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Emoção e Razão na Aprendizagem - Bruno Stramandinoli Moreno

EMOÇÃO E RAZÃO NA APRENDIZAGEM

Módulo 2
Processos Psicológicos Básicos

Objetivos específicos
•• Apresentar os Processos Psicológicos Básicos: Emoção, Percepção, Memória e Motivação,
ligados ao processo de Aprendizagem;
•• Discutir as contribuições dos PPBs ao processo de Aprendizagem, sob a luz da Psicologia;
•• Conhecer o funcionamento, em termos práticas, que auxiliem na compreensão dos PPBs.

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Temas abordados nesse módulo


INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................... 3

1. PERCEPÇÃO............................................................................................................................................................ 4

2. MEMÓRIA................................................................................................................................................................ 9

3. EMOÇÃO.................................................................................................................................................................10

4. MOTIVAÇÃO...........................................................................................................................................................13

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................ 17

MAPA MENTAL DESSE MÓDULO................................................................................................................................19

REFERÊNCIAS................................................................................................................................................................19

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Emoção e Razão na Aprendizagem - Bruno Stramandinoli Moreno

INTRODUÇÃO
As pesquisas desenvolvidas pelas Ciências Psicológicas trouxerem progressos significativos sobre a
forma como podemos entender e comportamentos e escolhas que fazemos em nosso dia-a-dia.
Ao ter contato com os conhecimentos apresentados neste módulo, acredito que você se espante
com ideia de que nem sempre funcionamos de forma racional ou apenas de forma irracional. En-
contramo-nos, no meio tempo, na zona cinzenta entre os dois. Muitos de nossos comportamentos
são dotados de uma racionalidade muito própria, e normalmente são “ditados”, “provocados”, ou
seja, são “canalizados,” por motivos que podem, ou não, serem necessariamente detectados, obser-
váveis, mesurados, num primeira “olhada”.

Segundo os anais do I ENCONTRO BRASILEIRO DE PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS (2010) pode-


mos definir um Processo Psicológico Básico (PPB) como um fenômeno psicológico que definem o
funcionamento dos sistemas psicológicos mais gerais e que, por conseguinte, permite compreender
comportamentos considerados normais ou patológicos.

Figura 1 – Processos Psicológicos

Fonte:  <http://www.imagenslivres.com/empresario-pensa-dinheiro-mercados/>. Acessado em 21 nov 2018

Para entender um pouco melhor o que são estes Processos Psicológicos Básicos, inicialmente, con-
vido você a responder as perguntas que se seguem. Muito provavelmente, você já se fez uma ou
outra pergunta (ou todas), mas nunca parou, necessariamente, para analisá-las com mais cuidado.
Segue-as:

Você cresceu alguns centímetros depois que saiu da escola? (PERCEPÇÃO)

Por que é melhor que minha(meu) amiga(o) seja feia(o)? (PERCEPÇÃO)

Por que quanto melhor é, mais rápido passa? (PERCEPÇÃO)

O que pode ajudar a lembrar uma palavra que está na ponta da língua? (MEMÓRIA)

Por que é melhor beijar no topo da torre Eiffel do que no ponto de ônibus? (EMOÇÃO)

Por que é melhor nunca ser pago para fazer aquilo que se gosta? (MOTIVAÇÃO)

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Bom, há uma série de outros fatos cotidianos, que ficaríamos horas elencando. Mas por enquanto
este rol já nos ajudará a construir uma compreensão do que estamos pretendendo entender. Para
tanto neste módulo, adotaremos um método um pouco diferente do módulo I. No intuito de esta-
belecer uma compreensão mais prática acerca dos Processos Psicológicos Básicos iremos trabalhar
com pesquisas realizadas sobre as temáticas da Percepção, Memória, Emoção e Motivação (exem-
plos de PPB) que estão conectados ao processo de Aprendizagem (Processo Psicológico Superior
PPS), o qual será trabalhado no próximo módulo. Vamos lá então!!!

Atenção
Como trabalharemos com conhecimentos com base em pesquisas cien-
tíficas, alguns pontos são importantes apontar: 1º) os participantes (su-
jeitos) das experiências citadas são “manipulados”, isto é, eles não tem
conhecimento do verdadeiro objetivo da pesquisa. Eles às vezes nem sequer têm consciência
de serem observados. Mas fique tranquilo: ao final de todas as experiências, os “famigerados
psicólogos”, informam suas “vitimas” sobre o objetivo real do estudo (debriefing); 2º) Quando
você ler: “Em uma condição os participantes deviam [...], em outra condição eles deviam [...]”,
tratam-se de pessoas diferentes em cada uma destas condições que, além disso, geralmente
efetuam a experiência cada uma na sua vez; 3º)Com o intuito de trazer à luz a “verdadeira”
causa, os pesquisadores controlam tanto quanto possível os fatores secundários (contexto
social, idade, sexo, barulho, etc.) que também poderiam, segundo a natureza dos trabalhos
emergir e gerar explicações sobre os resultados A observação das diferenças entre as con-
dições se efetua com a expressão “todas as coisas permanecendo iguais” (menos a causa
manipulada, óbvio).

1. PERCEPÇÃO
Iniciemos este processo psicológico básico com a seguinte definição:

[...] assim, os fatores individuais [influenciam] a percepção e [selecionam] os


estímulos. [Esta] seletividade perceptiva [faz] com que [percebamos] somente
aqueles estímulos congruentes com os nossos valores, atitudes e desejos. A
necessidade afeta a percepção no sentido de aguçá-la para aqueles estímulos
necessitados. A predisposição tem sido analisada em termos de expectativas, a
qual também fará com que nossa percepção aja com mais acuidade para selecionar
e ver aquilo que já esperávamos (GADE, 1986, p.65).

