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LESÕES EM PRATICANTES DE TREINAMENTO RESISTIDO COM PESOS:

AÇÕES PREVENTIVAS DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM NOVA


TRENTO-SC.

1
Giorgi Dalprá
2
Mauro Luchtenberg Junior
3
André Luiz de Oliveira Braz

RESUMO

Com a alta na procura por um estilo de vida mais saudável no mundo, o


treinamento resistido com pesos é um caminho árduo e que muitas vezes pode ser
prejudicial se não for orientado por um profissional capaz de observar as limitações,
necessidades e objetivos de cada aluno. O problema levantado na pesquisa foi:
Quais as ações realizadas pelos profissionais de Educação Física para evitar lesões
que podem ser ocasionadas por meio do treinamento resistido com pesos? O
objetivo geral proposto foi verificar as ações realizadas pelos profissionais de
Educação Física de Nova Trento-SC para evitar lesões em um programa de
treinamento resistido com pesos. Os objetivos específicos foram identificar os
métodos utilizados pelos profissionais de Educação Física para prevenir lesões;
Compreender as ações preventivas utilizadas pelos profissionais de Educação
Física; Analisar a forma de aplicação dos métodos utilizados pelos profissionais de
Educação Física. A metodologia utilizada foi a de entrevista semiestruturada, foi
executada, transcrita e analisada gerando resultados que geraram respostas
possíveis para verificar as ações dos profissionais de Educação Física. Concluímos
assim, que, os profissionais de Educação Física deste estudo possuem algum
embasamento teórico que possibilita prevenir lesões durante o programa de
treinamento resistido com pesos.

Palavras-chave: Prevenção. Profissional. Lesão. Treinamento. Academias.

1
Acadêmico do Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário de Brusque - UNIFEBE
2
Acadêmico do Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário de Brusque – UNIFEBE
3
Docente do Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário de Brusque - UNIFEBE
1 INTRODUÇÃO

O narcisismo, o amor exagerado á si proprío, presente em muitos indivíduos


da sociedade atual acarreta a busca de um corpo físicamente perfeito a qualquer
custo. Muitas pessoas não tomam as devidas precauções na execução dos
exercícios físicos, resultando no comprometimento de sua saúde e possíveis lesões
(BRETON,1999). As lesões e o agravamento de lesões anteriores podem ocorrer
por diversos fatores como: falta de didática ou falta de instrução adequada do
profissional de Educação Física no momento expositivo do exercício ou da atividade,
movimentos incorretos e inadequados praticados por parte dos alunos, carga
excessiva no exercício, falta de comunicação entre professor e aluno, dentre outros.
O treinamento resistido com pesos (TRP), popularmente conhecido como
“musculação” muitas vezes é utilizado como um meio para buscar uma melhora da
estética (BRETON,1999). A busca por esta modalidade de exercício físico tem se
tornado mais frequente no Brasil. Segundo Bond (2018) houve um crescimento no
número de adeptos praticantes de musculação entorno de 17,7% entre os anos de
2006 a 2017.
Com o aumento exponencial de adeptos do TRP proporcionalmente houve
um aumento nos números de lesões, onde os métodos de treinamento variaram de
acordo com a demanda, sem a devida adaptação de cada treino para a
indivídualidade biológica pessoal de cada praticante.
Soares e Silva (2018, p. 69) declaram que:

Assim como qualquer outra prática de exercícios físicos, a musculação


possui seus riscos. Quando praticada de maneira incorreta ou sem
acompanhamento de um profissional habilitado, seus praticantes sofrem ou
agravam algum tipo de lesão (ósseas, musculares, ligamentares,
cartilaginosas e tendíneas).

Fatores importantes como as capacidades físicas e psicológicas são


inegáveis para que o praticante do exercício físico se conheça e saiba dos seus
limites, evitando possíveis lesões e aprimorando seu condicionamento físico advindo
da prática dos exercícios físicos (SILVA, 2003).
Segundo Rombaldi et al. (2014, p. 190):

Estas lesões podem ser determinantes não somente para o afastamento da


prática da atividade física como também da atividade profissional,
representando prejuízos econômicos importantes, além da necessidade de
buscar atendimento especializado.

O profissonal de Educação Física deve ter conhecimento preventivo de


lesões, que deve ser aplicado na prescrição e avaliação dos exercícios físicos. De
acordo com todas as dimensões que o bacharel em Educação Física pode atuar, o
conhecimento prévio de todas as manifestações da cultura corporal do movimento e
de todos os aspectos relacionados a estes e ao aluno se faz necessário para o
ambito das academias e para prevenção de lesões (NUNES; VOTRE; SANTOS,
2012).
Com base no exposto anteriormente, formulou-se a seguinte questão
problema de pesquisa: Quais as ações realizadas pelos profissionais de Educação
Física para evitar lesões que podem ser ocasionadas por meio do treinamento
resistido com pesos?
A partir da questão problema norteadora desta pesquisa e da revisão da
literatura inicial, formulou-se o objetivo geral da pesquisa: Verificar as ações
realizadas pelos profissionais de Educação Física de Nova Trento-SC para evitar
lesões em um programa de treinamento resistido com pesos.
A partir do objetivo geral da pesquisa e da questão problema, fragmentou-se
o objetivo geral da pesquisa para a elucidação da investigação tema central desta
pesquisa nos seguintes objetivos específicos: Identificar os métodos utilizados pelos
profissionais de Educação Física para prevenir lesões; Compreender as ações
preventivas utilizadas pelos profissionais de Educação Física; Analisar a forma de
aplicação dos métodos utilizados pelos profissionais de Educação Física.
Essa pesquisa tem como finalidade conhecer a forma de como os
profissionais de Educação Física previnem as lesões decorrentes de um treinamento
resistido com pesos e saber a forma de abordagem utilizada para a correção de
possíveis movimentos que possam ocasionar as lesões.
A realização da pesquisa se justifica pela restrita quantidade de informações
sobre o assunto a ser tratado, porque muitas vezes a prevenção é um fator ignorado
pelos profissionais de Educação Física. Assim, a importância do tema é saber como
os profissionais conhecem, aplicam medidas preventivas nos seus alunos e saber se
estão atualizados acerca de lesões e tratamento das mesmas.
Desta forma, tanto a comunidade local como a comunidade científica serão
beneficiadas com a pesquisa, pois a prevenção é fator que mantem o aluno por mais
tempo na academia, evitando desistência precoce da prática de exercícios físicos.

