A s manifestações objetivas da ansiedade são inespecíficas, e comumente es
tão associadas a diversos estados emocionais, tais como medo, expectativa, ira, entre outros. Essas manifestações são as reações físicas sentidas pelas pessoas, dentre algu mas pode-se citar: sudorese, taquicardia, tremores, calafrios, etc. A ansiedade pode ser considerada normal ou patológica. Sendo assim, como diferenciar um estado normal de um patológico?. Esta avaliação deve levar em conside ração quatro aspectos: Intensidade; Duração; Interferência; e Freqüência com a qual ocorrem os sintomas. Caso sejam considerados desproporcionais pode-se considerar a ansiedade patológica. Contudo, esta é uma decisão arbitrária e subjetiva de quem ava lia (Gentil, 1997). Desta forma, Gentil (1997, pg.28) afirma que “somente podemos saber se al guém está ansioso por dedução, ou questionando e comparando sua resposta com nossa própria experiência e conceito de ansiedade”. De acordo com o DSM IV os transtornos de ansiedade classificados são:
1Psicólogo co laborador ilo A M HAN. Professor da U niversidade Hras ('u b a s - Mogi das C'm/.cs - Silo Paulo.
Sobre comportamento e cofiniç<lo 189
• Transtornos de pânico com agorafobia. • Transtornos de pânico sem agorafobia. • Transtorno obsessivo-compulsivo. • Transtorno de estresse pós-compulsivo. • Transtorno de estresse pós-traumático. • Transtorno de ansiedade generalizada. • Transtorno de ansiedade devido a uma condição módica geral. • Transtorno de ansiedade induzida por substância. • Transtorno de ansiedade não especificado. • Agorafobia sem história de transtorno de pânico. • Fobia específica. • Fobia social. Tanto a ansiedade quanto o medo possuem suas raízes nas reações de defesas. Neste sentido, quando uma pessoa se defronta com uma situação de perigo, que ame aça seu bem-estar ou sua sobrevivência, o organismo se prepara para enfrentar ou fugir. Quando esta ameaça é apenas potencial, ou seja, quando o indivíduo identifica a situação como a possibilidade de receber uma punição, entende-se esta resposta como ansiedade. Contudo quando o perigo é real, e a reação é desencadeada por estímulos bem definidos, tem-se o medo (Graeff & Brandão, 1999). Até aqui foi feita uma diferenciação entre a ansiedade normal e patológica, e entre ansiedade e medo, mas como o modelo comportamental entende a ansiedade. Para entender a ansiedade no modelo comportamental, é necessário antes dis cutirmos alguns aspectos centrais dentro da análise do comportamento. Um dos pontos mais importantes no modelo comportamental ó a análise funcio nal. Skinner (1974) afirma que “as variáveis externas das quais o comportamento é função dão margem ao que pode ser chamado de análise causai ou funcional. Tenta mos prever e controlar o comportamento de um organismo individual". Portanto, a aná lise funcional ó a possibilidade de se descrever quais as variáveis que estão controlando o comportamento. Neste mesmo livro, Skinner comenta “ uma formulação adequada da interação entre um organismo e seu ambiente deve sempre especificar três coisas: a ocasião em que a resposta ocorre; a própria resposta; e as conseqüências reforçadoras". Isto significa fazer a análise da tríplice contingência, que tem como pressuposto básico a fórmula: S R— C — A importância da análise funcional, se caracteriza pela possibilidade de o analista do comportamento conseguir identificar quais os estímulos que determinam a emissão de um determinado comportamento, assim como quais as conseqüências que mantém este comportamento. Neste sentido, Meyer (1997), afirma que a análise funcional ó o instrumento básico de trabalho do analista de comportamento, pois possibilita identificar as contingên- cias que estão operando um comportamento, assim como inferir quais as que operaram no passado. Estando com essas informações, pode-se propor ou criar novas relações de contingências que alterem os padrões de comportamento dos indi víduos. "Mudanças de comportamento só se dão quando ocorrem mudanças nas con tingências" (Meyer, 1997 pg.32). O comportamento das pessoas pode ser controlado pelas contingências ou por regras. Os comportamentos controlados pelas contingências, são aqueles que estão as
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sociados ao ambiente, enquanto que os que são controlados pelas regras estão associ ados a regras que agem como "instrução" para o comportamento, por exemplo “é proi bido passar no farol vermelho". De acordo com Guedes (1997) o comportamento de seguir regras é instalado pela comunidade verbal, pois depende da cultura e dos valores sociais. Contudo, se os comportamentos governados por regras só ocorrem na presença das mesmas, pode-se concluir que as regras não ensinam para a vida, ou seja, se as conseqüências naturais para tais comportamentos não aparecerem, eles deixarão de ser emitidos. Neste senti do pode-se dizer que os comportamentos governados pelas regras também dependem das contingências. Outro aspecto importante ó o papel das emoções no modelo comportamental. As emoções são vistas como comportamentos encobertos, pois ocorrem sob a pele e o único que tem acesso ao que acontece consigo, ó o próprio sujeito (Delitti e Meyer, 1995). Para Skinner, (1974) os sentimentos e outros estados subjetivos, não são causas de comportamentos observáveis, mas sim comportamentos, e, portanto, devem ser ana lisados como tal. Neste sentido, as emoções são vistas como conseqüências/respostas de uma situação anterior. Portanto, a ansiedade, vista como resposta emocional, deve ser en tendida dentro de uma análise funcional, identificando quais as contingências que a matóm no repertório comportamental do indivíduo. Conhecendo-se a função do comportamento ansioso no dia-a-dia do cliente, ó possível alterar as contingências que operaram o comportamento ansioso e com isto promover mudança de comportamento.
Bibliografia
DELITTI, M. & MEYER, S. B. O Uso dos Encobertos na Prática da Terapia
Comportamental. In: Rangó, B. Psicoterapia Comportamental Cognitiva - Trans tornos Psiquiátricos. Ed PSY, Campinas SP, 1995. GENTIL, V. Ansiedade e Transtornos Ansiosos. In: Gentil e Cols Pânico, Fobias e Obssessões. Ed. EdUsp. SP, 1997. GUEDES, M. L. O comportamento Governado por Regras na Prática Clínica. In: Banaco, R. A. Sobre Comportamento e Cogniçâo. Vol. 1., Ed. Arbytes, SP, 1997. GRAEFF, F. G. & BRANDÃO, M. L. Neurobiologia das Doenas Mentais. Ed. Lemos, SP, 1999. MEYER, S. B. O Conceito de Análise Funcional. In: Delitti, M. Sobre o Comportamento e Cogniçâo, Vol. 2 . Ed. Arbytes, SP, 1997. SKINNER, B. F. Ciôncia e Compotamento Humano. Ed. Edart SP, 1974.