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Ergonomia

Apresentação
Dentro de um ambiente profissional trabalham pessoas de estrutura corporal, gênero e culturas
diferentes, entre outras características. Por esse motivo, ferramentas, postos de trabalho e
máquinas nem sempre estarão adaptados a tais diferenças. Para que isso não deixe o trabalhador
lesionado, implementa-se a ergonomia no ambiente de trabalho.

A ergonomia no trabalho é a ciência que estuda, desenvolve e aplica normas e regulamentações


referentes à organização do trabalho, de forma que este esteja adequado às características físicas e
psíquicas dos trabalhadores. Nesse sentido, condições ergonômicas de trabalho adequadas
promovem o bem-estar e, consequentemente, maior produtividade e melhor desempenho na
execução das atividades laborais.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer a ergonomia e estudar como ela se aplica ao
ambiente de trabalho, as situações que exigem adaptações para a sua adoção e o que pode ser
realizado para melhorar a implementação da ergonomia.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar a aplicação da ergonomia no ambiente de trabalho.


• Reconhecer as diferentes situações que exigirão adaptações para atender à ergonomia.
• Indicar melhorias para implementar a ergonomia.
Desafio
A integração entre capacidade e limite e entre condições de trabalho e eficiência na produtividade
é um dos objetivos da ergonomia, que envolve a avaliação de vários aspectos, como máquinas e
equipamentos dos postos de trabalho e a postura do trabalhador.

Neste Desafio, você deverá tomar algumas medidas considerando os dispositivos que constam na
Norma Regulamentadora 17 (NR 17).
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Em vista do ocorrido, e considerando a NR 17, responda:

a) Quais procedimentos deverão ser seguidos?

b) Que medidas são recomendadas nesta situação?


Infográfico
Normas e regulamentos existem para padronizar processos, comportamentos, especificações, etc.
Quando tratamos de ergonomia, estamos tratando da saúde e da segurança do trabalhador em seu
ambiente de trabalho. Nesse sentido, as normas facilitam as formas de implementar as ações de
prevenção dentro da organização.

Veja, no Infográfico, alguns aspectos relacionados à organização do trabalho e às condições de


conforto no ambiente organizacional previstos na NR 17.
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A análise ergonômica de uma atividade passa por vários processos, o mais importante deles é a
observação da atividade, quer proporcionará informações para melhorias a serem aplicadas.

No vídeo a seguir, você irá identificar o que ocorre aqui nestas situações.

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Conteúdo do livro
A saúde e o bem-estar dos empregados são aspectos fundamentais para o bom desempenho de
suas atividades diárias. Uma empresa que queira se manter em pleno crescimento no mercado e
com vantagem competitiva deve contar com uma força de trabalho produtiva e eficiente. Para tal, é
necessário compreender esses trabalhadores em seu ambiente de trabalho, bem como sua relação
com o trabalho, de modo que este possa ser adaptado às melhores condições que favoreçam o
melhor desempenho e a prevenção de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. Nesse
contexto está a ergonomia, que trata da interação do homem com outros elementos do sistema.

No capítulo Ergonomia, da obra Ergonomia e conforto ambiental, você vai ver como a ergonomia é
aplicada no ambiente de trabalho, as diferentes situações que demandam a ergonomia e o que
pode ser realizado como melhoria no seu processo de implementação nas organizações.

Boa leitura.
SEGURANÇA
DO TRABALHO
E SAÚDE
OCUPACIONAL
Fernando Pinheiro Weber
Ergonomia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer a importância da aplicação da ergonomia no ambiente


de trabalho.
 Identificar diferentes situações que exigirão adaptações para atender
às necessidades ergonômicas.
 Indicar melhorias para implementar a ergonomia.

Introdução
As mudanças nos contextos econômico e organizacional, o compor-
tamento individual e o ambiente de trabalho são apenas algumas das
variáveis inseridas nos processos de produção. Na garantia da eficiência
e manutenção do fluxo produtivo constante, a ergonomia desempenha
um importante papel.
Neste capítulo, você vai estudar a aplicação da ergonomia no am-
biente produtivo e verificar o quanto é importante conhecer da Norma
Regulamentadora (NR) nº 17 do Ministério do Trabalho e Previdência.
Além disso, você vai identificar algumas modificações ergonômicas que
podem ser implementadas nas empresas e verificar as etapas da análise
ergonômica.

