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ranii. As posses iniciais, nessa área, são feitas pelos ricos e po- bijú e Itaiacoca. Os herdeiros da "defunta Dona AntÔniaw
derosos habitantes de São Paulo, Santos, Paranaguá, não co- eram detentores de seis fazendas, cujas terras iam desde
Palmeira até Ponta Grossa, Papagaios, Cancela, Butuquara,
mo um meio para transladar-se uma sociedade inteira, mas Porcos de Cima, Lago e Santa C r u . O Sargento-Mor Cristo-
simplesmente como um negócio a ser explorado comercial- vão Pinheiro de França, residente em Paranaguá, tinha qua-
mente, tendo em vista o abastecimento de São Paulo e, prin- tro, Santo Amaro, Tabor, em Castro, e Canguiri e Porcos de
cipalmente, das regiões mineradoras do século XVIIi. Esses Baixo, perto de Palmeira. O Convento do Camo, de Itú, pos-
proprietários sempre foram absenteistas, e as primeiras fa- suia cinco fazendas, cujas terras iam desde Campo Largo até
zendas são fundadas A margem do caminho que de Curitiba Palmeira, os Carlos, São Luiz, Capáo Redondo, Conceição do
ia para Sorocaba e São Paulo. O abastecimento de Curitiba Tarnanauá e SantPAna.Nestas sesmarias, os frades de ItÚ,
vinha de seus próprios arredores. Pela estrada de São Paulo, possuiam 4.000 cabeças de gado vacum, 200 éguas, 200 ove-
os fazendeiros mandavm conduzir suas boiadas para São lhas, 40 escravos, e tudo tinha um valor superior a 80.000
Paulo, Minas e Rio. cruzados (3). Em 1775, os jesuitas possuiam, também, uma
Para fundar uma fazenda ao longo dessa estrada, o em- grande área de terras nos Campos Gerais, "quase dez léguas
preendedor mandava um seu preposto, com alguns escravos, de terras próprias, cujo solo ainda que atualrnente inculto,
tomar posse das terras, para onde conduziam algumas cabe- na sua maior parte, é fértil e apto para produzir todo o gê-
ças de gado. Depois, alegando essa posse, pedia a sesmaria. nero de frutos. Já têm diversos currais na fazenda de Curitiba
e na fazenda de Pitangui e, em ambos, 1 ,020 cavalos e 2.030
Entre 1725 e 1744, mais de noventa sesmarias foram re- cabeças de gado vacum, fonte principal de receita para o sus-
queridas, alegando ocupação anterior, por pessoas de Sáo tento do Colégio (de Parsuiaguá) . Trabalham nelas 40 es-
Paulo, Santos e Paranaguá. O número de requerentes dessas cravosw (4).
noventa e poucas sesmMas, que variavam de tamanho entre Eqses sesmeiros não se deslocavam com a farnilia, seus
4.000 a 8.000 alqueires paulistas, era muito menor do que o escravos e bens. A fazenda ficava sob a administração de um
próprio número das sesrnarias, o que quer dizer que a mesma capataz que tinha a denominação de "fazendeiro".
pessoa requeria mais de uma. Os nomes dos requerentes esta-
vam ligados aos velhos troncos paulistas do bandeirismo do A população e a produção dessas sesmarias ligavam-se
século anterior: Bartolomeu Pais de Abreu, José Gois de MO- apenas a São Paulo e, por intermédio dêste, aos centros con-
rais, Pinto Guedes, Toledo Lara, Morato, Taques, Teixeira de sumidores. Viviam completamente alheiados de Curitiba, em-
bora alguns dos seus donos fossem residentes em Paranaguá.
Azevedo, Castanho, Pedroso de Barros, Manuel .Gonçalves de
Aguiar e outros. e
(2) Arquivo Histórico Ultramarino Português - Copia fotostática
do Instituto Histórico Geográfico e Etnográfico Paranaense -
Num levantamento, procedido em 1772, das fazendas do
doc. nOs. 1056 e 1057.
Paraná, foram recenseadas vinte nove grandes fazendas, des- (3) Arquivo Histórico Ultramarino Português - Copia fotostá-
de o rio Pitangui, hoje município de Ponta Grossa, até o rio tica do Instituto Histórico Geográfico e Etnográfico Paranaense
- doc. n.O 368.
( I ) F. J. Oliveira Viana - mPopulaçõesMeridionais do Brasil" - (4) Citado pelo P. Serafim Leite, "Hfstória da Companhia de Jesus
1.O vol. - 3 6 ed. - S. Paulo, 1933 - p. 101. no Brasil" - vol. VI - p. 455.