Para melhor ilustrar, e facilitar nossas discussões sobre esta citação, retomemos aquela cena do
“portão”, apresentada no módulo I. Imagine a situação: 1º) são meia-noite e poucos minutos, vocês
está em frente ao portão de sua casa, pronto para abri-lo; 2º) quando de repente irrompe na esqui-
na um homem de quando 2 metros de altura (pelos mesmos quase 2 metros de largura); e quando

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você se dá conta ele dispara em sua direção correndo a “todo o vapor”, O que você pensa? (“claro
veio pedir informações”?). Não, não, não: “veio me assaltar”, “Senhor entrego minha alma em Tuas
mãos”, “Oba agora vai...”. A resposta vai depender daqueles fatores citados acima.

A partir das programações biológicas, como o código genético, as mensagens como as “comunica-
ções internas” e aquilo que caracteriza o ser humano, em seu aspecto biológico, vão se alinhando,
sendo revisto, ajustado aos seus aspectos psicossocioculturais, alterando e realinhando suas estru-
turas e dinamismos tanto bioquímicos como emocionais, tanto sociais como psíquicos.

Figura 2 – Percepção: filtro do que se sente

Fonte:  <https://pt.freeimages.com/photo/eyeclipse-1550437>. Acessado em 21 nov 2018

O(s) resultado(s) decorrente(s) daí podem ser visualizados no exterior de cada um nós. A percep-
ção funciona como um filtro em relação àquilo que sentimos (capitamos) do meio ou dentro de
nós mesmos. Tanto na aparência física, quanto nos tipos de ações que vivenciamos: atitudes, fatos,
acontecimentos e comportamentos, do exterior verso o interior. Imagine você no banheiro e depois
de se aliviar descobre que o papel higiênico acabou. A percepção funcionará de maneira a buscar
uma solução. Provavelmente algum sacrifício será feito, mas a decisão do que fazer, passará, im-
preterivelmente, pelo crivo da percepção.

Iniciemos nossos experimentos sobre a Percepção A cada pergunta norteadora haverá a apresen-
tação de uma ou mais experiências psicológicas para ilustrar e exemplificar os mecanismos da
Percepção. Adiante, então!

Pergunta nº 1 – Você cresceu alguns centímetros quando se formou na escola?

Você teve a sensação de ter alçado alguns centímetros, na visão alheia, após ter sido promovido, ou
algum tempo depois que se formou na escola, ou que passou no teste de direção. Pouco provável?
Muito? Veja esta pesquisa:

[...] pesquisadores pediram a 46 alunas de enfermagem que estimassem a altura de


várias pessoas pertencentes a seu instituto de formação. Sem auxílio de qualquer
instrumento de medida, as estudantes tinham que avaliar altura do subdiretor, de
seu professor, assim, como a de seus colegas de classe. [...] observam que existia
uma relação entre o estatuto da pessoa a ser avaliada e a estimativa da altura:
quanto mais autoridade tinha a pessoa, maior era a diferença entre sua altura real
e a que era estimada pelas estudantes (CICCOTTI, 2010, p.20).

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Vejamos esta outra pesquisa:

[Os pesquisadores] mostram em uma série de trabalhos que as crianças eram


capazes de estimar sem grande dificuldade o diâmetro de um círculo de cartolina.
Contudo quando não se trata mais de cartolina e sim de uma moeda, o tamanho
desta última passa a ser superestimado. Embora ela seja do mesmo tamanho que
o disco de cartolina, as crianças a percebem como maior. O que chama a atenção
é que o diâmetro percebido das moedas pode ser influenciado por seu valor
subjetivo de compra: em sua experiência, as crianças provenientes das famílias
mais pobres, para as quais o valor de compra da moeda é relativamente elevado,
estimam seu diâmetro como sensivelmente maior que as crianças provenientes
das famílias ricas (CICCOTTI, 2010, p.20).

O entendimento deliberado pelos pesquisadores, nestas duas experiências psicológicas foi de que o
elemento social que o ser humano utiliza para delimitar pessoas e objetos, definindo assim sua im-
portância, sofre influência direta da percepção. O Processo Psicológico Básico da Percepção parece
estar ligada à ascensão social, ou seja, ao nível de importância social atribuída. A conclusão, como
indica Ciccotti (2010), é que, em termos gerais, o ser humano tende a dar maior peso, importância,
maior peso à sua vida, objetos e pessoas que possuem algum valor social. Vale aqui citar um ditado
africano que diz: “o homem é reconhecido pelo lugar [superfície, terras que possui] que ele ocupa”.

Pergunta nº 2 – Por que é melhor que minha(meu) amiga(o) seja feia(o)?

Você já deve ter pensado isso! Pouco provável? Muito? Sem comentários? Vejamos algumas expe-
riências para tentar compreender isso. Pesquisa 1:

[…] Em uma de suas experiências pesquisadores transmitiram para residentes


masculinos de uma cidade universitária dois programas televisivos diferentes. A
metade a deles assistia a um episódio de As panteras (Charlie’s Angels), a outra, a
um episódio de um programa qualquer. A seguir, eles pediram que os estudantes
avaliassem a fotografia de uma desconhecida e que lhe atribuíssem uma nota. É
divertido constatar que aqueles que haviam assistido ao episódio de As Panteras
julgavam a desconhecida muito menos sedutora que aqueles que haviam visto
outro programa (CICCOTTI, 2010, p.22).

