As Cinco Lições da Psicanálise são um conjunto de textos
que expõem o conteúdo de cinco palestras que Freud apresentou para introduzir pela primeira vez sua teoria nos Estados Unidos, em 1910. Este dado é importante, pois significa que a Psicanálise é apresentada nessa série de textos de maneira introdutória e sintética, contemplando desde a história da sua origem até os avanços e mudanças teóricas desenvolvidas até aquele momento.
A Primeira Lição remonta os primórdios da Psicanálise,
contando da experiência de Freud com Dr. Breuer (um médico psiquiatra mais experiente, que trabalhava com mulheres histéricas e que acolheu Freud no início de sua carreira) no trabalho conjunto que tiveram com o caso considerado inaugural da Psicanálise, Anna O. e alguns outros casos inaugurais da carreira de Freud.
Nesses textos, Freud julga que é importante ao sujeito
que pretende entender a Psicanálise, compreender toda sua trajetória teórica (erros, acertos e influências) para que o raciocínio sobre o qual se amparou seja plenamente reconhecido, e não tomado como uma crença. É por isso que relata tantas de suas experiências clínicas, pois são elas o material que o leva a postular todas as suas teorias. Essa característica de Freud enquanto autor aparecerá em muitos outros textos.
O caso Anna O.: É o caso de uma jovem moça, que mora
com a mãe e as criadas e que havia cuidado do pai doente. A paciente contava com uma série de sintomas histéricos, como a hidrofobia relatada na Primeira Lição. Foi o primeiro caso a apresentar uma melhora significativa por meio da técnica da “cura pela conversação” ou “talking cure” desenvolvida por Dr. Breuer.
Histeria: Quadro mórbido encontrado, na época de Freud
majoritariamente em mulhere s, em que sintomas corporais acontecem sem uma base orgânica, anatomicamente correspondente. Isto é, em uma paciente que não consegue enxergar, nada é encontrado de errado no exame clínico de seus olhos.
A técnica da “cura pela conversação”: Foi desenvolvida
inicialmente por Dr. Breuer por meio do método da hipnose no tratamento da histeria. A hipnose era usada em uma tentativa de remontar a cena do surgimento do sintoma. Foi no caso de Anna O. que tanto Freud, quanto Breuer, se dão conta da potência da fala na alteração de sintomas histéricos e passam então, revolucionariamente, a ouvir suas pacientes e o que elas tinham a dizer sobre sua doença. A partir deste caso, o sintoma passa a ser encarado com um fator relacionado a história do sujeito, que tem um conhecimento fidedigno de si mesmo.
O método da Hipnose: A técnica da hipnose fez com que
fossem observados diferentes estados de consciência, já que era capaz de provocar um estado de absence (ausência) no sujeito. Durante este estado, a pessoa era capaz de revelar conteúdos que não se recordava quando estava consciente, e que se mostravam intimamente relacionados a produção do sintoma, uma vez que quando estes conteúdos eram verbalizados durante a hipnose, promoviam o desaparecimento ou alteração do sintoma.Esta observação de diferentes níveis de consciência é o que levará Freud a, posteriormente, conceber a ideia do Inconsciente, como afirma ao fim da Primeira Lição.
A “Teoria dos Traumas” é desenvolvida a partir das
experiências clínicas de Breuer, que pa ssa a trabalhar com a ideia de que um acontecimento muito intenso, em que o sujeito não pode reagir de sua forma natural, produz um sintoma patológico. Este acontecimento não externalizado da maneira apropriada é esquecido e passa a ser chamado de “Trauma” , configurando a causa do sintoma.
2° LIÇÃO
Na Segunda Lição, Freud conta sobre as influências que
teve de Charcot e Janet, ambos médicos franceses que trabalhavam com histeria no Hospital Psiquiátrico de Salpêtrière. Charcot foi o primeiro médico a u sar a técnica da hipnose para provar que a histeria não era uma farsa do doente e nem causada por problemas orgânicos nos órgãos atingidos. Nos experimentos de Charcot se mostrava que, durante a hipnose, o órgão atingido voltava a funcionar normalmente pela sugestão, porém, quando encerrada a hipnose, o sintoma persistia de outras formas.Janet foi um discípulo de Charcot, responsável por elaborar uma tese de que a histeria teria causas no sistema nervoso, o que explicaria a não correspondência entre o sintoma e a anatomia dos órgãos. É nesse ponto que, Freud, em sua observação clínica, irá discordar de todos os outros médicos de seu tempo, pois conceberá que os processos observados na histeria não eram próprios de degeneração do sistema nervoso, já que suas pacientes dispunham de capacidades elevadas em diversas áreas não afetadas pelos sintomas. Para Freud, a gênese da doença não é estritamente biológica.Freud abandona o uso da hipnose por diversos motivos, dentre eles a incapacidade de sugestionar todos os pacientes. Passa então a usar o método catártico sem o uso da hipnose, sugestionando os pacientes em seu estado normal a falar tudo que sabiam sobre as cenas patogênicas e os sintomas.A partir do método catártico, Freud percebe que com certo grau de investimento, memórias antes esquecidas podem ser retomadas à consciência do paciente, porém, não sem uma força que resista a esse movimento. Essas observações permitem esclarecer : 1) a existência de uma estrutura psíquica em que os acontecimentos esquecidos e stão armazenados – o inconsciente; e
2) um mecanismo psíquico que estabelece uma força de
repulsão de certos conteúdos do consciente, fazendo -os permanecer no inconsciente. Essa força é chamada por Freud de resistência.A repressão seria o mecanismo que anteriormente teria expelido o conteúdo indesejado do consciente para o inconsciente.A repressão permite que as ideias perturbadoras para o sujeito sejam retiradas da consciência e esquecidas, mas os impulsos desejosos em torno desta ideia permanecem atuando sobre o aparelho psíquico do sujeito. No lugar da ideia reprimida entra um substituto sobre o qual os impulsos desejosos podem se dissipar. Esse substituto é o sintoma.
The Art of Invisibility The World's Most Famous Hacker Teaches You How To Be Safe in The Age of Big Brother and Big Data by Kevin D. Mitnick, Robert Vamosi (PT)