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Ciência Em Psicologia

A ciência da psicologia não tem a ver apenas com intuições ou senso


comum. A ciência psicológica é o estudo, por meio da pesquisa científica, da
mente, do cérebro e do comportamento.
Pressupostos • Toda ciência envolve método
• Todo método envolve um pensamento crítico
• Pensamento crítico é questionar sistematicamente e avaliar a informação com base em evidência bem-sustentada
O pensamento crítico busca
procurar “furos” nas evidências, empregando a lógica e o raciocínio para
ver se a informação faz sentido, bem como considerar explicações
alternativas.

requer considerar a possibilidade de a informação ser tendenciosa por


influência

um questionamento saudável e uma mente aberta.

pensar de forma crítica sobre toda informação


Tendências da falha do pensamento
científico
Neutralidade

Ignorando a evidência (viés de confirmação): não acredite em tudo que


você pensa.

Usando comparações relativas: já que você coloca as coisas assim. (ideias


positivas x negativas)

Pegando atalhos mentais: mantendo as coisas simples. ( Mordida de


tubarão)
Senso crítico

Falhando em julgar corretamente a credibilidade da fonte: em quem você


pode confiar?
Análise estatística

Interpretando equivocadamente ou ignorando a estatística: seguindo o que


você sente.
Falsas correlações

Enxergando relações que inexistem: criando algo do nada.


Conclusões

Aceitando explicações pós-fato: eu posso explicar!


Auto referência

Falhando em enxergar as nossas próprias inadequações (viés de autos-


serviço): todo mundo é melhor do que a média.
Psicologia Social

Durante a metade do século XX, muitos psicólogos passaram a perceber que os


comportamentos das pessoas são afetados pela presença dos outros.

Essa mudança ocorreu porque as pessoas buscavam compreender as atrocidades cometidas


na Europa antes e durante a II Grande Guerra.

Por que alemães, poloneses e austríacos aparentemente normais participaram


voluntariamente do assassinato de inocentes – homens, mulheres e crianças? O mal era
parte in- tegral da natureza humana? Se era, por que algumas pessoas que viviam nesses
países resistiram e arriscaram a própria vida para salvar a de outros?
Psicologia Social

Enfoca o poder da situação e o modo como os indivíduos são moldados ao


longo de suas interações com os demais.

O campo relacionado da psicologia da personalidade envolve o estudo dos


pensamentos, das emoções e dos comportamentos característicos das
pessoas e a maneira como diferem nas situações sociais,
A ciência psicológica hoje perpassa
diferentes níveis de análise
O nível biológico de análise lida com o modo como o corpo contribui para a mente e para o
comportamento (por meio de processos bioquímicos e genéticos que acontecem no corpo).

O nível individual de análise enfoca as diferenças individuais de personalidade e nos


processos mentais que afetam o modo como as pessoas percebem e conhecem o mundo.

O nível social de análise envolve o modo como os contextos grupais afetam as formas de as
pessoas interagirem e influenciarem umas às outras.

O nível cultural de análise explora de que forma o modo de pensar, os sentimentos e as ações
das pessoas se assemelham ou diferem ao longo das cul- turas.
A ciência tem quatro metas primárias

Existem quatro metas científicas primárias: descrição, predição, controle e


explicação.

Portanto, as metas da ciência psicológica são descrever o que um fenômeno


é, prever quando esse fenômeno ocorrerá, controlar a causa desse fenômeno
e explicar por que o fenômeno ocorre.
O método científico auxilia o
pensamento crítico
Pesquisa = Processo cientifico que envolve uma coleta cuidadosa de dados

Método científico = Um procedimento sistemático e dinâmico de


observação e medida de fenômenos, usado para alcançar as metas de
descrição, previsão, controle e explicação; envolve uma interação entre
pesquisa, teorias e hipóteses.

Teoria = Um modelo de ideias ou conceitos interconectados que explica


aquilo que é observado e faz previsões acerca de eventos. As teorias são
baseadas em evidência empírica.

Hipótese = Uma previsão específica e passível de testes, de abrangência


mais estreita do que a da teoria que lhe serve de base.
Boas teorias
Como podemos decidir se uma teoria é boa?