Neste caso o entendimento evidenciado pelos resultados encontrados guia-nos a compreender que
a beleza das atrizes da série fez, por contraste, da desconhecida, a amiga feia. A isso podemos
chamar de EFEITO CONTRASTE. Vejamos outra pesquisa:

[Pesquisadores] pediram simplesmente que mulheres observassem fotografias de


outras mulheres. Em uma condição, a foto representava uma pessoa muito bonita,
enquanto para as participantes da outra condição, tratava-se da foto de uma pessoa
comum. Logo depois os pesquisadores pediram que as mulheres se autoavaliassem
em várias dimensões. Os resultados mostraram que as participantes que haviam
sido previamente expostas a fotos de mulheres muito atraentes se julgavam menos
atraentes e se achavam esposas menos aceitáveis do que as mulheres que haviam
visto fotos de mulheres mais comuns […] (CICCOTTI, 2010, p.22-23)

Neste caso, podemos entender que o efeito contraste, em alguns momentos, pode trabalhar a
favor. Pois quando uma mulher (ou menos um homem, ou qualquer gênero que você quiser adotar,

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sem restrições) cujo físico é ‘médio’ parecerá mais atraente se ela (ele) entrar em uma sala na qual
estiverem presentes mulheres (homens) sem atrativos”.

Pense comigo
Sobre esta questão dos gêneros sexuais, não entrarei no mérito, mas fica
a dica de leitura de dois artigos para que você se posicione.
“Direitos humanos e diversidade sexual e de gênero no Brasil: avanços e
desafios”
https://www.unicamp.br/unicamp/ju/artigos/direitos-humanos/direitos-humanos-e-diversi-
dade-sexual-e-de-genero-no-brasil-avancos-e
“Nova York agora reconhece 31 diferentes tipos de gênero”
Link: https://www.hypeness.com.br/2016/06/nova-york-agora-reconhece-31-diferentes-ti-
pos-de-genero/

Vejamos só mais esta outra.

[Em um estudo] participantes acreditavam estar presentes em uma entrevista para


um novo emprego. Cada um deles devia esperar sozinho em uma sala antes de ver o
recrutador. Depois de alguns instantes, outro postulante (cúmplice) entrava e se sentava
em uma cadeira. Em uma condição, esse recém-chegado era muito elegante, com
uma pequena maleta que ele abria de tempos em tempos para deixar seu conteúdo à
mostra: material de boa qualidade, bem organizado. Em uma outra condição, a pessoa
era muito negligente. Vestia um suéter cheio de manchas e parecia estar com a barba
sem fazer havia alguns dias. Em seguida, diferentes documentos a serem preenchidos
eram entregues aos sujeitos da experiência. Entre esses documentos havia uma escala
que permitia avaliar a autoestima. Os resultados mostraram que a entrada do ‘Sr. Limpo’
havia conduzido a uma queda importante da autoestima dos participantes, e ado ‘Sr.
Sujo’, a um aumento […] (CICCOTTI, 2010, p.23-24).

O entendimento, neste caso, passa novamente pelo efeito contrate, haja vista em circunstâncias
diferentes, em alguns momentos, a percepção pode atuar como um obstáculo à avaliação. Com
frequência, o ser humano avaliador, é influenciado pela qualidade da tarefa que precede. Neste sen-
tido, Ciccotti (2010), conclui que, comumente, faz-se necessário (tirar proveito do efeito contraste),
ou seja, sempre tenha desconfiança de situações comerciais que se aproveita, dele. Imagine você
indo comprar um carro novo. Será necessário ir a até uma concessionária (por que comprar apenas
pela internet, ainda dá medo, ainda mais um carro). O que o vendedor fará? (Pelo menos, será sua
intenta): apresentar itens mais caros com o objetivo de aumentar a probabilidade de vender-lhe um
produto menos caro, mas ainda não suficientemente abordável para que você comprasse logo de
início. Compreender o efeito contraste fará de você um oponente à altura numa próxima ida às
compras (FICA A DICA!).

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Pergunta nº 3 – Por que quanto melhor é, mais rápido passa?

Analisemos o experimento baixo, justamente , tentando identificar como as emoções nos mobilizam
no tocante à nossa percepção:

[…] Nesse estudo, 22 não-fumantes (12 homens e 10 mulheres) e 20 fumantes


regulares (12 homens e 8 mulheres), com idades entre 18 e 41 anos, foram
convidados a estimar a duração de um intervalo de tempo que durava [exatos] 45
segundos. Os fumantes tinham que participar de duas sessões: uma vez fumando
como de hábito, e uma outra vez depois que tivessem ficado sem fumar durante 24
horas. O pesquisador dava a todos os participantes a seguinte instrução: ‘Entrarei
nessa sala e pronunciarei a palavra início e depois a palavra fim. Vocês tentarão
estimar o tempo, em segundos, que separa essas duas palavras. Procurem não
contar. Digam-me apenas quanto tempo passou’. Os resultados mostraram que
as avaliações de tempo feitas pelos não fumantes e pelos fumantes antes do
período de abstinência são parecidas e relativamente precisas. Em compensação,
depois de 24 horas sem cigarros, a exatidão do fumante diminui sensivelmente em
comparação com as estimativas dos não-fumantes e com suas próprias avaliações
antes do período de abstinência. O tempo dura mais tempo para fumantes em um
período de abstinência […] (CICCOTTI, 2010, p.69-70).

O entendimento que podemos abstrair deste experimento é o de que a dificuldade de estimar exa-
tamente o tempo que passa e uma propensão a julgá-lo mais longo do que ele é na realidade está,
normalmente, ligado a uma sensação desagradável. Vejamos um outro estudo, neste sentido:

[…] Em uma pesquisa pedia-se a estudantes que esperassem em uma sala. Em uma
das condições, deixava-se ouvir música pop na sala: na outra, não havia música
alguma. Quando se pediu aos estudantes que avaliassem o tempo de espera,
aqueles que ouviram música julgaram que o tempo passado era mais curto que as
estimativas feitas pelos outros (CICCOTTI, 2010, p.70).

