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Sturmey, P. (1996). Functional Analysis in Clinical Psychology. England: John Wiley & Sons.
Parte I, capítulo 1. *

PARTE I - INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA

Capítulo 1- ANÁLISE FUNCIONAL: UMA INTRODUÇÃO

Uma tarefa comum enfrentada por qualquer terapeuta é a avaliação de um problema


clínico com o objetivo de determinar a intervenção apropriada para modificar os comportamentos
problemáticos, pensamentos ou sentimentos. Um problema clínico pode estar relacionado a um
indivíduo, grupos ou organizações. Em quaisquer destes casos, o clínico realiza o mesmo
procedimento: decide que informação coletar, delineia o problema, decide as ações a serem
tomadas e avalia mudanças. Este problema e a análise funcional como uma estrutura de resolução
de tais problemas forma o tema deste livro.

Neste capítulo, a base conceitual da análise funcional é revisada. Um background histórico


para a área é apresentado. As diferentes definições e conotações são ilustradas ao rever as
explicações alternativas de análise funcional. Finalmente, uma visão geral do livro é apresentada
na última sessão do capítulo.

ABORDAGENS ESTRUTURALISTAS E FUNCIONALISTAS


Diferentes abordagens têm sido freqüentemente tomadas para este problema. Uma
distinção comumente feita entre diferentes abordagens do problema tem sido entre as explicações
estruturalistas e funcionalistas (Haynes & O'Brien, 1990). Abordagens estruturalísticas são
exemplificadas por explicações diagnósticas de personalidade e psicodinâmicas do
comportamento humano. Aqui a ênfase é colocada sobre a classificação correta da forma do
comportamento. Exemplos incluem as classificações psiquiátricas tais como o DSM-IV
(American Psychiatric Association, 1994), avaliação de tipos de personalidade, ou fixação de um
certo estágio de desenvolvimento psicológico. Todas estas explicações tentam olhar para a forma
do comportamento de uma pessoa e classificá-lo dentro de um número de tipos predeterminados.
Explicações estruturalistas tem tido considerável sucesso na medicina, descrevendo
quadros físicos agudos. Em doenças agudas a estrutura de um problema apresentado, a causa do
problema e o tratamento estão todos interligados uns aos outros (ver Figura 1.1).

*Tradução realizada pela Profa. Dra. Maria de Jesus Dutra dos Reis, para uso na disciplina Análise
Funcional em Clínica e Medicina Comportamental.
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Etiologia

Diagnóstico Sintomas sumarizados

Prescrição do tratamento correto

Figura 1.1 Um modelo de diagnóstico/estruturalístico simplificado.

Etiologia
Infecção bacterial das meninges
Diagnóstico
Resumo dos sintomas
Meningite
Febre progressiva, coma, etc.

Prescrição do tratamento correto


Antibióticos

Figura 1.2 Modelo de diagnóstico/estruturalístico simplificado de uma doença simples.

Modelos diagnósticos estruturalistas têm sido altamente bem-sucedidos em tratamentos de


quadros agudos. Enfermidades agudas, tais como infecções bacterianas ou fraturas, prestam-se
prontamente a este modelo mais simples no qual um diagnóstico correto e o poderoso
entendimento do processo da doença prediz, satisfatoriamente, o tratamento (ver Figuras 1.2 e
1.3). Contudo, mesmo dentro da medicina, problemas crônicos com múltiplos riscos associados e
com importantes componentes biocomportamentais tais como obesidade, hipertensão, ou doenças
cardíacas das coronárias não se prestam prontamente a este modelo; em doenças psiquiátricas
complexas e desordens comportamentais tem havido pouco sucesso no uso da mesma. Há ainda
considerável controvérsia sobre a confiabilidade da classificação psiquiátrica (Zwick, 1983).
Além disso, causas únicas e discretas não têm sido determinadas ou relacionadas ao tratamento e
prognóstico em nenhuma forma mais simples. Assim, a adequação da explicação estruturalista
para determinar o tratamento tem sido freqüentemente questionada.
Etiologia
Não clara: apela para causas múltiplas
Diagnóstico
Resumo dos sintomas
Agorafobia com
Não claro: algumas características se sobrepõem com
ataques de pânico
outras desordens: mapeando diferenças individuais.
Prescrição do tratamento correto
Não claro: medicações, psicoterapias, aconselhamento,
etc., todos possivelmente efetivos

Figura 1.3 Modelo de diagnóstico/estruturalístico simplificado aplicado a um problema


psicológico/psiquiátrico.
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As explicações funcionalistas do comportamento enfatizam o propósito deste


comportamento para a pessoa (Goldiamond, 1974, 1975a). Explicações funcionalistas colocam a
importância, e freqüentemente proeminência, no papel que os eventos ambientais desempenham
na produção, controle e manutenção do comportamento. Explicações funcionalistas enfatizam
uma aproximação ideográfica da avaliação de cada problema. Isto é, elas estão interessadas na
análise e tratamento do comportamento do organismo individual, mais do que com um
diagnóstico de grupo. Explicações funcionalistas do comportamento retiram a ênfase da forma
que o problema toma e muda o foco de atenção para o objetivo que o comportamento pode suprir
para o indivíduo. Aproximações funcionalistas enfatizam o mapear a função, mais do que a
forma, dos problemas em tratamento. Assim, problemas apresentados com diferentes formas
podem ser vistos como conceitualmente similares e implicam em intervenções similares. Por
exemplo, a análise funcional de uma pessoa idosa com a doença de Alzheimer que
deliberadamente cai e uma criança que choraminga e se agarra a seus pais podem mostrar que
ambos os comportamentos são mantidos por atenção inapropriada. Ambos podem exigir formas
de tratamento muito similares mesmo que o diagnóstico que esta envolvida seja muito diferente.