Contra essa situação de isolamento econômico, protes- convencê-los de que para êles só haveria vantagens em tra-
tava continuamente a Câmara de Curitiba. Numa queixa zer gado das Vacarias da Serra para os campos paranaenses,
,dirigida à Rainha,..em 1777, dizia a Câmara: 'f. .. sendo ta- onde os paulistas, donos das sesmarias, detinham o tnonopó-
das as fazendas principais, de homens que moram na cida- lio da criação do gado que abastecia as I\iiinas Gerais, onde um
de de São Paulo, vilas de Santos e Paranaguá, os quais as boi alcançava aitissimos preços, a troco de ouro em pó.
desfrutam por fazendem que nelas têm, sem resultar uti-
+ E que o Ouvidor de ~aranaguátinha pedido ao Rei a
lidade à terrap9(5). que a riqueza dos 1atifundiWos con- paraiizaçáo dos trabalhos da estrada, informando que ela pas-
trastava com a pobreza geral. Manuel Cardoso de Abreu que, sava pelas terras dos Tapes dos jesuitas, e que êsses índios po-
em 1777, percorreu a "estrada do Viamão", preparando recur- deriam invadir as próprias minas de ouro. Replicando à peti-
sos para a marcha dos seis xnil homens da Legião de São Paulo ção do magistrado, o Capitão General pôs a nú uma situaçáo
que ia para as guerras do sul, descreve a pobreza das popula- de interêsses dos latifundiários dos Cmpos Gerais: "Esse mi-
ções do Par=&, no seu "Divertimento Admiravel", copiando, nistro - diz o Capitão General Caldeira Pimentel, referindo-
aliás, neste Ponto, o "têrmo de vereança" da Câmara de C& se ao Ouvidor de Paranaguá, é casado com mulher natural
tiba, de 14 de maio de 1777: "os moradores da freguesia desta da Vila (de Paranaguá) , que nela tem irmãos, cunhados e
Vila (Curitiba) .. . além de não serem as terras muito fruti- grande roda de parentes.. . pelo dote de sua mulher, assim
feras, e porque não tem para que nem para onde dêm con- como os mais de seus parentes e vários outros moradores de
sumo ao fruto de suas lavouras, estão já no costume de plan- Paranaguá, tem currais de gado vacum e cavalar (nos Cam-
tarem tão sòmente quanto baste para o sustento de suas fa- pos Gerais) dos quais tira provimento. . . para a cidade de
mílias, porque sempre o que lhes sobra o perdem do bicho, São Paulo e vilas de sua comarca, por não haver em aquele
e se o aproveitam é só emprestando aos vizinhos que-o pre- governo outros alguns currais, e como com a introdução de
cisam, para o tornarem quando pedem, por este motivo já gados e cavaIgaduras pelo novo caminho entrarão dos cam-
estão no hábito de não fazerem esforços em grandes planta- pos do Rio Grande de São Pedro do Sul e Nova Colônia (do
ções, porque nunca disso resulta utilidade. Isto é falando Sacramento), hão de diminuir nos preços os gados e os ca-
daqueles moradores que têm modo e comunidade de o fazerem, valos (dos Campos Gerais), e este prejuízo proprio vem re-
porque uma grande parte deles, e talvez a maior, porque mo- buçado com o zelo de se evitarem os choques com os tapes" (7)
ram ài beira campo e terras menos aptas para lavouras, nem Toda essa história é referente h parte centro e norte dos
para o preciso se empenham nela, porque fazem vida a condu- Campos Gerais. Os campos que ficavam ao sul de Curitiba, e
zir congonhas para Paranaguá, onde as permutam pelo sal, tiveram como centro a cidade da Lapa, só foram apropriados
algodão e farinha, e tem o sal, e vestem o algodão, e se lar- muito mais tarde e em consequência, mesmo, do trânsito da
gassem dela pelo empenho da lavoura, s h , teriam milho e estrada do Viamão. Até pelo menos 1750, nenhuma sesrnaria
feijão para comer, mas sem o sal, e nús até do pobre algodão, tinha sido requerida nessa parte sul dos Campos Gerais (8).
pois não haveria quem Ihes desse pelo milho e feijão, e che-
gariam a ser mais miseráveis do que são" (6). U m tropeiro que passara em 1797, porém, já encontrou
aquêles campos povoados: "(A Freguesia da Lapa) tem mui-
A oposição entre a pobre população curitibana e as ricas ta gente, porém pobre; devendo-se atribuir que é pelo mau
fazendas dos Campos Gerais fica mais patente nos episódios método do seu governo e pela preguiça a que se abandonam;
da abertura da "estrada do Viamão". Os propriethrios das ses-
marias dos Campos Gerais opuseram-se à abertura dêsse ca- (7) Arquivo Histórico Ultramarino Português - Copia Fotostática
minho. Ao pedir a cooperação dos curitibanos para os traba- do Instituto Histórico Geográfico e Etnográfico Paranaense -
lhos da estrada, o Capitão General de São Paulo procurava doc. nP 624.
