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UNIFASAR – CENTRO UNIVERSITÁRIO SANTA RITA

Curso de Educação Física

OCORRÊNCIA DE LESÕES EM PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO:


UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

Elismar Ferreira Souza

Conselheiro Lafaiete - MG
2023
Elismar Ferreira Souza

OCORRÊNCIA DE LESÕES EM PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO:


UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

Monografia apresentada ao Curso de Educação


Física, como requisito parcial para a obtenção do
título de Bacharelado em Educação Física.

Orientador(a): Prof. Me Ricardo Luiz Pace Júnior

Área de concentração: Musculação e prevenção a


lesões

Conselheiro Lafaiete - MG
2023
FOLHA DE APROVAÇÃO

Elismar Ferreira Souza

OCORRÊNCIA DE LESÕES EM PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO:


UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

Trabalho de Conclusão do Curso apresentado à


Banca Examinadora do Curso de Educação Física, do
Centro Universitário Santa Rita – UNIFASAR,
Conselheiro Lafaiete-MG, 2023.

DATA DE APROVAÇÃO: ____/____/____

Orientador (a): ______________________________________________________


Ricardo Luiz Pace Júnior

1º Examinador (a): ___________________________________________________


Nome Completo do Primeiro Examinador

2º Examinador (a): ___________________________________________________


Nome Completo do Segundo Examinador
DEDICATÓRIA

Agradeço a Deus, pois sem ele eu não teria


capacidade para desenvolver este trabalho, ao
meu professor orientador pela amizade e
dedicação, à minha família e minha namorada
pelo apoio, amor incondicional e incentivo.
AGRADECIMENTOS

À Deus por estar sempre presente em minha existência.

Aos membros da Banca Examinadora, muito obrigado.

Ao Centro Universitário Santa Rita - UNIFASAR por ter possibilitado a realização


deste curso.

À Direção e ao corpo técnico-administrativo por ter me atendido com presteza e


amizade no decorrer destes anos.

À biblioteca que muito contribuiu para a minha formação.

Aos professores que dedicaram seu tempo para me passar seus ensinamentos e
incentivo.

À minha professora-orientadora que me ajudou de forma segura e eficiente e pelo


prazer de compartilhar seus conhecimentos e entusiasmos.

Aos meus pais, irmãos e namorada pela abnegação que sempre tiveram comigo.
EPÍGRAFE

“Sonhos determinam o que você quer. Ação determina


o que você conquista”.
Aldo Novak.
RESUMO

O presente estudo analisou relatos de ocorrências de lesões nos praticantes de


musculação. Este estudo objetivou identificar as principais lesões consequentes da
prática inadequada da musculação em academias, bem como quais os locais
anatômicos e estruturas mais afetadas. O método de pesquisa científica eleito para
tal intuito foi a revisão integrativa. Atualmente a busca pela prática de exercícios
físicos junto às academias tem crescido. Homens e mulheres de idades distintas
objetivam alcançar um corpo saudável, bem condicionado, um físico com boa
aparência, o combate e prevenção a doenças, além de uma melhor qualidade de
vida. Desse modo, a prática regular da musculação vem sendo cada dia mais
procurada por indivíduos que desejam melhorias físicas e/ou metabólicas,
reabilitação, exercitar-se ou mesmo combater o sedentarismo. Contudo, o treino de
força resistido quando executado de modo negligente, sem orientação, com métodos
inadequados e carga excessiva tanto gera quanto agrava lesões
musculoesqueléticas pré-existentes. As bases de dados pesquisadas foram:
SCIELO, Google acadêmico. Foram buscados textos compatíveis com os critérios
de inclusão e exclusão determinados neste trabalho e utilizou-se o intervalo temporal
de até dez anos. Como resultados, constatou-se que a prática inadequada do treino
muscular é capaz de gerar lesões, indicando-se à propensão da conclusão de que
treino acompanhado e orientado pelo profissional de educação física é fundamental
para prevenção da ocorrência e agravamento de lesões osteomioarticulares
decorrentes da prática da musculação.

Palavras-chave: Academia, lesões, musculação, prevenção.


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Resumo dos estudos inseridos na revisão...............................................23


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................9

1.1 Justificativa e relevância do estudo...................................................................11

1.2 Hipóteses...........................................................................................................11

1.3 Objetivos............................................................................................................11

1.3.1 Objetivo Geral.................................................................................................11

1.3.2 Objetivos Específicos.................................................................................12

2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................13

2.1 Musculação........................................................................................................13

2.2 Lesões na Musculação......................................................................................14

2.3 Acompanhamento Profissional..........................................................................16

3 METODOLOGIA......................................................................................................18

3.1 Tipo de Pesquisa...............................................................................................18

3.2 Procedimentos de Coleta de Dados..................................................................18

3.2.1 Critérios de Inclusão e Exclusão....................................................................19

3.3 Análise dos dados.............................................................................................19

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................22

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................32

6 LIMITAÇÕES DO ESTUDO.....................................................................................33

REFERÊNCIAS...........................................................................................................34
9

1 INTRODUÇÃO
10

A prática de exercícios é essencial na prevenção e combate de doenças


cardiovasculares, obesidade, diabetes, depressão, dentre outras patologias, além de
promover melhorias na qualidade de vida dos praticantes. Nos últimos anos, o
aumento na procura pela prática de exercícios físicos é fator contribuinte para maior
longevidade (MONTAGNE JÚNIOR, et al., 2017).

Entretanto, a execução incorreta de exercícios e o uso de cargas elevadas de


aparelhos de musculação fazem com que, muitas vezes, os próprios praticantes
acabem abandonando a prática dos exercícios, além de contribuir para o aumento
gradual de lesões musculares, que vem acontecendo em academias com
praticantes de musculação. Cada pessoa apresenta características individuais que
levam os músculos resistirem à determinadas cargas, fatores extrínsecos como os
alimentos ingeridos, o ambiente frequentado e os aparelhos utilizados e,
principalmente, os fatores intrínsecos como o sexo, a idade, situação física,
condição fisiológica, dentre outros fatores que também devem ser considerados
(WAGNER, 2013).

