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Pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho - Centro

Universitário FIPMoc - UNIFIPMoc

ANÁLISE POSTURAL DOS FUNCIONÁRIOS DE UMA FÁBRICA DE SEMI-JÓIAS

CARDOSO, Sarah Mendes1, OLIVEIRA, Lanuza Borges2

1 Engenheira Civil. Pós-graduanda em Engenharia de Segurança do Trabalho;


2 Mestre. Docente do Centro Universitário FIPMoc - UNIFIPMoc

RESUMO

As semi-jóias são acessórios que estão presentes na vida da maioria das pessoas,
agregando valor a suas vestimentas. O seu processo de fabricação, em sua maior
parte, se dá de forma manual, podendo gerar desgaste físico em quem as fabrica.
Assim sendo, o presente artigo tem como objetivo analisar os postos de trabalho de
uma fábrica de semi-jóias. Trata-se de um estudo de caso, que utilizou a ferramenta
de análise postural RULA (RAPID UPPER LIMB ASSESSMENT). Inicialmente foram
levantados os problemas existentes e após foram propostas medidas de
implementação de programas de análise ergonômica na fábrica em questão, a partir
dos resultados gerados, concluiu-se que há necessidade de adequações dos postos
de trabalho para que as atividades realizadas não venham a causar nenhum tipo de
desconforto ou até mesmo alguma doença ocupacional aos funcionários.

Palavras-chave: Ergonomia. Segurança. Análise Postural.Semi-jóias


1. INTRODUÇÃO

As semi-jóias são acessórios presentes na vida de muitas pessoas. Elas


agregam valor às vestimentas, geram admiração por sua beleza aumentando a
autoestima de quem as usa. O que pouco se analisa é o processo por traz da
fabricação dessas peças. Esses acessórios tem um processo de produção
extremamente delicado e trabalhoso.
Mesmo com os avanços tecnológicos, o que facilita em alguns processos
de fabricação como a fundição ou a fabricação dos moldes, que hoje são processos
mecanizados, ainda assim é preciso realizar o trabalho manual como nas fases de
cravação das peças e acabamento que, para garantir a delicadeza das
peças,seexige tempo, atenção e esmero.Esse trabalho manual, por se tratar de
objetos pequenos e finos, pode demandar, de quem os produz, uma sobrecarga
física ao se aproximar para garantir uma boa visão das peças, não respeitando os
aspectos ergonômicos necessários.
Os fatores ergonômicos começaram a ser discutidos num momento de
extrema importância para a história. Conforme Iida e Buarque (2016), a ergonomia
surgiu a partir de estudos durante a Segunda Guerra Mundial para solucionar os
problemas causados pelos equipamentos militares aos seus usuários sendo,
posteriormente, admitida como disciplina científica, em especial para os setores de
serviço como saúde, educação, fabris e transporte. A partir desse momento a
ergonomiaé um tema que só vem ganhando mais espaço para discussão.
De acordo com Iida e Buarque (2016, p. 54):
A ergonomia estuda diversos fatores que influem no desempenho do
sistema produtivo e procura reduzir as consequências nocivas sobre o
trabalhador. Assim, ela procura reduzir a fadiga, estresse, erros e acidentes,
proporcionando saúde, segurança, satisfação.

No Brasil, a ergonomia é abordada pelas Normas Regulamentadoras,


instituídas pela Portaria 3.214 de 8 de julho de 1978. Esta, cita todos os padrões
ergonômicos a serem seguidos através da NR 17- Ergonomia. Esta estabelece que
a ergonomia:
Visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de
trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a
proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
Para que uma atividade seja ergonômica, é preciso analisar as
características de cada trabalhador, e aplicar as medidas necessárias para que a
atividade se torne adequada para cada funcionário. Isso torna o trabalho mais
confortável e prático, gerando resultados positivos para as empresas, uma vez que
os funcionários melhoram seu rendimento com a melhoria nas condições de trabalho
e, consequentemente, para seus funcionários que mantém sua saúde física e mental
preservada.
O presente artigo tem como objetivo analisaros postos de trabalho de
uma fábrica de semi-jóias,

2. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de caso onde foram analisados os postos de


trabalho em uma fábrica de semi-jóias no norte de Minas Gerais. A fábrica contém
10 funcionários, trabalhando em regime CLT com uma carga horária de
8:00horas/dia (segunda a sexta de 7:00h as 12:00h e 13:30h as 16:30h, e no sábado
de 7:00h as 11:00h). O período de análise do caso foi em junho de 2019.
Como ferramenta de análise postural dos funcionários, utilizou-se a
técnica de registro e avaliação postural RULA (RAPID UPPER LIMB
ASSESSMENT)que, segundo Iida e Buarque (2016), é um método rápido de
avaliação, que permite ser realizado diretamente através da observação dos
membros como braço, antebraço, mão, pescoço, tronco, pernas e pés, e a partir
disso, atribuir valores a essas posições e soma-los no final, chegando a um valor
que mostra se deve ou não haver intervenção na atividade e melhorias nos postos
de trabalho.
A partir dessa interpretação é que são levantadosos diagnósticos e as
recomendações cabíveis para resolver tais problemas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A fábrica escolhida para o estudo de caso deste artigo tem como


atividade a produção de semi-jóias ao qual sua comercialização abrange todo o
estado de Minas Gerais. De gestão familiar, a empresa foi fundada há 3 anos e,
segundo informações cedidas pelos proprietários, nesse tempo de mercado, uma
funcionária precisou passar por sessões de fisioterapia devido adquirir tenossinovite
do carpo. Após este episódio, em busca de melhores condições de trabalho para
seus funcionários, a empresa optou por ceder aos estudos deste artigo e em tornar
as atividades ergonomicamente corretas.
Para evitar que os colaboradores adquiram doenças provenientes das
atividades laborais, Iida e Buarque (2016, p. 37) citam que os postos de trabalho
devem conter as seguintes características:
Assegurar posturas adequadas, permitindo realizar os movimentos
corporais necessários à execução das tarefas.
Manter a carga de trabalho dentro dos limites de tolerância, reduzindo-se os
estresses físico e cognitivo.
Facilitar a execução das tarefas, permitindo a aquisição e processamento
de informações e execução de movimentos musculares favoráveis.

A ergonomia tem o intuito de melhorar a relação do trabalhador com a


máquina, juntamente com processos, cuidando para que o resultado dessa interação
não seja prejudicial ao homem.
Para tanto, de acordo com Evangelista (2015), a Ergonomia pode
minimizar a quantidade de acidentes e doenças (físicas e psicológicas) provocadas
pela fadiga, durante o desenvolvimento de uma atividade, ou de posturas
inadequadas assumidas ao longo da execução de uma tarefa.
A fabricação dessas peças conta com dez etapas, que serão descritas
posteriormente, onde, com exceção de duas delas, se trabalha sentado e faz-se
movimentos repetitivos com o punho, havendo a possibilidade de se gerar DORT
(Distúrbios Osteomusculares relacionados ao Trabalho) ou LER (Lesões por
Esforços Repetitivos).“Essas doenças são desenvolvidas por fatores de risco
biomecânico como contrações estáticas, má postura, movimentos repetitivos, e
desvios da posição articular neutra na atividade”. (BONFATTI 2003).
O Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho (2017) relata que a
quantidade de acidentes relacionadas a doenças laborais com Comunicação de
Acidente de Trabalho (CAT) registrada, atingiu 15.386 em 2017, no entanto, se
comparado ao ano anterior, esse número era ainda maior, chegando a 17.599 em
2016. A diminuição desses registros mostra o quanto o cuidado com a ergonomia
nos meios de processos gera impacto nas empresas e na vida de seus
cooperadores.
De acordo com Iida e Buarque (2016, p. 21) quanto aos problemas
ergonômicos:
Podem ser reconhecidos por certos sintomas como erros, acidentes,
doenças, absenteísmo e rotatividade dos trabalhadores. Por traz dessas
evidencias podem estar ocorrendo inadaptação das máquinas, deficiências
ambientais e falhas na organização do trabalho, que provocam dores
musculares e tensões psíquicas nos trabalhadores, resultando nos sintomas
acima mencionados.