Quando falamos sobre uma boa teoria, não queremos dizer que é boa por ser
fundamentada em achados científicos.

De fato, um dos principais aspectos de uma boa teoria é a necessidade de ser


falsificável.

Ou seja, deve ser possível testar as hipóteses geradas pela teoria que provam
que se trata de uma teoria incorreta. Além disso, uma boa teoria produz ampla
variedade de hipóteses testáveis.
HIPÓTESES PRECISAM SER TESTADAS

Para testar as hipóteses gera- das pelas boas teorias, usamos o método
científico.

Depois de fazer uma observação e formular uma teoria, o método científico


que se segue consiste em uma série de seis etapas
Passo a passo do método científico
Etapa 1: formar uma hipótese

Etapa 2: conduzir uma revisão da literatura

Etapa 3: delinear um estudo

Etapa 4: conduzir o estudo

Etapa 5: analisar os dados

Etapa 6: relatar os resultados


O método científico é cíclico
Uma vez incluídos os resultados de um estudo científico, os pesquisadores retomam a
teoria original para avaliar as implicações dos dados.

Se o estudo foi conduzido de maneira competente (i.e., usou métodos e análises de dados
apropria- dos para testar a hipótese), os dados sustentam a teoria ou sugerem que ela seja
modificada ou descartada.

Então, o processo é totalmente reiniciado. Sim, o mesmo tipo de trabalho precisa ser
conduzido repetidas vezes. Nenhum estudo isolado pode fornecer uma resposta definitiva
sobre fenômeno. Nenhuma teoria seria descartada com base em um conjunto de dados.
Em vez disso, confiamos mais nas descobertas científicas quando os resultados da
pesquisa são replicados.
O método científico é cíclico
A replicação envolve repetir um estudo e obter resultados idênticos (ou similares).

Quando os resultados de dois ou mais estudos são os mesmos, ou pelo menos


sustentam a mesma conclusão, a confiança nos achados aumenta.

De modo ideal, os estudos de replicação são conduzidos por pesquisadores não


afiliados àqueles que produziram a descoberta original.

A replicação é outra forma de fortalecer o suporte a algumas teorias e de ajudar a


descartar as teorias mais fracas.
A pesquisa descritiva

Métodos descritivos = Estudos observacionais são um método usado pelos


pesquisadores para descrever o comportamento de maneira objetiva.

Pesquisa descritiva envolve a observação de um comportamento com o


intuito de descrevê-lo de maneira objetiva e sistemática.

Essa pesquisa ajuda os cientistas a alcançar as metas de descrever o que os


fenômenos são, prevendo quando ou com quais outros fenômenos poderão
ocorrer.
Entretanto, por natureza, a pesquisa
descritiva não pode alcançar as
metas de controle e explicação.
A pesquisa descritiva

Os métodos descritivos são amplamente usados para avaliar os tipos de


comportamento.

Existem três tipos básicos de métodos de pesquisa descritivos: estudos de


caso; observações e métodos de autorrelato e entrevistas.
ESTUDOS OBSERVACIONAIS

Dois tipos principais de técnicas observacionais são usadas em pesquisa:


observação participante e observação naturalista.
Na observação participante, o pesquisador está envolvido na situação.

Por exemplo: O psicólogo evolucionário e ecologista comportamental


humano Lawrence Sugiyama conduziu trabalhos de campo na Amazônia
equatorial, entre os povoados de Shiwiar, Achuar, Shuar e Zaparo.

Aqui, caçando com arco e flecha, ele conduz uma forma particularmente
ativa de observação participante.
Observação participante = Tipo de estudo
descritivo em que o pesquisador está envolvido na
situação.
Na observação naturalista, o observador é passivo, está à parte da situação
e não tenta modificar nem alterar o comportamento vigente.

Por Exemplo: Observação naturalista. Usando a observação naturalista, a


primatologista Jane Goodall observa uma família de chimpanzés.

