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Imigração Açoriana na Grande Florianópolis

Em 1692, chegaram 260 casais de Açorianos em Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis), em Santa
Catarina.
No início do século XVIII, Santa Catarina consistia em 3 núcleos de povoações: São Francisco do Sul, Nossa
Senhora do Desterro e Santo Antônio dos Anjos da Laguna. Grande parte dos imigrantes ilhéus foi instalada no então
município de Laguna, em Santa Ana, Vila Nova, e outra ainda foi reenviada para o Rio Grande do Sul, então parte da
Capitania de Santa Catarina.

Entre 1748 e 1752 houve 10 grandes levas de casais oriundos das Ilhas de Açores e Madeira que chegaram a Santa
Catarina.

Em fevereiro de 1748 chegavam à Ilha de SC, 461 pessoas, as quais no curso de março imediato estavam sendo
instaladas em Lagoa da Conceição pelo Governador da Capitania Brigadeiro Silva Paes. Até o ano de 1756,
totalizando cerca de 6.000 pessoas. São fundadas as "freguesias" de São Miguel, Santo Antônio, São José, Enseada
do Brito, Vila Nova e Garopaba do Sul, todas no continente fronteiriço à Ilha de SC (Florianópolis), possibilitando a
colonização e povoamento de Santa Catarina.

São José da Terra Firme (atual São José) recebeu 182 casais vindos da 3ª leva de imigrantes, perfazendo um total
de 1.555 pessoas maiores e 204 menores.

A Orla catarinense foi colonizada por Açorianos que se dedicavam a agricultura e pescaria. Os limites da Freguesia
de São José iam até os confins de Lages e a intenção era colonizar e cultivar essas terras. Não deu certo, pois os
Açorianos gostavam da região do litoral, do mar e da pesca como era em suas terra natal Açores - Portugal.

A cultura açoriana ainda se faz presente, em certas localidades como Araranguá, Itajaí, Imaruí e Laguna, no sotaque,
costumes seculares, como o de contar estórias e lendas fantásticas, fazer rendas e redes de pesca,
bordados, cultivar ervas medicinais e comemorar as festas do mar e do Divino Espírito Santo. A festa do Divino nos
Açores foi influenciada pela devoção que a Rainha Isabel dedicava ao Divino Espírito Santo e os ilhéus pediam sua
proteção contra as catástrofes naturais, a dureza da vida e o isolamento das ilhas, aliados à fama dos milagres
operados pelo Espírito Santo e a tradição se manteve e foi trazida para o Brasil.

IMIGRAÇÃO AÇORIANA EM SANTA CATARINA


A VINDA DOS IMIGRANTES AÇORIANOS EM SC
• O Arquipélago dos Açores está localizado no Oceano Atlântico, a uma distância de Portugal
Continental de cerca de 1.500 Km.
O arquipélago dos Açores foi descoberto em 1.427 por Diogo de Silves, piloto de El-Rei de Portugal.
Descoberta dos Açores - Navegador Diogo Silves

A povoação das ilhas se fez a partir de 1.439 por ordem do rei Dom Afonso de Portugal.
• Foi progressivamente descoberto pelos navegantes portugueses a partir de 1427, quando
exploravam o litoral da África à procura de um caminho para as Índias.

Quando foram descobertas (as ilhas açorianas) estavam desabitadas, vivendo ali apenas algumas
espécies de animais e aves marinhas, entre elas uma espécie de gavião- do- mar, denominado "açor",
que deu o nome a todo arquipélago.
Mapa dos Açores desenhado por Luís Teixeira, cosmógrafo real (1584).

É composto por 9 ilhas:- Santa Maria, São Miguel, Terceira, Pico, Graciosa, Faial, São Jorge, Flores e
Corvo.

• Quando os primeiros casais de imigrantes açorianos chegaram em janeiro de 1748, tanto o atual
território de Santa Catarina como o sul do Brasil eram um deserto vazio e despovoado. Não tinham
cidades ou agricultura e tampouco minas de ouro. No litoral contavam-se apenas três vilas
insignificantes de aventureiros e de náufragos com uma poucas dezenas de casas: Laguna do Sul,
Desterro, na ilha de Santa Catarina, e São Francisco do Sul, ao norte.
• É o interior do atual Estado, que se estendia para além dos campos de Lages, era habitado
exclusivamente pelos indígenas kaigangues e xoklengs. Para compreendermos a nossa história é
necessário conhecer a história, geografia e paisagem dos Açores, uma vez que nossa descendência é
açoriana.

