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NOME DA FACULDADE

NOME DO ALUNO

PROGRAMA DE INTERVENÇÃO ERGONÔMICA

CIDADE
2023
1

1. INTORUDÇÃO

As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares


Relacionados ao Trabalho (DORT) constituem uma categoria de problemas de
saúde ocupacional que têm se tornado cada vez mais prevalentes em diversos
setores profissionais. Estas condições estão intrinsecamente ligadas às demandas
específicas do ambiente de trabalho e às atividades laborais realizadas diariamente.
Ikari (2007) enfatiza que as LER/DORT resultam, muitas vezes, da inadequação
entre as características individuais do trabalhador e as exigências do trabalho.
Fatores como repetitividade, posturas inadequadas, esforços intensos e vibrações
constantes podem contribuir para o surgimento dessas lesões. Nesse contexto, a
análise ergonômica se torna essencial, visando ajustar o ambiente de trabalho às
necessidades físicas e biomecânicas do indivíduo, prevenindo assim o
desenvolvimento dessas condições.
Augusto (2008) acrescenta que as LER/DORT não são exclusivas de um
setor específico, afetando trabalhadores em diversas atividades, desde escritórios
até ambientes industriais. Ele destaca a importância da educação e conscientização
dos trabalhadores sobre práticas ergonômicas, ressaltando que o conhecimento
sobre posturas adequadas e pausas para descanso pode desempenhar um papel
significativo na prevenção dessas patologias.
Ambos os autores concordam que a intervenção ergonômica é crucial para
combater as LER/DORT, sendo necessário um esforço conjunto entre
empregadores e colaboradores para promover ambientes de trabalho saudáveis. A
personalização das intervenções, considerando as características individuais de
cada trabalhador, é um elemento essencial na abordagem preventiva desses
distúrbios.
Portanto, a contextualização das LER/DORT, à luz das contribuições de Ikari
(2007) e Augusto (2008), reforça a necessidade urgente de implementação de
estratégias ergonômicas nos ambientes laborais, visando a promoção da saúde
ocupacional e a prevenção dessas condições que impactam negativamente a
qualidade de vida dos trabalhadores.
A ergonomia desempenha um papel fundamental na promoção da saúde e
bem-estar dos trabalhadores, especialmente em ambientes laborais que demandam
esforços físicos e mentais significativos, como é o caso dos profissionais militares.
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Este programa de intervenção ergonômica é elaborado em resposta ao caso clínico


de AIR, um major do exército brasileiro com 37 anos de idade, que enfrenta desafios
consideráveis relacionados à sua saúde ocupacional.
AIR, com uma carreira de mais de 15 anos no exército, desempenha suas
funções na oficina desde maio de 2019, onde, predominantemente, utiliza um
notebook, assina documentos e supervisiona as atividades dos demais soldados.
Recentemente, AIR foi diagnosticado com osteoartrite no joelho direito e apresenta
sinais iniciais de artrite reumatoide nos punhos. Essas condições, juntamente com a
dificuldade de realizar a ginástica laboral oferecida, ressaltam a necessidade urgente
de uma intervenção ergonômica adaptada às suas condições físicas e à natureza
específica de suas atividades laborais.
O ambiente de trabalho de AIR também apresenta desafios adicionais, como
a falta de ventilação adequada e o uso de mobiliário que não atende às suas
necessidades ergonômicas. Este programa visa abordar esses elementos,
proporcionando uma transformação no espaço laboral para melhorar não apenas a
eficiência no trabalho, mas também a qualidade de vida do profissional militar.
Ao analisar a complexidade do caso de AIR, reconhecemos a importância não
apenas de corrigir fatores ergonômicos específicos, mas também de personalizar as
intervenções para se adaptarem à sua condição médica e limitações físicas. O
objetivo é promover um ambiente de trabalho que favoreça a saúde, prevenindo
complicações futuras e permitindo que AIR continue desempenhando suas funções
com o máximo de conforto e eficácia possível.

