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Processos psicológicos e doenças

relacionadas ao trabalho

Apresentação
Com frequência, o tempo dos trabalhadores destinado às atividades laborais ultrapassa qualquer
outro conjunto de atividades das suas rotinas. Isso significa que o trabalho se configura como um
importante contexto de desenvolvimento, ocupando um lugar central na vida das pessoas. Neste
sentido, observa-se que, desde a Revolução Industrial, há cerca de 200 anos, as condições de
trabalho vêm apresentando danos à saúde física e mental dos trabalhadores. Estresse, Síndrome de
Burnout, depressão e até mesmo suicídio são algumas das principais disfuncionalidades de ordem
psicológica que frequentemente estão presentes nesse contexto.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará os processos psicológicos (com ênfase nos
processos psicológicos básicos), aprenderá a relacioná-los com as disfuncionalidades relacionadas
ao trabalho e, por fim, estudará sobre a produção de subjetividade pautada na hiperdemanda de
trabalho na contemporaneidade.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir o que são processos psicológicos básicos.


• Relacionar processos psicológicos com disfuncionalidades relacionadas ao trabalho.
• Explicar a produção de subjetividade, pautada pela hiperdemanda do trabalho na
contemporaneidade.
Desafio
Os processos psicológicos podem ser entendidos como etapas ou mecanismos que ocorrem em um
indivíduo e produzem mudanças em seu comportamento, pensamento ou emoção. Em geral, são
divididos em processos básicos (incluindo sensação, percepção, atenção e emoção) e superiores
(incluindo abstração, pensamento e linguagem).

Entre os processos psicológicos básicos, destaca-se a importância da sensação e da percepção na


interação das pessoas com as situações que vivem. Pensando nisso, analise a seguinte situação:

Considerando a situação mencionada e os conceitos de sensação e percepção, responda:

a) Em qual momento da situação descrita é possível identificar o fenômeno da sensação? Explique


brevemente o que caracteriza esse processo e qual característica definidora tornou possível a sua
identificação nesse caso.

b) Em qual momento da situação é possível identificar o fenômeno da percepção? Explique o que


caracteriza a percepção e como é possível identificá-la na situação descrita.
Infográfico
As disfuncionalidades ou as doenças relacionadas ao trabalho podem ter diversas origens. Em geral,
elas ocorrem a partir da relação entre diversos fatores, tanto de nível pessoal (individual, particular
de cada trabalhador) quanto contextual (englobando o ambiente físico e social em que a pessoa
está inserida).

Neste Infográfico, você verá os cinco principais fatores que estão relacionados à ocorrência de
disfuncionalidades no contexto laboral.
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Conteúdo do livro
Cada vez mais o trabalho está tomando uma proporção maior na vida das pessoas. O mercado de
trabalho atual está formado por um número menor de trabalhadores atuando, que estão ganhando
menos e realizando uma quantidade maior de atividades. Essa configuração acaba por acarretar em
profissionais desgastados, com maior incidência de estresse, Síndrome de Burnout, entre outras.

No capítulo Processos psicológicos e doenças relacionadas ao trabalho, da obra Qualidade de Vida e


Segurança no Trabalho, você verá como definir o que são os processos psicológicos básicos,
relacionar processos psicológicos com disfuncionalidades relacionadas ao trabalho e explicar a
produção de subjetividade pautada pela hiperdemanda do trabalho na contemporaneidade.

Boa leitura.
QUALIDADE DE VIDA
E SEGURANÇA NO
TRABALHO

Sabine Heumann
Processos psicológicos
e doenças relacionadas
ao trabalho
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir processos psicológicos básicos.


 Relacionar processos psicológicos com disfuncionalidades relacionadas
ao trabalho.
 Explicar a produção de subjetividade, pautada pela hiperdemanda
do trabalho na contemporaneidade.

Introdução
Em geral, os processos psicológicos costumam ser divididos em básicos
(incluindo atenção, sensação, percepção, emoção, etc.) e superiores
(englobando abstração, linguagem, etc.), conforme discute Tamayo (2011).
Compreender o funcionamento dos processos psicológicos é um im-
portante passo para discutir a produção de subjetividade e a relação
homem-trabalho nos dias atuais.
Neste capítulo, você vai conhecer um pouco mais dos processos
psicológicos e suas relações com as doenças e disfuncionalidades
relacionadas ao trabalho. Assim, você aprenderá a definir o que são
processos psicológicos básicos, a relacionar processos psicológicos
com disfuncionalidades relacionadas ao trabalho e a explicar a pro-
dução de subjetividade, pautada pela hiperdemanda do trabalho na
contemporaneidade.
2 Processos psicológicos e doenças relacionadas ao trabalho

Os processos psicológicos
Os processos psicológicos foram alvo de estudos e discussões desde o iní-
cio da psicologia. Muitos estudiosos falam sobre eles, mas sua defi nição
propriamente dita ainda é pouco explorada. Na maioria dos livros, o foco
é apenas uma distinção entre processos psicológicos básicos e processos
psicológicos de ordens superiores, e não se discute em profundidade sua
definição conceitual (TAMAYO, 2011). Para compreender o que os caracteriza
e, posteriormente, relacioná-los às disfuncionalidades relativas ao trabalho,
você verá uma defi nição conceitual do que são processos psicológicos, com
ênfase nos processos psicológicos básicos, e verá alguns dos processos para
favorecer a compreensão.

