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Introdução à fisioterapia

esportiva
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Reconhecer a atuação do fisioterapeuta na área esportiva.


„ Descrever a atividade física no contexto da saúde, do esporte e do lazer.
„ Explicar a relação do exercício físico e do condicionamento físico
dentro do processo da recuperação funcional para a prática esportiva.

Introdução
A fisioterapia na área do esporte é mais do que apenas realizar o trata-
mento de lesões sofridas por pessoas envolvidas no esporte. Ela contempla
também ações preventivas e de reabilitação física e funcional, mas desti-
nadas a um espectro mais amplo de pessoas, englobando desde as que
praticam exercícios físicos e que realizam atividades físicas e atividades
de lazer até os atletas profissionais.
O contexto de atuação é diferente do que observamos no cotidiano
das demais áreas da fisioterapia. Isso porque a prática de esportes, exer-
cícios físicos, atividades físicas e atividades de lazer demanda muito das
estruturas corporais, como músculos, articulações e demais componentes.
Assim, pode-se estabelecer que o trabalho do fisioterapeuta que atua na
área esportiva é avaliar e tratar atletas e indivíduos que se encaixam nos
contextos apresentados. Ainda, os fisioterapeutas esportivos possuem
destacadas habilidades para manejo de ações preventivas e reabilitadoras,
capazes de fornecer um retorno seguro e rápido a essas práticas.
Neste capítulo, você vai estudar mais a fundo a atuação do fisiotera-
peuta na área esportiva. Você também vai aprender sobre a atividade
física no contexto da saúde, do esporte e do lazer e vai compreender a
relação do exercício físico e do condicionamento físico dentro do processo
de recuperação funcional para a prática esportiva.
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1 Atuação do fisioterapeuta na área esportiva


A fisioterapia possui como essência a atuação junto aos problemas do corpo,
com vistas a garantir que as pessoas sejam capazes de recuperar, manter ou
ganhar força, movimento, função e bem-estar. Nesse sentido, o estilo de vida
do paciente assume um papel influenciador importante, que necessita ser
considerado pelo fisioterapeuta. Por exemplo, um indivíduo sedentário, que
decide iniciar a prática de atividade física, é um grande candidato a sofrer
de dores, bem como lesões musculares e articulares (THOMPSON, 2018).
O crescente interesse das pessoas pelos eventos esportivos fez com que
a indústria do esporte investisse muito em tecnologia e no desenvolvimento
dos profissionais, entre eles, o fisioterapeuta. Isso possibilita ao atleta, por
exemplo, aumentar o seu desempenho, reduzir o risco e a frequência de le-
sões, bem como recuperar-se de eventuais lesões que venham a apresentar
(THOMPSON, 2018; PRENTICE, 2012).
Um estudo interessante publicado nos últimos anos aponta que o tempo para
retorno de lesões da coluna, dos membros inferiores e dos membros superiores
foi menor nos indivíduos/atletas tratados por fisioterapeutas especialistas na
área esportiva (MULLIGAN; WEBER; REINKING, 2014). Por isso, é comum
ao fisioterapeuta que atua na área esportiva atender ou ser contratado para atuar
junto aos atletas de modalidades esportivas mais associadas com lesões, como
os atletas de voleibol, artes marciais, boxe, ginástica, futebol e basquetebol.
Essas são modalidades que exercem muita sobrecarga ao aparelho locomotor,
devido às características biomecânicas dos gestos esportivos executados pelos
atletas (THOMPSON, 2018). As regiões corporais com maior número de lesões
são os ombros e os joelhos (MULLIGAN; WEBER; REINKING, 2014).
Mas, o fisioterapeuta esportivo não atua somente com atletas profissionais.
É comum na prática clínica o fisioterapeuta receber pacientes que praticam
exercícios físicos, que realizam atividades físicas e que também praticam
atividades de lazer. As lesões são comuns nesse espectro populacional, uma
vez que grande parte dessas pessoas não realizam essas atividades de forma
orientada e sistematizada e, consequentemente, extrapolam os limites de suas
características físicas e funcionais.
Com isso, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
(Coffito), por meio da Resolução nº. 337/2007, reconhece a especialidade
de fisioterapia esportiva e, por meio da Resolução nº. 395/2011, disciplina
a especialidade profissional de fisioterapia esportiva, definindo as grandes
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áreas de competência que perpassam aspectos associados com consulta fi-