Indivíduos de várias idades, procuram por academias buscando a realização de


treinos de força resistido, a fim de alcançarem um corpo perfeito e qualidade de vida
(SANTANA; SILVA; SAMPAIO, 2020).

Esse aumento na busca pela musculação também é mencionado por Soares e Silva
(2018).
11

Na sociedade contemporânea, a conscientização das pessoas vem sendo


cada vez maior, onde, com a prática regular de exercícios físicos, busca-se
uma melhoria na qualidade de vida e uma melhor promoção da saúde e
prevenção de doenças [...] a musculação vem ganhando cada vez mais
espaço, sendo bastante procurada pelas pessoas como uma alternativa
para sair do sedentarismo. São diversos os motivos que levam as pessoas a
procurarem a musculação como forma de exercitarem-se, sejam estes
motivos estéticos, promoção e prevenção relacionados à saúde,
reabilitação, combate ao sedentarismo, recomendações médicas etc. A
própria mídia, por exemplo, pode gerar influência direta na vida de pessoas
que buscam um “corpo ideal” ou “corpo perfeito”, e baseando-se neste tipo
de influência, muitas pessoas realizam sacrifícios que podem acarretar
problemas à sua saúde, como dietas radicais e exercícios de longa duração,
muitas vezes ultrapassando a sobrecarga, não respeitando seus próprios
limites e condições fisiológicas. (SOARES; SILVA, 2018, p. 68).

Contudo, quando praticada de modo inapropriado e sem orientação profissional, o


exercício resistido pode causar, bem como agravar lesões em músculos, ossos,
cartilagens, tendões e ligamentos. Neste contexto, os autores Silva, Almeida e Regis
(2017), Souza, Moreira e Campos (2015), atentam para o fato de que não se deve
ignorar a possibilidade da ocorrência de lesões temporárias ou permanentes na
prática incorreta da musculação. Estes enfatizam ainda que, apesar da gama de
benefícios ofertados por esta modalidade de exercício físico, tanto os profissionais
de educação física quanto os praticantes, devem se atentar para que haja sempre a
integridade física, assim como, para que a musculação sirva para instrumento de
melhorias musculoesqueléticas, metabólicas e fisiológicas.

A musculação, quando executada corretamente, respeitando-se os limites e


condições físicas do praticante, é segura e com baixas taxas de lesões. Daí a
importância de uma orientação profissional correta na prescrição e realização dos
treinos. É consenso entre a literatura acadêmico/científica que as lesões durante o
treino muscular geralmente decorrem do uso de carga excessiva, treino mal
orientado ou equipamentos mal projetados (SOARES; SILVA, 2018).

Atitudes inadequadas durante o treino de força resistido podem favorecer a


ocorrência de lesões musculoesqueléticas, por isso, há a necessidade do
profissional de Educação Física prezar pela saúde, integridade física e
consequentemente qualidade de vida de seu cliente. Ao perceber a possibilidade da
ocorrência de uma lesão, deve orientar o aluno para evitá-la, bem como prescrever
um treino adequado como meio preventivo.
12

Daí a necessidade de se conhecer as características das lesões associadas à


prática da musculação a fim de preveni-las, conscientizar os praticantes e, assim,
gerar resultados eficientes, duradouros e seguros.

1.1 Justificativa e relevância do estudo

O presente estudo justifica-se pela necessidade de compreender como ocorrem as


principais lesões em praticantes de musculação (tendinite, distensão muscular,
rupturas de ligamentos e tendões, lombalgia), além de apontar como o
acompanhamento profissional pode contribuir para a não ocorrência de lesões.

De acordo com Wagner (2013), quanto ao fato de o treinamento de força favorecer a


ocorrência de lesões agudas ou crônicas, estas podem ser evitadas por meio da
orientação e supervisão assertivas do Profissional de Educação Física (WAGNER,
2013). Ainda de acordo com o autor:

As lesões musculares e articulares são algo que vem acontecendo com


muita frequência na prática da musculação. Existem vários motivos para
esse índice estar em ascendência, podendo ser a ansiedade dos praticantes
em atingir certos resultados, fazendo-os realizar exercícios incorretos, em
momentos inapropriados e com cargas muito altas que os mesmos não
suportam. (WAGNER, 2013, p. 9).

Gomes (2013) também ressalta que com o acompanhamento de um Profissional de


Educação Física, as ocorrências de lesões são eliminadas. Além disso, o
profissional pode indicar as melhores posturas no exercício de musculação, e definir
a intensidade com a qual os exercícios devem ser realizados.

1.2 Hipóteses

H1 – Hipótese Alternativa:
13

O acompanhamento correto de um profissional de educação física contribui para a


não ocorrência de lesões na musculação.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Investigar por meio de uma revisão integrativa da literatura as principais lesões em


praticantes de musculação e como o acompanhamento profissional pode contribuir
para a não ocorrência de lesões.

1.3.2 Objetivos Específicos

 Descrever as principais lesões que ocorrem em praticantes de musculação


em academias, os locais anatômicos e as estruturas mais afetadas;
 Compreender a relação das lesões durante a prática da musculação;
 Apontar a contribuição do acompanhamento profissional para a não
ocorrência de lesões na musculação
14

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Musculação

A musculação é uma modalidade de exercício físico em que o principal método de


treinamento é o uso de pesos e a principal capacidade física treinada é a força. A
obtenção de resultados satisfatórios dependerá da adequação da carga, volume e
intensidade às necessidades de cada indivíduo. Assim como, a utilização de
técnicas e equipamentos adequados à prática correta e satisfatória do treino, com
objetivos pré-estabelecidos (ROSCHEL; TRICOLI; UGRINOWITSCH, 2011).

