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TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO, OLHAR

ATRAVÉS DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO


TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO, OLHAR
ATRAVÉS DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO

Trabalho apresentado à disciplina de


Prática de pesquisa em Análise do
Comportamento, da faculdade de
Psicologia, do Diretoria de Saúde II, como
parte das atividades das aulas práticas
exigidas para aprovação. Responsável
pela disciplina: Prof. Esp. Cleber A. Godoy
RESUMO

O presente trabalho visa dissertar sobre as características do Transtorno


Obsessivo Compulsivo (TOC), informando as principais características, sintomas,
tratamentos e possíveis causas da patologia. Considera também a importância da
análise do comportamento para o diagnóstico e tratamento do TOC. A coleta de
informações foi feita através de pesquisa qualitativa em livros e em artigos on-line,
que forneceram maior entendimento sobre a patologia e a área de psicologia
estudada.

Palavras-chave: transtorno obsessivo compulsivo; TOC; terapia comportamental;


terapia cognitiva-comportamental; análise do comportamento; transtornos
psicopatológicos.
SUMÁRIO

1. Introdução 4

1.1 Análise do Comportamento 4

1.2 Transtorno Mental 6

1.3 Transtorno Obsessivo- Compulsivo 6

1.4 Principais Sintomas 8

1.5 Neurobiologia do Transtorno Obsessivo Compulsivo 9

1.6 Diagnóstico 10

1.7 Objetivos 11

Objetivo geral 11

2. Análise e discussão de dados 12

3. Conclusões 14

4. Referências 15
4

1. Introdução

A psicopatologia é definida como o conjunto de informações e conhecimentos


sobre o adoecimento mental, ou seja, ela trata sobre a natureza essencial da doença ou
do transtorno mental; a psicopatologia estuda as causas, as mudanças fisiológicas e
suas formas de manifestação. Esse ramo da ciência é muito sistemático, elucidativo e
desmistificante (DALGALARRONDO, 2019)
São vários os tipos de adoecimentos mentais, desde o início do século XX,
estudiosos vêm classificando e compilando dados sobre os tipos de transtornos mentais.
A Associação Psiquiátrica Americana, em 1953, publicou a primeira edição do Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), que seria um manual
diagnóstico e estatístico, com um glossário que continha a descrição clínica de cada
categoria de diagnóstico.
A análise do comportamento propõe analisar o comportamento do indivíduo que
ocorre na relação entre o sujeito e o ambiente, com o intuito de encontrar o ponto de
partida que ocasionou tal proceder. Por meio dessa análise a psicopatologia pode ser
amenizada e também encontrar uma explicação de porque a pessoa age como age
(ALENCAR, 2007).
Esse trabalho pretende apresentar uma das psicopatologias mais conhecidas que
é o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), apontando seus sintomas, possíveis
causas, sua classificação e também como ela pode ser tratada na Análise do
Comportamento.

1.1 Análise do Comportamento


No início do século XX, a psicologia buscava sua inserção e seu reconhecimento
no âmbito da ciência. Naquela época, o objeto de estudo dos psicólogos era encoberto,
ou seja, introspectivo. Para se chegar ao introspectivo é preciso que o relato seja feito
verbalmente, podendo não ser real. Por causa desse impasse, muitos estudiosos
acabaram descredibilizando a psicologia. Então, a preocupação maior dos psicólogos na
época era tornar a psicologia reconhecida como ciência.
O americano, John B. Watson, inaugurou em 1913, o termo behaviorismo. Esse
psicólogo colocava como objeto de estudo da psicologia o comportamento. Ao fazer isso,
Watson conseguiu dar a consistência que muitos psicólogos procuravam, um objeto de
estudo que podia ser mensurado, observado, cujos experimentos poderiam ser
reproduzidos em diferentes condições e sujeitos. Watson buscava a construção de uma
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psicologia livre de conceitos mentalistas e de métodos subjetivos. Essa linha de