sioterapêutica, avaliação, diagnóstico e prognóstico fisioterapêutico, recur-
sos terapêuticos, condicionamento físico, performance, entre outros pontos.
Além disso, o Coffito trouxe a regulação para emissão de laudos, pareceres,
relatórios e atestados fisioterapêuticos, ambientes de atuação e atribuições.
Ou seja, trata-se de um documento completo, que confere garantia jurídica e
determina os limites da atuação profissional (BRASIL, 2011).
Dessa maneira, podemos considerar que o fisioterapeuta esportivo realiza
atividades que vão além da avaliação e do tratamento de lesões. Esse pro-
fissional necessariamente deve atuar com educação em saúde, para garantir
que os atletas e indivíduos possam realizar as suas atividades com o máximo
de segurança e orientação. Deve também atuar com atividades preventivas
direcionadas e especificadas para cada contexto (esporte, modalidade ou
indivíduo), bem como deve atuar com a elaboração de programas de exercícios
e escolha de modalidades fisioterapêuticas que podem ser melhor utilizadas
para garantir ao paciente/cliente sua plena recuperação física e funcional, que
são a chave do sucesso da reabilitação (THOMPSON, 2018; PRENTICE, 2012).
Essas ações e condutas devem ter como norte o uso de prática baseada em
evidências, para que haja um equilíbrio crítico e científico sobre os riscos e
benefícios conhecidos, com uso consciente, explícito e criterioso das evidên-
cias científicas, a fim de tomar decisões mais seguras e efetivas (MANSKE;
LEHECKA, 2012).

As competências e habilidades do fisioterapeuta que atua na área esportiva perpassam


pela capacidade de avaliar os componentes físicos e funcionais, como força, amplitude
de movimento, avaliação manual da integridade articular, equilíbrio, capacidade
aeróbica e testes de estresse submáximo. É necessário ainda conhecer a fisiopatologia
envolvida nas lesões, como no que tange aos processos fisiológicos de inflamação,
cicatrização e reparo tecidual (MULLIGAN; WEBER; REINKING, 2014).
Destaca-se também o conhecimento sobre os princípios de movimentos especí-
ficos nos contextos biomecânico, musculoesquelético e neuromuscular. Todas essas
competências e habilidades permitem um amplo domínio nas atividades que são
desenvolvidas por esse profissional, como na programação de exercícios terapêuticos
(cinesioterapia) personalizados e cuidados emergenciais em lesões agudas (MULLIGAN;
WEBER; REINKING, 2014).
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Continuando na atuação da fisioterapia esportiva baseada em evidências,


temos importantes órgãos que buscam elevar a qualidade da atuação do fisio-
terapeuta na área esportiva, bem como destacar as atividades dessa área no
Brasil. Como exemplo, temos a Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva
e da Atividade Física (Sonafe), fundada em 2003 com caráter científico-
-cultural. Essa associação congrega fisioterapeutas que trabalham com esporte
(treinamento, competição e emergência), exercício físico e atividade física.
Sociedades como a Sonafe e, até mesmo, ações individuais de fisioterapeutas
esportivos tratam de oferecer proteção e melhora contínua à saúde de atletas,
com destaque para as ações capazes de (PRENTICE, 2002):

„ promover o alívio imediato da dor;


„ prevenir lesões;
„ garantir plano terapêutico individualizado e voltado para necessidade
do paciente/cliente;
„ promover o relaxamento muscular;
„ recuperar lesões;
„ melhorar o condicionamento físico;
„ melhorar a flexibilidade e a força muscular.

