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Atualmente um dos maiores desafios da pesquisa é estar dentro das especificações para
produzir tal. Além de ter que dominar todas as técnicas, e ter um tempo exclusivo para isso,
faz-se necessário destacar-se no meio acadêmico e conseguir um bom financiamento.
Certamente, não se trata apenas de produzir conhecimento, é preciso comprovar o que
se defende: empiricamente, projeções, índices, taxas são todas ferramentas bem-vindas.
A separação entre ensino e pesquisa é cada vez mais evidente. O professor que só
ensina torna-se monótono, reproduzindo sempre o mesmo, desatualizado. Em contrapartida, o
pesquisador menospreza o ensino, sendo que é o ensino que introduz o conhecimento na
realidade. Acomodar-se na pesquisa traz igualmente malefícios ao praticante, como alienação,
imobilidade em relação às transformações sociais, certo conservadorismo e falsa neutralidade,
devido à especulação dedutiva.
A pesquisa também é um fenômeno político à medida que se desdobra em interesses.
Embora isso nada queira dizer na prática: produzir conhecimento não significa aplicá-lo. Assim
surgiu o conceito de extensão, uma lacuna que erroneamente ficou entre o que se faz na pesquisa
e no ensino.
É claro que existem diferenças nos níveis de conhecimento produzido, mas isso deve
ser gradativo durante todo o processo educativo, desde a base até o ponto mais alto. A pesquisa
é/deve ser um conhecimento de consciência social, e ir além dos limites sociais impostos,
formando uma cultura própria ao mesmo tempo que emancipa o indivíduo, independentemente
do nível crítico.
Professor, informações, materiais diversos são apenas instrumentos de apoio. E saber
usá-los é o que diferencia a domesticação da emancipação. Emancipar-se é ser capaz de ter as
próprias ideias, formular projetos, criar novas perspectivas e elaborar a ciência.
Diálogo é uma comunicação, com riscos, desafios e desigualdade entre os dois sujeitos
relacionados. E assim há um questionamento de mão-dupla: ao criticar, recebe outra crítica, por
outro ponto de vista, o que torna os indivíduos capazes de refletir, acrescentar conhecimento ou
até mesmo mudar de opinião frente às novas evidências. Entretanto, para isso, o requisito básico
é a emancipação. Somente dessa forma os sujeitos são capazes de contribuir com algo próprio
delimitando seu espaço.
A comunicação pode atuar pela convivência ou pelo desencontro. Existe todo um
contexto interpretativo, que cria a circunstância de produção do diálogo. E nota-se que o termo
usado foi produção, porque vai muito além de reproduzir o que sabe.
A desigualdade social é um grande desafio da comunicação à medida que enquanto os
sujeitos iguais não criam relações novas, os desiguais são capazes de criar, destruir e
transformar.
A motivação para adquirir saber normalmente vem de dois caminhos distintos: pela
curiosidade, ou pelo poder. Sendo o último a maior influência da pesquisa. Seja o poder político
para ter informações e com isso o domínio, ou poder econômico para desenvolver cada vez
mais o acumulo de capitais e lucros mais altos. Vale ressaltar que esses poderes desencadeiam
o poder social, e com isso leia-se sobre a sociedade, já que interfere diretamente em tais
interesses.
Por isso, valorizar a pesquisa, ainda mais como formação histórica do sujeito social é
necessário, mas cautela para identificar quando é comunicação e quando é manipulação é
essencial.
Ao afirmar que pesquisa é o diálogo com a realidade é no caráter científico e educativo.
De maneira a dar o devido espaço à criatividade, tal qual que embasa a identidade cultural e
tradições de nações e etnias, o progresso e a cidadania da sociedade, e principalmente,
aprendendo e ensinando pela elaboração própria e crítica.