2 TREINAMENTO RESISTIDO COM PESOS (TRP)

Segundo Barbosa e Moreira (2011, p. 2) “ A prática de atividade física regular


e boa alimentação são um dos principais componentes na prevenção do
crescimento da carga global de doenças crônicas e crescimento da qualidade de
vida da população”. Desta forma, o treinamento resistido com pesos é uma forma de
atividade física que apresenta inúmeros benefícios aos vários sistemas do corpo
humano. Esses fatores têm causado uma elevação no número de praticantes desta
modalidade.
Gianolla (2003) apud Barbosa e Moreira (2011, p. 2) cita que:

Atualmente o treinamento resistido (TR) vem ganhando muitos adeptos, em


todo mundo, por apresentarem um baixo índice de lesões, aumento de
capacidades físicas importantes como força, potência, resistência muscular
e flexibilidade, e por apresentar um método de treinamento totalmente
adaptável ao praticante, além de ser a atividade física mais eficaz quando
se trata de modelagem corporal.

Uma boa parte da população se matricula em academias de treinamento


resistido buscando à estética, depende de uma individualidade biológica e de seguir
corretamente uma dieta balanceada. Os autores Barbosa e Moreira (2011, p.7)
ressaltam que “O grande atrativo do treinamento resistido para a população que
busca como principal objetivo a estética seriam os efeitos que esses exercícios
causam na modelagem do corpo, tanto para homens quanto para mulher”. Além de
melhorar a autoestima.
O treinamento resistido com pesos pode ter como finalidade um fim estético e
outro voltado para a saúde e qualidade de vida. Estes objetivos do treinamento
resistido, faz com que exista também a necessidade de uma alimentação adequada
para cada praticante. Barbosa e Moreira (2011, p. 4), afirmam que:

O TR é o exercício físico mais completo objetivando o desenvolvimento das


aptidões físicas do corpo, é considerado um treino completo, pois nele, se
destaca os atributos relacionados à saúde e ao desempenho atlético, tais
como: melhora da composição corporal, resistência cardiovascular, força
muscular, resistência muscular, flexibilidade, agilidade, equilíbrio, potência,
tempo de reação e coordenação motora. Outros resultados de eficiência
significativa para manutenção da saúde é o retardo do envelhecimento e
redução dos índices de doenças causadas pelo sedentarismo.

Com base no exposto, constata-se que o treinamento resistido com pesos nos
dias atuais assume um papel de extrema relevância para a saúde e para
significativas alterações morfológicas individuais. Entretanto, este deve respeitar
todos os princípios do treinamento esportivo e buscar uma completa e correta
execução dos movimentos inerentes ao treinamento resistido. Caso isto não
aconteça, a chance de surgimento de lesões provenientes do treinamento resistido
com pesos é elevada por ser esta executada com incremento da carga o que
aumenta a probabilidade de lesões musculoesqueléticas ou outras nos diversos
sistemas do corpo humano.

3 TIPOS DE LESÕES

As lesões no TRP mais comuns podem ser lesões musculares, tendíneas,


articulares e ligamentares (ROCCHI, 2013).

3.1 LESÕES MUSCULARES

Os músculos representam um grande percentual do peso corporal humano.


Segundo Laurino (2009, p. 3), “São 434 músculos, representando 40% do peso
corporal; dentre estes, 75 pares de músculos estriados são envolvidos na postura
geral e movimentação do corpo”. “A função principal do sistema muscular é a
contração, produzindo movimento gerador de força” (LAURINO, 2009, p. 7).
Existem vários tipos de lesões, elas podem ser classificadas basicamente em:
traumáticas que são imediatas que ocorrem de forma inesperada e as por excesso
de uso o clássico (overtraning) que por sua vez a pessoa ultrapassa sua capacidade
fisiológica no seu treinamento (GRISOGONO, 2000).
De acordo com Laurino (2009, p. 10-11) este classifica as lesões musculares
da seguinte forma:

1. Diretas e Indiretas
• Lesões diretas são decorrentes das situações de impacto, geradas durante
as quedas ou traumatismos de contato.
• Lesões indiretas ocorrem na ausência de contato e são observadas mais
frequentemente nas modalidades esportivas que exigem grande potência na
realização dos movimentos.

2. Traumáticas e Atraumáticas
• Lesões traumáticas são representadas pelas contusões, lacerações e pelo
estiramento muscular.
• Lesões atraumáticas são representadas pelas cãibras e pela dor muscular
tardia.

3. Parciais ou Totais
• Lesões parciais acometem parte do músculo.
• Lesões totais abrangem a totalidade do músculo e acarretam deformidade
aparente (o ventre muscular encurta-se no sentido da sua origem óssea durante a
contração muscular), causa assimetria e perda da movimentação ativa.

