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SANTA CATARINA

Santa Catarina: Expedições Exploratórias

A revelação do Litoral catarinense foi feita pelas primeiras expedições exploradoras do Brasil. Em
1515 Juan Dias de Solis passou em direção ao Prata. Onze náufragos dessa expedição foram bem
recebidos pelos índios carijós e iniciaram com eles uma intensa miscigenação. ―A esses aborígines
considerou-se ―o melhor gentio desta costa‖, e ―manso e propenso às coisas de Deus", segundo
Anchieta.

Várias Expedições Se Assinalam Em Santa Catarina: D. Rodrigo De Acuña (1525), Que Deixa

17 tripulantes na Ilha, onde se fixaram voluntariamente; Sebastião Caboto (1526), que ali se
abastece, segue para o Prata e retorna. Dele recebeu a Ilha, que antes era denominada dos Patos, o
nome de Santa Catarina. Após Caboto, nela aportaram Diego Garcia e, muito mais tarde, em 1541, o
adelantado Alvar Nuñez Cabeza de Vaca, sucessor de D. Pedro de Mendonza, fundador de Buenos
Aires, que dali havia mandado, antes, a Santa Catarina, seu sobrinho Gonzalo de Mendonza, em
busca de mantimentos e gente, auxílio este que permitiu aos espanhóis subirem o Rio Paraná e
fundarem Assunção, em 1537. Para socorrer D. Pedro de Mendonza havia partido da Espanha, no
mesmo ano, uma expedição comandada por Alonso Cabrera, da qual um dos navios arribou à Ilha de
Santa Catarina, deixando nela missionários franciscanos (freis Bernardo de Armenta e Alonso
Lebrón).

Mantendo sempre o propósito de tomar posse do Brasil Meridional, o governo espanhol nomeou Juan
Sanabria governador do Paraguai, com a missão de colonizar o Rio da Prata e povoar também o
porto de São Francisco, em Santa Catarina. Morrendo Juan Sanabria, foi substituído por seu filho
Diogo. Alguns dos navios da expedição lograram chegar à Ilha de Santa Catarina, onde os espanhóis
permaneceram dois anos. Divididos em dois grupos, um deles rumou para Assunção; o outro,
chefiado pelo piloto-mor Hermando Trejo de Sanabria, estabeleceu-se em São Francisco, de onde,
após as maiores privações e sempre sob a ameaça de ataques pelos silvícolas, seguiu para
Assunção. Merecem revelo na passagem da expedição Sanabria a participação de Hans Staden, que
legou interessante narrativa da viagem, e o nascimento, em São Francisco, de Herdinando Trejo de
Sanabria, filho de Hernando, futuro bispo e fundador da Universidade de Córdoba, na República da
Argentina. Ainda em 1572, Ortiz de Zarate, a caminho de Assunção, esteve sete meses em Santa
Catarina, onde praticou incríveis e inúteis violências. Foi Capitania de Santana de Pero Lopes de
Souza esta a última expedição espanhola à região.

Os portugueses, inicialmente, não demonstraram grande interesse pelo território catarinense, que
pertencia à capitania de Santana cujo donatário era Pero Lopes de Souza, havendo numerosas
bandeiras vicentistas (séc. XVII), mas apenas com o intuito de aprisionamento dos índios que viviam
na região para escravizá-los. O contingente indígena (tupis - guaranis, chamados de carijós do litoral
e o grupo Jê, os Xokleng e os Kaigang no interior) foi bastante reduzido graças a expedições como as
de Manoel Preto, Antonio Raposo Tavares e Jerônimo Pedroso de Barros.

O choque entre Portugal e Espanha era fatal. O primeiro conflito foi o ataque à capitania de São
Vicente, o qual deu pretexto aos portugueses para combater os carijós, aliados dos espanhóis,
conduzindo-os escravizados àquela capitania. Só os jesuítas se ergueram em defesa dos índios, e
Nóbrega conseguiu do Governador-Geral ordem de reconduzi-los livres a Santa Catarina. Nova
guerra e novo esforço jesuítico, de que resultou a lei de liberdade dos índios, de 1595.

Povoamento Vicentino

Portugal, que já manifestara interesse em fundar uma colônia na margem esquerda do Rio da Prata,
começa a encarar com muito interesse e cuidado a preservação da Ilha de Santa Catarina e avançam
pacificamente. O gado, vindo de São Vicente, através dos campos, atinge o Paraguai. A notícia de
minas atrai diversas levas vicentista. Em 1642 ergue-se uma capela em São Francisco que em 1660
já passa a vila. Em 1637 é o grande patriarca Francisco Dias Velho que se fixa com filhos criados e
escravos na Ilha de Santa Catarina, fundando a ermida de Nossa Senhora do Desterro (atual
Florianópolis), nome da futura povoação. O mesmo faz em Laguna em 1676, Domingos de Brito
Peixoto. A fundação da colônia de Sacramento em 1680 realça a importância dos núcleos
catarinense. Apesar dos ataques de piratas, já existe, em 1695, comércio regular entre Paranaguá,
São Francisco e Itajaí, expandindo-se os lagunenses até a colônia do Sacramento.