Para que o aluno continue praticando a musculação, suas demais atividades dentro
da academia e suas tarefas diárias, independentemente de seu objetivo, faz-se
necessário priorizar por sua integridade física, tanto pela sua saúde quanto pela
incidência de alguma lesão. Para tanto, devemos ter conhecimento prático e teórico
acerca das mais variadas lesões, além do conhecimento dos mecanismos e fatores
que podem influenciar ou aumentar o risco de lesões do aluno, para que assim uma
prevenção direcionada possa ser realizada, diminuindo a ocorrência de lesões e
promovendo os benefícios do exercício físico com o mínimo de ocorrências
causadas por esses fatores. Insta salientar como exemplo, a realização das
atividades em uma intensidade e a frequência adequada (SANTOS; SANTOS;
RIBEIRO, 2018).

Neste contexto, cabe considerar o que elucida Souza (2012):

O responsável pelo treinamento de cada sujeito deve considerar a


individualidade, estabelecer cargas a serem trabalhadas conforme o objetivo
visado, instruir e orientar a respeito dos procedimentos durante o
15

treinamento e execução dos exercícios, alertando o aluno para os principais


pontos de risco, diminuindo dessa forma o risco de lesão. (SOUZA, 2012, p.
16).

Na busca por um corpo saudável a musculação ocupa um lugar de destaque, visto


que, tem grande capacidade de “esculpir” corpos, e pode ser praticada por pessoas
de diversas faixas etárias, saudáveis ou debilitadas. Conta com um aumento de
pesquisas na área e divulgação na mídia (SANTOS et al., 2020).

Santos et al. (2020) e Santarém (2012) definem a musculação como a execução de


movimentos biomecânicos localizados em segmentos musculares definidos com a
execução de sobrecarga externa que vai desde pesos livres, molas, elásticos,
máquinas ou o peso do próprio corpo.

Dentro da musculação devem ser respeitados os princípios do treinamento, com


intensidade e volume equilibrados, sempre levando em consideração o nível de
desenvolvimento físico do praticante, em que se deve buscar o desenvolvimento
corporal harmônico, evitando assim danos e maximizando resultados (SANTOS et
al., 2020).

2.2 Lesões na Musculação

Para Wagner (2013), as lesões musculares são o tipo de lesão mais comum em
academias, na prática da musculação. Ainda de acordo com o referido autor, dentre
as lesões musculares as mais frequentes são: as contraturas, as distensões e os
estiramentos. O mesmo menciona que a distensão é a menos grave, incluindo em
sua sintomatologia dor e disfunção funcional. Caso o indivíduo insista em continuar o
exercício físico terá diminuição da eficiência mecânica em função da dor e poderá
haver o agravamento da lesão.

Ainda de acordo com Wagner (2013), o estiramento é mais grave do que a


distensão, uma vez que pode ocorrer o rompimento de algumas fibras, gerando dor
intensa, ou mesmo rupturas mais extensas, que podem levar até a imobilidade do
membro acometido. Este é ocasionado pelo alongamento das fibras musculares
16

além de seu limite normal de trabalho e geralmente ocorre na junção músculo-


tendínea (WAGNER, 2013).

As lesões musculares são definidas como qualquer modificação tecidual que cause
dor e/ou desconforto muscular além de mal funcionamento morfológico e
histoquímico da musculatura. O primeiro nível de lesão é considerado um estresse
local e é denominado como micro traumatismo, sendo normalmente assintomático.
Contudo, caso a lesão persista de forma continuada, os sinais do dano tecidual vão
se tornando mais explícitos (SOUZA, 2012; SANTANA; SILVA; SAMPAIO, 2020).

Essas lesões podem ser ocasionadas pela falta, excesso ou pouco aquecimento
pré-treino, contrações musculares rápidas durante a execução dos exercícios, perda
de equilíbrio, má postura, movimentos incorretos e uso de carga acima da
capacidade tolerada. Joelhos e coluna são os segmentos que mais sofrem com o
excesso de carga e execução incorreta dos exercícios (GOMES, 2013). Mediante
tais informações, merece destaque o estudo realizado por Santos et al. (2015).

Santos et al. (2015) definem lesões como modificações próprias de uma patologia
ou trauma podendo levar à perda da função muscular. Estas podem ser traumáticas,
totais, parciais, indiretas ou diretas. As parciais ocasionam a redução da força
muscular mantendo a capacidade de contração, já nas totais, o movimento articular
pode não permanecer. Em lesões musculares há um processo cicatricial envolvendo
a ruptura das fibras e uma inflamação aguda ou crônica de acordo com a duração da
lesão.

Recalde e Silva (2019) esclarecem quanto às principais causas de lesões


osteomioarticulares nos treinos de força resistido nas academias, dentre as quais:
falta de avaliação física, falta de avaliação médica e ausência de orientação do
educador físico. Já Santana, Silva e Sampaio (2020) instrui quanto a ocorrência das
lesões conforme a atividade praticada e o segmento corpóreo exigido. Mencionam
ainda que estudos científicos indicam a ocorrência de lesões devido a exigência
extrema, a parte do corpo exigida e excesso de atividade.
17

São medidas preventivas de lesões importantes: o respeito da individualidade


biológica, bem como a rotina de treino moldada de acordo com as condições físicas
de cada pessoa. A execução de exercícios novos deve ocorrer com cuidado, o uso
de sobrecargas deve ser adequado a cada indivíduo, os alongamentos devem ser
respeitados, interromper o treino em caso de dor e não treinar de modo intenso em
caso de fadiga. Também é medida importante na prevenção de lesões, a correta
manutenção nos equipamentos de musculação (SANTOS; SANTOS; RIBEIRO,
2018).

