - Comparação das experiências na prática esportiva dos jovens atletas
paranaenses de modalidades coletivas em função da faixa etária. *p<0,05.
Conforme demonstrado na Tabela 2, foi encontrada diferença nas experiências
esportivas dos jovens atletas paranaenses em função da faixa etária, na qual foi identificado
que os atletas mais velhos (acima de 21 anos) perceberam mais Experiências negativas
(Md=1,80) dentro do contexto esportivo, quando comparados aos atletas na faixa etária dos
16 aos 20 anos (Md=1,50). Estes resultados evidenciam que o fato de os atletas estarem
inseridos no contexto esportivo por mais tempo pode ter contribuído para experiências de
estresse, influências negativas de adultos (manipulação, desrespeito, assédio moral),
assim como experiências com drogas, álcool ou mesmo vivências de exclusão social.
Segundo Holt e Neely (2011), as experiências esportivas também podem trazer
consequências negativas, de acordo com as relações que se estabelecem no
desenvolvimento do jovem no contexto da prática esportiva.

CONCLUSÃO: Ao investigar as experiências esportivas dos jovens atletas paranaenses


pode-se verificar que, independente do sexo dos atletas, as experiências positivas em geral
são maiores que as negativas, com destaque para a iniciativa e o estabelecimento de
metas. Entretanto, identificou-se que, à medida que avança a idade, os atletas apresentam
maiores percepções de experiências negativas no esporte.
Os dados desta pesquisa são relevantes por retratarem as percepções dos jovens
atletas paranaenses sobre suas experiências no contexto esportivo. Dessa forma,
contribuem para a compreensão dos treinadores e profissionais de Educação Física sobre
os fatores do ambiente esportivo que podem acarretar vivências positivas ou negativas para
os jovens, as quais podem ser determinantes para a continuidade, permanência ou
abandono da prática esportiva. Nesse sentido, os programas esportivos para esta
população podem ser pautados em aspectos que acentuem as habilidades positivas dos
jovens.
REFERÊNCIAS

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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ESPERANÇA, J.M.; REGUEIRAS, M.L.; BRUSTAD, R.J.; FONSECA, A.M. Um olhar sobre
o desenvolvimento positivo dos jovens através do desporto. Revista de Psicología del
Deporte, v.22, n.2, p.481-487, 2013.
GOULD, D., FLETT, R., LAUER, L. The relationship between psychosocial development
and the sports climate experienced by underserved youth. Psychology of Sport and
Exercise, Vol. 13, p. 80-87, 2012.
HOLT, N. L.; NEELY, K. C. Positive youth development through sport: A review Revista
Iberoamericana de Psicología del Ejercicio y el Deporte, 6(2), 299-316, 2011.
JONES, M.I.; DUNN, J.G.H.; HOLT, N.L.; SULLIVAN, P.J.; BLOOM, G. A. Exploring the
‘5Cs’ of positive youth development in sport. Journal of Sport Behavior, v.34, n.3, p.250-
267, 2011.
MACDONALD, D. J.; CÔTÉ, J.; EYS, M.; DEAKIN, J. Psychometric properties of the youth
experience survey with young athletes. Psychology of Sport and Exercise, v. 13, p. 332-
340, 2012.
RIGONI, P. A.G. A contribuição da experiência esportiva positiva, mediada pela
motivação, no propósito de vida de jovens atletas brasileiros. 2014. Tese (Doutorado em
Educação Física) – Universidade Estadual de Maringá, Paraná, Brasil, 2014.

RIZZO, D.S.; FERREIRA, A.M.L.; SOUZA, W.C. Desenvolvimento Positivo dos Jovens
(DPJ) através do esporte: perspectivas em países da língua portuguesa. Conexões, v.12,
n.3, p.106-120, 2014.
STRACHAN, L.; CÔTÉ, J.; DEAKIN, J. A new view: Exploring positive youthdevelopment in
elite sportcontexts. Qualitative research in sport, exercise and health. v.3, n.1, p.9-32,
2011.
SULLIVAN, P.J.; LAFORGE-MACKENZIE, K.; MARINI, M. Confirmatory Factor Analysis of
the Youth Experiences Survey for Sport (YES-S).Open Journal of Statistics. v.5, n.5,
p.421, 2015.

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ANÁLISE DA TRANSIÇÃO DE CARREIRA DE ATLETAS PARANAENSES DE FUTSAL


A PARTIR DA TEORIA BIOECOLÓGICA

Patricia Carolina Borsato Passos PMM/UNIPAR/ DEF – UEM


Luciane Cristina Arantes da Costa / DEF – UEM
Andressa Ribeiro Contreira / DEF – UEM
Gislaine Contessoto Pizzo / DEF – UEM
Lenamar Fiorese Vieira / DEF – UEM
borsatopassos@gmail.com

RESUMO: Este estudo objetivou analisar a transição da carreira esportiva, considerando


as crenças e expectativas no desenvolvimento profissional de atletas do futsal paranaense.
Participaram 14 atletas, do sexo masculino (29 anos ± 4,4 anos), de cinco equipes
participantes da Liga Nacional 2013. Como instrumentos foram utilizados uma ficha de
identificação e entrevista semi-estruturada. Para análise das entrevistas foi utilizada a
técnica de análise de conteúdo do tipo categorial. Os resultados evidenciaram que os
atletas demonstraram a crença de ter uma identidade atlética, tendo como expectativa atual
jogar na seleção brasileira e expectativa futura se manter no contexto esportivo, mesmo
após a aposentadoria. Concluiu-se que a identidade atlética faz parte das crenças dos

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
736

atletas e que as expectativas passadas e atuais interferem nas transições para o alto
rendimento (maestria). Ainda, as expectativas futuras estão relacionadas ao final da carreira
esportiva.
Palavras-chave: Atletas. Carreira Esportiva. Desempenho Atlético.

INTRODUÇÃO: A transição ao longo do desenvolvimento humano é um processo dinâmico


marcado inicialmente por uma sensação que leva a um período de crescimento pessoal e
adaptação, implicando em mudanças na posição do indivíduo no meio ambiente frente a
uma alteração do papel, do ambiente ou de ambos (BRONFENBRENNER, 1996). No
contexto esportivo, a transição de carreira é considerada um processo de enfrentamento,
com resultados potencialmente positivos ou negativos, que dependerão de como o atleta
conseguirá lidar com as tarefas e demandas de cada fase (VISSOCI, 2009).
Nesse sentido, o estudo da transição de carreira torna-se relevante, visto que busca
potencializar a formação de atletas profissionais e prepará-los para que sejam cidadãos
conscientes e com melhor qualidade de vida em todas as etapas da vida, considerando que
a carreira atlética tem um tempo de duração menor em comparação às outras profissões
relacionadas ao esporte (professor, treinador, médico, árbitro e etc). Para tanto, essa
temática vem sendo amplamente investigada, sendo as pesquisas internacionais voltadas
ao término da carreira esportiva (WYLLEMAN; LAVALLEE; AFLERMANN, 1999), às
percepções de pais e filhos sobre os benefícios associados à participação no desporto
juvenil (HOLT et al., 2011), às práticas parentais e ao desenvolvimento do medo ou fracasso
em atletas jovens (SAGAR; LAVALLE 2010). Com relação às pesquisas nacionais, tem-se
investigado atletas na fase da aposentadoria (AGRESTA; BRANDÃO; BARROS NETO;
2008, SAMULSKI et al., 2009), status de identidade e a continuidade do ciclo de vida
(VISSOCI, 2009).
Uma análise mais minuciosa da literatura nacional identificou escassez de estudos
com enfoque na transição da carreira esportiva de atletas em atividade, sendo esta a lacuna
do presente estudo. Para tanto, foi utilizada como base teórica a Teoria Bioecológica do
Desenvolvimento Humano (BRONFENBRENNER, 1996), a qual postula sobre a influência
dos ambientes imediatos (casa, escola, comunidade) e distantes (cultura, crenças,
instituições políticas) sobre o desenvolvimento do indivíduo. Os aspectos a serem
identificados ao longo da carreira dos atletas serão as crenças, expectativas

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passadas/atuais e futuras. Diante destas considerações, este estudo objetivou analisar a


transição da carreira esportiva, considerando as crenças e expectativas no
desenvolvimento profissional de atletas de futsal de equipes do estado do Paraná
participantes da Liga Nacional 2013.

MÉTODOS: Participaram do estudo 14 atletas de futsal, do sexo masculino (29,0 ± 4,4


anos), de cinco equipes paranaenses participantes da Liga Nacional de 2013. Como
instrumentos foram utilizados uma ficha de identificação (dados pessoais e profissionais) e
uma entrevista semi-estruturada com roteiro baseado na Teoria Bioecológica do
Desenvolvimento Humano (BRONFENBRENNER, 1996), visando a identificação das
crenças e expectativas passadas/atuais/futuras ao longo da carreira dos atletas.
Esta pesquisa foi aprovada em seus aspectos éticos e metodológicos sob protocolo
nº 248.363/2013. As entrevistas foram gravadas e realizadas de forma individual, nos locais
de treinamento dos atletas, em locais adequados e longe de interferências. As entrevistas
foram analisadas pela técnica de análise de conteúdo do tipo categorial (BARDIN, 1977),
sendo as categorias previamente definidas, conforme matriz, com base na Teoria
Bioecológica do Desenvolvimento Humano. Para apresentação dos recortes, os sujeitos
foram identificados pelos códigos A1, A2, A3, e assim sucessivamente até A14, atendendo
aos preceitos éticos.

RESULTADOS: A respeito das crenças dos atletas (Quadro 1) são referentes às demandas
de papeis exigidos socialmente. Os resultados evidenciaram a acentuada identidade
atlética, indicando que os atletas não conseguem pensar em parar de jogar ou ficar fora do
contexto esportivo, o que pode ser visto como um aspecto negativo. Contudo, quando o
atleta se sente realizado profissionalmente, essa influência negativa pode ser amenizada.
Algumas pesquisas indicam que uma identidade exclusivamente baseada no desempenho
esportivo pode dificultar o processo de transição (BRANDÃO et al., 2000) e ainda, ao atleta
com auto-identidade, podem faltar estratégias de enfrentamento para as transições em
outros aspectos da vida cotidiana (WYLLEMAN; LAVALLEE, 2003). Nesse sentido,
Pummell, Harwood e Lavallee (2008) sugerem que jovens atletas deveriam ser incentivados
a uma identidade multidimensional, para minimizar os efeitos negativos no momento da
aposentadoria.

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Categorias Depoimentos dos Atletas


[...] gostaria de ter um filho já, ser casado, mas como nossa vida é
muito um dia aqui um dia lá, isso complica bastante (A8).

[...] dizem que o jogador morre duas vezes, quando pára de jogar e
Crenças
quando morre mesmo, todo mundo fala, então eu sou apaixonado pela
minha profissão, mas eu acho que com o passar do tempo você vai se
preparando, porque tu olha o currículo do cara, ganhei tudo
praticamente no futsal [...] hoje posso dizer sou realizado na minha
profissão
No começo(Aeu
6).achava que era mais um sonho dos meus pais [...] (A1).
Expectativas
Passadas
[...] quando você começa a jogar assim, o pessoal falava ah! esse
menino tem futuro, tem jeito com a coisa [...] então isso foi me
[...] todo jogador
motivando (A13). tem um sonho, é chegar numa seleção brasileira [...]
estamos trabalhando pra isso, se esforçando e quem sabe ter uma
oportunidade, iria aproveitar (A13).
Expectativas
Atuais
[...] mas quem somos nós pra decidir esse calendário, o calendário é
a confederação e a federação que têm que discutir e ver qual é a
melhor opção, a liga de repente ser mais curta, mas fazer o quê (A8).
[...] quando eu tiver caminhando para o final da minha carreira eu vejo
o que eu vou querer fazer, queria voltar a estudar (A9).
Expectativas
Futuras [...] Eu quero continuar no esporte assim, meu pensamento é no
esporte [...] o meu pensamento é esse, ser treinador nem que seja na
minha cidade eu quero estar no esporte (A14).
Quadro 1. Crenças e expectativas passadas, atuais e futuras dos atletas do futsal
paranaense participantes da Liga Nacional de 2013.

Em se tratando das expectativas dos atletas, são referentes ao que eles esperam
em cada momento de sua carreira (iniciação, desenvolvimento, maestria). Quanto às
expectativas passadas (Quadro 1), verificou-se que os atletas não esperavam se tornar
jogadores de alto rendimento, mas que foram estimulados pelos pais ou pessoas próximas
que afirmavam seu talento. A expectativa atual (Quadro 1) mais evidenciada foi a de jogar
na seleção brasileira ou ser contratado por uma equipe de nível mais elevado. Outro
aspecto relacionado à expectativa atual dos atletas foi o fato de não concordarem com a
organização e estrutura da Liga Nacional (calendário, estrutura e organização). Todavia, os
atletas afirmaram que não podem mudar essa realidade ou não têm o poder de melhorá-la
por se tratar de uma função de macrossistema (políticas da organização esportiva).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
739

Com relação à expectativa futura, os atletas apontaram interesse pelos estudos


(voltar a estudar ou dedicar-se a outra profissão relacionada ao contexto esportivo). Esses
achados são reforçados por pesquisa que verificou que a maioria dos atletas que planejam
a carreira após aposentadoria atlética opta por uma carreira associada ao futebol
(MARQUES; SAMULSKI, 2009).

CONCLUSÕES: Os atletas paranaenses de futsal demonstraram acentuada identidade


atlética e suas crenças foram o elemento propulsor na transição da carreira esportiva (fase
do desenvolvimento - início ao alto rendimento - maestria). As expectativas passadas
demonstraram a influência de pessoas próximas que acreditavam no talento dos atletas,
mais do que eles próprios.
Com relação às expectativas atuais, foram verificadas as metas dos atletas para
participação na seleção brasileira, bem como um descontentamento com relação a alguns
elementos de macrossistema (órgãos responsáveis pela modalidade no Brasil) o qual, tem
responsabilidades sobre os calendários, viagens e cargas de treinamento. No que se refere
às expectativas futuras de transição para a aposentadoria, os atletas esperam voltar a
estudar e se manter no contexto esportivo. Estes dados fornecem indicativos para atuação
de profissionais que pretendem realizar intervenções com atletas do alto rendimento ou na
preparação de jovens talentos para as transições que ocorrerão ao longo da carreira
esportiva.

REFERÊNCIAS
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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O EFEITO DA IDADE RELATIVA NO TÊNIS: UMA ANÁLISE DO RANKING DE


ATLETAS JUNIORES DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL

João Paulo Abreu Moreira (UFV)

Mariana Calábria Lopes (UFV)

Larissa de Oliveira Faria (UFV)

Maicon Rodrigues Albuquerque (UFV)

joaopauloef@gmail.com

RESUMO: Estudos apontam uma distribuição heterogênea dos nascimentos em atletas de


esportes competitivos. Divididos em categorias de acordo com a idade cronológica,
predominam indivíduos nascidos nos primeiros meses do ano em relação aos meses finais.
Este fenômeno é denominado Efeito da Idade Relativa (EIR) e se baseia, de um modo
geral, nas vantagens que sujeitos mais “maduros” levam em relação àqueles mais
atrasados em seus processos maturacionais. No presente estudo, objetivou-se verificar a
existência do EIR durante a formação de jovens tenistas. A amostra foi composta por 2.441
atletas do sexo masculino, classificados no ranking de tenistas juniores da Federação
Internacional de Tênis (ITF). As datas de nascimento foram agrupadas em quartis de acordo
com o mês de nascimento. Para a verificação das frequências de nascimentos e análise
das diferenças encontradas, foi utilizado o teste Qui-Quadrado (χ²) e o cálculo das razões
de chance (odds ratio), com nível de significância p ≤ 0,05. Os resultados confirmaram a
hipótese de um número maior de atletas nascidos no 1º e 2º quartis em relação aos demais.

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Diante disto, surge a necessidade da implementação de novas estratégias para os


processos de seleção e formação para a expertise no tênis, de forma a oferecer condições
justas a todos os envolvidos.

Palavras-Chave: Efeito da Idade Relativa, Tênis, Formação de Atletas.

INTRODUÇÃO: No tênis e em outros esportes, o processo de seleção e formação de


atletas é algo complexo, sendo escasso o número de jogadores que conseguem sucesso
nas fases do desenvolvimento esportivo até se tornar profissional. A participação de jovens
em programas de formação de atletas é definida após a etapa de seleção, onde os
escolhidos, tidos como potenciais talentos, iniciam uma rotina de treinamentos e
competições (Williams & Reilly, 2000).

Dentre as variáveis que irão interferir no processo de desenvolvimento de jovens atletas


está o Efeito da Idade Relativa (EIR). Idade Relativa é a diferença de idade biológica entre
indivíduos com uma mesma idade cronológica situados dentro de uma mesma categoria ou
faixa etária (Barnsley et al., 1985). Os efeitos causados por essa diferença são conhecidos
por EIR (Musch & Grondin, 2001). Durante a formação esportiva, crianças e adolescentes
são divididas em categorias de acordo com a idade cronológica. Datas de corte são
escolhidas para delimitar essas categorias no intuito de formar grupos mais homogêneos,
reduzindo potenciais diferenças físicas e cognitivas, possibilitando justa competição
(Votteler & Höner, 2013) e igualdade de oportunidades para todos os participantes (Musch
& Grondin, 2001). Entretanto, a divisão das categorias em faixas etárias tem se mostrado
ineficiente em prevenir que jovens relativamente mais velhos sejam beneficiados nesse
processo (Costa et al., 2012), já que as vantagens proporcionadas pelos estágios
avançados de maturação poderão favorecê-los. O melhor desempenho dos sujeitos
nascidos próximo à data de corte, que neste momento parece ser essencialmente físico,
facilita sua seleção e inserção em programas de treinamento. Com isso, eles irão se
beneficiar de estruturas de treino mais sistematizadas e melhores experiências
competitivas, com maiores chances de evoluir tecnicamente, tendo maiores e melhores
oportunidades ao longo de sua formação. Na contramão, jovens nascidos distantes da data

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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de corte e em estágios mais atrasados de maturação são avaliados como não talentosos e
preteridos pelos treinadores, deixando de experimentar toda a estrutura de formação e
desenvolvimento oferecida a seus pares biologicamente mais velhos. A tendência é que
esse jovem, sem oportunidades, abandone a prática esportiva. Para Votteler & Höner
(2013), as vantagens maturacionais são, muitas vezes, confundidas com talento esportivo,
reduzindo a eficiência dos programas de desenvolvimento de atletas.

O tênis é um jogo de oposição, no qual não há contato físico. No entanto, envolve corridas
intensas com desacelerações e mudanças de direção, saltos e aterrisagens, golpes e
rebatidas (Píffero & Valentini, 2010). Por não ter duração de tempo pré-estabelecida, exige
muito dos aspectos físicos e psicológicos do jogador (Samulski, 2011), sendo o tenista
bastante cobrado em relação às capacidades físicas força, velocidade, agilidade,
resistência e flexibilidade (Balbinotti et al., 2009) e mentais. Nesse aspecto, o EIR pode
influenciar o desempenho do jovem tenista, pois atletas mais maduros, mais desenvolvidos
física e mentalmente, irão obter vantagens.

Outra característica marcante no tênis é o sistema de ranking. Jogadores federados pela


ITF na faixa dos 13 aos 18 anos compõem o ranking de tenistas juniores. Ao longo do ano,
participam de competições ao redor do mundo onde conquistam e acumulam pontos para,
posteriormente, serem classificados. O sistema de ranking é um aspecto importante para a
modalidade, pois estar bem ranqueado garante ao tenista presença nos melhores eventos
do circuito mundial, competições essas que oferecem as maiores premiações em dinheiro
e que distribuem mais pontos.

Sendo assim, este estudo tem como objetivo verificar a presença do EIR entre jovens
tenistas, dadas as características particulares da modalidade (esporte individual, de
oposição pela rede, sem contato físico) e seu sistema de ranqueamento composto por seis
faixas etárias distintas.

MÉTODO: A amostra desse estudo foi composta por 2.441 sujeitos, todos do sexo
masculino, classificados no ranking de tenistas juniores da ITF de 30 de dezembro de 2013.
Conforme outros estudos sobre o EIR (Albuquerque et al., 2012; Côté et al., 2006), os dados
foram retirados da internet (http://www.itftennis.com/media/163622/163622.pdf) onde

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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encontram-se disponíveis e são de domínio público. As datas de nascimento dos sujeitos


foram distribuídas em “quartis” (Q) de acordo com o mês de nascimento (Q1 - janeiro a
março; Q2 - abril a junho; Q3 - julho a setembro; Q4 - outubro a dezembro). Para a análise
estatística foram realizados teste de Qui-Quadrado (χ²) para determinar os níveis de
significância (p ≤ 0,05) na comparação das frequências observadas com as frequências
esperadas na distribuição por quartis. Os valores de frequência esperados para o estudo
foram estimados com base em uma distribuição uniforme de nascimentos durante o ano.
Esta estratégia é frequentemente usada quando são realizadas pesquisas com amostras
internacionais. Além da análise do total de sujeitos, foram testados também os subgrupos
formados pelos anos de nascimento (1995, 1996, 1997, 1998, 1999 e 2000). Odds Ratio
(OR) ou razão de chances foram calculados para observar a relação dos valores obtidos
para Q1, Q2 e Q3 em comparação com Q4. Os OR foram interpretados como tamanhos de
efeito (pequeno, médio e grande), com valores de referência 1,22; 1,86 e 3,00,
respectivamente.

RESULTADOS: A Tabela 1 mostra a distribuição das frequências de nascimento e o valor


de Qui-Quadrado para o total da amostra (2.441 sujeitos) e para cada um dos subgrupos
definidos pelo Ano de Nascimento.

Tabela 1: Frequências, valores de Qui-quadrado e tamanho de efeito para o total da


amostra e subgrupos Ano de Nascimento
Número e % de jogadores por quartil
Q1 Q2 Q3 Q4 χ² p*
Total 733 719 540 449 94,766 ,000
(30,03%) (29,46%) (22,12%) (18,39%)
1995 160 169 129 130 8,612 ,035
(27,21%) (28,74%) (21,94%) (22,11%)
1996 220 250 173 141 35,949 ,000
(28,06%) (31,89%) (22,07%) (17,98%)
1997 208 178 148 119 27,018 ,000
(31,85%) (27,26%) (22,66%) (18,22%)
1998 112 96 74 52 24,563 ,000
(33,53%) (28,74%) (22,16%) (15,57%)
1999 29 21 15 7 (9,72%) 14,444 ,002
(40,28%) (29,17%) (20,83%)
2000** 4 (40%) 5 (50%) 1 (10%) - - -

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*p ≤ 0,05; ** Para o subgrupo dos atletas nascidos em 2000, 3 células (100,0%) possuem
frequências esperadas menores que 5.
Os resultados para o total da amostra e para cada um dos subgrupos apontam diferença
significativa entre as frequências observadas e as esperadas. Os valores de χ² apontam
uma distribuição das frequências observadas estatisticamente diferente em relação ao
esperado em todos os grupos onde χ² foi calculado. A Tabela 2 apresenta a odds ratio,
utilizada para avaliar o tamanho de efeito entre os quartis para o total da amostra e para
cada um dos subgrupos.

Tabela 2: Odds ratio entre os quartis para o total da


amostra e subgrupos Ano de Nascimento, com base nas
frequências observadas (fo) e esperadas (fe)
Q1 x Q4 Q2 x Q4 Q3 x Q4
Total 1,63 (1,39- 1,60 (1,36- 1,20 (1,02-
1,92) 1,88) 1,42)
1995 1,23 (0,89- 1,30 (0,94- 0,99 (0,71-
1,70) 1,80) 1,39)
1996 1,56 (1,17- 1,77 (1,33- 1,23 (0,91-
2,08) 2,37) 1,65)
1997 1,75 (1,28- 1,50 (1,09- 1,24 (0,90-
2,39) 2,06) 1,72)
1998 2,15 (1,38- 1,85 (1,17- 1,42 (0,89-
3,37) 2,91) 2,27)
1999 4,14 (1,45- 3,00 (1,02- 2,14 (0,71-
11,87) 8,80) 6,50)

Os resultados confirmam a presença do EIR entre os tenistas juniores ranqueados pela ITF,
tanto para o total da amostra quanto para os subgrupos “anos de nascimento”. Isso mostra
que os sujeitos relativamente mais velhos levam vantagem ao longo de toda formação,
vantagens estas que irão impactar na distribuição desigual das datas de nascimento
também na fase adulta (Edgar & O’Donoghue, 2005).

Um dos motivos que pode explicar a presença do EIR também nos subgrupos “anos de
nascimento” pode ser a forma de organização dos torneios da ITF. Apesar do ranking
contemplar seis faixas etárias distintas, os torneios promovidos pela federação são
divididos em categorias de dois anos (sub-14, sub-16 e sub-18), em um formato muito
parecido com o de outros esportes onde o EIR também foi detectado. Se todos os
ranqueados, dos 13 aos 18 anos, participassem dos mesmos torneios, é provável que os

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tenistas mais velhos, de 17 e 18 anos, se destacassem, gerando uma sensível diferença


na representatividade das faixas etárias. Uma constatação importante é que o tênis, mesmo
com características particulares (ex. modalidade individual, sem contato físico), não inibe
as vantagens físicas, cognitivas e psicológicas que sujeitos mais maduros obtém durante o
desenvolvimento em relação aos indivíduos com maturação tardia.

CONCLUSÃO: Nesse sentido, faz-se necessário pensar outras formas de organização


para as competições do tênis em nível mundial e uma outra lógica para a elaboração do
ranking de juniores, de forma a que o EIR possa ser minimizado e igualdade de condições
e oportunidades sejam dadas, de forma equilibrada, a todos aqueles que optam pela
formação esportivas, para que, o talento esportivo seja verdadeiramente reconhecido e
trabalhado e deixe de ser confundido estágios avançados de maturação.

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748

A INSERÇÃO DE JOGADORES CURINGAS E A EFICIÊNCIA DO COMPORTAMENTO


TÁTICO DURANTE OS JOGOS REDUZIDOS E CODICIONADOS

*
Maickel Bach Padilha NUPEF-UFV / FADEUP
Guilherme Figueiredo Machado NUPEF-UFV
Israel Teoldo da Costa NUPEF-UFV
maickel.bpadilha@gmail.com

RESUMO: Este estudo teve por objetivo analisar a influência de jogadores curingas sobre
o comportamento tático de jogadores de Futebol em jogos reduzidos e condicionados.
Participaram deste estudo 168 jogadores de Futebol da categoria Sub-17 com um total de
24068 ações táticas avaliadas. O instrumento utilizado foi o Sistema de Avaliação Tática no
Futebol, FUT-SAT. O teste ocorreu em duas configurações distintas, a primeira “sem
curinga” e a segunda “com curingas”. Foi utilizado o teste de Wilcoxon (z) e adotado um
nível de significância de p<0,05. Foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas entre as duas configurações de jogo, sem curinga e com curingas, para a
eficiência do comportamento tático no percentual de erro em fase defensiva e para o
percentual de erro total do jogo. Foi identificado neste estudo que a presença dos jogadores
curingas influenciou a eficiência do comportamento tático durante a fase defensiva e na
totalidade da prática do jogo.
PALAVRAS-CHAVE: Futebol, Tática, Jogos reduzidos e condicionados

INTRODUÇÃO: Para uma formação esportiva que promova a compreensão dos


comportamentos táticos realizados pelos jogadores em um jogo de Futebol, são
necessários estímulos que ofereçam um repertório diversificado de ações durante os
Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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treinamentos. Uma das opções que tem sido utilizada por treinadores e amplamente
discutida por investigadores é a utilização dos jogos reduzidos e condicionados durante as
sessões de treino (FORD; YATES; WILLIAMS, 2010; CLEMENTE; MARTINS; MENDES,
2014). Os jogos reduzidos e condicionados permitem oferecer aos jogadores a diversidade
de comportamentos na gestão dos espaços em campo, através de condicionantes que
simulem as demandas reais do jogo de Futebol, dentre elas, a diferença numérica
(TRAVASSOS et al., 2014).
Além de possibilitar configurações que propiciem a diferença numérica entre as equipes
(e.g. 5x3, 4x3), os jogos reduzidos e condicionados permitem aos treinadores a utilização
de jogadores curingas posicionados em diferentes locais do campo de jogo (e.g. laterais do
campo) (HILL-HAAS et al., 2009). Além disso, permitem estimular durante o jogo a transição
entre superioridade e inferioridade numérica entre as equipes, de maneira que induzam os
comportamentos dos demais jogadores diante destas situações e propicie um ambiente
favorável para o ensino do jogo de Futebol (HOLT; STREAN; BENGOECHEA, 2002). Desta
forma o objetivo do presente estudo foi verificar a influência de jogadores curingas sobre a
eficiência tática dos jogadores de Futebol em jogos reduzidos e condicionados.

MÉTODOS:
Amostra: Foram avaliadas um total 24068 ações táticas (11401 ofensivas e 12667
defensivas) realizadas por 168 jogadores de Futebol pertecentes à clubes brasileiros da
categoria Sub-17. Como critério de seleção os avaliados deveriam participar de um
programa de treinamento sistematizado, bem como estar vinculados aos seus clubes e
registrados na Federação de Futebol. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (CEPH) (Of. Ref. Nº
133/2012/Comitê de Ética) e atende às normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de
Saúde (466/2012) e pelo tratado de Ética de Helsinki (1996) para pesquisas realizadas com
seres humanos.
Instrumento: Foi utilizado o Sistema de Avaliação Tática no Futebol, FUT-SAT,
desenvolvido e validado por Teoldo e colaboradores (2011), que permite avaliar as ações
táticas com e sem bola, executadas pelos jogadores com base nos dez princípios táticos
fundamentais do jogo de Futebol, divididos em cinco ofensivos: (i) penetração; (ii) cobertura
ofensiva; (iii) espaço; (iv) mobilidade; (v) unidade ofensiva; - e cinco defensivos: (vi)

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
750

contenção; (vii) cobertura defensiva; (viii) equilíbrio; (ix) concentração; (x) unidade
defensiva.
Procedimentos: O teste de campo foi realizado em um campo com dimensões de
36mx27m (Comprimento x Largura), e uma câmera foi posicionada na diagonal do campo
em relação às linhas de fundo e lateral, para a gravação das imagens. Para o início do
teste, os participantes foram agrupados aleatoriamente em duas equipes com a seguinte
configuração: “GR+3 vs. 3+GR”. Antes do início do teste, todos os jogadores foram
devidamente informados sobre os procedimentos e objetivo da pesquisa.
O teste foi realizado em duas configurações distintas. Na primeira, denominada “sem
curinga” (GR+3x3+GR), os jogadores foram submetidos a jogarem sem a presença dos
jogadores curingas e orientados a jogarem de acordo com as regras oficiais do jogo de
Futebol, exceto à regra do impedimento. Na segunda, denominada “com curinga”
(GR+3x3+GR)+2, os jogadores foram submetidos à mesma forma de jogo, porém foram
informados sobre a presença e utilização de jogadores curingas de apoio ofensivo nas
laterais do campo. Todas as dúvidas do jogo em relação à utilização dos jogadores curingas
foram esclarecidas aos jogadores. Em ambas as situações o teste teve duração de quatro
minutos e oportunizou-se 30 segundos de “familiarização” antes do início efetivo dos testes.
Materiais: Para a gravação dos jogos foi utilizada uma câmera digital SONY, modelo HDR-
XR100. O material de vídeo foi introduzido, em formato digital, em um computador portátil
(HP pavilion dv4 1430us), via cabo USB, e convertido em arquivo “.avi.” através do software
Format Factory Video Converter. Inc. Para o tratamento das imagens e análise dos jogos
foi utilizado o software Soccer Analyser®.
Análise estatística: Foi realizada análise descritiva de média e desvio padrão para as
variáveis das categorias. Para verificar a distribuição dos dados foi utilizado o teste
Kolmogorov-Smirnov. Para comparar as médias das variáveis das duas configurações de
jogo foi utilizado o teste de Wilcoxon (z) para os dados que não apresentaram normalidade.
Foi adotado um nível de significância de p<0,05.
Para verificar a fiabilidade das observações participaram do procedimento três
avaliadores e foi utilizado o método teste-reteste respeitando um intervalo de três semanas
para a reanálise, evitando problemas de familiaridade com a tarefa (ROBINSON;
O'DONOGHUE, 2007). Para o cálculo da fiabilidade recorreu-se ao teste Kappa de Cohen.
Para aferição das análises foram reavaliadas um número de ações superior ao sugerido

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751

pela literatura (10%) (TABACHNICK; FIDELLI, 2007). Para a configuração “sem curinga” os
valores da fiabilidade intra-avaliador indicaram o mínimo de 0.888 (ep=0.007) e o máximo
de 0.985 (ep=0.003) e, no processo inter-avaliadores, os valores apresentaram o mínimo
de 0.810 (ep=0.024) e o máximo de 0.989 (ep=0.011). Para a configuração “com curinga”
os valores para intra-avaliador indicaram o mínimo de 0.847 (ep=0.006) e o máximo de
0.962 (ep=0.005). No processo inter-avaliadores os valores apresentaram o mínimo de
0.819 (ep=0.013) e o máximo de 0.963 (ep=0.012). Para o tratamento dos dados foi
utilizado o software SPSS (Statistical Package for Social Sciences) for Windows®, versão
18.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados da eficiência (percentual de erro) do


comportamento tático para as fases de jogo presentes na Tabela 1, indicam diferenças
estatisticamente significativa entre as configurações de jogos reduzidos e condicionados
"sem curinga" e "com curinga", para as ações realizadas durante a fase defensiva (Z= -
11,162; p<0,001) e para os valores totais de jogo (Z= -2,445; p=0,015).

Tabela 1: Médias e desvios padrão do percentual de erro das fases de jogo das
configurações "sem curinga" e "com curinga".
Sem Curinga Com Curinga
Percentual de erro Média DP Média DP p
Fase Ofensiva 17,57 11,51 15,98 11,74 0,106
Fase Defensiva 30,24 13,96 27,75 13,40 <0,001*
Total de jogo 23,90 10,60 21,86 9,88 0,015*
*Diferenças estatisticamente significativas. p<0,05; p<0,001.

Diferenciando a prática de jogo “sem curinga” e "com curinga”, foi identificado neste
estudo que a presença dos jogadores curingas influenciou a eficiência do comportamento
tático durante a fase defensiva e para o total de jogo.
Em função da inferioridade numérica em fase defensiva, a eficiência do
comportamento tático durante o jogo com a presença dos curingas, parece proporcionar
melhor gestão dos espaços do campo de jogo. Assim, a realização eficiente dos
comportamentos em fase defensiva tende a favorer a busca pela compactação e diminuição
dos espaços livres entre os jogadores, ao estimular a aproximação e o aumento do número

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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de jogadores entre a bola e à baliza, objetivando dificultar as ações do adversário (Owen et


al., 2004; Teoldo et al., 2011).
A respeito da fase ofensiva, os resultados não indicaram diferenças entre as
configurações de jogo. Por outro lado, apresentaram diferenças na eficiência dos
comportamentos ao comparar o total de jogo. Neste sentido a literatura destaca que o
aumento do número de jogadores para a continuidade das ações do jogo de Futebol,
favorece a construção da sequência ofensiva das equipes e a troca de passes entre os
jogadores ao buscar o objetivo do jogo: o gol (Abrantes et al., 2012).
A utilização de jogadores curingas como condicionamente de treinamento permitem
aos treinadores simularem a diversidade de ações dos jogadores em situações de
desigualdade numérica em espaços reduzidos de jogo..

CONCLUSÃO: Foi identificado neste estudo que a presença dos jogadores curingas
influenciou a eficiência do comportamento tático durante a fase defensiva e no total da
prática do jogo. Durante a fase defensiva, a presença dos curingas favorece a realização
eficiente dos comportamentos, bem como estimula a compreensão dos jogadores em
situações que ocorram a desvantagem numérica. Além disso promove a eficiência do
comportamento para a total do jogo. A utilização dos jogos reduzidos e condicionados no
processo de ensino do Futebol, auxiliam os jogadores na melhoria do conhecimento tático
e na compreensão do jogo para o processo de formação e na prestação esportiva dos
jogadores de Futebol.

AGRADECIMENTOS: Este trabalho teve o apoio da FAPEMIG, da SETES-MG através da


LIE, da CAPES, do CNPq, da FUNARBE, da Reitoria, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós- -
Graduação e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal de
Viçosa.

REFERÊNCIAS:

CLEMENTE, F. M.; MARTINS, F. M. L.; MENDES, R. S. Periodization Based on Small-


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(Lippincott Williams & Wilkins), v.36, n.5, p.34-43. 2014.

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HILL-HAAS, S. V.; DAWSON, B. T.; COUTTS, A. J.; ROWSELL, G. J. Physiological
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HOLT, N. L.; STREAN, W. B.; BENGOECHEA, E. G. Expanding the Teaching Games for
Understanding Model: New Avenues for Future Research and Practice. Journal of
teaching in Physical Education, v.21, n.2, p.162-76. 2002.
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performance analyses of sport. International Journal of Performance Analysis in Sport,
v.7, n.1, p.12-9. 2007.
TABACHNICK, B. G.; FIDELLI, L. S. Using Multivariate Statistics. Harper e Row
Publishers, new York, v.5, p.p.17-30. 2007.
TEOLDO, I.; GARGANTA, J.; GRECO, P. J.; MESQUITA, I.; MAIA, J. Sistema de avaliação
tática no futebol (FUT-SAT): Desenvolvimento e validação preliminar. Revista Motricidade,
v.7, n.1, p.69-84. 2011.
TRAVASSOS, B.; VILAR, L.; ARAÚJO, D.; MCGARRY, T. Tactical performance changes
with equal vs unequal numbers of players in small-sided football games. International
Journal of Performance Analysis in Sport, v.14, n.2, //, p.594-605. 2014.

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COMPARISON OF AEROBIC CAPACITY AMONG BRAZILIAN FEMALE SOCCER’S


NATIONAL TEAMS FROM U15 TO U20 CATEGORIES.

Guilherme Passos Ramos / CBF - LAFISE - UFMG


Thiago Teixeira Mendes / UFMA
Christiano Veneroso / UFMA
Wanderley Junior Brilhante / CBF
Cândido Celso Coimbra / LAFISE - UFMG

ABSTRACT: The aim of this study was to compare the aerobic capacity of high-level women
soccer athletes' from under 15 years old to under 20 years old categories. One hundred and
fifty two (n = 152) female soccer players from the Brazilian National Soccer Team
participated in this study. They were requested to perform the Yo-Yo IR1 test which is a
commonly test applied to estimate the aerobic capacity in soccer players. The total distance
covered in the Yo-Yo IR1 was significantly different between all age categories (p < 0.05)
showing increased distance covered according with the older ages (U15 = 569.8 ± 138; U17
= 713.2 ± 224; 838.1 ± 236; p<0.05). The present study showed that aerobic capacity
improved with increasing age.

INTRODUCTION: The increase in popularity of women`s soccer has grown worldwide and,
during the last 2 decades, become one of the most popular woman`s sport practiced for over
than 29 million of female players. Recent studies have demonstrated that during a match
professional female players cover distances around 9-11 km (VESCOVI, 2012) and perform

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more than 120 high-intensity sprints. Thus high-aerobic capacity is a strongly required
physical capacity since soccer athletes repeatedly perform these explosive activities with
short recovery periods during the entire 90 minutes of the soccer match. Despite the
increased popularity and professionalization of women’s football, there is still limited
scientific information about female players conditioning especially in countries where the
sport is still growing in popularity, such as, in Latino America countries (LAGUNAS et al.
2014). Thus, the aim of this study was to compare the aerobic capacity of high-level women
soccer athletes' from under 15 years old to under 20 years old categories.

METHODS: One hundred and fifty two (n = 152) female soccer players from the Brazilian
National Soccer Team participated in this study that was previously approved by the
Research Ethics Committee of the Federal University of Minas Gerais, Brazil. Twenty-five
players were members of the under 15 years old team (U15), twenty-five from the under 17
years old team (U17), thirty-nine from the under 20 years old team (U20). In case of some
player being part of two different age teams (ie. U17 and U20), they were grouped with the
youngest age group that they could play for. Physical tests and all measurements were
performed during the morning (8 am - 10 am) and were performed in a natural grass field.
For the Yo-Yo Intermittent Recovery Test each athlete performed repeated pairs of 20-m
runs at progressively increasing speeds controlled by audio bleeps, according to Krustrup
et al. (2003). The rest interval between runs was standard at 10 seconds, during which
participants completed a 10-m walk. Participants were required to start each shuttle from a
stationary position and the time allowed for the shuttles was progressively decreased. The
test was finished when the subjects failed twice to reach the starting line or the participant
felt unable to complete another shuttle at the dictated speed.

RESULTS: The total distance covered in the Yo-Yo IR1 (Figure 1) was significantly
different between all age categories (p < 0.05) showing increased distance covered
according with the older ages (p<0.05).

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1200

1000 a

800
YO -YO test (m )

600

400

200

0
U 15 U 17 U 20

Figure 1. Total distance covered in Yo-Yo IR1 test in each age categorie.
a
different from Under 15; b different from Under 17.

CONCLUSION: The presente study showed that aerobic capaity improved with increasing
age. Thus the ability o perform intermittent high-intensity exercise for prolonged periods of
time, as measured by the Yo-YoIR1, constitutes an important capacity that diferenciate age
categories in high level female soccer players. Recently, the Yo-YoIR1 has been reported
to be related to the ability to perform bouts of high intensity exercise during men’s and
women’s football (Krustrup et al., 2005). Consequently, the better Yo-YoIR1 performance
found in older female players compared with their younger counterparts reveals the need to
possess a high level of specific endurance to compete in high level.

REFERENCES:

MARTINEZ-LAGUNAS, V.; NIESSEN, V.; HARTMANN, U. Women’s football: Player


characteristics and demands of the game. Journal of Sport and Health Science. p. 1 -15.
2014.

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KRUSTRUP, P.; MOHR, M.; ELLINGSGAARD, H.; BANGSBO, J. Physical demands during
an Elite Female Soccer Game. Medicine and Science in Sports and Exercise. v.7, n.37,
p.1242-1248, 2005

VESCOVI, J. D. Sprint profile of professional female soccer players during competitive


matches: Female Athletes in Motion (FAiM) study. Journal of Sports Sciences. v.30, n.
12, p.1259–1265, 2012.

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RELATOS ORAIS DA TRAJETÓRIA DO BASQUETEBOL FEMININO BRASILEIRO


Luiza Darido da Cunha/ DEF – UNESP
Pedro Lucas Pêgo/ DEF- UNESP
Dagmar Hunger/ DEF – UNESP

RESUMO: Na presente pesquisa qualitativa analisou-se especificamente, dois momentos


distintos da seleção feminina de basquetebol brasileiro, sendo o Mundial de 1994 e as
Olimpíadas de 2000, objetivando-se evidenciar e comparar as principais determinantes
relativas ao desempenho atlético das jogadoras e consequentes resultados internacionais.
Realizou-se revisão da literatura referente à: a) trajetória do basquetebol feminino brasileiro;
b) pedagogia do esporte e c) memória esportiva. Por intermédio da técnica de entrevista
semiestruturada foram coletados sete depoimentos, sendo de cinco atletas e dois técnicos
das seleções. Fundamentada na abordagem da Pedagogia do Esporte e no método Análise
de Conteúdo, discutiu-se a problemática em questão conforme os eixos: a) Referencial
socioeducativo e b) Gestão esportiva. Concluiu-se diferenciados investimentos e atuações
em termos de gestão esportiva e, não obstante, o destaque de uma geração talentosa, não
prevaleceu a continuidade e ascensão da modalidade.

Palavras-Chave: Basquete Feminino – História – Pedagogia do Esporte


INTRODUÇÃO: O basquetebol feminino brasileiro possui importantes conquistas no
cenário internacional, especialmente na década de 90 e inicio dos anos 2000. Podemos
citar como principais conquistas da seleção feminina nesse período o campeonato mundial
de 1994, a medalha de prata nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996 e a medalha de bronze
nas Olimpíadas de Sidney, em 2000. Com base nessas informações consideramos
relevante analisar a história da seleção feminina de basquete, sob a óptica de seus sujeitos
(atletas e comissão técnica), a fim de aprofundar e conhecer melhor como foram os
bastidores destas conquistas, as dificuldades e tensões neste processo e, especialmente,
no âmbito da Pedagogia do Esporte, por intermédio dos referencias socioeducativos,
entender como era o contexto competitivo da seleção brasileira.
Ao se tratar de mulheres no campo do esporte, vê se a necessidade de reinterpretar o seu
contexto histórico e valorizar o seu desempenho no âmbito dos campeonatos
internacionais, uma vez que essas histórias nem sempre são relatadas e reconhecidas. Um

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fato importante de destacar é que o Brasil é chamado comumente de país que não possui
memória esportiva, ainda mais se tratando de esportes que não dizem respeito ao futebol.
Para que se tenha uma ideia, em sua biografia, o tenista Gustavo Kuerten relata que
somente aos 17 anos ficou sabendo da história e das conquistas da maior jogadora de tênis
do país, Maria Esther Bueno:
Uma lenda, ela ganhou 71 títulos. Por dois anos consecutivos, 1959 e 1960, foi a número
1 do mundo. Venceu 18 torneios de Grand Slam, na simples e em duplas. Foi finalista do
Aberto da Austrália e em Roland Garros, tricampeã de Wimbledon e tetra no US Open. Ela
é, disparado, a maior tenista da nossa história.Mas, a falta de informação era tanta que até
a adolescência eu mal sabia que eles existiam (KUERTEN, 2014, p. 19).
É necessário registrar a história do basquetebol e sobretudo das mulheres, que nas
palavras de Goellner:
Basta ler muitos documentos que se propõem a contar a história de várias modalidades
esportivas e o que encontramos é a narrativa histórica dos homens! Pouca ou nenhuma
menção se faz as mulheres, como se elas não tivessem participação alguma na
estruturação do esporte brasileiro. Com isso quero afirmar que a falta de registro sobre as
mulheres no esporte não significa a sua ausência, mas a ausência de registros sobre essa
participação (2012, p. 45).

Assim, justifica-se a presente pesquisa, na qual se busca efetivamente contribuir com a


memória dos esportes em nossa cultura, principalmente em se tratando de registrar os
momentos das mulheres, visto que se encontram poucos documentos, o que significa que
a sua prática não é inexistente, mas sim pouco considerada. Apresentamos as entrevistas
realizadas com as atletas da Seleção brasileira da década de 90, buscando articular em
conformidade com o método de abordagem da história oral, mas, especificamente,
registrando e preservando parte da história do basquete feminino brasileiro. Conforme
Goellner (2007, p.175)
O campo acadêmico “História das Mulheres” buscou se diferenciar da historiografia oficial
que, de certa maneira, ao abordar a História dos homens como da espécie e não do gênero,
acabou por cunhar a memória da humanidade e sua História a partir do masculino.

Diante disso, o objetivo da pesquisa foi analisar e evidenciar as principais determinantes


relativas ao desempenho técnico das jogadoras e os consequentes resultados no âmbito
internacional, como o campeonato mundial de 1994 e o declínio da equipe na década dos
anos 2000, sob a óptica das atletas e dos técnicos envolvidos diretamente nesse contexto.
MÉTODO: De acordo com André (1995), no estudo de caráter qualitativo, enfatiza a autora,
é essencial a visão holística dos fenômenos, considerando as interações e as influências

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760

existentes entre todos os componentes de uma situação, não aceitando que a realidade
seja algo externo ao sujeito. Por intermédio da técnica de entrevista semiestruturada foram
coletados cinco depoimentos de atletas e dois depoimentos de técnicos, ambos os grupos
fizeram parte da Seleção Feminina de Basquete entre a década de 1990 e 2000. Os
depoentes autorizaram a gravação de entrevistas, transcrição, análise e publicação.
A entrevista semiestruturada se constitui como uma técnica alternativa para se coletar
dados não documentados, caracterizando-se como um instrumento por excelência da
investigação social e de análise qualitativa, no sentido de possibilitar uma melhor
compreensão da construção da estratégia de ação e das representações de grupos ou
indivíduos em uma dada sociedade (AMADO E FERREIRA, 1996). Fundamentada na
abordagem da Pedagogia do Esporte e no método Análise de Conteúdo (FRANCO, 2008),
discutiu-se a problemática em questão, conforme os eixos: a) método socioeducativo e b)
gestão esportiva.
RESULTADOS: Considerando-se o método socioeducativo, no âmbito da pedagogia do
esporte, como: “uma área das Ciências do Esporte que trata de questões ligadas ao
processo de ensino, vivência, aprendizagem e treinamento de modalidades esportivas,
portanto, trata do ensino do esporte e por meio do esporte” (LEONARDI; GALATTI; PAES,
2009), constatou-se o comprometimento por parte de atletas e, também, da comissão
técnica, ou seja:
“O sucesso da equipe atribuo a duas coisas fundamentais, a qualidade das jogadoras e
união das jogadoras e a comissão técnica competente e harmônica.” Técnico 1
“elas ganharam realmente na raça na união do time e no individual que realmente aquelas
meninas eram muito boas” Atleta 2
“Nós víamos a Hortência arremessando depois do treino e a gente voltava pro hotel, depois
nós pensamos, poxa, depois disso, todo mundo ficava 40 minutos arremessando após o
treino” Atleta 3
“Aquele time tinha isso, uma líder, era isso que a Paula era para aquelas meninas, uma
referência dentro e fora de quadra. É o que falta hoje pra Seleção.” Técnico 2
Porém, em outro momento destacam-se as seguintes considerações da Atleta 4:

“Em 2008, Pequim, a gente o time teve uma preparação legal o time tava legal acabamos
perdendo jogos fáceis, mas o clima que estava por trás dos bastidores não era legal, era
aquela coisa.”
Então aquela relação de técnica jogadora não tava legal, não era estreita essa relação, tipo
era meio que uma guerrinha com as jogadoras e o técnico,(...) , briozinhos, coisinhas de

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jogadoras era aquela coisa que ficava distante, o time tava muito junto, muito unido assim,
a nossa convivência diária era muito legal mas não tinha isso com o técnico então ficava
aquela coisa a da nada perder, não tinha aquela preocupação, o porquê da gente estar
vestindo uma camisa da seleção” Atleta 2
“Sabe, hoje a Seleção não tem uma característica, você não sabe quem é quem, o técnico
muda a todo momento, falta uma identidade.” Atleta 2
Da gestão esportiva, apresentam-se os seguintes depoimentos:
Em sua bibliografia (p. 208), Magic Paula comenta sobre sua relação com a Seleção
Brasileira:
“Eu não suporto mais a Seleção. A gente fica esperando pra ser convocada, é uma emoção. Mas, quando
CBB resolve fazer um torneio, é sempre em cima da hora sem qualquer organização. Não se trata de técnico.
O Barbosa era roupeiro, massagista, dietista, era tudo. Nós queremos uma Seleção que planeje, que leve a
sério.”
Com essa declaração na época em que Paula ainda era atleta, foi ameaçada de suspensão
da Seleção, porém reagiu e disse que a quem perguntasse iria falar isso. Depois de ter sido
campeã do Mundo, Paula comentou: “Eu não posso falar, senão serei punida, é a ameaça
que me fizeram. Mas a desorganização continua a mesma”.
O entrevistado 1 respondendo sobre o que acha da situação atual da CBB, diz:
“Caótica, caótica, já era uma desgraça anunciada quando esse presidente, você tem que separar a pessoa
do diretor, pessoa ótima né, simpática, gentil, mas não é gestor, não é gestor, nunca teve vivência experiência
de ter sido gestor de nada, e aquele cara que nunca sabe falar não, e se assessorou mal ainda, pior ainda, e
hoje a CBB tem aí uma dívida acumulada aí, o balanço apareceu aí de 8 milhões mas maquiaram o balanço
para que não aparecesse, lógico no balanço aparece os documentos que tem lá, você não entrega os
documentos pra quem faz o balanço não vai constar, mas parece que já está em torno de 14 milhões, agora
quem é que vai querer investir numa empresa que deve 14 milhões ela deve 14, tem um patrocínio de 5 da
Eletrobrás, de 2, 3 mais ou menos da Lei Piva, são 8 deve 14 então é totalmente em solvência”

CONCLUSÃO: Constatamos e registramos as dificuldades e críticas referentes,


especialmente, à gestão do basquetebol feminino no Brasil; um país com a nossa dimensão
e sendo tão pouco desenvolvido o esporte basquetebol feminino em seu grande território
nacional, com poucos clubes nacionais. Verificamos que os limitados investimentos
financeiros, administrativos, técnicos e formativos se apresentam desde os anos 90, não
obstante o fato de se ter uma geração muito talentosa, como foi o caso de Paula e Hortência
jogarem juntas, a vinda da Janeth e o surgimento da Alessandra, as quais contribuíram
para ser a melhor geração que o país assistiu. No entanto, o sucesso do basquetebol
feminino dessa época, não foi suficiente e de nada serviu o seu prestígio, o qual poderia ter
sido mais bem aproveitado, com políticas esportivas e centros de formação investindo nas
futuras gerações.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Em suma, por intermédio do método da história oral e memória do basquetebol feminino


brasileiro ora apresentada, concluímos que a ascensão e consolidação do esporte na
atualidade dependem diretamente de políticas públicas eficientes e da melhor qualidade de
um trabalho profissional bem planejado por parte de políticos, dirigentes, educadores,
equipes técnicas e atletas.

REFERÊNCIAS

AMADO, J.; FERREIRA, M. M. (Orgs.). Usos & abusos da história oral. Rio de Janeiro:
Fundação Getúlio Vargas, 1996.
CRUIKSHANK, J. Tradição oral e história oral: revendo algumas questões. In: FERREIRA,
M. M.; AMADO, J. (Orgs) Usos e abusos da História Oral. Ed. 8., Rio de Janeiro: FGV,
2006. p. 150 – 164.
DAIUTO, M. Basquetebol origem e evolução. São Paulo, Iglu, 1991.
FERREIRA, H. B; PAES, R. R. O ensino das tarefas desportivas: Relato de experiência
do programa de iniciação esportiva SESC/Campinas. Rev. Portuguesa de Ciências do
Desporto, v. 4, n. 2, 2004, p. 365-366.
FRANCO, M. L. P. B. Análise de Conteúdo. 3 ed. Brasília: Liber Livro editora, 2008,
pp. 69-79.
GOELLNER, S. V. Feminismos, mulheres e esportes: questões epistemológicas sobre o
fazer historiográfico. Movimento, Porto Alegre, v. 13, n. 2, p. 174 -196, mai/ago 2007.
GOELLNER, S. V. A importância do conhecimento histórico na formação de professores de
Educação Física e a desconstrução da história no singular. Revista Kinesis. v. 30, n.1,
Jan./Jun. 2012.
KUERTEN, G. Guga, um brasileiro. Rio de Janeiro: Sextante, 2014.
LEONARDI, T. J.; GALATTI, L. R.; PAES, R. R.: Pedagogia do esporte. O processo de
ensino, vivencia e aprendizagem dos jogos esportivos coletivos e sua relação com a
formação integral do individuo. In: II Congresso Internacional de Deportes de Equipo, 2009,
A Coruña. II Congresso Deportes de Equipo, 2009.
NETTO, C. E. Magic Paula: a trajetória de uma campeã. 2 ed. Piracicaba: Editora Unimep,
1995.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
763

OCORREM MUDANÇAS NA PERFORMANCE TÉCNICA APÓS UM TREINAMENTO


PERIODIZADO COM ÊNFASE NA CAPACIDADE TÉCNICA-TÁTICA EM JOVENS
FUTEBOLISTAS?
Luiz Guilherme Cruz Gonçalves / FMRP-USP
Rodrigo Leal de Queiroz Thomaz de Aquino / FADEUP
Enrico Fuini Puggina / EEFERP-USP
luiz.goncalves@usp.br
RESUMO: o objetivo deste estudo foi verificar os efeitos de 22 semanas de treinamento
periodizado com ênfase na capacidade técnica-tática sobre a performance técnica. Avaliou-
se a performance dos fundamentos técnicos ofensivos, tipos de passes e o local de
realização da ação dentro do campo pré (T0) e pós (T1) treinamento proposto. Foi possível
observar que o fundamento ofensivo que mais apareceu foi o toques 2 progressão em
ambos os momentos. Enquanto que a maioria das ações ocorrem no setor médio defensivo.
Pode-se concluir que essa equipe privilegia o jogo de posse de bola com progressão ao
alvo.

Palavras-Chave: Fundamentos ofensivos, Análise de Jogo, Futebol.

INTRODUÇÃO: Devido à natureza do jogo de futebol estar intimamente ligada à


imprevisibilidade, aleatoriedade e variabilidade das ações, evidencia-se durante o processo
de preparação do atleta a necessidade de estímulos que visam à compreensão do jogo na
sua vertente cognitiva, para assim executar com maior inteligência suas movimentações
(GARGANTA, 1998). Ou seja, tais movimentações têm de estar intimamente ligadas com
a execução tática e aplicação técnica do jogador.
Durante os jogos de futebol acontecem diversos gestos técnicos e uma das maneiras de
avaliar o aspecto técnico é por meio da análise de frequência de acontecimentos durante a
partida e onde acontecem essas ações (AÑON CAMBRE et al., 2014). Porém, existem
poucos estudos que conseguem entender, a partir dessa análise, o comportamento tático
e organizacional/estratégico de uma equipe adotada em uma partida e muito menos ao
longo de um período de treinamento.
Assim, se faz importante investigar de modo multidimensional os acontecimentos durante
as partidas, para que pesquisadores e treinadores possam entender como o processo de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
764

ensino e aprendizagem está acontecendo por meio da análise da performance técnica


dentro de um contexto de jogo.
Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi verificar os efeitos de 22 semanas de
treinamento periodizado com ênfase na capacidade técnica-tática sobre a performance dos
fundamentos ofensivos e dos tipos passes em jogos simulados de jovens futebolistas.

MÉTODOS: Participaram do estudo 10 jovens futebolistas (3 zagueiros, 2 laterais, 3 meio


campistas, 2 atacantes) do sexo masculino vinculados a um clube de futebol que disputa a
primeira divisão do estado de São Paulo. Considerou-se como critério de inclusão a
participação em 80% das sessões de treino e um ano ininterrupto de vínculo e treinamento
no clube. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (no. 710.998)
e estava de acordo com a declaração de Helsinki.
O modelo de periodização utilizado como base foi o proposto por Gomes (2009),
denominado cargas seletivas. Porém, realizou-se uma adaptação em relação a
estruturação do treinamento onde houve a predominância da capacidade tática-técnica em
todos os momentos da periodização.
A periodização deste estudo teve duração de 22 semanas, contendo quatro sessões de
treino por semana (segunda, terça, quarta e quinta feira), totalizando 96 sessões de 100-
120 minutos de duração cada, divididas em três etapas: etapa preparatória, seis semanas;
etapa competitiva I, caracterizada pela primeira metade da etapa de competição, oito
semanas; etapa competitiva II, representada pela segunda metade da etapa de competição,
oito semanas. Foram realizados 10 jogos oficiais no decorrer da competição alvo da
presente periodização, sendo quatro na etapa competitiva I e seis na etapa competitiva II.
Na etapa preparatória foram realizados dois jogos amistosos.
Os participantes foram submetidos a dois jogos simulados, um no início (T0) e outro no final
(T1) da periodização. Tal jogo foi realizado no campo (70 x 50 m) e horário habitual de
treinamento da equipe, com duração de 60 minutos (30’x15’x30’). Previamente ao início da
coleta, os futebolistas foram submetidos a um aquecimento padrão.
O jogo foi integralmente monitorado por duas câmeras de vídeo digitais (CASIO EX-FH25)
e ambas cobriram, aproximadamente, 3/4 da área total do campo. Em seguida, foi feita a
transferência das sequências de imagens para o computador.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
765

Para análise da performance ofensiva da equipe foi utilizado o software Skout 1.0.
Considerou-se os fundamentos técnicos ofensivos: finalização, inversão, lançamentos,
cruzamento e dos tipos de passes (1 toque manutenção, 1 toque progressão, 2 toques
manutenção, 2 toques progressão, 3 toques manutenção, 3 toques progressão, +3 toques
manutenção, +3 toques progressão) (AÑON et al., 2013). Além disso, analisou-se os locais
de realização no campo (Setor Defensivo, Setor Médio Defensivo, Setor Médio Ofensivo e
Setor Ofensivo) (GARGANTA, 1997). Foram considerados apenas os fundamentos bem-
sucedidos. Posteriormente, houve a tabulação dos dados em uma planilha no Excel para
Windows®.
Para apresentação dos dados foi realizada uma análise descritiva, evidenciando os
números de fundamentos ofensivos e dos tipos de passes acontecidos no 1º e 2º tempo,
do jogo e dos locais de realização no campo. Além disso, foi realizado a porcentagem do
delta de variação entre os 1° e 2º tempos, do jogo e dos locais de realização no campo.

RESULTADOS: Observa-se na tabela 1 os valores dos fundamentos ofensivos e dos tipos


de passes realizados nos dois jogos simulados (T0 e T1) e a porcentagem do delta de
alteração do 1º, 2° e do jogo entre os momentos pré e pós treinamento. Verifica-se que no
jogo simulado (T0) o tipo de passe – toques progressão +2 é a variável mais encontrada,
enquanto que no jogo simulado (T1) a mesma dinâmica continua. Ademais, a maior
porcentagem do delta de alteração ocorre com a finalização entre os 1° tempos, por outro
lado o lançamento não sofreu nenhuma mudança.
Tabela 1 – Fundamentos ofensivos e dos tipos de passes realizados no 1° e 2° tempo dos
jogos simulados nos momentos pré (T0) e pós (T1) treinamento (n=10).
T0 T1
% do % do %
Tipo 1° 2° 1° 2° Δ do Δ do do Δ
Jog Jog
Temp Temp Temp Temp 1° 2° do
o o
o o o o Temp Temp Jog
o o o
Cruzament
3 4 7 1 6 7 -200 33 0
o
Inversão 0 1 1 1 3 4 100 66 75
Lançament
6 6 12 6 4 10 0 -50 -20
o
Finalização 10 11 21 3 12 15 -233 8 -40
Toq 1 man. 22 25 47 17 23 40 -29 -8 -17

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Toq 1 prog. 23 29 52 13 10 23 -76 -190 -126


Toqs 2
23 40 63 9 13 22 -155 -207 -186
man.
Toqs 2
24 40 64 22 23 45 -9 -73 -42
prog.
Toqs 3
8 30 38 10 15 25 20 -100 -52
man.
Toqs 3
5 18 23 12 12 24 58 -50 4
prog.
Toqs +3
8 5 13 7 16 23 -14 68 43
man.
Toqs +3
5 12 17 14 15 29 64 20 41
prog.
Total 137 221 358 115 152 267 -19 -45 -34
Nota: toqs: toques; man.: manutenção; prog.: progressão; % do Δ: porcentagem do delta
da alteração.

Em relação aos locais de realização dos fundamentos ofensivos e dos tipos de passes
realizados (Tabela 2), verifica-se que a maioria das ações acontece no setor médio
defensivo, tanto no jogo simulado T0 quanto no jogo simulado T1. Por outro lado, no setor
defensivo onde ocorre a minoria dos fundamentos ofensivos e dos tipos de passes, esse
comportamento é apresentado em ambos os jogos (T0 e T1).
Tabela 2 – Fundamentos ofensivos e dos tipos de passes realizados nos jogos simulados
(T0 e T1) de acordo com os locais de realização no campo (n=10).
T0 T1
Tipo Jogo Jogo
SD SMD SMO SO SD SMD SMO SO
Cruzamento 0 0 0 7 0 0 0 7
Inversão 0 1 0 0 1 2 1 0
Lançamento 4 7 0 1 4 4 2 0
Finalização 0 0 0 21 0 0 0 15
Toq1 man. 8 10 11 18 3 11 14 12
Toq1 prog. 13 9 24 6 7 7 7 2
Toqs 2 man. 15 19 16 13 3 9 6 4
Toqs 2 prog. 17 28 11 8 14 19 11 1
Toqs 3 man. 6 13 14 5 1 11 10 3
Toqs 3 prog. 6 6 9 2 7 9 5 3
Toqs +3 man. 2 5 4 2 6 4 7 6

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Toqs +3 prog. 3 6 8 0 5 6 17 1
Total 74 104 97 83 51 82 80 54
Nota: toqs: toques; man.: manutenção; prog.: progressão; SD: setor defensivo; SMD:
setor médio defensivo; SMO: setor médio ofensivo; SO: setor ofensivo.

Na tabela 3, verifica-se as porcentagens dos deltas de alterações dos fundamentos


ofensivos e dos tipos de passes realizados em cada local no campo. No setor defensivo
apresenta toques 3 manutenção como a maior porcentagem de alteração. No setor médio
defensivo o toques 2 manutenção, no setor médio ofensivo o toques 1 progressão. Por fim,
no setor ofensivo o toques 2 progressão.
Tabela 3 – Dinâmica de alteração dos fundamentos ofensivos e dos tipos de passes
realizados entre os jogos pré (T0) e pós (T1) periodização proposta de acordo com os locais
de realização no campo (n=10).
% do Δ do SD % do Δ do SMD % do Δ do SMO % do Δ do SO
Tipo
do Jogo do Jogo do Jogo do Jogo
Cruzamento 0 0 0 0
Inversão 100 50 100 0
Lançamento 0 -75 100 -100
Finalização 0 0 0 -40
Toq1 man. -166 9 21 -50
Toq1 prog. -85 -28 -242 -200
Toqs 2 man. -400 -111 -166 -225
Toqs 2 prog. -21 -47 0 -700
Toqs 3 man. -500 -18 -40 -66
Toqs 3 prog. 14 -33 -80 33
Toqs +3 man. 66 -25 42 66
Toqs +3 0 100
prog. 40 52
Total -45 -26 -21 -53
Nota: toqs: toques; man.: manutenção; prog.: progressão; % do Δ: porcentagem do delta
da alteração. SD: setor defensivo; SMD: setor médio defensivo; SMO: setor médio
ofensivo; SO: setor ofensivo.

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768

CONCLUSÕES: Pode-se concluir que essa equipe tende a permanecer com a posse de
bola no setor médio do campo, e também que essa posse de bola procura ir em progressão
ao alvo. Ademais, especula-se que o tempo de posse de bola foi alto e consequentemente
o número de jogadores que participavam na fase ofensiva era relativamente grande,
levando a equipe a procurar realizar ações que buscavam o gol e não somente a
manutenção da posse da bola. Além disso, pode-se dizer que tentamos iniciar o processo
de atentar o jogo para uma visão global, não tentando separar as partes e sim entender
como funciona o todo.

REFERÊNCIAS

AÑON CAMBRE, I.; LIZANA, C.J.R.; CALAZANS, E.; MACHADO, J.C.; COSTA, I.T.; SCAGLIA,
A.J. Performance da equipe do Barcelona e seus adversários nos jogos finais da
Champions League e da Copa do Mundo de Clubes FIFA 2010. Revista Andaluza de
Medicina del Deporte. v.7, n.1, p. 13-20, 2014.
AÑON, I.C.; YAMANAKA, G.K.; MACHADO, J.C.; SCAGLIA, A.J. Performance da equipe da
Espanha e seus adversários nos jogos da Copa do Mundo FIFA 2010. Revista Brasileira
de Futebol. v. 6, n. 1, p. 33-44, 2013.
GARGANTA, J. Modelação táctica do jogo de futebol: estudo da organização da fase
ofensiva em equipas de alto rendimento. 1997. Tese (doutorado). Faculdade de
Desporto, Universidade do Porto, Porto, 1997.
_________. Para uma teoria dos jogos desportivos colectivos. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA, J.
(Org.) O ensino dos jogos desportivos. 3. Ed. Porto: Universidade do Porto, 1998.
GOMES, A.C. Treinamento desportivo: estruturação e periodização. 2ª ed. Porto Alegre:
Artmed, 2009. 276p.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
769

ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DE SUPORTE PARENTAL DE ADOLESCENTES


PRATICANTES DE NATAÇÃO

Aryelle Malheiros Caruzzo / DEF – UEM

Andressa Ribeiro Contreira / DEF – UEM

Gislaine Contessoto Pizzo / DEF – UEM

José Roberto Andrade do Nascimento Junior / DEF - UEM

Lenamar Fiorese Viera/ DEF – UEM

aryelle_malheiros@hotmail.com

RESUMO: Este estudo objetivou investigar as percepções de suporte parental de


adolescentes paranaenses praticantes de natação. Participaram 82 adolescentes, de
ambos os sexos, com média de idade 13,23 ± 1,04 anos, praticantes de natação em
Maringá/PR e Campo Mourão/PR. Como instrumentos foram utilizados uma ficha de
Identificação e a Escala de Suporte Parental. Os resultados revelaram diferenças
significativas na percepção dos adolescentes entre os estilos de suporte parental (p=0,001)
tanto do pai quanto da mãe, no qual o Suporte Emocional apresentou resultados superiores
aos demais estilos (Md = 2,71 pai e Md = 2,86 mãe). Concluiu-se que os adolescentes
praticantes de natação percebem um elevado estilo de suporte emocional fornecido pelos
pais, o qual é fundamental para a iniciação e permanência nas práticas de esportes ou
atividades físicas.

Palavras-chave: Adolescentes. Natação. Suporte parental.

INTRODUÇÃO: Pesquisas recentes apontam que a prática regular de exercícios físicos é


benéfica para a saúde física e mental de crianças e adolescentes (GUEDES et al., 2011).
Os principais benefícios do exercício nessa fase da vida estão relacionados ao
desenvolvimento das habilidades motoras (BRAUNER, 2010; VALENTINI, 2002) e de
percepções de competência positivas (FIORESE, 1993), bem como às oportunidades de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
770

relacionamentos sociais, que são vistas como essenciais para que o adolescente obtenha
um desenvolvimento integral de suas capacidades (PAYNE, ISAACS; 2007; PEREIRA et
al., 2009; NAKASHIMA; NASCIMENTO JUNIOR; VIEIRA, 2012).

Nesse sentido, os diferentes pares sociais presentes no contexto da criança e do


adolescente exercem grande influência sobre as escolhas dos adolescentes acerca das
práticas de atividades físicas (PAYNE; ISAACS, 2007), sendo as expectativas vindas da
família fontes primárias de interferência no engajamento em práticas esportivas ou motoras
(NAKASHIMA; NASCIMENTO JUNIOR; VIEIRA, 2012). Estudos têm investigado os estilos
de Suporte Parental em crianças e adolescentes (VIEIRA et al, 2013; VISSOCI et al. 2013),
verificando que o estilo de suporte emocional dos pais é essencial para a motivação dos
praticantes.

No contexto da natação, as principais variáveis psicológicas investigadas em


estudos com crianças e adolescentes são o nível de estresse (ARENA; BÖHME, 2004;
BARROS; DE ROSE JR, 2006) e a motivação (PEREIRA et al 2009; CORREIA et al., 2013),
indicando que os atletas percebem as influências externas, as relações com técnicos, pais
ou mesmo com o grupo no qual estão inseridos como agentes estressores. Considerando
essas influências e diante das poucas investigações sobre a identificação dos estilos
parentais em praticantes de natação, este estudo objetivou investigar as percepções de
estilos parentais de adolescentes paranaenses praticantes de natação.

MÉTODO: Participaram do estudo 82 adolescentes, de ambos os sexos, sendo 26 do sexo


feminino e 56 do sexo masculino, com média de idade 13,23 ± 1,04 anos, praticantes de
natação de Maringá/PR e Campo Mourão/PR.

Como instrumentos foram utilizados uma ficha de Identificação (nome, sexo, idade,
nível de treinamento e local de prática) e a Escala de Suporte Parental, validada para a
língua portuguesa por Serpa, Alves e Barreiros (2004). A escala é composta por 21 itens
respondidos pelo adolescente para o suporte do pai e da mãe distribuídos em três
subescalas: Rejeição, Suporte Emocional e Superproteção. O participante responde cada
item em uma escala do tipo Likert de quatro pontos, variando de 1 “nunca” a 4 “sempre”.
Os dados foram coletados por acadêmicos do curso de Educação Física, nos centros

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
771

esportivos de Maringá e Campo Mourão nos dias de treinamento dos adolescentes, com
aplicação coletiva e preenchimento individual.

O estudo foi aprovado pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos da Universidade Estadual de Maringá (Parecer nº 338/2011). Os dados foram
analisados no pacote estatístico SPSS versão 20.0. A normalidade dos dados foi verificada
pelo teste Kolmogorov Smirnov, obtendo-se distribuição não normal. Diante disso, a
comparação entre os estilos de suporte parental (Suporte Emocional, Rejeição e
Superproteção do pai e da mãe) foi realizada por meio do Teste de Friedman seguido do
Teste de Wilcoxon para pares de grupos, adotando-se significância de p < 0,05.

RESULTADOS: A Tabela 1 apresenta as percepções dos adolescentes praticantes de


natação sobre os estilos parentais do pai e da mãe.

Rejeição Suporte Emocional Superproteção

Suporte Parental Md (Q1 - Q3) Md (Q1 - Q3) Md (Q1 - Q3)

Pai 2,13 (1,8 - 2,5)a 2,71 (2,2 - 3,0) b 2,17 (1,8 - 2,6) a

Mãe 2,25 (2,0 - 2,5) a 2,86 (2,5 - 3,1) b 2,33 (2,0 - 2,6) a

Diferença significativa p<0,05: a) Suporte emocional, Rejeição e Superproteção - Pai (p=0,001) b) Suporte
emocional, Rejeição e Superproteção - Mãe (p=0,001).

Tabela 1–Comparação dos Estilos Parentais do pai e da mãe de acordo com a percepção
dos adolescentes paranaenses praticantes de natação.

Conforme apresentado na Tabela 1, foram encontradas diferenças significativas na


percepção dos adolescentes quanto aos estilos parentais, tanto em suas percepções para
o pai (p=0,001) quanto para a mãe (p=0,001). O Suporte Emocional (Md=2,71 pai e mãe
Md=2,86) apresentou resultados superiores e significativos quando comparados aos estilos
parentais de Rejeição e Superproteção (p=0,001) do pai e da mãe, enquanto não se
observaram diferenças entre a Rejeição e Superproteção nas percepções dos estilos
parentais, tanto do pai (p=1,000) quanto da mãe (p=1,000).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
772

Os resultados deste estudo podem ser considerados positivos, uma vez que o
Suporte Emocional tem como característica a demonstração de afeto e atenção dos pais a
seus filhos, a qual possibilita a realização das atividades com autonomia e segurança.
(CANAVARRO; PEREIRA, 2007). Estes achados são corroborados pelo estudo de
Nakashima, Nascimento Junior e Vieira (2012), o qual identificou que o envolvimento dos
pais desencadeia comportamentos positivos durante a trajetória esportiva dos filhos,
fazendo com que se sintam competentes e seguros para realizar suas atividades.

CONCLUSÃO: Os adolescentes paranaenses praticantes de natação relataram a


percepção do estilo parental de elevado Suporte Emocional, tanto para o pai quanto para a
mãe. Tais dados podem indicar o quanto o apoio da família é fundamental para o
encorajamento na prática de atividades motoras ou esportivas.

Os achados deste estudo fornecem informações relevantes aos profissionais de


Educação Física, treinadores e pais, ao considerar que o apoio e estímulo familiar são de
extrema importância para o envolvimento das crianças e adolescentes com as práticas
motoras e esportivas. Nesse sentido, destaca-se que a base familiar é fundamental para
um desenvolvimento saudável por meio da prática de atividades físicas e esportivas, bem
como para o início, permanência ou abandono dessas atividades.

REFERÊNCIAS

ARENA, S.S., BÖHME, M.T.S. Federações esportivas e organização de competições para


jovens. Revista brasileira Ciência e Movimento.vol. 12, n. 4, p. 45-50, 2004.

BARROS, J.C.T.S.; DE ROSE Jr, D. Situações de stress na natação infanto-juvenil: atitudes


de técnicos e pais, ambiente competitivo e momentos que antecedem a competição.
Revista brasileira Ciência e Movimento.vol. 14, n. 4, p. 79-86, 2006

BRAUNER, L. M.; Projeto Social Esportivo: Impacto no desempenho motor, na


percepção de competência e na rotina de atividades infantis dos participantes. 2010.
(Mestrado em Ciências do Movimento Humano) – Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Rio Grande do Sul, Brasi,2010.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
773

CANAVARRO, M.C.; PEREIRA, A.I. A percepção dos filhos sobre os estilos educativos
parentais: A versão portuguesa do EMBU-C. RIDEP. v. 2. n. 24, p.193-210, 2007

CORREIA, A.I. et al. Motivos que levam crianças ao abandono da prática competitiva da
natação, Coleção Pesquisa em Educação Física, Várzea Paulista, v. 12, n. 4, p. 109-118,
2013

FIORESE, L. A relação entre a percepção de competência de atletas adolescentes e seus


motivos para a prática esportiva. 1993. Dissertação (Mestrado em Educação Física) –
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, Brasil, 1993.

GUEDES, D. P.; GUEDES, J. E. R. P.; BARBOSA, D. S.; OLIVEIRA, J. A. Níveis de prática de


atividade física habitual em adolescentes. Revista Brasileira de Medicina e Esporte. V. 7, n. 6,
2011.

NAKASHIMA, F. S.; NASCIMENTO JUNIOR, J. R. A.; VIEIRA, L. F.; O papel dos pais na
trajetória esportiva de atletas de ginástica rítmica. Revista pensar a prática. v. 15, n. 4, p.
821-1113,2012

PAYNE, V. G.; ISAACS, L. D. Desenvolvimento Motor Humano – Uma abordagem


Vitalícia. 6ª edição. 2007

PEREIRA E. F., et al. Fatores motivacionais de crianças e adolescentes asmáticos para a


prática da natação. Revista brasileira Ciência e Movimento. v. 17, n. 3, p. 09-17, 2009.

SERPA, S.; ALVES, P.; BARREIROS, A. Versão portuguesa do Egna Minnenav


Barndoms Uppfostran (EMBUp): processos de tradução, adaptação e fiabilidade.
Lisboa: Laboratório de Psicologia do Desporto, Faculdade de Motricidade Humana,
Universidade Técnica de Lisboa, 2004.

VALENTINI, N. C. ; A influência de uma intervenção motora no desempenho motor e na


percepção de competência de crianças com atrasos motores. Revista Paulista de
Educação Física. v.16, n.1, p. 61-65, 2002.

VIEIRA, L. F. et al. Estilos parentais e motivação em jovens atletas de futebol de campo.


Pensar a Prática, Goiânia, v. 16, n. 1, p. 1319, jan./mar. 2013

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
774

VISSOCI , J. R. K. et al. Suporte parental percebido, motivação autodeterminada e


habilidades de enfrentamento: validação de um modelo de equações estruturais, Revista
da Educação Física, v. 24, n. 3, p. 345-358, 2013.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
775

RETRATO DA PERFORMANCE FÍSICA E TÉCNICA DA EQUIPE CAMPEÃ


BRASILEIRA DE HANDEBOL INFANTIL

Agnaldo Pereira da Costa Junior - UNIDERP

Wallace Turra – UFMT – GEPEC/UFMS/CNPq

Karina Luiz Pereira Quaini - GEPEC/UFMS/CNPq

Paulo Ricardo Martins Nuñez – GEPEC/UFMS/CNPq

prnunez@uol.com.br

RESUMO: Muito se discute hoje em dia em como proceder na descoberta de novos talentos
para determinados esportes, como que deve ser feita essa descoberta. As avaliações
físicas funcionam como uma ferramenta para traçar um perfil para determinada modalidade.
O objetivo do presente estudo foi traçar um retrato da performance física dos atletas infantis
através de testes antropométricos e físicos. A amostra deste trabalho foram 13 atletas da
categoria infantil (13 e 14 anos) que participaram do Campeonato Brasileiro de seleções
pelo estado do Mato Grosso do Sul. Através dos resultados podemos começar a traçar um
perfil de atletas infantis de handebol do sexo masculino, podendo ser uma mais valia na
formação de um banco de dados para esta modalidade nesta faixa etária, por que não
existem muitas pesquisas publicadas para atletas desta modalidade nessa faixa etária.

Palavra chave: Performance Física e Técnica, Handebol.

INTRODUÇÃO: O handebol nacional tem evoluído cada vez mais no país, se tornando uma
grande potência das Américas, com a conquista do tri-campeonato dos Jogos Desportivos
Pan-americanos pela equipe feminina e o bi-campeonato pela equipe masculina. Em nível
mundial, as equipes masculinas e femininas ocupam apenas posições intermediárias em
campeonatos mundiais e em jogos olímpicos. O handebol é disputado em uma quadra de
quarenta metros de comprimento por vinte metros de largura, iniciando a partida com no
máximo sete jogadores por equipe, estes se distribuem em várias posições: goleiro,
armadores (armadores laterais e armador central), pontas esquerda e direita e pivô. O

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
776

handebol é um esporte de fácil compreensão, pois nos seus principais movimentos têm os
três principais movimentos do ser humano: correr, saltar e arremessar (PELEGRINI E
SILVA, 2006). De acordo com Bergamascol et. al (2005) o handebol é uma modalidade
esportiva coletiva de atividade motora completa e que envolve uma grande quantidade de
movimentações com e sem a bola.

MÉTODO: O presente trabalho atende ás “Diretrizes e Normas Regulamentadoras de


Pesquisa Envolvendo Seres Humanos” e foi entregue o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido – TCLE, sendo respeitada a resolução nº 466/12 do Conselho Nacional da
Saúde para o técnico e atletas assinarem.

A presente pesquisa caracteriza-se dentro de um modelo de pesquisa transversal. Foram


avaliados 13 atletas de handebol, categoria infantil masculino, convocados pela Federação
de Handebol do Mato Grosso do Sul (FHMS) para os treinamentos da Seleção do Estado
do MS para a disputa do Campeonato Brasileiro de Seleções de 2007 e aplicada a bateria
de testes de Garcia (1990) composta por drible, deslocamento defensivo e passe.

RESULTADOS: A Tabela 1 fornece a média de idade e o desvio padrão da idade dos alunos
e o tempo de prática regular na modalidade Handebol que os alunos, perguntado aos
mesmos há quanto tempo que eles treinam regularmente a modalidade.

Tabela 1 – Descrição das características avaliadas

Variáveis Média D.P Mínimo Máximo

Idade (anos) 14,85 0,36 14 15

Tempo de prática 4,57 1,91 2 8


(anos)

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
777

Podemos observar que os atletas apresentaram uma média de 14,85 anos com um desvio
padrão de 0,36. Os alunos apresentaram uma média de 4,57 anos de prática regular na
modalidade, apresentando um desvio padrão de 1,91, o que demonstra que a maioria dos
alunos teve uma boa vivência com a modalidade. Convém observar que dos 13 atletas
avaliados, apenas um atleta era canhoto, os demais doze (12) atletas apresentavam como
a lateralidade destra.

Na Tabela 2 serão apresentados os resultados dos testes de aptidão física realizados pelos
atletas da seleção infantil estadual, mostrando as suas médias, desvio padrão, número
mínimo e número máximo nos testes de velocidade de 30m, abdominal, agilidade,
flexibilidade, Cooper e a soma das forças palmares.

Tabela 2 – Valores dos resultados dos testes das aptidões físicas. Características das
aptidões físicas

Testes Média Desvio padrão Mínimo Máximo

Velocidade 4,63 0,24 4,26 5,23


(seg)

Abdominal 43,46 8 33 56
(rep/min)

Agilidade 5,22 0,55 4,55 6,3


(seg)

Flexibilidade 26,8 7,6 16 38


(cm)

Soma Força. 89,27 12,65 69,4 111,5


Palmar (kg/f)

Arrem. M. Ball 4,26 0,24 3,4 5,6


3 kg (m)

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S. vertical 52 8,9 43 74
(cm)

Salto Horiz. 2,19 0,20 1,88 2,44


(m)

Cooper (m) 3.746 386 3.200 4.410

No teste de velocidade de 30m os atletas apresentaram uma média de 4,63 seg, a grande
maioria das pesquisas envolvendo este tipo de teste, apresenta pesquisas com velocidade
de deslocamento em 20 m, apresentando um tempo satisfatório nessa distância. No teste
abdominal, houve uma média de 43,46 abd/min, tendo uma variação elevada, pois o valor
mínimo foi de 33rep/min enquanto que a máxima foi de 56 rep/min, de acordo com a tabela
proposta por Fernandes Filho (1999), já de acordo com o que propõe Gaya (2002), os
atletas também se colocam dentro de um nível normal, ratificando que os atletas estão em
um nível bom. No teste de agilidade os atletas obtiveram uma média de 5,22 seg, entrando
num nível muito bom segundo o proposto por Gaya (2002). No que diz respeito ao teste de
flexibilidade, os alunos apresentaram uma média de 26,8 cm, ainda utilizando a tabela
proposta por Gaya (2002), os alunos apresentam um resultado acima do considerado
normal para a sua respectiva faixa etária. No arremesso de medicine Ball de 3 kg, os atletas
apresentaram uma média de 4,26 m no lançamento. Em relação ao salto horizontal, os
atletas obtiveram um resultado de 2,19 m em média. Na impulsão vertical os atletas
apresentaram uma média de 52 cm. No que diz a respeito da soma das forças palmares
os atletas obtiveram uma média de 89,7 kg/f. No teste de Cooper, os alunos apresentaram
uma média de 3.746 metros percorridos em 12 minutos, encontrando-se num nível de
condicionamento físico muito bom.

Na Tabela 3 serão apresentados os resultados dos testes técnicos específicos da


modalidade, o teste do drible, teste do deslocamento defensivo e o teste do passe.

Tabela 3 – Características técnicas

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Variáveis Média Desvio padrão Mínimo Máximo

Teste do 18,81 1,73 17,9 24,85


Drible (seg)

Desl. 12,82 0,65 12,19 13,98


Defensivo
(seg)

Teste do 12,46 2,63 7,0 16


Passe (rep)

Os atletas apresentaram uma média de 18,81 seg, no teste do drible, segundo o que foi
proposto por García (1990), os alunos encontram-se no mínimo aceitável. No teste do
deslocamento defensivo, foi obtida uma média de 12,82 seg, considerado dentro de um
nível muito bom com o que foi acordado por García (1990). No teste do passe, os alunos
conseguiram uma média de 12,4 repetições, considerado muito baixo de acordo com
García (1990).

CONCLUSÃO: Nos testes técnicos, somente no teste de deslocamento defensivo os atletas


demonstraram um desempenho excelente, enquanto que no teste do drible eles entraram
no mínimo aceitável e no teste do passe eles estiveram aquém do mínimo aceitável, sendo
necessário um melhor treinamento dos fundamentos básicos do handebol, principalmente
no fundamento passe. Os resultados contidos neste artigo são o início do estabelecimento
de um perfil dessas capacidades morfológicas, físicas e técnicas para jogadores de
Handebol na categoria infantil masculino, esperando servir de apoio para futuras pesquisas
da área nesta modalidade, visando uma melhor detecção e seleção de talentos para o
crescimento do Handebol nacional visando uma melhoria dos resultados internacionais da
modalidade e uma continuidade dos resultados em nível nacional alcançado pelo estado
do Mato Grosso do Sul no Campeonato Brasileiro de Seleções Infantil.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
780

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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
781

ISOKINETIC EVALUATION OF THE STRENGTH OF THE LOWER LIMBS IN OLYMPIC


BEACH VOLLEYBALL PLAYERS: A CASE STUDY

Alexandre Medeiros / Research Group in Physical Education, Health and Sports-UNIFOR


(Brazil)

Karla de Jesus/ CIFI2D-FADEUP (Portugal)

Kelly de Jesus/ CIFI2D-FADEUP (Portugal)

Paulo Henrique / UNIFOR (Brazil)

Francisco de Oliveira Neto / Brazilian Volleyball Confederation (Brazil)

José M. Palao / University of Wisconsin-Parkside (United States)

alexandreararipe@hotmail.com

Keywords: muscular strength, biomechanics, dynamometric, performance.

INTRODUCTION

Volleyball is one of the most popular sports in the world (SATTLER et al., 2015) and can be
performed indoors or on the beach. Beach volleyball research has naturally evolved.
However, it is recognizably at a primary stage when compared to research focused on
matching analysis (MEDEIROS et al., 2014c). Empirical studies in beach volleyball can be
found in the literature regarding technical aspects of the game (BUSCÀ et al., 2012;
MEDEIROS et al., 2014a), rule modifications (PALAO; VALADES and ORTEGA, 2012) and
player’s role (MEDEIROS et al., 2014b; a). Research shows that, like in indoors volleyball,
muscle strength is one of the key factors in the successful performance of beach volleyball
(PÉREZ TURPIN et al., 2014).

In beach volleyball, there are two specific positions, blocker and defender. Due to their
different technical-tactical demands, blockers and defenders have different physical
requirements (MAGALHÃES et al., 2004). For example, blockers perform more jumps than
defenders (MEDEIROS et al., 2014b). The performing of a larger number of jumps increases
the risk of developing injuries in the upper-body (REESER et al., 2006). Jumping on an

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
782

unstable surface, such as sand, could generate muscular imbalances and increase the risk
of injuries (CARVALHO and CABRI, 2007; DELLAGRANA et al., 2015).

Several lower limb strength indices have been studied to monitor athletes’ muscular balance
(CHEUNG; SMITH and WONG, 2012). Among these, hamstring and quadriceps peak
torque (PT) and the hamstring-quadriceps ratio (RH/Q) are often used. The PT has been
revealed as very accurate and reproducible (CHEUNG; SMITH and WONG, 2012). The ratio
of strength of antagonist to agonist knee muscles has been used to analyse the functional
ability, knee joint stability and muscle balance between hamstrings and quadriceps during
velocity dependent movements (WONG and WONG, 2009). Athletes with a concentric ratio
(RH/Q) closer to 1.0 might have had fewer risk injuries risk of anterior-lateral subluxation of
the tibia (LI et al., 1996).

Regarding the muscle strength in the preferred and non-preferred lower limb, it has been
suggested that there is an increased rate of injuries when a difference ≥ 15% in knee flexor
or hip extensor strength occurs (KNAPIK et al., 1991). Based on this evidence, the
discrepancies in PT between preferred and non-preferred lower limbs should be considered
to monitor muscular imbalances (CHEUNG; SMITH and WONG, 2012).

To date, no information has been found in the literature related to the isokinetic performance
profile of beach volleyball players concerning the study of muscular imbalance in this
population. PT bilateral differences ≤ 10% between preferred and non-preferred lower limb
and RH/Q of ~ 50% for preferred and non-preferred lower limb would be expected (AAGAARD
et al., 1998; DELLAGRANA et al., 2015). Due to the different game demands, blockers
should display a higher tendency at PT of quadriceps and hamstring muscular groups in
relation to the defenders. The goal of this study was to do an exploratory analysis of the
preferred and non-preferred lower limb isokinetic profiles of Olympic woman beach volleyball
players according to the player’s role (blocker vs. defender).

METHODS

Two Olympic woman beach volleyball players (one defender and one blocker: both age 33,
heights 1.74 and 1.81 m, body mass – 69.0 and 65.0 kg respectively and with a 12-year

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783

training experience) participated voluntarily. At the moment of the measurement, they were
currently the Beach Volleyball Brazilian champions (season 2014-2015) and had attained
2nd placed in the International Volleyball Federation (FIVB) world ranking. Body mass and
height were obtained through a digital scale (G-TECH Corporation, S.p.A, Italy, 0.1 - Kg
accuracy) and with a stadiometer (Sanny, American Medical do Brasil, Ltda, 0.1 - cm
accuracy), respectively. A standardized warm-up of cycling, dynamic stretching at low-
moderate intensity, and 10 submaximal concentric contractions of the tested muscle groups
were performed. Each player completed 2 submaximal repetitions and 1 maximal repetition
at a given velocity and mode of contraction for familiarization. Isokinetic testing was
performed to determine concentric and eccentric strength for the knee-extensors (i.e.
quadriceps – Q) and flexors (hamstring – H) of the preferred and non-preferred lower limbs,
with two angular velocities - 60 and 240º/s – using a Biodex System 4 isokinetic
dynamometer (Biodex Corporation, USA) according to standard procedures (KOVALESKI
and HEITMAN, 2000). The experimental data were obtained within one testing session at
the beginning of the preparatory period for the new beach volleyball season. All
measurements were performed from a seated position with the hip flexed at approximately
85º. Stabilization straps were applied across the trunk, waist, and distal femur of the tested
leg and the participants were not allowed to hold the handles and hands were kept across
the chest during the experiment (DELLAGRANA et al., 2015). From the isokinetic testing,
the following eight variables were recorded as follows: preferred and non-preferred PT
(quadriceps and hamstring) normalized for body mass and expressed as Nm/kg, bilateral
differences and Ratio hamstrings/quadriceps (RH/Q). Exploratory analysis was used.

RESULTS

Table 1 presents the peak torque (PT), bilateral differences and ratio hamstrings/quadriceps
results (RH/Q) in 60 and 240º/s angular velocity, respectively, for the players (defender and
blocker) and for the knee extensors (quadriceps) and flexors (hamstring) muscle groups of
the preferred and non-preferred lower limbs.

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784

Table 1- Peak Torque (PT), bilateral differences of PT (%) (preferred (P) versus non-preferred
(NP)

and Ratio Hamstrings (RH/Q (%)) in velocity of 60º/s and 240º/s in beach volleyball players.

Quadriceps Hamstrings RH/Q (%)


Bilateral Bilateral
P NP P NP
Players differences differences
PT PT PT PT P NP
(%) (%)
(N.m) (N.m) (N.m) (N.m)

Defender 124.5 133.9 -7.5 54.8 64.0 -16.8 44.0 47.8


Velocity Velocity
60º/s

Blocker 251.3 236.4 5.9 86.5 93.8 -8.4 34.4 39.7

Defender 97.0 89.1 8.1 57.4 56.9 0.8 59.1 63.9


240º/s

Blocker 133.4 146.9 -10.1 67.8 81.4 -20.1 50.8 55.4

DISCUSSION

The results provide information about the isokinetic strength profile of two Olympic woman
beach volleyball players according to the player’s role, considering two indexes for the
athletes’ muscular imbalance. PT bilateral differences found between the lower limbs show
muscular imbalance of the hamstring muscular group. R H/Q values found are in a range
considered not indicative of injury risk (AAGAARD et al., 1998). Moreover, the blocker player
presented a different PT profile for both muscular groups, probably due to the different
demands of the game (MEDEIROS et al., 2014b) and/or the way players workout. These
data suggest that coaches should be aware of this type of muscular imbalance when they
assess their player and introduce specific work to prevent the risk of injury.

In this study, the non-preferred lower limb presented higher values for the defender and
blocker player when performing flexion/extension at 60 and 240º/s, respectively. The
jumping skill has a bilateral profile during a beach volleyball game. However, the preferred
limb has a higher contribution in the negative phase of the jump (eccentric phases) and the
non-preferred limb has higher contribution in the positive phase of the jump (MAGALHÃES

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
785

et al., 2004). However, the PT bilateral differences found are in an acceptable range for
asymmetry (KNAPIK et al., 1991). The results show the need for further analysis of this
muscular imbalance using jumping performance indicators, like vertical jumping height
(WONG and WONG, 2009)

The RH/Q index has been considered as a possible screening tool for injury risk (LI et al.,
1996; CHEUNG; SMITH and WONG, 2012; DELLAGRANA et al., 2015). Previous studies
evidenced values ~ 50% in field and court sport players (CHEUNG; SMITH and WONG,
2012). The players studied have values in those ranges. However, Magalhães et al., (2004)
mentioned that values below 60% in low angular velocity might increase the susceptibility to
injury in volleyball players. It has also been reported that RH/Q values increased
concomitantly with testing velocity (e.g. CHEUNG; SMITH and WONG, 2012), which was
also found in the players studied.

The results presented in this study provide information about peak performance athletes,
but it should be used with discretion since limitations are present and should be addressed
(e. g. size of the sample). For that, it is necessary replicate the study with more participants
from difference performance levels and genders in order to establish upper-limb isokinetic
strenght profile for beach volleyball players. Also, it is necessary to combine the information
obtained in the isokinetic test with other sport-specific evaluations that mimic the muscular
contractions that occur during matches.

CONCLUSION

The results show that the two elite beach volleyball players displayed asymmetry for P T
values. However, data do not show evidence of potential risk for knee injury due to their RH/Q
values range at higher angular velocity. Future studies should take into account PT and RH/Q
indexes compared among different training periods, using a large sample size and
complementary kinematics, kinetics, and EMG data as a screening tools to evaluate
dynamic knee joint stability and to detect hamstring’s susceptibility and risk for injuries.

ACKNOWLEDGMENTS

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
786

Thanks to the players who collaborated in this study.

REFERENCES

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ADAPTAÇÃO DE TESTE DA CAPACIDADE EM SPRINTS REPETIDOS PARA O


HANDEBOL DE AREIA

Alexandre Gomes de Almeida / FAEFI - PUC-Campinas

Paulo Melo / FAEFI - PUC-Campinas

Tuanny Toríbio Valtner / LABBIN – FAC – UNICAMP

Clodoaldo José Dechechi

agalmeida@puc-campinas.edu.br

RESUMO: O objetivo do estudo foi comparar o desempenho em teste de RSA realizado


em solo firme (quadra) com o realizado na areia adaptado para o handebol de areia. Na
quadra, foi realizado o protocolo de Buchheit et al. (2009), onde o avaliado percorre a
distância de 30 m (vai 15 m e volta 15 m), por seis sprints, iniciando um sprint a cada 20 s.
A adaptação para a areia consistiu por seis sprints de 15 m (vai 7,5 m e volta 7,5 m)
iniciando um sprint a cada 10 s. Foi observada boa correlação entre o tempo total de
deslocamento (s) (r = 0,69), mostrando que a adaptação do teste para a areia manteve as
características da proposta para superfícies sólidas. Os resultados demonstraram que o
teste de RSA na areia pode ser uma boa alternativa para avaliar a capacidade de realizar
sprints sucessivos em atletas de Handebol de Areia, sendo tTOTAL o melhor parâmetro para
análise dos resultados

Palavras-chave: Handebol; Handebol de Areia, Beach Handball; Sprints Repetidos; Índice


de Fadiga; Esportes de Praia.

INTRODUÇÃO: A capacidade de realizar sprints repetidos (Repeated Sprint Ability - RSA)


é apontada como uma importante característica para o bom desempenho dos atletas de
modalidades esportivas coletivas devido à natureza intermitente desse tipo de exercício
que envolve múltiplos esforços de alta intensidade com curtos períodos de recuperação
(BUCHHEIT et al., 2009). As características do handebol de areia impõem ao jogador uma
demanda física muito específica para realização das ações técnico-táticas exigidas durante

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
789

a partida, principalmente no que diz respeito aos deslocamentos rápidos e de alta


intensidade consecutivos (DECHECHI et al., 2009). No entanto, os testes de campo
utilizados habitualmente para rotinas de avaliação em esportes coletivos não são
adequados para se realizar em superfície de areia, pois a demanda fisiológica imposta pelo
solo arenoso é maior do que solo firme (ZAMPARO et al., 1992; LEUJEUNE et al., 1998;
PINNINGTON e DOWSON, 2001). Nesse sentido, há a necessidade de se adequar os
testes comumente utilizados para avaliar o desempenho físico em esportes coletivos de
quadra e campo para esportes de areia. Assim, o presente estudo tem o objetivo de
comparar o desempenho em teste de RSA realizado em piso duro (quadra) com o realizado
na areia adaptado para o handebol de areia.