Todos esses sintomas supracitados geram danos ao trabalhador, que


podem resultar num afastamento, afetando diretamente a empresa financeiramente,
uma vez que, quando isso ocorre, é gerado custos com ações judiciais, ações
regressivas do INSS, contratação de novo funcionário ou sobrecarga dos outros
funcionários que exercem a mesma função do funcionário afastado devido ao déficit
que ele deixa.
Outro aspecto financeiro a ser analisado é a implementação de
ergonomia propriamente dita. Ainda segundo Iida e Buarque (2016), a inserção da
ergonomia nas empresas só será aceita caso seu resultado seja comprovado que é
economicamente viável após análise do seu custo/benefício. Para tanto, o
profissional que executa a análise ergonômica ou elabora o projeto dos postos de
trabalho, deve apresentar soluções compatíveis com as condições financeiras da
empresa.
Para além da melhoria para a saúde dos trabalhadores, a análise
ergonômica deve ser realizada levando em consideração também os valores
intangíveis como a melhoria da imagem da empresa que, com a aplicação de
práticas ergonômicas, diminui os casos de acidentes e adoecimentos no trabalho e
consequentes fiscalizações e ações judiciais, evitando constrangimento entre as
duas partes.
Iida e Buarque (2016), apontam que “a análise ergonômica visa observar,
diagnosticar, e corrigir uma situação real de trabalho, aplicando os conhecimentos
de ergonomia”. Ou seja, deve ser realizada uma análise dos aspectos ergonômicos
da empresa, identificar os problemas e aplicar uma solução para os mesmos.
Em meio a gama de fatores que envolve a análise ergonômica do
trabalho, “a análise postural é fundamental dentro desse processo para avaliar as
incompatibilidades existentes entre o sistema homem-máquina”. (EVANGELISTA
2015).
3.1 A EMPRESA

Em todo o setor de produção da fábrica notou-se o descuido quanto a


ergonomia nos postos de trabalho. Isso se dá principalmente pela falta de
conhecimento e a não associação dos os sintomas relatados com as atividades
executadas.
A principal queixa dos 10 funcionários é dor na região do pescoço (70%),
pois ficam a maior parte do tempo com o membro curvado para realizar as
atividades, e dor no pulso (20%), pois praticam durante todo o dia atividades
repetitivas com esse membro sem fazer micro pausas necessárias para essa
atividade. Inclusive, sobre esse último, uma funcionária passa por tratamento
fisioterápico, como citado a priori, uma vez que foi constatado, através do laudo
médico, tenossinovite do carpo decorrente dos esforços repetitivos com o pulso.
Ainda foram relatadas dores no braço (10%), dores na coluna (10%) e de inchaço
nos membros inferiores no final do expediente (20%).
Esses sintomas relatados pelos funcionários são provenientes de má
postura adotada na realização de suas atividades, que é devida ao não fornecimento
dos mobiliários corretos para cada funcionário em seus postos de trabalho. Sobre
isso, a NR 17 estabelece alguns critérios:
Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as
bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao
trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem
atender aos seguintes requisitos mínimos:
a) ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o
tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho
e com a altura do assento;
b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador;
c) ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e
movimentação adequados dos segmentos corporais.

Ou seja, a empresa precisa fornecer mobiliários que garantam a


integridade física do funcionário. A NR 17 também cita que:
Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes
requisitos mínimos de conforto:
a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função
exercida;
b) características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento;
c) borda frontal arredondada;
d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da
região lombar.
Sobre os aspectos ergonômicos a serem adotados pelos colaboradores,
além de fornecer o mobiliário correto, “a empresa também deve conscientizar seus
funcionários estimulando-os a terem um controle postural, orientando e estabilizando
seu corpo” (EVANGELISTA, 2015).