(8) "Sesmarias" - localização no mapa do Paraná das cartas de
(5) "Boletim do Arquivo Municipal de Curitibaw - vol. 31. sesmarias, feita pelo Engenheiro O. M. Dergint para o Depar-
(6) Arquivo Histórico Colonial Português - Fotocópia do Instituto tamento de Terras e Colonização do Estado do Paraná -
Histórico Geográfico e Etnográfico Paranaense - doc. n.0 254. (datilografado) Curitiba - 1941.
porquanto sendo uma passagem geral e frequente das tropas de a fundação de Curitiba, "ha cem anos atrk", os povoado-
de animais que se exportam do Rio Grande para Sáo Paulo, res dos campos iam estendendo-se até margens do Tibagi
podiam fazer, por uma parte, um pingue negocio, e por ou- e em direção da Serra dos Agudos, sem serem acometidm por
tro, utilizando-se da fertilidade de seus carnpos que são homo- indios, até o ano de 1760, em que êles fazem a sua primeira
geneos aos do Continente do Rio Grande, e proprios para aparição perante os criadores de gado. Parecia ao capitão que
-
criar toda especie de animais. .. teriam ou possuiriam muitas o que atraia a cobiça dos índios eram as ferramentas, do "que
estâncias" (9). No entanto, da "Relação das Fazendas de Curi- fazem maior apreço". Assaltaram em 1768 os carnpos da Fa-
tiba", documento acima citado, foram recenseados nos cam- zenda Monte Negro, na altura de Castro, mataram dois ho-
pos da Lapa, em 1772,nove grandes fazendas e doze "sítios". mens e roubarm a ferramenta, roupa e outros trastes (11) .
P que as fazendas ai só se desenvolveram no século XIX, como Ante a continuidade dêsses assaltos às fazendas dos "po-
informa Paula Gomes, em 1847, . .. o comércio (de muares
C4
vos moradores da fronteira que confina com os invios ser-
e cavalares) é consideravel na vila do Pnncipe (Lapa) por tões", a Câmara de Castro pediu providências ao govêrno, a
ser a primeira feira aquem da mata do Registro" (10). fixn de que com o auxilio das forças, o capitão mor da Vila fi-
Nem toda a extensão dos Campos Gerais estava coberta zesse estrada por Imbituva, "até chegar aos seus alojamentos,
pelos latifúndios. Na "Relação das Fazendas", de 1772,ao lado fazendo-os retirar para mais longe", e, para isso, os moradores
dos 29 latifiindios da parte norte dos Campos Gerais, existiam contribuiriam "com polvora, chumbo e mantimentos precisos"
10 sítios, pequenas propriedades realmente exploradas, ao lon- (12) *
go da estrada Curitiba-São Paulo. Na parte central, a mesma As providências vieram. O Príncipe Regente, em 1808,por
"Relação" assinala 12 grandes fazendas e 13 sitios. Em resu- Carta Régia, mandou reencetar as expedições a Guarapuava
mo, no ano de 1772, em toda a extensão dos Campos Gerais, A Carta Régia con-
e Tibagi, "que estão infestados de índiospp.
desde Itararé aos campos da Lapa, tendo por eixo a estrada tinha uma geral declaração de guerra "aos indios dos Campos
das tropas, existiam 50 grandes fazendas e 125 sítios. Gerais de Curitiba e de Guarapuava, assim como de todos os
Os ''sitios" eram pequenas propriedades perto dos povoa- terrenos que desaguam no Parmá e formam de outro lado
dos ou à beira da estrada. Não se consegue identificar com as cabeceiras do Uruguai7' (13).
clareza a posição social e econômica dos seus ocupantes, em- Além da expedição oficial para a conquista de Guara-
bora alguns dêles fossem agregados das grandes fazendas, e puava, constitui-se, em 1812,outra, chefiada por u m dos maio-
os sítios estivessem, às vêzes, localizados dentro das próprias res fazendeiros dos Campos Gerais, José Felix da Silva, que,
fazendas. Alguns possuiam escravos que nunca ultrapassavam na informação do governador, "no serviço de Sua Alteza Real
de um casal, todos tinham, no máximo, uma dezena de vacas, tinha dispendido grosso cabedalw. José Félix levantou % sua
poucos cavalos, mulas e porcos, e todos plantavam feijão e custa uma companhia de aventureiros e entrou nos campos
milho. do Tibagi (14).
