Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
e Segurança
do Trabalho
Fisioterapia e Ergonomia na Saúde do Trabalhador
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Fisioterapia e Ergonomia
na Saúde do Trabalhador
• Introdução;
• Programa 5S.
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Evidenciar o papel do fisioterapeuta no que tange à saúde do trabalhador e às doenças
relacionadas ao espaço laboral;
• Conhecer o Programa 5S, o Censo de Ergonomia e o Questionário Nórdico de
Sintomas Osteomusculares.
UNIDADE Fisioterapia e Ergonomia na Saúde do Trabalhador
Introdução
Durante a disciplina de Ergonomia e Saúde do Trabalhador, diversos conceitos
foram apresentados, porém agora vamos aprofundar os conceitos e a importância
do fisioterapeuta do trabalho, também conhecido como fisioterapeuta ergonomista.
Leia mais sobre a Resolução que reconhece a Fisioterapia do Trabalho como especialidade
fisioterapêutica, disponível em: https://bit.ly/2QF1Rv7
8
frente às necessidades de acompanhamento do crescimento das tarefas, abordando
aspectos como ergonomia, biomecânica e outras ciências (BAÚ, 2002).
Importante!
O Ministério do Trabalho (MTE), por meio da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO),
especifica e detalha suas práticas comprovadas nessa área, distinguindo áreas de ativi-
dade, competências pessoais e recursos de trabalho, destacando que o especialista fi-
sioterapeuta do trabalho executa: avaliação dos trabalhadores; estabelece o diagnóstico
fisioterapêutico; planeja estratégias de intervenção; implementa ações de intervenção;
educa em saúde; gerencia serviços de saúde; executa atividades técnico-científicas; tra-
balha com segurança, entre outras atividades (BAÚ, 2002).
Nos dias atuais, a sociedade, dinâmica e voltada aos aspectos sociais, culturais
laborais e educacionais, faz com que o trabalhador trabalhe com uma carga horá-
ria mínima de 8 horas de jornada diárias, desempenhando diferentes atividades,
tornando-se necessário que o ambiente de trabalho seja adequado para minimizar e
até eliminar os riscos que possam provocar acidentes e alterações à saúde.
9
9
UNIDADE Fisioterapia e Ergonomia na Saúde do Trabalhador
10
Dessa maneira, as principais atividades realizadas por um fisioterapeuta dentro do
ambiente de trabalho são:
• Prevenir desconforto ou queixas musculoesqueléticas nas atividades laborais;
• Estudar a ergonometria do trabalho, junto à equipe de saúde e segurança
do trabalho;
• Promover palestras de conscientização, capacitação e treinamento preventivo
de doenças ocupacionais de trabalho;
• Realizar orientações posturais e ergonômicas aos trabalhadores (dentro e fora
do ambiente de trabalho e durante a execução de suas atividades ocupacionais);
• Avaliar a postura e analisar a biomecânica das tarefas nos postos de trabalho,
promovendo a adequação do posto e das posturas para um melhor desempenho;
• Desenvolver programas de ginástica laboral;
• Realizar o tratamento das patologias ou das queixas musculoesqueléticas dos
trabalhadores, dentro ou fora da empresa.
Programa 5S
O 5S teve seu início na década de 1950, no Japão. Após a Segunda Guerra Mun-
dial, o país estava arrasado, necessitando de reconstrução e transformação. A nação
necessitava, então, adotar padrões da “Qualidade Total” para o desenvolvimento
eficaz e eficiente. Já no cenário brasileiro, sua origem foi em meados da década de
1990 e tem sido de grande relevância para o ambiente de qualidade.
Esse programa se destaca por ser uma ferramenta de origem japonesa utilizada
para obtenção da qualidade em diversos ambientes, inclusive nos postos de traba-
lho. Nesses ambientes em particular, o programa permite promover a disciplina e
o senso de responsabilidade do trabalhador com os seus objetos de trabalho. Além
disso, a consciência de estar executando as atividades sem desperdícios, usando,
assim, o seu senso de utilização. Portanto, mais do que buscar a qualidade em am-
bientes, busca desenvolvê-la nas pessoas (GODOY, BELINAZO, PEDRAZZI, 2001).
Para Martins (1996, p. 22), “[...] aqueles que tiverem do 5S apenas uma visão
restrita, ligada a arrumação e a limpeza, é preciso que fique claro: o que importa é o
ambiente de qualidade, no qual as pessoas tenham senso de qualidade”.