Deste tipo de situação, tenho certeza, você já foi vítima.

[…] Em […] uma experiência indivíduos [foram colocados] em uma espera


telefônica. Em uma condição, a mensagem de espera era acompanhada por uma
música; em outra condição, não havia música. Os resultados mostraram que a
música conduz a avaliar o tempo passado como mais curto do que na outra
condição sem música (CICCOTTI, 2010, p.70-71).

No “frigir do ovos”, a percepção que temos do tempo está ligada, diretamente, e sobretudo, ao nos-
so relógio fisiológico interno. Ele nos referencia, não há dúvidas. Se certos acontecimentos agem
sobre nossa “estrutura neural”, é possível pensar que modificações do tempo percebido podem ser
induzidas, provocadas. Isso envolve temperatura, ruídos, luminosidade, cheiros mais agressivos ao
olfato.

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Saiba mais
Para ilustrar esta questão te convido a assistir dois vídeos:
1. “Vídeo TED – Rory Sutherland: Lições de vida de um publicitário”
Link: https://www.ted.com/talks/rory_sutherland_life_lessons_from_an_ad_man?lan-
guage=pt-br
2. “Vídeo do TED – Joseph Pine fala sobre o que os consumidores querem”
Link: https://www.ted.com/talks/joseph_pine_on_what_consumers_want?language=pt-br

Cabe ressaltar que a percepção pode ser modificada por certos hormônios, como a dopamina1, por
exemplo. A adrenalina também possui efeitos sobre nosso “cronômetro psíquico”: ela o acelera. Com
isso, na estrada, se estamos com pressa, estressados e atrasados, temos realmente a impressão de
que o universo conspira contra nós. Sempre tem uma “tio” ou uma “tia” que nos atravanca o cami-
nho. Tem-se a desagradável tendência querer “acelerar” as outras pessoas.

2. MEMÓRIA
Segundo BOCK et al (2011) o Processo Psicológico Básico da Memória, no ser humano, é considera-
do o motor central de processos como aprendizagem, resolução de problemas, tomadas de decisão,
entre outros. Sem este PPB não seríamos capazes de desvendar novas descobertas, nem ter acesso
ao que já sabemos. Na atualidade, são conhecidas muitas variações no que se refere a tipos de me-
mória, relacionados a funções variadas no cérebro.

Saiba mais
Para ilustrar esta questão te convido a assistir este vídeo do renomado
um médico e cientista brasileiro, Miguel Nicolelis, estudioso da memória:
1. Consolidação da memória
Link: https://www.youtube.com/watch?v=dhOWzBt4vL8

Neste sentido, acho que nos é pertinente, por hora, atemo-nos a dizer que vários processos da me-
mória, são essenciais ao funcionamento do ser humano. Pense assim, sem tais processos não se-
ríamos capazes de fazer coisas corriqueiras no dia-a-dia. Isso desde processos mentais complexos
(superiores): pensar, raciocinar (inteligência), se comunicar (através de algum tipo de linguagem),
escrever, ser criativo, etc., até questões simples, como atravessar a rua, comer, ou mesmo ir ao
1 Pessoas com Mal de Parkinson (deficit de dopamina) tendem a subestimar a duração de intervalos curtos de tempo.

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banheiro. Caso contrário, não iríamos muito longe. Vejamos um experimento psicológico a fim de
ilustrar melhor nosso debate.

Pergunta nº 4 – O que pode ajudar a lembrar uma palavra que está na ponta da língua?

Imagine a cena, você numa conversa de boteco, e de repente, você se lembra de uma piada, com
entusiasmado a declamará (praticamente um comediante profissional, um verdadeiro Marcelo Ad-
net da vida), mas bem no meio de sua interpretação, esquece aquela palavra derradeira... que ligava
todos os pontos e fecharia com a “casa te aplaudindo em pé”. A palavra estava na ponta da língua
e ficou por Lá2. Bom, vejamos uma outra pesquisa:

[Pesquisadores] fizeram 114 perguntas a 108 participantes. Essas perguntas


abordavam a cultura geral, mas algumas delas eram conhecidas pelos
pesquisadores por provocarem uma taxa considerável de “tá na ponta da língua”3.
As perguntas eram precedidas por dez palavras (nomes próprios, palavras raras)
que o participante devia pronunciar. Às vezes, aparecia nessa lista uma palavra
que parecia foneticamente com a resposta à pergunta4. Como, inicialmente
previsto, quando os participantes pronunciavam palavras que compartilhavam
uma dimensão fonética com a resposta, eles responderam de modo mais correto
à pergunta e tiveram menos experiências do tipo ‘palavra na ponta da língua’ do
que quando nenhuma palavra da lista compartilhava sua dimensão sonora com a
palavra a ser encontrada (CICCOTTI, 2010, p.50-51).

A experiência supra-apresentada nos ilustra a razão de uma dada palavra poder voltar à nossa
mente de forma abrupta. Em muitas situações basta ouvir uma palavra, foneticamente próxima,
daquela que procuramos para rememorá-la. Ciccotti (2010) no adverte que em tais situações, em
que a palavra está na “ponta da língua”, o ser humano tende a fazer o uso, mais frequentemente,
daquelas palavras com uso regular, que já façam parte de seu repertório, do que as que não são
usadas, regularmente5. De tal feita que, quanto mais manejarmos verbos, palavras e expressões e,
mais encontrarmos palavras novas, mais aumentam nossas chances de reter e de produzir essas
palavras no envelhecimento. Sendo assim, “solte o verbo”, leia até “bula de remédio”, acredito, você
vai me agradecer quando começar a mistura o nome das pessoas. Imagine aquela sua tia que pre-
cisa elencar todos os parentes para encontrar seu nome.