Os animais tendem mais a agir de forma natural em seus habitats nativos do


que em cativeiro.
Observação naturalista = Tipo de estudo descritivo em que o
pesquisador é um observador passivo, separado da situação
e atento a qualquer alteração ou mudança contínua no
comportamento.
CODIFICAÇÃO

Essas técnicas observacionais envolvem a avaliação


sistemática e codificação do comportamento manifesto.
Suponha que você ouviu falar de uma pessoa que enviava mensagens de texto enquanto caminhava, acabou
tropeçando no meio-fio e morreu atropelada por um caminhão que estava passando.

Você então desenvolve a hipótese de que usar o celular ao caminhar pode prejudicar a caminhada. Do ponto de
vista operacional, como você define “prejudicar a caminhada”?

Depois de definir seus termos, você tem que codificar as formas de comportamento que irá observar. A sua
codificação poderia envolver avaliações subjetivas escritas (p. ex., “Ele quase foi atingido por um carro
enquanto andava no meio do trânsito”). Alternativamente, a sua codificação poderia usar categorias predefinidas
(p. ex., “1. Andou devagar”; “2. Andou no meio do trânsito”; “3. Tropeçou”).

Após registrar seus dados, você poderia criar um índice de comportamento de caminhada comprometida
adicionando as frequências de cada categoria codificada.

Então, poderia comparar o número total de comportamentos codificados quando as pessoas estavam ou não
usando celular. Estudos como esses demostraram que o uso de celular compromete a habilidade de caminhar
(Schwebel et al., 2012; Stavrinos, Byington, & Schwedel, 2011). Os acidentes com pedestres – nem to- dos
envolvendo celular – matam mais de 500 estudantes universitários por ano e lesam mais de 12 mil (National
Highway Traffic Safety Administration, 2012b).
Reatividade
Fenômeno que ocorre quando o conhecimento de que alguém está sendo observado altera o
comportamento observado.

Ao conduzir uma pesquisa observacional, os cientistas devem considerar a questão decisiva:


se o observador deve permanecer visível.

Nesse caso, a preocupação é a possibilidade de a presença do observador alterar o


comportamento que está sendo observado. Esse tipo de alteração é chamado reatividade.

As pessoas podem se sentir compelidas a passar uma impressão positiva ao observador, então
podem agir de modo diferente quando acreditam que estão sendo observadas.
Reatividade
A reatividade afetou uma série (atualmente famosa) de estudos sobre as condições do
local de trabalho e a produtividade.

De modo específico, os pesquisadores manipularam as condições de trabalho e, em


seguida, observaram o comportamento dos funcionários na Hawthorne Works, uma
fábrica de manufatura da Western Electric, localizada em Cicero, Illinois (EUA), entre
1924 e 1933 (Olson, Hogan, & Santos, 2006; Roethlisberger, & Dickson, 1939).

As condições incluíram diferentes níveis de iluminação, pagamento de incentivos e


esquemas de intervalo diferentes. A principal variável dependente foi o tempo que os
funcionários demoraram para concluir algumas tarefas.
Reatividade
No decorrer dos estudos, os funcionários sabiam que estavam sendo observados.

Devido a essa consciência, eles respondiam às alterações em suas condições de


trabalho aumentando a produtividade.

Eles não aceleraram de modo contínuo no decorrer dos vários estudos e, em vez
disso, trabalharam mais rápido no começo de cada manipulação nova,
independentemente da natureza da manipulação (intervalo maior, intervalo
menor, uma entre várias modificações no sistema de pagamentos e assim por
diante).
Efeito Hawthorne

O efeito Hawthorne se refere às alterações comportamentais ocorridas


quando as pessoas sabem que estão sendo observadas por outros.
TENDENCIOSIDADE DO
OBSERVADOR
Tendenciosidade do observador = Erros sistemáticos de observação devidos às
expectativas do observador.

Ao conduzir uma pesquisa observacional, os cientistas devem se precaver contra a


tendenciosidade do observador.

Essa falha consiste em erros sistemáticos de observação decorrentes das expectativas


do observador.

A tendenciosidade do observador pode ser especialmente problemática quando as


normas culturais favorecem a inibição ou expressão de certos comportamentos.
EFEITO DA EXPECTATIVA DO
EXPERIMENTADOR
Efeito da expectativa do experimentador = Mudança real no
comportamento das pessoas ou de animais não humanos que estão sendo
observados, causada pelas expectativas do observador.