2 PRINCÍPIOS BIOMECÂNICOS

Os Princípios Biomecânicos desempenham um papel fundamental na


compreensão das interações entre o corpo humano e as forças aplicadas a ele,
sendo essenciais na análise e na intervenção ergonômica para prevenir lesões e
promover o bem-estar. Oliveira (2012) destaca a importância de compreender a
biomecânica para avaliar as demandas físicas impostas pelas atividades laborais.
Ele enfatiza que a análise biomecânica permite identificar as posturas inadequadas,
movimentos repetitivos prejudiciais e cargas excessivas sobre articulações
específicas. Ao compreender esses aspectos, é possível propor intervenções
ergonômicas que minimizem o risco de lesões musculoesqueléticas.
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Kessler (2004), por sua vez, explora a relação entre os princípios


biomecânicos e a concepção de dispositivos, ferramentas e mobiliário no ambiente
de trabalho. Ele ressalta que o design ergonômico deve levar em consideração as
características biomecânicas dos usuários, garantindo que as ferramentas e
equipamentos favoreçam posturas naturais e minimizem o estresse físico. A
aplicação desses princípios no design contribui para a prevenção de lesões e o
aumento da eficiência no trabalho.
Ambos os autores convergem para a ideia de que os Princípios Biomecânicos
devem ser considerados de maneira holística na abordagem ergonômica. A
compreensão da mecânica do corpo humano, aliada à análise detalhada das tarefas
laborais, permite a identificação de pontos críticos que podem ser melhorados para
otimizar a segurança e o conforto no ambiente de trabalho.
Assim, a integração dos Princípios Biomecânicos, conforme discutido por
Oliveira (2012), representa uma base sólida para a formulação de estratégias
ergonômicas personalizadas, visando não apenas a prevenção de lesões, mas
também a promoção de ambientes de trabalho que respeitem a biomecânica natural
do corpo humano.

2.1 Ergonomia Cognitiva, Física e Organizacional

A Ergonomia, enquanto disciplina multidisciplinar, abrange diferentes


dimensões para melhor compreender e otimizar as interações entre os trabalhadores
e seus ambientes laborais. As abordagens cognitiva, física e organizacional da
ergonomia são fundamentais para promover ambientes de trabalho saudáveis e
eficientes. Abrantes (2011) destaca a importância da Ergonomia Cognitiva, que se
concentra na análise das atividades mentais, como percepção, atenção, memória e
raciocínio, durante a execução de tarefas. A autora ressalta a necessidade de
projetar interfaces, procedimentos e sistemas que considerem as capacidades
cognitivas dos usuários. Isso é crucial para minimizar erros, reduzir a carga mental e
promover uma melhor experiência de trabalho.
Na dimensão física da ergonomia, Riascos (2021) explora a relação entre o
corpo humano e as tarefas físicas realizadas no ambiente de trabalho. Ele destaca a
importância de ajustar a altura de mesas, cadeiras e ferramentas, considerando as
características antropométricas dos trabalhadores. Além disso, aborda a prevenção
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de lesões musculoesqueléticas por meio da análise biomecânica das atividades


laborais. A Ergonomia Física visa otimizar posturas, movimentos e esforços físicos,
contribuindo para a saúde e o conforto dos trabalhadores.
Abrantes (2011) e Riascos (2021) também convergem na importância da
Ergonomia Organizacional, que se preocupa com a estrutura e gestão dos sistemas
de trabalho. Abrantes destaca a necessidade de considerar fatores como liderança,
comunicação e cultura organizacional. Riascos, por sua vez, ressalta a importância
da organização do trabalho, políticas de saúde ocupacional e o impacto das
condições organizacionais na produtividade e no bem-estar dos trabalhadores.
As perspectivas apresentadas por Abrantes (2011) enfatizam a importância
de uma abordagem holística da ergonomia, considerando tanto os aspectos
cognitivos quanto os físicos e organizacionais. Essa abordagem integrada visa criar
ambientes de trabalho que não apenas minimizem os riscos de lesões e erros, mas
também promovam o bem-estar, a eficiência e a satisfação no trabalho.