pensamento é conhecida também como Comportamentalismo, Teoria comportamental,
Análise Experimental do Comportamento e ainda Análise do Comportamento. O
behaviorismo seria a filosofia da ciência e a análise comportamental seria um conjunto de
ideias dessa ciência (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2019).
Um grande sucessor de Watson foi B. F. Skinner. O behaviorismo de Skinner ficou
conhecido como Behaviorismo Radical, termo determinado pelo próprio autor. Seria uma
interpretação filosófica de dados obtidos através da investigação sistemática do
comportamento (MATOS, 1995)
Segundo Todorov (1982), Skinner parte da constatação de que há ordem e
regularidade no comportamento. "Os homens agem sobre o mundo, modificam-no, e, por
sua vez, são modificados pelas consequências de sua ação" (Skinner, 1978, p.15). O
behaviorismo então, seria o estudo da interação do organismo com o ambiente. Para
essa linha de pensamento, existem dois tipos de transações que podem ocorrer entre o
comportamento e o ambiente:

a) conseqüências seletivas (que ocorrem após o


comportamento e modificam a probabilidade futura de
ocorrerem comportamentos equivalentes, i.e., da mesma
classe);
b) contextos que estabelecem a ocasião para o
comportamento ser afetado por suas conseqüências (e
que portanto ocorreriam antes do comportamento e que
igualmente afetariam a probabilidade desse
comportamento) (MATOS, 1995, p.6)

Essas interações são chamadas de contingências, e são conceitos fundamentais


para o entendimento da análise do comportamento. A interação sujeito-ambiente pode
ser chamada também de comportamento operante, um comportamento que quando
emitido, gera consequências que irão modificar a probabilidade de ocorrência futura,
pode ser representado da seguinte maneira: R → S, onde R é a resposta e S seria o
estímulo reforçador.
O Behaviorismo serve de base para vários outros tipos de pensamento, como
citamos acima, ele seria a filosofia da ciência do comportamento. O presente trabalho tem
como objetivo abordar o tema do Transtorno Obsessivo Compulsivo, ao pesquisarmos
sobre o tema, percebemos a importância de diferenciar a Análise do Comportamento da
Terapia Cognitivo-Comportamental, pois muitos dos tratamentos para esse transtorno
levam em consideração a TCC, mas o foco do presente trabalho é apresentar a
contribuição da Análise Comportamental para o tratamento do transtorno. Sendo assim,
6

as duas abordagens teriam a mesma origem, mas diferem em alguns aspectos. A terapia
comportamental não inclui em seus estudos e abordagem conceitos do cognitivismo, ela
analisa somente ações manifestas. Já a TCC busca integrar os construtos mentais e
técnicas cognitivas com as técnicas comportamentais, considerando que os pensamentos
são elementos importantes e determinantes para os padrões de comportamento e de
ação (BECK, 2013).

1.2 Transtorno Mental

Segundo Osvaldo Lopes, (2011) os transtornos são alterações do funcionamento


da mente que interferem no comportamento da pessoa no meio familiar, social, pessoal,
no trabalho, estudos, na tolerância aos problemas e na possibilidade de ter prazer na vida
em geral. Os transtornos mentais estão bem presentes e alguns deles caem muito no uso
no nosso dia a dia, como a depressão, ansiedade, estresse pós-traumático, transtorno
bipolar, bulimia e anorexia, transtorno obsessivo compulsivo (TOC).
De acordo com o DSM-5, alguns transtornos mentais podem apresentar limites
que contém uma boa delineação de sintomas, evidência científica e pode ser relacionado
um transtorno com o outro, de acordo com as características que são compartilhadas
como os fatores de risco ambientais, genéticos e também neurais, reconhecendo que
aquilo que separava os transtornos aparentemente pode ser mais fácil de penetrar do
que se acreditava antes.
Os transtornos existentes podem ser de ordem mental/psicológica, caracterizados
por maus pensamentos, más emoções, anomalias comportamentais, entre outras. Ele é o
conjunto de condições que podem comprometer o humor, raciocínio e comportamento,
além de afetar a saúde e o ambiente social em que a pessoa está inserida. Ao certo, não
é definido o que realmente causa um transtorno, não podendo então ser classificado
como doença.

