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PARTE I – INTRODUÇÃO A PSICOMETRIA

1. Breve histórico da medida em Psicologia1

Carrol (1978) - fixa 2 grandes períodos na história da medida em Psicologia:

I- Período de desenvolvimento
 Início no final do séc. XIX (1869), data das primeiras publicações de Francis Galton até
1935.
Período onde se desenvolveram os fundamentos teóricos e práticos da Psicometria.

II- Período Moderno


 Por volta de 1935 com a fundação da Sociedade Psicométrica e sua revista
Psycometrika.
Período caracterizado pela realização de um amplo refinamento na tecnologia dos testes.

Séc XVIII - Filósofo alemão Christian Wolff - já aparece enquanto projeto a possibilidade de
submeter os fenômenos psíquicos à matematização.

Psicofísica - séc. XIX o filósofo Weber com seus experimentos permitiram pela 1ª vez medidas
precisas entre diferenças na intensidade de um estímulo e a sensação destas diferenças-
“limiares diferenciais”. Ex: medições de limiares de audição, visão, etc...

Fechner (1883) expandindo os trabalhos de Weber, realiza estudos experimentais das


sensações, através de medidas indiretas via comportamento verbal  com isto demonstra a
possibilidade de se utilizar a lógica da ciência na medida psicológica.

A psicofísica exerceu grande influência no desenvolvimento das medidas em psicologia.

Em 1879 - 1º laboratório de  experimental de Wundt, onde a investigação e quantificação se


voltam mais para fenômenos mentais e não mais para o estabelecimento de equivalências
psicofísicas  atenção voltava-se mais para a uniformidade do que para as diferenças
individuais.

Final do séc. XIX e início deste é que irá surgir um forte movimento de PSICOMETRIA -
“medidas sensório-motoras”

 Galton (1869) - laboratório antropométrico, cria instrumentos “régua de Galton” para


medir a altura audível, “série graduadas de pesos” para mensuração e discriminação cinestética,
etc...Influenciado pelo associacionismo tradicional, postulou que “bons sentidos
corresponderiam a um bom intelecto”.
Cattell (1880) - foi o 1º a usar a expressão “Teste Mental”. Inteligência associada à
velocidade e acuidade sensorial e perceptiva, atenção e memória.

 Estas medidas apresentavam baixa correlação com os desempenhos acadêmicos.

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PASQUALI, Luiz. Psicometria. Teoria dos testes na psicologia e educação. Petrópolis: Vozes, 2004.

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1
Binet e Simon (1905)  Criam a 1ª escala de inteligência com o intuito de investigar as
possíveis causas do fracasso na escola. Em 1908, a escala foi agrupada em níveis de idade. Em
1916, “Binet-Terman” e, em 1937, “Escala Stanford-Binet”. No Brasil, em 1913, pelo pediatra
Fernandes Figueira.
Em 1912, com Stern - o termo QI.

Spearman (1904) - 1ª contribuição metodológica para análise funcional da inteligência. Factor


“G” (recorre ao estudo das correlações).

Em 1907 - testes de interesse “Inventário de interesse de Strong”.

Em 1915 - 1º teste de aptidão específica foi o de Seashore “Teste de talento Musical”.

Thrustone (1937) - aptidões primárias “Primary Mental Abilites” a bateria PMA.

Guilford (1967) - tantas aptidões quantos os cruzamentos possíveis de vários processos ou


operações mentais ( 150 aptidões ).

Gardner (1983) - mente humana estruturada em 7 inteligências “teoria das inteligências


múltiplas”.

 Os últimos testes a serem construídos foram os testes de PERSONALIDE, devido à


complexidade teórica e prática.

Rorschach na década de 20
TAT na década de 30
Szondi na década de 40

MMPI (Inventário Multifásico de Personalidade Minnesota) início da década de 40.

2. Fundamentos Científicos da Medida


Os testes psicológicos são instrumentos que pretendem apresentar caráter de legitimidade, isto
é, instrumentos que produzem resultados confiáveis. Daí duas suposições:
a) Os testes precisam ter embasamento científico e devem demonstrar isso.
b) Os testes precisam ser apropriadamente utilizados.

Os testes psicológicos em sua maioria são testes psicométricos, isto é, medidas do


comportamento humano que se enquadram dentro da teoria quantitativa em ciências. Eles se
fundamentam na teoria da medida e, mais particularmente na teoria da medida em psicologia e
psicometria.