• Alguns historiadores apontam como causa da vinda dos casais a superpopulação nas ilhas de origem.
Em 1748 viviam nos Açores aproximadamente 150 mil pessoas. Como partiram seis mil, ficaram 144,
o que não muda em quase nada o problema, pois ainda assim, os Açores continuariam
"superpovoados".
• Então, já que a partida não foi obrigatória, por que é que eles emigraram? Em primeiro lugar por
causa do sistema social vigente: o feudalismo fez com que os açorianos emigrassem para Santa
Catarina em busca de terra e de liberdade.
• E uma outra causa está relacionada à política portuguesa para o sul do continente americano,
quando Lisboa determina a fundação, em 1680, da Colônia do Santíssimo Sacramento, em terras do
atual Uruguai.
Essa intromissão portuguesa provocou uma série de guerras e conflitos com tropas espanholas,
obrigando Portugal a organizar uma retaguarda de apoio às suas forças na Ilha de Santa Catarina

• Em 31 de agosto de 1746, o rei DOM JOÃO V de Portugal comunicou aos habitantes das ilhas dos
Açores que a Coroa oferecia uma série de vantagens aos casais ilhéus que decidissem emigrar para o
litoral do sul do Brasil. Nos termos de um edital fartamento distribuído pelas nove ilhas do arquipélago
as vantagens do convite eram evidentes:

"haverá um grande alívio nas ilhas porque elas não mais verão padecer os seus moradores, uma vez
que vão diminuir os males da indigência em que todos vivem;"
- "haverá um grande benefício para o Brasil, já que os imigrantes irão cultivar terras ainda não
exploradas."
O edital acenava com uma série de mordomias, a partir do "transporte gratuito até os sítios que se
lhes destinarem para as suas habitações.
E logo que chegarem aos sítios que haverão de habitar, se dará a cada casal uma espingarda, duas
enxadas, um machado, uma enxó, um martelo, um facão, duas facas, duas tesouras, duas verrumas,
uma serra com sua lima e travadeira, dois alqueires (27,5 litros) de sementes, duas vacas e uma égua.
No primeiro ano se lhes dará a farinha, que se entende bastar para o sustento, assim dos homens
como das mulheres, mas não às crianças que não tiverem 7 anos e, aos que tiverem até os 14, se lhes
dará quarta e meia de alqueire para cada mês. Se dará a cada casal um quarto de légua em quadra,
para principiar as suas culturas, sem que se lhes levem direitos nem salários algum por esta sesmaria.
E quando, pelo tempo adiante tiverem família com que possam cultivar mais terra, a poderão pedir ao
governador do distrito".
• Sua Majestade definiu que o primeiro estabelecimento de casais açorianos seria feito na Ilha de
Santa Catarina e nas suas vizinhanças, "em que a fertilidade da terra, abundância de gados e grande
quantidade de peixes conduzem muito para a comodidade e fartura desses novos habitantes".
• Em menos de um ano, 7.817 pessoas declararam o desejo de se transferirem para o outro lado do
Atlântico. Uma Provisão Régia do rei DOM JOÃO V, de 9 de agosto de 1747, determinou ao brigadeiro
JOSÉ DA SILVA PAES, então governador da capitania da Ilha de Santa Catarina, que tomasse cuidado
em tratar bem os novos colonos:
• "O dito brigadeiro porá todo o cuidado em que estes novos colonos sejam bem tratados e
agasalhados e, assim que lhe chegar esta ordem, procurará escolher assim na mesma Ilha, como nas
terras adjacentes, desde o Rio de São Francisco do Sul até o Serro de São Miguel, nos altos da Serra
do Mar, e no sertão correspondente a este distrito, com atenção porém que se não dê a justa razão de
queixa aos espanhóis confinantes".
• Em 1747, FELICIANO VELHO OLDENBOURG, o fundador da companhia de comércio denominada
Companhia da Ásia Portuguesa, fechou um contrato com o governo português para transportar , para o
atual Estado de Santa Catarina, as cerca de 4.000 famílias açorianas que atenderam ao edital de D.
JOÃO V. A maioria delas emigrou porque a miséria grassava no Arquipélago, resultado do fraco
desenvolvimento das ilhas na produção do trigo e do pastel, uma planta tintureira, outrora as suas
maiores riquezas.
• A isso acresceu-se o excesso demográfico, que atingia níveis intoleráveis nas ilhas maiores.
• Depois disso a emigração das ilhas ocorreu com homens solteiros, mulheres solteiras e familias.
Deve-se a essa gente o povoamento das regiões litorâneas do sul do Brasil, especialmente dos Estados
de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Curiosidades:
• São José da Terra Firme (hoje: S. José) - recebeu 182 casais vindos da 3ª leva de imigrantes,
perfazendo um total de 1.555 pessoas maiores e 204 menores.
• Os limites da Freguesia de São José iam até os confins de Lages e a intenção era colonizar e cultivar
essas terras. Não deu certo, pois os Açorianos gostavam da região do litoral, do mar e da pesca como
era em sua terra natal Açores - Portugal.
• Calcula-se que entre 1822 e 1900 perto de 1 milhão de portugueses do Continente e das Ilhas
emigraram para o Brasil. A imigração continuou no Século XX. Na década de 1911 a 1920, emigraram
para o Brasil 2.740 açorianos. Na década de 1921 a 1930, foi de 3.401 o número de açorianos
emigrados.
• Atualmente, vivem no Brasil mais de um milhão e 200 mil portugueses, grande parte constituída por
açorianos e seus descendentes.