Por fim, com base na teoria da diferenciação social, temos que a atividade
profissional dos fisioterapeutas da área esportiva é caracterizada por um
potencial conflito entre a lógica social da área da saúde e o esporte de elite,
uma vez que, na área da saúde, podemos estabelecer em linhas gerais que o
fisioterapeuta previne e reabilita distúrbios cinético-funcionais, além de pro-
mover a saúde. Entretanto, no contexto dos esportes de elite, o fisioterapeuta
profissional de fisioterapia esportiva faz parte de uma equipe multidisciplinar
focada na prevenção, no desenvolvimento e/ou na recuperação do atleta, para
alcançar vitórias e obter excelentes resultados esportivos (STEINMANN;
JAITNER; HIMMELSEHER, 2019).
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2 Atividade física no contexto da saúde,


do esporte e do lazer
Para discutirmos sobre a atividade física no contexto da saúde, do esporte e do
lazer, precisamos inicialmente dialogar sobre a percepção de saúde, que pode
ser definida como a combinação de sentimentos pessoais, pensamentos, pre-
conceitos e expectativas em relação à própria saúde (GÜRBÜZ, 2017; SAROL
et al., 2016; SCHALLER et al., 2016). Diversos estudos já evidenciaram que
as atividades físicas praticadas regularmente atendem às necessidades diárias
das pessoas e possibilitam uma vida mais saudável e melhor qualidade de
vida no envelhecimento (GÜRBÜZ, 2017; SAROL et al., 2016; SCHALLER
et al., 2016).
Dessa forma, a atividade física está intimamente associada aos melhores
indicadores de saúde. Por isso, observamos esforços globais para que se con-
siga aumentar a atividade física em todas as regiões, faixas etárias e classes
econômicas. Isso porque, de acordo com a Organização Mundial de Saúde
(OMS), cerca de 23% dos adultos de todo o mundo são insuficientemente
ativos, sendo considerados com risco aumentado para desenvolver doenças
crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2,
câncer de mama e cólon, problemas articulares e outras (AINSWORTH;
MACERA, 2018).

É importante destacarmos que a atividade física não pode ser confundida com o
esporte, pois, por definição, atividade é qualquer movimento corporal produzido pelo
aparelho locomotor que usa energia — isso inclui diversas atividades como esportes,
exercícios e outras atividades como brincar, caminhar, realizar tarefas domésticas e
fazer jardinagem (WHO, 2011).

Quando analisamos a atividade física saindo do contexto do esporte e


partindo para o lazer, especificamente, temos que essas atividades estão rela-
cionadas a uma ampla variedade de possibilidades. Elas podem ser realizadas
livremente em diversos locais, como em áreas de parque (Figura 1), e de acordo
com a vontade e o interesse das pessoas (FATİH et al., 2020).
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Figura 1. Realização de atividade no contexto de lazer em um parque.


Fonte: Tekkol/Shutterstock.com.

O impacto da realização de atividade física voltada para o lazer no contexto


da saúde é alto, fato que corrobora a interrelação entre esses domínios e é
apoiado por muitas organizações nacionais e internacionais de saúde. Nesse
contexto, a fisioterapia esportiva pode colaborar não só com a conscientiza-
ção, mas também com orientações relacionadas à segurança e às habilidades
necessárias para a realização dessas atividades, a fim de evitar o surgimento
de lesões. Tais ações podem ser aplicadas em indivíduos de todas as idades
que desejam realizar atividades físicas recreativas (FATİH et al., 2020).
De acordo com a World Confederation of Physical Therapists, os fisiotera-
peutas estão em posição privilegiada para promover a atividade física para a
prevenção de doenças crônicas não transmissíveis (DEAN et al., 2013). Nesse
cenário, os fisioterapeutas da área esportiva têm treinamento e experiência na
educação de clientes e na prescrição de programas de atividade física (DEAN
et al., 2013; FLORINDO et al., 2013; ALEXANDER et al., 2012; YOU et al.,
2012; SHIRLEY; VAN DER PLOEG; BAUMAN, 2010).
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Corroborando com o exposto, diversos estudos apontam que a promoção