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Capitania Real De Santa Catarina

Desmembrada de São Paulo, a nova capitania cuja capital é o povoado de Nossa Senhora do
Desterro - fundado pelo bandeirante paulista Francisco Dias Velho em 1673 -, nasce com o objetivo
de ser uma base de apoio aos enfrentamentos militares com os espanhóis. Esses viam Sacramento
como uma ameaça ao monopólio sobre a boca do rio do Prata, que funcionava como uma porta de
extrema importância para mais da metade de suas colônias da América do Sul. A criação da capitania
que tem administração própria e um comandante militar que também atua como governador
diretamente subordinado aos vice-reis do Brasil coloca em cena o Brigadeiro José da Silva Paes,
escolhido para ser seu primeiro governante. Santa Catarina passa a ser, oficialmente, a partir de
1739, o posto mais avançado da soberania portuguesa na América do Sul.

Fortificação Da Ilha De Santa Catarina

Alertado sobre a importância estratégica da Ilha de Santa Catarina, situada entre o Rio de Janeiro e a
fronteira portenha, pelo general Gomes Freire de Andrade, D. João V, rei de Portugal, em 1738
incumbiu Silva Paes de fortificar os pontos estratégicos da Ilha. Sob a orientação de Silva Paes, e
seguindo seus próprios planos, teve início a construção das primeiras fortalezas da Ilha. Planejou um
sistema de fortificações permanentes que, apesar dos bons objetivos e da onumentalidade, não teve
o utilitarismo necessário à boa defesa das entradas das barras do Norte e do Sul da Ilha. Entretanto,
historicamente o sistema acabou se constituindo no maior conjunto arquitetônico militar do sul do
Brasil. Para a entrada de Barra Norte, por exemplo, implantou um sistema de triangulação formado
por três fortalezas, duas situadas nas ilhotas de Anhatomirim e Ratones e a terceira na Ponta Grossa
(atual Praia do Forte), na Ilha de Santa Catarina. Foram denominadas respectivamente, de Santa
Cruz, Santo Antônio e Ponta Grossa. Outras fortificações foram construídas posteriormente, sem,
contudo fechar-se o perímetro da Ilha.

Apesar da excelente situação estratégica dessas obras o material bélico existente em cada uma
delas estava aquém das necessidades. Haveria também a necessidade de tropas para guarnecer
estas fortalezas e criou-se um batalhão, mais tarde transformado em regimento - o Regimento de
Infantaria da Ilha de Santa Catarina - e, ainda, dada à fraca densidade populacional da região,
haveria necessidade de braços para prover o sustento, produzindo alimentos, bem como para
preencher os claros na tropa: daí a proposta do povoamento açoriano.

Colonização Açoriana

A sede de colonos na nova capitania coincide com a crise de superpopulação nos Açores e Madeira.
Há um movimento espontâneo de vinda para o Brasil. Resolve então o Conselho Ultramarino realizar
a maior migração sistemática de nossa história. Em várias viagens foram transportados cerca de
4.500 colonos. Deu-lhes boa acolhida o Governador Manuel Escudeiro, sucessor do Brigadeiro Paes.
Mas nem todas as promessas da administração colonial podiam ser cumpridas, por falta de recursos.
Além disso, nem todos os imigrantes, entre os quais muitos nobres, estavam dispostos a dedicar-se à
agricultura ou aos ofícios mecânicos, em obediência às ordens régias, que tinham o propósito de
evitar a entrada de escravos.

Outro problema era o da localização. Recomendava a Metrópole que os colonos não se


concentrassem na Ilha, mas formassem, também, núcleos no litoral, sob normas urbanísticas,
insistindo ainda que casais se encaminhassem para o Rio Grande do Sul. Essas determinações que,
apesar das dificuldades, foram sendo cumpridas, levaram a migração açoriana até o extremo sul do
país, implantando as características do seu tronco racial: fortaleza de ânimo, simplicidade e
vivacidade. E aos seus descendentes transmitiram modismos, hábitos, linguagem, que ainda neles se
notam, principalmente na Ilha de Santa Catarina e no litoral que vai até o Rio Grande do Sul.
Radicados os casais na Ilha e no litoral, foram tentadas várias culturas agrícolas: o trigo, sem êxito
devido à "ferrugem" que o atacava; o linho e o cânhamo, com relativo aproveitamento, e o algodão,
cujo cultivo a Metrópole forçavam, sob penalidades severas. Mas na realidade, a cultura que
prevaleceu foi a da mandioca, que os colonos aprenderam no novo continente e dela conseguiram
safras promissoras, permitindo até a sua exportação. Houve no séc. XVII a criação da cochonilha,
mas que desapareceu n o séc. XIX, por falta de incentivo.