3. EMOÇÃO
Agora falemos do Processo Psicológico Básico da Emoção. De saída já “sapequemos” uma música
dos “The Beattles” (“All you need is love”) para bem instigar nossas discussões.

2 Alguns estudos sugerem que lembrar do barulho, do som que faz a palavra auxiliaria, pois o fonema é tão importante quando o que
a palavra significa.
3 O exemplo típico é o seguinte: “Qual é o termo que designa o fato pra um rei, de renunciar ao trono”? A resposta é “abdicar”.
4 Por exemplo, no caso de “abdicar” (abdicate, em inglês) os pesquisadores apresentava a palavra “abstrato” (abstract em inglês).
5 Há um significativo aumento deste tipo de ocorrência com o envelhecimento.

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Pense comigo
Já apontavam os Beatles: o amor é tudo o que precisamos!!!
1. The Beatles - All You Need Is Love-HQ
Link: https://www.youtube.com/watch?v=s-pFAFsTFTI

Bom, mais do que amor, obviamente a emoção no mobiliza e nos canaliza a atuar ou nos posicio-
nar quanto àquilo que estamos diante, ou até mesmo de sua ausência. Antes de apresentarmos as
experiências psicológicas sobre a Emoção, façamos algumas ponderações: Você sente necessidade
irreprimível de estar perto de quem ama? Você sente o coração disparado, se acelerando? Você
sente corar? Bom você se diz “isso é normal, afinal são as emoções falando por mim”? Você acha
ser imprescindível uma emoção estar associada à uma (ou mais) reação(ções) física(s)?

Pergunta nº 6 – Por que é melhor beijar no topo da torre Eiffel do que no ponto de ônibus?

Pata tentar responder estas questões vejamos algumas pesquisas que nortearão nossa discussão
sobre o assunto.

[...] Um pesquisador [...] realizou um estudo no qual estudantes tinham de ver dez
fotografias eróticas ouvindo, com fones, o som de seus batimentos cardíacos. Os
participantes não sabiam que o que eles ouviam eram fitas previamente gravadas.
Às vezes os indivíduos ouviam o ritmo dos batimentos se acelerar, mas na maior
parte do tempo este permanecia calmo. No final da experiência, [o pesquisador]
pedia aos participantes que avaliassem por ordem de preferência (de atração)
as diferentes fotografias que eles haviam visto. Os resultados mostraram que
os participantes gostaram mais das fotos que haviam sido combinadas com
uma aceleração do ritmo dos batimentos cardíacos. O pior de tudo foi que os
participantes continuavam a preferir as fotos escolhidas, mesmo depois de serem
informados sobre o artifício experimental sobre o fato de terem sido manipulados
(CICCOTTI, 2010, p.294-295).

Vejamos esta outra experiência:

[...] Pesquisadores [...] fizeram uma experiência em [...] um local turístico em que
passa um rio. Este é atravessado por duas pontes suspensas a 100 metros de altura.
Uma delas é muito instável, estreita, feita com tábuas de madeira; é sustentada
por cabos e seu corrimão é muito baixo. Esses elementos tornam sua travessia
muito impressionante. A outra (ponte-controle) é uma ponte sólida que atravessa
o mesmo rio. Os participantes tinham que atravessar uma das duas pontes e eram
contatados por uma pessoa durante a travessia, ora um homem, ora uma mulher,
com o objetivo de preencher um questionário no local. No fim do encontro, o(a)
entrevistador(a) dava seu número de telefone a cada indivíduo para prosseguir
a conversa mais tarde, caso o participante desejasse. Posteriormente, 9 dos 18

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indivíduos contatados na ponte instável pela mulher lhe telefonaram, contra


apenas 2 dos 18 que haviam sido contatados por essa mesma pessoa na ponte-
controle. Desse modo a ativação fisiológica produzida pelo caráter assustador
da situação foi rotulada (atribuída) como um “despertar erótico” que responde às
caraterísticas sexuais da experimentadora. (CICCOTTI, 2010, p.300-302).

Ciccotti (2010) destaca que, no cômputo geral, o sistema emocional é a chave a ser compreendida
e acionada quando se quer motivar alguém (para o bem o para o mal), encontrar formas de equi-
librar aquilo que mobiliza o ser humano, normalmente será pela via do desafio, em alinhamento a
ganhos ou perdas, que dependam dele, não da “boa vontade” de alguém, tem se mostrado mobili-
zador de comportamentos mais ativos.

Vejamos esta outra experiência

[...] Em uma experiência [...], homens foram ativados fisiologicamente correndo 120
segundos (ativação forte), enquanto outro grupo realizou esta tarefa por apenas 15
segundos (ativação fraca). Os pesquisadores mostraram a todos esses homens um
vídeo no qual podia ser vista ou uma bonita mulher, ou uma mulher sem atratividade
(anteriormente avaliada como tal por outras pessoas). Explicou-se a esses homens
que essa pessoas seria sua parceira em um próximo teste. Os pesquisadores
pediram então aos dois grupos de homens que avaliassem (individualmente)
essas mulher: até que ponto você a acha simpática? Até que ponto você a acha
sensual? Atraente? Até que ponto você gostaria de beijá-la? Até que ponto gostaria
de conhecê-la? (Todas as respostas foram adicionadas e calculou-se a média). Os
resultados mostraram que a mulher atraente era percebida de modo muito mais
positivo pelas pessoas ativadas fisiologicamente, do que pelas outras. O que
também surpreendeu os pesquisadores foi que a mulher sem atrativos também
era avaliada muito mais negativamente pelos homens fortemente ativados do que
os outros (CICCOTTI, 2010, p.298-299).