Há evidência de que as expectativas do observador podem até mesmo


alterar o comportamento observado.

Esse fenômeno é conhecido como efeito da expectativa do


experimentador.
O estudo de Rosenthal sobre os efeitos da
expectativa do experimentador
Em um estudo clássico conduzido pelo psicólogo social Robert Rosenthal,
estudantes universitários treinaram ratos para correr em um labirinto
(Rosenthal & Fode, 1963).

Foi dito à metade dos estudantes que seus ratos haviam sido reproduzidos
para ser bons corredores de labirinto.

Para a outra metade, foi dito que seus ratos haviam sido reproduzidos para
ter desempenho ruim na corrida no labirinto. Na realidade, não houve
diferenças genéticas entre os grupos de ratos.
O estudo de Rosenthal sobre os efeitos da
expectativa do experimentador
Mesmo assim, quando os estudantes acreditavam que estavam treinando
ratos que geneticamente eram mais rápidos no labirinto, suas cobaias
aprendiam as tarefas mais rapidamente!

Portanto, as expectativas desses estudantes alteravam o modo como eles


tratavam seus ratos.

Esse tratamento, por sua vez, influenciou a velocidade da aprendizagem dos


animais. Os estudantes não tinham consciência do tratamento tendencioso
que estavam promovendo, mas ele ocorria.
O estudo de Rosenthal sobre os efeitos da
expectativa do experimentador

Talvez os estudantes fornecessem comida extra quando os ratos atingiam a


caixa-alvo, no final do labirinto.

Ou, ainda, podem ter fornecido aos ratos indícios não intencionais do
caminho de volta pelo labirinto.

Eles simplesmente podem ter tocado os ratos com mais frequência.


O estudo de Rosenthal sobre os efeitos da
expectativa do experimentador

Como os pesquisadores se protegem contra os efeitos da expectativa do


experimentador?

É melhor se o indivíduo que conduz a pesquisa estiver cego (ou


inconsciente) para as hipóteses do estudo.
O estudo de Rosenthal sobre os efeitos da
expectativa do experimentador
Exemplificando, o estudo que acabamos de descrever aparente- mente era
sobre a velocidade com que ratos aprendem a percorrer um labirinto. Em vez
disso, o delineamento foi feito para estudar os efeitos da expectativa do
experimentador. Os estudantes acreditavam que eram os “experimentadores”
do estudo, mas na verdade eram os participantes. O trabalho deles com os
ratos foi o tema (e não o método) do estudo. Portanto, os estudantes foram
levados a esperar determinados resultados, porque isso permitiria que os
pesquisadores determinassem se as expectativas dos universitários iriam afetar
os resultados do treinamento dos ratos.
Ética em pesquisa

COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA (CEPs). Para garantir a saúde e o


bem-estar de todos os participantes do estudo, existem diretrizes rigorosas
para a pesquisa. Essas diretrizes são compartilhadas por todos os locais onde
pesquisas são conduzidas, incluindo escolas de ensino médio, universidades
e institutos de pesquisa.

Os Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) são os guardiões das diretrizes.


Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) = Grupos de pessoas
responsáveis pela revisão da pesquisa proposta com o intuito de
garantir que atenda aos padrões científicos aceitos e promova o bem-
estar físico e emocional dos participantes da pesquisa.
Comitês de Ética em Pesquisa
Convocados em escolas e outras instituições onde pesquisas são conduzidas, os CEPs
consistem em administradores, consultores legais, acadêmicos treinados e membros da
comunidade.

O propósito do CEP é revisar toda a pesquisa proposta a fim de garantir que atenda aos
padrões científicos e éticos para proteger a segurança e o bem-estar dos participantes. A
maioria dos periódicos científicos atuais exige que seja comprovada a aprovação do
CEP antes de publicar os resultados da pesquisa.