Invasão Espanhola

Em 1777, o governador de Buenos Aires, D. Pedro de Cebalos, desembarcou suas forças invasoras

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na enseada de Canasvieiras sem que as fortalezas disparassem um só tiro de canhão. A tomada da


ilha foi tranqüila, até hoje é difícil compreender com não houve resistência de uma força de quase
2.000 homens, dos quais faziam parte tropas do Reino, do Rio de Janeiro e contingentes locais. Só
em julho de 1778, em virtude do Tratado de Santo Ildefonso, obtido pelos estadistas do governo de D.
Maria I, foi a Ilha restituída. Mas ficara completamente arrasada. O próprio hospital estava destruído,
desde os alicerces. Entre o novo governador, Veiga Cabral da Câmara, e o vice-rei, Marquês de
Lavradio, foi decidida, após troca de importante correspondência, a distribuição de casais pelo litoral,
estabelecidos em lotes que lhes permitissem a manutenção, evitando-se, assim, a sua concentração
na Ilha, onde empobreciam. O último governador da capitania foi Tomás Joaquim Pereira Valente,
depois general e Conde do Rio Pardo

Antes do domínio espanhol, em 1572, houve tentativas de se dividir a administração da Colônia em


dois Governos, um com sede em Salvador e o outro com sede no Rio de Janeiro. Essa experiência
fracassou, mas foi novamente tentada em 1608, não alcançando sucesso mais uma vez.

Em 1621, resolveu-se dividir a Colônia em dois Estados independentes entre si. Um foi chamado de
Estado do Brasil e o outro de Estado do Maranhão. Boa parte do território colonial passou a pertencer
ao Estado do Brasil e a outra parte ao Estado do Maranhão. A razão desta divisão baseava-se no
destacado papel assumido pelo Maranhão como ponto de apoio e de partida para a colonização do
Norte e Nordeste do território. O Estado do Maranhão tinha como capital a cidade de São Luís e o
Estado do Brasil a cidade de Salvador.

Santa Catarina Após A Independência

Proclamada a Independência, aderiu Santa Catarina, já com o título de Província, ao movimento


constitucional, elegendo seu representante às Cortes de Lisboa o Padre Lourenço Rodrigues de
Andrade, que assinou a Constituição do Reino Unido em 1822. Em seguida cooperou a Província
com as demais no movimento da Independência, elegendo deputado à Constituinte brasileira, em
1823, Diogo Duarte Silva. Em decorrência da Carta Imperial de 1824 passou a ser governada por
presidentes nomeados pelo poder central. Logo após a aceitação dessa Carta, instalou-se o
Conselho Provincial e, até 1889, foram 39 os que ocuparam o Executivo. Em 1834 o Ato Adicional
transformou o Conselho em Assembléia Provincial, com poderes muito mais amplos.

Cidades Nascem No Caminho Dos Tropeiros

O povoamento do Planalto de Santa Catarina adota uma estratégia bem diferente daquela que
resultou da ocupação do Litoral, do Vale do Itajaí e das planuras do Sul. Na Serra-Abaixo, ao longo
de 150 anos, adota-se a fixação do imigrante europeu em pequenas glebas de terra - o sítio, o lote, a
colônia - como ponto de partida para a abertura do processo civilizador.

No planalto central da Serra-Acima a qualidade do solo não se adapta à fixação definitiva de um


colono dedicado à agricultura. As imensas pastagens naturais obrigam a substituir o manejo da terra
pela convivência com o gado. Esse mesmo gado resultará na produção do imenso estoque de carnes
no Rio Grande do Sul.

O perigo de utilizar o transporte marítimo para entregar o boi gordo no mercado devorador de São
Paulo e do Rio de Janeiro torna-se evidente pelos riscos que a medida acarreta como naufrágio,
pirataria e a necessidade de alimentar os animais no decorrer do trajeto que, além de tudo, fica
dependendo da colaboração de ventos favoráveis para empurrar o navio cargueiro.