3.2 ANÁLISE ERGONÔMICA DOS POSTOS DE TRABALHO

Conforme Iida e Buarque (2016), a ergonomia tem como base de estudo


o sistema humano-máquina-ambiente. Este, é dividido em cinco aspectos:
componentes do sistema, as interações entre os subsistemas, sua evolução
contínua, os procedimentos, regras e normas, metas e objetivos.
Analisou-se os doze processos de produção da fábrica, que foram
identificados como injeção, cravação em cera, montagem das árvores, inclusão,
fundição, retirada das peças das árvores, polimento, montagem, soldagem, limpeza
das peças, acabamento e inspeção e embalagem. Cada uma dessas atividades é
distribuída nos cinco postos de trabalho, como indicado na tabela 1, que também
descreve as etapas de produção realizadas e o cargo/função de cada funcionário:

Tabela 1- Etapas do processo de produção


POSTO DE TRABALHO 1
1º ETAPA - INJEÇÃO
Funcionário: Turmalina
Cargo: Operador de máquinas
Tarefa: Injeção das peças; reparos no maquinário; organização e limpeza do posto de trabalho.
Maquinário e equipamentos: Injetora automática de cera
2º ETAPA – CRAVAÇÃO EM CERA
Funcionário: Esmeralda, Pérola, Cristal e Diamante
Cargo: Cravejador de joias
Tarefa: Cravação das pedras de zircônia nas peças de cera e rebarbação das peças.
Maquinário e equipamentos: Máquina para Cravação
POSTO DE TRABALHO 2
3º ETAPA – MONTAGEM DA ÁRVORE DE FUNDIÇÃO
Funcionário: Safira
Cargo: Supervisor
Tarefa: Montagem das peças em cera na árvore para fundição.
Maquinário e equipamentos: Ferro de solda; Faca (cozinha)
7º ETAPA – POLIMENTO
Funcionário: Rubi
Cargo: Cravejador de joias
Tarefa: Polimento das peças.
Maquinário e equipamentos: Esmeril; Máquina de polimento manual; Máquina de polimento
industrial
POSTO DE TRABALHO 3
4º ETAPA – INCLUSÃO
Funcionário: Safira
Cargo: Supervisor
Tarefa: Inclusão das árvores e preparo para fundição.
Maquinário e equipamentos: Máquina de vácuo; Batedeira (convencional); Balança (convencional)
5º ETAPA – FUNDIÇÃO
Funcionário: Safira
Cargo: Supervisor
Tarefa: Execução do processo de fundição da cera perdida.
Maquinário e equipamentos: Máquina de vácuo; Forno (1200ºC); Cafeteira ( derrete o metal a
1200ºC)
6º ETAPA – RETIRADA DAS PEÇAS DAS ÁRVORES
Funcionário: Rubi
Cargo: Operador de máquinas
Tarefa: Retirada das peças das árvores (desmontagem).
Maquinário e equipamentos: Martelo; Alicate
10º LIMPEZA
Funcionário: Ágata
Cargo: Gerente geral
Tarefa: Limpeza das peças.
Maquinário e equipamentos: Ultrassom;Tamboreador
POSTO DE TRABALHO 4
8º ETAPA – MONTAGEM
Funcionário: Rubi
Cargo: Montador
Tarefa: Montagem das peças no metal.
Maquinário e equipamentos: Martelo; Alicate
9º ETAPA – SOLDAGEM
Funcionário: Ametista
Cargo: Soldador
Tarefa: Soldagem das peças no metal.
Maquinário e equipamentos: Maçarico; Solda; Martelo
11º ETAPA – ACABAMENTO
Funcionário: Jade
Cargo: Cravador de joias
Tarefa: Acabamento das peças (cravação e inspeção).
Maquinário e equipamentos: Alicates (Liso, de cerra, de corte e bico redondo)
POSTO DE TRABALHO 5
12º ETAPA - INSPEÇÃO E EMBALAGEM
Funcionário: Ágata
Cargo: Gerente geral
Tarefa: Inspeção da qualidade das peças e embalagem.
Maquinário e equipamentos: Alicate; Grampeador
Fonte: Próprio autor

Os postos de trabalho da fábrica são compostos por mesa e cadeira.