MONUMENTOS
• Ao colonizarem a atual Florianópolis, os açorianos construíram um sistema de fortalezas que hoje
tem imenso valor histórico. Na ilha de Anhatomirim está uma dessas fortalezas, o forte de Santa Cruz,
que, construído em 1744, foi recuperado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(SPHAN). Das ruínas do forte de São José da Ponta Grossa (1740), na praia do Forte, tem-se uma das
mais belas vistas da região.
• Outros importantes monumentos são o Mercado Público e o prédio da Alfândega, construções do final
do século XIX, e a ponte Hercílio Luz (1926), uma das maiores pontes pênseis do mundo, em
Florianópolis; e o palácio dos Príncipes (1870), em Joinville. As ruínas e construções da ilha de São
Francisco do Sul e da cidade de Laguna são tombadas pelo patrimônio histórico.

• Na arquitetura também se vê traços desse povo, no casario colonial e nas igrejas seculares que
remete à religiosidade que acompanhou o povo açoriano, por isso as festas religiosas continuam sendo
um dos valores mais expressivos de sua cultura. Dentre estas festas vale ressaltar a festa de Nossa
Senhora dos Navegantes, a procissão do Senhor Jesus dos Passos, a festa do Divino Espírito Santo e o
Terno de Reis.

• Igreja Construída em 1759, por pescadores, a Capela de São João Batista possui traços da autêntica
arquitetura açoriana. A pequena igreja, marco da colonização da região, é agora patrimônio histórico
do governo do estado e está sendo totalmente restaurada.
• O povoamento das regiões litorâneas do sul do Brasil, deve-se principalmente aos açorianos que
quando aqui chegaram desenvolveram atividades como a pesca, o plantio de farinha de mandioca, café
e algodão.

• A gastronomia da cidade também foi muito influenciada pelos Açores: pratos feitos à base de peixe,
moluscos e crustáceos enriquecem a culinária da ilha e do continente.

CULTURA AÇORIANA

Os imigrantes açorianos incutiram na cultura brasileira, mais particularmente em Florianópolis, sua


cultura rica e variada, e através dos séculos, continua dando bons frutos, influenciando fortemente o
cenário cultural da região. Na grande Florianópolis, a antiga tradição do artesanato açoriano é
representada nos trançados de rede, rendas de bilro e tramóias, tapeçarias de tear e na confecção de
esteiras, balaios e gaiolas. O caminho percorrido pelo povo açoriano para desembarcar em Santa
Catarina, no século XVIII, certamente deve ter se revestido de muita dor e apreensão.
Dança do pau-de-fita
 A Dança do Pau-de-Fita, no folclore catarinense, é apresentada por vários grupos, cuja formação
étnica é responsável pela diversificação da nossa cultura popular. De origem portuguesa, encontramo-
la associada à Dança dos Arcos de Flores e a Jardineira. De origem alemã e hispânica, nos grupos
folclóricos teutos e nas danças típicas dos campos.
Terno de Reis
O evento anual do Terno de Reis resgatou uma das mais antigas e populares tradições religiosas,
trazidas ao Brasil pelos jesuítas e colonizadores portugueses. O Encontro é sempre realizado no Dia de
Reis (6 de janeiro), dentro de uma das dezenas de igrejas históricas da cidade, reunindo até 100
cantadores de nove grupos da Grande Florianópolis e de outros municípios catarinenses.

