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O lugar da terapia analítico-

comportamental no cenário
internacional das terapias
comportamentais: um panorama
histórico
As terapias comportamentais
Modificação do comportamento, ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA, terapia cognitivo-comportamental, TERAPIA
COMPORTAMENTAL-COGNITIVA, psicoterapia analítica funcional,
TERAPIA DE ACEITAÇÃO E COMPROMISSO, terapia de ativação
comportamental, TERAPIA COMPORTAMENTAL DIALÉTICA.

Prática clínica exclusivamente brasileira, chamada (atualmente) de terapia analítico-


comportamental.

1ª ONDA 2ª ONDA 3ª ONDA

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Em que cenário surge a terapia comportamental?

• Ciência: extrapolar princípios validados empiricamente na pesquisa básica


para a resolução de problemas aplicados.

• Terapia comportamental: qualquer intervenção deveria partir do


entendimento científico dos processos comportamentais básicos, o que
representou uma forte oposição à psicologia clínica vigente na época.

IVAN PAVLOV

FISIOLOGIA - objetividade para o estudo da psicologia, outrora marcado


pelo subjetivismo do método introspectivo.

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DESSENSIBILIZAÇÃO
SISTEMATICA
 “O caso do Pequeno Albert”, Watson e Rayner.

 Jones (1924a, 1924b), investigou o efeito isolado e combinado de sete


procedimentos na diminuição da resposta de medo de crianças, a saber:
(1) desuso (não exposição ao estímulo temido por semanas ou meses);
(2) apelo verbal (relato de histórias prazerosas envolvendo o estímulo temido);
(3) adaptação negativa (apresentação repetida ao estímulo temido);
(4) repressão (ridicularização do medo);
(5) distração (exposição ao estímulo temido enquanto se envolve em outras
atividades);
(6) condicionamento direto (pareamento entre o estímulo temido e um estímulo
prazeroso);
(7) imitação social (exposição ao estímulo temido em parceria com uma criança
que não tem medo daquele estímulo).

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 1930 a 1950: período em que procedimentos terapêuticos baseados no
paradigma respondente.

E O COMPORTAMENTO OPERANTE?

Skinner dedicava-se ao estudo do comportamento operante e descobriu


processos comportamentais básicos, como reforçamento, discriminação, etc.

 Pesquisadores: avaliar se os processos básicos descobertos na pesquisa


animal serviriam também para explicar e alterar o comportamento humano.

 Azrin, Baer, Bijou, Ferster, Goldiamond, Lindsley, Lovaas, Staats e Skinner


efeito de diferentes condições de controle antecedente e consequente sobre
diversas respostas operantes em crianças e adultos com e sem
psicopatologias.

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 Fim da década de 1950 e começo da década de 1960: tentativas
preliminares foram feitas para aplicar técnicas de condicionamento
operante para produzir mudanças de comportamento em populações
clínicas.

TERAPIA COMPORTAMENTAL

DOIS TIPOS DE ATUAÇÃO

MODIFICAÇÃO DO COMPORTAMENTO

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1ª ONDA DAS TERAPIAS COMPORTAMENTAIS

 As terapias comportamentais: compromisso com aspectos empíricos e


com intervenções baseadas em evidências.

 Principais influências para estas primeiras terapias comportamentais nos


EUA vieram dos estudos de Pavlov sobre condicionamento respondente e
sobre o condicionamento operante de Skinner.

 Intervenções amplamente utilizadas na atualidade são oriundas desta


“primeira onda”, em especial a técnica da Dessensibilização Sistemática.

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O CENÁRIO SE MODIFICA

 Final da década de 1960: terapeutas insatisfeitos com a psicanálise e


entusiasmados tanto pela objetividade quanto pelo embasamento
empírico do modelo comportamental mas buscavam explicar fenômenos
que recebiam pouca atenção por parte dos analistas do comportamento.

 Tal situação tornou-se, então, propícia para a inserção de outras teorias


e técnicas no campo da terapia comportamental, gerando distintos
modelos de análise.

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 Revolução cognitiva: interessados na maneira pela qual processos cognitivos
poderiam afetar comportamentos e sentimentos, terapeutas passaram a
questionar a utilidade dos princípios de condicionamento para a prática da
psicoterapia.