2.3 Acompanhamento Profissional

O exagero na realização dos exercícios físicos e a falta de orientação e


acompanhamento profissional adequados podem trazer consequências lamentáveis
aos praticantes de musculação, como lesões musculares, tendíneas e articulares.
Suprimindo assim, os benefícios nos variados segmentos e métodos de treino
(SILVA et al., 2016).

Gomes (2013) alerta para habitual ocorrência de lesões musculares em praticantes


de musculação nas academias. Concluindo ser de suma importância o
Acompanhamento Profissional, assim como, a determinação da intensidade e
duração correta de treino, a fim de se obter resultados benéficos e evitar lesões.

Apesar da comprovação científica dos benefícios provocados pela prática regular da


musculação, o indivíduo também deve se atentar para a possibilidade da ocorrência
de lesões durante os treinos (SANTANA; SILVA; SAMPAIO, 2020).

Santos, Santos e Ribeiro (2018) alertam para o fato de a atuação profissional


possibilitar a prevenção não só de lesões, mas também de outros tipos de danos
junto a atletas e não atletas durante a prática da musculação.

A falta de professores capacitados nas academias de musculação pode ser outro


dos motivos que leva a essa ascendência do índice de lesões. Sem um bom
conhecimento nessa área e sem uma boa supervisão de um professor capacitado, a
18

realização da atividade pode não ser benéfica para o praticante ou não tão benéfica
quanto poderia ser (WAGNER, 2013).

Um fator importante a todo público praticante da musculação é a capacitação de


profissionais de educação física, dando todo suporte e orientação adequada para
suprir seus objetivos traçados e principalmente evitar possíveis lesões
musculoesqueléticas, articulares, dentre outras possíveis dentro da musculação, é
importante buscar orientação e traçar um planejamento adequado, os exercícios
executados corretamente são extremamente seguros e tem um percentual muito
baixo de lesão nesse aspecto (SOUSA; MOREIRA; CAMPOS, 2015).
Nesse contexto, cabe citar a Lei nº 9.696/1998, que dispõe sobre a regulamentação
da Profissão de Educação Física, além de criar os respectivos Conselho Federal e
Conselhos Regionais de Educação Física. A referida lei, determina em seu artigo 3º
as competências do profissional de educação física, principalmente no que se refere
ao acompanhamento e planejamento dos exercícios físicos.

Art. 3º Compete ao Profissional de Educação Física coordenar, planejar,


programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar e executar
trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar serviços de
auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializados,
participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar
informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades
físicas e do desporto. (BRASIL, 1998).

Por meio dos dados apresentados, o profissional de educação física, pode exercer
livremente a sua profissão em todos os campos de atuação das áreas previstas no
art. 3º da Lei nº 9.696/98, o que inclui em sua interpretação a atuação não só em
colégios e universidades, mas também em academias, clubes e outras áreas
abrangentes.

Desse modo, observa-se que além da lei determinar a obrigatoriedade de um


profissional de educação física para acompanhar o treinamento de musculação, é de
fundamental importância o acompanhamento deste profissional, para reduzir os
índices de lesões na prática de musculação.
19

3 METODOLOGIA

3.1 Tipo de Pesquisa

Este estudo verificou as principais lesões consequentes da prática inadequada da


musculação em academias, bem como quais os locais anatômicos e estruturas mais
afetadas. O método de pesquisa científica eleito para tal intuito foi a revisão
integrativa da literatura.

Tal método de pesquisa permite a busca, a avaliação crítica e a síntese das


evidências disponíveis sobre o tema pesquisado. Consiste na construção de uma
análise ampla da literatura, contribuindo para discussões sobre métodos e
resultados de pesquisas, assim como reflexões sobre a realização de futuros
estudos (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

O referido método, também inclui a análise de pesquisas relevantes que dão suporte
para a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica, possibilitando a síntese do
estado do conhecimento de um determinado assunto, além de apontar lacunas do
conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos.
Trata-se de um método de pesquisa que permite a síntese de múltiplos estudos
publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de uma particular área de
estudo (SILVA, 2014).

3.2 Procedimentos de Coleta de Dados


20

Para a elaboração deste estudo, foram consultadas monografias, artigos científicos,


dissertações e Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC). Foram realizadas
pesquisas na Internet nas bases de dados do Google Acadêmico e Scientific
Electrocnic Library (Scielo), publicações referentes ao período de 2012 a 2022 (10
anos).

Os termos utilizados para pesquisa, foram “academia”, “lesões”, “musculação” e


“prevenção”. Para a busca dos termos foi utilizado o operador booleano AND, que
informa ao sistema de busca como combinar os descritores para adição entre os
termos.

3.2.1 Critérios de Inclusão e Exclusão

Os critérios de inclusão dos estudos foram: artigos em português, publicados nos


últimos 10 anos (entre 2012 a 2022), nas bases de dados do Google Acadêmico e
Scielo, com textos e resumos completos e disponíveis nas bases utilizadas para
consulta e que apresentassem em sua discussão considerações acerca da temática
abordada.

Os critérios de exclusão foram: artigos duplicados, artigos que divergiram do objetivo


da pesquisa e publicados anteriormente a data delimitada (10 anos), artigos pagos e
artigos em inglês. Os artigos selecionados foram analisados de acordo com o título,
ano de publicação, idioma, tipo e base de dados.

3.3 Análise dos dados

Os passos do método da revisão integrativa da literatura são: a identificação do


problema; a busca da literatura delimitada através de palavras-chave, base de
dados, aplicação dos critérios definidos para seleção dos artigos, avaliação e análise
dos dados obtidos.

A seleção e análise das fontes de pesquisa foram realizadas em etapas, tais como:
1) Leitura do título; 2) Leitura do resumo/abstract; 3) Leitura do texto. Após a
realização dos passos citados, os estudos que se enquadram no tema e que
21

possuíam prazo de publicação de até 10 anos foram examinados para a elaboração


deste trabalho.