 O Boi-de-Mamão é um folguedo que envolve dança e cantoria em torno do tema épico da morte e
ressureição do boi. Esta brincadeira é encontrada
em várias partes do país, recebendo diferentes nomes. No nordeste é conhecido como “Bumba Meu
Boi” ou “Boi Bumbá”, em Paraty (Rio de Janeiro) como “Boi Pintadinho”. Em Santa Catarina a
brincadeira está presente em quase todos os municípios do litoral com o nome de “Boi-de-Mamão”.

Nosso Folclore
Boi-de-Mamão
O Boi-de-Mamão é um folguedo que envolve dança e cantoria em torno do tema épico da morte e
ressureição do boi. Esta brincadeira é encontrada em várias partes do país, recebendo diferentes
nomes. No nordeste é conhecido como "Bumba Meu Boi" ou "Boi Bumbá", em Paraty (Rio de Janeiro)
como "Boi Pintadinho".
Em Santa Catarina a brincadeira está presente em quase todos os municípios do litoral com o nome de
"Boi-de-Mamão".

Origem: Antigamente, a brincadeira era conhecida em nosso litoral como "Boi de Pano", mas ocorreu
que, com a pressa de fazê-lo, utilizaram um mamão verde para fazer a cabeça do boi. Daí recebeu o
nome de Boi-de-Mamão, mantido até a época atual, onde se vê cabeças de todos os tipos, até mesmo
de boi, menos de mamão. A descrição mais antiga do folguedo, em Florianópolis, é de 1871 feita pelo
historiador José Arthur Boiteux.

Personagens
Embora os competentes variem de acordo com o grupo, os personagens principais são:

Boi-de-Mamão: Figura do folguedo que morre durante a apresentação e é ressuscitado com o auxílio e
um médico benzedor.

Bernúncia: Figura fantasmagórica que teria sido inspirada na figura do dragão celeste chinês. Durante
sua apresentação, a bernúncia investe sobre o público engolindo crianças e dando à luz, em seguida, a
uma bernuncinha.

Maricota: É uma mulher altíssima, vaidosa e desengonçada, que ao dançar rodopiando esbarra seus
enormes braços em quem estiver descuidado.

Cavalinho: O cavalinho laça e recolhe o furioso Boi.

Cabrinha: É o boi das crianças, tem um porte menor e dança mais ligeiro. Outros personagens
encontrados em alguns grupos: urso, urubu, macaco, girafa, abelha, ema, barata, anão, cavalinho-
marinho, etc. Acompanhamento Musical: Acompanha a cantoria 3 músicos, pandeiro, violão, gaita.
Postado por Maria Odete às 14:10
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5 comentários:
1.

Unknown27 de agosto de 2015 14:16


Bela aula de história da nossa colonização. Gostei.
Responder

2.

By regis17 de maio de 2017 16:49

onde encontro a relação das famílias que vieram para santa catarina/
Responder

3.

tokarev23 de setembro de 2017 09:21

Também em todas as ilhas dos Açores é comum o povo designar a ilha de São Miguel
por Japão e aos habitantes dela chamar japoneses. Uma explicação que ouvi nos grupos
ocidental e central do arquipélago era de que eram pessoas mais industriosas e
esforçadas do que as demais, sendo que nesses dois grupos arquipelágicos as primeiras
colonizações foram de flamengos, e que no grupo oriental de que São Miguel faz parte,
foram apenas de portugueses dos continente.
Não sei, mas gostaria de saber se à décima ilha, Santa Catarina, chegaram
predominantemente oriundos de qual destas duas etnias ou destas duas origens. Haverá
decerto listagens desses colonos algures, quiçà na Torro do Tombo se não arderam no
terramoto de 1755.

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