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Ergonomia

e Segurança
do Trabalho
Fisioterapia e Ergonomia na Saúde do Trabalhador

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Danilo Cândido Bulgo

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Fisioterapia e Ergonomia
na Saúde do Trabalhador

• Introdução;
• Programa 5S.


OBJETIVOS

DE APRENDIZADO
• Evidenciar o papel do fisioterapeuta no que tange à saúde do trabalhador e às doenças
relacionadas ao espaço laboral;
• Conhecer o Programa 5S, o Censo de Ergonomia e o Questionário Nórdico de
Sintomas Osteomusculares.
UNIDADE Fisioterapia e Ergonomia na Saúde do Trabalhador

Introdução
Durante a disciplina de Ergonomia e Saúde do Trabalhador, diversos conceitos
foram apresentados, porém agora vamos aprofundar os conceitos e a importância
do fisioterapeuta do trabalho, também conhecido como fisioterapeuta ergonomista.

O Decreto-lei nº 938, de 13 de outubro de 1969, aponta que o Fisioterapeuta


é um profissional da área da saúde responsável pela execução de métodos e téc-
nicas fisioterapêuticas, com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a
capacidade física do paciente (BRASIL, 2001).
Desse modo, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
(COFFITO) destaca que:
A Fisioterapia é uma ciência da saúde que estuda, previne e trata os dis-
túrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo
humano, gerados por alterações genéticas, por traumas e por doenças ad-
quiridas. Fundamenta suas ações em mecanismos terapêuticos próprios,
sistematizados pelos estudos da biologia, das ciências morfológicas, fisio-
lógicas, patológicas, bioquímicas, biofísicas, biomecânicas, cinesioterápi-
cas, além das disciplinas sociais e comportamentais. (COFFITO, 2009)

Assim, a fisioterapia amplia sua gama de atendimentos em diversas áreas do cam-


po da saúde, muitas já consolidadas, como neurologia, área hospitalar, traumatologia
e ortopedia, etc. Em meados de 1998, fisioterapeutas atuantes na área da saúde do
trabalhador se mobilizaram para criar a Associação Nacional de Fisioterapia do Tra-
balho, visando organizar e normatizar essa área em grande crescimento no Brasil.
Em 2003, o Coffito publicou a Resolução 259/03, que reconhece a área de atuação
da Fisioterapia do Trabalho, dando referência aos procedimentos em saúde do traba-
lhador do profissional fisioterapeuta (BAÚ, KLEIN, 2009).
A partir desse momento, outros profissionais se reuniram em prol desse objetivo,
realizando em 2006, durante o II Congresso Brasileiro de Fisioterapia do Trabalho
(FISIOTRAB), em Curitiba/PR, a criação da Associação Brasileira de Fisioterapia
do Trabalho (ABRAFIT), entidade exclusiva existente hoje no Brasil a representar
essa especialidade.
A especialidade em Fisioterapia do Trabalho foi reconhecida pelo Conselho Fe-
deral de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) pela Resolução COFFITO
n.º 351, de 13 de junho de 2008, garantindo, assim, o direito dos fisioterapeutas de
exercerem tal especialidade.

Leia mais sobre a Resolução que reconhece a Fisioterapia do Trabalho como especialidade
fisioterapêutica, disponível em: https://bit.ly/2QF1Rv7

Com o objetivo de aumentar e melhorar a qualidade de vida e o desempenho do


trabalhador, a fisioterapia do trabalho se desenvolveu como um ramo da fisioterapia,

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frente às necessidades de acompanhamento do crescimento das tarefas, abordando
aspectos como ergonomia, biomecânica e outras ciências (BAÚ, 2002).

O fisioterapeuta ergonomista avalia, previne e trata lesões decorrentes das ati-


vidades realizadas nos ambientes laborais, além de realizar o estudo ergonômico
junto ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Tra-
balho (SESMT), trabalha na atenção primária com palestras de conscientização
e também em treinamentos preventivos de doenças relacionadas ao trabalho;
ademais, realiza avaliação postural e análise das tarefas nos postos de trabalho,
desenvolve programas de ginástica laboral e é responsável pelos tratamentos
fisioterápicos com a utilização de todos os recursos fisioterapêuticos disponíveis,
com um ambulatório dentro da própria empresa (KLEINOWSKI, 2010).