A Figura 1 apresenta o fluxograma dos resultados das buscas nas referidas bases
de dados, considerando os critérios de inclusão e exclusão.

Figura 2 – Fluxograma de seleção dos trabalhos


;
22

Fonte: elaborado pelo autor (2023).

Após o levantamento dos trabalhos selecionados de acordo com os critérios de


inclusão e exclusão, elaborou-se uma tabela que representa as buscas nas
diferentes bases de dados, e a relação entre o número de artigos selecionados em
cada uma dessas bases de dados. Posteriormente, foram elencadas a quantidade
de trabalhos encontrados, a quantidade que correspondia aos critérios de inclusão, a
quantidade de artigos que estavam fora do tema, e a quantidade de artigos
duplicados.
23

Em seguida elaborou-se um quadro com os artigos selecionados contendo em cada


coluna o nome dos autores e base bibliográfica, os objetivos dos artigos, métodos
utilizados e resultados encontrados, a fim de responder à questão norteadora deste
estudo. Com as informações coletadas neste quadro foi possível realizar uma
discussão dos resultados encontrados.
24

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Quadro 1 apresenta uma síntese dos resultados dos estudos selecionados


utilizados para discussão deste estudo.
25

Quadro 1 - Resumo dos estudos inseridos na revisão


Autor (ano) Objetivos Métodos Resultados Conclusão
Souza (2012) Analisar a percepção A amostra constituiu-se de 45 Os resultados obtidos neste estudo Em conclusão, com os achados do
de adultos, indivíduos (37,49 ±11,51 indicam que a ocorrência de lesões presente estudo torna-se evidente
praticantes de anos) de ambos os gêneros, decorrentes da musculação é a necessidade de prevenção das
musculação, com masculino e feminino. Para a elevada (44,4%). A lesão levou a lesões nessa população, por meio
relação à ocorrência e coleta de dados foi utilizada modificações no programa de do acompanhamento por um
características de uma ficha de avaliação treinamento da maioria dos profissional qualificado, ou da
lesões adaptada e o Inquérito de indivíduos (60%), ocorrendo instrução acerca dos efeitos e
musculoesqueléticas Morbidade Referida. Para a melhoras nos sintomas da lesão consequências da lesão, visando
análise das variáveis, utilizou- após as alterações do treinamento minimizar a incidência e permitir um
se a estatística descritiva. (80%). Dentre os mecanismos de programa de treinamento seguro e
lesão, a musculação foi o mais livre de lesões.
citado (60%), sendo que a
distensão muscular foi o tipo de
lesão mais relatado (35%). Ombro
e joelho foram os locais anatômicos
com maior ocorrência de lesão
(35%).
Wagner Analisar as lesões Foi aplicado um questionário Os resultados mostraram que as Devido ao baixo número da
(2013) musculares para 25 indivíduos que lesões ocorreram mais no sexo amostra e devido os indivíduos se
(distensões, possuíam algum histórico de masculino devido à ansiedade dos concentrarem na mesma academia,
estiramentos, lesão na musculação, onde homens na busca por resultados e como planejou este estudo, sugere-
contraturas) e se encontrou 24 do sexo ocorreram bastante, talvez devido se novas pesquisas sobre esse
articulares (entorses, masculino e 1 do sexo as profissões, pois grande parte da tema, não só lesões na
luxações) em feminino para relacionar a amostra utilizava-se de tecnologia musculação, mas em todos os
praticantes de incidência de lesões da diariamente, aumentando as esportes, com intuito de serem
musculação de amostra com o sexo, chances de Lesão por Esforço descobertas as causas da
academia. profissão, lado dominante dos Repetitivo (L.E.R.). Identificou-se aquisição das lesões, melhorando a
indivíduos, com a execução que as lesões costumam ser saúde e o rendimento de
de alongamentos e adquiridas no lado dominante do praticantes e atletas.
aquecimentos antes dos indivíduo, ou seja, no lado mais
treinamentos e se esses forte, devido ao maior uso diário.
alongamentos tinham alguma
supervisão profissional.
26

Souza, Relatar sobre as Para realização deste A presença do Profissional de Conclui-se que o acompanhamento
Moreira e lesões ocasionadas trabalho foram apurados educação física nas academias é adequado de profissionais de
Campos na prática da artigos científicos, por meio de grande importância, um educação física é de fundamental
(2015) musculação, das plataformas de dados investimento na qualidade de importância para prevenção de
alertando os online SCIELO, Google serviços prestados ao cliente, tanto lesões.
praticantes sobre tais acadêmico, usando as pela prevenção de lesões quando a
negligências que seguintes palavras chaves: promoção a saúde, além disso,
podem gerar lesões. musculação, academia e pode potencializar os resultados de
lesão. um treinamento elaborado de um
profissional de educação física,
reforçando a importância do
trabalho interdisciplinar.
Silva (2015). Analisar a ocorrência A amostra (N=25) foi Os resultados foram colhidos por Predominância de lesões no sexo
de lesões composta por alunos de uma um questionário para verificar o masculino, 80 % da amostra
osteomioarticulares academia, com idade a partir histórico de lesão na musculação, realizavam alongamentos, a
em praticantes de de 18 anos, sendo G-1 Grupo relacionando a incidência de lesões articulação do ombro foi a mais
musculação de Feminino (N=10) e G-2 Grupo da amostra com o sexo, com a lesionada em 39%, a sobrecarga foi
academia. Masculino (N=15). execução de alongamentos e a maior responsável pelo
aquecimentos antes dos surgimento das lesões crônicas.
treinamentos e se esses Sugere-se um acompanhamento
alongamentos tiveram alguma mais rigoroso dos Profissionais de
supervisão profissional e se após a Educação Física com a prescrição
lesão foi necessário tratamento. do treinamento e orientação.
27