O que se mede em psicologia é uma variável psicológica definida como uma característica que
cada indivíduo tem em diferentes níveis.

Só a partir do séc. XIX é que o ser humano se volta para si, para mensurar os processos
psíquicos e o comportamento deles decorrentes. Assim, os testes psicológicos são medidas de
processos psicológicos.
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Psicometria

Conjunto de técnicas que permite a quantificação dos fenômenos psicológicos. Seu objetivo é
aplicar métodos científicos no estudo do comportamento humano. É a ciência que estuda os
princípios e métodos da medida psicológica. É a medida de construtos psicológicos ou traços
latentes (estruturas latentes) através de comportamentos “verbais” ou “motores” que seriam a
representação daqueles traços.

A Psicometria
 Veio atender à necessidade de medidas quantitativas conseqüência da influência
científica da época. Com isto, a Psicologia aproximou-se de fato das ciências empíricas,
atendendo às exigências do modelo científico.
 Veio atender à necessidades socioculturais, associadas a preocupações mais práticas
ligadas a melhoria do rendimento dos sujeitos.
 Realçou a questão das diferenças individuais. A visão de homem subjacente ao modelo
psicométrico (no seu início), implicava a existência de características genéricas de
comportamento humano. Essas características de ordem genética e constitucional, eram
consideradas relativamente imutáveis. Os testes visavam identificá-las, classificá-las e
medí-las.
Hoje, os factores genéticos não são suficientes para explicar tais diferenças, mas estes
acrescidos de factores experiências e sócio-culturais.
 O instrumento psicométrico mais típico é o “TESTE”.

3. Fundamentação epistemológica da medida em geral e psicológica

Base axiomática da medida (Base evidente da medida)


Só será valido o uso de números na observação dos fenômenos naturais se levarmos em
consideração as propriedades estruturais tanto da ciência quanto da matemática.

Há legitimidade no uso do número para a descrição dos fenômenos naturais se houver


ISOMORFISMO (intercâmbio entre 2 sistemas de saber mantendo-se as propriedades dos
mesmos)

 É legitimo representar com números os fenômenos naturais, se nesta designação se


manterem tanto as propriedades dos números, quanto as características próprias dos
atributos dos fenômenos empíricos.
NÚMERO (possui 27 axiomas = definem um atributo do número = postulado assumido como
verdade sem qualquer necessidade de comprovação)

São propriedades básicas do sistema métrico:


 Identidade (igual a – o número é idêntico a si mesmo e somente a si)
 Ordem (baseia-se na desigualdade dos números – sequência monotônica crescente ou
decrescente de valor)
 Aditividade (os números podem ser somados para se obter outros números)

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MEDIR→ atribuir números as propriedades das coisas, segundo certas regras. A medida deve
garantir que as operações empíricas (com base na experiência ou na observação direta)
assegurem os axiomas dos números.
A maioria das medidas deve salvar o AXIOMA DE ORDEM

A natureza da medida implica em alguns problemas básicos:


a) O problema da representação ou isomorfismo
b) O problema da unicidade da representação
c) Uma representação “x” de um atributo seria a melhor e a mais viável? Para os físicos não
há maneira melhor para descrever: m (comprimento); Kg (massa); s (tempo); A (corrente
elétrica); K (temperatura); Cd (intensidade da luz)
d) Quando utilizamos QI busca-se esta unicidade. Mas será o QI a única e melhor forma de
representar a inteligência?
e) O problema do erro: na matemática não existe possibilidade de erro, mas o próprio uso do
método científico tem erros.

Funções da medida:
a) Quantificação – A medida permite uma descrição precisa do fenômeno e o símbolo
que garante a maior precisão é o número.
b) Comunicação – Condensa informações; é mais precisa e objetiva.
c) Padronização – Assegura a equivalência entre objetos com características diversas.
d) Objetividade – Permite-se classificação com menos ambigüidade.

Escalas de medida:
A) Escala de razão: possui “zero absoluto”. Por ex: peso zero é um conceito definível baseado
na força da gravidade. Esta medida não é usada na Psicologia, pois não existe zero absoluto nos
fenômenos psicológicos.