da atividade física por fisioterapeutas pode aumentar os níveis de atividade
física e reduzir o comportamento sedentário a curto (12 semanas) e a longo
prazo (2 anos) (FREENE et al., 2015). Além disso, a fisioterapia esportiva
objetiva desenvolver, manter e/ou restaurar o movimento ideal e a capacidade
física e funcional, avaliando as intervenções e estabelecendo condutas que
permitam às pessoas manterem ou melhorarem seus níveis de atividade física
de maneira confiável e válida (HANGSTRÖMER; FRANZÉN, 2017).

3 Relação entre exercício físico e


condicionamento físico no processo
de recuperação funcional para
a prática esportiva
Ao relacionarmos a recuperação funcional para a prática esportiva com o exer-
cício físico e o condicionamento físico, temos que o retorno de lesões esportivas
pode ser um processo longo e difícil, pois há necessidade de trabalhar com
força e condicionamento direcionados para atividades específicas do esporte
ou do exercício físico (KRAEMER; DENEGAR; FLANAGAN, 2009). Por
mais que o indivíduo ou atleta possa ter se recuperado de sua sintomatologia e
apresente cicatrização tecidual, o fisioterapeuta esportivo deve buscar a plena
recuperação da força, da potência, da agilidade e da resistência. Essa recupe-
ração pode ser obtida, por exemplo, por meio do treinamento de resistência
(p. ex., exercícios resistidos), o qual possibilita, entre outros benefícios, a me-
lhora do desempenho motor (KRAEMER; DENEGAR; FLANAGAN, 2009).
Os benefícios potenciais do treinamento de resistência sobre a saúde e o
desempenho são numerosos. A prescrição segura e adequada de exercícios
de resistência demonstrou:

„ reduzir a gordura corporal;


„ aumentar a taxa metabólica basal;
„ diminuir a pressão arterial e as demandas cardiovasculares para o exercício;
„ melhorar os perfis lipídicos do sangue;
„ melhorar a tolerância à glicose e a sensibilidade à insulina;
„ atenuar a sarcopenia muscular;
„ reduzir o risco de osteoporose e câncer de cólon;
„ manter a independência de longo prazo e a capacidade funcional; e
„ aliviar a dor lombar.
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Além disso, os aumentos na força muscular, na potência, na resistência e


na hipertrofia observados durante o treinamento de resistência são benéficos
para melhorar o desempenho motor. O desenho adequado do programa, ou seja,
aquele que usa sobrecarga progressiva, variação e especificidade, é essencial
para maximizar os benefícios associados ao treinamento de resistência.
A recuperação no esporte e no exercício físico está intimamente asso-
ciada com os aspectos fisiológicos, mas também tem em seu cerne aspectos
psicológicos. Por isso, uma recuperação abrangente, que se dá com um certo
grau de fadiga resultante de excedentes funcionais realizados para melhorar
o desempenho, requer essas associações. É importante, também, destacar
que, caso a recuperação sistemática e individualizada não seja alcançada após
o treinamento e a ultrapassagem funcional, um desequilíbrio contínuo de
recuperação inadequada e demandas excessivas pode iniciar uma cascata de
condições deletérias, incluindo sub-recuperação (KELLMANN et al., 2018).
Podemos concluir que retornar de uma lesão esportiva ou oriunda de exer-
cício físico requer um trabalho adicional do atleta lesionado para recuperar
a capacidade competitiva de forma progressiva, com movimentos genéricos
inerentes à maioria dos esportes e exercícios físicos, chegando até gestos
específicos (KRAEMER; RATAMESS; FRENCH, 2002; CAMPOS et al.,
2002). Isso envolve o uso de atividades físicas e exercícios físicos, que se mos-
tram efetivos na redução da dor, na melhora da força muscular dos segmentos
corporais e da amplitude de movimento articular e no melhor desempenho da
tarefa funcional (CALATAYUD et al., 2017).
Entretanto, essa progressão não é uma melhoria linear, mas, sim, aleatória,
com aspectos positivos e aspectos negativos ocorrendo diariamente (KRAE-
MER; DENEGAR; FLANAGAN, 2009). O objetivo é garantir que o paciente
retorne à mesma atividade e ao mesmo ambiente em que a lesão ocorreu e à
mesma capacidade funcional de antes da lesão, se não melhor.
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Uma forma de se realizar a recuperação funcional por meio de exercício físico que
impacta no condicionamento físico do paciente/cliente é o exercício isocinético, que
pode ser um aspecto importante do fortalecimento após lesão. Este faz uso de um
equipamento que fornece resistência ao movimento, a uma determinada velocidade
que se mantém constante, como a 60°/s ou a 120°/s.