A solução encontrada é simples e copia o exemplo de Alvaro Nuñez Cabeza de Vacca e sua comitiva
deslocando-se a pé entre o porto de São Francisco do Sul e a capital do Paraguai. Dessa maneira, os
próprios animais se deslocam ao local de consumo através do ―caminho das tropas‖, também
chamado Estrada Real ou Caminho do Sul, que liga Vacaria, os campos de Lages e da Estiva com as
cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Dezenas de povoados e de cidades do Planalto Catarinense resultam de um ―descanso das tropas e


dos

tropeiros‖. Mas ocorre um fato novo na história desse povoamento. Enquanto Santa Catarina alega
que tem a seu favor uma série de leis que lhe garantem a propriedade das terras, os paulistas, na
quase totalidade proprietários das vacarias do Rio Grande, vão se fixando pelo Planalto e pelos

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campos de Palmas, muito ao sul dos rios Negro e Iguaçu

Tratado De Santo Ildefonso

As negociações de um tratado tiveram início após a morte de

D. José I e a ascenção de D, Maria I.

Pelas cláusulas do contrato, assinado ainda em 1777, Portugal recebeu de volta a Ilha de Santa
Catarina e ficou com quase todo o atual Estado do Rio Grande do Sul. Com respeito à Ilha o Governo
português se comprometia a não utilizá-la como base naval nem por embarcações de guerra ou de
comércio estrangeiros

Revolução Farroupilha E República Juliana

O período regencial foi caracterizado por uma série de agitações. Muitas revoltas em diversos pontos
do país, várias das quais colocando em perigo a unidade nacional, ocorriam motivadas pelo
descontentamento político. O mais longo movimento - que duraria 10 anos -, a Revolução
Farroupilha, eclodiu em 1835, no Rio Grande do Sul e se estendeu a Santa Catarina.

Este movimento Revolucionário objetivava libertar aquela província de um controle econômico do


governo imperial, considerado intolerável pela população gaúcha, e era alimentado por ideais
republicanos e federalistas, sob o comando do coronel Bento Gonçalves. Em Santa Catarina,
especialmente nas regiões mais próximas do Rio Grande, como Laguna e Lages, o número de
simpatizantes pela causa rio-grandense aumentava, incentivados por famílias fugitivas gaúchas que
haviam escapado às perseguições e à Guerra dos Farrapos. Lages foi invadida pelos farrapos em
1838 e declarada parte da República Rio-grandense, que já havia sido declarada. No ano seguinte,
liderados pelo italiano Guiseppe Garibaldi, os farrapos invadiram Laguna pelo mar. E chegaram por
terra comandados por Davi Canabarro. Apoiados pela população, estabeleceram uma república com
o nome provisório de Cidade Juliana de Laguna, presidida por Canabarro. Com a convocação de
eleições, foi eleito para presidente da República o coronel Joaquim Xavier Neves, de São José.
Neves, porém, não foi diplomado presidente pelos revolucionários gaúchos, assumindo o cargo o
Padre Vicente Ferreira dos Santos Cordeiro, de Enseada do Brito, que havia sido derrotado na
eleição.

Laguna foi designada Capital Provisória da República Juliana. Foram instituídas as cores oficiais -
verde, amarela e branca – e Lages considerada parte integrante do território. Todos os impostos
sobre o comércio do gado e indústria pastoril foram abolidos.

A reação do governo Imperial foi a nomeação do marechal Francisco José de Sousa Soares de
Andréa para presidente de Santa Catarina, pois ele era conhecido por sua energia e rispidez. Nobre e
de brilhante carreira militar, Andréa acompanhara D. João VI e a família real para o Brasil e fora
comandante das forças brasileiras em Montevidéu. Enviando às terras barrigas-verdes somente para
resolver os problemas do sul, Andréa governou apenas de 1839 a 1840.

Com 400 homens que trouxera do Rio de Janeiro e 3.000 de Santa Catarina, 20 navios e com amplos
poderes, Andréa preferiu os caminhos diplomáticos para acabar com os republicanos: habilmente fez
afastar o Padre Cordeiro e cooptar Neves para a causa imperial, prestigiando e elogiando o coronel
publicamente e o tornando o comandante da Guarda Nacional de São José. Os demais
revolucionários de Laguna foram derrotados por tropas navais do governo brasileiro, fazendo
Garibaldi e sua companheira Anita refugiarem-se no Rio Grande, de onde saíram para lutar na Itália.
A instalação da República Juliana de Laguna, ainda que por pouco tempo, foi uma das páginas mais
gloriosas da história catarinense, projetando internacionalmente o nome de Anita Garibaldi,
denominada a Heroína dos Dois Mundos.

Proclamação E Adesão À República

No dia 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca, à frente de um grupo militar


apoiado por outros grupos republicanos, proclamou a República no Rio de Janeiro. No mesmo dia,
foi organizado o governo provisório, chefiado pelo próprio Marechal. Logo após o

recebimento da notícia da proclamação, os associados do Clube Republicano do Desterro e os

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oficiais da Guarnição Militar aclamam um triunvirato destinado a assumir o governo catarinense.