1 Aplicação da ergonomia ao ambiente


de trabalho
As mudanças ocasionadas pelos avanços econômicos e tecnológicos e, con-
sequentemente, nas relações de trabalho tornam cada vez mais necessárias a
absorção e adaptação de novas demandas nas organizações. Manter-se atua-
lizada é uma obrigação para uma empresa que visa o lucro e almeja alcançar
e manter vantagem competitiva a longo prazo.
2 Ergonomia

Os processos produtivos não são fáceis de serem entendidos, uma vez que
envolvem seres humanos e toda a sua complexidade, englobando, assim, seus
aspectos psicológicos, fisiológicos, sociais, ambientais, entre outros. Dessa
forma, trabalhar com o ser humano não é uma tarefa fácil, pois trata-se de
uma “máquina” com poucos padrões, embora com algumas características
em comum. Daí a importância de um processo cuidadoso de seleção, trei-
namento e retenção de talentos, de forma que os recursos humanos estejam
suficientemente satisfeitos a fim de trabalharem em uníssono com os objetivos
estratégicos das organizações.
Num cenário econômico competitivo, todos os fatores da produção devem
ser considerados. Como produzir melhor e com mais eficiência? Essa é uma
pergunta frequentemente abordada nas grandes empresas. A partir do século
XX, os estudos da produção, com foco na interação entre ser humano, máquina
e ambiente de trabalho, começaram a surgir, sendo Frederick Winslow Taylor
um grande estudioso dessa questão. No entanto, atualmente a ergonomia
apresenta um conceito diferente do proposto por Taylor, conforme afirmam
Corrêa e Boletti (2015). O conceito mais atual da ergonomia não é adaptar o
ser humano à máquina, mas adaptar a máquina ao ser humano, criando um
sistema de interação entre as partes. Manter uma linha de produção eficiente
significa prestar atenção na máquina e também nos trabalhadores — somente
assim um sistema funcionará adequadamente.
Para que ocorra o equilíbrio do sistema proposto de interação entre ho-
mem e máquina, a ergonomia deve ser considerada, pois foca na qualidade
do processo, não somente adaptando as máquinas aos trabalhadores, mas
também verificando as características ambientais envolvidas e como podem
afetar a qualidade do trabalho, conforme afirma Iida (2005).
A preocupação com a qualidade de vida dos trabalhadores não é apenas
uma questão de eficácia produtiva — ela vai além, uma vez que no Brasil a
NR nº 17 do Ministério do Trabalho e Previdência, intitulada “Ergonomia”
e conhecida como NR-17, tem força de lei. Portanto, a preocupação com
o bem-estar e a qualidade de vida no trabalho não tem apenas o objetivo
de otimizar a produção ou adaptar a máquina; existe ainda o aspecto legal
(BRASIL, 2022).
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A Associação Brasileira de Ergonomia conceitua ergonomia da seguinte forma:

A ergonomia (ou fatores humanos) é uma disciplina científica relacionada


ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elemen-
tos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a
projetos a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global
do sistema (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA, 1999).

A ergonomia pode fazer parte de todo o processo, desde o projeto de um


produto já adaptado a determinadas condições até a verificação de produtos
ou formas de trabalhar já existentes, propondo adequações. As soluções, na
grande maioria das vezes, não são tarefas fáceis a ponto de serem resolvidas na
primeira tentativa. Na maioria dos casos, conforme afirma Iida (2005), a tarefa é
complexa e exige diversas tentativas ou análises, não existindo respostas prontas.

A ergonômica é fundamental para o bom desempenho das organizações, pois exerce


impacto na qualidade de vida do trabalhador. Um aspecto que vale ser destacado é que
o escopo da ergonomia é amplo, o que fez com que se buscasse meios para lidar com
ela. Esses meios se diferenciam quanto a abordagem (produto e produção), perspectivas
(Intervenção e concepção) e finalidade (correção, enquadramento, remanejamento,
modernização) (IIDA, 2005). As respectivas abrangências de cada um desses âmbitos
de ergonomia são listadas a seguir:
 Ergonomia de produto — foco na introdução de recomendações ergonômicas
no projeto de produtos.
 Ergonomia de produção — voltada para o projeto de sistemas de trabalho.
 Ergonomia de intervenção — foco numa situação existente.
 Ergonomia de concepção — foco na concepção de projeto.
 Ergonomia de correção — foco em mudança limitada em algo que já existe.
 Ergonomia de enquadramento — adoção de padrões e parâmetros.
 Ergonomia de remanejamento — foco em mudanças mais ou menos profundas
em algo que já existe.
 Ergonomia de modernização — foco em mudanças na base técnica do processo
de produção.
4 Ergonomia