Vejamos um desdobramento deste tipo de experimento:

[...] Outros trabalhos [desenvolvidos nesta direção] obtiveram os mesmos efeitos


e ao mesmo tempo revelaram uma novidade: a presença do(a) namorado(a)
pode bloquear o processo [...] Pesquisadores examinaram por sua vez os efeitos
da ativação fisiológica residual sobre as percepções da atração sexual. Os
pesquisadores foram até um parque de diversões. Eles se aproximaram de pessoas
que ou esperavam para entrar em montanhas-russas ou saíam delas (ao todo, 165
rapazes e 135 moças). Mostrou-se a esses participantes uma fotografia de uma
pessoa razoavelmente bonita e do sexo oposto a cada um deles. Os participantes
eram convidados a avaliar a personagem da fotografia no plano da atratividade e
de charme. Aqui também os resultados estiveram de acordo com as previsões da
teoria da transferência de excitação: as pessoas que deram uma volta na montanha-
russa avaliaram o alvo como mais atraente do que aquelas que estava na fila. Com
uma diferença: isso não foi verdade nos casos dos rapazes e das moças que foram
dar uma volta na montanha russa em companhia de suas(seus) namoradas(os).
No caso desses indivíduos, não se constatou uma diferença significativa entre
aqueles que esperavam para subir no brinquedo e aqueles que saíam do caminho
(CICCOTTI, 2010, p.298-299).

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Neste senti o entendimento que emerge desta experiência é o de a presença da(o) namorada(o) teve
um efeito moderador sobre a transferência de excitação. O que, ressalta Ciccotti (2010), em linhas
gerais, estas experiências evidenciam que existe uma relação direta com o pensamento (razão,
cognição) que desencadeia e orienta nossos afetos. A ideia é que basta acreditar que se sente uma
dada emoção, para senti-la realmente!

Essa impressão nos conduz, então, a procurar ao redor, elementos que servem de causa (justificati-
vas, racionalidades) para a presumida ativação fisiológica. Mas não se engane, querer, necessaria-
mente, não significa poder! Tenha por óbvio a necessidade de um mínimo de provocação, de medo,
de angustia, de excitação. Algum elemento precisa existir na equação que mobilizará você a algo,
que o ative. Faça o seguinte exercício mental: Imagine-se num voo e você escuta um barulho vindo
de fora do avião. Só este barulho já seria suficiente para colocá-lo em estado de alerta, não? Uma
outa variável precisa ser considerada nesta equação: a historicidade de exposições que você tenha
vivenciado. Isto significa que você tem, ou teve o que o autor identifica como excitação fisiológica
residual, ou seja, experiências anteriores que têm a capacidade de, aumentar ou diminuir o valor
daquilo que se está sofrendo estimulação. Assim, buscar no meio, os elementos que reforçaram o
estado de excitação fisiológica, parece entregar nossos segredos.

Mas como o cérebro cria estes significados, que mobilizam-nos fisiologicamente?

Saiba mais
Vejamos este vídeo, onde, poderemos entender:
1. “3 modos pelos quais o cérebro cria significados”
Link: https://www.ted.com/talks/tom_wujec_on_3_ways_the_brain_creates_meanin-
g?language=pt-br#t-59157

Aparentemente, as emoções possuem dois articuladores, a excitação fisiológica em um extremo, e a


mobilização do componente sociocultural e ambiental, no outro. Este último é quem dá o start no
processo, pois há também o componente tempo, e quantidade de experiência que já foram vividas.

4. MOTIVAÇÃO
Mas afinal o que é motivação? Descende do radical latino “Movere” = movimento. O que no possibi-
lita dizer que motivação se equivale a uma condição que energiza e orienta o comportamento dos
indivíduos. Normalmente está associada a ideias como: Vontade, Energia, Ação, Objetivo, Obstinação
e a própria Emoção.

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Saiba mais
Mas por que fazemos o que fazemos, por que adotamos certas condutas
em detrimento de outras. O vídeo que se segue nos dá algumas pistas
neste sentido.
1. “Por que fazemos o que fazemos?”
Link: https://www.ted.com/talks/tony_robbins_asks_why_we_do_what_we_do?lan-
guage=pt-br#t-730612

Motivação não é traço de personalidade! Para Robbins (2002) é um estado mutável dependente de
diversos fatores: (a) INTERNOS: saúde, atitudes, memória, objetivos, percepções, e; (b) EXTERNOS:
estímulos, recompensas, punições, contexto etc.

Mas o que nos orienta para agirmos, no cotidiano. Neste sentido a motivação afeta mais o desempe-
nho em ações que exijam criatividade, reflexão, análise ou interação com pessoas. Mas afeta menos
em ações psicomotoras, repetitivas, rotineiras. Muitas são as teorias que balizam o entendimento
sobre como e porque fazemos o que fazemos. Robbins (2002) apresenta um quadro analítico destas
teorias:

Tabela 1 – Classificação das teorias motivacionais com base no FOCO


FOCO
na finalidade ou conteúdo nos processos e fatores internos nos processos e fatores externos
1. Hierarquia das necessidades 5. Teoria x e y 9. Teoria do reforço (behaviorismo)
2. Teoria ERC 6. Teoria da equidade
3. Teoria dos dois fatores 7. Teoria da definição de objetivos
4. Teoria das necessidades 8. Teoria da expectativa
10. Teoria psicanalítica
Fonte:  Adaptado de Robbins (2002)

Na sequência temos uma tabela explicativa com as teorias de motivação:

Tabela 2 – Teorias motivacionais
AUTOR Definições
b. Motivações são necessidades não satisfeitas.
Abraham Maslow c. As necessidades podem ser organizadas em uma escala ou hierarquia.
(Teoria da Hierarquia
das Necessidades) d. As necessidades mais básicas têm prioridade.

e. Necessidades superiores só surgem na medida em que necessidades básicas são atendidas.


a. Semelhante à teoria de Maslow, mas:

Alderfer b. Não há hierarquia no desenvolvimento nem prioridade.