2.2 Cinesioterapia Laboral

A Cinesioterapia Laboral, ou ginástica laboral, representa uma importante


estratégia para promover a saúde e prevenir lesões relacionadas ao trabalho.
Iackstet (2018): O autor destaca a Cinesioterapia Laboral como uma abordagem que
visa promover a saúde física e mental dos trabalhadores por meio de exercícios
específicos realizados no ambiente de trabalho. Iackstet ressalta a importância de
adaptar os exercícios às demandas do trabalho e às características individuais dos
trabalhadores. A Cinesioterapia Laboral não se limita apenas a exercícios físicos,
mas também incorpora técnicas de relaxamento e conscientização postural.
Figueira (2014): O autor enfatiza que a Cinesioterapia Laboral deve ser
compreendida como uma estratégia de promoção da saúde e prevenção de
distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho. Ele destaca a necessidade
de integração da ginástica laboral na rotina diária, enfatizando a regularidade e a
participação ativa dos trabalhadores. A prática contínua da Cinesioterapia Laboral
não apenas contribui para a prevenção de Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e
Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), mas também
melhora a qualidade de vida dos trabalhadores, reduz o estresse, promove a
integração entre os colegas de trabalho e aumenta a produtividade.
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Ambos os autores convergem na importância da Cinesioterapia Laboral como


uma ferramenta eficaz na promoção da saúde ocupacional. Essa prática não apenas
contribui para a prevenção de Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), mas também melhora a
qualidade de vida dos trabalhadores, reduz o estresse, promove a integração entre
os colegas de trabalho e aumenta a produtividade.
Em síntese, a Cinesioterapia Laboral, conforme abordada por Iackstet (2018)
e Figueira (2014), representa uma abordagem abrangente e integradora para a
promoção da saúde no ambiente de trabalho. A incorporação regular dessas
práticas pode contribuir significativamente para a prevenção de problemas de saúde
relacionados ao trabalho e para a criação de um ambiente laboral mais saudável e
produtivo.

2.3 Osteoartrite e artrite reumatoide

A osteoartrite e a artrite reumatoide são duas condições crônicas e


debilitantes que afetam o sistema musculoesquelético, impondo desafios
significativos à qualidade de vida dos indivíduos. Este texto busca contextualizar
essas doenças, explorando suas características distintas, fatores de risco,
manifestações clínicas e abordagens terapêuticas. A osteoartrite é uma condição
degenerativa das articulações que resulta do desgaste progressivo da cartilagem
articular. Oliveira (2012) destaca que essa patologia, frequentemente associada ao
envelhecimento, caracteriza-se pela perda gradual da cartilagem que reveste as
extremidades dos ossos, levando a dor, rigidez e limitações de movimento. Aspectos
biomecânicos são cruciais na compreensão da osteoartrite, visto que desequilíbrios
nas forças exercidas sobre as articulações contribuem para seu desenvolvimento.
Laurindo (2004) acrescenta que fatores como predisposição genética, trauma
articular e obesidade desempenham papéis significativos como gatilhos para a
osteoartrite. A inflamação articular está presente, mas não é o foco primário,
diferenciando a osteoartrite de outras doenças reumáticas, como a artrite
reumatoide. Tratamentos visam aliviar sintomas, preservar a função articular e
melhorar a qualidade de vida, muitas vezes envolvendo medidas farmacológicas e
não farmacológicas.
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A artrite reumatoide, por outro lado, é uma doença autoimune sistêmica que
afeta principalmente as articulações, mas também pode ter impactos em órgãos
internos. Oliveira (2012) destaca que, ao contrário da osteoartrite, a artrite
reumatoide é caracterizada por uma resposta imunológica anormal que ataca as
próprias articulações, causando inflamação persistente, dor e eventual deformidade.
Laurindo (2004) complementa, ressaltando que a artrite reumatoide é mais
comum em mulheres e geralmente se manifesta entre a terceira e quarta décadas
de vida. Fatores genéticos e ambientais desempenham papéis complexos na
predisposição à doença. A inflamação crônica resultante da ativação do sistema
imunológico leva à destruição progressiva das articulações, com impactos
significativos na funcionalidade e na qualidade de vida dos pacientes.
Oliveira (2012) oferece uma perspectiva de comparação entre osteoartrite e
artrite reumatoide. A osteoartrite, uma doença degenerativa mecânica, é mais
prevalente e frequentemente relacionada ao envelhecimento e à carga excessiva
nas articulações. Em contraste, a artrite reumatoide, de natureza autoimune, pode
afetar indivíduos mais jovens e está associada a fatores genéticos e ambientais.
Laurindo (2004) destaca que a abordagem terapêutica da artrite reumatoide é
mais desafiadora, muitas vezes envolvendo medicamentos imunossupressores para
controlar a resposta autoimune. Na osteoartrite, os tratamentos visam principalmente
aliviar a dor e melhorar a função articular, muitas vezes envolvendo analgésicos e
terapias físicas.
No cenário terapêutico, Oliveira (2012) e Laurindo (2004) convergem na
importância do tratamento multidisciplinar para ambas as condições. Terapias
físicas, incluindo fisioterapia e exercícios específicos, desempenham um papel
crucial na gestão da osteoartrite, ajudando a melhorar a amplitude de movimento e
fortalecer a musculatura circundante. Para a artrite reumatoide, além de
medicamentos imunossupressores, a fisioterapia também é empregada para manter
a função articular e prevenir deformidades.
Perspectivas futuras destacam avanços em terapias personalizadas, visando
tratar as causas subjacentes das doenças, seja por meio de terapias genéticas ou
medicamentos mais específicos. A compreensão crescente da genética e da
imunologia abrirá portas para intervenções mais direcionadas e eficazes.
Em síntese, a osteoartrite e a artrite reumatoide são entidades distintas,
exigindo abordagens específicas. A contextualização proporcionada por Oliveira
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(2012) destaca a complexidade dessas condições, destacando a importância da