A definição conceitual de processos psicológicos


Em linhas gerais, um processo psicológico pode ser entendido como uma
série de etapas ou mecanismos que ocorrem em um organismo resultando
em mudanças no comportamento, na emoção ou no pensamento. Sendo
assim, pode-se dizer que os processos psicológicos são uma maneira de se
explicar as mudanças nos comportamentos ou no estado de um indivíduo
e, também, nas condições ambientais que desencadeiam essas mudanças
(TAMAYO, 2011).
De acordo com Tamayo (2011), como já mencionado, com frequência, a
literatura costuma separar os processos psicológicos em processos básicos
e superiores. De maneira simplificada, pode-se fazer a seguinte distinção:

 processos psicológicos básicos englobam: sensação, percepção, atenção,


emoção, etc.;
 processos psicológicos superiores englobam: abstração, pensamento,
linguagem, etc.

Note que os processos psicológicos superiores são mais sofisticados do


que os básicos, que seriam as formas mais simples de interação do indivíduo
com o meio. Entretanto, há autores que defendem que essa distinção (básicos
e superiores) é essencialmente didática, não uma realidade prática (TAMAYO,
2011). De qualquer maneira, no escopo deste capítulo, você vai se aprofundar
nos processos psicológicos entendidos como básicos.
Processos psicológicos e doenças relacionadas ao trabalho 3

De acordo com a definição proposta por Tamayo (2011), processos psicológicos podem
ser compreendidos como etapas de um processo de mudança no comportamento,
emoção ou pensamento de um indivíduo. Em geral, são divididos em processos psi-
cológicos básicos (que englobam sensação, percepção, emoção, atenção) e processos
psicológicos superiores (que envolvem linguagem, pensamento e abstração).

A partir da compreensão inicial, para dar continuidade aos objetivos deste


capítulo, a partir de agora, veremos cada um dos processos citados: sensação,
percepção, atenção e emoção. Assim, inicialmente, você verá de forma conjunta
os processos de sensação e percepção e, posteriormente, verá os processos de
atenção e emoção. Essa organização se dá devido à forte relação e à proximi-
dade dos conceitos de sensação e percepção, o que será discutido mais adiante.

Sensação e percepção
Primeiramente, é importante destacar que sensação e percepção são temáticas
que vêm sendo estudadas de maneira inter e transdisciplinar desde muito
antes de que a psicologia existisse enquanto ciência. Para compreender os dois
processos, vamos iniciar pela discussão do conceito de sensação (RIBEIRO;
LOBATO; LIBERATO, 2009), que pode ser entendida como o primeiro con-
tato do sujeito com o ambiente (ou com um estímulo do ambiente). De forma
sucinta, podemos pensar em sensação como um processo de detecção de
estímulos oriundos do meio e de transmissão desses estímulos para o cérebro.
Sendo assim, compreende o processo pelo qual os cinco sentidos (visão, tato,
paladar, olfato e audição) apreendem informações do ambiente (FELDMAN,
2015; GAZZANIGA; HEATHERTON; HALPERN, 2018).

O processo de sensação ocorre, por exemplo, quando, ao provar um suco, através


do paladar, a pessoa sente o seu gosto ou então quando encosta em uma flor e, a
partir do tato, é possível sentir a sua textura. Ou seja, pode-se dizer que a sensação
é um processo de experiência básica do organismo (sujeito) em relação ao contexto
em que está inserido (FELDMAN, 2015; GAZZANIGA; HEATHERTON; HALPERN, 2018).
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Já a noção de percepção pode ser definida como o ato ou efeito de perceber


a partir dos cinco sentidos e reconhecer um estímulo do contexto. Sendo assim,
pode-se afirmar que a percepção funciona de uma forma um pouco mais com-
plexa em relação à sensação, englobando o processamento, a organização e a
interpretação de um estímulo sensorial. Assim, costuma-se compreender que
a percepção é um passo além da sensação, abrangendo o momento em que o
organismo se relaciona com o meio de uma forma consciente, construindo uma
informação útil e significativa sobre aquela experiência sensorial (FELDMAN,
2015; GAZZANIGA; HEATHERTON; HALPERN, 2018).