Estes não são os ideais para as atividades realizadas, ou seja, o mobiliário gera
desconforto e fadiga por não respeitarem as medidas antropométricas dos seus
usuários. Em contrapartida, os utensílios e ferramentas utilizados são todos
específicos para as tarefas realizadas. O espaço físico para a execução do trabalho
atende as necessidades das tarefas, promovendo condições de posicionamento e
movimentação dos operários.
A planta da empresa que mostra a localização dos postos de trabalho
pode ser observada na figura 1.

Figura 1- Planta da fábrica

Fonte: Próprio autor


Além do mais, com exceção dos responsáveis pelas etapas de inclusão,
fundição e limpeza que trabalham em pé, com possibilidades de descanso de
tempos em tempos, foi possível identificar que todos os demais funcionários,
trabalham sentados. No entanto, se sentam de forma incorreta, causando carga
estática postural nos membros superiores, resultando em queixas de dores nessas
regiões no final do expediente.

3.3 ANÁLISE DAS TAREFAS EXECUTADAS

Como mostrado Figura 1 supra, as etapas do processo de produção são


distribuídas em cinco postos de trabalho. Para os trabalhadores que executam suas
tarefas sentados, pôde-se observar que os postos de trabalho não possuem os
aspectos ergonômicos estabelecidos pela NR 17- Ergonomia. O mobiliário não
oferece conforto ergonômico aos funcionários que permanecemsentados na mesma
posição durante todo o expediente de trabalho, sem modificar sua postura, fazendo
pausas somente duas vezes ao dia, na manhã para o café, das 9:00h as 9:20h e no
almoço, das 12:00h as 13:30h. Ademais, todos praticam atividades repetitivas,
podendo resultar num desgaste dos membros superiores, gerando desconforto e
dores.
Para que um posto de trabalho apresente características ideais para que
o funcionário execute suas tarefas, deve se respeitar os aspectos ergonômicos
estabelecidos da NR 17 que trata sobre ergonomia.

3.4 DIAGNÓSTICO

De acordo com o método de avaliação de posturas RULA (RAPID UPPER


LIMB ASSESSMENT) que se encontra noAnexo deste artigo, o resultadopara cada
funcionário foi:

1 - Ágata: 5 pontos
Escore: É necessário investigar e tomar providências a longo prazo.
O funcionário trabalha com o braço em um ângulo entre 20º e 45º e o
antebraço entre -60º e 100º com a linha média do corpo, com os ombros levantados
e o braço está trabalhando dentro da linha média do corpo. O punho forma um
ângulo maior que 15ºe está curvado, trabalhando assim fora da sua linha média.

2 - Ametista: 6 pontos
Escore: É necessário investigar e tomar providências a longo prazo.
A funcionária trabalha com o braço sem suporte, formandoum ângulo
entre 20º e 45º, e o seu pescoço se inclina mais que 20º, o que gera uma
sobrecarga nos ombros e pescoço.

3 - Cristal: 6 pontos
Escore: É necessário investigar e tomar providências a longo prazo.
A funcionária realiza suas atividades com o braço formando um ângulo
entre 20º e 45º, seu ombro do lado direito fica levantado, causando desalinhamento
dos ombros, além de seu braço ficar abduzido devido a altura da mesa não ser
suficiente. Seu antebraço forma mais de 100º em relação a cabeça e se posicionam
dentro da linha média do corpo. Seu punho se localiza entre 0º e 15º da linha média
do punho. Seu pescoço forma um ângulo maior que 20º com relação a linha neutra
do corpo.

4 - Diamante: 5 pontos
Escore: É necessário investigar e tomar providências a longo prazo.
A funcionária trabalha com o braço em um ângulo entre 20º e 45º, e os
ombros ficam levantados. O antebraço forma um ângulo de 100º com a linha média
do corpo e trabalha dentro dessa linha. O punho formando um ângulo maior que 15º
e curvado com relação a sua linha média.