(Teoria ERC) c. Várias necessidades podem ser “ativadas” ao mesmo tempo, conforme a situação.

d. Frustração de necessidades superiores aumenta as necessidades inferiores (regressão)


(continua)

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Tabela 2 – Teorias motivacionais
AUTOR Definições

Há dois tipos de fatores:


Herzberg
(Teoria dos dois Fa- a. Higiênicos: extrínsecos, quando faltam geram insatisfação.
tores)
b. Motivacionais: intrínsecos, quando excelentes, geram satisfação.

Identificou 3 grandes necessidades.


A intensidade delas varia de sere humano para sere humano:

a. Realização (n-Ach) – Busca da qualidade, sucesso, desejo de fazer melhor, de solucionar problemas, de

empreender (Alto n-Ach é sentir-se motivado por desempenho, gosto por responsabilidade, feedback e

McLelland riscos moderados.


(Teoria das Necessida-
b. Poder (n-Pow) – Busca do controle e influência sobre os seres humanos, status, prestígio, comando (Alto
des Adquiridas)
n-Pow é o tipo de motivação encontrado, em figuras de autoridade (líderes), alta necessidade de poder,

baixa necessidade de associação).

c. Associação (n-Afil) – Busca da aceitação, harmonia, socialização, amor e amizade. (Alto n-Afil é motivar-se

pelo relacionamento com outros seres humanos).


Fonte:  Adaptado de Robbins (2002)

Numa comparação entre estas teorias que se focam na finalidade veja a tabela ilustrativa:

Tabela 3 – Comparação das teorias com base na FINALIDADE


TEORIA DA HIERARQUIA DAS TEORIA DA HIERARQUIA DAS
TEORIA ERC TEORIA DOS DOIS FATORES
NECESSIDADES NECESSIDADES
Autorealização Realização
Crescimento
Estima Motivacionais Poder
Sociais Relacionamento Afiliação
Segurança Existência Higiênicos
Fonte:  Adaptado de Chiavenato (2004)

Continuando com as teorias vejamos as que se focam em PROCESSOS EXTERNOS para explica por-
que fazemos o que fazemos:

Tabela 4 – Comparação das teorias com base na FINALIDADE


AUTOR / Teoria Definições
Modelo que explicita duas atitudes distintas do ser humano sobre os fatores que motivam seu compor-
tamento:
Para a Teoria Y, o ser humano:
Para a Teoria X, o ser humano:
a. gosta de ação, de tomar decisões, e de definir seus
McGREGOR a. detesta ação, tem pouca ambição e prezam a
(Teoria X e Y) próprios objetivos, busca responsabilidade,
segurança, evitam responsabilidades,
b. é dominado pelas necessidades superiores;
b. é dominado pelas necessidades inferiores;
c. precisa ser estimulado com tarefas desafiadoras e
c. precisa ser coagido e controlado.
delegação.
(continua)

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Tabela 4 – Comparação das teorias com base na FINALIDADE


AUTOR / Teoria Definições
Premissa: o alcance de objetivos é a maior fonte de motivação.
Para aumentar a motivação é necessário atingir objetivos:

a. claros, específicos, difíceis e com feedback conduzem a desempenhos melhores.

b. que tenham significado, aceitação e comprometimento. Aumenta-se a motivação, quando há


EDWIN LOCKE
(Teoria da Definição de participação, do ser humano, na definição dos próprios objetivos.
Objetivos) c. A partir de níveis mais simples aos com maior complexidade e interdependência das tarefas. Mais os

objetivos devem ser fixados por um grupo responsável.

d. que sejam capazes de gerar feedback imediato1, específico e focado nos processos e resultados e não no
ser humano, apenas.
Os seres humano comparam-se uns com outros e buscam a equidade (equilíbrio) nas recompensas.
Frente à equidade negativa quanto à ação, o ser humano adota uma ou mais das seguintes estratégias:

a. modificar contribuições, reduzindo o esforço/quantidade da ação;

b. modificar resultados, reduzindo a qualidade da ação;


ADAMS
(Teoria da Equidade) c. modificar a auto-imagem, percebendo agir menos que os outros;

d. modificar a imagem dos outros, desvalorizar a ação alheia;

e. buscar outros referenciais de comparação;

f. abandonar a situação/trabalho/estudo.
Vroom afirma que a motivação é um produto de 3 fatores, que devem ocorrer simultaneamente:
Valência (Valor) – Diz respeito a quanto uma pessoa deseja um resultado específico. É o valor subjetivo
relacionado a incentivo ou recompensa.
VROOM Instrumentalidade – É a crença de que a obtenção do resultado está ligada a uma recompensa. Se os
(Teoria da Expectativa) esforços do indivíduo forem devidamente recompensados haverá uma relação positiva, caso contrário
será negativa.
Expectativa – A percepção de que o conjunto de esforços o levará ao resultado desejado. É a expectati-
va de poder alcançar o resultado.
Fonte:  Adaptado de Robbins (2002)