B) Escala intervalar: possui “zero arbitrário” como também apresenta distâncias (intervalos
iguais) na propriedade que está sendo medida. Por ex: a diferença da temperatura entre 10°C e
30°C é a metade da diferença entre 40°C e 80°C. Neste tipo de medida os símbolos numéricos
expressam não só a ordem como também o tamanho da diferença relativa entre as categorias
das características medidas.

C) Escala nominal: os números podem servir meramente de nomes ou rótulos. Ex: código por
região do telefone (BH é 31/ Rio é 21).

D) Escala ordinal: nela o objetivo é estabelecer graduações entre os fenômenos. Em


Psicologia dificilmente se ultrapassa esse nível de medida. Os testes de inteligência,
personalidade, aptidão, atitudes, etc.... são basicamente ordinais, pois fornecem uma posição
numa ordem de resultados.

Tipos de medida:
a) Medida fundamental – Obtida como resultado da mensuração direta. Medir aqui, é
verificar a coincidência de pontos. Ex.: comprimento
b) Medida derivada – Produto de uma operação de mensuração baseada em indícios que
se supõe estarem relacionados com o atributo do objeto medido. Ex.: m (massa) é igual
a volume (metro cúbico) X densidade (kg por metro cúbico).
c) Medida por teoria – Pode ser por “lei” ou “teoria”. A medida em Ciências Sociais e do
Comportamento é:
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Por lei – Quando se quer demonstrar empiricamente que dois ou mais atributos
estruturalmente diferentes mantêm entre si relações sistemáticas.
Os elementos envolvidos na mensuração são descobertas científicas – é o facto. Ex: lei
do reforço em Psicologia, ou seja, mede-se por lei quando se demonstra empiricamente
que dois ou mais atributos estruturalmente diferentes mantêm entre si relações
sistemáticas. Em Psicologia - psicofísica e análise experimental do comportamento.

Por teoria – quando não existem leis relacionando variáveis, daí recorre-se a teorias que
hipotetizam relações entre os atributos da realidade, permitindo assim a medida indireta
de um atributo através de fenômenos a ele relacionados via teoria. A teoria, por
exemplo, versa sobre processos mentais (estrutura psicológica hipotética), conceituando
sua estrutura e sua dinâmica e define o conjunto de comportamentos que os expressa.

Complexidade da medida em psicologia:


 Falta de consenso sobre alguns construtos.
 Medimos “construtos hipotéticos” (abstrações de relações).
 Medimos uma variável psicológica definida como uma característica que cada
indivíduo possui em diferentes níveis.
 O factor humano está sempre presente na operação de mensuração.
 A medida em psicologia é uma “medida indireta”, através de indícios que se supõe
estarem ligados às características medidas.
 Medimos manifestações do comportamento que mudam ao longo do tempo.
 Por mais controlado que seja o processo, inúmeros factores podem influenciar as
características medidas, alterando o resultado, tornando-o menos confiável.
 Saber que é impossível abranger a totalidade de cada um dos fenômenos psicológicos.

4. PARÂMETROS PSICOMÉTRICOS
Para garantir legitimidade e cientificidade aos testes psicológicos, que são instrumentos de
medida em psicologia e, como qualquer instrumento de medida, deve apresentar certas
características para podermos confiar nos dados que produzem. Tais características são:
validade e fidedignidade.

I – Validade
A validade de um teste está relacionada à questão se de fato ele mede o que pretende medir, e é
verificada através de análise estatística.

A análise deve ser feita em cada item do instrumento, verificando se estão medindo o mesmo
construto (factor). Caso o instrumento pretenda medir mais de um factor, as análises estatísticas
devem ser feitas independentemente para cada factor.

Existem várias técnicas para viabilizar a demonstração da validade dos testes, mas três são
dominantes:

1- Validade de conteúdo
É o exame sistemático do conteúdo do teste com o objetivo de verificar se este realmente
constitui uma amostra representativa do comportamento que deseja mensurar.

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2- Validade de critério
Concebe-se como validade de critério de um teste o grau de eficácia que ele tem em predizer
um desempenho específico do sujeito.
Existem dois tipos:
a) Validade preditiva – critério coletado após a coleta de informação do teste.
b) Validade concorrente – colecta simultânea ou concorrente.