A percepção ocorre quando você, ao provar um suco, sente o gosto e o cheiro e os


relaciona a algo que você já sentiu em outro momento. Assim, consegue associar
aquelas informações sensoriais a um tipo específico de suco (suco de laranja, por
exemplo). Ou seja, a percepção ocorre a partir das informações sensoriais que são
interpretadas, isto é, a partir da atribuição de um sentido a um estímulo (FELDMAN,
2015; GAZZANIGA; HEATHERTON; HALPERN, 2018).

Sendo assim, para finalizar essa discussão, pode-se dizer que a relação
entre sujeito e ambiente (contexto em que está inserido) inicia-se pela sensação
(a partir dos cinco sentidos), quando se estabelece o primeiro contato entre
organismo e meio, e passa para a percepção no momento em que esse organismo
interpreta e organiza aquele estímulo (FELDMAN, 2015; GAZZANIGA;
HEATHERTON; HALPERN, 2018). A partir desse entendimento, para dar
continuidade à compreensão dos processos psicológicos básicos, na sequência,
você aprenderá sobre o processo de atenção.

Atenção
Tradicionalmente, dentro da ciência psicológica, entende-se que a atenção
pode ser traduzida a partir da noção de que as pessoas não reagem a todos os
estímulos do ambiente em que estão inseridas, mas selecionam alguns estímu-
los aos quais irão responder ou reagir. Esse processo de seleção, em síntese,
corresponde ao processo de atenção (STRAPASSON; DITTRICH, 2008).
Myers (2015) discute a atenção tratando do processo de atenção seletiva
e desatenção seletiva. Conforme o autor desenvolve em sua obra, é por meio
da atenção seletiva que cada um de nós focaliza, de maneira consciente, um
Processos psicológicos e doenças relacionadas ao trabalho 5

aspecto particular de tudo aquilo que vivencia. Estima-se que os nossos cinco
sentidos consigam assimilar em torno de 11 milhões de bits de informação
por segundo, dos quais é possível processar conscientemente apenas cerca
de 40. Ou seja, ainda que o foco de atenção possa mudar de maneira súbita, é
possível assimilar apenas uma parte pequena de todo o universo de estímulos
que ocorre no meio.
Veja o exemplo a seguir para compreender um pouco mais sobre o processo
de atenção seletiva e sua importância.

Uma pesquisa realizada em Sydney, em 2005 e 2007, ajuda a compreender um pouco


mais do processo de atenção ao analisar o impacto de falar ao celular dirigindo.
Foram realizadas análises de gravações telefônicas que precediam acidentes de
carros e foi possível concluir que usuários que falavam ao celular enquanto dirigiam
(mesmo utilizando equipamentos para falar sem utilizar as mãos) corriam quatro vezes
mais riscos do que motoristas que não falavam ao telefone. Isso ocorre, de acordo
com a compreensão de atenção, devido ao fato de que a pessoa não consegue
focar (verdadeiramente) em mais de uma atividade ao mesmo tempo. Sendo assim,
ao falar ao celular, o motorista focava sua atenção na conversa, tirando a atenção da
pista e do trânsito.
Na mesma linha de raciocínio, os mesmos pesquisadores fizeram outro experi-
mento com motoristas, mas analisando o comportamento após uma sinalização na
autoestrada. Dos motoristas que vinham conversando com uma pessoa que estava
dentro do carro (um passageiro), 88% viu a sinalização e respeitou o que foi indicado.
Já entre os motoristas que vinham falando no celular, apenas 50% viu a sinalização e
a respeitou. Isso mostra um pouco a diferença entre falar ao celular e falar com outra
pessoa que também está no carro (que sofre impacto das interferências do trajeto de
forma semelhante ao motorista), e também reforça a ideia de que a atenção consciente
seleciona as informações do ambiente que vai focalizar (MYERS, 2015).

Aprofundando essa discussão, da mesma forma, conforme discute Myers


(2015), existe o processo de desatenção seletiva, que ocorre de maneira
semelhante ao processo de atenção seletiva, mas enfatiza as informações
que são “perdidas” no contexto. Para ilustrar, o autor relata um experimento
em que convida um grupo de pessoas para analisar um jogo de basquete.
Essas pessoas devem contar quantas vezes um jogador específico pega
na bola. No meio do jogo, entra uma mulher segurando uma sombrinha
(fato bem inusitado) e nenhuma das pessoas que estava analisando o jogo
6 Processos psicológicos e doenças relacionadas ao trabalho

a percebe. Ou seja, quando a atenção está focada em um aspecto, ocorre o


que se chama de cegueira da desatenção, reforçando a ideia de que, com o
processo de atenção, as pessoas selecionam o estímulo que irão focalizar e
deixam de perceber os demais.

Quer saber mais sobre o conceito do processo psicológico da atenção? No artigo


do link a seguir, você poderá ler mais sobre a compreensão de Skinner, dentro do
behaviorismo, sobre o “prestar atenção”. Neste artigo, a atenção é entendida como um
processo comportamental, em oposição à ideia de processo cognitivo (STRAPASSON;
DITTRICH, 2008).

https://qrgo.page.link/NQYTd

Tendo em vista o que foi apresentado, para finalizar a compreensão dos


processos psicológicos básicos, a seguir, você aprenderá sobre o processo
de emoção.