METODOLOGIA: Dez estudantes universitários do curso de Educação Física do gênero


masculino realizaram dois testes de RSA em dias separados e em ordem aleatória. Em
uma sessão, executaram seis sprints de 30 m (vai 15 m e volta 15 m) iniciando um sprint a
cada 20s em quadra poliesportiva com piso de cimento (BUCHHEIT et al., 2009). Na outra
sessão, realizaram seis sprints de 15 m (vai 7,5 m e volta 7,5 m) iniciando um sprint a cada
10 s em quadra com piso de areia. Desta forma, a adaptação da areia foi composta pela
diminuição tanto da distância percorrida quanto dos intervalos entre sprints pela metade em
relação a Buchheit et al. (2009). Este valor foi arbitrário, e levou-se em consideração que
as dimensões oficiais de um campo de handebol de areia são de 27 x 12 m, e a área
destinada aos jogadores de linha restrita à 15 x 12 m. O tempo de cada sprint foi medido
através de fotocélula para determinar o Índice de Fadiga (IF) através da seguinte fórmula:
IF = (tTOTAL/ tIDEAL x 100) – 100; Onde, tTOTAL = somatória dos tempos de todos os sprints
executados, tMELHOR = melhor tempo dentre os seis sprints e tIDEAL = 6 x tMELHOR. Para a
análise descritiva dos dados foi utilizada a média aritmética e desvio padrão. A comparação
entre a IF do teste de RSA na Quadra e na Areia foi realizada verificando a diferença entre
médias utilizando o teste-T para amostras pareadas. O teste de correlação de Pearson foi
utilizado para explicar as relações entre o t MELHOR, tIDEAL, tTOTAL, e IF. Todos os dados foram
analisados utilizando-se o software SPSS 20.0 (IBM SPSS Inc., Chicago, IL, EUA) e com
valor de referência significativa pré-fixado em p < 0,05.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
790

RESULTADOS: Os dados da Figura 1 ainda revelam que os tempos dos sprints, tanto na
areia quanto na quadra, tendem a aumentar da primeira até a sexta repetição. Esse
comportamento é esperado, visto que os testes de RSA são aplicados de forma que
promova a diminuição progressiva do desempenho (fadiga) (GIRARD; MENDEZ-
VILLANUEVA; BISHOP, 2011). Portanto, nossa proposta de adaptação do teste para areia
obedece a estes critérios.

7,5
6,90 6,97 7,02
6,66 6,68
6,42
6,5
Tempo (s)

Quadra
5,5
Areia

4,45 4,48
4,5 4,26 4,29 4,30
4,02

3,5
1 2 3 4 5 6
Sprints (n)

Figura 1: Cinética dos valores médios dos tempos nos seis sprints consecutivos realizados
nas duas superfícies.

Quanto aos parâmetros obtidos a partir dos dois testes, é importante ressaltar que a média
de tMELHOR, tIDEAL e tTOTAL não podem ser comparadas entre quadra e areia, devido a
diferença entre as distâncias percorridas nos testes. No entanto, as médias de IF podem
ser comparadas por se tratarem de valores relativos expressos em percentual.

QUADRA AREIA R

tMELHOR (s) 6,38 + 0,45 3,91 + 0,31 0,46

tIDEAL (s) 38,29 + 2,68 23,46 + 1,83 0,46

tTOTAL (s) 40,65 + 1,38 25,79 + 0,98 0,69*

IF (%) 6,49 + 5,29 10,39 + 6,39** 0,28

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
791

Tabela 1: Valores médios e desvio padrão (+) dos tempos Melhor, Ideal e Total, do Índice
de Fadiga (IF) e do coeficiente de regressão de Pearson (r) nos sprints realizados na quadra
e na areia. (*correlação significativa com p < 0,05; **diferença significativa em relação à
Quadra com p < 0,05)

Assim, podemos observar na Tabela 1 que o IF na areia (10,39%) foi significativamente


maior do que na quadra (6,49%). Esses valores de IF maiores na areia do que na quadra
sugerem que o solo arenoso aumentou a demanda física e fisiológica, mesmo que a
distância percorrida pelo atleta tenha sido menor. Sabe-se que o gasto energético na areia
é 1,8 a 2,7 vezes maior do que no piso duro, caminhando e 1,2 a 1,6 vezes maior correndo
(ZAMPARO et al. 1992; LEUJEUNE et al., 1998; PINNINGTON; DOWSON, 2001). Da
mesma forma, podemos considerar o tempo entre sprints dos testes na quadra (20 s) e na
areia (10 s) como outro fator determinante dessas diferenças no IF. Portanto, estes dados
corroboram que o teste de RSA adaptado para areia, proposto neste estudo, é capaz de
induzir a fadiga. O grau de associação entre os dados de quadra e areia foi verificado e,
ainda que a correlação seja positiva entre todos os parâmetros, apenas t TOTAL apresentou
significância estatística (r = 0,69), conforme apresentado na Tabela 1. Esses dados de
correlação demonstraram que há uma relação diretamente proporcional entre os testes, ou
seja, quanto melhor o desempenho na quadra, melhor será o desempenho na areia, e vice-
versa. Além disso, o tTOTAL foi um parâmetro que expressou esta relação de forma
significativa. Portanto, é razoável afirmar que o teste de RSA na areia mede as mesmas
capacidades que o teste original.

CONCLUSÃO: Os dados demonstraram que o teste de RSA na areia pode ser uma boa
alternativa para avaliar a capacidade de realizar sprints sucessivos em atletas de Handebol
de Areia, sendo tTOTAL o melhor parâmetro para análise dos resultados. Todavia, são
necessários estudos envolvendo atletas desta modalidade para comprovar a aplicabilidade
desta proposta.

REFERÊNCIAS:

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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HEART RATE RESPONSES IN BEACH HANDBALL MATCH

Tuanny Toríbio Valtner / LABBIN- FCA-UNICAMP

Daniel Lara Cobos / Real Federación Española de Balonmano

Alexandre Gomes de Almeida / FAEFI-PUC-Campinas

tuannyvaltner@gmail.com

ABSTRACT: The aim of this study was to characterize the Beach Handball by investigating
the physical demand given by the heart rate during a match. The sample of this study was
composed of fourteen female players of the Brazilian Beach Handball National team. The
study was consisted in three steps (i) determination of maximum heart rate (HR) by the
repeated sprint ability test, (ii) first simulated match, and (iii) second simulated match, which
occurred 24 hours later than the first one. Both matches had the purpose to record the HR
of athletes on the court. The HR during the all match showed mean of 149.3bpm, the
minimum value was 94.6 bpm and the maximum was 185.5. We analyzed the values in 1 st
and 2nd period of the game and we found significant difference for the minimum value in the
2nd period comparing with the 1st period, which was not identified with HR mean values and
HR peak (the highest in whole game). We observed a tendency in an increase of HR in the
1st period to 2nd period of the match. However, there was a change in intensity zones only
for HRmean, from low to moderate and significant increase in values only in HRmin. Which
shows that these athletes are capable of maintaining in a very high zone during the whole
match.

Keywords: handball; physiological demands; heart rate

INTRODUCTION: One of the recently sports which is increasing your popularity


internationally is the Beach Handball, which comes with the purpose of been more
spectacular than the known Handball Indoor (ALMEIDA et al., 2012). For the arising of this
new sport was necessary to create new rules with adjusts in the number of players, court
size and playing time. Other two very important rules are the existence of an expert player
(goalkeeper attacker) which provide numerical superiority offensive, and also the additional
scoring for the goals considered spectacular, which are those made by a goalkeeper and

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expert, six meters shot, inflight, spinshot and backwards (INTERNATIONAL HANDBALL
FEDERATION, 2010). These rules have direct influence on the tactical behavior of the
teams and for this reason these characteristics impose the player a very specific physical
demand for the realization of technical-tactical actions required during the match. Its known
that walking in sand spent 1,8 – 2,7 times more energy than walking in hard ground
(ZAMPARO et al., 1992; LEJEUNE et al., 1998) and 1,2 - 1,6 times in running (ZAMPARO
et al., 1992; LEJEUNE et al., 1998; PINNINGTON; DAWSON, 2001).

Castellano and Casamichana (2010) investigated the Heart Rate (HR) of the players during
a beach soccer match, showing that this sport is more intense than others collective sports,
since the mean HR was 165,2 which represent 86,5% of maximum HR (HRmax) and in
59,3% of the total play time the HR was above the 90% of HRmax. Already in beach
handball, Cobos (2011) analyzed the effort intensity during the competition, and found that
the mean HR during the match was between 149,94 and 156,08 bpm (80 a 83% of HRmax),
considering very vigorous effort (> 85% da HRmax) which corresponded to 26,1 e 40,8% of
total play time. In this point, and considering the remarkable increase is not accompanied
by a proportional increase of the number of scientific researches about the beach handball,
the aim of this study was to characterize this sport by investigating the physical demand
given by the HR during a beach handball match.

METHODS: The study was made during the preparation for the World Games (Cali, 2013).
Fourteen players of Brazilian Women Beach Handball National Team took part in the study
(age x ± years; height y ± m; weight w ± kg), although only nine of them were selected to
compete in the World Games. Each player was informed about the research design and the
requirements of the study, and they all gave their informed consent prior to the start. This
study consisted in three sessions. In the first session, for the determination of Maximum
Heart Rate (HRmax), was applied the repeated sprint ability test on sand with bare feet. In
the second session the group was divided into two teams (A and B) of 7 players each, to
play the first simulated match and record the heart rate of team A. The third session occurred
24 hours after the second session, with the second simulated match to record the heart rate
of Team B.

For the Repeated Sprint Ability test (RSA), the protocol used by Buchheit et al. (2009) was
adapted to sand and game characteristics of beach handball. Consisted in 6 maximal sprints

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performed as shuttle run (2 x 7.5 m) every 10 s, where each sprint took approximately 4 s,
with passive recovery between repetitions. At the end each sprint heart rate was registered
using a HR monitor (Polar A3, Polar Electro Oy, Finland). A standardized warm up was
performed by team trainer before starting the test.

Each simulated matches consisted in two periods of 10 min with 5 min interval between
them. The matches occurred at the same time of the day, after a session of technical training
lasting 1 hour. The interval between the training and the match was 30 minutes. The teams
(A and B) played twice, keeping the same tactical formation. The simulated match was
refereed by an international referee accredited by the IHF. To evaluate the athletes HR
during the match, we used the same HR monitor used in the RSA test. The criteria for the
classification of the intensity zone consisted in the HRmax of each athlete was regarded as
the greatest value of HR in the RSA test, however, when the highest HR during the matches
was greater than the HR of the RSA, it was adopted as the HRmax of the subject, as criteria
adopted by Ben Abdelkrin et al. (2010).

Were defined five intensity zones: very low (≤ 60% HRmax), low (61-75% HRmax),
moderate (76-84% HRmax), high (85-89% HRmax) and very high (≥ 90% HRmáx),
according to criteria used by Cobos (2011) and Castellano and Casamichana (2010). Table
1 shows the mean and standard deviation of HR in each intensity zones.

The statistical analysis results are presented in mean values (M), standard deviation (±SD)
and standard error of the mean (SE). The confidence interval for all analyzes was 95%. Data
were analyzed using SPSS 17.0 for Windows.

Atlets HRmax ≤ 60% 61-75% 76-84% 85-89% ≥90%

MEAN 199 119 120-149 150-167 168-177 178

SD 3,5 2,1 2,6 2,9 2,9 3,1

Table 1. Classification of intensity zones

RESULTS AND DISCUSSION: The HR during the all match showed mean of 149.3 bpm,
which corresponds 74.9% HRmax reference. The HRmin (minimum) was 94.6 bpm (47.4%)
and HRpeak (the highest value in whole match) was 185.5 bpm, corresponding at 92.9%.

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1st 2nd Sum

bpm % IZ bpm % IZ bpm % IZ

HR min 88.0 44.1 Very low 101.1* 50.6 Very low 94.6 47.4 Very low

HR mean 146.7 73.5 Low 151.9 76.1 moderate 149.3 74.9 Low

HR peak 183.7 92.0 Very high 187.3 93.8 Very high 185.5 92.9 Very high

Table2. Mean values of absolutes (bpm) and relatives values (%) of minimum, mean and
peak heart rate on simulated match.

The Table2 shows the minimum HR during two parts of the simulated match (1 st period and
2nd period) and sum. We can identify that the HRmin of the 1st period (88 bpm) is lower than
the 2nd period (101.1 bpm). The HRmean showed different behavior of HRmin, because the
HRmean in the 1st period was 146.7 bpm and in the 2nd period reaching 151.9 bpm, without
statistically difference. The behavior of HRpeak during the simulated match was similar to
the HRmean, which showed values of 183.7 bpm (1 st period) and 187.4 bpm (2nd period),
without significant difference.

Comparing with Cobos (2011), who analyzed female athletes for national competitions of
Spain, HRmean found was similar, with values between 146.7 and 151.9 bpm. The HRmin
presented value between 113.2 and 125.2 bpm, which is higher than that found in the
present study. For HRpeak, we obtained higher values than those (172.2 and 175.9 bpm)
reported by Cobos (2011) in Spanish league matches. However, when observing the relative
values, we note that the HRmean was higher than our study (80 and 83%), the HRmin was
lower (59.9 and 66.2%) and HRpeak was similar with approximately 91.2 and 93% of
HRmax. When compared to the study of Castellano and Casamichana (2010), which
analyzed official games of beach soccer, the HRmin and HRmean founded were also higher
than in our study, with total value of 109 and 165bpm respectively. But the HRpeak was
similar with value of 191 bpm. The relative values found during beach soccer matches were
superior to our study, HRmean being 86.5%, 57.3% and HRmin of 99.6% HRmax.

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CONCLUSION:

We observed a tendency in an increase of HR in the 1st period to 2nd period of the match.
However, there was a change in intensity zones only for HRmean, from low to moderate
and significant increase in values only in HRmin. Which shows that these athletes are
capable of maintaining in a very high zone during the whole match, possibly by having good
recoverability during less intense activities (very low to moderate). Therefore, to better
understand the physical demand is required verify the permanence time in each intensity
zone, which was not presented in this study.

REFERÊNCIAS:

BEN ABDELKRIM, N. et al. The effect of players’ standard and tactical strategy on game
demands in men's basketball. Journal of strength and conditioning research / National
Strength & Conditioning Association, v. 24, n. 10, p. 2652–2662, 2010.

CASTELLANO, J.; CASAMICHANA, D. Heart Rate and Motion Analysis by GPS in Beach
Soccer. Journal of sports science & medicine, v. 9, n. 1, p. 98–103, jan. 2010.

COBOS, D Lara. La respuesta cardiaca durante la competición de balonmano playa


femenino. Apunts Medicina de l’Esport, v. 46, n. 171, p. 131–136, 2011.

ALMEIDA, A. G.; NASCIMENTO, C. M.; DECHECHI, C. O handebol de areia. In: Manual


de handebol: da iniciação ao alto nível / GRECO, P. J.; ROMERO, J. J. F. (orgs.). São
Paulo: Phorte, 2012.

BUCHHEIT, M.; LAURSEN, P. B.; KUHNLE, J.; RUCH, D.; RENAUD, C.; AHMAIDI, S.
Game-based training in young elite handball players. International Journal Sports
Medicine, v. 30, p. 251-8, 2009.

INTERNATIONAL HANDBALL FEDERATION. In: <http://www.ihf.info> Accessed in


20/09/2015.

LEUJEUNE, T. M.; WILLENS, P. A.; HEGLUND, N. C. Mechanics and energetics of human


locomotion on sand. Journal Experimental Biology, v. 201, p. 2071-80, 1998.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
798

PINNINGTON, H. C.; DAWSON, B. The energy cost of running on grass compared to soft
dry beach sand. Journal of Science and Medicine in Sport., v. 4, n. 4, p. 416-30, 2001.

ZAMPARO, P.; PERINI, R.; ORIZIO, C.; SACHER, M.; FERRETI, G. The energy cost of
walking or running on sand. European Journal of Applied Physiology, v. 65, n. 2, p. 183-
7, 1992.

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A MOTIVAÇÃO COMO INFLUENCIA NA PRÁTICA DESPORTIVA DOS ATLETAS DE


HANDEBOL NA CATEGORIA JUVENIL

Adriana Costa Borges – UEG

Ernesto Flavio Batista Borges Pereira - UEG

Resumo: O objetivo foi traçar um perfil motivacional dos atletas de handebol na categoria
juvenil verificando assim a influencia da motivação na pratica desportiva desses atletas.
Investigou-se 40 atletas com idade variando entre 15 e 18 anos. Foi utilizado um
questionário elaborado de acordo com um estudo piloto. A motivação relacionada ao
rendimento desportivo teve uma média de 2,73 e um d.p. de 0,28, à saúde a média foi de
2,58 e o d.p. de 0,41 e a amizade e lazer a média de 2,33 e d.p. de 0,45. Os fatores que
mais motivam os jovens estão relacionados ao rendimento desportivo, não houve
diferenças significativas nos resultados quando analisados por posição de jogo. Palavras-
chave: Fatores motivacionais, handebol, treinamento.

INTRODUÇÃO: Temas como motivação, personalidade, agressão e violência, liderança,


dinâmica de grupo, bem-estar psicológico, pensamentos e sentimentos de atletas e vários
outros aspectos da prática esportiva têm requerido estudos e atuações de profissionais da
área, visto que o nível técnico de atletas de rendimento está cada vez mais equilibrado
sendo dada ênfase especial e preparação emocional que está sendo tida como o diferencial
e, portanto, constitui-se um dos elementos para execução bem sucedida.

Os estudos sobre os fatores motivacionais para a prática desportiva vem, desde 1980,
constituindo num dos mais populares tópicos da Psicologia do Esporte. As relações
existentes entre o comportamento de excelência e motivação têm também sido objeto de
vários estudos, quer nos círculos acadêmicos, quer nos processos de treino desportivo e
na atividade física em geral.

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A motivação é, assim um conjunto de estímulos que desencadeia um determinado


comportamento em direção de objetos variados que podem ser fisiológicos ou
psicossociais. Os primeiros estão presentes em todos os seres vivos de um modo
inversamente proporcional à complexidade da organização neurobilógica e os segundos
são próprios do ser humano, mas que, recentemente, foram encontrados em animais,
derivando não só das raízes hereditárias como também da capacidade de adaptação, da
liberdade de escolha e do patrimônio intelectual.

Segundo Roberts (1992) a motivação e os comportamentos de excelências são


manifestações cognitivas e processos de pensamento dentro de contextos de dinâmica
social e são estes dois fatores que governam as ações das motivações e, os seus estudos,
prendem-se com a investigação da direção e da magnitude do comportamento. Segundo
Cratty (1984) e Malina e Bouchard (1991) os fatores biológicos, socioculturais, a morfologia
corporal, o estatuto maturacional, o gênero, a dimensão da família e o estatuto
socioeconômico tem por si só, pesos diferente e são importantes fontes de influência e
estímulo para a prática desportiva. Na tentativa de conceituar motivação, Roberts (1992)
define que esta se refere a fatores da personalidade, variáveis sociais, e/ou conhecimentos
que entram em jogo quando uma pessoas realiza uma tarefa para a qual é avaliada. Por
isso se supõe que o indivíduo é responsável pelo resultado da tarefa e que é inerente a
certo nível de desafio. Além do mais, se acredita que estas circunstâncias facilitam
determinadas disposições motivacionais e valorizações cognitivas que influenciem na
conduta humana em situações de êxito.

Contudo, a motivação é um conceito abstrato, de difícil mensuração, sendo observável


somente pelo comportamento do indivíduo resultante e mensurável por artifícios
imperfeitos. A motivação tende a levar o indivíduo a efetuar uma série de comportamentos,
que são vistos sendo efetuados intensamente ou mantidos por um longo período de tempo.
Para Samulski (1990) ela é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a
uma meta, o qual depende da interação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais
(extrínsecos). Para este autor a motivação pode se definir, portanto, como a totalidade
daqueles fatores, que determinam a atualização de formas de comportamento dirigido a um
determinado objetivo, portanto, o que a determina em relação a ativação, é a intensidade e
a persistência e em relação a direção é a intenção e orientação a uma meta.

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Esta motivação irá depender da interação entre fatores pessoais e situacionais. No sistema
atual podemos distinguir determinantes internos e externos. Samulski (1995) diz que os
determinantes internos estão relacionados ao nível de aspirações, que está caracterizado
pela diferença entre um estado atual e um estado futuro, e a hierarquia dos motivos, ou
seja, primários e secundários. E os externos são em relação à torcida, ao desejo de ser
reconhecido pela sociedade.

Vários são os fatores que motivam o ser humano, em seu dia-a-dia, tanto de forma interna
como externa. A força de cada motivo e seus padrões influenciam e são influenciados pela
maneira de perceber o mundo que cada indivíduo possui. Devemos compreender que o
processo da motivação gira sempre em redor da dinâmica das necessidades humanas e
compreender o segredo essencial do motivar, aquilo que é básico na motivação, que
significa conhecer o elemento energizador do treinamento desportivo.

Desse modo, o objetivo deste estudo foi traçar um perfil motivacional dos atletas de
handebol na categoria juvenil verificando assim a influencia da motivação na pratica
desportiva desses atletas.

MÉTODO: A amostra deste estudo constituiu-se de 40 atletas masculinos da categoria


juvenil com idade variando entre 15 e 18 anos. Após a autorização concedida pelos sujeitos
segui-se a entrevista. Para a identificação dos principais fatores motivacionais, valeu-se de
um um questionário de escala somativa ou aditiva com três níveis de respostas (nada
importante, pouco importante e muito importante) composta por 19 questões. Realizou-se
uma análise de variança (ANOVA) para a identificação de resultados.

RESULTADOS: Os índices médios obtidos dos fatores de motivação relacionados à saúde,


ao rendimento físico e o fator amizade e lazer serão comparados com posições e clubes
desportivos investigados.

Tabela I – Valores médio obtidos de motivação entre as posições

POSIÇÕES DOS JOGADORES DE HANDEBOL

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FATORE Goleiro Ponta Armador Piv


S ô

m. Dp. Min. máx m. dp. min. máx m. dp. min. máx m. dp. min. máx

Saúde 2,58 0,360 2,0 3,0 2,6 0,4 1,8 3,0 2,5 0,4 1,8 3,0 2,4 0,4 1,4 3,0
9 1 0 3 7 0 2 5 0

Amizade 2,47 0,595 1,4 3,0 2,3 0,4 1,4 3,0 2,3 0,4 1,4 2,8 2,1 0,3 1,6 2,8
0 6 2 0 3 2 0 0 1 5 0

Ren. 2,62 0,317 2,0 3,0 2,7 0,2 2,0 3,0 2.7 0,2 2,3 3,0 2,7 0,3 2,1 3,0
Desp 8 6 9 5 3 2 2 7

M = média obtidas no teste; dp= desvio padrão; min.= valor mínimo obtido no teste; máx.=
valor máximo obtido no teste.

Tabela II – Perfil dos atletas de handebol em relação aos “fatores motivacionais”

Fatores Motivacionais Média D.p.

Aspectos Relativos à Saúde 2,58 0,41

Amizade e o Lazer 2,33 0,45

Rendimento Desportivo 2,73 0,28

Os dados da tabela I sugerem que os jogadores das diferentes posições atribuem uma
valorização maior ao fator “rendimento desportivo”, seguindo em ordem decrescente a
“saúde” e por último a “amizade / lazer”. De acordo com os resultados da análise de
variança (ANOVA), não encontramos diferenças estatisticamente significativas entre as
médias dos fatores por posição.

Como podemos observar, na análise comparativa dos fatores de motivação por posição os
índices médios e a ordem de valorização dos fatores de motivação não se diferenciaram.
Portanto, isto revela uma homogeneidade dos atletas no que se refere ao perfil motivacional

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para a prática desportiva. Desta forma podemos realizar uma descrição de um perfil único
dos jogadores, independente da posição que joga.

A tabela II refere-se aos valores de média e desvios padrão em cada fator de motivação
dos jogadores. Os atletas demostraram uma tendência a valorizarem mais o fator
motivacional ligados ao “rendimento desportivo”, evidenciando que os principais motivos
para envolverem e permanecerem na prática desportiva está relacionado à questões como:
vencer, ser melhor no esporte, competir, ser um atleta, desenvolver habilidades e ser um
jogador profissional.

O fator “aspectos relativos à saúde” foi o segundo a Ter uma atribuição de valor significativa,
revelando que os atletas também praticam desporto por motivos referentes à saúde como:
ter bom aspecto, manter o corpo em forma, desenvolver a musculatura e manter a saúde.

Para os jogadores de handebol, o fator referente à “amizade e lazer” foi o que recebeu a
menor atribuição de valor. Os itens fazer novos amigos, encontrar com os amigos, brincar
e divertir-se, não são importantes como os outros para o envolvimento e a participação
desportiva, talvez devido ao fato da pesquisa ter sido realizada durante uma competição.

CONCLUSÃO: Os dados do presente estudo demonstraram, claramente, que no esporte


de rendimento, em específico o handebol juvenil, independente da posição em que joga,
apresentaram um perfil predominantemente voltado para os aspectos motivacionais
relacionados ao rendimento, amizade e a saúde, respectivamente. Já os motivos
relacionados ao lazer não foram considerados importantes para o envolvimento com
práticas desportivas pelos atletas. Provavelmente o fator rendimento apareça em primeiro
lugar devido ao fato da pesquisa ter sido realizada durante um campeonato altamente
competitivo, mesmo que esta competição não fosse a principal para as equipes
pesquisadas. Todas os participantes desta pesquisa têm uma característica de treino
semelhante, treinam em média 03 horas por sessão e 03 sessões semanais. O tipo de
trabalho desenvolvido no treinamento está totalmente voltado para o rendimento, talvez
este fato tenha influenciado nas respostas que levaram alto rendimento. A influência dos
técnicos nas respostas esta ligada ao fato que, durante o treinamento e competição, suas
falas estão totalmente e/ou quase totalmente voltadas para o rendimento. Em síntese,

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devemos considerar que embora seja evidente que o presente perfil motivacional para o
atleta de handebol possa configurar-se incompleto, é importante ressaltar que os dados
apresentados neste estudo constituem-se em indicadores precisos nos processos de
planejamento, organização, avaliação e controle de programas de treino.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

CRATT, B. Psicologia no Esporte. São Paulo: Pretince Hall, 1984.

MALINA, R. M. & BOUCHAR, C. Growth, maturationand physical activity, Human Kinectis


Books. Chapaign. Ilinois, 1991.

ROBERTS, G. C. Motivation in Sport and Exercise. Glyn Roberts (ed). Human Kinectis,
Champaign, Ilinois. 1992.

SAMULSKI, D.. Psicologia do Esporte. (teoria e aplicação prática). Belo Horizonte:


Imprensa Universitária / UFMG, 1995.

SAMULSKI, D. Introdução à Psicologia do Esporte. Escola de Educação Física da UFMG:


Belo Horizonte, 1990. (Apostila)

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A CAPACIDADE DE REALIZAR SPRINTS REPETIDOS É SENSÍVEL AO


TREINAMENTO EM JOVENS JOGADORES DE FUTEBOL?
Tiago Cetolin,1,2.
Almir Schimidt Neto, 1.
Alessandro Haupenthal, 1.
Anderson Santiago Teixeira, 3.
Juliano Fernandes da Silva, 2.
1 – Figueirense Futebol Clube.
2 – Laboratório de Esforço Físico (LAEF)- UFSC.
3 – Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento do Futebol e do Futsal - UFSC.
tcetolin@terra.com.br

RESUMO: Monitorar as adaptações induzidas pelo treinamento sobre a capacidade de


realizar sprints repetidos (CSR) é de fundamental importância para os treinadores e
preparadores físicos, especialmente para verificar se os atletas estão aptos para suportar
a demanda física da partida. O objetivo do presente estudo foi investigar a sensibilidade do
teste de CSR proposto por Rampinini et al. (2007) ao treinamento de 8 semanas em jovens
jogadores de futebol de três categorias etárias (infantil, juvenil e junior). Quarenta e seis
jovens jogadores (infantil: n=20; juvenil: n=14; junior: n=12) pertencentes às categorias de
base de um clube profissional de futebol foram avaliados antes e após 8 semanas de
treinamento regular durante a pré-temporada. A avaliação incluíu a realização de um
protocolo de sprints repetidos para a determinação do tempo médio. As diferenças entre
pré e pós-treinamento foi investigada utilizando o teste t pareado de Student. Um nível de
significância de 5% foi adotado. Os valores de tempo médio pós-treinamento dimininuíram
significantemente (p<0,05) em relação ao momento pré-treinamento para todas as
categorias etárias. O atual estudo identificou o protocolo de CSR proposto por Rampinini et
al. (2007) como um teste sensível para monitorar as mudanças induzidas pelo treinamento
em jovens jogadores de futebol.
Palavras-chave: Testes, treino, avaliação.

INTRODUÇÃO: A capacidade de realizar sprints repetidos (CSR) tem sido associada com
o desempenho dos jogadores durante a partida de futebol (RAMPININI et al., 2007). A CSR
que é definida como a aptidão de realizar esforços máximos com pequena duração (≤10s)
e intervalos breves (≤ 60 segundos) (GIRARD, MENDEZ-VILLANUEVA, BISHOP, 2011)
tem sido avaliada em futebolistas por meio de diferentes testes de corrida (AZIZ et al., 2008,

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806

REILLY, 2001; BANGSBO, 2008; IMPELLIZZERI et al., 2008, CETOLIN et al., 2013). Entre
estes testes, de acordo com Padulo et al. (2015) o mais comum para avaliar a CSR no
futebol é o que foi validado por Impellizzeri et al. (2008) que consiste em seis repetições de
sprints de 40 m (20m+20m, ida e volta) intercalados com 20 segundos de recuperação
passiva. Este teste tem apresentado boa validade, reprodutbilidade e sensibilidade aos
efeitos de treinamento em jogadores adultos, no entanto, ainda não foi investigada a
sensibilidade do referido teste durante a temporada em jovens jogadores de futebol. Desta
forma, o objetivo deste estudo foi investigar a sensibilidade do teste de CSR proposto por
Rampinini et al. (2007) ao treinamento de 8 semanas em jovens jogadores de futebol de
três categorias etárias (infantil, juvenil e junior).

MÉTODOS:

Participantes

Participaram voluntariamente deste estudo 46 jovens jogadores de futebol que foram


recrutados das categorias de base de uma equipe de futebol profissional que disputa a séria
A do Campeonato Brasileiro. Todos os atletas pertenciam a uma das três categorias etárias
competitivas: infantil (n=20; 14,00 a 15,99 anos), juvenil (n=14; 16,00 a 17,99 anos) e
juniores (n=12; 18,00 a 20,99 anos). Os critérios de inclusão para participar do estudo
foram: (a) ter participação regular em mais de 90% das sessões de treinamento durante o
período de investigação, (b) não ter nenhuma lesão músculo-esquelético e/ou articular
durante o mesmo período e (c) não tomar nenhuma medicação que possa interferir
diretamente no resultado do atual estudo. Antes de iniciar o estudo, os jogadores e seus
responsáveis legais foram esclarecidos sobre os objetivos e a metodologia da pesquisa
para, então, assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Este estudo
foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPSH) da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Design

Todos os jogadores foram submetidos a um protocolo de campo para avaliar a CSR


antes (pré-treinamento) e após (pós-treinamento) um período de 8 semanas regulares de
treinamento durante a pré-temporada. As avaliações pré (T1) e pós-treinamento (T2) foram

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realizadas na primeira e décima semana da pré-temporada, respectivamente, no centro de


treinamento do clube em um campo de grama natural. Durante o período do estudo, as
sessões de treino compreendiam treinamentos intervalados de alta intensidade,
treinamento de sprints, jogos reduzidos, bem como exercícios técnicos e táticos específicos
ao futebol. Um período de 48 h sem exposição a nenhum treinamento ou exercício de alta
intensidade foi realizado antes das avaliações para minimizar qualquer efeito da fadiga
residual.

Protocolo do teste de CSR

Para mensurar a CSR, foi adotado o teste proposto por Rampinini et al, (2007) e
validado por Impellizzeri et al. (2008). Neste teste são realizados 6 sprints de 40m (20m +
20m com mudança de direção de 180º) intercalados por intervalos passivos de recuperação
de 20 segundos. Este teste foi projetado para mensurar tanto a CSR quanto a habilidade
do atleta em mudar de sentido (IMPELLIZZERI et al, 2008). Cinco segundos antes do início
de cada sprint os sujeitos assumiam a posição inicial e aguardavam pelo sinal de partida.
Tem sido sugerido que o tempo médio derivado desse teste de CSR, diferentemente do
melhor tempo, é mais bem correlacionado com a distância percorrida em alta intensidade
durante os jogos. Por essa razão, o tempo médio a partir dos 6 sprints de 40 m foi
posteriormente calculado e usado como medida de desempenho no presente estudo.

RESULTADOS

Na Tabela 1 estão apresentados os valores de tempo médio para o momento pré


(T1) e pós-treinamento (T2) em cada categoria etária competitiva. Após o período de
treinamento, o tempo médio dos sprints diminuiu significantemente (p < 0.05) em
comparação aos valores apresentados no início do treinamento para todas as categorias
etárias competitivas. Para a categoria infantil, a redução do tempo médio após o
treinamento foi de 4,64%, enquanto que para a categoria juvenil e juniores foram
observadas reduções na faixa de 3,43% e 3,05%, respectivamente.

Tabela 1 – Estatística descritiva para os valores de tempo médio obtido no teste de CSR
antes (T1) e após (T2) o período de 8 semanas de treinamento em jovens jogadores de
categorias etárias distintas.
Pré (T1) Pós (T2) Teste t pareado

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Categoria TM (s) TM (s) p-valor ES


(média ± dp) (média ± dp)
Infantil (n=20) 7.53 ± 0.13 7.18 ± 0.15 <0.001 2.47 (very large)
Juvenil (n=14) 7.15 ± 0.20 6.90 ± 0.18 <0.001 1.23 (large)
Junior (n=12) 7.16 ± 0.21 6.94 ± 0.13 0.008 1.21 (large)
TM = tempo médio dos 6 sprints de 40 m realizados.

DISCUSSÃO
O principal achado do presente estudo foi que o teste de capacidade de sprints
repetidos investigado (RAMPININI et al., 2007; IMPELIZZERI et al., 2008) é sensível ao
treinamento em jovens jogadores de futebol (infantil, juvenil e júnior). Para um teste ter
aplicabilidade confiável a sensibilidade é fator determinante (CURREL; JEUKENDRUP,
2008), uma vez que é por meio desta informação que treinadores e preparadores físicos
podem ter certeza que os treinamentos aplicados atingiram os objetivos estipulados.
Os bons resultados referentes à sensibilidade do teste podem ser explicados pelo
tipo de treinamento aplicado nas oito semanas investigadas, que consistiu de treinamentos
intervalados de alta intensidade (principalmente com mudança direção), treinamento de
sprints, jogos reduzidos, bem como exercícios técnicos e táticos específicos ao futebol que
contemplam acelerações de desacelerações.
Considerando que os sprints são ações frequentes que precedem a realização de
gols no futebol (FAUDE et al., 2012), e que potencialmente um jogo pode ser ganho ou
perdido em ocasiões que a capacidade de resistir à fadiga pode ser afetada devido ao nível
de condicionamento (GIRARD et al., 2011), a avaliação da CSR por meio de um teste
válido, reprodutível e com boa sensibilidade é um aspecto fundamental no cenário do
desempenho no futebol. Contudo, se faz necessário uma melhor compreensão sobre a
realização dos sprints por jovens jogadores durante as partidas.

CONCLUSÕES
O atual estudo identificou que o protocolo de sprints repetidos proposto por
Rampinini et al. (2007) como um teste de campo sensível para monitorar as mudanças
induzidas pelo treinamento sobre este fundamental parâmetro de desempenho anaeróbio
em jovens jogadores de futebol.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
809

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Cineantropometria & Desempenho Humano (Online), v. 15, p. 507-516, 2013.
CURRELL, K.; JEUKENDRUP A. E. Validity, reliability and sensitivity of measures of
sporting performance. Sports Medicine, v. 38, n.4, p.297-316, 2008.
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situations in professional football. Journal of Sports Sciences, v. 30, n.7, p. 625-631, 2012.

GIRARD, O.; MENDEZ-VILLANUEVA, A.; BISHOP, D. Repeated-sprint ability - part I:487


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RAMPININI, E., BISHOP, D., MARCORA, S. M., BRAVO, D. F., SASSI, R., IMPELLIZZERI,
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Top-Level Professional Soccer Players. International Journal of Sports Medicine, v.28,
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REILLY, T. Assessment of sports performance with particular reference to field games.
European Journal of Sports Sciences, v.1, n.3, p.1-12. 2001.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
810

O PERCURSO COMPETITIVO DE TENISTAS TOP50 DO RANKING PROFISSIONAL


Gabriel Armondi Cavalin / UNISUAN
Caio Corrêa Cortela / NP3 – Esporte – UFRGS
Roberto Tierling Klering / NP3 – Esporte – UFRGS
Gabriel Henrique Treter Gonçalves / NP3 – Esporte – UFRGS
Carlos Adelar Abaide Balbinotti / NP3 – Esporte – UFRGS
gabrielcavalin@yahoo.com.br

RESUMO: A presente pesquisa aborda o percurso competitivo de tenistas bem sucedidos


no ranking da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP). O objetivo do estudo é
descrever o percurso competitivo percorrido pelos tenistas profissionais de sucesso
enquanto participantes do Circuito Júnior Internacional de Tênis (ITFJC), apresentando um
panorama de desempenho e das competições internacionais que precedem a entrada no
circuito profissional de tênis. Para tanto, fizeram parte do estudo os 50 melhores tenistas
classificados no ranking de simples da ATP, conforme visualizado em 16 de junho de 2014.
A idade média observada para a amostra foi de 28,9±3,2 anos de idade, tendo a idade
mínima e máxima, respectivamente, de 23 e 36,2 anos. Os resultados mostram que: a) 48
tenistas do Top50 disputaram as competições do ITFJC; b) estes tenistas atingem seu
melhor ranking no ITFJC, em média, aos 17,4±0,7 anos; c) disputam, em média, 19±13,7
torneios ao longo de, aproximadamente, 3,2±1 temporadas; d) disputam, em média,
62,5±45 partidas de simples e 39,4±31,2 partidas de duplas; e) atingem como melhor
colocação, em média, a 91,4ª±139,4ª posição no ranking do ITFJC. Por fim, o estudo
permite concluir que o ITFJC possui grande relevância como opção competitiva para os
tenistas Top50 do ranking da ATP no momento de transição do tênis juvenil ao profissional.
Palavras-chave: Tênis, Tenistas, Competição.

INTRODUÇÃO: A organização dos principais torneios mundiais de tênis está sob a


chancela de três entidades: a Associação dos Tenistas Profissionais (ATP), a Associação
de Tênis Feminino (WTA) e a Federação Internacional de Tênis (ITF). Enquanto a ATP e a
WTA gerenciam o ranking mundial do circuito masculino e feminino profissional,
respectivamente, a ITF é a responsável pelo circuito júnior (ITFJC).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
811

Para Vicario (2003) e Reid et al. (2007), as competições de tênis possuem um papel
essencial na formação integral de tenistas de sucesso. Conforme McCraw (2011), o
planejamento das competições deve adequar-se ao estágio de desenvolvimento dos
tenistas. Neste caminho, observa-se que no período de transição entre o circuito juvenil e
o profissional o planejamento do percurso competitivo deve levar em consideração o
desenvolvimento técnico, tático, físico e mental destes jogadores, bem como fazer com que
distribuam, conforme necessidade, as competições juvenis e profissionais. Com isso, este
se torna um período bastante delicado e que requer muita atenção dos profissionais que
auxiliam os jovens tenistas a tornarem-se tenistas de sucesso.
Neste contexto, o objetivo do presente artigo é descrever o percurso competitivo percorrido
por tenistas profissionais de sucesso enquanto participantes do ITFJC, apresentando um
panorama de desempenho e das competições internacionais que precedem a entrada no
circuito profissional de tênis.

MÉTODO: O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva quantitativa.


De acordo com Thomas, Nelson e Silverman (2012), esse tipo de pesquisa visa conhecer
e interpretar a realidade sem nela interferir.
Fizeram parte do estudo os 50 melhores tenistas classificados no ranking de simples da
ATP, conforme visualizado em 16 de junho de 2014. A idade média observada para a
amostra foi de 28,9±3,2 anos de idade, tendo a idade mínima e máxima, respectivamente,
de 23 e 36,2 anos.
Para a análise dos dados foi considerada como fase de transição o período de quatro
temporadas. Esse critério de corte foi adotado tendo em vista que apenas cinco jogadores
disputaram mais de quatro anos de competições no ITFJC. Assim, os sete torneios e os 12
jogos realizados por esses tenistas foram adicionados na primeira das quatro temporadas
analisadas.
Para a coleta das informações foi realizado o acesso ao site oficial da ITF
(http://www.itftenniscom/juniors). O acesso ao perfil dos tenistas ocorreu por meio da
inserção do sobrenome utilizado pelos mesmos no ranking da ATP.
Após a extração dos dados, a análise descritiva foi realizada por meio do software SPSS
versão 15.0.

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Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul sob o número de protocolo 2007721.

RESULTADOS: Analisados os dados encontrados, verifica-se que o ITFJC apresentou-se


como uma opção competitiva importante na transição para o circuito profissional, haja vista
que 48 dos 50 tenistas observados participaram desse circuito em algum momento da
carreira.
Devido a sua relevância, diversos estudos (REID et al., 2007; REID; CRESPO; SANTILLI,
2009; CORTELA et al. 2010; REID; MORRIS, 2011; CORTELA et al. 2012; BROWERS; DE
BOSSCHER; SOTIRIADOU, 2012) têm buscado estabelecer uma relação entre o sucesso
no ITFJC (Top20) e as classificações obtidas posteriormente no circuito profissional da
ATP.
No presente estudo verificou-se que 77% dos tenistas estiveram entre os 93 melhores
classificados do ITFJC, 50% estiveram entre os 21 melhores classificados, 38% estiveram
entre os 8 melhores classificados e 10% dos tenistas lideraram o ranking do ITFJC. No
entanto, os dados publicados até o momento na literatura reforçam a necessidade de haver
cautela na interpretação dessas classificações, especialmente quando visam o
estabelecimento de prognósticos com relação aos resultados futuros.
Reid et al. (2007), e Reid, Crespo e Santilli (2009), apontam que estar classificado no Top20
do ITFJC permite prognosticar, de forma significativa, a entrada no ranking profissional.
Porém, essa predição explica apenas cinco por cento das variações observadas nos
rankings obtidos no circuito profissional (REID et al., 2007). Brouwers, De Bosscher e
Sotiriadou (2012) ao examinarem o desempenho de mais de 4000 tenistas, concluíram que
os resultados nas categorias sub-14 e sub-18 não são bons indicadores para predição das
classificações atingidas no circuito profissional, em ambos os sexos. Nessa mesma direção,
Cortela et. al. (2012), ao investigar os marcos esportivos de tenistas Top100, observou que
a correlação entre a melhor classificação no ranking ITFJC e a melhor classificação no
ranking da ATP é tênue (+0,07).
Analisando a Tabela 1, observa-se que a melhor classificação no ranking ITFJC e a idade
de ocorrência apresentam-se em concordância com os resultados dos trabalhos que
investigaram o percurso esportivo de tenistas profissionais de sucesso (CORTELA, et. al.,
2010; REID; MORRIS, 2011; CORTELA et. al., 2012).

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Tabela 1: Estatística descritiva das variáveis relacionadas ao percurso competitivo no


ITFJC.
Tendência Central e Dispersão
Variáveis do percurso
Amplitude
competitivo X DP Mediana Moda
Minimal Maximal
Melhor ranking 91,4 139,4 22,5 1 1 525
Idade melhor ranking 17,4 0,74 17,4 17,5 15,1 18,6
Número total de torneios 19 13,7 19 1 1 47
Número total de jogos de simples 62,5 45 64 5 1 167
Número total de jogos de duplas 39,4 31,2 33 14 1 132
Número total de temporadas 3,2 1 3,5 4 1 4

A idade do melhor ranking ITFJC encontrada demonstra que essa classificação foi
alcançada no penúltimo ano em que os tenistas poderiam participar do ITFJC. De acordo
com Cortela et. al. (2010), isso ocorre porque no último ano do ITFJC muitos tenistas
priorizam o calendário profissional, jogando apenas as grandes competições do ITFJC.
Outro fator que corrobora para esse cenário é a qualidade dos jogadores pertencentes à
amostra, que possibilitou a obtenção de resultados expressivos em idades relativamente
mais baixas. De acordo com Cortela et. al. (2012), os tenistas que atingem a melhor
classificação no ITFJC em idades mais baixas tendem a alcançar os demais marcos da
carreira esportiva mais cedo do que os seus pares. Nessa mesma direção, Brouwers, De
Bosscher e Sotiriadou (2012), relatam que os tenistas que alcançaram o Top20 do ITFJC
até os 16 anos demonstraram maior propensão para atingir os Tops200, 100 e 20 do
ranking profissional da ATP.
No que diz respeito à participação em torneios no ITFJC, observa-se que 64% dos tenistas
analisados participaram de 12 ou mais eventos. Nessa mesma direção, verifica-se que mais
da metade dos jogadores, 52% e 51%, respectivamente, disputaram mais de 63 partidas
em simples, e mais de 33 em duplas.
Quanto ao âmbito de competição, observa-se a preferência pelos torneios com maiores
pontuações no ITFJC (GA, G1 e G2). No momento de transição do juvenil para o
profissional, verificou-se que muitos tenistas priorizam a disputa somente dos maiores
eventos do ITFJC, dividindo, assim, essas competições com as de nível profissional.
Por fim, verificou-se que os eventos em quadras de saibro ou duras, respectivamente, são
os que recebem maior atenção por parte dos jogadores. Esses resultados reforçam a

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importância da superfície de jogo no desenvolvimento dos tenistas. De acordo com Reid et.
al. (2007), os tenistas que se desenvolvem em quadras de saibro ou em combinação entre
saibro e quadras duras, apresentam melhores classificações no ranking profissional da
ATP.

CONCLUSÃO: O presente estudo investigou o percurso competitivo traçado por tenistas


Top50 da ATP durante a etapa juvenil. Buscou abranger todo o período de transição
competitiva realizado pelos tenistas no intuito de identificar a importância do ITFJC na
trajetória de tenistas bem sucedidos.
Os resultados encontrados apontam que o ITFJC apresenta-se como uma opção
competitiva importante para os tenistas em fase de transição, verificando-se que 96% dos
atletas Top50 da ATP participaram desse circuito.
Os dados apresentados corroboram com os de outros estudos que investigaram o percurso
competitivo de tenistas profissionais de sucesso internacional. Dessa forma, ressalta-se a
importância do ITFJC como opção competitiva na fase de transição. No entanto, os
resultados obtidos nesse circuito devem ser analisados com cautela quando se tem como
objetivo prognosticar os resultados no ranking profissional da ATP.

REFERÊNCIAS
BROUWERS, J; DE BOSSCHER, V; SOTIRIADOU, P. An examination of the importance
of performances in youth and junior competition as an indicator of later success in
tennis. Sport Management Review, v. 15, n. 4, p. 461-475, 2012.
CORTELA, C. C et al. Tenistas top 100- um estudo sobre as idades de passagens pelos
diferentes marcos da carreira desportiva; Pensar prática, v. 13, n. 3, 2010.
CORTELA, C. C et al. Resultados esportivos no escalão junior e desempenhos obtidos na
etapa de rendimentos máximos. Uma análise sobre a carreira dos tenistas top 100. Revista
Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 11, n. 1, 2012.
MCCRAW, P. D. Making the Top 100: ITF Top 10 junior transition to Top 100 ATP tour (1996
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815

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FATORES INTERVENIENTES NA PERFORMANCE DOS 100 METROS RASOS


Adriana Costa Borges – UEG
Ernesto Flavio Batista Borges Pereira – UEG

RESUMO: O presente artigo teve como objetivo investigar quais fatores poderiam interferir
na performance dos 100 metros rasos (m/r) e foi iniciado a partir de observações em
competições de atletismo a nível regional, nacional e internacional. Os resultados
identificados através das respostas foram: resistência de velocidade (85%), força geral
(73%), força rápida (53%), coordenação (35%), resistência de sprint (33%) e técnica (33%).
Concluiu-se que todos estes fatores deverão ser observados no treinamento para a melhora
da performance dos 100m/r, os quais poderão ser identificados através da realização de
testes, ajudando a evitar deficiências que ocorrem com a maioria dos velocistas. Palavras-
Chave: 100m/r, Atletismo, Métodos de Treinamento, Performance.

INTRODUÇÃO: Os 100m/r, prova de verdadeira força e reação explosiva aplicada desde


o início da corrida aumentando a velocidade de deslocamento progressivamente. O
desenvolvimento da corrida de 100m/r possibilita-nos fazer uma divisão da mesma,
permitindo uma análise com distintas orientações para seu treinamento.
Na primeira fase, apesar de ser fator muito importante, é a fase menos influente nos 100m/r.
Ballreich citado por Weineck (1999) concluiu em uma análise dos fatores determinantes do
desempenho na prova de 100m/r que a reação não é muito significativa, obtendo uma
variação de apenas 0,1 em relação as outras fases da prova. Consiste no tempo que decai
entre o tiro e o começo da pressão no bloco de partida.
A segunda fase ocorre do momento em que o velocista fez a partida até o momento que
ele obtém a maior velocidade de um modo estável. De acordo com o nível do corredor a
duração da aceleração é maior ou menor. Deste modo, velocistas de alto rendimento têm
um desenvolvimento mais prolongado da aceleração, enquanto que os de nível menor
alcançam antecipadamente sua estabilização da máxima velocidade. Gundlach citado por
Hegedus (1999) diz que em corredores de nível secundário, os que correm 100m/r acima
de 13’’, o incremento da velocidade não é prolongado além dos 30 metros de corrida. O
incremento da velocidade predominantemente é obtido pelo aumento gradual do
comprimento das passadas sobre a amplitude da mesma, ou seja, a manutenção da mesma
frequência de passadas (passos por segundo). No momento em que é estabilizada a

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amplitude e a frequência das passadas e que chegamos ao desenvolvimento da velocidade


máxima (v.m.) finalizando a aceleração. Aqui existe uma adequada harmonia e relação
entre a amplitude e frequência de movimentos.
Na terceira fase produz-se o maior deslocamento na unidade de tempo. Durante esta fase
há uma coordenação estável entre frequência e amplitude das passadas. Enquanto a
mesma dura permanece a velocidade máxima. É por isso que nem amplitude e freqüência
das passadas não agem de forma separada, há uma grande relação íntima entre ambas.
Na última fase, sua magnitude dependerá do nível do velocista. A desaceleração é
verificada nos últimos metros e fica evidente um pequeno incremento na amplitude das
passadas, mas obviamente também uma imperceptível redução da sua frequência.
Segundo Hegedus (1999) com trabalhos específicos de resistência de velocidade (R.V.)
pode-se reduzir os valores da desaceleração negativa, para que o atleta possa manter a
fase de coordenação rápida ou v.m. durante um maior espaço de tempo possível. Hill citado
por Barbanti (1997) diz que: “na corrida dos 100m/r a velocidade de base somente atinge
uma distância de aproximadamente 60 metros, acima dessa distância surge o fator R.V. ou
“velocidade prolongada”. E, segundo Schmolinsky (1982) a R.V. contribui para o resultado
da corrida. A razão é que após uns 60-70m de v.m., até bons corredores começam a
ressentir gradualmente, perdendo velocidade em virtude da carência de oxigênio que faz
retardar os processos nervosos. Villaescusa (1998) diz que a resistência é uma capacidade
física muito completa, que obtêm muitos conceitos e classificações, e, que na realidade, as
vias de obtenção de energia não atuam independente da outra, sucedendo-se em contínua
harmonia, ou seja, para o desenvolvimento da R.V.

METODOLOGIA: Foram entrevistados 15 treinadores que atuam em todos os níveis e


categoria do atletismo brasileiro. Os dados foram coletados através de entrevistas de
campo, com o uso de questionário aberto e de um gravador, realizadas durante as
competições realizadas pela CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) e pela CBDU
(Confederação Brasileira de Desporto Universitário). Aos treinadores foi dada a liberdade
da forma de responder, alguns responderam oralmente, outros responderam por escrito.

RESULTADOS: Os índices obtidos das respostas dos treinadores são apresentados na


tabela I.
TABELA I – Percentuais das respostas dadas pelos treinadores entrevistados

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RESPOSTA DADAS PERCENTUAIS


- Resistência de Velocidade 85%
- Força Geral 73%
- Força Rápida 53%
- Coordenação 35%
- Resistência de Sprint 33%
- Técnica 33%

A R.V. foi apontada por 85% dos técnicos entrevistados, como o fator mais relevante. A
Força ficou com 73% e especificamente Força Rápida com 53%, a Coordenação com 35%
e finalmente, Resistência de Sprint (R.S.) e Técnica com 33%. De acordo com estas pode-
se discutir sobre a R.V. que irá ajudar o corredor, principalmente no final da prova, fazendo
com que o mesmo suporte a v.m. durante mais tempo. Isto dará impressão que o corredor
treinado estará aumentando sua velocidade nos últimos metros da corrida ao passo que
seus adversários, na verdade estarão desacelerando precocemente.

Para a R.V. os treinos de velocidade mais utilizados são aqueles em que a distância seja
um pouco superior que a prova. Com trabalhos de Potência Anaeróbia Lática à sprints
máximos e submáximos de 85-100% da v.m. e tiros entre 120-180 metros (m), pela maioria
dos entrevistados, com 6-8’ de pausa (p), se melhora a R.V. Weineck (1999, p. 430)
comenta que “embora o tempo de carga seja excepcionalmente curto, o velocista não
consegue estender a fase de v.m. durante todo o percurso de 100m/r”, daí surge o fato de
que na última fase será de grande importância a R.V. A grande intensidade de carga
representa um esforço tão grande para o sistema neuromuscular, que se estabelece
precocemente. A recuperação da R.V. irá garantir ao atleta a fase de coordenação da
velocidade por um período de tempo prolongado.

A R.S. é outro fator importante no treinamento, onde a maioria dos técnicos até
consideraram também como R.V. Sugeriram trabalhos de Potência Anaeróbia Alática, à
sprints máximos de 95-100% v.m., tiros que variaram de 10-120m, com intervalos de 3’-5’
p, para sua melhora. Segundo Hegedus (1996) os esforços mais curtos irão desenvolver a
velocidade pura, ou seja, o máximo desenvolvimento na unidade de tempo com um enorme
potencial da coordenação intra e intermuscular.

A R.S. é semelhante à R.V., porém seus trabalhos giram em torno de intensidades máximas
enquanto geralmente a R.V. submáximas, e também seu treinamento é equivalente a curtas

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distâncias com o objetivo de manter a v.m. até o final da corrida, sustentada pelo trabalho
da R.V. para que a perda nos últimos 20-30m seja a mínima possível. Tanto a R.S. quanto
a R.V. podem ser trabalhadas em distâncias iguais para a melhora da chegada dos 100m/r
com tiros intervalados curtos submáximos para a R.V. e tiros máximos com um mínimo de
perda de centésimos para a R.S.
A Técnica discutida, possui conceitos relevantes para a melhora da chegada dos 100m/r.
Seria impossível se tratar de técnica sem se falar em do desempenho da Coordenação que
é o principal fator na perfeição dos movimentos. Quanto a técnica sugeriram vários meios
e cuidados em relação a prova para que o atleta realize um movimento harmonioso sem
grandes perdas, citam o objetivo da técnica em evitar gasto excessivo de energia, através
dos movimentos biomecânicos relativos a prova evitando assim, o desequilíbrio que possa
ocorrer com a pequena fadiga muscular que ocorre no final dos 100m/r.
Essa fadiga com maior gasto de energia, esforço tenso, pode ocorrer mais ainda e provocar
maior desaceleração, aproximando-se da linha de chegada e antecipando a projeção do
tronco mais de dois passos, fazendo com que a amplitude diminua mais, devido ao
deslocamento do centro de gravidade à frente, fazendo com que a coordenação técnica se
desfaça provocando a queda do atleta antes ou até mesmo depois da linha.
Boompa (2002) comenta que a coordenação é a capacidade de executar movimentos de
vários graus de dificuldade rapidamente, com grande precisão e eficiência, de acordo com
os objetivos específicos do treinamento, sendo importante sua atuação, pois irá garantir ao
atleta a perfeita movimentação de músculos que irão ajudar a aprimorar a técnica, obtendo
especificamente para os 100m/r coordenação rápida de movimento, promovendo um maior
equilíbrio e um menor gasto energético, principalmente na chegada.
A Força é um dos principais fatores não só para melhora da chegada, como nas demais
fases da corrida. Foi citada como segundo fator importante para a performance geral e
específica do velocista, existem tipos de força e entre estas, a mais destacada foi Força
Rápida ou Explosiva com aplicação efetiva. Para Força Rápida sugeriram rampas em
aclives e declives, acelerações, educativos com cargas, multisaltos, tração, pliometria e de
musculação com média de 50-70% da força máxima (F.M.) para uns, com 3-5 séries e 10-
15 repetições (r), e, outros com 75% F.M., com 3 séries e de 2-6 r. Barbanti (1997, p. 183)
comenta que força rápida também chamada de força explosiva ou potência, é a capacidade
caracterizada por aplicações de grande força no menor tempo possível contra uma

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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resistência submáxima, ou seja, com este trabalho o atleta poderá exercer sua força
máxima rapidamente para adquirir maior velocidade e sustentação.
Com os parâmetros analisados para o trabalho de R.V. tanto da literatura como dos
treinadores, percebe-se que não há equívoco na periodização dos 100m/r, sugere-se que
a R.V. seja trabalhada também com trabalhos de Resistência Anaeróbia Lática, intensidade
submáxima de 85%-95% da v.m., tiros de 250-800m que podem ser divididos em métodos
intervalados com 1’30’’-5’p.
Quanto a R.S. sugere-se tiros de 10-80m em v.m., 1’-1’30’’p, ênfase dos 50-80m, distância
científica de aceleração máxima para tentar manter a velocidade até o final da corrida,
dependendo do nível e da genética do atleta. Tanto coordenação quanto técnica devem ser
treinadas principalmente como educativos técnicos, e ser observados erros técnicos pelo
treinador para correção de movimentos, trabalhar a inclinação do tronco na linha de
chegada, realizar técnicas de relaxamento com corridas de coordenação, amplitude de
passadas sem exageros ou curtas demais para que não haja efeitos de frenagem durante
a corrida.
O trabalho de força e força rápida devem ser um trabalho que a ser realizado com muito
cuidado, para que se evite lesões, excesso ou perda de massa muscular e excessos de
treinamento. De acordo com treinadores, a ênfase ao treinamento de musculação deve ser
com intensidades de 60-80% com movimento máximo-explosivo e de curta amplitude, com
1’-2’p, de 6-8r, de 3-5 séries, e, com 5’p entres séries, sendo que na utilização de
intensidade maior, menor é a repetição e vice-versa.

CONCLUSÃO: Os fatores discutidos demonstram boa fundamentação teórico-prática com


velocistas no Brasil, diante disso procurou-se estabelecer linhas de treino simpatizado com
o perfil dos técnicos para utilização nos treinos visando melhora da RV, testes físicos
também irão ajudar na identificação déficits. O atleta deverá ter, um treinador que lhe
acompanhe e passe adequada periodização, condição de tempo de treino, condição social,
estrutural e familiar, para o desenvolvimento máximo desse atleta na luta pela conquista de
grandes marcas. Apesar das dificuldades político-desportivas, treinadores brasileiros tem
obtido resultados expressivos em competições nacionais e internacionais com, utilizando
métodos de treinamento que revelam o sucesso do seu trabalho.

REFERÊNCIAS:

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
821

BARBANTI, V. J. Teoria e Prática do Treinamento Esportivo, São Paulo, Edgard Blücher,


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SCHMOLINSKY, G. Atletismo, São Paulo, Estampa, 1982.
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WEINECK, J. Treinamento Ideal, São Paulo, Manole, 1999.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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A PREVALÊNCIA DOS GOLS NO FUTEBOL EM RELAÇÃO A DIMENSÃO ESPACIAL


José Cicero Moraes¹
Antônio Flores Cruz Neto²
Marcelo Francisco da Silva Cardoso¹
Rogério da Cunha Voser¹
¹Grupo de Estudos em Esporte (GEE)/ESEFID/UFRGS
²Analista de Desempenho do Grêmio Foot-Ball PortoAlegrense
cicero@esef.ufrgs.br

RESUMO: Este estudo teve como objetivo geral identificar qual zona do campo (dimensão
espacial) que apresenta maior ocorrência de finalizações que resultam em gol. Como
objetivos específicos buscou-se verificar se há consistência na prevalência das zonas de
ocorrência do gol em cada nível de rendimento e também identificar se existe diferença
entre os níveis de rendimento (G4 e Z4). Foram analisados todos os gols marcados nas
temporadas de 2009, 2010, 2011 e 2012 da Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol.
Procedemos a uma descrição dos valores absolutos e percentuais relativos à quais zonas
do campo (dimensão espacial) que apresentam maior ocorrência de finalizações que
resultam em gol. Nas inferências adotamos o teste do Qui-quadrado. O nível de
significância foi mantido em 5%. Os resultados mostraram uma prevalência da zona 11
dentro da área de pênalti como a preferencial para as finalizações que resultaram em gol,
tanto na análise conjunta das temporadas, como na apreciação por nível de rendimento e
temporada isoladamente.
Palavras-chave: Futebol. Rendimento. Análise de Jogo.
INTRODUÇÃO: Relativamente à evolução manifestada nos Jogos Desportivos Coletivos,
além do equilíbrio verificado em competições do mais alto nível, evidencia-se a relevância
e necessidade da leitura qualificada dos números e fatos ligados ao ambiente do jogo com
a respectiva aproximação da ciência, objetivando, de modo permanente, a qualificação do
processo competitivo. Verifica-se, assim, um constante interesse das Ciências do Esporte
em identificar os fatores presentes no contexto do jogo que possam aumentar os
conhecimentos da lógica funcional na especificidade da modalidade de Futebol. A elevada
performance de uma equipe de Futebol manifesta-se pelo equilíbrio de sua organização
coletiva e consequente eficácia demonstrada nas suas finalizações, ou seja, sua
capacidade em marcar mais gols que o adversário, de modo que a obtenção de gol(s) passa
a ser o indicador diferencial e decisivo para caracterizar uma equipe bem sucedida

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
823

(MORAES et al., 2012). Portanto, este estudo, baseou-se essencialmente na análise


daquele que é o momento mais esperado, raro e decisivo, do Futebol: o gol. A concretização
de um gol demanda tanto empenho que cada um deles representa um momento solene e
especial, e “qualquer gol, em qualquer momento da partida, pode ser a diferença entre a
vitória e a derrota, entre o prazer e o desespero. O gol é a donzela do futebol, uma donzela
verdadeiramente rara e difícil” (ANDERSON; SALLY, 2013, p.76). Saber em que zona do
campo ocorrem as finalizações que resultam em gol parece ser uma informação valiosa
àqueles que lidam com o Futebol e, por conseguinte, uma questão a ser investigada.
Buscando conhecer esta realidade, analisamos os gols de quatro edições (2009 a 2012) do
campeonato de Futebol da Série A do Brasil. Deste modo, o presente estudo teve como
objetivo geral identificar qual zona do campo (dimensão espacial) que apresenta maior
ocorrência de finalizações que resultam em gol. Como objetivos específicos buscou-se
verificar se há consistência na prevalência das zonas de ocorrência do gol em cada nível
de rendimento e também identificar se existe diferença entre os níveis de rendimento.
MÉTODO: Fazem parte da amostra todos os gols marcados nas temporadas de 2009,
2010, 2011 e 2012 da Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol. A variável central do
estudo foi a zona de finalização (espacial), para isto se utilizou um modelo de campo
proposto por Garganta (1997) para coletar os dados, onde se incluiu adaptações (figura 1),
subdividindo as zonas 10, 11 e 12 em dentro e fora da área de pênalti. O estudo também
considerou o nível das equipes (variável rendimento), onde, nas edições da competição, as
equipes foram divididas de acordo com sua classificação final em: a) Nível Superior
(composto pelos quatro primeiros colocados – Zona da Libertadores – G4); b) Nível Inferior
(composto pelos quatro últimos colocados – Zona do Rebaixamento – Z4).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Figura 1 – Campograma, GARGANTA (1997).

As imagens da maioria dos gols foram cedidas, através de DVD’s, pela Central de Dados
Digitais (CDD) do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Os demais gols foram obtidos através
de pesquisa e visualização em sites que abordam a modalidade de Futebol. Para analisar
os dados, relativamente ao objetivo geral, procedemos a uma descrição dos valores
absolutos e percentuais relativos a quais zonas do campo (dimensão espacial) que
apresentam maior ocorrência de finalizações que resultam em gol. Para atender aos
objetivos específicos, selecionamos da amostra apenas os gols das equipes classificadas
no nível de rendimento superior (G4) e inferior (Z4), em cada uma das edições da
competição entre os anos de 2009 a 2012. Para esta análise recorremos ao teste de qui-
quadrado. O alfa adotado foi de 0,05. O software usado para a obtenção dos valores
apresentados neste estudo exploratório foi o SPSS v.20. No intuito de examinar a fiabilidade
das observações da varável espacial aplicou-se o índice Kappa de Cohen, sendo
encontrados excelentes valores de concordância (acima de 0,81, para intraobservador e
interobservador).
RESULTADOS: Ao analisarmos conjuntamente os gols das quatro temporadas avaliadas,
no que se referem as zonas de finalização (antecedente ao gol), encontramos prevalência
da zona 11 dentro da área de pênalti com 73,2%. As outras três zonas que se destacaram,
porém com percentuais bem inferiores, foram: zona 11 fora da área com 7,5%, logo a seguir
zona 12 dentro da área 5,9% e zona 10 dentro da área com 5,1%. Considerando as

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
825

temporadas isoladamente, podemos verificar que as finalizações que resultaram em gols,


na zona 11 dentro da zona de pênalti, mostraram 76,4% (2009), 68,3% (2010), 73,3%
(2011) e 74,7% (2012). Atendendo ao 1º objetivo específico, quando comparamos, por
temporada, verificamos no nível G4 os seguintes resultados: uma consistência na
ocorrência do gol com predominância na zona 11 dentro da área de pênalti, assim como a
análise conjunta, com os percentuais de 76,5% (2009), 72,6% (2010), 71,5% (2011) e
73,8% (2012). Encontramos diferenças significativas na zona de ocorrência ao analisar
cada temporada (x²=42,406; df= 24; p=0,012). Na temporada de 2009, na zona 10 dentro
da área, ocorreram menos gols do que se esperava (1,3%), enquanto na zona 10 fora da
área a frequência de gols foi superior ao esperado (5,9%). No nível Z4, assim como no G4,
o espaço de maior ocorrência de gols foi na zona 11 dentro da área, 78,9% (2009), 63,2%
(2010), 76,2% (2011) e 79,9 (2012). Encontramos também, diferenças na ocorrência de
gols dentro das zonas em relação às temporadas analisadas (x²=47,674; df= 24; p=0,003).
No ano de 2010, a ocorrência de gols foi maior que a esperada na zona 10 dentro da área
de pênalti. Outra zona que apresentou diferença da frequência ocorrida para a esperada foi
a zona 10 fora da área de pênalti, no mesmo ano. Ainda em 2010, inversamente ao que
ocorreu na zona 10 dentro da área de pênalti, na zona 11 dentro da área a ocorrência de
gols foi menor que a esperada (63,2%). Relativamente ao segundo objetivo específico desta
investigação, os resultados evidenciaram igualmente para os dois níveis de rendimento,
uma frequência de ocorrência maior na zona 11 dentro da área de pênalti: G4 (73,6%) e Z4
(74,9%). Embora o nível de rendimento G4 (954; 58,4%) tenha mostrado uma maior
ocorrência de gol que o Z4 (680; 41,6%), estas diferenças não foram estatisticamente
significativas (p>0,05) para nenhuma das zonas espaciais analisadas. Os resultados
obtidos neste estudo são corroborados por outras análises com competições também de
elevado nível. Sajadi e Rahnana (2007) também concluíram que o maior número de gols
ocorridos no Mundial de 2006 teve sua origem a partir do interior da área de pênalti.
Avaliando a temporada de 2008 (Brasileiro Série A), Souza et al (2012) igualmente
apontaram que a maior ocorrência de gols teve sua origem a partir de finalizações
realizadas no interior da área de pênalti. Michailidis et al. (2013) e Mitrotasios e Armatas
(2014), do mesmo modo, também constataram que cerca de 90% dos gols da Eurocopa de
2012 se concretizaram através das finalizações oriundas da área de pênalti.
CONCLUSÃO: Os resultados deste estudo evidenciaram uma elevada consistência de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
826

acontecimento do gol originado de finalizações realizadas do interior da área de pênalti,


independentemente do nível de rendimento das equipes. Parece também sinalizar que os
chutes de longa/média distância no âmbito do Futebol de elevado rendimento do Brasil
(embora não tenha sido objeto deste estudo analisar chutes que não resultam em gol)
apresenta pouca frequência, ou caso isto não se confirme, seu efeito não resulta na eficácia
desejada (gol). Diante disto, independentemente do modelo de jogo a ser adotado, as zonas
limítrofes a área de pênalti e fundamentalmente seu espaço interno merecem uma atenção
especial (tanto para a organização ofensiva quanto defensiva) durante a preparação para
o jogo (treinamento), pois demonstram serem decisivos para a obtenção do gol, objetivo
principal do jogo de Futebol. Isto parece indicar aos treinadores a necessidade de incluir
em seu planejamento um conjunto de atividades que privilegie ações ofensivas e defensivas
de sua equipe e que isto aconteça, preferencialmente, tendo como referência a área de
pênalti.
REFERÊNCIAS
ANDERSON, Chris; SALLY, David. Os números do jogo: por que tudo que você sabe
sobre futebol está errado. São Paulo: Paralela, 2013.

GARGANTA, Júlio. Modelação táctica do jogo de futebol. Estudo da organização da


fase ofensiva em equipes de alto rendimento. Dissertação de Doutorado. Faculdade de
Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto. Porto. 1997.

MORAES, José Cicero; CARDOSO, Marcelo Francisco da Silva; VIEIRA, Rafael;


OLIVEIRA, Lucas. Perfil caracterizador dos gols em equipes de futebol de elevado
rendimento. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, v. 4, n. 12, 2012.

MICHAILIDIS, Yiannis; MICHAILIDIS, Charalampos; PRIMPA, Eleni. Analysis of goals


scored in European Championship 2012. JOURNAL OF HUMAN SPORT & EXERCISE.
Vol. 8. 2013.

MITROTASIOS, Michalis; ARMATAS, Vasilis. Analysis of goal scoring patterns in the 2012
European Football Championship. The Sport Journal. 2014.

SAJADI, Nasrollah; RAHNAMA, Nader. Analysis of goals in 2006 FIFA World Cup.
Journal of Sports Science and Medicine. Suppl.10. 2007.

SOUZA, Esdras Lúcio Novaes de; FARAH, Breno Quintella; DIAS, Raphael Mendes Ritti.
Tempo de incidência dos gols no Campeonato Brasileiro de Futebol 2008. Revista
Brasileira de Ciências do Esporte, v. 34, n. 2, 2012.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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O LANÇAMENTO NÃO É UMA ESTRATÉGIA EFICIENTE PARA


CRIAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE GOL NO FUTEBOL DE ALTO NÍVEL
Marcos Antônio Mattos dos Reis - UFS
Marcos Bezerra de Almeida - UFS
marquinhos_mattos@hotmail.com

RESUMO: O lançamento é uma ação técnica que permite uma equipe de futebol jogar em
profundidade a partir do eixo longitudinal do campo de jogo. Sua prática é notoriamente
comum nas partidas. O objetivo desse estudo foi analisar a eficiência dos lançamentos
executados pelas equipes que participaram da Copa do Mundo. A metodologia se baseou
em uma análise observacional dos lançamentos realizados por um jogador que se
encontrava no meio campo defensivo com o intuito de passar a bola para outro colega de
equipe que estava no campo ofensivo, sendo que a partir disso foi verificado o resultado da
ação a partir dos seguintes critérios: finalização à meta, manutenção da posse de bola,
perda da posse de bola e recuperação da posse de bola. Foram avaliados 4512
lançamentos, sendo que as equipes perderam a posse da bola em 59%, mantiveram a
posse em 28%, e recuperaram a bola em cerca de 12% das ações. Menos de 1% dos
lançamentos resultaram em finalização à meta. O principal achado do estudo consiste que
os lançamentos apresentam baixa eficiência, pois promovem elevada perda de posse de
bola e raramente criam oportunidades de finalização à meta.
Palavras-chave: Lançamentos; Análise Observacional; Copa do Mundo FIFA.

INTRODUÇÃO: O futebol contemporâneo é marcado pela maior utilização dos


lançamentos (BARREIRA et al., 2015). Dentro dessa perspectiva, Hughes e Franks (2005)
verificaram como os gols são marcados a partir de sequências de passes, sendo que tal
estudo visou confrontar os dados obtidos por Reep e Benjamin (1968), em que os autores
observaram que os gols marcados no futebol britânico ocorriam de um estilo de jogo direto,
que também é caracterizado pela utilização dos lançamentos.
Diante desse contexto, verificar a eficiência dos lançamentos no jogo de futebol se faz de
suma importância, já que tal ação técnica é realizada constantemente nas partidas pelas
equipes e pouco investigada no âmbito científico. A partir disso, o objetivo desse estudo foi

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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analisar a eficiência dos lançamentos executados pelas equipes que participaram da Copa
do Mundo de Futebol Masculino Brasil 2014.

MÉTODOS: Esse estudo é caracterizado como uma pesquisa descritiva de análise


observacional (GARGANTA, 2001). O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe (parecer nº 1.060.543/2015). Foram
contemplados no estudo todos os jogos da XX Copa do Mundo de Futebol Masculino da
FIFA – Brasil 2014 (total de 64 partidas).
O lançamento foi definido como a ação técnica executada por um jogador que se
encontrava no meio campo defensivo de jogo, com o intuito de passar a bola para outro
colega de equipe a partir do eixo longitudinal do campo. A partir disso, foi verificado o
resultado da ação, que foi baseado nos princípios táticos operacionais do jogo propostos
por Bayer (1994), que são divididos entre as duas fases do jogo sendo cinco na fase
defensiva e cinco na fase ofensiva (COSTA et al., 2009). No entanto, no presente estudo
só foram utilizados como indicadores do resultado da ação, os princípios operacionais
ofensivos “manutenção da posse de bola” (MB), “finalização à meta” (FM), e defensivo
“recuperação da posse da bola” (RB). Adicionalmente, também foi criado mais um critério,
qual seja: a perda da posse de bola (PB), totalizando quatro variáveis resultantes dos
lançamentos nas partidas.
Os testes estatísticos utilizados para análise dos dados foram: índice de Kappa (análise de
concordância intra-avaliador), Kolmogorov-Smirnov (teste de normalidade dos dados),
Kruskal-Wallis (teste não paramétrico), teste C de Dunnett (post hoc). Todos os cálculos
foram efetuados pelo software estatístico SPSS 20.0 (IBM, EUA), sendo aceito um nível de
significância de 5%.

RESULTADOS: Foram selecionadas randomicamente sete partidas para a análise intra-


avaliador (Kappa). Esta análise denotou alto grau de concordância (índice Κ = 0,916; p <
0,001). Ao longo das 64 partidas foram avaliadas 4512 ações técnicas de lançamentos,
sendo que as equipes perderam a posse da bola em 59% dos lançamentos, mantiveram a
posse em 28%, e recuperaram a bola em cerca de 12% das ações. Menos de 1% dos
lançamentos resultaram em finalização à meta (tabela 1).

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Hughes e Franks (2005) fizeram um estudo com as Copas do Mundo de 1990 e 1994 (n =
116 jogos) em que analisaram a forma como ocorreram os gols a partir de sequências de
passes e verificaram que as equipes que obtiveram sucesso nessas competições tiveram
significativamente maior número de chutes a gol após uma sequência de passes mais longa
(maior valorização da posse de bola) em detrimento ao jogo direto. Andrade et al. (2015)
analisaram 1035 gols dos 380 jogos do Campeonato Brasileiro de 2008 - Série A, e
verificaram que apenas 1,5% das assistências para gol saíram do campo defensivo da
equipe, contudo exclusivamente em lances de bola parada. Os resultados do estudo de
Añon et al. (2014), mesmo sendo uma amostra bastante reduzida (n = 2 jogos), mostraram
que nas finais da Champions League (2011) e do Mundial Interclubes (2011), apenas
19,54% de 87 lançamentos foram considerados corretos. O resultado agregado desses
estudos constitui uma forte tendência a que os lançamentos não sejam eficientes no que
concerne à finalização à meta e marcação de gols em diferentes níveis do futebol mundial,
sendo a valorização da posse de bola uma alternativa mais eficiente em obter chutes a gol
e um importante indicador de sucesso de uma equipe (LIU et al., 2015).

FM MB PB RB TT
Total 31 1258 2665 558 4512
Média ± DP 0,24 ± 0,48 9,83 ± 5,42 20,82 ± 8,00 4,36 ± 3,33 35,25 ± 12,16
Mín a Máx 0a2 0 a 23 5 a 40 0 a 14 9 a 63
Tabela 1. Valores absolutos de lançamentos realizados na XX Copa do Mundo de Futebol
Masculino da FIFA - Brasil 2014, sendo FM: finalização à meta; MB: manutenção da posse
de bola; PB: perda da posse de bola; RB: recuperação da posse de bola; TT: total dos
lançamentos executados.

Quando as equipes foram estratificadas em grupos em função dos quartis da média de


lançamentos por partida, houve diferença significativa apenas nas variáveis MB e PB,
sendo que as equipes do 1° quartil (menor número de lançamentos) tiveram menos êxito
em manter a posse de bola em relação às demais. Por outro lado, quanto maior o total de
lançamentos, maior foi a perda de posse de bola. Neste quesito, apenas os quartis
intermediários não mostraram diferença significativa entre si (figura 1).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
830

Partindo desse ponto, a finalização à meta pode não ser o principal objetivo da equipe ao
utilizar os lançamentos, mas sim progredir em profundidade pelo campo de jogo
(ANDERSON e SALLY, 2013). Neste contexto, as equipes podem utilizar o exemplo do
rugby, em que os lançamentos com os pés são usados para quebrar as linhas defensivas
do adversário, progredir no campo de jogo e recuperar a bola o mais próximo da linha do
gol (ORTEGA, VILLAREJO E PALAO, 2009). Um exemplo dessa estratégia, no caso do
futebol, é o time do Stoke City da Inglaterra que realizava elevado número de lançamentos,
contudo, obtendo aumento no número de chutes a gol (ANDERSON e SALLY, 2013). Em
consonância, na Copa do Mundo 2014, ao se observar os resultados referentes às análises
estratificadas por quartis, verificou-se que as equipes que menos lançaram foram as que
obtiveram menor êxito em relação à manutenção da posse de bola. Inversamente, as
equipes de menor qualidade ou escalão podem utilizar os lançamentos como estratégias
mais perenes (ANDERSON e SALLY, 2013). Sendo assim, considerando equipes com
baixa qualidade técnica, é possível que os lançamentos se apresentem como um recurso
adequado, já que cerca de 40% dos lançamentos investigados no presente estudo
resultaram em manutenção ou recuperação da posse de bola.

Figura 1. Comparação da média do número de lançamentos e seus resultados por partida


em função da distribuição por quartis com base no total de lançamentos. *p<0,05 em
relação ao 1º Quartil; #p<0,05 em relação ao 4º Quartil; †p<0,05 entre si.

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CONCLUSÃO: O presente estudo permite concluir que em equipes de qualidade técnica


elevada, os lançamentos apresentam baixa eficiência, pois promovem destacada perda de
posse de bola e raramente criam oportunidades de finalização à meta. Os contributos desse
artigo reforçam a importância do treinamento, sobretudo no que concerne a variáveis
específicas do jogo, como os lançamentos, que devem ser exploradas no planejamento das
equipes, com o intuito de se tornar estratégias eficientes no jogo.

REFERÊNCIAS
ANDERSON, C.; SALLY, D. Os números do jogo: por que tudo o que você sabe sobre
futebol está errado. São Paulo: Paralela, 2013.

ANDRADE, M. T.; SANTO, L. C. E.; ANDRADE, A. G. P.; OLIVEIRA, G. G. A. Análise dos


gols do Campeonato Brasileiro de 2008 - Série A. Revista Brasileira de Ciência do
Esporte, v. 37, n. 1, p. 49-55, 2015.

AÑON, I. C.; LIZANA, C. J. R.; CALAZANS, E.; MACHADO, J. C.; COSTA, I. T.; SCAGLIA,
A. J. Performance da equipe do Barcelona e seus adversários nos jogos finais da
Champions League e da Copa do Mundo de Clubes FIFA 2010. Revista Andaluza de
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generalizability theory. Cuadernos de Psicología del Deporte, v. 15, n. 1, p. 51-62, 2015.

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futebol: Conceitos e aplicação. Motriz, v. 15, n. 3, p. 657-668, 2009.

GARGANTA, J. A análise da performance nos jogos desportivos. Revisão acerca da análise


do jogo. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, v. 1, p. 57-64, 2001.

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LIU, H.; GOMEZ, M. A.; LAGO-PEÑAS, C.; SAMPAIO, J. Match statistics related to winning
in the group stage of 2014 Brazil FIFA World Cup. Journal of Sports Sciences, v. 33, n.
12, p. 1205-1213, 2015.

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and losing rugby teams in the Six Nations Tournament. Journal of Sports Science and
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Statistical Society, v. 131, p. 581–585, 1968.

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833

COMPARAÇÃO ENTRE AS EFICIÊNCIAS DE ARREMESSOS DE JOGADORES DE


BASQUETEBOL DE ELITE ENTRE DIFERENTES REGIÕES DA QUADRA

Yura Yuka Sato dos Santos, FCA - UNICAMP


Lucas Antônio Monezi, FCA - UNICAMP
Milton Shoiti Misuta, FCA – UNICAMP
Luciano Allegretti Mercadante, FCA - UNICAMP
yura_sato@hotmail.com
RESUMO: A eficiência de arremessos é um dos fatores de maior interesse de investigação
no basquetebol profissional. No entanto, não há um estudo científico que mapeie as regiões
da quadra em que cada posição específica dos jogadores possui maior eficiência de
arremessos no basquetebol brasileiro. Por isso, o objetivo deste trabalho é comparar a
eficiência de arremessos para cada posição de jogadores brasileiros de elite entre
diferentes regiões da quadra de basquetebol. As posições de jogadores consideradas foram
“armador”, “ala-armador”, “ala”, “ala-pivô” e “pivô”, e a quadra foi dividida em quatro regiões.
Foi realizado o teste de Kruskal-Wallis para comparar as eficiências. Os pivôs foram os
únicos a apresentarem diferença na eficiência de arremessos entre a região mais próxima
à cesta e a mais distante.
Palavras chaves: Análise de jogo, Desempenho de jogadores, Análises espaciais.

INTRODUÇÃO: No basquetebol há um grande interesse em investigar equipes e jogadores


profissionais masculinos (GARCÍA et al., 2013), principalmente devido ao elevado nível
competitivo e à cobrança de resultados positivos. Por isso, encontrar diferenças de
desempenho entre vencedores e perdedores se torna um trabalho instigante e minucioso.
Alguns estudos científicos propuseram investigar fatores de desempenho de jogadores de
basquetebol, diferenciando suas eficiências por posição/função específica, usualmente
separada por armadores, alas e pivôs (ESCALANTE, SAAVEDRA e GARCÍA-HERMOSO,
2010; CARVALHO e FOLLE, 2014) ou, ainda, armadores, ala-armadores, alas, ala-pivôs e
pivôs (ORTEGA et al., 2006).
A eficiência de arremessos é um dos fatores de maior interesse, afinal, para uma
equipe vencer um jogo deve produzir mais pontos que o seu adversário, e para isso os

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
834

jogadores devem criar oportunidades de qualidade para arremessar (SKINNER, 2012). No


entanto, cada posição específica no basquetebol exige funções diferentes, e cada função
demanda de específicas habilidades dos jogadores. Estudos mostram que os armadores
(posição 1) e alas-armadores (posição 2) apresentam maiores valores nos arremessos de
três pontos certos e errados, assistências e recuperações, já os alas (posição 3) nos
arremessos de dois pontos certos e errados, e os pivôs (posições 4 e 5) nos arremessos
de dois pontos certos, arremessos de três pontos errados, rebotes e tocos (SAMPAIO et
al., 2008; ESCALANTE, SAAVEDRA e GARCÍA-HERMOSO, 2010;).
Com o objetivo de aprimorar as análises de eficiência dos arremessos, alguns
estudos científicos utilizaram análises espaciais e visuais analíticas que mostram a
localização e distribuição dos arremessos na quadra (REICH et al., 2006; GOLDSBERRY,
2012). Contudo, não há um estudo científico que mapeie as regiões da quadra em que cada
posição específica dos jogadores possui maior eficiência de arremessos no basquetebol
brasileiro.
O objetivo deste trabalho é comparar a eficiência de arremessos para cada posição
de jogadores brasileiros de elite entre diferentes regiões da quadra de basquetebol.

MÉTODOS: A escolha da amostra foi intencional, devido a um convênio de cooperação


entre FCA Unicamp Limeira e a Equipe Winner Limeira de basquetebol masculino, que
viabilizou a filmagem de todos os jogos locais da equipe no campeonato Novo Basquete
Brasil (NBB), na temporada regular de 2011/2012. Por isso, foram filmados 14 jogos do
NBB, temporada 2011/2012, através de quatro câmeras digitais (JVC, modelo GZHD10, 30
Hz), colocadas em posições fixas, cada uma em um canto superior do ginásio esportivo, a
uma altura de 12 metros do solo, de forma que cada duas câmeras enquadrasse pelo
menos a meia quadra oposta de jogo. Todas as câmeras foram ajustadas nas mesmas
condições de foco, shutter e ajuste de branco. As sequências de imagens foram transferidas
para o computador e convertidas para o formato AVI, e analisadas a 7,5 Hz (MISUTA et al.,
2005; BARROS et al., 2007). O registro dos arremessos, a calibração, sincronização
temporal das câmeras e reconstrução das coordenadas 2D dos arremessos foram
realizados no sistema Dvideo® (FIGUEROA; LEITE e BARROS, 2006).
Previamente à medição, cinco observadores foram treinados durante quatro dias
com sessões de duas horas. Neste treinamento os observadores receberam instruções

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
835

sobre os critérios de registro dos arremessos e operação no sistema de coleta. Esse


procedimento foi importante para assegurar a compreensão do protocolo entre os
avaliadores (MEDINA e DELGADO, 1999). Foi realizado o teste de confiabilidade intra e
intra-observadores, através do índice Kappa de Cohen (COHEN, 1960), e os resultados
obtidos (Tabela 1) foram classificados como “perfeitos”, segundo a classificação de Landis
e Koch (1977). Após a realização dos testes, os dados foram revisados pela pesquisadora
responsável do trabalho, a fim de garantir total qualidade dos dados obtidos.

Tabela 1: Resultado do cálculo do índice de concordância intra e inter-observadores.


Intra-observadores Inter-observadores
Kappa
Observador 1 Observador 2 Observadores
0,93 0,97 0,91
As categorias de posição de jogadores selecionados foram (1) armador, (2) ala-
armador, (3) ala, (4) ala-pivô e (5) pivô. Já a quadra foi dividida em quatro regiões (A, B, C
e D) para diferenciar as eficiências de arremessos (Figura 1), e as eficiências estão
representadas por porcentagem de acertos em relação ao total de arremessos.
Foi realizado o teste estatístico de Kruskal-Wallis para comparar as eficiências de
arremessos de cada posição de jogador nas quatro regiões da quadra, e o nível de
significância adotado foi de p≤0,05.

Figura 1: Representação das quatro regiões na quadra categorizadas para diferenciar as eficiências
de arremessos.

RESULTADOS: Os resultados mostraram que as posições “armador”, “ala-armador”, “ala”


e “ala-pivô” não apresentaram diferenças significativas na eficiência de arremessos entre
as quatro regiões da quadra. Já a posição “pivô” apresentou diferença na eficiência de
arremessos significantemente maior na região “C” em relação à região “D” (Tabela 2).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
836

Tabela 2: Comparação de eficiência de arremessos em porcentagem entre as posições específicas


de jogadores nas diferentes regiões da quadra, com os valores de Correlação entre parênteses.
Região A Região B Região C Região D
Armador 40% (0.35) 33% (0.26) 38% (0.24) 24% (0.30)
Ala-armador 39% (0.28) 33% (0.10) 50% (0.23) 37% (0.12)
Ala 50% (0.27) 29% (0.50) 62% (0.22) 42% (0.50)
Ala-pivô 50% (0.75) 50% (0.44) 50% (0.29) 50% (0.20)
Pivô 100% (0.75) 50% (0.54) 55% (0.18)D 33% (0.40)C
C = significamente diferente da Regiao C
D = significamente diferente da Regiao D

Esses resultados podem variar de acordo com o contexto que se analisa, como fase
do campeonato, mas, em geral, essas diferenças estão vinculadas principalmente às
funções táticas, características fisiológicas e à distância com que eles jogam da cesta
(SAMPAIO et al., 2006). Os pivôs tendem a jogar mais perto da cesta (SAMPAIO et al.,
2006; SAMPAIO et al., 2008). Isso pode explicar por que os pivôs apresentaram maior
eficiência na região “C”, a mais próxima da cesta, em relação à região “D”, a mais distante
da cesta. Já a região “A”, embora os pivôs tenham obtido 100% de eficiência, é uma região
de pouca atuação dessa posição. Isso significa que os pivôs acertaram os poucos
arremessos tentados nesta região. Os armadores são jogadores líderes em assistências e
arremessos de longa distância (SAMPAIO et al., 2008), tendo que no campeonato brasileiro
sua eficiência foi maior da região “A”. Os alas, ala-armadores e ala-pivôs devem ser
jogadores bem equilibrados, que cumpram tanto com a função de arremessar perto da
cesta (região “C”), com ou sem infiltrações, quanto com a de arremessar à média e longa
distâncias (regiões “B”, “A” e “D”) (SAMPAIO et al., 2006).

CONCLUSÃO: O mapeamento dos arremessos na quadra analisam de forma objetiva os


locais da quadra em que há maior eficiência de posições específicas de jogadores,
auxiliando na tomada de decisões para os jogos. Além disso, é uma importante fonte de
informações para o planejamento dos treinos, no sentido de melhorar a eficiência nos locais
em que há maior atuação de determinadas posições de jogadores.

REFERÊNCIAS
BARROS, R.M.L.; MISUTA, M.S.; MENEZES, R.P.; FIGUEROA, P.J.; MOURA, F.A.;
CUNHA, S.A.; et al. Analysis of the distances covered by first division Brazilian soccer

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COHEN, J. A Coefficient of Agreement for Nominal Scales. Educational and


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ESCALANTE, Y.; SAAVEDRA, J.M.; GARCÍA-HERMOSO, A. Game-related statistics in
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GOLDSBERRY, K. CourtVision: New Visual and Spatial Analytics for the NBA. MIT Sloan

Sports Analytics Conference. Boston, USA, 2012. p. 1-7.

LANDIS J.R.; KOCH G.G. The meansurement of observer agreement for categorical data.

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MEDINA J.; DELGADO M.A. Metodología de entrenamiento de observadores para


investigadores sobre E. F. y Deporte en las que se utilice como método la observación.
Revista Motricidade, v.5, p. 69-86, 1999.

MISUTA, M.S.; MENEZES, R.P.; FIGUEROA, P.J.; CUNHA, S.A.; BARROS, R.M.L.
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SAMPAIO, J.; IBÁÑEZ, S.J.; GÓMEZ, M.A.; LORENZO, A.; ORTEGA, E. Game location
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COMPARAÇÃO DE DADOS ESTATÍSTICOS ENTRE O CAMPEONATO BRASILEIRO


SÉRIE A E SÉRIE B 2013

Paulo Sérgio Machado Rodrigues / ICS - UFTM


Gustavo Ribeiro da Mota / ICS - UFTM
ps_mrodrigues@hotmail.com

RESUMO: O presente estudo teve por objetivo comparar variáveis quantitativas (passes,
finalizações, desarmes, cruzamentos, lançamentos, dribles, gols, faltas, cartões,
impedimentos e pênaltis) de jogos das duas divisões do Campeonato Brasileiro no ano de
2013. Os dados foram coletados em dois distintos portais eletrônicos especializados em
estatística para futebol (www.footstats.net e www.globoesporte.com). Foram analisados
380 jogos em cada divisão, totalizando 760 partidas. As variáveis foram comparadas
através de teste T independente, com significância de 5%. Analisarmos tamanho do efeito
(TE), do qual os resultados mostraram diferença significativa superior da série A em relação
à série B (p < 0,05) para as variáveis passes certos, errados e totais, percentual de sucesso
em passes, em cruzamentos, em lançamentos e dribles errados, com TE moderado para
todas as variáveis. Houve superioridade significante (p < 0,05) da série B em relação à série
A para variáveis de finalizações certas, erradas, e totais. Percentual de sucesso de
desarmes, dribles, cartões amarelos, cartões vermelhos e faltas cometidas, com TE
variando de pequeno a grande. Concluímos que a série A apresenta melhor índice técnico,
maior dificuldade em driblar e finalizar corretamente em relação à série B. Adicionalmente,
a série B é mais violenta do que a série A.
Palavras-chave: Futebol, Campeonato Brasileiro, Scout.

INTRODUÇÃO: Os jogos desportivos coletivos (JDC) de invasão ao campo adversário se


caracterizam por ocorrer dentro de contexto aleatório e dinâmico, com oposição aos
adversários e cooperação aos membros da mesma equipe, tais como futsal, futebol
handebol, basquetebol e rugby (GARGANTA, 2002). Dentro deste contexto temos o futebol
como uma modalidade que nos oferece um vasto campo de estudos, sejam eles
fisiológicos, sociológicos ou até de dados técnicos que podem ser quantificados. Com tais

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
840

características, o futebol apresenta diversas variáveis técnicas e táticas que podem ser
analisadas no decorrer de uma partida. Quando falamos em técnicas, nos referimos a
gestos motores ou habilidades especificas da modalidade, que no caso do futebol
entendemos como passes, finalizações a gol, cruzamentos e gols. Já em referência à tática,
fazemos alusão a forma de jogar da equipe, que podemos nos referir a padrão de jogo,
como adoção de esquemas do tipo, 4:4:2 ou 3:5:2. Pensando nesta aleatoriedade de
contextos, o futebol pode ser quantificado e ate mesmo qualificado por uma ferramenta que
vem ganhando notoriedade atualmente: o Scout (ANDERSON, C.; SALLY, D, 2013). O
scout ou análise estatística pode ser descrita como o mapeamento de ações que ocorrem
em uma partida, quer seja ele individualizado ou em equipe (VENDITE et al., 2005). A partir
de tais analises, podemos ter outra visão sobre o que ocorre em uma determinada partida,
ou até mesmo o que realmente aconteceu ao longo de um campeonato inteiro. Tais dados
são importantes tanto para as equipes como para os espectadores de uma partida ou
campeonato. Com tal ferramenta e, buscando visões diferentes, um objeto de estudo em
que o futebol se apresenta será o Campeonato Brasileiro da Série A e o Campeonato
Brasileiro da Série B, primeira e segunda divisões respectivamente. O motivo da escolha
das duas competições foi o idêntico formato de organização e disputa das mesmas. O
objetivo do presente estudo foi analisar e comparar os dados estatísticos gerados pelas
duas principais divisões do futebol brasileiro e, assim, responder por meio do método
científico questões relacionadas à comparação de duas principais divisões do futebol
brasileiro.

MÉTODO: Foram analisados dados quantitativos a respeito dos principais fundamentos e


ações técnicas realizadas durante os campeonatos brasileiros série A e B durante o ano de
2013. As variáveis observadas foram: passes certos e errados; finalizações certas e
erradas; desarmes certos e errados; cruzamentos certos e errados; lançamentos certos e
errados; dribles certos e errados; gols marcados; cartões amarelos e vermelhos; faltas
cometidas; impedimentos e pênaltis cometidos. Além disso foram analisados também o
percentual de sucesso de passes, finalizações, desarmes, cruzamentos, lançamentos e
dribles. A amostra foi constituída de 100% das partidas realizadas durante os Campeonatos
Brasileiros da Série A e B do ano de 2013, totalizando 760 jogos (380 jogo em cada série)

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
841

das 40 equipes participantes das duas competições (20 equipes da série A e 20equipes da
série B), resultado das 76 rodadas provenientes das duas divisões (38 rodadas de cada
divisão). Os dados foram obtidos por meio de dois portais eletrônicos distintos,
Footstats.com e Globoesporte.com. O motivo da escolha de dois diferentes bancos de
dados se da pelo fato de apresentarem diversos fatores analisáveis, porém com o mesmo
parâmetro, ou seja, com a junção de ambos mais aspectos foram passíveis de análise.
Todos os dados foram alojados em planilhas do Microsoft Excel 2010 para posterior análise.
A análise estatística testou a distribuição dos dados por meio do teste D’Agostino e
Pearson. Quando as variáveis apresentaram distribuição normal, utilizamos o teste t -
student (análise paramétrica). Quando a distribuição foi considerada não normal, aplicamos
o teste não paramétrico de Mann Whitney. O tamanho do efeito (TE) foi calculado para
determinar a magnitude da diferença (Cohen, 1988) sobre as variáveis. A magnitude do TE
foi classificada como trivial (< 0,2), pequena (> 0,2–0,6), moderada (> 0,6–1,2), grande (>
1,2–2,0) e muito grande (> 2,0-4,0) baseado nas diretrizes de Batterhamand e Hopkins
(Batterhamande; Hopkins 2006). O nível de significância adotado foi de p< 0,05. O
programa estatístico utilizado para análise dos dados e confecção das figuras foi GraphPad
( Prism, 6.0, San Diego, USA.).

RESULTADOS: A tabela 1 apresenta um resumo de todas as variáveis analisadas, incluindo


os valores de “p” e o TE, comparadas entre as séries A e B.

Variável P TE Classificação TE
Passes Certos* 0,0059 0,92 Moderado
Passes Errados* 0,0040 0,97 Moderado
Passes Totais* 0,0056 0,93 Moderado
Percentual de Sucesso* 0,0146 0,84 Moderado
Finalizações Certas* 0,0164 0,58 Pequeno
Finalizações Erradas* 0,0050 0,95 Moderado
Finalizações Totais* 0,0149 0,81 Moderado
Percentual de Sucesso 0,3933 0,19 Trivial

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Desarmes Certos 0,3969 0,27 Pequeno


Desarmes Errados 0,0725 0,58 Pequeno
Desarmes Totais 0,2866 0,34 Pequeno
Percentual de Sucesso* 0,0012 1,12 Moderado
Cruzamentos Certos 0,6638 0,14 Trivial
Cruzamentos Errados 0,1554 0,46 Pequeno
Cruzamentos Totais 0,3529 0,30 Pequeno
Percentual de Sucesso* 0,0005 0,90 Moderado
Lançamentos Certos 0,1539 0,46 Pequeno
Lançamentos Errados 0,6194 0,16 Trivial
Lançamentos Totais 0,3709 0,29 Pequeno
Percentual de Sucesso* 0,0288 0,72 Moderado
Dribles Certos 0,1894 0,05 Trivial
Dribles Errados* 0,0210 0,76 Moderado
Dribles Totais 0,1291 0,26 Pequeno
Percentual de Sucesso* <0,0001 1,67 Grande
Gols Marcados 0,4162 0,26 Pequeno
Cartões Amarelos* 0,0007 1,17 Moderado
Cartões Vermelhos* 0,0257 0,74 Moderado
Faltas Cometidas* 0,0084 0,88 Moderado
Impedimentos 0,2302 0,39 Pequeno
Pênaltis 0,5734 0,19 Trivial
TE = tamanho do efeito; *indica diferença significativa (p<0,05) entre os valores médios ±
desvio padrão da série A e a série B. N = 20 cada grupo.

A Tabela 2 apresenta as correlações entre cartões amarelos e vermelhos e faltas cometidas.

Cartões Cartões Faltas cometidas


amarelos Vermelhos

0,96 0,96

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Cartões amarelos A -
Cartões vermelhos A 0,96 - 0,98
Faltas cometidas A 0,96 0,98 -
Cartões amarelos B - 0,97 0,99
Cartões vermelhos B 0,97 - 0,97
Faltas cometidas B 0,99 0,97 -

CONCLUSÃO: Com base nos dados analisados podemos concluir que a séria A apresenta
melhor índice técnico de passes, cruzamentos e lançamentos do que a série B; a série B
tem maior volume de finalizações, porém com percentual de sucesso semelhante ao da
série A; a série B apresenta índice de desarmes maior que a série A; driblar e mais difícil
na série A do que na série B; o número de gols, impedimentos e pênaltis não diferem entre
as séries A e B; o número de faltas e cartões amarelos e vermelhos se correlaciona
fortemente em ambas as séries e a série B é mais violenta (cartões e faltas) do que a série
A. Também foi observada uma forte correlação entre faltas e cartões. Em suma, concluímos
que a série A apresenta um jogo mais técnico e mais contínuo em relação à série B.