Essa Junta Governativa foi composta por Raulino Horn, pelo Coronel João Batista do Rego Barros
(comandante da guarnição militar) e pelo Dr. Alexandre Marcelino Bayma, médico da referida
guarnição.

A substituição do Presidente da Província, Dr. Luís Alves Leite de Oliveira Bello, pelo novo governo,
foi feita de forma pacífica, com a adesão dos deputados monarquistas presentes. Ao proclamar-se a
República, já existia, em território catarinense, uma Câmara Municipal totalmente republicana: a de
São Bento do Sul. Um a um, os demais municípios catarinenses vão aderir ao novo regime, que
fortalece as lideranças regionais e Santa Catarina passará a ser governada por seus filhos, com a
condução dos negócios públicos de acordo com os anseios da comunidade catarinense.

O Primeiro Governo Republicano

Para o governo de Santa Catarina, foi escolhido o Tenente Lauro Severiano Müller, que chegou ao
Desterro em 1889. Suas primeiras atitudes foram no sentido de fazer o congraçamento da população
catarinense através de visitas aos vários municípios. Após a dissolução das Câmaras Municipais,
criou as Intendências Municipais.

O novo governo federal convocou, de imediato, uma Assembléia Constituinte e, em 1890, foram
realizadas as eleições. Desta maneira, com a saída de Lauro Müller, o governo do Estado ficou sob a
responsabilidade de Gustavo Richard, que era o 2o vice-governador.

Em 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a Constituição Federal que estabeleceu, no Brasil, a


República Federativa, correspondente à união dos estados autônomos. Alterou bastante a
organização do Estado, como por exemplo, o Presidente da República

seria eleito pelo povo: senadores e deputados também

seriam eleitos pelo povo, cujo direito de voto caberia aos cidadãos homens, maiores de 21 anos e
alfabetizados; as províncias passariam a ser Estados, com maior autonomia política e administrativa
etc.

Em seguida, estabeleceram-se as eleições para a Assembléia Constituinte Estadual. A Constituinte


de Santa Catarina foi instalada a 28 de abril de 1891 e, no mês seguinte, elegia para governador o
mesmo Lauro

Müller e, para primeiro e segundo vices, Raulino Horn

e Gustavo Richard, respectivamente. Em junho, os constituintes davam, ao Estado, a sua primeira


Constituição.

A partir daí, foi efetiva a participação política de Lauro Müller, galgando os mais altos postos, como:
governador do Estado, senador, ministro da viação e obras públicas e ministro das relações
exteriores.

A Primeira Constituição De Santa Catarina

No dia 23 de janeiro de 1890 é promulgada a Constituição do Estadual, texto de Gustavo Richard e


logo no primeiro artigo afirma: O Estado de Santa Catarina é parte integrante da República Federal
dos Estados Unidos do Brasil.

Este texto sofre uma corajosa redação com os deputados: A antiga Província de Santa Catarina
constitui-se em Estado autônomo e independente, fazendo parte integrante da República dos Estados
Unidos do Brasil e reconhecendo, para o livre exercício da sua soberania, somente as restrições
expressamente definidas pela Constituição Federal.

Revolução Federalista

Júlio de Castilhos era o Presidente do Rio Grande do Sul no governo de Floriano. A situação reinante
no Estado era a mesma do restante do País, agravada pelo progressivo antagonismo entre os
políticos. O gaúcho Gaspar Silveira Martins levantou a bandeira do federalismo contra a opressão

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autocrática do governo estadual, em decorrência da Constituição elaborada por Júlio de Castilhos,


moldada na filosofia política de Augusto Comte, aprovada em 14 de julho de 1891. Os partidários de
Silveira Martins admitiam a autoridade do governo central, embora esposassem o sistema
parlamentarista e julgassem que o único modo de salvar o país era a adoção do federalismo.
Alegavam que o sistema presidencialista não atendia à causa da Democracia, por se tratar de um
regime do qual o povo não participava diretamente e em vez disto uma elite governava em favor dos
próprios interesses. Daí surgiram entrechoques, gerando violências. Não era possível contrapor-se às
exigências da opinião pública. Avolumava-se a agitação, sendo mobilizadas tropas do norte do país.
Começaram as perseguições políticas e as fugas para a Argentina e o Uruguai.

Surgiram bandos armados e outras forças para se oporem ao governo. Com 400 homens reunidos no
Uruguai, o caudilho Gumercindo Saraiva entrou em solo gaúcho em 2 de fevereiro de 1893. Suas
forças juntaram-se às do General João Nunes da Silva Tavares, atingindo perto de 3 mil homens.