3.1.1 Estiramento muscular

É uma lesão muscular indireta. Pode ser causada por um alongamento das
fibras musculares além de seu estado fisiológico, assim, pode ser resultante de uma
contração muscular excêntrica ou concêntrica brusca. Ou seja, o músculo é exigido
além de sua capacidade de gerar força e que também as fibras podem suportar
(COHEN et al., 2003).
Além disso, sabe-se que a “[...] demanda exagerada de força muscular e em
especial por muitas práticas mal ou não orientadas por profissionais da área.”
(COUTO et al., 2015, p. 456). Esse acúmulo de força exagerada pode gerar
estiramentos, portanto, o profissional de Educação Física deve ser preciso em
orientar seus alunos para que não exista sobrecarga exagerada e
consequentemente essa lesão não ocorra com frequência. Este tipo de lesão ocorre
principalmente em músculos localizados em membros inferiores.
O estiramento muscular (ruptura das fibras musculares) mais precisamente
acontece na origem medial do músculo gastrocnêmio, no reto femoral, tríceps
braquial, adutor longo, peitoral maior e no semimembranoso (COHEN et al., 2003).
De acordo com os mesmos autores, alguns grupamentos musculares também
possuem uma maior propensão a estiramentos musculares devido ao aspecto
daqueles se caracterizarem biarticulares e também estarem ativados na maior parte
do tempo em contração excêntrica (COHEN et al., 2003).

3.1.2 Distensão muscular

As distensões musculares (DM) geralmente são causadas por um


alongamento excessivo e se localizam na junção do músculo com o tendão. Como o
estiramento, geralmente ocorrem em músculos biarticulares como por exemplo o
bíceps femoral, o reto femoral e o bíceps braquial (LARS e RENSTRÖM, 2001).
De acordo com Lars e Renström (2001), distensão muscular pode ser
classificada em leve, moderada e grave:
 Distensão leve: é considerada rupturas parciais com no máximo 5% das fibras
musculares, não restringem movimentos, porém causam desconforto
muscular;
 Distensão moderada: há o rompimento maior de fibras musculares e qualquer
movimento de contração a dor se agrava;
 Distensão grave: o músculo se rompe totalmente, podendo se separar do
tendão, limitando totalmente o movimento e causando muita dor aguda no
local.
As DM são um tipo de lesão capaz de impossibilitar o praticante do
treinamento resistido com pesos. Desta forma, a gravidade desse tipo de lesão faz
com que exista afastamento do praticante dos exercícios físicos e da pratica
esportiva em geral. Deve-se tomar cuidado na prescrição dos exercícios, segundo
Souza, Moreira e Campos (2015), em um estudo envolvendo 45 indivíduos
praticantes do treinamento resistido com pesos, 35% das lesões ocorridas foram por
distensão muscular. No mesmo estudo, os autores afirmam que as causas das
distensões musculares estão associadas a exercícios realizados de forma incorreta,
métodos de treinamento inadequados e também a inexistência de profissional de
Educação Física para o acompanhamento do treinamento na sala de musculação.

3.1.3 Contusão muscular

É um tipo de lesão comum presente em esportes de contato, como por


exemplo o futebol e o rúgbi. Sua origem vem do trauma direto, por conta de forças
externas. Seus sintomas são dor, edema difuso, hematoma e limitação da força
muscular e mobilidade (COHEN et al., 2003).
Falcai et al. (2010) em seu estudo relevou que a maioria (90%) das lesões
são contusões ou estiramentos e verificou-se duas formas de se lesionar, (FALCAI
et al., p. 445):
As primeiras são causadas por traumatismo direto, rápido, que aplica força
compressiva sobre o tecido muscular e, a segunda ocorre quando o
alongamento causado no músculo ultrapassa sua capacidade elástica.
Qualquer que seja o mecanismo de trauma há dor, que interfere com a
locomoção, no desempenho de atividades esportivas e da vida diária. A alta
variabilidade destas lesões limita a realização de estudos clínicos e a
determinação do tratamento mais eficaz.

Existem várias formas de tratamento da contusão muscular, uma das formas


que foi averiguada no estudo de Falcai et al. (2010) foi a Laserterapia. Este método
de tratamento teve eficácia no processo de regeneração muscular, mostrando a
vasta variedade e tecnologia empregada nos dias de hoje para tratar as lesões.

3.1.4 Cãibras

As cãibras podem ocorrer durante e depois das atividades físicas, no repouso


e até durante o sono. São comuns nos músculos posteriores da perna e também
ocorrem em outras regiões do corpo humano. Normalmente é iniciada após uma
contração muscular intensa com um encurtamento do músculo (COHEN et al.,
2003).
Estudos revisados por Piccollo et al. (1995, p.30) relatam que:
Em quaisquer dos tipos de câimbra verdadeira existe uma
hiperexcitabilidade muscular da unidade motora, com aumento da
frequência dos potenciais de ação musculares, por hiperatividade do
motoneurônio alfa, produzindo contração muscular sustentada. Este
fenômeno é eletricamente ativo, precedido por contrações repetidas das
unidades motoras isoladas e evidenciado clinicamente pela contração
muscular.

As contrações musculares de pequena proporção gerando um pico de dor e a


contração de músculos sem ordenamento são a causa das câimbras. Estudos
eletromiográficos demonstram que os músculos recebem uma alta descarga elétrica,
gerando contrações involuntárias e uma grande dor localizada (COHEN et al., 2003).

3.1.5 Dor muscular tardia

Muito comum entre pessoas que estão saindo do sedentarismo e iniciando a


prática de exercícios físicos. A dor muscular tardia ocorre durante a contração
muscular ativa e durante o alongamento passivo. Atinge seu pico em torno de 24 a
48 horas após a prática do exercício físico (COHEN et al., 2003).
A dor muscular tardia pode estar associado ao alto nível de degradação do
colágeno e com a excreção urinária de hidroxiprolina. Há também uma alteração nos
níveis de mioglobina, contudo, a elevação do ácido lático sérico não possui
comprovação sobre a relação entre ambos (COHEN et al., 2003).
A dor muscular tardia pode ocultar outro tipo de lesão, devendo as dores
serem observadas com cautela a partir das 48 horas. Todos os praticantes de
treinamento resistido com pesos já sofreram de algum grau de dor muscular tardia,
tendo em vista as características da modalidade e a grande solicitação motora
(TRICOLI, 2001).