D a linha da estrada das tropas, as fazendas foram aden- Nêsses campos, José Felix fundou a Fazenda Fortaleza
trando para a linha dos confins ocidentais dos Campos Ge- que, na época da viagem de Saint-Hilaire, era a mais próxllna
rais. Nessa expansão reviveram os aspectos de pioneirismo, a terra onde dominavam os índios. José Felix, diz SaintiHi-
que retardou a estabilizaçãto da sociedade. laire, "veio estabelecer-se em Fortaleza no princípio do século;
Em 1769, em carta ao governador, dizia o capitão de
cavalos dos Campos Gerais, Francisco Carneiro Lobo, que des- (11) wDocumentosInteressantes para a História e Costumes de São
Paulo" - vol. 34 - p. 2-7.
(9) Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - vol. 21 (12) Tvlanuscritu da Câmara Municipal de Castro.
- p. 309. (13) Carta Régia de 5 de novembro de 1808.
(10) "Anuário Político, Histórico e Estatístico do Brasil", 1847 - Rio (14) Relatório do Governador de São Paulo, Souza Chichorro, ao
p. 524. Conde de Palma.
era então esse. lugar frequentado apenas pelos selvagens e - Mais avançado o século, em 1840, a situação de ameaça
não se lhes pronunciava o nome sem temor. Mas desde esse era.a mesma. O.historiador Francisco Adolfo Varnhagen, que
tempo, varios agricultores fixaram-se nos arredores, encoraja- viajava pelos Campos Gerais naquele ano, deu o seu teste-
dos pelo msrsculo exemplo do primeiro explorador, e seguros munho: "Achando-me em São Paulo, em fins de 1840, em-
de serem protegidos contra os indios por um homem poderoso .
preendi uma viagem pelo sul da Província. . Já pela altura
e rodeado de escravos (15). de Paranapitanga, onde me demorei alguns dias, comecei a
ouvir contar muitos casos de crueis assaltos e invasões de
Bigg-Wither, que conheceu a sede da fazenda, assim a indios que, quando Ihes aprazia, chegaxam até ali com as
descreve: "As construções estavam dispostas num "grande qua suas correrias e traziam a todos cheios de terror e espanto.
dradon,.do qual dois dos lados eram, em parte, ocupados por Passando, porém, mais ao sul, a Fazenda Morungava. .. não
uma fileira de casas baixas e caiadas, os alojamentos dos es- só ouvi contar novas hist6rias de assaltos de bugres, como fui
cravos, e, noutra parte, por muros solidos, cobertos de telhas informado que andavam eles muito perto, e que eu e os meus
e caiados. O terceiro lado, em toda a sua extensão de umas 80
companheiros poderiamos no dia seguinte ser atacados na
ou 90 jardas, era ocupado por um muro de t,aipa, de uma estrada, ao atravessar um bosque, felizmente de curta exten-
altura mais ou menos de 8 pés. Do lado oposto das casas baim são. Apesar dessa. noticia, era essencial partir nesse dia, por-
xas, havia uma série de postes, com as arestas redondas e que tinhamos a vantagem de ir em maior niunero, associan-
desgastadas. Eram os troncos de açoitaxnento, que nos anti-
do-nos a outros tropeiros, já mais habituados a semelhantes
gos tempos tinham testemunhado cênas de gelar o sangue. A
cênas. Ao chegar à beira do mato, vi que os meus companhei-
''casa9'era um edifício grande e maciço, de madeira e taipa,
ros, seus camaradas e vaqueanos, sem dizer palavra, tiraram
com uma enorme guarita no telhado, um telhado de pouca in- as espingardas dos arções, e com elas engatilhadas, e como
clinaçiio e coberto de pesadas telhas goivas. A platibanda do prestes a dispararem, prosseguiram, e me disseram de fazer
pesado telhado, do lado que dava para o quadrado, prolonga-
- -
Engenheiros, Epifânio Cândido de Souza Pitanga, descreve as recursos pode ministrar de bois, cavalos e munição de bo-
cidades dos Campos Gerais em 1857: "O comércio de Ponta ca. ..'' Pouco mais adiante, 44
a Fazenda Cancela, com
rn rn m
Grossa é distribuido por trinta casas, doze das quais são de mais numerário de gado cavalar. . .'', e depois . a Fazen-
dg.
fazendas e dezoito armazens de secos e mo~ados"(25). da de criação chamada Capão das Antas, que pode fazer grm-
No tempo de Saht-Hilaire, todas as casas de Castro eram des fornecimentos de carne, farinha, feijão e transportes até
de pau a pique. Na Lapa as primeiras casas de "pedra e cal" trezentas arrobas em carretas" (27). E muitas outras. Nas
foram construídas por volta de 1824. Em 1844 as casas de suas "Ligeiras Noticias sobre a Provincia do Paraná", redi-
Palmeira, Ponta Grossa e Castro já eram de "pedra e cal", gidas em 1875, dizia o Doutor. José Cândido Muricy que as
emboram fossem "edificios vulgares?' (26). maiores fortunas da Província estavam nos Campos Gerais
(28). E eram detentores dessas fortunas, as famílias fazen-
I
As familias fazendeiras que constituiam a parte social- deiras dos Campos Gerais, que constituiarn a classe domi-
mente mais importante dessas cidades, embora as habitassem nante da Província. Toda a sua estrutura social e econômica,
sòmente durante u m a pequena parte do ano, residindo mais naturalmente, se compunha tendo como centro essa classe
em suas fazendas, eram a classe dominante, que exercia o 'senhorial.
poder político.