5 -Turmalina: 6 pontos
Escore: É necessário investigar e tomar providências a longo prazo.
O funcionário trabalha com o braço em um ângulo entre 20º e 45º, com o
antebraço formando mais de 100º e dentro da linha do corpo. O pulso forma um
ângulo maior que 15º e se curva com relação a linha média do punho.

6 - Jade: 5 pontos
Escore: É necessário investigar e tomar providências a longo prazo.
A funcionária trabalha com o ombro levantado. Com relação a linha neutra
do corpo, o braço fica abduzido e forma um ângulo entre 20º e 45º, o antebraço
forma um ângulo maior que 100ºe trabalha dentro da linha neutra. A funcionária
ainda trabalha com o punho formando um ângulo se aproximando de 15º e curvado
com relação a sua linha média.

7 - Esmeralda: 6 pontos
Escore: É necessário investigar e tomar providências a longo prazo.
A funcionária trabalha com o braço em um ângulo entre 20º e 45º, com os
ombros levantados. O antebraço forma um ângulo maior que 100º com a linha média
do corpo trabalha dentro dessa linha média. O punho forma um ângulo maior que
15º com sua linha média e o pulso se dobra nessa linha. O pescoço forma um
ângulo maior que 20º e o tronco entre 10º e 20º com a linha média do corpo.

8 - Pérola: 7 pontos
Escore: É necessário investigar e tomar providências imediatas.
A funcionária trabalha com o braço em um ângulo entre 45º e 90º e com o
ombro levantado. O antebraço forma um ângulo maior que 100º com a linha média
do corpo. O punho forma um ângulo maior que 15º e está curvado com relação a
sua linha média. O pescoço se posiciona a mais que 20º da linha neutra do corpo

9 - Rubi: 6 pontos
Escore: É necessário investigar e tomar providências a longo prazo.
O funcionário trabalha com o braço abduzido e com um ângulo entre 45º e
90º, com o ombro levantado, e se inclina sobre a mesa formando um ângulo entre
20º e 60º, depositando seu peso sobre ela. O antebraço forma um ângulo maior que
100º com a linha média do corpo, e se posiciona dentro da linha média do corpo. O
punho forma um ângulo maior que 15º e está curvado com relação a sua linha
média.

10 - Safira: 5 pontos
Escore: É necessário investigar e tomar providências a longo prazo.
O funcionário trabalha com o braço abduzido e formando ângulo entre 20º
e 45º com a linha neutra do corpo. O antebraço forma um ângulo maior que 100º
com a linha média do corpo, e se posiciona dentro da linha média do corpo. O punho
se curva e forma um ângulo maior que 15º com seu centro.

Dos 10 funcionários analisados, 1 se classificou com pontuação 7 onde se


indica necessidade de investigar as causas a fundo e tomar providências imediatas.
Os outros 9 foram classificados com pontuação entre 5 e 6 pontos, havendo também
a necessidade de investigar, no entanto, as providências podem ser tomadas com
mais calma, portanto mais cautela.

3.5 RECOMENDAÇÕES

Para os aspectos insalubres identificados, recomenda-se a utilização dos


equipamentos de segurança individuais EPI’s adequados para cada tipo de atividade
e melhorar o iluminamento dos ambientes.
Com relação a análise realizada pelo método RULA, são recomendadas
adaptações dos postos de trabalho de acordo com as medidas antropométricas de
cada funcionário, deixando-os confortáveis e ergonomicamente corretos.
Dentre outras medidas para melhorar as condições da fábrica em estudo,
estão as recomendações da tabela 3, como citam Iida e Buarque (2016).