REFERÊNCIAS:
ANDERSON, C.; SALLY, D. Os números do jogo: por que tudo que você sabe sobre o
futebol está errado. 1ª ed. São Paulo: Paralela, 2013.

BATTERHAM, A. M.; HOPKINS, W. G. Making meaningful inferences about magnitudes,


International Journal of Sports Physiology and Performance, 1 (1), pp.50-57, 2006.

COHEN, J. Statistical Power Analysis for the Behavioral Sciences. 2ª ed. New Jersey:
Hillsdale, 1988.

GARGANTA, J. Competências no ensino e treino de jovens futebolistas. Universidade


do Porto, Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física, Portugal, v. 8, n. 45,
fevereiro 2002. Disponível em: <http://www.efdeportes.com>. Acesso em: 25 Fev. 2013.

VENDITE, C; VENDITE, L. L; MORAES, A. C. Scout no Futebol: Uma Ferramenta para a


Imprensa Esportiva. Rio de Janeiro: Anais do XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação, 2005.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
844

COMPARAÇÃO DOS ÍNDICES DE RELAÇÕES NUMÉRICAS NO CONTRA-ATAQUE


ENTRE EQUIPES VENCEDORAS E PERDEDORAS DA ELITE DO HANDEBOL

Vinicius da Silva Musa / EEFERP-USP

Márcio Pereira Morato / EEFERP-USP

Rafael Pombo Menezes / EEFERP-USP

vinicius.musa@usp.br / mpmorato@usp.br / rafaelpombo@usp.br

RESUMO: No handebol, o contra-ataque é uma estratégia importante para as equipes


produzirem situações favoráveis de forma rápida e eficaz durante seus momentos
ofensivos. Devido a isso, o objetivo do presente estudo foi comparar os índices de relações
numéricas no contra-ataque entre equipes vencedoras e perdedoras da elite do handebol.
Foi observada maior utilização das sequências de contra-ataque em momentos de
inferioridade pelos vencedores das partidas. Com os resultados apresentados, treinadores
e comissões técnicas podem observar e melhorar as ações de contra-ataque em suas
equipes para melhor aproveitamento dessa estratégia tanto em treinamentos quanto em
jogos.

Palavras-chave: Análise de Jogo; Handebol; Contra-ataque.

INTRODUÇÃO: Em um jogo esportivo coletivo, como o handebol, existem fases (ofensiva,


defensiva e transições) nas quais as equipes adotam estratégias pautando-se no momento
no qual se encontram e no placar do jogo (MENEZES, REIS, 2010). Durante a transição
ofensiva, objeto de estudo desta pesquisa, muitas equipes optam pelo contra-ataque, as
quais buscam chegar até o gol adversário na maior velocidade possível para que consigam
atacar com a defesa adversária ainda desequilibrada, almejando arremessos de setores
mais favoráveis.

O aproveitamento nessa fase do jogo pode ser determinante para o resultado de


uma partida e também para diferenciar equipes com distintos níveis de jogo no handebol.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Pontes (1983) aponta que o aproveitamento das ações de contra-ataque são determinantes
significativamente entre equipes que atuam em campeonatos com diferentes níveis de jogo.

A importância do contra-ataque também é evidenciada nos estudos de Cardoso


(2003) e de Moutinho (2006), analisando, respectivamente, as incidências de contra-ataque
em equipes femininas e masculinas. Devido à importância dos contra-ataques no handebol,
e para que treinadores e suas comissões técnicas possam refletir sobre sua ênfase em
treinamentos e jogos, o objetivo desse estudo foi analisar as diferenças entre as equipes
do mais alto nível de jogo da modalidade, comparando vencedores e perdedores desses
jogos, a fim de observar possíveis diferenças e padrões entre os grupos em suas ações de
contra-ataque durante o jogo.

MÉTODOS: Foram analisadas 313 sequências (159 das equipes vencedoras e 144 das
equipes perdedoras) de contra-ataque em doze jogos da Champions League 2013/2014
(semifinais e finais), que envolveram 8 equipes da competição promovida pela European
Handball Federation (EHF), capturadas a partir do site laola1.tv. Os contra-ataques foram
analisados tendo como ponto de partida as variáveis sugeridas por Prudente et al. (2004).

A análise descritiva do número das situações de contra-ataques quando as equipes


se apresentavam em igualdade numérica, superioridade ou inferioridade é apresentada na
Tabela 1:

Igualdade Superioridade Inferioridade


Início Finalização Início Finalização Início Finalização
Vencedores 138 141 10 8 11 10
Perdedores 129 130 13 12 2 2
Tabela 1. Análise descritiva dos contra-ataques.

Foram calculados três índices para analisar a relação numérica entre os jogadores
de defesa e de ataque (número de atacantes - número de defensores) nos momentos inicial
e final do contra-ataque: índice de relação numérica em igualdade (IRNI) e índice de relação

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
846

numérica em desigualdade, podendo ser em superioridade ou inferioridade numérica


(IRNDS ou IRNDInf). O IRNI foi contabilizado quando houvesse a utilização do contra-
ataque por uma das equipes e nesse momento não houvesse nenhuma punição na quadra,
já o IRNDS e IRNDInf, foram contabilizados quando a equipe que iniciava o contra-ataque
estava em superioridade numérica (decorrente de punição da equipe adversária) ou em
inferioridade numérica (decorrente de punição do jogador da própria equipe).

Após a análise de todas as sequências foram feitos calculados os percentuais de


incidência das relações numéricas em cada situação, além da comparação entre o grupo
de equipes vencedoras e o de equipes perdedoras.

RESULTADOS: O percentual de incidência das relações numéricas para cada situação de


contra-ataque está apresentado na Tabela 2.

Início Finalização
2 1 0 -1 -2 2 1 0 -1 -2

Índice de relação numérica em igualdade (IRNI)


Vencedores 0,0 4,4 94,2 0,7 0,7 2,1 39 48,2 7,1 3,6
Perdedores 0,8 3,1 94,6 1,5 0 3,1 36,2 49,2 8,4 3,1

Índice de relação numérica em superioridade (IRNDS)


Vencedores 0 90 10 0 0 50 50 0 0 0
Perdedores 0 84,6 15,4 0 0 25 66,7 8,3 0 0

Índice de relação numérica em inferioridade (IRNDInf)


Vencedores 0 0 9,1 90,9 0 0 70 20 10 0
Perdedores 0 0 0 100 0 0 50 50 0 0

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Tabela 2. Percentuais de IRNI, IRNDS e IRNDInf das equipes vencedoras e perdedoras


no início e no final dos contra-ataques

DISCUSSÃO: Os valores obtidos em igualdade numérica nos trazem uma ideia de que as
equipes vencedoras e perdedoras iniciaram os contra-ataques nessa situação da mesma
maneira, ou seja, com um equilíbrio numérico não só devido a punições, mas nos
momentos das ações também, já se formos observar as finalizações, veremos que ambas
as equipes geraram a partir do contra-ataque situações de superioridade numérica mesmo
estando em igualdade mediante as punições.

Os momentos de desigualdade numérica nos trazem outro parâmetro do jogo, que


seria de qual estratégia seria utilizada para cada momento (superioridade numérica ou
inferioridade numérica mediante a punição). Os vencedores utilizaram aproximadamente a
mesma quantidade de contra-ataques quando estavam em situações de superioridade e
inferioridade, ao passo que os perdedores utilizaram mais vezes os contra-ataques quando
estavam em superioridade numérica devido à punição. Ambas as equipes conseguiram
gerar superioridade numérica no momento da ação em ambas as situações, porém o que
nos chama a atenção é o melhor desempenho por parte dos vencedores nos momentos
em que possuíam um ou mais homens a menos em quadra por conta de punições, iniciando
suas ações de contra-ataque com inferioridade no momento e mesmo assim gerando uma
superioridade no momento da conclusão.

Essas informações podem nos mostrar uma ideia de que as equipes vencedoras do
mais alto nível de jogo da modalidade, mesmo quando se encontravam em inferioridade
numérica por conta de punições, ao invés de controlarem a bola e gastarem o tempo da
punição em seu ataque, tentavam gerar situações favoráveis e de superioridade numérica
rapidamente, para concluir sua fase ofensiva da melhor maneira.

Musa e Menezes (2015) apontaram que os goleiros, os tiros de saída e a eficácia do


contra-ataque podem influenciar no resultado das partidas também, uma vez que as
equipes vencedoras obtiveram valores maiores nessas variáveis. Javier Garcia (2008)
apontou que os vencedores das partidas iniciam mais suas sequências de contra-ataque a

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partir de erros do adversário devido a uma defesa agressiva, diferentemente dos achados
desta pesquisa, talvez pelo fato do nível de jogo analisado ser diferente (semifinais e finais
da EHF Champions League 2013/2014). Tais diferenças ratificam o complexo cenário do
jogo de handebol e da sua análise (MENEZES; REIS, 2010).

CONCLUSÕES: A partir dessas observações podemos apontar algumas perspectivas para


o treinamento das equipes de handebol, principalmente quando se encontram em
inferioridade numérica, e ao invés de utilizarem o ataque posicionado e gastar o tempo da
punição nesses momentos, tentar uma transição com maior velocidade para criar situações
mais favoráveis na sua fase ofensiva. Essa estratégia pode ser aprimorada durante os
treinamentos, aumentando o índice de acerto dessas situações favoráveis apontadas pelas
ações dos vencedores. Além disso, através dos resultados, treinadores e comissões
técnicas podem avaliar e utilizar melhor os seus sistemas defensivos e ofensivos, uma vez
que observamos quais foram os principais motivos para início de contra-ataque e como se
deu a conclusão das sequências em vencedores e perdedores das partidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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850

EFEITO DA RESTRIÇÃO DE TEMPO NA FASE OFENSIVA SOBRE O DESEMPENHO


TÁTICO NO FUTEBOL

Davi Correia da Silva / NUPEF-UFV.


Israel Teoldo / NUPEF-UFV.
davizirt@hotmail.com

RESUMO: Este estudo teve como objetivo verificar o efeito da restrição de tempo na fase
ofensiva sobre o desempenho tático dos jogadores de futebol da categoria Sub-13. A
amostra foi composta por 1932 ações táticas realizadas por 10 jogadores. O instrumento
utilizado para avaliar o desempenho tático foi o Sistema de Avaliação Tática no Futebol
(FUT-SAT), foram utilizadas duas variações, a primeira denominada “normal” e a segunda
“restrição de tempo”. Foi utilizada a estatística descritiva (média e desvio padrão) e para
verificar a distribuição dos dados foi utilizado o teste Kolmogorov-Smirnov.Foram utilizados
o teste t e o teste de Wilcoxon. O teste Kappa de Cohen foi utilizado para verificar a
fiabilidade. Os resultados apontam diferença significativa no Índice de Performance Tática
Defensiva (IPTD) (p=0,03; t=-2,54) entre as variações. Conclui-se que a realização dos
jogos com restrição de tempo na fase ofensiva induziu uma organização defensiva mais
eficaz, gerando melhoria do desempenho tático nesta fase defensiva.
Palavras-chave: Tática; Pressão de Tempo; Princípios Táticos.

INTRODUÇÃO: As capacidades táticas no jogo de Futebol são essenciais para o


desempenho esportivo (MCPHERSON, 1994). O desempenho tático é defino como a
realização das ações e o que essas ações provocam no jogo e nas ações coletivas da
equipe (MESQUITA, 1998). Assim, o desempenho tático emerge da interação dos
jogadores com os constrangimentos de tarefa e com o contexto em que estão inseridos,
dentro de um determinado espaço e tempo (ARAÚJO, 2009).
As noções de espaço e tempo são inerentes devido à interação que ocorre entre eles
durante o jogo. Por exemplo, limitar o espaço disponível para jogar implica diminuir o tempo
para agir e, ao mesmo tempo, a estrutura temporal é capaz de impor constrangimentos à

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851

gestão do espaço de jogo e a realização de tarefas (GARGANTA, 1997; GRÉHAIGNE;


GODBOUT; ZERAI, 2011).
Neste sentido, a interação do tempo e do espaço configura a atuação dos jogadores
e da equipe e, consequentemente, a manipulação dessas variáveis pode modificar o
desempenho tático. No entanto, a literatura tem enfatizado os estudos relacionados à
manipulação do espaço de jogo, descurando os efeitos da manipulação do tempo sobre o
desempenho dos jogadores e das equipes. Portanto, este estudo teve como objetivo
verificar o efeito da restrição de tempo na fase ofensiva sobre o desempenho tático dos
jogadores de Futebol da categoria Sub-13.
MÉTODOS:
Amostra: A amostra foi composta por 1932 ações táticas realizadas por 10 jogadores de
Futebol da categoria Sub-13. Como critério de seleção da amostra, os jogadores deveriam
estar inscritos em programas sistemáticos de treinamento, com no mínimo três sessões
semanais. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Viçosa (CEP) sob o protocolo CAAE - 48139515.3.0000.5153.
Instrumento de coleta de dados: O instrumento utilizado para avaliar o desempenho tático
foi o Sistema de Avaliação Tática no Futebol (FUT-SAT) (TEOLDO et al., 2011). O teste de
campo do FUT-SAT é aplicado em um campo de 36 metros de comprimento por 27 metros
de largura, durante 4 minutos de jogo. Os praticantes foram divididos em equipes, contendo
cada uma três jogadores de linha e um goleiro (GR+3x3+GR).
Procedimento de coleta de dados: Foram realizadas duas variações, a primeira
denominada “normal” foi realizada com as regras oficiais e a segunda denominada
“restrição de tempo” contou com as mesmas regras, entretanto houve uma tarefa adicional.
Nesta, ao iniciar cada sequência ofensiva os jogadores tinham até 18 segundos para
finalizar à baliza adversária, caso a equipe não finalizasse, perdia a posse de bola. Durante
a aplicação do teste foi solicitado aos jogadores que jogassem de acordo com as regras
oficiais do Futebol. Antes de iniciar o teste, foram concedidos 30 segundos para a
familiarização dos jogadores com o teste.

Análise estatística e da fiabilidade: Foi utilizada a estatística descritiva (média e desvio


padrão) e para verificar a distribuição dos dados foi utilizado o teste Shapiro-Wilk. Foram
utilizados o teste t pareado e o teste de Wilcoxon. O teste Kappa de Cohen foi utilizado para

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852

verificar a fiabilidade. Foram reavaliadas 210 ações táticas, que representaram 10,86% da
amostra, valor superior ao de referência (10%) (TABACHNICK; FIDELL, 2001). Os
resultados do reteste apresentaram fiabilidade intraavaliadores no jogo normal com valores
situados entre o mínimo 0.939 (ep=0,042) e o máximo 1.000 (ep=0,000) e no jogo com
restrição de tempo com mínimo de 0.823 (ep=0,058) e máximo de 1,000 (ep=0,000). Para
a fiabilidade interavaliadores no jogo normal os valores situaram entre o mínimo 0,846
(ep=0,034) e máximo de 1,000 (ep=0,000) e com restrição de tempo, entre o mínimo 0,825
(ep=0,043) e máximo 1.000 (ep=0.000). Para todos os testes foi adotado o nível de
significância de 5% (p<0,05). Para o tratamento estatístico dos dados utilizou-se o software
SPSS (Statistical Package for Social Science) para Windows®, versão 20.0.

RESULTADOS: Os resultados demonstram diferença significativa no Índice de


Performance Tática da fase defensiva (IPTD) entre os jogos "restrição de tempo" e "normal"
(p=0,031; t=-2,54).
Tabela1: Média e desvio padrão do Índice de Performance Tática Ofensiva (IPTO), Índice
de Performance Tática Defensiva e Índice de Performance Tática de Jogo (IPTJ).
Jogo normal Jogo com restrição de tempo p
IPTO 43,60+8,39 47,41+5,52 0,165
IPTD 30,61+5,85 35,65+6,91 0,031*
IPTJ 36,13+3,39 38,73+3,73 0,054
*Diferença estatisticamente significante (p<0,05).

Em comparação entre as variações de jogo, “normal” e “restrição de tempo”, é


possível observar que a gestão do espaço de jogo em situação de tempo restrito
proporcionou uma organização defensiva mais eficaz. Esta organização por parte dos
jogadores e das equipes conduziu a melhoria no desempenho tático relacionado à fase
defensiva.
Uma possível explicação para este resultado está na distância entre os jogadores de
ataque e defesa. A literatura tem indicado que uma menor distância entre esses jogadores
pode favorecer a realização das ações táticas relacionadas à fase defensiva, entre elas: a
oposição direta ao portador da bola, à cobertura, à concentração e ao equilíbrio defensivo.
A realização mais eficaz dessas ações pode ocorrer devido aos possíveis erros que os

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853

adversários tendem a cometer, devido à pressão de tempo para iniciar a sequência


ofensiva, construir o jogo e buscar a finalização à baliza(SILVA et al., 2014).
Por outro lado, a restrição de tempo durante a fase ofensiva parece estimular o
avanço dos atacantes e o consequente recuo dos defensores para o meio-campo
defensivo, no intuito de proteger sua própria baliza. Este recuo gera compactação na defesa
e, possivelmente, favoreceu a estabilidade necessária para superar o ataque
(GRÉHAIGNE; GODBOUT; ZERAI, 2011). A literatura tem apontado que a estabilidade
defensiva está relacionada com o melhor desempenho esportivo (VILAR et al., 2013), pois
os jogadores de defesa conseguem direcionar o ataque para regiões de menor risco a sua
própria baliza e recuperam a posse de bola por meio de ações que fechem os espaços de
progressão do portador da bola e obstruam as possíveis linhas de passe (SILVA et al.,
2014; TRAVASSOS et al., 2012).

CONCLUSÃO: Conclui-se que a realização dos jogos com restrição de tempo na fase
ofensiva induz uma organização defensiva mais eficaz por parte das equipes gerando
melhoria no desempenho tático nesta fase defensiva. Portanto, a manipulação dos
constrangimentos de tarefa relacionada à restrição de tempo pode ser utilizada nos
treinamentos para que os jogadores sejam capazes de gerir o espaço de jogo e responder
aos problemas advindos do jogo de maneira precisa. Novos estudos com restrição de
tempo em diferentes categorias e estruturas funcionais podem ser realizados para
aprofundamento da relação entre a estrutura temporal e a gestão do espaço de jogo no
Futebol.

AGRADECIMENTOS: Este trabalho teve o apoio da FAPEMIG, da SETES-MG através da


LIE, da CAPES, do CNPq, da FUNARBE, da Reitoria, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-
Graduação e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal de
Viçosa.

REFERÊNCIAS

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constrangimentos no comportamento decisional. Motriz rev. educ. fís.(Impr.), v. 15, n. 3,
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TABACHNICK, B.; FIDELL, L. Using multivariate statistics. Boston: Pearson, 2001.

TEOLDO, I. et al. Sistema de avaliação táctica no Futebol (FUT-SAT): Desenvolvimento e


validação preliminar. Motricidade, v. 7, n. 1, p. 69–84, 2011.

TRAVASSOS, B. et al. Informational constraints shape emergent functional behaviours


during performance of interceptive actions in team sports. Psychology of Sport and …, v.
13, p. 216–223, 2012.

VILAR, L. et al. Science of winning soccer: Emergent pattern-forming dynamics in


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2013.

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855

EFEITO DA IDADE RELATIVA NO CAMPEONATO BRASILEIRO DE BASQUETE DA


CATEGORIA SUB-15

Helder Zimmermman de Oliveira / FADE-UP


Dilson Borges Ribeiro Junior / FAEFID - UFJF/GV
Francisco Zacaron Werneck / CEDUFOP – UFOP
dilsonborges.junior@ufjf.edu.br

RESUMO: O objetivo do estudo foi investigar o efeito da idade relativa (EIR) nos atletas do
Campeonato Brasileiro de Basquetebol sub-15 de 2015, analisando possíveis diferenças
entre os sexos e divisão. Foi identificado o trimestre de nascimento (quartil) de 530
basquetebolistas (270 do sexo masculino). Para análise dos dados, utilizou-se o teste Qui-
Quadrado (χ2). Verificou-se maior predominância de atletas nascidos no 1° e 2°quartis no
campeonato (χ2=29,219; p<0,001), mas apenas nos atletas do sexo masculino (χ2=35,395;
p<0,001) e nos atletas da primeira (χ2=22,057; p<0,001) e segunda divisões (χ2=8,316;
p=0,040). Conclui-se que o EIR está presente na categoria sub-15 de basquetebolistas
brasileiros do sexo masculino, especialmente naqueles de maior nível de desempenho.
Considerando as consequências negativas do EIR, técnicos e gestores devem estar atentos
às causas desse fenômeno, evitando a perda de possíveis talentos. Palavras-chave: Efeito
da idade, Basquetebol, Jovens.

INTRODUÇÃO: A necessidade de compreender a excelência desportiva e a seleção de


talentos fomenta o interesse de várias pesquisas, tornando-se um importante campo de
investigação da comunidade científica (MOXLEY; TOWNE, 2015). Um dos fatores
intervenientes na seleção de jovens atletas é a data de nascimento. A diferença na idade
cronológica entre os indivíduos de uma mesma categoria etária é denominada idade relativa
(MUSCH; GRONDIN, 2001). Quando a distribuição da data de nascimento de um grupo de
atletas selecionados apresenta maior representação dos atletas nascidos nos primeiros
meses do ano, verifica-se a existência do efeito da idade relativa (EIR) (RASCHNER;
MÜLLER; HILDEBRANDT, 2012). Este fenômeno existe em diversas modalidades,
especialmente naquelas em que o desempenho tem relação com a força, potência e o
tamanho corporal, sendo mais frequente nas categorias de base (COBLEY et al., 2009).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
856

Entretanto, no basquetebol, este tema ainda é controverso (ESTEVA et al., 2006;


DELORME; RASPAUD, 2009; SCHORER et al., 2011; GOLDSCHMIED, 2011; GARCÍA et
al., 2014).
O objetivo do presente estudo foi investigar o EIR em atletas participantes do
Campeonato Brasileiro de Basquetebol da categoria sub-15 no ano de 2015, analisando
possíveis diferenças entre os sexos e divisão.

MÉTODO: Foi identificado o trimestre de nascimento de 530 basquetebolistas participantes


do Campeonato Brasileiro de Basquetebol, categoria sub-15, no ano de 2015, realizado na
cidade de Curitiba. As informações foram obtidas do site da Confederação Brasileira de
Basquete (www.cbb.com.br). O mês de nascimento de cada jogador foi categorizado em
quartis, sendo o 1°quartil (1ºQ) composto pelos meses janeiro, fevereiro e março; o 2ºQ,
pelos meses abril, maio e junho; o 3ºQ, pelos meses julho, agosto e setembro; e o 4ºQ,
pelos meses outubro, novembro e dezembro, considerando o calendário anual de 1º de
janeiro a 31 de dezembro. A distribuição dos meses de nascimento da população de
referência consistiu de nascidos vivos no Brasil, nos anos de 2000 e 2001, correspondente
à faixa etária das categorias analisadas. Estes dados foram obtidos a partir do Sistema de
Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), Ministério da Saúde, e foram extraídos da
Internet, através do DATASUS. Para investigar o EIR, utilizou-se o teste Qui-Quadrado (X2)
na análise dos quartis de nascimento, utilizando o programa SPSS 19.0 para Windows,
considerando nível de significância de 5%.

RESULTADOS: Os resultados referentes à distribuição das datas de nascimento por sexo


e de todos os atletas da categoria sub-15 encontram-se na Tabela 1. Considerando todos
os atletas, foi constatado o EIR, havendo maior representação de atletas nascidos nos
primeiros quartis em relação aos dois últimos quartis, quando comparados com a
distribuição da população em geral. Tal achado corrobora com a pesquisa realizada com
atletas da Federação Francesa de Basketball de formação (de base) que também
encontraram o EIR em atletas até os 17 anos (DELORME; RASPAUD, 2009). Na Espanha,
resultado similar foi observado, embora tal efeito perca força nas categorias com idades
mais altas (ESTEVA et al., 2006). A presença do EIR apenas no sexo masculino foi
corroborada por estudo realizado com basquetebolistas portugueses (federados e

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
857

escolares) das categorias sub14 e sub16 (LEITE et al., 2013). A presença do EIR no sexo
feminino é inconsistente (WERNECK et al., 2014). No basquete, nas categorias de base,
apenas dois estudos verificaram este fenômeno (LEITE et al., 2013; GARCÍA et al., 2014).

Tabela 1: Distribuição dos quartis das datas de nascimento de basquetebolistas da


categoria sub-15 de ambos os sexos participantes do Campeonato Brasileiro de
Basquetebol de 2015.
N Número (%) de atletas por quartil
Q1 Q2 Q3 Q4 X2 p
População 6.635.460 1.727.609 1.773.004 1.600.808 1.534.039
(26,0%) (26,7%) (24,1%) (23,1%)
Masculino 270 108 73 55 34 35,495 <0,001
(40,0%) (27,0%) (20,4%) (12,6%)
Feminino 260 71 81 59 49 5,454 0,149
(27,3%) (31,2%) (22,7%) (18,8%)
Todos 530 179 154 114 83 29,219 <0,001
(33,8%) (29,1%) (21,5%) (15,7%)
(Q1: Jan-Mar; Q2: Abr-Jun; Q3: Jul-Set; Q4: Out-Dez; X2: teste qui-quadrado; *diferença significativa,
p<0,05)

Em relação à análise por divisão, houve maior representação de atletas nascidos


nos primeiros quartis em relação aos dois últimos quartis apenas para a primeira e segunda
divisão do campeonato (Tabela 2). Resultado similar foi encontrado por ESTEVA et al.
(2006) nas três primeiras divisões do basquetebol adulto espanhol. Uma possível
explicação para os nossos resultados pode ser atribuída aos estados participantes em cada
uma das divisões e a forma como são realizadas as escolhas dos atletas representante de
cada estado.

Tabela 2: Distribuição dos quartis das datas de nascimento de basquetebolistas da


categoria sub-15 participantes do Campeonato Brasileiro de Basquetebol de 2015, de
acordo com a divisão do campeonato.
Número (%) de atletas por quartil
Divisão
Q1 Q2 Q3 Q4 Total X2 p
1ª Divisão 71 66 33 30 200 22,057 <0,001
(100%)
(35,5%) (33,0%) (16,5%) (15,0%)

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2ª Divisão 56 40 38 36 160 8,316 0,040


(35,0%) (25,0%) (23,8%) (16,3%) (100%)
3ª Divisão 52 48 43 27 170 5,454 0,141
(30,6%) (28,2%) (25,3%) (15,9%) (100%)

(Q1: Jan-Mar; Q2: Abr-Jun; Q3: Jul-Set; Q4: Out-Dez; X2: teste qui-quadrado; *diferença significativa, p<0,05)

CONCLUSÃO: Foi observado o EIR na categoria sub-15 de basquetebolistas do sexo


masculino que disputaram o Campeonato Brasileiro de Basquetebol de 2015 da primeira e
segunda divisão. O conhecimento deste fenômeno bem como suas causas, por parte dos
treinadores, é de suma importância para que possíveis talentos não sejam excluídos
precocemente, uma vez que as vantagens físicas dos atletas nascidos nos primeiros meses
do ano podem ser temporárias, especialmente na categoria sub-15. Novos estudos em
diferentes categorias e campeonatos são necessários, bem como a análise de outras
variáveis, afim de um melhor entendimento do EIR no basquetebol brasileiro de base.

REFERÊNCIAS

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860

INFLUÊNCIA DO CONHECIMENTO TÁTICO NAS DEMANDAS FÍSICAS DURANTE


PEQUENOS JOGOS NO FUTEBOL
Gibson Moreira Praça – UFVJM
Sarah Teles Bredt – UFMG
Mauro Heleno Chagas – UFMG
Pablo Juan Greco – UFMG
gibson_moreira@yahoo.com.br
RESUMO
Este estudo objetivou analisar a influência do nível de conhecimento tático nas demandas
físicas de jogadores de futebol durante pequenos jogos. Participaram do estudo dezoito
atletas de futebol da categoria sub-17. Os atletas foram inicialmente avaliados quanto ao
conhecimento tático por meio do Teste de Conhecimento Tático – TCTP. Na sequência, os
atletas foram divididos em dois grupos, um com maior e outro com menor desempenho
tático, o quais realizaram pequenos jogos na configuração 3vs.3. As demandas físicas
relacionadas às acelerações e distâncias percorridas foram avaliadas por meio de
equipamento de GPS. Utilizou-se uma ANOVA one-way para comparação entre os grupos,
mantendo-se um nível de significância de 5%. Observou-se aumento da demanda física
entre os atletas do grupo de maior conhecimento tático, com aumento na distância total
percorrida e aumento na distância percorrida em alta intensidade. Conclui-se que o nível
de conhecimento tático influencia a demanda física durante a realização de pequenos jogos
de futebol.
PALAVRAS-CHAVE: Futebol; Pequenos Jogos; Conhecimento Tático
INTRODUÇÃO
Os pequenos jogos são utilizados em diversos esportes coletivos (RAMPININI et al.,
2007) e representam um estímulo efetivo de treinamento por combinar, ao mesmo tempo,
aspectos táticos, técnicos, físicos, fisiológicos e perceptuais do jogo (RAMPININI et al.,
2007). Nestes pequenos jogos, estudos investigam a influência alteração de componentes
como o tamanho do campo (HODGSON et al., 2014), número de jogadores (ABRANTES
et al., 2012), alteração no número de toques na bola (CASAMICHANA et al., 2013) e criação
de superioridade numérica (PRAÇA et al., 2015) em respostas, nomeadamente, físicas e
técnicas (OWEN et al., 2013), com pouca atenção destinada até o momento à avaliação
das características táticas (TRAVASSOS et al., 2014).

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861

A capacidade tática compõe a estrutura de rendimento dos jogadores de futebol e


possibilita o acesso a níveis de desempenho mais elevados (GARGANTA, 2001). No
treinamento no futebol, pequenos jogos são utilizados por permitir o treinamento das
capacidades físicas e técnicas em um contexto decisional próximo ao jogo formal, com
elevada demanda tática. Neste contexto, o nível de conhecimento tático dos jogadores
poderia ser capaz de influenciar as demandas físicas e fisiológicas em pequenos jogos no
futebol, uma vez que jogadores experts apresentam menor frequência de erro e maior
precisão de suas ações quando comparados a jogadores não experts (GABBETT et al.,
2008). Nesse sentido, movimentações ineficientes e/ou recuperações de ações
equivocadas poderiam aumentar essas demandas em jogadores menos experientes.
Contudo, há uma carência de informações sobre a influência do nível de conhecimento
tático sobre as demandas físicas e fisiológicas em pequenos jogos no futebol.
Investigações acerca do nível de conhecimento tático e suas interações sobre as
demandas físicas de jogadores futebol ainda são incipientes. A obtenção de dados nesta
direção permite que treinadores e preparadores físicos tomem decisões mais adequadas
com relação à manipulação dos componentes envolvidos na prescrição do treinamento
considerando diferentes estruturas de jogo. Portanto, o objetivo do presente estudo é
verificar a influência do nível de conhecimento tático nas demandas físicas de jogadores de
futebol durante a prática de pequenos jogos.
MÉTODOS
A amostra constituiu-se de 18 atletas brasileiros do sexo masculino da categoria sub-
17 de um clube profissional (idade: 16,4 ± 0,4 anos; massa: 68,4 ± 8,0 Kg, estatura:
percentual de gordura corporal 10,8% ± 1,8), seis zagueiros, seis meio-campistas e seis
atacantes. Todos participavam de competições a nível nacional e internacional há, pelo
menos, três anos e realizavam, em média, sete sessões de treino semanais.
Procedimentos
Inicialmente, realizou-se o Teste de Conhecimento Tático Processual – TCTP
(GRECO et al., 2014). Utilizou-se o teste para realizar a divisão dos atletas em dois grupos
– maior conhecimento tático (G1) e menor conhecimento tático (G2) – e para realizar a
composição das equipes. Após a estratificação dos atletas em G1 (atletas com maior
desempenho no TCTP) e G2 (atletas com menor desempenho no TCTP), o seguinte
procedimento foi adotado: dentro de cada grupo (G1 e G2) foram formadas três equipes (A,

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862

B e C) de três atletas (um defensor, um meio-campista e um atacante). Para esta formação


das equipes, outro critério adotado foi que uma determinada equipe não poderia ter dois
atletas com o mesmo nível no ranking de desempenho com o intuito de manter as equipes
equilibradas.
Após a formação das equipes dentro de cada grupo (G1 e G2), as equipes A, B, C
de um determinado grupo jogaram entre si. Desta forma, definiu-se que as equipes do G1
não enfrentariam as equipes do G2, uma vez que o objetivo era comparar o impacto do
nível de conhecimento tático nas demandas física, fisiológica e perceptual. Todos pequenos
jogos foram praticados na configuração 3vs.3, em campo com medidas de 36mx27m, com
todas as regras do jogo formal, incluindo o impedimento. Todos os jogos foram realizados
em um mesmo horário do dia para padronizar as influências do ciclo circadiano.
Para o registro da demanda física durante os pequenos jogos (3vs.3 e 4vs.3) utilizou-
se o sistema de posicionamento global (GPS) da marca GPSports Systems modelo SPI Pro
X 2 com taxa de amostragem de 15Hz e acelerômetro triaxial de 100Hz. Cada atleta utilizou
uma unidade do dispositivo de GPS alocado junto ao tronco, na altura das vértebras
torácicas, por meio de um colete elástico específico. Analisaram-se dados referentes às
distâncias percorridas (distância total e percentuais da distância total percorridos entre 0-
7,2km/h, 7,3-14,3km/h, 14,4-21,5km/h e acima de 21,5km/h) e às acelerações (total de
ações e percentual da distância total percorrida acima de 2.0m/s² e acima de 2,5m/s²).
Análise de dados
Inicialmente procedeu-se à verificação da normalidade por meio do teste de Shapiro-
Wilk. Na sequência, procedeu-se a uma ANOVA one-way para comparação da demanda
física entre os grupos com maior e menor conhecimento tático. Calculou-se ainda o
tamanho do efeito f de Cohen, considerado pequeno (0,2-0,12), médio (0,13-0,25) e grande
(acima de 0,26), conforme recomendação da literatura (COHEN, 1988; PIERCE et al., 2004)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela abaixo apresenta os resultados observados neste estudo.
Tabela 1

Valores médios e desvios padrão das diferentes variáveis analisadas para G1 e G2, valores de
probabilidade verificados nas comparações múltiplas pareadas (p) e o tamanho do efeito (TE).

G1 G2 p TE

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DT 427,86 (45,25) * 399,41 (48,30) 0,010 0,78

%D1 40,19 (7,46) * 44,07 (7,69) 0,028 0,54

%D2 42,96 (6,35) 41,43 (5,59) 0,273 0,25

%D3 15,46 (3,94) * 13,33 (4,00) 0,026 0,64

%D4 1,13 (1,38) 1,12 (1,16) 0,983 0,01

NAcel1 7,43 (2,20) 7,51 (2,14) 0,864 0,02

%Acel1 17,77 (5,11) 17,50 (4,73) 0,818 0,06

NAcel2 3,68 (1,38) 3,54 (1,42) 0,657 0,07

%Acel2 9,28 (3,84) 8,61 (3,78) 0,458 0,12

DT = distância total; %D1, %D2, %D3, %D4 = percentual da distância percorrida em intensidade de nível
1, 2, 3 e 4, respectivamente; NAcel1 e NAcel2 = número de acelerações maiores que 2,0 e 2,5 m/s²,
respectivamente; %Acel1 e %Acel2 = percentual da distância percorrida em acelerações maiores que 2,0
e maiores que 2,5 m/s², respectivamente; G1= grupo de atletas com maior desempenho no teste TCTP;
G2 = grupo de atletas com menor desempenho no teste TCTP; * diferença significante entre os grupos.

Resultados apontaram que, na comparação entre os grupos, a distância total


percorrida (DT) no G1 foi maior que no G2 (6,6%). Além disso, foi verificado também que o
percentual da distância total percorrida entre 0 e 7,2 Km/h (%D1) foi menor no G1.
Diferentemente, o percentual da distância total percorrida entre 14,4 e 21,5 Km/h (%D3) foi
maior no G1.
No presente estudo é possível que o maior nível de conhecimento tático do G1 tenha
permitido que esses atletas realizassem uma melhor leitura do jogo, ocupando melhor os
espaços. Para que isso ocorresse esses atletas deveriam aumentar o número de
movimentações sem bola. Toda essa dinâmica resultou em uma maior distância total
percorrida e um maior número de ações em intensidades mais elevadas. Esse raciocínio é
baseado no entendimento de que um jogador só consegue executar determinado
comportamento de forma eficaz recorrendo ao conhecimento que detém do jogo (COSTA
et al., 2002). Esta expectativa também é reforçada considerando dados de estudos prévios,
que demonstraram que atletas experientes apresentam uma maior capacidade de prever
com precisão as ações do oponente em determinada situação (RAAB; JOHNSON, 2007;
ROCA et al., 2011), melhor capacidade de julgamento e tomada de decisão do que novatos
(BAR-ELI et al., 2011; MEMMERT; FURLEY, 2007) fatores que amparam-se em um
ampliado conhecimento específico, tático, do jogo (KANNEKENS et al., 2009). Partindo da
aceitação que no pequeno jogo existe uma considerável demanda de fluxo de informação,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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que uma resposta efetiva durante um jogo também passa pela capacidade de executar
adequadamente as decisões tomadas e que a pressão de tempo é um aspecto inerente ao
jogo, o aumento do número de ações em intensidades mais elevadas (%D3) está coerente
com este contexto apresentado, assim como, a redução das ações em menor intensidade.
CONCLUSÕES
Conclui-se que os atletas de maior conhecimento tático apresentaram maior
demanda física durante a realização de pequenos jogos em igualdade numérica. Sugere-
se que novas configurações de jogo, bem como pesquisas com atletas de diferentes níveis
de expertise, sejam futuramente realizadas. Novos aportes permitirão uma melhor
adequação dos objetivos da comissão técnica com as possibilidades de utilização dos
pequenos jogos no processo de treinamento de jovens jogadores.
REFERÊNCIAS
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the number of players and game type constraints on heart rate, rating of perceived exertion,
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CASAMICHANA, D.; ROMÁN-QUINTANA, J. S.; CALLEJA-GONZÁLEZ, J.; CASTELLANO,
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NJ: Lawrence Erlbaum Associates Publishers, 1988.
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GABBETT, T. J.; CARIUS, J.; MULVEY, M. Does improved decision-making ability reduce
the physiological demands of game-based activities in field sport athletes? Journal of
Strength and Conditioning Research, v. 22, n. 6, p. 2027-2035, 2008.

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GRECO, P. J.; ABURACHID, L. M. C.; SILVA, S. R.; MORALES, J. C. P. Validação de


conteúdo de ações tático-técnicas do teste de conhecimento tático processual - orientação
esportiva. Motricidade, v. 10, p. 38-48, 2014.
HODGSON, C.; AKENHEAD, R.; THOMAS, K. Time-motion analysis of acceleration
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MEMMERT, D.; FURLEY, P. "I spy with my little eye!": Breadth of attention, inattentional
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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EFEITOS DE CONSTRANGIMENTOS ESPACIAIS E TEMPORAIS NA DINÂMICA DE


TROCA DE PASSES EM DIFERENTES CATEGORIAS DO FUTEBOL
Marcos Rodrigo Trindade Pinheiro Menuchi / DCSAU - UESC
Umberto Cesar Correa / EEFE - USP
Antônio Renato Pereira Moro / DCS - UFSC
mrtpmenuchi@uesc.br
RESUMO
As interações espaço-temporais dos jogadores para competir a posse de bola no contexto
de jogo foram analisadas por meio de um protocolo experimental baseado no “bobinho” do
futebol. O objetivo foi verificar os efeitos dos constrangimentos espaciais e temporais na
dinâmica de troca de passes nas diferentes categorias de formação. Para tanto, jogadores
de diferentes categorias de formação do futebol realizaram o bobinho em uma relação de
4 passadores para 1 marcador. O movimento da bola e dos jogadores foram analisados
cinematicamente para calcular as distâncias entre marcador-passador-receptor, o ângulo
de passe e a velocidade média de passe. Os resultados mostraram que os jogadores
exploram o espaço e tempo disponíveis no contexto competitivo, basicamente alterando as
distâncias e a velocidade da troca de passes para manter um ângulo de passe favorável.
Conclui-se que a manipulação de constrangimentos espaciais e temporais no ambiente de
ensino-aprendizagem-treinamento favorecem a exploração e descoberta de soluções
funcionais no contexto competitivo.
Palavras-chave: Futebol; Ensino-aprendizagem-treinamento; Constrangimentos.

INTRODUÇÃO
A dinâmica de troca de passes tem sido considerada uma das características mais
marcantes do futebol moderno (TENGA te al., 2010). Quando assistimos uma partida de
futebol do Barcelona, por exemplo, fica evidente a formação de interações locais que
dinamizam a troca de passes curtos e em diferentes direções e sentidos de maneira a
explorar o espaço de jogo e criar vantagens defensivas e ofensivas. No entanto, pouco se
sabe sobre a formação das interações interpessoais em contextos restritivos, tal como em
espaços reduzidos e tempo limitado para as ações. Ainda, como estas interações se
configuram nas diferentes categorias de formação do futebol.

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867

No presente estudo, o pequeno jogo conhecido como bobinho 15 foi utilizado para
verificar os efeitos de constrangimentos espaciais e temporais na dinâmica de troca de
passes sob marcação em diferentes categorias de formação. Foi hipotetizado que: (1) os
jogadores explorariam os limites espaciais e temporais disponíveis no contexto competitivo;
e (2) as categorias de formação analisadas apresentariam diferentes adaptações aos
constrangimentos manipulados.

MÉTODOS
Participaram deste estudo vinte jogadores do sexo masculino selecionados de quatro
categorias de formação de uma equipe profissional: sub13 (n=5), sub15 (n=5), sub17 (n=5)
e sub20 (n=5). Todos os procedimentos foram aprovados pelo CEP/UESC, sob o número
de protocolo CAAE: 28947714.7.0000.5526.
A tarefa experimental foi elaborada com base em uma configuração de jogo
composta de quatro (n=4) passadores e um (n = 1) marcador (Figura 1) em quatro
condições experimentais: (1) dimensão espacial ampliada e posse de bola livre (AL), (2)
dimensão espacial ampliada e posse de bola restrita (AR), (3) dimensão espacial reduzida
e posse de bola livre (RL), e (4) dimensão espacial reduzida e posse de bola restrita (RR).
Na condição de dimensão espacial ampliada ou reduzida, os participantes puderam
se deslocar internamente a uma dimensão espacial circular de 9m ou 6m de diâmetro
respectivamente. Nas condições de posse de bola livre ou restrita, os passadores estiveram
livres ou impedidos de manter a posse de bola respectivamente.
Cada condição experimental (AL, AR, RL e RR) teve duração de 5 minutos
ininterruptos, totalizando 20 minutos de atividade para análise. Entre cada condição foi dado
um intervalo de descanso suficiente para recuperação. Os dados de interesse foram obtidos
por meio de procedimentos videogamétricos (DUARTE et al., 2010), possibilitando analisar
as seguintes variáveis (Figura 1): (a) Distância interpessoal entre o passador e o marcador
(DIm); (b) Distância interpessoal entre o passador e o receptor (DIr); (c) Distância
interpessoal entre o marcador e o receptor (DImr); (d) Ângulo de passe (Apasse), formado
pelos vetores DIm e DIr; e (e) Velocidade média do passe (Vpasse).

15
Bobinho é o termo utilizado popularmente no Brasil. No entanto, pode ser conhecido como “rondo” na
Europa, ou ainda pela terminação recreativa “the midle of the pigle”.

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A B

m DImr r

DImApasseDIr
Vpasse
p

Figura 1. Configuração da tarefa experimental com quatro passadores e um marcador (A) e as variáveis analisadas (B).
DIm: distância interpessoal com o marcador; DIr: distância interpessoal com o receptor; DImr: distância interpessoal
marcador-receptor; Apasse: ângulo de passe; e Vpasse: velocidade do passe.

Cada variável dependente foi submetida a uma ANOVA two way com 4 categorias
(sub13, sub15, sub17 e sub20) x 4 condições experimentais (AL, AR, RL e RR). Teste Post
Hoc de Bonferroni identificaram as diferenças, consideradas quando p ≤ 0.05.

RESULTADOS
Os resultados mostraram que os jogadores exploraram os espaços oferecidos, com
maiores distâncias interpessoais em espaço ampliado de jogo (Figura 2A, 2B e 2C). No
entanto, a relação angular não apresentou diferença significativa (Figura 2D). A
manipulação do constrangimento temporal influenciou apenas a relação com o marcador,
caracterizada pela distância interpessoal com o marcador em espaço ampliado (Figura 2A).
Nenhuma diferença entre as categoria de formação foi encontrada.

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A B
DIm (cm)

DIr (cm)
C D
DImr (cm)

Apasse (°)

*
* * *
Vpasse (cm/frame)

sub13 sub15 sub17 sub20

Figura 2. Médias e Desvios padrão das variáveis dependentes como uma função da categoria e constrangimentos. AL:
espaço de jogo ampliado e posse de bola livre; AR: espaço de jogo ampliado e posse de bola restrita; RL: espaço de jogo
reduzido e posse de bola livre; e RR: espaço de jogo reduzido e posse de bola restrita. Os traços e asteriscos representam
as diferenças identificadas no teste Post Hoc de Bonferroni.

A velocidade do passe apresentou sensibilidade tanto em relação à manipulação


espacial, com menores velocidades em espaço reduzido, quanto à manipulação temporal,
com menores velocidades quando a posse é restrita (Figura 2E).
Estudos anteriores tem identificado métricas semelhantes de ângulo de passe e sua
relação com a direção (CORRÊA et al., 2012) e velocidade (CORRÊA et al., 2014) do passe
em jogos de Futsal. Mesmo com características de confronto e progressão territorial
diferentes do futsal, estas relações também foram identificadas. Isso reforça que, em

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870

situações locais de troca de passes sob marcação, a distância interpessoal e velocidade


também podem ser considerados potenciais parâmetros de controle para garantir um
posicionamento favorável para o passe (TRAVASSOS et al., 2012).
Finalmente, a única diferença entre as categorias de formação foi na velocidade do
passe (Figura 2E), indicando que a categoria sub13 apresenta uma troca de passes mais
lenta que as demais categorias (sub15, sub17 e sub20). Estes resultados sugerem que
nesta categoria as demandas técnicas e táticas sejam ainda limitadas (FORD et al., 2010),
influenciando o controle da bola (DAVIDS et al., 2013) e o julgamento de "passabilidade"
(WATSON et al., 2011) no contexto do jogo.
Vale ressaltar que as análises apresentadas aqui se referem à configuração de
interação interpessoal em momentos específicos do jogo (momento do passe). Outros
estudos necessitam verificar a relação estabelecida entre os jogadores ao longo do tempo,
avançando o entendimento sobre o comportamento de marcação nestas situações.

CONCLUSÃO
Mudanças nos constrangimentos da tarefa tal como manipulações espaciais e
temporais afetaram a interação interpessoal no contexto competitivo de troca de passes
sob marcação. No protocolo experimental analisado foi possível verificar que os jogadores
exploram os limites espaciais modulando a velocidade de troca de passes para manter um
ângulo de passe favorável. Ainda, que a dinâmica da troca de passes seja influenciada pelo
estágio de aprendizagem e desenvolvimento do jogador (ou grupo de jogadores) se
encontra. Entender estes efeitos na dinâmica de interação interpessoal dos jogadores é
crucial para a elaboração de um ambiente de ensino-aprendizagem-treinamento que
favoreça o processo de exploração e descoberta de soluções, fundamentais para a
aquisição e refinamento de habilidades motoras e comportamentos táticos individuais e
coletivos no contexto competitivo dos esportes coletivos.

REFERÊNCIAS
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emergence of passing direction in the team sport of futsal. European Journal of Sport
Science, v.14, n.2, p.1-8, 2012.

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between Players Constrain Decision-Making on the Passing Velocity in Futsal. Advances
in Physical Education, v.4, p.93-101, 2014.

DAVIDS, K.; ARAÚJO, D.; VILAR, L.; RENSHAW, I.; PINDER, R. An Ecological Dynamics
Approach to Skill Acquisition: Implications for Development of Talent in Sport. Talent
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DUARTE, R.; ARAÚJO, D.; FERNANDES, O.; FONSECA, C.; CORREIA, V.; GAZIMBA, V.;
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Science, v.30, p.942-56, 2011.

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O PERFIL DO CRONOTIPO EM ATLETAS BRASILEIROS DE FUTEBOL DA


CATEGORIA SUB-20
Camila Cristina Fonseca Bicalho / UEMG/ LAPES-UFMG
Andressa da Silva/ LAPES-UFMG
Varley Teoldo da Costa / LAPES-UFMG
ccf.bicalho@gmail.com

RESUMO: O objetivo deste estudo foi verificar o perfil do cronotipo de atletas de futebol da
categoria sub-20. Participaram deste estudo 95 atletas de futebol da categoria de base sub-
20 de equipes brasileiras da série A, com idade média de XX e praticam a modalidade a
mais de 10 anos. O estudo foi realizado durante a temporada de 2014-2015. O cronotipo
dos atletas foram avaliados por meio do Questionário de Horne e Östberg. Os resultados
mostraram que 75,78% dos atletas são do tipo indiferente, 12% apresentam uma
preferência para o turno da manhã, 10,5% para vespertino moderado e somente 1,05%
para vespertino extremo. Conclui-se que os atletas de futebol da categoria sub-20 são em
maioria indiferentes quanto o tipo cronotipo.
Palavras-chave:Cronotipo, Futebol, Atletas.

INTRODUÇÃO: A categoria de base sub-20 do futebol representa para os atletas dessa


modalidade um momento de decisão, uma vez que, essa categoria antecede as categorias
profissionais. É um período determinante na carreira profissional do atleta capaz de
transformar o sonho de ser jogador de futebol em realização profissional (SANTOS, et al,
2012). Contudo, os autores afirmam que, para que esses atletas avancem para categorias
superiores, é preciso não só as demandas físicas, como também as psicológicas, sociais e
ambientais sejam monitoradas.
Durante uma temporada esportiva há uma diversidade de situações que podem
ocasionar um desgaste emocional e físico entre os atletas. Em geral, os atletas são
expostos às intensas cargas de treinamento em diferentes períodos do dia. A observação
do cronotipo em relação aos horários do dia em que o atleta apresenta uma melhor resposta
fisiológica pode ser favorável para compreensão dos efeitos da carga de treino sobre o
atleta e o seu rendimento.
O cronotipo é definido por Kerkhof (1985) e Randler (2015) como a preferência do
indivíduo por uma hora do dia em particular para praticar atividades físicas e cognitivas, e

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
873

também a escolha para hora de dormir. As preferências entre turnos matutinos e turnos
vespertinos caracterizam o cronotipo. O tipo matutino é aquele em que o indivíduo que se
sente fatigado à noite, prefere ir para a cama cedo, rapidamente dorme e alcança a
profundidade máxima do sono, que, diminui gradualmente para a manhã, momento em que
ele se levanta recuperado e totalmente alerta. O tipo vespertino, é aquele em que o
indivíduo realiza o seu melhor à noite, prefere ir para cama relativamente tarde, e chega a
sua profundidade máxima para o sono de manhã, e assim tende a se sentir cansado ao
longo do dia (KERKHOF, 1985). O cronotipo refere-se portanto à hora do dia em que o
indivíduo apresenta o melhor desempenho (RANDLER, 2015).
Em atletas de futebol o cronotipo são escassos. Dentre os poucos achados na
literatura Chtourou, et al (2014) estudou o cronotipo em atletas de futebol durante o período
pré e pós do Ramadã e a relação com o estado de humor destes atletas neste período. Os
atletas foram organizados em três grupos: treinos matutinos (TM), treinos vespertinos (TV)
e grupo controle (GC). Inicialmente os grupos apresentaram média de 62.4% de indivíduos
matutinos (TM), 60.80% indivíduos vespertinos (TV) e 61.40% (GC). Os principais achados
mostraram que após o início do ramadã os atletas que treinavam de manhã mantiveram a
sua preferência para o horário de treino (63.20%) enquanto os atletas que treinaram no final
da tarde obtiveram uma significativa redução quanto à preferência dos horários de treino
(38.30%). Além disso, houve um aumento do estado de fadiga e redução do vigor para a
maioria do grupo TV que treinaram no final da tarde. Os autores afirmaram que no grupo
estudado os efeitos do treinamento matutino provocaram menores alterações no cronotipo
destes atletas do que o treinamento no final da tarde provavelmente pelas restrições
alimentares que o período exige no período do Ramadã.
A avaliação do cronotipo dos atletas é importante não só para o diagnóstico e
tratamento de distúrbios do sono, mas também para melhorar o desempenho durante o dia
(SILVA, 2012). Thun et al (2015) apresentaram um estudo de revisão com indicativas de
que a privação do sono e a dessincronização de ritmos circadianos podem afetar
negativamente o desempenho dos atletas de futebol. De acordo com os autores, em geral,
o rendimento do atleta de futebol é melhor à noite do que de manhã.
Em geral, nas categoria de base sub-20 do futebol o treinamento ocorre
principalmente nos períodos da manhã. Neste contexto, os atletas vespertinos podem estar
em maior risco de sofrerem os efeitos da privação do sono e dessincronização do ritmo

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
874

circadiano que os atletas matutinos. Sendo assim, investigar o perfil do cronotipo nos atletas
de futebol da categoria sub 20 no contexto brasileiro poderá fornecer um mapeamento da
preferência destes atletas evitando um desgaste físico e psicológico do indivíduo durante o
treinamento que pode estar associado ao seu cronotipo. Além disso, investigações futuras
sobre efeitos do cronotipo em atletas de futebol sub-20 podem compreender os efeitos dos
treinamentos sobre o rendimento desses atletas durante as sessões de treinamento.
Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo verificar o perfil do cronotipo
em atletas de futebol da categoria sub-20.

MÉTODO: O estudo foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa da Universidade Federal
de Minas Gerais pelo CAAE-29062614.0.0000.5149. A amostra foi composta por 95 atletas
de futebol de times brasileiros da série A da categoria sub-20. Os clubes brasileiros eram
da região sul e sudeste. Os voluntários eram do sexo masculino, nascidos entre os anos de
1995 e 1996. O tempo de prática da modalidade foi em média 12,3 anos. Foi utilizado o
Questionário de Horne e Östberg (HO) desenvolvido por Horne & Ostberg (1976) para
caracterizar a matutinidade/vespertinidade dos indivíduos. O instrumento oferece a
classificação seguindo o escore: 16-33 vespertino; 34-44 vespertino moderado; 45-65
indiferente; 66-76 matutino moderado; 77-86 matutino. O estudo foi realizado durante a
temporada de 2014-2015. Durante o estudo, os atletas seguiram o planejamento
predeterminado por sua equipe, sem qualquer interferência por parte do pesquisador. A
aplicação dos questionários ocorreu nos centros de treinamento antes de uma sessão de
treino. O microciclo de treinamento continha na semana da coleta uma média de sete
seções de treinos intercalados entre manhã e tarde.

RESULTADOS: Os resultados para o cronotipo dos atletas estão apresentados na tabela


1.

Classificaçã Vespertin Vespertin Indiferent Matutino Matutino Total


o o Extremo o e Moderado
Moderado
N 1 10 72 12 0 95
% 1,05 10,5 75,78 12,63 0 100
Tabela 1: Distribuição dos atletas de futebol categoria sub-20 em relação à sua
classificação quanto ao cronotipo

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
875

CONCLUSÃO: Os resultados mostraram que quanto ao cronotipo os atletas de futebol da


categoria sub-20 são em maioria indiferentes. Isso significa que o atleta de futebol dessa
categoria em sua maioria não sofrerá influências dos horários de treinamento (manhã ou
tarde) à que foram submetidos.
Sugere-se que novos estudos sejam realizados incluindo outras variáveis como
horário de treinamento e de jogos, que sejam capazes de avaliar com maior profundidade
a relação entre cronotipo e os efeitos sobre o rendimento em atletas de futebol.

REFERÊNCIAS
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review. Biological psychology, v.20, n.2, p.83-112, 1985.

RANDLER, C.; LUFFER, M.; & MÜLLER, M. Morningness in Teachers is Related to a Higher
Sense of Coherence and Lower Burnout. Social Indicators Research, v.122, n.2, p.595-
606, 2015.

SANTOS, P.B. dos; COELHO, R.W., KELLER, B, & STEFANELLO, J.M.F. Fatores
geradores de estresse para atletas da categoria de base do futebol de campo. Motriz, Rio
Claro, v.18, n.2, p.208-217, 2012.

SILVA, A, Q., Winckler, C., Vital, R., Sousa, R. A., Fagundes, V., & de Mello, M. T . Sleep
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THUN, Eirunn; Bjorvatn, B., Flo, E., Harris, A., & Pallesen, S l. Sleep, circadian rhythms,
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
876

PADRÕES DE OBTENÇÃO DE GOLS EM PEQUENOS JOGOS NO FUTEBOL EM


IGUALDADE NUMÉRICA
Gibson Moreira Praça – UFVJM
Pablo Juan Greco – UFMG
gibson_moreira@yahoo.com.br
RESUMO
Este estudo analisou os padrões de jogo ofensivo para a obtenção de gols em situações de
pequenos jogos praticadas por jogadores de futebol sub-17. A partir da Análise Sequencial
de Retardos avaliaram-se 260 sequências ofensivas. Utilizou-se o protocolo SoccerEye
para a recolha dos dados e recorreu-se ao software SDIS & GSEQ para a análise dos
padrões a um nível de significância de 5%. Resultados apontam para a existência de
padrões ofensivos durante a realização de pequenos jogos. Tais padrões associam-se à
obtenção de gols por meio da progressão da bola por passes curtos. Assim, espera-se que
pequenos jogos em igualdade numérica possam ser utilizados para o treinamento de
padrões ofensivos de equipes de futebol relacionados à progressão por passes curtos no
campo de jogo.
PALAVRAS-CHAVE: Futebol; Pequenos Jogos; Análise Sequencial
INTRODUÇÃO
No jogo formal de futebol, evidenciam-se padrões comportamentais geralmente não
detectados in loco dada a complexidade das ações no jogo (SARMENTO et al., 2010),
Avaliam-se tais padrões, no jogo formal, por meio da Análise Sequencial (SARMENTO et
al., 2013), a qual permite o conhecimento da relação entre eventos que extrapola a
possibilidade de acaso (CASTELLANO; MENDO, 2000), relevando, portanto, padrões
comportamentais. Contudo, a utilização desta ferramenta em estudos prévios incide apenas
sob o jogo formal (BARREIRA et al., 2014a; BARREIRA et al., 2014b), sendo que meios de
treino, responsáveis pela formação dos padrões de jogo, ainda não foram investigados.
Utilizam-se pequenos jogos (PJ) como meios para o treinamento de jogadores de
futebol por replicar demandas técnicas, físicas e fisiológicas (HODGSON et al., 2014) em
um contexto tático específico da modalidade (TRAVASSOS et al., 2014). Nestes pequenos
jogos, estudos investigam a influência alteração de componentes como o tamanho do
campo (HODGSON et al., 2014), número de jogadores (ABRANTES et al., 2012), alteração
no número de toques na bola (CASAMICHANA et al., 2013) e criação de superioridade

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
877

numérica (PRAÇA et al., 2015) em respostas, nomeadamente, físicas e técnicas (OWEN et


al., 2013), com pouca atenção destinada até o momento à avaliação das características
táticas (TRAVASSOS et al., 2014).
Nos PJ, embora as características de cooperação-oposição, e o contexto
imprevisível, aleatório e complexo característico do jogo de futebol (GARGANTA, 2009)
estejam presentes, o microssistema estabelecido pelo reduzido número de jogadores
(GARGANTA; GRÉHAIGNE, 1999) pode, não necessariamente, apresentar o mesmo
padrão de conduta característico do jogo formal. Por outro lado, a Análise Sequencial
baseia-se na existência de comportamentos recorrentes para o estabelecimento de
padrões. Até o momento, nenhum estudo investigou os padrões de obtenção de gols em
PJ no futebol, revelando uma limitação no uso desta ferramenta para a modelação tática
de equipes de futebol. Desta forma, este estudo objetivou analisar os padrões de obtenção
de gols durante a realização de PJ em igualdade numérica.
MÉTODOS
Sujeitos e Cuidados Éticos
Este estudo foi aprovado no comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal
de Minas Gerais, registrado sob o parecer número 29215814.8.0000.5149. A amostra
compôs-se de dezoito atletas de futebol sub-17, participantes regulares de competições de
nível nacional e internacional. Os atletas não apresentaram lesões recentes e concederam,
por escrito, termo de assentimento para participação no estudo.
Procedimentos
Para a composição das equipes de maneira equilibrada, os atletas inicialmente
participaram de um teste para avaliação do conhecimento tático – Teste de Conhecimento
Tático Processual (GRECO et al., 2014). Após a realização do teste, os dezoito atletas
foram divididos em seis equipes compostas por um defensor, um meio-campista e um
atacante e equilibradas pelo nível de conhecimento tático.
Cada sessão de coleta contemplou a realização de quatro séries de pequenos jogos
na configuração 3vs.3, com 4 minutos de duração e quatro minutos de pausa passiva, em
um campo com 36 metros de profundidade por 27 metros de largura e todas as regras
inerentes ao jogo formal, incluindo o impedimento. Bolas adicionais foram posicionadas nas
laterais do campo de jogo e dois treinadores realizaram permanente encorajamento
externo.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
878

Instrumento de observação
O instrumento de coleta de dados baseia-se no proposto a partir do SoccerEye
(BARREIRA et al., 2013). Nele, consta um modelo composto por sistema de categoria e
formato de campo, com sete dimensões de análise que passam pelo Início do processo
ofensivo, Desenvolvimento do estado de transição defesa-ataque, Progressão da posse de
bola, Final da fase ofensiva, Padrão de posicionamento espacial no campo, Centro de Jogo,
Padrão espacial de interação entre os times. Os critérios foram avaliados por peritos
devidamente treinados e a consistência das observações avaliada por meio do coeficiente
Kappa de Cohen. Especificamente, avaliaram-se os padrões ofensivos que resultaram na
marcação de gols (Fgl) como indicativo de sucesso. Todas demais categorias e itens foram
avaliados em função dos critérios acima estabelecidos, consideradas como condutas-
objeto.
Análise dos dados
Para a análise sequencial de retardos, foi utilizado o software SDIS-GSEQ
(BAKEMAN; QUERA, 2011). Associações significativas foram considerados com valores de
z acima de 1,96 (p<0,05). Consideraram-se ainda procedimentos para verificação da
consistência das observações dos peritos. Valores do coeficiente Kappa de Cohen
revelaram-se superiores a 0,8 para todas variáveis, apontando para consistência
satisfatória no estudo (ROBINSON; O’DONOGHUE, 2007).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A figura abaixo apresenta os padrões de jogo observados para a obtenção de gols
durante a realização de pequenos jogos.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
879

Figura 1: Mapa de associação entre as variáveis objeto e critério.


Legenda: Fgl: final do processo ofensivo com gol; DTpcp: desenvolvimento da transição por passe curto
positivo; DPpcp: desenvolvimento do processo ofensivo por passe curto positivo; ADV: contexto de interação
linha adiantada versus linha vazia; DTpcn: desenvolvimento da transição por passe curto negativo; DPpcn:
zona seis do campo de jogo; IIc: Início do ataque por pontapé de canto; DPd: desenvolvimento do processo
ofensivo por drible; MM: contexto de interação linha média versus linha média; IEd: início do ataque por
desarme; DTgro; desenvolvimento da transição por ação do goleiro na fase ofensiva; IEgr: início do ataque
por ação do goleiro; DTre: desenvolvimento da transição por recepção/controle; IEp: início do ataque por ação
defensiva seguida de passe; DPgra: desenvolvimento do ataque por ação do goleiro na fase defensiva; Pi:
igualdade pressionada; Z1 a Z10: zonas 1 a 10 do campo de jogo.
Resultados apontam para a existência de padrões de obtenção de gols relacionados
à progressão por passes curtos no campo de jogo. Além disso, o início do processo ofensivo
por desarme associou-se significativamente à obtenção de gols pelas equipes em
confronto. Por fim, observou-se que a última ação (retardo) anteriormente à obtenção do
gol apresentou maior incidência na região imediatamente à frente do gol (zona 10).
Estudos no futebol apontam que diferentes métodos ofensivos são capazes de gerar
rendimento superior entre as equipes (CASTELÃO et al., 2015). Além disso, situações de
pequenos jogos são entendidas como meios de treinamento (PRAÇA et al., 2015). Neste
contexto, sugere-se que a situação em igualdade numérica, conforme proposto neste
estudo, seja particularmente útil para a modelação tática das equipes de futebol que
baseiam a construção do processo ofensivo a partir da progressão da bola no terreno de
jogo por passes curtos. Nesse ponto, pequenos jogos representam estímulos ao
aparecimento de padrões de coordenação interpessoal (FOLGADO et al., 2012;
TRAVASSOS et al., 2014), comportamento tático associado aos princípios táticos
fundamentais (SILVA et al., 2014), conforme já discutido na literatura, mas também em
relação aos padrões ofensivos conforme apresentou-se neste estudo. Assim, ressalta-se a
importância da utilização deste meio no treinamento de jogadores de futebol, dada sua
capacidade de replicar, num contexto imprevisível, aleatório e complexo (GARGANTA,
2009), a própria dinâmica do jogo (TAVARES, 2002).
CONCLUSÃO
Evidenciaram-se padrões de jogo ofensivos na situação de pequeno jogo proposta
neste estudo. Especificamente, observou-se que o padrão de alcance do gol adversário

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
880

(sucesso) se associa com a progressão ofensiva por passes curtos, principalmente nos
retardos imediatamente anteriores ao final do processo ofensivo.
REFERÊNCIAS
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the number of players and game type constraints on heart rate, rating of perceived exertion,
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
883

PERFIL MORFOLÓGICO DA SELEÇÃO BRASILEIRA FEMININA DE HANDEBOL NAS


OLIMPÍADAS DE LONDRES

Larissa Resende Mendonça – UFMT – GEPEC/UFMS/CNPq


Wallace Turra – UFMT – GEPEC/UFMS/CNPq
Paulo Ricardo Martins Nuñes – GEPEC/UFMS/CNPq
lari_r_m@hotmail.com

RESUMO: A pesquisa no Brasil em cima da produção de perfil esportivo de jovens acontece


com frequência dentro das universidades, e os técnicos e professores acabam deixando de
lado a busca por esses dados, o conhecimento desses dados auxiliam dentro e fora de
quadra, por isso sua extrema importância. Essa pesquisa caracteriza-se como retrospectivo
e de natureza documental, onde foi composta por 14 atletas da seleção brasileira feminina
de handebol que competiram nas Olimpíadas de Londres em 2012. Com os dados podemos
constatar a importância de uma avaliação corporal para um bom desempenho de atletas.
Para trabalhar as características físicas, o treinador tem papel fundamental, pois tendo em
mente uma relação morfológica de suas atletas consegue prepara-las melhor para o jogo.
Palavras–Chave: Seleção Brasileira Feminina de Handebol, Olimpíadas de Londres.

INTRODUÇÃO: A pesquisa em handebol no Brasil, ainda é carente, principalmente na


elaboração do perfil dos atletas nacionais. Cumpre considerar que, historicamente, o
desenvolvimento do conhecimento científico em handebol, se dá principalmente em
universidades e cursos de pós-graduação, entretanto é de suma importância que técnicos
e professores da modalidade, tenham o interesse de produzir ciência, para a melhoria das
pesquisas e da modalidade.
Como o handebol é um esporte ágil, de muito contato físico e coordenação motora, existem
certos fatores que auxiliam para um melhor desempenho na prática. O desempenho no
handebol é uma composição complexa de várias dimensões, o que requer que as jogadoras
desenvolvam diferentes capacidades, entre elas, capacidades físicas, capacidades motora,
psicológica, sociológica, qualidades ambientais, técnica e tática, entre outras. Os fatores
morfológicos têm influencia direta no desempenho esportivo do atleta. A variação da forma

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
884

e estrutura corporal acaba estabelecendo a aptidão física voltada à prática esportiva, onde
cada atleta tem sua morfologia diferenciada.
Segundo Bayer (1987) e Glaner (1996), as características morfológicas, como estatura e
massa corporal, são de grande importância no handebol. Elas dão uma melhor condição
para que se possa obter um bom rendimento e um melhor desempenho esportivo. A
morfologia corporal apresenta relação estreita com a performance em diferentes
modalidades esportivas e respectivamente em cada posição de jogo.
As qualidades morfológicas dão condição para o treinamento das qualidades físicas, além
de auxiliarem diretamente nas ações de jogo. As características com maior destaque na
literatura para atletas de handebol são: estatura (Bayer, 1987), massa corporal (Bayer,
1987; Moreno, 1997; Ettema, 2004), envergadura (Marques 1987; Glaner, 1999; Ettema,
2004), diâmetros palmar (Martini, 1980; Fischer; Hofman; Pasbt; Prange, 1991), radioulnar
e perímetro do antebraço (Glaner, 1996; Glaner, 1999; Vasques; Antunes; Duarte; Lopes,
2005). Sendo assim, o objetivo do trabalho é apresentar as características morfológicas do
da Seleção Brasileira Feminina de Handebol, que disputou as Olimpíadas de Londres –
2012 e comparar com as atletas que disputaram as olimpíadas de Sidney - 2000.

MÉTODOS: Com uma abordagem quantitativa (Thomas e Nelson, 2002), o estudo


caracteriza-se como retrospectivo e de natureza documental. Os dados foram coletados
pelo site da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb).
A amostra foi composta por 14 (quatorze) atletas da seleção brasileira feminina de handebol
(27,4 ± 4,07 anos), que competiram nas Olimpíadas de Londres em 2012.
As medidas investigadas e analisadas foram: a massa corporal(Kg) e estatura(m). De posse
dessas medidas foi calculado o Índice de Massa Corporal (IMC) por meio da divisão do
peso da massa corporal em kg pelo quadrado da estatura em metros. O estado nutricional
foi classificado seguindo o padrão da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2007): Baixo
peso: IMC < 20,0kg/m²; Normal: IMC entre 20–24,9kg/m²; Sobrepeso: IMC entre 25–
29,9kg/m²; Obesidade I: IMC ≥ 30,0kg/m²; Obesidade II: IMC entre 35,0kg/m² e 39,9kg/m²;
Obesidade III: IMC ≥ 40,0 kg/m².
Os dados foram organizados por meio da planilha eletrônica Excel, versão Microsoft Office,
2010. O tratamento estatístico caracteriza-se como descritivo, utilizando média geral e

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
885

desvio padrão. A partir dai, os dados foram discutidos e respaldados em literatura pertinente
a modalidade

RESULTADOS: Os resultados encontrados sobre idade, estatura, peso e IMC, são


apresentados na tabela abaixo:

Variáveis Média Desvio Padrão


Idade (Anos) 27,4 4,07
Estatura (Metros) 1,76 0,05
Peso (Kg) 70,8 4,77
IMC (Kg/m²) 22,8 1,33
Tabela 1: Distribuição da média e desvio padrão das variáveis analisadas.

De acordo com os dados acima, observamos que referente ao IMC, a média das atletas se
enquadra a maioria dentro do parâmetro preconizado pela OMS (2007), no estado de
eutrofia.
A avaliação do estado da composição corporal de atletas de alto nível é de suam
importância para que se estabeleçam parâmetros de comparação (Castro, 2007)
Apresentam-se ainda na tabela que as atletas possuem uma estatura boa para o esporte,
onde uma estatura maior auxilia para melhorar o desempenho. Um corpo alto e um alto
nível de potência de braços e pernas, em combinação ideal com a massa corporal, se
mostram muito importantes no handebol, pois o atleta mais alto apresenta uma melhor
envergadura, facilitando o arremesso durante o jogo.
Outro fator importante foi a idade das atletas, onde nota-se que é uma equipe madura. Esse
fator é de suma importância, pois, uma equipe madura se mostra mais experiente e
habilidosa, por ter um tempo maior treinando, competindo e se dedicado ao esporte,
melhorando no decorrer de cada competição que participa.
Comparado ao estudo de Froés, et al (2007), que mostra as características da Seleção
Brasileira Feminina de Handebol que disputou as Olimpíadas de Sidney de 2000, as atletas
de Londres possuem média de peso superior as atletas de Sidney, porém, a diferença não
é significativa, passou de 65,90 ± 7,70 kg para 70,8 ± 4,77. Já na variável estatura, as
atletas de Londres apresentaram maior média na estatura do que as atletas de Sidney,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
886

passando de 1,73 m. para 1,76 m. Isso nos mostra que com o passar dos anos, a Seleção
Brasileira aumentou em estatura e peso, tornando-se uma equipe com um biótipo melhor e
com uma estrutura física mais forte.

CONCLUSÃO: As estruturas físicas das atletas de elite podem ser uma ferramenta
poderosa para eficiência nos resultados das competições. Ao vermos as características de
cada uma das atletas da pesquisa, percebemos que elas possuem uma estrutura física que
beneficia a prática de handebol, pois sendo uma equipe de performance, onde se é exigido
muito de cada uma, elas se mantem num nível bom para melhor desempenho em jogos e
competições. Nota-se que a seleção das Olimpíadas de Londres - 2012 é uma seleção mais
homogênea, onde as atletas apresentam características morfológicas com poucas
diferenças uma das outras, estabelecendo uma igualdade na equipe.
Isso nos indica que o biotipo das atletas brasileiras, está a cada ano aproximando-se do
biotipo ideal, levando a uma semelhança das atletas europeias, mostrando que a seleção
brasileira se mantém em um padrão de excelência. De modo geral, essas características
podem influenciar na obtenção de um resultado positivo.
Vale ressaltar que o treinador também tem uma importante função no desempenho da
equipe, pois cabe a ele ter as informações sofre os pontos fortes e fracos de sua equipe,
tendo a finalidade de implementar planos de desenvolvimento, com aspectos que visem
melhorar a eficiência no jogo e levar sua equipe ao sucesso.

REFERÊNCIAS
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Europea, 1987.

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889

PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO TESTE DE COORDENAÇÃO COM BOLA


TECOBOL – CURTO

SIOMARA APARECIDA DA SILVA - UFOP


GABRIELA FARIA SOARES – CEFID/UDESC
siomarasilva.lamees@gmail.com

RESUMO: Nas Ciências do Esporte apresenta-se uma crescente necessidade de


instrumentos validados que permitam medir, mensurar e avaliar ações/comportamentos
realizados por atletas/alunos. A validade e a fidedignidade são qualidades primarias,
usadas para avaliar um teste, em termos de seu valor científico. Assim, o objetivo deste
estudo foi descrever os primeiros passos da elaboração do Teste de coordenação com Bola
na versão curta -TECOBOL – Curto. Este estudo foi composto de duas etapas: na primeira
a construção do manual e o teste piloto e a segunda foi composta de análise semântica
dos itens descritos no manual, ajustes e teste piloto. A construção do TECOBOL – CURTO
foi delineada segundo o modo de elaboração de instrumental psicológico. O manual é
composto por quatro tarefas, sendo duas executadas com as mãos e duas executas com
os pés. As tarefas exploram as habilidades básicas condução, drible, chute e lançamento,
e são compreendias no alcance dos jogos como habilidades de transporte da bola e para
acertar o alvo.
Palavras – Chave: Crianças; Avaliação motora; Jogos Esportivos Coletivos.

INTRODUÇÃO: Nas Ciências do Esporte existe a necessidade de instrumentos validados


que permitam medir, mensurar e avaliar ações/comportamentos realizados por
atletas/alunos em diferentes modalidades esportivas (ABURACHID, GRECO;2010). A
busca por uma medida de desempenho esportivo contextualizado nas características dos
Jogos Esportivos Coletivos (JEC) é um desafio da área que a estrutura multivariada e a
situcionalidade inerente desses esportes encabeçam as dificuldades (SILVA, 2011). Com
instrumentos válidos, é possível fornecer informações fidedignas do desenvolvimento das
capacidades para o processo de Ensino Aprendizagem e Treinamento (EAT) (SILVA;
SOARES, 2014).

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890

As novas correntes metodológicas que apresentam conteúdos estruturados e


sistematizados para o desenvolvimento da capacidade de jogo contribuem para o alcance
desse desafio. Os componentes extraídos das situações de jogo e parametrizados para o
treinamento possibilitam a proposição de instrumentos avaliativos direcionados ao
processo de EAT, e consequentemente para seleção e formação de atletas para os JEC. A
medição é o principal veículo para se obter informação, quer seja numa situação complexa
ou simples (SILVEIRA et. al. 2006). A avaliação implica julgamento, estimativa,
classificação e interpretação que são peças fundamentais ao processo EAT e que devem
ser pensados desde a concepção de um instrumento de medida. Para se obter medidas
que representam o construto os instrumentos utilizados devem apresentar critérios de
confiança e representatividade do contexto e fornecer resultados validos e fidedignos.
A validade e a fidedignidade (reprodutibilidade e objetividade) são qualidades primarias,
usadas para avaliar um teste, em termos de seu valor científico (URBINA, 2007;
PASQUALI, 2010). A fidedignidade é a capacidade em reproduzir um resultado de forma
consistente no tempo e no espaço, ou com observadores diferentes (URBINA, 2007). Na
psicométria a validade da medida verifica se o instrumento mede exatamente o que se
propõe medir (THOMAS, NELSON, SILVERMAN; 2007; PASQUALI; 2010). Isto é, avalia a
capacidade de um instrumento medir com precisão o construto. Utiliza-se construto em
instrumentos, quando as propriedades dedutivas que são estudadas, não podem ser
medidas, observadas e avaliadas diretamente (DORSCH, HÄCKER, STAPF; 2001).
Construir um instrumento de medida motora é criar tarefas/testes práticas sustentadas pela
teoria, respeitando fases e etapas para se alcançar os indícios dos critérios de validade
(PASQUALI, 2010).
Assim, o objetivo deste estudo foi descrever os primeiros passos da elaboração do Teste
de coordenação com Bola na versão curta -TECOBOL – Curto.

MÉTODOS: Para a construção do TECOBOL - curto foram feitos estudos teórico-prático


para entender sobre Validação de Conteúdo, Fidedignidade, Critério e Dimensionalidade
de um instrumento (PASQUALI, 1998, 2010). Esses foram estruturados na coordenação
com bola, que o Construto do estudo.
Este estudo foi composto de duas etapas: na primeira a construção do manual e o teste
piloto 1 (TP1); e a segunda foi composta de análise semântica dos itens descritos no

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891

manual, ajustes e teste piloto 2 (TP2). Todos os participantes receberam informações


quanto aos objetivos e ao processo metodológico do estudo e assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido antes do início das coletas. O presente estudo tem
aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa da UFOP (CAAE0041.0.238.00-10).
A construção do TECOBOL – CURTO foi delineada segundo o modo de elaboração de
instrumental psicológico sugerido por Pasquali (2010). Este modelo é baseado em três
pólos: teórico, empírico e analítico. Neste estudo o pólo teórico ficou composto pelas
seguintes etapas: definição constitutiva de planejamento e construção de itens/instrumento,
analise de juízes e analise semântica. O polo empírico compreendeu a caracterização da
amostra e a aplicação do TECOBOL – Curto. e o polo analítico abarcou os procedimentos
envolvidos na análise psicométrica do TECOBOL – Curto.
ETAPA 1: A versão curta foi criada baseada nas habilidades básicas dos jogos esportivos
(chutar, lançar, conduzir e driblar) sob a condição de pressão combinadas dos
condicionantes e de maneira isolada, sem interferência do adversário para minimizar as
subjetividades da avaliação, apesar desse isolamento poder provocar perda na validade
ecológica.
Após o desenvolvimento da parte teórica foram criadas as primeiras tarefas/itens buscando
incorporar os condicionantes de pressão da coordenação com bola: tempo, precisão,
variabilidade, sequência, organização (KROGER e ROTH, 2002). Da mesma maneira da
criação da primeira versão do TECOBOL (SILVA, 2011) a execução dos itens foi filmada e
analisadas quanto a presença dos condicionantes de pressão e adequação para os
crianças e jovens de sete aos 14 anos. Essa idade mínima assegura, teoricamente, que as
crianças estejam em fase madura de desenvolvimento das habilidades (GALLAHUE,
OZMUN, GOODWAY; 2013). Alterações foram feitas e o mesmo processo se repetiu até
satisfazer em concordância os pesquisadores envolvidos.
Os primeiros itens do instrumento foram aplicados à alunos graduandos de Educação
Física. Eram sete os alunos e os mesmos não apresentavam características motoras de
alta performance nas habilidades com bola o que associava-se a execução das crianças,
mas tinham capacidade de fornecer teoricamente feedbacks sobre a dificuldade e da
presença dos condicionantes. O objetivo deste resguardo é obter o que Pasquali (1998)
chama de inteligibilidade do teste.

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ETAPA 2: Após os ajustes na prática a fase teórica começa com a descrição das tarefas
no manual do TECOBOL- curto para análise da compreensão dos itens e da semântica
empregada. Após essas análises, o instrumento foi aplicado em grupo de crianças, de uma
escola pública da cidade de Ouro Preto. Essa amostra foi composta de 20 crianças de
ambos os sexos com média de idade de 8,75 ± 0,98 anos.
Para a análise dos dados foi utilizada estatística descritiva com as medidas de tendências
centrais de médias, desvios-padrão e valores máximos e mínimos.

RESULTADOS: O resultado final da ETAPA 1 foi o Manual, mas até obtê-lo o processo foi
longo e seus ganhos ficaram registrados na análise de comportamento motor adequada as
faixas etárias. Isso, por muitas vezes, requisitou do grupo de pesquisadores novos estudos
sobre as características de execução das habilidades em cada fase de desenvolvimento e
aprendizagem das mesmas. Estes estudos foram sustentados por diversas observações
em beira de quadra de aulas de Educação Física e treinamentos dos esportes. Infelizmente
esses resultados não serão aqui descritos e nem discutidos, mas foram apropriados pelos
participantes e contribuirão em novos estudos da área.
A análise semântica do manual indicou a necessidade de modificação na forma de escrita
das instruções para execução do teste. Com o intuito de assegurar a reprodutibilidade o
teste por diferentes indivíduos e níveis de formação.
O manual é composto por quatro tarefas, duas executadas com as mãos e duas com os
pés explorando as habilidades básicas condução (1), drible (2), chute (3) e lançamento (4),
e são compreendias como habilidades de transporte da bola e para acertar o alvo:
MÃO NA PAREDE – CONDUÇÃO E DRIBLE (1 E 2): O avaliado deverá driblar (com uma
mão), e em outra realização para a condução levar a bola com um pé, continuamente, da
maneira que achar melhor, e, simultaneamente bater uma das mãos dentro de quadrados
afixados na parede o mais rápido possível. Ida e volta por duas vezes no percurso de oito
metros, sendo: Vai de frente, com o membro dominante, volta de costas, depois vai de
novo, mas desta vez de costas, e volta de frente com o membro não dominante sempre
acertando a mão os alvos da parede .
JOGAR NA PAREDE – LANÇAMENTO E CHUTE (3 E 4): O avaliado deverá lança/chutar
a bola na parede para acertar alvos desenhados na parede por 15 vezes certas, o mais
rápido possível, sendo 5x com o membro dominante, 5x com o membro não dominante e

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893

novamente 5x com o membro dominante. Os lançamentos devem ser com apoio em um só


pé equilibrando durante toda a execução, ser realizados com somente uma das mãos e
sempre precedido da recepção com duas mãos. E nos chutes o avaliado deve receber a
bola parando-a com um dos pés caracterizando a recepção, e dar continuidade a sequência
de chutes. Todos os chutes devem ser realizados enquanto o avaliado mantém um bambolê
equilibrado no antebraço com o membro de preferência em extensão. Os chutes devem ser
cinco vezes com o pé dominante; cinco vezes com o pé não dominante; cinco vezes com o
pé dominante. E os lançamentos devem ser executados cinco vezes com a mão
dominante; cinco vezes com as duas mãos; cinco vezes com a mão não dominante.
Outro fator importante que foi decidido no processo de construção, diz respeito a ter que
repetir a execução ou não durante o teste. Essa decisão foi baseada no objetivo de
utilização do teste no processo de Ensino-aprendizagem-treinamento. Assim a análise foi
pensada em qual tipo de prática seria melhor utilizar no teste de coordenação com bola,
em Blocos ou randômica. Existe diferença entre estas duas práticas, a randômica executar
todas as variações de determinada tarefa de forma aleatória, e a por blocos primeiro
finalizar uma tarefa para da continuidade as demais (SHEA, MORGAN; 1979). A partir dos
estudos teóricos e analisando os testes, ficou claro que a melhor escolha é utilizar a prática
em Blocos. Dividindo a ação de cada tarefa em três tentativas, utilizando sempre do mais
fácil para o mais difícil para que o aumento do grau de dificuldade seja gradativo e de acordo
com o reconhecimento da aprendizagem da própria ação.

CONCLUSÃO: O processo de construção é longo e lento, mas executá-lo desde o início


buscando assegurar os critérios de validade possibilita, se necessário, retornar as etapas
e refazê-las objetivando encontrar qualidades métricas do instrumento. O TECOBOL curto
depois desses primeiros passos aqui descritos satisfazem à continuidade de seus estudos
para obter a validade de conteúdo através de juízes, próximo passo.

REFERÊNCIAS
ABURACHID, C.L.M.; GRECO, P.J. Processos de validação de um teste de conhecimento
tático declarativo no tênis. Revista da Educação Física/UEM. v. 21, n. 4, p. 603-610, 2010.
DORSCH, F.; HÄCKER, H.; STAPF, K. H. Dicionário de Psicologia Dorsch. Petrópolis, RJ:
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KRÖGER, C.; ROTH, K. Escola da bola: um ABC para iniciantes nos jogos esportivos. São
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PASQUALI, L. Instrumentação Psicológica. Editora: Artmed, 1° edição, 560p, 2010.
PASQUALI, L. Princípios de elaboração de escalas psicológicas. Rev. Psiq. Clin., v. 25, n.
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transfer of a motor skill. Journal of Experimental Psychology: Human Learning and Memory,
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THOMAS, J. R.; NELSON, J. K.; SILVERMAN, S. J. Métodos de pesquisa em atividade
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URBINA, S. Fundamentos da testagem moderna. Porto Alegre: Artmed, 2007.

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895

VALIDAÇÃO DAS ESTATÍSTICAS OFICIAIS DE JOGOS DO NOVO BASQUETE


BRASIL, OFERECIDAS PELA LIGA NACIONAL DE BASQUETEBOL

Rafael Andreolli Prochnow / LABIN - FCA - UNICAMP

Vitor de Magalhães Chaves Reale / LABIN - FCA - UNICAMP

Yura Yuka Sato dos Santos / LABIN - FCA - UNICAMP

Lucas Antônio Monezi / LABIN - FCA - UNICAMP

Luciano Allegretti Mercadante / LABIN - FCA - UNICAMP

rafaprochnow@hotmail.com

RESUMO: O trabalho teve como objetivo validar os dados das estatísticas oficiais dos jogos
do Novo Basquete Brasil, disponibilizados pela Liga Nacional de Basquetebol. A amostra
foi composta por 14 jogos de equipes profissionais masculinas na temporada 2011/2012.
Os dados das estatísticas oficiais foram obtidos no site da Liga Nacional de Basquetebol e
foi realizada coleta de dados através de filmagens dos mesmos jogos. Pela metodologia
observacional, foram registrados os indicadores técnicos de jogos e a validação dos dados
da oferecidos pela Liga foi realizada à partir de comparação com os dados coletados por
observadores, através do teste estatístico de Correlação. Os resultados mostraram alta
correlação entre os indicadores de desempenho coletados por observadores treinados e os
indicadores oferecidos pela Liga. Portanto, estes dados podem ser utilizados por
pesquisadores da área e por comissões técnicas de forma confiável.
Palavras-chave: Metodologia observacional, Validação, Novo Basquete Brasil.

INTRODUÇÃO: O basquetebol é um esporte coletivo praticado mundialmente, composto


por ações técnicas (SAMPAIO; IBÁÑEZ; FEU, 2004; OKAZAKI et al., 2004; GÓMEZ et al.,
2008b; GARCÍA et al., 2013) e táticas (ALARCÓN et al., 2009; LEITE et al., 2014), cujo
objetivo é fazer maior pontuação que o adversário para ganhar o jogo (MORENO, 1998;
DE ROSE; GASPAR; SINISCALCHI, 2002). As ações e fundamentos técnicos, chamados
de indicadores técnicos de jogo, como os lances livres, arremessos de 2 pontos,
arremessos de 3 pontos, rebotes defensivos e ofensivos, tocos, faltas cometidas, entre
outros, são analisadas em diferentes trabalhos mostrando o desempenho da equipe e de

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jogadores no campeonato, podendo ser utilizado pelo técnico para planejar os treinamentos
e melhorar o desempenho (GÓMEZ et al., 2008). Dessa forma, é observado que a eficiência
dos indicadores técnicos de basquetebol também está relacionada ao resultado final
(IBÁÑEZ et al., 2008), ou seja, as altas eficiências em indicadores técnicos, além dos
arremessos, podem ser importantes para a construção da vitória.
Um indicador técnico pode representar o desempenho defensivo ou ofensivo. A eficiência
defensiva está associada a máxima capacidade da equipe em impedir a conversão de
pontos do adversário. A eficiência ofensiva pode ser compreendida como o conjunto das
eficiências dos arremessos de lances livres, 2 e 3 pontos, por exemplo, diretamente
relacionadas à conversão de pontos (SAMPAIO; JANEIRA, 2001). Em trabalhos científicos
são mais comuns as descrições de indicadores técnicos ofensivos, bem como nas
estatísticas oficiais de diferentes competições de alto nível.
No Brasil, a Liga Nacional de Basquetebol (LNB), responsável por organizar o campeonato
Novo Basquete Brasil (NBB) disponibiliza em seu site o registro das ações técnicas de todos
jogos oficiais da competição. O processo de registro durante os jogos é realizado por
profissionais contratados e os dados são disponibilizados online no site oficial da LNB. No
entanto, estes dados não são revisados, e assim podem ocorrer erros em função da
dinâmica em que ocorrem as ações nos jogos. Nesse sentido, a confiabilidade dos dados
fornecidos pela LNB deve ser avaliada para que esses indicadores técnicos possam ser
utilizados tanto em pesquisas bem como no treinamento das equipes. Com isso, o presente
trabalho teve como objetivo validar os dados de indicadores técnicos dos jogos do NBB,
disponibilizados no site da LNB.

METODOLOGIA: A amostra foi composta por 14 jogos de 15 equipes profissionais


masculinas que participaram do NBB 2011/2012 temporada regular. Os dados dos jogos a
serem validados foram obtidos no site da LNB (LIGA NACIONAL DE BASQUETEBOL,
2015). Já a coleta de dados se deu através de vídeos dos mesmos 14 jogos, filmados por
quatro câmeras, posicionadas nos cantos superiores do ginásio, para visualizar toda a
quadra evitando oclusões. A partir dos vídeos, os dados foram registrados de forma off-line
pelo sistema Dvideo (FIGUEROA; LEITE; BARROS, 2006). Foram registrados os
indicadores técnicos de jogo: Lance livre certo e errado (LL), os Arremesso de 2 pontos

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
897

certo e errado (2P), Arremesso de 3 pontos certo e errado (3P), rebote defensivo (D) e
ofensivo (O), toco (TO), total das faltas cometidas (FC).
Cinco observadores foram treinados previamente a esta medição, durante 4 dias em
sessões de 2 horas para executar as medições. Os critérios de marcação das ações foram
explicados com detalhe no período de treinamento. Para verificar a confiabilidade da
medição dos observadores foi utilizado o método teste-reteste (HOPKINS, 2000). Foram
selecionados dois observadores que tiveram experiência de no mínimo 6 anos como
jogadores em categorias de base da modalidade para realização dos testes de
confiabilidade. Nenhum dos observadores possuía experiência prévia com o instrumento.
Foram registrados dois jogos escolhidos randomicamente, o que representa 14,3% do total
da amostra, atendendo às recomendações literárias que sugerem que pelo menos 10%
sejam reanalisadas (TABANICK; FIDELL, 1989). O reteste foi realizado 30 dias após a
primeira análise (HILL; HILL, 2002). Foi calculado o índice de concordância intra e inter-
observadores através do índice Kappa de Cohen (COHEN, 1960), e a classificação do
índice seguiu os critérios de Landis e Koch (1977). Após a realização dos testes, para
garantir a qualidade dos dados obtidos, foram adotados procedimentos de verificação, que
consistiram na revisão dos registros pela pesquisadora responsável pelo trabalho. A Tabela
1, a seguir, apresenta o resultado dos Índices de Kappa de concordância intra e inter
avaliadores.

Tabela 1: Resultado do cálculo do índice de concordância intra e inter-observadores.

Intra-observadores Inter-observadores
Kappa Observador1 Observador2 Observadores
0,93 0,97 0,91
Tendo o índice de concordância intra e inter-observadores como “perfeita” (LANDIS e
KOCH, 1977), a validação dos dados da LNB foi realizada à partir de uma comparação com
os dados coletados pelos observadores através do teste estatístico de Correlação, com
valor de significância estabelecido em 5%.

RESULTADOS: Os resultados mostraram alta correlação entre os indicadores de


desempenho coletados por observadores treinados e os indicadores do site da LNB para
lance livre, arremessos de 2 pontos, arremessos de 3 pontos, rebote defensivo e faltas. Por

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outro lado, os rebotes ofensivos apresentaram menores valores de correlação. A seguir a


Tabela 2 com os índices de correlação e os valores de p obtidos.

Tabela 2: Valores de Correlação entre os indicadores técnicos oficiais da LNB e os


registrados por observadores treinados.
Indicadores Técnicos Correlação p
Lance livre 0.997 < 0,01
Arremesso de 2pontos 0.862 < 0,01
Arremesso de 3pontos 0.757 < 0,01
Rebote Ofensivo 0.474 0,011
Rebote Defensivo 0.938 < 0,01
Faltas 0.642 < 0,01
OS resultados dos coeficientes de correlação indicaram que os fundamentos escolhidos
para validação dos dados oferecidos pela LNB são confiáveis, exceto para os rebotes
ofensivos. Este resultado dos rebotes ofensivos pode ter ocorrido devido à dinâmica
sequencial com que em essa ação ocorre no jogo, já que sempre acontecem segundos
após um arremesso errado, e em seguida ao rebote ofensivo pode ocorrer outro arremesso,
dificultando seu registro, pois em um período de poucos segundos ocorrem três ações
sequenciais, lembrando que o registro realizado pela LNB é online, não permitindo
verificação.

Para as pesquisas científicas observacionais é importante que os dados assegurem


confiabilidade (ANGUERA; BLANCO-VILLASEÑOR; LOSADA; HERNÁNDEZ-MENDO,
2000; HUGHES; BARTLETT, 2002), para garantir que os dados representem a realidade
do jogo e, consequentemente, que os resultados das pesquisas tenham legitimidade.
Portanto, os indicadores que apresentaram alta correlação podem ser utilizados por
pesquisadores da área e por comissões técnicas de forma garantida.

Para as comissões das equipes profissionais esses indicadores podem fornecer


prontamente informações sobre o desempenho individual e coletivo nos jogos, já que a LNB
disponibiliza os dados logo após o término do jogo. Além disso, podem auxiliar no
planejamento do treino seguinte ao jogo, preparando melhor as equipes para enfrentar o
próximo adversário.

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CONCLUSÃO: A validação de indicadores de desempenho é fundamental para o


desenvolvimento de pesquisas científicas, análises de desempenho de equipes e jogadores
e planejamento do treinamento. Por isso, em ambos os âmbitos, teórico ou prático, os
profissionais devem se atentar à confiabilidade dos dados para obter resultados
satisfatórios.

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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
901

DEMANDAS DE ATIVIDADES FÍSICAS E ESFORÇOS NO BASQUETEBOL DE ALTO


RENDIMENTO NO BRASIL.
Renê Augusto Ribeiro / LABIN – FCA – UNICAMP
Anderson Calderani Junior/ LABIN – FCA – UNICAMP
Lucas Antônio Monezi/ LABIN – FCA – UNICAMP
Milton Shoiti Misuta/ LABIN – FCA – UNICAMP
Luciano Allegretti Mercadante / LABIN – FCA - UNICAMP
ribeiro.rene@outlook.com

Resumo: Poucas propostas são apresentadas na literatura para descrever, quantificar e


qualificar as ações realizadas por jogadores de basquetebol, classificadas a partir do
esforço físico e gasto de energia que ela representa. Em geral, descrevem as ações do
jogo sem considerar as trocas de força de contato entre os jogadores como esforços, nem
as diferentes condições de saltos relacionadas aos fundamentos do jogo. Assim, este
trabalho tem como objetivo principal propor nova classificação para as ações realizadas
no basquetebol, contendo três classes e subclasses: deslocamentos horizontais com suas
subclasses para frente, para atrás, para a lateral, na posição defensiva, com drible e o
parado; deslocamentos verticais com subclasses rebote, enterrada, toco, bandeja, passe
e arremesso; e as trocas de contato com as subclasses proteção de rebote ou jogo 1x1 e
bloqueios ou faltas. Para verificar a aplicabilidade da classificação proposta, foi analisado
um jogo da temporada 2011/2012 do Novo Basquete Brasil (NBB), utilizando o módulo
scout Sistema Dvideo®. Todos os jogadores realizam mais as ações de deslocamento
para frente e parado do que atrás, lateral e drible. Os pivôs realizem mais ações como
troca força, 1x1, rebote e toco do que os armadores e alas, porém, os armadores e alas
realizem mais deslocamentos laterais e com o drible que os pivôs, mostrando que cada
posição realiza esforços diferentes durante o jogo e a importância das novas classes
propostas.

Palavras chaves: basquetebol, esforços físicos, scout.

Introdução: O basquetebol é uma modalidade coletiva caracterizada por esforços


intermitentes, de alta intensidade e curta duração. Os esforços realizados podem ser

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
902

caracterizados pelo volume e intensidade dos diferentes movimentos realizados, como os


deslocamentos horizontais e verticais (SCANLAN et al., 2012; NARAZAKI et al., 2009). É
fundamental compreender como se comportam as demandas de esforços e ações numa
partida de basquetebol, a partir de variáveis quantitativas que permitam confiabilidade nas
análises. É possível perceber, por exemplo, diferentes características de esforços quanto à
velocidade dos jogadores, quanto ao grau de intensidade em realizar a ação, quanto ao
fundamento utilizado na tentativa dos pontos, por exemplo. As análises dos esforços
realizados pelos jogadores devem selecionar as ações, o tempo de duração de cada ação,
a quantidade realizada e os intervalos entre elas.
O trabalho de Scalan et al (2011), propõe uma classificação para as ações baseada nos
esforços realizados em jogo de basquetebol, comparando jogadores australianos
masculinos de elite e sub-elite em jogos do campeonato australiano. As ações foram
divididas em nove categorias sendo: parado/andando, corridas em baixas, médias e
máximas velocidades, movimentação na posição de defesa em baixa e alta velocidade,
saltos, drible e movimentação de braços. Foram quantificadas as frequências destas ações
por jogador e suas durações médias e totais. Concluíram que a competição de basquetebol
de elite exige uma maior carga de trabalho intermitente e demandas de atividade mais
constantes, enquanto sub-elite desenvolveram picos maiores de atividade e apresentaram
períodos mais longos de recuperação durante a partida. Também realizaram comparações
por posição/função na equipe (armadores, alas e pivôs), e concluíram que a demanda física
foi menor para os pivôs. Porém, a classificação proposta pode subestimar os esforços
referentes às trocas de forças de contato entre jogadores, e não consideram as diferentes
formas de salto, como rebote, arremesso e interceptações. Com isso, O objetivo deste
trabalho foi criar uma nova classificação para identificar as demandas físicas no
basquetebol, aplicada a jogadores brasileiros de elite que disputam o Novo Basquete Brasil
(NBB).