Terapia cognitiva de Aaron Beck

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2ª ONDA DAS TERAPIAS COMPORTAMENTAIS

Apesar de postularem que os processos de condicionamento eram


insuficientes para o estudo do comportamento humano, as novas
modalidades de terapia comportamental que surgiram no final dos
anos 1960, cuja ênfase recaía sobre os processos cognitivos,
incorporaram muitos dos procedimentos comportamentais
(dessensibilização, exposição, modelagem, etc.), culminando num
ecletismo técnico e teórico que viria a receber o nome de terapia
cognitivo-comportamental.

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Costa (2002): “defender a compatibilidade,
complementaridade e/ou integração entre Behaviorismo
Radical e Cognitivismo constitui em uma incoerência teórica
que só pode ser explicada pela ausência de familiaridade
com os pressupostos de uma ou outra orientação” (p. 44).

Prática das terapias comportamentais estava dividida: analistas do


comportamento trabalhavam em ambientes institucionais com problemas
severos de comportamento e terapeutas cognitivo-comportamentais
atuavam no consultório intervindo sobre as mais variadas queixas clínicas.

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“Importante salientar que o “comportamental” da sigla TCC está
relacionado a algumas técnicas herdadas das terapias de modificação de
comportamento, no entanto a epistemologia cognitiva é oposta à
epistemologia comportamental, de forma que a formulação de caso,
objetivos terapêuticos, desfechos e até mesmo técnicas de uma e de
outra são muitas vezes incongruentes e tendem a ter uma conversa
transteórica bastante turbulenta e polêmica ”.

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Uma nova onda (3ª)

 Década de 1990: Análise do comportamento clínica (CBA, do inglês clinical


behavior analysis) : modelo de psicoterapia consistente com AC.

 Distingue-se pelos tipos de clientes atendidos, problemas clínicos


abordados, procedimentos utilizados e ambiente no qual a intervenção é
conduzida (Guinther & Dougher, 2013; Kohlenberg, Hayes & Tsai, 1993).

 CBA não indica ou é representada por uma única terapia, mas abarca
diversas modalidades terapêuticas (às vezes referidas como terapias
comportamentais de terceira onda), a saber:

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“Baseada numa abordagem empírica e em princípios, a terceira onda da terapia
comportamental e cognitiva é particularmente sensível ao contexto e às funções dos
fenômenos psicológicos, não apenas à sua forma, e por isso tende a enfatizar estratégicas
de mudanças contextuais e experimentais em acréscimo às mais diretas e didáticas.

Esses tratamentos procuram buscar a construção de um repertório [de comportamentos]


amplo, flexível e efetivo em vez de uma abordagem muito específica para problemas
definidos de maneira muito estreita. (…) A terceira onda reformula e sintetiza gerações
anteriores de terapias cognitivas e comportamentais e as levam adiante para questões e
domínios previamente trabalhados por outras tradições, na esperança de melhorar tanto a
compreensão do ser humano como a dos resultados dos tratamentos.”

As terapias de terceira onda focam em aspectos como a forma como a linguagem afeta a
nossa experiência, a relação terapêutica, o conceito de mindfulness ou estar no presente,
o self como contexto e a aceitação.

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Uma terceira onda ou uma nova onda? (Guilhardi)

É importante observar que, quando se postula


que ACT, FAP, DBT, BA, IBCT e MBT fazem
parte de um movimento intitulado Análise do
Comportamento Clínica, sugere-se, à primeira
vista, que todas essas modalidades de terapia
são embasadas nos fundamentos filosóficos,
conceituais, metodológicos e empíricos da AC.

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A terapia comportamental operante não assimilou a segunda onda...
Dela se beneficiou para avanços! Assim, a segunda onda americana
funcionou como poderosa influência para os analistas de
comportamento (ou melhor denominados terapeutas comportamentais
operantes) buscarem em Skinner alternativa conceitual para
incorporar a compreensão dos caminhos abertos pela TCC.
Começamos a falar em conceitos até aquele momento adormecidos:
controle do comportamento por regras e autorregras...