Importante!
O Ministério do Trabalho (MTE), por meio da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO),
especifica e detalha suas práticas comprovadas nessa área, distinguindo áreas de ativi-
dade, competências pessoais e recursos de trabalho, destacando que o especialista fi-
sioterapeuta do trabalho executa: avaliação dos trabalhadores; estabelece o diagnóstico
fisioterapêutico; planeja estratégias de intervenção; implementa ações de intervenção;
educa em saúde; gerencia serviços de saúde; executa atividades técnico-científicas; tra-
balha com segurança, entre outras atividades (BAÚ, 2002).

Figura 1 – Fisioterapia e ergonomia


Fonte: Getty Images

Nos dias atuais, a sociedade, dinâmica e voltada aos aspectos sociais, culturais
laborais e educacionais, faz com que o trabalhador trabalhe com uma carga horá-
ria mínima de 8 horas de jornada diárias, desempenhando diferentes atividades,
tornando-se necessário que o ambiente de trabalho seja adequado para minimizar e
até eliminar os riscos que possam provocar acidentes e alterações à saúde.

Uma das áreas mais atuantes do fisioterapeuta do trabalho dentro do contexto


laboral é no enfrentamento da redução de lesões por esforços repetitivos (LER)
ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), que se têm

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constituído em grande problema da saúde pública nos países industrializados, sendo


consideradas como uma síndrome relacionada ao trabalho, caracterizada pela ocor-
rência de vários sintomas concomitantes ou não, geralmente localizada nos membros
superiores (BRASIL, 2003).

A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) do Ministério do Trabalho e Em-


prego (MTE) define, ainda, o fisioterapeuta como Cinesiólogo Fisioterapeuta e des-
creve que este profissional atende pacientes e clientes para prevenção, habilitação e
reabilitação, realiza diagnóstico específico, desenvolvendo programas de prevenção,
promoção de saúde e qualidade de vida. A aplicação dos princípios de ergonomia
pode propiciar uma interação adequada e confortável do ser humano com os objetos
que maneja e com o ambiente de trabalho, aumentando, assim, o seu desempenho.

Veja na prática a atuação de um fisioterapeuta do trabalho no vídeo


disponível em: https://youtu.be/QleQ1lqtZeU

Os riscos ergonômicos na saúde do trabalhador são provenientes de movimenta-


ção e posturas inadequadas, transporte de equipamentos pesados e, em atividades
de organização e assistência, trocas de turnos e trabalhos noturnos. Essas ações
podem causar à saúde dos trabalhadores problemas de postura, fadiga, hérnias, fra-
turas, torções, contusões, lombalgias e varizes.

De acordo com Ilda (2005) a ergonomia estuda as várias aparências do comportamento


humano e do posto de trabalho, são eles: homem, máquina, ambiente, informação,
organização e consequências das atividades.

Figura 2 – Má postura nos espaços laborais


Fonte: Getty Images

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Dessa maneira, as principais atividades realizadas por um fisioterapeuta dentro do
ambiente de trabalho são:
• Prevenir desconforto ou queixas musculoesqueléticas nas atividades laborais;
• Estudar a ergonometria do trabalho, junto à equipe de saúde e segurança
do trabalho;
• Promover palestras de conscientização, capacitação e treinamento preventivo
de doenças ocupacionais de trabalho;
• Realizar orientações posturais e ergonômicas aos trabalhadores (dentro e fora
do ambiente de trabalho e durante a execução de suas atividades ocupacionais);
• Avaliar a postura e analisar a biomecânica das tarefas nos postos de trabalho,
promovendo a adequação do posto e das posturas para um melhor desempenho;
• Desenvolver programas de ginástica laboral;
• Realizar o tratamento das patologias ou das queixas musculoesqueléticas dos
trabalhadores, dentro ou fora da empresa.