Métodos: O registro de um jogo foi feito por filmagem controlada com quatro câmeras
localizadas nos cantos superiores do ginásio, a uma altura de 12 metros do solo, de forma
a enquadrar toda a quadra. A frequência de análise foi de 7.5 Hz. As frequências das ações
foram quantificadas utilizando o Sistema Dvideo (FIGUEROA et al., 2003). O sistema
permite definir com precisão o início e fim de cada ação realizada e o jogador que a realizou.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
903

Foi utilizado o módulo scout do Sistema Dvideo, onde foram realizados os procedimentos
de sincronização temporal das câmeras e medição das ações. Os dados coletados foram
tratados em ambiente Matlab®, para obtenção das frequências e tempos de duração de
cada ação dos jogadores.
A classificação proposta foi divida em três classes: deslocamentos horizontais,
deslocamentos verticais e trocas de forças de contato, e definidas a seguir:
- Deslocamentos horizontais: Todos os deslocamentos na direção horizontal, com seis
subclasses: para frente, para trás, para as laterais, na posição defensiva, durante o drible
e parado.
- Deslocamentos verticais: qualquer movimento ou atividade que um jogador inicie uma
ação em que tire os dois pés do chão. Foi divida em seis subclasses, em função do objetivo
do salto, ou fundamento associado: rebote, bandeja, arremesso, toco, enterrada e passe.
- Trocas de forças de contato: qualquer contato corporal entre os jogadores. Possui duas
subdivisões: proteção de rebote e jogo 1x1; e bloqueios e faltas. O jogo 1x1 é quando os
jogadores disputam espaço usando o contato corporal e a proteção ao rebote se dá quando
o jogador usa o corpo para impedir o adversário a chegar ao rebote tanto ofensivo, quanto
defensivo. Bloqueios ocorrem quando o jogador faz ou recebe um bloqueio ou um corta luz.
As faltas são qualquer tipo de contato ilegal durante o jogo.

Resultados: Serão apresentadas nos resultados duas tabelas relatando as frequências,


tempo médio e total das subclasses propostas neste estudo. A tabela 1 apresenta estas
variáveis para cada quarto do jogo, e a tabela 2 apresenta em função das cinco
posições/funções existentes no basquetebol.

Tabela 1: Frequências das ações (fr) e os tempos totais de duração das ações (tt) em cada
subclasse nos quatro quartos do jogo, sendo: deslocamento horizontal (d), deslocamento vertical
(s) e força de contato (fc), que foram divididas nas subcategorias deslocamento frente (df),
deslocamento atrás (da) deslocamento lateral (dl) deslocamento drible (dd) e parado (dp);
deslocamento vertical com bandeja (sb), com arremesso (sa), com enterrada (se), com toco (st),
com rebote (sr), e com passe (sp); faltas ou bloqueios (fcf) e proteção de rebote ou 1x1 (fc1). Os
valores são referentes à soma total de todos os jogadores que participaram do quarto.
total do
1Q 2Q 3Q 4Q
jogo
fr tt (s) fr tt (s) Fr tt (s) fr tt (s) fr tt (s)
df 279 1439 334 1993,5 461 2686,5 378 2376,8 1453 8495,8
da 126 448,8 170 515,3 224 765,2 192 706,1 713 2435,4
dl 83 371 57 252,4 52 179 42 170 235 972,5

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
904

dd 28 133,8 38 150,8 40 154,6 40 140,7 146 580


p 156 1435,4 176 1158,8 257 1402,6 212 1839,6 8010 5836,4
sr 5 3,9 5 4,3 6 5,2 21 37,7 37 51,2
sb 5 6,4 5 5,3 5 5,8 5 5,5 20 23
as 8 5,8 10 6,7 13 11,4 9 8,8 40 32,4
st 7 4,9 12 10,1 5 4,3 16 14,6 40 33,9
se 2 2,6 0 0 0 0 1 1,2 3 3,8
sp 2 1,9 3 2,4 8 5,4 5 3,6 18 13,3
fc1 29 42,3 9 20 36 56,9 21 26,8 95 146,1
fcf 48 38 43 36,1 60 50,4 54 47 202 171,6

As ações mais realizadas no jogo todo foram das subclasses parado e deslocamento para
frente, mostrando a principal forma de movimentação dos jogadores e o caráter intermitente
da modalidade. A classe das trocas de força de contato apresentou valores totais maiores
que os deslocamentos verticais, confirmando a importância deste tipo de esforço. Na classe
deslocamento horizontal, todas as subclasses apresentaram aumento das frequências e do
tempo total do primeiro tempo para o segundo tempo, exceto para o deslocamento lateral.
Em relação ao descolamento vertical, não houve diferença entre os quartos e as suas
subclasses, e nas trocas de força de contato o segundo quarto apresentou valores
menores.

Tabela 2: Ações com os seus números de frequências (fr), tempos médios em segundos
(tm) e tempos totais em segundos (tt), dentro de cada classe correspondente. As classes
foram: deslocamento horizontal (d), deslocamento vertical (s) e força de contato (fc), que
foram divididas nas subclasses, deslocamento frente (df), deslocamento atrás (da),
deslocamento lateral (dl), deslocamento drible (dd) e parado (dp); deslocamento vertical
com bandeja (sb), com arremesso (sa), com enterrada (se), com toco (st), com rebote (sr)
e com passe (sp); faltas ou bloqueios (fcf) e proteção de rebote ou 1x1 (fc1) para cada
posição dos jogadores.
Armador Ala-armador Ala Ala-pivô Pivô
tm tm tm tm tm
fr (s) tt (s) Fr (s) tt (s) fr (s) tt (s) fr (s) tt (s) Fr (s) tt (s)
df 33 1968, 31 2073, 22 1716, 29 1459, 28 1277,
9 35 4 0 33,1 7 1 60 8 8 33 5 5 36,7 4
da 16 14 18 12
2 19,4 560 7 16,4 506,2 99 26,1 331,2 1 20,7 636 4 26,3 402
dl 66 22,3 270,3 61 22,8 274,5 30 30 108,6 33 27,2 154,9 45 23,5 164,2
dd 54 28,9 295,4 38 23,6 154,8 24 35,8 82,6 21 10,3 38,3 9 5,6 8,9
p 19 1251, 16 11 15 1243, 16 1417,
9 38,8 3 3 33,3 1150 9 42,6 774,2 2 47,8 3 8 55,7 4
sr 3 2,5 2,5 1 1 1 13 7,4 24,9 7 4,6 11 13 6,1 11,8
sb 9 4,5 10,5 2 2,2 2,2 4 4,6 4,8 1 1,3 1,3 4 3 4,2

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905

as 8 2,4 6,2 12 3,3 10,5 7 3,2 5,6 4 1,6 2,2 9 5,1 7,9
st 5 1,3 1,5 6 2,3 5 8 5,3 9,1 2 0,6 1,4 19 5,4 16,9
se 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3,5 3,8 0 0 0
sp 4 1,2 2,4 5 2,4 4,2 7 2,8 5 2 1,7 1,7 0 0 0
fc
1 4 6,6 6,8 7 1,4 4,6 7 8,6 13,5 28 9,9 42,3 49 11,7 78,9
fcf 25 4,4 17,8 32 4,7 28,5 34 6 24,4 42 5,1 38,8 72 5,9 62,1

Nas subclasses de todas as classes há diferenças das frequências e tempos totais entre
as posições, caracterizando a especificidade de cada uma delas. Armador, ala-armador e
ala realizam mais deslocamentos horizontais que ala-pivô e pivô, e nas subclasses das
forças de contato ocorre o inverso. Quanto aos deslocamentos verticais maiores
frequências ocorreram para alas e pivôs. As subclasses drible e deslocamento lateral foram
às subclasses menos utilizadas, tanto em frequência e tempo total, sendo o drible mais
usado pelo armador, por causa da sua função técnica e tática de jogo. Apesar de o ala-pivô
e pivô realizarem menos ações de deslocamentos horizontais que ala-armador e armador,
eles apresentam maior frequência principalmente nas trocas de forças de contato,
diferenciando os esforços entre as posições, e mostrando novamente a necessidade de
considerar estes esforços.

Conclusão: Esse estudo apresentou uma nova forma de classificação das ações
realizadas por jogadores durante jogos de basquetebol e mostrou a importância de cada
classe e subclasse. Os resultados mostraram a importância de quantificar as trocas de
forças de contato e a especificidade de cada posição. A metodologia pode colaborar com
as comissões técnicas no planejamento dos treinamentos, visando o desenvolvimento
físico individualizado do atleta. A aplicação da classificação em um jogo de elite mostrou
também a necessidade de ampliação da amostra para maiores análises.

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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
907

DESEMPENHO TÁTICO DE JOGADORES DE FUTEBOL EM JOGOS REDUZIDOS


CONDICIONADOS: O EFEITO DO CURINGA EM APOIO INTERNO
Felipe Moniz/NUPEF-UFV
Davi Correia Silva/NUPEF-UFV
Israel Teoldo/NUPEF-UFV
fmcarvalho1@gmail.com
RESUMO: O objetivo deste estudo foi verificar se o jogador curinga em apoio interno exerce
efeito sobre o desempenho tático de jogadores de futebol em jogos reduzidos
condicionados. A amostra foi composta por 2023 ações táticas realizadas por 18 jogadores
de futebol da categoria Sub-11. O desempenho tático foi avaliado através do Sistema de
Avaliação Tática no Futebol “FUT-SAT”. Foi realizado um jogo “sem curinga” e outro jogo
“com curinga em apoio interno”. O teste t de medidas repetidas foi utilizado para comparar
o desempenho tático dos jogadores entre os jogos sem e com curinga em apoio interno.
Para verificar o tamanho do efeito entre os jogos foi utilizado o effect size. Os resultados
demonstraram que o curinga em apoio interno conseguiu diminuir o desempenho tático
defensivo e de jogo. Foi concluído que o curinga em apoio interno criou desordem na
organização defensiva além de dificultar a resolução de problemas em situações de
inferioridade numérica.
Palavras chave: Tática, desempenho tático, jogos reduzidos condicionados

INTRODUÇÃO: Os jogos reduzidos condicionados têm sido indicados pela literatura para
organizar e estruturar as atividades dos jogadores nos treinamentos (DAVIDS et al., 2013).
Esta atividade é descrita como jogos reduzidos com menor número de jogadores que
apresentam regras e objetivos modificados de acordo a organização do jogo formal (FORD;
YATES; WILLIAMS, 2010). Existem diferentes possibilidades de modificações para
construir esta atividade, entre elas, a inserção do curinga considerado como o jogador extra
que pode ser utilizado em apoio interno (dentro do campo de jogo) para auxiliar os demais
jogadores, na fase defensiva ou ofensiva do jogo com o objetivo de criar situações
momentâneas de superioridade e inferioridade numérica (HILL-HAAS et al., 2010).A
utilização de jogos reduzidos condicionados com curinga em apoio interno pode promover
a melhora do desempenho tático dos jogadores por apresentarem situações semelhantes
ao jogo formal (DAVIDS et al., 2013). No entanto, este tipo de manipulação não deve facilitar

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
908

a detecção de informação pelo jogador, mas aumentar a oportunidade de desempenhar


ações e ser transferidas para o jogo formal (VILAR et al., 2012). A prática em forma de jogo
tem sido considerada como relevante para desenvolver o desempenho dos jogadores da
categoria Sub-11, uma vez que estão em fases iniciais de treinamento (WARD et al., 2007).
Portanto, o objetivo desse estudo é verificar se o curinga em apoio interno exerce efeito
sobre o desempenho tático de jogadores de futebol.

MÉTODOS:

Amostra: A amostra foi composta por 2023 ações táticas realizadas por 18 jogadores de
futebol da categoria Sub-11 pertencentes a um clube de futebol da primeira divisão do
Campeonato Brasileiro. Como critério de seleção da amostra, os jogadores deveriam estar
inscritos em programas formação esportiva, além de participarem de campeonatos de
futebol em nível regional ou estadual.
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos
da Universidade Federal de Viçosa, sob protocolo de número (Of. Ref. Nº
363.905/2013/CEP) e atende as normas do tratado de Helsinque de 1996 e do Conselho
Nacional de Saúde (CNS 466/2012).

Instrumento: O instrumento utilizado para avaliar o desempenho tático dos jogadores foi o
Sistema de Avaliação Tática no Futebol “FUT-SAT” (TEOLDO et al., 2011). O desempenho
tático dos jogadores é obtido a partir do Índice de Performance Tática (IPT) da fase ofensiva
(IPTO), defensiva (IPTD) e de jogo (IPTJ).

Procedimento de Coleta de Dados: Para avaliar o IPTO, IPTD e IPTJ dos jogadores, foi
realizado o teste de campo do FUT-SAT, que ocorre em campo reduzido com dimensões
de 36mx27m com duração de quatro minutos, com trinta segundos de “familiarização” antes
do início efetivo do teste. Os jogadores foram orientados a jogar de acordo com as regras
oficiais do jogo de Futebol, exceto à regra do impedimento. O teste de campo do “FUT-
SAT” ocorreu em dois jogos com configurações distintas. Na primeira configuração,
denominada “sem curinga” os participantes foram divididos aleatoriamente em duas
equipes com a seguinte formação: “goleiro + 3 vs. 3 goleiro” (GR+3xGR+3). Na segunda

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
909

configuração, denominada “com curinga em apoio interno”, os mesmos jogadores foram


submetidos a jogarem na mesma configuração, porém foram informados sobre a presença
e utilização do jogador curinga em apoio ofensivo dentro do campo de jogo
(GR+3xGR+3)+1.
Materiais: Para a gravação dos jogos foi utilizada uma câmera digital SONY modelo HDR-
XR100. O material de vídeo obtido foi introduzido, em formato digital, em um computador
portátil (DELL modelo Inspiron N4030 processador Intel® Core™ i5-3210M CPU @ 2,50
HGz) via cabo USB, e convertidos em arquivos “avi.” através do software Format Factory.
Para o tratamento das imagens e análise dos jogos foi utilizado o software Soccer Analyser.

Análise Estatística: Foi utilizada análise descritiva (média e desvio padrão) do IPTO, IPTD
e IPTJ. Para verificar a distribuição dos dados foi utilizado o teste Kolmogorov-Smirnov.
Para averiguar a diferença das médias entre os jogos foi utilizado o teste t de medidas
repetidas. Adotou-se o nível de significância de p<0,05. Para verificar o tamanho do efeito
entre os jogos, foi utilizado o effect size (r) que foi divido em baixo (0,1-0,29), médio (0,3-
0,49) e alto (>0,5) (COHEN, 1992; FRITZ; MORRIS; RICHLER, 2012) Para verificar a
fiabilidade, foi utilizado o método teste-reteste que foi realizado respeitando um intervalo de
três semanas (ROBINSON; O'DONOGHUE, 2007). A fiabilidade foi calculada utilizando-
se o teste Kappa de Cohen. Foram reavaliadas 220 ações táticas, que representaram
10,87% da amostra, um valor superior ao de referência (10%) (TABACHNICK; FIDELL,
2012). Os resultados do reteste apresentaram fiabilidade intra-avaliadores no jogo sem
curinga (GR+3x3+GR) com valores situados entre o mínimo 0.813 (ep=0,068) e o máximo
1.000 (ep=0,000) e no jogo com curinga em apoio interno (GR+3x3+GR)+1 com mínimo de
0,848 (ep=0,062) e máximo de 1,000 (ep=0,000). Para a fiabilidade inter-avaliadores no
jogo sem curinga (GR+3x3+GR) os valores situaram entre o mínimo 0,831 (ep=0,033) e
máximo de 0,941 (ep=0,012) e com curinga em apoio interno (GR+3x3+GR)+1 entre o
mínimo 0.837 (ep=0.037) e máximo 0.915 (ep=0.032). Para o tratamento estatístico dos
dados utilizou-se o software SPSS (Statistical Package for Social Science) for Windows®,
versão 22.0.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
910

RESULTADOS: A tabela 1 apresenta os valores de média e desvio padrão do IPT. Foi


observado nos resultados que o IPTD (t= 3,172) e IPTJ (t= 2,974) apresentaram valores
significativamente menores no jogo com curinga em apoio interno.
Tabela 1. Média e Desvio Padrão do Índice de Performance Tática Ofensivo
(IPTO), Defensiva (IPTD) e de Jogo (IPTJ) dos jogos sem curinga
(GR+3x3+GR) e com curinga em apoio interno (GR+3x3+GR)+1
IPT GR+3x3+GR (GR+3x3+GR)+1 p r
IPTO 49,86 ± 7,75 49,43 ± 4,88 0,859 -
IPTD 37,77 ± 6,55 29,89 ± 5,92 0,006* 0,478
IPTJ 40,77 ± 2,59 36,66 ± 4,5 0,009* 0,454
(*) Diferenças significativas. p<0,05.

A redução do IPTD indica que os jogadores apresentaram dificuldades em desempenhar


ações fundamentais como proteção a baliza e recuperação da posse de bola (TEOLDO et
al., 2009). Neste estudo, os jogadores desta categoria não conseguiram compensar a falta
de um jogador no confronto o que pode estimular os métodos de jogo ofensivo da equipe
em superioridade numérica (SILVA et al., 2014). No que refere a redução do IPTJ, este
resultado indica que novas situações de jogo podem aumentar o número de erros dos
jogadores ao desempenhar ações táticas, pelo fato de não conseguirem compreender as
possibilidades de ação que novo tipo de contexto oferece para os jogadores (TAVARES,
1996).
No entanto, as dificuldades observadas no jogo com curinga em apoio interno podem ser
importantes para o desenvolvimento da competência tática dos jogadores, pois podem
estimular a busca de novas informações que o contexto de superioridade e inferioridade
numérica oferece, e, assim aumentar a oportunidade de aprendizagem tática (DAVIDS et
al., 2013). Dessa forma, os treinadores podem inserir o curinga para criar dificuldades no
treino.

CONCLUSÃO: Foi concluído, neste estudo, que o curinga em apoio interno exerceu efeito
sobre o desempenho tático defensivo e de jogo, criando desordem na organização
defensiva além de dificultar a resolução de problemas em situações de inferioridade
numérica.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
911

AGRADECIMENTOS: Este trabalho teve o apoio da SETES através da Lei Estadual de


Incentivo ao Esporte, da FAPEMIG, da CAPES, do CNPQ, da FUNARBE, da Reitoria, Pró-
Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Federal de Viçosa.

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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
913

TENDÊNCIAS DE COORDENAÇÃO INTERPESSOAL EM UMA ATIVIDADE DE


TREINAMENTO COM TROCA DE PASSES SOB MARCAÇÃO NO FUTEBOL
Marcos Rodrigo Trindade Pinheiro Menuchi / DCSAU - UESC
Maurício Madureira Correia / DCSAU - UESC
Juliano Dal Pupo / DCS - UFSC
Antônio Renato Pereira Moro / DCS - UFSC
mrtpmenuchi@uesc.br
RESUMO
As interações interpessoais de ações interceptativas podem ser entendidas e estudadas
como um sistema adaptativo complexo. Entendendo a situação de troca de passes sob
marcação como um sistema adaptativo, o presente estudo objetivou descrever, em
diferentes categorias de formação no futebol, a tendência de coordenação interpessoal
neste contexto competitivo. Para tanto, jogadores de diferentes categorias de formação do
futebol trocaram passes em uma relação de 4 passadores para 1 marcador em um espaço
delimitado de 9m² de diâmetro. O movimento da bola e dos jogadores foram analisados
cinematicamente para calcular as tendências de coordenação entre marcador e
passadores. A técnica de correlação corrida permitiu descrever a relação de fase ao longo
de cada rali e a análise frequencial permitiu verificar possíveis diferenças na relação de fase
entre as categorias. Os resultados mostraram que marcador e centroide apresentam uma
forte coordenação em fase tanto para a distância quanto para o ângulo com a bola. Ainda,
que a categoria sub13 apresentou menores frequências coordenação em fase e maiores
frequências de coordenação anti-fase que as demais categorias. Conclui-se que marcador
e passadores interagem de maneira coadaptada, com tendência simétrica, sugerindo forte
acoplamento informacional no contexto competitivo analisado.
Palavras-chave: Futebol; coordenação; interação interpessoal.

INTRODUÇÃO
As interações interpessoais que emergem em situações de disputa de bola nos
esportes coletivos têm sido estudadas baseado no conceito de movimentos coadaptativos
em sistemas evolucionários (PASSOS; DAVIDS, 2015). Observações em diferentes
esportes tem identificado que os jogadores se (re)organizam para satisfazer as demandas
do contexto de ação em constante evolução temporal (CORREIA et al., 2014).

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914

Especificamente no futebol, pesquisadores tem buscado verificar como os jogadores


coadaptam suas ações uns com os outros em relação a significantes objetos, eventos e
características do contexto de ação para atingir resultados específicos, tais como dribles,
passes, chutes ou ações interceptativas (TRAVASSOS et al., 2011).
No presente estudo, o pequeno jogo conhecido como bobinho16 foi utilizado em
diferentes categorias de formação para verificar as tendências de coordenação interpessoal
entre marcador e passadores em situações de troca de passes sob marcação. Foi
hipotetizado que: (1) marcador mantém simetria com a movimentação dos passadores; e
(2) as categorias de formação analisadas apresentariam diferentes tendências
coordenativas.

MÉTODOS
Participaram deste estudo vinte jogadores do sexo masculino selecionados de quatro
categorias de formação de uma equipe profissional: sub13 (n=5), sub15 (n=5), sub17 (n=5)
e sub20 (n=5). Todos os procedimentos foram aprovados pelo CEP/UESC, sob o número
de protocolo CAAE: 28947714.7.0000.5526.
A tarefa experimental foi elaborada com base em uma configuração de jogo
composta de quatro (n=4) passadores e um (n = 1) marcador (Figura 1A), onde trocaram
passes em uma dimensão espacial circular com 9m de diâmetro. O objetivo do marcador
foi interceptar a bola e o objetivo dos passadores foi evitar a interceptação. O jogo teve
duração de 5 minutos ininterruptos, onde 30 ralis puderam ser identificados (n = 7 para
sub13; n = 8 para sub15; n = 9 para sub17; e n = 7 para sub20).
Por meio de procedimentos videogramétricos (DUARTE et al., 2010), as seguintes
variáveis foram calculadas (Figura 1B): (a) centroide (cent); (b) Distância entre o marcador
e a bola (Dm); (c) Distância entre o centroide e a bola (Dcent); (d) Ângulo centroide (Acent);
e (e) Ângulo marcador (Am).

16
Bobinho é o termo utilizado popularmente no Brasil. No entanto, pode ser conhecido como “rondo” na
Europa, ou ainda pela terminação recreativa “the midle of the pigle”.

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915

A B

Figura 1. Configuração da tarefa experimental com quatro passadores e um marcador (A) e as variáveis analisadas (B).
cent: centróide; Dcent: distância entre o centróide e a bola; Dm: distância entre o marcador e a bola; Acent: ângulo
centróide; e Am: ângulo marcador.

Para verificar a coordenação interpessoal entre marcador e passadores


(representados pelo centroide) foi utilizado a técnica de correlação corrida (CORREIA et
al., 2014) para descrever a relação de fase (em fase, anti-fase e fora de fase) entre as
séries temporais do ângulo relativo (Acent x Am) e entre as séries temporais da distância
relativa (Dcent x Dm). A análise frequencial possibilitou verificar as tendências de
coordenação em cada categoria e a ANOVA one way verificou possíveis diferenças entre
as condições, consideradas quando p ≤ 0.05.

RESULTADOS
A correlação corrida (running correlations) permitiu visualizar a relação de fases entre
o marcador e o centroide em cada categoria analisada. Na Figura 2 é possível verificar os
momentos de criação, manutenção e dissolução de simetrias ao longo da troca de passes.
Nos exemplos selecionados, visualmente é possível notar que as categorias mais
avançadas conseguem manter-se mais em simetria (coordenação em fase, com valores
entre 0,8 e 1), tanto no ângulo relativo quanto na distância relativa. Por outro lado, nota-se
uma diminuição dos momentos de antissimetria (coordenação anti-fase, com valores entre
-0,8 e -1). A paisagem da análise frequencial (Figura 3) apresentou nitidamente os dois
picos, indicando os modos em fase (com maior frequência), anti-fase (com menor
frequência) e fora de fase (flutuações entre os dois modos). Por fim, a Figura 4 indicou,
apenas para o ângulo relativo, que a categoria sub13 mantém uma menor coordenação em
fase e maior coordenação anti-fase do ângulo relativo em relação às demais categorias.

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Sub13 Sub15 Sub17 Sub20


B

Figura 2. Exemplos de ralis demonstrando as interações entre o marcador e o centroide ao longo do tempo. A: ângulo
relativo. B: distância relativa.

Sub13 Sub15 Sub17 Sub20

Figura 3. Paisagem de padrões de interação entre o marcador e o centroide em cada categoria de formação. A: ângulo
relativo. B: distância relativa.

A B
$
# # $
*
*
$
#
* #
* $

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917

Figura 4. Médias e Desvios padrão da relação de fase (em-fase, anti-fase e fora de fase) entre o marcador e o centroide
em cada categoria de formação. A: ângulo relativo. B: distância relativa. Os caracteres representam as diferenças
estatísticas apontadas.

Semelhante aos resultados observados no rugbi, basquetebol, futebol e futsal, o


ângulo e a distância relativa foram parâmetros capazes de descrever o modo de
coordenação da interação interpessoal como uma simples unidade (PASSOS; DAVIDS,
2015). Resultados com o futsal (TRAVASSOS et al., 2011) revelam que os defensores
mantém forte tendência de coordenação no sentido médio lateral da quadra, sugerindo que
os defensores coadaptam suas movimentações aos atacantes para minimizar as
oportunidades de chute ao gol. No presente estudo, contudo, onde o objetivo dos
passadores é envolver o marcador na troca de passes em uma localidade específica e
delimitada, o ângulo apresenta-se como um potencial parâmetro para descrever e
quantificar a marcação no contexto analisado. A forte correlação simétrica sugere que os
defensores buscam contrabalancear a movimentação dos passadores, buscando melhores
condições para interceptação. Por outro lado, forte correlação antissimétrica sugere que
defensores tenham dificuldades de acompanhar a movimentação dos passadores e,
portanto, maiores dificuldades de interceptação do passe (CORREIA et al., 2014). Estas
diferenças foram identificadas na categoria sub13, indicando que este grupo apresenta
maiores dificuldades na marcação. Estudos futuros necessitam explorar quais as
implicações destes resultados no desempenho de um jogo regular bem como no processo
de ensino-aprendizagem-treinamento do futebol.

CONCLUSÃO
Os resultados do presente estudo reforçam a característica dinâmica das interações
interpessoais, demonstrando a coexistência de cooperação e competição dos jogadores no
contexto de ação. Em situações de troca de passes sob marcação, marcador e passadores

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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interagiram de maneira coadaptada, com tendência simétrica, sugerindo forte acoplamento


informacional no contexto competitivo analisado. A categoria sub13 apresentou menor
simetria e maior antissimetria, indicando uma menor sensibilidade à movimentação dos
passadores. A descrição da dinâmica de interação interpessoal em situações de troca de
passes sob marcação pode favorecer o entendimento do desenvolvimento de
comportamentos táticos individuais e coletivos no contexto competitivo dos esportes
coletivos.

REFERÊNCIAS
CORREIA, V.; PASSOS, P.; ARAÚJO, D.; DAVIDS, K.; DINIZ, A.; KELSO, J. A. S. Coupling
tendencies during exploratory behaviours of competing players in rugby union dyads.
European Journal of Sport Science, v.14, p.1-9, 2014.
DUARTE, R.; ARAÚJO, D.; FERNANDES, O.; FONSECA, C.; CORREIA, V.; GAZIMBA, V.;
TRAVASSOS, B.; ESTEVES, P.; VILAR, L.; LOPES, J. Capturing complex human behaviors
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14, 2010.
PASSOS, P.; DAVIDS, K. Learning design to facilitate interactive behaviours in team sports.
Revista internacional de ciencias del deporte, v.39, n.11, p.18-32, 2015.
TRAVASSOS, B.; ARAÚJO, D.; VILAR, L.; MCGARRY, T. Interpersonal coordination and
ball dynamics in futsal (indoor football). Human Movement Science, v.30, p.1245–59,
2011.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
919

ANÁLISE DE JOGO NO VOLEIBOL: ESTUDO ACERCA DO ATAQUE NO


VOLEIBOL MASCULINO

Gustavo De Conti Teixeira Costa – CECA/UFMG


Henrique de Oliveira Castro – CECA/UFMG
Pablo Juan Greco – CECA/UFMG
conti02@hotmail.com

Resumo: O objetivo do presente estudo foi analisar a relação do efeito do ataque realizado
na zona 4 em relação ao efeito da recepção, tempo de ataque e tipo de ataque. Foram
analisados 142 jogos das equipes participantes da Superliga Masculina 2014/2015, sendo
no mínimo 23 jogos e no máximo 26 jogos de cada equipe participante, totalizando 5267
ataques realizados pela zona 4. Os resultados apontaram que a recepção excelente (OR=
2.03), a recepção moderada (OR=1,79), o 1º tempo de ataque (OR=1.71), o 2º tempo de
ataque (OR=1.49) e o ataque potente na diagonal (OR=1.73) se mostraram fatores
preditores do efeito do ataque na zona 4. Por meio das análises, observou-se que quando
a equipe utiliza ataques colocados há uma tendência da continuidade do jogo mostrando
portando, a necessidade de um jogo mais veloz e agressivo. Neste sentido, concluiu-se que
no voleibol masculino de alto nível, são necessárias recepções excelentes, ataques de
tempo rápido e a realização do ataque potente para que haja a conquista do ponto.
Palavras-chave: Análise de Jogo, Voleibol, Efeito do Ataque.

INTRODUÇÃO: No Voleibol, o ataque é a ação que correlaciona-se com o sucesso da


equipe (PALAO; SANTOS; UREÑA, 2004), proporcionando a obtenção do maior número
de pontos (MARCELINO; MESQUITA; SAMPAIO, 2010) e sua eficácia emerge como o fator
preditor do resultado final da partida (CASTRO; MESQUITA, 2008). Os estudos que
analisaram o ataque investigaram a correlação deste com os demais fundamentos de jogo
(CAMPOS et al., 2014, MARCELINO et al., 2014), contudo poucos diferenciaram o local do
ataque segundo seus constrangimentos situacionais (AFONSO; MESQUITA, 2011). Tendo
em vista a escassez de estudos relacionados com zona do ataque e a eficácia do mesmo,
o presente estudo tem como objetivo analisar os fatores preditores do efeito do ataque
realizado na zona 4 na Superliga Masculina 2014/2015.

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MÉTODOS: A amostra do presente estudo foi composta pelas 12 equipes participantes da


Superliga Masculina 2014/2015. Recorreu-se a observação de 142 jogos, sendo analisados
no mínimo 23 jogos e no máximo 26 jogos de cada equipe participante, totalizando 5267
ataques realizados pela zona 4. As recepções erradas foram excluídas da amostra, uma
vez que não possibilitaram a realização do ataque. Variáveis: Recepção: Para avaliar a
qualidade da recepção, adaptou-se o instrumento proposto por Eom e Schutz (1992).
Tempo de ataque: As categorias que compõem esta dimensão foram adaptadas de Afonso
et al. (2010). Tipo de ataque: Para analisar o tipo de ataque utilizou-se o instrumento
proposto por Costa et al. (2011). Efeito do ataque: será avaliado por meio de uma adaptação
dos instrumentos propostos por Eom e Schutz (1992) e Marcelino, Mesquita e Sampaio
(2011).

RESULTADOS: A Tabela 1 apresenta o modelo ajustado das variáveis de jogo em relação


ao efeito do ataque. Observou-se que o efeito da recepção, tempo de ataque e tipo de
ataque se apresentaram como fatores preditores do ponto do ataque. Ao considerar a
continuidade do jogo, percebeu-se que o efeito da recepção e tipo de ataque se mostraram
como fatores preditores. Por fim, o erro de ataque apresentou como fatores preditores,
nomeadamente, a recepção moderada e o ataque potente na paralela.

Tabela 1: Modelo ajustado das variáveis de jogo em relação ao efeito do ataque


OR OR Intervalo de confiança 95%
Efeito do ataquea p
Bruto Ajustado Limite inferior Limite superior

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Recepção excelente 2.694 2.036 1.559 2.659 <.001


Recepção moderada 1.971 1.792 1.375 2.335 <.001
Recepção ruim
Ponto de ataque

1º Tempo de ataque 2.127 1.711 1.308 2.239 <.001


2º Tempo de ataque 1.815 1.496 1.232 1.816 <.001
3º Tempo de ataque
Ataque pot. paralela 1.331 1.298 .980 1.720 .069
Ataque pot. diagonal 1.687 1.736 1.326 2.273 <.001
Ataque colocado
Recepção excelente 1.702 1.562 1.175 2.077 .002
Recepção moderada 2.051 2.063 1.561 2.727 <.001
Recepção ruim
Continuidade

1º Tempo de ataque 1.186 1.114 .828 1.499 .475


2º Tempo de ataque 1.295 1.218 .990 1.499 .062
3º Tempo de ataque
Ataque pot. paralela .512 .488 .370 .644 <.001
Ataque pot. diagonal .584 .588 .453 .764 <.001
Ataque colocado
Recepção excelente 1.396 1.301 .898 1.886 .165
Recepção moderada 1.496 1.497 1.041 2.154 .030
Recepção ruim
Erro de ataque

1º Tempo de ataque 1.295 1.237 .847 1.807 .270


2º Tempo de ataque 1.166 1.115 .849 1.464 .435
3º Tempo de ataque
Ataque pot. paralela .679 .660 .459 .949 .025
Ataque pot. diagonal .784 .790 .561 1.112 .176
Ataque colocado
a. A categoria de referência é: Bloqueio do ataque.

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922

CONCLUSÃO: O presente estudo permite concluir que, no voleibol masculino de alto nível,
a necessidade de realizar um jogo mais veloz e agressivo mostra-se necessária devido aos
constrangimentos situacionais, nomeadamente o sistema de defensivo.

REFERÊNCIAS
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level women’s volleyball. European Journal of Sport Science, v.11. n.1, p.69-75. 2011.

AFONSO, J.; MESQUITA, I.; MARCELINO, J.; SILVA, J. Analysis of the setter’s tactical
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CAMPOS, F.; STANGANÉLLI, L.; CAMPOS, L.; PASQUQRELLI, B.; GÓMEZ, M.


Performance Indicators Analysis at Brazilian And Italian Women's Volleyball Leagues
According To Game Location, Game Outcome, And Set Number. Perceptual and Motor
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v.8, p.114-125. 2008.

COSTA, G.; FERREIRA, N.; JUNQUEIRA, G.; AFONSO, J.; MESQUITA, I. Determinants of
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
924

CONTROLE DA CARGA DE TREINO E JOGO NO ANDEBOL POR VIA


ACELEROMÉTRICA E PERCETIVA
Thiago Aguiar / FADEUP-UP
Luísa Estriga / CIFI2D/FADEUP-UP
thiago-valentino@hotmail.com
RESUMO:
O conhecimento das exigências físicas do jogo de andebol é essencial para melhor ajustar
as cargas de treino e recuperação após esforços extremos. Contudo, a monitorização e
controlo do esforço em modalidade como o andebol têm-se revelado de difícil
operacionalização. Objetivo geral: analisar e relacionar a intensidade de esforço, medida
com recurso à acelerometria, e a intensidade percebida pelos vários intervenientes
(jogadoras e treinador). Participaram de forma voluntária nove “jogadoras-chave” de uma
equipa sénior da primeira divisão de andebol de Portugal (época 2013-14). Durante 60 dias
(ou 35 sessões de treino/jogo) duas jogadoras por sessão foram equipadas com
acelerómetros Actiwave Cardio da Camntech. A partir dos dados obtidos em bruto foram
calculadas as medidas volume e intensidade, com base nos conceitos de (Vergoshansky,
1978). Todas as jogadoras e o treinador preencheram, no final de cada treino e jogo, um
questionário relativamente ao esforço percecionado (PSE; escala subjetiva de esforço). A
acelerometria parece ser útil para monitorar o esforço em modalidades coletivas, através
da determinação dos parâmetros de volume e intensidade. Contudo estes conceitos
carecem ainda de um corpo teórico sólido e de um maior aprofundamento e refinamento.

Palavras-chave: andebol, controlo da carga, acelerometria e perceção de esforço

INTRODUÇÃO: A quantificação do esforço é algo importante quando se pretende aplicar


os conceitos e métodos de treino suportados no quadro teórico da periodização, assim
como verificar a adequação de um determinado planeamento (Siff & Verkhoshanski, 1998).
No contexto dos desportos coletivos, em concreto no andebol, existem falta de métodos e
instrumentos facilmente aplicáveis em ambiente de treino ou de jogo que permitam medir o
esforço físico real, para além de constrangimentos regulamentares e dificuldades práticas
à utilização das técnicas mais usuais. Com efeito, torna-se difícil estimar com exatidão o
volume e a intensidade nestes desportos, de forma objetiva.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
925

Assim, neste estudo pretendeu-se explorar o uso da acelerometria para estimar o esforço
nos desportos coletivos, mais concretamente no andebol, sendo uma técnica
recorrentemente utilizada para estimar os níveis de atividade física, na área do exercício e
saúde.
Os acelerómetros, para além de fornecem registros de informações livres de erros
aleatórios e sistemáticos relacionados ao avaliado e ao pesquisador (Cliff et al., 2009;
Matthew, 2005; Pate et al., 2010), são e tamanho reduzido, não são invasivos e
minimamente afetam os movimentos durante atividades físicas do cotidiano (Chen &
Bassett Jr., 2005). Complementarmente pretende-se perceber a utilidade do controlo e
preparação das cargas de treino com base em escalas subjetivas de esforço (Borg, 1982;
Freitas et at., 2009; Weinberg & Gould, 2008), dado que são instrumentos de fácil aplicação
e sem custos económicos.

Objetivos específicos: (1) Verificar a intensidade de esforço do jogo de andebol e sua


relação com a carga de treino; (2) Comparar respostas subjetivas de esforço com as
medidada acelerométricas obtidas.

MÉTODO: Participaram de forma voluntária nove atletas, “jogadoras-chave” de uma equipa


sénior da primeira divisão de andebol de Portugal (época 2013-14), com base no conceito
de (Ronglan et al., 2006). As jogadoras tinha uma idade média de 23 anos e 8 meses, 63.3
kg de massa corporal e 171.05cm de altura, sendo que todas já tinham sido internacionais,
em representação de seleções nacionais portuguesas. Foi ainda envolvido o respetivo
treinador desta equipa estudada. Todas as jogadoras ou encarregados de educação foram
devidamente informados acerca dos objetivos, procedimentos do trabalho e aceitaram
participar do trabalho assinando a Declaração de Consentimento Informado. Durante 60
dias (ou 35 sessões de treino/jogo) duas jogadoras por sessão foram equipadas com
acelerómetros Actiwave Cardio da Camntech, com as características: peso de 10.3g;
dimensões (em centímetros) de 3.2 (diâmetro) x1; resolução de 10 bits; taxa de aquisição
máxima de 128Hz e amplitude de medidas de acelerações de -4 a 4G. Uma câmara de
vídeo (HD, 1920x1080x24@25fps) foi posicionada no topo da bancada do recinto
desportivo a forma a abranger a totalidade do campo de jogo e registrar em vídeo todas as
atividades realizadas pelas jogadoras. Este tipo de registo permitiu relacionar as atividades
de treino/jogo com as medidas provenientes dos acelerómetros. Neste estudo foram

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
926

calculadas as medidas volume e intensidade com base nas medições acelerométricas,


conceitos adaptados de (Vergoshansky, 1978). Além disto, o esforço foi avaliado com base
em uma escala subjetiva de esforço (PSE) (Curty & Bara Filho, 2011, adaptado de Borg,
1982) em todos os treino e jogos. A PSE foi estruturada por valores numéricos de 0 a 10,
representando vários níveis de esforço, desde "nenhum" (0) até "máximo" (10) (Quadro 1).
A PSE foi aplicada de forma individualizada 10 minutos após cada treino/jogo para resposta
das jogadoras. Complementarmente, o treinador foi inquirido sobre a sua perceção acerca
da intensidade de esforço vivenciada pelas jogadoras e com base na mesma escala.

RESULTADOS: A partir dos conceitos definidos para o cálculo do volume e intensidade,


com base em medidas acelerométricas, procedemos à análise dos dados obtidos para cada
sessão estudada (treino e jogo). No quadro 1 apresentamos os valores médios obtidos para
a totalidade das sessões. Assim, observa-se uma variação de valores muito superior no
caso do volume por comparação com a intensidade.

Quadro 1. Valores médios de toda a coleta de dados


Parâmetros N Valor Mín. Valor Máx. Média DP
Volume (107 J/kg) 50 41.9 875.8 308.9 161.6
Intensidade (m/s2) 50 20.4 30.6 26.1 2.1

Procuramos, também, perceber se os parâmetros estudados variavam em função da


tipologia das sessões, especificamente em situação de treino, jogo, jogo-treino e torneio
(quadro 2). O teste de Kruskal-Wallis evidenciou ausência de diferenças significativas entre
os grupos, pc>9,6% e pc>54,7%, para volume e intensidade, respetivamente. Na Figura 1
são apresentados os resultados médios obtidos ao longo de 9 semanas.

Quadro 2. Estatística descritiva das situações (medianas)

Volume (107 J/Kg) Intensidade (m/s2)


Treino 288.8 25.9
Jogo 430.7 27.3
Jogo-treino 346.7 25.9
Torneio 352.2 26.8

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927

600,0 Intensidade 28,0

INTENSIDADE (m/s2)
VOLUME (107 J/kg)

27,0
400,0
26,0
25,0
200,0
24,0
0,0 23,0
SEM1 SEM 2 SEM 3 SEM 4 SEM 5 SEM 6 SEM 7 SEM8 SEM 9

PERÍODO COMPETITIVO PERÍODO PERÍODO


TRANSI- PRÉ-
TÓRIO COMPETITIVO

Figura 1. Distribuição da carga (volume intensidade) ao longo das semanas analisadas

A comparação entre o esforço percebido por jogadoras e treinador e o efectivamente


medido revelou ser um exercício de elevada complexidade, tendo sido necessário recorrer
a técnicas de análise estatística pouco comum, como técnica Fuzzy Logic. Contudo, as
respostas das jogadoras aproximaram-se mais do efetivamente medido, em especial no
que diz respeito à variável volume, comparativamente à opinião do treinador.

CONCLUSÃO: A quantificação do esforço, a partir de medidas acelerométricas, que neste


trabalho foram ensaiadas em intensidade e volume revelou ser um método para controlar
as cargas de treino, que importa desenvolver e explorar futuramente. Além disso, a relação
entre a perceção de esforço, tanto de treinadores e jogadoras, com os valores de volume e
intensidade obtidos é algo que merece aprofundamento em futuros estudos.

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ESTUDO ACERCA DA VELOCIDADE DE REAÇÃO EM GUARDA-REDES DE


ANDEBOL
Maria Luísa Estriga / CIFI2D / FADEUP
João António Carvalho / UM
Eduardo Carvalho / FEUP
lestriga@fade.up.pt
RESUMO: Investigar se num livre de 7 metros (penalti) o guarda-redes pode decidir
considerando apenas a trajetória da bola ou requer julgamentos antecipatórios, intuitivos.
Neste trabalho participaram 13 rematadores (6 mulheres e 7 homens) e 9 guarda-redes (5
homens e 4 mulheres). Em cada sessão de avaliação participaram 3 rematadores e 1
guarda-redes, tendo-se realizado cerca de 20 a 30 remates por sessão. Os rematadores
foram instruídos para realizarem remates com e oclusão do rematador. Os dados foram
recolhidos com câmaras de alta velocidade (Qualisys), sistema (wireless) de eletromiografia
e acelerómetros. Os resultados sugerem que os homens – ao contrário das mulheres – não
têm tempo suficiente para decidir, iniciar o movimento e posicionar-se de forma a intercetar
a bola com sucesso (para além do acaso) se se basearem apenas na trajetória da bola.
Palavras-Chave: andebol, guarda-redes, tempo de reação

INTRODUÇÃO: Nos desportos coletivos, a tomada de decisão, qualidade técnica e a


velocidade de execução das habilidades técnicas são essenciais para o rendimento
desportivo. Não obstante, em algumas situações desportivas, o tempo necessário para
processar a informação disponível e iniciar uma resposta excede o tempo disponível para
realizar uma ação apropriada (Williams, Davids and Williams, 1999). Por esta razão,
treinadores, atletas e investigadores têm sublinhado a importância da capacidade de
antecipar as intenções e ações dos oponentes na obtenção do sucesso desportivo. No
andebol, as possibilidades de ação de um jogador de campo estão, em certa medida,
condicionadas por uma complexa rede de interações entre jogadores que cooperam em
sentido oposto às ações dos adversários. Mesmo no caso do guarda-redes, que atuam
numa zona que lhes é restrita, a sua atuação defensiva pode ser constrangida ou facilitada
não apenas pelo rematador, como também pelo comportamento dos defensores (Rogulj,
Papic , & Srhoj, 2005). Por exemplo, sempre que possível os defensores tentam condicionar
a ação do rematador, por forma a reduzir o ângulo de remate e/ou aumentar a distância

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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deste à baliza, facilitando a ação do guarda-redes. A capacidade de antecipar a trajetória


do remate e o momento em que o jogador liberta a bola são muito importantes para o
sucesso do guarda-redes. Sabendo-se que a bola demora cerca de 0.3s, desde que saia
da mão do rematador até entrar na baliza (considerando uma velocidade de remate da
ordem do 90km/h), e que o guarda-redes demora cerca de 0.1s a tomar uma decisão e a
iniciar uma ação. Sendo que será necessário mais do isso para mover um segmento
corporal e intercetar a trajetória da bola. Assim, é essencial que o guarda-redes antecipe
as intenções do rematador, antes da bola sair da mão do rematador. Também aqui
estratégias de deceção/finta são muito relevantes. Em sentido um pouco contraditório, os
guarda-redes são frequentemente instruídos no sentido manter a sua posição defensiva e
atrasarem a ação de defesa propriamente dita, até ao momento em que o rematador terá
muitas dificuldades em corrigir a trajetória da bola (Savelsbergh et al., 2005; Schorer et al.,
2007). Adicionalmente, os guarda-redes ajustam o posicionamento de forma a reduzir a
incerteza do remate, procurando assim maximizar as suas possibilidades de defesa
(Gutierrez-Davila et al., 2011). A maioria do estudos, que procuram analisar a forma como
os sujeitos antecipam as ações dos oponentes, foram desenvolvidos em ambiente
laboratorial e com recurso a imagem de vídeo, em que se manipulam variáveis específicas,
como o tempo e o tipo de pistas/informação que é visualizada (see Abernethy & Zawi, 2007;
Abernethy, Zawi, & Jackson, 2008). Outras abordagens são baseadas na realidade virtual
centrando-se na relação entre a cinemática do remate e a reação do guarda-redes (Bideau,
et al., 2004). Contudo, apesar dos muitos esforços feitos nesta área, são ainda necessárias
abordagens mais realista e ecológicas para melhor se entenderem as estratégias usadas
pelo guarda-redes em contexto real de competição.

METÓDOS: Participaram voluntariamente 13 rematadores (6 jogadoras seniores e 7


jogadores juniores de elevado nível de prática) e 9 guarda-redes (5 homens e 4 mulheres),
tendo sido envolvidos 1 guarda-redes e 3 rematadores por sessão. Em cada sessão foram
implementados dois setups: remate de 7m em condições similares a um jogo oficial – num
campo oficial, com uma bola oficial e com iluminação normal, etc. – e um remate de 7m em
que o guarda-redes não via o rematador - foi colocada uma cortina de papel na linha de 7m
(figura 1). Cada remate foi precedido de um apito, devendo o remate ser realizado dentro
de uma janela de 3 segundos, como numa situação de competição formal.

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34

100

200

300

400

500

600

700

800

100 200 300 400 500 600 700 800

Figura 1 – Remate de 7m com oclusão do rematador

A sequência de eventos – rematador/condições de remate – foi feita de forma aleatória,


tendo cada jogador cerca de 1 a 5 min. de intervalo entre cada remate. Cada um dos
remates foi filmado por um três conjuntos de três câmaras de alta velocidade (200fps). Cada
guarda-redes foi equipado com um conjuntos de 6 sensores de EMG sem fios (biceps
brachii, latissimus dorsi, gastrocnemius medialis) e 4 acelerómetros triaxiais sem fios
(tornozelo e pulso), com uma taxa de amostragem de 296 amostras por segundo. Todos os
instrumentos (câmaras, EMG e acelerómetros) foram sincronizados eletronicamente.

RESULTADOS E CONCLUSÃO: Os resultados preliminares acerca da velocidade de


remate revelam, sem surpresa, que as mulheres rematam de forma mais lenta do que os

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
932

homens, apesar destes serem do escalão de juniores – foi encontrada uma diferença de
cerca de 25%. A realização de remates com uma cortina (que não absorve uma
considerável energia à bola) parece necessitar de algum tempo de adaptação técnica por
parte do rematador, um vez que os remates com cortina atingiram velocidades inferiores à
situação regular, diferença que se foi esbatendo com a prática.

Quadro. Resumo dos resultados obtidos em situação de livre de 7metros


Mulheres Homens
Com Regula Com Regular Incerteza
oclusão r oclusão experiment
al
Velocidade da bola 62 67 78 86 7
(km/h)
Tempo de reação (ms) 139 - 133 - 5
Eficácia do guarda- 25% 29% 18% 17%
redes

A velocidade de reação dos homens e das mulheres estudados foram similares (quase
dentro da incerteza experimental). Neste caso, sabíamos que as guarda-redes analisadas
eram de nível superior comparativamente aos guarda-redes, o que parece significar que a
velocidade de reação é pouco relevante para a eficácia defensiva. Contudo quando o tempo
de reação é esgotado, a bola já se deslocou 2.5 (mulheres) e 3m (homens). Assim, a bola
demorará 0.4s (mulheres) e 0.3s (homens) a atingir a linha de baliza, sendo que ainda é
necessário movimentar o corpo e os seus segmentos para intercetar a bola. Desta análise
sugere-se que as mulheres têm tempo para reagir à trajetória da bola enquanto os homens
não, pelo menos nos remates mais difíceis. Assim, os homens têm que especular/antecipar
o comportamento do rematador e a trajetória a bola, enquanto as mulheres podem reagir
mais. Para ter o mesmo tempo para executar uma defesa, os homens tem que especular e
tomar uma decisão 60ms antes da bola ser lançada.

REFERÊNCIAS
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935

VALIDAÇÃO PRELIMINAR DO TESTE DE CONHECIMENTO TÁTICO PROCESSUAL


PARA BASQUETEBOL (TCTP:Bb)
Juan Carlos Pérez Morales / CECA – UFMG
Bruno Ferreira Lopes - UFV
Bruna Janaína Estevão - UNICENTRO
Pablo Juan Greco / CECA - UFMG
jkperezmorales@gmail.com

RESUMO: Objetivou-se investigar as evidências de validade de conteúdo, confiabilidade e


de construto do teste de conhecimento tático processual para o basquetebol (TCTP-Bb).
Propuseram-se 34 critérios de observação (itens) para avaliar o conhecimento tático
processual, por meio da observação do comportamento tático – técnico individual e de
grupo no ataque e na defesa. No que se refere ao procedimento para obtenção das
evidências de validade de conteúdo, participaram voluntariamente como juízes 05 técnicos
de basquetebol formados em educação física. Participaram voluntariamente do
procedimento de campo (operacionalização do construto) 161 jogadores de basquetebol
dos 12 aos 19 anos. Todos os jogadores participaram de um jogo na configuração tática de
3x3 em meia quadra (usando uma tabela) de basquetebol oficial. Dois professores de
educação física participaram voluntariamente como observadores. Recorreu-se ao
Coeficiente de Validade de Conteúdo (CVC), ao coeficiente de Kappa de Cohen e a análise
fatorial exploratória para investigar as evidências de validade de conteúdo, confiabilidade
intra e inter observadores e validade de construto do TCTP-Bb respectivamente. Os
resultados confirmaram que o TCTP-Bb em meia quadra de basquetebol oficial apresentou
preliminarmente propriedades psicométricas satisfatórias.

Palavras-chave: Validade de Conteúdo, Confiabilidade, Validade de Construto.

INTRODUÇÃO: O basquetebol como jogo desportivo de cooperação e oposição apresenta


grande variabilidade de situações, exigindo do jogador a capacidade de processar um
elevado e variado número de informações em um curto espaço de tempo (RODRIGUES,
2001). A realização da ação esportiva durante a competição está condicionada, entre outros

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
936

fatores, pelo nível de desenvolvimento do conhecimento tático (declarativo e processual)


do jogador, configurando o sucesso ou fracasso na tomada de decisão. No processo de
avaliação da ação esportiva no basquetebol considera-se o conhecimento tático processual
(CTP), como uma das variáveis que possibilita a descrição do desempenho do atleta em
situação de jogo. Arias e Castejón (2012) afirmam que os instrumentos mais utilizados para
a avaliação do CTP nos jogos desportivos são o Game Performance Assessment
Instrument - GPAI (OSLIN; MITCHELL; GRIFFIN, 1998) e o Team Sport Assessment
Procedure - TSAP (GRÉHAIGNE; GODBOUT; BOUTHIER, 1997). Tais instrumentos são
empregados no intuito de investigar a influência dos métodos de ensino – aprendizagem
tradicionais e integrativos, assim como o efeito da experiência e da idade sobre o nível de
desenvolvimento do conhecimento tático processual (ARIAS; CASTEJÓN, 2012).

No entanto, esses instrumentos apenas avaliam ações individuais do jogador no ataque


com bola e do jogador na defesa apoiando ao defensor do jogador com bola, isto é, a
denominada cobertura defensiva. Estas ações são importantes de serem avaliadas no
processo de iniciação ou aproximação aos jogos desportivos, que estaria relacionada com
a denominada fase universal (8 a 12 anos), em que as atividades e conteúdos estão
voltados para o desenvolvimento das capacidades coordenativas e vivência de diferentes
modalidades esportivas (GRECO; BENDA, 1998). Sendo assim, tanto o GPAI quanto o
TSAP não avaliam os conteúdos específicos da fase de orientação (12 a 14 anos), direção
(14 a 16 anos), especialização (16 a 18 anos) e aproximação (18 a 21 anos) nos jogos
desportivos e especificamente do basquetebol.

Objetivou-se investigar as evidências de validade de conteúdo, confiabilidade e de


construto do teste de conhecimento tático processual para o basquetebol (TCTP-Bb) em
meia quadra de basquetebol oficial.

MÉTODO: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) sob o
protocolo CAAE – 0290.0.203.000-11. No que se refere ao procedimento para obtenção das
evidências de validade de conteúdo, participaram voluntariamente como juízes 05 técnicos
de basquetebol formados em educação física. Participaram voluntariamente do procedimento
de campo (operacionalização do construto) 161 jogadores de basquetebol dos 12 aos 19

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
937

anos. No que se refere a confiabilidade inter e intra observadores, dois professores de


educação física participaram voluntariamente como observadores.

Propuseram-se 34 critérios de observação (itens) para avaliar o conhecimento tático


processual, por meio da observação do comportamento tático – técnico individual e de
grupo no ataque e na defesa. O procedimento de campo proposto para operacionalização
do construto (CTP) considerou a realização de um jogo na configuração tática de 3x3 em
meia quadra (usando uma tabela) de basquetebol oficial. O critério para conformação dos
trios considerou a percepção subjetiva que os técnicos relataram do nível de habilidade
tático-técnica dos jogadores que participaram da pesquisa. Dessa maneira, cada trio foi
conformado por um jogador de nível tático-técnico alto, um jogador de nível tático-técnico
médio e um jogador de nível tático-técnico baixo conforme a avaliação dos técnicos. As
equipes foram diferenciadas por coletes numerados de 01 a 06, sendo que os coletes de
01 a 03 eram na cor azul e os coletes de número 04 a 06 na cor verde. Isto no intuito de
facilitar a identificação dos jogadores por parte dos observadores, no momento da análise
das ações individuais e de grupo no ataque e na defesa.

Em relação as regras de jogo, adotou-se as regras oficiais do jogo de 3x3 da Federação


Internacional de Basquetebol (FIBA). As mesmas foram aplicadas por um árbitro principal
e um árbitro assistente para o procedimento de 3x3 em meia quadra. O tempo de jogo foi
adaptado para atender as necessidades de avaliação do procedimento.

A duração do jogo foi de 4 minutos. As ações dos jogadores foram filmadas com uma
câmera de marca JVC® HD-520. A câmera foi posicionada entre a linha de 03 pontos e a
linha central da quadra de basquetebol, referente à meia quadra que não estava sendo
utilizada pelos jogadores no momento em que estavam realizando o jogo de 3x3. A
colocação da câmera nessa posição objetivava a visualização do campo de jogo na sua
totalidade e de todos os jogadores participantes do jogo. A posição da câmera permitia a
análise das ações dos jogadores de ataque com e sem bola e de defesa marcando ao
jogador com e sem bola.

Para a análise dos dados recorreu-se ao Coeficiente de Validade de Conteúdo (CVC)


proposto por Hernandez-Nieto (2002), ao coeficiente de Kappa de Cohen e a análise fatorial

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938

exploratória (AFE) de componentes principais e rotação varimax para investigar as evidências


de validade de conteúdo, confiabilidade intra e inter observadores e validade de construto do
TCTP-Bb respectivamente.

RESULTADOS: A Tabela 1 apresenta os valores do CVC para clareza da linguagem,


pertinência prática e relevância teórica da primeira versão do TCTP:Bb.

CLAREZA DE LINGUAGEM PERTINÊNCIA PRÁTICA RELEVÂNCIA TEÓRICA


Itens com CVC < Itens com CVC <
CVCt Itens ajustados CVCt 0,80 e retirados do CVCt 0,80 e retirados do
instrumento instrumento
12,17, 20, 21, 22, 1 (CVC=0,6397) 1 (CVC=0,6797)
0,9467 0,9667 0,9538
25, 28, 29, 33 e 34 5 (CVC=0,7197) 5 (CVC=0,7197)

Tabela 1: Valores do CVC para Clareza de Linguagem, Pertinência Prática e Relevância


Teórica da primeira versão do TCTP:Bb.

A Tabela 2 apresenta o coeficiente de Kappa de Cohen para confiabilidade intra e inter


observadores do TCTP:Bb em meia quadra.

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Intraobservador Intraobservador Intraobservadores


Protocolo Item/Critério
1 Observador 2 Observador Observador 1 e 2
Ações Individuais no Ataque (jogador sem bola)
1 K=0,835; p=0,0001 K=0,931; p=0,0001 K=0,853; p=0,0001
Ações Individuais no Ataque (jogador com bola)
4 K=0,773; p=0,0001 K=0,705; p=0,0001 K=0,849; p=0,0001
5 K=0,795; p=0,0001 K=0,911; p=0,0001 K=0,861; p=0,0001
Ações Individuais na Defesa (marcação ao jogador sem bola)
10 K=0,795; p=0,0001 K=0,776; p=0,0001 K=0,570; p=0,0001
Ações Individuais na Defesa (marcação ao jogador com bola)
12 K=0,800; p=0,0001 K=0,754; p=0,0001 K=0,547; p=0,0001
Meia 14 K=0,545; p=0,005 K=0,579; p=0,002 K=0,539; p=0,0001
quadra Ações de Grupo no Ataque (2 jogadores)
18 K=0,805; p=0,0001 K=0,843; p=0,0001 K=0,735; p=0,0001
20 K=1,000; p=0,0001 K=0,785; p=0,001 K=0,855; p=0,0001
Ações de Grupo no Ataque (3 jogadores)
23 K=0,884; p=0,0001 K=1,000; p=0,0001 K=0,692; p=0,0001
Ações de Grupo na Defesa (2 jogadores)
25 K=0,792; p=0,0001 K=0,768; p=0,0001 K=0,454; p=0,0001
Ações de Grupo na Defesa (3 jogadores)
31 K=0,773; p=0,0001 K=0,821; p=0,001 K=0,368; p=0,0001
32 K=0,706; p=0,004 K=0,876; p=0,0001 K=0,583; p=0,0001

Tabela 2: Coeficiente de Kappa de Cohen para confiabilidade intra e inter observadores


da versão preliminar do TCTP:Bb em meia quadra.

A AFE para as ações individuais no ataque e na defesa estabeleceu um modelo fatorial


final com dois fatores, compostos cada um de três itens relacionados com as ações do
jogador no ataque com bola e sem bola e do jogador na defesa marcando ao jogador com
bola e sem bola. Isto possibilitou nomear os dois fatores de ataque e defesa confirmando
sua estrutura bidimensional. O valor do teste de Kaiser-Meyer-Olkim (KMO) foi de 0,710, o
valor do qui quadrado aproximado foi de 545,091 com 15 graus de liberdade e P = 0,0001.
A porcentagem de variância explicada foi de 77,53%.

A AFE para as ações de grupo no ataque e na defesa estabeleceu um modelo fatorial


final com dois fatores denominados de ataque e defesa, compostos cada um de três itens
relacionados com as ações de grupo para ambas as situações. O valor do teste de
Kaiser-Meyer-Olkim (KMO) foi de 0,717, o valor do qui quadrado aproximado foi de

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359,358 com 15 graus de liberdade e P = 0,0001. A porcentagem de variância explicada


foi de 70,77%.

As Tabelas 3 e 4 apresentam a estimação de fatores pelo método de extração de


componentes principais e rotação varimax com normalização Kaiser.

ITEM AÇÃO ATAQUE DEFESA COMUNALIDADES

O atacante utiliza o drible para criar


5 0,941 0,917
espaço e infiltra para finalizar

O atacante utiliza o drible para criar


4 0,884 0,843
espaço e arremessar
O atacante se desloca para ocupar
1 0,833 0,695
espaços livres e recebe a bola
O defensor executa bloqueio de
10 0,850 0,771
rebote ao jogador no ataque sem bola

O defensor pressiona o adversário


12 0,836 0,692
dificultando a execução do arremesso

O defensor pressiona o adversário


14 0,831 0,733
dificultando a execução do passe

Tabela 3: estimação de fatores pelo método de extração de componentes principais e


rotação varimax com normalização Kaiser para as ações individuais no ataque e na defesa.

ITEM AÇÃO ATAQUE DEFESA COMUNALIDADES

Passar e realizar corta luz no defensor do


18 0,908 0,834
jogador que recebeu o passe (corta luz direto)

O jogador sem bola desloca e executa corta luz


20 0,886 0,806
no defensor do jogador com bola

O jogador com bola executa o passe para um


23 dos jogadores sem bola e realiza corta luz no 0,649 0,520

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defensor do outro jogador no ataque sem bola


(corta luz indireto)

O jogador na defesa ajuda na marcação do


25 0,878 0,782
atacante que superou o defensor
Após terem sofrido um corta luz indireto, os
jogadores na defesa conseguem marcar o
31 jogador que executou o corta luz, o jogador que 0,810 0,715
aproveitou o corta luz e o jogador que ficou com
a posse de bola
Após o arremesso os jogadores executam o
32 bloqueio de rebote dos jogadores sem bola e do 0,750 0,591
arremessador

Tabela 4: estimação de fatores pelo método de extração de componentes principais e


rotação varimax com normalização Kaiser para as ações de grupo no ataque e na defesa

CONCLUSÃO: Conclui-se que as evidências de validade de conteúdo alcançadas pelo


instrumento contribuíram para confirmar os processos teóricos, já que apresentou de
maneira objetiva sua adequação no que se refere a clareza de linguagem, pertinência
prática e relevância teórica, facilitando a tomada de decisão em relação a quantidade e
qualidade dos itens que o instrumento poderá conter em sua versão final. No que se
refere a confiabilidade, os resultados confirmaram que apenas 12 itens alcançaram
índices adequados de confiabilidade. A AFE determinou dois fatores denominados de
ataque e defesa, conforme o agrupamento dos itens identificados como ações individuais
e de grupo em situações ofensivas e defensivas.

REFERÊNCIAS
ARIAS, J.; CASTEJÓN, F. J. Review of the Instruments Most Frequently Employed to
Assess Tactics in Physical Education and Youth Sports. Journal of Teaching in Physical
Education, v. 31, p. 381-391, 2012.
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
943

PERFIL NEUROMUSCULAR DE JOGADORAS DE FUTEBOL SUB-16


Augusto Matthies Rico / GEPETED – ESEF – UFPEL
Eraldo dos Santos Pinheiro/ GEPETED – ESEF – UFPEL
Fabrício Boscolo Del Vecchio / GEPETED – ESEF – UFPEL
esppoa@gmail.com

RESUMO: O objetivo do presente estudo foi descrever o perfil neuromuscular de jogadoras


de futebol sub-16. Foram avaliadas 21 atletas de uma equipe amadora de futebol feminino
Sub16 com média de 14,48± 1,08 anos de idade, estatura de 1,57 ± 0,09 m e massa
corporal de 52,05 ± 8,58 Kg. Para os testes de aptidão física, 18 jogadoras participaram do
teste Sprint de 20m, com uma média de 2,07 ± 0,10s nos primeiros 10m e 3,63 ± 0,20s nos
últimos 20 metros. Nos testes de salto e agilidade participaram 17 jogadoras, no teste T
atingiu-se 12,21 ± 0,88s, no Squat Jump 25,47 ± 4,12cm e no Contra movimento 27,38 ±
5,51cm. As jogadoras do presente estudo obtiveram valores neuromusculares abaixo dos
descritos na literatura. Os resultados sugerem reorganização da carga, do tipo e do volume
de treino.

INTRODUÇÃO: A popularidade do futebol feminino tem aumentado rápido nos últimos dez
anos, e envolve 29 milhões de jogadoras em todo o mundo (FIFA, 2012). Do ponto de vista
físico, o futebol competitivo é atividade intermitente, que intercala períodos de alta
intensidade e baixa intensidade (SVENSSON et al., 2005). Durante uma partida de futebol,
as jogadoras realizam corridas de diferentes intensidades, chutes, saltos e trocas de
direções constantes (MOHR et al., 2003). Devido às demandas físicas exigidas durante
uma partida de futebol, busca-se desenvolvimento ótimo das capacidades físicas de
resistência aeróbia, potência anaeróbia, velocidade, agilidade e força explosiva (BRAZ et
al., 2009).
Adicionalmente, a capacidade de avaliar objetivamente o desempenho físico se
tornou componente vital para o desenvolvimento de sistemas de monitoramento de
jogadores e identificação de jovens com aptidão física adequada para a prática do futebol
tanto para o nível regional, nacional ou internacional (MANSON et al., 2014). Neste sentido,
o objetivo deste estudo foi descrever o perfil neuromuscular de jogadoras de futebol sub-
16.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
944

MÉTODOS: Participaram do estudo 21 jogadoras de equipe amadora de futebol feminino


Sub16. Foram aferidas estatura e massa corporal, juntamente com variáveis
neuromusculares, a saber: potência muscular, agilidade e velocidade, descritos a seguir.
1. Avaliação antropométrica
Para realizar a avaliação antropométrica, foram mensuradas massa corporal e
estatura, sendo aferidas respectivamente com Balança Digital (Filizola®, precisão de 0,1kg)
e estadiômetro com precisão de 1mm.
2. Potência muscular – Saltos Verticais
2.1 Squat Jump (SJ)
O teste consistiu em agachar até 90º, manter a posição por três segundos e, em
seguida, saltar o mais alto possível, mantendo as mãos na cintura. Não foi permitido
flexionar os joelhos durante o vôo ou utilizar ajuda dos braços durante o salto. Realizaram-
se três tentativas, sendo que aquelas com erros foram desconsideradas e repetidas.
2.2 Counter Moviment Jump (CMJ)
Neste salto, as jogadoras agacharam até aproximadamente 90º e saltaram o mais
alto possível, podendo movimentar livremente os braços, a fim de ajudar no deslocamento
vertical do corpo. Foram realizadas três tentativas de salto. Tentativas com falhas visíveis
foram repetidas.
Para verificar a altura dos saltos, espregou-se tapete de contato (Jump System 1.0®,
CEFISE, SP/Brasil) conforme o protocolo sugerido por Moir et. al. (2004).
3. Teste de Velocidade
3.1 Sprint 20 metros
As jogadoras realizaram três corridas máximas de 20 metros de distância, com 3
minutos de intervalo entre tentativas. O tempo de corrida foi mensurado por fotocélulas
(Multisprint, Hidrofit®) posicionadas a 10 e a 20 metros do local de saída. O início do teste
foi de posição estática e a atleta iniciava o teste quando estivesse pronta. As jogadoras
foram orientadas a correr em máxima velocidade até ultrapassarem a marca que estava
posicionada a 22m da linha de saída.
4. Teste de Agilidade
4.1 Teste T
No teste T, quatro cones são dispostos formando um “T”. As jogadoras iniciam o
teste na parte inferior do “T” (cone1), correm 10 metros em linha reta e tocam com a mão
no cone 2, a seguir se deslocam 5 metros para um dos lados, correndo lateralmente, tocam

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
945

com a mão no cone e percorrem até o outro cone lateral, e retornam até o cone 2, e em
seguida voltam de costas para o cone 1. O tempo de corrida foi mensurado por fotocélula
(Multisprint, Hidrofit®) posicionada ao lado do cone 1. Os dados são apresentados na forma
tabular, e sua apresentação se deu com média e desvio padrão (dp).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram avaliadas 18 jogadoras de uma equipe amadora de


futebol feminino Sub16, as quais apresentaram 14,48±1,08 anos. Os resultados das
variáveis antropométricas e neuromusculares são apresentados na tabela 1.

Tabela 1. Variáveis antropométricas e neuromusculares de jogadoras Sub 16 de futebol (N


= 21).
Variáveis Média ±dp
Estatura (cm) 157 ±0,09
Massa Corporal (kg) 52,05 ±8,58
Velocidade - Sprint 10m (s) 2,07 ±0,10
Velocidade - Sprint 20m (s) 3,63 ±0,20
Teste T para agilidade (s) 12,21 ±0,88
Squat Jump (cm) 25,47 ±4,12
Counter Movement Jump (cm) 27,38 ±5,51

No presente estudo, a média encontrada para o SJ foi de 25,47 ± 4,12 cm e para o


CMJ foi de 27,38 ± 5,51 cm. Em estudo prévio, SISTI (2009) analisou jogadoras da
categoria Sub-19 da seleção de futebol de Portugal, e a altura média alcançada no SJ foi
de 29,8 ± 4,5 cm. HASEGAWA et al. (2015) avaliaram 21 jogadoras de nível nacional e as
organizaram por posições. Os melhores saltos foram das goleiras, com média de 35,7 ±
5,0 cm e com média entre todas as jogadoras de 32,1 ± 4,4 cm para o CMJ. Uma das
possibilidades do presente estudo ter encontrado valores abaixo dos achados na literatura
foi que o nível competitivo das jogadoras era inferior, por se tratar de equipe amadora.
No teste T, a média encontrada foi de 12,21 ± 0,88s. GABBET et al., (2007) avaliaram
atletas de vôlei, e as organizaram por categorias de nível nacional, estadual e municipal.
Para as atletas que eram de nível nacional, encontrou-se 10,33 ± 0,13s, para atletas de
nível estadual o valor encontrado foi de 10,55 ± 0,14s e, para as atletas de nível municipal,
observaram valor de 11,23 ± 0,16s. Fator determinante para os valores do presente estudo
estarem abaixo dos encontrados por GABBET et al. (2007), é que as atletas de vôlei tiveram

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
946

três meses de treinamento específicos da modalidade antes de realizarem o estudo,


enquanto as do presente estudo estavam na pré-temporada.
No presente estudo, o tempo total percorrido para alcançar 20m foi de 3,63 ± 0,2s.
BENEVENUTO (2010) analisou 20 jogadoras que disputam a nível regional e encontrou
resultados semelhantes ao do presente estudo, nos 20 metros de sprint foi encontrada
média de 3,72 ± 0,16s. Devido às jogadoras serem de nível regional e treinarem com
frequência de 2-3 dias por semana, os resultados obtidos mostraram que ao mesmo nível
competitivo as jogadoras do presente estudo estão em patamar semelhante.

CONCLUSÃO: As jogadoras do presente estudo obtiveram desempenhos


neuromusculares abaixo dos descritos na literatura quando comparadas a equipes de
futebol de nível nacional e internacional. Já quando comparadas a equipes de futebol de
nível regional, os resultados foram dentro dos observados na literatura. Tais dados indicam
que o processo de treinamento deve ser reorganizado com vistas ao aumento da aptidão
física destas atletas.

REFERÊNCIAS

FIFA. Women’s Football Development. FIFA, ed.: FIFA, 2012.

SVENSSON, M.; DRUST, B. Testing soccer players. Journal of Sports Sciences, v. 23,
n. 6, p. 601-618, 2005.
MOHR, M.; KRUSTRUP, P.; BANGSBO, J. Match performance of high-standard soccer
players with special reference to development of fatigue. Journal of Sports Sciences, v.
21, n. 7, p. 519-528, 2003.
Braz TV, Spigolon LMP, Borin JP. Proposta de bateria de testes para monitoramento das
capacidades motoras em futebolistas. Revista da Educação Física UEM 2009; 20 (4): 569-
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MANSON, S.A.; BRUGHELLI, M.; HARRIS, N.K. Physiological characteristics of
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v. 28, n. 2, p. 308-318, 2014.

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Research, 2004, v. 18, n. 2, p. 276-280. 10.1519/r-13093.1
SISTI, S. M.; Perfil morfológico e de desempenho motor de Futebolistas seniores
femininas de elite. 2009. Dissertação (Mestrado em Biocinética do Desenvolvimento) -
Especialidade em Ciências do Desporto, Universidade de Coimbra.
HASEGAWA, N., & KUZUHARA, K. Physical Characteristics of Collegiate Women’s Football
Players. Football Science, vol.12, 51-57, 2015.
GABBETT, TIM; GEORGIEFF, BORIS. Physiological and anthropometric characteristics of
australian junior national, state, and novice volleyball players. The Journal of Strength &
Conditioning Research, v. 21, n. 3, p. 902-908, 2007.
BENEVENUTO, A.G; Perfil fisiológico, antropométrico e motor de praticantes de
futebol feminino de Belo Horizonte. 2010. Monografia (Graduação em Educação Física)
- Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de
Minas Gerais.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
948

EFEITOS DA APRENDIZAGEM IMPLÍCITA E EXPLÍCITA NA AQUISIÇÃO DE


HABILIDADES TÉCNICAS EM INICIANTES NO BASQUETEBOL

Renan da Silva Mendonça / LACE-UFV

Mariana Lopes / LACE-UFV

renan.s.mendonca@gmail.com

RESUMO: O objetivo do estudo foi verificar os efeitos da aprendizagem implícita e explícita


na aquisição de habilidades técnicas no basquetebol (passe, arremesso e drible) em
iniciantes na modalidade. A amostra foi composta por um total de 64 sujeitos, com idade
entre 8 e 12 anos e sem experiência formal no basquetebol, os quais foram divididos em
um grupo implícito, um grupo explícito e um grupo controle. O grupo implícito e o grupo
explícito sofreram uma intervenção ao longo de cinco dias consecutivos, sendo que as
habilidades técnicas foram ensinadas por meio de metodologias implícitas e explícitas,
respectivamente. As variáveis dependentes do estudo foram o conhecimento técnico
declarativo e o desempenho das habilidades técnicas, as quais foram avaliadas em dois
momentos, pré e pós-teste. Os resultados demonstraram que no desempenho das
habilidades técnicas houve diferença significativa (p<0,05) somente no teste de passe, no
qual o grupo implícito obteve uma maior precisão quando comparado ao grupo explícito. Já
no teste de conhecimento técnico declarativo, o grupo explícito demonstrou um número
significativo (p<0,05) maior de regras de movimento para todas as habilidades técnicas
avaliadas, quando comparado aos outros dois grupos. Pode-se concluir que a
aprendizagem implícita foi superior a aprendizagem explícita somente na precisão do
fundamento passe e que o grupo explícito adquiriu maior conhecimento técnico declarativo.

Palavras-chave: Aprendizagem implícita, aprendizagem explícita, basquetebol.

INTRODUÇÃO: Pesquisas relacionadas à aprendizagem motora nos jogos esportivos


demonstram que a aprendizagem implícita é mais estável sob condições de estresse
psicológico (MACMAHON & MASTERS,2002), cargas cognitivas (p.ex. tomada de decisão)
e fisiológicas adicionais (esforço máximo), além disso, as regras de movimento aprendidas
são difíceis de serem verbalizadas. A aprendizagem explícita é menos resistente a erros e

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
949

influências externas, sendo o movimento facilmente descrito (MASTER & MAXWELL,


2004). Nas situações de aprendizagem implícita o sujeito, normalmente, é incapaz de testar
suas hipóteses ou identificar aspectos cruciais da habilidade desempenhada, assimilando
de forma passiva as informações relevantes da tarefa que o leva a gerar uma grande base
de conhecimento que não é facilmente verbalizável.

Entretanto há poucos estudos (TIELEMANN, 2008; LOPES, 2011) que visaram analisar os
efeitos da aprendizagem implícita e explícita na aquisição de habilidades técnicas, quando
o processo de ensino envolve tanto aspectos motores quanto cognitivos (táticos). Tendo
em vista que no esporte o treinamento técnico ocorre em maioria em união com o tático,
torna-se importante investigar esta questão de pesquisa. Desta forma, o presente estudo
teve como objetivo verificar e comparar os efeitos da aprendizagem implícita e explícita na
aquisição do passe, drible e arremesso em crianças iniciantes na modalidade, assim como
o conhecimento técnico declarativo adquirido durante o período de intervenção.

MÉTODOS: Participaram deste estudo 64 crianças com média de idade de 9,96 (±1,42
anos), sem experiência formal em basquetebol, as quais foram divididas no grupo implícito
(GI, N=19), grupo explícito (GE, N=20) e grupo controle (GC, N=25). O estudo foi submetido
e aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa da UFV por meio do parecer 473.728.

O desempenho da habilidade técnica de arremesso foi avaliado utilizando a escala de cinco


pontos desenvolvida por Hardy e Parfitt (1991), sendo que o mesmo foi executado a uma
distância de 2,80 m da cesta (mini-lance livre). No teste de passe, avaliou-se tanto a
precisão quanto o tempo de execução, sendo que o teste adotado foi retirado da bateria de
testes de basquetebol de Heidelberg (HBT-Test, BÖS 1988), sendo filmado para uma
posterior análise. O teste de drible requeria que os participantes driblassem a bola trocando
de mão (lado esquerdo - mão esquerda e lado direito - mão direita) o mais rápido possível
em ziguezague pelo percurso de 10,5 m com cones no intervalo de 1,5 m (LOPES, 2011).
No teste de conhecimento técnico declarativo, os sujeitos tinham apenas que descrever o
movimento (segmentos corporais) para realização correta das habilidades técnicas de
passe de peito, arremesso e drible.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
950

A intervenção foi realizada por meio de “Camp de Basquetebol”, sendo que o mesmo teve
a duração de 5 dias consecutivos, perfazendo um total de 25 horas de treinamento. Durante
este período, as habilidades técnicas foram ensinadas por meio da metodologia passo-a-
passo (“step-by-step”) para o grupo explícito segundo o livro Schröder e Bauer (2001). Já
no grupo implícito, o ensino da técnica ocorreu por meio de analogia (arremesso) ou da
metodologia errorless utilizados no ensino do drible e do passe (veja MASTERS, 2013). A
fase de pré-teste e pós-teste foi realizada, respectivamente, um dia antes do início do
treinamento e um dia após o fim do mesmo, sendo que o grupo controle realizou somente
ambos os testes em um intervalo de cinco dias sem qualquer tipo de intervenção. A análise
dos dados foi realizada por meio do programa SPSS® versão 20. Para a análise descritiva
dos dados, utilizou-se média e desvio padrão. Após ter sido verificado e comprovada a
normalidade dos dados por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov e do histograma, optou-
se pela utilização do teste ANOVA one way, para comparação dos valores entre os grupos,
adotando-se a diferença entre o pós-teste e o pré-teste como variável dependente.

RESULTADOS: O Quadro 1 apresenta a análise descritiva (média e desvio padrão) dos


testes de habilidades técnicas para todos os fundamentos avaliados (drible, passe e
arremesso), tanto para pré-teste quanto para pós-teste e a média de diferença entre eles.

PRÉ-TESTE PÓS-TESTE DIFERENÇA


GRUPOS
Média (dp) Média (dp) Média (dp)

DRIBLE (tempo em segundos)

Controle 7,93 (4,24) 7,04 (3,03) -1,33 (4,44)

Implícito 8,07 (2,07) 7,08 (2,35) -0,98 (1,32)

Explícito 8,39 (3,34) 7,07 (1,73) -1,40 (2,99)

PASSE (pontos)

Controle 55,64 (6,79) 50,96 (9,72) -4,68 (6,91)

Implícito 57,44 (4,46) 57,61 (3,03) 0,17 (3,14)

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Explícito 47,00 (11,67) 40,72 (15,38) -6,28 (11,57)

PASSE (tempo em segundos)

Controle 18,72 (6,14) 18,77 (4,30) -0,80 (4,03)

Implícito 32,51 (21,18) 24,70 (13,03) -7,81(16,92)

Explícito 35,29 (12,34) 30,07 (10,67) -5,22 (5,93)

ARREMESSO (pontos)

Controle 19,60 (6,94) 20,12 (7,02) 0,52 (4,63)

Implícito 14,79 (9,78) 17,89 (10,82) 3,11 (8,36)

Explícito 17,40 (11,96) 19,45 (11,11) 2,05 (7,46)

Quadro 1: Análise descritiva dos testes de habilidades técnicas.

Pode-se observar que no teste de drible todos os grupos apresentaram melhorias na média
de tempo (segundos). Os GC (-1,33±4,44s) e GE (-1,40±2,99s) obtiveram resultados
melhores que o GI (-0,98±1,32s) conforme o Quadro 1, apesar de não haver diferença
estatística significativa entre os grupos (p<0,05). O resultado esperado no teste de drible
era o oposto, ou seja, que o GI tivesse uma melhora no desempenho do drible maior que o
GE e o GC. Um dos motivos para não termos encontrado o resultado esperado e para o
grupo controle também ter melhorado o seu rendimento, pode ser devido ao tempo ter sido
mensurado por meio de cronometro devido à falta de fotocélulas, o que torna a medição
um pouco imprecisa tendo em vista a distância do percurso e o tempo de reação de cada
avaliador para iniciar e parar o cronômetro. Desta forma, fica difícil avaliar os efeitos da
intervenção no grupo implícito e explícito na habilidade de drible.

No teste de passe, foram avaliados a precisão (pontuação) do indivíduo e o tempo


(segundos) para a execução de 20 passes em um alvo. Nos resultados referentes à
precisão do passe, foi detectada uma diferença estatística significativa (p<0,05) entre os
grupos. O GI foi o único que não apresentou queda em de desempenho, diferenciando-se
significativamente do GE. Na pesquisa de Lopes (2011) também houve a diminuição de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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rendimento do GE, o que pode ser devido ao acúmulo de regras de movimento (MASTERS
& POOLTON, 2012). O conhecimento declarativo pode sobrecarregar a memória de
trabalho, de forma a interferir negativamente na execução das habilidades motoras
(MASTERS, 2013). Em relação ao tempo, na comparação entre os grupos não foram
observadas diferenças estatísticas significativas (p<0,05), apesar dos dois grupos que
sofreram intervenções terem apresentado um rendimento superior do que o GC entre o pré
e o pós-teste (Quadro 1). Os resultados do teste de arremesso revelaram que o GI e GE
apresentaram um desempenho melhor do que o GC entre o pré e o pós-teste, apesar de
não terem sido detectadas diferenças significativas entre os mesmos (p<0,05). Este
resultado não corroba com o estudo de Tielemann (2008), no qual o GI apresentou valores
superiores ao grupo explícito. Porém, a amostra de Tielemann (2008) foi composta por
adultos e a pesquisa foi realizada no tênis de mesa, o que dificulta a discussão dos
resultados encontrados. Já no estudo de Lopes (2011), que também foi realizado com
crianças iniciantes no basquetebol, também não foram encontradas diferenças
significativas entre os grupos.

No Gráfico 1 pode ser visualizada a análise descritiva do resultado referente ao


conhecimento técnico declarativo em cada habilidade em ambos momentos de teste (pré-
teste e pós-teste), assim como a diferença entre eles. Por meio da comparação das
diferenças de conhecimento declarativo entre o pré-teste e o pós-teste em todas as
habilidades técnicas (Gráfico 1) pode-se observar que o grupo explícito apresentou um
maior acúmulo de regras de movimento quando comparado ao GC e o GI (p<0,05). Este
resultado replica outros trabalhos encontrados na literatura (ver MASTERS & POOLTON,
2012 para uma revisão) e confirmam que as intervenções implícita e explícita foram
implementadas com sucesso.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
953

ARRMESSO Explícito
Implícito
Controle
Explícito
PASSE

Implícito
Controle
Explícito
DRIBLE

Implícito
Controle

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3


PÓS TESTE PRÉ TESTE

Gráfico 1: Comparação dos grupos no teste de conhecimento técnico declarativo.

CONCLUSÃO: Pode-se concluir que somente no fundamento passe (precisão) houve uma
diferença estatística significativa de desempenho entre o GI e o GE, sendo que o GI
apresentou maior precisão. Já no que se refere ao acúmulo de conhecimento técnico
declarativo, o GE demonstrou um maior número de regras de movimento de todas as
habilidades técnicas quando comparado aos GI e GC. Para estudos futuros, recomenda-
se o uso de fotocélulas para avaliar o tempo no teste técnico de drible, garantindo maior
confiabilidade dos dados. Além disso, sugere-se aumentar o tempo de intervenção, de
forma a possibilitar um maior efeito das metodologias de aprendizagem implícita e explícita.

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INFLUÊNCIA DAS INTERAÇÕES ESPAÇO-TEMPORAIS ENTRE OS TIMES NA


TOMADA DE DECISÃO DA LARGADA DO LEVANTADOR DO VOLEIBOL

Renata Alvares Denardi / EEFE - USP


Silvia Leticia da Silva / EEFE - USP
Thiago Augusto Costa de Oliveira / EEFE - USP
Marina Gusman Thomazi Xavier de Souza / EEFE - USP
Umberto Cesar Corrêa / EEFE – USP
renatadenardi@usp.br

RESUMO: O objetivo deste estudo foi investigar a decisão de largar do levantador do


voleibol com base em variáveis físicas espaço-temporais que refletem a interação jogador-
ambiente de jogo. Foram filmados 20 jogos de voleibol do Campeonato Paulista – divisão I
(2013), dos quais foram selecionadas 172 sequências de jogadas de levantadores, sendo
86 largadas e 86 levantamentos (controle). Os deslocamentos dos jogadores foram
capturados pelo software TACTO, desde o início do passe até o contato do levantador com
a bola. Foram consideradas 37 variáveis para análise por meio da MANOVA, sendo estas
relativas à espaço (distância/área entre os jogadores) e tempo (velocidade e variabilidade
das distâncias). Os resultados revelaram que largadas diferem de levantamentos em
relação às seguintes variáveis que envolvem o time atacante: distâncias inicial e final do
levantador à rede, distância e velocidade de deslocamento do levantador para chegar até
à bola e velocidade do passe. Em relação às variáveis que envolvem o time adversário:
área adversária final e distância final entre o levantador e os bloqueadores. Concluiu-se
que essas interações espaço-temporais entre os times influenciaram a decisão de largar do
levantador do voleibol.
Palavras-chave: tomada de decisão, voleibol, largada.

INTRODUÇÃO: A tomada de decisão é um fenômeno presente em inúmeras habilidades


dos seres humanos. Ela pode ser vista como um processo inerente à execução de
habilidades motoras, em diferentes níveis. Deste modo, diferentes ênfases têm sido dadas
às investigações sobre as tomadas de decisões, as quais têm variado de acordo com a
abordagem de pesquisa. A perspectiva cognitiva considera a tomada de decisão como
parte dos processos que ocorrem no sistema nervoso central responsáveis pelo

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
956

planejamento e organização do movimento (MARTENIUK, 1976). Já a perspectiva da


dinâmica ecológica considera a tomada de decisão como a percepção de possibilidades de
desempenho que o ambiente oferece (affordances). Ou seja, nesse caso, a informação
necessária para a tomada de decisão encontra-se disponível no ambiente e pode ser
percebida pelo indivíduo (ARAÚJO; DAVIDS; HRISTOVSKI, 2006).
No presente estudo enfatizou-se uma habilidade do contexto esportivo, a largada do
levantador do voleibol. Especificamente, verificou-se a influência de interações espaço-
temporais entre os jogadores sobre a decisão de largar do levantador.

MÉTODO: O estudo foi conduzido de acordo com as normas de aprovação do Comitê de


Ética em Pesquisa da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo.
Foram filmados 20 jogos de voleibol do Campeonato Paulista – divisão I (2013), dos quais
foram selecionadas 172 sequências de jogadas de levantadores, sendo 86 largadas e 86
levantamentos (controle). Os deslocamentos dos jogadores (coordenadas x e y) foram
capturados pelo software TACTO (FERNANDES; FOLGADO; DUARTE; MALTA, 2010),
desde o início do passe até o contato do levantador com a bola.
Foram consideradas 37 variáveis para análise por meio da MANOVA, sendo estas
resultantes das seguintes medidas: (i) distância do levantador à rede, (ii) distância
percorrida pelo levantador para chegar até à bola, (iii) distância do passe, (iv) área
adversária, (v) distância entre os bloqueadores, (vi) distância entre o levantador e os
bloqueadores e (vii) distância dos bloqueadores à rede. Quando pertinente, foram
observadas as distâncias iniciais e finais, as respectivas velocidades e também as
variabilidades das medidas.

RESULTADOS: Os resultados revelaram que largadas diferem de levantamentos [Wilks'


Lambda=0,59, F(37; 134)=2,47, p=0,00, ηp²=,406] em relação às seguintes variáveis: (a)
que envolvem o time atacante - distâncias inicial [F(1;170)=5,14, p=0,03, ηp²=,029] e final
[F(1;170)=74,34, p=0,00, ηp²=,304] do levantador à rede; distância e velocidade de
deslocamento do levantador para chegar até à bola, respectivamente, [F(1;170)=13,08,
p=0,00, ηp²=,071] e [F(1;170)=9,21, p=0,00, ηp²=,051]; e velocidade do passe
[F(1;170)=11,10, p=0,00, ηp²=,061]; (b) que envolvem o time adversário - área adversária
final [F(1;170)=6,41, p=0,01, ηp²=,036] e distância final entre o levantador e os

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
957

bloqueadores (das posições 2, 3 e 4), respectivamente, [F(1;170)=10,90, p=0,00, ηp²=,060],


[F(1;170)=31,72, p=0,00, ηp²=,157] e [F(1;170)=45,74, p=0,00, ηp²=,212]. Os resultados
estão agrupados nas Figuras 1, 2 e 3.

Figura 1: Média das distâncias iniciais – d(LR) I e finais - d(LR) F do levantador à rede, e média das distâncias
que os levantadores percorreram para chegar até à bola - d(LBo) e das suas velocidades de deslocamento -
v(LBo) nas largadas e nos levantamentos.

Figura 2: Média das velocidades dos passes - v(P) nas largadas e nos levantamentos.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
958

Figura 3: Média das áreas adversárias finais - A(ADV) F e das distâncias finais entre o levantador e os
bloqueadores (das posições 2, 3 e 4), respectivamente, d(LBq2) F, d(LBq3) F e d(LBq4) F nas largadas e nos
levantamentos.

CONCLUSÃO: Concluiu-se que a decisão de largar do levantador do voleibol foi


influenciada por variáveis espaço-temporais que caracterizaram interações entre os times.

REFERÊNCIAS
ARAÚJO, D., DAVIDS, K., HRISTOVSKI, R. The ecological dynamics of decision making in
sport. Psychology of Sport and Exercise, v. 7, p. 653–676, 2006.

FERNANDES, O.; FOLGADO, H.; DUARTE, R.; MALTA, P. Validation of the tool
for applied and contextual time-series observation. International Journal of Sport
Psychology, v. 41, p. 63-64, 2010.

MARTENIUK, R. G. Information processing in motor skills. New York: Holt, Rinehart &
Winston, 1976.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
959

ANÁLISE DO TEMPO MÉDIO DAS SEQUÊNCIAS OFENSIVAS DAS SELEÇÕES


SEMIFINALISTAS DA COPA DO MUNDO FIFA® 2014

Lucas Dias Mantovani / NUPEF – UFV


Henrique Bueno Américo / NUPEF – UFV
Rodrigo de Miranda Monteiro Santos / NUPEF – UFV
Israel Teoldo da Costa / NUPEF – UFV
mantovani.lucas@hotmail.com.br

Resumo: O objetivo do estudo foi comparar o tempo médio das Sequências Ofensivas das
4 equipes semi-finalistas da Copa do Mundo FIFA 2014® entre o primeiro e segundo tempo
de jogo. A amostra do estudo foi composta por 28 jogos das 4 seleções semi-finalistas da
Copa do Mundo FIFA 2014®, em que foram análisados o tempo de duração de cada
Sequência Ofensiva. Foi utilizado o teste One-Way ANOVA para comparar a média do
tempo de posse de bola em cada tempo de jogo. Os resultados apontaram que a equipe
brasileira apresentou diferença no tempo médio de posse de bola entre cada um dos
tempos. O estudo concluiu que o tempo de posse de bola tem sido um importante indicador
de performance e que equipes com maior tempo e constância de posse de bola tendem a
ser melhor sucedidas.
Palavras-chave: Análise notacional; Sequência Ofensiva; Tempo médio

Introdução: O estudo do jogo de futebol não é recente, tendo sido iniciado com anotações
manuais e evoluindo até programas computacionais. Os estudos realizados nessa área
recebem diferente denominações, entre elas: Observação do Jogo, Análise do jogo e
Análise Notacional, sendo Análise de Jogo a expressão mais utilizada na literatura
(GARGANTA, 1997).
A análise de jogo tem demonstrado que o futebol tem sofrido alterações nos seus padrões
de jogo com o passar dos anos, se tornando cada vez mais complexo. Hughes e Bartlett
(2002) mostram que houve uma diminuição na média de gols por jogo na Copa do Mundo
FIFA®, mostrando um aumento de complexidade nos confrontos, e que estudos tem
apontado como indicadores de performance as o número de finalizações e o tempo de
posse de bola.
A posse de bola é a capacidade de manter a bola sob domínio da equipe sem perdê-la para
o adversário, permitindo que a equipe que a detenha controle a estrutura e o ritmo do jogo,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
960

sendo que, equipes bem sucedidas desfrutam de tempos médios mais longos que equipes
menos bem sucedidas (SHAFIZADEH et al., 2012).
Um estudo realizado por Lago Peñas e Delal (2010) com 380 jogos da primeira divisão do
Campeonato Espanhol 2008-2009, apontou que as equipes com melhor desempenho
tinham um maior tempo de posse de bola (proporção do tempo que a equipe tinha a posse
de bola enquanto a bola estava em jogo) e eram mais estáveis em seu padrão de jogo
(apresentavam pouca variação do tempo de posse de bola por jogo).
Estudos (LAGO-BALLESTEROS; LAGO-PEÑAS, 2010; LAGO-PEÑAS; DELLAL, 2010;
SHAFIZADEH et al., 2012) têm apontado que a posse de bola pode ser um fator
determinante para a performance.

Assim, o objetivo deste estudo foi comparar o tempo médio das Sequências
Ofensivas das 4 equipes semifinalistas da Copa do Mundo FIFA 2014® entre o primeiro e
segundo tempo.

Métodos: A amostra deste estudo foi composta por 2378 ações ofensivas ocorridas em 28
jogos das 4 seleções semifinalistas (Alemanha, Argentina, Brasil e Holanda) da Copa do
Mundo FIFA 2014®. Analisou-se a duração das Sequências Ofensivas de cada cada equipe
no primeiro e segundo tempo por jogo.
Sequência Ofensiva é a ação decorrida entre o primeiro contato com a bola da equipe em
posse, e o momento do último contato realizado pelo mesmo ou por outro jogador de sua
equipe na mesma posse de bola (GARGANTA, 1997). Para caracterizar a fase ofensiva a
equipe deveria deter a posse de bola, cumprindo um dos três critérios definidos por
Garganta (1997) que são: 1) realizar pelo menos três contatos consecutivos com a bola; 2)
realizar um passe positivo; 3) realizar um remate enquadrado à baliza. Recorreu-se à
análise de vídeos, realizada por pesquisadores treinados através do software Windows
Media Player. As sequência ofensivas foram registradas em uma planilha do software
Excel. Utilizou-se análise descritiva para obtenção de média e desvio padrão do tempo
médio das Sequências Ofensivas do primeiro e segundo tempo de cada equipe. Para
verificar a distribuição dos dados foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov, e para a
comparação do tempo utilizou-se o teste One-Way ANOVA. O software utilizado para os
procedimentos estatísticos foi o SPSS 20.0 para Windows. Adotou-se um nível de
significância de p<0,05.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
961

Resultados: A Tabela 1 apresenta os valores de média e devio padrão do tempo (em


segundos) de posse de bola de cada uma das equipes no 1º e 2º tempo de jogo.
1º tempo 2º tempo p
Alemanha 22±22 21±19 0,420
Argentina 21±17 19±13 0,067
Brasil 18±14 15±13 0,004*
Holanda 18±17 20±19 0,660
*p<0,05

Os resultados mostram que houve diferença na duração das sequências ofensivas entre o
primeiro e segundo tempo da seleção brasileira. O tempo médio de posse de bola da
seleção brasileira diminuiu enquanto as demais equipes mantiveram seu tempo médio de
posse de bola.
A seleção brasileira apresentou a menor média de tempo de posse de bola no primeiro
tempo, assim como a seleção holandesa, e a menor média geral no segundo tempo.
Estudos têm indicado que o tempo de posse de bola pode ser um indicador de performance
no futebol (HUGHES; BARTLETT, 2002; LAGO-PEÑAS; DELLAL, 2010; SHAFIZADEH et
al., 2012).
O estudo realizado por Lago-Peñas e Delal (2010) mostra que as equipes bem sucedidas
da primeira Divisão do Campeonato Espanhol 2008-2009 mantinham a posse de bola por
tempo superior e tinham menor variabilidade do tempo de posse de bola por jogo. Assim
como neste estudo, as equipes bem sucedidas (entre as três melhores colocadas do
torneio) tinham um maior tempo médio de posse de bola. Além disso, essa média se
manteve sem variação entre um tempo de jogo e outro; enquanto a equipe com a pior
colocação obteve menor tempo médio de posse de bola, também tendo sido observada
diferença nessa média entre os tempos de jogo. O fato de a seleção brasileira ter
apresentado um menor tempo médio e uma diferença de posse de bola entre primeiro e
segundo tempo, pode ser uma das razões para que a equipe tenha sido a pior colocada
dentre as equipes analisadas.

Conclusão: Conclui-se que as equipes bem sucedidas não variaram o tempo médio de
posse de bola entre os dois tempos de jogo enquanto a equipe com pior colacação obteve
uma variaçã na média. Mesmo que o processo de manutenção da posse de bola seja
dinâmico, os resultados apontam que uma equipe pode ser mais bem sucedida que outra

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
962

se obtiver um maior tempo de posse de bola e mantiver uma média semelhante entre o
primeiro e segundo tempo que suas adversárias.