Caso como exemplo


Um exemplo desta aproximação é ilustrado por um estudo de caso breve descrito por
Bergman (1976). Um garoto de 7 anos de idade foi descrito com um diagnóstico de
hiperatividade. Ele havia acabado de ser colocado sob tratamento medicamentoso para a
hiperatividade. Durante a avaliação seus Pais descreveram que eles sempre tinham tido
problemas em colocá-lo para dormir. Sua mãe o descreve como uma 'criança nervosa'.
Anteriormente, seu médico tinha recomendado que fosse permitido que se mantivesse acordado
tanto quanto ele quisesse de forma que ele eventualmente se cansaria e cairia no sono. Isto falhou
e então foi recomendado uma tentativa com o tratamento medicamento.
Entrevista com os Pais revelou que os mesmos permitiam que ele dormisse com eles todas
as noites. Assim, sua 'hiperatividade' era realmente um comportamento operante social. A
intervenção inicial foi um procedimento de extinção. Seus Pais foram instruídos a colocá-lo
novamente em sua cama imediatamente, com um mínimo de interação, toda vez que ele viesse
para o quarto deles, não importando quantas vezes isto acontecesse. Dentro de duas semanas sua
hiperatividade no período noturno havia cessado. A 'hiperatividade' no período diurno foi
igualmente tratado com um procedimento de extinção. Sua mãe foi instruída a não pensar nele
como uma criança 'nervosa' e dar atenção durante jogos independentes. Nos seis meses de
acompanhamento não houve recorrência a hiperatividade noturna e o garoto preferia agora brincar
independentemente com seus pares mais do que ficar ao redor da mãe todo dia.
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RAÍZES HISTÓRICAS
A idéia do funcionalismo tem uma longa história em ciência e filosofia estendendo-se até
aproximadamente 2000 anos atrás (Haynes & O'Brien, 1990). Exemplos do funcionalismo pode
ser descoberto em campos diversos tais como sociologia, antropologia e biologia. Não é
coincidência que Skinner pediu emprestado pesadamente de Darwin. Darwin perguntava 'Por que
os tentilhões dos Galápagos têm diferentes tamanhos de bicos em diferentes ilhas?' Significando
qual é a função ou vantagem evolucionária de ter tamanho de bicos diferentes nas diferentes ilhas.
Do mesmo modo, um cientista comportamental pode perguntar 'Qual a função destes
comportamentos aparentemente patológicos para essa pessoa? Qual é a vantagem destes
comportamentos para terem sido selecionados pelo ambiente? Skinner faz referência
repetidamente ao paralelo entre seleção natural e psicologia operante (Skinner, 1989). Assim ele
escreve:

Comportamento... é o produto de três tipos de seleções, a primeira das quais, a


seleção natural, é o campo da etologia. O segundo, o condicionamento operante, é o
campo da análise do comportamento. O terceiro, à evolução das contingências
sociais de reforço, é objeto da análise das culturas... (p.27)

O vocabulário e metáforas da psicologia operante são claramente emprestados da teoria da


evolução. Assim, o ambiente seleciona o comportamento. A remoção do reforçador leva a
extinção do comportamento. Operantes são selecionados, divididos, e extintos. Formas mais
complexa de comportamentos evoluem gradualmente. Uma discussão mais detalhada da
evolução do comportamento durante o tempo de vida de um organismo pode ser examinada em
Glenn, Ellis e Greenspoon (1992) e Glenn e Field (1994). Os trabalhos psicológicos de Skinner
nos anos 50 e 60 formam a base de muito dos correntes interesses em análise funcional.
No Reino Unido uma contribuição importante foi feita por Monty Shapiro. Shapiro
desenvolveu uma série de metodologias que permitiu a avaliação repetida de um problema do
cliente (Shapiro, 1966, 1970). Shapiro desenvolveu uma série de métodos de medidas que
habilitam um número de comportamentos alvos serem acompanhados sobre uma base diária ou
semanal. Esta noção de medidas repetidas, análise de variações no dia a dia no comportamento e
as possíveis causas foi uma importante contribuição. A noção de estudar intensamente as
variações no comportamento de um cliente no tempo foi uma contribuição chave de Shapiro
similar ao estudo intensivo de um único rato ou pombo durante a aprendizagem como realizado
pelos analistas experimentais do comportamento.
Finalmente, o trabalho de Israel Goldiamond sobre táticas construcionais é outra
contribuição importante para análise funcional (Goldiamond, 1974, 1975a, b). Táticas
construcionais são aqueles métodos de intervenção que focam a noção que o comportamento
problemático é comportamento que, embora angustiante para o cliente, ou para outras pessoas
significativas para ele, produzem com sucesso consequências desejáveis e lógicas que não são
comportamentos adaptativos para pessoa. Goldiamond estava preocupado tanto com a ecologia de
comportamentos múltiplos de uma pessoa, mais do que focalizando uma única resposta ou
problema, e a ecologia social na qual o comportamento do indivíduo ocorre. A mais bem
conhecida faceta da explicação construcional é focalizada sobre extensos repertórios atuais do
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comportamento adaptativo e a desenvolvimento de novos. Assim, o foco de uma explicação
construcional não é tratar o comportamento alvo diretamente, mas, dar suporte e aumentar
comportamentos alternativos funcionalmente equivalentes.
Goldiamond também identificou o papel do insight dentro das contingências que controlam
o comportamento do cliente como um componente chave do tratamento. Assim, a noção de
partilhar uma análise funcional de um cliente como uma forma de tratamento pode ser traçada
anteriormente nos escritos de Goldiamond.