4 PREVENÇÃO DE LESÃO

As condutas preventivas são necessárias para conduzir o atleta ou praticante


do treinamento resistido com pesos à não possuir riscos de lesão e promover um
aumento de carga, intensidade, series e repetições que são necessárias para
alcançar os objetivos individuais (SILVA; OLIVEIRA, 2002).
Segundo Almeida (2009, p. 10):
A prática regular de exercício físico promove a saúde, o bem-estar físico e
psicológico, previnindo o aparecimento de determinadas patologias.
Contudo, todos os praticantes de desporto estão sujeitos ao risco de contrair
uma lesão desportiva, sendo essencial conhecer estes riscos para, se
possível, serem evitados e controlados.

A prevenção é muito importante para que não interrompa a prática e a rotina


dos exercícios físicos, prolongando sua performance e atingindo o resultado
esperado. Segundo Bompa (2002, p. 50) apud Silva (2011, p. 21):
Para previnir as lesões deve-se seguir alguns procedimentos como: elevar
a flexibilidade para um nível acima do necessário, fortalecer os músculos,
tendões e ligamentos principalmente na fase inicial de treinamento,
desenvolver a força muscular e a elasticidade necessária para que quando
o praticante do esporte realize algum movimento não habitual, os acidentes
se tornem improvávei.

Alguns fatores são importantes para prevenir as lesões, como o alongamento,


aquecimento, treinamento proprioceptivo e flexibilidade. Sobre o aquecimento e
alongamento Waltrick (2004, p. 53) apud Silva (2011, p. 22) “esclarece que o
aquecimento é de suma importância antes do alongamento, pois aumenta a
temperatura do tecido muscular fazendo que este seja mais efetivo na atividade”. A
propriocepção segundo Silva (2011, p. 24):
Propriocepção é a capacidade que o corpo tem em reconhecer a sua
localização no espaço, mandando assim, estas informações para o Sistema
Nervoso Central (SNC), que tem a função de processar e mandar uma
resposta.

Segundo Lopes et al. (2005, p.185) a flexibilidade é relevante na prevenção


de lesões a partir do seguinte ponto:
Exercicios resistidos podem promover o aumento da flexibilidade se
realizados em grandes amplitudes articulares, mesmo quando não há um
trabalho específico para esta variavel, e ainda auxilia nos ganhos de força.
A hipertrofia muscular resultante do trabalho dos pesos aumenta o diâmetro
das fibras musculares, essa seção transversa volumosa proporciona
maiores condiçoes de extensabilidade muscular e, consequentemente, de
desenvolvimento da flexibilidade.

As prevenções e avaliações sobre a postura mediante ao exercício resistido


com pesos podem contribuir segundo Castro et al. (2015, p. 12):

O diagnóstico precoce das alterações posturais por meio da avaliação, a


adoção de medidas profiláticas efetivas e uma intervenção adequada em
diferentes períodos de treinamento podem prevenir a ocorrência de lesões,
bem como contribuir para o aumento do desempenho do praticante de
exercício físico. Para que a atividade física atinja o objetivo que pretende,
faz- -se necessária que a carga de trabalho seja individualizada.

Com base no exposto acima, verifica-se que existem aspectos e formas de


prevenção de lesões facilmente aplicáveis nas academias e por um profissional de
Educação Física. Contudo a motivação do profissional de Educação Física implica
no olhar milimétrico em relação as prevenções e também o conhecimento prévio e
periódico sobre lesões e características anatômicas do corpo humano.

5 MATERIAIS E MÉTODOS

A amostra foi composta por 6 (seis) profissionais de Educação Física (n = 6)


em 2 (duas) academias de treinamento resistido com pesos em Nova Trento – SC.
Além do critério primário supramencionado de seleção para fazer parte da
amostra da pesquisa, os profissionais eram maiores de idade, ambos os sexos,
funcionários registrados das academias e atuantes na sala de musculação.
Os riscos que poderiam ocorrer eram a timidez, desconforto, local que não
esteja devidamente vistoriado, pessoas que possam interferir sem permissão do
pesquisador e do entrevistado. Possuiu nivel minimo de riscos para o entrevistado.
Não possuiu gastos por parte do entrevistado e também não houve como por
exemplo o constrangimento por não saber responder determinada pergunta.
O estudo pode beneficiar a reflexão dos profissonais de Educação Física
sobre a questão (prevenções de lesões) e aprimorar a intervenção correta aos
alunos que frequentam as academias de treinamento resistido com pesos.
Foi realizado uma entrevista semiestrurada com auxílio de um smartphone
com recurso de gravação de voz, para o registro e captação das respostas dos
sujeitos da pesquisa. Moré (2015 p.128) ressalta a importância das entrevistas na
pesquisa qualitativa:

Entende-se que a entrevista, seja ela em profundidade, seja


semiestruturada, no contexto da pesquisa qualitativa, respeitando as
devidas adequações para o contexto individual e grupal, junto à observação
do participante de campo constituem-se nos dois principais instrumentos de
coleta de dados, visto que permitem trazer à tona informações de ângulos
diferentes tanto do contexto, como sobre o fenômeno investigado, o que
permite a melhor compreensão e integralização dos dados quando da
ocasião do seu processo de análise. Nesse sentido, considera-se a
utilização de ambos (a entrevista e a observação) como uma combinação
necessária, visando à melhor contextualização dos dados.