Silva et al. Verificar os fatores Foram entrevistados 411 A ocorrência de lesões foi superior Concluiu-se que a utilização dos
(2016) associados à frequentadores (53,8% nos participantes com as seguintes equipamentos das Academias ao
ocorrência de lesões mulheres) e a taxa de recusa características: sexo feminino Ar Livre (AAL) para a prática de
durante a prática de para a participação na (4,0%), faixa etária entre 18- 59 atividades físicas aparenta ser
atividades físicas nas pesquisa foi de 12,9% (n=88) anos (3,7%), casados (3,9%), segura para a integridade física de
academias ao ar livre (Tabela 1). A maior parte dos ensino superior completo (4,7%), seus frequentadores. Mesmo com a
em adultos de frequentadores estava na IMC ≤24,9 kg/m2 (4,8%), ≥150 baixa ocorrência, as intervenções
Curitiba-PR. faixa etária entre 18-59 anos min/sem de caminhada (4,1%) ou para prevenir as lesões poderiam
(65,0%), eram casados de atividade física total no tempo de ser direcionadas a todos os
(65,9%), com ensino superior lazer (3,6%), percepção de esforço frequentadores, independente de
completo (53,4%), de renda entre médio/ forte (3,7%), sexo, faixa etária e demais
domiciliar mensal ≤R$ frequentar os locais ≥3 vez/sem características testadas no
2.999,00 (62,5%) e com IMC (3,8%), permanecer nos locais ≤30 presente estudo, possibilitando
≥25,0kg/ m2 (60,9%) (Tabela min/dia (4,7%), utilizar as AAL ≥12 assim, a utilização segura dos
1). Em relação a prática de meses (4,1%), não receber equipamentos pelas pessoas da
atividades físicas, 55% dos orientação para o uso dos comunidade.
entrevistados realizavam equipamentos (4,8%).
menos de 150 min/sem de
caminhada, enquanto que
72,9% realizam mais de 150
minsem de atividade física
total no tempo de lazer.
Identificar a taxa de Foi realizada uma revisão de Na revisão do material foi Percebe-se a importância de
Santos et al. incidência de lesões, literatura através de sites de encontrada uma taxa de incidência medidas preventivas que visem
(2018) as lesões mais busca de artigos científicos de lesões que variou de 40-60%.as evitar a ocorrência e prevalência de
frequentes, região (SCIELO e Google altas taxas de lesões podem ser sintomas músculo – esqueléticos
anatômica mais Acadêmico) utilizando os explicadas pela realização incorreta nos praticantes de musculação,
acometida e descritores: treinamento de exercícios, progressão uma vez que esses podem
potenciais fatores de resistido, treinamento de força inadequada das cargas de comprometer não só a integridade
risco para lesões. e lesões. treinamento, desequilíbrios física do indivíduo, mas também
musculares, nutrição inadequada, ocasionar seu afastamento do
equipamentos inadequados e pela trabalho e diminuir sua qualidade
falta de um acompanhamento de de vida.
um profissional qualificado.
Estimar a prevalência Esta pesquisa foi composta Foi visto que 60% dos Podendo ser concluído com esta
Recalde e de lesões acarretadas por 110 participantes de entrevistados possuíam algum tipo pesquisa que a musculação pode
Silva (2019) durante a prática de ambos os sexos que tinham de lesão e que ao se dividir em dois causar maior índice de lesão em
musculação dos uma média de 32,4 anos de grupos, os que fazem apenas joelhos, ombros e punhos se não
praticantes idade e 32,4 meses de musculação e os que fazem forem tomados os devidos
28

estudados. treinamento onde foi musculação e outra atividade, cuidados preventivos, periodizando
solicitado que respondessem obteve-se um resultado muito um plano de treinamento correto
um questionário com próximo com uma diferença de 1% que respeite a individualidade
perguntas referente às lesões e os dois casos tiveram uma biológica de cada indivíduo e seus
obtidas pela prática do prevalência de lesão nos joelhos, objetivos.
treinamento muscular. ombros e punhos.
Santos et al. Busca entender como Trata-se de uma pesquisa de Como resultado, foi percebido que Tem-se a necessidade de reflexão
(2020) a musculação é campo, que utilizou os indivíduos buscam para manter a segurança e os
utilizada para questionários em praticantes emagrecimento e hipertrofia, e às benefícios da musculação.
alcançar um corpo de musculação. vezes são imprudentes para
padrão e as alcançá-los.
implicancias desta
conduta.

Fonte: dados da pesquisa.


29

O trabalho realizado por Souza, Moreira e Campos (2015), teve como propósito
relatar sobre as lesões ocasionadas na prática da musculação, alertando os
praticantes sobre tais negligências que podem gerar lesões. Para realização deste
trabalho foram apurados artigos científicos, por meio das plataformas de dados
online SCIELO e Google acadêmico, usando as seguintes palavras chaves:
musculação, academia e lesão.

Como resultado, constatou-se que a presença do profissional de educação física nas


academias é de grande importância como um investimento na qualidade de serviços
prestados ao cliente, tanto pela prevenção de lesões quando a promoção a saúde.
Além disso, pode potencializar os resultados de um treinamento elaborado por um
profissional de educação física, reforçando a importância do trabalho interdisciplinar.
Concluiu-se que o acompanhamento adequado de profissionais de educação física é
de fundamental importância para prevenção de lesões (SOUZA; MOREIRA;
CAMPOS, 2015).

O estudo realizado por Santos et al. (2018), buscou identificar a taxa de incidência
de lesões, as lesões mais frequentes, região anatômica mais acometida e potenciais
fatores de risco para lesões. Foi realizada uma revisão de literatura por meio de
bases de dados para a busca de artigos científicos, tais como: Scielo e Google
Acadêmico, utilizando os descritores: treinamento resistido, treinamento de força e
lesões.

Desse modo, ao analisar o material foi encontrada uma taxa de incidência de lesões
que variou de 40-60%, em que as altas taxas de lesões podem ser explicadas pela
realização incorreta de exercícios, progressão inadequada das cargas de
treinamento, desequilíbrios musculares, nutrição inadequada, equipamentos
inadequados e pela falta de acompanhamento de um profissional qualificado
(SANTOS et al., 2018).