Quatro aspectos essenciais são abordados no processo de aprovação do CEP:


privacidade, riscos relativos, consentimento informado e acesso aos dados.
Pesquisas com animais

SAÚDE E BEM-ESTAR. A pesquisa


com animais deve ser sempre conduzida INTEGRIDADE. Os animais não
considerando a saúde e o bem-estar dos são usados para estudar os aspectos
animais. da condição humana por serem
diferentes de nós.
SAÚDE E BEM-ESTAR
Leis federais regulam os cuidados e o uso de animais em pesquisa, e essas ordens são rigorosamente aplicadas.
Um sistema de prestação de contas e relatos é estabelecido para todas as instituições que conduzem pesquisas
usando animais. Aqueles que violam as ordens são impedidos de realizar novas pesquisas.
Todas as faculdades, universidades e instituições de pesquisa que conduzem pesquisa com animais vertebrados
devem ter uma Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA). Essa comissão é como um conselho revisor
institucional (já discutido), mas avalia propostas de pesquisa com animais.
Além dos cientistas e não cientistas, cada EUA inclui um médico veterinário certificado que deve rever cada
proposta, a fim de garantir que os animais usados na pesquisa sejam tratados de modo adequado antes, durante a
após o estudo. Os estabelecimentos de pesquisa devem estar de acordo com os padrões da CEUA. Os
estabelecimentos passam por inspeções agenda- das e não agendadas (surpresa).
A falta de complacência pode resultar na suspensão ou no encerramento da pesquisa e do apoio financeiro, em
multas e até em retenção temporária na cadeia.
INTEGRIDADE
Entretanto, algumas espécies compartilham similaridades com os humanos, e isso as torna bons
“modelos” de determinados comportamentos ou condições humanas particulares.

Exemplificando, o cérebro humano tem uma região chamada hipocampo, e as pessoas com dano
nessa região sofrem perda de memória.

Seria antiético os pesquisadores reproduzirem o dano hipocampal nas pessoas como uma tentativa de
descobrir tratamentos para a perda de memória. Entretanto, muitos animais também têm hipocampo e
exibem tipos similares de perda de memória quando sofrem dano nessa região.

Como forma de ajudar os seres humanos, pesquisadores podem considerar necessário conduzir
pesquisas usando animais. Por exemplo, os cientistas podem danificar ou “desligar” temporariamente
o hipocampo em ratos ou camundongos, com o objetivo de testar tratamentos que possam ajudar a
reverter a resultante perda de memória.
INTEGRIDADE

Outro modelo de experimentação animal valioso é o de camundongo


transgênico. Os camundongos transgênicos têm sido produzidos
manipulando genes em embriões murinos em desenvolvimento (p. ex.,
inserindo fitas de DNA estranho nos genes).

Estudar o comportamento de camundongos com alterações específicas per-


mite que os cientistas descubram o papel exercido pelos genes em
comportamentos e doenças
OBSERVAÇÃO
Segundo Lakatos & Marconi(1992), a observação direta intensiva é um tipo
de observação que "[...] utiliza os sentidos na obtenção de determinados
aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também
examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar".
O que é Observação?
Técnica de coleta de dados, que não consiste em apenas ver ou ouvir, mas em examinar
fatos ou fenômenos que se desejam estudar, elemento básico de investigação científica,
utilizado na pesquisa de campo como abordagem qualitativa, podendo ser utilizada na
pesquisa conjugada a outras técnicas ou de forma exclusiva.

Auxilia o pesquisador na identificação e a obtenção de provas a respeito de objetivos sobre


os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento, sujeita o
pesquisador a um contato mais direto com a realidade.

O grau de participação do observador é muito relevante, bem como a duração das


observações, sendo imprescindível planejar o que e como observar.
O que é Observação?

Também chamada de estudo naturalista ou etnográfico em que o


pesquisador freqüenta os locais onde os fenômenos ocorrem naturalmente.
(Fiorentini e Lorenzato)