Emoção
Em linhas gerais, pode-se definir emoção como sentimentos, muitas vezes
associados a elementos fisiológicos e cognitivos, que influenciam o compor-
tamento das pessoas (FELDMAN, 2015). As emoções têm forte impacto na
forma como as pessoas se relacionam com o mundo, interferindo, inclusive,
no processo de percepção (MYERS, 2015).
Para favorecer a compreensão de como isso ocorre, Myers (2015) traz alguns
exemplos: quando você vai a pé para um destino, ele parece mais longe quando
você está cansado do que quando você está descansado. Na mesma linha de
raciocínio, uma colina parece mais íngreme para quem está com uma mochila
pesada nas costas, ou um alvo parece mais distante quando você arremessa
um objeto pesado ao invés de um leve. Esses exemplos ajudam a perceber
o quanto a emoção interfere na percepção das coisas, na forma como cada
pessoa encara uma situação.
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A percepção é alimentada pelos processos de sensação, emoção e atenção. Con-


forme destaca Myers (2015), a “simples” percepção de algo corriqueiro do dia
a dia é impactada por diversos fatores, sendo um produto criativo do cérebro.
A percepção é a nossa versão da realidade, sendo influenciada por aspectos
biológicos (principalmente a partir da detecção de estímulos através dos sentidos
— sensação), psicológicos (como a atenção e a emoção) e também culturais (como
suposições e expectativas que impactam nas emoções, assim como no foco de
atenção consciente).

As emoções existem por diversos motivos, ou seja, têm algumas funções


que as tornam importantes. Veja, a seguir, as que Feldman (2015) destaca
como principais.

 As emoções preparam o sujeito para a ação: as emoções atuam


como um elo de ligação entre os estímulos do ambiente e as reações do
organismo. Quando alguém vivencia uma situação e sente medo, por
exemplo, o corpo já vai se preparar para ativar uma resposta de luta ou
fuga, como uma medida reativa ao sentimento de medo.
 As emoções moldam os comportamentos futuros: as emoções atuam
também como forma de aprendizado. Quando se vivencia uma situação
que causa uma emoção ruim, essa vivência faz com que o sujeito aprenda
a evitar situações semelhantes no futuro.
 As emoções ajudam na interação humana: quando uma pessoa
comunica as emoções que está sentido (através de comportamentos
verbais ou não verbais) facilita a compreensão dos demais, que podem
se preparar para as reações que virão no futuro.

Assim, é possível perceber que as emoções ocorrem com uma função e


moldam os comportamentos das pessoas, assim como sua forma de perceber
o mundo. Tendo em vista o que foi discutido, na sequência, você aprenderá a
relacionar esses processos com as disfuncionalidades relacionadas ao trabalho
para, por fim, compreender a produção de subjetividade nos contextos laborais
da contemporaneidade.
8 Processos psicológicos e doenças relacionadas ao trabalho

Os processos psicológicos e as disfuncionalidades


relacionadas ao trabalho
Desde os anos 1970, há registros de estudos referentes a disfuncionalidades
relacionadas ao trabalho. Com a era industrial, houve um aumento da divi-
são entre concepção e execução do trabalho, das jornadas de trabalho, do
ritmo de produção, entre outras características da relação homem-trabalho
que acarretaram prejuízos graves à saúde física e mental dos trabalhadores
(MENDES, 1995).
A partir desse cenário, Dejours (1988) discute sobre o impacto das organi-
zações de trabalho no funcionamento psíquico dos trabalhadores. De acordo
com o autor, o trabalho pode desencadear para o trabalhador experiências
de prazer (relacionado à satisfação de suas necessidades) e/ou de sofrimento
(relacionado à não satisfação de suas necessidades), impactando de maneira
global na saúde de cada indivíduo.
Zanelli (2009), em consonância com esse pensamento, afirma que um
dos grandes desafios da humanidade é conseguir conciliar as necessida-
des, expectativas e os recursos que o trabalhador possui com as necessida-
des, expectativas e demandas que a organização em que ele trabalha tem.
A dificuldade em conciliar esses dois lados acaba gerando um grande desgaste
físico e emocional por parte dos trabalhadores, resultando em problemas
crônicos, tais como insônia, dores de cabeça, úlcera, pressão alta, maior
suscetibilidade a gripes e resfriados, entre outros. Além desses, o desgaste
físico e emocional vai levando ao enfraquecimento global do trabalhador,
resultando, por exemplo, na alta incidência de estresse ocupacional e em
seu agravamento, ou estado mais agudo, a conhecida síndrome de burnout
(FONSECA, 2017).