pesquisa contínua, diagnóstico precoce e intervenções terapêuticas personalizadas
para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados.

PROGRAMA DE INTERVENÇÃO ERGONÔMICA PARA AIR - MAJOR DO


EXÉRCITO

1. Avaliação Inicial:

Entrevista detalhada com AIR para entender suas atividades diárias, histórico
médico, sintomas e limitações.
Avaliação ergonômica do ambiente de trabalho, incluindo mobiliário,
iluminação e ventilação.

2. Objetivos:

Reduzir a dor nas mãos e joelhos de AIR.


Prevenir o agravamento das condições de osteoartrite e artrite reumatoide.
Melhorar a ergonomia do ambiente de trabalho na oficina.
Adaptar a rotina de ginástica laboral às condições físicas específicas de AIR.
Promover a conscientização sobre práticas ergonômicas entre os
colaboradores.

3. Princípios Biomecânicos:

Análise detalhada das atividades laborais de AIR, aplicando os princípios


biomecânicos para identificar movimentos e posturas prejudiciais.
Recomendações para ajustes ergonômicos baseados nos princípios
biomecânicos, visando otimizar a biomecânica do corpo durante as tarefas.

4. Análise Ergonômica do Ambiente de Trabalho:

Avaliar a disposição da mesa, cadeira e demais elementos do posto de


trabalho.
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Propor ajustes ergonômicos, como a escolha de uma cadeira adequada,


instalação de apoios para os punhos e adequação da altura da mesa.
Melhorar a ventilação no ambiente, considerando a instalação de ventiladores
ou a revisão do sistema de climatização.

5. Criação de Estações de Trabalho Personalizadas:

Adaptação do mobiliário para criar estações de trabalho personalizadas,


levando em consideração a altura da mesa, a posição da cadeira e a ergonomia do
notebook.
Introdução de suportes ergonômicos para dispositivos eletrônicos, garantindo
uma postura mais adequada durante o uso.

6. Treinamento em Postura e Movimentação Adequadas:

Sessões de treinamento individualizadas para AIR, focando em posturas


corretas durante suas atividades laborais.
Incentivo à conscientização postural contínua para reduzir o estresse nas
articulações afetadas.

7. Introdução de Pausas Ativas:

Desenvolvimento de um cronograma de pausas ativas, adaptado à rotina de


trabalho de AIR, visando prevenir a fadiga muscular e promover a circulação
sanguínea.
Inclusão de exercícios específicos para as mãos, joelhos e punhos,
considerando suas condições médicas.

8. Adequação da Rotina de Ginástica Laboral:

Personalizar os exercícios da ginástica laboral de acordo com as limitações


de AIR, focando em movimentos que não agravem suas condições de saúde.
Introduzir exercícios específicos para fortalecimento dos punhos e joelhos.
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Oferecer sessões de alongamento e relaxamento para reduzir a tensão


muscular.

9. Acompanhamento Médico:

Estabelecer um acompanhamento médico regular para monitorar a evolução


das condições de osteoartrite e artrite reumatoide.
Garantir que AIR tenha acesso a tratamento adequado, incluindo
medicamentos e terapias físicas.