Enquanto procedimento científico e para que a pesquisa seja confiável deve


servir a um objetivo formulado de pesquisa, sendo sistematicamente
planejada e submetida a verificação e controle de validade e precisão.
Observação
Vantagens:
Possibilita elementos para delimitação de problemas; Desvantagens:
Favorece a construção de hipóteses; Presença do pesquisador pode provocar alterações no comportamento dos
observados, destruindo a espontaneidade dos mesmos e produzindo
Aproxima-se das perspectivas dos sujeitos; resultados pouco confiáveis, por poder provocar alterações no
comportamento do grupo observado;
Útil para descobrir aspectos novos de um problema;
O observado tende a criar impressões favoráveis ou desfavoráveis no
Obtenção de dados sem interferir no grupo estudado. pesquisador, favorecendo a interpretação pessoal - juízo de valor;
Uma visão distorcida pode ser gerada pelo envolvimento levando a uma
Permite a coleta de dados em situações de comunicação representação parcial da realidade;
impossíveis;
Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do pesquisador;
Apresenta meio direto e satisfatório para estudar uma ampla
A duração dos acontecimentos é variável dificultando a coleta de dados;
variedade de fenômenos;
Vários aspectos da vida cotidiana, particular podem não ser acessíveis ao
Exige menos do observador do que outras técnicas; pesquisador.

Depende menos da introspecção ou da reflexão; Se não forem bem organizados os registros podem depender apenas da
memória do observador para serem resgatados, vindo a gerar grande
Permite a evidência de dados não constantes do roteiro de interpretação subjetiva ou parcial do fenômeno estudado.
entrevistas ou de questionários.
As observações possuem várias modalidades de
acordo com as circunstâncias
Segundo os meios utilizados

Observação não estruturada (Assistemática, espontânea, informal,


ordinária, simples, livre, ocasional, acidental): consiste em recolher e
registrar fatos da realidade sem que o pesquisador utilize meios técnicos
especiais;

Observação estruturada (Sistemática, planejada, controlada): utiliza


instrumentos para a coleta de dados ou fenômenos observados. O
observador sabe o que procura e o que carece de importância.
Segundo a participação do observador

Observação não-participante: o observador não se integra à comunidade


observada;

Observação participante: O observador se incorpora ao grupo, confunde-


se com ele.
Segundo o número de observações

Observação individual

Observação em equipe
Segundo o lugar onde se realiza

Observação efetuada na vida real (trabalho de campo)

Observação efetuada em laboratório


Tipos de Observação
Observação documental

Observação assistemática

Observação direta extensiva (mostra, questionário, enquete)

Observação direta intensiva (entrevista, teste de atitudes)

Observação participante

Observação em equipe

Observação em laboratório

Observação individual

Observação na vida real

Observação não-participante

Observação sistemática
Observação Participante

Como a observação participante, por sua própria natureza, tende a adotar


formas não estruturadas, pode-se adotar a seguinte classificação, que combina
os dois critérios considerados:

a) Observação simples;

b) Observação participante;

c) Observação sistemática.
a) Observação Simples

O pesquisador permanece alheio à comunidade, grupo ou situação que pretende


estudar, observando de maneira espontânea os fatos que aí ocorrem.

Neste procedimento o pesquisador é muito mais um espectador que um ator.


A observação simples é indicada, principalmente, para estudos
qualitativos de caráter exploratório (levantamento).

Vantagens da observação simples: Limitações da observação simples:

Possibilita a obtenção de elementos para a É canalizada pelos gostos e afeições do


definição do problema de pesquisa; pesquisador. Muitas vezes sua atenção é
desviada para o lado pitoresco, exótico ou raro
Favorece a construção de hipóteses acerca do do fenômeno;
problema pesquisador;
O registro das observações depende,
Facilita a obtenção de dados sem produzir freqüentemente, da memória do investigador;
querelas ou suspeitas nos membros das
comunidades, grupos ou instituições que Dá ampla margem à interpretação subjetiva e
estão sendo estudadas. parcial do fenômeno estudado.
Itens que devem ser considerados para os pesquisadores em uma
observação simples

os sujeitos. Quem são os participantes? Quantos são? A que sexo pertencem?


Quais são suas idades? Como se vestem? Que adornos utilizam? O que os
movimentos de seu corpo expressão?

o cenário. Onde as pessoas se situam? Quais são as características desse


local? Com que sistema social pode ser identificado?

comportamento social. O que realmente ocorre em termos sociais? Como as


pessoas se relacionam? De que modo o fazem? Que linguagem utilizam?
Interpretação dos dados da observação simples

Que significado atribui os dados coletados por meio da observação simples?