Imagine-se na seguinte situação: toda a quarta-feira (a partir das 22 horas, nos meses de junho,
julho e agosto) você, junto com mais três pessoas, pegam a Kombi de um Projeto Social, que você
participa, ou do grupo de amigos que você tem (sei lá, seja um pouco inventivo) e saem nas ruas
da sua cidade distribuindo cobertores e sopa quente para as pessoas que vivem como andarilhos
e dormem na rua. Por mais que as pessoas façam críticas a suas ações, você gosta muito de fazer
isso, pois por algum motivo você sente prazer com isso. Certo dia, o Coordenador do Projeto resolve
mudar o esquema de trabalho, e anuncia que vocês quatro receberão, a partir de então uma ajuda
de custo que cubra as despesas e ainda sobre alguma coisa. Todos pensam: “vou ser pago para
fazer o que gosto”. O que você acha que pode acontecer? Se sentirá mais ou menos motivado para
continuar fazendo o que você fazia? Vejamos uma pesquisa:

Para ilustrar melhor estas questões e teorias apresentadas vejamos um experimento psicológico
que nos ilustra a motivação.

Pergunta nº 5 – Por que é melhor nunca ser pago para fazer aquilo que se gosta?

[...] Em um estudo [...] participantes recebiam 1 dólar a cada vez que conseguiam
encontrar, no tempo estabelecido, a solução de um quebra-cabeça que o
pesquisador, no tempo estabelecido lhes apresentava. Outro não recebia dinheiro
algum. Dizia-se então que a experiência tinha terminado e propunha-se aos sujeitos
que participassem livremente da resolução de outros quebra-cabeças. Mediu-se o
tempo que eles dedicaram aos jogos e percebeu-se que aqueles que haviam sedo

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pagos dedicaram duas vezes menos tempo que os outros nesta nova série. O fato
de receber dinheiro havia diminuído a motivação intrínseca desses participantes
(CICCOTTI, 2010, p.300-302).

O entendimento apreendido destas experiências, a se destacar é que, trabalhar pela recompensa


(motivação extrínseca) pode reduzir a motivação em trabalhar pelo prazer que isso proporciona
(motivação intrínseca). Em ambos os casos, a via da emotiva canaliza a ação, seja em seu enfra-
quecimento, seja em seu incremento, haja vista o fato do indivíduo atribuir a origem de sua ação
não a si mesmo, mas a uma recompensa (prazer ou alívio de desconforto). É como se o próprio
comportamento aprisiona-se o ser humano a um turbilhão de sensações e percepções para impe-
li-lo a fazer algo. Por isso é necessário deixar espaço para certas decisões, visto que um monito-
ramento estreito e um contexto de avaliação podem gerar desmotivação. Há que se considerar que
certas formas de recompensa social: valorizar o trabalho, em muitos casos é dar espaço para que o
indivíduo possa escolher os próprios caminhos. Isso tende a aumentar a motivação intrínseca.

Aprimore o seu conhecimento


Para trabalhar melhor as teorias Psicanalítica e Behaviorista faço a indi-
cação de dois capítulos do livro
BOCK, A.M.B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M.L.T. Psicologias: uma introdução
ao estudo da Psicologia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2011: Capítulo 3 – BEHAVIORISMO e Capí-
tulo 5 – A PSICANÁLISE

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como você já pode se “dar conta”, os Processos Psicológicos Básicos (Percepção, Memória, Emo-
ção e Motivação) referem-se a um tipo de processo pelo qual o indivíduo recebe estímulos através
de vários sentidos. Os PPBs em geral tem a função de canalizar as ações do ser humano, mobi-
lizá-lo e capacitá-lo a agir. Claro que cada um de nós, construirá sua própria “impressão” sobre
o mundo que nos circunda, haja vista esta derivar da soma de variáveis próprias e exclusivas da
experiência individual6. Desta forma, perceber, se lembrar, motivar-se, enfim se emocionar de-
penderá, invariavelmente, das características dos estímulos: sua frequência, intensidade e dinâmica,
ou seja, a forma como vivenciaremos nossas experiências.

6 Histórias passada, ambiente físico e social, sua personalidade e sua estrutura fisiológica e psicológica.

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Agora é com você


Para ilustrar melhor esta ideia convido você a assistir este videoclipe
da banda inglesa Oasis que nos mostra perspectivas diferentes em que
podemos aplicar os PPBs visto neste módulo.
1. “Stand by me” – Banda Oasis
Link: https://www.youtube.com/watch?v=maTP315XZCQ

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MAPA MENTAL DESSE MÓDULO

REFERÊNCIAS
BOCK, A.M.B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M.L.T. Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. 14.
ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

CHIAVENATO, I. Comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.

FACCHINI, R. Direitos humanos e diversidade sexual e de gênero no Brasil: avanços e desafios. Unicamp:
Direitos Humanos, Campinas, 25, JUN, 2018. Disponível em: https://www.unicamp.br/unicamp/ju/
artigos/direitos-humanos/direitos-humanos-e-diversidade-sexual-e-de-genero-no-brasil-
-avancos-e. Acessado em: 11 Nov 2018.

CICCOTTI, S. 150 pequenas experiências de psicologia para melhor compreender nossos seme-
lhantes. São Paulo: Loyola, 2010.

GADE, C. Psicologia do consumidor. São Paulo: EPU, 1986.

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I ENCONTRO BRASILEIRO DE PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS – I ENPPB, 2010. Disponível em: ht-
tps://sites.google.com/site/enppbii/oficinas-de-tecnologia. Acessado em 11 nov 2018.

PAIVA, V. Nova York agora reconhece 31 diferentes tipos de gênero. Hypeness, Disponível em: https://
www.hypeness.com.br/2016/06/nova-york-agora-reconhece-31-diferentes-tipos-de-genero/,
Acessado em 11 nov 2018.

ROBBINS, S. Comportamento organizacional. São Paulo: Prentice-Hall, 2002.

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