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MELLO, José Octávio de Arruda cootd.
“| Capítulos de História da Paraíba.
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| Campina Grande, Grafset, 1987.
| 660p.
guns Ros id e ê portugueses. Para tornar o nome mais
m a Tibua aos Potiguara o fato de terem comido o bispo Sardinha,
je isto se deu em outra praia brasileira.
a. como or ainda hoje a Baía da Traição faz jus a seu nome. Só que há
empo os índios Potiguara deixaram de ser os traidores, se é que algum dia os
fi u mente, os traídos são eles, e os traidores os brasileiros. A última traição
ndo o Governo brasileiro, pelo Decreto nº 89.256, de 28 de dezembro
juziu o território potiguara em 13.500 hectares, que foram entregues
S, usineiros e industriais. Enquanto isto, mais de mil índios ficaram sem
| a sua subsistência, fato que nunca será aceito pelos Potiguara.
PRIMEIRA GUERRA
S AIÇ ÃO.
TICOS comprovam a presença ininterrupta dos Po-
cio do Século XVI. O cronista Fernão Car-
m. | Não é sem motivo que o autor do Semério os
guerreiro gentio do Brasil, tanto que só os Potiguara são
gentio que há do Paraíba a São Vicente”.
CEM MIL ÍNDIOS
m que se render, mas não acabaram como Povo, conforme atesta um
mento de 1601, segundo o qual havia quatorze mil índios Potiguara assitidos
pelos franciscanos, e isto somente na Paraíba. Milhares de outros Potiguara não
ram assistidos pelos padres e outros tantos milhares viviam fora da Paraíba. Hoje é
kifícil calcular a sua população no Século XVI, mas com base nos dados acima, e
sabendo que ocupavam todo o litoral, de João Pessoa até São Luís do Maranhão,
É: uma penetração de 20 léguas (120km) para o interior, podemos trangiiilamente
| admitir que então eram mais de cem mil pessoas. E parte deste imensa Nação ficou
* sempre na Baía da Traição, onde em 1625 se tornaram aliados dos holandeses na
luta conta os portugueses. Naquele ano, os holandeses levaram a seu país alguns Po-
a saber dois do Ceará e quatro da Baía da Traição. Entre estes estava o co-
nhecido Pedro Poty, que voltou em 1630 e depois se tornou regente das aldéias da
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E Felizmente, também não há mais necessidade destes documentos de doação,
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porque há provas posteriores de que a sesmaria da Baía da Traição foi oficialmente
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demarcada por ordem do Governo Imperial. Do trabalho de demarcação das terras
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indígenas na Paraíba foi encarregado o engenheiro Gonçalves da Justa Araújo, que
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inicialmente concluiu a demarcação das terras da Jacoca (Conde), onde 57 famílias
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indígenas receberam lotes individuais. Informa que depois disto concluiu “a medição
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e demarcação do PERÍMETRO da sesmaria dos índios de Monte-mór”, que era de
28.189.073 braças quadradas, e em 5 de novembro de 1866, “a demarcação do PE-
RÍMETRO da sesmaria dos índios de São Miguel da Bafa da Traição, onde mede...
uma área de 46.344.325 braças quadradas...””. Só depois disto voltou a Monte-mór
onde em 6 de novembro principiei a demarcação das posses dos índios de Monte-
mór, tendo até hoje medido 150 posses para os fndios...”.
Graças a esta intervenção a venda não se concretizou, mas alertou o SPI so-
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| bre a existência dos Potiguara, conforme atestam dois relatórios que foram feitos
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- pu ic; ido no Diário Oficial de 28 de outubro de 1925 e no qual ele apresenta um le-
vantamento demográfico das aldéias por ele visitadas.
RECONHECIMENTO
1e, exibi ndo é Escrituras graciosas e outros a Doc ridículos, se dizem Soda
as t ras, não permitindo nem sequer que o Índio faça uso da caçada”. Anexa uma
e ação nominal dos principais invasores, entre os quais é citada duas vezes a Com-
anhia de Tecidos Rio Tinto. No decorrer dos anos, seguem-se inúmeros outros do-
cumentos do SPI tratando da usurpação do território potiguara por não-índios.