RESULTADOS ESPERADOS

O programa de intervenção ergonômica para o Major do Exército Brasileiro,


AIR, visa alcançar uma série de resultados essenciais para melhorar sua saúde
ocupacional e garantir um ambiente de trabalho mais adaptado às suas
necessidades específicas.
Em primeiro lugar, busca-se uma melhoria significativa na redução da dor nas
mãos e joelhos de AIR. Este objetivo será avaliado através de indicadores clínicos,
como escalas de intensidade da dor e relatos diretos de AIR sobre sua percepção
subjetiva de melhora. Profissionais de saúde acompanharão regularmente o
processo, ajustando intervenções conforme necessário para garantir resultados
efetivos.
Além disso, o programa visa prevenir o agravamento das condições de
osteoartrite e artrite reumatoide diagnosticadas em AIR. Isso será alcançado por
meio de um acompanhamento médico contínuo, incluindo exames laboratoriais e de
imagem, para identificar precocemente sinais de agravamento e ajustar o tratamento
conforme necessário.
A adaptação bem-sucedida da rotina de ginástica laboral de AIR é outra meta
crucial do programa. A participação ativa do Major nas sessões adaptadas às suas
condições físicas será monitorada, e ajustes regulares serão feitos com base no
feedback de AIR, garantindo que a prática seja eficaz e confortável.
Para aumentar a eficácia e o conforto no ambiente de trabalho, o programa
realizará pesquisas de satisfação dos colaboradores, incluindo AIR, para avaliar o
impacto das intervenções ergonômicas. Avaliações ergonômicas regulares serão
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conduzidas para ajustar continuamente o ambiente de trabalho às necessidades e


feedbacks dos usuários.
Finalmente, o programa buscará promover uma cultura organizacional voltada
para a saúde ocupacional e práticas ergonômicas. Treinamentos regulares,
workshops e a inclusão de critérios ergonômicos nos processos de recrutamento
contribuirão para criar uma consciência coletiva sobre a importância da saúde no
ambiente de trabalho.
A avaliação geral do programa incluirá indicadores globais de saúde e bem-
estar, como taxas de absenteísmo, acidentes relacionados ao trabalho e satisfação
geral dos colaboradores. O objetivo é criar não apenas uma melhoria nas condições
específicas de AIR, mas também estabelecer um ambiente de trabalho mais
saudável e ergonômico para todos os colaboradores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares


Relacionados ao Trabalho (DORT) têm emergido como problemas significativos em
saúde ocupacional, afetando uma variedade de setores profissionais. Essas
condições estão intrinsecamente ligadas às exigências específicas dos ambientes
de trabalho, destacando a importância de uma abordagem ergonômica para mitigar
sua prevalência.
A inadequação entre as características individuais dos trabalhadores e as
demandas do trabalho é identificada como uma das principais causas para o
desenvolvimento de LER/DORT. Fatores como repetitividade, posturas inadequadas
e esforços intensos são apontados como elementos predisponentes, enquanto
condições ambientais, como vibrações constantes, também desempenham um papel
significativo. Nesse cenário, a análise ergonômica se torna uma ferramenta
essencial, visando adaptar o ambiente de trabalho para atender às necessidades
físicas e biomecânicas dos indivíduos e, assim, prevenir o surgimento dessas
condições.
Além disso, a abrangência das LER/DORT é destacada, transcendendo
setores específicos e afetando trabalhadores em diferentes atividades laborais,
desde ambientes de escritório até setores industriais. A conscientização dos
trabalhadores sobre práticas ergonômicas é apontada como uma estratégia
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relevante na prevenção dessas patologias, realçando a importância do