A pesquisa foi realizada com uma base teórica em prevenções e


acontecimentos de lesões. Inicialmente foi encaminhado o projeto de pesquisa para
o comitê de ética do Centro Universitário de Brusque, com propósito da pesquisa
seja autorizada e liberada para coleta de dados.
Antes do início da coleta de dados, foi contactado os donos dos
estabelecimentos sobre a realização da pesquisa, informando a data prevista para o
início e termino da pesquisa, e também solicitado a possibilidade de realização por
meio da assinatura do Termo de Concordância de Serviço Envolvido.
Após assinatura do Termo de Concordância de Serviço Envolvido- TCSE,
pelos responsáveis dos estabelecimentos, confecção do TCLE, confecção do roteiro
da entrevista e projeto concluído, todos os documentos foram postados na
Plataforma Brasil para submissão ao Comitê de Ética de Pesquisa (CEP) do Centro
Universitário de Brusque – Unifebe. Após aprovação do projeto no CEP, o mesmo,
recebeu o parecer de aprovação com o número CAAE: 26343719.3.0000.5636.
Assim, após aprovação iniciou-se a pesquisa.
A entrevista ocorreu no ambiente da academia, em um local reservado sem a
interferência de terceiros. Primeiramente foi entregue e assinado o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE para os participantes. Na sequência, foi
aplicada a entrevista semiestruturada com o auxílio de um gravador de voz, sem
expor o nome do entrevistado e o local de trabalho.
Após a realização de todas as entrevistas com os sujeitos participantes da
amostra, as gravações foram transcritas, catalogadas e analisadas para o desfecho
final do artigo. A análise de dados buscou compreender as respostas obtidas por
meio das entrevistas.
6 ANÁLISE DOS DADOS

A partir dos dados coletados por meio do questionário, os dados foram


analisados de forma qualitativa e com auxílio da análise de conteúdo diretamente
obtidos literalmente das respostas dos professores participantes da pesquisa.
Vejamos a seguir.

Primeira pergunta: Qual a importância do exercício físico para a saúde?


Respostas:
Profissional 1: A importância da atividade física para a saúde está diretamente
relacionada a melhoria da qualidade de vida, reduzindo consideravelmente os riscos
de desenvolvimento de doenças e evolução nos estímulos corporais, qualidade de
memória principalmente no caso de idosos e funcionamento dos organismos além
de outros transtornos com fundo emocional.
Profissional 2: Então o exercício físico ajuda a prevenir pessoas sedentárias
de doenças e melhorar a vida de todos.
Profissional 3: O exercício físico hoje em dia é muito importante, porque se
várias pessoas fizessem, todos eles praticassem exercícios físicos hoje em dia,
fariam, estariam com a saúde mais em dia, menos doenças, menos lesões.
Profissional 4: A importância do exercício físico hoje para a saúde seria
aumentar a imunidade, fortalecimento dos músculos para prevenção de lesões,
aumentando a sua respiração, seu condicionamento físico, melhorar seu
cardiovascular.
Profissional 5: Ela traz inúmeros benefícios, prolongamento do seu tempo de
vida, qualidade de vida, prevenção de doenças, e muita gente usa apenas como
lazer também.
Profissional 6: Bom, ele além de prevenir várias doenças cardiovasculares,
ajuda auxilia na relação ao emagrecimento, em relação ao tônus muscular, enfim ela
melhora grandemente a condição do ser humano, da pessoa que está praticando.

Com base no conteúdo das respostas dos profissionais entrevistados,


constata-se que todos conhecem e apresentam domínio sobre a importância do
exercício físico para a saúde. Contudo, alguns profissionais apresentam muitos e
outros poucos aspectos, aspectos técnicos, aspectos fisiológicos, aspectos gerais,
aspectos morfológicos e principalmente associando o exercício físico para a
prevenção de doenças.
Desta forma, cinco dos profissionais (exceto o P4) entrevistados associam a
pratica do exercício físico para a prevenção de doenças gerais, doenças
relacionadas ao sedentarismo, doenças cardiovasculares, doenças imunológicas e
doenças degenerativas. As informações obtidas demonstram que para os
profissionais investigados o exercício físico tem importância principal de prevenir e
combater diversos tipos de doenças.
Porém, sabe-se que ausência de doenças não é sinônimo de saúde, segundo
a OMS (1946) o conceito de saúde vai muito além e diz que: “A saúde é um estado
de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de
doença ou de enfermidade”. Além disso, Nahas, Barros e Francalacci (2000)
ressaltam que existe fatos que podem influenciar a ter uma vida mais saudável,
entre eles está a nutrição, stress, atividade física, relacionamentos e comportamento
preventivo, sendo subjetivo a cada contexto social, macro (bairro, cidade) e micro
(família, si próprio).
Os fatores acima citados quando individualmente e coletivamente
apresentam-se em níveis satisfatórios ou medianos podem indicar que o indivíduo
tem um estilo de vida mais saudável. Logo, inversamente proporcional para um
estilo de vida inadequado e condizente para o surgimento de doenças.
Outro aspecto que merece destaque é que somente um profissional (P5)
relata que o exercício físico é utilizado com forma de lazer, e os demais somente
afirmam a importância do exercício físico principalmente para a prevenção de
doenças.
Todavia sabe-se que o exercício físico não somente tem o caráter preventivo
como também um caráter de reabilitação. Tanto é que Pedroso, Araujo e Stevanato
(2006) relacionam a importância da atividade física ao câncer da seguinte forma: e
que é notável o “[...] grande o número de estudos na área do exercício e sua relação
com a prevenção e auxílio no contra o câncer.” (2006, p.157). E ressaltam que a
melhora das capacidades físicas auxilia no tratamento contra a doença (PEDROSO,
ARAUJO, STEVANATO, 2006).
A reabilitação é muito importante para que corpo do paciente retorne as
capacidades físicas normais. Pedroso, Araujo e Stevanato (2006, p.158) afirmam
que:
Da mesma forma, ao iniciar, e durante todo o processo do tratamento o
exercício contribui para um bom funcionamento dessas capacidades, ou
seja, ativando o sistema imunológico de modo que o organismo se torne
menos vulnerável a outras doenças o que certamente traria complicações a
seu quadro clinico.

