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Como já foi dito anteriormente, as instruções do teste colocam o indivíduo numa situação
hipotética, fantasiada.
O entrevistador o convida a uma atividade lúdica, a penetrar em uma zona transacional que não
é uma realidade psíquica interna, porém tampouco é o mundo exterior; daí, temos o “como se”
do jogo. Pede-se que abandone sua identidade para se identificar com novos objetos e que
justifique suas escolhas.
De algum modo, cada escolha equivale a um sonho, ou fantasia diurna induzida. É uma
atividade regida pelo processo secundário, cuja origem é inconsciente e integra aspectos desse
sistema, vendo-se submetida aos mecanismos de condensação e deslocamento. Seu status é
assim similar ao do sonho, a piada ou ao ato falho.
Cada símbolo desiderativo tem um significado próprio universal e um individual, único para cada
pessoa. Este último
só pode ser compreendido através de racionalização e justificativas promovidas na segunda
parte das instruções: o porquê.
É nessa parte que se encontra a especificidade do símbolo escolhido, que deve ser interpretado
comparando-se o
significado universal do símbolo com o pessoal ou individual.
É esperado, também, que o sujeito expresse tanto nas respostas ou catexes positivas como nas
negativas uma resposta ou símbolo pertencentes a cada um dos 3 reinos: animal, vegetal
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Num protocolo, podemos ter, então, respostas adequadas ou não, nas diferentes catexes.
Quando temos respostas adequadas nas catexes positivas e negativas, podemos dizer que se
trata de uma estrutura que pode funcionar de forma adaptativa tanto em nível de defesas, como
de autoconhecimento de seus conflitos. Indicaria uma personalidade “normal” ou com
transtornos leves.
Quando as respostas positivas são adequadas e as negativas são fracassos ou confusas, isso
indicaria que o sujeito mantém as defesas de forma adaptada, mas na base de importante
dissociação que o impede de ter contato com seus aspectos conflitivos. Isso pode também estar
relacionado com a pouca capacidade de insght e escassa reflexão.
No caso de haver fracasso ou confusão nas respostas positivas e adequação nas negativas,
isso pode acontecer pelo aumento importante de ansiedade no início da prova, que o impeça de
organizar-se para dar as primeiras respostas. Se, em seguida, melhora, dando boas catexes
negativas, isso pode ter a ver com um bom rapport e com o “esquentamento” das positivas, que
permitiu efetuar uma aprendizagem e recuperar a instrumentalização das defesas perdidas no
primeiro momento, e assim pode reestruturar-se e responder num segundo momento.
Decorre disso tudo a importância de se obter o maior número de dados possíveis (verbais ou
comportamentais), na aplicação do teste. Ressalta-se, também, a necessidade de um bom
levantamento de informação sobre o sujeito (sua história familiar, situação de vida atual, motivo
de consulta, aparência, comportamento etc.), pois só assim podemos fazer uma
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Antes de passarmos para a interpretação propriamente dita, creio ser necessária a retomada de
alguns poucos conceitos básicos sobre, a teoria psicanalítica, sobre a qual toda interpretação
está sustentada.
ESTRUTURA DE PERSONALIDADE
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Id
—Reservatório de energia física. Tem estreita relação com corpo físico e de onde retira sua
própria energia.
—Não tolera energias muito intensas e atua no sentido de descarregar tensão. Age sob o
princípio do prazer.
1) Ação Reflexa — reação automática e inata (como piscar e espirrar). Geralmente, reduzem
imediatamente a tensão.
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ou o próprio ego) com relação aos pontos de fixação: oral, anal, uretal e fálico.
— Distribuição da libido.
Ego
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Superego
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• Idealizado x desvalorizado
• Fantasias de morte
• Características de defesa
DINÂMICA DE PERSONALIDADE
Freud considerava o ser humano como um sistema complexo de energia, o qual se origina da
alimentação (corpo físico) e é gasta nos processos de circulação, pensamento, memória,
respiração, exercício muscular e percepção.