Assim, considerando os achados do estudo de Santos et al. (2018), ressalta-se a


importância de medidas preventivas que visem evitar a ocorrência e prevalência de
sintomas músculo – esqueléticos nos praticantes de musculação, uma vez que
30

esses podem comprometer não só a integridade física do indivíduo, mas também


ocasionar seu afastamento do trabalho e diminuir sua qualidade de vida.
Já Silva et al. (2016), tratou em seu trabalho sobre programas para a promoção da
prática de atividade física que foram implementados com o objetivo de melhorar a
saúde e a qualidade de vida da população.

Para o desenvolvimento do estudo, foram entrevistados 411 frequentadores (53,8%


mulheres) e a taxa de recusa para a participação na pesquisa foi de 12,9% (n=88)
(Tabela 1). A maior parte dos frequentadores estava na faixa etária entre 18-59 anos
(65,0%), eram casados (65,9%), com ensino superior completo (53,4%), de renda
domiciliar mensal ≤R$ 2.999,00 (62,5%) e com IMC ≥25,0kg/ m2 (60,9%). Em
relação a prática de atividades físicas, 55% dos entrevistados realizavam menos de
150 min/sem de caminhada, enquanto que 72,9% realizam mais de 150 min/sem de
atividade física total no tempo de lazer (Silva et al., 2016).

Como resultados, Silva et al., (2016) destacou que a ocorrência de lesões foi
superior nos participantes com as seguintes características: sexo feminino (4,0%),
faixa etária entre 18- 59 anos (3,7%), casados (3,9%), ensino superior completo
(4,7%), IMC ≤24,9 kg/m2 (4,8%), ≥150 min/sem de caminhada (4,1%) ou de
atividade física total no tempo de lazer (3,6%), percepção de esforço entre médio/
forte (3,7%), frequentar os locais ≥3 vez/sem (3,8%), permanecer nos locais ≤30
min/dia (4,7%), utilizar as AAL ≥12 meses (4,1%), não receber orientação para o uso
dos equipamentos (4,8%).

A partir deste resultado, concluiu-se que a utilização dos equipamentos das AAL
para a prática de atividades físicas aparenta ser segura para a integridade física de
seus frequentadores. Mesmo com a baixa ocorrência, as intervenções para prevenir
as lesões poderiam ser direcionadas a todos os frequentadores, independente de
sexo, faixa etária e demais características testadas no presente estudo,
possibilitando assim, a utilização segura dos equipamentos pelas pessoas da
comunidade.
31

O trabalho realizado por Silva (2015), analisou a ocorrência de lesões


osteomioarticulares em praticantes de musculação de academia. Foram utilizadas
amostras (N=25) composta por alunos de uma academia, com idade a partir de 18
anos, sendo G-1 Grupo Feminino (N=10) e G-2 Grupo Masculino (N=15).

A coleta de dados contou com a aplicação de um questionário para verificar o


histórico de lesão na musculação, relacionando a incidência de lesões da amostra
com o sexo, com a execução de alongamentos e aquecimentos antes dos
treinamentos e se esses alongamentos tiveram alguma supervisão profissional e se
após a lesão foi necessário tratamento (SILVA, 2015).

Por meio dos dados coletados, contatou-se uma predominância de lesões no sexo
masculino, onde em 80% da amostra que realizavam alongamentos, a articulação do
ombro foi a mais lesionada em 39%, a sobrecarga foi a maior responsável pelo
surgimento das lesões crônicas. Diante desse resultado, foi sugerido um
acompanhamento mais rigoroso dos profissionais de educação física com a
prescrição do treinamento e orientação (SILVA, 2015).

Em seu estudo, Souza (2012) teve como objetivo analisar a percepção de adultos,
praticantes de musculação, com relação a ocorrência e características de lesões
musculoesqueléticas. Para tanto, considerou-se uma amostra de 45 indivíduos
(37,49 ±11,51 anos) de ambos os gêneros, masculino e feminino. Para a coleta de
dados, foi utilizada uma ficha de avaliação adaptada e o Inquérito de Morbidade
Referida. Já na análise das variáveis, utilizou-se a estatística descritiva.

Os resultados obtidos neste estudo indicam que a ocorrência de lesões decorrentes


da musculação é elevada (44,4%). A lesão levou a modificações no programa de
treinamento da maioria dos indivíduos (60%), ocorrendo melhoras nos sintomas da
lesão após as alterações do treinamento (80%). Dentre os mecanismos de lesão, a
musculação foi o mais citado (60%), sendo que a distensão muscular foi o tipo de
lesão mais relatado (35%). Ombro e joelho foram os locais anatômicos com maior
ocorrência de lesão (35%) (SOUZA, 2012).
32

Como conclusão, Souza (2012) desta que se tornou evidente a necessidade de


prevenção das lesões nessa população, por meio do acompanhamento por um
profissional qualificado, ou da instrução acerca dos efeitos e consequências da
lesão, visando minimizar a incidência e permitir um programa de treinamento seguro
e livre de lesões.
Wagner (2013), buscou analisar as lesões musculares (distensões, estiramentos,
contraturas) e articulares (entorses, luxações) em praticantes de musculação de
academia. Foi aplicado um questionário para 25 indivíduos que possuíam algum
histórico de lesão na musculação, que contou com a participação de 24 pessoas do
sexo masculino e 1 pessoa do sexo feminino, para relacionar a incidência de lesões
da amostra com o sexo, profissão, lado dominante dos indivíduos, com a execução
de alongamentos e aquecimentos antes dos treinamentos e se esses alongamentos
tinham alguma supervisão profissional.