Após conceituar alguns aspectos importantes acerca do fisioterapeuta do traba-


lho, a seguir iremos identificar alguns métodos utilizados na rotina desse profissional.
Vamos lá?

Programa 5S
O 5S teve seu início na década de 1950, no Japão. Após a Segunda Guerra Mun-
dial, o país estava arrasado, necessitando de reconstrução e transformação. A nação
necessitava, então, adotar padrões da “Qualidade Total” para o desenvolvimento
eficaz e eficiente. Já no cenário brasileiro, sua origem foi em meados da década de
1990 e tem sido de grande relevância para o ambiente de qualidade.

Esse programa se destaca por ser uma ferramenta de origem japonesa utilizada
para obtenção da qualidade em diversos ambientes, inclusive nos postos de traba-
lho. Nesses ambientes em particular, o programa permite promover a disciplina e
o senso de responsabilidade do trabalhador com os seus objetos de trabalho. Além
disso, a consciência de estar executando as atividades sem desperdícios, usando,
assim, o seu senso de utilização. Portanto, mais do que buscar a qualidade em am-
bientes, busca desenvolvê-la nas pessoas (GODOY, BELINAZO, PEDRAZZI, 2001).
Para Martins (1996, p. 22), “[...] aqueles que tiverem do 5S apenas uma visão
restrita, ligada a arrumação e a limpeza, é preciso que fique claro: o que importa é o
ambiente de qualidade, no qual as pessoas tenham senso de qualidade”.

Desse modo, faz-se necessário compreender os cinco sensos que dão nome ao Pro-
grama 5S, cuja origem está relacionada com as palavras japonesas seiri, seiton, seiso,
seiketsu, shitsuke. Em português, são conhecidos como: senso de utilização, senso
de organização, senso de limpeza, senso de saúde e senso de autodisciplina.

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O Programa 5S é muito interessante no espaço laboral, amplie seu conhecimento assistindo ao


vídeo disponível em: https://youtu.be/ZaS__xBWif4

Programa 5S

1. SEIRI 1. SEITON 1. SEISO 1. SEIKETSU 1. SHITSUKE


Senso de Autodisciplina
Senso de Utilização Senso de Ordenação Senso de Limpeza Senso de Padronização
Manter um ambiente de
Ter só o necessário, na Um lugar para cada coisa, Limpar é inspecionar e Crie processos e sistemas
trabalho estável é
quantidade certa cada coisa em seu lugar tornar problemas visíveis para manter e melhorar
melhorar continuamente

Figura 3 – Programa 5S: conceitos

Vamos conhecer o significado dos 5S?


Nakagawa (2012) destaca os seguintes aspectos:
• SEIRI – senso de utilização: esse “S” diz respeito à utilização mais eficiente dos
recursos disponíveis, seja com relação aos materiais necessários para a produção,
seja quanto ao aproveitamento do ambiente físico, buscando evitar o desperdício
e a permanência de materiais desnecessários no espaço de produção;
• SEITON – senso de organização: esse princípio visa estabelecer uma ordem
no processo de produção, de modo que cada elemento tenha o seu lugar e fun-
ção a desempenhar. Portanto, é crucial estabelecer uma organização capaz de
facilitar as atividades de produção;
• SEISO – senso de limpeza: tal senso dirige a atenção aos aspectos pessoais,
bem como àqueles inerentes ao ambiente e processo de trabalho. O tema da
limpeza se relaciona diretamente com a saúde e bem-estar dos trabalhadores,
por isso é essencial a ideia de cooperação nesse ponto;
• SEIKETSU – senso de normalização: para o bom funcionamento da empresa e
melhor desempenho na produtividade, é preciso implantar valores e normas a serem
internalizados e, então, observados por todos os colaboradores. Aliás, a NR 1, nos
itens 1.7, letra “a”, e 1.8, letra “a”, deixa claro que a empresa pode criar regulamentos
sobre segurança do trabalho na empresa, mas isso é assunto para outro artigo;
• SHITSUKE – senso de disciplina: por fim, esse princípio visa garantir a apli-
cação de todo o sistema, uma vez que valoriza a atenção e autogestão por parte
dos funcionários. O senso de disciplina permite um monitoramento mais eficaz
e garante o funcionamento da metodologia e seus impactos na gestão.