conhecimento sobre posturas adequadas e a necessidade de pausas para
descanso.
A intervenção ergonômica surge como elemento crucial no enfrentamento das
LER/DORT, demandando uma abordagem colaborativa entre empregadores e
colaboradores. A personalização das intervenções, considerando as características
individuais dos trabalhadores, é um elemento essencial na abordagem preventiva
desses distúrbios.
Essa abordagem ganha uma relevância ainda maior ao considerarmos um
caso específico, como o do Major do Exército Brasileiro, AIR, diagnosticado com
osteoartrite no joelho direito e sinais iniciais de artrite reumatoide nos punhos. Sua
rotina na oficina, onde utiliza predominantemente um notebook, assina documentos
e supervisiona atividades, destaca desafios adicionais, como a falta de ventilação
adequada e o uso de mobiliário que não atende às suas necessidades ergonômicas.
O ambiente de trabalho de AIR ilustra a complexidade dessas questões,
ressaltando a importância não apenas de corrigir fatores ergonômicos específicos,
mas também de personalizar as intervenções para se adaptarem às condições
médicas e limitações físicas do trabalhador. O objetivo é promover um ambiente de
trabalho que favoreça a saúde, prevenindo complicações futuras e permitindo que
AIR continue desempenhando suas funções com o máximo de conforto e eficácia
possível.
Os Princípios Biomecânicos desempenham um papel fundamental na
compreensão das interações entre o corpo humano e as forças aplicadas a ele. A
análise biomecânica é destacada como uma ferramenta valiosa para identificar
posturas inadequadas, movimentos prejudiciais e cargas excessivas sobre
articulações específicas. Isso permite propor intervenções ergonômicas que
minimizem o risco de lesões musculoesqueléticas.
A relação entre os princípios biomecânicos e a concepção de dispositivos,
ferramentas e mobiliário no ambiente de trabalho também é explorada. O design
ergonômico é apontado como fundamental para garantir que as ferramentas e
equipamentos favoreçam posturas naturais e minimizem o estresse físico,
contribuindo assim para a prevenção de lesões e o aumento da eficiência no
trabalho.
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Essa integração dos Princípios Biomecânicos, como parte da abordagem


ergonômica, representa uma base sólida para a formulação de estratégias
personalizadas, visando não apenas a prevenção de lesões, mas também a
promoção de ambientes de trabalho que respeitem a biomecânica natural do corpo
humano.
A Ergonomia, como disciplina multidisciplinar, abrange diferentes dimensões
para compreender e otimizar as interações entre os trabalhadores e seus ambientes
laborais. As abordagens físicas e organizacionais da Ergonomia se tornam cruciais
para uma intervenção eficaz. No contexto físico, a análise ergonômica do ambiente
de trabalho, incluindo a disposição do mobiliário, iluminação e ventilação,
desempenha um papel crucial.
No caso específico de AIR, as condições ambientais, como a falta de
ventilação adequada, são identificadas como fatores contribuintes para seu
desconforto. A proposta de ajustes na disposição da oficina, introdução de
ventiladores ou revisão do sistema de climatização, destaca a importância de
considerar não apenas fatores diretamente relacionados às tarefas laborais, mas
também elementos periféricos que impactam a experiência do trabalhador.
Além disso, a adaptação do mobiliário é explorada como uma estratégia para
criar estações de trabalho personalizadas, levando em consideração a altura da
mesa, a posição da cadeira e a ergonomia do notebook. A introdução de suportes
ergonômicos para dispositivos eletrônicos visa garantir uma postura mais adequada
durante o uso, contribuindo para a prevenção de desconfortos e lesões.
A integração de pausas ativas na rotina de trabalho é uma estratégia adicional
para prevenir a fadiga muscular e promover a circulação sanguínea. Essas pausas
são customizadas para atender às necessidades específicas de AIR, incluindo
exercícios direcionados para as mãos, joelhos e punhos. Essa abordagem destaca a
importância de não apenas corrigir fatores ergonômicos no ambiente de trabalho,
mas também incorporar práticas que promovam a saúde e bem-estar contínuos dos
trabalhadores.
A adequação da rotina de ginástica laboral surge como um componente
essencial do programa de intervenção ergonômica. A personalização dos exercícios,
levando em consideração as limitações físicas de AIR, e o foco específico em
fortalecimento dos punhos e joelhos são destacados. Essas sessões não apenas
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contribuem para a prevenção de lesões, mas também promovem a conscientização