Durante o século XVffI, ela sofrera violentas restrições
1
No espaço geográfico entre as cidades, assentava-se uma ao seu poder por parte do Estado Colonial português, repre-
{outra parte da população, reunida em pequenos arraiais, com- sentado pelo Capitão General. Quando veio a revolução da In-
postos de algumas casas de morada e poucas de comércio. dependência, adotaria os seus princípios liberais que a viriam
Esses arraiais se alongavsun em pequenas propriedades, em libertar do poder da Capitania.
que seus habitantes plantavam milho e feijão e criavam al-
gumas cabeças de gado vacum e mantinham alguns cavalos. Os ideais da época da Independência representavam para
as classes dominantes do Brasil, u m a expectativa de reto-
123) ''Viagem a Comàrca de Curitiba" (trad. de Carlos Costa Pe- mada do poder, e não apenas uma separação do govêmo por-
reira).
(24) Salvador José Correa Coelho - obra citada. (27) -
Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro tumo
(25) Relatório in Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasi- 26 - p. 537 - 588.
leiro - tomo 26 - 1864 - p. 537 - 588. (23) J. C. Murics - "Ligeiras Noticias sôbre a Província do Para-
(26) Salvador J . C. Coelho - obra citada. ná" - Curitiba, 1875.
tuguês. Como notou Ssrint-Hilaire, os ideais de liberalismo no gócios de invernagem. No rlltimo quartel do século XIX,com
Brasil despertaram a vontade de derrubar todos os poderes a desintegração do sistema, acentiía-se a decadência daquela
que se sobrepunham ao pequeno poder local. As Comarcas clsisse. A constante queda da produção das fazendas-e a perda
queriam separar-se das Províncias a que pertenciam e tor- dos mercados de São Paulo e Rio, constituiam talvez o seu
narem-se Províncias. As Câmaras Municipais procuravam re- primeiro fator, vindo depois o fim dos negócios de tropei-
tomar um poder que tinham tido antes do século XVIII, li- rismo e de invernagem pelo aparecimento das estradas de
'
vrando-se do poder das Comarcas e das Províncias (29). Mas, ferro na zona do café paulista. Concomitantemente a êsses
principalmente, a velha classe dos senhores da terra adotou fatores, concorriam outros: tinha-se efetivado a completa
os princípios da revolução liberal para retomar o poder que ocupação das áreas de campo, hnpedindo a colocação, no sis-
lhe tinha sido arrebatado pela organização do Estado Colo- tema, das novas gerações, fato êsse que se correlaciona com
nial português do século XVIII. a emigração dos grupos familiares fazendeiros para as cidades,
h procura de novos meios de vida. Mesmo a capacidade de
Assim, é u m dos aspectos mais profundos do revolucio- produção das terras comprometia-se, cada vez mais, pelas
narisrno brasileiro do século liberal, o fato de que um dos sucessívas partilhas heredithrias, e dificultava a exploração
sentidos da revolução está intimamente ligado à luta pelo econômica pelos métodos então usados. Todo um complexo
poder local, luta entre o Capitão General e as famílias das de acontecimentos tinha já abatido, pela entrada no século
camadas superiores locais, donas das terras e dos escravos. XX, a preeminência da classe dos fazendeiros, e as terras vem
Alcançada a Independência, o localisrno do poder con- didas ou arrendadas, começam a procurar outras destinaçóes,
tinua a luta em todo o Brasil. No Parmá, cristaliza-se no mo- dentro de novas conjunturas que os fazendeiros não podiam
vimento pela emancipação da Província. "Embora seja no enfrentar porque, entre outras razões, não contavam com ca-
seu inicio uma reivindicação da Câmara de Paranaguá em seu pitais rnobilizáveis para trabalhar suas terras de acordo com
as novas situações de mercado.