A ergonomia era inicialmente aplicada apenas na indústria e nos setores


militar e espacial. Porém, cada vez mais outros setores vêm adotando as suas
diretrizes, inclusive no dia a dia das pessoas “comuns”. É evidente que existem
nos projetos concessões às vezes relacionadas à postura, ao ruído ou a outro
tipo de desconforto; porém, em relação à segurança do operador, nenhuma
concessão deve ser permitida, já que os danos à saúde física do trabalhador
por vezes são irreparáveis.
Na indústria, a ergonomia tem como objetivo contribuir para a eficiência,
a confiabilidade e a qualidade das operações. Está presente na interface ho-
mem–máquina, na adequação dos postos de trabalho, na organização laboral
e na verificação das condições ambientais como um todo (ruído, temperatura,
luminosidade). Além das condições ambientais, estão inseridos no escopo da
ergonomia os aspectos relacionados com a fadiga, o tédio e a monotonia, que
podem ser ocasionados em tarefas repetitivas.
Na agricultura, a ergonomia avança de forma um pouco mais lenta, devido
às características dispersas das atividades desse setor. As máquinas agrícolas
vêm evoluindo constantemente, possibilitando mais conforto e segurança ao
trabalhador e visando evitar os acidentes relacionados a esse tipo de maquinário.
No setor de serviços, que inclui hospitais, lojas, escritórios e uma série de
outros locais de trabalho, a ergonomia é aplicada de diferentes formas. Num
hospital complexo, por exemplo, onde diferentes equipamentos devem operar
em tempo integral, são necessárias escalas de trabalho, iluminação adequada
na sala de cirurgia, conforto para o paciente, acessibilidade à edificação e uma
série de outros requisitos.
A ergonomia também está presente no cotidiano, melhorando a qualidade
de vida em vários aspectos. Nesse contexto, a Norma Brasileira (NBR) nº
9.050, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), estabelece con-
dições para acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015).
Essa norma utiliza conceitos de ergonomia para tornar os locais acessíveis à
maioria da população.
Enfim, são inúmeras as maneiras de aplicar a ergonomia ao ambiente de
trabalho e no dia a dia; difícil é imaginar uma situação em que os conceitos
da ergonomia não se aplicam. A verificação das condições de trabalho
deve ser constante, e é preciso ter em mente que tanto os trabalhadores
quanto a empresa têm necessidades. Esse equilíbrio entre as condições
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ambientais da empresa e a qualidade de vida dos trabalhadores precisa


ser mediado por uma equipe multidisciplinar para que metas e resultados
possam ser atingidos.

2 Modificações ergonômicas
Um dos objetivos da ergonomia é tornar o ambiente de trabalho mais seguro,
saudável, confortável e eficiente, conforme afirmam Dul e Weerdmeester
(2004). Nesse contexto, os autores Iida (2005) e Kroemer e Gradjean (2007)
enfatizam as necessidades de otimização da eficiência e de redução da mono-
tonia, do estresse, de erros e acidentes. Dessa forma, promove-se a segurança
no local de trabalho, sempre alinhada à produção.
Não é possível manter a produção de uma empresa com alto rendimento
quando ocorrem diversos afastamentos por lesões ou desconfortos. Tais pro-
blemas podem, inclusive, ser motivo de interdições temporárias realizadas
pelo Ministério do Trabalho e Previdência. Com base nesses conceitos, as
linhas de montagem tradicionais, responsáveis por trabalhos monótonos e
repetitivos, vêm dando espaço para núcleos de trabalho, na forma de equipes
menores e com maior flexibilidade, isto é, uma célula produtiva responsável
por um produto completo.
Nessa mudança de forma de trabalho, a ergonomia tem papel fundamental.
Além da redução da fadiga, da monotonia e do tédio, nesse tipo de arranjo os
erros são mais fáceis de serem percebidos, e não é necessário que toda a linha
seja interrompida quando um erro é encontrado, pois este ocorre apenas no
núcleo do processo. Com isso, a distribuição de tarefas ocorre de forma mais
organizada, conforme afirma Iida (2005).
Os benefícios da modificação ergonômica no ambiente de trabalho se
tornam mais evidentes quando o próprio posto de trabalho é alterado. Em
escritórios, as pessoas utilizam o computador o tempo todo; assim, a adapta-
ção da estação de trabalho é muito importante para melhorar a qualidade das
tarefas. Como exemplo, podemos observar na Figura 1 o registro da atividade
muscular dos ombros no ato de escrita. Em A, é registrada a posição ótima de
escrever; em B, a altura elevada move a carga para os ombros; na posição C, a
altura está ainda mais elevada que na posição B, exigindo a elevação lateral dos
braços para compensar. Desse modo, para aplicar um estudo ergonômico, seja
qual for o método aplicado, é necessário conhecer os movimentos corporais
necessários para cada tarefa.
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Figura 1. Registro da atividade da musculatura dos ombros.