REFERÊNCIAS

GARGANTA, J. Modelação táctica do jogo de Futebol: Estudo da organização da fase


ofensiva em equipas de alto rendimento 1997. 318 p. (Doutorado). Faculdade de
Ciências do Desporto e de Educação Física, Universidade do Porto 1997. 318 p.
HUGHES, M. D.; BARTLETT, R. M. The use of performance indicators in performance
analysis. Journal of sports sciences, v.20, n.10, p.739-54. 2002.
LAGO-BALLESTEROS, J.; LAGO-PEÑAS, C. Performance in team sports: Identifying the
keys to success in soccer. Journal of Human Kinetics, v.25, p.85-91. 2010.
LAGO-PEÑAS, C.; DELLAL, A. Ball possession strategies in elite soccer according to the
evolution of the match-score: the influence of situational variables. Journal of Human
Kinetics, v.25, p.93-100. 2010.
SHAFIZADEH, M.; GRAY, S.; SPROULE, J.; MCMORRIS, T. An exploratory analysis of
losing possession in professional soccer. International Journal of Performance Analysis
in Sport, v.12, n.1, p.14-23. 2012.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
963

ANÁLISE DOS PADRÕES DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA DA SELEÇÃO


BRASILEIRA DE FUTEBOL NA COPA DO MUNDO FIFA® 2014
Fernando Silva / NUPEF – UFV
Henrique Américo / NUPEF – UFV
Rodrigo Santos / NUPEF – UFV
Israel Teoldo / NUPEF – UFV
fernando.o.silva@ufv.br
RESUMO: O presente estudo teve como objetivo verificar quais foram os principais Locais
de Aquisição/Recuperação da posse de bola realizados pela Seleção Brasileira de Futebol
durante a Copa do Mundo FIFA® 2014. O trabalho contou com uma amostra de 652
sequências ofensivas da Seleção Brasileira durante a disputa da Copa do Mundo de 2014.
A variável utilizada foi Local de Aquisição/Recuperação da posse de bola (LAR). Para a
análise descritiva foi utilizada a variável “setor”. O teste do qui-quadrado (χ2) foi utilizado
para comparação dos dados da distribuição entre os valores analisados. Para este estudo
o nível de significância adotado foi de p<0,05. O setor Médio Defensivo foi o setor que
apresentou maior número de recuperação da posse de bola (290). O local onde a seleção
brasileira menos recuperou a posse de bola foi no setor Ofensivo. Portanto, conclui-se que
a Seleção Brasileira assume uma tendência de marcação em bloco médio ou baixo, por
isso infere-se que a seleção de futebol do Brasil realiza a retomada da posse de bola mais
distante da meta adversária.
PALAVRAS-CHAVE: Futebol, Análise de Jogo, Local de Aquisição/Recuperação da posse
de bola.
INTRODUÇÃO: A análise de jogo dentro do futebol busca compreender padrões
comportamentais das equipes e dos jogadores durante o jogo. A literatura tem mostrado
que os padrões táticos no futebol são essenciais para a obtenção do melhor desempenho
de um jogador ou de uma equipe (CARLING; WILLIAMS; REILLY, 2005).
O Local de Aquisição/Recuperação da posse de bola é uma variável da análise de
jogo importante para orientar em quais locais os jogadores de uma equipe mais retomam a
posse de bola. Dessa forma esta variável fornece informações sobre a zona de campo onde
a ação ofensiva de uma equipe teve início (GARGANTA, 1997).
Segundo Santos, Moraes e Teoldo (2014) a seleção espanhola de futebol
apresentou na Copa do Mundo FIFA® de 2010 maior frequência de recuperação da posse

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
964

de bola nos setores médio defensivo e ofensivo, com um perfil de muitas vezes pressionar
o portador da bola.
A Copa do Mundo FIFA® reúne jogadores e equipes do mais alto nível do futebol
mundial. Portanto, torna-se pertinente verificar o setor de recuperação da posse de bola
padrão nessa competição. Além disso, pelo fato de que a última Copa do Mundo FIFA ® foi
realizada no Brasil e a seleção brasileira ter sido semifinalista da competição, torna-se
interessante verificar o Local de Aquisição/Recuperação da posse de bola dessa equipe.
Outro fato relevante foi que a Seleção do Brasil terminou como a pior defesa da competição,
tendo sida a defesa mais vazada desde a Copa de 1986 (FIFA, 2014).
Com isto, o presente estudo tem por objetivo verificar o padrão de recuperação da
bola da Seleção Brasileira de futebol na Copa do Mundo FIFA ® de Futebol 2014, através
da análise dos Locais de Aquisição/Recuperação da posse de bola (LAR).
MÉTODO: Para realização deste estudo foi utilizada uma amostra composta por 652
sequências ofensivas da seleção brasileira na Copa do Mundo FIFA ® de Futebol 2014. Para
a coleta foram observadas imagens de vídeo transmitidas por uma rede de televisão. Os
dados foram registrados e quantificados através de planilhas do software Excel for
Windows® 2007. A variável analisada neste estudo foi o Local de Aquisição/Recuperação
da posse de bola (LAR), proposta por Garganta (1997). O campograma proposto por
Garganta (1997) e Gréhaigne (2001) foi utilizado para análise do local onde a posse de bola
foi recuperada pelas equipes. O campograma é dividido em quatro setores: Defensivo, o
Médio Defensivo, Médio Ofensivo e o setor Ofensivo.
Para a análise estatística foi utilizada análise descritiva, de frequência absoluta e
relativa para a variável “setor”. Para comparação da distribuição entre os valores analisados
foi utilizado o teste do qui-quadrado (χ2). O nível de significância adotado foi p<0,05.
Para o tratamento dos dados foi utilizado o software estatístico IBM SPSS (Statistical
Package for Social Sciences) versão 20.
RESULTADOS: A Figura 1 apresenta a distribuição da frequência dos Locais de
Aquisição/Recuperação da posse de bola em relação a cada setor do campo.
Figura 1: Frequência dos Locais de Aquisição/Recuperação da posse de bola nos setores
do campo.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
965

350
NÚMERO DE RECUPERAÇÕES DE

300 44,5%
BOLA EM CADA SETOR

250

200
24,5% 23,5%
150

100
7,5%
50

0
DEFENSIVO (D) * MÉDIO DEFENSIVO MÉDIO OFENSIVO OFENSIVO (O) *
(MD) * (MO) *

*Diferenças significativas: MD x D (p<0,001); D x MO (p=0,692); D x O (p<0,001); MD x MO


(p<0,001); MD x O (p<0,001); MO x O (p<0,001).
Percebe-se que há diferença entre a recuperação da bola em cada setor, tendo sido
o Médio Defensivo o setor com maior frequência (290; 44,5%) de recuperação da posse de
bola. Ao comparar-se um setor ao outro apenas uma das comparações não apresentou
valor significativamente diferente: aquela entre o setor Defensivo e o Médio Ofensivo com
(p=0,692). Os outros resultados foram significativamente diferentes.
O setor do campo no qual a Seleção Brasileira menos recupera a bola é o setor
Ofensivo (49; 7,5%). A partir disso pode-se inferir que a Seleção Brasileira tende a não
realizar marcação em bloco alto ou que a realiza de maneira ineficiente. Com isso a equipe
brasileira não demonstra tendência em recuperar a posse de bola em locais mais próximos
à baliza adversária, ficando distante do objetivo do jogo. O setor Médio Defensivo foi o que
apresentou maior valor quanto à frequência de recuperação da posse de bola (290).
Em outros estudos os resultados foram condizentes com este trabalho, e
demonstraram que o setor Médio Defensivo foi o local onde a posse de bola foi recuperada
com maior frequência. Logo em seguida estão os valores do setor Defensivo (MALTA;
TRAVASSOS, 2014; MIRANDA, 2005; SOARES, 2009). A partir disso pode-se interpretar
que a seleção brasileira prioriza a recuperação de bola neste setor para possibilitar melhor
organização do ataque e consequentemente realizar maior número de remates à baliza
adversária.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
966

Em outro estudo, Santos, Moraes e Teoldo (2015) verificaram que a seleção


espanhola de futebol durante a Copa do Mundo FIFA ® 2010 realizou um maior número de
recuperações da posse de bola no setor médio defensivo, evitando o confronto direto (1x1)
contra o adversário.
A partir deste fato pode-se interpretar que a seleção brasileira tende a evitar
situações de superioridade numérica adversária próximas à sua baliza.
Consequentemente, tal fato faz com que a recuperação da bola seja mais distante da meta
adversária, o que sugere que a seleção brasileira realiza uma marcação de bloco médio ou
baixo.
Estes resultados podem ter influências sobre a organização tática das equipes, que
poderão buscar a anulação dos pontos fortes do ataque de uma equipe adversária e/ou
exploração de seus pontos fracos defensivos. Além disso, essa informação pode auxiliar
os treinadores a planejarem os seus treinos de acordo com as características transicionais
do modelo de jogo dos adversários.
Para trabalhos futuros, sugere-se verificar quais são as formas de aquisição da
posse de bola mais comumente utilizadas pela Seleção Brasileira.
CONCLUSÃO: Com relação aos Locais de Aquisição/Recuperação da posse de bola,
conclui-se que a seleção brasileira tende a iniciar sua ação ofensiva recuperando a posse
de bola dentro do setor Médio Defensivo. Observou-se que a seleção brasileira apresenta
uma tendência em recuperar a posse de bola em locais mais distantes em relação à baliza
adversária.
AGRADECIMENTOS: Este trabalho teve o apoio da SETES-MG através da Lei Estadual
de Incentivo ao Esporte, da FAPEMIG, da CAPES, do CNPQ, da FUNARBE, da Reitoria,
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
da Universidade Federal de Viçosa.
REFERÊNCIAS:
CARLING, C.; WILLIAMS, A. M.; REILLY, T. Handbook of Soccer Match Analysis. New
York: Routledge, 2005.
FIFA. FIFA World Cup 2014 - Statistics - Teams - Top Goals. Suiça, 2014. Disponível em:
< http://www.fifa.com/worldcup/archive/brazil2014/statistics/teams/goal-scored.html >.
Acesso em: 5 de outubro de 2015.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
967

GARGANTA, J. Modelação táctica do jogo de futebol - estudo da organização da fase


ofensiva em equipas de alto rendimento. 1997. 312 PhD Thesis Faculty of Sports,
University of Porto, Porto, Portugal.
GRÉHAIGNE, J. F.; MAHUT, B.; FERNANDEZ, A. Qualitative observation tools to analyse
soccer. International Journal of Perfomance Analysis in Sport, v. 1, n. 1, p. 52-61, 2001.
MALTA, P.; TRAVASSOS, B. Caraterização da transição defesa-ataque de uma equipa de
Futebol. Motricidade, v. 10, n. 1, p. 27-37, 2014.
MIRANDA, C. E. M. Defesa "zona pressing" enquanto sistema defensivo precursor do
aumento das finalizações: estudo de jogos das finais da Taça UEFA e Liga dos
Campeões. 2005. 90 Dissertação Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação
Física da Universidade do Porto, Universidade do Porto, Portugal.
MORAES, E. L.; CARDOSO, F.; TEOLDO, I. Análise dos padrões ofensivos da Seleção
Espanhola de Futebol na Copa do Mundo FIFA® 2010 em relação ao “status” da partida.
Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 28, n. 3, p. 361-69, Jul-Set 2014.
SANTOS, R.; MORAES, E.; TEOLDO, I. Análise de padrões de transição ofensiva da
Seleção Espanhola de Futebol na Copa do Mundo FIFA® 2010. Revista Brasileira de
Educação Física e Esporte, v. 29, n. 1, p. 119-26, Jan-Mar 2015.
SOARES, F. A. M. Análise comparativa da eficácia ofensiva entre as equipas do F. C.
Porto e do F. C. Barcelona. 2009. 133 Dissertação Faculdade de Ciências do Desporto e
de Educação Física da Universidade do Porto, Universidade do Porto, Portugal.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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APLICAÇÃO DA ESTRATÉGIA NEUROMUSCULAR COM TREINAMENTO DE FORÇA


MÁXIMA PARA AUMENTO DA PERFORMANCE ESPORTIVA EM FUTEBOLISTAS

André Victor Cordeiro / LABMEX - FCA - UNICAMP

Luciano Allegretti Mercadante / LABIN - FCA - UNICAMP

andre.cordeeiro@hotmail.com

RESUMO: O objetivo deste estudo do presente estudo é investigar a validade da utilização da


estratégia neuromuscular com treinamento de força máxima, para o aumento da força
muscular e, consequentemente, da potência muscular, para a geração de maiores impulsos,
diminuindo o tempo dos sprints, frequentemente observados durante uma partida ou treino de
futebol. Para a realização da revisão de literatura, diversas bases de artigos científicos foram
utilizadas, e os artigos foram selecionados com específicas palavras chaves, que relacionaram
diversos aspectos do treinamento físico, adaptações musculares e futebol. Os resultados
mostram que a estratégia neuromuscular criada através do treinamento de força máxima,
mostra-se um potente desenvolvedor de performance em atletas de elite, podendo ser
utilizado especialmente durante a pré-temporada de uma equipe desportiva. Dessa forma, o
presente estudo tenta disseminar o conhecimento através da pertinência prática e relevância
teórica, contribuindo com a evolução da ciência em conjunto com a evolução do futebol.

Palavras-chave: Estratégia Neuromuscular, Força Máxima, Treinamento Físico.

INTRODUÇÃO: Nos últimos anos, estudos relacionados ao treinamento de força e de


potência aprofundaram-se na questão referente ao desempenho físico de atletas de alto
rendimento (ARRUDA, 1999; GOMES, 2008; KOTZAMANIDIS et al., 2005).

Entende-se força muscular como um resultado integrado de diversas forças intermusculares


que resultam em um único esforço voluntário no intuito de realizar uma tarefa definida. Já a
potência é o produto da força e o inverso do tempo, ou seja, a habilidade de produzir a maior
força muscular no menor intervalo de tempo possível (HOFF; HELGERUD, 2004). Adaptação
neural pode ser entendida de diversas formas, sendo dependente de diversos fatores, como

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
969

a ativação seletiva de unidades motoras, a ativação seletiva dos músculos, a sincronização


de ambos os fatores, e também o aumento do número e da secção transversa das fibras
musculares (GOLDSPINK; HARRIDGE, 1992).

Exercícios intermitentes com 90-95% da frequência cardíaca máxima (FCmáx) durante 3 a 8


minutos, envolve um maior papel no transporte orgânico de oxigênio. Em treinos no período
de 8 a 10 semanas, neste intervalo de intensidade, o aumento nas taxas de VO2máx aumenta
de 10 a 30%, com variações devido ao nível inicial de aptidão física, duração e frequência de
treino (HELGERUD, et al., 2001; HELGERUD; KEMI; HOFF, 2002). No entanto, em treinos de
baixa intensidade, com 60 a 80% da frequência cardíaca máxima (FRmáx), foi observado
apenas um aumento de 5 a 10% do VO2máx em um estudo com indivíduos sedentários
(HOFF; HELGERUD; 2004; POLLOCK, 1973).

Assim, pensando em exercícios realizados com isocarga de esforço; isto é, o produto entre
volume vs intensidade; a intensidade de um estímulo (força), bem como a densidade do
esforço (potência), possuem papéis primordiais para o aumento de capacidades físicas
inerentes ao futebol, como força muscular, potência muscular, capacidade cardiorrespiratória
e velocidade.

Desta forma, o objetivo geral do presente estudo é investigar a validade da utilização da


estratégia neuromuscular com treinamento de força máxima, para o aumento da força
muscular e, consequentemente, da potência muscular, gerando, assim, maiores impulsos e
diminuindo o tempo dos sprints, frequentemente observados durante um jogo de futebol.

METODOLOGIA

Estratégia de pesquisa: A pesquisa foi conduzida por uma estratégia envolvendo buscas na
literatura através de bases como o MEDLINE, LILACS e SCOPUS. Nos restringimos à buscas
nos idiomas português e inglês, incluindo as seguintes palavras-chaves: treinamento de força,
adaptações neuromusculares, VO2máx, futebol e exercício físico. Nós também realizamos
uma combinação entre essas palavras para mais achados. Incluímos também estudos
encontrados na lista de referências dos artigos encontrados, de acordo com nossos critérios.
Os resultados serão comparados para verificar se há alguma diferença no número de artigos

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970

nos assuntos da pesquisa. Em caso de desacordos entre dois autores, a elegibilidade dos
estudos foi resolvida por discussão. Devido à necessidade da revisão bibliográfica, a busca
na literatura foi realizada regularmente durante o desenvolvimento do estudo, sempre de
acordo com os métodos citados acima.

Seleção dos Estudos: Apenas artigos científicos originais, com os mesmos temas dos
citados anteriormente, foram considerados no presente estudo. Todas as faixas etárias de
jogadores foram consideradas para este estudo, desde que fossem atletas de futebol de
elite. Não há restrições em relação aos procedimentos metodológicos. Nós também
consideramos a inclusão de estudos que realizaram analises em jogos e situações de treino
que envolviam ou não situações de jogo, sem excluir testes e treinamentos físicos com ou
sem envolvimento com bola, visto que a intensidade de treino é frequentemente reduzida
quando mais gestos táticos e técnicos estão envolvidos. Desta maneira, selecionou-se 53
trabalhos para a presente revisão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Sabe-se que, o Sistema nervoso central recruta unidades


motoras por enviar impulsos nervosos à neurônios motores. Assim, o aumento de força pode
ser explicado , dentre outros aspectos, pelo aumento na ativação muscular das fibras, bem
como um aumento na frequência de codificação de tais estímulos.

Hoff e Helgerud (2004), reiteram que para treinar unidades motoras, nas quais se
desenvolvem através da melhora da força, torna-se necessário trabalhar com altas cargas
(85-95% de 1RM), no qual garante uma máxima contração voluntária. E que a vantagem
máxima se encontra em movimentos treinados com uma rápida ação em adição à uma alta
resistência. Ou seja, exercícios realizados com grandes cargas de intensidade, poucas
repetições e executados de maneira rápida, evidenciando a importância do treinamento da
potência muscular para o aumento da força máxima e, consequentemente, da estratégia
neuromuscular.

Rutherford e Jones (1986), investigando o papel da coordenação no treinamento de força,


encontraram que uma parte significativa da melhora na capacidade de levantar pesos é devido
a um aumento da capacidade de coordenação de outros grupos musculares envolvidos no
movimento, como por exemplo os que estabilizam o corpo. Logo, se por um lado o

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levantamento de peso em si, não é um exercício específico do futebol, ele é um dos únicos
exercícios (se não o único) que trabalha per si todas as 10 capacidades físicas gerais de um
indivíduo, podendo ser, desta forma, um grande aliado no desenvolvimento físico de jogadores
e atletas de elite.

Em um outro estudo, os mesmos autores (RUTHERFORD; JONES, 1987), encontraram um


ganho experimental de 200% de 1RM, acompanhado de apenas 5% de hipertrofia muscular,
evidenciando a validade da estratégia neuromuscular para o ganho de força. De encontro,
Hoff e Almasbakk (1995) mostraram ganho de 35% de 1RM em atletas de handebol, sem
mudanças na massa corporal ou no tamanho da secção transversa das fibras. Não obstante,
Buhrle e Schmitbleicher (1977) observaram uma significante correlação entre 1RM,
aceleração e velocidade de movimento, demonstrando que a relação de força/potência
máxima, é suportada pelos resultados dos testes de salto bem como dos sprints de 30m
(HOFF; BERDAHL; BRATEN, 2001; SCHMIDTBLEICHER, 1992).

Hoff e Helgerud (2002) também mostram adaptações neuromusculares em treinamento de


8 semanas, realizados 3 vezes por semana, com 4 séries de 5 repetições, usando 85% de
1RM. Os indivíduos obtiveram um aumento significativo no exercício de agachamento (half
Squat), diminuiu o tempo de sprint de 10m dos atletas em quase 0,1s, ou seja,
aproximadamente 1m à cada 10m. Ainda Helgerud e colaboradores (2002), aplicaram a
estratégia neuromuscular no treinamento de força (half Squat), durante a pré temporada de
uma equipe de futebol, com 4 séries de 4 repetições cada, na intensidade de 90% de 1RM,
2 vezes por semana, com 15 minutos por sessão. E, em 8 semanas, observaram aumento
na força do movimento, bem como melhoras significativas na velocidade de sprints de 10m
e 20m.

CONCLUSÃO: Conclui-se, no presente estudo, que para o aumento da performance, tanto o


treinamento de forma máxima quanto o treinamento intervalado de alta intensidade devem ser
incluídos, principalmente, durante a pré-temporada de jogadores de futebol de elite, devido
primordialmente a estratégia neuromuscular. Dessa forma, o presente estudo tenta
apresentar, de maneira objetiva, pertinência prática e relevância teórica, contribuindo com a
evolução da ciência em conjunto com a evolução do futebol.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
972

REFERÊNCIAS

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DESCRIÇÃO DA RECUPERAÇÃO DE JOGADORES POR MEIO DA TAXA DE


REDUÇÃO DA FREQUÊNCIA CARDÍACA (TRFC) EM JOGOS DE BASQUETEBOL.

Anderson Calderani Junior / LABIN – FCA-UNICAMP


José Francisco Daniel – PUC Campinas
Luciano Allegretti Mercadante / LABIN – FCA-UNICAMP
andersoncalderanijunior@yahoo.com.br
RESUMO: O trabalho tem como objetivo descrever a recuperação de jogadores durante
jogos de basquetebol através da TRFC e do tempo de recuperação, além de verificar
possíveis diferenças da TRFC entre posições e períodos. O estudo foi realizado com 10
jogadores profissionais do sexo masculino de uma equipe brasileira de alto nível, coletados
durante 6 jogos de basquetebol oficiais. As TRFCs foram quantificadas durante os períodos
de bola morta. Foram separados todos os períodos de bola morta com diminuição dos
valores de FC. Em seguida, foram identificados os frames de início e fim do tempo levado
para a diminuição da FC. A TRFC no primeiro quarto foi maior do que o segundo, sugerindo
que os atletas se recuperaram mais rápido no começo dos jogos. As curvas referentes as
TRFC mostram que no primeiro quarto acontecem as maiores taxas redução, tendo uma
queda brusca no segundo quarto e com diferença entre as posições. O comportamento das
curvas dos tempos de recuperação mostra que alas aproveitaram melhor os tempos de bola
morta no primeiro e segundo quartos, enquanto que os armadores tiveram o melhor
aproveitamento no terceiro quarto, e os pivôs no último.
Palavras Chave: Recuperação, frequência cardíaca, basquetebol.

INTRODUÇÃO: Os jogos esportivos coletivos de maneira geral apresentam demandas de


esforços de diferentes níveis de intensidades. Mais especificamente no caso do
basquetebol, a variedade de esforços que a modalidade impõe aos jogadores é ainda mais
evidente, muito devido as constantes movimentações que os jogadores realizam durante a
quadra e também pela alta execução de acelerações e desacelerações durante os sprints
(SCANLAN et al., 2012). Essas movimentações, consideradas de alta intensidade, são
geralmente intermediadas por momentos de demandas de atividades de baixa intensidade,
caracterizando a modalidade em uma atividade intervalada de alta intensidade (BEN
ABDELKRIM et al., 2007; MCINNES et al., 1995). Durante uma partida oficial, as demandas

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975

de baixa intensidade acontecem em sua grande maioria nas cobranças de lances livres e
durante os tempos técnicos, também conhecidos como períodos de bola morta, onde há
uma maior contribuição das vias aeróbias para a recuperação dos jogadores perante aos
esforços mais intensos realizados nas partidas (MCINNES et al., 1995).

Para a realização de uma maior quantidade de atividades de alta intensidade, é necessário


um bom condicionamento aeróbio, uma vez que a frequência de sprints é diretamente
associada a capacidade aeróbia dos jogadores (MATTEW et al., 2009). Uma das
alternativas para avalição da performance física de atletas de um atleta é o monitoramento
da taxa de redução da frequência cardíaca (TRFC), que pode ser aplicada tanto para a
prescrição quanto para o monitoramento de treinos voltados para o condicionamento físico
(SUZIC LAZIC et al., 2015).

Considerando que atletas com rápida recuperação após vários esforços de alta intensidade
possuem melhor performance em modalidades intermitentes, além do fato de a TRFC ser
muito útil para o monitoramento da recuperação de curto prazo dos atletas (OSTOJIC et
al., 2010), torna se interessante conhecer o comportamento da TRFC durante períodos de
bola morta de um jogo oficial. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo descrever a
recuperação de jogadores de basquetebol em períodos de BM através da TRFC e do tempo
de recuperação, além de verificar possíveis diferenças da TRFC entre posições e quartos.

MÉTODOS: O estudo realizado contou com uma amostra de dados de frequência cardíaca
(FC) referentes a 10 jogadores profissionais do sexo masculino de uma equipe brasileira
de alto nível, coletados durante 6 jogos de basquetebol, válidos pelo principal campeonato
nacional da modalidade. Para a coleta, foram utilizados monitores de frequência cardíaca
da marca Polar®, modelo Team System – Finlândia, com frequência relativa a uma
aquisição a cada 5 segundos. Foram anotados em um cronômetro, o tempo correspondente
ao início do registro da FC de cada monitor, assim como os tempos correspondentes aos
inícios e fins de quartos e os momentos de substituição dos jogadores, para sincronização
com o início da partida. Estes dados temporais foram anotados em uma planilha, para
identificação, separação dos quartos e dos períodos de jogo. Os dados referentes a posição
do jogador e FC foram separados de acordo com o tempo de permanência em quadra. As
taxas de redução da FC foram quantificadas durante os períodos de bola morta. Em todas
as curvas de FC coletadas, foram separados todos os períodos de bola morta onde houve

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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uma diminuição dos valores de FC. A partir de cada curva separada, identificou-se os
frames de início e fim do tempo levado para a diminuição da FC, seguindo alguns critérios
estabelecidos. Os critérios para considerar o início da recuperação foi o frame referente ao
valor máximo de FC dentro do período de bola morta, enquanto o fim foi definido no frame
referente ao valor mínimo do período. A taxa de redução da FC foi calculada pela divisão
da diferença nos valores de FC no frame de início e fim do período em função do tempo,
segundo a formula: TRFC = FCmin - FCmax / tfim - tinicio. Foi aplicado o teste de Kolmogorov &
Smirnov para a determinação da normalidade dos dados, assim como o ANOVA one way
com post hoc de Tukey para a determinação das diferenças dos dados considerando os
fatores quartos e posições dos jogadores analisados, com nível de significância
determinado em p <0.05.

RESULTADOS: Os dados descritivos referentes a TRFC, bem como as suas diferenças


estatísticas em relação as posições e quartos, estão descritas na tabela 1. Os quadros 1 e
2 apresentam respectivamente a média da TRFC e o tempo de recuperação dos jogadores
ao longo dos quartos, divididos por posição.

Tabela 1- Média ± DP da taxa de recuperação de FC durante a bola morta.

Taxa de recuperação da FC (%FCmax/s)


Armadores 0.20 ± 0.15
Posições Alas 0.19 ± 0.13
Pivôs 0.20 ± 0.14
1° Q 0.24 ± 0.15
2° Q 0.17 ± 0.13*
Quartos
3° Q 0.20 ± 0.14
4° Q 0.19 ± 0.14*
* Diferença significativa (p < 0.05) para o primeiro quarto.

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Quadro 1: Média da taxa de redução da Quadro 2: Média do tempo de recuperação


frequência cardíaca ao longo dos quartos de ao longo dos quartos de jogo, por posição.
jogo, por posição.

Sem considerar a influência das posições, a TRFC no primeiro quarto foi maior do que o
segundo (0,24 ± 0,15 contra 0,17 ± 0,13 %FCmax/s) sugerindo que os atletas se recuperaram
mais rápido no começo dos jogos e de que há uma considerável queda na capacidade de
recuperação dos jogadores durante o segundo quarto. Estudos mostram que a frequência
de tempos técnicos e lances livres é maior no último quarto (MCINNES et al., 1995),
apresentando menores medias de atividades de alta intensidade e de FC (BEN
ABDELKRIM et al., 2007; MATTHEW et al., 2009). Tais fatores podem ter levado a TRFC
a apresentar uma média menor do que a encontrada no primeiro quarto (0,19 ± 0,14 %
contra 0,24 ± 0,15 FCmax/s), indicando a influência da queda de atividades de alta
intensidade, não permitindo um aumento significativo da FC e que, consequentemente, não
permite reduções como as encontradas no primeiro quarto.
As curvas referentes as TRFC obtidas por posição ao longo dos quartos (Quadro 1)
mostram que no primeiro quarto acontecem as maiores taxas redução, tendo uma queda
brusca no segundo quarto e com uma diferença entre as posições. No terceiro e último
quarto há mesmo comportamento de aumento e diminuição, porém com diferenças ainda
maiores entre as posições. Os maiores valores de taxa de recuperação no primeiro e
terceiro quartos pode provavelmente ter sido consequência de uma maior realização de
atividades de alta intensidade, que acontecem geralmente nesses períodos do jogo (BEN
ABDELKRIM et al., 2007), aumentando a frequência cardíaca e permitindo uma rápida
recuperação nos momentos de bola morta. As TRFC entre as posições mostram que ao

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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longo do jogo, há um comportamento distinto entre as três posições analisadas, tendo os


pivôs com as maiores médias no terceiro quarto.

A partir dos dados do Quadro 2, é possível verificar que média do tempo em todos os
quartos e posições foi menor que 30s, tempo que segundo Carling et al. (2008) é bem
comum em esportes de esforços intermitentes como o basquetebol. Levando em
consideração que os tempos de bola morta são iguais para todos os jogadores, podemos
considerar que os tempos de recuperação podem indicar o aproveitamento desse tempo
para a recuperação da FC, onde os maiores tempos indicam os jogadores que passaram
mais tempo em recuperação em relação aos que tiveram tempos menores. O
comportamento das curvas dos tempos mostra que alas aproveitaram melhor os tempos de
bola morta no primeiro e segundo quartos, enquanto que os armadores tiveram o melhor
aproveitamento no terceiro quarto, e os pivôs no último. Apesar das diferenças entre as
posições, considerando que os atletas que realizam esforços intermitentes têm a sua maior
redução entre 10 e 20s de recuperação (OSTOJIC et al., 2010), é provável que todos os
atletas analisados apresentam tempo de recuperação condizente e suficiente para os
esforços nos quais estão submetidos durante a partida.

CONCLUSÃO: Os resultados mostram que não houve diferenças dos valores de TRFC
entre as posições. Entretanto, dados entre quartos apresentaram diferenças significativas,
sugerindo que o principal achado deste estudo é de que os atletas de basquetebol
masculino de nível nacional tendem a se recuperarem mais e melhor no primeiro quarto,
independentemente da posição. Os dados das curvas mostram que as TRFC são maiores
no primeiro e terceiro quarto e apresentam queda no quarto seguinte. Porém, as TRFC
apresentam diferentes comportamentos de acordo com a posição jogada, indicando que há
fatores relacionadas a posição jogada que influenciam uma menor ou maior queda nas
TRFC ao longo dos quartos jogados. Ao contrário da TRFC, os tempos de recuperação
apresentam quedas, de diferentes magnitudes entre as posições, ao longo dos quartos,
indicando que o tempo de recuperação também é influenciado pela posição.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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REFERÊNCIAS
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980

O ANO DE NASCIMENTO DETERMINA A ESCOLHA DO ESTATUTO POSICIONAL EM


JOGADORES DE FUTEBOL NAS CATEGORIAS DE BASE?

Felipe Ruy Dambroz - NUPEF/UFV


João Vítor de Assis - NUPEF/UFV
Israel Teoldo da Costa - NUPEF/UFV
felipe.dambroz@hotmail.com

Resumo: O objetivo do presente estudo é identificar se há alguma prevalência de jogadores


em determinado estatuto posicional de acordo com sua faixa etária, comparando jogadores
nascidos no primeiro e segundo ano de sua categoria. Participaram do estudo 416
jogadores de futebol de clubes não federados do estado de Minas Gerais, Brasil, que foram
divididos nas categorias Sub – 13, Sub -15, e Sub – 17. Foram coletados, através de
questionários, o ano de nascimento e a posição dos jogadores de acordo com o estatuto
posicional (defensores, meias e atacantes). Os resultados não encontraram diferenças
significativas entre os jogadores nascidos no primeiro e no segundo ano para prevalência
em determinada posição em nenhuma das categorias. Conclui-se que apesar da diferença
de idade em jogadores de futebol em sua categoria, não há prevalência de atuação em
determinada posição entre os jogadores nascidos no primeiro e no segundo ano.
Palavras-chaves: Estatuto posicional; Futebol; Ano de Nascimento.

INTRODUÇÃO
No futebol, durante os processos de seleção e treinamento, os jogadores são
divididos em categorias de acordo com sua idade cronológica. Normalmente as categorias
são divididas em um intervalo de até dois anos de idade com a intenção de promover o
equilíbrio nas competições (MUSCH; GRONDIN, 2001; HELSEN; WINCKEL; WILLIAMS,
2005).
Essa divisão por faixa etária, entretanto, não leva em consideração aspectos
importantes como o nível de maturação do jogador, que pode influenciar o desempenho
dos mesmos no jogo. A diferença de idade pode provocar vantagens físicas, cognitivas e
psicológicas dos jogadores mais velhos em relação aos mais novos em uma mesma
categoria (COBLEY; ABRAHAM; BAKER, 2008; MUJIKA et al., 2009).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
981

No que se refere à seleção e organização de uma equipe para participação de


treinamentos e competições, os jogadores são distribuídos por posição de acordo com o
estatuto posicional, que é descrito como o conjunto de posições orientadas pelas funções
que os jogadores desempenham no campo de jogo: defensores, meias e atacantes (SILVA,
2011).
Como critério de distribuição entre posições, treinadores levam em consideração
características individuais dos jogadores, como o porte físico e o nível técnico. No estudo
de Malina e Eisenmann (2004) foi identificado que jogadores de futebol das categorias de
base possuem diferenças na estrutura física e composição corporal entre estatutos
posicionais distintos.
Dessa forma, a diferença de idade dentro da categoria, pode ser outro fator
determinante na distribuição das posições dos jogadores de futebol na base. O objetivo do
presente estudo é identificar se existe alguma prevalência de jogadores em determinado
estatuto posicional de acordo com sua faixa etária, comparando jogadores nascidos no
primeiro e segundo ano de sua categoria.

MÉTODOS
Amostra
Participaram do estudo 416 jogadores de futebol do sexo masculino de clubes não
federados do estado de Minas Gerais, Brasil, nas categorias: Sub-13 (n= 135), Sub-15 (n=
150) e Sub-17 (n= 131).

Procedimentos
Foram coletados através de um questionário, o ano de nascimento e a posição do
jogador: defensores (zagueiros e laterais); meias (defensivos e ofensivos); atacantes (pelos
lados e central). Foram excluídos do amostra os jogadores que ultrapassaram o limite da
idade de corte de sua categoria. Os grupos foram divididos de acordo com o estatuto
posicional e separados dentro de sua categoria em nascidos no “primeiro ano” e “segundo
ano”.

Análise Estatística

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
982

A análise estatística e comparação das frequências dos grupos “primeiro ano” e


“segundo ano” para cada estatuto posicional (defensores, meias e atacantes) foram feitas
através do uso do teste ᵡ2 (teste Q- quadrado). Os procedimentos estatísticos foram
realizados através do software SPSS 18.0 e o nível de significância adotado foi de p<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados, não apresentaram diferenças significativas entre os jogadores
nascidos no primeiro e no segundo ano, no que diz respeito à prevalência em alguma
posição no estatuto posicional em nenhuma das categorias como mostra a Tabela 1.

Estatuto
Categoria Primeiro ano Segundo ano p
Posicional
(n=218) (n= 198)
Defensores 22 17 0.423
Sub 13 Meias 29 22 0.327
Atacantes 24 21 0.655
Defensores 29 32 0.701
Sub 15 Meias 25 29 0.586
Atacantes 18 17 0.866
Defensores 29 23 0.405
Sub 17 Meias 23 25 0.773
Atacantes 19 12 0.209

Nível de significância adotado p<0,05

Tabela 1: Valores descritivos e inferenciais dos grupos "Primeiro Ano" e "Segundo Ano"
para o ano de nascimento dentro de sua categoria.

Em relação à idade dos jogadores, estudos realizados com quartil de nascimento não
encontraram diferenças na distribuição das posições dos jogadores em campo (RIBEIRO,
2009; DEL CAMPO et al., 2010). Assim, acredita-se que tanto o quartil como o ano de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
983

nascimento, não são fatores que determine as diferenças na escolha do estatuto posicional
de jogadores de futebol.
Deste modo, independentemente da idade dos jogadores, as suas posições de atuação são
determinadas pelas características individuais como o nível técnico e tático e não pelo ano
de nascimento. Outros fatores podem ser mais representativos e responsáveis por
estabelecer a escolha das posições, como o condicionamento físico, o nível de habilidade
e o modelo de jogo da equipe, que levará o jogador de futebol a atuar em uma posição
específica.

CONCLUSÃO
Conclui-se que apesar da diferença de idade em jogadores de futebol na mesma
categoria, não há a prevalência de atuação em alguma posição entre os jogadores nascidos
no primeiro ou no segundo ano. Desse modo, apesar da data de nascimento ser um aspecto
muito usado como critério de seleção de jogadores, esse fator não apresentou influência
na escolha da posição desempenhada pelos mesmos nas categorias analisadas.

AGRADECIMENTOS
Este trabalho teve o apoio da SEEJMG através da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, da
FAPEMIG, da CAPES, do CNPQ, da FUNARBE, da Reitoria, Pró-Reitoria de Pesquisa e
Pós-Graduação e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal
de Viçosa.

REFERÊNCIAS

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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
985

COMPARAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE APTIDÃO FÍSICA DE ATLETAS MASCULINOS


PRATICANTES DE ESPORTES INTERMITENTES

Karina Alves da Silva1 – UEL


Juliana Astolpho Lopes2- UEL
Neryano Ferraz Pazzeto3- UEL
Luíz Cláudio Reeberg Stanganelli 4- UEL
ka.alvessilva@hotmail.com

RESUMO: O objetivo desse estudo consiste em comparar o desempenho nos testes de


aptidão física entre as modalidades de basquete, handebol e futsal. A metodologia
constituiu de uma amostra com 38 atletas, sendo do futsal (n=15, 17,50±1,07 anos,
1,74±0,04 metros, 66,26±7,20 kg), basquete (n=9, 16,52±1,05 anos, 1,86±0,05 metros,
77,80±7,81 kg) e handebol (n=12, 16,13±0,98 anos, 1,82±0,08 metros, 77,48±11,80 kg) do
sexo masculino. Para a análise estatística foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk, Anova one-
way e post- hoc de Duncan. Aplicou–se o teste não paramétrico de Kruskal - Wallis para
análise da velocidade. Houve associação expressiva entre o teste do arremesso e o salto
livre. Observou- se que o VO2 máx, o arremesso de medicine ball e o salto livre sofrem
influência da especificidade dos movimentos do treinamento no desempenho; a
especificidade dos membros superiores (basquete e handebol), não apresentou diferenças
significativas no teste de arremesso em comparação ao futsal. Em relação ao salto livre,
houve diferença significativa do basquete em relação às demais modalidades.

Palavras-chave: Aptidão física, avaliação, desempenho.

INTRODUÇÃO: O futsal assim como o basquete e o handebol se assemelham por serem


esportes coletivos de invasão (LEITE, 2014). As características de marcação, ataque,
contra– ataque e as necessidades de saltos, velocidade e sprints dessas modalidades os
qualificam como esportes intermitentes. (BANGSBO, et al., 2008).
De acordo com Sánchez et al., (2005), as ações intermitentes são específicas de esportes
acíclicos, intercalando estágios de exercícios em variadas intensidades com intervalos de
recuperação ativa.

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986

Conforme aponta Nunes (2004), na prática das modalidades acíclicas, a habilidade de


alternar a direção do deslocamento em velocidade constitui uma característica importante
aos atletas. Lopes (2005) afirma que os momentos decisivos nesses esportes se
caracterizam por ações rápidas, sendo, portanto, a velocidade uma capacidade física
determinante.
A análise do VO2 máx em esportes intermitentes se faz de grande importância, pois atletas
que possuem um maior consumo de oxigênio apresentam melhor recuperação em
exercícios intervalados. Além disso, esse tipo de exercício é capaz de elevar os índices de
VO2 máx ao longo do período de treinamento. (TOMLIN E WENGER, 2001).
Para Stockbrugger e Haennel (2001), a análise da potência de membros superiores é muito
importante na avaliação de esportes como o basquete e o handebol dado às
especificidades de movimentos dessas modalidades. Já Romano (2001) afirma que devido
às características do futsal, a potência dos membros inferiores deve obter maior destaque,
devendo ser avaliada para que se possa monitorar o desempenho dos atletas.
O objetivo do presente estudo consiste em comparar o desempenho nos testes de
velocidade, VO2 máx, potência de membros superiores e inferiores entre as modalidades
de basquete, handebol e futsal.

METODOLOGIA: A amostra constitui de 38 atletas, sendo do futsal (n=15, 17,50±1,07


anos, 1,74±0,04 anos e 66,26±7,20 kg), basquete (n=9, 16,52±1,05 anos, 1,86±0,05 metros
e 77,80±7,81 kg) e handebol (n=12, 16,13±0,98 anos, 1,82±0,08 metros e 77,48±11,80 kg)
todos do sexo masculino, selecionados entre as equipes da cidade de Londrina, que
participaram dos jogos da Juventude 2008 e 2011.
Os atletas foram submetidos a um protocolo para determinar o VO 2 máximo. Esse protocolo
foi realizado em uma esteira da marca Imbramed. O consumo máximo de oxigênio foi
mensurado de forma direta com a utilização de um analisador de gases K4 b² da Cosmed.
O protocolo consistiu em um aquecimento de 3 minutos e aumento gradual de inclinação
1% e de velocidade 7km /h (com aumento de velocidade a cada minuto) a cada estágio,
(com duração de 1 minuto cada).
O teste de velocidade (T20) foi realizado na distância de 20 metros, com a utilização de
células fotoelétricas colocadas em 3 pontos do percurso; uma no ponto inicial, outra a 10
metros e a terceira localizada no ponto final à uma distância de 20 metros. Os tempos e

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987

velocidades eram registrados e enviados para um software imediatamente a passagem


pelas células fotoelétricas.
Para a análise de potência de membros inferiores foi aplicado o teste de salto livre (LIVRE)
a partir de um movimento para baixo e um salto para cima, porém com os braços livres
auxiliando o movimento de salto.
O teste de arremesso do protocolo de Matsudo (1987), no qual o avaliado fica sentado em
uma cadeira, preso por um cinto (estabilização do tronco), e realiza o arremesso pra frente
de uma medicine ball de 3kg a maior distância possível.
Todos os responsáveis pelos atletas assinaram um termo de consentimento que explicava
os procedimentos que seriam realizados durante a coleta dos dados. Os procedimentos
foram submetidos à avaliação do Comitê de Ética da Universidade Estadual de Londrina e
aprovados de acordo com o Parecer 068/07.
Para a análise estatística foi utilizada o teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade
dos dados. Após a verificação da normalidade, optou-se pelo uso do teste paramétrico
Anova one-way para análise das relações entre a modalidades e os testes de VO2máx, livre
e arremesso com posterior análise da diferenças encontradas com o Post Hoc de Duncan.
Para o teste de velocidade foi utilizado o teste não-paramétrico de Kruskal- Wallis. O nível
de significância adotado foi de p<0,05.

RESULTADOS: A tabela (1) abaixo apresenta os valores de média e desvio padrão para
Idade (anos), estatura (cm), peso (kg) e VO2 máx (ml/min/kg).

Tabela 1 - Média e desvio padrão da característica antropométrica da amostra total


e separada por modalidade
n Idade Estatura Peso Corporal
GERAL 36 16,80 (±1,18) 1,79 (±0,07) 72,88 (±10,52)
BASQUETEBOL 9 16,52 (±1,05) 1,86 (±0,05) 77,80 (±7,81)
HANDEBOL 12 16,13 (±0,98) 1,82 (±0,08) 77,48 (±11,80)
FUTSAL
15 17,50 (±1,07) 1,74 (±0,04) 66,26 (±7,20)
Fonte: Dados da pesquisa

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988

Tabela 2: Valores de média e desvio padrão, mediana e intervalo interquartil dos resultados
dos testes de T20, Vo2 máx, Livre e arremesso entre as modalidades
HANDEBOL BASQUETEBOL FUTSAL
Media Mediana e Media e Mediana Media e Mediana
Variáveis p
e D.P. I.I. D.P. e I.I. D.P. e I.I
1,69 1,80 1,89 1,80 1,74 1,74
0,468
T20 (0,10) (1,71 - 1,93) (0,61) (1,67 - 1,82) (0,73) (1,72 - 1,80)
39,41 38,61 48,15 50,96 47,28 49,21
VO2 máx 0,816
(10,28) (30,75 – 44,16) (8,32) (40,27 – 55,07) (8,32) (39,57 – 52,40)
42,3 41,60 50 50,50 41,3 41,50
LIVRE 1,000
(7,44)c (36,80 - 49,85) (5,09)a (45,25 - 54,50) (4,91)b (39,30 - 45,60)
8,64 8,44 9,42 9,21 8,12 8,40
ARR. 0,071
(0,99) (7,79 - 9,45) (1,32)a (8,41 - 10,28) (0,79)b (7,38 - 8,60)
Fonte: dados da pesquisa

Ao avaliar o variável arremesso, observou- se que a modalidade basquetebol apresentou


escore superior ao futsal (p = 0,12). Quanto à variável salto livre, a modalidade basquetebol
apresentou escores superiores às modalidades Handebol (p= 0,015) e Futsal (p=0,008).

Tabela 4 - Relação entre os testes motores e as


modalidades
P
T20m 0,448
VO2máx 0,045*
Livre 0,006*
Arremesso 0,016*
** nível de significância p<0,001; * nível de significância p<0,05

De acordo com a tabela 4 verificou-se que houve associação significativa somente entre os
testes de VO2 máx, Livre e Arremesso (p<0,05), ou seja, eles sofrem influência da
modalidade em seus resultados.
No presente estudo, os dados demonstraram diferença significativa quanto à variável
arremesso encontrada na comparação entre as modalidades de basquete e futsal, que, de
acordo com Gonçalves et al., (2009), se deve à diferente especificidade de gestos motores

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
989

entre essas modalidades, podendo obter melhores resultados nos testes físicos
dependendo das características do esporte praticado.
Foi verificado que a potência média de membros inferiores obtidas a partir do salto livre se
mostrou superior na modalidade basquete e inferior na modalidade futsal, justificando - se
a hipótese inicial de que os atletas de basquete apresentariam um desempenho mais eficaz
no salto livre em decorrência da exigência desta habilidade em número de saltos e em
intensidade.
Segundo Rocha, Ugrinowitsch e Barbanti (2005), em um jogo de basquete, os atletas
executam em média 65 saltos. Já no futsal não foram encontrados na literatura dados em
números de saltos realizados em média por jogadores, por não ser uma característica da
modalidade. (SANTOS 1995, apud REZENDE, 2010).
Na comparação da potência de membros inferiores no salto livre entre as modalidades de
basquete e handebol, a primeira se mostrou relativamente com escore superior. Tal
resultado pode ter sido obtido devido à influência de vários fatores, tais como: padrão de
movimentos e a especificidade do treinamento, resultando em diferentes alturas de saltos,
conforme apontado por Araujo et al. (2013). De acordo com Cesare (2000), no basquete, a
capacidade de realizar saltos é muito importante no treinamento físico. O aprimoramento
dessa capacidade possibilita um melhor desempenho no arremesso, rebote, bandeja e
bloqueio. (MORAES, 2003).
A associação significativa apresentada na tabela 4, entre os testes Livre, Arremesso e VO2
máx, a partir da influência da modalidade praticada pode ser confirmada nos estudos
realizados por Silva, Petroski e Gaya (2013), onde encontraram diferenças no VO 2 máx
entre atletas de handebol, basquetebol e vôlei.

CONCLUSÃO: A especificidade dos membros superiores (basquete e handebol), não


apresentou diferenças significativas no teste de arremesso em comparação ao futsal. Em
relação ao salto livre, observa – se que houve diferença significativa do basquete em
relação às demais modalidades.
Com relação aos testes motores e as modalidades, observou- se que o VO2 máx, o
arremesso de medicine-ball e o salto Livre sofrem influência da especificidade dos
movimentos do treinamento no nível de desempenho. Isto indica que cada capacidade
física deve ser treinada o mais próximo possível da sua modalidade, porém não deve ser

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
990

ignorado o fato que ao melhorar todas as capacidades (potência, velocidade, resistência)


há benefícios no desempenho geral dos atletas.

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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
992

DIFERENÇA NA EFICIÊNCA DO COMPORTAMENTO TÁTICO ENTRE JOGADORES


DE FUTEBOL DAS CATEGORIAS SUB-11 E SUB-13
Pablo Vecchi/ NUPEF-UFV
Israel Teoldo/ NUPEF-UFV
Mariana Lopes/ NUPEF-UFV
pablo_movec@yahoo.com.br

RESUMO: O objetivo deste estudo foi verificar se há diferenças na eficiência do


comportamento tático entre jogadores de futebol das categorias Sub-11 e Sub-13 de
categorias de base. A amostra do estudo foi composta por 2.153 ações táticas realizadas
por 32 jogadores de Futebol, distribuídos nas categorias Sub-11 (n=16) e Sub-13 (n=16).
Para a coleta e análise de dados, foi utilizado o Sistema de Avaliação Tática no Futebol
(FUT-SAT), que permite a avaliação da eficiência do comportamento tático dos jogadores
com base nos dez princípios táticos fundamentais do jogo de Futebol. Os resultados
demonstram diferenças significativas (p<0,05) no princípio ofensivo da “Mobilidade” e no
defensivo do “Equilíbrio”, nos quais a categoria Sub-13 foram mais eficientes. Conclui-se
que existe diferenças na eficiência do comportamento tático entre os jogadores de Futebol
das categorias Sub-11 e Sub-13.

Palavras Chaves: Futebol, Comportamento Tático, Categorias de base

INTRODUÇÃO:
No futebol a componente tática é considerada como requisito essencial para a
excelência do desempenho esportivo (MCPHERSON, 1994). A tática é definida como a
gestão do espaço de jogo, e esta gestão refere-se às ações de movimentação dos
jogadores e o seu respectivo posicionamento no campo (TEOLDO; GARGANTA;
GUILHERME, in press). Padrões de ações táticas são definidos como comportamento
tático, que podem ser identificados a partir da execução dos princípios táticos fundamentais
adequados ao momento do jogo (TEOLDO et al., 2011).
Dentre as variáveis do comportamento tático, encontra-se a eficiência do
comportamento que está diretamente relacionada à qualidade das execuções das ações
táticas dos jogadores diante das diversas situações do jogo (MESQUITA, 1998). Neste
sentido, através da análise das ações táticas é possível verificar a forma como os jogadores

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
993

tendem a se comportar durante o jogo, e consequentemente, fornecer informações


relevantes para os treinadores na sistematização de uma pratica qualificada, a fim de
contribuir com desenvolvimento tático dos jogadores.
No entanto, a eficiência destes comportamentos pode ser diferente no que diz
respeito à categoria dos jogadores, uma que vez que os conteúdos abordados durante o
processo de ensino-aprendizagem-treinamento devem ser ajustados de acordo com a
idade e fase de aprendizagem dos envolvidos no processo de formação (GRECO; BENDA,
1998). Assim, o objetivo do estudo foi verificar se há diferenças na eficiência do
comportamento tático entre jogadores de futebol das categorias Sub-11 e Sub-13.

MÉTODOS:
Amostra
A amostra deste estudo foi composta por 2.153 ações táticas, realizadas por 32
jogadores de futebol de um clube de Minas Gerais, filiado a Federação Mineira, distribuídos
igualmente em Sub-11 (n=16) e Sub-13 (n=16). Como critério de inclusão da amostra, os
jogadores deveriam participar de no mínimo três sessões semanais de treino de futebol
com duração de 90 minutos. O presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética em
Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (CEPH) e aprovado
por meio do parecer nº 430.614.
Instrumento e Procedimentos de coleta de dados
O instrumento utilizado para analisar a eficiência do comportamento tático foi o
Sistema de Avaliação Tática no Futebol “FUT-SAT” (TEOLDO et al., 2011), que permite
avaliar as ações táticas realizadas pelos jogadores, com e sem a posse de bola, baseado
nos dez princípios táticos fundamentais do jogo de futebol. O teste de campo do FUT-SAT
foi aplicado em um espaço de 36 metros de comprimento por 27 metros de largura, com a
configuração “GR+3 x 3+GR” (goleiro + 3 jogadores x 3 jogadores + goleiro), durante quatro
minutos de jogo.
Para o tratamento das imagens e análise dos jogos foi utilizado o software Soccer
Analyser®. Este software possibilita a inserção das referências espaciais do teste no vídeo
e viabiliza a avaliação fidedigna das ações táticas baseando-se nas movimentações e
posicionamento dos jogadores no campo de jogo. Foi solicitado durante o teste, que os
jogadores jogassem de acordo com as regras oficiais do jogo, exceto a do impedimento.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
994

Procedimentos Estatísticos
Foi realizada análise descritiva de média e desvio padrão dos dados. Para verificar
a normalidade de distribuição dos dados foi aplicado o teste Shapiro-Wilk. Para comparar
as médias do percentual de acerto na realização dos princípios táticos foi utilizado o teste
Mann-Whitney. O nível de significância considerado foi de p<0,05. As análises estatísticas
dos dados foram realizadas com a utilização do software SPSS (Statistical Package for
Social Science) para Windows®, versão 20.0.
A fiabilidade das observações foi verificada por meio do método teste-reteste. Foi
respeitado o prazo de três semanas entre as avaliações, para evitar problemas de
familiaridade com a tarefa (ROBINSON; O'DONOGHUE, 2007). O cálculo da fiabilidade foi
realizado com a utilização do teste Kappa de Cohen. Foram reavaliadas 323 ações táticas,
que representaram 15% do total das ações táticas realizadas pelos jogadores que
compuseram a amostra, sendo superior ao valor de referência (10%) apontado pela
literatura (TABACHNICK; FIDELL, 2007). O procedimento foi realizado por dois avaliadores
treinados. Os valores apresentados no reteste (fiabilidade intra-avaliadores) ficaram entre
0,811 (ep=0,054) e 1,000 (ep=0,006). Os valores do reteste (fiabilidade inter-avaliadores)
ficaram entre 0,831 (ep=0,035) e 0,992 (ep=0,007).

RESULTADOS:
A Tabela 1 apresenta valores de média, desvio padrão e significância do percentual
de acerto das categorias Sub-11 e Sub-13. Foram observadas diferenças significativas
entre as categorias nos princípios táticos que ocorrem distante do portador bola como o da
“Mobilidade” e do “Equilíbrio”.
Tabela 1: Valores de médias, desvio-padrão e nível de significância do percentual de acerto dos
princípios táticos fundamentais do jogo de futebol das categorias Sub-11 e Sub-13.

Percentual de Acerto Sub-11 Sub-13 P


Ofensivo
Penetração 72,08 ± 31,07 76,45 ± 21,23 0,950
Cobertura Ofensiva 91,32 ± 15,72 98,48 ± 4,22 0,091
Espaço 93,84 ± 11,55 99,00 ± 2,94 0,151
Mobilidade* 33,81 ± 43,10 84,37 ± 35,20 0,002
Unidade Ofensiva 93,63 ± 13,26 99,43 ± 2,27 0,063
Defensivo
Contenção 71,29 ± 24,86 76,00 ± 18,99 0,939

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
995

Cobertura Defensiva 73,28 ± 33,45 74,27 ± 38,93 0,952


Equilíbrio* 63,17 ± 33,63 83,10 ± 23,76 0,043
Concentração 95,32 ± 9,70 81,04 ± 29,73 0,223
Unidade Defensiva 76,10 ± 21,97 88,13 ± 13,79 0,062
*Diferenças estatísticas significativas

Os resultados indicam que os jogadores da categoria Sub-13 apresentaram-se mais


eficientes em movimentações atrás da ultima linha defensiva adversária, o que os permite
criar linhas de passe em largura e profundidade, gerando desequilíbrio defensivo no
adversário. Assim como, na fase defensiva, a partir da disposição equilibrada dos jogadores
de defesa entre a bola e a baliza, abrangendo a cobertura de espaços e marcações dos
jogadores sem posse de bola.
Estes resultados sugerem que os jogadores da categoria Sub-13 em ambas as fases
do jogo se organizam de forma mais eficiente em relação às ações táticas que ocorrem fora
do centro de jogo. Tais informações nos permite inferir que os jogadores desta categoria
compreendem a importância de que preencher os espaços vazios afastados do centro de
jogo, pode ser uma forma eficiente de construir ações ofensivas e defensivas em virtude da
complexidade dos constrangimentos que ocorrem próximos ao portador da bola (TEOLDO
et al., 2009; CLEMENTE et al., 2014).
Dessa forma, possivelmente os resultados deste estudo estão associados à fase de
desenvolvimento cognitivo dos jogadores desta categoria em relação aos da Sub-11, tendo
em vista que para a execução eficiente dos princípios fundamentais do jogo de futebol é
necessário o pensamento abstrato e testagem de hipóteses para a ocupação consciente
dos espaços(MACHADO; GONÇALVES; TEOLDO, 2013).
Portanto, os resultados encontrados possibilitam aos treinadores informações
relevantes para direcionarem os treinamentos em função do estágio cognitivo em que os
jogadores de cada categoria se encontram, incluindo como conteúdo os princípios táticos
gerais e operacionais para as categorias que antecedem a Sub-13, no intuito de
desenvolver as capacidades táticas menos complexas e necessárias para o avanço dos
jogadores na modalidade. A partir do sub-13, os conteúdos podem englobar os princípios
táticos fundamentais.

CONCLUSÃO

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
996

Conclui-se que os jogadores da categoria Sub-13 apresentam melhor eficiência do


comportamento tático em relação aos da categoria sub-11, no que diz respeito à execução
de ações ofensivas e defensivas distantes do portador da bola.
Novos estudos podem investigar se a eficiência do comportamento tático aumenta
na medida em que as categorias vão avançando.

AGRADECIMENTOS: Este trabalho teve o apoio da SETES através da Lei Estadual de


Incentivo ao Esporte, da FAPEMIG, da CAPES, do CNPQ, da FUNARBE, da Reitoria, Pró-
Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Federal de Viçosa.

REFERÊNCIAS

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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
998

MULHERES NO FUTSAL: MOTIVOS QUE LEVAM À PRÁTICA

Marinês Matter de Souza\UFRGS

Caio Corrêa Cortela\UFRGS

Roberto Tierling Klering\UFRGS

Carlos Adelar Abaide Balbinotti\UFRGS

Miriam Stock Palma/UFRGS

mariesef@gmail.com

RESUMO

A visibilidade da mulher no esporte foi sendo modificada ao longo do tempo e, com isso,
aos poucos, o público feminino vêm realizando diferentes práticas corporais, dentre elas o
futsal. A literatura aponta diferentes motivos pelos quais elas se engajam nessa modalidade
esportiva. Sendo assim, esta pesquisa teve como objetivo identificar os motivos que levam
as participantes de uma equipe feminina amadora de futsal a praticar esse esporte. Para
esse fim, foram entrevistadas 10 praticantes de futsal com diferentes faixas etárias,
participantes de uma equipe amadora do município de Cachoeirinha/RS. A pesquisa, de
cunho qualitativo, teve como instrumento para coleta das informações uma entrevista
semiestruturada. Os resultados indicaram que os motivos mais mencionados pelas
participantes foram: gostar da prática, seguido por realizar uma atividade física, divertir-se,
reencontrar os amigos, aliviar o estresse e, por último, manter a saúde.

Palavras-chave: Futsal Feminino; Motivação.

INTRODUÇÃO: O presente estudo aborda os motivos que levam à prática regular do futsal
amador feminino. A motivação na prática esportiva vem sendo amplamente estudada
(ROSOLEN, 2006; JUCHEM et al., 2007; BALBINOTTI; SALDANHA; BALBINOTTI, 2009;
SOARES et al., 2010; FONTANA et al., 2013; CECHIN et al., 2014; BALBINOTTI et al.,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
999

2015) no intuito de identificar e compreender quais as razões que levam à prática esportiva
regular.

Assim, conforme se observa o crescimento da prática do futsal entre o público feminino


(SILVEIRA; WENETZ, 2009), percebe-se, também, a necessidade de compreender o que
motiva a sua prática.

Neste contexto, o objetivo deste trabalho é identificar quais são os motivos que levam as
integrantes de uma equipe amadora de futsal feminino do município de Cachoeirinha/RS,
a praticar regularmente o futsal.

MÉTODO: O presente estudo caracteriza-se como um estudo de caso, de cunho qualitativo.


De acordo com Negrine (2004), esse tipo de pesquisa não se preocupa em generalizar e/ou
quantificar os resultados encontrados.

O instrumento utilizado para a coleta das informações foi uma entrevista semiestruturada.
As entrevistas foram gravadas e, posteriormente, transcritas para análise.

Fizeram parte do estudo 10 praticantes de futsal feminino com diferentes faixas etárias, de
uma equipe de futsal amadora do município de Cachoeirinha/RS.

A técnica escolhida para a análise das informações foi a análise de conteúdo.

Para Bardin (2011), a análise de conteúdo visa o conhecimento de variáveis, podendo ser
de ordem psicológica, sociológica, entre outras. Utiliza mecanismos de dedução por meio
de indicadores reconstruídos a partir de uma amostra de mensagens particulares.

Os nomes das participantes foram mantidos em sigilo e, para identificá-las/diferenciá-las foi


usada a letra inicial de seus nomes.

Este estudo foi aprovado pelo Comite de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul sob o número do protocolo 21679.

RESULTADOS: Após analisadas as entrevistas, verificou-se que as participantes se


mantêm jogando o futsal por diferentes motivos. Esses motivos são pautados em questões
físicas (saúde e estética), psicológicas (controle do estresse e prazer) e sociais (relação
interpessoal).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1000

Em relação às questões físicas, podemos observar as falas: “É, sem dúvida nenhuma, o
condicionamento físico” (M), “Primeiro, para fazer alguma atividade física...” (S). Outras já
mencionaram questões psicológicas: “Sei lá, eu esqueço um pouco os problemas” (B), “Mas
é, sem dúvida nenhuma, a minha terapia... (M), “O meu prazer de estar ali praticando o
esporte é tão grande...” (V2). Ainda outras citaram algumas questões sociais: “Estar em
contato com outras pessoas...” (S), “Reencontrar os amigos” (R).

Esses resultados vão ao encontro do nosso referencial teórico. Bozoiam et al. apud Gouvea
(1997) afirmam que a participação regular em uma atividade física se dá quando há
benefícios fisiológicos, psicológicos e sociológicos. Benefícios esses, como redução de
peso, controle de doenças, diminuição da ansiedade e intensificação do bem-estar, ou seja,
o indivíduo participa, mas com o objetivo de garantir benefícios a sua saúde física e
psíquica.

Em outro estudo, Soares et al. (2010) verificou que, para as atletas, a forma física foi a
tendência mais elevada, seguido de diversão, energia liberada e, por fim, fazer parte de
uma equipe. Já no estudo de Paim (2001), as atletas do sexo feminino supervalorizaram a
categoria saúde, seguida por amizade/lazer, ficando a competência desportiva em menor
preferência.

Os achados do nosso estudo foram, em grande parte, concordantes com os demais citados.
Os motivos mais mencionados foram: gostar da prática, seguido por realizar uma atividade
física, divertir-se, reencontrar os amigos, aliviar o estresse e, por último, manter a saúde.
CONCLUSÃO: A motivação é uma ferramenta que estimula o indivíduo a se manter em
uma determinada prática corporal e pode influenciar a permanência e a intensidade do
praticante. Nesta perspectiva, esta pesquisa procurou verificar quais os motivos que levam
as participantes de uma equipe amadora feminina de futsal a praticar esse esporte.

Assim, as participantes realizam esse esporte por mais de uma razão, mas percebe-se que
o prazer gerado por essa prática é muito grande, uma vez que o motivo mais destacado foi
gostar da prática.
Sugerimos mais estudos no âmbito do futsal feminino, especialmente com jogadoras
amadoras, visto que há poucos trabalhos nesta área.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1001

REFERÊNCIAS

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BALBINOTTI, M. A. A.; GONÇALVES, G. H. T.; KLERING, R. T.;

WIETHAEUPER, D.; BALBINOTTI, C. A. A. Perfis motivacionais de corredores de rua com


diferentes tempos de prática. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 37, p. 65-73,
2015.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

CECHIN, F. M.; EVANGELISTA, P. H. M.; SALDANHA, R. P.; BALBINOTTI, M. A. A.;


KLERING, R. T.; BARBOSA, M. L. L.; BALBINOTTI, C. A. A. Motivação competitiva de
"squashistas" juvenis federados. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 28,
p. 469-480, 2014.

FONTANA, P. S.; BARBOSA, M. L. L.; BALBINOTTI, M. A. A.; BALBINOTTI, C. A. A.


Estudo das motivações à prática da ginástica rítmica: contribuições da pesquisa para o
rendimento desportivo. Pensar a Prática, v. 16, p. 387-400, 2013.
JUCHEM, L.; BALBINOTTI, C. A. A.; BALBINOTTI, M. A. A.; BARBOSA, M. L. L.;
SALDANHA, R. P. (2007). A motivação para a prática regular de atividades físicas: um
estudo descritivo-exploratório com tenistas do sexo masculino de 13 a 16 anos.
Coleção Pesquisa em Educação Física, 6(2), 19-24. 2007.
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PAIM, M. C. Motivos que levam adolescentes a praticar o futebol. Revista Digital, Buenos
Aires, Año 7, n.43, Dez. 2001.

SILVEIRA, R.; WENETZ, I. Mulheres praticantes de futsal torcem? Pra quem? Lecturas
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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SOARES, D; OLIVEIRA. CRUZ, R; CARNEIRO A. Motivação para o futsal em atletas


participantes dos Jogos do Interior de Minas – JIMI. Revista Digital, Buenos Aires, Año
15, n. 148, Set. 2010.

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1003

PROBABILIDADE DE VITÓRIA NOTÊNIS DE CAMPO EM FUNÇÃO DA ANÁLISE DE


DUAS AÇÕES TÉCNICAS

João Guilherme Cren Chiminazzo / FEF – UNICAMP


Júlia Barreira / FEF – UNICAMP
Paula Teixeira Fernandes / FEF – UNICAMP
chiminazzo@hotmail.com

RESUMO
O objetivo desse estudo foi calcular a probabilidade conjunta de vitória em um set no tênis
de campo, em função da quantidade de erros não forçados (ENF) e pontos vencedores
(PV) realizados.Foram analisados 458 sets da categoria simples masculina do Australian
Open (2015), dos quais foram coletadas as seguintes variáveis: resultado final, quantidade
de ENF e PV realizados. Para calcular a probabilidade conjunta de vitória em função das
quantidades de ENF e PV realizados, foi utilizada a regressão logística binomial. As
análises foram realizadas no pacote estatístico SPSS 20.A probabilidade de vencer um set
é aumentada ou diminuída na medida em que os ENF e PV são realizados ao longo do
set.Vemos que quanto maior a diferença entre PV e ENF realizados (PV-ENF), maior a
probabilidade de o jogador vencer o set.Conclui-se que é importante direcionar os
treinamentos no sentido de maximizar os PV e minimizar os ENF durante uma partida de
tênise utilizar essas informaçõesno planejamento estratégico de uma partida.

Palavras-Chave: tênis, probabilidade, modelo de jogo.

INTRODUÇÃO
Os erros não forçados (ENF) e os pontos vencedores (PV) são ações técnicas presentes
nas partidas de tênisde campo e exercem uma forte influência sobre o resultado do jogo.
Sabe-se que jogadores que vencem a partida realizam significativamente mais PV do que
os que perdeme, em contrapartida, os jogadores que perdem realizam mais ENF do que os
vencedores (KATIC et al., 2011; MARTÍNEZ GALLEGOet al., 2013).Estudos sobre a
influência das ações técnicas do tênis na probabilidade de vencer um set investigaram,
predominantemente, a influência dos pontos ganhos no primeiro ou segundo serviço

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1004

(MAGNUSS e KLAASSEN, 1999; BARNETT e CLARKE, 2005). Entretanto, é desconhecida


a influência da quantidade de ENF e PV realizados na probabilidade de vencerumset.
Portanto, o objetivo desse estudo foi calcular a probabilidade conjunta de vitória em um set
no tênis de campo em função da quantidade de ENF e PV realizados.

MÉTODO: Todos os dados foram coletados no site oficial do torneio Australian Opende
2015. As informações extraídas de cada set foram: resultado final, quantidade de ENF e
PV realizados. Ao todo, foram analisados 458 sets de jogos simples masculinos, ao longo
de todas as fases do campeonato. Para calcular a probabilidade conjunta de vitória em
função das quantidades de ENF e PV realizados foi utilizada a regressão logística binomial.
As análises foram realizadas no pacote estatístico SPSS 20.

RESULTADOS
A Tabela 1 apresenta a probabilidade de vencer um set no tênis em função da quantidade
de ENF e PV realizados.

ENF PV Probabilidade de vitória


0 22 99%
1 21 98%
2 20 97%
3 19 96%
4 18 94%
5 17 91%
6 16 87%
7 15 82%
8 14 75%
9 13 67%
10 12 58%
11 11 49%
12 10 39%
13 9 30%
14 8 23%
15 7 16%
16 6 12%
17 5 8%
18 4 6%
19 3 4%

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1005

20 2 3%
21 1 2%
22 0 1%
Tabela 1. Probabilidade conjunta de vitória em um set de tênis em função da quantidade
de ENF e PV realizados.

A tabela mostra que a probabilidade de vencer um set é aumentada ou diminuída na medida


em que os ENF e PV são realizados ao longo dojogo.Vemos que quanto maior a diferença
entre PV e ENF realizados (PV-ENF) maior a probabilidade de o jogador vencer o set. Já
quanto maior a diferença ENF e PV, maior a probabilidade do jogador perder. Nevilet al.
(2010)apresentaram diferentes métodos estatísticos para as análisesde desempenho
esportivo e sugeriram o uso da regressão logística para o cálculo das probabilidades de
vitória em diferentes modalidades esportivas. No presente estudo, vemos a utilidade desse
método estatístico no cálculo da probabilidade de vitória no tênis de campo em função das
ações técnicas de ENF e PV. Novos estudos com o mesmo método podem ser realizados
para investigar a influência de outras ações técnicas na probabilidade de vitória dessa
modalidade.

CONCLUSÃO
A partir dos resultados apresentados nesse estudo, reforça-se a importância de direcionar
os treinamentos no sentido de maximizar os PV e minimizar os ENF durante uma partida
de tênis. As probabilidades fornecidas nesse trabalho podem ser facilmente utilizadas no
planejamento estratégico de uma partida, fornecendo dados concretos que poderão
aumentar potencialmente as chances do atleta conquistar a vitória.

REFERÊNCIAS
BARNETT, Tristan; CLARKE, Stephen R. Combining player
statisticstopredictoutcomesoftennis matches. IMA Journalof Management Mathematics,
v. 16, n. 2, p. 113-120, 2005.
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1007

RELAÇÕES INTERPESSOAIS ANGULARES COMO CONSTRANGIMENTOS DA


TOMADA DE DECISÃO NA GRANDE ÁREA NO FUTEBOL

Fabian Alberto Romero Clavijo – EEFE/USP


Thiago Oliveira Souza
Silvia Teixeira de Pinho
Umberto César Corrêa EEFE/USP
fromero@usp.br
RESUMO

O presente estudo investigou as relações interpessoais angulares como restrições


na tomada de decisão dentro da grande área no futebol de campo. Foram filmados 12 jogos
de futebol de um campeonato amador na Colômbia. Participaram no estudo 150 jogadores
do sexo masculino, com idade entre 17 e 38 anos, e experiência de prática neste esporte
de, no mínimo, 7 anos. As imagens capturadas foram analisadas através do software
TACTO, as variáveis espaço-temporais consideradas para análise foram o ângulo de chute
(Vetores ligando o portador da bola com dois componentes do jogo que geram a maior
lacuna no gol) inicial e final, a velocidade e variabilidade dessa medida entre os dois
momentos. Essas variáveis foram analisadas em relação às situações de chute, passe e
drible. Os resultados revelaram que a escolha pelo chute foi realizada quando os valores
angulares inicial e final foram superiores em relação às situações de drible e passe.
Concluiu-se que a escolha pelo chute é influenciada pela interação espacial angular entre
os jogadores, a grande área e o gol.

Palavras-chave: tomada de decisão, futebol, chute.

INTRODUÇÃO

A tomada de decisão é considerada um aspecto importante para o sucesso da


execução de habilidades motoras abertas, como no caso dos esportes coletivos. Nesses
contextos, a tomada de decisão pode ser definida como a escolha de uma determinada
ação de entre várias possibilidades. Recentemente, vários estudos têm sido realizados em

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1008

uma escala ecológica de análise, ou seja, considerando as decisões nos contextos em que
elas ocorrem (Araújo, Davids, & Hristovski, 2006). Assume-se nesta perspectiva que as
decisões são tomadas com base na percepção daquilo que o ambiente de jogo possibilita
que se faça, sendo que as possibilidades emergem das interações entre variáveis físicas
que constituem o sistema de jogo.
Tomando por base a perspectiva da dinâmica ecológica, ampla gama de estudos
tem sido realizada em esportes de invasão como, basquetebol (Esteves, de Oliveira, &
Araújo, 2011), rúgbi ( Passos et al., 2012) e futsal (Corrêa et al., 2012, 2014). Os resultados
desses estudos têm mostrado que as relações espaço-temporais entre jogadores e entre
esses e aspectos do campo de jogo atuam como constrangimentos sobre a tomada de
decisão das ações a serem realizadas. Uma característica em comum nesses estudos é o
foco na análise da tomada de decisão em locais específicos do campo, principalmente em
lugares mais próximos onde acontecem as finalizações nas respectivas modalidades.
Apesar do número crescente de evidências, no futebol o número ainda é limitado. Nesta
modalidade, alguns estudos analisaram a tomada de decisão utilizando campos de jogo e
número de jogadores reduzidos. No entanto, não existem na literatura, estudos analisando
a tomada de decisão em situações de jogo 11 vs 11.
Em virtude dessas considerações, este estudo tem como objetivo investigar relações
espaço-temporais angulares como constrangimentos da tomada de decisão dentro da
grande área no futebol.

MÉTODO

O estudo foi realizado com 150 jogadores de futebol do sexo masculino, com idades
compreendidas entre os 17 e os 38 anos, e experiência de prática neste esporte de, no
mínimo, 7 anos. Todos os jogadores participaram do campeonato “Hexagonal del Olaya -
55º edição”, realizado na cidade de Bogotá- Colômbia em 2015. A coleta dos dados foi
autorizada pela comissão organizadora do evento. O presente estudo foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de
São Paulo.
A captura dos vídeos foi realizada em 12 jogos, com duração de 90 minutos cada,
por meio de duas câmeras digitais fixas, localizadas nas arquibancadas lateralmente ao

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1009

campo de futebol e às grandes áreas. Particularmente, foram capturados os deslocamentos


de todos os jogadores e suas respectivas ações dentro das duas grandes áreas. Das
sequências de jogo filmadas, foram selecionadas as jogadas em que foi executado o chute
(71), o passe (26), e o drible (30) dentro da grande área.
As imagens coletadas, foram digitalizadas no software TACTO (Fernandes et al.,
2010). A digitalização consistiu em seguir com o mouse o ponto entre os dois apoios (pés)
de cada jogador, na imagem do vídeo em câmera lenta (frequência= 2HZ), a partir do
momento em que o jogador toma posse da bola (inicial) e no momento em que ele realiza
uma ação (final). O software utilizado permitiu obter coordenadas x e y das posições de
cada jogador dentro da grande área.
Para examinar a influência das relações espaço-temporais na escolha do tipo ação,
foram analisadas as variáveis: i) - Ângulo de chute: Vetores ligando o jogador com posse
de bola (vértice) com dois componentes do jogo que geram a maior lacuna no gol, nos
momentos inicial e final; ii) velocidade angular; e, iii) variabilidade angular. Em relação aos
2
ângulos, primeiramente cada vetor foi obtido através de: a √(𝑃2𝑥 − 𝑃1𝑥 )2 + (𝑃2𝑦 − 𝑃1𝑦)2 ,

no qual a refere-se à distância entre os jogadores (P1) e (P2). Em seguida, o ângulo


interpessoal foi calculado por meio de: Cos θ = a2 – (b2 + c2) /- 2.b.c. A velocidade angular
foi calculada através de vθ: vθ = (θF – θI) / t, onde F é o ângulo final (quando o portador de
bola realiza a ação) e I ângulo inicial (quando o jogador toma posse da bola). Por fim, a
variabilidade de mudança angular foi obtida por meio de CV =  /, em que CV é coeficiente
de variação,  refere-se ao desvio padrão, e  é a média.
Os valores iniciais e finais dos ângulos interpessoais, bem como a velocidade e
variabilidade foram comparados por meio de ANOVAs one-way em relação às ações
realizadas (chute, passe, drible). No tratamento estatístico considerou-se o nível de
significância de p ≤ 0.05, e foi utilizado o software IBM SPSS statistics 20.

RESULTADOS

Os resultados mostraram diferenças significativas entre as situações de chute, passe


e drible relativas ao ângulo inicial de chute [F (2; 124) = 16,93, p = 0,00, η2 = 0,21]; e ângulo
final de chute [F (2; 53) = 11,03, p = 0,00, η2 = 0,29] (Figura 1). O teste de Bonferroni

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1010

identificou que nas situações de chute os ângulos de chute inicial e final foram maiores que
em situações em que foram realizados passes e dribles, e que em situações de passes, os
ângulos de chute inicial e final foram maiores que em situações em que foram realizados
dribles. Nenhuma outra diferença estatisticamente significante foi encontrada nas demais
variáveis.
Figura 1. Médias do ângulo de chute, velocidade e variabilidade em relação às ações
realizadas.

CONCLUSÃO

Os resultados do presente estudo nos permitem concluir que as relações espaciais


com os outros jogadores, a grande área e o gol, atuam como informações relevantes
utilizadas pelos jogadores para basear suas escolhas sobre as ações a realizar dentro da
grande área no futebol.

REFERÊNCIAS

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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1012

DESENVOLVMENTO E EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DE UM PROTOCOLO


DESIGNADO PARA A SIMULAÇÃO DAS DEMANDAS FÍSICAS DE JOGO DO FUTSAL
Juliano Dal Pupo / CDS-UFSC
Saray Giovana dos Santos / CDS-UFSC
j.dalpupo@ufsc.br

RESUMO: O objetivo do presente estudo foi desenvolver um protocolo de corrida designado


para a simulação das demandas de jogo do futsal e apresentar evidências de validade do
mesmo. Participaram 20 jogadores de futsal da categoria sub 17. Elaborou-se um protocolo
para simulação as demandas físicas do futsal denominado futsal intermittent shuttle-running
protocol (FIRP). O protocolo é composto por corrida intermitente e multidirecional, realizada
em um “circuito” de 15 m demarcados por cones. O protocolo foi constituído por dois blocos
de 20 minutos, com 10 minutos de intervalo, totalizando 3436 m de distância percorrida.
Durante o protocolo foram realizadas mensurações da frequência cardíaca, das
concentrações de lactato sanguíneo, além da medida da percepção subjetiva de esforço
(PSE). A FC foi de 87,3 ± 5,5 % e 87,49 ± 6,19% da frequência cardíaca máxima prevista
pela idade, para os blocos 1 e 2, respectivamente. A concentração de lactato obtida após
o FIRP foi em média 5,06 ± 0,9 mmol.L-1, enquanto que a PSE média foi de 6,5. Conclui-
se que o protocolo desenvolvido pode ser considerado uma ferramenta válida para simular
as demandas do futsal, visto que as características apresentadas e as respostas fisiológicas
obtidas no mesmo foram similares às reportadas pela literatura em partidas de futsal.

Palavras-Chave: futsal, desempenho, avaliação física

INTRODUÇÃO: A utilização de protocolos para simulação de eventos esportivos é uma


prática frequente nas investigações realizadas na área das ciências dos esportes. Tais
estudos costumam apresentar objetivos diversos, tais como verificar o efeito do treinamento
sobre o desempenho em determinado esporte, relacionar o desempenho com o resultado
de avaliações fisiológicas ou ainda, verificar o efeito agudo de determinado evento esportivo
sobre marcadores de fadiga e dano muscular (GREIG, 2008; MAGALHÃES et al., 2010;
SMALL et al., 2010; ASCENSÃO et al., 2011). No entanto, faz-se necessário utilizar
protocolos simulados com ações específicas, em que são reproduzidas as tarefas com as

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1013

demandas semelhantes da prática esportiva. Para os esportes individuais, uma prova


simulada é relativamente simples de ser reproduzida, porém, em esportes coletivos, com
tarefas acíclicas e abertas, a simulação de um evento torna-se mais complexo. Alguns
protocolos já foram propostos para simulação de partidas de futebol (NICHOLAS et al.,
2000; SMALL et al., 2010), porém, não poderiam ser aplicados para o contexto do futsal,
em função das diferenças de demandas apresentadas nestes dois esportes. Nesse sentido,
considerando a importância da especificidade, objetivou-se desenvolver um protocolo de
corrida multidirecional designado para a simulação das demandas de jogo específicas do
futsal e apresentar evidências de validade do mesmo. Destaca-se que o protocolo poderá
ser utilizado por pesquisadores como uma ferramenta para investigar o futsal em diversos
objetivos ou perspectivas de interesse.

MÉTODO: Para a realização deste estudo participaram 20 jogadores de futsal da categoria


sub 17. Os atletas treinavam regularmente cinco vezes por semana por um período mínimo
de três anos na modalidade e participavam de competições a nível regional e estadual.
Elaborou-se um protocolo para simulação as demandas fisiológicas e neuromusculares,
bem como a natureza intermitente e de corrida multidirecional do futsal denominado futsal
intermittent shuttle-running protocol (FIRP). O FIRP foi elaborado a partir de uma adaptação
dos resultados da análise das demandas de jogo do futsal apresentado na literatura
(DOGRAMACI; WATSFORD; MURPHY, 2011). O protocolo é composto por corrida de
natureza intermitente realizada em linha reta e com deslocamentos de costas e para os
lados, envolvendo constantes acelerações/desacelerações. Tais atividades foram
realizadas em um “circuito” de 15 m demarcados por cones. As atividades realizadas no
protocolo foram dividas nas seguintes categorias: caminhada, trote, corrida de média
intensidade (MI), corrida de alta intensidade (AI) e sprints, além de incluir momentos na
posição estacionária, conforme classificação proposta por Castagna et al. (2009). Foi
desenvolvida uma série de exercício com 2,3 minutos (137,5 s) de duração e com 286 m
de distância percorrida, sendo as atividades estabelecidas de acordo com a tabela 2. A
série foi então repetida 12 vezes a fim de representar uma partida de futsal de
aproximadamente 40 min, sendo destas seis realizadas no bloco 1 (representando o 1º
tempo) e mais seis no bloco 2 (representando o 2º tempo), totalizando 3436 m de distância
percorrida. Os blocos 1 e 2 foram separados por 10 min de intervalo passivo.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1014

Adicionalmente, ao final de cada série havia um período de 30 s em que o atleta permanecia


parado e, ao final de três séries (8 min), houve um período de 3 min de recuperação. A
representação esquemática do protocolo pode ser visualizada na figura 3 a seguir. O
controle da velocidade de cada estímulo foi determinado a partir de um arquivo de áudio,
em que eram emitidos “bipes” que determinavam o ritmo de deslocamento e pausas no
percurso.

Figura 3. Representação esquemática do protocolo de simulação das demandas do


futsal.
Durante o protocolo foram realizadas mensurações da frequência cardíaca, das
concentrações de lactato sanguíneo, além da medida da percepção subjetiva de esforço
(PSE) após o exercício. A FC foi mensurada continuamente durante todo protocolo (Polar
Team System, Polar Electro, Finlândia) e apresentou-se um valor médio relativo às seis
séries iniciais para representar o 1º tempo (bloco 1) e das seis séries finais para representar
o 2º tempo do protocolo (bloco 2). As amostras de sangue (25 µL) foram adquiridas antes
de iniciar o protocolo (repouso), no 3º, 5º e 9º min após o bloco 1 (durante o período de
recuperação) e no 3º e 5º min após realização do bloco 2 do FIRP. Posteriormente realizou-
se a análise das concentrações de lactato em um analisador eletroquímico (YSI 2700 Stat
Select, Yellow Springs, OH, USA). A percepção subjetiva de esforço (PSE) dos jogadores
foi avaliada após o término do protocolo, utilizando método PSE com uma escala CR10 de
Borg (1982).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1015

Tais variáveis fisiológicas foram obtidas para quantificar a sobrecarga ou carga


interna gerada pelo protocolo (FIRP). A fim de apresentar evidências de validade deste
protocolo, tais variáveis fisiológicas foram comparadas, de modo qualitativo, com as obtidas
em situação real de jogo apresentadas na literatura, ou seja, verificar se a demanda
fisiológica assemelhava-se nestas duas condições, conforme preconizado por Currel e
Jeukendrup (2008). Utilizou-se a estatística descritiva (média, desvio-padrão e coeficiente
de variação) para a apresentação dos resultados. Aplicou-se o teste t de student para
comparar a frequência cardíaca e as concentrações de lactato entre os blocos 1 e 2 do
FIRP.

RESULTADOS: A distância total percorrida no protocolo foi de 3436 metros, próxima da


verificada nas análises de jogo para esta categoria, sendo em média 124,3 metros por
minuto, assemelhando-se às situações de jogo (± 130 m/min) (DOGRAMACI; WATSFORD;
MURPHY, 2011). Adicionalmente, pelo menos 20% da distância total percorrida foi
realizada em alta intensidade (i.e., corrida de alta intensidade e sprints), uma importante
característica inerente às partidas de futsal (BARBERO-ALVAREZ et al., 2008). Na figura
2 está apresentada a representação da frequência cardíaca (em valores absolutos) dos
sujeitos durante todo o protocolo. Foram obtidos valores médios de FC de 87,3 ± 5,5 % e
87,49 ± 6,19% da frequência cardíaca máxima prevista pela idade, para os blocos 1 e 2,
respectivamente, não havendo diferença entre os blocos (p = 0,2).

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1016

Figura 9. Figura representativa da frequência cardíaca durante o protocolo. (I. 3’: intervalo
de 3 minutos entre as séries 3 e 4 de cada bloco).

A concentração de lactato sanguíneo apresentada pelos atletas antes do protocolo


foi de 1,19 ± 0,28 mmol.L-1. Já os valores obtidos 5 min após o bloco 1 do FIRP foram de
5,06 ± 0,9 mmol.L-1 , não diferindo (p = 0,52) da concentração verificada 5 min após o bloco
2, 5,18 ± 0,8 mmol.L-1. Por último, o escore médio da percepção subjetiva de esforço (PSE)
relatado pelos atletas ao final do protocolo foi de 6,5 ± 0,8 (unidades adimensionais), em
uma escala analógica de 01 a 10, classificando o esforço entre “difícil” e “muito difícil”.

CONCLUSÃO: Conclui-se que o protocolo desenvolvido pode ser considerado uma


ferramenta válida para simular as demandas do futsal, visto que as características
apresentadas (distância total percorrida, distância percorrida por minuto, distância
percorrida em alta intensidade, caráter intermitente e multidirecional dos esforços) e as
respostas fisiológicas (frequência cardíaca, concentração de lactato sanguíneo e
percepção de esforço) obtidas no mesmo foram similares às reportadas pela literatura em
partidas de futsal.

REFERÊNCIAS:

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1017

ASCENSÃO, A.; LEITE, M.; REBELO, A.N.; MAGALHÃES, S.; MAGALHÄES, J. Effects of
cold water immersion on the recovery of physical performance and muscle damage
following a one-off soccer match. Journal of Sports Science, v. 29, n. 3, p.217-225,
2011.
BARBERO-ÁLVAREZ, J. C.; SOTO, V. M.; BARBERO-ÁLVAREZ, V.; GRANDA-VERA, J.
Match analysis and heart rate of futsal players during competition. Journal of Sports
Sciences, v. 26, n. 1, p. 63-73, 2008.
CASTAGNA, C.; D’OTTAVIO, S.; GRANDA-VERA, J.; BARBERO-ALVAREZ, J.C. Match
demands of professional Futsal: A case study. Journal of Science and Medicine in
Sport, v.12, p. 490–494, 2009.
CURREL, K.; JEUKENDRUP, A.E. Validity, Reliability and Sensitivity of Measures of
Sporting Performance. Sports Medicine, v. 38, n.4, p.297-316, 2008.
DOGRAMACI, S.N.; WATSFORD, M.L.; MURPHY, A.J. Time-motion analysis of
international and national level futsal. Journal of Strength and Conditioning Research,
v. 25, n. 3, p.646–651, 2011.
GREIG M. The influence of soccer-specific fatigue on peak isokinetic torque production of
the knee flexors and extensors. American Journal of Sports Medicine, v. 36, n. 7,
p.1403–1409, 2008.
NICHOLAS, C.W.; NUTTALL, F.E.; WILLIAMS, C. The Loughborough Intermittent Shuttle
Test: a field test that simulates the activity pattern of soccer. Journal of Sports Science,
v.18, n. 2, p. 97-104, 2000.
SMALL, K.; McNAUGHTON, L.; GREIG, M.; LOVELL, R. The effects of multidirectional
soccer-specific fatigue on markers of hamstring injury risk. Journal of Science and
Medicine in Sport, v. 13, p. 120–125, 2010.

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1018

EFEITO DE 4 SEMANAS DE TREINAMENTO DE PRÉ-TEMPORADA ESPECÍFICO DE


FUTSAL NO DESEMPENHO FÍSICO DE ATLETAS PROFISSIONAIS

Carolina Franco Wilke – Minas Tênis Clube/UFMG

Daniel Lobatto Andrade – Minas Tênis Clube/UFMG

Rodrigo Felipe Santiago – Minas Tênis Clube

Luisa Ferreira Vieira – UFMG

Sérgio Luis Falci de Carvalho – Minas Tênis Clube

carolina.wilke@minastc.com.br

RESUMO:

O presente estudo teve como objetivo verificar o efeito de quatro semanas de treinamento
de pré-temporada nas capacidades físicas de jogadores profissionais de futsal profissional.
6 jogadores de linha realizaram três testes físicos antes do início da pré-temporada, e após
4 semanas: 1) salto com contramovimento (SCM); 2) sprints repetidos (SR) e 3) beep test
para estimativa do consumo máximo de oxigênio (VO 2máx). Após 4 semanas, houve
melhora no desempenho de saltos (pré: 40,0 ± 6,5 cm; pós: 41,6 ± 5,8 cm; p<0,05), e no
percentual de queda nos SR (pré: 6,5 ± 2,6%; pós: 3,1 ± 0,9%; p<0,05). Entretanto, houve
manutenção na média de tempo dos sprints (pré: 7,4 ± 0,4 s; pós: 7,3 ± 0,2 s; p = 0,65) e
queda de desempenho no melhor sprint na mesma avaliação (pré: 6,9 ± 0,3 s; pós: 7,1 ±
0,2 s; p<0,05). Além disso, foi observada manutenção no VO 2máx estimado pelo beep test
(pré: 49,7 ± 4,8 mlO2.kg-1.min-1; pós: 53,5 ± 5,0 mlO2.kg-1.min-1; p = 0,10). Assim, o
treinamento específico de futsal foi capaz de aumentar o desempenho de força explosiva
de membros inferiores, mas não a capacidade aeróbica e a capacidade de realização de
sprints repetidos de atletas profissionais.

Palavras-Chave: Futsal, Treinamento, Capacidades físicas.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1019

INTRODUÇÃO: No principal campeonato nacional de futsal do Brasil (Liga Futsal), as


equipes possuem um calendário de aproximadamente 1 a 3 jogos por semana durante um
período de até 6 meses. Isso faz com que o período de pré-temporada (PréT; antes do
início das datas de competições e jogos) seja o momento mais propício ao aumento das
capacidades físicas dos jogadores. De fato, Oliveira et al. (2012) observaram um aumento
das capacidades aeróbica e anaeróbica após a PréT, e a manutenção desses resultados
durante a temporada em um time de futsal brasileiro. Este foi o único estudo encontrado na
literatura sobre o tema no futsal. Dada a importância de algumas capacidades físicas para
o desempenho de jogadores de futsal (NAKAMURA et al., 2015) e a diferença de
metodologias de treinamento e periodização utilizadas por diferentes equipes, o presente
estudo teve como objetivo verificar o efeito de quatro semanas de treinamento específico
de futsal em um período de pré-temporada nas capacidades físicas de jogadores
profissionais da modalidade.

MÉTODOS: Participaram deste estudo 07 jogadores de linha (22 ± 4 anos) de uma equipe
profissional de futsal que competia a Liga Nacional. Antes do início dos treinamentos da
temporada, todos os jogadores foram submetidos a três testes físicos, em dois dias
consecutivos: 1) salto com contramovimento (SCM) e teste de sprints repetidos (SR); 2)
multistage fitness test (MSFT) para estimativa do consumo máximo de oxigênio (VO2máx).
Os mesmos testes foram repetidos 04 semanas após o início dos treinamentos, seguindo
os mesmos protocolos.

Para o teste de SCM, os jogadores realizaram 3 saltos, e a média dos mesmos foi utilizada
para análise. O teste de SR consistiu em realizar 6 sprints de 40 metros (20 m + 20 m com
mudança de direção de 180 graus), separados por 20 s de recuperação passiva
(IMPELLIZZERI et al., 2008) O beep test foi realizado seguindo o protocolo proposto por
Léger, (1984 in MAYORGA-VEGA et al., 2015).

O treinamento consistiu em sessões com objetivo técnico-tático, planejadas e executadas


pelos treinadores, sem qualquer intervenção dos pesquisadores. Durantes as sessões,
além de orientações táticas específicas, as seguintes variáveis foram manipuladas em
atividades situacionais: duração, tamanho da quadra, número de jogadores em quadra,
presença de goleiros e velocidade da reposição da bola.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1020

Para avaliar as possíveis diferenças estre os momentos pré e pós-treinamento em cada


avaliação, foi utilizado um teste-t de student.

RESULTADOS: Após as 4 semanas de treinamento, houve melhora no desempenho de


saltos (pré: 40,0 ± 6,5 cm; pós: 41,6 ± 5,8 cm; p<0,05), e no percentual de queda do
desempenho de sprint no teste de SR (pré: 6,5 ± 2,6%; pós: 3,1 ± 0,9%; p<0,05). Entretanto,
essa melhora do percentual de queda no teste de SR foi acompanhada por uma
manutenção na média de tempo dos sprints (pré: 7,4 ± 0,4 s; pós: 7,3 ± 0,2 s; p = 0,65) e
queda de desempenho no melhor sprint da mesma avaliação (pré: 6,9 ± 0,3 s; pós: 7,1 ±
0,2 s; p<0,05). Além disso, foi observada manutenção no VO 2máx estimado pelo MSFT
(pré: 49,7 ± 4,8 mlO2.kg-1.min-1; pós: 53,5 ± 5,0 mlO2.kg-1.min-1; p = 0,10).

CONCLUSÃO: Os resultados encontrados mostraram que 4 semanas de treinamento


específico de futsal profissional foi capaz de melhorar a capacidade de força explosiva de
membros inferiores, e não modificou a capacidade aeróbica desses atletas. Além disso, a
redução da queda de desempenho entre sprints na avaliação da capacidade de realização
de sprints repetidos parece ter ocorrido devido à menor amplitude dos extremos de
desempenho no teste, e não por melhoria dessa capacidade.

REFERÊNCIAS:

IMPELLIZZERI, F. M., RAMPININI, E., CASTAGNA, C., BISHOP, D., FERRARI BRAVO,
D., TIBAUDI, A., WISLOFF, U. Validity of a repeated-sprint test for football . International
Journal of Sports Medicine. v.29, p. 899 – 905, 2008.

Mayorga-Vega, D., Aguilar-Soto, P., Viciana, J. Criterion-Related Validity of the 20-M Shuttle
Run Test for Estimating Cardiorespiratory Fitness: A Meta-Analysis. Journal of Sports
Science and Medicine, v.14, p.536-547, 2015.

NAKAMURA, F. Y., PEREIRA, L. A., CAL ABAD, C. C., KOBAL, R., KITAMURA, K.,
ROSCHEL, H., RABELO, F., SOUZA-JUNIOR, W. A., LOTURCO, I. Differences in physical
performance between U-20 and senior top-level Brazilian futsal players. Journal of Sports
Medicine and Physical Fitness, v. 29, Maio 2015. [Epub ahead of print]

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1021

OLIVEIRA, R. S., LEICHT, A. S., BISHOP, D., BARBERO-ÁLVAREZ, J. C., NAKAMURA,


F. Y. Seasonal Changes in Physical Performance and Heart Rate Variability in High Level
Futsal Players. International Journal of Sports Medicine, v.33, p.1–7, 2012.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1022

AUTOAVALIAÇÃO DO DESEMPENHO TÉCNICO-TÁTICODE UNIVERSITÁRIAS


PRATICANTES DE VOLEIBOL

Felipe Goedert Mendes / CDS – UFSC

Ana Flávia Backes / CDS - UFSC

Nathalia Cristina Matos / CDS - UFSC

Rodolfo da Silva Rosa / CDS - UFSC

Edison Roberto de Souza / CDS - UFSC

Felipe_goedert@hotmail.com

RESUMO: O objetivo deste estudo foi analisar a autoavaliação do desempenho técnico-


tático de universitárias praticantes de voleibol, a partir da aplicação de um questionário
composto por questões fechadas, sobre a “Autoavaliação de desempenho técnico-tático”.
Participaram do estudo, de forma voluntária, as alunas matriculadas e ouvintes da disciplina
EFC5655 Voleibol Feminino – Aperfeiçoamento da Universidade Federal de Santa Catarina
(n=35), no segundo semestre de 2013. Em sua maioria, a população do estudo considera
seus aspectos técnicos (41,4%) e táticos (48,1%) como sendo “BOM”, já os itens de jogada
especial (35,7%) e aspectos físicos (39,3%) avaliam como “REGULAR”. Os resultados
indicam que as alunas possuem uma percepção mais positiva acerca do seu desempenho
nas dimensões técnicas e táticas, devido à ênfase atribuída nas aulas de EFC5655 Voleibol
Feminino – Aperfeiçoamento aos aspectos táticos e técnicos em relação às jogadas
especiais e os aspectos físicos.

Palavras-chave: Voleibol Universitário, Autoavaliação, Desempenho esportivo.

INTRODUÇÃO:A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) oferece para seus


acadêmicos e comunidade diversas modalidades de prática esportiva por meio de projetos
de extensão, Educação Física Curricular (EFC) e equipes de treinamento. O voleibol é uma
das práticas oferecidas dentro da universidade e pode ser voltado para competição e para
o currículo acadêmico. A psicologia do esporte e do exercício estuda cientificamente as
Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1023

pessoas e seus comportamentos durante atividades físicas e esportivas, aplicando esse


conhecimento de forma prática (WEINBERG; GOULD, 2008).

A crença dos praticantes desportivos quando relacionada ao esporte, exerce importante


influência na maneira como os indivíduos agem e se comportam, bem como na regulação
dos seus padrões de pensamento e reações emocionais que vivenciam em situações de
realização. A auto-avaliarão positiva aumenta a vontade e a motivação do individuo,
ocasionando em um desempenho que se manifesta na melhor expressão possível das suas
aptidões (BANDURA, 1989). Além disso, as crenças positivas sobre a própria competência,
em geral, estão associadas ao melhor aproveitamento das tarefas e à manutenção do
envolvimento daatividade (CSIKSZENTMIHALYI, 1990).

O objetivo deste estudo foi analisar a autoavaliação do desempenho técnico-tático de


universitárias praticantes de voleibol.

MÉTODO: Este estudo de cunho quantitativo exploratório obteve uma amostra composta
por alunas matriculadas e ouvintes da disciplina EFC5655 Voleibol Feminino –
Aperfeiçoamento, no segundo semestre de 2013da Universidade Federal de Santa
Catarina (n=35) que estiveram no dia da coleta de dados. Todas responderam o
questionário sobre a "Autoavaliação de desempenho técnico-tático".

Este questionário foi composto por 18 questões fechadas que avaliaram a autopercepção
em relação ao seu desempenho e compreensão acerca dos fundamentos técnicos e táticos
do voleibol. A análise dos dados foi realizada no pacote estatístico SPSS, versão 22, sendo
utilizado para os dados estatísticos tratamento descritivo, referentes à frequência simples
e percentual;

RESULTADOS: A tabela 1 apresenta os resultados do questionário sobre a “Autoavaliação


do desempenho técnico-tático”.