beneficio e o movimento tenha explicação original na revi-
vência das liberdades locais espesinhadas pelos prepostos do Esses capitais vão aparecer em mãos de outros segmentos
centralismo português, a expansão da idéia se fortifica com da sociedade, com outras motivações econômicas. Além dos
outros acontecimentos, até que a revolução liberal de 1842 uervateiros" que, desde data mais antiga, pela exportação,
dá-lhe o grande momento de efetivaçãow (30). criaram o principal negócio sobre que se apoiavam os alicer-
Obtida a emancipação da Provincia do Paraná, em 1853, ces da economia da Provhcia, mas cuja base geográfica não
o poder local é inteiramente restituido às classes superiores se encontrava nas comunidades dos Campos Gerais, surgiu a
locais e, especialmente, ii classe dos fazendeiros dos Campos indústria da madeira. Com a extensão das estradas de ferro,
Gerais, que passam a exercer o poder político da Província, possibilitando o transporte pesado para os portos de Parana-
principalmente através da liderança das famílias fazendeiras guá e Antonina e para São Paulo, as serrarias de pinhttiro
dos Marcondes e dos Araujos. De fato, a liderança política i
I
alastraram-se por todos os pontos onde existiam florestas de
exercida pelos fazendeiros se processa sob a forma de oligar- araucárias.
quias. Os "madeireiros" não eram necessariamente donos das
Porém, agora, nas Úitirnas décadas do século X I X , a si- terras onde estavam os pinhais. Arrendavam-nas ou compra-
tuação era diferente daquela que presidira ao desenvolvhen- vam apenas as árvores. E não eram, também, membros da
t o da criação de gado nas fazendas do Paraná e caracterizava-
velha classe dominante dos possuidores de terra. A indústria
se uma crise que se manifestava pela deterioração dos ne-
da madeira se inicia na década de 1880. "A indústria da ma-
deira - esclarece Mário J. Affonso da Costa, exige grandes
( 2 9 ) Saint - Hilaire - ob. cit. capitais e depende de muitas circunstâncias especiais para
(30) B. P. Machado - "Sinopse da Hist. Regional do Paraná" - que os resultados correspondam a tantos esforços e cuidados.
Curitiba - 1951.
Desde a derrubada dos pinheiros até a entrega da madeira ao
consumidor, o negócio é perigoso demandando sempre muita Vieram os alemães do Volga que foram distribuidos em
cautela e segurança em todas as operações, nem sempre os colônias, pelos campos de Ponta Grossa, Palmeira e Lapa, de
lucros são certos e, muitas vêzes, h& prejuiízos" (31).
I
1877 em diante.
Os donos das terras dos Campos Gerais, t e m que se A instalação dêsses colonos nos Cmpos Gerais represen-
compunham de campos limpos juntamente com matas de tava, por um dos seus aspectos, um episódio da desagregação
arãucárias, vendiam, arrendavam ou negociavam os pinhei- da velha estrutura, que se tomara tradicional: os donos das
ros. Assim, as fazendas de criaçáo tomavam outra destinaçâo, fazendas se esforçavam, aproveitando a oportunidade, por
ou a elas se acrescentavaxn outras atividades. vender seus campos ao Govêrno, para a colonização. "As ter-
A serraria, diz Arthur Barthelrness, "forna uma concen- ras compradas pelo Govêmo a fim de tnstalar os novos colo-
tração populacional própria chegando muitas vêzes a cer- nos foram, via de regra, antigas fazendas, e não constituiram
car-se de uma vila residencial com dezenas e mesmo centenas um bloco fmico. Assim, cada uma das colônias estabelecidas
de casas de operários, em geral todas de um só tipo, que dão nos três municípios, era composta por vários núcleos colo-
ao conjunto um aspecto de padronização acentuadamente niais dispersas e, por vêzes, bastante distantes urn do outro",
monótona. Estes núcleos residenciais, com amazens, clu- esclarece Altiva Pilatti Balhana que estudou o fracasso dessa
bes, farmácia, etc., tudo pertencente à emprêsa, são abaste- prbneira colonização européia nos campos Gerais (34).
cidos em geral diretamente pelos mercados atacadistas me- Em 1913, ainda restavam niícleos das colônias dos "rus-
tropolitanos onde a emprêsa tem a sua sede, à inteira revelia sos" : Alegrete, Lago, Pugas, Papagaios Novos, Santa Quitéria,
do comércio das pequenas cidades regionais. A serraria não Taquary, Guaraiina, Marienthal, Quero-Quero e outras.