Para ele, era válido falar em energia psíquica, e esta podia passar de um estado a outro sem
perdas no sistema cósmico total. Assim, a energia psíquica pode transformar-se em energia
física e vice-versa, O ponto de contato ou a ponte entre corpo e personalidade é o id com seus
instintos.
INSTINTO
É a representação psicológica inata de uma fonte somática de excitação. O instinto é a força
propulsora que leva a pessoa à ação. O aspecto físico dos instintos (excitação corpórea) foi
denominado de necessidade os aspectos mentais (representação psicológica), de desejos.
Os instintos tomados como um todo constituem a soma total de energia psíquica de que dispõe
a personalidade.
— Fonte — condição ou necessidade do corpo (constante na vida, mas pode ser alterada com
a maturidade).
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No entanto, vários pensamentos e comportamentos parecem não reduzir a tensão; de fato, eles
aparecem para criar tensão, pressão ou ansiedade. Esses comportamentos podem indicar o
bloqueio da expressão direta de um instinto.
Como os instintos contém toda a energia pela qual os 3 sistemas da personalidade realizam
seu trabalho, vejamos rapidamente os modos pelos quais id, ego e superego controlam e
utilizam a energia psíquica.
Quando um dos sistemas torna-se mais forte, os outros 2 necessariamente se tornam mais
fracos. O ideal é um certo equilíbrio.
No início, o id absorve toda a energia utilizando-a para ação reflexa e para a satisfação de
desejos, por meio do processo primário, O investimento de energia em uma ação ou imagem
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Catexes — processo pelo qual a energia libidinal disponível na psique é vinculada e ou invertida
na
representação mental de uma pessoa, idéia ou coisa.
C) ego não dispõe de fonte própria de energia e toma por empréstimo do id A passagem dessa
eiergia do id para a formação do ego é feita pelo mecanismo de identificação. A identificação
permite que o processo secundário substitua o processo primário. Assim, cada vez mais o ego
vai adquirindo energia que será usada no desenvolvimento de vários processos psicológicos,
tais como percepção, memória, julgamento, discriminação, abstração, generalização e
raciocínio.
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O propósito prático da psicanálise é “na verdade fortalecer o ego, fazê-lo mais independente do
superego, ampliar seu campo de percepção e expandir sua organização, de maneira a poder
assenhorear-se de novas partes do id.
No desiderativo, podemos também obter indicadores que nos permitem formular hipóteses para
a compreensão da
integração e dinâmica da personalidade do sujeito.
CONFLITOS
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B. ROTEIRO DE INTERPRETAÇÃO
B — Ansiedades
C — Tempo de Reação
D — Seqüência das Escolhas dos Reinos
E -. Análise dos Símbolos
A — Características do Id
—Impulsos Temidos e Grau de Angústia
— Pontos de Fixação Predominante
B — Características do Ego
— Pensamento
a) Descrição
b) Adequação entre símbolo e simbolizado
c) Predomínio do processo secundário
d) Vocabulário e nível intelectual
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— Mecanismos de Defesa
a) Tipo de Defesa
b) Seqüência das Respostas
c) Predomínio
d) Rigidez x Plasticidade
—Afetividade (tipos de vínculos)
—Identidade
a) Características da identidade psicossexual
b) Esquema corporal
C — Características de Superego
— Identidade de Ego
— Consciência Moral
a) Idealizado x Desvalorizado
b) Fantasias de morte
c) Características da defesa
A — Evolutivos
B — Acidentais
C — Intrapsíquicos
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C. CRITÉRIOS DE INTERPRETAÇÃO
Com base nos fundamentos teóricos descritos, surgiu o esquema de interpretação do teste
(vide esquema anterior),
que foi subdividido em 4 partes, a saber:
— Avaliação do Funcionamento do Ego;,
— Avaliação da Estrutura de Personalidade;
— Avaliação da Dinâmica de Personalidade;
— Síntese ou Hipótese Diagnóstica.