Fonte: Kroemer e Gradjean (2007, p. 52).

Para conduzir modificações ergonômicas, entre outros métodos existentes,


pode ser realizada uma análise ergonômica do trabalho (AET), conforme
estabelece a NR-17 (BRASIL, 2022). A aplicação da AET ajuda a verificar as
situações problemáticas no sistema produtivo, conforme afirma Iida (2005).
Porém, somente com o conhecimento prévio da demanda, da tarefa ou da
atividade é possível aplicar uma análise correta. Ademais, deve ser realizada
uma análise para cada indivíduo, caso contrário o resultado não será satisfa-
tório. Todas as etapas devem ser corretamente executadas para o bom êxito
do estudo técnico.
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3 Melhorias para adaptar a ergonomia


Fundamentalmente, a ergonomia tem por objetivo melhorar a qualidade do trabalho
em vários aspectos, incluindo os físicos, sensoriais, cognitivos, sociais e orga-
nizacionais. Nesse enfoque, está intrínseco o aspecto de prevenção das doenças
do trabalho. Identificada a necessidade de mudança, a indicação de melhorias é
feita com base num dos métodos de análise existentes. São diversos os métodos e
ferramentas para a execução da AET, não existindo método certo ou errado; cada
um apresenta características que melhor se aplicam a determinadas situações.
Numa análise ergonômica, inicialmente deve-se apontar as primeiras
observações em relação ao ambiente de trabalho, caso não exista histórico de
aplicação da ergonomia na empresa. O escopo da NR-17 prevê os seguintes
aspectos a serem observados (BRASIL, 2022):

■ levantamento, transporte e descarga individual de materiais;


■ mobiliário dos postos de trabalho;
■ trabalho com máquinas, equipamentos e ferramentas manuais;
■ condições de conforto no ambiente de trabalho.

Existem dois anexos sobre o trabalho dos operadores de checkout e o tra-


balho em teleatendimento ou telemarketing. É importante ressaltar a extensão
do conteúdo da norma; além de condições ambientais, o documento também
contempla a organização do trabalho.
Embora a norma estabeleça parâmetros e algumas recomendações, eles não
são absolutos, servindo apenas de referência. O objetivo da NR-17 é instaurar
diretrizes e requisitos necessários à adaptação das condições laborais às
características psicofisiológicas dos trabalhadores, proporcionando conforto,
segurança, saúde e desempenho eficiente no trabalho (BRASIL, 2022). A
tolerância de limites de segurança pode ser medida de forma objetiva; porém,
em relação ao conforto, a medição se torna mais complexa.
Para essa avaliação, a participação do trabalhador é fundamental; somente
ele pode afirmar se determinada solução está atendendo às expectativas. Esta é
uma das diferenças em relação à organização do trabalho proposta por Taylor:
a participação do trabalhador. Cada vez mais, os colaboradores devem ser
consultados sobre o mobiliário, as ferramentas e demais interfaces da produção.
Outro conceito que deve ser entendido é o de produção eficiente. Para a
NR-17, produzir de maneira eficiente não corresponde à produção máxima da
linha sem medir as consequências na saúde do trabalhador (BRASIL, 2022).
Muito pelo contrário, a eficiência está ligada ao desempenho satisfatório de
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toda a vida de trabalho. A eficiência, nesse caso, está relacionada com a ma-
nutenção do trabalhador durante todo o período produtivo estipulado. Como a
tendência da previdência social é aumentar a idade mínima de aposentadoria,
até mesmo devido à situação econômica do país, as empresas devem oferecer
condições de trabalho adequadas para manter o trabalhador na ativa durante
o período necessário.
De acordo com a NR-17, cabe ao empregador realizar a AET (BRASIL, 2022):

■ quando identificar a necessidade de análise mais profunda sobre de-


terminada situação;
■ quando identificar incoerências ou deficiência das ações adotadas;
■ quando a AET for sugerida pelo acompanhamento de saúde dos traba-
lhadores de acordo com os critérios do Programa de Controle Médico
de Saúde Ocupacional (PCMSO);
■ quando, na análise de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho,
de acordo com o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), for
indicada a causa referente às condições de trabalho.