1.3 Transtorno Obsessivo- Compulsivo


Caracterizado por ter obsessões, atitudes compulsivas, ou os dois agindo juntos,
o TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) geralmente é marcado por pessoas com
pensamentos, impulsos e imagens que vão e voltam e que tem comportamentos
repetitivos e ações mentais onde o indivíduo é obrigado a responder a sua obsessão ou
rituais.
Segundo o DSM-5, o TOC pode ser ligado a transtornos relacionados como:
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● Transtorno Dismórfico corporal: quando o indivíduo se encontra preocupado de


maneira incomum com sua aparência física, com medo de falhas ou defeitos que aos
olhos dos outros chegam a ser não perceptíveis;
● Transtorno de acumulação: indivíduos presos aos seus pertences, que sentem
dificuldades e sofrem para se desfazer de seus itens; ou que compram itens sem
necessidade acumulando eles;
● Tricotilomania: hábito de arrancar o cabelo várias vezes em qualquer região do corpo
resultando a perda de cabelo;
● Transtorno de escoriação (skin-picking): pessoas que se beliscam de maneira
recorrente o rosto, braços, mãos ou outras partes do corpo.

O Transtorno Obsessivo Compulsivo é o transtorno marcado por preocupações e


comportamentos repetitivos que ocorrem de maneira excessiva de modo que pode gerar
muito desconforto ou sofrimento para a pessoa portadora.
O TOC é um transtorno erroneamente conhecido ou leigamente taxado de
“mania”, ele pode conter o medo exagerados de se contaminar, receio de passar em certo
lugar acreditando que possa acontecer algo, ficar agoniado com bagunça ou com algo
fora do lugar, hábito exagerado de limpeza e outras. Diferente das manias que
geralmente são rituais repetitivos ocasionados por crenças ou superstições, o TOC é a
“mania” que quando não é realizada, gera um sintoma físico e/ou psicológico que pode
até incapacitar o indivíduo.
De acordo com a revisão feita por Torres e Lima (2005) no Brasil, em uma parte
da cidade de São Paulo foi encontrado uma prevalência no estudo de Andrade com a
utilização do CIDI em que cerca de 0,4% de homens e 0,3% de mulheres apresentam o
TOC ao longo de sua vida. Por não ter um número suficiente de casos identificados,
ainda não se tem um método especificamente válido para diagnosticar o Transtorno
Obsessivo Compulsivo.
Ainda em 2005, foi estimado que em diferentes partes do mundo o TOC possa ter
uma prevalência de 1,0% e 2,0% à 2,5% ao longo da vida, sendo que estudos
epidemiológicos apresentados pela Revista Brasileira de Psiquiatria apontam que possa
ocorrer mais em mulheres e em casos que tenham só obsessões.
De acordo com dados da Pfizer no Brasil, a cada 50 pessoas 1 é acometida pelo
Transtorno Obsessivo Compulsivo e geralmente eles sabem que seus comportamentos
não são normais, mas por medo do julgamento da sociedade cerca de 70% a 80% das
pessoas podem sofrer de depressão. Contudo, apesar de ser atualmente um transtorno
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conhecido, grande parte dos indivíduos acometidos por esse transtorno desconhecem
que se trata de um problema de saúde sério e que tem abordagens específicas para seu
tratamento e por conta da vergonha e o isolamento ligado ao problema acaba evitando a
busca por ajuda.