sobre a importância de cuidados preventivos entre os colaboradores.
A promoção de uma cultura organizacional que valorize a saúde ocupacional
é vital. A conscientização dos colaboradores sobre práticas ergonômicas e a
importância de cuidados preventivos são aspectos que transcendem a intervenção
direta no ambiente de trabalho. Estratégias educacionais, workshops e campanhas
informativas podem desempenhar um papel significativo na construção dessa
consciência, contribuindo para a sustentabilidade das práticas ergonômicas a longo
prazo.
O acompanhamento médico regular é uma peça fundamental do programa de
intervenção ergonômica. Estabelecer uma relação próxima entre o profissional de
ergonomia e os profissionais de saúde, garantindo que AIR tenha acesso ao
tratamento adequado, incluindo medicamentos e terapias físicas, é crucial. Isso não
apenas monitora a evolução das condições de osteoartrite e artrite reumatoide, mas
também permite ajustes contínuos nas intervenções ergonômicas com base nas
mudanças na saúde de AIR.
Em termos de resultados esperados, o programa visa alcançar uma série de
metas essenciais para melhorar a saúde ocupacional de AIR. A redução da dor nas
mãos e joelhos, a prevenção do agravamento das condições de osteoartrite e artrite
reumatoide, e a melhoria geral na ergonomia do ambiente de trabalho são objetivos
primordiais. Além disso, a adaptação da rotina de ginástica laboral às condições
específicas de AIR e a promoção da conscientização sobre práticas ergonômicas
entre os colaboradores são resultados-chave buscados.
A abordagem ergonômica proposta para o caso de AIR destaca a
complexidade e a interconexão de fatores físicos, biomecânicos, ambientais e
organizacionais que influenciam a saúde ocupacional. A personalização das
intervenções, considerando as condições médicas e as necessidades específicas do
trabalhador, emerge como uma estratégia fundamental para o sucesso do programa.
Ao adotar uma perspectiva multidisciplinar, integrando princípios
biomecânicos, análise ergonômica do ambiente de trabalho e educação dos
colaboradores, o programa se propõe a criar um ambiente de trabalho que não
apenas evite lesões e desconfortos, mas que também promova o bem-estar
contínuo dos trabalhadores.
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A eficácia do programa dependerá não apenas da implementação inicial, mas


também da sustentabilidade das práticas ergonômicas ao longo do tempo. A criação
de uma cultura organizacional que valorize a saúde ocupacional, a conscientização
contínua e a adaptação das intervenções com base na evolução da saúde do
trabalhador são elementos-chave para o sucesso a longo prazo.
Em última análise, a intervenção ergonômica proposta para o caso de AIR
não é apenas um conjunto de ajustes físicos no ambiente de trabalho, mas uma
transformação abrangente na forma como os colaboradores interagem com seu
ambiente profissional. Essa abordagem holística não apenas visa resolver os
desafios imediatos de AIR, mas também a criar uma base sólida para a promoção
da saúde ocupacional em toda a organização.
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REFERÊNCIAS

ABRANTES, José. A ergonomia cognitiva e as inteligências múltiplas. Simpósio de


Excelência em Gestão e Tecnologia-SEGeT, VIII. Anais... Resende-RJ: ABREPRO,
2011.

AUGUSTO, Viviane Gontijo et al. Um olhar sobre as LER/DORT no contexto clínico


do fisioterapeuta. Brazilian Journal of Physical Therapy, v. 12, p. 49-56, 2008.

FIGUEIRA, Thiago Gomes; ALMEIDA, Cínthya Garcia; CRUSCA, Jaqueline de


Souza. Cinesioterapia laboral como aplicação da ergonomia no trabalho sentado–
uma revisão da literatura. Revista Visão Universitária, v. 1, n. 1, 2014.

IACKSTET, Leandro; GONÇALVES, A. C. B. F.; SOARES, Silvia Fiorillo Cabrera.


Analise dos benefícios da cinesioterapia laboral a curto, médio e longo prazo: uma
revisão de literatura. Arch Health Invest, v. 7, n. 5, p. 168-73, 2018.

IKARI, Thaís Emi et al. Tratamento de LER/DORT: intervenções fisioterápicas. Rev


ciênc méd, v. 16, n. 4-6, p. 233-43, 2007.

KESSLER, Eric Luis. Princípios biomecânicos da postura corporal, na posição


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LAURINDO, Iêda Maria Magalhães et al. Artrite reumatóide: diagnóstico e


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OLIVEIRA, Aline Mizusaki Imoto de et al. Impacto dos exercícios na capacidade


funcional e dor em pacientes com osteoartrite de joelhos: ensaio clínico
randomizado. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 52, p. 876-882, 2012.

RIASCOS, Carmen Elena Martinez; GONTIJO, Leila Amaral; MERINO, Eugenio


Andrés Díaz. Ergonomia no sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho.
2021

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