Somente o profissional (P1) relatou que o exercício físico é utilizado para a


qualidade da memória e fundo emocional. Este profissional demonstra saber outros
aspectos além do físico ou somente associando exercício à doença. Porém, deve-se
entender que existe também doenças psicológicas e que o exercício também
previne e contribui para a saúde mental.
Quanto ao principal objetivo dessa pesquisa, que é verificar as ações
realizadas pelos profissionais de Educação Física de Nova Trento-SC para evitar
lesões em um programa de treinamento resistido com pesos, nota-se que somente
dois profissionais (P3, P4) associam o exercício físico a lesões. Ou seja, somente
estes dois profissionais (P3, P4) utilizam o exercício físico como meio de prevenir e
tratar lesões.
Portanto, parece induzir que os profissionais (P3, P4) conhecem métodos e
ações relacionadas a prevenção de lesões. Este tema será mais aprofundado na
questão 3.

Pergunta 2: O que você entende por lesão?


Respostas:
Profissional 1: Qualquer dano ou mudança anormal no tecido, pode ser
causada por doenças, traumas, ou simplesmente pela prática de esportes
inadequadamente.
Profissional 2: Lesão é um abuso da capacidade de fazer os exercícios, em
consequência o músculo se quebra.
Profissional 3: É quando o músculo é sobrecarregado e acaba se rompendo,
se lesionando.
Profissional 4: Lesão depende do tipo da lesão, pode ser uma lesão na
articulação, pode ser muscular, de fratura. No caso de uma lesão muscular teria que
ver os motivos do porque foi causado, se foi no exercício ou foi tido alguma coisa
que ele foi fazer e sofreu uma lesão, um aumento de peso, alguma coisa assim, um
rompimento de fibra, teria que ver o caso específico.
Profissional 5: Eu acredito que lesão é qualquer coisa que... aqui geralmente
as lesões que o pessoal mais procura geralmente é no joelho, ombro e muita gente
tem dor nas costas decorrente de um estilo de vida que já vai de tempo.
Profissional 6: Bom, é um tipo de fratura, é algo que ocasionou tanto na
massa óssea, na questão muscular e outros tecidos musculares, enfim.

As repostas decorrentes da pergunta dois revelam que os participantes da


pesquisa conhecem superficialmente o termo lesão. As lesões têm como origem as
incapacidades fisiológicas do corpo, uma força se excede ao limiar de tolerância
fisiológico e pode ocasionar lesões que podem se localizar nos músculos,
articulações, etc., tem como resultado o afastamento do atleta da prática esportiva
por um ou mais dias (BELECHRI et al. 2001). A lesão também pode ser conceituada
como qualquer dano físico causado por um incidente relacionado com o exercício
físico que pode resultar na incapacidade do praticante (WEAVER et al. 1999).
Desta forma, somente o P1 demonstra conhecer mais profundamente sobre
lesão, tendo-a definido de modo mais técnico e semelhante aos autores acima
mencionados. Os demais profissionais (exceto P1) quando indagados na pergunta
dois já mencionam algum tipo de lesão, sendo a no sistema articular, muscular,
ósseo, entre outros. Além do profissional (P1) os demais profissionais entendem que
lesão pode ser uma fratura ou qualquer lesão relacionada ao sistema muscular.
Todos os profissionais relacionam diretamente a lesão principalmente ao sistema
muscular. Porém, com base nos conceitos apresentados de lesão, esta não está
somente focada no sistema muscular ou ósseo e sim a qualquer dano físico ou
fisiológico que causa incapacidade nas estruturas corporais.
Vários profissionais acima (P1, P2, P3 e P4) associam as lesões a fatos
relacionados com os exercícios inadequados, exageros, aumento de sobrecarga e
esportes inadequados. Logo, estes seriam os motivos por quais os praticantes se
lesionam.
Três de seis profissionais (P2, P3 e P4) afirmaram que as lesões ocorrem por
excesso de carga e o músculo acaba sofrendo algum tipo de lesões.
O profissional (P4) afirma que ocorre algum tipo de fratura, mas não
souberam especificar qual o tipo. Já o profissional (P6) especificou um tipo de lesão
nos ossos (fratura), entretanto, quanto ao tecido muscular não soube afirmar um tipo
de lesão. Já o profissional (P5) não conceituou lesão, especificou os locais de
ocorrência que podem eventualmente ocorrer lesões, além de relacionar as lesões
(nas costas) com o estilo de vida dos alunos.
Com base nas respostas dos profissionais constata-se que os profissionais
investigados apresentam pouco conhecimento sobre o tema lesão. Somente o (P1)
demonstrou ter um conhecimento mais técnico quanto ao tema lesão. Sabe-se que o
profissional de Educação Física deve conhecer os tipos de lesões para entender
tanto o processo de profilaxia quanto de reabilitação dos sistemas do corpo humano.
Esse conhecimento é necessário da mesma forma em decorrência do grande
contingente de alunos lesionados nas academias, nos parques, por acidente de
trânsito e práticas esportivas (futebol).
Pergunta 3: Quais os métodos que são usados na academia para prevenir
possíveis lesões nos alunos?
Respostas:
Profissional 1: Se aquecer e alongar, avaliação física, praticar um treino
adequado a pessoa, realização dos exercícios corretamente, não exagerar na
intensidade e cuidado ao manusear os equipamentos.
Profissional 2: O principal método que uso, é o aquecimento do corpo todo e
da região específica que se vai treinar.
Profissional 3: É feito uma análise, uma avaliação física e antes do exercício é
feito um alongamento e aquecimento.
Profissional 4: Corrigindo sempre primeiro a postura deles na execução do
movimento, procurando sempre fortalecer a musculatura, para estar prevenindo as
possíveis lesões, nas articulações e tal.
Profissional 5: Eu particularmente o método que mais uso seria corrigir os
alunos na questão da postura, sempre orientando na questão do peso, que nem
sempre é peso, mas sempre auxiliando na questão postural tanto para fazer os
movimentos quanto no seu dia a dia.
Profissional 6: A gente sempre tenta priorizar o exercício correto, visando
sempre a manter as linhas, toda a parte postural, toda parte óssea, de acordo que
não venha ter alguma lesão no praticante.