No link a seguir, você poderá conhecer uma pesquisa realizada com policiais militares
do estado do Ceará para a identificação preliminar da síndrome de burnout (LIMA et
al., 2018).

https://qrgo.page.link/yGU6w
Processos psicológicos e doenças relacionadas ao trabalho 9

De acordo com Fonseca (2017), o Brasil vem ocupando uma posição de


destaque entre os países que apresentam estresse ocupacional e síndrome de
burnout. Além disso, tem sido identificado um alto índice de depressão entre
os trabalhadores, drogadicção, alcoolismo, baixa de rendimento e até mesmo
suicídio. Foi visto que aspectos como tensão no relacionamento com colegas
e gestores, expectativa quanto à manutenção ou não do posto de trabalho,
elevada exigência e pressão profissional (aliada ao excesso de carga de tra-
balho e a longas jornadas) estão fortemente relacionados ao aumento dessas
disfuncionalidades relativas ao trabalho.
Apesar desse cenário, Fonseca (2017), corroborando Mendes (1995), apro-
funda um pouco mais a discussão. Os autores afirmam que diferentes pessoas
reagem de maneiras diferentes às situações e adversidades do trabalho. A forma
de reação está relacionada às vivências de cada pessoa e até mesmo à sua per-
sonalidade. Ou seja, a relação homem-trabalho não está pautada apenas nas
situações de trabalho em si (mundo externo), mas também em aspectos ligados à
relação que próprio trabalhador estabelece com a sua realidade (mundo interno).
Nesse sentido, Zanelli (2009, p. 35) aponta que as disfuncionalidades
relacionadas ao trabalho estão ligadas aos seguintes fatores:

Biografia pessoal e profissional do trabalhador (como valores, carreira, pa-


péis e outros);
Fatores organizacionais (como estrutura, estratégia, tecnologia e outros);
Fatores institucionais (ética e cultura);
Políticas governamentais;
Fatores de ordem mundial.

Ou seja, é possível perceber que as disfuncionalidades ou doenças relacio-


nadas ao trabalho não estão ligadas a um ou outro aspecto em específico, mas
a uma complexidade de fatores que se inter-relacionam. Assim, relacionando
as disfuncionalidades decorrentes da relação homem-trabalho e o que foi
estudado no tópico anterior, referente aos processos psicológicos básicos, é
possível perceber que a relação que uma pessoa estabelece com seu trabalho,
assim como as possíveis disfuncionalidades decorrentes dessa relação, per-
passam os processos psicológicos, principalmente o processo perceptivo. Isso
ocorre porque, conforme você estudou, a percepção consiste na interpretação
ou atribuição de um sentido a um estímulo/situação com base na sua vivência
pessoal/história de vida. Sendo assim, diferentes pessoas irão perceber uma
vivência de trabalho de maneiras distintas (FONSECA, 2017; MENDES, 1995;
ZANELLI, 2009; FELDMAN, 2015; MYERS, 2015).
10 Processos psicológicos e doenças relacionadas ao trabalho

Preste atenção nessas afirmações para conseguir fazer a relação entre os processos
psicológicos básicos e as disfuncionalidades relacionadas ao trabalho.
A partir das afirmações de Dejours (1988) e Mendes (1995), é possível entender que
as disfuncionalidades relacionadas ao trabalho estão ligadas a aspectos internos do
próprio trabalhador, ou seja, aspectos de sua vivência e da forma como ele se relaciona
com a sua realidade.
Entendendo esse ponto, agora, retoma-se a compreensão dos processos psicológicos
básicos. Como você viu, de acordo com Myers (2015) e Feldman (2015) os processos
psicológicos básicos estão ligados à forma como a pessoa interpreta o seu meio, a
sua realidade — principalmente a partir do processo de percepção, que é impactado
pelos demais processos.
Logo, relacionando essas duas compreensões, você pode ver como os processos
psicológicos básicos, com ênfase no processo perceptivo, impactam fortemente
na relação homem/trabalho, estando, assim, relacionados às disfuncionalidades no
contexto de trabalho.

Como visto, as disfuncionalidades oriundas do trabalho perpassam a


esfera individual de cada trabalhador. Entretanto, ainda que este ponto esteja
claro, as organizações e o mundo do trabalho, de maneira global, devem
estar atentos à institucionalização dos riscos que os contextos laborais vêm
apresentando. Ou seja, ainda que se compreenda que essas disfuncionali-
dades são impactadas pelos processos psicológicos (esfera individual) há
de se estar atento à institucionalização dos riscos que a forma de produção
atual oferece a seus trabalhadores, visto que, desde a revolução industrial,
há cerca de 200 anos, as condições de trabalho vêm apresentando danos
à saúde do trabalhador (ZANELLI, 2009). Sendo assim, as organizações
devem prestar atenção à proteção da saúde física e mental dos seus tra-
balhadores, inclusive em consonância com o que prevê a Constituição
Federal de 1988, que estabelece como princípios fundamentais o respeito à
cidadania, à dignidade, aos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
(FONSECA, 2017).
Para dar continuidade a essa discussão, na sequência, você irá estudar
sobre o contexto contemporâneo de trabalho, pautado na hiperdemanda
de carga laboral, e verá como isso afeta a produção de subjetividade dos
trabalhadores.
Processos psicológicos e doenças relacionadas ao trabalho 11