1.4 Principais Sintomas


O transtorno obsessivo compulsivo é um transtorno que apresenta mudanças no
pensamento, chamadas de obsessões; no comportamento, que são os rituais e as
compulsões e nas emoções, que podem transmitir medo ou ansiedade.
As obsessões são imagens ou pensamentos invasivos e persistentes que
invadem a mente e causam uma enorme ansiedade ou sofrimento na maioria dos
indivíduos, apesar do esforço para contê-los, o indivíduo não consegue ignorá-los. Dessa
maneira, passa a suprimir ou evitar, substituindo por outra ação ou pensamento
(CORDIOLI, 2016).
As compulsões são os comportamentos ou atos mentais repetitivos, onde o
indivíduo sente-se obrigado a executar em resposta a pensamentos obsessivos ou regras
mentais bastante rígidas. Esses comportamentos têm a finalidade de aliviar o sofrimento
ou a ansiedade causada por esses pensamentos. Essas compulsões, também
conhecidas popularmente como manias, podem ser realizadas com a intenção de
prevenir o acontecimento de desastres, afastar ameaças ou possíveis danos que o
indivíduo possa causar a si próprio ou a outras pessoas ou apenas um desconforto físico.
(CORDIOLI, 2013.)
Há ainda as chamadas neutralizações, que segundo Cordioli (2016), são atos
mais eventuais, geralmente mentais, destinados a diminuir o medo e a ansiedade. Outro
sintoma bastante comum e não menos importante no transtorno obsessivo compulsivo é
a evitação. As evitações são atos voluntários com o intuito de impedir que haja um
contato direto ou imaginário com pessoas, pensamentos, imagens ou quaisquer coisas
que possam despertar as obsessões no indivíduo. Logo, as evitações, assim como as
compulsões, são um comportamento que visa afastar possíveis ameaças e perigos com o
intuito de diminuir a ansiedade e o medo causados pelas obsessões. As evitações são
consideradas uma das principais causas de incapacitação e comprometimento do
indivíduo com TOC. (CORDIOLI, 2016)
Cordioli (2013) ainda destaca outro sintoma, que trabalha em conjunto com as
compulsões, as evitações e as neutralizações

"A hipervigilância é considerada uma consequência do


medo associado às obsessões. É um comportamento que
tem por objetivo aumentar o controle sobre os potenciais
9

riscos ou ameaças associados às obsessões…" (Cordioli,


2013, p. 22)

Os sintomas do TOC acabam por ser muitos incapacitantes na vida dos indivíduos
portadores, eles acabam perdendo várias horas do dia fazendo os rituais, acabam não
querendo se relacionar com outras pessoas por medo de serem julgados. É nesse
sentido, de ajudar essas pessoas a terem uma vida melhor, que entram as terapias e os
diferentes tipos de abordagem.

1.5 Neurobiologia do Transtorno Obsessivo Compulsivo

O Transtorno Obsessivo-compulsivo acomete entre 0,3 a 3,1% da população.


(Fuentes e tal, 1972, p. 114). Tal transtorno é tratado desde a Idade Média e já foram
atribuídas muitas causas ao transtorno, como possessão demoníaca, conflitos
emocionais da infância (numa visão freudiana), baixa circulação cerebral e danos neurais.
Embora comportamentos obsessivos possam ocorrer a qualquer indivíduo, o que
acontece no TOC é a presença de obsessões e compulsões que surgem de maneira
repetitiva sem qualquer possibilidade de controle pelo indivíduo, o que sugere
descontrole cognitivo (LACERDA, 2002)
É considerado um transtorno de natureza neuropsiquiátrica por alguns fatores que
apontam para uma disfunção cerebral :Presença dos sintomas em doenças neurológicas
como Tourette e síndrome de Gilles; resposta a tratamento com medicamentos inibidores
de serotonina; sinais neurológicos nos pacientes com o transtorno.
Estudos neuropsicológicos apontam para desequilíbrio em circuitos, em uma série
de estruturas cerebrais que estão desreguladas (no caso do fenômeno de pensamentos
repetitivos está o circuito orbitofrontal. O frontostriatal, responsável pela parte motora,
estando desregulado não consegue inibir os comportamentos repetitivos);
Estudos epidemiológicos, que indicam fator genético no transtorno, pois há a
prevalência do transtorno em parentes de primeiro grau. (Valente e Filho, 2001)
Os estudos de imageamento cerebral contribuíram de forma significativa para o
entendimento neurobiológico do TOC. As técnicas de ressonância magnética (RM),
tomografia computadorizada (TC), e a tomografia computadorizada por emissão de fóton
único (single photon emission computed tomography - SPECT) foram meios importantes
para um melhor conhecimento do Toc.
Os estudos com neuroimagem, sobretudo feitas por ressonância magnética que
têm informações mais precisas sobre a fisiologia cerebral e apresentam melhor a
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diferença entre as estruturas branca e cinzenta do cérebro, favoreceram para que alguns
estudos, os quais revelaram aumento do volume do córtex e redução da substância
branca. E também alterações nos núcleos caudados, redução das amígdalas, do corpo
estriatal e redução órbito-frontal. (Rocha e col, 2001)
Os avanços neurocientíficos evidenciam as perturbações em função do córtex
orbitofrontal presentes em diferentes psicopatologias. A desregulação principalmente da
região posterior do córtex está envolvida no na expressão emocional desregulada no
distúrbio psíquico, como a ansiedade.
Embora alguns estudos sugiram alterações anatômicas no transtorno, outros
estudos que utilizaram métodos semelhantes, não replicaram os resultados. O que abre
espaço para contestação. (Torrado e Ouakinin, 2015)