Tabela 3- Recomendações para melhorias na fábrica


Movimentos osteomusculares Contrações musculares estáticas
Limitar movimentos repetitivos a 2000/h Permitir mudanças frequentes de postura
Evitar frequências maiores que 1 ciclo/s Manter a cabeça na posição vertical
Evitar tarefas com ciclos menores que 90s Disponibilizar suportes para braços e
Evitar tarefas repetitivas sob calor ou frio intensos antebraços
Promover micropausas Disponibilizar apoios e fixações
Equilíbrio biomecânico Estresse mental
Alterar tarefas repetitivas Prazos ou metas irrealistas
Variedade de tarefas (inspeção, registro, cargas, Regulagens muito rápidas (setup)
etc.) Excesso de controle e pressão
Movimentos com acelerações ou paradas bruscas Competição exagerada entre equipe
Evitar posturas ou cargas acima de 23g Evitar remunerações por produtividade
Fonte: Iida e Buarque (2016)
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que são necessáriasadequações dos postos de trabalho para


que as atividades realizadas não venham a causar nenhum tipo de desconforto ou
até mesmo alguma doença ocupacional aos funcionários.
O método RULA aplicado para os funcionários apresentou resultados
entre 5, 6 e 7 pontos, onde se mostra a necessidade de avaliação da forma com que
os funcionários executam suas atividades e as condições dos postos de trabalho,
devendo-se tomar providências sobre tais questões. As atividades classificadas
entre 5 e 6, devem ser investigadas e providências podem ser tomadas com prazo.
No entanto, para as de pontuação 7, devem ser tomadas medidas imediatas,
evitando gerar algum quadro de doença ocupacional para o funcionário e futuros
custos para a empresa que deverá arcar com todo o tratamento em caso de
adoecimento.
Por fim, a ergonomiamelhora as condições de trabalho do funcionário, seu
rendimento, sua qualidade de vida e, consequentemente, os resultados do trabalho
para as empresas, além de melhorar sua imagem perante os funcionários e a
sociedade, ou seja, ambos ganham, devendo a implementação da ergonomia ser
tratada como um investimento, e não como um gasto para a empresa.

REFERÊNCIAS

ANUÁRIO ESTATÍSTICO DE ACIDENTE DO TRABALHO: AEAT 2016. vol. 1.


Brasília: MF. 2016. 992 p. Disponível em:
<http://sa.previdencia.gov.br/site/2018/04/AEAT-2016.pdf>. Acesso em:01 de jul.
2019.

ANUÁRIO ESTATÍSTICO DE ACIDENTE DO TRABALHO: AEAT 2017. vol. 1.


Brasília: MF. 2017. 996 p. Disponível em:
<http://sa.previdencia.gov.br/site/2018/09/AEAT-2017.pdf>. Acesso em: 01 de jul.
2019.

BONFATTI, Renato; MOTTA, Denise; VIDAL, Mario Cesar. Os limites da análise


ergonômica do trabalho centrada na identificação de riscos biomecânicos.
Ação Ergonômica. Vol. 1, n.4. 2003. Disponível em:
<http://www.abergo.org.br/revista/index.php/ae/article/view/36/33> Acesso em: 10 de
jul. 2019.
CU Ergo, Universidade de Ergonomia da Cornell University. Ferramentas de
ergonomia do local de trabalho. Disponível em:
<http://ergo.human.cornell.edu/ahRULA.html> Acesso em: 08 de jul. 2019.

EVANGELISTA, Wemerton Luís. Análise postural do setor de embalagens


secundárias e expedição de um frigorífico típico da indústria suinícola do
Brasil. v. 10, n. 1. Revista da Associação Brasileira de Ergonomia [online]. 2015.
Disponível em: <http://www.abergo.org.br/revista/index.php/ae/article/view/468/258>
Acesso em: 08 de jul. 2019.

IIDA, Itiro; BUARQUE, Lia. Ergonomia: Projeto e Produção. 3. ed. São Paulo:
Blucher, 2016.