Desse modo, faz-se necessário compreender os cinco sensos que dão nome ao Pro-
grama 5S, cuja origem está relacionada com as palavras japonesas seiri, seiton, seiso,
seiketsu, shitsuke. Em português, são conhecidos como: senso de utilização, senso
de organização, senso de limpeza, senso de saúde e senso de autodisciplina.
11
11
UNIDADE Fisioterapia e Ergonomia na Saúde do Trabalhador
Programa 5S
12
ciente para que as pessoas envolvidas absorvam os conceitos e comecem
a adotar os mesmos como rotina de trabalho. A aplicação de avaliações
periódicas e utilização de quadros de gestão à vista ajudam a avaliar se a
metodologia está sendo absorvida pela organização de forma adequada;
3. Treinamentos, palestras e cursos: Proporcione palestras, cursos e trei-
namentos para todos os funcionários, desde aqueles que estão no chão
de fábrica até gerentes e diretore;
4. Equipes multidisciplinares: Elabore equipes multidisciplinares e insira-
-as em diferentes setores. Estas equipes irão mapear os problemas, os
desperdícios e os riscos, criando planos de ação e procedimentos para
manter a ferramenta em um ciclo de melhoria contínua;
5. Seja consistente e realista: Tire fotos do novo padrão estabelecido,
crie rotinas de limpeza, organização e principalmente: seja consistente
e realista quanto às metas e padrões estabelecidos. Cada organização
funciona de uma maneira diferente e é fundamental que os conceitos
aplicados sejam adequados à forma de trabalho.
Após conhecer o Programa 5S, que é um dos métodos utilizados, vamos identi-
ficar dois aspectos bastante utilizados no cenário ergonômico: o Censo de Ergono-
mia e o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares.
13
13
UNIDADE Fisioterapia e Ergonomia na Saúde do Trabalhador
• Obter dos trabalhadores sua visão sobre possíveis melhorias nas condições
de trabalho;
• Identificar situações de trabalho causadoras de lesões ou afastamentos relacio-
nados à condição de ergonomia do trabalho e mapear diversas áreas da empresa
quanto à prevalência de problemas ergonômicos (COUTO; CARDOSO, 2001).
Importante!
Definição dos objetivos
• Detectar situações de trabalho causadoras de lesões ou afastamentos relacionados à con-
dição de ergonomia do trabalho;
• Detectar situações causadoras de dor ao executar a tarefa;
• Detectar as situações causadoras de desconforto, dificuldade e fadiga;
• Mapear diversas áreas da empresa quanto à prevalência de problemas ergonômicos;
• Obter dos trabalhadores sua visão sobre possíveis melhorias nas condições de trabalho.
Como guia prático, quando o trabalhador informa que seu desconforto está rela-
cionado ao trabalho, ele deverá ser questionado sobre alguma sugestão de melhoria.
É interessante esse questionário, pois o profissional está diretamente ligado aos fun-
cionários, e perceber as falas advindas dos trabalhadores pode fortalecer o vínculo
nos espaços laborais.
14
O Nordic Musculoskeletal Questionnaire, traduzido para o português como
Questionário Nórdico Osteomuscular, foi elaborado com a proposta de realizar a
padronização e a mensuração de relato de sintomas osteomusculares e, assim, auxiliar
na comparação dos resultados. Vale ressaltar que esse questionário é uma ferramenta
que visa à identificação de distúrbios osteomusculares e, como tal, pode constituir
importante instrumento de diagnóstico do ambiente ou do posto de trabalho.
Apesar das limitações que podem ocorrer em qualquer aplicação de instrumentos
de autoavaliação, a simplicidade e os bons índices de confiabilidade do questionário
nórdico osteomuscular indicam-no para utilização em investigações epidemiológi-
cas e estudos que busquem mensurar a incidência dos sintomas osteomusculares nos
espaços laborais (PINHEIRO, TRÓCCOLI, CARVALHO, 2002).
Sua aplicação é bem fácil e rápida, visto que o trabalhador deve relatar a ocorrência
dos possíveis sintomas, considerando os 12 meses e os sete dias precedentes à entrevista,
bem como relatar a ocorrência de afastamento das atividades rotineiras no último ano.
Para facilitar a aplicação, o instrumento é composto pela vista posterior de uma figura
do corpo humano, dividida em nove regiões anatômicas, são elas: as regiões dos membros,
pescoço, ombros, parte superior e inferior das costas, cotovelos, punhos/mãos, quadril/
coxas, joelhos e tornozelos/pés. O trabalhador entrevistado responderá sobre a presença
de dor musculoesquelética em alguma das nove áreas anatômicas, sobre o impedimento
para realizar atividades normais e sobre a necessidade de consulta por um profissional da
área de saúde, assinalando com um X as opções de resposta: Sim ou Não.