Ão que tudo indica, não faltou ao SPI a vontade de resolver o problema fun-
diário dos índios, mas apenas o poder político, de modo que nada estava resolvido
quando, em 1967, o órgão foi substituído pela Fundação Nacional do Índio (FU-
| NAD. Mas os documentos da época mostram claramente: 1 - que as autoridades fe-
derais e estaduais não questionavam a identidade indígena dos Potiguara; 2 - que de
1822 até hoje, ou seja, que mesmo após a Independência do Brasl, sempre ocuparam
ininterruptamente a antiga sesmaria da Bafa da Traição, em regime de propriedade
coletiva; 3 - que desde a administração pela SPI, inúmeros invasores foram citados
nominalmente, muitos dos quais continuam até hoje, destacndo-se entre eles a Com-
panhia de Tecidos Rio Tinto; 4 - que já então, a questão territorial envolvia a políti-
ca regional. Daí porque um documento de 1954 informa que “a questão das terras
do Posto - da Baía da Traição - é de dificílima solução, porque envolve interesses da
poderosa Fábrica de Tecidos Rio Tinto, de vizinhos com sítios já formados e da ne-
fasta política regional, chefiada pelos irmãos Fernandes, respectivamente Governa-
dor e Secretário de Agricultura do Estado da Paraíba... - que - aparentando serem
amigos dos índios, davam mão forte âqueles que faziam guerra contra o SPT”.
Nada mudou após 1967, quando a FUNAI substituiu o SPI. Antes pelo con-
trário a situação piorou ainda mais.
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lassificar seres humanos, com os fndios.
MAIS RIDÍCULO
Porém, o ridículo não termina af. Há quem considere Índios somente aqueles
—* que andam nus, e caçam com arco e flecha, os “selvagens”, “primitivos”. E como os
Potiguara andam vestidos, caçam com espingardas, dirigem carro, olham TV, jogam
futebol e fazem outras tantas coisas que também os brasileiros copiaram de outros
povos, por isso eles não são mais considerados índios, mas os brasileiros continuam
a se considerar brasleiros! Acham que só eles têm o direito de renovar a sua cultura,
de introduzir novidades tecnológicas e ideológicas estrangeiras. Aos Potiguara - €
aos outros índios - isto é proibido sob pena de serem desqualificados como índios,
sob pena de serem emancipados compulsoriamente. A eles é negado o direito de be-
ber coca-cola comer hamburgers, ouvir hits, vestir jeans, aplicar dinheiro no
open ou no overnight, pagar com cheque, freqiientar a discoteca, praticar surf,
ou jogar tênis, ou de adotar outros tantos traços culturais tipicamente “brasileiros”.
Saibam estas pessoas que não existe uma “cultura indígena”, comum a todos
os índios das Américas ou do Brasl, mas que existem as mais variadas culturas indií-
genas. E como cultura é aquilo que um povo faz, tem e pensa, a cultura potiguara é
aquilo que eles, hoje, fazem, têm e pensam, e não aquilo que seus antepassados, 434
anos atrás, faziam, tinham e pensavam. Que hoje muito disto seja igual ao que os
brasileiros e tantos outros povos estrangeiros fazem, têm e pensam, não é mera
coincidência. Muitos dos seus atuais traços culturais lhes foram impostos, ao mesmo
tempo que lhes foi proibido viver de acordo com os seus próprios valores culturais.
À sua religião foi proibida pelos padres, que também acabaram com suas regras
matrimoniais, com suas festas e cerimônias e com outras tantas coisas mais. Obri-
garam os Potiguara a usar roupas, a morar em casas pequenas, a exercer novas ati-
vidades econômicas e deixar de lado atividades tradicionais. Proibiram-lhes de es-
colher os seus líderes e tiveram que obedecer a líderes biônicos, nomeados pelo rei
de Portugal, pelo Imperador, pelo SPI, ou, atualmente, pela FUNAI. Enfim, durante
séculos os portugueses e brasileiros eliminaram a sua cultura, através de proibições e
imposições, e agora dizem cinicamente que os Potiguara não são mais índios porque
não têm mai cultura indígena!
DESCENDENTES
i Saibam, portanto, todos os brasileiros, que os Potiguaras são índios, porque
"sabem que são os descendentes diretos dos índios Potiguara que aqui, nesta mesma
"Baía da Traição, viviam já antes da chegada dos
colonizadores portugueses. Nunca
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sua identidade potigPotig uara, nunca repudiaram as suas origens, nun-
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