Critérios normalmente utilizados:


 Outros testes já validados (que meçam o mesmo construto)
 Desempenho acadêmico
 Desempenho em treinamento especializado ou em desempenho profissional
 Diagnóstico psiquiátrico
 Diagnóstico subjetivo

3- Validade de construto
É usada quando o psicólogo crê que seu instrumento reflete um “construto particular”, ao qual
estão ligados certos significados. A validade de construto envolve-se com os problemas de
definição de termos e de conceitos. Conceitos ou construtos são cientificamente pesquisáveis
somente se forem, pelo menos, passíveis de representação comportamental adequada. Do
contrário são conceitos metafísicos e não científicos. Assim, na validação de construto há
validação de definição de construto e da teoria que lhe dá origem. Pode ser trabalhada sob dois
ângulos:
a) Análise de representação comportamental do construto
São usadas duas técnicas:
 Análise de consistência interna do teste – Calcula a correspondência que existe
entre cada item do teste e o restante dos itens ou total (escore total) dos itens.
 Análise factorial – Verifica quantos construtos são necessários para explicar as
intercorrelações dos itens.

b) Análise por hipótese


Fundamenta-se no poder de um teste psicológico ser capaz de discriminar ou
predizer um critério externo a ele mesmo; por exemplo, discriminar grupos
Critério, os quais difiram especificamente no traço que o teste mede.
Ex.: idade.

II – FIDEDIGNIDADE (PRECISÃO)

A fidedignidade de um teste ou precisão diz respeito à característica que ele deve possuir, que é
medir sem erros. Está intimamente ligada ao conceito de variância erro, sendo este definido
como a variabilidade nos escores produzida por factores estranhos ao construto.

1- Factores que interferem na precisão dos resultados de um teste psicológico:


- Condições de situação de aplicação
- Condições do próprio examinando
- Condições do próprio teste

2- Técnicas de estimação do coeficiente de fidedignidade:


Existem três tipos de delineamento (procedimentos experimentais de coleta de informação) e
dois tipos ou modelos de análises estatísticas dos dados coletados (correlação e técnica alfa).

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2.1- Delineamentos
a) Uma amostra de sujeitos, um mesmo teste e uma ocasião.
Ex.: Método das duas metades e método das técnicas alfa
- Método das técnicas alfa – no teste que a resposta ao item pode assumir mais de duas
alternativas. A análise de cada item é feita individualmente.
b) Uma amostra de sujeitos, dois testes e uma única ocasião (correlação entre as
distribuições de dois testes ou formas paralelas).
Ex.: Método das formas paralelas ou formas alternativas
c) Uma amostra de sujeitos, um mesmo teste e duas ocasiões (correlação entre dois
conjuntos de dados)

2.2- Técnicas estatísticas


Há basicamente duas técnicas estatísticas para estimação do coeficiente de precisão de
um teste psicológico: a correlação simples e as técnicas de consistência interna.

a) Correlação simples
1) Método das duas metades: divide-se um único teste em duas partes equivalentes e a
correlação é calculada entre os escores obtidos nas duas partes. (Coeficiente de consistência)

Fórmula de Spearman – Brown

2) Método das formas paralelas ou formas alternativas: os sujeitos respondem a duas formas
paralelas do mesmo teste e a correlação entre as duas distribuições de escores constitui o
coeficiente de precisão do teste. (Coeficiente de equivalência)

3) Método do teste-reteste: consiste em calcular a correlação entre as distribuições de escores


obtidos num mesmo teste, pelos mesmos sujeitos, em ocasiões diferentes. (Coeficiente de
estabilidade)

b) Técnica de consistência interna


1) Técnica Kunder – Richardson: se baseia na análise da cada item individual do teste. Só se
aplica quando a resposta ao item é dicotômica: certo e errado, por exemplo.

2) Alfa de Cronbach
É utilizada quando a resposta ao item pode assumir mais de duas alternativas. Visa verificar a
consistência interna do teste pela análise da consistência interna dos itens, verificando a
congruência que cada item tem com o restante dos itens do mesmo teste.

III- NORMATIZAÇÃO (padronização)


É útil para a interpretação dos resultados, pois constitui uma simples transformação
dos resultados brutos do instrumento em resultados de alguma maneira padronizados.

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PARTE II - MÉTODOS E TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA2

Defini-se Avaliação Psicológica como sendo “é um processo de colecta de dados e


interpretação de informações, realizada por meio de instrumentos psicológicos, tendo por
finalidade o maior conhecimento do indivíduo a fim de serem tomadas determinadas decisões”
(Wechsler, 1999)3.