QUESTÕES CONCEITUAIS
Embora haja uma literatura empírica relativamente vasta sobre análise funcional em
clínica psicológica, o desenvolvimento teórico e a análise conceitual do termo têm
surpreendentemente recebido pouca atenção explícita e não são bem conhecidas. Tem havido
poucas revisões destas questões. O leitor pode consultar o trabalho de Haynes e O'Brien (1990)
para uma revisão mais recente e compreensiva. Uma descrição de posições mais iniciais pode ser
observada no trabalho de Owens e Ashcroft (1982). Uma revisão concisa é apresentada por Jones
(1983). Um debate interessante sobre a natureza das análises funcionais pode ser vista em uma
série de artigos de Samson e McDonnell (1990), McDonnell e Samson (1992) e Jones e Owens
(1992).
Um problema que tem persistentemente aparecido na literatura tem sido o uso de vários
termos diferentes usados como mais ou menos equivalentes a 'análise funcional'. Algumas outras
vezes, o mesmo termo tem sido utilizado com conotações ligeiramente diferentes por diferentes
autores. Hynes e O'Brien (1990) listam 'análise funcional do comportamento', 'avaliação
comportamental', e 'formulação de caso comportamental' como alguns dos termos usados. Para
aumentar a confusão poucas definições explícitas do termo 'análise funcional', outras que a do
próprio Haynes e O'Brien, têm sido feitas. Estas definições têm incluído: (a) declarações
referentes a forma matemática da relação entre diferentes variáveis; (b) declarações relacionando
a função ou objetivo do comportamento; (c) uma explicação ateórica, genérica para avaliação e
formulação de caso; (d) análise funcional eclética, descritiva; análise funcional do comportamento
eclética; (f) uso do termo exclusivamente para manipulações experimentais de variáveis com o
objetivo de mostrar relações funcionais entre comportamento e ambiente; (g) análise funcional
como um método de tratamento ou componente do tratamento. Estas sete conotações do termo
'análise funcional' serão revisadas abaixo mais detalhadamente.