Os resultados mostraram que as lesões ocorreram mais no sexo masculino devido à


ansiedade dos homens na busca por resultados e ocorreram bastante, talvez devido
as profissões, pois grande parte da amostra utilizava-se de tecnologia diariamente,
aumentando as chances de Lesão por Esforço Repetitivo (LER.). Identificou-se que
as lesões costumam ser adquiridas no lado dominante do indivíduo, ou seja, no lado
mais forte, devido ao maior uso diário (WAGNER, 2013).

Devido ao baixo número da amostra e os indivíduos se concentrarem na mesma


academia, como planejado por Wagner (2013), foram sugeridas novas pesquisas
sobre a temática abordada, voltada não somente para as lesões na musculação,
mas em todos os esportes, com intuito de serem descobertas as causas da
aquisição das lesões, melhorando a saúde e o rendimento de praticantes e atletas.

Recalde e Silva (2019), em seu estudo, buscaram estimar a prevalência de lesões


acarretadas durante a prática de musculação dos praticantes estudados. Tal
pesquisa foi composta por 110 participantes de ambos os sexos que tinham uma
média de 32,4 anos de idade e 32,4 meses de treinamento, em que foi solicitado que
respondessem um questionário com perguntas referente às lesões obtidas pela
prática do treinamento muscular.
33

Foi observado que 60% dos entrevistados possuíam algum tipo de lesão e que ao se
dividir em dois grupos, os que fazem apenas musculação e os que fazem
musculação e outra atividade, obteve-se um resultado muito próximo com uma
diferença de 1% e os dois casos tiveram uma prevalência de lesão nos joelhos,
ombros e punhos (RECALDE; SILVA, 2019).

De acordo com os resultados obtidos, Recalde e Silva (2019) concluíram que a


musculação pode causar um maior índice de lesão em joelhos, ombros e punhos, se
não forem tomados os devidos cuidados preventivos, periodizando um plano de
treinamento correto que respeite a individualidade biológica de cada indivíduo e seus
objetivos.

E, Santos et al. (2020), realizou uma análise de como a musculação é utilizada para
alcançar um corpo padrão e as implicações desta conduta. Como metodologia, foi
adotada uma pesquisa de campo, que utilizou questionários em praticantes de
musculação.

Como resultados, percebeu-se que os indivíduos buscam emagrecimento e


hipertrofia, e às vezes são imprudentes para alcançá-los. Com este resultado
concluiu-se a necessidade de reflexão para manter a segurança e os benefícios da
musculação, além da necessidade do acompanhamento e supervisão de um
profissional de educação física (SANTOS et al., 2020).
34

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prática regular da musculação possibilita diversos benefícios a seus praticantes,


quando realizada de modo adequado. Contudo, quando executada de maneira
incorreta e principalmente sem acompanhamento e orientação de um profissional de
educação física, ocasiona consequências prejudiciais aos indivíduos, como o
surgimento de lesões musculares, articulares, ligamentares e tendinosas.

Os dados encontrados na revisão bibliográfica apontam para uma ocorrência


elevada de lesões decorrentes da musculação, sendo eu a distensão muscular foi o
tipo de lesão mais relatado, e o ombro e o joelho foram os locais com maior
ocorrência de lesão. Quanto ao sexo, os resultados mostraram que as lesões
ocorreram mais no sexo masculino, em virtude da ansiedade em alcançar resultados
rápidos.

Essas lesões podem ser oriundas da prática incorreta dos exercícios físicos, de
séries mal elaboradas, falta de acompanhamento profissional, cargas excessivas,
dentre outros fatores. Desse modo, o treino acompanhado e orientado pelo
profissional de educação física é de fundamental importância para prevenção da
ocorrência e agravamento de lesões osteomioarticulares, decorrentes da prática da
musculação nas academias.

Uma vez que os únicos profissionais, determinados por lei, com os conhecimentos
necessários para utilizar estratégias e métodos de treinamento contribuem para a
prevenção de lesões, seja na conscientização aos alunos/clientes sobre as
consequências das lesões, esclarecendo sobre os modos de execução corretos dos
exercícios, quanto à postura adequada, elaborando um plano de treino apropriado e
seguro, além de orientar sobre a importância da avaliação física e da avaliação
médica. O acompanhamento profissional não só reduz a incidência de lesões como
também otimiza os resultados dos treinos.
35

Em síntese, os achados na literatura científica corroboram com a hipótese


considerada para a realização deste estudo, de que o acompanhamento correto de
um profissional de educação física contribui para a não ocorrência de lesões na
musculação.

Assim, espera-se que os achados apresentados nesta revisão integrativa possam


contribuir para uma compreensão mais ampla e técnica sobre estudos que
englobam e comparem os métodos de treino e medidas preventivas.

6 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Este estudo foi realizado por meio de uma revisão integrativa. Tratou-se de um
estudo baseado por meio de levantamento bibliográfico, com menor rigor científico
do que estudos de revisão sistemática e meta-análises, por se basear nas
experiências vivenciadas pelos autores por ocasião da realização.

Diante da necessidade de assegurar uma prática assistencial embasada em


evidências científicas, a revisão integrativa tem sido apontada como uma ferramenta
ímpar no campo da saúde, pois sintetiza as pesquisas disponíveis sobre
determinada temática e direciona a prática fundamentando-se em conhecimento
científico.

A revisão integrativa da literatura se apresenta como um método valioso, pois muitas


vezes os profissionais não têm tempo para realizar a leitura de todo o conhecimento
científico disponível devido ao volume alto de publicações, além da dificuldade para
realizar a análise crítica dos estudos.
36

REFERÊNCIAS

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da Profissão de Educação Física e cria os respectivos Conselho Federal e
Conselhos Regionais de Educação Física. Brasília: Casa Civil, 1998.  Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9696.htm. Acesso em: 25 jan. 2023.

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https://repositorio.bc.ufg.br/bitstream/ri/4622/5/TCCG%20%E2%80%93%20Educa
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