Observe o questionário a seguir:
Figura 4
Fonte: biblioteca.asav.org
15
15
UNIDADE Fisioterapia e Ergonomia na Saúde do Trabalhador
16
Figura 5
Fonte: biblioteca.asav.org
Em Síntese
Vale destacar que existem diferentes ferramentas que são utilizadas na prática que in-
vestiga a saúde do trabalhador, é essencial que a atuação nessa área da fisioterapia seja
aperfeiçoada a cada dia.
Essas foram três maneiras de contextualizar a área!
Caso queira ampliar seus conhecimentos, estude o Método Owas e o Método Rulas, que
se destacam na área da fisioterapia na saúde do trabalhador.
17
17
UNIDADE Fisioterapia e Ergonomia na Saúde do Trabalhador
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Análise ergonômica do setor de prensagem para a produção de
solados em uma empresa calçadista da cidade de Franca-SP
ALMEIDA, L. B. de; BACHUR, J. A.; QUEMELO, P. R. V. Análise ergonômica do
setor de prensagem para a produção de solados em uma empresa calçadista
da cidade de Franca-SP. Investigação, 2010; 10:69-73.
https://bit.ly/3gsDxXy
Manual sobre ergonomia: em direção a uma universidade saudável
FERREIRA, N. L. et al. Manual sobre ergonomia: em direção a uma universidade
saudável. Universidade Estadual de Campinas, 2001.
https://bit.ly/34yWTIi
Design e tecnologia: uma abordagem bibliométrica no periódico Design Studies
PASCHOARELLI, L. C.; MIRA, F.; LAGO, L.; ANGELO, J. C. de. Design e
tecnologia: uma abordagem bibliométrica no periódico Design Studies. Logo, v.
6, n. 1, 2017.
https://bit.ly/3aTa202
NR17 – Ergonomia
https://bit.ly/2Yx6TOz
18
Referências
BAÚ, L. M. S.; KLEIN, A. A. O reconhecimento da especialidade em fisioterapia
do trabalho pelo COFFITO e Ministério do Trabalho/CBO: uma conquista para
a fisioterapia e a saúde do trabalhador. Brazilian Journal of Physical Therapy,
v. 13, n. 2, p. V-VI, 2009.
________. Fisioterapia do trabalho: ergonomia, legislação, reabilitação. Curitiba: Ed.
Clãdosilva, 2002.
BIFF, P. Avaliação da capacidade funcional e prevalência de sintomas osteomus-
culares em trabalhadores de uma indústria de materiais elétricos de Caxias do Sul,
RS. 2006.
BRASIL. Ministério de Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de pro-
cedimentos para os serviços de saúde. Brasília, DF; 2001.
________. Instrução Normativa INSS/DC nº 98, de 05 de dezembro de 2003.
Anexo – Seção I. Atualização clínica das Lesões por Esforços Repetitivos (LER). Dis-
túrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). Disponível em: <https://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ler_dort.pdf>. Acesso em: 23/05/2020.
CAVALCANTE, N. J. F.; MONTEIRO, A. L. C.; BARBIERI, D. D. Atualidades em
DST/AIDS: biossegurança. São Paulo: Programa de DST. AIDS, 2003.
COUTO, H. A. Gerenciando a LER e os DORT nos tempos atuais. Belo Horizonte:
ERGO Editora, 2007.
________; CARDOSO, O. S. Censo de ergonomia: questionário. 2001.
________. Como instituir a ergonomia na empresa. Belo Horizonte: Ergo
Editora, 2011.
GODOY, L. P.; BELINAZO, D. P.; PEDRAZZI, F. K. Gestão da qualidade total e as
contribuições do programa 5S. XXI ENEGEP, 2201, p. 21.
MARTINS, D. S. O ambiente da qualidade. Belo Horizonte: Littera Maciel. Funda-
ção Christiano Ottoni, 1996.
NAKAGAWA, M. FERRAMENTA: 5S para empreendedores. Disponível em:
<http://cms-empreenda.s3.amazonaws.com/empreenda/files_static/arqui-
vos/2012/08/21/ME_5S.PDF>. Acesso: 23/05/2020.
PINHEIRO, F. A., TRÓCCOLI, B. T.; CARVALHO, C. V. Validação do Ques-
tionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares como medida de morbidade.
Rev. Saúde Pública, 2002;36(3):307-12.
Site Visitado
CONSELHO Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Disponível em: <ht-
tps://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=2344>. Acesso em: 23/05/2020.
19
19