Nesse contexto, a execução da AET deve compreender as seguintes etapas


(BRASIL, 2022):

■ deixar clara a demanda do estudo;


■ analisar tarefas, atividades e situações de trabalho;
■ discutir e restituir os resultados aos trabalhadores envolvidos;
■ propor sugestões ergonômicas específicas para os postos de trabalho
avaliados;
■ avaliar e revisar as intervenções realizadas com a participação dos
trabalhadores, supervisores e gerentes;
■ avaliar a eficiência das recomendações.

Analisada a demanda de forma correta e estudando-se o problema de forma


adequada, a resposta ao problema ergonômico será satisfatória. Não devem
ser conduzidas análises abstratas ou genéricas; analisa-se algo concreto, para
assim entender o problema. O fluxo produtivo depende da manutenção das
máquinas e dos indivíduos. Conhecer os limites e as potencialidades de cada
um faz parte da organização do trabalho. Somente com esses dois elementos
trabalhando de forma integrada, adequada, confortável e segura, torna-se
possível obter melhores resultados.
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Deimling e Pesamosca (2014) aplicaram a AET numa empresa de confecções. O posto


de trabalho analisado foi o de fechamento das laterais de camisas, pois exigia maior
esforço e demonstrava problemas (verificação da demanda). De acordo com o estudo,
a AET possibilitou identificar todos os movimentos realizados pelos funcionários.
Como resultado da aplicação da ferramenta de análise, verificou-se que vários desses
movimentos não estavam de acordo com as recomendações de conforto para a função.
Para amenizar o problema, foram propostas três alternativas. A primeira compre-
endia a reavaliação da máquina, que não permitia a aproximação ideal do operador
do equipamento. A segunda proposta consistia em providenciar uma cadeira com
apoio para os cotovelos, permitindo, dessa forma, a execução das atividades sem
interferência. A terceira proposta consistia em intercalar pausas de 3 a 5 minutos, para
diminuir os efeitos do trabalho repetitivo, além de elaborar exercícios de ginástica
laboral específicos para a função. Essas considerações foram realizadas apenas para
uma atividade dentro da empresa, mas poderiam ser expandidas para outras áreas
que apresentassem reclamações ou afastamentos.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. O que é ergonomia. 1999. Disponível em:


http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_ergonomia. Acesso em: 23
ago. 2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050:2015: acessibilidade a
edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015. Dis-
ponível em: http://www.acessibilidadenapratica.com.br/tag/nbr-9050-2015/. Acesso
em: 23 ago. 2018.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Norma Regulamentadora nº 17 — NR-17.
Brasília: MTP, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/
composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-
-no-trabalho/ctpp-nrs/norma-regulamentadora-no-17-nr-17. Acesso em: 8 jul. 2022.
CORRÊA, V. M. BOLETTI, R. R. Ergonomia: fundamentos e aplicações. Porto Alegre:
Bookman, 2015.
DEIMLING, M. F.; PESAMOSCA, D. Análise ergonômica do trabalho em uma empresa
de confecções. Ibroamerican Journal of Industrial Engineering, v. 6, n. 11, p. 37-58, 2014.
DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. São Paulo: Edgard Blucher, 2004.
IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Blucher, 2005.
10 Ergonomia

KROEMER, K. H. E.; GRADJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao


homem, 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007.

Leituras recomendadas
ABRANTES, A. F. Atualidades em ergonomia: logística, movimentação de materiais,
engenharia industrial, escritórios. São Paulo: IMAM: 2004.
FREITAS, M. P.; MINETTE, l. J. A importância da ergonomia dentro do ambiente de
produção. In: Simpósio Acadêmico de Engenharia de Produção, 9., 2014, Viçosa. Anais...
Minas Gerais: Universidade Federal de Viçosa, 2014. Disponível em: http://www.saepro.
ufv.br/wp-content/uploads/2014.5.pdf. Acesso em: 23 ago. 2018.
Dica do professor
A ergonomia é algo amplo e pode atuar sob diferentes formas quanto a sua abordagem, perspectiva
e finalidade.

Confira, nesta Dica do Professor, uma rápida explicação sobre as diferentes aplicações da
ergonomia.