Como implementar o Programa 5S na empresa?


1. Escolha um departamento para começar o programa: O 5s requer a
utilização de recursos. Assim, é interessante ampliar a atenção no setor
onde o retorno será mais ágil e visível;
2. Faça a implantação por etapas: Cada “S” deve ser implantado no seu
devido tempo, bem como a duração de cada etapa, devendo ser o sufi-

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ciente para que as pessoas envolvidas absorvam os conceitos e comecem
a adotar os mesmos como rotina de trabalho. A aplicação de avaliações
periódicas e utilização de quadros de gestão à vista ajudam a avaliar se a
metodologia está sendo absorvida pela organização de forma adequada;
3. Treinamentos, palestras e cursos: Proporcione palestras, cursos e trei-
namentos para todos os funcionários, desde aqueles que estão no chão
de fábrica até gerentes e diretore;
4. Equipes multidisciplinares: Elabore equipes multidisciplinares e insira-
-as em diferentes setores. Estas equipes irão mapear os problemas, os
desperdícios e os riscos, criando planos de ação e procedimentos para
manter a ferramenta em um ciclo de melhoria contínua;
5. Seja consistente e realista: Tire fotos do novo padrão estabelecido,
crie rotinas de limpeza, organização e principalmente: seja consistente
e realista quanto às metas e padrões estabelecidos. Cada organização
funciona de uma maneira diferente e é fundamental que os conceitos
aplicados sejam adequados à forma de trabalho.

Vale ressaltar que a implementação dessa metodologia não acontece de uma


hora para outra. Assim, o gestor e a equipe multidisciplinar irão juntos definir o
conjunto de processos que deverão acontecer, bem como sua periodicidade. Nes-
se tipo de programa, é interessante formar um comitê que garanta a continuidade
do projeto. Após a conclusão da sua implementação, deve sempre existir manu-
tenção, de modo a não haver regressão nos valores adquiridos.

E quais são os benefícios do Programa 5S?


• Elevação da produtividade pela redução da perda de tempo procurando
por objetos;
• Redução de gastos e melhor aproveitamento de materiais;
• Melhoria da qualidade de produtos e serviços;
• Redução de acidentes do trabalho.
• Maior satisfação das pessoas com o ambiente de trabalho e com o cargo exercido.

Após conhecer o Programa 5S, que é um dos métodos utilizados, vamos identi-
ficar dois aspectos bastante utilizados no cenário ergonômico: o Censo de Ergono-
mia e o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares.

O Censo de Ergonomia ou Ergonômico é uma ferramenta elaborada em forma


de questionário, por meio da qual o trabalhador expressa sua percepção a respeito
do posto de trabalho e da atividade que exerce na empresa. Os principais objetivos
desta ferramenta são:
• Investigar os principais tipos de desconforto relacionados ao trabalho (fadiga,
choque, formigamento, dor, etc.);
• Classificar a intensidade (desconforto leve, moderado ou intenso) e relacioná-la
ou não com o trabalho;

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• Obter dos trabalhadores sua visão sobre possíveis melhorias nas condições
de trabalho;
• Identificar situações de trabalho causadoras de lesões ou afastamentos relacio-
nados à condição de ergonomia do trabalho e mapear diversas áreas da empresa
quanto à prevalência de problemas ergonômicos (COUTO; CARDOSO, 2001).

Importante!
Definição dos objetivos
• Detectar situações de trabalho causadoras de lesões ou afastamentos relacionados à con-
dição de ergonomia do trabalho;
• Detectar situações causadoras de dor ao executar a tarefa;
• Detectar as situações causadoras de desconforto, dificuldade e fadiga;
• Mapear diversas áreas da empresa quanto à prevalência de problemas ergonômicos;
• Obter dos trabalhadores sua visão sobre possíveis melhorias nas condições de trabalho.