A subjetividade no contexto de trabalho


na contemporaneidade
Para iniciar o último tópico deste capítulo, destaca-se um dado bastante alar-
mante: há pesquisas que demonstram que a quantidade de horas trabalhadas
por um casal americano típico aumentou em aproximadamente 700 horas
nas últimas décadas. Esse excesso de carga de trabalho tem causado danos
importantes na vida dos trabalhadores e no equilíbrio entre a vida profissional
e pessoal na contemporaneidade (ZANELLI, 2009).
Além da carga horária formal de trabalho, observa-se que, com a tecnologia,
as novas demandas de trabalho (focadas em projetos e prazos determinados,
não apenas em horas trabalhadas), as exigências cada vez mais complexas
que as organizações vêm impondo aos trabalhadores (que são pressionados a
aprender, contínua e rapidamente, sobre novas tecnologias e procedimentos),
assim como a constante ameaça de desemprego, caracterizam as relações de
trabalho atualmente (ZANELLI, 2009).
De acordo com Zanelli (2009), o mercado de trabalho contemporâneo está
configurado com um número menor de trabalhadores atuando (que ainda
estão ganhando menos) e realizando mais atividades. Ou seja, o mercado de
trabalho atual é pautado pela hiperdemanda de trabalho e, por consequência,
por profissionais desgastados.

Nesse cenário, destaca-se que empresas que conseguem manter um clima de con-
fiança, franqueza, respeito e transparência são capazes manter níveis de satisfação
melhores entre seus trabalhadores, o que impacta nos índices de absenteísmo e no
seu comprometimento com a organização.
Ou seja, empresas que caminham na contramão da hiperdemanda de trabalho,
focando no compromisso responsável entre organização e indivíduo, na valorização do
trabalhador, viabilizando condições de saúde e crescimento profissional, têm maiores
chances de impactar positivamente o desempenho diário de seus trabalhadores,
favorecendo os resultados organizacionais (ZANELLI, 2009).

Em meio a esse contexto contemporâneo, destaca-se o papel que o traba-


lho tem na formação do sujeito. Conforme discutem Coutinho, Krawulski e
Soares (2007), o trabalho ocupa um papel fundamental no desenvolvimento
12 Processos psicológicos e doenças relacionadas ao trabalho

do ser humano e na sua sociabilidade. Para aprofundar a discussão, as autoras


relacionam o conceito de subjetividade ao conceito de identidade, destacando
que a subjetividade pode ser entendida como o modo de ser de cada sujeito, a
forma como este se observa ou se reconhece, sendo sempre provisório (dinâ-
mico) e fortemente relacionado à sua identificação com o trabalho que exerce.
Mansano (2009) reforça a compreensão da subjetividade, apoiada na obra
do filósofo Félix Guattari e Rolnik (1996), afirmando que a subjetividade não
está no sujeito em si, mas é um produto da relação entre sujeito e o meio físico
e social em que está inserido. Ou seja, a subjetividade pode ser entendida como
algo fabricado ou modelado a partir da interação entre indivíduo e ambiente.
Com essa compreensão, é possível estabelecer e identificar o impacto do
contexto de trabalho na constituição da subjetividade dos trabalhadores.

A compreensão de subjetividade pode ser entendida como um modo e ser de cada


pessoa, a forma como uma pessoa se percebe ou como se reconhece. A subjetividade
não é algo fixo, mas, sim, algo dinâmico, sendo um produto da relação entre o indivíduo
e o meio em que está inserido (MANSANO, 2009; COUTINHO; KRAWULSKI; SOARES, 2007).

Zanelli (2009) corrobora esse ponto de vista afirmando que o trabalho


influencia as aspirações e também o estilo de vida dos trabalhadores. Para ele,
o trabalho está entre as atividades mais relevantes do sujeito, sendo a principal
fonte de significado na constituição da vida daqueles que exercem funções
formais ou mesmo informais. O autor ainda destaca que, mesmo que o salário
seja um item bastante relevante na relação em que o trabalhador estabelece com
o seu trabalho, as pessoas não buscam apenas retorno financeiro com a sua
atividade, mas previsibilidade nas relações, reconhecimento, oportunidades,
convivência com amigos, aprendizagem, ou seja, almejam um papel social a
partir da função que exercem. Essa compreensão demonstra o quanto o trabalho
tem uma função importante na constituição do sujeito e de sua subjetividade.
Como você viu, a relação homem-trabalho na contemporaneidade está
configurada pela hiperdemanda de trabalho e pelo consequente desgaste
dos profissionais. Essa hiperdemanda acaba por produzir um aumento nas
disfuncionalidades ou doenças relacionadas ao trabalho, como é o caso do
estresse, da síndrome de burnout, da depressão, entre outros. Não obstante,
Processos psicológicos e doenças relacionadas ao trabalho 13