Fonte: cirkoglu/Shutterstock.com.

Já os exercícios isotônicos trabalham com resistência externa constante, e a quan-


tidade de força necessária para movimentar a resistência aplicada varia de acordo
com o ângulo articular e o comprimento muscular. A resistência que se utiliza pode
ser de várias formas, como a própria gravidade, halteres, faixas elásticas, entre outros
elementos. Aqui, a velocidade é controlada pelo paciente/cliente, e essa variação
permite que façamos adaptações para lesões mais agudas, com movimentos com
menor velocidade, e, nas fases mais avançadas de cicatrização, com movimentos mais
rápidos e específicos do esporte.
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Assim, a recuperação funcional do atleta ou do praticante de exercício


físico terá como objeto de trabalho o exercício físico e a atividade funcional,
seguindo princípios norteadores que garantam o alcance dos objetivos. Acom-
panhe os princípios balizadores da reabilitação no Quadro 1.

Quadro 1. Princípios da reabilitação de atletas

Princípios da
Características
reabilitação

Evitar agravos Não agravar a lesão durante o processo de reabilitação.

Tempo Início mais precoce possível, pois, quanto mais cedo os


pacientes puderem iniciar a parte do exercício do programa
de reabilitação, mais cedo poderão retornar à atividade
completa.

Conformidade Informar o paciente sobre o conteúdo do programa e o


curso esperado da reabilitação.

Individualização Cada pessoa responde de maneira diferente a uma lesão e


ao programa de reabilitação subsequente.

Sequenciação Um programa de exercícios terapêuticos deve seguir uma


específica sequência específica de eventos, determinada pela resposta
fisiológica de cura do corpo.

Intensidade O nível de intensidade do programa de exercícios


terapêuticos deve desafiar o paciente e a área lesionada,
aumentando a intensidade sem sobrecarregar.

Paciente como Deve-se tratar o paciente como um todo, manter o sistema


um todo cardiovascular em um nível pré-lesão e manter a amplitude
de movimento, força, coordenação e resistência muscular
dos membros e articulações não lesionados. Todo o corpo
deve ser o foco do programa de reabilitação, e não apenas a
área lesada.
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Dessa forma, podemos estabelecer que a recuperação funcional perpassa


pelo treinamento e pela capacidade de realizar atividades que são essenciais
para a prática do esporte, do exercício físico ou da atividade física, com
diferentes níveis de exigência que permitem a retomada ao trabalho. Além
disso, engloba também a confiança que o atleta ou indivíduo terá para realizar
novamente aquela tarefa ou até mesmo uma nova tarefa. Por isso, costumamos
dizer que a recuperação funcional é um processo de aprendizado, que se utiliza
de instrumentos/evidências que reduzem as incertezas e a variabilidade da
evolução. Após a etapa de recuperação física e funcional, a decisão de que o
atleta profissional ou amador é capaz de retornar à prática esportiva em segu-
rança é difícil e engloba inúmeras variáveis temporais, físicas e funcionais.
Um retorno realizado de forma insatisfatória levará a um elevado risco de
novas lesões (RAOUL et al., 2019).

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