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Exercícios

1) A ergonomia, como disciplina científica, busca compreender as interações entre os seres


humanos e outros elementos ou sistemas por meio da aplicação de teorias, princípios, dados
e métodos, de modo a promover o bem-estar humano e o desempenho global do sistema.
Em toda a sua conceituação, é correto afirmar que a ergonomia se refere à:

A) adaptação da máquina ao homem.

B) adaptação do homem à tarefa.

C) adaptação do homem ao produto.

D) adaptação do homem às condições ambientais.

E) adaptação do homem à máquina.

2) De início, a ergonomia era aplicada somente na indústria e nos setores militar e espacial.
Com o passar do tempo, foi sendo introduzida em outros setores e até mesmo no dia a dia
das pessoas. Em relação à aplicação da ergonomia, quanto à abordagem, é correto afirmar
que ela pode ser:

A) concepção e intervenção.

B) de produto ou produção.

C) correção e modernização.

D) enquadramento e remanejamento.

E) concepção e correção.

3) A ergonomia pode ser aplicada de diversas formas em um ambiente de trabalho. Nesse


sentido, a verificação das condições de trabalho deve ser constante, considerando que
trabalhadores e empresa têm suas necessidades. Deve-se buscar o equilíbrio entre as
condições ambientais da empresa e a qualidade de vida dos trabalhadores. Nesse sentido,
em que momento a organização deve realizar a análise ergonômica do trabalho?

A) Anualmente, conforme determinado pela direção da organização.


B) Quando for analisar o desempenho global da organização.

C) Quando observar a necessidade de uma avaliação mais aprofundada em determinada


situação.

D) Somente na etapa de avaliação de perigo.

E) Somente na etapa de avaliação de riscos.

4) A ergonomia tem por objetivo melhorar a qualidade do trabalho nos aspectos físicos,
sensoriais, cognitivos, sociais e organizacionais. Nesse enfoque, está intrínseco o aspecto de
prevenção das doenças do trabalho. Marque a alternativa que corresponde à avaliação do
mobiliário dos postos de trabalho, de acordo com a NR 17.

A) Adoção de medidas técnicas de engenharia, organizacionais e administrativas para atividades


que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do tronco, do pescoço, da cabeça e dos
membros superiores e inferiores.

B) Deve haver iluminação natural ou artificial em todos os locais e situações de trabalho.

C) Apresentar regulagens que permitam adaptação às características antropométricas dos


trabalhadores.

D) A localização e o posicionamento do painel de controle e dos comandos devem facilitar o


acesso e o manejo fácil e seguro.

E) O transporte manual de cargas por um trabalhador não é permitido e não pode ser exigido se
o peso comprometer sua saúde ou sua segurança.

5) A AET é o relatório de Análise Ergonômica do Trabalho, que deve ser elaborado pela
organização sob as condições exigidas na NR 17. Para verificar se determinada solução está
atendendo às expectativas, é fundamental:

A) a participação dos trabalhadores.

B) a participação da equipe de engenharia.

C) a participação dos superiores hierárquicos mais próximos do trabalhador.

D) a participação da equipe de fisioterapeutas.

E) a participação de uma equipe médica.


Na prática
Dentro das empresas, a ergonomia é aplicada por meio de adequações de mobiliário, máquinas,
equipamentos, normas de trabalho, etc.

Confira neste Na Prática, o caso da fabricante Whirlpool Latin America.


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Para que isso seja possível, é essencial que os trabalhadores aprovem as adequações não apenas na
teoria. Portanto, muitas vezes é necessário produzir protótipos que serão testados pelos
trabalhadores.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

NR 17 — Ergonomia

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Análise ergonômica dos movimentos e posturas dos operadores


de checkout em um supermercado localizado na cidade de
Cataguases, Minas Gerais
Leia este artigo, cujo objetivo foi analisar os riscos a que os operadores de checkout estão expostos
por movimentos e posturas adotados durante a execução das atividades, as dores que os
acometem, o grau de risco a que estão submetidos em seu posto de trabalho e as atividades que
mais contribuem para o desenvolvimento de doenças osteomusculares.

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Análise Ergonômica do Trabalho (AET) no ambiente de


escritório: um estudo de caso em uma empresa na cidade de
Manaus (AM)
Leia este artigo, que teve como objetivo mostrar a real importância da ergonomia no ambiente de
trabalho em escritório, no qual são atribuídas tarefas que causam impacto no aspecto físico e
psicossocial dos colaboradores.
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Ergonomia no trabalho

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Paranapanema S.A. Programa Juntos Somos + Ergonomia

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Ergonomia — Série Mão Dupla

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LER e o mundo do trabalho


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