se integra na vida da região, permanece nela como um corpo
estranho até o dia em que, pelo esgotamento dos recursos flo- O ruidoso fracasso da colonização Mrussa"trouxe con-
restais locais, é transferida para novo sitio, levando consigo sigo o descrédito dos próprios Campos Gerais. A beleza pai-
as realizações complementares" (32). sagistica dêsses campos entremeados de matas de araucárias,
havia arrancado de Saint-Hilaire a expressão de que se tives-
Colonização recente se existido paraiso terrestre, deveria ter sido nos Campos Ge-
Foi num dêsses ambientes de mudanças econômicas e se rais. Essa frase, criada pelo botânico francês, era continua-
ciais da área, que se resolveu introduzir a colonização estran- mente repetida pelo povo e pelos documentos oficiais. Agora,
geira, embora como continuação do programa de colonização porém, pelos princípios do século XX, o fracasso dos "russos"
que se estava aplicando na regi50 ccuriibana. fazia inverter o estereotipo, como o explica Altiva Pilatti Ba-
lhana: "O curioso 6 que a condenação (dos imigrantes por
"As autoridades alimentavam esperança de que o sistema uma corrente de opinião) tornou-se extensiva aos Campos
agrícola dissociado da criação, que caracterizava a estrutura Gerais. O "paradis terrestre" de Saint-Hilaire, a partir dêsse
agrária paranaense, fôsse rnodif icada pelos imigrantes euro- cometimento mal sucedido, foi considerado impróprio para
peus portadores de outra tradição rural'?, diz Altiva Pilatti qualquer atividade agrícola e, portanto, para a colonização.
Balhana (33). Generalizada a opinião de que aquêles campos não compor-
- -- -
tavam outra atividade além da tradicional exploração pasto-
(31) -
Mário J. Affonso da Costa - ggParaná contribuição para o ril, intensificou-se a procura de terras de matas para a agri-
estudo do comércio e das indústrias do Estado"- Rio de Ja- cultura".
neiro - 1913.
(32) Contribuição para o estudo de alguns problemas de geografia Mas se fracassaram na agricultura, os urussos", que per-
econômica do Estado do Paraná, como área integrante da Bacia maneceram, entrosaram-se na estrutura econômica, por ou-
do Paraná - Uruguai (mimeografado) Curitiba, 1954.
(33) "Mudança na Estrutura Agrária dos Campos Gerais" - Bole-
tros meios. Criaram um sistema de transportes, que foi du-
tim da Universidade do Paraná - Departamento de História,
n." 3 - junho de 1963-p. 36. (34) ob. cit. p. 41.
rante muito tempo u m elemento funcional na economia do Mas não apenas nos transportes ficaram os ~russos'.De-
mate. "Esse fato é-de grande significação, pois, sòmente par- senvolveram o comércio das "vendasw de beira de estrada,
ticipando do comércio do mate é que êles encontrariam uma que compravam a erva e os produtos agricolas dos pequenos
atividade capaz de garantir a sua sobrevivência e prosperi- produtores, em geral caboclos, e os revendiam para o com&
dade. Para isto foi, portanto, necessária a sua integração cio das cidades. Por meio dessas atividades incorporaram-se
na conjuntura econômica do momento paranaense que es- às classes dominantes das cidades, mais tarde, como grandes
tava fundamentada na exploração do mate" (35) . comerciantes.
Esse sistema de transporte consistia em carroções puxa- Enquanto todos êsses elementos estavam sendo introdu-
dos por muitos cavalos que, em -caravanas típicas na paisa- zidos na estrutura econômica e social dos Campos Gerais, a
gem anterior ii paisagem do caminhão, percorriam todas as antiga classe dominante passava por profundas transforma-
estradas do Paraná. ções e tentativas de readaptaçáo.
"As estradas passaram então a pertencer às carroças, diz Grandes fazendeiros, e latifunditirios do período provin-
Arthur Barthelmess, que em caravanas- de dez ou mais se cial, membros da elite política do período monárquico e seus
deslocavam ruidosamente durante o dia, ao tilintar de guizos descendentes, abandonavam a terra e dirigiam-se para ou-
e estalar de chicotes, para se aglomerarem, ao anoitecer, em tras atividades.
tomo de algum lugar de pouso, que os havia iniírneros ao
longo das estradas. No pouso existia sempre uma casa de ne- É interessante, neste ponto, como um documento signi-
gócio pronta a fornecer o milho, a palha picada e o feno e se ficativo, o inventário do Conselheiro Jesuino Marcondes, pro-
encontrava invariàvelmente um potreiro bem cercado para cessado em 1904. O Conselheiro era de uma família de fazen-
guardar as alimarias durante as horas de descanso. O primei- deiros e de tropeiros dos áureos tempos dessas atividades. Na
ro carroceiro que chegava acendia a fôgueira à qual se asso- descrição dos bens inventariados, o que chama desde logo a
ciavam os demais trazendo cada qual a sua contribuição de atenção é a insignificância dos imóveis rurais. Rebento de
lenha sêca, juntada alhures pelo caminho. Cada um possuia o uma notável família dos Campos Gerais, lider político pro-
seu trem de cozinha e preparava a própria comida numa bei- vincial, o Conselheiro, nos fins do século XIX, não possuia
rada da fogueira comum, enquanto corriam na roda, sucessi- mais terras, abandonara a tradiçáo da família, não era mais
vas cuiadas de chimarrão, à moda da terra. Nunca se obser- fazendeiro. Sua renda provinha de investimentos em títulos
vou, porém, nos pousos ou nas sesteadas dos carroceiros, nem da divida pública (38).