Analisando as respostas dos entrevistados foi possível encontrar quatro


grandes variáveis quanto a prevenção de lesões: aquecimento, alongamento,
correção de movimentos e cuidados com a postura. Os profissionais (P1, P2 e P3)
relataram utilizar o aquecimento como forma de prevenir possíveis lesões no
treinamento resistido com pesos, Alencar e Matias (2010, p. 230) colocam o
aquecimento na seguinte visão:

Entende-se por aquecimento todas as medidas que servem como


preparação para a atividade, seja para o treinamento ou para competição,
cuja intenção é a obtenção do estado ideal físico e psíquico bem como
preparação cinética e coordenativa na prevenção de lesões.

Foi relatado pelos mesmos (exceto P2) que o alongamento é necessário para
a prevenção, e segundo os mesmos autores citados acima Alencar e Matias (2010,
p.230) destacam a importância do alongamento fisiologicamente afirmando que: “O
alongamento é uma manobra terapêutica utilizada para aumentar a mobilidade dos
tecidos moles por promover aumento do comprimento das estruturas que tiveram
encurtamento adaptativo [...].”.
A variável postura é mencionada pelos profissionais (P4, P5 e P6). Para
estes, quando um aluno executa o exercício com uma boa postura, esta pode
prevenir lesões decorrentes do mal posicionamento, a postura necessita de
cuidados maiores, pois Rosa, Gaban e Pinto (2002, p.102) afirmam que há
malefícios para quem cultua a má postura, e automaticamente ocorre o contrário se
preservar:

A manutenção de uma postura inadequada propicia adaptações estruturais


do tecido muscular estriado esquelético com consequente perda da
flexibilidade corporal acarretando em limitação da mobilidade articular,
predisposição de lesões musculares, algias da coluna vertebral e
desenvolvimento de processos degenerativos por aplicações de forças
irregulares, levando à incapacidade funcional temporária ou permanente.
Método pode ser conceituado como a representação de segurança e
validação de todo o conjunto de ações efetuadas pelo individuo, seja ela como uma
experiência, análise ou interpretação (PANASIEWICZ, BAPTISTA, 2013). Desta
forma, verifica-se a ausência de um método específico para o tratamento de lesões
advindas do treinamento resistido com pesos.
Parece-nos que existem ações preventivas pautadas em exercícios
relacionados com capacidade da flexibilidade e um controle postural.

Pergunta 4: Já teve algum caso de lesão que tenha ocorrido dentro da


academia? Se sim, como ocorreu?
Respostas:
Profissional1: Sim, ocorreu uma simples lesão na lombar de uma aluna, pois
ela praticou com alta intensidade e incorretamente o exercício abdominal.
Profissional 2: Sim, aconteceu que um rapaz estava fazendo uma elevação
lateral e sentiu muita dor na região durante um longo tempo.
Profissional 3: Não tive nenhum caso.
Profissional 4: No momento, desde que trabalho aqui, não.
Profissional 5: Não, enquanto estou aqui a dois anos, por enquanto eu como
professor, nunca teve nenhum.
Profissional 6: Não, creio que aqui como não tem, a população não pega tanta
carga, não trabalha com tanto nível atlético, aqui não houve nenhum caso de lesão
na verdade.

Na maioria das respostas analisadas os profissionais não presenciaram


algum tipo de lesão (P3, P4, P5, P6).
Dois profissionais (P1, P2) presenciaram lesões que são comuns de ocorrer
nas academias, na região lombar e no ombro, sendo por fazer o exercício incorreto
ou alta intensidade. Por isso, as lesões estão mais relacionadas não com a
execução do exercício e sim com má execução, má postura, alta intensidade, falta
de repouso, ignorar as recomendações do profissional, desrespeitos ao princípio de
treinamento volume/intensidade, entre outros aspectos.
Outro aspecto importante quanto a esta pergunta e as respostas é o fato
possivelmente existir no aluno algum tipo de lesão preexistente antes de iniciar o
programa de treinamento e omitir esta informação na avaliação. Algumas academias
não possuem e não obrigam o aluno a fazer avalição física. Algumas academias
solicitam e outras não solicitam atestado médico no momento da matricula do aluno.
Ou seja, a academia e o profissional precisam definir o meio de suprir estas lacunas
que podem prejudicar o aluno e repercutir de forma negativa para academia e seus
profissionais.
Além dos fatores acima citados, podem contribuir para o surgimento de lesões
a ausência de aquecimento, falta de estimulo da capacidade física flexibilidade, falta
de periodização de treinamento, falta de controle de assiduidade, entre outros
aspectos.
Já os profissionais que não presenciaram nenhuma lesão é um ponto positivo
demonstrando que o TRP não tem causado lesões, ou a região geográfica
apresenta menores índices de patologias representando assim um aspecto
interessante quanto a percentuais baixos de lesões.
Uma das possibilidades quanto a estes índices baixos é uma maior eficiência
do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto ao atendimento, acompanhamento e
tratamento de lesões. Outra possibilidade pode estar associada aos cidadãos da
cidade possuírem lesões, entretanto os alunos/pacientes não procuram um
programa de treinamento resistido com pesos como meio de reabilitação tampouco
preventivo.