Acreditamos ser muito importante fornecer em detalhes os passos da sistematização da
interpretação. Para tanto, vamos seguir o esquema proposto anteriormente, procurando
esclarecer cada item detalhadamente.
Assim, a partir da primeira leitura do protocolo do teste (respostas do sujeito), já podemos ter
uma apreciação global
sobre o material.
Em primeiro lugar, prestaremos atenção no impacto causado pela instrução no examinando.
Dessa forma, estaremos analisando:
A — Adequação às Instruções
— Adequação das respostas — através da primeira leitura, podemos observar se houve ou não
adequação das
respostas. Se o protocolo é rico ou pobre, se existe ou
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internamente, pois é capaz de reconhecer situações que geram ansiedade, e revela recursos
necessários para controlá-las e resolvê-las.
a) Fracasso total — não é capaz de responder ao teste. Não discrimina fantasia de realidade.
— o mais sério dos fracassos é quando o sujeito não consegue responder às catexias positivas.
Isso pode ocorrer porque o sujeito não sabe como se defender daquilo que sente perigoso.
—se o sujeito falha em todas as positivas e responde as negativas, pensamos que ao poder
tentar desprender-se dos aspectos que geram maior angústia ou tensão, aceita a proposta e
continua porque, ao diminuir a angústia, recobra a energia, que resulta na possibilidade de
utilizar aspectos do ego, podendo novamente, através dessa revitalização, diferenciar entre
realidade e fantasia.
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c) Respostas antropomórficas:
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e no total do teste, os aspectos valorizados e rejeitados em si.
e) Fracassos nos mecanismos de dissociação entre aspectos valorizados (+) e rejeitados (-).
1. Responder nas positivas com um símbolo de qualidade negativa ou escolher nas negativas
símbolos com qualidades positivas. Ex.:
1+ “não quero ser porco porque é sujo” (quando é perguntado o que gostaria de ser).
1- “queria ser rosa porque cheira bem”.
2. Escolher símbolos + com qualidades negativas e vice-versa. Ex.:
1+ “quero ser hiena porque come sujeira”.
1- “não quero ser pomba porque é símbolo da paz”.
3. Rejeitar nas negativas simbolos que verbalizam os aspectos positivos. Ex.:
1-“não quero ser porco porque é sujo, mas também quero ser porco porque sua carne é
gostosa e é útil para o homem”.
Escolher nas positivas símbolos nos quais o sujeito inclui na racionalização aspectos negativos.
Ex.:
1+ “Quero ser rosa, porque tem perfume, ainda que não gostaria, porque tem espinho”.
Esses casos relacionam-se com dificuldades de resolução da ambivalência.
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62 QUESTIONÁRIO DESIDERATIVO
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3. Racionalização — Procedimento pelo qual o sujeito tenta dar uma explicação, um motivo, ou
causa coerente do ponto de vista lógico, ou aceitável do ponto de vista moral, para uma atitude,
ato, idéia ou sentimento, cujos motivos verdadeiros não percebe.
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Implica poder separar os aspectos afetivos que entraram na eleição do símbolo daqueles que
sustenta os aspectos racionais da lógica formal. Implica, portanto, adequar o pensamento à
realidade.
c) Ausência de justificativa — incapacidade de poder refletir sobre sua própria conduta; nesse
caso, verbal. Evidencia fraqueza de ego, pois não consegue discriminar internamente por que
escolheu tal
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símbolo. Ex.: “gostaria de ser cachorro, porque sim”. “gostaria de ser rosa, porque eu gosto”.
B — Ansiedades
As pessoas com mais saúde mental enfrentam ativamente as situações de perigo, por meios de
recursos do ego, tais como: compreensão intelectual, raciocínio lógico, mudança das
circunstâncias externas, contra-ataques agressivos; enfim, tentar dominar a situação ao invés
de fugir.