Relações Matemáticas entre Variáveis


Análise funcional é um termo usado para descrever um ramo abstrato da matemática. Este
ramo da matemática descreve a relação entre variáveis ao remover detalhes não essenciais do
conteúdo de um problema. Assim, existem periódicos de matemáticas tais como Functional
Analysis e Journal of Functional Analysis que não têm qualquer relação com clínica psicológica.
Dentro deste contexto uma análise funcional é simplesmente descritiva. Causalidade não é
implícita necessariamente.
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Análogos clínicos deste tipo de análise funcional são prontamente aparentes. Questões de
avaliação típicas tais como 'Onde o problema ocorre?' ou 'Quando o pior quadro do problema
surge?', levantam informações sobre o modo que variáveis estão relacionadas a problema (s)
comportamental (is). Considere a declaração 'durante o final de semana comer compulsivamente
raramente acontece antes das 16:00 horas e é progressivamente mais provável de ocorrer das
16:00 às 21:00 horas'. Esta declaração constituiria este tipo de análise funcional. Ela
simplesmente descreve a forma da relação entre hora do dia e comer compulsivo. Não faz
qualquer inferência sobre o objetivo do comportamento para a pessoa ou sobre qualquer possível
causalidade.
Este aspecto de análise funcional tem sido desenvolvido por Haynes que chama a atenção
para o fato de que a análise funcional entre variáveis pode tomar um número de formas diferentes
(Hynes, 1988; Haynes & O'Brien, 1990). Análises funcionais lineares simples são possíveis, e.g.,
'a probabilidade de episódios alimentares compulsivos neste cliente aumenta no transcorrer do
dia'. Contudo, análises funcionais podem ser mais complexas que isto. A forma de uma análise
funcional pode ser linear, quadrática, em forma de 'U' ou qualquer outra. Por exemplo, alguém
pode dizer 'a freqüência do comer compulsivo aumenta dramaticamente das 16:00 as 21:00 horas
e então reduz dramaticamente e permanece próximo a zero das 23:00 da noite até as 3:00 horas da
manhã.
Comportamentos podem ter causas múltiplas e causas podem variar entre indivíduos e no
tempo. Por exemplo, uma pessoa com Agorafobia e Ataques de Pânico pode ter ataques de pânico
principalmente quando esta em situações sociais nas quais pode ser criticado e pode, também,
apresentar pânico quando pensa sobre tais situações. A probabilidade total de uma crise de pânico
pode também aumentar quando esta sob estresse adicional, por exemplo, quando ele esta
trabalhando em uma tarefa com deadline. Múltipla causalidade pode ser interativa ou somativa.
Por exemplo, uma pessoa pode reagir de forma inadequada a um encontro com seu chefe, mas se
é poucos dias antes da data limite para entrega de um trabalho eles podem reagir
catastroficamente, com ataques de pânico extremamente intensos e longos. Causas podem
também ser bidirecionais (Haynes, 1988). Owens e Ashcroft (1982) descrevem a importância de
identificarmos feedback retroalimentativos dentro de uma análise funcional. Por exemplo, uma
pessoa que teme incompetência social e críticas de outros pode tornar-se ansiosa na presença de
um estranho. Isto pode levá-lo a agir estranhamente na presença do outro. A outra pessoa pode
então interrogá-lo para ver se ele está bem. Isto pode então fazer a pessoa ainda mais ansiosa
socialmente e incompetente. Este é um exemplo de um feedback retroalimentativo positivo
(Owens & Ashcroft, 1982).
Haynes e O'Brien (1990) refinaram estas idéias mais profundamente no sentido de
clarificar a natureza de variáveis que podem entrar na análise funcional. Eles notaram que
algumas variáveis funcionais são causais e outras são correlacionais. Algumas são controláveis ou
modificáveis. Outras não o são. Algumas variáveis são importantes em magnitude enquanto
outras são triviais. Análises funcionais são probabilísticas, mais do que determinísticas. Análises
funcionais não são, além disto, excludentes. Isto é, uma relação entre duas variáveis não exclui
relações entre estas e outras variáveis.
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Análises funcionais são transitórias e podem variar com o tempo. Por exemplo, as
variáveis relacionadas com o início de um problema podem não ser as variáveis relacionadas ao
seu desenvolvimento posterior ou a manutenção em um tempo atual. Por exemplo, agora existem
evidências empíricas de que a função de comportamentos de autolesão, em indivíduos com
atrasos no desenvolvimento, pode mudar ao longo do tempo (Lerman, Iwata, Smith et. al., 1994).
Isto pode ser associado como recaídas desde o início do tratamento, indicando que a primeira
análise funcional não é a mais apropriada.
Variáveis independentes podem ser necessárias, suficientes, necessárias e suficientes para
mudanças, ou meramente correlacionais. Assim, identificar as variáveis que realmente causam um
problema clínico pode ser muito difícil uma vez que no ambiente natural pode existir outras
variáveis que são correlacionadas com a causa verdadeira. Por exemplo, pessoas com agorafobia
associada com ataques de pânico podem descrever ataques de pânico quando deixam a casa.
Contudo, pode somente deixar a casa quando acompanhado por esposo (a). Mais que isto,
recentemente pode somente tentar deixar a casa para ir visitar uma irmã que vive a uma distância
equivalente a uma caminhada de aproximadamente meia hora da sua casa. Nesta situação não esta
claro se os ataques de pânico são causados por algum aspecto perceptual associado com deixar a
casa, como ver o céu aberto, a possibilidade de encontrar estranhos que os avaliem negativamente,
o comportamento do esposo (a) quando tentam sair, ou pensamentos sobre o que pode acontecer
ao chegar na casa da irmã. Haynes e O'Brien vão adiante afirmando que relações funcionais
podem também ter limites (boundaries), dentro das quais estas são mantidas e além das quais as
relações funcionais podem mudar ou ser inaplicáveis. Por exemplo, uma pessoa pode reagir
catastroficamente a críticas sociais quando estão experienciando momentos de depressão. Quando
não estão sob depressão podem ser aptas para ignorar criticismo social com facilidade.
Variáveis funcionais podem ser variáveis em nível macro, tais como classe social e etnia,
ou variáveis a nível micro, tais como freqüência de críticas sociais. Finalmente, relações
funcionais causais exigem que as variáveis causais sempre precedam o evento causado. Isto é uma
condição necessária mais, não suficiente, para causalidade.
Esta análise levou Haynes e O'Brien (1990) a definir análise funcional como: 'identificação
de relações funcionais importantes, controláveis, causais, aplicáveis a grupos específicos de
comportamentos alvos para clientes individuais' (p.654).
Assim, a aplicação clínica de análises funcionais não tenta descrever todas as relações
entre variáveis relevantes. Aquelas que são de magnitude trivial e aquelas que não podem ser
modificadas são excluídas com o objetivo de simplificar o quadro e identificar aquelas variáveis
que podem ser modificadas durante o tratamento. Assim, neste contexto, análises funcionais são
uma forma ideográfica de avaliação que é orientada para desenvolver um tratamento construído
individualmente.

Objetivos do Comportamento
Uma segunda conotação de análise funcional é que os comportamentos examinados
servem a objetivos (tem uma função) para o indivíduo. Análises funcionais dentro de psicologia
clínica estão cheias de exemplos deste tipo de funcionalismo. Comumente denominamos estes
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problemas clínicos de ganhos secundários. O problema apresentado aqui (e.g.. agorafobia) é visto
como tendo a função de provocar a ajuda de outros membros da família ou de esquiva-se de
responsabilidades da vida adulta tais como trabalho e deveres familiares. De uma forma similar
uma pessoa com poucas habilidades sociais ou com um esposo punidor e dominante pode ser
incapaz de executar qualquer mudança na família através de comportamentos sociais comuns.
Contudo, queixas hipocondríacas podem ser um modo efetivo de alcançar alguns destes alvos
dentro da família, ou estabelecer algum papel social para eles mesmos dentro da família, outro
que ser uma pessoa quieta, despretensiosa.
Uma área forte de pesquisa nos últimos dez anos neste campo tem sido o trabalho feito
sobre o significado comunicativo de desordens no comportamento, tanto em crianças quanto em
adolescentes, e em pessoas com deficiências no desenvolvimento (Carr & Durant, 1985). Tem
sido hipotetizado que pessoas com repertórios comportamentais limitados, que podem estar em
ambientes que apresentam falhas em dar suporte para comportamentos de comunicação
adaptativos, aprendem outros comportamentos funcionalmente equivalentes. Estes outros
comportamentos são topograficamente muito diferentes do comportamento de comunicação
regularmente encontrado, mas servem à mesma função que comunicação. Assim, tanto falas
quando sinais, ou gritar ou apresentar um tantrum podem obter conseqüências sociais tangíveis ou
ainda permite se esquivar de situações aversivas. Neste sentido um comportamento não adaptativo
tornou-se uma forma efetiva de pedir ao concreto, solicitar atenção, demandar a retirada de algo.