CATEGORIAS MUITO RUIM REGULAR BOM MUITO


RUIM BOM

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Aspectos Técnicos 6 - 2,1% 32 – 11,4% 104 – 37,1% 116 – 41,4% 22 – 7,9%


Jogadas Especiais 16 – 22,9% 22 – 31,4% 25 – 35,7% 7 – 10% 0 – 0%
Aspectos Táticos 2 – 1% 12 – 5,7% 62 – 29,5% 101 – 48,1% 33 – 15,7%
Aspectos Físicos 3 – 2,1% 20 – 14,3% 55 – 39,3% 54 – 38,6% 8 – 5,7%
Tabela 1: Resultados do questionário sobre a “Autoavaliação do desempenho técnico-
tático”.

CONCLUSÃO: Conclui-se que as evidências sobre a autoavaliação alcançada pelo


instrumento apontam que em sua maioria, a população do estudo considera seus aspectos
técnicos (41,4%) e táticos (48,1%) como sendo “BOM”, já os itens de jogada especial
(35,7%) e aspectos físicos (39,3%) como “REGULAR”. Os resultados indicam que nas aulas
de EFC5655 Voleibol Feminino – Aperfeiçoamento empregou-se maior ênfase nos
aspectos táticos e nos aspectos técnicos em relação às jogadas especiais e os aspectos
físicos. Em estudos com universitários praticantes de voleibol (MACARRI, 3011) apontam
que os aspectos técnicos não estão atrelados a motivação da presença de universitários
na prática desportiva oferecido pela Universidade.

REFERÊNCIAS

BANDURA, A. Social cognitive theory. In R. Vasta (Ed.), Annals of child development,


1989. Greenwich, CT: JAI Press, 1989.

CSIKSZENTMIHALYI, M. Flow: the psychology of optimal experience. New York: Happer


Perennial, 1990.

MACCARI, B, M. Motivos para prática competitiva de esportes coletivos femininos na


Universidade Federal de Santa Catarina. Monografia (Licenciatura em Educação Física)
– Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011.
WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício.
4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

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1025

PERFIL MOTIVACIONAL DE UNIVERSITÁRIAS BRASILEIRAS JOGADORAS DE


FUTEBOL
Marcos Antônio Mattos dos Reis - UFS
Marcos Bezerra de Almeida - UFS
marquinhos_mattos@hotmail.com

RESUMO: A motivação é uma energia que impulsiona o ser humano para dar o seu melhor
rendimento em determinada tarefa. A partir disso, o objetivo deste estudo é de verificar o
perfil motivacional de universitárias brasileiras jogadoras de futebol. A amostra foi composta
por 167 universitárias brasileiras jogadoras de futebol que participaram da Copa Brasil
Universitária de Futebol Feminino 2015 realizada pela Confederação Brasileira do Desporto
Universitário (CBDU). O método utilizado para a coleta de dados foi a Escala de Motivação
no Esporte para língua portuguesa (EME-BR) que contém 28 questões divididas em sete
dimensões. Os resultados mostram que a dimensão motivação intrínseca para experiências
estimulantes apresentou maior valor entre as dimensões ao contrário da dimensão
desmotivação que apresentou menor valor entre as dimensões. Conclui-se que o perfil
motivacional de universitárias brasileiras jogadoras de futebol está atrelado sob a lógica da
prática esportiva em prol do divertimento, do prazer e da excitação.
Palavras-chave: Futebol Feminino; Motivação; Esporte Universitário.

INTRODUÇÃO: A motivação consiste em uma qualidade psicológica imprescindível para


praticantes de esporte, seja tal prática direcionada ao lazer e/ou ao rendimento (ZUBER,
ZIBUNG e CONZELMANN, 2014; GARCÍA-CALVO et al., 2014; HÜTTERMAN e
MEMMERT, 2015). Ela pode ser definida como uma energia que impulsiona o ser humano
para dar o seu melhor rendimento em determinada tarefa, sendo um combustível que
direciona o indivíduo ao longo da preparação para a execução do trabalho (SAMULSKI,
2009; COSTA et al., 2011; WEINBERG, 2013). Partindo desse ponto, Zuber, Zibung e
Conzelmann (2014) analisaram como a motivação, a orientação para a tarefa e a
autodeterminação interagem e estão relacionados com o processo de formação de talentos
no futebol. Os resultados do estudo mostram que ambientes de treino favoráveis motivam
e inspiram os jovens talentos, contribuindo para a formação de jogadores mais qualificados
em um trabalho em médio prazo.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1026

Muitos estudos são realizados no esporte para verificar o perfil motivacional e os fatores
influenciadores nele (GOMES et al., 2012; CECHIN et al., 2014; CARRAL, PÉREZ e
PRIETO, 2014; MIZOGUCHI, BALBIM e VIEIRA, 2013), mas existe uma lacuna a ser
preenchida no que concerne a pesquisas sobre motivação no esporte universitário, que
pode se caracterizar em uma fase de transição do esporte amador para o profissional, como
também pode ser a única alternativa encontrada para que esportistas amadores possam
competir e praticar o desporto em uma perspectiva de rendimento, mesmo que não seja
em alto nível. Dessa forma, o objetivo deste estudo é de verificar o perfil motivacional de
universitárias brasileiras jogadoras de futebol.

MÉTODO: O estudo foi realizado com universitárias brasileiras jogadoras de futebol que
participaram da Copa Brasil Universitária de Futebol Feminino 2015 realizada pela
Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU). O instrumento utilizado para a
coleta de dados foi a Escala de Motivação no Esporte para língua portuguesa (EME-BR),
instrumento validado por Costa et al. (2011) que contém 28 itens divididos em sete
dimensões, sendo quatro perguntas por dimensão, que são: motivação intrínseca para
conhecer (MIC), motivação intrínseca para atingirem objetivos (MIAO), motivação intrínseca
para experiências estimulantes (MIEE), motivação extrínseca de regulação externa
(MERE), motivação extrínseca de introjeção (MEIN), motivação extrínseca de identificação
(MEID) e desmotivação (DESM). A 28 questões foram respondidas por meio de uma escala
Likert de sete pontos que se altera de 1 “não corresponde nada” a 7 “corresponde
exatamente”. Os dados foram analisados considerando-se cada dimensão isoladamente e,
posteriormente, agrupando-as em referência aos componentes característicos gerais das
motivações intrínseca e extrínseca e a desmotivação. Os testes estatísticos utilizados para
análise dos dados foram: Kruskal-Wallis (teste não paramétrico), teste C de Dunnett (post
hoc). Todos os cálculos foram efetuados pelo software estatístico SPSS 20.0 (IBM, EUA),
sendo aceito um nível de significância de 5%.

RESULTADOS: A amostra foi composta por 167 universitárias brasileiras jogadoras de


futebol que disputaram a Copa Brasil Universitária de Futebol 2015, com média de idade
de 21,6 ± 3,7 anos e tempo médio de experiência no esporte de 80,5 ± 68,8 meses. No que
se refere às diferenças entre as dimensões, só não houve diferença significativa entre as

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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dimensões motivação intrínseca para conhecer e motivação intrínseca para atingir


objetivos, entre as dimensões motivação intrínseca para atingir objetivos e motivação
extrínseca de identificação, e entre as dimensões motivação extrínseca de introjeção e
motivação extrínseca de identificação. A dimensão motivação intrínseca para experiências
estimulantes possuiu a maior média entre as dimensões. Em contrapartida, a dimensão
desmotivação possuiu a menor média entre as dimensões (figura 1).

Figura 1. Comparação entre os resultados das dimensões motivação intrínseca para


conhecer (MIC), motivação intrínseca para atingirem objetivos (MIAO), motivação intrínseca
para experiências estimulantes (MIEE), motivação extrínseca de regulação externa
(MERE), motivação extrínseca de introjeção (MEIN), motivação extrínseca de identificação
(MEID) e desmotivação (DESM). *p<0,001 em comparação com todas as outras
dimensões; **p<0,001 em comparação com todas as outras dimensões, exceto com MIAO;
†p<0,001 em comparação com todas as outras dimensões, exceto com MIC e

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1028

MEID;††p<0,001 em comparação com todas as outras dimensões, exceto com MEID; #


p<0,001 em comparação com todas as outras dimensões, exceto com MIAO e MEIN.

Quando os dados foram agrupados em referência aos componentes característicos gerais


das motivações intrínseca (para conhecer, para atingirem objetivos e experiências
estimulantes) e extrínseca (regulação externa, introjeção e identificação) e a desmotivação,
os resultados do estudo apresentaram maiores valores para a motivação intrínseca (tabela
1).

Motivação Intrínseca Motivação Extrínseca Desmotivação


Mediana 5,67 4,33 1,75
Intervalo Interquartil 1,54 1,71 1,50
Tabela 1. Mediana e intervalo interquartil das dimensões motivação intrínseca, motivação
extrínseca e desmotivação. Todos os valores apresentaram diferença significativa com
p<0,001.

Os resultados desta pesquisa mostram um perfil motivacional com ênfase na dimensão


experiências estimulantes, o que denota que a prática esportiva universitária, no que
concerne à competição no futebol feminino, é movida pelo anseio de se buscar diversão e
prazer através do ambiente de competição (COSTA et al., 2011). Tal resultado pode se
justificar pela não pretensão de atletas universitárias em seguirem a carreira esportiva
profissional devido a falta de oportunidades e de incentivo ao desporto universitário
enquanto etapa de formação de talentos esportivos. Também foi verificado que a motivação
intrínseca se apresenta com maiores valores, o que mostra que a aspiração à prática
esportiva, nesse caso o futebol, surge do ambiente interno do sujeito influenciando o meio
que o cerca (SAMULSKI, 2009).

CONCLUSÃO: Conclui-se que o perfil motivacional de universitárias brasileiras jogadoras


de futebol está atrelado sob a lógica da prática esportiva em prol do divertimento, do prazer
e da excitação. Tal achado contribui através do fornecimento de informações para
treinadores de futebol universitário no que concerne a uma característica psicológica de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1029

suma importância no processo de formação de uma equipe, o que pode influenciar nos
objetivos traçados no início de um trabalho.

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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1031

DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO PARA ANÁLISE DE JOGO NO GOALBALL:


INTEGRAÇÃO DE CONHECIMENTOS BASEADOS NA PEDAGOGIA DO ESPORTE E
NA BIOMECÂNICA

Milton S. Misuta, FCA-UNICAMP


Lucas A. Monezi, FCA-UNICAMP
Luciano A. Mercadante, FCA-UNICAMP
Otavio L. P. C. Furtado, FEF-UNICAMP
Marcio P. Morato, EEFERP-USP

milton.misuta@fca.unicamp.br

RESUMO:
Este estudo tem como objetivo levantar possibilidades de integração de conhecimentos
baseados na pedagogia do esporte e biomecânica para desenvolver metodologias de
análise de jogo no goalball. A metodologia apoiada na pedagogia do esporte estará focada
na questão da concepção do jogo e o modelo de observação e categorização dos
elementos do jogo, e no campo da biomecânica focada na obtenção de variáveis
cinemáticas em situação real de jogo. As categorias de análise com os respectivos
indicadores visando categorizar a técnica utilizada pelo atacante para efetuar o arremesso
(técnica de arremesso), e a característica imprimida à bola pelo atacante para percorrer a
quadra (tipo de bola) juntamente com os dados sobre a posição em função do tempo de
cada atleta possibilitam análises das variáveis cinemáticas derivadas (distância total
percorrida, distribuição de velocidades, entre outras variáveis importantes) de forma
integrada e de forma a considerar a complexidade da modalidade.
Palavras-chave: goalball, biomecanica, pedagogia do esporte.

INTRODUÇÃO:
A dinâmica do jogo de goalball, que é uma modalidade coletiva, baseia-se na
orientação dos jogadores na quadra de forma a trabalhar a construção do mapa mental e
exploração das percepções auditivas (bola com guizo interno) e táteis (linhas demarcatórias
de quadra em alto relevo). O confronto (três jogadores por equipe) baseia-se na troca de
bolas por meio de lançamentos, com o intuito de marcar o gol. No contexto acadêmico, há
um crescente interesse sobre a modalidade, mas ainda são poucos os estudos referentes

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1032

a análise de jogo do goalball (Mora, 1993, Caldeira, 2006, Amorim et al. 2010). Neste
âmbito, alguns aspectos fundamentais podem ser elencados: a) busca da análise objetiva
da dinâmica do jogo de goalball; b) desenvolvimento metodológico para a obtenção de
dados confiáveis e seguida de um desenvolvimento metodológico de formas de análise; c)
integração das áreas de conhecimento. Como exemplo, a pedagogia do esporte contribuir
com aspectos relativos à concepção do jogo e o modelo de observação e a biomecânica
contribuir com a quantificação de dados, entre outras formas de integrações possíveis. Este
estudo tem, assim, como objetivo levantar possibilidades de integração de conhecimentos
baseados na pedagogia do esporte e biomecânica para desenvolver metodologias de
análise de jogo no goalball.

MÉTODO: Na busca da integração dos conhecimentos, a metodologia apoiada na


pedagogia do esporte estará focada na questão da concepção do jogo e o modelo de
observação e categorização dos elementos do jogo, e no campo da biomecânica focada na
obtenção de variáveis cinemáticas em situação real de jogo.
Metodologia associada à Pedagogia do Esporte. A concepção do jogo e o modelo de
observação. O goalball é compreendido como um sistema (MORATO, 2012) em que há o
ciclo auto-organizacional, um processo recursivo atrator da configuração das equipes e
composto por três princípios da dimensão ofensiva (controle da bola, preparação do ataque
e efetivação do arremesso) e três da dimensão defensiva (balanço defensivo, leitura da
trajetória e interceptação do arremesso). Deste modo, uma sequência de jogo consiste na
interação (ataque de uma equipe/defesa de outra/resultado) em que cabe a uma equipe
cumprir os princípios ofensivos e à outra cumprir os princípios defensivos em resposta ao
ataque adversário. Este conjunto de sequências de jogo no espaço temporal representa o
jogo de goalball (figura 1).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1033

Figura 1 - A concepção do jogo de goalball. Adaptado de Morato, 2012.

Categorização dos elementos do jogo. O sistema de categorias é um instrumento


necessário para a coleta de dados visando a análise de jogo. E como modelo torna-se
importante elaborar as categorias de forma a codificar a configuração assumida pelas
equipes e os comportamentos realizados pelos jogadores no cumprimento dos princípios
ofensivos e defensivos dos ciclos auto-organizacionais (MORATO, 2012).

Metodologia associada à Biomecânica. A metodologia baseada na videogrametria


(FIGUEROA et al., 2006) utilizando câmera de vídeo e computador possibilita a obtenção
da posição do jogador em função do tempo de todos os jogadores, há a possibilidade de
visualização de cada evento ocorrido e conseqüente associação dos eventos às trajetórias
de cada atleta. O método de obtenção das medidas de interesse envolve os processos de
aquisição, calibração/reconstrução e medição: a) Aquisição das imagens. Os jogos foram
filmados por duas câmeras de vídeo digitais (JVC GZ-HD620BU fullHD, 30 Hz). As câmeras
foram posicionadas no ponto mais alto da arquibancada do ginásio, em tripés de forma a
enquadrar toda a quadra (Figura 2). Duas equipes de nível nacional compuseram a amostra
(seis jogadores: dois alas direito, dois pivôs e dois alas esquerdo, com frequência de treino
de pelo menos duas vezes por semana); b) Calibração das câmeras. A calibração consiste
em estabelecer a relação entre as coordenadas de tela (x,y) e o sistema de referência
associado à quadra. O processo de calibração/reconstrução 2D dos dados foi baseado na
transformação linear direta (DLT, ABDEL-AZIZ E KARARA, 1971); e c) Medição. É o
processo de obtenção das coordenadas de tela relativas às posições de cada jogador nas
seqüências de imagens (Dvideo, FIGUEROA et al., 2006). A medição da movimentação
ofensiva (início, no primeiro contato defensivo com a bola, até o primeiro contato da bola
com a quadra no momento do arremesso) foi feita. A suavização dos dados 2D foi realizada
com o filtro Butterworth low-pass de 4ª ordem com frequência de corte 0.45 Hz (MONEZI
et al., 2013).

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1034

Traj

X
Y

Figura 2. Imagem da quadra (câmera 1) e orientação do sistema de coordenadas. Traj:


trajetória do jogador durante o arremesso.

Variáveis. As variáveis referem-se ao jogador durante a ação ofensiva: a) Distância


percorrida (DJog): distância percorrida pelos jogadores (m); b) Velocidade máxima do
jogador (VelJog): máxima velocidade escalar (m/s). Para fins de análise, a seleção do trecho
foi definida considerando o ponto inicial (mínimo local abaixo de 1.0 m/s, anterior ao pico
de velocidade do jogador) e o ponto final (saída da bola da mão do jogador).

RESULTADOS:
Categorias de análise e seus indicadores. A seguir serão apresentados alguns exemplos
das categorias de análise com os respectivos indicadores: Efetivação do arremesso. A
observação deste princípio visa categorizar a técnica utilizada pelo atacante para efetuar o
arremesso (técnica de arremesso) e a característica imprimida à bola pelo atacante para
percorrer a quadra (tipo de bola). Técnica de arremesso, associado à técnica utilizada pelo
atacante: 1) Entre pernas (EP): o jogador fica de costas para a equipe adversária, com as
pernas afastadas lateralmente e, num rápido movimento de inclinação do tronco à frente,
lança a bola por entre as pernas e para trás do corpo em direção à baliza adversária; 2)
Frontal (FR): o atleta segura a bola a frente do tronco e faz um movimento de pêndulo com
o braço de arremesso; 3) Giro (GI): o atacante posiciona-se de frente para a equipe
adversária e após um deslocamento rápido, faz um giro de até 360°.

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1035

A tabela 1 apresenta o resultado de um jogo com as variáveis cinemáticas calculadas


relativas aos jogadores durante os arremessos.

Tabela1. Indicadores dos ataques em um jogo efetivo e penalidades.


DJog VelJ ±
PosJ TArr TG TArr TG DJog ± VelJ ± DP
±DP p DP
og (P) (GP) (P) (GP) DP (m) (m.s-1)
(m) (m.s-1)
A* B
49 3,28(1,0 2,76(0,7 2,52(0,5 2,19(0,43
AD 5 (2) 41 (0) 1 (1)
(2) 2) 4) 9) )
07 3,17(0,6 2,79(0,3 0,99(0,5 1,35(0,32
CE 0 (0) 16 (0) 0 (0)
(0) 7) 8) 7) )
40 2,85(1,0 2,62(0,7 2,72(0,9 2,24(0,52
AE 3 (2) 36 (1) 3 (0)
(2) 3) 8) 2) )
PosJog, posição dos jogadores (AD: ala direito; CE: central; AE: ala esquerdo); TA rr, total de
arremessos; P, penalidades; TG, total de gols; GP, gols de pênalti; DJ og, distância
percorrida no arremesso; V elJ, velocidade máxima do jogador. Dp: desvio padrão. * Equipe
vencedora

Uma vez conhecidos, os conhecimentos específicos das duas áreas podem ser
integrados de forma a conduzir estudos envolvendo a compreenção da complexidade que
envolve. No caso em específico, uma possibilidade pode ser na associação entre a técnica
de arremesso e as informações cinemáticas nas ações ofensivas.

CONCLUSÃO:
Os avanços das duas áres apontam para estudos interdisciplinares em que o goalball seja
o foco de estudo considerando a complexidade que envolve o goalball. Deste modo, os
conhecimentos e os dados resultantes serão a partir das categorias de análise com os
respectivos indicadores juntamente com os dados sobre a posição em função do tempo de
cada atleta e as variáveis cinemáticas derivadas (distância percorrida, distribuição de
velocidades, etc) nas ações ofensivas.

REFERÊNCIAS
ABDEL-AZIZ Y.; KARARA M. Direct linear transformation from comparator coordinates into
object space coordinates in close range photogrammetry. In ASP Symp. Close Range
Photogrammetry, pp. 1-19, 1971.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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1037

ANÁLISE DAS VARIÁVEIS CINEMÁTICAS EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE


ARREMESSO NO BASQUETEBOL

Marcelo Francisco Rodrigues / LABIN - FCA - UNICAMP

Lucas Antônio Monezi / LABIN - FCA - UNICAMP

Vitor Hugo Silva Costa / LABIN - FCA - UNICAMP

Milton Shoiti Misuta / LABIN - FCA - UNICAMP

Luciano Allegretti Mercadante / LABIN - FCA - UNICAMP

marcelo.edufisica@hotmail.com

RESUMO: O arremesso no Basquetebol é o fundamento responsável pela aquisição dos


pontos no jogo, e o bom aproveitamento desse fundamento determina as equipes
vencedoras das equipes perdedoras. Algumas ferramentas foram desenvolvidas para de
análises desse fundamento, destacamos a cinemetria que investiga as variáveis
cinemáticas através de imagens de vídeo. Participaram desta pesquisa seis atletas
masculinos com médias de massa corporal de 83,8 ± 15,2 kg e de estatura de 1,84 ± 0,11
m, pertencentes a equipe universitária que disputa campeonatos e ligas. Foram registrados
360 arremessos, sendo 20 arremessos de cada atleta em três condições diferentes, que
foram elas:lance livre, jump sem a presença do adversário e jump com a presença do
adversário. Todos arremessos foram filmados por duas câmeras JVC (modelo GZ-
HD620BU), e analisadas a 60 Hz. A sincronização e calibração das câmeras, a medição da
trajetória da bola e sua reconstrução 3D foram realizadas no Sistema DVideo (FIGUEIROA
et. al., 2003).Foram analisadas as variáveis cinemáticas de saída da bola: ângulo,
velocidade e altura de saída da bola, a altura máxima da bola atingida durante sua trajetória
e o ângulo de chegada da bola à cesta. Foram encontradas diferenças significativas nas
três condições analisadas para as alturas de saída da bola e altura máxima da bola e foram
encontrada também diferenças entre todas as variáveis nas condições jump sem e com
marcador, indicando que a presença do adversário é m fator determinante para modificação
das estratégias de arremesso dos atletas participantes dessa pesquisa.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1038

Palavras-chave: basquetebol; arremesso; variáveis cinemáticas.

INTRODUÇÃO: O Basquetebol é um dos esportes mais praticados no mundo, e o interesse


por este esporte se dá em função da grande variabilidade de requisitos, como os aspectos
físicos/motores dos praticantes e a dinâmica do jogo (OKAZAKI et al., 2006). Durante a
evolução do Basquetebol, a estrutura do jogo foi sendo drasticamente modificada,
essencialmente na parte física e nos aspectos técnico/táticos do jogo (FERREIRA; DE
ROSE JR, 2010). Dentre os aspectos técnicos destacamos o arremesso, que é o
fundamento do basquetebol que produz os pontos do jogo e, sendo assim, as técnicas e
condições de realização destes arremessos pelos jogadores durante os jogos podem definir
as vitórias e derrotas (OKAZAKI et al., 2004). Algumas técnicas de arremesso são mais
realizadas pelos atletas no alto nível. Conforme Okazaki et al., (2006) que analisou jogos
do Campeonato Brasileiro entre 1996 e 1997, da Liga Norte Americana na temporada de
2003/2004, da Liga Europeia de 2002/2003 e do Campeonato Mundial de 2002, o
arremesso jump (69,7%) e a bandeja (16,7%) foram as formas mais utilizadas durante todos
os campeonatos mencionados, seguido pelo arremesso apoiado com os dois pés no chão
(4,9%), usado principalmente nos lances livres no alto nível.

As variáveis cinemáticas de saída da bola das mãos do jogador durante o arremesso,


ângulo com a horizontal, velocidade e altura de saída, são indicadores importantes da
técnica de arremesso, e foram utilizadas em diferentes trabalhos, como o de revisão de
literatura sobre estas variáveis de saída no arremesso (KNUDSON,1993), sobre a influência
do aumento da distância à cesta (OKAZAKI; RODAKI, 2012), diferenças entre
posição/função na equipe (MILLER; BARTLETT, 1996), entre outras análises. O arremesso
jump na distancia do lance livre, com e sem a presença de marcadores adversários, foi
analisado por Rojas et al. (2000), utilizando dez atletas da Liga Nacional de Basquetebol
Espanhola, que encontraram aumentos significativos no ângulo de saída da bola com a
presença do adversário, em função da estratégia utilizada pelo arremessador para se
desvencilhar da marcação adversária. Contudo, a efetiva condição de marcação do
adversário não foi especificada, podendo não representar a situação real de jogo, bem
como comparações entre o arremesso jump e os lances livres. Assim, o objetivo deste
trabalho foi comparar as variáveis de saída da bola, a altura máxima atingida pela bola

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1039

durante sua trajetória e o ângulo de chegada da bola à cesta, em três condições de


arremesso na região do lance livre: equilibrado com os dois pés no chão, jump sem
marcação, e jump com marcação efetiva do adversário na situação de jogo 1x1.

MÉTODOS: Participaram seis atletas masculinos com médias de massa corporal de 83,8
± 15,2 kg e de estatura de 1,84 ± 0,11 m, pertencentes a equipe universitária que disputa
campeonatos e ligas, esta pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da Faculdade de
Ciências Médicas da Unicamp, (número 19703413.8.0000.5404), e todos os participantes
da pesquisa assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Foram registrados
360 arremessos, sendo 20 arremessos de cada atleta em cada condição. Todos
arremessos foram filmados por duas câmeras JVC (modelo GZ-HD620BU), e analisadas a
60 Hz. A sincronização e calibração das câmeras, a medição da trajetória da bola e sua
reconstrução 3D foram realizadas no Sistema DVideo (FIGUEIROA et. al., 2003). Todas as
variáveis foram calculadas a partir das coordenadas 3D da trajetória da bola. A normalidade
dos dados foi verificada pelo Liliiefors Test, e o teste Anova One Way foi usado para as
comparações dos dados paramétricos, que foram encontrados nas variáveis altura e ângulo
de saída da bola, e o teste Kruskalwallis para os dados não paramétricos, que foram
encontrados nas variáveis ângulo de chegada da bola à cesta, velocidade de saída da bola
e altura máxima atingida pela bola durante sua trajetória à cesta, com nível de significância
p > 0,05 para ambos os testes.
RESULTADOS: As médias e desvios padrão de cada variável em cada uma das três
condições de arremesso e as diferenças significativas entre elas, são apresentadas na
Tabela 1.

Todos os Jump sem


Variáveis Lances Livres 1x1
Arremessos marcador
αs (º) 47,4  4,4 48,2 ± 3.4 * 46,0 ± 4,0 $,# 48,1 ± 5,2 $
hs (m/s) 2,63  0,30 2,43 ± 0,36 *,# 2,68± 0,22 $,# 2,78 ± 0,20 $,*
vs (m) 6,8  0,3 6,7 ± 0,2 *,# 6,8 ± 0,2$ 6,8 ± 0,4 $
β (º) 36,2 6,0 34,1 ± 4,4 # 34,6 ± 5,6 # 39,9 ± 6,0 $,*
hmax (m) 3,94  0,23 3,8 ± 0,1 *,# 3,9 ± 0,2 $,# 4,1 ± 0,3 $,*

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1040

Tabela 1: Médias e desvios-padrão dos ângulos de saída da bola (αs), alturas de saída da bola (hs),
velocidades de saída da bola (vs), ângulos de chegada à cesta (β), alturas máximas alcançadas
durante a trajetória (hmax) de todos arremessos. Diferenças significativas encontradas foram
apontadas da seguinte forma: $ aponta diferença significativa em relação aos lances livres; *
diferença significativa em relação aos Jump sem marcador; e # diferença significativa em relação às
situações 1x1.

O resultado médio encontrado dos ângulos de saída da bola para os arremessos de lances
livres (48,5º), foram diferentes dos valores encontrados no estudo realizado por Miller e
Bartlett (1996), na distancia de 4,57 m, que corresponde aos lances livres (52° a 54°), e
diferentes, também, da afirmação feita por Knudson (1993) em sua revisão de literatura,
sugerindo que 52° no ângulo de saída da bola aumenta a eficiência destes arremessos.
Porém, os valores encontrados nos arremessos jump sem marcador (46,0º) e na condição
1x1 (48,1º) foram significativamente maiores que os valores encontrados por Rojas et al.
(2000), de 44,7° e 47,0°, respectivamente para arremessos jump sem e com marcador, mas
apresentaram o mesmo comportamento crescente.

Para a variável altura de saída da bola das mãos do arremessador os dados médios
encontrados nesta pesquisa para os lances livres (2,43 m) foram próximos aos encontrados
aos encontrados por Miller e Bartlett (1996), com média de 2,44 m. Já na comparação com
os dados encontrados por Rojas et al. (2000), os valores de hs neste trabalho foram
menores para as condições Jump com e sem a presença do marcador adversário, em
relação aos dados encontrados pelos autores (2,85 m, sem a presença do adversário e
2,88 m, com a presença do adversário). Porém, Rojas et al. (2000) não encontraram
diferença significativa elas, diferentemente do que foi encontrado em nosso trabalho. É
importante ressaltar que Rojas et al. (2000), não descreve as orientações dadas ao
marcador, sabendo que a condição 1x1 aqui usada foi efetiva quanto a modificação das
condições de arremesso. Podemos supor que no trabalho citado tal fato não tenha ocorrido,
justificando a diferença nos achados dos dois trabalhos nesta variável.

Os resultados encontrados para velocidade de saída da bola, foram semelhantes em


relação aos encontrados por Millenux e Uhl (2010), que em sua pesquisa com atletas
experientes arremessando da linha do lance livre sem presença de marcadores
adversários, foram entre 6,67 e 6,68 m/s. Valores menores de velocidade de saída foram
apresentados por Miller e Bartlett (1996), que investigaram as velocidade em diferentes

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1041

distancias encontrando valores de 6,27 ± 1,25 m/s para armadores, 6,28 ± 0,57 m/s para
alas e 6,41 ± 0,67 m/s para pivôs, na distância do lance livre. Estes valores são próximos
aos encontrados por Rojas et al. (2000), de 6,30 m/s, no arremesso sem a presença do
marcador e 6,36 m/s, para os arremessos com a presença dos marcadores. Já os
resultados encontrados por Solana et al. (2009), foram de 7,80 ± 0,25 m/s e 7,93 ± 0,36
m/s, respectivamente para arremessos sem e com a presença de adversário, também na
distância dos arremessos de 3 pontos. Podemos supor que a precisão da escolha do
instante de saída da bola pode interferir de forma significativa nos resultados, e não há
informações metodológicas disponíveis nos artigos citados que permitam fazer essa
avaliação. Por outro lado, pelos valores mostrados por Solana et al. (2009), é claro que a
velocidade de saída aumenta em função das distâncias à cesta.

CONCLUSÃO: As três condições apresentaram diferenças entre si. As variáveis altura de


saída hs e altura máxima hmax apresentaram diferenças entre as três condições e com
valores crescentes do lance livre para o arremesso jump sem marcador e para o 1x1, no
mesmo sentido que cresce a complexidade das condições de arremesso. Além disso, o
arremesso jump sem marcador apresenta ângulo de saída menor que no lance livre e
ângulo de chegada menor que no 1x1. Todas as variáveis apontaram diferenças
significativas entre lance livre e 1x1, sendo os valores para o lance livre todos menores que
na condição 1x1, exceto no ângulo de saída que é maior. Podemos afirmar que a condição
do arremesso determina diferentes trajetórias da bola em direção à cestas, dadas pelas
variáveis de saída e chegada, e que pode modificar a técnica de arremesso para as
diferentes condições.

REFERÊNCIAS:

FERREIRA, A.E.J.; ROSE JUNIOR, D. Basquetebol: técnicas e táticas. Uma abordagem


didático-pedagógica. 3 ed. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 2010.

FIGUEROA P.J., LEITE N.J., BARROS, R.M.L. A flexible software for tracking of markers
used in human motion analysis. Computer Methods and Programs in Biology, v. 72, p.
155–165, 2003.

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KNUDSON, D. Biomechanics of the basketball jump shot: six key points. Journal of
Physical Education,Recreation, and Dance, v. 64, p. 67-73, 1993.

MILLER, S.; BARTLETT, R. The relationship between basketball shooting kinematics,


distance and playing position. Journal of Sports Sciences. v. 14(3), p. 243-53, 1996.

MULLINEAUX, D.R.; UHL, T.L. Coordination-variability and kinematics of misses versus


swishes of basketball free throws, Journal of Sports Sciences, 2010.

OKAZAKI, V.H.A.; RODACKI, A.L.F.; SARRAF, T.A.; DEZAN, V.H., OKAZAKI, F.H.
Diagnóstico da Especificidade Técnica dos Jogadores de Basquetebol. Revista Brasileira
de Ciência e Movimento, v. 12, p. 19-24, 2004.

OKAZAKI, V.H.A.; RODACKI, A.L.F.; DEZAN, V.H.; SARRAF, T.A. Coordenação do


arremesso de jump no Basquetebol de crianças e adultos. Revista Brasileira de
Biomecânica, 2006.

OKAZAKI, V.H.A.; RODACKI, A.L.F. Increased distance of shooting on basketball jump shot.
Journal of Sports Science and Medicine. v. 11, p. 231-237, 2012.

ROJAS, F.J.; CEPERO, M.; ONA, A.; GUTIERREZ, M. Kinematic adjustments in the
basketball jump shot against an opponent. Ergonomics. v. 43(10), p. 1651-1660, 2000.

SOLANA, R.S.; SÁNCHEZ C.C.; HERNANDÉZ M.J. Analysis of the variability of three-
points throwing tasks in basketball. Revista Internacional de Ciencias del Deporte, 2009.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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A PERFORMANCE DA FORMAÇÃO DOS ÁRBITROS NO ESTADO DE GOIÁS

Kátia Vanessa Machado Carrijo/ CEL-UFG.

Elcio Junio Inácio de Paula/ CEL-UFG.

ktvanessa@outlook.com

RESUMO: O presente estudo teve como principal objetivo analisar os processos formativos
dos árbitros esportivos em Goiás. Para isso investigamos os árbitros das modalidades de:
basquetebol, futsal, handebol e voleibol. Os instrumentos de coleta de dados foram:
questionários para os árbitros e entrevista para os presidentes das respectivas federações,
com roteiro semiestruturado. Os resultados encontrados a respeito da formação de árbitros
foram que: nem todas as federações esportivas do estado de Goiás oferecem o curso de
arbitragem, a grande maioria dos árbitros atuantes e que atuaram são formados ou
formandos em Educação Física, os cursos de arbitragem das modalidades pesquisadas se
assemelham em algumas partes e para fazer o curso de arbitragem requer alguns quesitos,
porém se diferem nas quatro modalidades. A relevância deste estudo para a Educação
Física é devido à arbitragem ser uma das áreas de atuação dos professores e acadêmicos
do curso Educação Física e o conhecimento das regras é uma importante ferramenta para
se ensinar o esporte no contexto escolar. Sendo assim conclui-se que em algumas
federações esportivas não há a oferta de cursos de formação de árbitros apesar de ser
imprescindível para a boa qualidade da arbitragem.

Palavras chaves: árbitros esportivos; formação; modalidades coletivas.

INTRODUÇÃO: O esporte vem ocupando lugar de destaque na sociedade enquanto


manifestação do lazer e enquanto forma de ocupação do tempo livre, de acordo com Bracht
(2005, p. 99):

O desenvolvimento e expansão do esporte aconteceu tendo como pano de fundo o processo de modernização
dos séculos XIX e XX, processo que compreende industrialização, urbanização, tecnologização dos meios de
transporte e comunicação, aumento do tempo livre, surgimento dos sistemas nacionais de ensino etc.

Sendo assim o esporte surgiu para preencher o tempo livre dos trabalhadores, para
que pudessem se livrar das tensões acumuladas pelas atividades cotidianas. Com a
disseminação da prática esportiva, foi aderindo inúmeros adeptos, e isso fez com que
fossem criados grupos de organização, segundo Bracht (2005, p.105-106):

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1044

Inicialmente a satisfação das necessidades que essa prática propiciava vai institucionalizar-se construindo
uma organização que vai estar fundada naquilo que convencionou-se chamar de associacionismo. Esse
movimento originário no âmbito da sociedade civil está baseado na organização voluntária em torno do
interesse comum pela prática esportiva. O associacionismo clubístico vai dar origem às ligas e federações.

Com o aumento de adeptos a prática esportiva, foi necessário o surgimento de


mediadores de conflitos durante as partidas, para que as equipes disputassem com
igualdade. Esses mediadores são denominados árbitros, indivíduos que mediam conflitos
e permitem que um time não tenha vantagem sobre o outro. Os árbitros são considerados
agentes desportivos e devem ser tratados da mesma forma que os atletas, dirigentes e
técnicos. (NUNES apud GOMES, 2008).

Este estudo tem como objetivo analisar os processos formativos de árbitros


esportivos nas modalidades coletivas indoor, sendo elas: Futsal, Voleibol, Basquetebol e
Handebol. A escolha destas modalidades para análise se deu, pois, no ensino escolar as
modalidades que prevalecem na disciplina de Educação Física, são estas. Pois segundo
Betti (1999, p.25): “o esporte tornou-se, nas últimas décadas, o conteúdo hegemônico das
aulas de Educação Física, porém apenas algumas modalidades esportivas são eleitas
pelos professores”.

Além de Pesquisas mostrarem que as modalidades esportivas tradicionais:


voleibol, basquete, handebol e futsal são hegemonicamente utilizados dentro da escola:
Em pesquisa desenvolvida em oito escolas, públicas e particulares verifiquei que o conteúdo desenvolvido
raramente ultrapassa a esfera esportiva; mais do que isto, restringe-se ao voleibol, basquetebol e futebol.
Fato ainda mais alarmante foram as respostas dos alunos que, na maioria, afirmaram que gostariam de
aprender outros conteúdos (BETTI, 1992, apud, BETTI, 1999, p. 25).
A escolha deste tema de pesquisa se deu devido à arbitragem esportiva ser um dos campos
de atuação dos estudantes e professores de Educação Física ser um tema pouco explorado
cientificamente. A Formação do Árbitro deve ser ininterrupta, o seu laboratório é a
competição o qual dirige, sendo sua formação tendo que ser voltada para o concreto
(GAMA apud GOMES, 2008). E este estudo é um retorno daquilo que está sendo feito
relacionado à formação dos árbitros esportivos no estado de Goiás.

MÉTODOS: O caráter desta pesquisa é exploratório, que segundo Triviños (1987, p. 109)
“o pesquisador planeja um estudo exploratório para encontrar os elementos necessários
que lhe permitam, em contato com determinada população, obter os resultados que deseja”.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1045

Os sujeitos escolhidos para serem pesquisados, foram: árbitros esportivos e


presidentes das federações esportivas de Goiás, das seguintes modalidades: basquetebol,
futsal, handebol e voleibol.

A escolha destes sujeitos se deu, pois, como o tema deste estudo é Formação de
Árbitros Esportivos em Goiás, isso diz respeito a quem fez o curso e a quem o realizou. No
entanto, os árbitros esportivos para atuarem como árbitros passaram por algum tipo de
formação e quem ofereceu os cursos de formação para os árbitros foram às federações de
cada modalidade esportiva, e quem responde pelas federações são os presidentes.

Os critérios adotados para a escolhas dos árbitros participantes da pesquisa foram:


disponibilidade para responder o questionário, aceitar participar da pesquisa, estar atuando
ou ter atuado como árbitro pela Federação no qual a modalidade pertencente esteja
vinculada.

Os instrumentos de coleta de dados foram: entrevistas com roteiros


semiestruturados e questionários. Ao optar pela entrevista, levei em consideração sua
adequação aos estudos qualitativos, o que permitiria um maior acesso aos dados da
pesquisa. As categorias de análise dos dados estabelecidas foram: formação de árbitros,
escolaridade,objetivos esperados e alcançados com o curso de formação de árbitros,
etapas do curso de formação de árbitros, requisitos para fazer o curso de formação de
árbitros, documentos que regem a formação de árbitros, análise de questões respondidas
pelos árbitros e identificação do ano de formação.

RESULTADOS: A formação dos árbitros esportivos tem que ser cada vez melhor, pois,
deve evoluir juntamente com a modalidade no qual atua. A formação de árbitros esportivos
deve ser aprimorada, porque de acordo com que o tempo vai passando, novas táticas e
técnicas de jogo vão surgindo , e assim o árbitro deve saber a melhor forma de conduzir o
jogo. (BASTOS, 2012).

De acordo com Adelino apud Bastos (2012), o fator predominante para a boa atuação
do árbitro, este sendo considerado um agente desportivo, é a formação. Comas apud

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1046

Bastos (2012), afirma que a má atuação do árbitro não depende dele mesmo, mas sim de
uma política formativa, efetuada pelas unidades federativas.

As categorias de análises foram estabelecidas de acordo com as respostas dos


questionários respondidos pelos árbitros e entrevista realizada com os presidentes das
federações esportivas de Goiás, sendo estabelecidas as seguintes categorias: Formação
de árbitros: objetivos esperados e alcançados com o curso de formação de árbitros,
escolaridade e formação, etapas do curso de formação de árbitros, requisitos para fazer o
curso de formação de árbitros, documentos que regem a formação do árbitro e a formação
dos árbitros com a palavra os árbitros

De acordo com análise dos questionários respondidos pelos árbitros, o curso de


formação de árbitros são importantes, porém reformulado, pois, o tempo é curto para
discutir todos os assuntos relacionados a arbitragem. Alegam que para o professor que está
ministrando o curso possa dialogar sobre todas as regras minuciosamente, os métodos de
lidar com atletas, dirigentes e técnicos se voltando para a psicologia da arbitragem, direito
esportivo e outros conteúdos relevante para a temática, deveria ser mais extenso, com isso
daria maior qualificação a arbitragem.

As etapas dos cursos de formação de árbitros para as modalidades: futsal, voleibol


e handebol, considerando a formação inicial, possui grandes similaridades em suas etapas.
Em análise de questionários e entrevistas, pode se constar que as etapas para que os
individuos estejam aptos para fazerem os estágios e se tornarem árbitros, segue a seguinte
ordem: 1- Estudo das Regras: explicação e interpretação; 2- Prática da Arbitragem: postura
e sinalização em quadra; 3- Avaliação Teórica: perguntas sobre regras e atuação do árbitro;
4- Estágio.

CONCLUSÃO: A formação de árbitros esportivos realizadas pelas federações goianas de


maneira geral se baseia no principal conteúdo para o árbitro, que são as regras, porém
algumas federações deixam a desejar, no sentido de não ofertar os cursos de formação De
acordo com a pesquisa realizada, pode-se perceber que cerca de 17,30% dos árbitros
esportivos do estado de Goiás acham a formação de árbitros imprescindível. Enquanto
31,03% dos árbitros afirmam ser incompleta a formação de árbitros. Contrapondo com
17,24% dos árbitros que afirmam ser satisfatória a formação de árbitros.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1047

Os requisitos básicos para se tornar um árbitro esportivo, são: não há idade em


comum para se iniciar na carreira como árbitro, bem como a realização de cursos de
formação de árbitro não é um aspecto unânime nas federações. Ressaltando que apenas
a FGB não realiza curso de formação de árbitros, há cinco anos. Algumas federações
exigem maior idade, enquanto outras exigem ser maior de dezesseis anos, algumas exigem
segundo grau completo, enquanto outras não ofertam o curso de formação de árbitros,
porém todas as federações que ofertam curso de formação de árbitros requisita o
pagamento de uma taxa, para custeio dos gastos durante o curso.

Os cursos de formação de árbitros são organizados pelas federações esportivas, são


designados árbitros com maior graduação na função, o curso que se estende mais tem
carga horária de 60 horas/aula. Acontecem em locais, datas e horários estabelecidos pelas
federações. Os cursos são divididos em partes: prática e teórica, sendo basicamente o
conteúdo: regras e mecânica de arbitragem. E as etapas para a formação do árbitro em
todas modalidades, menos naquela que não há curso de formação, obedece a mesma
ordem, sendo ela: curso, estágio e atuação.

A Formação de Árbitros no estado de Goiás, não é exigência para atuar como árbitro
em algumas modalidades, assim como a formação em Educação Física. Em análise de
questionários, grandes partes dos árbitros pesquisados estão inseridos no curso de
Educação Física concluído ou cursando. Quanto aos processos de qualificação
permanente dos árbitros, pode ser constatado que a única forma de qualificação pós-curso
de formação, são as chamadas “reciclagens”, em que os árbitros se reúnem mediante
convocação da federação e vão discutir regras e interpretação e demais problemas com o
quadro de arbitragem.

Entretanto se devem ressaltar as fragilidades e/ou dificuldades enfrentadas neste


estudo: a primeira dela se relaciona com a falta de registro das instituições, assim como de
disponibilidade de participação dos sujeitos; a segunda dela se relaciona com a abordagem
metodológica que foi, forçosamente, adotada (entrega de questionários devido a
indisponibilidade de tempo dos sujeitos). Diante destas dificuldades citadas acima, é
possível identificar, algumas possibilidades de continuidade e ou melhoria desta pesquisa,
quais seja: aprofundamento da investigação sobre os registros oficiais das entidades, e a
segunda já com relação à segunda dificuldades seria importante de realização de

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1048

entrevistas individuais ou ate mesmo a realização de grupos focais com os sujeitos ou os


atores sociais deste trabalho que no caso são os árbitros.

Mas a solução para as questões indicadas acima deve ser objetivo de futuros
estudos que poderão ter como ponto de partida este esforço que encerramos.

REFERÊNCIAS

BASTOS, M. S. Árbitros de Futebol de Campo: Preocupação de Carreira e Diferentes


Modelos de Formação e Carreira. 2012. 49f. Monografia (Bacharel) – Curso de Educação
Física, Departamento de Educação Física, UFRGS, Porto Alegre, 2012.

BETTI, I. C. R. Esporte na escola: Mas é só isso, professor? Revista Motriz, Rio Claro, v.1,
n.1, p. 25-31, jun. 2009.

GOMES, E. 2008. A formação de árbitros de futebol: um estudo comparativo dos modelos


de formação vigente em Portugal e Inglaterra. Dissertação de licenciatura apresentada à
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

MINAYO, M.C.S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12ª ed. São
Paulo: Hucitec, 2010.

TRIVINOS, A.N.S. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais: A pesquisa qualitativa em


educação. São Paulo: Atlas, 1987.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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DISTRIBUIÇÃO DE GOLS E INFLUÊNCIA DO PRIMEIRO GOL MARCADO NO


RESULTADO FINAL DA PARTIDA EM COMPETIÇÕES DE FUTEBOL DE
DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS

Vinícius Martins Farias / UNIPAMPA


Gabriel Gustavo Bergmann / UNIPAMPA
Luiz Miguel Teixeira Vaz / UTAD
Eraldo dos Santos Pinheiro / UFPEL
viniciusfarias@unipampa.edu.br

RESUMO: O objetivo deste estudo foi comparar a distribuição de gols em partidas de


futebol entre diferentes categorias, assim como a influência da marcação do primeiro gol
no resultado final das partidas. Foram analisados 1100 gols de 388 partidas de competições
oficiais profissionais e de categorias de base organizadas pela Federação Gaúcha de
Futebol (FGF) no ano de 2014. Os resultados mostraram que, nas três competições, a
maioria dos gols foram marcados no segundo tempo das partidas (p<0,05). Em relação à
influência do primeiro gol no resultado final, nas três competições a equipe que marcou o
primeiro gol venceu a partida na maioria dos jogos disputados (p<0,01). Concluiu-se que,
tanto em relação à distribuição de gols, quanto à influência do primeiro gol no resultado final
das partidas, as três faixas etárias apresentaram características semelhantes.
Palavras-chave: Futebol, Distribuição de Gols.

INTRODUÇÃO: A marcação do gol pode ser considerada o ápice competitivo e o principal


objetivo de uma equipe de futebol. Diferentes autores consideram o gol como o evento mais
importante de uma partida e o principal indicador de sucesso desportivo na modalidade
(MICHAILIDIS, 2014; MITROTASIOS & ARMATAS, 2014; SMITH et al, 2013). Por esse
motivo, faz-se necessário o estudo aprofundado de todos os fatores que influenciam a
marcação de gols em partidas de futebol. Existem inúmeros estudos na literatura
internacional que analisam as características de frequência e distribuição de gols em
partidas de futebol, assim como a influência do primeiro gol marcado no resultado final dos
jogos (ALBERTI et al, 2013; ARMATAS et al, 2009; YANNAKOS & ARMATOS, 2006). No
entanto, poucos trabalhos analisam estas características comparando competições

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1050

profissionais e de categorias de base no Brasil. Considerando-se a importância de


conhecerem-se as diferenças e semelhanças de competições de futebol entre adultos e
jovens para um norteamento eficiente do treinamento para atletas em formação, este
estudo tem por objetivo analisar a distribuição dos gols e a influência do primeiro gol no
resultado final da partida em diferentes faixas etárias.

MÉTODO: Foram analisados os tempos da marcação de 1100 gols registrados nas súmulas
das 388 partidas das seguintes competições: Campeonato Estadual Juvenil, o Campeonato
Estadual Júnior e Campeonato Profissional da 1ª Divisão do Estado do Rio Grande do Sul.
Todas as competições foram realizadas no ano de 2014. Além disso, analisou-se a relação
entre a marcação do primeiro gol de cada partida com o resultado final: vitória, empate ou
derrota. O tratamento estatístico foi feito através do software SPSS Statistics.

RESULTADOS: A Tabela 1 apresenta os resultados, discriminados por competição, dos


gols marcados no primeiro e no segundo tempo dos jogos, assim como o resultado final
para a equipe que marcou o primeiro gol de cada partida:
* p<0,05 ** p<0,01

Equipe que marcou o


Competição Gols
primeiro gol da partida

Primeiro Segundo
Jogos Gols Média Venceu Empatou Perdeu
Tempo Tempo
2,43 ± 138 173 77 26 15
Profissional 128 311
1,407 (44,4%)* (55,6%)* (65,3%)** (22,0%) (12,7%)
2,81 ± 147 216 89 16 13
Júnior 129 363
1,995 (40,5%)** (59,5%)** (75,4%)** (13,6%) (11,0%)
3,25 ± 190 236 88 16 19
Juvenil 131 426
2,001 (44,6%)* (55,4%)* (71,5%)** (13,0%) (15,4%)

Tabela 1: resultados da distribuição de gols e da influência do primeiro gol no resultado final


da partida nas três competições

Na competição Profissional foram analisadas as súmulas de 128 partidas e 311 gols


marcados. Nesta competição, 55,6% dos gols foram marcados no segundo tempo dos jogos
e a equipe que marcou o primeiro gol venceu 65,3% das partidas. Na campeonato estadual

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Júnior foram analisadas 129 súmulas e foram marcados 363 gols. Destes, 59,5% foram
marcados no segundo tempo. Além disso, a equipe que marcou o primeiro gol venceu em
75,4% das partidas. Na categoria Juvenil foram analisadas 131 súmulas e foram marcados
426 gols. Destes, 55,4% foram marcados no segundo tempo e quem marcou o primeiro gol
venceu em 71,5% dos jogos.

CONCLUSÃO: Tanto em relação à distribuição dos gols entre primeiro e segundo tempo,
como em relação à influência do primeiro gol no resultado final, as três competições tiveram
características semelhantes, com a maioria dos gols sendo marcados no segundo tempo
dos jogos e a equipe que marcou o primeiro gol venceu a partida na maioria dos jogos
analisados. Ademais, observou-se que a média de gols por partida é maior na categoria
Juvenil, quando comparado à competição Júnior e à competição Profissional.

REFERÊNCIAS
ALBERTI, G.; IAIA, F.M.; ARCELLI, E.; CAVAGGIONI, L.; RAMPININI, E. Goal scoring
patterns in major European soccer leagues. Sports Science for Health. v. 9, n. 3, p. 151-
153, 2013. ARTIGO PADRÕES

ARMATAS, V.; YIANNAKOS, A.; ZAGGELIDIS, G.; PAPADOPOULOU, S.; FRAGKOS, N.


Goal scoring patterns in Greek top leveled soccer matches. Journal of Physical Education
and Sport. v. 23, n.2, p. 1-5, 2009.

MICHAILIDIS, Y. Analysis of goals scored in the 2014 World Cup soccer tournament held
in Brazil. International Journal of Sport Studies. v. 4, n. 9, p. 1017-1026, 2014. IMP GOLS

MITROTASIOS, M.; ARMATAS, V. Analysis of goal scoring patterns in the 2012 European
Football Championship. The Sport Journal. 2014. IMP GOLS

SMITH, S.; CALLAWAY, A.J.; BROOMFIELD, S.A. Youth to senior football: a season long
case study of goal scoring methods between under 16, under 18 and first team.
International Journal of Performance Analysis in Sport. v. 13, p. 413-427, 2013. IMP
GOL

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YIANNAKOS, A.; ARMATAS, V. Evaluation of the goal scoring patterns in European


Championship in Portugal 2004. International Journal of Performance Analysis in Sport.
v. 6, n. 1, p. 178-188, 2006.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1053

AVALIAÇÃO DAS AÇÕES TÉCNICAS EM SITUAÇÕES DE PEQUENOS JOGOS NO


FUTEBOL COM SUPERIORIDADE NUMÉRICA

Raphael Brito e Sousa/ CECA – UFMG

Pedro Emilio Drumond Moreira/ CECA – UFMG

Gibson Moreira Praça/ CECA – UFMG

Pablo Juan Greco/ CECA – UFMG

raphaelbes7@gmail.com

RESUMO: O objetivo deste estudo foi avaliar o comportamento técnico individual em


pequenos jogos (PJ) no futebol com superioridade e igualdade numérica. Participaram 18
atletas de uma equipe de Futebol Sub-17. Realizaram-se PJ nas constelações de 3vs.3 e,
4vs.3 (jogador adicional na equipe no ataque), além de dois jogadores de apoio laterais, na
configuração 3vs.3+2. Resultados apontaram maior incidência das ações técnicas de
“Condução” e “Domínio” nas estruturas de igualdade numérica comparando às com
superioridade. Nas mesmas ações o jogo, a configuração 3vs.3+2 apresentou maior
incidência (Condução e Domínio) do que 4vs.3. A ação técnica “Desarme” teve maior
incidência nos jogos em igualdade numérica em comparação ao jogo na configuração
4vs.3. Os resultados apresentam diferenças no comportamento técnico individual entre PJ
com igualdade ou superioridade numérica. Sugere-se a realização de pequenos jogos em
igualdade numérica para aumento da incidência de ações técnicas ofensivas. Por outro
lado, se houver a necessidade de uma estrutura em superioridade numérica sugere-se o
jogo com apoios para que ocorram mais ações técnicas ofensivas como “Condução” e
“Domínio”. Conclui-se que manipulações no número de jogadores nos PJ interferem no
comportamento técnico individual de jogadores de Futebol.

Palavras-chave: Futebol, Pequenos Jogos, Comportamento técnico.

INTRODUÇÃO: O desempenho no futebol - como Jogo Esportivo Coletivo(JEC) - é


multifatorial, caracterizado pela interdependência dinâmica de componentes técnicos,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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táticos, físicos e mecânicos (AGUIAR et al., 2012). Dentre estes, a técnica apresenta-se
importante à boa performance. (HUIJGEN, 2013; REILLY; BANGSBO; FRANKS, 2000;
RUSSELL; KINGSLEY, 2011). Através da técnica busca-se melhorar o resultado,
permitindo uma ação mais econômica e efetiva dos movimentos (FILIN, 1996). Sendo
assim, técnica “representa a utilização e a transformação da motricidade para alcançar que
esta seja cada vez mais adaptada às exigências do jogo” segundo Bayer (1994).

Os pequenos jogos tem sido a escolha de treinadores para desenvolver a capacidade


técnica e/ou física em atletas de futebol (RAMPININI, et al., 2007; HILL-HAAS, et al., 2008;
HILL-HAAS, et al., 2009). Estudos avaliaram a variável técnica nos pequenos jogos,
(CASAMICHANA; CASTELLANO, 2010; DELLAL et al., 2012; JONES; DRUST, 2007;
OWEN et al., 2014) e permitem manipulações em tamanho do campo, número de jogadores
e outras, com objetivos diversos para o treinamento da técnica.

Dentre essas manipulações, estudos verificaram que a utilização da superioridade


numérica acarreta mudanças no comportamento físico. (CLEMENTE, FILIPE MANUEL,
2015; EVANGELOS; MYLONIS; et al., 2012; PRAÇA; CUSTÓDIO; GRECO, 2015). Embora
seu uso seja comum na pesquisa, pouco investigou-se acerca dos aspectos técnicos nessa
situação (EVANGELOS; MYLONIS; et al., 2012). Tal investigação seria importante para
subsidiar treinadores no uso das condições de superioridade para o treinamento da técnica
de jogadores de futebol.

Portanto o objetivo desse estudo foi avaliar as ações técnicas individuais em situações de
pequenos jogos no futebol com superioridade numérica e igualdade numérica.

MÉTODOS: Selecionaram-se 18 atletas de uma equipe de Futebol Sub-17, dos quais seis
eram defensores, seis meio-campistas e seis atacantes.

Realizaram-se pequenos jogos na configuração em igualdade numérica (3vs.3),


superioridade numérica ofensiva - 4vs. 3 -, além de dois jogadores de apoio laterais,
3vs.3+2. Realizaram-se os jogos em campo de 36mx27m, mantendo-se todas as regras do
jogo formal, inclusive o impedimento. Realizaram-se os jogos em 2 séries de 4 minutos de
duração e 4 minutos de recuperação passiva.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1055

Utilizou-se o instrumento de observação de ações técnicas de Owen et al. (2014) no qual


sugere-se uma divisão das ações técnicas nas seguintes categorias: Bloqueio, Condução,
Interceptação, Passe, Domínio, Chute, Mudança de direção com a bola e Desarme. Os
jogos foram gravados e os vídeos analisados por peritos devidamente treinados. A
consistência das observações foi avaliada por mim do coeficiente Kappa de Cohen, o qual
apresentou valores superiores a 0,8, para consistência inter e intra-avaliador. Dados foram
analisados por meio do teste de qui-quadrado de proporções. Utilizou-se o software SPSS
20.0, mantendo-se um nível de significância de 5%.

RESULTADOS: A Tabela 1 apresenta a frequência das ações técnicas realizadas em cada


um dos Pequenos Jogos.

TABELA 1 – Frequência de ações técnicas em cada pequeno jogo

4vs.3 3vs.3 3vs.3+2 p

Bloqueio 20 31 29 0,276

Condução 145 221¹ ² 181 ¹ 0

Interceptação 22 22 19 0,867
Passe 373 392 392 0,732
Dominio 306 371¹ ² 366 ¹ 0,023
Chute 106 134 127 0,176

Mudança de direção
(com bola) 46 59 58 0,382

Desarme 37 60¹ 44 0,052

¹> do que 4vs.3


²> do que 3vs.3+2

Observou-se diferença significativa na frequência de algumas ações técnicas na


comparação entre os jogos. Especificamente, resultados apontaram maior incidência das
ações técnicas de “Condução” e “Domínio” nas estruturas de igualdade numérica em
comparação às com superioridade numérica. Nas mesmas ações o jogo, a configuração
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3vs.3+2 apresentou maior incidência do que 4vs.3. A ação técnica “Desarme” teve maior
incidência nos jogos em igualdade numérica em comparação ao jogo na configuração 4vs3.
Desta forma, o jogo em igualdade numérica favoreceu o aparecimento de mais ações
técnicas defensivas e controle de bola que as outras duas configurações.

O presente estudo investigou a diferença nas ações técnicas entre pequenos jogos com
superioridade numérica. O principal achado deste foi a maior frequência de ações em jogos
de igualdade em comparação com os de superioridade, que contrapõe os resultados
encontrados em outros estudos, nos quais os jogos com superioridade numérica obtiveram
- através do mesmo instrumento - maior frequência de ações que as outras configurações
de jogos investigados (EVANGELOS; IOANNIS; et al., 2012; EVANGELOS; MYLONIS; et
al., 2012). Sugere-se que os resultados encontrados no estudo foram devido as dificuldades
de criar situações de superioridade nos jogos de igualdade numérica, aparecendo assim
mais ações de “Condução” e “Desarme” enquanto em outros estudos a ação de “Passe”
tem maior frequência proporcionada pela superioridade numérica (EVANGELOS et al.,
2012). Os pequenos jogos procuram representar situações do jogo e treinar o atleta de
forma integral, levando em conta o objetivo da sessão e o contexto (CLEMENTE et al.,
2012), portanto, sugere-se considerar o formato do jogo e avaliar sua influência sobre as
ações técnicas realizadas pelos atletas.

CONCLUSÃO: Conclui-se que os resultados apresentam diferenças no comportamento


técnico individual entre pequenos jogos com igualdade numérica ou com superioridade.
Esses resultados influenciam no planejamento das sessões de treinos por treinadores, e
sugere-se a realização de pequenos jogos em igualdade numérica para aumento da
incidência de ações técnicas ofensivas. Por outro lado, sugere-se uma estrutura com
superioridade numérica no jogo com apoios para que ocorram mais ações ofensivas como
“Condução” e “Domínio”. E que as manipulações no número de jogadores nos pequenos
jogos permitem diferentes efeitos no comportamento técnico individual de jogadores de
Futebol.

REFERÊNCIAS

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1059

EFEITO DA RESTRIÇÃO DE TEMPO NA FASE OFENSIVA SOBRE A EFICIÊNCIA DO


COMPORTAMENTO TÁTICO NO FUTEBOL

Caito André Kunrath / UNIVATES


Davi Correia da Silva / NUPEF-UFV
Israel Teoldo / NUPEF-UFV
caito_k@hotmail.com

RESUMO: O presente estudo teve como objetivo avaliar a eficiência do comportamento


tático em jogadores de Futebol da categoria Sub-13 em jogo com restrição de tempo na
fase ofensiva e em jogo normal. A amostra foi composta por 1932 ações táticas realizadas
por 10 jogadores. O instrumento utilizado para avaliar a eficiência do comportamento tático
foi o Sistema de Avaliação Tática no Futebol (FUT-SAT). Foi utilizada a estatística descritiva
(média e desvio padrão) e para verificar a distribuição dos dados foi utilizado o teste
Kolmogorov-Smirnov. Foram utilizados o teste t e o teste de Wilcoxon. O teste Kappa de
Cohen foi utilizado para verificar a fiabilidade. Os resultados revelaram diferença
significativa no jogo com restrição de tempo na fase ofensiva nos princípios de Cobertura
Ofensiva (p=0,01;z=-2,524) e Espaço (p=0,01;z=-2,521) e no jogo normal no princípio de
Mobilidade (p=0,01;z=-2,524). Conclui-se que a realização do jogo com restrição de tempo
na fase ofensiva induziu a uma maior eficiência do comportamento tático dos jogadores
para o princípio de Cobertura Ofensiva e Espaço, e o jogo normal induziu os jogadores
serem mais eficientes no princípio de Mobilidade.

Palavras-chave: Restrição de tempo na fase ofensiva; Eficiência do comportamento tático;


Princípios táticos.

INTRODUÇÃO: As medidas do campo de Futebol, do espaço e do tempo total de jogo são


pré-determinadas, fixas e estandardizadas. Entretanto, o comportamento dos jogadores no
contexto de jogo sofre variações de acordo com as inúmeras situações impostas pelo
confronto. Nestas situações, o comportamento é guiado pelas relações de cooperação e
oposição das equipes e do espaço e tempo disponível para a execução das tarefas
impostas pelo jogo (GARGANTA, 1997; ARAÚJO, 2009).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1060

Os constrangimentos ocasionados nas situações de superioridade e inferioridade


numérica, alternância de ritmo de jogo, do resultado do jogo e da restrição de tempo e
espaço são exemplos de situações que acontecem no ambiente de jogo (TRAVASSOS et
al., 2014; SAMPAIO et al., 2014; AGUIAR et al., 2012).
Restringir o tempo nas ações ofensivas pode vir a modificar a eficiência do
comportamento tático de jogadores. Esta informação poderá contribuir na prescrição do
treinamento que visa o aperfeiçoamento neste quesito. Portanto, o objetivo do presente
estudo foi verificar se a restrição de tempo na fase ofensiva exerce efeito sobre a eficiência
do comportamento tático dos jogadores de Futebol.

MÉTODO:
Amostra: A amostra foi composta por 1932 ações táticas realizadas por 10 jogadores de
Futebol da categoria Sub-13. Como critério de seleção da amostra, os jogadores deveriam
estar inscritos em programas sistemáticos de treinamento, com no mínimo três sessões
semanais. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Viçosa (CEP) sob o protocolo CAAE - 48139515.3.0000.5153.
Instrumento de coleta de dados: O instrumento utilizado para avaliar o desempenho tático
foi o Sistema de Avaliação Tática no Futebol (FUT-SAT) (TEOLDO et al., 2011). O teste de
campo do FUT-SAT é aplicado em um campo de 36 metros de comprimento por 27 metros
de largura, durante 4 minutos de jogo. Os praticantes foram divididos em equipes, contendo
cada uma três jogadores de linha e um goleiro (GR+3x3+GR).
Procedimento de coleta de dados: Foram realizadas duas variações, a primeira
denominada “normal” foi realizada com as regras oficiais e a segunda denominada
“restrição de tempo” contou com as mesmas regras, entretanto houve uma tarefa adicional.
Nesta, ao iniciar cada sequência ofensiva os jogadores tinham no máximo 18 segundos
para finalizar a baliza adversária, caso a equipe não finalizasse, perdia a posse de bola.
Durante a aplicação do teste foi solicitado aos jogadores que jogassem de acordo com as
regras oficiais do Futebol. Antes de iniciar o teste, foram concedidos 30 segundos para a
familiarização dos jogadores.
Análise estatística e da fiabilidade: Foi utilizada a estatística descritiva (média e desvio
padrão) e para verificar a distribuição dos dados foi utilizado o teste Kolmogorov-Smirnov.
Foram utilizados o teste t e o teste de Wilcoxon. O teste Kappa de Cohen foi utilizado para

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1061

verificar a fiabilidade. Foram reavaliadas 210 ações táticas, que representaram 10,86% da
amostra, valor superior ao de referência (10%) (TABACHNICK; FIDELL, 2001). Os
resultados do reteste apresentaram fiabilidade intra-avaliadores no jogo normal com valores
situados entre o mínimo 0.939 (ep=0,042) e o máximo 1.000 (ep=0,000) e no jogo com
restrição de tempo com mínimo de 0.823 (ep=0,058) e máximo de 1,000 (ep=0,000). Para
a fiabilidade interavaliadores no jogo normal os valores situaram entre o mínimo 0,846
(ep=0,034) e máximo de 1,000 (ep=0,000) e com restrição de tempo, entre o mínimo 0,825
(ep=0,043) e máximo 1.000 (ep=0.000). Para todos os testes foi adotado o nível de
significância de 5% (p<0,05). Para o tratamento estatístico dos dados utilizou-se o software
SPSS (Statistical Package for Social Science) para Windows®, versão 20.0.
RESULTADOS: Os resultados apontaram diferença significativa na realização dos
princípios táticos de Cobertura Ofensiva, Mobilidade e Espaço para o jogo normal e com
restrição de tempo.

Tabela 1: Média, desvio padrão e valor de significância nos jogos com restrição de tempo
e normal.
RESTRIÇÃO DE
PRINCÍPIOS TÁTICOS TEMPO NORMAL
% acerto % acerto P
Penetração 80,40 ± 6,06 81,73 ± 7,23 0,866
Cobertura ofensiva 98,75 ± 1,25 85,38 ± 3,50 0,012*
Mobilidade 33,81 ± 14,18 38,33 ± 13,61 0,012*
Espaço 97,79 ± 1,60 79,49 ± 5,42 0,012*
Unidade ofensiva 76,47 ± 12,91 75,50 ± 12,91 0,810

Contenção 69,13 ± 7,51 70,52 ± 5,25 0,953


Cobertura defensiva 45,00 ± 13,84 45,00 ± 14,06 1,000
Equilíbrio 65,81 ± 10,69 66,68 ± 6,04 0,953
Concentração 71,66 ± 13,61 79,16 ± 11,73 0,678
Unidade defensiva 73,49 ± 5,60 73,53 ± 8,34 0,878
*Diferença significativa (p<0,05).

As diferenças encontradas podem ser explicadas uma vez que no jogo com restrição
de tempo na fase ofensiva, os jogadores tiveram que se adaptar à situação e oferecer
opções de linhas de passe e apoio próximo ao portador da bola para garantir a segurança
e a possibilidade de realizar tabelas e triangulações ofensivas objetivando a finalização,
caracterizando o princípio de Cobertura Ofensiva (TEOLDO et al., 2009). Ao restringir o
tempo de ataque, os jogadores tiveram a iniciativa de buscar regiões do campo que

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1062

apresentassem um menor risco de perda de posse da bola, e consequentemente,


possibilitar a ampliação do espaço efetivo de jogo de sua equipe, e com isso aumentar a
dificuldade do adversário na marcação. Essas ações são propícias às movimentações
ofensivas, pois no momento em que uma equipe está com a bola, os jogadores buscam o
melhor espaço do campo para fornecer opções qualificadas com o objetivo de finalizar à
baliza e de contornar os defensores da equipe adversária (CLEMENTE, 2014; LEMOINE et
al., 2007).
Deste modo, o princípio tático do Espaço se refere à procura de espaços não
ocupados pelo adversário no campo de jogo, realizando ampliação do espaço de jogo em
largura a fim de proporcionar a situação de superioridade numérica (TEOLDO et al., 2009).
Em contrapartida, nas situações de jogo em que não houve restrição de tempo na fase
ofensiva, o ambiente se mostrou mais propício à realização de movimentações que tinham
como objetivo criar ao portador da bola a possibilidade de realizar um passe em
profundidade para um colega em ações de ruptura em relação à defesa adversária, o que
caracteriza o princípio de Mobilidade (TEOLDO et al., 2009). De fato, este princípio foi
realizado de maneira mais eficiente pelos jogadores quando não havia restrição no tempo
de ataque, ou seja, no jogo normal.
A causa deste acontecimento é justificada por um ambiente favorável na busca por
uma melhor tomada de decisão na fase ofensiva em observação dos possíveis espaços do
campo dos jogadores a receberem a bola em uma posição ótima para finalizar. Estes
resultados são compreendidos pela característica do momento defensivo, de forma que as
equipes se defendem reduzindo os espaços interpessoais, ocupando uma menor área de
atuação de jogo (CLEMENTE, 2012).
Como aplicação prática, este estudo mostra que na prescrição do treinamento com
restrição de tempo na fase ofensiva é proporcionado um ambiente favorável nas situações
de aproximação e de distanciamento do portador da bola, visando maior segurança e maior
amplitude de espaço de jogo. Sem a restrição de tempo, o treinamento proporciona um
ambiente mais propício a encontrar espaços ótimos para a infiltração na defesa adversária,
além de que essa situação irá forçar a equipe adversária a ocupar uma menor área de jogo.
CONCLUSÃO: Conclui-se que a restrição de tempo na fase ofensiva induziu os jogadores
a serem mais eficientes quanto aos princípios de Cobertura Ofensiva e de Espaço,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1063

enquanto que o jogo sem restrição de tempo induziu os jogadores a serem mais eficientes
no princípio de Mobilidade.
AGRADECIMENTOS: Este trabalho teve o apoio da FAPEMIG, da SETES-MG através da
LIE, da CAPES, do CNPq, da FUNARBE, da Reitoria, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-
Graduação e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal de
Viçosa.
REFERÊNCIAS
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CARACTERIZAÇÃO DAS FINALIZAÇÕES RESULTADAS EM GOL NO CAMPEONATO


BRASILEIRO DE FUTEBOL SUB 20

Alessandro Júnior Mendes Fidelis / UNILEON

José Vicente García-Tormo / UNILEON

Juan Carlos Morante / UNILEON

Carlos Rogério Thiengo / UNICAMP

jmenfd@unileon.es

RESUMO: O objetivo deste estudo foi caracterizar as finalizações resultadas em gol, no


Campeonato Brasileiro da categoria Sub-20, no ano de 2015. Foram observados 93 gols
realizados na respectiva competição, sendo 8 deles descartados posteriormente devido ao
fato de terem sido realizados contra a própria meta, totalizando um final de 85 gols
analisados. Através de análise de frequência absoluta e relativa, as finalizações foram analisadas
quanto a parte do corpo utilizada para a execução, trajetória, setor do campo, forma de execução,
contatos com a bola para a finalização e a forma de assistência para a realização da mesma.
Concluiu-se que as finalizações resultadas em gol no campeonato brasileiro sub 20
caracterizaram se por serem realizadas com os pés, de forma rasteira, dentro da área penal,
com a utilização da parte interna do pé, com a finalização sendo executada sem que os
atletas realizem o domínio da bola e com o finalizador recebendo a assistência em um de
seus pés, sem a necessidade de se locomover para recebê-la..

Palavras-chave: Futebol, Finalização, Análise de Jogo.

INTRODUÇÃO: O futebol enquanto jogo desportivo coletivo, caracteriza-se por um lado,


num progressivo aumento e variação do ritmo do jogo na procura da concretização do gol,
e por outro, na crescente diminuição do tempo e do espaço à disposição do jogador na
posse da bola, na tentativa de contrariar o sucesso adversário. As finalizações das ações
ofensivas têm ocorrido em uma zona restrita do terreno, onde a pressão dos adversários é

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elevada e o espaço de realização cada vez mais reduzido (CASTELO, 1994). Desta forma,
as finalizações assumem um papel de destaque, visando tornar o processo ofensivo, tanto
quanto possível, objetivo e concreto, na tentativa de criar um elevado número de
oportunidades de gols e evitar o desperdício da maioria das mesmas (Oliveira, 1998). Este
estudo teve como objetivo caracterizar as finalizações resultadas em gols, no Campeonato
Brasileiro da categoria Sub-20, no ano de 2015.

MÉTODO: Os dados foram coletados a partir de imagens gravadas, obtidas através da


plataforma de jogos Wyscout, de 34 jogos do Campeonato Brasileiro Sub 20, realizado no
ano de 2015, onde participaram 20 equipes de futebol do país, das quais, 17 foram
observadas. Se utilizando da ferramenta informática VA Sports: futebol, foram registradas
e recortadas, 93 gols desde a sua origem, sendo que destes, 8 foram excluídos do estudo,
uma vez que se concretizaram em gol contra a própria meta, seja por desvio ou má
interceptação do adversário, totalizando portanto, 85 finalizações a serem observadas.
Constou da fase passiva ou exploratória deste estudo: identificação das variáveis de estudo
macro níveis de resposta [a) Execução da finalização (parte do corpo utilizada), [b)
Trajetória da finalização, [c) Setor da finalização, [d) Forma de execução do chute, [e)
Número de contatos para finalização, e [f) Forma de assistência para finalização (passe no
pé; passe na cabeça; passe no espaço). Fase ativa: Utilização de planilha de scout
adaptada de Backes (2007) e, o Instrumento de Observação utilizado por Fidelis (2012)
conforme Figura 1. A técnica de observação utilizada foi a análise centrada no jogo
(Garganta, 1997). Os dados foram tabulados e tratados utilizando o software Microsoft
Excel 2010 for Windows® e SPSS v21. A análise foi composta por estatística descritiva,
com a utilização da frequência relativa e absoluta.

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Figura 1: Campograma de Observação das Ações de Finalização

RESULTADOS: Das 85 finalizações resultadas em gol, 75 (88,24%) foram efetuadas com um dos
pés e 10 (11,76%) com a cabeça. Quanto a trajetória, 41 delas (48,23%) foram executadas de forma
rasteira, 22 (25,89%) altas, 13 (15,30%) a meia altura, 7 (8,23%) para o chão e 2 (2,35%) por cobertura.
Tais resultados se assemelham com os encontrados por Petroli (2012) ao analisar as finalizações
resultantes em gols, ocorridas no campeonato gaúcho do ano de 2012, da mesma categoria. O fato
foi então atribuído pelo autor pela maioria das finalizações observadas no estudo em questão, também
terem sidas realizadas de forma rasteira, aumentando proporcionalmente a probabilidade de acerto.

Em relação à distância da baliza, 69 (81,18%) das finalizações foram efetuadas de dentro da área
ofensiva, na zona 7. Doze finalizações (14,12%) foram efetuadas da zona 6 e outras 4 (4,70%) da zona
5. A maior frequência de finalizações que resultam em gols dentro da área penal se assemelha com
os resultados encontrados nos estudos de Moraes e cols., (2012), Armatas e Yiannakos (2006) e
Carling e cols., (2005). Machado e cols., (2013) ao avaliarem as seleções semifinalistas do Mundial de
seleções do ano de 2010 também encontraram a tendência de maior realização de gols neste setor.
Estudos prévios (Castelão e cols., 2015; Castelo, 1996) consideram maiores as

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1068

possibilidades de se finalizar com êxito quando o portador da bola se encontra mais próximo
da baliza, principalmente no corredor central.

Quando consideradas somente as finalizações efetuadas com os pés, observou-se que 47


(62,67%) das mesmas foram executadas utilizando se a parte interna dos pés, 21 (28%)
com o dorso, 4 (5,33%) com a parte externa e 3 (4%) com o bico dos pés. Este resultado
deve se ao fato que a grande utilização da parte interna do pé na realização do chute se
relaciona a maior precisão do mesmo, uma vez que quanto maior seja a superfície, maior
a precisão do gesto (Castelo, 1999).

Quando excluídas as 18 finalizações oriundas de cobranças de tiro livre diretamente no gol (faltas e
pênaltis), observou se que 37 finalizações (55,22%) foram executadas “de primeira”, ou seja, sem
necessidade de domínio da bola. Em 13 finalizações (19,4%) as mesmas foram executadas
imediatamente após o domínio. Em 12 (17,92%) foram executadas após o domínio e condução da
bola pelo atleta, e em 5 (7,46%) após o domínio houve algum outro tipo de comportamento técnico do
atleta. Estes resultados podem ser explicados pelo fato de que as equipes observadas são do
mais alto nível a âmbito nacional, jogando o campeonato da categoria mais importante do
país, em que os espaços de finalização são reduzidos e a pressão sobre o portador da bola
é muito grande, fazendo com que a finalização direta se torne uma necessidade para se
chegar à obtenção de gols.

Quando levadas ainda em consideração apenas os 55 gols precedidos de assistências, observa-se


que em 27 (49,09%)o atleta recebe o passe no pé, em 24 (43,64%) o passe foi feito “no espaço”, para
que o finalizador fosse de encontro a bola, e em apenas 4 o passe foi realizado na cabeça do
finalizador.

CONCLUSÃO

A partir dos resultados do presente estudo, pode-se constatar que houve uma
predominância de finalizações resultadas em gols, realizadas com os pés, sendo que a
maior frequência de finalizações efetivas foi realizada de forma rasteira, de dentro da área
penal, e que na maioria das vezes em que foi realizada não houve o domínio da bola, ou
seja, a finalização foi efetuada “de primeira”. Pode se observar ainda que na maior

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1069

frequência de finalizações efetivas, o finalizador recebeu o passe para finalização, ou a


assistência, nos pés, sem a necessidade de se locomover para receber a bola.

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1071

O EFEITO DA IDADE RELATIVA ENTRE OS JOGADORES DE FUTEBOL NO


CAMPEONATO BRASILEIRO DAS SÉRIES A E B
Bruno Botelho de Abreu Nascimento/ Especialização em Futebol – UFV
Felippe da Silva Leite Cardoso /NUPEF – UFV
Adeilton dos Santos Gonzaga / NUPEF – UFV
Israel Teoldo da Costa / NUPEF – UFV
brunobanbh@gmail.com

Resumo:O presente estudo tem por objetivo verificar a presença do efeito da idade relativa
entre os jogadores de futebol que participaram do Campeonato Brasileiro das séries A e B
no ano de 2013. Foram analisados os dados referentes às datas de nascimento de 1.411
jogadores de futebol que disputaram o Campeonato Brasileiro das séries A e B do ano de
2013. Os dados coletados foram organizados em quartis, de acordo com o mês de
nascimento dos jogadores: Q1 – janeiro a março; Q2 – abril a junho; Q3 – julho a setembro;
Q4 – outubro a dezembro. Utilizou-se estatística descritiva e o teste qui-
nível de significância adotado foi P<0,05. Foram verificadas diferenças estatisticamente
significativas na distribuição dos jogadores pelos quartis de nascimento, tanto na série A,
quanto na série B. Os resultados indicam um maior número de jogadores nascidos nos
primeiros meses do ano.
Palavras Chave:Efeito da Idade Relativa, Campeonato Brasileiro, Futebol.

INTRODUÇÃO: O efeito da idade relativa é resultado das diferenças físicas, motoras,


cognitivas e psicológicas entre os indivíduos nascidos no mesmo ano, porém, em períodos
distintos (MUSCH; GRONDIN, 2001). Estas diferenças resultam em vantagens no
desempenho esportivo em favor dos jogadores mais velhos. Como consequência do efeito
da idade relativa, os jogadores nascidos no inicio do ano de seleção possuem mais chance
de serem identificados como talentosos e selecionados para participarem de treinamentos
em um grande clube e de competições em níveis mais elevados, favorecendo o seu
desenvolvimento e aumentando a sua chance de sucesso (HELSEN; VAN WINCKEL;
WILLIAMS, 2005).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1072

Vários estudos têm revelado maior frequência de jogadores nascidos nos primeiros
meses do ano inscritos em competições oficiais, o que demonstra um favorecimento aos
jogadores mais velhos ao longo do processo de formação (BARNSLEY; THOMPSON;
LEGAULT, 1992; CARLI et al., 2009; DEL CAMPO et al., 2010). Esta tendência é muito
comum em competições onde o nível de competitividade é elevado e número de
interessados é superior ao número de vagas disponíveis (MUSCH; GRONDIN, 2001).
Os campeonatos brasileiros das séries A e B se destacam pelo equilíbrio entre as
equipes e pelo número de jogadores de alto nível que participam das competições. No
campeonato da série A estão os principais jogadores que atuam no país. No entanto, nos
últimos anos, com a presença da mídia televisiva, que transmite todos os jogos, o
campeonato da série B cresceu em investimentos, competitividade e interesse. Nesse
sentido, tanto a série A quanto a série B apresentam níveis competitivos elevados. Assim,
é possível que o efeito da idade relativa esteja presente nestas competições. Dessa forma
o objetivo do presente estudo é verificar a presença do efeito da idade relativa entre os
jogadores de futebol no Campeonato Brasileiro das séries A e B no ano de 2013.

MÉTODOS:

Amostra: Para a realização deste estudo, foram analisados os dados referentes à data de
nascimento de 1411 jogadores de futebol que disputaram o Campeonato Brasileiro das
séries A e B de 2013, sendo 667 da Série A e 744 da Série B.

Procedimentos de coleta de dados: Os dados foram coletados através das informações


disponíveis nos sites oficiais dos 40 clubes participantes das competições (20 da série A e
20 da série B) e no site da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)
(http://www.cbf.com.br). As informações coletadas foram comparadas por pareamento
entre estas duas fontes, a fim de se verificar a veracidade dos mesmos. Foram excluídos
da análise os jogadores que foram transferidos para outros clubes antes do período de
coleta de dados e que suas informações ainda se encontravam nos sites oficiais dos clubes
antigos. Outro fator de exclusão se deu quando os dados, comparados em duas fontes
diferentes, apresentaram divergências de informações. Todos os dados coletados foram
mantidos em sigilo e utilizados, apenas, para fins de pesquisa.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1073

Os dados coletados foram armazenados numa planilha Excel e agrupados em


quartis, considerando o mês de nascimento dos participantes: no primeiro quartil (Q1), os
jogadores nascidos entre janeiro e março; no segundo quartil (Q2), entre abril e junho; no
terceiro quartil (Q3), entre julho e setembro; no quarto quartil (Q4), entre outubro e
dezembro.

Procedimentos estatísticos:Foi aplicada estatística descritiva para verificar os valores de


frequência e percentual de participantes por quartil. Para verificar se houve diferença
estatisticamente significativa na distribuição dos dados e para comparação entre os quartis
2
foi utilizado o teste qui- ). Para a análise estatística, foi utilizado o
softwareSPSS 18.0. O nível de significância utilizado no estudo foi p<0.05.

RESULTADOS: Os valores referentes à distribuição dos jogadores por quartil de


nascimento são apresentados na tabela 1. É possível observar que o maior número de
jogadores, tanto na série A quanto na série B nasceu nos primeiros meses do ano. O teste
2
qui- ) revelou diferenças estatisticamente significativas na distribuição dos
2
(3)=47,344; p<0,001) e entre
2 2
(3) (3)=19,892; p<0,001).

Tabela 1. Frequência (e percentual) de jogadores por quartil de nascimento

Campeonato Quartil 1 Quartil 2 Quartil 3 Quartil 4


Série A1 218 (31,8) 186 (27,9) 145 (21,7) 124 (18,6)
2
Série B 227 (30,5) 199 (26,7) 173 (23,3) 145 (19,5)
Total3 439 (31,1) 385 (27,3) 318 (22,5) 269 (19,1)
Diferenças estatisticamente significativas (P<0,005): χ (3)=28,298; p<0,001;
1 2

χ (3)=19,892; p<0,001; 3χ2(3)=47,344; p<0,001.


2 2

Na comparação entre os quartis, foram observadas diferenças estatisticamente


significativas entre Q1 e Q3, Q1 e Q4, Q2 e Q3, e Q2 e Q4, para os jogadores que
participaram do campeonato brasileiro da Série A. Para os jogadores que jogaram a Série
B, foram observadas diferenças significativas entre Q1 e Q3, Q1 e Q4, e Q2 e Q4. Os
resultados são apresentados na tabela 2.

Tabela 2: Valores do teste de qui-quadrado para a comparação entre os quartis de


nascimento dos jogadores da série A e B

Série A Série B

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1074

Comparação entre χ2 P χ2 P
os quartis
Quartil 1 x Quartil 2 1,698 0,192 1,840 0,175
Quartil 1 x Quartil 3 197,361 <0,001* 210,935 <0,001*
Quartil 1 x Quartil 4 382,095 <0,001* 408,151 <0,001*
Quartil 2 x Quartil 3 5,079 0,024* 1,817 0,178
Quartil 2 x Quartil 4 173,600 <0,001* 184,715 <0,001*
Quartil 3 x Quartil 4 1,639 0,200 2,465 0,116
*Diferenças estatisticamente significativas

A distribuição dos participantes pelos quartis de nascimento revelou que a maioria


dos jogadores nasceu nos primeiros meses do ano. Este resultado foi observado tanto entre
os jogadores da série A quanto da série B, o que demonstra uma tendência dos clubes em
favorecer os jogadores nascidos no início do ano, em detrimento aos nascidos nos últimos
meses do ano. Este fenômeno, conhecido como efeito da idade relativa (EIR), tem sido
observado em diversos estudos que analisaram a distribuição dos jogadores de futebol,
considerando a sua data de nascimento, em competições profissionais e nas categorias de
base (HELSEN; VAN WINCKEL; WILLIAMS, 2005; CARLI et al., 2009; DEL CAMPO et al.,
2010).

Para modificar esta realidade, é necessário mudanças nos critérios utilizados pelos
clubes na identificação e seleção de jogadores. É importante avaliar as muitas habilidades
(físicas, motoras, técnicas, táticas, psicológicas) que podem contribuir na identificação um
jogador como talentoso, utilizando critérios cientificamente comprovados.

CONCLUSÕES

Os resultados apresentados no presente estudo revelaram a presença do efeito da


idade relativa entre os jogadores de futebol no Campeonato Brasileiro das séries A e B. É
provável que este resultado seja uma consequência dos critérios utilizados na identificação
e seleção de jogadores pelos clubes, ao longo do seu processo de desenvolvimento, que
favorecem os garotos nascidos nos primeiros meses do ano.

REFERÊNCIAS:

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1075

BARNSLEY, R. H.; THOMPSON, A. H.; LEGAULT, P. Family planning: Football style. The
relative age effect in football. International Review for the Sociology of Sport, v.27, n.1,
p.77-87. 1992.

CARLI, G. C.; LUGUETTI, C. N.; RÉ, A. H. N.; BÖHME, M. T. S. Efeito da idade relativa no
futebol. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v.17, n.3, p.25-31. 2009.

DEL CAMPO, D. G. D.; VICEDO, J. C. P.; VILLORA, S. G.; JORDAN, O. R. C. The relative
age effect in youth soccer players from Spain. Journal of Sports Science and Medicine,
v.9, n.2, p.190-198. 2010.

HELSEN, W. F.; VAN WINCKEL, J.; WILLIAMS, A. M. The relative age effect in youth soccer
across Europe. Journal of Sports Sciences, v.23, n.6, p.629-636. 2005.

MUSCH, J.; GRONDIN, S. Unequal competition as an impediment to personal development:


A review of the relative age effect in sport. Developmental review, v.21, n.2, p.147-167.
2001.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1076

INFLUÊNCIA DA IDADE NO DESEMPENHO MUSCULAR DE FLEXORES E


EXTENSORES DE JOELHO EM JOGADORES DE FUTEBOL PROFISSIONAL

Breno Gonçalves Teixeira / UFMG

André De Melo Andrade / UFMG

Thiago Ribeiro Teles Dos Santos / UFMG

Sérgio Teixeira Da Fonseca / UFMG

breno.gteixeira@gmail.com

RESUMO: O objetivo foi investigar a influência da idade no desempenho muscular de


flexores/extensores do joelho em atletas de futebol. Um estudo observacional transversal
foi realizado com 216 jogadores profissionais. O desempenho muscular foi avaliado pelo
dinamômetro isocinético. Utilizou-se ANOVA com desenho misto para verificar a influência
da faixa etária, membro inferior (dominante e não-dominante) e velocidade angular (60º/s e
300º/s) em cada variável de desempenho muscular. Em caso de diferença, realizou-se
análise post-hoc com correção de Bonferroni. Os resultados indicaram pico de torque
extensor superior no grupo ≤19 anos que no grupo ≥31 anos. O pico de torque extensor foi
superior no grupo 20-23 anos quando comparado aos grupos mais velhos. O trabalho
máximo extensor foi superior no grupo 20-23 anos que nos grupos mais velhos. A análise
não revelou efeito principal do membro inferior no desempenho dos extensores. O pico de
torque e trabalho máximo flexor e extensor foram superiores a 60°/s que a 300°/s. O pico
de torque e trabalho máximo dos flexores foi superior no membro inferior dominante que no
não-dominante, assim como houve interação entre a faixa etária e membro inferior. Os
resultados indicam que a idade influencia diretamente os flexores e extensores de joelho.

PALAVRAS-CHAVE: Futebol; desempenho muscular; idade.

INTRODUÇÃO: A capacidade de produção de força muscular está relacionada com o


desempenho físico durante a prática esportiva e com a predisposição a lesões esportivas.
Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1077

Estudos que compararam atletas jovens de diferentes faixas etárias indicaram que a força
muscular aumenta entre a infância e adolescência, apresentando pico no início da fase
adulta1,2,3. Já na comparação entre atletas adultos e mais velhos, observa-se uma redução
da força muscular com o aumento da idade 4,5. Apesar das investigações que compararam
jogadores jovens e adultos, a literatura é escassa na investigação do desempenho muscular
entre jogadores profissionais de futebol do sexo masculino de acordo com a idade. Além
disso, atualmente, observa-se um aumento na participação de jogadores acima de 30 anos
em equipes profissionais de futebol, refletindo um aumento da longevidade na carreira dos
jogadores6. Esse é mais um fator que demonstra a importância de investigações que
considerem como o aumento da idade se relaciona com o desempenho muscular de
jogadores de futebol. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi investigar a influência da
idade no desempenho muscular de flexores e extensores do joelho em jogadores
profissionais de futebol do sexo masculino.

MÉTODOS: Um estudo observacional do tipo transversal foi realizado, em que 216


jogadores profissionais de futebol do sexo masculino foram selecionados do banco de
dados do Laboratório de Prevenção e Reabilitação de Lesões Esportivas da Universidade
Federal de Minas Gerais. Esses jogadores pertenciam a clubes de elite do futebol mineiro
e foram agrupados em cinco categorias de faixa etária: ≤ 19 anos, 20-23 anos, 24-26 anos,
27-30 anos e ≥ 31 anos. Para avaliação do desempenho muscular foi utilizado um
dinamômetro isocinético Biodex System 3 Pro (Biodex Medical System Inc., Shirley, NY,
EUA). Os testes consistiram de contrações concêntricas máximas dos músculos extensores
e flexores de joelho nas velocidades de 60º/s e 300º/s. Para análise estatística, utilizou-se
ANOVA com desenho misto para verificar a influência dos fatores categoria de faixa etária,
membro inferior (dominante e não-dominante) e velocidade angular (60º/s e 300º/s) em
cada variável de desempenho muscular. Em caso de diferença significativa do fator
categoria de faixa etária, análise post-hoc com correção de Bonferroni foi realizada a fim de
verificar quais grupos etários eram diferentes. Além disso, as interações entre os fatores
foram analisadas por meio de contrastes pré-planejados. O nível de significância (α) de 0,05
foi utilizado para todas as análises dos dados.

RESULTADOS: O pico de torque extensor foi superior no grupo ≤19 anos que no grupo
≥31 anos (p=0,002). O pico de torque extensor foi superior no grupo 20-23 anos quando

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1078

comparado aos grupos 24-26 (p=0,001), 27-30 (p=0,001) e ≥31 anos (p<0,0001). O trabalho
máximo extensor foi superior no grupo 20-23 anos que nos grupos 24-26 (p=0,006), 27-30
(p=0,04) e ≥31 anos (p=0,03). O pico de torque e trabalho máximo extensor foram
superiores a 60°/s do que a 300°/s (p<0,0001). A análise não revelou efeito principal do
membro inferior para o desempenho dos extensores (p>0,05). O pico de torque e trabalho
máximo dos flexores foi superior a 60°/s que a 300°/s (p<0,0001) e superior no membro
inferior dominante que no não dominante (p<0,0001), assim como houve interação entre o
grupo de faixa etária e o membro inferior (p<0,05).

CONCLUSÃO: Os resultados deste estudo indicam que jogadores mais velhos apresentam
menor desempenho dos flexores e extensores do joelho em relação aos jogadores mais
jovens. O melhor desempenho muscular em atletas mais jovens que em atletas mais velhos
corrobora com os achados de outros estudos 7,8,9,10. A influência da idade foi diferente entre
extensores e flexores do joelho. Enquanto a redução do desempenho dos extensores do
joelho foi semelhante em ambos os membros inferiores, a redução do desempenho dos
flexores foi superior no membro inferior dominante que no não-dominante. Essa influência
não foi dependente das velocidades angulares investigadas. Essas diferenças podem ter
sido geradas devido às características da prática esportiva 11. Essas informações podem
contribuir com a prática dos profissionais esportivos durante o desenvolvimento de
programas de prevenção e reabilitação de lesões, assim como para programas de
treinamento.

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48, 2000.

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aged from 11 to 15. Annals of Physical and Rehabilitation Medicine, v. 53, p. 180–188,
2010.

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players: profile, asymmetry, and training age. Journal of Sports Science and Medicine, v.
9, p. 364-373, 2010.

11. FONSECA, S. T.; SOUZA, T.R.; OCARINO, J.M.; GONÇALVES, G.P.; BITTENCOURT,
N.F. Applied biomechanics of soccer. In: Athletic and sport issues in musculoskeletal
rehabilitation, 1 ed. D. J. Magee et al., eds., St. Louis MO: Saunders Elsevier, p. 12.1-
12.20, 2010.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1081

POSTURA E PRATICA ESPORTIVA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Ricardo Franklin de Freitas Mussi / GEPEECS-UNEB, LAPPE-UFSC


Emille Prates Teixeira / GEPEECS
Angelo Maurício de Amorim / GEPEECS-UNEB, LAPPE-UFSC
emilly_prates@hotmail.com

RESUMO: A presente investigação buscou identificar as interações posturais em


praticantes de esportes. Metodologicamente valeu-se da revisão de literatura,
especificamente na Scientific Library Online (SCIELO). Investigações apontaram elevada
recorrência de alterações posturais independente do esporte praticado. Além disso, os
desvios posturais modificam-se de acordo com a modalidade esportiva. No entanto, os
atletas apresentam maior controle postural. Neste sentido, é possível considerar que as
demandas esportivas promovem ou exacerbam os problemas e o controle postural.
Palavras-chave: Postura. Esporte. Atletas.

INTRODUÇÃO: Dentre as inúmeras questões relacionadas à manutenção de uma boa


saúde, aquelas relativas às manifestações posturais são importantes. No entanto, as
exigências da prática esportiva nem sempre respeitam as especificidades anátomo-
fisiológicas assumidas como ideais, visto que, as modalidades exigem que o corpo se
adapte para atender as suas demandas próprias. Essas adaptações podem influenciar no
aparecimento, ou agravamento, de alterações na postura em atletas (GAMA et al, 2009).
A boa postura é marcada pelo estado de equilíbrio esquelético e muscular, que
protegem o corpo contra lesões ou deformidades (KUSSUKI, JOÃO, CUNHA, 2007). Em
situação de normalidade postural ocorre menor sobrecarga e maior eficiência do aparelho
locomotor (HARRELSON, SWANN, 2005). Porém, ao longo da vida atlética, as estruturas
corporais se alteram, sob influência do tempo e das especificidades esportivas (técnicas e
gestos), podendo tornar-se definitivas. Neste sentido, parece importante a detecção
precoce e desenvolvimento de orientações posturais corretivas ou estabilizadoras
(MARTELLI; TRAEBERT, 2006).
A estabilidade postural depende de estímulos proprioceptivos derivados dos
mecanorreceptores e das suas interpretações pelo sistema nervoso central, para uma ação

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1082

motora adequada (HIEMSTRA; LO, FOWLER, 2001). Então, tanto os gestos motores
específicos do esporte, como os erros durante sua execução, podem aumentar a
prevalência de lesões (SILVA et al, 2009).
Assim, o objetivo dessa revisão da literatura é identificar as interações posturais em
praticantes de esportes.

MÉTODOS: Para a presente revisão da literatura foram buscados artigos publicados na


Scientific Library Online (Scielo), escolhida por apresentar periódicos da área da saúde de
alta qualidade cientifica, até o dia 13 de abril de 2015. Foram considerados aptos à integrar
a analise textos que atendessem aos seguintes critérios: (i) acesso ao texto completo e
gratuito; (ii) redigidos em português, espanhol ou inglês; (iii) investigassem postura e prática
esportiva. Foram excluídos artigos: (i) pesquisa com indivíduos doentes e/ou deficientes;
(ii) revisões. A busca simples na base de dados utilizou o descritor “POSTURA”, em seguida
foi realizada, pelos pesquisadores, seleção por título e resumo e, finalmente, ocorreu a
leitura crítica dos textos completos, considerando fundamentalmente os seus principais
resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir dos critérios de inclusão e exclusão foram


considerados aptos para compor a revisão 7 artigos publicados na SCIELO. Estudo com 27
meninas, ginastas rítmicas, com idade variando entre os sete a 15 anos, identificou
alteração postural em todas as avaliadas, principalmente, assimetria nos membros
inferiores e tronco, elevação esquerda da escapula, retroversão pélvica e protusão de
cabeça (BOSSO; GOLIAS, 2012).
Cabe citar que o uso inadequado da postura durante toda a vida pode desencadear
desequilíbrios no sistema neuromuscular e, consequentemente, problemas posturais
(ROSSI, BRANDALIZE, GOMES, 2011). No caso dos atletas, as modificações posturais
permaneceram após a vida esportiva.
Investigação com 63 adolescentes praticantes de atletismo de ambos os sexos
(BASTOS et al 2009) apontou que os saltadores e arremessadores\lançadores apresentam
postura de tronco mais equilibrada que os atletas de resistência, que apresentam tronco
anteriorizado mais frequente. Na região do quadril, arremessadores\lançadores
apresentaram rotação esquerda da pelve, enquanto nos saltadores ocorreram maior

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1083

frequência de anteversão. Nos joelhos, os fundistas apresentaram normalidade e


recurvatum, os arremessadores\lançadores com valgo e as demais modalidades com varo.
No tornozelo os saltadores apresentaram valgismo.
É importante ressaltar que diferentes modalidades esportivas promovem importante
sobrecarga musculoesquelética, provocando o surgimento de desvios posturais em atletas
(WOJTYS et al, 2000).
Estudo com 28 jovens atletas de futebol do sexo masculino (VEIGA, DAHER,
MORAIS, 2011) identificou recorrência de joelho varo, anteversão pélvica e assimetria no
triângulo de Tales. Essas alterações contribuem para formação de hiperlordose e são
causadas pela tensão dos flexores do quadril, contratura da musculatura lombar e fraqueza
dos abdominais e glúteos.
Os achados sobre desvios posturais apresentados confirmam que as diferentes
atividades esportivas praticadas interferem na postura corporal. Cada modalidade é
acompanhada por um conjunto de características próprias, exigindo adaptações corporais
que demandam modificações posturais, possivelmente benéficas ao rendimento atlético.
Levantamento com 21 jogadores do sexo masculino com idade entre 17 e 19 anos
(KLEINPAUL, MANN, SANTOS, 2010) apontou assimetria de escápulas, desalinhamento
horizontal da cabeça e pelve desviada à esquerda como os principais desvios posturais,
sem associação com lesões. Esses resultados parecem em desacordo com a compreensão
que o desalinhamento postural sobrecarrega as articulações, criando maior tensão sobre
elas, estirando os tecidos moles e diminuindo a eficiência muscular e ligamentar que as
mantêm equilibradas, portanto, desvios posturais e lesões estariam intimamente ligados.
Investigação com 10 atletas jogadores de futebol (ARLIANI et al, 2013) identificou a
diminuição da estabilidade global e anteroposterior e da capacidade funcional dos membros
inferiores após desenvolvimento de partida. Considerando que os reflexos sensório-
motores adequados reduzem a intercorrência de problemas/dores articulares e lesões, os
resultados da investigação apontam maior risco de lesões com a proximidade do fim da
partida.
Pesquisa comparou equilíbrio postural entre remadores, 19 atletas de ambos os
sexos, e não-atletas, 19 universitários de ambos os sexos (VIEIRA; OLIVEIRA, 2006),
observou que o grupo dos atletas apresenta melhor controle postural e equilíbrio, além de
maior resistência ao desconforto do esforço exigido pelo teste.