Um processo avaliativo inclui dados quantitativos e qualitativos, já que a avaliação consiste em


dar qualidade à um valor numérico obtido através da medida.

1. Objecto da avaliação psicológica

Constitui-se objeto da avaliação psicológica o seguinte conjunto de dimensões psicológicas:


capacidade cognitivas e sensorio-motoras, componentes sociais, emocionais e afetivos da
personalidade, dimensões interpessoais e motivacionais, atitudes, aptidões e valores. Estas
dimensões podem ser estudadas em conjunto ou em parte de acordo com o problema e o
motivo da avaliação.

2. Objectivo da avaliação psicológica

A avaliação psicológica pode ser utilizada para diferentes finalidades, tais como : diagnóstico,
intervenção, encaminhamento, orientação psicopedagógica e vocacional, seleção, prevenção e
pesquisa.

3. ÁREAS DE APLICAÇÃO DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA


 Psicologia Clínica;
 Escolar;
 Organizacional;
 Social, Forense; Trânsito
 Comunitária, etc.

4. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA e PSICODIAGNÓSTICO

Avaliação Psicológica psicodiagnóstico


 
 é mais ampla do que o psicodiagnóstico  + vinculado à clínica
 objeto de estudo pode ser:  está vinculado à temas
- um sujeito de interesse:
- um grupo - nosologias psicopatológicas
- uma instituição/ comunidade - critérios de saúde psíquica

 O objeto a avaliar é sempre um SISTEMA COMPLEXO, caracterizado por fenômenos


determinado por processos onde entram em interação elementos que pertencem ao domínio de
distintas disciplinas. Importância de trabalhos interdisciplinares.
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA É SEMPRE UMA AVALIAÇÃO PARCIAL DO OBJETO

2
Material de Prof. Álvaro José LELÉ e Profª. Wilma M. G. LOPES (maio, 2000).
3
WECHESLER, S.M.&GUZZO, R.S.L. Avaliação Psicológica. Perspectiva Internacional. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.

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5. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES NO PROCESSO AVALIATIVO:

1- Ter sempre presente a realidade sociocultural em que o sujeito vive e sua história pessoal.
2- Lembrar que uma avaliação psicológica é sempre um meio, um recurso, para compreender
e explicar os comportamentos humanos.
3- Realizar estudos sobre validação lingüística e conceitual assim como elaborar normas
estatísticas locais, quando se utiliza testes elaboradas em contextos sociocultural diferente
do nosso.
4- Superar falsas confrontações entre dados qualitativos e quantitativos e buscar sua
integração.
5- Propiciar a construção de novos testes e não só sua adaptação.
6- O uso de testes psicológicos num processo avaliativo nunca pode ser feito sem o auxilio de
outros testes e outras técnicas de avaliação (Exemplo: entrevistas).
7- Propor “Testes” não se trata efetivamente de um forcing, como alguns imaginam, pois “O
próprio psicólogo acredita, freqüentemente e implicitamente, poder fazer dizer o que o
sujeito não quer dizer, quando não deveria jamais esquecer que está ali, pelo contrário, para
favorecer a expressão do que não pode ser dito numa linguagem clara” (RAUSCH de
TRAUBENBERG, Nina, 1975)

6. TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO4

 Técnicas de avaliação: método de se obter informações desejadas


 Instrumentos de avaliação: recurso usado para este fim. Devem ser bem escolhidos,
levando em conta cada caso e cada situação.

De acordo com Mediano (1976 apud ERTHAL, 2001, p. 39) existem 3 técnicas de coleta de
informação:
1. Observação;
2. Inquirição; e
3. Testagem.

1. OBSERVAÇÃO
Observação: ponto de partida para qualquer estudo científico.
: Objetivo – estabelecer e validar conhecimentos adquiridos.

1) Observação vulgar: simples constatação de um fato, exatamente como se apresenta ao


indivíduo.

2) Observação científica: caráter científico e para tal é necessário que se explicitem hipótese e
que a observação seja suscetível à repetição.

Existem 2 tipos de observação cientifica:


1. Observação assistemática que se realiza sem qualquer planejamento prévio.
2. Observação sistemática exige planejamento e requer instrumentos adequados para o
seu registro, impedindo assim o risco de observações puramente subjetivas.
É mais controlada com propósitos previamente determinados.