O refluxo do movimento revolucionário deu-se através de três grupamentos, com uma junção prevista
no sul de Santa Catarina, na confluência dos rios Pelotas e do Peixe. No ponto de junção previsto
pelos federalistas constatou-se que as baixas eram muito numerosas e que uma das colunas, a de
Juca Tigre (José Serafim de Castilhos) não chegara, tendo-se dispersado na região de Chopim,
Paraná. Não houve possibilidade de reagrupamento, tal a pressão das tropas governistas; os
revoltosos resolveram então internar-se em território argentino, na altura da foz do rio Iguaçu.

Apesar disso, Gumercindo Saraiva não se abateu, atravessou o rio Pelotas e levou de roldão as
forças de Salvador Pinheiro Machado e do Coronel Bernardino Bormann. Tomou posição em Passo
Fundo e decidiu empreender um movimento ofensivo, como ocorrera em Inhanduí. Os revoltosos
procuraram de novo dividir os legalistas, por meio de evoluções, o que surtiu efeito. Logo após
reagruparam-se e atacaram de surpresa o restante das tropas acampadas, que eram cinco brigadas.
Estas só não foram totalmente destruídas graças à pronta reação da vanguarda do Coronel Salvador
Pinheiro Machado.

A Revolução Federalista caminhava para o ocaso. A última oportunidade de apoio aos federalistas
pela Armada esvaiu-se quando o Almirante Custódio de Melo não conseguiu tomar o porto de Rio
Grande em 6 de abril e o encouraçado Aquidaban foi torpedeado no litoral catarinense, em 16 de abril
de 1894, pela torpedeira Gustavo Martins, comandada pelo Tenente Altino Correa. O epílogo dessa
trágica revolução foi bastante triste, pois houve crueldade e vingança de alguns governistas contra os
vencidos. O fuzilamento sumário ao pé da cova, no quilômetro 65 da ferrovia Curitiba-Paranaguá,
consternou o país. Em Santa Catarina, a repressão mostrou-se violenta sob a condução do bravo e
competente Coronel Antônio Moreira César; sua perversidade provocou a liquidação sumária do
Barão de Batovi, Marechal Lobo d'Eça, o Capitão- de-Mar-e-Guerra Frederico de Lorena e todos os
aderentes ao governo provisório que se formara no Desterro.

As duas corvetas portuguesas singraram para águas do rio da Prata conduzindo os asilados.
Fundeadas em frente a Buenos Aires, convidaram a muitos deles à fuga. Na noite de 26 de abril,
Saldanha da Gama escapou com 243 homens, sendo recebido em Montevidéu. Após uma curta
estada na Europa, retornou ao Sul do Brasil resolvido a prosseguir na luta. Reuniu as forças
federalistas dispersas enfrentando as forças legais. Registrou tudo em um diário, pacientemente
escrito. E não abandonou a luta, apesar da atitude conciliatória de Prudente de Morais, eleito
Presidente da República. Em 24 de junho de 1895, no Campo dos Osórios, Saldanha da Gama foi
envolvido pelas colunas do General Hipólito Ribeiro e do Coronel Paula Castro. Tentou fugir, mas
encontrou a morte, lanceado pelo Capitão Salvador de Sena e seu irmão, o Alferes Alexandre de
Sena. Em 23 de agosto de 1895, o representante do Presidente, General Inocêncio Galvão de
Queiroz ajustou uma paz honrosa com o General João Nunes da Silva Tavares. O decreto legislativo
nº 310, de 21 de outubro de 1895, concedeu anistia aos revoltosos.

A Colonização Alemã

A primeira colônia européia em Santa Catarina foi instalada, por iniciativa do governo, em São Pedro
de Alcântara, em 1829. Eram 523 colonos católicos vindos de Bremem (Alemanha). Em 1829, a
Sociedade Colonizadora de Hamburgo adquiriu 8 léguas quadradas de terra, correspondentes ao
dote da princesa Dona Francisca, que casa com o príncipe, fundando a colônia Dona Francisca.
Apesar das dificuldades do clima, do solo e do relevo, a colônia prosperou, expandindo-se pelos
vales e planaltos e dando origem, em 1870, à colônia de São Bento do Sul. O núcleo dessa colônia

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deu origem à cidade de Joinville. A colônia de Blumenau (atual Blumenau), no vale do rio Itajaí-Açú,
fundada, em 1850, por um particular, Dr. Hermann Blumenau, foi vendida, dez anos após, ao
Governo Imperial.

Em 1893, a Sociedade Colonizadora Hanseática fundava o vale do Itajaí do Norte, a colônia de


Hamônia (hoje Ibirama). No vale do Itajaí-Mirim, a partir de 1860, começaram a chegar as primeiras
levas de imigrantes, principalmente alemães e italianos, que dinamizaram a colônia de Itajaí,
posteriormente denominada Brusque.