Formulação Genérica de Caso


Owens e Ashcroft (1982) têm argumentado que análise funcional é um método genérico
de formulação de caso que transcende a orientação teórica do clínico. Eles sugeriram que
variáveis em psicologia clínica podem ser classificadas como (a) se elas servem para mudar a
probabilidade ou severidade do problema, e (b) são antecedentes ou conseqüentes do
comportamento (p.183). Eles argumentam fortemente que este tipo de análise funcional pode ser
desenvolvido independentemente da orientação teórica do clínico. Eles continuam destacando que
os feedbacks retroalimentativos são freqüentemente uma parte importante das formulações
clínicas.
Numa réplica a estes autores, Jones (1983) fez notar que enquanto a análise funcional
dentro da matemática pode estar livre do conteúdo do problema este não é o caso em psicologia.
Jones argumenta que não é possível desenvolver um resumo livre do desvio da coleta de dados
sobre um problema clínico. Por exemplo, algumas orientações teóricas levam terapeutas a
perguntar rotineiramente sobre sonhos ou lembranças da infância, dando-lhes um status especial.
Outras nem mesmo rotineiramente perguntam sobre tais variáveis.
Desde a publicação da revisão de Owens e Ashcroft formulações deste tipo têm aparecido.
O livro, com formulações de caso de West e Spinks (1988), apresenta formulações que, senão
rigorosamente comportamentais, são cognitivo-comportamentais em grande parte e ilustra a
aplicação da análise funcional em uma grande variedade de problemas. Contudo, poucos se é que
houve algum - têm aceitado o desafio de Owens e Ashcroft e apresentado análises funcionais de
uma grande variedade de outras perspectivas teóricas tais como gestalt terapia ou psicanálise.
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Análise funcional descritiva, eclética


Muitos clínicos ingleses descrevem a si mesmos como 'ecléticos" ou "amplamente como
cognitivos comportamentais'. Tais clínicos freqüentemente usam análise funcional como parte de
seu trabalho clínico. Este tipo de análise funcional incorpora variáveis cognitivas e
comportamentais e, tipicamente, levantaram alguma hipótese sobre a relação entre estas variáveis,
embora freqüentemente estas hipóteses possam ser declarações implícitas mais do que explícitas.
Contudo, eles tipicamente não testam estas variáveis com rigor, do modo experimental. Tais
formulações tipicamente são emprestadas livremente de uma grande variedade de teorias e
tratamentos, comportamentais e cognitivos, de tal forma que o caso clínico individual se ajuste a
ele.
Estas formulações são descritas como sendo a base para os tratamentos que são
implementados. Por exemplo, um clínico pode hipotetizar que a depressão de uma pessoa possa
ser devido a seu estilo de pensar e a falha de habilidades assertivas adequadas. Estes problemas
incluem fazer atribuições que seus sucessos são devidos a sorte, e que muitos dos aspectos
negativos de sua vida são devidos a sua própria incompetência e corretamente refletem sua
própria insignificância e incompetência. Suas habilidades sociais pobres podem incluir falta de
assertividade com seu esposo (a) e explosões de raiva e choro em disputas relativamente pequenas
com o mesmo. Com base nesta formulação o clínico pode tentar trabalhar o padrão de resposta
desta pessoa na direção de mudança de atribuição, ao ensiná-la um padrão mais adaptativo de
falar consigo mesmo e comportamentos sociais para situações específicas e difíceis.