Ainda de acordo com Couto e Cardoso (2001), o Censo Ergonômico é compos-


to por uma ilustração do corpo humano dividida em pescoço, braços, coluna, qua-
dril e pernas, assim o trabalhador irá destacar o local de maior desconforto e dor.
As questões estão relacionadas com cada área anatômica e auxiliam na identificação
de possíveis dores ou desconfortos que esses trabalhadores sentem (nos últimos seis
meses ou em menos tempo, e se a dor/desconforto é atual).

A seguir, você poderá visualizar o questionário Censo Ergonômico.


Disponível em: https://bit.ly/3h4X7dv

A aplicação do questionário possui características importantes, como o sigilo pro-


fissional, sendo passado esse compromisso ao trabalhador, antes de o mesmo pre-
encher o documento. Deve existir uma postura crítica do responsável pela aplicação
do censo em relação ao tipo de resposta.

Dessa maneira, é fundamental que a resposta do censo seja entregue em mãos


do profissional responsável pela aplicação, que irá olhar o resultado do mesmo e
confrontar alguns aspectos imediatamente com o trabalhador; por exemplo, quando
o trabalhador responde que sua queixa está relacionada ao trabalho, cabe ao pes-
quisador entender por que e avaliar criticamente a consistência da resposta, fazendo
alguma modificação que julgar necessário.

Como guia prático, quando o trabalhador informa que seu desconforto está rela-
cionado ao trabalho, ele deverá ser questionado sobre alguma sugestão de melhoria.
É interessante esse questionário, pois o profissional está diretamente ligado aos fun-
cionários, e perceber as falas advindas dos trabalhadores pode fortalecer o vínculo
nos espaços laborais.

A seguir, vamos conhecer o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares.

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O Nordic Musculoskeletal Questionnaire, traduzido para o português como
Questionário Nórdico Osteomuscular, foi elaborado com a proposta de realizar a
padronização e a mensuração de relato de sintomas osteomusculares e, assim, auxiliar
na comparação dos resultados. Vale ressaltar que esse questionário é uma ferramenta
que visa à identificação de distúrbios osteomusculares e, como tal, pode constituir
importante instrumento de diagnóstico do ambiente ou do posto de trabalho.
Apesar das limitações que podem ocorrer em qualquer aplicação de instrumentos
de autoavaliação, a simplicidade e os bons índices de confiabilidade do questionário
nórdico osteomuscular indicam-no para utilização em investigações epidemiológi-
cas e estudos que busquem mensurar a incidência dos sintomas osteomusculares nos
espaços laborais (PINHEIRO, TRÓCCOLI, CARVALHO, 2002).
Sua aplicação é bem fácil e rápida, visto que o trabalhador deve relatar a ocorrência
dos possíveis sintomas, considerando os 12 meses e os sete dias precedentes à entrevista,
bem como relatar a ocorrência de afastamento das atividades rotineiras no último ano.
Para facilitar a aplicação, o instrumento é composto pela vista posterior de uma figura
do corpo humano, dividida em nove regiões anatômicas, são elas: as regiões dos membros,
pescoço, ombros, parte superior e inferior das costas, cotovelos, punhos/mãos, quadril/
coxas, joelhos e tornozelos/pés. O trabalhador entrevistado responderá sobre a presença
de dor musculoesquelética em alguma das nove áreas anatômicas, sobre o impedimento
para realizar atividades normais e sobre a necessidade de consulta por um profissional da
área de saúde, assinalando com um X as opções de resposta: Sim ou Não.
Observe o questionário a seguir:

Figura 4
Fonte: biblioteca.asav.org

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Figura 5
Fonte: biblioteca.asav.org

Assim, pode-se observar, ao se inserir uma boa prática de investigação na


saúde do trabalhador, que um mau dimensionamento do posto de trabalho
pode se tornar um forte facilitador para o surgimento de patologias, mesmo
que o funcionário não tenha longas jornadas de trabalho.

Por esse motivo, o fisioterapeuta, integrado nas organizações, pode desenvolver


ações e estratégias na atenção primária, secundária e terciária, a fim de promover
a saúde do trabalhador e, consequentemente, elevar os índices de qualidade de vida
nos espaços laborais.