Na parte sul da bacia do rio Tijucas, apesar dos insucessos da colônia pioneira de São Pedro de
Alcântara, novos intentos colonizadores foram alcançados por alemães, com a criação das colônias
de Santa Tereza e Angelina.

A Colonização Italiana

O elemento de cultura italiana insere-se no contexto populacional catarinense em seis momentos:

1. Fundação da colônia Nova Itália (atual São João Batista) em 1836, no vale do rio Tijucas, com
imigrantes da Ilha da Sardenha.

2. Em decorrência do contrato firmado, em 1874, entre o governo imperial brasileiro e Joaquim


Caetano Pinto Júnior, foram fundadas, a partir de 1875, Rio dos Cedros, Rodeio, Ascurra e Apoiúna,
em torno da colônia Blumenau; Porto Franco (atual Botuverá) e Nova Trento, em torno da colônia
Brusque. Em 1877, funda-se a colônia Luís Alves no vale do rio Itajaí-Açú e implantou- se, no vale do
rio Tubarão, os núcleos de Azambuja, Pedras Grandes e Treze de Maio: no vale do Urussanga, os
núcleos de Urussanga, Acioli de Vasconcelos (atual Cocal) e Criciúma.

3. Fundação da colônia Grão Pará (atuais municípios de Orleans, Grão Pará, São Ludgero e Braço
do Norte), por Conde D'Eu e Joaquim Caetano Pinto Júnior.

4. Efetivação do contrato da Companhia Fiorita com o governo brasileiro em 1891; fundação, em


1893, da colônia Nova Veneza (atuais Nova Veneza e Siderópolis), estendendo-se do vale do rio Mãe
Luzia até o vale do rio Araranguá.

5. Expansão das antigas colônias do médio vale do Itajaí-Mirim em direção ao interior, no encontro
de novas terras no alto vale do Itajaí (Itajaí do Sul e Itajaí do Oeste, assim como as do perímetro do
Rio Tubarão).

A Colonização Eslava

A partir de 1871, chegou a Brusque o primeiro grupo de poloneses, que mais tarde se transferiu para
o Paraná. Em função do contrato com o governo imperial, já ocorria o ingresso de poloneses na então
província de Santa Catarina, em 1882. A partir de 1889, novas levas de imigrantes poloneses e
russos chegavam ao Sul de Santa Catarina - nos vales dos rios Urussanga, Tubarão, Mãe Luzia e
Araranguá - e outras levas se localizaram nos vales dos rios Itajaí e Itapocu e em São Bento do Sul e
adjacências. Nessa mesma época, os imigrantes que chegavam ao porto de Paranaguá0 foram
encaminhados pelo Governo do Paraná para a vila de Rio Negro e daí para a colônia Lucena (atual
Itaiópolis). Em 1900, vão ingressar nas localidades de Linha Antunes Braga, em São Camilo e Braço
do Norte, nas terras da antiga colônia Grão Pará, e nas localidades de Estrada das Areias, Ribeirão
das Pedras, Pedras Warnow Alto e Vargem Grande, nas terras do então município de Blumenau.

Após a Primeira Guerra Mundial, tem-se novos ingressos na região do vale do rio do Peixe, Médio-
Oeste Catarinense, em rio das Antas e Ipoméia (1926); no vale do rio Uruguai, nos tributários do
Uruguai, em Descanso (1934); no vale do Itajaí do Oeste (1937); em Faxinal dos Guedes (1938) e
alto vale do Itajaí do Norte (1939) entre alguns outros poucos lugares. Com a Segunda Guerra

Mundial, imigrantes poloneses dirigiram-se, em 1940, através do vale do rio Uruguai para Mondaí e,
em 1948, do alto vale do Itajaí para Pouso Redondo.

Carta De Um Imigrante

Urussanga, 26 de maio de 1892

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Meu caro prefeito de Fusine di Zoido, Itália. Assim que cheguei a Urussanga fui logo abraçando
minha irmã que não via há dois anos. Todos os conhecidos da nossa região estão muito bem
estabelecidos com vacas e bois, cavalos, porcos, galinhas, milho, feijão, arroz, batata e pêssegos, e
figos, e laranjas, limões e café, mas deste muito pouco, agora, fazem também vinho, mas não a cada
ano. Cana de açúcar da qual se tira a cachaça, trigo, também esse não dá todos os anos, assim eu
os ver todos cheios desses gêneros e eu me alegrei, no fundo, no fundo os primeiros colonos passam
a vida muito bem e estão contentíssimos.

As águas são boas e os ares mais do que bons, nevar não neva nunca, no máximo uma geada sobre
os campos, de noite é preciso uma coberta, e a população vem de Belluno e de Treviso, todos bons
trabalhadores e boa gente e todos muito bem arranjados.