4
ERTHAL, Tereza Cristina. Manual de Psicometria. Rio de Janeiro: Editora Zahar,2001, p. 39-56.

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A observação pode se realizar de formas diferentes:
Observação direta: observador olha ou registra os fenômenos ou os comportamentos sem
intervenção que vise modificá-los;
Observação provocada: o sujeito é colocado perante uma tarefa ou uma prova determinada
(pelo observador). Podemos comparar: os comportamentos ou os resultados (produções ou
respostas); e
Observação indireta: dois aspectos:
1. Exame ou análise das produções espontâneas; e
2. Entrevistas por ex. com pessoas que conheçam o sujeito.

2. INQUIRIÇÃO

INQUIRIÇÃO: Muitas informações sobre o domínio afetivo podem ser rapidamente obtidas
através de uma inquirição sistemática. Sempre que possível associar a inquirição à observação.

1. Questionário: lista de perguntas para obter informações sobre opiniões e atitudes dos
indivíduos.

a) Inventários: diante de uma série de afirmações o indivíduo é solicitado a marcar aquelas


com que concorda. É um instrumento de auto- avaliação. Temos: os inventários de
personalidade (preocupam em traçar um diagnóstico do sujeito; medem diferenças
individuais dentro da faixa normal) e os inventários de interesse (avalia interesses
profissionais e vocacionais).

b) Escalas de atitude: ordenar aspectos qualitativos com correspondente numérico. O sujeito é


solicitado a expressar sua atitude em relação a determinada afirmação, assinalando na
escala (do tipo Thurstone e Likert).

c) Levantamento de opinião: indaga apenas informações específicas sobre determinado


assunto. Costuma ser apresentada sob forma de questão única com alternativas sim ou não.

2. Entrevista: É mais um processo de obtenção de informação do que propriamente de um


instrumento, pois o inquiridor ao mesmo tempo efetiva e avalia o processo.
“É preciso reconhecer que o principal propósito da entrevista é de caráter investigatório”
(LELE).

Utilização
 Pesquisa
 Psicoterapia
 Aconselhamento
 Clínica (atingir um diagnóstico)
 Na empresa (admissão, transferência, promoção, desligamento)
 Exame psicológico em geral

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Existem 3 formas de realizá-la :

 Entrevista estruturada: as perguntas são elaboradas anteriormente. É algo parecendo


com um questionário aplicado oralmente.
Ex: Anamnese
 Entrevista não-estruturada: as perguntas são de caráter geral. Apesar de não ter
ordenação rígida, existe um objetivo específico a ser atingido: “Você pode falar mais
sobre esse assunto” (“Fale mais sobre isso”).
Ex: Na clínica: “Que traz você aqui?” ou
Na empresa: “Gostaria que falasse um pouco sobre sua experiência profissional até o presente
momento”
 Entrevista mista: se não se conseguiu obter todas as informações necessárias através da
entrevista não estruturada, deve-se esclarecê-los através de investigação sistemáticas.

Alguns problemas em relação à entrevista:


 Subjetividade;
 Lacunas, dissociações, contradições tornando menos confiável;
 O entrevistado pode oferecer diferentes histórias ou diferentes esquemas de sua vida
atual que manterão entre si, relação de complementação ou de contradição;
 Cada ser humano tem organizado uma história e dela tem que deduzir o que ele não
sabe;
 O que não pode dar como conhecimento explícito, nos é oferecido ou emerge do
comportamento não-verbal;
 Os conflitos trazidos pelo entrevistado podem não ser os conflitos fundamentais, assim
como as motivações que alega são geralmente racionalizadas.

ENTREVISTA INICIAL E ENTREVISTA DEVOLUTIVA (CONSULTAR PASTA DE


ENTREVISTA)

3. TESTAGEM
É a técnica que produz resultados mais eficientes. O instrumento utilizado é o teste (prova).
“Um teste é um procedimento sistemático para observar o comportamento e descrevê-lo com a
ajuda de escalas numéricas ou categorias fixas” (CRONBACH, 1996, p.51).
Através dele se obtêm informações acerca do domínio cognitivo, afetivo e psicomotor.
São dois os tipos de testes:
 Testes não-padronizados ou construídos pelo professor;
 Testes Padronizados – são construídos por especialistas

Referência
CRONBACH, Lee J. Fundamentos da testagem psicológica. 5ª ed. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul, 1996.
ERTHAL, Tereza Cristina. Manual de Psicometria. 6ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

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