Já as pessoas mais predispostas a problemas emocionais (distúrbios neuróticos) são aquelas
incapazes de tolerar quantidades moderadas de ansiedade. Nesse caso, são forçadas a
reprimir ou negar todos os perigos externos ou internos, que são possíveis fontes de ansiedade,
e projetam os perigos
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internos no mundo exterior, tornando-o temido e arrumando um pretexto para fugir das
situações.
Indicadores:
a) Quando a tolerância a frustrações e tensão é excessivamente baixa — geralmente surgirá
mais ansiedade do que se pode tolerar e se ativam defesas e formações de sintomas.
b) Quando a tolerância a frustrações é alta — o equilíbrio é mantido e o sujeito se refaz com
mais facilidade.
No Questionário Desiderativo, é esperado que a quantidade de ansiedade diminua com o
decorrer da prova.
Certa ansiedade é esperada no início da tarefa. Ela, entretanto, não pode interferir na produção
das respostas. Se interfere, devemos avaliar a adequação ou não dos mecanismos de defesa
instrumentais.
Se a ansiedade for muito intensa, provavelmente mostra que a produção será prejudicada, com
falhas mais severas nos mecanismos,o que seria índice de uma personalidade menos
integrada.
A ausência total de ansiedade, ainda que não prejudique a produção em seus aspectos formais,
denotaria uma reação desajustada, pois é produto de uma intenção, dissociação, negação e
projeção da ansiedade.
Assim, podemos dizer que tanto a quantidade quanto a qualidade de ansiedade devem ser
levadas em conta. Podemos analisar isso não só através do comportamento não-verbal, de
comentários verbais, mas também do próprio conteúdo das respostas. Quanto mais capacidade
o sujeito apresentar para
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C — Tempo de Reação
E o intervalo de tempo que transcorre entre a formulação da instrução e o surgimento da
resposta do sujeito. Os comentários ou balbucios não são considerados como resposta, sendo
só registrado quando se faz escolha do símbolo.
Esse intervalo é o tempo que o sujeito leva entre receber o impacto da instrução, elaborar e
colocar em ação os processos internos necessários para resolvê-la. Assim, o tempo de reação
é um bom indicador para investigar aspectos do funcionamento do ego.
Os T.R. esperados oscilam entre 5 e 30 segundos; os maiores de 30 segundos são
considerados como longos e os
menores de 5 segundos, como curtos.
Os T.R. são, portanto, indicadores de vários fenômenos:
1) Quando são estáveis durante todo o teste, denota em adaptação do sujeito à prova e à tarefa
certa integração
egóica.
2) Desvios dos tempos esperados denunciam alguma dificuldade:
T.R. LONGO: acima da média (acima de 30”) — indica uma dificuldade do ego para
reorganizar-se. Pode indicar:
— abatimento, desesperança e depressão, que produz como resultado uma lentidão geral;
— extrema rigidez (obsessão) de ter que responder certo; leva muito tempo escolhendo;
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O ego dessas pessoas sabe como se defender, porém não é fácil, pois é muito conflitivo
estabelecer do que se defendem.
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A seqüência esperada é:
Nas positivas: 1+ Animal
2+ Vegetal
3+ Objeto
Nas negativas: 1- Objeto
2- Vegetal
3- Animal
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O desvio da seqüência esperada nas respostas positivas (quando, por exemplo, começam por
objeto ou vegetal) mostra uma estrutura menos saudável, pois, para enfrentar os perigos da
instrução, precisa desvitalizar-se e a apelar para uma atitude de maior passividade e
desafetivação.
A — Características do id
Neste ponto, trataremos de estabelecer o quanto os impulsos de vida e morte estão presentes,
e a integração ou
desintegração dos impulsos libidinais.