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1084

Averiguação com 43 meninas, 23 ginastas artísticas e 20 não praticantes, dos cinco


aos 11 anos, indica que o grupo das ginastas apresenta melhor controle postural nos anos
iniciais de desenvolvimento (VIANA et al, 2011).
Esses resultados corroboram com o entendimento que a prática esportiva beneficia
a estabilidade postural GUIMARÃES et al, 2004).

CONCLUSÃO: Essa revisão identificou que os desvios posturais estão disseminados entre
os atletas de diferentes modalidades e que os desvios variam segundo a exigência postural
de cada modalidade praticada, que podem potencializar a ocorrência de lesões. No entanto,
a prática esportiva promove adaptações orgânicas que permitem maior controle motor e
capacidade de resistir ao esforço, ampliando o rendimento e reduzindo o risco de lesões.

REFERÊNCIAS
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1087

COMPARAÇÃO DAS AÇÕES TÉCNICAS AO LONGO DE REPETIDAS SÉRIES DE


PEQUENOS JOGOS
Victor Alberice de Oliveira Rodrigues/ CECA – UFMG
Pedro Emílio Drumond/ CECA – UFMG
Gibson Moreira Praça/ CECA – UFMG
Pablo Juan Greco/ CECA – UFMG
valberice@gmail.com
RESUMO: O objetivo desse estudo foi comparar o comportamento técnico individual de
jogadores jovens de futebol ao longo de duas séries de pequenos jogos. A amostra
constituiu-se de 18 atletas de uma equipe de Futebol Sub-17 da cidade de Belo Horizonte.
Realizaram-se duas séries de pequenos jogos na configuração 3 vs 3. Os jogos tiveram a
duração de 4 minutos e uma pausa passiva de 4 minutos entre as séries. As equipes
possuíam um defensor, um meio-campista e um atacante. O comportamento técnico foi
mensurado conforme o protocolo utilizado por Owen et al. (2014), (bloqueio, condução,
interceptação, passe, domínio, chute, mudança de direção com bola e desarme). Não se
observaram diferenças significativas para a maioria dos itens analisados, com a exceção
do item Mudança de Direção com Bola, indicando que fatores como uma melhor relação
com os colegas de equipe e um maior tempo para se adequar as ações dos adversários
pouco interferiram no comportamento técnico durante as duas séries de pequenos jogos.

PALAVRAS-CHAVE: Futebol; Pequenos Jogos; Comportamento Técnico

INTRODUÇÃO: O jogo de futebol, como um Jogo Esportivo Coletivo (JEC), tem as suas
ações caracterizadas pelo contexto imprevisível e aleatório dado pela relação de
cooperação–oposição estabelecida nas regras de jogo da modalidade (GARGANTA, 2001).
Neste contexto, a ação motora realizada representa uma resposta inteligente e criativa,
antecipando as respostas dos adversários em função do objetivo do jogo (MATIAS;
GRECO, 2010). Para Bayer (1994) técnica “representa a utilização e a transformação da
motricidade para alcançar que esta seja cada vez mais adaptada ás exigências do jogo”.

Treinadores utilizam pequenos jogos no treinamento no futebol para o desenvolvimento da


capacidade técnica de forma específica, no ambiente do jogo formal (CLEMENTE et. al.,
2012). Estudos analisam a influência dos pequenos jogos nas ações técnicas dos jogadores

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1088

(KELLY; DRUST, 2009; CASAMICHANA; CASTELANO, 2010), porém poucos estudos


investigam a influência de repetidas séries de pequenos jogos no comportamento técnico
individual de jogadores de futebol. Repetidas séries de pequenos jogos podem levar os
jogadores a um desgaste físico (DELLAL et. al., 2011), uma melhor relação com os colegas
de equipe e a um maior tempo para se adequar as ações dos adversários, o que pode
influenciar no comportamento técnico de jogadores de futebol. Conhecer a influência da
realização de repetidas séries de pequenos jogos no comportamento técnico auxiliará
treinadores no correto planejamento das sessões de treino através deste meio para a
melhoria da capacidade técnica.

Portanto o objetivo desse estudo foi comparar o comportamento técnico individual ao longo
de repetidas séries de pequenos jogos em jogadores jovens de futebol.

MÉTODOS: A amostra constituiu-se de 18 atletas de uma equipe de Futebol Sub-17 da


cidade de Belo Horizonte. Os participantes do estudo preencheram termo de consentimento
livre e esclarecido, assinados pelos responsáveis. O projeto foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais e registrado sob o número
29215814.8.0000.5149.

Realizaram-se duas séries de pequenos jogos na configuração 3 vs 3. Os jogos tiveram a


duração de 4 minutos e uma pausa passiva de 4 minutos entre as séries. As equipes foram
distribuídas de forma que contivessem um defensor, um meio-campista e um atacante, afim
de evitar a influência do estatuto posicional. Essa distribuição se deu a partir do nível de
conhecimento tático processual dos jogadores, com o intuito de se manter o equilíbrio do
ponto de vista tático. O nível de conhecimento tático foi determinado utilizando o Teste de
conhecimento tático processual: Orientação Esportiva (TCTP: OE) (GRECO et. al., 2014).
O comportamento técnico foi mensurado conforme o protocolo utilizado por Owen et al.
(2014), para as ações de bloqueio, condução, interceptação, passe, domínio, chute,
mudança de direção com bola e desarme.

Os vídeos foram analisados por peritos devidamente treinados. A consistência das


observações foi avaliada por meio do coeficiente Kappa de Cohen, o qual apresentou
valores superiores a 0,8 para consistência inter e intra-avaliador.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1089

Os dados foram analisados por meio do teste de qui-quadrado de proporções, mantendo-


se um nível de significância de 5%.

RESULTADOS: A tabela 1 Mostra os resultados do comportamento técnico nas séries 1 e


2.

TABELA 1
Série Série Valor
1 2 p
Bloqueio 13 18 0,369
Condução 110 111 0,946
Interceptação 12 10 0,670
Passe 190 202 0,544
Domínio 180 191 0,568
Chute 71 63 0,490
Mudança de direção (com bola) 21 38* 0,027*
Desarme 30 30 1,000
* significativamente superior

Como apresentado na tabela 1, não se observaram diferenças significativas para a maioria


dos itens analisados (bloqueio, condução, interceptação, passe, domínio, chute e
desarme). Observou-se diferença entre as séries apenas no item Mudança de Direção com
Bola, sendo que o valor foi significativamente maior na segunda série em comparação à
primeira.

DISCUSSÃO: Este estudo comparou o comportamento técnico individual de jovens


jogadores de futebol durante duas séries de pequenos jogos. Não observaram-se
diferenças significativas no comportamento técnico durante as duas séries dos pequenos
jogos, com a exceção do item Mudança de Direção com Bola, sendo esse valor
significativamente superior na segunda série dos pequenos jogos.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1090

Outros estudos encontraram diferenças físicas em jogadores de futebol em repetidas séries


de pequenos jogos (OWEN et. al., 2014; SAMPSON et. al., 2014; Dellal 2011; HILL-HAAS,
2009) entretanto os resultados desse estudo indicam que o desgaste físico causado por
repetidas séries não acarretou na alteração do comportamento técnico, para a configuração
utilizada. Estudos com maior número de séries e outras composições dos componentes da
carga (tempo da série e tempo de intervalo) são necessários para ampliar o entendimento
acerca desta influência

Outros fatores podem influenciar o comportamento técnico, como uma melhor relação com
os colegas de equipe e um maior tempo para se adequar as ações dos adversários. Isso
ocorre através da coordenação e reorganização dos comportamentos dos jogadores
sustentadas pela troca contínua de informações entre os indivíduos e o ambiente (DUARTE
et. al., 2012). Entretanto neste estudo esses fatores pouco interferiram no comportamento
técnico durante as repetidas séries.

CONCLUSÃO: Conclui-se que não foram encontradas diferenças no comportamento


técnico durante repetidas séries de pequenos jogos. Os achados desse estudo se mostram
pertinentes para o treinamento do futebol através de pequenos jogos, uma vez que o
desgaste e a relação cooperação-oposição entre os colegas de equipe e os adversários
são fatores que existem no jogo, mas quando se utilizam duas séries repetidas de pequenos
jogos estes fatores parecem pouco interferir no comportamento técnico, podendo esta se
apresentar como uma importante ferramenta para o treinamento técnico no futebol.

REFERÊNCIAS:

BAYER, C. O ensino dos desportos colectivos. Colecção desporto, 1994.

CLEMENTE, F.; COUCEIRO, M. S.; MARTINS, F. M. L.; MENDES, R. The usefulness of


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DUARTE, R.; ARAÚJO, D.; CORREIA, V.; DAVIDS, K. Sports Teams as Superorganisms
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Sports Performance Analysis. Sports Medicine; 42 (8): 633-642. 2012

GARGANTA, J. M. A análise da performance nos jogos desportivos. Revisão acerca


da análise do jogo. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, v. 1, 2001.

HILLl-HAAS, S. V.; ROWSELL, G. J.; DAWSON, B. T.; COUTTS, A. J. Acute Physiological


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Soccer Players. Journal of Strength and Conditioning Research, 23(1), 111-115. 2009.

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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1092

COMPARAÇÃO ENTRE OS SEXOS DO COMPORTAMENTO TÁTICO PROCESSUAL


DE CRIANÇAS DE 6 A 10 ANOS

Janderson Pereira Machado – UFV


Mariana Calábria Lopes – UFV
Laura Beatriz Faleiro Diniz – UFV
efijanson22@gmail.com

RESUMO: O objetivo do estudo foi avaliar e comparar o comportamento tático de sujeitos


do sexo feminino e masculino em tarefas realizadas com a mão e com o pé. Participaram
do estudo 23 meninos e 23 meninas, com idade média de 7,96 (±1,21) anos. O
comportamento tático individual das crianças foi avaliado por meio do instrumento Teste de
Conhecimento Tático Processual para Orientação Esportiva (TCTP-OE), sendo o mesmo
realizado com a mão e com o pé por todos os sujeitos da amostra. Na ação tática com o pé
“passa ao colega sem marcação e posiciona-se para receber a bola”, os meninos
apresentaram um melhor desempenho do que as meninas (p<0,05), sendo que nos demais
critérios não houveram diferenças estatísticas significativas. Pode-se concluir que o
desempenho de meninos e meninas é semelhante no jogo com a mão e no jogo com o pé,
eles se diferenciam somente em uma ação tática ofensiva com bola.
Palavras-chave: Conhecimento Tático Processual, Jogos Esportivos Coletivos, Crianças.

INTRODUÇÃO: Nos jogos esportivos coletivos, os atletas das duas equipes coordenam
ações de ataque e defesa. Essas ações tem a finalidade de recuperar a bola, conservar a
posse de bola e progredir no campo adversário, enquanto são criadas situações de
finalização para marcar o gol ou ponto. Nessas situações, é requerido aos jogadores
conhecimentos táticos específicos, cujo o desempenho vai depender do conhecimento
tático que o jogador tem da modalidade (GARGANTA, 2006).
Na literatura encontra-se a distinção de dois tipos de conhecimento tático, o conhecimento
tático declarativo e o conhecimento tático processual (MORGAN & MCPHERSON, 2013).
O conhecimento tático declarativo refere-se à capacidade do atleta de saber “o que fazer”,
ou seja, conseguir declarar a melhor decisão a ser tomada durante uma ação esportiva. O
conhecimento tático processual refere-se ao “como fazer” e remete à capacidade do atleta

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1093

de executar uma ação motora dentro dos jogos esportivos coletivos (MATIAS & GRECO,
2010).
O adequado ensino-aprendizagem-treinamento dos jogos esportivos coletivos na fase de
iniciação esportiva, ajuda no desenvolvimento do conhecimento tático processual de
meninos e meninas, o qual vai melhorar o desempenho dos mesmos durante os jogos
(ABURACHID et al., 2014). Além disso, os resultados obtidos dão subsídios para
professores/treinadores sobre a qualidade da metodologia utilizada no ensino
aprendizagem adotados para as crianças (PRAÇA, MORALES & GRECO, 2013; GRECO
et al., 2014).
Portanto, o objetivo do estudo foi avaliar e comparar o comportamento tático individual de
meninos e meninas na faixa etária de 06 a 10 anos, em jogos realizados com as mãos e
com os pés.

MÉTODOS: Participaram do estudo 46 crianças (23 meninos e 23 meninas), com idade


média de 7,96 ±1,21 anos, da rede municipal de ensino da cidade de Viçosa – Minas Gerais.
O presente estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres
Humanos da Universidade Federal de Viçosa por meio do parecer número 636.262.
O conhecimento tático processual das crianças foi avaliado por meio do instrumento Teste
de Conhecimento Tático Processual para Orientação Esportiva (TCTP-OE), validado por
Greco et al., (2015). O teste apresenta uma situação de jogo de 3x3, que pode ser realizada
com as mãos ou com os pés, em um espaço de jogo de 9x9 metros. O tempo de jogo é de
quatro minutos e o objetivo é manter a posse de bola durante o maior tempo possível,
trocando passes e evitando a condução e o drible. Quando os jogadores defensores
recuperar a posse de bola, eles passam se atuar no ataque e inicia-se imediatamente a
troca de passes. Avaliam-se os jogadores de ataque (com bola e sem bola) e defesa
(marcador do jogador com bola e marcador do jogador sem bola), por meio dos seguintes
parâmetros ofensivos: JSB - movimenta procurando receber a bola e JCB - passa ao colega
sem marcação e posiciona-se para receber a bola; e defensivos: MJSB - apoia os colegas
na defesa quando são superados pelo adversário; MJSB - apoia o colega na defesa quando
o jogador com bola tem dificuldade para dominá-la; MJCB - Pressiona o adversário e
acompanha seus deslocamentos; MJCB - Pressiona o adversário levando-o para os cantos
do jogo.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1094

Cada criança jogou uma vez com os pés e outra com as mãos, sendo que todos os jogos
foram filmados para posterior observação e análise. A análise dos vídeos foi realizada por
dois avaliadores previamente treinados, os quais registraram cada ação tática realizada
pelas crianças. O índice de confiabilidade entre os avaliadores variou de 0.79 a 1.0,
calculado por meio do Índice de Correlação Intraclasse (ICC) e considerado satisfatório na
literatura (WATSON, 2013). Para comparação do desempenho entre ambos os sexos,
utilizou-se o Teste Mann-Whitney, tendo em vista a não-normalidade dos mesmos,
verificada por meio do teste de Shapiro-Wilk. A análise dos dados foi realizada por meio
programa SPSS® versão 19 para Windows®, adotando um nível de significância de p≤0,05.

RESULTADOS: Nos dois jogos (pé e mão), os meninos realizaram, em média 4,7 (±0,6)
ações táticas individuais, enquanto as meninas realizaram uma média de 4,2 (±0,7) ações.
Entretanto, não houve diferença significativa (p>0,05) entre o número total de ações táticas
individuais realizadas entre ambos os sexos. Este resultado não corrobora com o estudo
de Aburachid et al. (2014) no qual os meninos demonstraram um maior conhecimento tático
processual quando comparado às meninas. Este fato pode ter acontecido, porque a idade
da amostra é diferente no presente estudo, sendo os sujeitos mais velhos no trabalho citado
anteriormente. Garganta (1998) argumenta que atletas de faixas etárias mais avançadas
compreendem melhor as características de imprevisibilidade e aleatoriedade presentes no
jogo, o que pode influenciar seu comportamento e, consequentemente, interferir em seu
desempenho tático.
Quando observado somente o jogo com o pé, pode-se verificar uma diferença significativa
(p<0,05) entre ambos os sexos no parâmetro JCB - passa ao colega sem marcação e
posiciona-se para receber a bola, no qual os meninos tiveram um melhor desempenho do
que as meninas (Gráfico 01).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1095

1,00
Meninos Meninas
Médias das ações táticas

0,80

0,60 *
0,40

0,20

0,00
JSB JCB MJSB MJSB MJCB

Gráfico 01: Médias das ações táticas realizadas no jogo com o pé para ambos os sexos

Já no jogo com a mão, apesar da média de ações dos meninos ter sido superior à das
meninas, não foram encontradas diferenças significativas entre os sexos (p>0,05) em
nenhum dos parâmetros (Gráfico 02).

2,50 Meninos Meninas


Médias das ações táticas

2,00

1,50

1,00

0,50

0,00
JSB JCB MJSB MJSB MJCB MJCB

Gráfico 02: Médias das ações táticas realizadas no jogo com a mão para ambos os sexos

Tanto no jogo com a mão quanto com o pé, observam-se valores menores de ações
defensivas comparadas às ações ofensivas. Além disso, os dados apresentados revelam
um baixo número de ações táticas individuais realizadas pelos jogadores, principalmente
as ações táticas realizadas pelas crianças não portadores da bola, corroborando com o
estudo de Praça, Morales & Greco (2013) e Silva et al. (2013).

CONCLUSÃO: Pode-se concluir que o comportamento tático processual em jogos com o


pé e com a mão é semelhante entre meninos e meninas entre 6 e 10 anos, tendo sido
encontrada diferença significativa somente no parâmetro JCB - passa ao colega sem

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1096

marcação e posiciona-se para receber a bola, no qual os indivíduos do sexo masculino


obtiveram um maior número de ações. Torna-se importante ressaltar que avaliar o
comportamento tático individual na fase de iniciação esportiva serve como alternativa para
o controle e direcionamento pelo professor/treinador do desenvolvimento dos processos de
ensino aprendizagem para as crianças.

REFERÊNCIAS
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SCHULLER, J.A.P.; GRECO, P.J. Perfil do conhecimento tático de crianças de 8 a 12 anos
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Movimento. v. 1, 1998.
GARGANTA, J. (Re)Fundar os conceitos de estratégia e táctica nos jogos desportivos
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e Esportes. v. 20, p. 201-203, 2006.
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GRECO, P.J; MORALES, J.C.P; ABURACHID, L.M.C.; SILVA, S.R. Evidência de validade
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MATIAS, C.J.; GRECO, P.J. Cognição & ação nos jogos esportivos coletivos. Ciência &
Cognição. v. 15, p. 252-271, 2010.
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Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1098

ANÁLISIS DESCRIPTIVO DE LOS NIVELES EVALUATIVOS DEL SAQUE DE


VOLEIBOL FEMENINO.

José Vicente García-Tormo / UNILEON


Alessandro Júnior Mendes Fidelis / UNILEON
Juan Carlos Morante Rábago / UNILEON
jvgart@unileon.es

RESUMEN: El saque de voleibol está en evolución continua y adquiriendo una mayor


importancia en el juego como elemento técnico-táctico de carácter ofensivo y defensivo.
Este trabajo emplea la metodología observacional para realizar una descripción de los
componentes evaluativos, eficacia y nivel de riesgo asumido, de dos de las ligas españolas
de voleibol femenino. Para ello se recurre a una fórmula con la que cuantificar el nivel de
riesgo que se asume al servicio atendiendo a las variables que afectan en el momento de
su ejecución. Los resultados reflejan que a medida que se sube de categoría, están más
presentes los servicios de un mayor nivel de riesgo, correspondientes a los saques en salto
potente, pero en ligas inferiores se observa una mayor eficacia con los servicios de
intencionalidad táctica.
Palabras-clave: voleibol, saque, nivel de riesgo

INTRODUCCIÓN: El servicio ha sufrido un cambio en la visión técnico-táctica, como indican


diferentes estudios (Molina, 2003; Lozano, 2007; Quiroga, 2008; García-Tormo, 2015), en
los que además se recogen los tipos de saque que más se emplean en la actualidad
(Flotante, salto flotante y salto potente), valorando otras variables relacionadas con este
elemento técnico-táctico (trayectorias, zonas de saque, velocidad,…).

Esta importancia que está adquiriendo el servicio de voleibol queda consolidada en la


propuesta metodológica que hace el grupo de investigación de García-Tormo y cols. (2009,
2015), aportando un nuevo aspecto evaluativo denominado “nivel de riesgo”, el cual
describe el riesgo asumido por la jugadora al servicio a nivel técnico táctico en función de
las variables más influyentes en el momento de su ejecución, el tipo de saque, la trayectoria
y la dirección.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1099

El objeto del presente estudio, es realizar una descripción de los componentes evaluativos
del servicio (eficacia y nivel de riesgo) en dos de las ligas españolas, Liga FEV y Primera
División Nacional de categoría femenina, con el fin de mostrar una realidad del uso y
rendimiento de esta acción de juego que está en constante evolución.

MÉTODO: La metodología seguida para el presente estudio, es la propuesta realizada por


este mismo grupo de investigación (García-Tormo y cols., 2015), la cual se centra en la
metodología observacional, atendiendo a sus aspectos condicionales (Anguera, 2013).

La muestra empleada para el presente estudio, son los saques registrados en una
observación realizada en la Ligas Españolas de Voleibol de la temporada 2010/2011,
correspondientes a Liga FEV (959 saques) y Primera División (1029 saques).

Los niveles de respuesta evaluativos son todos aquellos descriptores evaluativos o de


rendimiento, los cuales son descritos mediante una escala numérica. Estos se
corresponden con la eficacia del saque y el nivel de riesgo asumido, siendo descrita esta
última mediante el sumatorio de (García-Tormo y cols., 2015).

Para la valoración de la eficacia obtenida con los servicios analizados, se ha seguido la


propuesta de la FIVB, la cual establece una escala de 5 valores para evaluar los saques en
función de su rendimiento, siendo E0 un error de saque y E4 un punto directo.

En su propuesta metodológica, García-Tormo y cols. (2015), proponen una fórmula para el


cálculo del Nivel de Riesgo (NR) a nivel técnico-táctico asumido por las jugadoras en el
momento del saque, estableciéndose 10 niveles de riesgo, en el que R9 es el riesgo inferior
y R18 el máximo nivel de riesgo. Esta fórmula es:

NR = (Tipo de saque * 2) + dirección + trayectoria

Para el registro de los diferentes niveles de respuesta, se realizó una categorización de


cada uno de ellos con el fin de facilitar la toma de datos en el instrumento de observación
“ad hoc”, así como su posterior análisis. Dicha catgorízación sigue la propuesta por García-
Tormo y cols. (2015), en la que realiza una descripción de cada una de ellas.

Para el registro y tratamiento de los datos obtenidos se ha recurrido al software Excel 2011
de Microsoft, mientras que para el análisis de frecuencias se ha hecho uso del software

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1100

estadístico SPSS 22 para MAC.

RESULTADOS: Los resultados obtenidos analizando los niveles de eficacia (Tabla 1)


reflejan que los niveles de eficacia son similares en los valores extremos, errores (E0) y
puntos directos (E4). Sin embargo, los datos de primera división muestran mayor eficacia a
nivel de E3, valor que indica que tiene más opciones de dificultar el ataque del equipo
contrario. El hecho de que en primera división los servicios tengan unos niveles más
elevados de eficacia puede venir justificado porque el nivel de recepción no está acorde al
nivel del saque, a igual que ocurre en categorías inferiores (García-Tormo y cols., 2006).
Estos datos discrepan notablemente con los obtenidos por Moreno y cols. (2007) donde
refleja para categoría masculina unos niveles de eficacia mayores para los valores mas
bajos (E1 – 52,41%) y un mayor índice de error (E0 – 19,2%), además que para E3 obtiene
unos porcentajes en torno al 5%.

FEV 1ª División

Frecuencia Porcentaje Frecuencia Porcentaje

E0 89 9,3 103 10,0

E1 427 44,5 453 44,0

E2 181 18,9 125 12,1

E3 179 18,7 259 25,2

E4 83 8,7 89 8,6

Total 959 100,0% 1029 100,0%

Tabla 1: Frecuencias y porcentajes de la eficacia.

En cuanto al Nivel de Riesgo asumido por las jugadoras durante los encuentros analizados,
en la Tabla 2, se puede observar como los índices de riesgo son menores en la categoría
inferior (primera división) ya que dicha liga presenta un menor número de saques del tipo
salto potente. Los índices más destacados en ambas ligas son los R12 y R14, los cuales
se corresponden al tipo de saque flotante lejano y salto flotante, con direcciones de diagonal

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1101

media y paralelas. En este mismo sentido, la Primera División Española refleja unos niveles
de riesgo muy bajos, ya que las jugadoras de dicha liga no emplean tantos saques en salto
potente como en la liga superior (Liga FEV). A igual que ocurre en categorías inferiores
(García-Tormo y cols., 2006), este tipo de saque requiere unos altos índices de
coordinación y fuerza para realizar este servicio con un rendimiento aceptable, Del empleo
de esta fórmula se han obtenido los resultados de la tabla 2, en la que se puede observar
como los índices de riesgo son menores en la categoría más baja (primera división) ya que
dicha categoría no presenta ningún saque del tipo salto potente. Los índices más
destacados en ambas ligas son los R12 y R14 (45% y 24% respectivamente), los cuales
corresponden al tipo de saque flotante lejano y salto flotante, con direcciones de diagonal
media y paralelas. Estos niveles de riesgo son superiores a los obtenidos en categoría
juvenil femenina (García-Tormo y cols., 2006), demostrando el mayor nivel de saque en
estas ligas nacionales.

FEV 1ª División

Frecuencia Porcentaje Frecuencia Porcentaje

R9 15 1,6 18 1,7

R10 33 3,4 122 11,9

R11 65 6,8 63 6,1

R12 381 39,7 458 44,5

R13 54 5,6 56 5,4

R14 223 23,3 263 25,6

R15 26 2,7 18 1,7

R16 64 6,7 8 0,8

R17 28 2,9 15 1,5

R18 70 7,3 8 0,8

Total 959 100,0% 1029 100,0%

Tabla 2: Frecuencias y porcentajes del nivel de riesgo.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1102

CONCLUSIONES: Existen claras diferencias entre las dos ligas estudiadas:

La eficacia del servicio disminuye con el aumento de la categoría, lo que indica que en ligas
inferiores, el nivel de saque sigue siendo superior al nivel de recepción de las jugadoras.
Los niveles de riesgo aumentan con las ligas más altas, habiendo poca presencia de saques
de alto riesgo en primera división nacional. Los servicios con un alto nivel de riesgo
conllevan una alta probabilidad de errar, aunque consiguen ciertos niveles de eficacia. Y
finalmente, los saques tácticos con un bajo nivel de riesgo se muestran muy efectivos en
una categoría no muy alta como es primera división.

REFERENCIAS

ANGUERA, M.T.; HERNÁNDEZ, A. La metodología observacional en el ámbito del deporte.


Revista de Ciencias del Deporte. v. 9, n. 3. p. 135-160. 2013.

GARCÍA-TORMO, J.V.; REDONDO, J.C.; VALLADARES, J.A.; MORANTE, J.C. Análisis


del saque de voleibol en categoría juvenil femenina en función del nivel de riesgo asumido
y su eficacia. MOTRICIDAD European Journal of Human Movement. v. 16, p. 99-121.
(2006)

GARCÍA-TORMO, J.V.; LOBIETTI, R.; VALLADARES, J.A.; MORANTE, J.C. Propuesta


metodológica para la cuantificación y el análisis del nivel de riesgo asumido en el saque de
voleibol de alto nivel. In: II CONGRESO DE CIENCIAS DEL DEPORTE DE LA UCAM, 5.,
2009, Múrcia. Anais del II congreso de ciencias del deporte de la UCAM. Múrcia, 2010.
p. 74.

GARCÍA-TORMO, J.V.; VAQUERA, A.; MORANTE, J.C. (2015). Methodological proposal


for the quantification and analysis of the level of risk assumed in volleyball service execution
in female high-level competition. Journal of Physical Education and Sport. v. 15, n. 1, p.
108-113. 2015.

LOZANO, C. Incidencia del saque y los elementos de la fase de juego del K1 sobre el
rendimiento de la misma en el voleibol femenino español de alto nivel. 2007. 268 h.
Tesis (Doctorado en Ciencias de la Actividad Fisica y del Deporte) - Universidad de Granada

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- Granada.
MOLINA, J.J. Estudio del saque de voleibol de primera división masculina: análisis de
sus dimensiones contextual conductual y evaluativo. 2003. Tesis (Doctorado en
Ciencias de la Actividad Fisica y del Deporte) - Universidad de Granada - Granada.
MORENO, M.P.; García de Alcaraz, A; Morena, A.; Molina, J.J.; Santos, J.A. Estudio de la
dirección del saque en la superliga masculina de voleibol. Motricidad. European Journal
of Human Movement. 2007. v. 18, p. 111-133.

QUIROGA, M.E.; García Manso, J.M.; Bautista, P.; Moreno, M.P. Características del
saque en el voleibol femenino de élite. Revista de Entrenamiento Deportivo. 2008. V.
22, n. 1, p. 17-21.

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1104

DESEMPENHO TÁTICO DE JOGADORES DE FUTEBOL POR ESTATUTO


POSICIONAL

Gustavo Caetano/NUPEF - UFV


Fernanda Lobato/NUPEF - UFV
Felipe Moniz/NUPEF – UFV
Israel Teoldo/NUPEF – UFV
gustavohlourenco@gmail.com
RESUMO: No futebol, cada jogador exerce funções distintas que se caracterizam em
virtude do estatuto posicional, classificados em Defesa, Meio Campo e Ataque. Essas
funções distintas advindas do posicionamento dentro de campo influenciam os jogadores
na determinação de estratégias que levam ao desenvolvimento do desempenho tático.
Sendo assim, a tática como a gestão do espaço de jogo da equipe através do
posicionamento e deslocamento dos jogadores de acordo com o objetivo do jogo, o objetivo
desse estudo foi comparar o desempenho tático de jogadores de futebol por estatuto
posicional. A amostra foi composta por 144 jogadores de categorias de base, divididos em
53 defensores, 56 meio-campistas e 35 atacantes. O instrumento utilizado foi o Sistema de
Avaliação Tática no Futebol - FUT-SAT. Foi utilizada One-way ANOVA para comparação
paramétrica e Kruskal-wallis para comparação não paramétrica. Foi verificado nos
resultados que não houve diferença significativa do desempenho tático por estatuto
posicional. Portanto, o desempenho tático dos jogadores por estatuto posicional nesta
amostra é similar, evidenciando que, com o treinamento correto, todos os jogadores
evoluem, independente da posição que jogam.
Palavras-chave: Futebol, tática, desempenho, estatuto posicional.

INTRODUÇÃO: No futebol, as posições ocupadas pelos jogadores dentro de campo podem


influenciar as respostas aos problemas táticos ocorridos em diversos momentos do jogo
(GARGANTA, 1999). O Estatuto Posicional é um conjunto de posições que orientam os
jogadores na organização do espaço de jogo (SILVA, 2011). O Estatuto Posicional é
classificado em Defesa, Meio Campo e Ataque (BAYER; COSTA; GÓIS, 1994).
Durante o jogo formal, vários problemas táticos em diferentes tipos de contexto são
apresentador para os jogadores, no qual, estes devem tentar solucionar de forma eficaz.
No entanto, pelo fato dos jogadores estarem organizados de acordo com o Estatuto

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1105

Posicional em diferentes locais do campo de jogo, o desempenho tático, na fase ofensiva


e defensiva de jogo pode ser específico.
Portanto, o objetivo desse estudo foi comparar o desempenho tático dos jogadores de
futebol por Estatuto Posicional.

MÉTODOS:

Amostra: A amostra foi composta por 144 jogadores de futebol do sexo masculino de
categorias de base divididos em 53 defensores, 56 meio-campistas e 35 atacantes. Como
critério de seleção da amostra, os participantes deveriam estar inscritos em programas
sistemáticos de formação esportiva (escolinhas ou clubes), com no mínimo três sessões de
treino por semana, além de participarem de campeonatos de futebol em nível estadual ou
nacional.

Todas as exigências éticas foram cumpridas e o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa, sob protocolo de
número (Of. Ref. Nº 106/2012/CEP.

Instrumentos: O instrumento utilizado para avaliar o desempenho tático dos jogadores de


futebol foi o Sistema de Avaliação Tática no Futebol – FUT-SAT(COSTA et al., 2011). O
desempenho tático dos jogadores é obtido a partir do Índice de Performance Tática (IPT)
dos princípios táticos fundamentais de futebol

Procedimentos de Coleta de Dados: Para avaliar o desempenho tático dos jogadores, foi
realizado o teste de campo do FUT-SAT, com dimensões de 36m x 27m e duração de
quatro minutos, com trinta segundos de “familiarização” antes do início do teste, além disto,
os jogadores foram orientados a jogar de acordo com as regras oficiais do jogo de Futebol,
exceto à regra do impedimento.

Materiais: Para a gravação dos jogos foi utilizada uma câmera digital SONY modelo HDR-
XR100. O material de vídeo obtido foi introduzido, em formato digital, em um computador
portátil (DELL modelo Inspiron N4030 processador Intel Core™ i3) via cabo USB, e
convertidos em arquivos “avi.” através dos software Format Factory e Prism Video
Converter. Para o tratamento das imagens e análise dos jogos foi utilizado o software
Soccer Analyser.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1106

Análise Estatística: Foi realizada estatística descritiva (média e desvio padrão) dos dados
de desempenho tático. Recorreu-se ao teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a
distribuição dos dados e ANOVA e Kruskal-Wallis para comparar a Desempenho Tático
entre os Estatutos Posicionais (Defensores, Meio Campistas e Atacantes). Realizou-se um
Post-Hoc de Mann-Whitney para detectar a diferença entre as posições.

Análise de Fiabilidade: Para verificar a fiabilidade das observações foi utilizado o método
teste-reteste respeitando um intervalo mínimo de três semanas para análise, evitando
problemas com a familiaridade com a tarefa (ROBINSON; O’DONOGHUE, 2007). Para o
cálculo da fiabilidade utilizou-se o teste Kappa de Cohen. Para sua análise foram
reavaliadas um número de ações superior ao apontado pela literatura (10%)
(TABACHNICK; FIDELL, 2007). Os resultados do reteste apresentaram confiabilidade intra-
avaliador cujos valores situaram-se entre 0,846 (Erro Padrão = 0,031) e 1,000 (Erro Padrão
= 0,000). Para a confiabilidade interavaliadores os valores situaram-se entre 0,853 (Erro
Padrão = 0,011) e 0,972 (Erro Padrão = 0,007). Para os procedimentos estatísticos utilizou-
se o software SPSS (Statistical Package for Social Science) for Windows®, versão 18.0.

RESULTADOS: Tabela 1: Média e desvio padrão do Índice de Performance Tática dos


jogos das categorias de base.

IPT Defesa Meio Campo Ataque P


Ofensivo
Penetração 56,62 ± 20,94 60,02 ± 23,34 54,34 ± 27,03 0,525
Cobertura Ofensiva 51,54 ± 11,99 51,6 ± 15,18 51,86 ± 16,3 0,995
Mobilidade 52,86 ± 23,88 53,97 ± 22,43 53,78 ± 26,73 0,952
Espaço 42,01 ± 9,5 43,09 ± 10,03 43,38 ± 11,75 0,795
Unidade Ofensiva 54,41 ± 18,77 54,31 ± 15,99 57,33 ± 17,72 0,821
Defensivo
Contenção 34,84 ± 15,8 35,13 ± 14,71 34,84 ± 19,68 0,763
Cobertura Defensiva 38,51 ± 19,21 37,64 ± 20,01 35,05 ± 19,5 0,710
Equilíbrio 32,07 ± 9,81 32,49 ± 11,19 31,66 ± 10,01 0,926
Concentração 33,53 ± 13,39 31,12 ± 9,63 36,65 ± 20,47 0,763
Unidade Defensiva 33,82 ± 9,18 35,31 ± 9,59 36,47 ± 8,46 0,710

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1107

Com relação às comparações do desempenho tático por estatuto posicional nas


categorias analisadas, os resultados evidenciam que não houve diferença entre elas. No
entanto, estes resultados podem ser explicados pelo processo de ensino treinamento
aplicado a estes jogadores. É possível que esse processo tenha possibilitado um
desenvolvimento homogêneo dos jogadores, independente da posição em campo que
atuam.
Os resultados deste estudo não corroboram os achados de Padilha, Moraes e Teoldo
(2013), que evidenciaram diferença nas ações relacionadas ao deslocamento da equipe
para o campo de jogo adversário e a diminuição dos espaços entre as linhas ofensivas.
Contudo, esta diferença de resultados pode estar relacionada ao tipo de organização
espacial que é proposta a cada equipe.

CONCLUSÃO: Conclui-se que o desempenho tático no futebol não é influenciado pela


posição do campo em que os jogadores atuam. Portanto, os treinadores devem focar os
treinamentos para o desenvolvimento das capacidades táticas independente da posição,
pois a maneira que os jogadores gerem o espaço de jogo proporcionará níveis semelhantes
de rendimento. Novos estudos podem ser desenvolvidos em diferentes categorias e em
diferentes estruturas funcionais.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho teve o apoio da SETES-MG através da Lei Estadual de Incentivo ao


Esporte, da FAPEMIG, da CAPES, do CNPQ, da FUNARBE, da Reitoria, Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-Graduação e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade
Federal de Viçosa.

REFERÊNCIAS:

BAYER, C.; COSTA, M. DA; GÓIS, P. O ensino dos desportos colectivos. Lisboa:
Dinalivro, 1994.

COSTA, I. et al. System of tactical assessment in Soccer (FUT-SAT): Development and


preliminary validation. System, v.7, n.1, p.69-83. 2011.

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GARGANTA, J. J. Garganta J. F. Gréhaigne. Abordagem sistêmica do jogo de futebol:


moda ou necessidade? Movimento (ESEF/UFRGS), v.1, p. 40–50, 1999.

GARGANTA, J.; PINTO, J. O ensino do futebol. O ensino dos jogos desportivos, 1994.

MESQUITA, I. The multidimensionality in the domain of the Volleyball Skills. World


Congress of Notational Analysis of Sport, 1998.

PADILHA, M.; MORAES, J.; TEOLDO, I. O estatuto posicional pode influenciar o


desempenho tático ente jogadores da Categoria Can positional statute influence tactical
performance of U-13 youth soccer players ? Revista brasileira ciência e movimento, v.
21, n. 4, p. 73–79, 2013.

ROBINSON, G.; O’DONOGHUE, P. A weighted kappa statistic for reliability testing in


performance analysis of sport. International Journal of Performance Analysis in Sport,
v.7, n.1, p. 12-19, 2007.

SILVA, B. Estudo dos comportamentos táticos de jogadores de Futebol em jogos


reduzidos e por estatuto posicional. Universidade do Porto, 2011.

TABACHNICK, B.; FIDELL, L. Experimental designs using ANOVA. Thomson/


Brooks/Cole. 2007.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1109

DESEMPENHO DAS AÇÕES TÉCNICAS NO TREINAMENTO COM JOGOS

Felipe Lovaglio Belozo / LEPE-UNICAMP

Guilherme Vinicius Moreira Grandim / LEPE-UNICMAP

Eliel Calazans Ferreira / LEPE-UNICMAP

Cristian Ramirez Lizana / LEPE-UNICMAP

Alcides José Scaglia / LEPE-UNICMAP

flbelozo@yahoo.com.br

RESUMO: O objetivo do presente estudo foi verificar o desempenho das ações técnicas
frente a manipulação da dimensão do campo e das regras. Participaram voluntariamente
onze jogadores (n=11) da categoria sub-20 filiados à Federação Paulista de Futebol (FPF)
com pelo menos quatro anos de experiência na modalidade. Os jogadores realizaram dois
jogos 6x6+G (controle e experimental) e dois jogos 10x10+G (controle e experimental). Com
isso foi avaliado o desempenho das ações técnicas de passe, domínio e finalização
(ofensivas), bem como desarme e interceptações (defensivas). A manipulação das regras
possibilita um aumento significativo nas ações de passe, domínio e interceptações e uma
diminuição significativa nos desarmes e finalizações, enquanto o aumento do tamanho do
campo gera uma queda significativa nas ações técnicas, porém um aumento significativo
nos acertos das ações.

Palavras-chave: Jogos coletivos; Futebol; Jogos reduzidos.

INTRODUÇÃO: O futebol é um jogo caracterizado por seu ambiente imprevisível, caótico


e aleatório com constante relação de adversários-companheiros-ambiente exigindo
habilidades abertas auxiliando o jogador a resolver diversos problemas (COSTA et al.,
2011; JÚLIO; ARAÚJO, 2005; SCAGLIA et al., 2013). A utilização de jogos apresenta-se
como uma ferramenta para ensino e treinamento do futebol, proporcionando ao jogador um
ambiente complexo de aprendizagem através da manipulação da dimensão do campo,
número de jogadores, e das regras. Logo, torna-se importante entender o desempenho das
ações técnicas frente essas manipulações para o controle e elaboração dos treinamentos.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1110

Contudo o objetivo do estudo foi analisar o desempenho das ações técnicas sob a
manipulação da dimensão do campo e das regras.
MÉTODO: Participaram do estudo onze jogadores (n=11) da categoria sub-20
(idade:19,4±0,7; altura: 174± 5,44 cm; massa corporal: 67,78 ± 8,30 kg; % de gordura: 9,95
± 2,47 e VO2: 49,73 ± 5,03 ml.kg-1.min-1) de uma equipe filiada à Federação Paulista de
Futebol (FPF) com pelo menos quatro anos de prática na modalidade. O estudo foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) sob o protocolo CAAE -
20862613.3.0000.5404.
Os jogadores foram submetidos a quatro formatos de campos, sendo dois 6x6+G (1.664m²)
e dois 10x10+G (6.720m²), todos com duração de 30 minutos e inclusão de goleiros (G).
Os campos foram separados em Controle (C) no qual apresentavam apenas as regras
oficias da FIFA e Experimental (E) com regras externas inseridas pela comissão para
favorecer o princípio tático da manutenção da posse de bola. Durante esses jogos, foram
observados o desempenho das ações técnicas de passe, domínio, finalizações, desarme e
interceptações.
A normalidade dos dados foi verificada pelo teste de Shapiro-Wilks e os valores obtidos das
ações técnicas foram comparados pelo teste T Student com nível de significância de
p<0,05. Também foi realizado um teste de fiabilidade utilizando o Kappa de Cohen com
valores de k entre 0.95 (desarme) e 0.99 (passe, domínio, interceptação e finalização)

RESULTADOS: A Tabela 1 apresenta os resultados das ações técnicas de passe,


domínios, finalizações, desarmes e interceptações totais e o percentual de acertos de cada
ação.
Matrizes de Jogos
Ações Técnicas 6x6+G(C) 6x6+G(E) 10x10+G(C) 10x10+G(E)
Ofensivos
% Acertos 84,6a 83,7 89,6 85,7
Passe a
Total 281 561b 231 308
% Acertos 92,5 97,1 97,3 97,4
Domínios b
Total 268 386b 199 186
% Acertos 60,0 71,4 50,0 0
Finalizações a
Total 50 7 4,0 0
Defensivos
Desarmes % Acertos 60,0 33,3 60,8 76,9

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1111

Total 40a 24 23 13
% Acertos 70,0 59,0 45,4 51,4
Interceptações a
Total 40 83 22 35
Tabela 1: Porcentagem de acertos e totais das ações técnicas em quatro campos
experimentais.
a
Diferença entre o campo 6x6+G(C) e 6x6+G(E) / 10x10+G(C) e 10x10+G(E); p<0,05;
b
Diferença entre o campo 6x6+G(C) e 10x10+G(C) / 6x6+G(E) e 10x10+G(E); p<0,05;

CONCLUSÃO: Ao final do estudo conclui-se que a manipulação da dimensão do campo e


das regras modifica o desempenho técnico dos jogadores, por isso devem ser estudados
para serem utilizados no momento correto da programação. A adição das regras externas
(E), direciona o jogo para a intensa circulação da posse de bola aumentando
significativamente o número de passes, domínios e interceptações. É interessante observar
que quanto mais passes acontecem, maiores serão as possibilidades de domínios e
interceptações. Outra observação importante é que sem as regras para favorecer a
manutenção da posse de bola, os atletas conduzem mais a bola e com isso favorecem a
ação do desarme, por isso para enfatizar determinado princípio técnico ou tático, as regras
bem elaboradas são indispensáveis. Além disso, o jogo Controle apresenta-se com ações
mais verticais, enquanto que o jogo Experimental é mais horizontal, por isso existe uma
diferença significativa no número de finalizações. Sendo assim ao inserir regras externas,
a comissão técnica precisa estar ciente que ela poderá gerar adaptações positivas ou
negativas no modelo de jogo da equipe. Em relação à dimensão do campo, nota-se que
quanto maior os campos, menores serão as ações técnicas de passe e domínio, porém
ocorre um aumento nos acertos devido a maior área por jogador, possibilitando mais
espaço para execução das ações. Além disso os campos maiores devem sempre ser
inseridos na programação de treinamentos pois são mais específicos para os jogos oficiais.

REFERÊNCIAS

COSTA, I. GRECO, P. GARGANTA, J. COSTA, V. MESQUITA, I. Ensino-aprendizagem e


treinamento dos comportamentos tático-técnicos no futebol. Revista Mackenzie de
Educação Física e Esporte, v. 9, n. 2; 1980-6892, 2011.

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JÚLIO, L.; ARAÚJO, D. Abordagem dinâmica da acção táctica no jogo de futebol. O


Contexto da Decisão: A Acção Táctica no Desporto. Cap, v. 10, p. 157-178, 2005.

SCAGLIA, A. J. REVERDITO, R. S. LEONARDO, L. LIZANA, C.J. O ensino dos jogos


esportivos coletivos: as competências essenciais e a lógica do jogo em meio ao processo
organizacional sistêmico. Movimento, v. 19, n. 4, p. 227-249, 2013.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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EFICIÊNCIA DAS AÇÕES DE TRANSMISSÃO DA POSSE DA BOLA EM TRÊS


MATRIZES DE JOGOS

Guilherme Vinicius Moreira Grandim / LEPE-UNICAMP

Felipe Lovaglio Belozo / LEPE-UNICAMP

Eliel Calazans Ferreira / LEPE-UNICAMP

Cristian Javier Ramirez Lizana / LEPE-UNICAMP

Alcides José Scaglia / LEPE-UNICAMP

gui.grandim@gmail.com

RESUMO: O objetivo do presente estudo foi observar o desempenho das ações de


transmissão da posse de bola nas diferentes funções dos jogadores em três matrizes de
jogos. Participaram voluntariamente onze jogadores (n=11) da categoria sub-20 filiados à
Federação Paulista de Futebol (FPF) com pelo menos quatro anos de experiência na
modalidade. Os jogadores foram submetidos a um jogo em campo experimental (E), um em
campo controle (C) e um jogo oficial (JO) todos no formato 10x10+G. Foram avaliados a
eficiência das ações e o total por minuto em todas as funções. A manipulação das regras
no campo experimental, possibilitaram uma maior eficiência por parte de meio campistas e
volantes, enquanto o jogo oficial apresenta maior quantidade de ações por minuto para as
mesmas posições.

INTRODUÇÃO: A utilização do treinamento com jogos vem sendo cada vez mais difundido
pelas comissões técnicas na intenção de evoluírem suas equipes de forma integrada e
sistêmica, tornando os jogadores capazes de resolverem problemas de diversos níveis e
situações (COSTA et al., 2011). Dessa forma, Scaglia et al. (2013) propuseram quatro
matrizes de jogos para organizar e sistematizar a utilização de jogos no treinamento, sendo
eles os jogos conceituais (JC), jogos conceituais em ambiente especifico (JCAE), jogos
específicos (JE) e jogos contextuais (JCX). Logo, torna-se importante entender o

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1114

desempenho das ações técnicas dos jogadores verificando como elas se comportam nas
diferentes matrizes de jogos.
O objetivo do presente estudo foi observar o desempenho de diferentes funções dos
jogadores nas ações de transmissão da posse da bola em três matrizes de jogos.

MÉTODO: Participaram do estudo onze jogadores (n=11) da categoria sub-20


(idade:19,4±0,7; altura: 174± 5,44 cm; massa corporal: 67,78 ± 8,30 kg; % de gordura: 9,95
± 2,47 e VO2: 49,73 ± 5,03 ml.kg-1.min-1) de uma equipe filiada à Federação Paulista de
Futebol (FPF) com pelo menos quatro anos de prática na modalidade. O estudo foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) sob o protocolo CAAE -
20862613.3.0000.5404.
Os jogadores foram submetidos a três matrizes de jogos no formato 10x10+G (6.720m²)
com a inclusão de goleiros. A primeira é denominada de Jogo Especifico (JE) apresentando
um campo oficial apenas com regras da FIFA, denominada no estudo como Controle (C);
a segunda é classificada como Jogo Conceitual em Ambiente Especifico (JCAE), no qual
foram adicionadas regras externas para favorecer o princípio tático de manutenção da
posse de bola, classificadas no estudo como Experimental (E) e a terceira é um Jogo
Contextual (JCX) colocada como um Jogo Oficial (JO) válida pelo Campeonato Paulista
SUB-20. Os jogos Controle (C) e Experimental (E) tiveram a duração de 30 minutos
enquanto o Jogo Oficial apresentou duração de 90 minutos.
Para efeitos de comparação foram calculadas a eficiência das ações de transmissão da
posse de bola (passes, lançamentos e cruzamentos) com a diferença das ações certas
pelas ações erradas divididas pelo total. Os dados de ações totais foram normalizados em
ações por minuto.
A normalidade dos dados foi verificada pelo teste de Shapiro-Wilks e os valores obtidos das
ações de transmissão da posse da bola foram comparados pelo teste T Student com nível
de significância de p<0,05. Também foi realizado um teste de fiabilidade utilizando o Kappa
de Cohen com valores de k 0.99.

RESULTADOS: A tabela 1 apresenta os resultados referentes as ações de transmissão da


posse da bola nos campos controle (C), experimental (E) e no jogo oficial (JO) para cada
posição.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1115

Matrizes de Jogos
Posição Eficiências e Totais 10x10+G(C) 10x10+G(E) 10x10+G(JO)

Eficiência 0,81 0,88 0,44


Zagueiros
Total p/ Minuto 0,88 0,95 0,90
Eficiência 0,81 0,79 0,53
Laterais
Total p/ Minuto 0,86 0,95 1,33
Eficiência 0,84 0,89ab 0,57
Volantes
Total p/ Minuto 1,01 1,21 1,71ab
Eficiência 0,77 0,84ab 0,53
Meio Campistas
Total p/ Minuto 0,73 1,26 1,55ab
Eficiência 0,62 0,89 0,76
Atacantes
Total p/ Minuto 0,35 0,76 0,41
a
Diferença entre as posições no mesmo campo
b
Diferença na mesma posição nos três campos

Tabela 1: Total e eficiência das ações de transmissão da posse da bola nos campos
controle (C), experimental (E) e Jogo Oficial (JO) separados para cada posição.

CONCLUSÃO: Ao final do estudo foi concluído que para o treinamento das situações de
transmissão da posse da bola o campo experimental (E) apresentou-se como o mais
eficiente. As manipulações das regras externas são fundamentais para favorecer os
princípios determinados pela comissão técnica, embora não tenha ocorrido diferença
estatística, os jogos controle (C) apresentaram os valores de passe por minuto inferiores
aos exigidos no jogo oficial em todas as posições. O Jogo Oficial (JO) é o campo no qual
ocorreram o maior número de ações por minuto de transmissão da posse, principalmente
com volantes e meio campistas demonstrando que os treinos estão próximos ao Jogo
Oficial, devido as duas posições serem as que mais realizam ações quando comparados
aos outros campos e as outras posições no Jogo Oficial (JO). Os treinamentos precisam
sempre buscar o estado de jogo de cada atleta para que o índice de eficiência dos treinos
seja próximo ao jogo oficial.

REFERÊNCIAS

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1116

COSTA, I. et al. Ensino-aprendizagem e treinamento dos comportamentos tático-técnicos


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2011.

SCAGLIA, A. J. et al. O ensino dos jogos esportivos coletivos: as competências essenciais


e a lógica do jogo em meio ao processo de organizacional sistêmico. Movimento
(ESEF/UFRGS), v. 19, n. 4, p. 227-249; 1982-8918, 2013.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1117

EFICIÊNCIA DO COMPORTAMENTO TÁTICO DOS JOGADORES DE FUTEBOL DE


ACORDO COM O ESTATUTO POSICIONAL.
Elton Ribeiro Resende /NUPEF - UFV
Fernanda Lobato/NUPEF - UFV
Davi Correia da Silva/NUPEF – UFV
Israel Teoldo/NUPEF - UFV
elton_rresende@hotmail.com
RESUMO: verificar o padrão de comportamento tático de jogadores de futebol que atuam
em diferentes estatutos posicionais. A amostra foi composta por 144 jogadores de futebol.
O instrumento utilizado para coleta e análise dos dados foi o FUT-SAT. Foram utilizados os
testes descritivos (média e desvio padrão), Teste de Anova e Kruskal-Wallis para comparar
a eficiência do comportamento tático entre os estatutos posicionais (Defensores, Meio
Campistas e Atacantes). Realizou-se um Post-Hoc de Mann-Whitney para detectar a
diferença entre as posições. O software SPSS for Windows®, 18.0 foi utilizado para
tratamento dos dados. Houve diferença significativa entre os estatutos posicionais apenas
para tático “Cobertura Ofensiva” (p=0,014) sendo verificadas diferenças entre os
Defensores e Meio Campistas (p=0,013) e os Meio Campistas e Atacantes (p=0,018).
Conclui-se que os Defensores e Atacantes apresentaram um padrão de eficiência do
comportamento tático superior para o princípio de Cobertura Ofensiva.

Palavras-Chave: Futebol; Princípio Tático; Eficiência do Comportamento Tático.


INTRODUÇÃO: No contexto do futebol as posições que os jogadores ocupam no campo
de jogo podem influenciar na resolução dos problemas táticos no jogo (GARGANTA, 1997).
Desta maneira, o conjunto de posições que orienta a organização do espaço de jogo é
denominado estatuto posicional (SILVA, 2011). Sendo assim, o estatuto posicional pode
condicionar os jogadores na execução dos princípios táticos do jogo de futebol.
Os princípios táticos são um conjunto de regras sobre o jogo que favorecem aos
jogadores a possibilidade de soluções táticas para resolver rapidamente os problemas
advindos das partidas (GARGANTA; PINTO, 1994). Desta forma, a análise do
comportamento por meio da realização dos princípios táticos é uma ferramenta adequada
para medir a eficiência do comportamento tático. A literatura tem apontado o Sistema de
Avaliação Tática no Futebol (FUT-SAT) instrumento utilizado para análise e avaliação dos

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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princípios táticos fundamentais do futebol. Ele permite quantificar e qualificar as ações


táticas dos jogadores durante um jogo em campo reduzido (TEOLDO et al., 2011). Deste
modo, a Eficiência do Comportamento Tático está diretamente ligada com a qualidade da
execução da ação tática individual dos jogadores diante de uma situação de jogo
(MESQUITA, 1998).
Portanto, é importante avaliar a eficiência do comportamento tático conforme as
demandas reais de jogo, ou seja, sendo o mais próximo do jogo formal e levando em conta
o seu estatuto posicional para que possa auxiliar na formação de jogadores tornando-os
mais eficientes. Sendo assim, este trabalho tem por objetivo verificar o padrão de
comportamento tático entre os estatutos posicionais de jogadores de futebol.

MÉTODOS:

Amostra: A amostra foi composta por 144 jogadores de futebol do sexo masculino, sendo
53 Defensores, 56 Meio Campistas e 35 Atacantes. Os participantes deveriam estar
inscritos em programas sistemáticos de formação esportiva, com no mínimo três sessões
de treino por semana, além de participarem de campeonatos de futebol em nível estadual
ou nacional.

Todas as exigências éticas foram cumpridas e o estudo foi aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa, sob
protocolo de número (Of. Ref. Nº 106/2012/CEP).

Instrumentos: O instrumento utilizado para a recolha e análise dos dados foi o Sistema
de Avaliação Tática no Futebol – FUT-SAT (TEOLDO et al., 2011).

Procedimentos de Coleta de Dados: O teste de campo do FUT-SAT é realizado em um


espaço de 36 metros de comprimento por 27 metros de largura, com uma configuração de
GR3 vs. GR3 (goleiro + 3 jogadores vs. goleiro + 3 jogadores), durante 4 minutos. Para a
realização do teste de campo do FUT-SAT, os jogadores foram divididos em duas equipes,
com três jogadores de linha e um goleiro. Cada equipe utilizava um jogo de coletes
numerados e de cores diferentes. Durante a aplicação do teste foi solicitado aos jogadores
que jogassem de acordo com as regras oficiais do jogo, com exceção da regra do
impedimento. Foram concedidos 30 segundos para a familiarização dos jogadores com o
teste, findos os quais deu-se início ao mesmo.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1119

Análise Estatística: Foi realizada análise descritiva de média e desvio padrão dos dados
de Eficiência do Comportamento Tático. Recorreu-se ao teste de Kolmogorov-Smirnov para
verificar a distribuição dos dados. Teste de Anova e Kruskal-Wallis para comparar a
Eficiência do Comportamento Tático entre os Estatutos Posicionais (Defensores, Meio
Campistas e Atacantes). Realizou-se um Post-Hoc de Mann-Whitney para detectar a
diferença entre as posições.

Análise de Fiabilidade: Para verificar a fiabilidade das observações foi utilizado o método
teste-reteste respeitando um intervalo mínimo de três semanas para análise, evitando
problemas com a familiaridade com a tarefa (ROBINSON; O'DONOGHUE, 2007). Para o
cálculo da fiabilidade utilizou-se o teste de Kappa de Cohen. Para sua análise foi
reavaliadas um número de ações superior ao apontado pela literatura (10%)
(TABACHNICK; FIDELL, 2007). Os resultados do reteste apresentaram confiabilidade intra-
avaliador cujos valores situaram-se entre 0,846 (Erro Padrão = 0,031) e 1,000 (Erro Padrão
= 0,000). Para a confiabilidade interavaliadores os valores situaram-se entre 0,853 (Erro
Padrão = 0,011) e 0,972 (Erro Padrão = 0,007). Para os procedimentos estatísticos utilizou-
se o software SPSS (Statistical Package for Social Science) for Windows®, versão 18.0.

RESULTADOS:

Tabela 1: Médias e Desvios-Padrão da Eficiência do Comportamento Tático por


Estatuto Posicional
Princípios Táticos Defensores Meio Campistas Atacantes P
OFENSIVO
Penetração 77,73±23,75 80,84±30,34 72,34±33,54 0,247
0,014
Cobertura Ofensiva 91,65±17,42 86,06±16,80 93,66±11,05
*
Espaço 89,36±11,86 90,02±13,21 92,48±11,90 0,367
Mobilidade 64,25±40,61 70,43±37,45 82,65±33,36 0,150
Unidade Ofensiva 94,56±16,80 94,31±18,54 93,58±16,05 0,749
Defensivo
Contenção 67,33±25,73 71,74±24,42 59,83±28,12 0,114
Cobertura Defensiva 71,10±37,20 82,23±29,96 77,59±34,11 0,253
Equilíbrio 60,22±23,02 61,75±25,59 62,46±23,14 0,903
Concentração 90,15±16,30 90,63±15,25 93,29±15,04 0,449
Unidade Defensiva 78,07±22,51 79,18±18,47 84,32±15,87 0,398
*Diferença Estatisticamente Significativa (p<0,05). Cobertura Ofensiva: Defensores e Meio
Campistas: (Z= -2,481, p=0,013); Meio Campistas e Atacantes (Z= -2,361, p=0,018).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1120

De acordo com a tabela 1 o princípio da Cobertura Ofensiva obteve diferença


estatisticamente significativa entre os Defensores e Meios Campistas e Meios Campistas e
Atacantes. Este princípio está relacionado com as ações de apoio ao portador da bola
dentro do centro de jogo e no corredor subsequente da metade menos ofensiva do jogo,
para que ele possa dar sequencia ao jogo através do passe ou por ação de penetração na
defesa adversária (TEOLDO et al., 2009). Desta forma, pode-se inferir que a maior
eficiência do comportamento tático foi dos Atacantes, se deram por conta das
características de jogo apresentado, sendo um jogo de aproximação ao jogador portador
da bola e realização de tabelas, localizado nas zonas centrais do campo e corredores
subsequentes.

Os resultados encontrados em relação aos Atacantes podem ser devido às zonas do


campo que eles ocupam dentro do campo de jogo, tendo como função de realização de
pivôs por meio de passes curtos ou por meio da penetração e na realização de apoio aos
Meio Campistas e/ou Defensores quando eles estão com a posse de bola (GARGANTA;
PINTO, 1995). Já a diferença entre Meio Campistas e Defensores possivelmente ocorreu
devido às ações com bola por parte dos Meio Campistas no intuito de construir o jogo
realizando a transição entre os setores de defesa e ataque, tendo apoio dos Defensores
dentro do centro de jogo e atrás da linha da bola (GARGANTA; PINTO, 1995; TEOLDO et
al., 2009).

Para futuros estudos aplicar testes com a utilização de impedimento, acréscimos de


curinga dentro e fora do campo de jogo para verificar as mudanças de comportamento tático
dos jogadores em situações reais de jogo.

CONCLUSÃO: Conclui-se com este estudo, que o estatuto posicional influencia no padrão
de eficiência do comportamento tático por parte dos Defensores e Atacantes. Sobretudo,
em movimentações de apoio ofensivo dentro do centro de jogo que ocorrem na frente e/ou
atrás da linha da bola. Desta maneira, os Defensores e Atacantes possuem um padrão de
eficiência do comportamento tático superior para o princípio de Cobertura Ofensiva.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho teve o apoio da SEEJMG através da Lei Estadual de Incentivo ao


Esporte, da FAPEMIG, da CAPES, do CNPQ, da FUNARBE, da Reitoria, Pró-Reitoria de

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Pesquisa e Pós-Graduação e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade


Federal de Viçosa.

REFERÊNCIAS:

GARGANTA, J. Modelação táctica do jogo de futebol: Estudo da organização da fase


ofensiva em equipas de alto rendimento. 1997. 292 p. (Doutorado). Faculdade de
Ciências do Desporto e Educação Física, Universidade do Porto, Porto, 1997. 292 p.

GARGANTA, J.; PINTO, J. Contributo da modelação da competição e do treino para a


evolução do nível do jogo no futebol. Centro de Estudos dos Jogos Desportivos FCDEF-
UP. 1994.

GARGANTA, J.; PINTO, J. Contributo da modelação da competição e do treino para a


evolução do nível do jogo de futebol Porto, Portugal. 1995.

MESQUITA, I. The multidimensionality in the domain of the Volleyball Skills. In: HUGHES,
M.; TAVARES, F. (Ed). IV World Congress of Natational Analysis of Sport. Porto,
Portugal: Multitema, p.147 - 155. 1998.

ROBINSON, G.; O'DONOGHUE, G. A weighted kappa statistic for reliability testing in


performance analyses of sport. International Journal of Performance Analysis in Sport,
v.7, n.1, p.12-19. 2007.

SILVA, B. S. R. Estudo dos comportamentos táticos de jogadores de Futebol em jogos


reduzidos e por estatuto posicional. 2011. 87 p., Faculdade de Desporto da Universidade
do Porto, Dissertação de Mestrado, Porto, Portugal 2011. 87 p.
TABACHNICK, B.; FIDELL, L. Using Multivariate Statistics. Harper e Row Publishers,
new York, v.5, p.p.17-30. 2007.

TEOLDO, I.; GARAGANTA, J.; GRECO, P. J.; MESQUITA, I.; MAIA, J. Sistema de
avaliação tática no futebol (FUT-SAT): Desenvolvimento e validação preliminar.
Motricidade, v.7, n.1, p.69-84. 2011.

TEOLDO, I.; GARGANTA, J.; GRECO, P.; MESQUITA, I. Princípios Táticos do Jogo de
Futebol: conceitos e aplicação. Revista Motriz, v.15, n.3, p.657-668. 2009.

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PICO DE VELOCIDADE NO TESTE T-CAR EM DIFERENTES TERRENOS.


Tiago Cetolin2.
Rodrigo Brustolin de Oliveira.
Valdeci Foza.
Alessandro Haupenthal 2.
Juliano Fernandes da Silva1.
1 – Laboratório de Esforço Físico (LAEF)- UFSC
2 – Figueirense Futebol Clube
tcetolin@terra.com.br

RESUMO: O objetivo do estudo foi verificar a influência do terreno no pico de velocidade


(PV) encontrado através do teste T-CAR realizado nos terreno arenoso (AR), grama natural
(GN) e grama artificial (GA). 12 atletas de futebol com 17,8± 1,60 anos, estatura 177,8±0,08
cm e massa corporal total 68,89±6,86 kg foram submetidos ao teste T-CAR para a
determinação do PV, frequência cardíaca máxima (FCmáx) e percepção subjetiva de
esforço (PSE) nos três terrenos com intervalo de 48 horas. Não foram encontradas
diferenças significativas na FCmáx e PSE nos diferentes terrenos. No PV foram
encontradas diferenças estatisticamente significativas GA (15,4±1,0 Km.h -1) para o AR
(13,7±1,2 Km.h-1) e GN (14,7±1,2 Km.h-1) para AR (13,7±1,2 Km.h-1). Assim, a diferença
em valores percentuais e absolutos entre os terrenos foram de: 7,3% (1,0 km.h -1) entre GN
a AR; 12,4% (1,7 km.h-1) entre AR e GA e 4,8% (0,7 km.h-1) entre GN e GA. Concluiu-se
que os diferentes tipos de terrenos (arenoso, grama natural e grama artificial) interferem
nos indicadores associados à potência aeróbia, obtidos por meio do teste T-CAR.
Palavra-chave: Pico de velocidade, Terrenos, Potência aeróbia.

INTRODUÇÃO: Inúmeras avaliações têm sido criadas para avaliar o jogador de futebol.
Carminatti et al. (2004), propuseram uma avaliação da potência aeróbia a partir do pico de
velocidade (PV), no teste denominado T-CAR, o qual está associado com índices aeróbios
(limiar anaeróbio e vVO2máx) mensurada em laboratório (FERNANDES DA SILVA et al.,
2011).
No entanto, muitas vezes os treinamentos são realizados em outro terreno que não
seja o específico de grama natural. Isso pode influenciar nas solicitações metabólicas, como

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1123

encontrado entre o terreno arenoso (AR) e grama natural (GN) (CETOLIN et al., 2010;
PINNINGTON, 2005; PINNINGTON; DAWSON, 2001) e terreno de grama natural e grama
artificial (ANDERSSON et al., 2008; SASSI et al., 2011; WILLIAMS et al., 2011).
Sendo assim, o objetivo deste estudo foi comparar o PV obtidos através do teste T-
CAR em diferentes (terreno arenoso, grama natural e grama artificial).

MÉTODOS: A amostra deste estudo foi constituída de doze atletas de futebol do sexo
masculino (17,8± 1,60 anos; 177,8±0,08 cm; 68,89±6,86 kg). Todos realizavam dois treinos
diários, totalizando 10-12 sessões/semana. O termo de consentimento aprovado pelo
Comitê de Ética de Pesquisa do Círculo-FSG (protocolo 0145).
Durante uma semana os atletas realizaram o teste de campo incremental T-CAR nos
diferentes terrenos (AR, GN E GA). Os atletas realizaram os testes sempre com um
intervalo de 48 horas, no mesmo horário do dia para evitar variações biológicas. Para a
realização do teste na GN, GA e AR foram utilizados chuteiras, tênis específicos para este
terreno e pés descalços, respectivamente. Para monitoramento da FC foi utilizado o
cardiofrequencímetro da marca Polar Electro ® modelo FS1.
Foi utilizado escala de percepção subjetiva de esforço (PSE) com o protocolo
proposto por Borg et al., (1987) de 20 pontos.
Verificou-se normalidade na distribuição dos dados por meio do teste de Shapiro
Wilk. Para comparação dos valores do PV, nos três tipos de terreno (GN, GA e AR) foi
utilizada a análise de variância ANOVA (one-way), complementada pelo teste de Tukey.
Adotou-se o nível de significância de 5% (p<0,05). Foi utilizado o pacote estatístico SPSS®
versão 20.0.

RESULTADOS: Foram observadas diferenças significativas nos valores de PV (p<0,05)


entre GN e AR, (14,7±1,2 vs 13,7 ±1,2) (tabela 1) e a diferença entre os terrenos foi (7,3%,
1,0 km.h-1) em valores percentuais e valores absolutos, respectivamente. Em estudo
anterior, Cetolin et al. (2010) observaram valores semelhantes na diferença do PV entre o
AR e GN (~7%, 1,0 Km.h-1), bem como uma diferença das [la] a 80,4% do PV de 52%,
reafirmando a impossibilidade de transferência de indicadores obtidos em terrenos
compactos para terrenos arenosos.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1124

Tabela 1: Média e desvio-padrão do pico de velocidade encontrado no T-CAR (PV);


frequência cardíaca máxima (FCmáx) e PSE nos diferentes terrenos.

Variáveis (n=12) GN AR GA
PV (Km.h-1) 14,7±1,2 13,7±1,2* 15,4±1

FCmáx (bpm) 194,1±5,7 193,1±7,3 194,5±7,6

PSE 17±1,9 17,7±1,6 18±2

Esta diferença encontrada na corrida em terreno arenoso é devido a um alto custo


energético (LEJEUNE et al., 1998; PINNINGTON, 2005; PINNINGTON; DAWSON, 2001),
uma vez que a redução na recuperação da energia elástica (ZAMPARO et al., 1992) e
alteração na cinemática durante a corrida na areia, associado com maior ativação muscular
(PINNINGTON et. al., 2005).
Quanto aos valores para GA e AR foram observadas diferenças estatisticamente
significativas (p<0,05) no PV, com diferença de 12,4% e 1,7 km.h -1. Quanto aos valores
para GA e a GN, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas (p<0,05)
no valor absoluto do PV (tabela 1). Estes terrenos por apresentarem semelhança na
absorção de choque mecânico não apresentam uma perda considerável da energia
elástica, o que aumenta a eficiência do movimento e gera gasto metabólico menor (SASSI
et al., 2011). Além disso, a GA apresenta um pico de pressão maior na planta do pé
comparado com GN (WILLIAMS et al., 2011) e isso não parece influenciar na distância
percorrida em alta intensidade a partir da análise de 36 jogos de equipes profissionais
realizados na GA (ANDERSSON et al., 2008).

CONCLUSÃO: Os diferentes tipos de terrenos (arenoso, grama natural e grama artificial)


interferem nos indicadores fisiológicos associados à potência aeróbia como o PV, obtidos
por meio do teste T-CAR. Além disso, para a transferência da prescrição do treinamento da

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1125

grama natural para o terreno arenoso é sugerido que seja necessário elaborar uma
constante de correção.

REFERÊNCIAS
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grass: AU9 Movement patterns, technical standards, and player impressions. Journal Sports
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Intermitentes - Evidências de validade de construto e resultados em teste incremental com
pausas. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício v.31, p.120, 2004.
CETOLIN, T.; FOZA, V.; CARMINATTI, L.J.; GUGLIELMO, L.G.A.; SILVA, J.F. Diferença
entre intensidade do exercício prescrita por meio do teste TCAR no solo arenoso e na
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walking or running on sand. European Journal of Applied Physiology, v.65, p.183-187, 1992.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1127

NÍVEL DE ANSIEDADE EM GOLEIROS DE FUTSAL PARTICIPANTES DE JOGOS


ESCOLARES
Gerard Maurício Martins Fonseca - UCS
Eliete Maria Scopel - UCS
Mari Angela Jaines - UCS
Tiago da Silva Andrade- UCS

RESUMO: A participação em competições esportivas pode interferir no nível de ansiedade,


principalmente em jovens esportistas e afetar seu desempenho. A pesquisa objetivou
avaliar o nível de ansiedade pré-competitiva de goleiros de futsal participantes dos jogos
escolares. Trata-se de um trabalho de característica quantitativa com abordagem descritiva.
Utilizou-se como instrumento o CSAI-2. Participaram da pesquisa 55 atletas divididos em 3
categorias, mirim, infantil e juvenil. Os resultados demonstraram não haver diferença
significativa nos níveis de ansiedade somática e cognitiva entre as categorias. O nível de
autoconfiança apresentou diferença significativa (p=0,05) dos atletas juvenis em relação
aos demais. Concluímos que a idade parece não ser um fator determinante para a
ansiedade pré-competitiva nos goleiros, sendo a maturidade/experiência um aspecto
interveniente da melhora da autoconfiança. Sugere-se estudos mais aprofundados nesta
linha para obtenção de resultados mais esclarecedores.
Palavras-Chave: Ansiedade pré-competitiva, Futsal, Goleiros.

INTRODUÇÃO: A ansiedade é um fator presente na prática de esportes em situações


competitivas. Sua presença pode afetar diretamente o desempenho do atleta falar de
competição esportiva (WEINBERG; GOULD, 2001). Os sintomas da ansiedade se
manifestam com mais força quanto mais jovem é o indivíduo e no caso dos esportes, estes
sintomas levam a queda do desempenho. Weinberg e Gould (2001) destacam que quanto
mais importante o momento, mais elevada é a ansiedade.
A ansiedade pré-competitiva também está presente no contexto escolar, principalmente nas
competições escolares. Os Jogos Escolares do Rio Grande do Sul (JERGS) podem ser
considerados como a maior competição esportiva que envolve crianças e jovens em todo o
Rio Grande do Sul. Ele é dividido em etapas. O JERGS é uma competição realizada ao
longo do ano, envolvendo escolas das redes municipal, estadual e privada. Dentre os

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esportes disputados nos JERGS, o futsal é o que mais tem participantes (ALMEIDA;
FONSECA, 2013). No futsal mesmo sendo um esporte coletivo, o goleiro exerce um papel
de extrema importância, pois seu (mal) desempenho não pode ser compensado por outro
atleta da equipe e sua falha pode resultar em gol e até mesmo derrota da equipe.
Desta forma, para compreender a ansiedade pré-competitiva nos jogos escolares, o
presente estudo apresenta como objetivos avaliar o nível de ansiedade pré-competitiva dos
goleiros de futsal participantes de competições escolares.
MÉTODOS: O trabalho tem uma característica quantitativa, com abordagem descritiva
(THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007). Participaram do estudo 55 goleiros de futsal,
sendo 11 da categoria mirim, 31 da infantil e 13 da juvenil que competiram nos JERGS
etapa municipal em Vacaria, no ano de 2014. As escolas/equipes participantes assinaram
o Termo de Autorização Institucional (TAI) e os pais ou responsáveis consentiram a
participação dos atletas por meio do Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Para a participação na pesquisa, foi definido como critério de inclusão, o aluno estar
regularmente inscrito, ter participado de toda a competição (não necessariamente jogado
as partidas, no caso de goleiros reservas) e ter entregue o TCLE.
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi o Competitive State Anxiety Inventory –
2 (CSAI-2) desenvolvido por Martens (FERNANDES, RAPOSO, FERNANDES, 2012). A
coleta foi feita nos dias das competições da modalidade de futsal nos JERGS. O
instrumento de coleta foi entregue 20 minutos antes das partidas de futsal de cada
categoria. Antes da aplicação do questionário, os goleiros avaliados receberam os
esclarecimentos que se fizeram necessários e os avaliadores ficaram à disposição para
sanar quaisquer dúvidas.
RESULTADOS: O teste de Análise de Variância mostrou que não existe diferença
significativa entre a ansiedade cognitiva e a somática entre as três categorias dos goleiros.
Entretanto, os atletas mais velhos, apresentaram um melhor nível de autoconfiança
(p=0,01) , conforme podemos observar no Quadro 1, a seguir.

Categoria Ansiedade N Média Desvio Significância


Padrão
Cognitiva 15,30 3,85 p= 0,238

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Juvenil Somática 13 15,84 5,04 p=0,776


Autoconfiança 27,30 6,30 p=0,001
Cognitiva 17,87 3,80 p=0,238
Infantil Somática 31 16,25 4,02 p=0,776
Autoconfiança 21,16 4,34 p=0,001
Cognitiva 19 10 p=0,238
Mirim Somática 11 17,09 4,3 p=0,776
Autoconfiança 25,45 6 p=0,001

Quadro 1 – Comparação da ansiedade e autoconfiança

Bertuol e Valentini (2006) destacam estudos que apontam um nível maior de ansiedade dos
adolescentes, por receio do fracasso, comparações e reações negativas dos companheiros
de equipe. Todavia, no grupo avaliado os níveis de ansiedade não foram diferentes
estatisticamente entre os mais jovens e mais velhos, porém os valores absolutos da
ansiedade cognitiva e somática, foram mais baixos nos atletas juvenis. Por outro lado, o
surgimento de uma maior autoconfiança entre os atletas juvenis, pode estar relacionado ao
fato de os atletas já possuírem experiência neste tipo de competição. Esta maior
experiência pode fazer com que se sintam mais seguros, do que aqueles que estão
participando a pouco tempo da competição.
Em relação aos jovens atletas de futsal, pesquisas apontam resultados contraditórios na
comparação entre ansiedade e autoconfiança. Um trabalho de Bochini et al (2008) com
jovens atletas de futsal apontam resultados semelhantes ao nosso, onde a autoconfiança
é maior do que os níveis de ansiedade. Por outro lado, o estudo de Villas Boas et al (2012)
indicam que não existe diferença significa entre os fatores avaliados. Deve-se destacar que
ambos trabalhos investigaram os jogadores de forma geral, sem separá-los por posição,
como é o caso do presente estudo.
CONCLUSÃO: Com os resultados da pesquisa acreditamos que seja necessário que desde
cedo desenvolver e aperfeiçoar rotinas psicológicas que estimulem principalmente o
desenvolvimento da autoconfiança entre atletas de futsal, especificamente os goleiros mais
jovens. Sugere-se a realização de mais estudos nesta linha, abordando e comparando
níveis de ansiedade no futsal em diferentes circunstâncias, posições e idades.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, U. M; FONSECA, G. M. M. Jogos escolares de Vacaria: retrato da participação
dos estudantes. Caderno de Educação Física e Esporte. v. 11, n. 1, p. 89-99, 2013.
BERTUOL, L; VALENTINI, N. C. Ansiedade competitiva de adolescentes: gênero,
maturação, nível de experiência e modalidades esportivas. Revista de Educação Física/
UEM. v 17, n1, p. 65-74, 2006.

BOCHINI, D; MORIMOTO, L; REZENDE. D; CAVINATO, G; LUZ, L. M. R. Análise dos


tipos de ansiedade entre jogadores titulares e reservas. Conexões, v. 6, ed. especial, p.
522-532, 2008.
FERNANDES, M. G; J.V.RAPOSO, J. V. FERNANDES, H. M. Propriedades psicométricas
do CSAI-2 em atletas brasileiros. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 25, n. 4, p. 679-687,
2012
THOMAS, J. R.; NELSON, J. K.; SILVERMAN, S. Métodos de pesquisa em atividade
física. Porto Alegre: Artmed, 2007.
WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do
exercício. Porto Alegre: Artmed, 2001.
VILLAS BOAS, M. S.; COELHO, R. W.; VIEIRA, L. F.; FONSECA, P. H. S.; KUCZYNSKI,
K. M.; VILLAS BÔAS, A. G.B. Análise do nível de ansiedade de jovens atletas da
modalidade de futsal. Conexões, v. 10, n. 3, p. 77-86, 2012.

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ANÁLISE DO PROCESSO OFENSIVO NO HANDEBOL FEMININO DE ALTO


RENDIMENTO

Fernanda Gabriella Pedroso Marques – UFMT


José António Soares David Paiva da Silva – FADEUP
Evando Carlos Moreira – UFMT
Layla Maria Campos Aburachid – UFMT
fgpmarques@hotmail.com

RESUMO: Pretendeu-se descrever e analisar o processo ofensivo das equipes finalistas


do Campeonato Mundial de Handebol Feminino, realizado na Sérvia em 2013 por meio do
comportamento tático ofensivo de equipes vitoriosas e derrotadas. Para a realização do
trabalho recorreu-se à Metodologia Observacional utilizando-se estatística descritiva:
valores absolutos e percentuais. A amostra foi constituída por dois jogos das semifinais, a
disputa do terceiro lugar e a final, totalizando quatro jogos. A partir dos resultados obtidos,
foi possível destacar as seguintes conclusões: 1) A maioria dos ataques realizam-se em
situações de igualdade numérica (7x7) ou com inferioridade numérica de uma atleta por
parte de uma das equipes (V6 e D6); 2) Os métodos de jogo mais utilizados foram o ataque
em sistema e o ataque rápido, respectivamente; 3) As equipes vitoriosas obtiveram mais
êxito no que se refere ao roubo de bola e perdem a posse de bola mais frequentemente
através das faltas técnicas; 4) As equipes derrotadas finalizaram mais à longa distância; 5)
A eficácia global das goleiras é fulcral na conquista da vitória.

PALAVRAS-CHAVE:Handebol. Ataque. Análise de jogo.

INTRODUÇÃO
A busca pela compreensão do jogo na sua totalidade, não limitando-se apenas ao resultado
final, mas à demais aspectos é de extrema importância para evolução e organização do
treinamento, buscando aproximar-se do que acontece durante o jogo para obter o melhor
resultado. Segundo Garganta (1997), a análise do jogo é utilizada para avaliar a realização
das ações dos jogadores e equipes, ao fornecer informações importantes para treinadores,

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permitindo organizar e desenvolver a atuação de ambos nas partidas. A competição pode


ser descrita como uma interessante fonte de aprendizagem acerca do comportamento
humano. E os eventos de alto nível competitivo são oportunidades únicas para a
observação e análise dos diversos conteúdos - individuais e coletivos, do jogo, em seus
índices mais elevados (SAMPAIO, 2000). Logo, este tipo de competição constitui-se como
importante ponto de análise e referência no desenvolvimento da modalidade esportiva em
questão (ORTEGA, 2001).
Com o avanço tecnológico, numerosos e variados meios e métodos estão hoje em dia à disposição
dos treinadores e investigadores, que têm procurado, através da análise do jogo, aceder à informação
para aumentarem os conhecimentos acerca das suas modalidades e melhorarem a qualidade da
prestação esportiva dos jogadores e das equipes (GARGANTA, 2001).
A análise dos aspectos tático-estratégicos do jogo não faz qualquer sentido se estiver
dissociada do resultado dessas ações, bem como da sua influência para o resultado final
da partida. É esperado portanto, que os investigadores e treinadores tentem perceber o
jogo para além e através da tática, tendo uma perspectiva objetiva das diversas dimensões
que influenciam o seu decurso (SILVA, 2008).
Tendo em vista o exposto anteriormente, pretendeu-se analisar o jogo no alto rendimento
por ser o ambiente no qual estão os melhores jogadores, equipes e técnicos da modalidade,
sendo o ataque a parte mais espetacular e atraente do jogo. Sendo assim, analisou-se
especificamente o ataque, que engloba os ataques em sistemas e as transições ofensivas,
com o objetivo de aumentar o conhecimento acerca dos comportamentos táticos,
detectando fatores distintivos na performance das equipes derrotadas face às vitoriosas.

MÉTODOS
Foram analisados os dois jogos das semifinais, a disputa do terceiro lugar e a final,
totalizando 4 jogos do XXI Campeonato Mundial de Handebol Feminino, realizado na
Sérvia, em dezembro de 2013. Para proceder ao registro das ações, utilizou-se a
ferramenta de observação elaborada por Silva (2008). Considerou-se duas unidades
fundamentais de observação:
• Sequência ofensiva – todas as condutas que descrevem as ações realizadas pelas
equipes durante o processo ofensivo. As sequências podem coincidir com o início e/ou o

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1133

final do ataque, mas também podem ter início e ou final em interrupções do fluxo do jogo,
ou alterações contextuais do mesmo;
• Ataque – todos os eventos que ocorrem desde que a equipe adquira a posse de bola até
ao momento em que a perde para o seu adversário, podendo integrar várias sequências
ofensivas.
Os códigos que definem os eventos observados para cada equipe são distinguidos pela
introdução prévia de um “V”, quando se trata da equipe vitoriosa e por um “D” quando se
trata da equipe derrotada.
Tendo em vista o registro e codificação simultâneos das condutas a observar, utilizou-se
uma folha de cálculo no programa “Microsoft Excel”, com macros VBA (Visual Basic For
Application). A folha de cálculo está representada na Figura 1 (Silva, 2008).

Figura 1. Folha de cálculo utilizada para o registro das sequências de eventos.

A partir do registro das condutas, criou-se, para cada jogo, uma folha de cálculo onde
registraram-se todas as sequências de condutas contempladas na ferramenta de
observação. Na Figura 2 apresenta-se um extrato do registro de dados resultantes da
observação de um dos jogos, onde verifica-se várias sequências ofensivas.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1134

Figura 2. Extrato da base de dados utilizada.

RESULTADOS
Os resultados da análise descritiva efetuadas à totalidade da amostra foram apresentados
conforme a dimensão contextual e condutual.
As equipes vitoriosas não ficaram em desvantagem com uma diferença maior de cinco gols. Já as
derrotadas ficaram com até onze gols em desvantagem. Estes resultados mostram ser decisivos para
a definição da vitória/derrota no jogo. Silva (2008) encontrou um resultado semelhante no que se
refere à desvantagem das equipes vitoriosas, o que afirma a importância da diferença pontual
verificada no marcador.
A maioria dos ataques realizam-se em situações de igualdade numérica (7x7) e com
inferioridade numérica de uma atleta por parte de uma das equipes (V6 e D6).
Tanto as equipes derrotadas quanto as vitoriosas optam por uma finalização na zona da
primeira linha a maior parte das vezes, seguido pela penetração na segunda linha. As
equipes derrotadas finalizam mais da zona dos pontas do que as equipes vitoriosas.
Montoya Fernandéz e Anguera Argilaga (2013) encontraram o oposto analisando equipes
masculinas nos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim.
No que se refere à perda de posse de bola, constatou-se que a falta técnica é a mais frequente por
parte das equipes vencedoras. Este resultado é o oposto do encontrado por Silva (2005), que verificou
que as derrotadas sofriam mais perdas por falta técnica.
As equipes vitoriosas têm 57,5% dos arremessos finalizados com êxito, e as equipes
derrotadas, 49,5%. As equipes vitoriosas finalizaram 174 vezes, já as derrotadas tiveram
170 finalizações. Logo, o principal diferencial não foi a quantidade de arremessos, e sim a
eficácia.
Quando em inferioridade numérica, tanto as equipes derrotadas quanto as vitoriosas evitam
utilizar as transições ofensivas. Quando estão em superioridade numérica, elas utilizam as

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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transições, especificamente o ataque rápido. A reposição rápida após gol é mais utilizada
pelas equipes vitoriosas, com o objetivo de aproveitar da situação de recuperação defensiva
das adversárias.
No que se refere à goleira, a sua eficácia é fulcral no resultado final do jogo. As goleiras
das equipes vitoriosas foram responsáveis por 29,4% das falhas das adversárias, enquanto
as goleiras das derrotadas foram responsáveis por 25,3% das falhas das vitoriosas.

CONCLUSÃO
É necessário que durante o treinamento sejam exercitadas as transições ofensivas e
defensivas, com o objetivo de simular a realidade do jogo. Além disso, os treinadores devem
colocar as equipes em situações de desvantagem numérica e/ou desvantagem no saldo de
gols. O treino é uma preparação para o jogo, logo, quanto mais próximo for, melhores serão
os resultados.

REFERÊNCIAS
GARGANTA, J. Modelação táctica do jogo de futebol. Estudo da organização da fase
ofensiva em equipas de alto rendimento. Tese (Doutorado em Ciências do Desporto) –
Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, Universidade do Porto, Porto,
1997.
GARGANTA, J. A análise da performance nos jogos desportivos. Revisão acerca da análise
do jogo. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 1(1), 57-64, 2001.
MONTOYA FERNADÉZ, M.; ANGUERA ARGILAGA, M. T.; Análisis de las finalizaciones
de los extremos en balonmano. Analysing Completions by Wing Players in Handball.
Apunts. Educación Física y Deportes, nº 113, 3º trimestre (julio-septiembre), pp. 52-59,
2013.
ORTEGA, J. P. Evolución de los Instrumentos y Métodos de Observación en Fútbol. In
Lecturas: Educación Física y Deportes. Disponível em:
<www.efdeportes.com/efd17a/evalfut.htm>. Acesso em: 05, out de 2014.
SAMPAIO, E. A. J. O poder discriminatório das estatísticas do jogo de Basquetebol
em diferentes contextos. Novos caminhos metodológicos de análise. Tese (Doutorado em
Ciências do Desporto) - Faculdade de Ciências do Desporto, Universidade de Trás-os-
Montes e Alto Douro, Vila Real, 2000.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1136

SILVA, O. A. S. Os Momentos Críticos nos Jogos de Andebol. Um estudo nos jogos do


VI Campeonato da Europa de Seniores Masculinos - 2004. Tese (Mestrado em Ciências do
Desporto) – Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, Universidade do
Porto, Porto, 2005.
SILVA, P. J. A. S. D. Modelação Táctica do Processo Ofensivo em Andebol. Estudo de
situações de igualdade numérica, 7 vs 7, com recurso à Análise Sequencial. Tese
(Doutorado em Ciências do Desporto) – Faculdade de Desporto, Universidade do Porto,
Porto, 2008.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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EFEITO DA TEMPORADA SOBRE A PERCEPÇÃO DA SÍNDROME DE BURNOUT


POR ATLETAS DE FUTEBOL PROFISSIONAL
Leonardo H. S. Fagundes, UFMG
Thalles E. B. Bemfica, UFMG
Daniel A. Pires, UFPA
Varley Teoldo da Costa, UFMG
leohsf31@hotmail.com

RESUMO: A síndrome de burnout no esporte está associada ao estresse crônico e excesso


de treinamento, podendo levar ao encerramento da careira. Porém, pouco se sabe sobre
os indicadores da síndrome em atletas profissionais de futebol no Brasil. Assim, o presente
estudo teve como objetivo avaliar os índices da síndrome de burnout e de suas dimensões
em atletas de futebol profissional e comparar as percepções da síndrome no início e término
do Campeonato Brasileiro da Série B. Foram avaliados 20 atletas profissionais. Foi utilizado
o Questionário de Burnout para Atletas em dois momentos: rodadas de número 2 e 34 do
Campeonato Brasileiro. Os dados foram analisados utilizando estatística descritiva e o teste
Mann Whitney. Os escores indicativos dos sentimentos pertinentes à síndrome variaram
entre quase nunca a raramente, o que representa uma variação entre 1 e 2 em uma escala
de 5 pontos. Não foram observadas diferenças significativas para o burnout total e suas
dimensões. Pode-se concluir que esse grupo de atletas apresentou frequência estável de
sentimentos em relação à síndrome no início e término da competição. Assim, o efeito da
temporada analisado, a partir de dois cortes, não teve influência sobre as percepções de
burnout e suas dimensões.
Palavras-chave: Síndrome de burnout, futebol,testes psicológicos.

INTRODUÇÃO: O burnout pode ser definida como síndrome psicológica de exaustão


emocional, despersonalização e reduzida realização profissional (Maslach e Jackson,
1981). É caracterizada pelo esgotamento físico, psíquico e emocional, em decorrência de
trabalho estressante e excessivo, feito de maneira crônica, podendo levar o indivíduo a uma
desistência do seu trabalho (Maslach, 2005).

No contexto esportivo, e em especial na avaliação com atletas, Raedeke e Smith (2001)


definem a síndrome de burnout como uma resposta psicofisiológica de esgotamento exibida

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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como resultado de esforços frequentes, às vezes extremos, e geralmente ineficazes que


visam satisfazer as demandas excessivas de treinamento e competição. A síndrome de
burnout no esporte está fundamentado em três dimensões: a) exaustão física e emocional,
caracterizada por sentimentos de extrema fadiga associadas às intensas demandas de
treino e competição; b) reduzido senso de realização esportiva, observado através das
avaliações negativas sobre si mesmo, particularmente com referência à falta de habilidade
em obter sucesso, falta de progresso no desempenho atlético e falta de talento; e c)
desvalorização esportiva, representada por atitudes e sentimentos negativos com respeito
aos companheiros, estafa psicológica e fuga como método de enfrentamento, observada
quando o atleta não se preocupa com seu rendimento e envolvimento no meio esportivo
(Raedeke, 1997). Em essência, a síndrome de burnout envolve uma fuga psicológica,
emocional e algumas vezes física de atos que deveriam ser prazerosos, como treinamento
e competição, em resposta a um excessivo nível de estresse ou insatisfação (Raedeke e
Smith, 2001).

Dentro da Psicologia do Esporte, a síndrome de burnout recentemente tem atraído a


atenção de pesquisadores (Goodger et al., 2007; Pires et al., 2012) que buscam elucidar
as características e peculiaridades desta variável no âmbito esportivo em geral e no futebol
em particular, bem como suas interferências no desempenho de atletas jovens (Hill, 2013)
e atletas profissionais (Gustafsson et al., 2010). A ausência de resultados positivos e a falta
de habilidade em lidar com o estresse crônico das competições podem levar à saturação
desencadeadora da síndrome de burnout, que possui como uma de suas principais
consequências a desistência da atividade competitiva, ou seja, o abandono do esporte em
virtude da falta de prazer, de recompensas estáveis ou reduzidas, de custos elevados, de
pouca satisfação e do baixo investimento em relação à carreira atlética (Schmidt e Stain,
1991).

Na América do Norte (Raedeke e Smith, 2001), Europa (Hill e Appleton, 2011) e Oceania
(Hodge et al., 2008), a síndrome de burnout já se constituiu em objeto de estudo de diversas
investigações no contexto esportivo. Esses estudos objetivaram desde a elaboração de
modelos teóricos sobre a síndrome até a aplicação e análise de dados de questionários de
mensuração da mesma, passando pela relação da síndrome de burnout com outras
variáveis físicas e psicossociais. Porém, no Brasil, a produção científica com a temática,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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síndrome de burnout no futebol ainda é incipiente (Pires et al., 2012). Seguindo a linha de
raciocínio dos estudos internacionais, é provável que esta síndrome também aconteça com
atletas brasileiros sem que os profissionais envolvidos no esporte percebam a
manifestação, as causas e as suas consequências.

Os estudos sobre a síndrome de burnout no esporte se justificam por três motivos: (1) o
impacto da síndrome no desempenho atlético; (2) a necessidade de manutenção da saúde
e qualidade de vida dos atletas; e (3) a necessidade de entender melhor a percepção do
fenômeno em atletas de futebol no começo e o final de uma competição importante. Os
atletas de futebol estão expostos a um número potencial de estressores que operam sobre
o desempenho atlético durante as partidas e ao longo da carreira esportiva. De acordo com
Nascimento Júnior (2010), conforme o atleta evolui na carreira e avança das categorias de
base para a equipe profissional, os fatores estressantes aumentam e as equipes passam a
sofrer maior pressão externa para ganhar.

Estudos acerca da síndrome de burnout no futebol profissional possuem relevância social


na medida em que podem servir de referência para a elaboração de propostas de
prevenção e enfrentamento da síndrome. Assim, os objetivos desse estudo foram: a)
mensurar os indicativos da síndrome de burnout e de suas dimensões em atletas de futebol
profissional e b) comparar esses escores em dois momentos competitivos da temporada
esportiva, no início e no final do Campeonato Brasileiro da Série B.

MÉTODOS: Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Minas Gerais (CAAE - 0362.0.203.000-11), todos os participantes assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).Participaram do estudo 20 atletas de
futebol profissional, do sexo masculino, pertencentes a uma equipe profissional do Estado
de Minas Gerais. Os atletas apresentavam faixa etária de 19 a 36 anos, com média de
24,40 ± 4,55 anos. Iniciaram a prática da modalidade com idade média de 10,28 ± 4,07
anos e possuíam em média 9,38 ± 4,52 anos como atletas profissionais. O instrumento
utilizado foi o Questionário de Burnout para Atletas (QBA), que tem como objetivo mensurar
o burnout total e as três dimensões da síndrome de burnout: a) exaustão física e emocional;
b) desvalorização esportiva; e c)reduzido senso de realização esportiva dos atletas. Os
dados foram analisados utilizando estatística descritiva e o teste de Mann Whitney.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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RESULTADOS: A Figura 1 apresenta as medianas de burnout total e suas dimensões nos


dois momentos, início e término do Campeonato Brasileiro da Série B.

Figura 1 – Medianas de burnout e suas dimensões em atletas profissionais de futebol


(n=20) nos momentos 1 e 2 (Bemfica et al., 2013)

Na dimensão exaustão física e emocional foram observadas medianas correspondentes a


um intervalo de frequência entre quase nunca a raramente tanto nos dois momentos
(p=0,71). Quanto às percepções de reduzido senso de realização esportiva, as medianas
encontradas para os dois momentos também correspondem a um intervalo de frequência
entre quase nunca a raramente (p=0,55). Na dimensão desvalorização esportiva o mesmo
intervalo de frequência entre quase nunca a raramente para os dois momentos foi
observado. Não foram encontradas diferenças significativas entre os dois momentos na
percepção dos atletas em relação a essas dimensões (p=0,78). De modo semelhante às
três dimensões, as medianas de burnout total nos momentos 1 e 2 estão relacionadas ao
intervalo de frequência compreendido entre quase nunca a raramente. Desse modo, não
foram encontradas diferenças significativas ao se confrontar os valores de burnout total
obtidos (p=0,76).

CONCLUSÃO: Os resultados indicaram que os atletas apresentaram frequência estável de


sentimentos em relação à síndrome de burnout e suas dimensões no início e no término do
campeonato. Portanto, o tempo compreendido entre o início e o término de uma competição
não se apresentou como um fator determinante na percepção da síndrome de burnout neste
grupo de atletas. Dessa forma, faz-se necessário o delineamento de estudos futuros que

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1141

acompanhem o comportamento dos atletas em relação a sintomas de burnout em diversos


momentos dos períodos de treinamento e competições.