vale destacar que a relação homem-trabalho é pautada pelos processos psico-


lógicos, principalmente a percepção, o que dá um caráter individual e próprio
de cada trabalhador a essa relação. Ainda assim, destaca-se a importância de
se tratar desse tema, visto que tais disfuncionalidades estão aparecendo de
maneira acentuada desde a Revolução Industrial, ou seja, há cerca de 200
anos. Dessa forma, é possível identificar que há, de fato, fatores relativos
ao trabalho na contemporaneidade que estão afetando a subjetividade dos
sujeitos e produzindo disfuncionalidades que impactam na qualidade de vida
dos trabalhadores de maneira física e mental (ZANELLI, 2009; COUTINHO;
KRAWULSKI; SOARES, 2007; MANSANO, 2009).

COUTINHO, M. C.; KRAWULSKI, E.; SOARES, D. H. P. Identidade e trabalho na contem-


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neidade. Revista de Psicologia da UNESP, Assis, v. 8, n. 2, 2009. Disponível em: http://
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MENDES, A. M. B. Aspectos psicodinâmicos da relação homem-trabalho: as contri-
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14 Processos psicológicos e doenças relacionadas ao trabalho

MYERS, D. G. Piscologia. Rio de Janeiro: LTC, 2015.


RIBEIRO, W. C.; LOBATO, W.; LIBERATO, R.C. Notas sobre fenomenologia, percepção e edu-
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TAMAYO, R. A checklist to define the psychological processes. Revista Colombiana de
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pdf/804/80421265013.pdf. Acesso em: 27 set. 2019.
ZANELLI, J. C. Estresse nas organizações de trabalho: compreensão e intervenção baseadas
em evidências. Porto Alegre: Artmed, 2009.
Dica do professor
No contexto de trabalho atual, pautado pela hiperdemanda de atividades, o estresse tem sido
apontado como uma das principais disfuncionalidades relacionadas ao trabalho.

Por isso, nesta Dica do Professor, você aprenderá sobre a Escala de Avaliação do Estresse (EET),
uma alternativa para a avaliação do estresse no trabalho, podendo servir como subsídio para a ação
de promoção da qualidade de vida no trabalho.

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Exercícios

1) Na compreensão de processos psicológicos básicos, destaca-se a importância da percepção


por ser uma balizadora das demais interações das pessoas com o meio em que estão
inseridas.

Tendo a compreensão de percepção como base, assinale a alternativa correta:

A) O processo de percepção está relacionado à apreensão de estímulos do ambiente por meio


dos sentidos.

B) Quando uma pessoa vê um objeto e dá um sentido para ele (interpreta), esse pode ser um
exemplo de sensação.

C) A sensação e a percepção são etapas de um mesmo processo, podendo ser consideradas


sinônimos.

D) O processamento de uma informação, ou estímulo do ambiente, sempre se inicia pela


percepção (primeiro contato entre organismo e meio).

E) A percepção pode ser entendida como o processamento, a organização e a interpretação de


um estímulo sensorial do ambiente.

2) Os processos psicológicos já foram estudados por diversos autores no campo da Psicologia.


Entretanto, a sua definição ainda é pouco discutida, apesar da sua importância.

Sobre a compreensão de processos psicológicos, assinale a alternativa correta:

A) Os processos psicológicos costumam ser divididos em básicos e superiores. Essa divisão é


muito rigorosa, sendo que um processo não tem impacto no outro.

B) Processos psicológicos podem ser entendidos como mecanismos que ocorrem com uma
pessoa, resultando em mudança do seu pensamento, da emoção ou até mesmo do
comportamento.

C) A sensação, a atenção e a percepção, em suas diversas nuances, são alguns exemplos de


processos psicológicos mais complexos conhecidos como de ordem superior.

D) A emoção é um exemplo de processo psicológico básico, compreendida como seleção de


estímulos do ambiente.A partir da emoção entende-se que a pessoa não irá responder a todos
os estímulos, mas apenas aos selecionados.

E) Sensação e percepção são exemplos de processos psicológicos básicos. Esses processos são
muito importantes e uma de suas funções é preparar a pessoa para a ação em uma situação
de perigo.

3) A hiperdemanda de trabalho e os efeitos que essa realidade traz para os trabalhadores vêm
sendo discutidos desde os anos 1970. Com a Revolução Industrial e a divisão entre
concepção e execução do trabalho, entre outras características dessa nova relação, o
contexto laboral vem desenvolvendo prejuízos graves à saúde física e mental dos
trabalhadores.

