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PIRIPIRI-PI
2022
1. Apesar do Behaviorismo Radical e da Ciência do Comportamento tratarem e
estudarem os mesmos assuntos, para que precisamos então de uma ciência de
comportamento (Análise Comportamental)?
A ciência do com portamento é, em si, uma questão filosófica, é um a questão de como
“enxergamos” o ser humano. Já podemos dizer que o Behaviorismo Radical é uma filosofia que
embasa um a ciência do com portamento. Essa ciência é chamada Análise do Com portamento.
Behaviorismo Radical e Análise do Com portamento tratam do ser humano e de seus
comportamentos, no entanto, abordam esses assuntos de maneiras diferentes, e o conhecimento
derivado de cada um desses campos do saber é produzido também de modos diferentes.
Todas Negativas. Ao decorrer dos estudos de Psicologia você pode ouvir coisas como “para o
behaviorismo não existe pensamento”, “a análise do comportamento não estuda as emoções”, “o
behaviorismo não estuda a consciência ou a criatividade”, “a Análise do Comportamento (ou o
behaviorismo) não leva em consideração a personalidade do indivíduo”. Frases como essas, em
última análise, estão “tentando” reduzir o objeto de estudo da Análise do Comportamento. Todas
elas, e muitas outras parecidas, são absolutamente inverídicas. Todos esses fenômenos psicológicos
(personalidade, consciência, criatividade, pensamento e emoções) fazem parte do objeto de estudo
da Análise do Comportamento. No entanto, em função de esses processos serem estudados pela
Análise do Comportamento como comportamentos, e não como causa de outros comportamentos,
muitos autores e psicólogos tendem a dizer, equivocadamente, que eles não pertencem a finalidade
da Análise do Comportamento.
A unidade básica de análise que descreve e relaciona esses eventos chama-se contingência, que
pode ser definida como uma descrição de relações entre
Eventos. “Se quisermos entender a conduta de qualquer pessoa, mesmo a nossa própria, a primeira
pergunta a fazer é: ‘O que ela fez?’ O que significa dizer, identificar o comportamento. A segunda
pergunta é: ‘O que aconteceu então?’ O que significa dizer, identificar as consequências do
comportamento além de três termos 1) a ocasião na qual ocorreu a resposta, 2) a própria resposta e
3) as consequências.
Quando estudamos o comportamento para tentar prevê-lo, estamos tentando identificar que
fatores o influenciam, que fatores alteram sua probabilidade de ocorrência. Tentar prever o
comportamento é tentar responder, por exemplo, perguntas como “o que pode levar um indivíduo à
depressão?”, “por que algumas crianças aprendem mais rapidamente que outras?”, “que
circunstâncias podem levar uma pessoa a desenvolver um transtorno obsessiva-compulsivo?” etc.
Só é possível prever o comportamento porque existe certa ordem, certa regularidade na maneira
como as pessoas se comportam. Essa previsibilidade do comportamento, muitas vezes, é mais óbvia
do que pensamos. Skinner diz que “Um vago senso de ordem emerge de qualquer observação
demorada do comportamento humano. Qualquer suposição plausível sobre o que dirá um amigo em
dada circunstância é uma previsão baseada nesta uniformidade. Se não se pudesse descobrir uma
ordem razoável, raramente poder-se-ia conseguir eficácia no trato dos assuntos humanos. Os
métodos da ciência destinam-se a esclarecer estas uniformidades e torná-las explícitas”. Fazemos
previsões sobre o com portamento (que são eventos) baseado em outros eventos (ambientais,
incluindo como ambiente o próprio comportamento). Se podemos prever como um amigo reagirá a
uma piada, o fazemos baseados em observações dessa relação: “piada contada-reação do amigo”.
Entretanto, mesmo o meteorologista mais treinado ou o psicólogo mais experiente eventualmente
fará previsões que não se confirmarão. A razão para tais “fracassos” está no fato de que cada
fenômeno, por mais simples que seja, é quase sempre influenciado por muitas variáveis e, quase
sempre, o cientista ou o psicólogo não conhece todas as variáveis que, em conjunto, são
responsáveis por produzir um determinado fenômeno.
9- O controle do comportamento deve ser definido não como uma obrigação de
alguém se comportar ou fazer alguma coisa. Defina como ocorre e como deve ser
entendido o controle do comportamento na análise do comportamento.
Deve se ressaltar primeiramente que controle aqui não significa obrigar alguém a fazer alguma
coisa, mas deve ser entendido como influência. Buscar as variáveis que controlam um
comportamento significa buscar as variáveis que influenciam a ocorrência desse comportamento,
que o tornam mais ou menos provável de ocorrer. Essa, entretanto, não é uma tarefa fácil. O
comportamento, geralmente, é multideterminado, existe sempre um número grande quantidade de
variáveis que o controlam. A Psicologia nos mostra cada vez mais variáveis que são importantes
para se explicar, prever e controlar uma variedade de comportamentos. Para complicar ainda mais
esta tarefa, diferentes variáveis podem controlar de formas diferentes comportamentos diferentes
de diferentes pessoas, pois o controle que uma determinada variável exerce hoje sobre o
comportamento de alguém só pode ser entendido se conhecermos a história desse indivíduo com
essa variável ao longo de sua vida. Por exemplo, algumas pessoas sentem-se bem ao serem
elogiadas em público, outras não. Essa diferença, ou o efeito do elogio sobre o comportamento
desses dois indivíduos, só pode ser entendida buscando-se a história dessas pessoas em situações
similares.
Quando se estuda um comportamento, ainda mais especifico é necessário criar situações mais
simples, com menos coisas acontecendo, para estudarmos o comportamento e suas interações com
os eventos que o cercam. Então para uma facilidade no estudo a pesquisa com animais não
humanos são realizadas, sua grande maioria são pesquisas em Análise do Comportamento (ou
Análise Experimental do Comportamento) são realizadas com ratos, pombos e outros animais não
humanos. Se a Psicologia busca entender o comportamento humano, por que, então, realizar
pesquisas com seres diferentes dos seres humanos? A resposta a essa pergunta passa por dois
pontos principais:
• O que aprendemos ao estudarmos o comportamento de animais não humanos pode, em algum
grau, ser usado para explicarmos o comportamento humano
• O comportamento de animais não humanos é mais simples que o comportamento de seres
humanos e, para a ciência, é importante partir do simples para o complexo, e não o contrário.
É importante lembrar que não são os comportamentos em si dos animais estudados em laboratórios
que são de interesse para o psicólogo, mas sim os princípios comportamentais que podem ser
estudados. Quando estudamos o com portamento de um rato, como pressionar uma alavanca em
uma caixa, nossa preocupação fundamental não é com o pressionar a barra, mas sim em entender
como certas variáveis ambientais afetam esse, ou qualquer outro, comportamento. Um dos
princípios comportamentais mais básicos é o de que certas consequências aumentam a
probabilidade do com portamento que as produziu (Skinner, 1953/1998). Esse princípio foi, e ainda é
amplamente estudado em laboratório, e fora dele, com animais não humanos e também com seres
humanos, e o estudo desse princípio com animais não humanos foi fundamental para se entender
melhor como ele opera quando o assunto é o comportamento humano.