1.6 Diagnóstico
O diagnóstico médico de um distúrbio mental é um processo complexo que
conecta comportamentos físicos e psicológicos de um indivíduo a um distúrbio e envolve
vários fatores biológicos, psicológicos e sociais (HEMMINGS, 2018). Sendo assim, no
presente trabalho, vamos discutir como profissionais da saúde mental chegam ao
diagnóstico de TOC em um paciente e quais comportamentos podem ser conectados ao
TOC.
Ainda segundo Hemmings (2018), o diagnóstico clínico só é feito depois de um
processo de avaliação que inclui observação e interpretação do comportamento de um
indivíduo além de uma discussão com ele. O autor separa a avaliação de uma condição
de saúde mental em quatro estágios: examinação física, entrevista clínica, testes
psicológicos e avaliação comportamental.
Ao diagnosticar o TOC, é importante ter em mente que os seus principais
sintomas, que são pensamento intrusivo e comportamentos compulsivos, estão presentes
em diversas outras patologias (CORDIOLI, 2013). Esse aspecto dificulta o diagnóstico,
por conta disso, é importante para o diagnóstico distinguir o TOC de transtornos
psiquiátricos com sintomas semelhantes, principalmente problemas neurológicos que
envolvem a obsessão e a compulsão.
Sintomas OC podem ocorrer por diversos fatores tanto neurológicos quanto
psiquiátricos. Em sua obra, Cordioli, 2013 cita algumas principais patologias que
possuem sintomas semelhantes ao TOC e como diferenciá-los. Segundo o autor, o TOC
tem sintomas específicos não presentes em outras patologias como por exemplo:
pensamentos intrusivos envolvendo ameaças, medo e ansiedade precedendo as
compulsões e os sintomas geralmente são egocêntricos.
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1.7 Objetivos

Objetivo geral
Apresentar a definição do Transtorno Obsessivo Compulsivo, explicar suas
causas, as formas de tratamento que apresentam mais eficácia e como a Terapia
Comportamental pode ajudar um paciente com o TOC.

Objetivos Específicos
- Explicar o que seria a terapia comportamental
- Analisar a contribuição da terapia comportamental para o tratamento do TOC.
- Identificar e explicar conceitos importantes para o entendimento desse transtorno.
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2. Análise e discussão de dados

Como citamos e explicamos nos tópicos acima, a análise do comportamento


coloca como objeto de estudo o comportamento humano. Conforme os estudos
avançaram, os psicólogos comportamentais conseguiram identificar a interação do
organismo e do ambiente, o que hoje chamamos de comportamento operante.
O transtorno obsessivo compulsivo é um transtorno caracterizado pela presença
de obsessões e compulsões, onde as obsessões são pensamentos intrusivos e as
compulsões são comportamentos feitos pelo indivíduo para minimizar os efeitos das
obsessões, já que elas podem causar sintomas patológicos nos indivíduos, como
ansiedade, isolamento e problemas emocionais num geral.
A análise do comportamento, ao tratar um paciente diagnosticado com o
transtorno obsessivo compulsivo, vai propor a identificação das variáveis que
contribuíram para que o comportamento fosse instalado e mantido (SOUSA, 2017).
Conhecendo as variáveis que mantêm o comportamento, é possível propor
comportamentos diferentes.
Segundo De Farias (2020), o analista comportamental vai identificar em que
situação um determinado comportamento ocorre e qual a consequência que o mantém. O
analista vai estabelecer a relação entre respostas e suas consequências por meio da
observação sistemática e registro de ocorrências. Um ponto importante no tratamento
desse transtorno é que o profissional não deve ficar preso apenas às queixas trazidas
pelo cliente, ele deve observar o repertório do comportamento como um todo,
atentando-se aos seus excessos, déficits e reservas. No casos de pessoas com o TOC:

(...) podemos através da análise do comportamento operante


mudar os comportamentos inadequados dos indivíduos, uma vez que os
atos por estes indivíduos desenvolvidos, podem ser alterados através de
mudanças feitas no ambiente. Cabe ao analista do comportamento
identificar as variáveis que estão mantendo determinados
comportamentos, e logo em seguida, agir na modificação dessas
contingências. (DE FARIAS, 2020, p. 552).

As contingências seriam a relação entre o estímulo antecedente, as respostas e as


consequências, onde pode haver o aumento ou a diminuição da probabilidade de ocorrência
delas. Para compreender uma determinada situação, o analista vai buscar a identificação das
diferentes contingências envolvidas, ou seja, “ as diferentes inter-relações entre: situação
antecedente, resposta e consequência que compõem determinada situação” (DE FARIAS, 2020,
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p. 522).
Sousa (2017), propõe que essa análise de contingências deve ser feita juntamente com o
paciente. O terapeuta identifica o que acontece antes (situação) e depois (consequência) do
comportamento (resposta), fazendo com que ambos observem o que está mantendo o
comportamento inadequado. Está técnica trás autonomia ao paciente, ele conseguirá prever,
controlar e modificar seu próprio comportamento.
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3. Conclusões
Os transtornos são alterações no funcionamento da mente, essas alterações vão
interferir no comportamento da pessoa, seja no meio familiar, social, pessoal, no trabalho,
nos estudos, enfim na vida como um todo. Os transtornos existentes e caracterizados
hoje em dia podem ser de ordem mental ou psicológica, eles podem comprometer o
humor, o raciocínio e o comportamento, como é o caso do Transtorno Obsessivo
Compulsivo, mais conhecido como o TOC.
O TOC é caracterizado pela presença de obsessões e compulsões, ou até mesmo
os dois agindo juntos. É um transtorno que acomete 1 em cada 50 pessoas.
Preocupações, comportamentos repetitivos e punitivos são alguns dos sintomas mais
comuns, que podem gerar um desconforto e até mesmo sofrimento para a pessoa
portadora. É erroneamente taxado como “mania”, a mania seria um comportamento
repetitivo ocasionado por crenças e superstições, já o TOC é a mania que não realizada
gera um sintoma físico ou psicológico que acaba incapacitando o indivíduo. Estudos
apontam que certas origens para esse transtorno podem ser de causa neurológica, ou
seja, com algumas disfunções no nosso cérebro.
Esse transtorno acomete muitas pessoas e chega a ser incapacitante em alguns
casos. Sendo assim, foi estudado por diversas abordagens, como é o caso da análise do
comportamento, uma abordagem desenvolvida por B. F. Skinner, que põe como estudo o
comportamento humano, assim como suas interações com o ambiente.
Podemos concluir então, que o tratamento do TOC com a análise de
comportamento é bastante eficaz. A análise do comportamento vai tratar o paciente com
TOC observando e identificando as variáveis que fizeram o comportamento se instalar.
Ao identificá-las é possível propor comportamentos diferentes. Essa identificação é feita
juntamente com o paciente, trazendo assim autonomia para ele, o indivíduo vai ser o
responsável pela sua cura ou atenuação dos sintomas.
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Cognitivo-Comportamental para Pacientes e Terapeutas. Artmed Editora, 2016.

CORDIOLI, Aristides Volpato. TOC: Manual de terapia cognitivo-comportamental para


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Porto Alegre: Artmed, 2019.

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16

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