REFERÊNCIAS:
BEMFICA, T.E.B; FAGUNDES, L.H.S; PIRES, D.A; COSTA, V.T. Efeito da temporada sobre
a percepção da síndrome de burnout por atletas de futebol profissional. Revista Brasileira
de Ciência e Movimento, v. 21, p.142-150, 2013.
GOODGER, K; GORELY, T; LAVALLEE, D; HARWOOD, C. Burnout in sport: a systematic
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GUSTAFSSON, H; HASSMÉN, P; PODLOG, L. Exploring the relationship between hope
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HILL, A.P; APPLETON, P.R. The predictive ability of the frequency of perfectionistic
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HILL, A.P. Perfectionism and burnout in junior soccer players: a test of the 2 x 2 model of
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1143

DESCRIÇÃO DO COMPORTAMENTO TÁTICO OFENSIVO DA SELEÇÃO


BRASILEIRA FEMININA DE HANDEBOL NAS OLIMPÍADAS DE LONDRES 2012

Tuanny Toríbio Valtner / LABIN – FCA - UNICAMP

Luciano Allegretti Mercadante / LABIN – FCA - UNICAMP

Lucas Antônio Monezi / LABIN – FCA - UNICAMP

Alexandre Gomes de Almeida / FAEFI - PUC-Campinas

tuannyvaltner@gmail.com

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi verificar o comportamento tático ofensivo da


Seleção Brasileira feminina de handebol nas Olimpíadas de Londres 2012, através da
análise observacional das ações utilizadas no campeonato. Foram analisados todos os
jogos em que a equipe participou, totalizando seis jogos e quantificando dois sistemas de
ataque (posicionado e contra ataque) e seis elementos táticos ofensivos (engajamento,
finta, bloqueio, cruzamento, passa e vai e cortina), assim como o número de arremessos,
gols e eficiência (relação arremessos e gols) de cada sistema e elemento utilizado. Para
identificar o sistema e o elemento tático mais utilizado e o mais eficiente foram feitos
cálculos de media e desvio padrão. Foi identificado que o sistema tático mais utilizado foi o
posicionado componto 91% do jogo porém com eficiência menor que o contra ataque (50%
e 66% respectivamente), já o elemento tático ofensivo mais utilizado foi o engajamento
compondo 63% do jogo seguido de finta com 17%, e o menos utilizado foi o cortina que não
obteve resultados significativos. O mais eficiente elemento tático foi a finta com 93% de
eficiência que podemos explicar pela vantagem do atleta em infiltrar-se na defesa e
estabelecer um ataque 1x1 contra o goleiro. A descrição das formas de ataque e os tipos
de elementos táticos utilizados por uma equipe durante um campeonato podem caracterizar
o comportamento ofensivo desta equipe e fornecer informações importantes para a
comissão técnica bem como jogadores da equipe.

Palavras-chave: eficiência ofensiva; alto rendimento; elementos táticos ofensivos.

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INTRODUÇÃO: Por ser um esporte complexo e imprevisível, uma das maneiras de


entender o jogo de handebol é através de análises técnico-táticas, que no esporte são
importantes ferramentas para treinadores e pesquisadores, já que apresentam informações
reais e validadas, contribuindo não só para o entendimento do jogo como para a evolução
na preparação dos treinamentos e planos de competição. Além disso, este tipo de análise
pode descrever a performance individual dos jogadores, os elementos técnicos e táticos
utilizados, asinterações entre times e o desenvolvimento de determinada equipe (WAGNER
et al., 2014). Podemos verificar na literatura que as informações técnico-táticas são mais
utilizadas pelas comissões técnicas das equipes de elite pois, são de fácil acesso e
disponibilizadas pelos organizadores dos campeonatos (BILGE, 2012; GARCÍA-ANGULO;
ORTEGA; MENDOZA, 2015; SEVIM; BILGE, 2007). No entanto, pesquisas com
informações táticas específicas são menos apresentadas na literatura e ainda mais
ausentes no gênero feminino. Dentre estes estudos, muitos são a respeito da utilização dos
contra ataques e como ele é determinante na vitória de uma partida (FERREIRA, 2006;
MOUTINHO, 2006; PRUDENTE, 2006; OHNJEC et al., 2015). Outros autores pesquisam
sobre eficiência do processo ofensivo e estrutura de ataque (BLANCO et al., 2015;
JARQUE; FOGUET, 2012; ROGULJ; SRHOJ; SRHOJ, 2004). Porém, pouco se estuda a
respeito dos elementos táticos utilizados que precedem as finalizações (FERREIRA, 2008;
GRECO, 1995; MENEZES; REIS, 2014), o que nos mostra uma carência de estudos para
explicar ou descrever o que ocorre nos momentos de decisão de um ataque.
Apesar do handebol ser um esporte complexo e composto de elementos técnico-táticos
variados, o que dificulta a análise de jogo, o método observacional vem se mostrando
eficiente na identificação do comportamento tático de esportes coletivos, sendo hoje em
dia a metodologia principal de analise de jogo (ANGUERA; MENDO, 2013). O objetivo deste
trabalho foi descrever o comportamento tático ofensivo da Seleção Brasileira de handebol
nas Olimpíadas de Londres 2012, através da quantificação dos elementos táticos ofensivos.

METODOLOGIA: Neste estudo a amostra foi composta por seis vídeos da Seleção
Brasileira Feminina de Handebol nas Olimpíadas de Londres 2012, sendo 4 jogos vencidos
e 2 perdidos. Para a análise dos vídeos foi utilizado o software Windows Media Player 2014
e foram quantificados para cada um dos seis jogos o número de ocorrências do tipo de
sistema de ataque, posicionado ou contra-ataque; os elementos táticos ofensivos,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1145

engajamento, finta, cruzamento, passa e vai, cortina e bloqueio, que ocorrem na ação de
finalização ao ataque; e o número de arremessos, gols e turnovers.
O ataque foi definido como a ação que se inicia com a recuperação da posse de bola e
termina com a finalização ao gol ou turnover. Segundo Ferreira (2006), o ataque
posicionado, caracteriza-se por ações rápidas e precisas, determinadas pelos postos
específicos realizados contra uma defesa adversária já organizada em sistema. Já o contra
ataque, como uma fase do jogo em que, a partir da recuperação da posse de bola, se inicia
o ataque de maneira rápida, na qual a defesa adversária se encontra desorganizada
possibilitando uma situação de superioridade numérica. Os elementos táticos ofensivos
foram propostos por Almeida e Dechechi (2012).
A seguir, foram calculadas a eficiência de cada uma das ações, tanto dos sistemas táticos
quanto dos elementos que precedem as finalizações, dada pela relação gols / arremesso.
As estatísticas descritivas foram realizadas utilizando média e desvio padrão para verificar
os elementos táticos ofensivos mais utilizados e os mais eficientes, da Seleção Brasileira
feminina nesta competição.

RESULTADOS
Foram realizados no total 348 ataques pela Seleção Brasileira nos seis jogos analisados.
Dentre esses 348 identificamos que 91% correspondiam a ataques
organizados/posicionados, com média de 58±6 ações por partida. Já os contra-ataques
foram realizados em média 6±3 vezes por jogo, compondo apenas 9% do jogo. Todavia,
apesar dos ataques posicionados serem os mais utilizados eles não foram os eficiêntes,
tendo um percentual de apenas 50%, o que significa que apenas metade dos arremessos
finalizados resultaram em gol. Em contrapartida o contra ataque se mostrou mais eficiente
(66%), o que nos faz refletir sobre a importância deste tipo de ataque para o sucesso de
uma partida. A Tabela 1, a seguir, apresenta as médias e desvios-padrão dos tipos de
ataque e elementos táticos dos ataques analisados.

Frequênci Turnove % % Composição do


Tipo
a r Eficiência jogo
Posicionado 58±6 15±4 50 91

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1146

Sistemas Contra
6±3 2±1 66 9
de Ataque Ataque
Engajamento 32±7 8±3 50 63
Finta 9±2 3±1 93 17
Elemento
Bloqueio 8±2 0,6±0,8 58 9
s Táticos
Cruzamento 4±1 1±1 68 8
Passa e Vai 1±0,5 0,5±1 66 3
Tabela1: Médias e desvios-padrão por jogo, relativos aos sistemas e elementos táticos
utilizados no campeonato.

Segundo Bilge (2012), o contra ataque vem se tornando um dos mais importantes
elementos em boas equipes, como também um meio eficiente de marcar gols. Devido a seu
percentual de eficiência, os contra ataques devem ser utilizados por toda equipe que almeja
ter sucesso em categorias de alto nível. No estudo realizado por Calin (2010) o autor
descreve a eficiência dos top-four teams no Campeonato Mundial de 2009 na China, onde
o contra-ataque em equipes femininas é de extrema eficiência, atingindo valores de 23%
dos gols feitos no campeonato. A importância do contra-ataque também foi verificada em
nosso trabalho por apresentar maior eficiência se comparado aos ataques posicionados,
tendo importância significativa no resultado positivo da partida, porém, foi muito menos
utilizado pela Seleção Brasileira Feminina quando comparamos com os resultados do
Campeonato Mundial de 2009.
Com relação aos elementos táticos, o mais utilizado foi o engajamento, compondo 63% de
todos os ataques, realizado em média 32±7 vezes por jogo, com turnover de 8±3 e eficiência
de 50%, seguido por finta com 17% dos ataques, média de 9±2, turnover de 3±1 e eficiência
de 93%, já o elemento menos utilizado foi cortina, que não obteve resultados significativos,
seguido de passa e vai, que compôs apenas 3% do jogo, com média de 1±0,5, turnover de
0,5±1 e eficiência de 66%. O auto valor de eficiência identificado em jogadas com elemento
tático finta pode ser explicado pela condição favorável para o arremesso quando a finta é
aplicada com sucesso, ultrapassando a barreira defensiva, estabelecendo uma relação 1
contra o goleiro.

CONCLUSÃO: A descrição das formas de ataque e os tipos de elementos táticos utilizados


por uma equipe durante um campeonato pode caracterizar o comportamento ofensivo desta

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1147

equipe e fornecer informações importantes para a comissão técnica bem como jogadores
da equipe. A seleção Brasileira Feminina pode aumentar a utilização dos contra-ataques,
que foi bem abaixo da utilização das equipe do top-four no mundial de 2009.
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1149

NÍVEL DE CONHECIMENTO TÁTICO DECLARATIVO E PERFECCIONISMO NO


FUTSAL

Schelyne Ribas da Silva/GEMEPE- UFMT


Layla M. Campos Aburachid/GEMEPE- UFMT
Raiene Desirêe Camargo/ UNICENTRO-PR
Bruna Janaina Estevão- UNICENTRO- PR
Pablo Juan Greco/ CECA- UFMG
schelys@hotmail.com

RESUMO: O objetivo do presente estudo foi verificar o nível de conhecimento tático


declarativo (CTD) e prefeccionismo e compará-los com o tempo de prática. A amostra foi
composta por seis equipes, totalizando 59 atletas participantes. Como instrumentos de
medida foram utilizados o Teste de Conhecimento Tático em Futsal (SOUZA, 2002) e o
questionário Multidimensional Perfectionism Scale-MPS (SERPA et al., 2004). Os
resultados indicaram que o tempo de experiência esportiva não favoreceu o alcance dos
maiores escores no CTD, no entanto este diferença não foi significativa. As equipes
ganhadoras apresentaram maior frequência (75%) nas classificações bom e muito bom,
enquanto que as equipes do grupo perdedor 94% encontram-se nas classificações regular
e bom. Constatou-se que as características do perfeccionismo não diferiram em relação
aos grupos e as posições de jogo. As atletas com maior nível de CTD apresentaram
características do perfeccionismo ajustado normal.
Palavras-chave: Desempenho; Conhecimento Tático Declarativo; Perfeccionismo.

INTRODUÇÃO: É consenso, no universo das ciências do esporte, que o rendimento


esportivo apresenta uma estrutura multidimensional, uma vez que vários fatores interagem
de forma complexa para a sua efetivação (garganta, 2006). As características de
variabilidade, imprevisibilidade do contexto ambiental, da riqueza e aleatoriedade da
resposta tático-técnica constituem-se em elementos condicionantes do rendimento,
consideram-se fatores de pressão, que obrigam os participantes a permanentemente
adotar comportamentos táticos adequados à situação. Por esse motivo o conhecimento

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1150

tático-técnico delimita claramente as diferenças de rendimento entre peritos e novatos em


diferentes modalidades esportivas.
Além das capacidades técnicas, táticas, as competências psicológicas têm sido altamente
exploradas em pesquisas nos esportes de alto rendimento (FROST et al., 1990; HAASE;
PRAPAVESSIS, 2004). Entre as diversas competências psicológicas se encontra o
perfeccionismo. Os autores acima afiram que o perfeccionismo é visto como um traço
permanente de personalidade, composto por redes de cognições que podem desempenhar
um papel poderoso ou limitador no contexto esportivo. Nesta perspectiva, o objetivo deste
estudo foi verificar o nível de conhecimento tático declarativo e perfeccionismo de jogadoras
de futsal.

MÉTODO: Este estudo foi aprovação pelo comitê de ética (comep) da Universidade
Estadual do Centro-Oeste (Paraná) (parecer de nº460/2011). A amostra foi composta por
seis equipes de futsal feminino participantes da 7º Taça Brasil de Clubes sub-20 totalizando
59 atletas. As equipes foram separadas em dois grupos: G1 Vencedoras (20 atletas)
classificados conforme a colocação final no torneio, do 1º ao 3º lugares, com média de
idade de 18,38± 1,32. O grupo G2 foi composto pelas Perdedoras (39 atletas) classificados
do 4º ao 7º lugares na competição, a sua média de idade foi de 18,73±. 1,10. O nível de
conhecimento tático declarativo (CTD) foi mensurado por meio do Teste de Conhecimento
Tático declarativo em futsal com base em situações específicas do jogo (SOUZA, 2002).
As características do Perfeccionismo foram mesuradas por meio da Multidimensional
Perfectionism Scale - MPS versão portuguesa adaptada por Serpa et al., (2004). Utilizou-
se análise descritiva de média, desvio-padrão, frequência absoluta e relativa e o teste
estatístico utilizado foram: para comparação, o Teste “t” de Student. Para todos os testes
estatísticos foi fixado em p≤0,05 e utilizado o programa SPSS 15.0.

RESULTADOS: De acordo com os resultados descritos na tabela 1 observa-se que as


atletas do grupo G1 (vencedor) apresentaram maiores escores de TCTD e menor tempo
de pratica em meses quando comparados as atletas do grupo G2 (perdedor), no entanto,
somente para a segunda variável foi identificado diferença significativa (0,010*).

Variáveis G1 G2
Média DP Média DP p

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1151

Tempo de Prática 70,8 ±33,47 93,8 ±30,52 0,010*


TCTD 291,2 ±112,40 251,7 ±72,51 0,107
Tabela 1: Média, Desvio Padrão e Diferença Significativa das Variáveis Analisadas em
Relação a Vencedores e Perdedores. *Diferença significativa (p≤0,05).

Quando analisada a classificação do TCTD: FS proposta por quartis nesse estudo (tabela
2), os resultados revelaram que as atletas pertencentes ao grupo vencedor apresentaram
maior frequência (55%) na classificação “bom” seguido por, (20%) “muito bom”, (15%)
“baixo” e (10%) “regular”.

Proposta de classificação G1 G2
TCTD por percentil f % f %
Até 25%(Baixo) 03 15 01 2,5
26-50%(Regular) 02 10 20 51,2
51-75% (Bom) 11 55 17 43,5
Acima de 75% (Muito Bom) 04 20 01 2,5
Tabela 2: Frequência absoluta e relativa das variáveis estudadas em relação aos grupos
vencedores e perdedores.
Diferentemente do G1 (vencedor), o G2 (perdedor) apresentou maior frequência na
classificação “regular” (51,2%), seguido de 43,5% com classificação “bom” e 2,5% para
“baixo” e “muito bom”. No cômputo geral da proposta de classificação do nível do TCTD, as
atletas do grupo vencedor apresentaram o maior percentual de desempenho bom e muito
bom, enquanto que o grupo perdedor baixo e regular.
Os resultados desse estudo (tabelas 1 e 2) se assemelham aos achados por Giacomini et
al., (2011) e Morales e Greco, (2007) no Futebol de Campo, onde os atletas com maior
quantidade de prática não foram os que obtiveram os melhores resultados no CTD. Em
contrapartida, estes resultados não apresentam sintonia com resultados encontrados por
vários autores em diversas modalidades esportivas (BANKS; MILLWARD, 2007;
GARGANTA, 2006; MANN et. al., 2007; MCPHERSON; VICKERS, 2004; TAVARES et al.,
2006; TENENBAUM, 2003).
Quanto às características do perfeccionismo (tabela 3) os resultados demonstram que o
(G1) grupo vencedor apresenta maior preocupação com os erros e sofrem maior criticismo
parental de seus esforços e desempenhos em relação ao (G2) grupo perdedor. No G2 as
maiores médias foram detectadas para as características: expectativas parentais,
organização e padrões de realização pessoal. Estes resultados demonstram que as atletas

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1152

se consideram mais organizadas em suas ações e apresentam excessivo padrão de alto


desempenho.

G1 G2
Média DP Média DP p
Preocupação com erros 2,64 ±0,51 2,41 ±0,76 0,258
Dúvida na ação 1,54 ±0,30 1,54 ±0,48 0,952
Expectativas Parentais 2,40 ±0,84 2,44 ±0,79 0,854
Criticismo Parental 1,79 ±0,79 1,73 ±0,57 0,779
Padrões Realização Pessoal 6,10 ±1,06 6,23 ±0,97 0,690
Organização 3,83 ±0,44 4,02 ±0,45 0,183
Índice de Perfeccionismo Global 101,2 ±12,79 100,8 ±14,37 0,915
Perfeccionismo Ajustado normal 47,5 ±6,02 49 ±5,44 0,365
Perfeccionismo desajustado
41,7 ±8,05 39,5 ±9,84 0,419
neurótico
Tabela 3: Média, desvio padrão, e diferença significativa das variáveis analisadas em
relação a vencedores e perdedores. * (p≤0,05)

Destarte entre as atletas do grupo vencedor identificou-se tendência a desenvolver o


perfeccionismo desajustado neurótico, que segundo a literatura, é debilitador no contexto
da competição esportiva. Contrariamente aos resultados deste estudo Oliveira (2009)
aponta que para os atletas do futebol considerados “talentos esportivos”, ou vencedores,
as características do perfeccionismo ajustado, “organização e padrões de realização
pessoal”, sobressaíram em relação às características do perfeccionismo desajustado
neurótico. Ainda, Gould, Dieffenbach e Moffett, (2002) consideram que um dos traços que
parece recorrente em atletas de alto nível e vencedores, é o perfeccionismo ajustado como
uma tendência por estabelecer elevados padrões de realização pessoal.
CONCLUSÃO: As evidências encontradas no presente estudo demonstraram que o grupo
vencedor apresentou maior nível de CTD e menor tempo de prática em relação às equipes
do grupo perdedor. Considerando a competência psicológica, foram detectadas
características atípicas do perfeccionismo considerando atletas do grupo vencedor e
perdedor, pois enquanto estudos apontavam características ajustado normal para as
equipes vencedoras o presente estudo demonstrou resultados contrários. Contudo, são

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1153

necessárias investigações longitudinais, com estas variáveis, a fim de confrontar diversos


comportamentos, nas diversas modalidades esportivas em diferentes faixas etárias e sexo.
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expertise. Champaing: Human Kinectics, United States, v. 2. n 1, p.191-218, January,
2003.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1155

EFICIÊNCIA DA TRANSIÇÃO I E DA TRANSIÇÃO II NO RESULTADO DOS JOGOS DE


VOLEIBOL

Arthur Moreira Ferreira / UFMG


Carlos Eduardo Campos / UFMG / UIT
Rodolfo Novelino Benda / UFMG
Herbert Ugrinowitsch / UFMG
ufmgarthurm.f@outlook.com

RESUMO: O presente estudo investigou o efeito da eficiência das Transições I e II sobre a


vitória nos jogos de voleibol. O Campeonato Brasileiro de Seleções Juvenil Masculino de
2014 foi gravado para analisar e classificar as Transições como: negativas, nulas ou
positivas. A comparação dos resultados da eficiência nas Transições foi realizada por meio
do Teste t para medidas independentes. Os resultados mostraram que as equipes
vencedoras exibiram maiores eficiências para ambas as Transições, indicando que os times
com maior eficiência nas Transições I e II venceram os sets e as partidas.

Palavras-Chave: Voleibol, Transição I, Transição II.

INTRODUÇÃO: O voleibol é um esporte no qual as habilidades são executadas dentro de


uma sequência lógica (Transição) e as ações emergem formando uma estrutura
relativamente determinada (EOM; SCHUTZ, 1992b). A estrutura do jogo é composta por
fases que englobam habilidades determinantes para o entendimento da sequência e
dinâmica do jogo (EOM; SCHUTZ, 1992b; MARCELINO et al., 2010). Entretanto, diferentes
terminologias são utilizadas para nomear essas fases e o agrupamento das habilidades em
cada fase é organizado com alguma diferença entre os autores. No caso específico desse
estudo, as fases do jogo foram determinadas como Transição I compostas por saque,
recepção, levantamento e ataque; e Transição II: bloqueio, defesa, levantamento e ataque
(HEBERT, 1991; UGRINOWITSCH et al., 2014).

O estudo de UGRINOWITSCH et al. (2014) mostrou que os times que perderam menos
sets e jogos tiveram maior eficiência na Transição I que seus adversários, indicando que a
eficiência na Transição I tem correlação com a vitória nas partidas de voleibol
(UGRINOWITSCH et al., 2014). No entanto, no estudo de Eom e Schutz (1992a) foi

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1156

observado que a eficiência no contra-ataque, análogo à Transição II, foi o diferencial entre
a colocação de equipes em uma competição de nível internacional. Contando que a maior
eficiência na Transição I é a que não perde o jogo e a da Transição II a que ganha o jogo
(UGRINOWITSCH et al., 2014) faz-se necessário um estudo que avalie a eficiência na
Transição I e na Transição II no resultado dos sets e jogos. Desta forma, o objetivo do
presente estudo foi verificar o efeito da eficiência da Transição I e da Transição II nas
vitórias dos sets e partidas de voleibol.

MÉTODOS: A amostra foi composta por 16 sets do Campeonato Brasileiro de Seleções


Juvenil Masculino de 2014, que contou com a participação de quatro equipes que
participaram da fase semifinal e final do Campeonato. O presente estudo foi submetido e
aprovado pelo comitê de ética da Universidade Federal de Minas Gerais. Para que fosse
possível a análise das Transições foi considerado o “resultado final” dos ataques e contra-
ataques de cada Transição. Neste estudo foi adotada como variável dependente a
eficiência em cada Transição, critério utilizado por Hebert (1991) descrito na equação 1. A
Eficiência da Transição I e da Transição II foi utilizada para analisar o efeito de ambas na
vitória e na classificação final do campeonato.

Tais variáveis foram calculadas a partir da seguinte equação proposta por Hebert, (1991):

Ef = [(+ataques) - (-ataques)] / total ataques (1)

Na qual é apresentada uma escala ordinal de três níveis:


1. (-) ataque negativo (a bola acerta a rede e não passa, é bloqueada, é atacada para fora
sem toque nos jogadores adversários, resultando no ponto para o adversário);
2. (0) ataque nulo (a bola continua em jogo);
3. (+) ataque positivo (a bola acerta dentro da quadra adversária, vai para fora depois de
ter tocado em algum oponente, resultando no ponto para a própria equipe).

Para a análise dos dados foi realizada uma filmagem dos jogos do o Campeonato Brasileiro
de Seleções Juvenil Masculino de 2014. A eficiência das quatro equipes na fase final da
competição, tanto para a Transição I quanto para a II, foram calculadas para cada set, e
também a média da eficiência dos sets de cada jogo. A hipótese levantada nesse estudo

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1157

foi que a maior eficiência da Transição I proporcionaria a vitória, e que a maior eficiência na
Transição II não teria uma influência direta no resultado dos jogos. Para responder essa
hipótese foi realizada uma comparação através do teste t para amostras independentes,
comparando a eficiência da Transição I e II separadamente, por sets e jogos, para as
equipes vencedoras e perdedoras. Foi utilizado o programa Statistic 10.0 para Windows e
foi utilizado o nível de significância de 0,05.

RESULTADOS: A hipótese levantada foi que a alta eficiência da Transição I determinaria


a vitória da equipe nos sets e jogos. Baseado nos dados proporcionados pela equação (1),
as Figuras de 1 a 4 ilustram que de forma geral, as equipes vencedoras exibem maior
eficiência que as equipes perdedoras. O teste t mostrou que existem diferenças
estatisticamente significantes tanto para a Transição I (Figura 1 e 2) nos sets (t=2,79,
p<0,009) quanto nos jogos (t=3,59, p<0,037).

Figura 1: Eficiência da Transição I de 16 sets jogados pelas equipes.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1158

Figura 2: Eficiência da Transição I de 4 jogos.


Como um time pode ter alta eficiência na Transição II e marcar muitos pontos, mas ainda
pode dar mais pontos para o adversário com a baixa eficiência na Transição I, a hipótese
para a Transição II (Figura 3 e 4) não era direta. Os resultados do teste t mostraram que os
times vencedores tiveram a eficiência na Transição II significativamente superior aos times
perdedores nos sets (t=4,31, p<0,001) e nos jogos (t=2,74, p<0,07).

Figura 3: Eficiência da Transição II de 16 sets jogados pelas equipes.

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1159

Figura 4: Eficiência da Transição II de 4 jogos.

Partindo de um ponto de vista sistêmico, os resultados mostram que a eficiência tanto para
a Transição I quanto para a Transição II são indicadores que podem ser utilizados para
determinar os resultados em competições de voleibol (HERBET, 1992; UGRINOWITSCH
et al. 2014).

CONCLUSÃO: Conclui-se que tanto a alta eficiência na Transição I quanto a alta eficiência
na Transição II influenciam a vitória em partidas de voleibol.

REFERÊNCIAS
EOM, H.J., SCHUTZ, R.W. Statistical analyses of volleyball team performance. Research
Quarterly for Exercise and Sport, v. 63, n.1, p. 11-8, 1992.
EOM, H.J., & SCHUTZ, R.W. Transition Play in Team Performance of Volleyball. Research
Quarterly for Exercise and Sport, 63, 261-269.
HEBERT, M. Insights and Strategies for Winning Volleyball. Illions: Human Kinetics,
1991.
MARCELINO, R., MESQUITA, I., SAMPAIO, J., MORAES, J.C. Estudo dos indicadores de
rendimento em voleibol em função do resultado do set. Revista brasileira de Educação
Física e Esporte, v.24, n. 1, p. 69-78, 2010.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1160

UGRINOWITSCH, H., LAGE, G.M., SANTOS-NAVES, S.P., DUTRA, L.N., CARVALHO,


M.F.S.P., UGRINOWITSCH, A.A.C., BENDA, R.N. Transition I efficiency and victory in
volleyball matches. Motriz, v. 20, n.1, p. 42-46, 2014.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1161

ANÁLISE DOS COMPONENTES PRINCIPAIS EM JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS

Hélcio Rossi Gonçalves / DES/CEFE - UEL

Lucélia Batista de Almeida / DES/CEFE - UEL

Loani Landin Istchuk / DES/CEFE - UEL

Antonio Carlos Dourado / DES/CEFE - UEL e SEET

Luiz Cláudio Reeberg Stanganelli / DES/CEFE - UEL

helcio.rg@hotmail.com

RESUMO: O objetivo estudo foi testar a utilização da técnica multivariada de análise de


componentes principais (ACP), a partir de avaliações em atletas, na tentativa de identificar
componentes que possam explicar tais informações. Foram avaliados 163 atletas, de quatro
modalidades coletivas. Foram realizadas medidas de composição corporal, estatura e
massa corporal, saltos verticais em placa de contato, testes de agilidade e velocidade,
flexões abdominais e o teste de corrida de Léger. O tratamento dos dados, por meio da
estatística descritiva e na sequencia optou-se pelo método de análise dos componentes
principais (ACP). Os resultados mostraram melhor performance para os meninos em todos
os testes e maiores valores quanto aos dados antropométricos. Quanto as informações de
ACP, os resultados apresentam quatro componentes distintos e característicos. O primeiro
deles com informações de velocidade e potência, o segundo com dados antropométricos,
o terceiro informações de agilidade e potência aeróbia, e de forma isolada a idade no ultimo
componente. Conclui-se que a ACP foi importante na otimização e diminuição de variáveis
para monitoramento e controle do processo de organização do treinamento. Os dados
obtidos sugerem características comuns aos desportos de quadra no que se refere a
performance físico/motor e antropometria.

Palavras-chave: Componentes Principais, Modalidades Coletivas, Performance.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1162

INTRODUÇÃO: O processo de organização e controle do treinamento esportivo atualmente


se sustenta muitas vezes nos recursos de monitoramento dos atletas/equipes. Em muitos
momentos isso ocorre por meio de avaliações antropométricas e funcional realizadas em
laboratórios ou mesmo no campo (GARRET, W. E.; KIRKENDALL, 2003). No entanto,
muitas vezes nos deparamos com dificuldades quanto a escolha de testes que possam de
fato representar de forma precisa estes parâmetros. Desta forma, o objetivo do estudo foi
testar a utilização da técnica multivariada de análise de componentes principais (ACP), a
partir de medidas antropométricas e de testes motores/funcionais em atletas de jogos
esportivos coletivos, na tentativa de identificar componentes que possam explicar tais
informações.

MÉTODOS: Foram avaliados 163 atletas (81 rapazes e 82 moças) representantes da


cidade de Londrina-PR., nos Jogos da Juventude do Paraná de 2008 e 2011. Os atletas
avaliados eram integrantes de modalidades de basquetebol, futsal, handebol e voleibol. O
procedimento de avaliação foi realizado em duas etapas: na primeira foram realizados os
testes de laboratório, sendo a composição corporal através da Pletismografia, além das
informações de estatura e massa corporal; a segunda etapa: realizou-se os testes de
desempenho em quadra composto por saltos verticais em placa de contato (counter
movement jump, squat jump e salto livre) teste de agilidade (quadrado 4m x 4m), testes de
velocidade de 10 e 30 metros e teste de flexões abdominais (30 seg) e teste de corrida de
Léger para obtenção dos valores de VO2max (GUEDES & GUEDES, 2006; BOSCO, 1980;
LEGER & LAMBERT, 1982 ). Quanto ao tratamento dos dados, foi realizando inicialmente
procedimentos da estatística descritiva e na sequencia optou-se pelo método de análise
dos componentes principais (ACP), na sequencia o número de fatores com base na
percentagem de 95% da variância, e finalmente foram selecionados somente os
componentes com autovalor maior que 1, sendo que na matriz original houve a rotação pelo
método varimax (MARÔCO, 2014).

RESULTADOS: Na tabela 1 são apresentados os valores médios e de desvios padrão de


ambos os gêneros para as variáveis que fizeram parte do estudo bem como os resultados

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1163

da ACP que contribuíram acima de 0,60 para cada componente, autovalores e percentual
de variação para cada componente rotado. No tocante aos valores médios, é possível
perceber que os rapazes, apresentaram melhor performance quando comparados as
moças em todos os testes e maiores valores quanto aos dados antropométricos. Quanto
as informações de ACP, os resultados apresentam 4 componentes distintos e
característicos. No primeiro deles estão representas as informações de velocidade e
potência, que explicam 45,676% da variância total, no segundo os dados antropométricos,
com 13,273%, no terceiro as informações de agilidade e potência aeróbia, explicando
10,255%, por fim de forma isolada a idade com 9,627% da variância. As informações do
teste de flexões abdominais não se mostraram representadas em nenhum dos
componentes. Dados similares foram encontrados em outro estudo que envolveu atletas de
basquetebol (MOREIRA, et al. 2009). Nossos achados também apresentam certa
semelhança com o estudo conduzido por Laffaye, et al. (2014), que envolveu atletas de
basquetebol, futebol, Voleibol e Beisebol, porém neste estudo apenas foram estudadas as
variáveis de salto.

Rapazes Moças Componentes


Variáveis
Média DP Média DP 1 2 3 4

Idade (anos) 16,73 1,27 16,21 1,15 - - - 0,932


Estatura (cm) 1,81 0,07 1,68 0,06 - 0,815 - -
M. Corporal (kg) 73,83 11,30 61,85 8,03 - 0,787 - -
M. Magra (kg) 64,73 6,46 47,16 4,57 - 0,940 - -
Velocidade 10m
1,81 0,11 2,00 0,12 -0,819 - - -
(seg)
Velocidade 30m
3,26 0,42 3,46 0,17 -0,641 - - -
(seg)
Squat Jump (cm) 34,01 5,32 24,96 4,10 0,874 - - -
Counter Mov. Jump
37,57 5,64 26,99 4,00 0,908 - - -
(cm)
Salto Livre (cm) 44,58 6,22 31,43 4,39 0,894 - - -

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Agilidade (seg) 6,09 0,55 6,63 0,36 - - -0,613 -


VO2_Legeer
44,07 6,12 42,81 5,55 - - 0,865 -
(ml/kg/min)
Abdominal (rep) 26,63 4,28 23,33 3,33 - - - -

Autovalor 5,481 1,593 1,231 1,155


% de
45,676 13,273 10,255 9,627
Variação

Tabela 1 – Valores médios e desvios padrão (DP) para as variáveis do estudo, resultados
da ACP que contribuíram acima de 0,60 para cada componente, autovalores e percentual
de variação para cada componente rotado.

CONCLUSÃO: A ACP parece ser importante no sentido de otimização dos dados e


diminuição de variáveis que podem ser utilizadas para o monitoramento do processo de
organização e controle do treinamento, discriminando claramente componentes. Os dados
obtidos sugerem características comuns aos desportos de quadra no que se refere a
performance físico/motor e antropometria.

REFERÊNCIAS

BOSCO, C. KOMI, P.V. Influence of aging on the mechanical behavior of leg extensor
muscles. European Journal of Applied Physiology. v. 45. p. 209-219. 1980.

GARRET, W. E.; KIRKENDALL, D.T. A ciência do exercício e dos esportes. Porto Alegre:
Artmed. 2003.

GUEDES, D.P.; GUEDES, J.E.R.P. Manual prático para avaliação em educação física.
São Paulo: Manole, 2006.

LAFFAYE G, WAGNER PP, TOMBLESON TI. Countermovement jump height: gender and
sport-specific differences in the force-time variables. J Strength Cond Res. Apr;28(4):
p.1096-105. 2014.

MARÔCO, J. Análise Estatística com Utilização do SPSS Statistics. Pêro Pinheiro.

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1165

ReportNumber. 6ª Ed. 2014.

MOREIRA, A.; et al. Monitoramento do basquetebol: a utilização da análise dos


componentes principais. Revista da Educação Física/UEM. v. 20, n.1, 2009.
LEGER, L.A.; LAMBERT, J., A maximal multistage 20m shuttle run test to predict VO2max.
European Journal of Applied Physiology. v. 49, p. 1-12, 1982.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1166

METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ESPORTIVO DE CRIANÇAS E


JOVENS: UM ESTUDO PRELIMINAR

Francisco Zacaron Werneck / CEDUFOP – UFOP


Emerson Filipino Coelho / CEDUFOP – UFOP
Renato Melo Ferreira / CEDUFOP – UFOP
Luciano Miranda / FCDEF – UC
António José Barata Figueiredo / FCDEF – UC
f.zacaron@cedufop.ufop.br

RESUMO: O objetivo do estudo foi elaborar uma metodologia de avaliação


multidimensional e longitudinal do potencial esportivo de crianças e jovens. Nesta etapa
transversal, participaram do estudo 390 alunos de uma escola militar de Minas Gerais, com
idade entre 11 e 18 anos, de ambos os sexos, os quais foram submetidos a testes
antropométricos, inventários psicológicos, informações socioeconômicas, experiência
esportiva, apoio da família, percepção de competência, testes de força, velocidade,
agilidade, resistência e maturação somática. Doze professores avaliaram seus alunos
quanto ao desempenho atual e a expectativa de desempenho futuro. Os dados foram
analisados por modelagem estatística, utilizando os valores percentis dos testes e
respectivos pesos atribuídos à importância de cada indicador para o desempenho esportivo
e pontos de corte para classificação. Os resultados preliminares encontrados foram: 29%
potencial em desenvolvimento, 51% potencial esportivo mediano, 18% alto potencial
esportivo e 2% potencial de excelência para o esporte. Novas coletas ainda serão
realizadas, visando à classificação de potencial esportivo específico para determinadas
modalidades esportivas, a verificação das propriedades psicométricas do diagnóstico
realizado e a validação longitudinal da modelagem. A expectativa é de que a metodologia
em desenvolvimento possa resultar numa ferramenta de identificação e desenvolvimento
de potenciais talentos esportivos, inédita no Brasil.
Palavras-chave: Jovem atleta, Identificação de talentos, Modelagem estatística.

INTRODUÇÃO: Desde a década de 1950, muitos países desenvolvem meios sistemáticos


para identificar atletas talentosos o mais cedo possível e promover o seu desenvolvimento

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1167

em determinado esporte (BAKER, COBLEY & SCHORER, 2012; VAEYENS et al., 2008;
VAEYENS et al., 2009). A avaliação do potencial esportivo é o primeiro passo no processo
de descoberta de novos talentos, e deve ser feita através de métodos científicos (baterias
de testes) associados à opinião de técnicos e experts do esporte (RÉGNIER et al., 1993),
fundamentada em preditores relevantes para o diagnóstico (BROWN, 2001; HONER et al.,
2014). Esta avaliação possibilita identificar virtudes e fraquezas, bem como as
necessidades de desenvolvimento no perfil do jovem atleta, permitindo adequar as suas
características às demandas da modalidade e orientar o processo de treinamento.
Entretanto, a maioria dos estudos tem característica transversal e fundamenta-se
prioritariamente sobre os aspectos físico-motores e de habilidades técnicas (LIDOR, COTE,
& HACKFORT, 2009), analisados isoladamente (VAEYENS et al., 2008), não levando em
conta uma das principais variáveis intervenientes na avaliação do potencial esportivo de
jovens atletas: a maturação (PEARSON, NAUGHTON, & TORODE, 2006).
O objetivo do presente estudo foi elaborar uma metodologia de avaliação
multidimensional e longitudinal do potencial esportivo de crianças e jovens.

MÉTODO: Participaram do estudo 390 alunos (222 meninos) de uma escola militar de
Minas Gerais, com idade entre 11 a 18 anos. Este projeto de pesquisa possui aprovação
no Comitê de Ética em Pesquisa CAAE: 32959814.4.1001.5150 e parecer de aprovação
817.671 da Universidade Federal de Ouro Preto. A bateria de testes consistiu de: Avaliação
Antropométrica: medidas da massa corporal, estatura, envergadura, altura sentado e
dobras cutâneas. Avaliação Físico-Motora: teste de corrida de velocidade de 20m e teste
do quadrado de agilidade, utilizando sistema de células fotoelétricas; teste de salto vertical
com contra movimento, utilizando plataforma de salto; teste de arremesso de medicine-ball
de 2kg; teste de força de preensão manual, através de handgrip; e teste de corrida vai-e-
vem de 20m de Léger. Avaliação Psicológica: versão brasileira do Athletic Coping Skills
Inventory-28 (ACSI-28) e do Task and Ego Questionarie. Avaliação Socioeconômica:
questionário proposto pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP).
Avaliação da Maturação Somática: através do Percentual Atingido da Estatura Adulta
Predita, método proposto por KHAMIS & ROCHE (1994, 1995). Experiência Esportiva:
foram recolhidas informações relativas à preparação desportiva dos jovens, tais como:
número de anos de prática da modalidade, número de sessões de treino semanais, duração

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1168

de cada sessão de treino, nível competitivo. Avaliação dos treinadores: atribuíram uma
classificação subjetiva relativa a expectativa de sucesso que deposita em cada um dos
atletas, no seguinte sistema de classificação: 1 = Muito Fraco; 2 = Fraco; 3 = Razoável; 4
= Bom; 5 =Muito Bom. Além disso, os técnicos irão responder em relação à importância
que eles atribuem a cada fator relacionado ao desempenho, de acordo com a respectiva
modalidade. Autoavaliação de competência: Os atletas também fizeram avaliação da
percepção de competência para o esporte. Os dados foram analisados por modelagem
estatística, utilizando os valores percentis dos testes e respectivos pesos atribuídos à
importância de cada indicador para o desempenho esportivo e pontos de corte para
classificação.

RESULTADOS: Os dados foram analisados por modelagem estatística, utilizando os


valores percentis dos testes por idade e sexo, e respectivos pesos atribuídos à importância
de cada indicador para o desempenho esportivo pelos treinadores. O escore final de
pontuação na modelagem varia de 0 a 100 pontos (0 a 100%), sendo estabelecidos os
seguintes pontos de corte para classificação: 0 a <40% = Potencial Esportivo em
Desenvolvimento; 40 a <60%: Potencial Esportivo Mediano; 60 a 80%: Alto Potencial
Esportivo; >80%: Potencial Esportivo de Excelência. Os resultados preliminares
encontrados na amostra estão representados na Figura 1.

Figura 1: Classificação do potencial esportivo de alunos de uma escola militar de Minas


Gerais, com idades entre 11 e 18 anos, de ambos os sexos, através de modelagem
estatística.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1169

Análises univariadas e bivariadas mostraram que os alunos mais bem avaliados


pelos seus professores apresentaram maior desempenho nos testes físico-motores e
melhor perfil psicológico. O resultado final da modelagem foi ponderado pelo estágio
maturacional do aluno. Na figura 2 pode ser observado um modelo de apresentação de
resultado individual da avaliação de potencial.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1170

Figura 2: Exemplo de resultado individual da modelagem de avaliação de potencial


esportivo de crianças e jovens.

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CONCLUSÃO: A metodologia apresentada segue diretrizes internacionais para


identificação e desenvolvimento de talentos esportivos, a saber: mapear os fatores
relevantes para o desempenho, medir as crianças nas escolas e/ou clubes nestas variáveis,
criar uma modelagem matemática, classificar o potencial esportivo levando-se em conta o
status maturacional, inserir no modelo a opinião dos técnicos e os resultados de
competição, proporcionar às crianças a participação em um programa de treinamento de
iniciação e formação esportiva de longo prazo, acompanhá-las e reavaliar sistematicamente
todo o processo. Novas coletas ainda serão realizadas, visando à classificação de potencial
esportivo específico para determinadas modalidades esportivas, a verificação das
propriedades psicométricas do diagnóstico realizado e a validação longitudinal da
modelagem. A expectativa é de que a metodologia em desenvolvimento possa resultar
numa ferramenta de identificação e desenvolvimento de potenciais talentos esportivos,
inédita no Brasil.

REFERÊNCIAS

BAKER, J.; COBLEY, S.; SCHORER, J. Talent identification and development in sport:
international perspectives. Routhledge. 2012.
BROWN J. Sports talent: how to identify and develop outstanding athletes. Human
Kinetics, Champaign, IL. 299, 2001.
HÖNER, O.; VOTTELER, A., SCHMID M., SCHULTZ F.; ROTH, K.; Psychometric
properties of the motor diagnostics in the German football talent identification and
development programme. Jounal Sports Sciences, v. 33, n. 2, 145-159, 2015.
LIDOR, R.; COTE, J.; HACKFORT, D. ISSP Position Stand: To test or not to test? The use
of physical skill tests in talent detection and in early phases of sport development.
International Journal of Sport and Exercise Psychology, v. 7, 131-146, 2009.
PEARSON, D.T.; NAUGHTON, G.A.; TORODE, M. Predictability of physiological testing
and the role of maturation in talent identification for adolescent team sports. Journal of
Science and Medicine in Sport, v. 9, n.4, 277-287, 2006.

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RÉGNIER, G.; SALMELA, J.; RUSSEL, S.J. Talent detection and development in sport. In:
Singer RN, Murphey M, Tennant LK (Orgs). Handbook of research on sport psychology.
Canadá: MacMillan; 290-313, 1993.
VAEYENS, R.; MATTHIES, L.; MARK, W. A.; PHILIPPAERTS, R. M. Talent identification
and development programmes in sport: current models and future directions. Sports
Medicine, v. 38, n. 9, 703-714, 2008.
VAEYENS, R.; GÜLLICH, A.; WARR, C.R.; PHILIPPAERTS, R.M. Talent identification and
promotion programs of Olympic athletes. Journal of Sports Sciences, v. 27, n.13, p.1367-
1380, 2009.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1173

VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO DO TESTE DE CONHECIMENTO TÁTICO


DECLARATIVO PARA O FUTSAL: TCTD:FS2

Fabiola de Araujo Cabral - UFMG


Karen Cristine Rodrigues Alves - UFMG
Pablo Juan Greco – UFMG
fabiolaedfisica@yahoo.com.br
RESUMO

Este buscou fundamentar a construção de um instrumento de avaliação do conhecimento


tática de jogadores, com base em situações de ataque do jogo de futsal e validá-lo em seu
conteúdo. Para isso, cinco peritos avaliaram as cenas, quanto a sua pertinência em relação
ao construto, em uma escala do tipo Likert. Para verificar essa pertinência utilizou-se o
Cálculo do coeficiente de validade de conteúdo (CVC). Posteriormente os peritos avaliaram
as tomadas de decisão das situações de jogos. Foram descartadas as cenas que obtiveram
uma correlação menor que 100% para primeira tomada de decisão dos peritos. Realizou-
se, posteriormente, a validade ecológica dos itens e permaneceram no instrumento final as
cenas nas quais a decisão dos peritos coincidiram com a ação dos jogadores na cena
original. Constituem o instrumento final, 21 cenas ofensivas de jogos de futsal, das quais 9
são de ataque posicional e 12 contra-ataque.

Palavras-chave: Conhecimento tático declarativo, futsal, psicometria

INTRODUÇÃO
Nos Jogos Esportivos Coletivos (JEC), para que o jogador tenha um comportamento
inteligente durante uma partida é preciso que haja compreensão sobre “o que fazer”,
“quando fazer” e “como fazer”. Para Greco (2009), a forma de atuação de um jogador está
condicionada pelo conhecimento e pela forma como o jogador concebe e percebe o jogo.
Nas Ciências do Esporte diferenciam-se dois tipos de conhecimento baseados na
arquitetura cognitiva Adaptive Control of Thought (ACT) proposto por Anderson, 1995: o
declarativo e o processual. O declarativo caracteriza-se quando o jogador verbaliza a
respeito das próprias decisões e apresenta sua justificativa, refere-se ao saber “o que
fazer”. O processual se refere à execução de tarefas complexas de forma automatizada, ao
“como fazer”, sem o envolvimento de uma recordação consciente e não pode ser

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1174

explanado, está intimamente relacionado a ação motora (FURLEY; MEMMERT, 2010).


Neste sentido, avaliar o conhecimento do atleta na modalidade esportiva, torna-se
necessário para o controle e desenvolvimento do mesmo. Entretanto, há uma necessidade
nas Ciências do Esporte de instrumentos, que sejam validos e precisos, os quais podem
auxiliar o processo de ensino-aprendizado-treinamento da modalidade para a qual foi
construído, além de servirem como objeto de análise em pesquisas e na diferenciação entre
experts. Assim, a construção e validação do teste de conhecimento tático declarativo (CTD)
no futsal, visa contribuir para o controle do conhecimento desenvolvido no processo de
ensino-aprendizagem-treinamento da modalidade. Objetivo deste estudo é fundamentar a
construção de um modelo de avaliação do conhecimento táticos de jogadores, com base
em situações de ataque do jogo de futsal e valida-lo em seu conteúdo.

MÉTODOS

Procedimentos Éticos
Este estudo respeitou as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de
Saúde e foi aprovado pelo Comitê de Ética N.º44404515.1.0000.5149. Todos os treinadores
participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido e tiveram a
liberdade de abandonar a coleta em qualquer momento e a garantia de que suas
identidades seriam preservadas.

Amostra
Participaram deste estudo cinco treinadores, peritos, na modalidade futsal.
Determinou-se como pre-requisito, para ser considerado perito, ter no mínimo 10 anos de
prática como treinador, conforme Ericsson, Krampe e Tesch-Rõmer (1993), e participação
em campeonatos de nível nacional e/ou internacional (Tabela 1). Todos os treinadores
possuem títulos nesses níveis.
Perito Tempo de Pratica Nível Competitivo

1 20 anos Internacional

2 18 anos Nacional

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3 24 anos Internacional

4 12 anos Internacional

5 21anos Nacional

Média e Desvio Padrão 19 ± 2 anos -

Tabela 1: Relação de peritos com o tempo de prática e nível competitivo

Procedimentos
Para construção e validação do instrumento serão seguidos os doze passos do
organograma proposto por Pasquali (2010). O primeiro procedimento de validação,
denominado validação teórica, consiste na definição do 1) construto psicológico
(Conhecimento tático Declarativo no futsal), 2) seus atributos (Ações defensivas e/ou
ofensivas) e 3) fatores (ofensivo: contra-ataque e ataque posicional), assim como, a 4)
definição conceitual e operacional do construto, 5) operacionalização dos itens e 6) analise
semântica dos mesmos. Nessa fase consonantemente serão selecionadas cenas de jogos
de futsal, categoria adulto, masculino, para composição de um banco de imagens, as quais
serão enviadas aos peritos para análise.
Os peritos avaliaram as cenas nos critérios clareza da imagem, pertinência
prática e representatividade do item conforme estudo realizado por Aburachid e Greco
(2011), para isto utilizou-se uma escala tipo Likert, destinada a avaliar o grau de
concordância ou discordância das afirmações, com 5 pontos de intervalos, e discriminarão
as cenas em relação as dimensões (fatores) aos quais representam. Para validade de
conteúdo calculou-se o nível de concordância entre juízes, pelo Coeficiente de Validade de
Conteúdo (CVC), desenvolvido por Hernandez-Nieto (2002), pois cada item do teste deve
ser validado quanto ao seu conteúdo. Este mesmo autor destaca que para o cálculo do
CVC, deve-se ter de três a cinco experts. O grau de concordância dos juízes deverá ser
acima de 80% para determinar a pertinência do item, isto é, quanto ele reflete o traço latente
do construto (BALBINOTTI, 2005).
Houve discriminação dos itens em relação as cenas pertinentes. Realizou-se a
análise de conteúdo pela técnica da análise temática para a criação de um gabarito das
respostas dos juízes em relação a melhor tomada de decisão e sinais relevantes utilizados,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1176

de forma a avaliar a percepção em cada um dos itens. Posteriormente considera-se a


concordância entre observadores (CEO), aplicada para se definir a objetividade das
tomadas de decisões dos juízes, para estabelecer como critério, quais os melhores itens a
serem escolhidos para se tornar parte integrante do teste. Para permanência no teste,
adotou-se o valor de 100% de concordância para a primeira decisão. Posteriormente,
submeteu-se as cenas que permaneceram no teste a validade ecológica, ao comparar a
tomada de decisão dos peritos com a ação do jogador na cena original. Compuseram o
instrumento final, as cenas nas quais a primeira decisão dos peritos coincidiu com a ação
do jogador.

RESULTADOS
O processo de construção iniciou-se com 125 cenas divididas em Jogo posicional e contra-
ataque que após serem submetidas aos 6 primeiros passos propostos, foram reduzidas a
21 cenas, das quais 9 são de ataque posicional e 12 de contra-ataque, que representam o
construto em sua dimensionalidade (Pasquali, 2010, Aburachid e Greco, 2011).
De acordo com Greco, 2009 a interação do conhecimento declarativo e processual e as
estruturas de recepção e elaboração da informação permitem uma tomada de decisão
inteligente e/ou criativa, o que fundamenta a construção dos itens baseados na tomada de
decisão e sua justificativa. Com a aplicação de um teste de conhecimento do futsal, será
possível identificar falhas na compreensão do jogo pelo aluno/atleta, permitindo a
organização das intervenções afim de desenvolver um indivíduo inteligente/e ou criativo
que obtenha sucesso no jogo.

CONCLUSÃO
A aplicação psicométrica nos esportes coletivos permite a avaliação e estruturação do
processo de ensino-aprendizado e treinamento, assim como avaliação da expertise. Além
disso, sua utilização em pesquisa pode proporcionar um avanço no conhecimento sobre a
lógica do jogo e na diferenciação do paradigma perito-novato.

REFERÊNCIAS

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1177

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2011

ANDERSON, R.J.. Cognitive Psychology and their Acquisition. Psychological Rev.., v. 94


n.1 p.192-210. 1995

BALBINOTTI, M. A. A.. Para se avaliar o que se espera: reflexões acerca da validade dos
testes psicológicos. Aletheia, v. 1, n.21, 43-52. 2005.

ERICSSON, K. Anders; KRAMPE, Ralf T.; TESCH-RÖMER, Clemens. The role of


deliberate practice in the acquisition of expert performance.Psychological review, v. 100,
n. 3, p. 363, 1993.

FURLEY, A.; MEMMERT, D. The role of working memory in sport. International Review of
Sport and Exercise Psychology, v.3, n.2, p.171-194, 2010.

GRECO, P.J. Tomada de Decisão. Em: Samulski, M.D. (Ed.). Psicologia do Esporte:
conceitos e novas perspectivas(pp. 107-142). Barueri: Editora Manole. 2009

HERNÁNDEZ-NIETO, R. A. Contributions to Statistical Analysis. Mérida: Universidad


de Los Andes, 2002. 119p.

PASQUALI, L. Instrumentação Psicológica. Fundamentos e Práticas. Porto Alegre:


Artmed, 2010.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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ANÁLISE DO CONHECIMENTO TÁTICO DECLARATIVO DE EQUIPES MINEIRAS:


CATEGORIA SUB-17

Fabiola de Araujo Cabral - UFMG


Karen Cristine Rodrigues Alves - UFMG
Pablo Juan Greco – UFMG
fabiolaedfisica@yahoo.com.br
RESUMO
Neste estudo, o objetivo foi descrever o nível de desenvolvimento do conhecimento tático
declarativo de acordo com a classificação final de 4 equipes no Campeonato Estadual de
futsal feminino sub-17 de Minas Gerais. Participaram da amostra 42 atletas de futsal do
sexo feminino, da categoria sub-17 de 4 equipes participantes do Campeonato Estadual de
futsal de 2015. Utilizou-se o teste de Conhecimento Tático Declarativo para o Futsal - TCTD:
FS2 para determinar o nível de desenvolvimento do conhecimento tático declarativo das
atletas. As equipes foram divididas em dois grupos de acordo com sua classificação final
na competição: grupo dos primeiros colocados (PC) com as equipes campeã e vice-campeã
e grupo dos últimos colocados (UC) com as equipes que ocuparam as duas últimas
posições. Para análise dos dados recorreu-se a análise de percentil, no intuito de definir os
critérios de desempenho em relação a pontuação obtida no teste pelas atletas. Calculou-
se a média de pontuação dos grupos PC e UC e posteriormente relacionou-as aos critérios
de desempenho definidos. Os resultados indicam que equipes com conhecimento tático
declarativo mais elevado são as melhores classificadas no Campeonato Estadual de futsal
feminino sub-17 de Minas Gerais.

Palavras-chave: Conhecimento Tático Declarativo, Futsal

INTRODUÇÃO:
O futsal, enquanto jogo esportivo coletivo (JEC) (SILVA; GRECO, 2009), demanda de
seus jogadores o conhecimento tático da modalidade, pois será a partir desse que o atleta
conseguirá tomar decisões táticas (MATIAS; GRECO, 2010). Dessa forma, o conhecimento
tático relaciona-se ao conhecimento na ação em si e na elaboração de decisões táticas
(GRÉHAIGNE; GODBOUT, 1995; GRÉHAINE et al., 2001; GARGANTA, 2006; GRECO,
2006; MATIAS; GRECO, 2010).

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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O conhecimento tático pode ser caracterizado em dois tipos, conhecimento tático


declarativo (CTD) e conhecimento tático processual (CTP) (ANDERSON, 1982; EYSENCK;
KEANE, 1994). O CTD é o conhecimento sobre “o que fazer”, ou seja, declarar de forma
verbal ou escrita a melhor decisão a se tomar e o porquê dessa decisão (MATIAS; GRECO,
2010). E o CTP refere-se ao conhecimento de “como fazer” as ações, relacionado à ação
motora em si (GIACOMINI et al 2011).
Esses conhecimentos são utilizados a partir de dois tipos de pensamentos, os
pensamentos convergente e divergente (MATIAS; GRECO, 2010; STERNBERG, 2008). O
pensamento divergente se relaciona à criatividade tática, por meio de ideias novas,
adequadas e flexíveis em respostas às diferentes situações de jogo e o pensamento
convergente à inteligência tática, em que o indivíduo escolhe uma alternativa adequada à
demanda da situação do jogo. (MOREIRA; MATIAS; GRECO, 2013; MATIAS; GRECO,
2010; BRITO et al, 2009).
A utilização de procedimentos validados para mensuração e análise do Conhecimento
Tático dos jogadores de futsal se faz importante, pois níveis de conhecimento tático
dependem da relação e da utilização da seleção, codificação dos sinais relevantes e da
tomada de decisão para que a solução das tarefas e problemas deparados no jogo sejam
realizadas de forma rápida e eficaz (GRÉHAIGNE; GODBOUT, 1995; GUIMARÃES, 2011;
SILVA; GRECO, 2009). Dessa forma, peritos apresentam conhecimento declarativo e
processual elevado, mais organizado e estruturado; realizam com maior objetividade os
processos de procura visual; e detêm uma melhor seleção e significado dados aos sinais
relevantes; o que permite maior rapidez e precisão nas tomadas de decisão (ABERNETHY;
BAKER; CÔTÉ, 2005; BAKER; CÔTÉ; ABERNETHY, 2003; FURLEY; MEMMERT, 2012;
GRECO, 2009; MCPHERSON, 1994; WILLIAMS et al., 2011), obtendo melhores
desempenhos em suas modalidades esportivas. Assim, este estudo objetivou descrever o
nível de desenvolvimento do conhecimento tático declarativo de acordo com a classificação
final de 4 equipes no Campeonato Estadual de futsal feminino sub-17 de Minas Gerais.

MÉTODO: Procedimentos Éticos: Este estudo respeitou as normas estabelecidas pelo


Conselho Nacional de Saúde e foi aprovado pelo Comitê de Ética
N.º44404515.1.0000.5149. Amostra: Participaram deste estudo 42 atletas de futsal do sexo
feminino, com idade média 15,86 ± 0,15 anos, pertencentes a 4 equipes participantes do

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1180

campeonato estadual de futsal de minas gerais, categoria sub-17 no ano de 2015. As


equipes participantes, ocuparam as duas primeiras e as duas últimas posições da
classificação final da competição. Procedimento: Foi aplicado o teste de Conhecimento
Tático Declarativo para o Futsal - TCTD: FS2, construído e validado no Centro de Estudos
de Cognição e Ação (CECA), afim de analisar o conhecimento tático declarativo das atletas.
A coleta de dados foi realizada no período de competição, antes do início dos jogos do
segundo dia do torneio, no alojamento de cada equipe. Todas as atletas responderam o
teste no mesmo momento e foram orientadas a permanecerem em silencio durante todo o
tempo. As equipes foram divididas em dois grupos de acordo com seu rendimento na
competição. Assim, constituíram o grupo dos primeiros colocados (PC) as equipes campeã
e vice-campeã e constituíram o grupo dos últimos colocados (UC) as equipes que ocuparam
as duas últimas posições. Instrumento: O teste constitui-se de 21 cenas ofensivas de jogos
oficiais de futsal masculino, categoria adulto, com duração entre 6 a 10 segundos, as quais
são cortadas antes da conclusão final da situação de jogo e congeladas durante 4
segundos. É perguntado as atletas qual a melhor decisão, o porquê e quais são as outras
possibilidades de ação para cada cena. O teste propõe traçar o conhecimento a partir do
pensamento convergente e divergente, e do reconhecimento dos sinais relevantes para
tomada de decisão. Analise dos Dados: realizou-se a análise de percentil afim de definir os
critérios de desempenho em relação a pontuação obtida no teste pelas atletas. Calculou-
se a média de pontuação dos grupos PC e UC e posteriormente relacionou-as aos critérios
de desempenho definidos.

RESULTADOS: Na Tabela 1, encontram-se os critérios de classificação de desempenho


definidos a partir da pontuação obtida pelas atletas no teste. Para cada nível de
desempenho há uma amplitude de pontuação definida pela analise de quartil da pontuação.

DESEMPENHO PONTUAÇÃO
FRACO Até 183
REGULAR 184 a 219
BOM 220 a 249
MUITO BOM A partir de 250

Tabela 1: Critérios de desempenho referente a grupo

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1181

De acordo com a Tabela 2, as equipes que ocuparam as primeiras posições na


classificação final da competição, obtiveram desempenho melhor comparadas as equipes
que ocuparam as últimas posições.

GRUPOS PONTUAÇÃO DESEMPENHO


Primeiros Colocados 224,73 BOM
Últimos Colocados 195, 15 REGULAR

Tabela 2: Desempenho das equipes conforme a sua posição na classificação final da competição e seus
escores no teste.

Estes resultados indicam que equipes com melhor desempenho no jogo também possuem
maior conhecimento tático declarativo, o que corrobora com Anderson (1982, 1995) e Henk
(2010) que afirmam que o conhecimento tático declarativo se consolida em conhecimento
tático processual por meio da prática, processo denominado proceduralização.

Dessa forma, entende-se que os resultados corroboram com muitos estudos, os quais
destacam que a expertise, nos jogos esportivos coletivos, relaciona-se com a melhor
qualidade da tomada de decisão, assim como com os conhecimentos táticos declarativo e
processual (ABERNETHY; BAKER; CÔTÉ, 2005; BAKER; CÔTÉ; ABERNETHY, 2003;
FURLEY; MEMMERT, 2012; GRECO, 2009; MCPHERSON, 1994; WILLIAMS et al., 2011).

CONCLUSÃO: Os resultados indicam que as equipes que ocuparam o primeiro e segundo


lugar no Campeonato Estadual de futsal feminino sub-17 de Minas Gerais, alcançaram
melhores pontuações no TCTD: FS2 do que as equipes que ocuparam as duas últimas
posições. Nesse contexto, observa-se que o conhecimento tático declarativo poderia estar
relacionado ao desempenho das equipes nas competições. Entretanto, sugere-se que se
realizem outros estudos com equipes de diferentes níveis competitivos, categorias e sexo.
Além disso, que seja avaliado o conhecimento tático declarativo nos processos de ensino-
aprendizado-treinamento.

REFERÊNCIAS

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1182

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705-718, 2005.

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1982.

ANDERSON, J. R.; JOHN, B. E.; JUST, M. A.; CARPENTER, P. A.; KIERAS, D. E.;
MEYER, D. E. Production system models of complex cognition. In: Proceedings of the
seventeenth annual conference of the cognitive science society. 1995. p. 9-12.

BAKER, J.; CÔTÉ, J.; ABERNETHY, B. Sport-specifc practice and the development of
expert decision-making in team ball sports. Journal of Applied Sport Psychology,
Indianápolis, no. 15, p. 12-25, 2003.

BRITO, R.F.; VANZIN, T.; ULBRICHT, V. Reflexões sobre o conceito de criatividade: sua
relação com a biologia do conhecer. Ciências & Cognição, v.14, n.3, p.204-213, 2009.

EYSENCK, M. W.; KEANE, M. T. Psicologia cognitiva: Um manual introdutório. Porto


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FURLEY, P. A.; MEMMERT, D. Working memory capacity as controlled attention in tactical


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GARGANTA, J. (Re) Fundar os Conceitos de Estratégia e Táctica nos Jogos Desportivos


Colectivos, para promover uma eficácia superior. Revista Brasileira de Educação Física
e Esporte, v.20, n.5, p.201- 203, 2006.

GIACOMINI, S.D.; SOARES, V.O.; SANTOS, H.F.; MATIAS, C.J.A.S. O conhecimento


tático declarativo e processual em jogadores de futebol de diferentes escalões.
Motricidade, v.7, n.1, p.43-53, 2011.

GRECO, P.J. Conhecimento tático-técnico: modelo pendular do comportamento e da ação


nos esportes coletivos. Revista Brasileira de Psicologia do Esporte e do Exercício, v.0,
n.1, p.107-129, 2006.

GRECO, P.J. Tomada de Decisão. In: SAMULSKI, M.D. (Ed.). Psicologia do Esporte:
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GRÉHAIGNE, J.F.; GODBOUT, P. Tactical knowledge in team sports from a constructivist


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(Mestrado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Universidade de Brasília
2011.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1183

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MATIAS, C. J. A.; GRECO, P. J. Cognição e ação nos jogos esportivos coletivos. Ciências
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MOREIRA, V. J. P; MATIAS, C. J. A. S.; GRECO, P. J. A influência dos métodos de ensino-


aprendizagem-treinamento no conhecimento tático processual no futsal. Motriz, v.19, n.1,
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SILVA, M. V.; GRECO, P.J. A influência dos métodos de ensino-aprendizagem-treinamento


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STERNBERG, R.J. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: ArtMed, 2008.


WILLIAMS, M.; FORD, P.R.; ECCLES, D.W.; WARD, P.Perceptual-Cognitive Expertise in
Sport and its Acquisition: Implications for Applied Cognitive Psychology. Applied Cognitive
Psychology, v.25, n.3, p.432-442, 2011.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1184

ANÁLISE DA PERFORMANCE DOS JOGOS DESPORTIVOS


Sergio J. Ibáñez, FCD-UEx
sibanez@unex.es
Resumen Expandido

Las ciencias del deporte están en continua evolución y desarrollo tal y como se
comprueba con el incremento de las disciplinas científicas en las que se agrupan las
investigaciones realizadas. En el año 2008, Borms edita la 5ª edición el Directorio de
Ciencias del Deporte, en el que se recoge por primera vez la disciplina científica de
Coaching Science, al adquirir un cuerpo científico y una estructura académica las
investigaciones orientadas en este ámbito. El reconocimiento internacional de la comunidad
científica queda puesto de manifiesto con esta publicación de la International Council of
Sport Science and Physical Education (ICSSPE).
El análisis del rendimiento deportivo es una de las líneas de investigación que más
auge está teniendo en las últimas décadas dentro de las ciencias del deporte y que se
desarrolla dentro de la disciplina científica de Coaching Science. O’Donoghue (2010)
desarrolla diferentes tópicos de investigación dentro del Performance Analysis in Sport.,
El grupo de investigación GOERD de la Universidad de Extremadura (Grupo de
optimización del Entrenamiento y Rendimiento Deportivo) desarrolla sus líneas de
investigación dentro de las disciplinas científicas de Coaching Science y la disciplina
científica de Sport Pedagogy (BORMS, 2008). De forma específica, los tópicos de
investigación en los realizamos estudios dentro del Performance Analysis in Sport son:
Critical Incidents and Perturbations; Analysis of Coach Behaviour; Performance indicators
for different sports; Analysis of technique; Technical Effectiveness; Tactical patterns of play;
Analysis of referees and officials.
El objetivo de la presente intervención en la mesa redonda es presentar algunas de
las metodologías y los instrumentos que emplea el grupo de investigación GOERD para
analizar el rendimiento de los deportes colectivos.
Los tres grandes ejes sobre los que se vertebra la investigación que vamos a mostrar
son: Los perfiles de entrenador, la intervención del entrenador y la evaluación del
entrenamiento. Los tres ejes de investigación se encuentran interrelacionados y se realizan

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1185

investigaciones en las que los instrumentos empleados se complementan. Igualmente los


resultados de las investigaciones realizadas inciden sobre el resto de objetos de estudio.
Para analizar los perfiles de entrenador y las variables que inciden en su formación
seguimos la propuesta realizada por Ibáñez (1996), la cual fue concretada en una batería
de cuestionarios validados. Para identificar los perfiles de entrenador empleamos el COQ
(FEU; IBÁÑEZ; GRAÇA; SAMPAIO, 2007). Para evaluar los estilos de planificación y los
estilos de tomas de decisiones de los entrenadores empleamos los cuestionarios EDD y
EPD (FEU; IBÁÑEZ; GOZALO, 2007). Recientemente, con el cuestionario COQ se han
analizado los perfiles de los entrenadores de un club de voleibol y su relación con la
satisfacción y competencia percibida por parte de los deportistas que son entrenados por
estos entrenadores.
Para analizar la intervención del entrenador a través del análisis de las tareas nuestro
grupo de investigación ha evolucionado por el empleo de diferentes instrumentos, desde el
PYC Basket (IBÁÑEZ.; SÁNCHEZ; BLÁZQUEZ, 2010), hasta el SIATE (IBÁÑEZ; FEU;
CAÑADAS, 2015). Con esta nueva herramienta se han realizado estudios sobre la
planificación del entrenamiento a través del análisis de las variables pedagógicas del
entrenamiento, variables organizativas, variables de carga interna y externa. Así, se ha
podido comprobar la evolución de la planificación durante una temporada, o cómo se
comportan estos parámetros cuando el entrenador diseña juegos reducidos (small side
games) o emplea el juego completo (full games).
El tercer instrumental que emplea el grupo GOERD, y presentamos en esta
comunicación, son los dispositivos GPS para la cuantificación de la carga interna y variables
cinemáticas del entrenamiento. Nuestro grupo dispone de dispositivos Wimü de la marca
Realtrack Systems, que son empleados para la realización de diferentes investigaciones.
Por un lado, estos dispositivos son empleados para comprobar los niveles de eficacia de
las metodologías de entrenamiento y los niveles de aprendizaje adquiridos por los
deportistas. Por otro lado, el empleo de estos dispositivos permite la cuantificación de las
cargas de entrenamiento y la competición en deportes de equipo. Los parámetros
registrados permiten conocer cómo están interviniendo los entrenadores y las respuestas
de los deportistas. Finalmente, hemos empleado estos instrumentos para identificar el
grado de recuperación que tiene un deportista tras una lesión, analizando los parámetros
cinemáticos registrados durante la práctica deportiva. Actualmente estamos diseñando una

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1186

investigación en la que relacionaremos los parámetros cinemáticos de los árbitros en


competición con variables de su intervención técnica.
La investigación sobre el análisis del rendimiento deportivo es de gran aplicación
práctica al contexto deportivo, en la que se interrelacionan tópicos de investigación,
instrumentos y procedimientos de intervención.

REFERENCIAS
BORMS, J. Directory of Sport Science (5 th Edition). Champaign, IL: Human Kinetics,
2008.
FEU, S.; IBÁÑEZ, S.J.; GOZALO, M. Psychometric properties of edd and epd
questionnaires for evaluating coaches’planning and decision-making styles. Revista de
Psicología del Deporte, v. 16, n. 2, p. 185-199, 2007.
FEU, S.; IBÁÑEZ, S.J.; GRAÇA, A.; SAMPAIO, J. Evaluación psicométrica del cuestionario
de orientación de los entrenadores en una muestra de entrenadores españoles de
balonmano. Psicothema, v. 19, n. 4, p. 699-705, 2007.
IBÁÑEZ, S.J. Análisis del proceso de formación del entrenador español de
baloncesto. Tesis Doctoral. Granada: Universidad de Granada, 1996.
IBÁÑEZ, S.J.; FEU, S.; CAÑADAS, M. Sistema Integral para el Análisis de las Tareas de
Entrenamiento (SIATE) en Deportes de Invasión. E-Balonmano.com. Journal of Sport
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IBÁÑEZ, S.J.; SÁNCHEZ, F.; BLÁZQUEZ, E. PYC BASKET 2.0. Sotware para la
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O'DONOGHUE, P. Research methods for sports performance analysis. London:
Routledge, 2010.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1187

PESQUISA APLICADA NOS JOGOS DESPORTIVOS:


BASQUETEBOL
Sergio J. Ibáñez, FCD-UEx
sibanez@unex.es
Resumen Expandido

En el contexto académico encontramos científicos que realizan sus investigaciones


en poblaciones o con muestras pertenecientes a equipos de baloncesto. En estas
investigaciones el deporte del baloncesto juega un papel secundario, al ser sólo una
muestra de aplicación de una serie de protocolos e instrumentos que son los fundamentales
de la investigación. En este caso, se trataría de Ciencia Aplicada al Baloncesto. Por otro
lado, en el contexto del entrenamiento encontramos a entrenadores e investigaciones que
tratan de resolver los problemas que les plantea la aplicación del deporte, utilizando para
ello el método científico. Nos referimos a la Aplicación Científica del Baloncesto. En ambos
casos se debe producir una integración de los conocimientos que se generan en ambos
contextos para la mejora del deporte del baloncesto.
El conocimiento generado por cualquiera de las dos vías anteriormente mencionadas
debe ser difundido y transmitido a la sociedad para que la comunidad deportiva conozca
los avances que se van produciendo y pueda ser aplicado para que produzca mejoras en
el deporte en general y en el baloncesto en particular.
El objetivo de la presente comunicación es analizar cómo es la investigación que se
realiza sobre el deporte del baloncesto, y más específicamente la que realiza el grupo de
investigación GOERD de la Universidad de Extremadura (Grupo de optimización del
Entrenamiento y Rendimiento Deportivo).
Antes de proceder a mostrar las investigaciones aplicadas que desarrolla el grupo
de investigación GOERD, es necesario conocer cómo se encentra la investigación que se
realiza en Baloncesto. Para ello, realizamos una búsqueda en la Web of Science con el
tópico de “Basketball”. Son más de 14.000 los trabajos que se encuentran indexados en
esta base de datos. Acotando la búsqueda, analizamos los trabajos que han sido publicados
en revistas con índices de calidad desde el año 2000, por autores brasileños, portugueses
y españoles. El número de estos trabajos se reduce a 693. A pesar de ser un número
escaso, se aprecia un incremento exponencial en la publicación de estos trabajos,

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provocado por el incremento de doctores que investigan en el deporte del baloncesto, por
el interés científico en este deporte y por la realización de eventos científicos que
promueven la divulgación científica de calidad de los resultados de investigación en
baloncesto, como el Congreso Ibérico de Baloncesto.
Tras conocer la cantidad de la investigación sobre baloncesto en Brasil, Portugal y
España, es preciso identificar las líneas temáticas en las que se producen estos trabajos.
Dos son las áreas temáticas que engloban el 75% de los artículos publicados en revistas
con factor de impacto, JCR. El 49% de estas investigaciones se pueden clasificar dentro
del área temática de Sport Sciences y el 26% dentro del área temática de Psychology.
También se realiza investigación en áreas temáticas como Physiology, Social Sciences,
Behavioral Sciences o Business Economics, pero con un menor peso.
El grupo de investigación GOERD (Grupo de Optimización del Entrenamiento y
Rendimiento Deportivo) de la Universidad de Extremadura realiza trabajos de investigación
que se posicionan dentro de dos grandes disciplinas científicas (BORMS, 2008). La
disciplina científica de Coaching Science y la disciplina científica de Sport Pedagogy. En
estas dos grandes disciplinas científicas se desarrollan trabajos de investigación aplicada
para resolver problemas del contexto deportivo para mejorar la intervención del entrenador
y colaborar en la mejora de los procesos de entrenamiento y rendimiento en el deporte del
baloncesto.
Se presentan una serie de trabajos científicos ya finalizados en los que se plantea el
problema de investigación a resolver, se indica la metodología empleada, de forma
resumida los resultados y las aplicaciones prácticas de estos trabajos.
Se mostraran las diferencias encontradas en las variables pedagógicas, las variables
organizativas, las variables de carga interna y externa que definen una tarea de
entrenamiento en función de la situación de entrenamiento (agrupamiento de jugadores
durante la tarea). Se podrá identificar las diferencias en el empleo de situaciones de juego
reducidas (Small Side Games) y el juego real (Full Games) en el entrenamiento en
Baloncesto (REINA; IBÁÑEZ; 2015).
También, empleando la misma estructura metodológica se mostraran las diferencias
encontradas en la respuesta fisiológica de los deportistas en función de la intervención o no
del entrenador y el diseño de las tareas, mediante el incremento o disminución del número
de jugadores (GARCÍA; GARCÍA; CAÑADAS; IBÁÑEZ; 2014).

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1189

Otro de los trabajos que se presentará analizará cómo los entrenadores realizan su
intervención durante de la temporada a través del estudio de las variables pedagógicas. Se
presentan los resultados comparativos de dos equipos durante una temporada y se podrá
comprobar si existen modificaciones en la organización de las situaciones de juego en
función de la categoría en la que se entrena (CAÑADAS; IBÁÑEZ, GARCÍA; PAREJO; FEU;
2013).
Finalmente, se muestran los resultados de una investigación que analiza una de las
acciones de juego más relevantes que se producen durante el desarrollo de un partido de
baloncesto, como es el tiro libre. Se muestran las diferencias encontradas en esta acción
de juego tras el estudio de diferentes competiciones en las que se juegan con sistemas de
eliminatorias y sus aplicaciones prácticas (IBÁÑEZ; SANTOS; GARCÍA, 2015)

REFERENCIAS

BORMS, J. Directory of Sport Science (5 th Edition). Champaign, IL: Human Kinetics,


2008.
CAÑADAS, M.; IBÁÑEZ, S. J.; GARCÍA, J.; PAREJO, I.; FEU, S. Las situaciones de juego
en el entrenamiento de baloncesto en categorías base. Revista Internacional de Medicina
y Ciencias de la Actividad Física y el Deporte, v. 13, n. 49, p. 41-54, 2013
GRACÍA, F.; GARCÍA, J.; CAÑADAS, M.; IBÁÑEZ, S.J. Diferencias en la frecuencia
cardíaca en situaciones de juego modificadas en baloncesto de formación. E-Balonmano:
Journal of Sports Sciences, v. 10, n. 1, p. 23-30, 2014.
IBÁÑEZ, S.J.; SANTOS, J.A.; GARCÍA, J. Multifactorial analysis of free throw shooting in
eliminatory basketball games. International Journal of Performance Analysis in Sport,
v. 15, p. 897-912, 2015
REINA, M.; IBÁÑEZ, S.J. Análisis de las diferencias pedagógicas, de carga externa,
organizativas y de carga interna de los small sided games y full games en baloncesto.
Trabajo de Fin de Grado, No Publicado. Cáceres: Facultad de Ciencias del Deporte, 2015.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1190

LA INTERVENCIÓN DEL ENTRENADOR A TRAVÉS DEL ANÁLISIS DE LAS TAREAS


DE ENTRENAMIENTO
Sergio J. Ibáñez, FCD-UEx
Sebastián Feu, FE-UEx
María Cañadas, FCD-UM
Javier García, UACh
sibanez@unex.es
Resumen Expandido

La intervención del entrenador, aun guardando muchas similitudes con los procesos
de enseñanza de la educación física en el ámbito escolar, requiere de un estudio
diferenciado. La intervención del entrenador es diferente, dependiendo del ámbito de
aplicación en el que desarrolla su intervención: Ámbito Recreativo; Ámbito Formativo;
Ámbito Rendimiento. Cada ámbito posee un conjunto de características que lo hacen
diferente del otro.
Los entrenadores durante su intervención desarrollan múltiples funciones. El
entrenamiento deportivo es un proceso resultado de una serie de tomas de decisiones, en
el que entrenador tiene un papel fundamental, siendo muchos los elementos, los que
inciden este proceso de toma de decisiones. Sánchez (1994) agrupa las funciones e
intervenciones del entrenador en: factores humanos; factores psicopedagógicos; factores
deportivos; factores de gestión; y factores de liderazgo.
Las funciones o dimensiones que desarrolla en entrenador van a tener un peso
relativo dependiendo del ámbito de aplicación en el que se desarrolla su intervención
profesional. Por ello, atendiendo al contexto en el que se entrena, las intervenciones que
realizan los entrenadores dentro de cada dimensión será más importante para la obtención
de un mejor rendimiento en los aprendizajes y resultados deportivos.
La constante evolución del contexto deportivo está provocando un incremento en los
niveles de productividad, tanto en la cantidad como en la calidad de los aprendizajes
deportivos. La evaluación de los procesos de entrenamiento tiene que ser realiza para
conocer cómo se está entrenando. Pero esta evaluación no debe realizarse sólo sobre la
base de los resultados deportivos, pues ésta es sólo una de las intervenciones que realiza
el entrenador. Para evaluar la intervención del entrenador ajustándose a criterios de calidad,

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1191

Ibáñez (2009) propone que la evaluación del entrenador se realice empleando el Círculo
Continuo del Sistema de Calidad aplicado a la intervención del entrenador. La intervención
del entrenador se debe estructurar en cinco fases: Decir lo que hacemos; Hacer lo que
decimos; Registrar lo que hacemos; Evaluar lo que hacemos; Actuar sobre las diferencias.
Los profesionales que se dedican al entrenamiento deportivo no se comportan de
forma análoga durante su intervención. El estudio pormenorizado de las funciones que
realiza el entrenador permite establecer seis perfiles, atendiendo a los parámetros definidos
inicialmente por Ibáñez (1996) y que fueron posteriormente ampliados por Feu (2004). A
partir de los parámetros Filosofía de entrenamiento; Estilo de entrenamiento; Medios de
entrenamiento y los Recursos materiales; Clima de entrenamiento; Relación Entrenador-
Ayudantes; Relación Entrenador-Jugadores; Métodos de entrenamiento; Planificación del
entrenamiento; y Evaluación del entrenamiento, se definen seis perfiles de entrenador:
Entrenador Tradicional, Entrenador Tecnológico, Entrenador Innovador, Entrenador
Colaborador, Entrenador Dialogador y Entrenador Crítico. El Coach Orientation
Questionnaire (COQ) permite identificar los perfiles de entrenador desde una perspectiva
multidimensional y atendiendo a las diversas funciones que realiza el entrenador (FEU et
al., 2007).
La intervención práctica de los entrenadores se realiza con la presentación de las
tareas de entrenamiento. La tarea de entrenamiento es la actividad que proponen los
entrenadores en la que se plasman y concretizan todas las ideas e intenciones para el
desarrollo de los objetivos deportivos mediante la práctica de los contenidos deportivos. En
ellas, se implementan las concepciones metodológicas del entrenador sobre el
entrenamiento deportivo. El análisis de las tareas de entrenamiento adquiere importancia
para la optimización de los procesos de entrenamiento y la formación de los deportistas.
Para llevar a cabo este análisis es preciso contar con la mayor cantidad de información
posible en los documentos que registren el entrenamiento.
El análisis de la intervención del entrenador a través del estudio de la planificación
del entrenamiento es una línea de investigación que el grupo de investigación GOERD de
la Universidad de Extremadura (Grupo de Optimización del Entrenamiento y Rendimiento
Deportivo) viene desarrollando hace varios años. Para ello, se han empelado varias
herramientas para recoger un conjunto de datos que permitan un análisis integral de la
intervención del entrenador. Ibáñez, Feu y Cañadas (2015) presentan un Sistema Integral

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para el Análisis de las Tareas de Entrenamiento, SIATE, en el que se recoge información


sobre: Datos Contextuales; Datos del Entrenador; Datos de la Sesión; Variables
Pedagógicas; Variables Organizativas; Variables de Carga Externa; Variables de Carga
Interna; Variables Cinemáticas.
Son múltiples las investigaciones realizadas por el grupo de investigación GOERD
en las que se analiza la intervención del entrenador a partir del análisis de las tareas de
entrenamiento. Así se han estudiado como la adaptación de uno de los parámetros
estructurales de las tareas como son las Situaciones de Juego (agrupación de deportistas),
mediante la reducción o ampliación del número de jugadores, con existencia o no de feed-
back incrementaba la respuesta de la carga interna de la tarea, medida a través de la
frecuencia cardíaca (GRACÍA; GARCÍA; CAÑADAS; IBÁÑEZ, 2014). En esta línea, Reina
e Ibáñez (2015) estudiaron las relaciones entre las Situaciones de Juego reducidas (Small
Sided Games, 2 x 2, 3 x 3…) y de equipo (Full Games) con las Variables Pedagógicas,
Variables de Carga Externa, Variables Organizativas y Variables de Carga Interna en las
tareas planificadas por un entrenador durante toda una temporada.
Cañadas e Ibáñez (2010) analizaron como era la planificación del entrenamiento de
un entrenador novel a través de dos variables pedagógicas: contenidos de entrenamiento
y medios de entrenamiento. Mediante la relación entre estas variables identificaron como
planificaba sus tareas. También, Cañadas et al. (2011) estudiaron la influencia que un
programa formativo podía ejercen en el empleo de los diferentes medios de entrenamiento.
En esta línea de investigación, este grupo de autores realizan investigaciones tomando
como base el estudio de las variables pedagógicas del entrenamiento.
Los resultados de las investigaciones ponen de manifiesto que la información que se
obtiene es de gran utilidad para el conocimiento de la intervención de cada entrenador,
llegando incluso a establecerse comparaciones entre las diferentes metodologías
empleadas por los entrenadores. Para complementar estos estudios es necesario realizar
aproximaciones conceptuales al perfil de entrenador que es estudiado, con herramientas
como el COQ (Coach Orientation Questionnaire), así como mediante el estudio del proceso
de intervención. No solo es necesario contrastar lo que hace con herramientas como el
SIATE (Sistema Integral para el Análisis de las Tareas de Entrenamiento) sino saber cómo
lo hace (intervención).

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1193

Para el estudio de la intervención directa del entrenador se necesita analizar el modo


en el que el diseño de las tareas programadas son presentadas a los deportistas, es decir,
su comunicación. Para analizar la dimensión comunicativa del entrenador es necesario
analizar la comunicación verbal y no verbal del entrenador en las sesiones de
entrenamiento y así poder constatar que lo que hace se corresponde con lo que dice. El
Coach Analysis and Intervention System, (CAIS) (CUSHION; HARVEY; MUIR; NELSON,
2012), es un instrumento de observación sistemática que se utiliza para recoger información
sobre el comportamiento del entrenador en los entrenamientos y la competición. El CAIS
permite codificar las siguientes conductas o categorías que se agrupan en dos núcleos
categoriales: Conductas primarias y Conductas secundarias.
La intervención del entrenador en su desarrollo profesional es de gran complejidad,
pues su labor es desarrollada en ámbitos de intervención con características muy
diferentes, el recreativo, el formativo y el de rendimiento. Las funciones o actuaciones que
debe ejecutar son múltiples y variadas, que afectan a diferentes dimensiones. Para que su
labor sea desarrollada con calidad, sus actuaciones tienen que seguir las fases del Círculo
de Calidad de la Intervención del Entrenador. El análisis de la intervención del entrenador
puede realizarse a partir del estudio de las tareas del entrenamiento. Para ello, se pueden
emplear herramientas como el SIATE. El SIATE permite conocer qué hace el entrenador
durante su intervención, pero para realizar un estudio más exhaustivo de su labor será
necesario conocer cómo lo hace. En este sentido, es interesante analizar el discurso que
realiza el entrenador durante su intervención profesional mediante herramientas como el
CAIS. Esta información permitirá triangular la información obtenida por el SIATE, CAIS y el
perfil del entrenador, COQ, verificando que lo que dice, lo que hace y su posicionamiento
conceptual están en consonancia.

REFERENCIAS

CAÑADAS, M.; IBAÑEZ, S. J. La planificación de los contenidos de entrenamiento de


baloncesto en equipos de iniciación. E-bm.com Revista de Ciencias del Deporte, v. 6, n.
1, p. 49-65, 2010.
CAÑADAS, M.; IBÁÑEZ, S. J.; FEU, S.; GARCÍA, J.; PAREJO, I. Análisis de los medios de
entrenamiento en un equipo minibasket y la influencia de un programa formativo para el

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1194

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3, p. 363- 382, 2011.
CUSHION, C.; HARVEY, S.; MUIR, B.; NELSON, L. Developing the Coach Analysis and
Intervention System (CAIS): Establishing validity and reliability of a computerised systematic
observation instrument. Journal of Sports Sciences, v. 30, n.2, p. 203-218, 2012
FEU, S. Estudio de los modelos y variables que afectan al entrenador español de
balonmano. Tesis Doctoral. Cáceres: Universidad de Extremadura, 2004.
FEU, S.; IBÁÑEZ, S.J.; GRAÇA, A.; SAMPAIO, J. Evaluación psicométrica del cuestionario
de orientación de los entrenadores en una muestra de entrenadores españoles de
balonmano. Psicothema, v. 19, n. 4, p. 699-705, 2007.
GRACÍA, F.; GARCÍA, J.; CAÑADAS, M.; IBÁÑEZ, S.J. Diferencias en la frecuencia
cardíaca en situaciones de juego modificadas en baloncesto de formación. E-Balonmano:
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organizativas y de carga interna de los small sided games y full games en baloncesto.
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SÁNCHEZ, F. Bases teóricas y funcionales del alto rendimiento deportivo. Conceptos,
requisitos y condicionantes. Máster en Alto Rendimiento Deportivo, módulo 1.1.1.
Madrid: Edita C.O.E. & Universidad Autónoma de Madrid, 1994.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1195

A FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES A PARTIR


DA PROPOSIÇÃO DA AUTOEFICÁCIA PEDAGÓGICA
Valmor Ramos / LAPEF- UDESC
Filipy Kuhn / LAPEF- UDESC
Jeferson Rodrigues de Souza / LAPEF- UDESC
Vinicius Zeilmann Brasil / LAPEF- UDESC
Thais Emanuelli da Silva de Barros / LAPEF- UDESC
Ciro Goda / LAPEF- UDESC
valmor.ramos@udesc.br
RESUMO: O objetivo deste trabalho é descrever os conceitos elementares a respeito das
fontes de autoeficácia pedagógica. Assim, foram apresentados os conceitos que interferem
na criação de crenças de autoeficácia pedagógica, especificamente: experiência vicária,
experiência de domínio, experiência de persuasão social, estados emocionais e somáticos.
A descrição teve como referencia a Teoria Social Cognitiva de Albert Bandura. Foram
indicados também os principais estudos realizados no contexto da Educação Física no
Brasil. Acredita-se que o estudo dos diversos tipos de experiências, nesta perspectiva
teórica, possibilita a criação de situações úteis no direcionamento de atividades ou
experiências de aprendizagem para a formação do profissional de Educação Física,
destacadamente, favorecer a observação de múltiplos modelos, que utilizam uma
variedade de estratégias de ensino; criar condições de formação onde a própria pratica do
professor em formação se converta em uma situação de pesquisa, que o leve a ser
investigador de sua própria prática pedagógica.

Palavras-chave: Crença de autoeficácia pedagógica; Experiência; Formação em


Educação Física e esporte.

INTRODUÇÃO

A formação profissional para a intervenção no contexto esportivo é prerrogativa dos


Cursos de Bacharelado em Educação Física, muito embora estas orientações estejam
distantes de um processo de formação específica para os treinadores esportivos.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Estudos mostram que a construção do conhecimento destes profissionais ocorre de


modo informal e é fortemente influenciada pelas experiências individuais obtidas no
contexto de prática esportiva. A aprendizagem nesta perspectiva decorre de uma atividade
continua de reflexão das suas próprias experiências pessoais de prática e também de um
processo particular de observação de outros profissionais ou treinadores em atuação
(TRUDEL e GILBERT, 2006).
A aprendizagem por observação pode ser interpretada, em um primeiro plano, a
partir do fenômeno da modelação ou da teoria de aprendizagem social de Albert Bandura,
na qual o professor ou treinador deliberadamente passa a reproduzir ou imitar
procedimentos pedagógicos observados em outros treinadores, considerados competentes
ou modelos de referência.
As memórias obtidas nestas circunstancias de ensino e aprendizagens convertem-
se em um repertório de procedimentos e crenças gerando sentimentos de confiança a
respeito de suas próprias capacidades de ação. As crenças que um indivíduo possui acerca
de sua própria capacidade para atingir metas no ensino, têm sido denominadas de
percepção de autoeficácia pedagógica (NAVARRO, 2012).
Nesta perspectiva, identificar os tipos de experiências ou as fontes de autoeficácia
pedagógica é simultaneamente, descrever possibilidades de aprendizagem profissional,
seja para a formação inicial ou continuada.

AS FONTES DE EXPERIÊNCIAS E AS CRENÇAS DE AUTOEFICÁCIA PEDAGÓGICA


As crenças de autoeficácia se constituem a partir da interpretação ou reflexão das
experiências de domínio ou de êxito de execução; experiências vicárias ou de observação;
experiências de persuasão social; e dos estados somáticos e de ativação emocional do
aprendiz (BANDURA, 2008; NAVARRO, 2012).
a) Pode-se afirmar que a experiência de domínio é a mais importante e ocorre
quando as pessoas agem de acordo com as interpretações de resultados (positivos ou
negativos) de suas próprias ações ou tarefas realizadas, fazendo surgir percepções de
capacidades para atuar em atividades subsequentes. No caso da formação profissional em
Educação Física, pesquisas com graduandos e professores em inicio de carreira têm
indicado que suas experiências prévias enquanto praticante no esporte, são fontes
importantes para a elaboração de suas rotinas de ensino (HENRIQUE; FREITAS, 2009;

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1197

RAMOS et al., 2014). O tempo de exposição a situações de aprendizagem esportiva e o


julgamento que as pessoas fazem a respeito do seu próprio nível de competência de
praticante ou jogador (técnica, tática, psicológica, física), parece atribuir confiança para
exercer o papel de professor ou treinador. Na formação inicial, as experiências bem
sucedidas nas diversas modalidades de estágio docente, podem se constituir em
experiências de domínio para o ensino.
b) A experiência vicária consiste na observação de algumas características de pessoas ou
modelos pessoais de referência que julgam importantes ou significativos para serem
imitados. A exposição formal ou informal a um modelo pode, modelar, inibir ou instigar a
adoção ou imitação de atributos. As experiências que podem ser consideradas nesta
categoria dizem respeito a observação de procedimentos pedagógicos adotados por outros
profissionais em atuação ou de seus próprios treinadores ou professores. Especificamente,
trata-se de estratégias de ensino como, instrução verbal, tarefas de organização ou gestão
de aula, formas de gerir as relações pessoais.
c) As experiências de persuasão social ocorrem quando pessoas ou um modelo com
capacidade de influenciar e persuadir emitem julgamentos sobre um individuo. No caso da
formação profissional podem ser identificadas como as orientações, feedback’s, discussões
promovidas pelos professores formadores em função de atividades realizadas pelos
aprendizes.
d) A quarta e última fonte de crenças de autoeficácia está relacionada à interferência do
nível de ansiedade de uma pessoa sobre a tarefa a realizar ou seu estado somático e
emocional. Diz respeito, portanto, a ansiedade, estresse, excitação, estados de humor que
surgem a medida pensam ou avaliam o seu grau de competências a respeito da tarefa a
ser realizada.

VARIÁVEIS QUE FAVORECEM A ATENÇÃO E SELEÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS


A exposição deliberada a fontes de informação ou a contextos potencialmente
influenciáveis, não implica necessariamente em situações aprendizagens. Algumas
variáveis ou condições são necessárias para que o indivíduo selecione as informações e a
respectiva fonte de experiência.

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Fontes Variáveis
Experiência de Capacidades prévias; fatores contextuais das tarefas; manutenção do
domínio esforço; autorregulação e reconstrução das experiências; trajetória
percorrida para alcançar os resultados.

Experiência Característica do modelo; similaridade com o modelo; competências


vicária do modelo; capacidades do modelado.

Persuasão Objetividade da orientação; credibilidade da pessoa que persuade;


social ou verbal nível de competências da pessoa persuadida.

Tabela 1: Variáveis que influenciam na seleção das experiências (NAVARRO, 2012).

ESTUDOS DA AUTOEFICÁCIA EM EDUCAÇÃO FÍSICA


No âmbito da Educação Física, as investigações têm sido realizadas com distintas
populações (adolescentes, pessoas com deficiência, treinadores esportivos, professores e
graduandos de Educação Física). Os objetivos têm se concentrado em analisar a relação
desse constructo com a percepção de qualidade de vida e com os níveis de atividade física
habitual, bem como em validar instrumentos de coleta de dados e identificar sua magnitude
entre professores e estudantes (SILVA; IAOCHITE; AZZI, 2010; POLYDORO;
GUERREIRO-CASANOVA, 2010; RECH et al., 2011; MENESES; ABBAD, 2010;
IAOCHITE et al., 2011; RESENDE; GOUVEIA, 2011; SANAEINASAB et al., 2012).
Contudo, ainda são poucos os estudos a respeito da autoeficácia no âmbito do
desenvolvimento profissional do professor de Educação Física (MARTIN, et al., 2008).
Apesar da presença de estudos nas mais distintas áreas do conhecimento, a percepção de
autoeficácia de estudantes ainda não tem sido consistentemente abordada no contexto
universitário, especialmente na literatura nacional. Com efeito, no âmbito acadêmico, o
estudo e a avaliação das percepções de AE são muito importantes, pois possibilitam
ampliar o conjunto de informações sobre sua relação com o ambiente acadêmico e com os
comportamentos estudantis (POLYDORO; GUERREIRO-CASANOVA, 2010), além de
fornecer importantes subsídios para o planejamento de ações educacionais que promovam
o seu fortalecimento, desencadeando resultados cada vez mais satisfatórios nos contextos

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1199

de ensino-aprendizagem (SILVA; IAOCHITE; AZZI, 2010; GUERREIRO-CASANOVA;


POLYDORO, 2011).

CONCLUSÕES

Para que as experiências sejam úteis na formação do profissional de Educação


Física e esportes, na perspectiva teórica apresentada, é preciso que algumas condições
sejam criadas. Assim, são apresentadas sugestões ao professor formador, com base na
literatura consultada: é preciso conduzir professores ou treinadores em formação à um
processo de pensamento crítico a respeito de sua própria prática; criar situações que levem
o aprendiz ou professor em formação ao êxito na tarefa; criar condições variadas de
aprendizagem em contextos diversos; fornecer informações prévias a respeito da tarefa a
realizar, bem como suas implicações; proporcionar ao profissional em formação a auto-
observação; criar situações de análise e reflexão a respeito de sua atuação cotidiana;
propiciar a observação e encontros com profissionais como reconhecida competência e
credibilidade na área; fornecer informações objetivas ao profissional durante sua formação
que, de fato, ele possa adquirir e melhorar; favorecer a observação de múltiplos modelos,
que utilizam uma variedade de estratégias de ensino; por fim, criar condições de formação
onde a própria prática do professor em formação se converta em uma situação de pesquisa
sistemática que o leve a ser investigador de sua própria pratica pedagógica.

REFERÊNCIAS

BANDURA, A. A evolução da teoria social cognitiva. In: BANDURA, Albert; AZZI, Roberta
G.; POLYDORO, Soely A. (Orgs.). Teoria Social Cognitiva: Conceitos Básicos. Porto
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O’SULLIVAN, M. (Ed.). The handbook of physical education. London: SAGE, 2006. p.
516-539.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
1201

Developing Champions: Practice, Specificity, and Plasticity

Andrew Mark Williams

Centre for Cognitive Neuroscience

Brunel University London

Many factors contribute to the development of elite athletes. The contribution of hereditary
characteristics and the importance of practice, instruction, and the mentorship of significant
others such as parents and coaches are often debated. One perception is that elite athletes
are gifted or endowed with greater ‘talent’, implying that less ‘gifted’ performers may
continually strive to reach excellence without making the necessary gains needed to reach
the elite level in the sport. However, recent research in cognitive neuroscience has indicated
that individuals achieve excellence through many hours of deliberate, purposeful practice
with the specific intention of improving performance. Typically, for example, elite soccer
players engage in the sport before the age of 6 years and accumulate in the region of 7,500
hours of practice before the age of 16 years. This commitment and continual engagement
in practice may be the most important determining factor on the path to excellence. A review
is provided of research that has examined the developmental history profiles of elite athletes
across many countries and continents. The proposal is that expertise develops as a result
of specific adaptations to the unique constraints imposed on athletes during practice and
competition in the sport. In this presentation, an attempt is made to highlight some of the
key psychological adaptations that arise as a result of extended involvement in sport. A
particular focus will be on the development of perceptual-cognitive skills such as anticipation
and decision making, as well as on the importance of mental toughness, resilience and
motivation on the long road from novice to expert. Finally, practical implications for talent
search and development are highlighted, with attempts to illustrate the nature and type of
practice activities most likely to help nurture future generations of experts. An attempt is
made to highlight some of the key practice activities that promote the more rapid acquisition
of the technical and tactical skills that are crucial at the highest levels in ball sports.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015
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Perceptual-Cognitive Expertise: Training and Testing Anticipation in Sport

A.M. Williams

Centre for Cognitive Neuroscience

Brunel University London

An overview is presented of contemporary research on anticipation in sports that involve


considerable temporal and spatial constraints. The important perceptual-cognitive skills that
facilitate superior anticipation are identified and illustrations provided as to how these skills
interact in a dynamic manner during performance. These skills include the ability to pick up
information from the postural orientation of teammates and opponents, the ability to
recognise patterns and structure in evolving sequences of play and a more refined
knowledge of event and situational probabilities. These skills are also underpinned by more
effective and efficient gaze behaviours. Our current understanding of how these skills are
acquired is highlighted and the extent to which the underlying processes and mechanisms
are influenced by stressors such as anxiety and fatigue, as well as how the acquisition of
these skills may be specific to a particular sport and/or role within that sport. Next, recent
attempts to facilitate the more rapid acquisition of anticipation using simulation-based
training environments involving video, computer animation and virtual reality coupled with
instruction and feedback on task performance are reviewed. Implications for the design of
practice sessions that facilitate the acquisition of anticipation skill are discussed. Finally, a
summary is provided of how research on elite performers in sport can help inform cognitive
psychologists and neuroscientists who are interested in capturing and enhancing
anticipation across various high-performance domains.

Anais do 5º Congresso Internacional dos Jogos Desportivos. Belo Horizonte, Minas Gerais. 2015

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