Análise Funcional Comportamental, Descritiva


Algumas análises funcionais descritivas são feitas mais estritamente dentro da perspectiva
da análise do comportamento aplicada. Estas formulações são baseadas especificamente ao
considerar as contingências atuais que podem estar operando para manter o comportamento não
adaptativo, e que falham em manter funcionalmente comportamentos adaptativos equivalentes
(e.g., Ayllon, Haughton & Hughes, 1965). Eles constroem o desenvolvimento dos problemas de
uma perspectiva dos comportamentos não adaptativos terem sido aprendidos durante o tempo de
vida do indivíduo (e.g., Bijou, 1963). Contudo, nesta análise funcional uma análise experimental
que manipula as variáveis que podem manter o comportamento inadaptativo não é conduzida.
A análise funcional comportamental descritiva adequada ao comportamento do indivíduo
deve ser adequadamente apresentada em termos operacionais confiáveis. Por exemplo, afirmar
que 'a pessoa mostra comportamentos compulsivos' não seria adequado. Afirmar que 'a pessoa
abre portas com lenço de papel, se recusa a abrir a porta com suas mãos nuas, usa álcool para
limpar as fechaduras da porta, talheres e louças, lava suas mãos com detergentes industriais
aproximadamente quatro vezes ao dia, pede para outros lidar com itens contaminados, etc.' é o
começo de uma cuidadosa operacionalização do comportamento alvo. Onde respostas moleculares
relevantes topograficamente diferentes devem ser agrupadas dentro de classes de respostas
molares funcionalmente equivalentes a respostas moleculares. Por exemplo, uma criança que 'não
obediente' pode ser definida como aquela que não ouve instruções, não sai de seu quarto quando
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chamado, etc.'. Neste exemplo vários comportamentos moleculares muito diferentes são
agrupados juntos porque ele hipotetizou que servem a mesma função, principalmente se esquivar
de obedecer ou concordar com os pedidos feitos.
Assim como especificar um comportamento alvo uma análise funcional descritiva
adequada deve também especificar os comportamentos para substituição durante a intervenção.
Estes devem ser funcionalmente relacionados com os comportamentos alvos. Isto é eles devem
ser comportamentos adaptativos que podem servir a mesma função que o comportamento alvo e
ser efetivo em servir a esta função. Assim, rotineiramente, ensinar relaxamento a pessoas com
fobias pode ser inapropriado visto que esquiva fóbica pode servir a um número de funções outros
que redução de ansiedade.
Definir respostas é uma questão muito mais complexa e sutil do que é geralmente
reconhecido. Todavia, uma análise funcional depende crucialmente deste estágio da análise do
problema. Alguns destes problemas são discutidos em detalhadamente em capítulos posteriores.
Uma segunda característica da análise funcional comportamental descritiva é que as
conseqüências que mantém o comportamento devem ser especificadas em termos funcionais.
Essas podem incluir tanto reforços positivos quanto negativos que podem manter o
comportamento adaptativo. Reforços positivos são aquelas consequências que são apresentadas
contingentes ao comportamento alvo e faz a futura ocorrência do comportamento mais provável.
Reforços negativos são aquelas consequências que são removidas contingentes ao comportamento
alvo e que fazem sua futura ocorrência mais provável. Assim como as contingências operam sobre
o comportamento não adaptativo uma análise funcional adequada também deveria especificar as
contingências que falham em manter o comportamento apropriado, este comportamento
apropriado tem uma história de aprendizagem frágil, ou atualmente existe pouco reforços ou
punição das respostas adaptativas.
Considere o seguinte exemplo: uma adolescente foi recomendada para um psicólogo
clínico por inúmeros problemas de comportamento, um dos quais envolvia ficar fora até tarde
desacompanhada. A visita inicial à sua casa revelou que esta era desarrumada, cheirava mal e
estava suja com fezes de cachorro. Sua mãe tinha uma desordem psiquiátrica severa e estava fora
ou as vezes agia de forma bastante bizarra. Ela sentia que era impossível levar seus amigos, muito
menos um namorado, para sua própria casa durante a noite. Contudo, passar o tempo com seus
amigos era divertido. Eles bebiam, fumavam, ouviam música, cheiravam cola, tinham sexo
ocasional, e gastavam horas andando sem direção e se divertiam bastante. Uma análise causal das
contingências operando para o comportamento da adolescente indicou que seu comportamento era
inteiramente racional e era função das contingências operando em casa e com seus amigos.
Uma importante limitação sobre análise funcional descritiva é que é difícil verificar se os
estímulos hipotetizados como reforçadores ou punitivos realmente eram reforçadores ou
punitivos. Por exemplo, avaliações de estímulos como sendo reforçadores para alguém baseado
nas descrições de terceiros podem ser muito inacuradas (Green, Reid, Whiter et al., 1988). Os
clínicos devem ser cuidadosos ao fazer afirmações simplistas tais como descrever atenção social
como reforçador para desordens do comportamento (Cullen, 1883).
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Uma questão adicional é que muitos problemas crônicos podem ser mantidos por
esquemas de reforço intermitentes relativamente tênues. Se a freqüência do comportamento é
extremamente baixa então pode ser muito difícil estabelecer os esquemas de reforço que o
mantém. De uma forma similar, se uma pessoa não mais mostra uma resposta adaptativa
funcionalmente equivalente ou se o faz somente em uma freqüência muito baixa, o clínico pode
ter informações muito limitadas para acessar quais contingências são estas que falham em dar
suporte aos comportamentos adaptativos funcionalmente equivalentes.
Uma terceira característica de uma análise funcional descritiva é que uma distinção é feita
entre antecedentes e operações estabelecedoras (Michael, 1982). Um antecedente é um estímulo
que precede imediatamente o comportamento e muda a probabilidade do comportamento.
Antecedentes são relativamente discretos e temporalmente próximos do comportamento. Eles
estão proximamente correlacionados com a disponibilidade de reforçadores ou eventos punitivos.
Por exemplo, se um colega diz para uma pessoa socialmente ansiosa 'Você vai sair conosco esta
noite?' e a pessoa imediatamente torna-se tensa, a questão do colega seria um antecedente. Uma
operação estabelecedora é o processo que estabelece um estímulo como reforçador, punitivo ou
muda os valores de um reforçador ou de evento punitivo (Michael, 1982). Por exemplo, se uma
criança é deixada sozinha por um longo tempo isto pode estabelecer a atenção social como
reforçador; da mesma forma, se a criança comeu uma farta refeição isto pode reduzir o valor de
um doce, mesmo que seja o favorito, como um reforçador.
Uma quarta característica da análise funcional comportamental descritiva é que eventos
privados (variáveis não observáveis) podem entrar na análise de diferentes modos. Um evento
privado pode ser um comportamento alvo. Exemplos aqui podem incluir dores crônicas, humores,
uma imagem horrível e intrusiva. Um evento privado pode entrar dentro de uma análise funcional
como um antecedente. Por exemplo, um pensamento suicida pode ser um antecedente para o ritual
de lavar as mãos. Finalmente, um evento privado pode entrar dentro de uma análise funcional
como um conseqüente. Por exemplo, remoção da ansiedade seguindo a esquiva do objeto fóbica,
um sentimento de desespero seguindo um encontro malsucedido pode constituir importantes
conseqüências em uma análise funcional.
Um erro freqüente é que eventos privados tais como pensamentos, sentimentos e estados
fisiológicos são excluídos de uma análise funcional do comportamento. Isto é incorreto (Skinner,
1989: cap. 1). Eventos privados dão origem a dois tipos de problemas para uma análise funcional
do comportamento. O primeiro é um problema metodológico. Eventos privados podem ser
medidos somente por auto-descrição. Por definição eles não podem ser mensurados de forma
objetiva e confiável. Além disso, eles podem ser descritos com pouca acurácia, ou mesmo nem ser
descritos. Algumas pessoas podem ter muitas dificuldades em discriminar apuradamente e
descrever suas experiências privadas em linguagem que possa ser entendida por outros. Por
exemplo, muitas pessoas com desordens de ansiedade precisam treinar para discriminar e
descrever vários graus de ansiedade. O principal problema conceitual da análise funcional
comportamental relacionado a eventos privados é o de elevá-los a um status especial causal não
dado a outras variáveis.
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Análise Funcional Experimental
Vários autores, sensíveis ao problema de que relações funcionais entre variáveis pode ser
mais aparente do que real, tem explicitamente restringido o termo análise funcional para a
manipulação experimental de variáveis para demonstrar relações causais entre uma variável
independente e comportamento (Baes, Wolf, & Risley, 1968; Iwata, Vollmer, & Zarcone, 1990;
Skinner, 1953). Desta forma Baer, Wolf e Risley (1968) escreveram que:

A análise do comportamento...exige uma demonstração possível dos eventos que


podem ser responsáveis pela ocorrência ou não ocorrência de um
comportamento...uma habilidade de um experimentador de fazer um comportamento
aparecer ou desaparecer...pp. 93-94).

Esta explicação teórica excluiu tentativas não experimentais para acessar as funções do
comportamento assim como somente avaliações parciais. Explicações não experimentais podem
gerar hipóteses, mas não podem ser descritas como análises funcionais como tal, visto que a
hipótese não é testada. De fato, Baer, Wolf e Risley (1968) continuam sua descrição afirmando
que 'uma análise [funcional] não experimental é uma contradição em termos ...(p.92)’.
Um bom exemplo desta explicação foi demonstrado em um estudo criativo de Chapman,
Fisher, Piazza e Kurtz (1993). Neste estudo eles conduziram uma análise experimental de
ingestão de drogas perigosas por Lyle, um homem de 19 anos de idade com leve deficiência de
desenvolvimento. O problema ficava mais difícil porque ele podia viajar independentemente e
comprar o medicamento em quantidades potencialmente letais. Isto o tinha levado a seis entradas
na unidade de emergência por overdoses. Uma análise funcional descritiva sugeriu três hipóteses.
Estas eram que o comportamento era mantido por atenção do pessoal médico, por sua mãe ou por
fuga do trabalho. A função do comportamento foi avaliada experimentalmente ao colocar Lyle em
sala de aula simulada com quatro diferentes vidros cheios de pílulas placebos acessíveis em uma
sala simulada de tratamento com medicação. Os quatros vidros foram codificados por cores. Lyle
foi informado que a ingestão de uma pílula de cada vidro seria seguida por diferentes tratamentos.
Um dos vidros era seguido por 30 minutos de atenção médica, um era seguido por 30 minutos
com sua mãe o repreendendo, um era seguido por fuga do trabalho ao permitir que se deitasse por
30 minutos e um não tinha quaisquer conseqüências programadas. A ingestão de pílulas por Lyle
era observada por um espelho unidirecional. A variável dependente foi o número de pílula
placebo ingerido de cada recipiente, em uma sessão.
Foram feitas 15 sessões de avaliações (ver Figura 1.4). Depois da 17ª sessão ele
consistentemente selecionava a pílula que era seguida or 30 minutos de fuga do trabalho. Baseado
nesta análise experimental do seu comportamento uma intervenção foi planejada baseada na
hipótese de que ingerir pílulas era reforçado por fuga/esquiva. A intervenção consistia de ganhar
atividades que não envolviam trabalho ao completar tarefas de trabalho programadas e pela
ingestão de pílulas que ele tinha aparentemente descoberto. A ingestão de pílulas era seguida pela
requisição de limpar sapatos, uma tarefa que ele não gostava. Foi feito também um procedimento
de esvanecimento para gradualmente remover estímulos associados com ambientes de tratamento.
Lyle respondeu bem ao tratamento no ambiente de avaliação. Nos cinco meses seguintes de
13
acompanhamento depois da alta somente 11% do crivo de drogas foi positivo comparado com
85% dos crivos anteriores ao tratamento. Além disso, não houve visitas a sala de emergência.