Pergunta 5: Quais as ações você pratica para evitar lesões durante o


programa de levantamento de pesos?
Respostas:
Profissional 1: Antes de qualquer treino, realizar aquecimento!
Profissional 2: Digo sempre para meus alunos para evitar de colocar muito
peso e se aquecerem bem, principalmente na região que se vai treinar.
Profissional 3: Eu converso com o aluno, vejo se ele tem alguma patologia, se
possui algum movimento que não pode realizar ou algum exercício, e na prescrição
do treino eu acabo tirando aqueles lá e toda vida eu indico ele a se alongar e
aquecer antes.
Profissional 4: A gente está sempre monitorando o aluno, vendo se ele está
executando o movimento correto, se estiver de modo errado nós sempre tentamos
auxiliar ele na postura correta, no exercício na execução correta, sempre estar
atento aos alunos.
Profissional 5: Como eu falei antes, o que eu uso geralmente é auxiliar na
postura e sempre ficar falando na questão do peso, tentando orientar o aluno a fazer
o exercício de forma correta justamente para prevenir as possíveis lesões.
Profissional 6: Bom, não tem um método, é mais visar coordenar bem o aluno
para ele não fazer nada do que é anatômico na postura, em relação a todos os
aspectos que envolvem o exercício físico, assim, nada demais.

Verificando as respostas analisadas foi constatado que os profissionais


citaram aspectos como: aquecimento, evitar peso exagerado, correção da postura,
alongamento e praticar os exercícios de forma correta.
Os profissionais (P1, P2 e P3) enfatizaram o aquecimento antes do
treinamento resistido com pesos como forma de prevenir lesões. O aquecimento é
muito importante para a realização do TRP, segundo Ferreira et. al (2016, p.24)
demonstram que “Para a realização do exercício de força é de suma relevância o
aquecimento, pois sua principal intenção é preparar o organismo para um estado
ideal físico e psíquico e preparação coordenativa e cinética na prevenção de
lesões.”, portanto, é de grande importância a realização de algum tipo de
aquecimento antes de uma sessão de treinamento para prevenir lesões.
O profissional (P3) cita também o alongamento antes de realizar o
treinamento, porém, há estudos revelando que ocorre efeitos contrários se o
alongamento estático for realizado antes da sessão de treinamento. Segundo Souza
e Penoni (2008, p. 139) os efeitos contrários e prejudiciais do alongamento podem
ocorrer pois: “A diminuição da força e da potência com o alongamento induzido, tem
sido atribuída a deterioração na resposta neurológica, bem como, a mudanças na
unidade musculotendinea (UMT)”.
Já os profissionais (P4, P5 e P6) citam que a postura correta é uma ação
destinada e conduzida na realização dos exercícios e como forma de prevenir as
lesões. A postura possui relevância durante o treinamento e a vida cotidiana, com
isso, Falqueto, Helrigle e Malysz (2009, p. 85) citam que:
A boa postura é um estado de bom alinhamento e equilíbrio
musculoesquelético que protege as estruturas de sustentação do corpo em
relação a lesões ou deformidade progressiva. Esse alinhamento e equilíbrio
são importantes não apenas no repouso, mas também nas atividades
corporais dinâmicas, e diminuem a quantidade de estresse colocado sobre
os ligamentos, músculos e tendões.

Logo percebesse neste estudo e nesta amostra que a prevenção de lesões


está direcionada e pautada em somente dois aspectos: Aquecimento e postura
correta.
Por fim foi citado pelos profissionais (P2 e P5) que o exagero de pesos e a
forma correta de praticá-los (P4 e P5) também são aspectos comuns que devem ser
reforçados pelos profissionais na tentativa e forma de prevenir lesões em praticantes
de treinamento resistido com pesos.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos resultados e nas análises, observa-se que as ações dos
profissionais de Educação física estão baseadas principalmente no aquecimento e
na postura do aluno. Todos os profissionais citaram algum tipo de ação relevante
que possa prevenir lesões, porém, não houve respostas que englobassem todas as
ações necessárias para que o aluno possa praticar o treinamento resistido com
pesos com total segurança, tais ações como: aquecimento, alongamento, postura,
prescrição correta para cada indivíduo, anamnese, ou seja, todas as ações em uma
só resposta.
Os profissionais não souberam nominar métodos que utilizam no treinamento
resistido com pesos, porém, verificando as respostas contidas da pergunta 5, ficou
nítido que as ações utilizadas pelos profissionais é um meio método de prevenir as
lesões, de forma simples e embasada no conhecimento adquirido no longo da vida
acadêmica e na prática do seu trabalho.
Acredita-se que a falta de citação de um método específico e utilizado
possivelmente deva-se ao fato dos professores não conhecerem de forma
embasada métodos que são utilizados para prevenir lesões. Contudo, foi possível
relatar um conjunto de ações preventivas que no todo formam um método de
prevenção pautados nas respostas dos professores. Ou seja, alguma medida é
adotada, porém de forma indireta.
Na pergunta 1 foi possível relacionar o treinamento resistido com pesos como
forma de prevenir doenças, apesar de ser de suma importância o TRP para reabilitar
pacientes/alunos, não foi relatado pelos profissionais a existência de treinamento
para reabilitação, pois, as lesões podem ser advindas na prática do TRP ou de
incidentes fora da academia, como por exemplo: jogadores de futebol.
Por fim, o estudo demonstrou que em teoria as ações preventivas dos
profissionais de Educação Física demonstram falhas, porém, pelo histórico de
lesões relatados pelos profissionais e pelos alunos, foi possível concluir que as
ações de prevenção praticadas são eficientes quanto a prevenção e tratamento de
lesões. Podem existir fatores podem influenciar no baixo índice de lesões no
decorrer dos programas de treinamento utilizados pelos profissionais como: cidade
com pouca população, baixa procura por esse tipo de modalidade, falta de
comunicação entre professor e aluno, descuido do professor em detectar uma lesão,
incoerência do aluno em distinguir dor de lesão, de mencionar ter uma lesão, entre
outros.
Concluímos assim, que, os profissionais de Educação Física deste estudo
possuem algum embasamento teórico que possibilita prevenir lesões durante o
programa de treinamento resistido com pesos.
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