Cuidados necessários do pesquisador

ele deve estar dotado de conhecimentos prévios acerca da cultura do grupo


que pretende observar.
b) Observação participante
Consiste na participação real do pesquisador na vida da comunidade, do grupo
ou de uma situação determinada.

O observador assume, pelo menos até certo ponto, o papel de membro do


grupo.

Daí se dizer que por meio da observação participante se pode chegar ao


conhecimento da vida de um grupo a partir do interior dele mesmo.

Foi introduzida pelos antropólogos no estudo das chamadas “sociedades


primitivas”.
b) Observação participante
Pode ser de duas formas distintas:

Natural (quando o observador é parte do grupo que investiga);

Artificial (quando o observador se integra ao grupo com o objetivo de realizar a


investigação).

No caso da observação participante, o pesquisador deve decidir se revelará que está


observando o grupo ou não. Nos dois casos o pesquisador terá que ter cuidados e
atenção para não tornar sua pesquisa tendenciosa.
Vantagens da Observação participante:
Desvantagens da Observação participante:
Facilita o rápido acesso a dados sobre
situações habituais em que os membros Restrições. Pode significar uma visão
das comunidades se encontram parcial do objeto estudado;
envolvidos;
Desconfiança do grupo investigado em
Possibilita o acesso a dados que a relação ao pesquisador;
comunidade ou grupo considera de
domínio privado;

Possibilita captar as palavras de


esclarecimento que acompanham o
comportamento dos observados.
c) Observação sistemática ou registro
de Bales (1950)
É utilizada em pesquisas que têm como objetivo a descrição precisa dos fenômenos
ou o teste de hipóteses;

Pode ocorrer em situações de campo ou de laboratório;

Antes da coleta de dados, o pesquisador elabora um plano específico para a


organização e registro das informações. Isto implica em estabelecer,
antecipadamente, as categorias necessárias à análise da situação.

Para que as categorias sejam estabelecidas adequadamente, é conveniente que o


pesquisador realize um estudo exploratório, ou mesmo estudos dirigidos à construção
dos instrumentos para registro dos dados.
Área Tarefa (Neutra):

Dá sugestão e orientação, supondo


autonomia do outro

Reações positivas: Dá opinião, avalia e analisa Reações negativas:

Mostra solidariedade, eleva o Dá orientação, informa, repete e Discorda, mostra rejeição


status do outro, dá ajuda, esclarece passiva, formalidade, recusa
prêmio ajuda
Pede orientação, informação,
Mostra alívio de tensão, repetição Mostra tensão, pede ajuda,
brinca, ri, mostra satisfação afasta-se do campo
Pede opinião, avaliação, análise,
Concorda, mostra aceitação expressão de sentimento Mostra antagonismo, reduz
passiva, compreende, apóia, o status do outro, defende-
submete-se Pede sugestão, orientação, se, afirma-se
maneiras possíveis de ação
Observação sistemática: limitações

O pesquisador está impossibilitado de ocultar a realização da pesquisa;

Tem que ter tempo e preparação prévia das categorias a serem analisadas
Observação sistemática: vantagens

Facilidade na análise do material coletado.


Critérios de registro
Quanto mais próximo do momento da observação, maior sua acuidade.

A forma de registro estará diretamente relacionada com o papel do pesquisador em


relação ao grupo observado.

Importante deixar bem visível as diferentes informações: as falas, as citações e as


observações pessoais. Dica: mudar de parágrafo a cada nova situação.

Utilização de vários meio de registro

Toda observação deve conter uma parte descritiva e uma parte reflexiva.
Como proceder
Conhecimento prévio do que observar antes de iniciar o processo de observação, procure examinar o
local.

Determine que tipo de fenômenos merecerão registros.

Crie, com antecedência, uma espécie de lista ou mapa de registro de fenômenos.

Procure estipular algumas categorias dignas de observação.

Esteja preparado para o registro de fenômenos que surjam durante a observação, que não eram esperados
no seu planejamento.

Para realizar registros iconográficos (fotografias, filmes, vídeos etc.), caso o objeto de sua observação
sejam indivíduos ou grupos de pessoas, prepare-os para tal ação. Eles não devem ser pegos de surpresa.

O relatório deve ser feito o mais cedo possível, relatando o que foi observado nos momentos mais
significativos.

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