Figura 1.4 Os resultados da análise funcional de ingestão perigosa de pílulas por Lyle.
Reproduzida por permissão de Chapman, S., Fisher, W., Piazza, C.C. & Kurtz, P. F. (1993),
avaliação funcional e tratamento de ingestão de drogas que ameaçam a vida por um jovem
diagnosticado dualmente. Journal of Applied Behavior Analysis, 26, 155-156. Copyright ©
Journal of Applied Behavior Analysis

Análise Funcional como Tratamento


Muitos clientes quando se apresentam para tratamento podem estar intrigados ou
perplexos com seus problemas que podem ser percebidos como randômicos e fora de controle.
Quando se trabalha com terceiros como os Pais ou o staff estes podem também estar perdidos,
sem entender por que um problema esta acontecendo com um membro da família ou com pessoas
com as quais eles trabalham. De fato, não é incomum que o cliente ou que estas pessoas tenham
suas próprias teorias das causas do problema. Estas podem incluir visões personalíssimas de
pouca ajuda, tais como 'Ele é um alcoólatra' ou moralistas tais como 'Ele esta fazendo isto para me
punir'.
Vários autores têm descrito análises funcionais como um tratamento em si mesmo ou tem
sido descrito como um componente do tratamento. Por exemplo, Miller (1978), em um estudo
sobre problema envolvendo beber, incorporou a análise funcional como parte do treino de clientes
14
no grupo comportamental de autocontrole. Clientes neste grupo foram ensinados para reduzir a
taxa de beber para identificar e modificar os antecedentes do beber e para identificar estratégias
práticas alternativas do beber. Assim, nesta explicação trabalhar com o cliente para desenvolver
uma análise funcional de seu próprio comportamento e ajudá-lo na realização desta análise
funcional para mudar seu próprio comportamento é visto como sendo parte do processo de
tratamento em si mesmo. Apresentar uma análise funcional para um cliente ou trabalhar
colaborativamente com um cliente para desenvolver uma análise funcional partilhada é
freqüentemente um componente de muitos pacotes de tratamentos comportamentais tais como
manejo de ansiedade e da raiva.
O uso de uma análise funcional como parte de tratamento tem geralmente sido pouco
utilizados e não é conhecido o quanto é importante este tipo de insight comportamental para
alguém sobre o seu problema, como pode determinar o resultado do tratamento. Contudo, como
foi dito inicialmente, Goldiamond (1975a, b) tem recomendado que deveria ser permitido aos
clientes descobrir sua própria análise funcional mais do que tê-la apresentada a si por seu
terapeuta. De um ponto de vista ideológico, é geralmente visto como desejável que os clientes
participem tão completamente quanto possível no seu próprio tratamento. Assim ter um
consumidor ativo que tem o completo conhecimento de seu próprio tratamento, incluindo as
funções de comportamentos não adaptativos, deveria ser visto como desejável por várias razões.

Comentário
Como pode ser visto nas seções anteriores, o termo análise funcional tem sido tomada com
uma variedade de diferentes conotações nas mãos de diferentes autores. Seu significado exato
muda entre os autores e nem todos os autores são explícitos em como usar o termo.
Análise funcional pode ser dita como variando ao longo de pelo menos quatro dimensões.
Primeiro, alguns trabalhos apresentam uma análise funcional como uma classe de problemas com
diagnóstico particular tais como desordens alimentares (Slade, 1982), depressão (Ferster, 1973)
ou autolesão (Carr, 1977), enquanto outros apresentam uma análise funcional de casos
individuais. Segundo, enquanto alguns autores têm enfatizado a análise funcional dos resultados
de psicopatologia, outros tem usado análise funcional para descrever processos tais como reforço
condicionado (Schuster, 1969), desenvolvendo tanto em crianças com desenvolvimento médio e
crianças com deficiências no desenvolvimento (Bijou, 1966), ou imitação (McCuller & Salzberg,
1982). Terceiro, autores têm variado no peso colocado sobre os eventos ambientais atuais como
oposto aqueles que iniciam ou desenvolvem um problema. Por exemplo, análise funcional de
desordens do comportamento tem geralmente enfatizados eventos mantenedores atuais (Iwata,
Vollmer & Zarcone, 1990). Em outras análises funcionais de casos únicos a ênfase pode ser
colocada sobre o entendimento do início e desenvolvimento de problemas (Gresswell & Hollin,
1992). Por exemplo, a análise de Wolpe das neuroses adultas freqüentemente explora o inicio e o
desenvolvimento de problemas por causa de sua importância potencial de eventos condicionais de
neuroses em adultos na determinação do conteúdo exato da intervenção em dessensibilização
(Wolpe, 1989). Finalmente, quase todas as publicações nesta área da análise funcional têm
questões endereçadas relacionadas a psicopatologia. Contudo, seria notado que análises
15
funcionais podem ser igualmente aplicadas a comportamentos não problemáticos, do dia a dia.
Isto é, de fato, embutido, dentro de muitas aplicações clínicas da análise funcional visto que eles
podem tentar entender e aumentar a utilização de comportamentos adaptativos. Por exemplo, a
aplicação de análise funcional a problemas não clínicos pode ser vista nos trabalhos de Bijou e
Baer (1961, 1965) em crianças em desenvolvimento.

VISÃO GERAL
Este livro foi construído com quatro seções. Os primeiros dois capítulos formam uma
visão geral da análise funcional. Esse capítulo provê uma introdução do campo. O capítulo 2
apresenta uma revisão seletiva da literatura. As questões apresentadas nestes dois primeiros
capítulos cobrem um grupo vasto e variado de populações clínicas e prove ilustrações de práticas
clínicas com uma variedade de problemas e populações. A Parte II rever um número de questões
de avaliação e metodologias utilizadas em análise funcional. Esta parte inclui entrevista,
observação direta, e medidas psicométricas. A Parte III discute questões relacionadas ao processo
de desenvolver uma análise funcional. Esta parte incluiu como desenvolver e usar uma análise
funcional. Na seção final, um único capítulo revê questões críticas em análise funcional. Estas
incluíram a confiabilidade e validade de análises funcionais, a questão da eficácia do tratamento e
custos/benefícios associados com análises funcionais. Finalmente, áreas de pesquisas futuras são
discutidas.

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