Ou seja, a TCC foi uma poderosa operação motivacional que nos


levou a redescobrir o Verbal Behavior (1957, 1978) de Skinner.
(Guilhardi, 2012)

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ACT: Terapia de Aceitação e Compromisso (proposta por
Hayes)

 Objetivo criar flexibilidade psicológica, ou seja, aceitar eventos privados


que são desagradáveis para manter ações que são importantes e
valorizadas pelo indivíduo para que ele tenha uma vida mais significativa.

 Foco nos três pilares: ACEITAÇÃO, ESCOLHA E AÇÃO (mudança


comportamental).

 Desfusão cognitiva, estar presente, ação comprometida.

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FAP (proposta por Kohlenberg e Tsai)

 Tem como "base" consciência, coragem, amor e Behaviorismo.

 Foco principal da FAP é a relação terapêutica, onde são valorizadas as


contingências da sessão, onde ocorre a modelagem de comportamentos em
sessão e o reforçamento natural de comportamentos assertivos
apresentados pelo cliente.

- CRBs1: é geralmente a queixa apresentada pelo cliente, os comportamentos


desadaptativos e disfuncionais que ele apresenta;
- CRBs2: é basicamente a melhora dos CRBs1. Comportamentos que se
tornam mais assertivos e produtivos comparados aos comportamentos
descritos na queixa; e os
- CRBs3: aqui é o comportamento de auto-análise feito pelo cliente.
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DBT (Terapia Comportamental Dialética, proposta por
Marsha Linehan)
 Terapia desenvolvida para o tratamento do transtorno Borderline;

 O modelo padrão dessa terapia engloba quatro componentes: (1) psicoterapia


individual; (2) treino de habilidades; (3) consultoria por telefone; e (4) reunião
de consultoria entre terapeutas.

 Foco na análise em cadeia (um tipo de análise funcional), visa modificar


comportamentos-alvo aplicando técnicas específicas; estilos de comunicação
terapêutica.

 Com base nesse monitoramento dos comportamentos- alvo, o terapeuta


navega por três paradigmas de intervenção, aceitação, mudança e dialética.

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DIFERENÇAS ENTRE O CENÁRIO INTERNACIONAL E NO
BRASIL

INTERNACIONAL BRASIL
INTERNACIONAL

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HISTÓRICO DA TERAPIA ANALÍTICO-COMPORTAMENTAL

Cenário Internacional: Modificação do comportamento – Terapia


Comportamental – Terapia Cognitivo-comportamental – Análise do Comportamento
Aplicada.

Cenário Brasileiro: Modificação do comportamento – Terapia Comportamental –


Análise do Comportamento Aplicada – Terapia Cognitivo-comportamental.

A história das terapias comportamentais no Brasil seguiu um percurso diferente em


relação ao desenvolvimento dos modelos terapêuticos de origem internacional.

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Os analistas do comportamento brasileiros, por sua vez, transpuseram
para o âmbito da psicoterapia seu conhecimento acerca dos processos
básicos constitutivos dos fenômenos comportamentais, incluindo a
abordagem Skinneriana ao comportamento verbal (Skinner, 1957/1992) e
à subjetividade (e.g., Skinner, 1945, 1953/1965, 1974/1976), muito antes
de as terapias cognitiva e cognitivo-comportamental se tornarem
conhecidas ou praticadas neste país.

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Vandenberghe (2011), a TAC foi desenvolvida no Brasil por um grupo de
terapeutas que estenderam os fundamentos filosóficos do behaviorismo radical
e os princípios básicos da análise experimental do comportamento para o
âmbito da psicoterapia

Quando a CBA começou a aparecer no fim da década de 1980 e começo da


década de 1990 nos Estados Unidos da América, uma terapia comportamental
de base Skinneriana já estava bem solidificada no Brasil.

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CONCLUSÃO

 As terapias de terceira geração se aproximam (contextualismo) e se


distanciam (linguagem mentalista) ao mesmo tempo.

 São incompatíveis com alguns princípios (precisam de mais estudos).

 Falamos de mais uma onda, ou de estímulos de aperfeiçoamento ou


evolução de uma ciência?

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OBRIGADA!
ALGUMA DÚVIDA?

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