Sobre o impacto do trabalho nas pessoas na contemporaneidade, assinale a alternativa


correta:

A) A relação homem-trabalho na contemporaneidade tem causado diversas disfuncionalidades


de ordem psicológica nas pessoas. De acordo com Dejours (1988), é improvável o ser humano
sentir prazer no trabalho.

B) Pressão alta, estresse e Síndrome de Burnout são algumas das possíveis disfuncionalidades
que o mundo do trabalho tem gerado. A realidade laboral, da forma como está instituída, irá
causar, com o passar do tempo, esses danos em todas as pessoas.

C) De acordo com Zanelli (2010), as disfuncionalidades no trabalho têm origens diversas e


envolvem diferentes fatores, tais como: história pessoal, genética e contexto mundial.

D) De acordo com Zanelli (2010), a história pessoal (ou biografia pessoal) tem maior impacto na
produção de disfuncionalidades do que a estrutura organizacional.

E) Mesmo que se compreenda que as disfuncionalidades oriundas do trabalho têm origens


multifatoriais, é importante que as organizações priorizem um ambiente adequado, a
valorização das pessoas e o atendimento às necessidades individuais, para que os riscos não
sejam institucionalizados.

4) O equilíbrio entre vida profissional e pessoal está cada vez mais se tornando um desafio para
os trabalhadores na atualidade. Para Zanelli (2010), conciliar as necessidades, as
expectativas e os recursos que o trabalhador tem com as necessidades, as expectativas e as
demandas que a organização tem é um dos grandes desafios na humanidade.

Sobre a realidade das relações homem-trabalho na contemporaneidade, assinale a


alternativa correta:
A) A hiperdemanda de trabalho, vada vez mais cobranças por horas trabalhadas e obrigação de
estar presentes nas empresas de maneira integral.

B) A hiperdemanda de trabalho, atualmente, está relacionada à dificuldade que as leis


trabalhistas estão impondo aos trabalhadores. Cada vez mais as empresas estão contratando
menos pessoas para conseguir remunerar melhor.

C) A hiperdemanda de trabalho está relacionada às exigências que o mercado de trabalho atual


está fazendo. O trabalho vai além das horas formais, sendo que resultados são cada vez mais
exigidos dos trabalhadores.

D) Na contramão da hiperdemanda do trabalho, a tecnologia costuma estar atuando de uma


maneira bem positiva, facilitando as interações e os processos de trabalho.

E) A hiperdemanda de trabalho é um fato relativamente recente no contexto estudado, sendo


percebido a partir do advento da Internet.

5) Tendo como foco os conhecimentos acerca da subjetividade e da relação homem-trabalho,


enfatiza-se, nesta questão, a compreensão do processo de produção da subjetividade no
mundo contemporâneo.

Sendo assim, analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta:

A) A subjetividade humana é uma característica própria, particular, que acompanha o indivíduo


durante toda sua trajetória de maneira constante do nascimento à morte.

B) A subjetividade é algo dinâmico, sendo resultado da interação entre indivíduo e sua


família/amigos mais próximos. Nesse sentido, o trabalho exerce uma pequena influência.

C) A subjetividade é desenvolvida a partir da interação entre o indivíduo (sua esfera particular) e


o meio em que ele está inserido, incluindo, assim, o contexto laboral.

D) Subjetividade, personalidade e identidade podem ser entendidas como sinônimos. Sendo


assim, entende-se que cada pessoa tem a sua e ela é imutável.

E) Apesar da discussão realizada, vale destacar que o contexto de trabalho ainda influencia
muito pouco a produção de subjetividade dos sujeitos, visto que a maior parte das interações
se dá em outros contextos.
Na prática
No vídeo a seguir, você verá Na Prática como conduzir uma entrevista de avaliação psicossocial no
contexto organizacional.

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A hiperdemanda de trabalho tem acarretado em prejuízos à saúde física e mental dos


trabalhadores. O mercado de trabalho atual requer dos profissionais dedicação, comprometimento
e agilidade, disponibilidade para aprender contínua e rapidamente, foco em entregas, entre outros.
Em meio a isso, a ameaça de desemprego está cada vez mais presente, forçando os profissionais a
se dedicarem cada vez mais.

No Na Prática, você verá como ocorre essa demanda excessiva de trabalho, analisando um exemplo
que retrata o que é esperado de um profissional que trabalha como gestor em uma empresa de
tecnologia.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Introdução à psicologia
Neste livro, você encontrará mais sobre os processos psicológicos, principalmente sobre sensação e
percepção.

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A CENTRALIDADE DO TRABALHO NA VISÃO


DAPSICODINÂMICA DE DEJOURS
Neste artigo, você poderá aprofundar a discussão da produção de subjetividade no contexto do
trabalho, a partir de uma análise das relações de trabalho no Brasil.

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A influência do neoliberalismo no desemprego e bem-estar


social
Neste vídeo, a professora Belinda Mandelbaum discute as relações de trabalho, pautadas pelas
políticas neoliberais e os altos índices de desemprego na contemporaneidade.

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