SEGURANÇA e medicina do trabalho / [Equipe Atlas]. 81. ed. São Paulo: Atlas,
2018.
ANEXO

Sistema RULA (RAPID UPPER LIMB ASSESSMENT)


(Avaliação Rápida do Membro Superior)

GRUPO A GRUPO B
Passo 1: Localizar o posicionamento do braço Passo 9: Localize o posicionamento do
pescoço:

Passo 1A: Ajuste:


Se o ombro é levantado: +1
Se o braço é abduzido: +1
Se o braço é suportado ou a pessoa está
inclinada: -1
Passo 2: Localizar o posicionamento do Pescoço está torcido +1
Pescoço está lateralizado +1
antebraço. Passo 10: Análise da posição do tronco

Passo 2A: Ajuste:


Se o braço está trabalhando dentro da linha
média do corpo: +1 Tronco está torcido +1
Se o braço está trabalhando fora da linha média Tronco está lateralizado +2
do corpo: +1 Passo 11: Análise de posição das pernas:
Passo 3: Localizar o posicionamento do punho As pernas estão balanceadas e apoiadas 1+
As pernas não estão balanceadas e apoiadas
2+

Passo 12: Transfira o valor encontrado na


tabela B.
Passo 13: Contração muscular:
Passo 3A: Ajuste: Postura estática +1
Se o pulso estiver dobrado na linha média:+1 Postura ativa por 4 minutos ou mais +1
Passo 4: Torção de pulso
Desvio discreto do pulso +1 Passo 14: Força e carga:
Desvio acentuado do pulso +2
Menor que 2kg intermitente: +0
Entre 2 e 10 kg intermitente: +1
Entre 2 e 10 kg estático/repetitivo: +2
Passo 5: Transfira o valor encontrado na
Maior do que 10kg choque: +3
Tabela A.
Passo 6: Contração muscular: Passo 15: Transportar a somatória para a
tabela C.
Postura principalmente estática +1
Se a ação repetida ocorrer 4 vezes por minuto
ou mais: +1
Passo 7: Força e carga:
Menor que 2kg intermitente: +0
Entre 2 e 10 kg intermitente: +1
Entre 2 e 10 kg estático/repetitivo: +2
Maior do que 10kg choque: +3
Passo 8: Transportar a somatória para a tabela
C.

Tabela A Punho – flex/ext


Braço Ante Total da postura do pulso
Braço 1 2 3 4
Desvio Desvio Desvio Desvio
1 2 1 2 1 2 1 2
1 1 1 2 2 2 2 3 3 3
2 2 2 2 2 3 3 3 3
3 2 3 3 3 3 3 4 4
2 1 2 3 3 3 3 4 4 4
2 3 3 3 3 3 4 4 4
3 3 4 4 4 4 4 5 5
3 1 3 3 4 4 4 4 5 5
2 3 4 4 4 4 4 5 5
3 4 4 4 4 4 5 5 5
4 1 4 4 4 4 4 5 5 5
2 4 4 4 4 4 5 5 5
3 4 4 4 5 5 5 6 6
5 1 5 5 5 5 5 6 6 7
2 5 6 6 6 6 7 7 7
3 6 6 6 7 7 7 7 8
6 1 7 7 7 7 7 8 8 9
2 8 8 8 8 8 9 9 9
3 9 9 9 9 9 9 9 9

Tabela B Tronco
1 2 3 4 5 6
Pescoço Perna Perna Perna Perna Perna Perna
1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2
1 1 3 2 3 3 4 5 5 6 6 7 7
2 2 3 2 3 4 5 5 5 6 7 7 7
3 3 3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 7
4 5 5 5 6 6 7 7 7 7 7 8 8
5 7 7 7 7 7 8 8 8 8 8 8 8
6 8 8 8 8 8 8 8 9 9 9 9 9
Tabela C
1 2 3 4 5 6 7
1 1 2 3 3 4 5 5
2 2 2 3 4 4 5 5
3 3 3 3 4 4 5 6
4 3 3 3 4 5 6 6
5 4 4 4 5 6 7 7
6 4 4 5 6 6 7 7
7 5 5 6 6 7 7 7
8+ 5 5 6 7 7 7 7

Escore final
Nível Pontuação Ações
1 1 ou 2 A postura é aceitável, não sendo necessárias investigações.
2 3 ou 4 São necessárias investigações a médio prazo.
3 5 ou 6 É necessário investigar e tomar providências a longo prazo.
4 7 ou mais É necessário investigar e tomar providências imediatas.

Fonte: Mc Atamney, L. & Corlett, E.N. (1993). Adaptado pelo autor

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