Podemos fazer esse levantamento através da análise dos símbolos:
Impulsos Integrados
— Capacidade para responder com símbolos que integram aspectos vitais. Ex.:
2+ Gostaria de ser uma casa habitada
1+ Gostaria de ser um pássaro cantor
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1+ Gostaria de ser uma árvore frutífera
— Projeção no símbolo de aspectos libidinais e agressivos sintetizados e discriminados em seu
conteúdo. Ex.:
3+ Gostaria de ser leoa
1+ Gostaria de ser cadeira
— Afetos mais integrados e pertinentes quanto à intensidade e ao objeto em que está dirigido,
sem polarização. Isso é produto de mais repressão, mais sublimação, mais elaboração. Ex.:
1+ Gostaria de ser galo
2- Não gostaria de ser barata
Impulsos Desintegrados
— Marcada a distância entre símbolo ativo e passivo, bondosos e agressivos, limpos e sujos,
construtivos e
destrutivos. Ex.:
1+ Gostaria de ser elefante
2- Não gostaria de ser formiga
2+ Gostaria de ser pomba
3- Não gostaria de ser tubarão
— Projeções maciças com alto grau de intensidade nos impulsos (agressividade). Ex.:
1+ Gostaria de ser sol
3- Não gostaria de ser bomba atômica
— Afetos primitivos polarizados, pela intensa dissociação.
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Assim, devemos nos deter na análise das catexias e de suas racionalizações para verificarmos:
nas catexias positivas — através da análise das defesas; do que a pessoa se defende
(impulso).
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e nas catexias negativas — onde realmente aparece o que é temido pelo ego e que a pessoa
quer se livrar. Aspectos não aceitos em si mesmo.
Num mesmo protocolo, as diferentes catexias podem referir-se a diferentes pontos de fixação. A
relação com relações objetais e mecanismos de defesa ajuda-nos a perceber quais os pontos
de fixação predominantes.
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B — Características do ego
— Pensamento
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No exemplo “não queria ser dinheiro porque é sujo”, quanto menor o desenvolvimento do
aparelho psíquico, menor a distância entre símbolo e simbolizado. Os conteúdos eleitos
aparecem com menos mascaramento, ou se confunde o símbolo com o simbolizado. Ex.: “Não
gostaria de ser merda”.
d) Vocabulário e Nível Intelectual — Neste item, são considerados a riqueza ou a pobreza da
expressão verbal, a adequação à idade, a influência do meio sociocultural, o aparecimento de
neologismo ou expressões peculiares. Correlacionando-o com outros testes — por exemplo,
Wechsler — teremos uma idéia sobre a possibilidade de utilizar ou não determinada capacidade
intelectual, e se está de acordo com o nível de eficiência. Se existe bloqueio ou diminuição do
rendimento ante a um estímulo mais ambíguo, menos estruturado e, portanto, mais ansiógeno.
A escolha de símbolos ricos e criativos, porém com uma racionalização pobre, geralmente
aparece em pacientes que, bem-dotados naturalmente, podem fazer um uso limitado de suas
potencialidades, por influência de mecanismos inibitórios ou repressivos.
Por outro lado, um símbolo intrinsecamente pouco criativo, porém com racionalização adequada
e original, mostra um pensamento com possibilidades de enfrentar a realidade de uma forma
pouco habitual, porém correta. Por ex.: “gostaria de ser rocha, porque pode transformar-se em
obra de arte pelo escultor.
Todos os indicadores assinalados no item Pensamento nos remetem a diferentes formas de
avaliar o princípio de
realidade, memória, concentração, abstração e síntese do ego.
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— Mecanismos de Defesa
a) Tipos de Defesa — Sob a ameaça de um evento que cause ansiedade, o ego vai tentar
diminuí-la de duas formas:
1) Lidando diretamente com a situação. Resolvendo problemas, superando obstáculos,
enfrentando ou fugindo de ameaças até tentar resolver o problema ou minimizá-lo.
2) Protegendo a personalidade, negando a própria situação. O modo pelo qual se dá essa
distorção é denominada de mecanismos de defesa. Estes possuem duas características:
— negam ou falsificam a realidade;
— operam inconscientemente de forma que a pessoa não tem consciência do que acontece.
Os principais mecanismos de defesa são:
Repressão — Afasta da consciência um evento, idéia ou percepção potencialmente
provocadores de ansiedade, impedindo, assim, qualquer solução possível. Ela nunca é
realizada de uma vez por todas, mas requer um constante consumo de energia para manter-se,
enquanto o reprimido faz pressão para encontrar uma saída.