a música, nem o canto. O binôrnio mate-carroça dominou a No correr das primeiras décadas do século XX, a pr*
economia dos planaltos paranaenses até a década de 1930, ducáo das fazendas diminuia constantemente, empobrecendo
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quando ambos os seus elementos se eclipsaram quase ao mes- os fazendeiros. O Govêrno do Estado procurava deter a deca-
mo tempo, entrando a erva em colapso por causa da produ- dbncia, promulgando leis que proibiam a matança indiscri-
ção argentina e cedendo lugar a carroça aos veículos moto- minada de vacas, criando postos experimentais de forrageiras,
rizados que passaram a dominar" (36). tudo, porém, inùtilmente. As fazendas se despovoavam. Em
A eficiência dêsse tipo de transporte está bem expressa 1908, numa tentativa de repovoamento dos campos, O Go-
na reclamação da Estrada de Ferro, manifestada, em -1913, vêrno cogitou da "abertura de uma estrada ordinária, que di-
por Mário J. Affonso da Costa, pelo fato de "os russos terem rigindo-se ao sul do Mato Grosso, permitisse a saida do gado
feito e ainda hoje fazerem concurrência As vias férreas" (37). ali abundante, para os campos do Paraná'' (39), de onde se
da indústria de papel e celulose Hlabin S. A., de Monte Ale- ma atividade que exerciam em seus países de origem, com as
gre, em 1935. Tibagi permaneceu, assim, uma cidade estagna- mesmas técnicas.
daw (46). Sabe-se, hoje, porém, que,inserindo-se num contexto dife-
Nos dias atuais encerrou-se a possibilidade de expansóes rente, &se tipo d e "civilização" camponesa que se almejava,
populacionais para ocupação de áreas novas no Parana. To- não vingou. Embora tenham êsses colonos exercido uma in-
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do o território do Estado já está ocupado. As zonas agrico- fluência marcante no meio social paranaense, de modo, mes-
Ias fornadas nos terrenos das antigas florestas, isto é, o Nor- mo. a alterax profundamente a velha tradição brasileira, O
te, o Oeste e o Sudoeste do Paraná, com suas populaç6f%pio- fató é que essás comunidades se adaptaram a um nivel so-
neiras, seguem o seu desenvolvimento como que natural, pró- cial e econômico existente, e por meio de processos acultura-
prio da evolução da agricultura brasileira. tivos se integraram nas estruturas tradicionais.
Nas terras de campo, onde se desenvolveram estruturas Acresce que durante todo o período da implantação e
históricas que se desagregaram ou estão desagregando-se, e desenvo1vimento daquelas comunidades, a seu respeito os es-
onde se criaram motivações que se esgotaram ou estão esgo- tudiosos brasileiros criaram uma certa imagem, que pode
tando-se, é que os problemas humanos, sociais e econômicos ser representada pela expressão aplicada à cultura luso-bra-
se apresentam com aspectos diferentes, que não podem mais sileira de "uma cultura ameaçada"; é que a ideologia que ali-
se resumir na simples continuidade histórica. mentava a "intelligentsia" nacional a respeito da imigração
era de que os imigrantes deveriam assimilar-se completa-
O geógrafo Orlando Valverde, percorrendo o Paraná, em mente, culturalmente falando, &s configurações tradicionais
1957,com a comissão de geógrafos do XVIII Congresso Inter- do Brasil. Em consonância com essas idéias, a maior parte
nacional de Geografia, percebeu com lucidez a situação: "0 dos estudos sobre imigração, no Brasil, são estudos de acuE
turação,
- Rio -
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Fazenda Cancela
Os menonitas que, nesta fase, se instalaram nos Campos
Gerais, adquiriram a fazenda Cancela, a u m criador de gado.
Esta Fazenda, na história da sua forrnação, representa
bem urna das etapas da evolução social rural dos Campos Ge-
rais. Não foi uma propriedade que, desde suas origens no sé-
culo XVIII, tivesse passado irateiriça de geração em geração.
Era uma propriedade reconstituida. O fazendeiro Roberto
Glasser comprou-a aos pedaços e em tempos diferentes, no de-
correr de 22 anos, isto é, de 1921 a 1943.
Sua extensão final e total era de 3.850 alqueires, com-
pondo-se de áreas desmembradas de grandes fazendas tra-
dicionais, pelo sistema legal da sucessão hereditária acom-
panhada da dispersão da família fazendeira tradicional. Os
nomes das suas invernadas estão a indicar que eram partes
desgarradas de outras fazendas de criação dos Campos Ge- '-
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