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O PENSAMENTO CIENTÍFICO

A forma como uma pessoa vê o mundo afeta o tipo de pergunta que ela faz e o que ela
aceita como explicação. Devido à percepção seletiva e ao condicionamento, as pessoas
analisam os problemas de forma diferenciada.

O senso critico e o senso comum

Os seres humanos sempre buscaram alguma forma para tentar entender ou explicar
algum fato ou a realidade. O senso comum talvez seja uma das primeiras formas, é claro
que sofrendo influências da utilização da tradição e do bom senso. Porém, ressalta-se
que essa forma de conhecer o mundo é muito importante, já que sem ela, não pode- se
solucionar problemas, mesmo os pequenos do dia a dia.

Qualquer pessoa pode fazer afirmações sobre determinado fato baseando-se apenas no
seu conhecimento prévio, por exemplo, sobre a violência, mas somente aqueles que
empregam métodos científicos estão aptos para encontrar a origem real deste fenômeno,
ou seja, o conhecimento vulgar ou senso comum é a maneira de conhecer de forma
superficial, por informações ou por experiência casual.

Constata-se que o conhecimento oriundo do senso comum é desenvolvido


principalmente por intermédio dos sentidos e não tem a intenção de ser profundo,
sistemático e infalível.

Usualmente é adquirido por acaso, ou pelas tradições ou transmitido de geração para


geração, não passando pelo crivo dos postulados metodológicos. É adquirido sim
independentemente de estudos, de pesquisas, de reflexões ou de aplicações de métodos.
Entretanto, pode tornar-se cientifico, desde que passe pelas exigências dos pares de uma
comunidade científica.

Ele pode também adquirir o status de conhecimento cientifico, pois consiste na base
fundamental do conhecer, e já existia muito antes do ser humano imaginar a
possibilidade da existência da ciência.

Dentre as características do conhecimento popular/empírico estão, segundo Lakatos:


(2000):

• Superficial: conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar


simplesmente estando junto das coisas.

• Sensitivo: refere-se às vivencias, aos estados de animo e as emoções da vida diária da


pessoa. Essas vivencias não são plausíveis de comprovação e de mensuração.

• Subjetivo: é o próprio sujeito que organiza suas experiências e seus conhecimentos;

• Assistemático: a organização da experiência não visa a uma sistematização das ideias


da forma de adquiri-las nem a tentativa de validá-las.
Por fim, no senso comum, o homem conhece o fato e a sua ordem aparente, sem
explicações de ordem sistemática, metodológica, mas pela experiência, pelo costume e
pelo habito.

Diferentemente, o conhecimento cientifico ultrapassa os limites do conhecimento do


senso comum, na medida em que procura evidenciar, além do próprio fenômeno, as
causas e a lógica de sua ocorrência. Procura-se, na verdade, estabelecer princípios,
conceitos e leis, que permitam explicar as razões da ocorrência de um determinado
fenômeno.

Logo, após serem repetidas varias vezes, pelo raciocínio humano, essas razões tornam-
se verdadeiras axiomáticas, incontestáveis. Consiste também no conhecimento do real
(factual) porque lida com as ocorrências ou fatos, isto é, com toda a forma de existência
que se manifesta de algum modo.

Fontes de conhecimento

As fontes de conhecimento vão desde opiniões não testadas até estilos de pensamento
altamente sistemáticos. No cotidiano dos sujeitos, raramente se pensa em como
“sabemos” alguma coisa ou onde esse conhecimento teve origem. Por longos e longos
anos, os pesquisadores tentam descobrir como sabemos.

No processo desta descoberta, eles dependem da capacidade de discernir entre as fontes


de informação. Assim sendo, os pesquisadores devem identificar as fontes de alta
qualidade e alto valor que vão produzir os melhores resultados para uma determinada
situação ou decisão enfrentada pela gerencia.

Dentre as diferentes fontes de conhecimento, Cooper & Shindler (2009), destacam as


seguintes:

• Opinião não testada;

• Método da autoridade;

• Literário;

• Método cientifico;

• Postulacional.

A seguir, destacam-se as principais características de cada uma destas fontes do


conhecimento.

a) Opiniões não testadas

Constituem-se naquelas opiniões não testadas, apesar de provas em contrario.


Historicamente, o mito, a superstição e a intuição sempre foram sérios concorrentes para
o pensamento cientifico.
Constata-se que os administradores não podem contar com a opinião não testada para
melhorar sua compreensão da realidade, muito embora a natureza humana indique que
eles devem estar preparados para competir com seu uso pelos contemporâneos ao buscar
soluções para problemas administrativos.

b) Método da autoridade

Muitas vezes, os sujeitos baseiam-se em pessoas com autoridade para aumentar a


confiança no conhecimento. As autoridades atuam como fontes importantes de
conhecimento, mas devem ser julgadas pela integridade, pela qualidade das provas que
apresentam e por sua disposição de apresentar um caso aberto e equilibrado. Com
frequência, a autoridade pode depender mais da posição do que da especialidade da
pessoa. Tais autoridades celebres, quando agem fora de sua área de especialização,
normalmente cometem equívocos. Consiste, então, uma atitude inteligente aceitar com
cautela a visão dessas fontes. Mesmo autoridades que atendam aos padrões de
integridade, prova de qualidade e equilíbrio podem ter seu conhecimento mal aplicado.

c) Literário

O estilo literário de pensamento é utilizado em muitos estudos de caso clássicos nas


ciências sociais. O estudo de caso, então, desempenha um papel importante no
desenvolvimento do conhecimento empresarial.

A perspectiva literária diz que uma pessoa, um movimento ou toda uma cultura podem
ser interpretados, mas muito mais em termos e propósitos especificados e perspectivas
dos atores do que em termos de categorias abstratas e gerais do esquema auto
explanatório dos cientistas.

Conforme explicam Cooper & Shindler (2009), como torna-se difícil generalizar a partir
de estudos de casos individuais, o estilo literário de pensamento restringe a capacidade
do pesquisador de derivar conhecimento ou verdades geralmente aplicáveis.

d) Método cientifico

Através do método cientifico, preconiza-se:

• Observação direta do fenômeno;

• Variáveis, métodos e procedimentos claramente definidos;

• Hipóteses empiricamente testáveis;

• Capacidade de excluir hipóteses contraria;

• Justificativa das conclusões de forma estatística, e não linguística;

• Processo de autocorreção.
Atualmente, constata-se que os métodos científicos atuais unem os melhores aspectos
da lógica da abordagem racional com os aspectos observacionais da orientação empírica
em uma perspectiva coesa e sistemática.

e) Postulacional

As pesquisas na área de operações e marketing são frequentemente postulacionais. Por


exemplo, muitas empresas fazem simulações computadorizadas de seus mercados antes
do lançamento de um produto. Tais simulações podem examinar diferentes níveis de
preço ou níveis de produção planejados para otimizar a lucratividade.

O objetivo desta perspectiva consiste em reduzir o objeto de estudo a termos


matemáticos e formais. Tais termos, conhecidos como postulados, são usados para gerar
teoremas que representam formas lógicas. O objetivo então consiste em gerar um
modelo matemático que possa responder por qualquer fenômeno que tenha uma forma
similar.

Com base nestas diferentes perspectivas, conclui-se que não pode-se considerar uma
melhor do que a outra, mas sim que existem perspectivas preferidas a partir das quais
pode-se ver a realidade ou fazer ciência.

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