Projeção — Mecanismo pelo qual a angústia neurótica ou moral é convertida para fora, para o
meio externo. A ameaça é tratada como se fosse externa. A pessoa lida com sentimentos reais,
porém não admite que a idéia ou comportamentos temidos são seus.
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Sedução — Valoriza a aparência externa para envolver o outro e não entrar em contato com os
sentimentos de exclusão.
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O sujeito através das catexias positivas explicita as fantasias inconscientes das defesas e
descreve simbolicamente
seu modo de evitar os perigos inerentes à ameaça fantasiada.
Porém, os mecanismos de defesa têm que ser analisados quanto sua adequação, de acordo
com a etapa evolutiva da pessoa. Cada fase de desenvolvimento caracteriza-se por aspectos
específicos do instinto, por aquisições psíquicas da estrutura do ego e também pela
especificidade do mecanismo de defesa. Assim, num protocolo infantil, devemos tomar cuidado
ao analisar os mecanismos de defesas predominantes, pois estes podem ser característicos de
sua fase evolutiva.
Obs.: Um estudo bastante pormenorizado sobre mecanismos de defesas e quadros
nosográficos foi desenvolvido
por Grassam e Schust e se encontra no livro de Ocampo.
b) Seqüência das Defesas — Vamos avaliar através das sucessivas escolhas se o sujeito
recorre a defesas mais organizadas ou se, pelo contrário, vai recorrer a defesas mais
regressivas.
Nas defesas mais adaptadas (organizadas), vemos um ego que pode reorganizar-se já no
aparecimento de defesas regressivas, um ego que aparentemente se mostra forte (por se
defender) para esconder certa vulnerabilidade.
Devemos sempre ter em mente que quanto mais adaptada a defesa, mais falará em uma
estruturação e fortaleza de ego.
c) Defesas Predominantes — É a forma como habitualmente uma pessoa irá manejar suas
ansiedades.
É importante detectar quais as defesas predominantes e se estas estão a serviço de uma
dissociação, integração e reparação.
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Deve-se sempre levar em conta a totalidade das respostas, tanto as (+) como (-).
Quando uma pessoa utiliza rigidamente uma defesa, podemos pensar em uma adaptação
precária à realidade e que, portanto, pode desestabilizar-se se a situação que enfrenta o
impede de usar um mecanismo. Perde também a possibilidade de viver experiências
emocionais íntimas e agradáveis.
Identidade
a) Características da Identidade Psicossexual
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flor 33%
Reino Animal:
pássaro 31%
Reino Animal:
passarinho 58%
a) Nos meninos, houve predomínio de rejeições de símbolos masculinos, com destaque para a
angústia de castração.
b)Nas meninas, houve rejeições tanto de símbolos masculinos, como femininos e, a angústia
era proveniente de diversas fontes.
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femininos de sua personalidade (na literatura isso se refere à tentativa de não abandonar a
bissexualidade, impedindo de chegar a uma definição sexual), e valoriza os aspectos de crescer
e ser forte.
A angústia predominante nos meninos foi a de castração, com o medo de uma sexualidade
fálica, muitas vezes fantasiando destruir o outro no contato sexual.
As meninas, em sua maioria, aceitavam seus componentes femininos, identificando-se com a
figura materna. O aspecto estético foi bastante evidenciado para elas.
Valorizam aspectos de procriar e acolher os outros.
Revelaram atingir mais precocemente uma identificação sexual.
A angústia predominante nas meninas foi a persecutória com medo de ser destruída.
Através dessa e de outra pesquisa posterior (com adolescentes entre 16 e 19 anos), realizada
em 1985, pudemos comprovar não só a validade, mas principalmente a precisão da técnica em
detectar as características e problemáticas de cada período de vida.
b) Esquema corporal
Esquema corporal é a representação que fazemos mentalmente de nosso corpo.
