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Sturmey, P. (1996). Functional Analysis in Clinical Psychology. England: John Wiley & Sons.
Parte I, capítulo 1. *
*Tradução realizada pela Profa. Dra. Maria de Jesus Dutra dos Reis, para uso na disciplina Análise
Funcional em Clínica e Medicina Comportamental.
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Etiologia
Etiologia
Infecção bacterial das meninges
Diagnóstico
Resumo dos sintomas
Meningite
Febre progressiva, coma, etc.
QUESTÕES CONCEITUAIS
Embora haja uma literatura empírica relativamente vasta sobre análise funcional em
clínica psicológica, o desenvolvimento teórico e a análise conceitual do termo têm
surpreendentemente recebido pouca atenção explícita e não são bem conhecidas. Tem havido
poucas revisões destas questões. O leitor pode consultar o trabalho de Haynes e O'Brien (1990)
para uma revisão mais recente e compreensiva. Uma descrição de posições mais iniciais pode ser
observada no trabalho de Owens e Ashcroft (1982). Uma revisão concisa é apresentada por Jones
(1983). Um debate interessante sobre a natureza das análises funcionais pode ser vista em uma
série de artigos de Samson e McDonnell (1990), McDonnell e Samson (1992) e Jones e Owens
(1992).
Um problema que tem persistentemente aparecido na literatura tem sido o uso de vários
termos diferentes usados como mais ou menos equivalentes a 'análise funcional'. Algumas outras
vezes, o mesmo termo tem sido utilizado com conotações ligeiramente diferentes por diferentes
autores. Hynes e O'Brien (1990) listam 'análise funcional do comportamento', 'avaliação
comportamental', e 'formulação de caso comportamental' como alguns dos termos usados. Para
aumentar a confusão poucas definições explícitas do termo 'análise funcional', outras que a do
próprio Haynes e O'Brien, têm sido feitas. Estas definições têm incluído: (a) declarações
referentes a forma matemática da relação entre diferentes variáveis; (b) declarações relacionando
a função ou objetivo do comportamento; (c) uma explicação ateórica, genérica para avaliação e
formulação de caso; (d) análise funcional eclética, descritiva; análise funcional do comportamento
eclética; (f) uso do termo exclusivamente para manipulações experimentais de variáveis com o
objetivo de mostrar relações funcionais entre comportamento e ambiente; (g) análise funcional
como um método de tratamento ou componente do tratamento. Estas sete conotações do termo
'análise funcional' serão revisadas abaixo mais detalhadamente.
Análises funcionais são transitórias e podem variar com o tempo. Por exemplo, as
variáveis relacionadas com o início de um problema podem não ser as variáveis relacionadas ao
seu desenvolvimento posterior ou a manutenção em um tempo atual. Por exemplo, agora existem
evidências empíricas de que a função de comportamentos de autolesão, em indivíduos com
atrasos no desenvolvimento, pode mudar ao longo do tempo (Lerman, Iwata, Smith et. al., 1994).
Isto pode ser associado como recaídas desde o início do tratamento, indicando que a primeira
análise funcional não é a mais apropriada.
Variáveis independentes podem ser necessárias, suficientes, necessárias e suficientes para
mudanças, ou meramente correlacionais. Assim, identificar as variáveis que realmente causam um
problema clínico pode ser muito difícil uma vez que no ambiente natural pode existir outras
variáveis que são correlacionadas com a causa verdadeira. Por exemplo, pessoas com agorafobia
associada com ataques de pânico podem descrever ataques de pânico quando deixam a casa.
Contudo, pode somente deixar a casa quando acompanhado por esposo (a). Mais que isto,
recentemente pode somente tentar deixar a casa para ir visitar uma irmã que vive a uma distância
equivalente a uma caminhada de aproximadamente meia hora da sua casa. Nesta situação não esta
claro se os ataques de pânico são causados por algum aspecto perceptual associado com deixar a
casa, como ver o céu aberto, a possibilidade de encontrar estranhos que os avaliem negativamente,
o comportamento do esposo (a) quando tentam sair, ou pensamentos sobre o que pode acontecer
ao chegar na casa da irmã. Haynes e O'Brien vão adiante afirmando que relações funcionais
podem também ter limites (boundaries), dentro das quais estas são mantidas e além das quais as
relações funcionais podem mudar ou ser inaplicáveis. Por exemplo, uma pessoa pode reagir
catastroficamente a críticas sociais quando estão experienciando momentos de depressão. Quando
não estão sob depressão podem ser aptas para ignorar criticismo social com facilidade.
Variáveis funcionais podem ser variáveis em nível macro, tais como classe social e etnia,
ou variáveis a nível micro, tais como freqüência de críticas sociais. Finalmente, relações
funcionais causais exigem que as variáveis causais sempre precedam o evento causado. Isto é uma
condição necessária mais, não suficiente, para causalidade.