Em Síntese
Vale destacar que existem diferentes ferramentas que são utilizadas na prática que in-
vestiga a saúde do trabalhador, é essencial que a atuação nessa área da fisioterapia seja
aperfeiçoada a cada dia.
Essas foram três maneiras de contextualizar a área!
Caso queira ampliar seus conhecimentos, estude o Método Owas e o Método Rulas, que
se destacam na área da fisioterapia na saúde do trabalhador.

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UNIDADE Fisioterapia e Ergonomia na Saúde do Trabalhador

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Leitura
Análise ergonômica do setor de prensagem para a produção de
solados em uma empresa calçadista da cidade de Franca-SP
ALMEIDA, L. B. de; BACHUR, J. A.; QUEMELO, P. R. V. Análise ergonômica do
setor de prensagem para a produção de solados em uma empresa calçadista
da cidade de Franca-SP. Investigação, 2010; 10:69-73.
https://bit.ly/3gsDxXy
Manual sobre ergonomia: em direção a uma universidade saudável
FERREIRA, N. L. et al. Manual sobre ergonomia: em direção a uma universidade
saudável. Universidade Estadual de Campinas, 2001.
https://bit.ly/34yWTIi
Design e tecnologia: uma abordagem bibliométrica no periódico Design Studies
PASCHOARELLI, L. C.; MIRA, F.; LAGO, L.; ANGELO, J. C. de. Design e
tecnologia: uma abordagem bibliométrica no periódico Design Studies. Logo, v.
6, n. 1, 2017.
https://bit.ly/3aTa202
NR17 – Ergonomia
https://bit.ly/2Yx6TOz

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Referências
BAÚ, L. M. S.; KLEIN, A. A. O reconhecimento da especialidade em fisioterapia
do trabalho pelo COFFITO e Ministério do Trabalho/CBO: uma conquista para
a fisioterapia e a saúde do trabalhador. Brazilian Journal of Physical Therapy,
v. 13, n. 2, p. V-VI, 2009.
________. Fisioterapia do trabalho: ergonomia, legislação, reabilitação. Curitiba: Ed.
Clãdosilva, 2002.
BIFF, P. Avaliação da capacidade funcional e prevalência de sintomas osteomus-
culares em trabalhadores de uma indústria de materiais elétricos de Caxias do Sul,
RS. 2006.
BRASIL. Ministério de Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de pro-
cedimentos para os serviços de saúde. Brasília, DF; 2001.
________. Instrução Normativa INSS/DC nº 98, de 05 de dezembro de 2003.
Anexo – Seção I. Atualização clínica das Lesões por Esforços Repetitivos (LER). Dis-
túrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). Disponível em: <https://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ler_dort.pdf>. Acesso em: 23/05/2020.
CAVALCANTE, N. J. F.; MONTEIRO, A. L. C.; BARBIERI, D. D. Atualidades em
DST/AIDS: biossegurança. São Paulo: Programa de DST. AIDS, 2003.
COUTO, H. A. Gerenciando a LER e os DORT nos tempos atuais. Belo Horizonte:
ERGO Editora, 2007.
________; CARDOSO, O. S. Censo de ergonomia: questionário. 2001.
________. Como instituir a ergonomia na empresa. Belo Horizonte: Ergo
Editora, 2011.
GODOY, L. P.; BELINAZO, D. P.; PEDRAZZI, F. K. Gestão da qualidade total e as
contribuições do programa 5S. XXI ENEGEP, 2201, p. 21.
MARTINS, D. S. O ambiente da qualidade. Belo Horizonte: Littera Maciel. Funda-
ção Christiano Ottoni, 1996.
NAKAGAWA, M. FERRAMENTA: 5S para empreendedores. Disponível em:
<http://cms-empreenda.s3.amazonaws.com/empreenda/files_static/arqui-
vos/2012/08/21/ME_5S.PDF>. Acesso: 23/05/2020.
PINHEIRO, F. A., TRÓCCOLI, B. T.; CARVALHO, C. V. Validação do Ques-
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Site Visitado
CONSELHO Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Disponível em: <ht-
tps://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=2344>. Acesso em: 23/05/2020.

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