Tanto no símbolo, como símbolo mais racionalização, podemos encontrar aspectos expressivos
da integridade, completude e adequação cronológica do esquema corporal do sujeito.
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Um indicador poderia ser o tamanho do símbolo escolhido ou rejeitado. Uma paciente obesa
disse:
1+ “Queria ser um beija-flor, porque é pequeno, leve e pode voar com liberdade, e se mexe com
liberdade”.
1- “Não queria ser elefante, porque é lento para se mexer e é muito grande, pouco ágil”
Nesse caso, onde há uma discrepância entre acatexias (+) e a (-). Vemos que existe uma
percepção real de seu esquema corporal que não é aceito e, portanto, rejeitado (= ser elefante).
Em contrapartida, apresenta uma idealização de como gostaria de ser (= beija-flor).
C — Características do superego
— Ideal de ego — Com respeito a esta formação intrapsíquica que serve de referência ao ego,
o desiderativo (através das catexias positivas, nas quais se projetam os aspectos idealizados do
objeto — aquilo que se deseja preservar) fornece elementos importantes sobre suas
características, acessibilidade, distância da realidade etc.
O ideal de ego nos informa sobre quais são os valores que cada sujeito privilegia e que, de
algum modo, dirige seu atuar. Pode enfatizar o poder, o estético, a utilidade, o intelectual etc.
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pensar-se como outro ser não humano. Dizem as autoras de forma literal: “Implicitamente, para
realizar o teste, tem que se imaginar morto”. Discordamos nesse aspecto. Pensamos que, para
realizar o teste, o sujeito tem de poder julgar o que o sugerimos, como é baseado nesse critério
de interpretação, ou seja, colocar-se em um “corno se”. Dessa maneira, pode ou não mobilizar
fantasias de morte, como o demonstra a quantidade de protocolos em que as mesmas estão
ausentes e como o afirmam os autores do citado trabalho: “A maior parte dos casos responde
diretamente ao teste sem comentários sobre este, e sem alusão direta à morte”.
Quem responde “me matou” — “então não podia ser nada” — “então seria morte” — defronta-se
com a instrução como uma ausência ou diminuição da Consciência de Interpretação, não
podendo distinguir uma situação ou fantasiada ou real, tal como se no Rorschach um sujeito
verbalizasse na prancha V: “Este é um morcego que vem me atacar”.
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escolhas que implicam a possibilidade de reparar o objeto e se livrar da culpa “gostaria de ser
vacina, para salvar gente”. Como formação reatia perante o temor de machucar — “não queria
ser uma arma para matar”
— os impulsos agressivos podem aparecer expressos tanto em termos oral, anal ou uretral.
Conflitos:
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— São comuns a todas as pessoas.
— Devem ser diferenciados dos conflitos pessoais.
— São transitórios e resolvidos satisfatoriamente.
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Ao longo da seqüência dos temas (concordantes ou discordantes entre as catexias (+) e (-), das
defesas predominantes, do conteúdo das escolhas positivas e negativas e dos pontos de
fixação, é que podemos avaliar os conflitos intrapsíquicos.
Exemplo: Se num protocolo, valoriza-se nas positivas:
— bondade;
— utilidade; e
— eficiência
E nas negativas, rejeita-se: — improdutividade;
— promiscuidade; e
— maldade explosiva os mecanismos de defesa mobilizados são: isolamento, formação reativa,
anulação.
O ponto de fixação predominante é o anal. Diríamos que o conflito responde a características
obsessivas. O superego cobra uma bondade excessiva, censurando aspectos agressivos e
sujos. O conflito seria entre id e superego.
Uma vez concluído o processo de análise do material, podemos fazer a integração global dos
resultados obtidos e
buscar inferências, que surgem deles.
Devemos relacionar esses dados com o motivo de consulta, a história de vida e as observações
do sujeito.
Através da análise dos dados de estrutura e dinâmica interna da pessoa, pode-se estabelecer,
então, um diagnóstico, bem como um possível prognóstico.
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