Esta análise levou Haynes e O'Brien (1990) a definir análise funcional como: 'identificação
de relações funcionais importantes, controláveis, causais, aplicáveis a grupos específicos de
comportamentos alvos para clientes individuais' (p.654).
Assim, a aplicação clínica de análises funcionais não tenta descrever todas as relações
entre variáveis relevantes. Aquelas que são de magnitude trivial e aquelas que não podem ser
modificadas são excluídas com o objetivo de simplificar o quadro e identificar aquelas variáveis
que podem ser modificadas durante o tratamento. Assim, neste contexto, análises funcionais são
uma forma ideográfica de avaliação que é orientada para desenvolver um tratamento construído
individualmente.
Objetivos do Comportamento
Uma segunda conotação de análise funcional é que os comportamentos examinados
servem a objetivos (tem uma função) para o indivíduo. Análises funcionais dentro de psicologia
clínica estão cheias de exemplos deste tipo de funcionalismo. Comumente denominamos estes
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problemas clínicos de ganhos secundários. O problema apresentado aqui (e.g.. agorafobia) é visto
como tendo a função de provocar a ajuda de outros membros da família ou de esquiva-se de
responsabilidades da vida adulta tais como trabalho e deveres familiares. De uma forma similar
uma pessoa com poucas habilidades sociais ou com um esposo punidor e dominante pode ser
incapaz de executar qualquer mudança na família através de comportamentos sociais comuns.
Contudo, queixas hipocondríacas podem ser um modo efetivo de alcançar alguns destes alvos
dentro da família, ou estabelecer algum papel social para eles mesmos dentro da família, outro
que ser uma pessoa quieta, despretensiosa.
Uma área forte de pesquisa nos últimos dez anos neste campo tem sido o trabalho feito
sobre o significado comunicativo de desordens no comportamento, tanto em crianças quanto em
adolescentes, e em pessoas com deficiências no desenvolvimento (Carr & Durant, 1985). Tem
sido hipotetizado que pessoas com repertórios comportamentais limitados, que podem estar em
ambientes que apresentam falhas em dar suporte para comportamentos de comunicação
adaptativos, aprendem outros comportamentos funcionalmente equivalentes. Estes outros
comportamentos são topograficamente muito diferentes do comportamento de comunicação
regularmente encontrado, mas servem à mesma função que comunicação. Assim, tanto falas
quando sinais, ou gritar ou apresentar um tantrum podem obter conseqüências sociais tangíveis ou
ainda permite se esquivar de situações aversivas. Neste sentido um comportamento não adaptativo
tornou-se uma forma efetiva de pedir ao concreto, solicitar atenção, demandar a retirada de algo.
Esta explicação teórica excluiu tentativas não experimentais para acessar as funções do
comportamento assim como somente avaliações parciais. Explicações não experimentais podem
gerar hipóteses, mas não podem ser descritas como análises funcionais como tal, visto que a
hipótese não é testada. De fato, Baer, Wolf e Risley (1968) continuam sua descrição afirmando
que 'uma análise [funcional] não experimental é uma contradição em termos ...(p.92)’.
Um bom exemplo desta explicação foi demonstrado em um estudo criativo de Chapman,
Fisher, Piazza e Kurtz (1993). Neste estudo eles conduziram uma análise experimental de
ingestão de drogas perigosas por Lyle, um homem de 19 anos de idade com leve deficiência de
desenvolvimento. O problema ficava mais difícil porque ele podia viajar independentemente e
comprar o medicamento em quantidades potencialmente letais. Isto o tinha levado a seis entradas
na unidade de emergência por overdoses. Uma análise funcional descritiva sugeriu três hipóteses.
Estas eram que o comportamento era mantido por atenção do pessoal médico, por sua mãe ou por
fuga do trabalho. A função do comportamento foi avaliada experimentalmente ao colocar Lyle em
sala de aula simulada com quatro diferentes vidros cheios de pílulas placebos acessíveis em uma
sala simulada de tratamento com medicação. Os quatros vidros foram codificados por cores. Lyle
foi informado que a ingestão de uma pílula de cada vidro seria seguida por diferentes tratamentos.
Um dos vidros era seguido por 30 minutos de atenção médica, um era seguido por 30 minutos
com sua mãe o repreendendo, um era seguido por fuga do trabalho ao permitir que se deitasse por
30 minutos e um não tinha quaisquer conseqüências programadas. A ingestão de pílulas por Lyle
era observada por um espelho unidirecional. A variável dependente foi o número de pílula
placebo ingerido de cada recipiente, em uma sessão.
Foram feitas 15 sessões de avaliações (ver Figura 1.4). Depois da 17ª sessão ele
consistentemente selecionava a pílula que era seguida or 30 minutos de fuga do trabalho. Baseado
nesta análise experimental do seu comportamento uma intervenção foi planejada baseada na
hipótese de que ingerir pílulas era reforçado por fuga/esquiva. A intervenção consistia de ganhar
atividades que não envolviam trabalho ao completar tarefas de trabalho programadas e pela
ingestão de pílulas que ele tinha aparentemente descoberto. A ingestão de pílulas era seguida pela
requisição de limpar sapatos, uma tarefa que ele não gostava. Foi feito também um procedimento
de esvanecimento para gradualmente remover estímulos associados com ambientes de tratamento.
Lyle respondeu bem ao tratamento no ambiente de avaliação. Nos cinco meses seguintes de
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acompanhamento depois da alta somente 11% do crivo de drogas foi positivo comparado com
85% dos crivos anteriores ao tratamento. Além disso, não houve visitas a sala de emergência.
Figura 1.4 Os resultados da análise funcional de ingestão perigosa de pílulas por Lyle.
Reproduzida por permissão de Chapman, S., Fisher, W., Piazza, C.C. & Kurtz, P. F. (1993),
avaliação funcional e tratamento de ingestão de drogas que ameaçam a vida por um jovem
diagnosticado dualmente. Journal of Applied Behavior Analysis, 26, 155-156. Copyright ©
Journal of Applied Behavior Analysis
Comentário
Como pode ser visto nas seções anteriores, o termo análise funcional tem sido tomada com
uma variedade de diferentes conotações nas mãos de diferentes autores. Seu significado exato
muda entre os autores e nem todos os autores são explícitos em como usar o termo.
Análise funcional pode ser dita como variando ao longo de pelo menos quatro dimensões.
Primeiro, alguns trabalhos apresentam uma análise funcional como uma classe de problemas com
diagnóstico particular tais como desordens alimentares (Slade, 1982), depressão (Ferster, 1973)
ou autolesão (Carr, 1977), enquanto outros apresentam uma análise funcional de casos
individuais. Segundo, enquanto alguns autores têm enfatizado a análise funcional dos resultados
de psicopatologia, outros tem usado análise funcional para descrever processos tais como reforço
condicionado (Schuster, 1969), desenvolvendo tanto em crianças com desenvolvimento médio e
crianças com deficiências no desenvolvimento (Bijou, 1966), ou imitação (McCuller & Salzberg,
1982). Terceiro, autores têm variado no peso colocado sobre os eventos ambientais atuais como
oposto aqueles que iniciam ou desenvolvem um problema. Por exemplo, análise funcional de
desordens do comportamento tem geralmente enfatizados eventos mantenedores atuais (Iwata,
Vollmer & Zarcone, 1990). Em outras análises funcionais de casos únicos a ênfase pode ser
colocada sobre o entendimento do início e desenvolvimento de problemas (Gresswell & Hollin,
1992). Por exemplo, a análise de Wolpe das neuroses adultas freqüentemente explora o inicio e o
desenvolvimento de problemas por causa de sua importância potencial de eventos condicionais de
neuroses em adultos na determinação do conteúdo exato da intervenção em dessensibilização
(Wolpe, 1989). Finalmente, quase todas as publicações nesta área da análise funcional têm
questões endereçadas relacionadas a psicopatologia. Contudo, seria notado que análises
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funcionais podem ser igualmente aplicadas a comportamentos não problemáticos, do dia a dia.
Isto é, de fato, embutido, dentro de muitas aplicações clínicas da análise funcional visto que eles
podem tentar entender e aumentar a utilização de comportamentos adaptativos. Por exemplo, a
aplicação de análise funcional a problemas não clínicos pode ser vista nos trabalhos de Bijou e
Baer (1961, 1965) em crianças em desenvolvimento.
VISÃO GERAL
Este livro foi construído com quatro seções. Os primeiros dois capítulos formam uma
visão geral da análise funcional. Esse capítulo provê uma introdução do campo. O capítulo 2
apresenta uma revisão seletiva da literatura. As questões apresentadas nestes dois primeiros
capítulos cobrem um grupo vasto e variado de populações clínicas e prove ilustrações de práticas
clínicas com uma variedade de problemas e populações. A Parte II rever um número de questões
de avaliação e metodologias utilizadas em análise funcional. Esta parte inclui entrevista,
observação direta, e medidas psicométricas. A Parte III discute questões relacionadas ao processo
de desenvolver uma análise funcional. Esta parte incluiu como desenvolver e usar uma análise
funcional. Na seção final, um único capítulo revê questões críticas em análise funcional. Estas
incluíram a confiabilidade e validade de análises funcionais, a questão da eficácia do tratamento e
custos/benefícios associados com análises funcionais. Finalmente, áreas de pesquisas futuras são
discutidas.