Mas, não pensem que na América tudo é fácil, é precise trazer todas as ferramentas para o trabalho e
quem não tem vontade de trabalhar vive em uma miséria pior-que aquela da Itália.

Os terrenos são todos virgens com florestas fechadas, assim um colono que deseja vir para estes
lados encontra terrenos de grande abundância, mas quanto mais tarde chegar sempre mais longe da
sede vai se estabelecer aqui é preciso aqueles que têm vontade de trabalhar e não fazer "os
vagabundos" para viverem na miséria.

O Contestado

O povoamento do planalto serrano foi diferente da do litoral catarinense na sua composição de


recursos humanos. As escarpas serranas, densamente cobertas pela Mata Atlântica, junto com os
povos indígenas, representavam sérios obstáculos para o povoamento da região. A ocupação se deu
de através do comércio de gado entre o Rio Grande do Sul e São Paulo já no século XVIII, fazendo
surgir os primeiros locais de pouso. A Revolução Farroupilha e Federalista também contribuíram para
o aumento de contingente humano, que buscavam fugir dessas situações beligerantes.

Em 1855, o governo da província do Paraná desenvolvia tese de que a sua jurisdição se estendia por
todo o planalto meridional. Daí em diante, uma luta incessante vai ter lugar no Parlamento do Império,
onde os representantes de ambas as províncias propunham soluções, sem chegar a fórmulas
conciliatórias.

Depois de vários acontecimentos que protelaram as decisões - como a abertura da "Estrada da


Serra" e também a disputa entre Brasil e Argentina pelos "Campos de Palmas" ou "Misiones" - o
Estado de Santa Catarina, em 1904, teve ganho de causa, embora o Paraná se recusasse a cumprir
a sentença. Houve novo recurso e, em 1909, nova decisão favorável a Santa Catarina, quando, mais
uma vez, o Paraná contesta. Em 1910, o Supremo Tribunal dá ganho de causa a Santa Catarina.

A Guerra E As Operações Militares

A região contestada era povoada por "posseiros" que, sem oportunidade de ascensão social ou
econômica, como peões ou agregados das grandes fazendas, tomavam, como alternativa, a procura
de paragens para tentar nova vida.

Ao lado desses elementos sem maior cultura - mas fundamentalmente religiosos, subordinados a um
cristianismo ortodoxo - vão se congregar outros elementos como os operários da construção da
Estrada

de Ferro São Paulo-Rio Grande, ao longo do vale do rio do Peixe.

Junto a esta população marginalizada, destaca-

se a atuação dos chamados "monges", dentre os quais o primeiro identificado chamava-se João
Maria de Agostoni, de nacionalidade italiana, que transitou pelas regiões do Rio Negro e Lages,
desaparecendo após a Proclamação da República.

A FIGURA DOS MONGES teve valor fundamental para a questão do Contestado, sendo mais
destacado o José Maria. O primeiro monge foi João Maria, de origem italiana, que peregrinou entre
1844 a 1870 quando morre em Sorocaba. João Maria levava uma vida extremamente humilde, e
serviu para arrebanhar milhares de crentes, porém não exerceu influência dos acontecimentos que

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viriam a acontecer, mas serviu para reforçar o messianismo coletivo.O segundo monge, que também
se chamava João Maria surge com a Revolução Federalista de 1893 ao lado dos maragatos. De
começo vai mostrar sua posição messiânica, fazendo previsões a respeito dos fatos políticos. Seu
verdadeiro nome era Atanás Marcaf, provavelmente de origem Síria.

João Maria vai exercer forte influência sobre os crentes, que vão esperar pela sua volta após seu
desaparecimento em 1908.

Essa espera vai ser preenchida em 1912 pela figura do terceiro monge: José Maria. Surgiu como
curandeiro de ervas, apresentando-se com o nome de José Maria de Santo Agostinho.

Ninguém sabia ao certo qual a sua origem, seu verdadeiro nome era Miguel Lucena Boaventura e, de
acordo com um laudo da polícia da Vila de Palmas/PR, tinha antecedentes criminais e era desertor do
exército.

Após 1893, consta o aparecimento de um segundo João Maria, entre os rios Iguaçu e Uruguai. Em
1987, surge outro monge, no município de Lages. Em 1912, em Campos Novos, surge o monge José
Maria, ex-soldado do Exército, Miguel Lucena de Boaventura, que não aceitava os problemas sociais
que atingiam a população sertaneja do planalto.

O agrupamento que começou a se formar em torno do monge, composto principalmente de caboclos


saídos de Curitibanos, se instala nos Campos do Irani. Esta área, sob o controle do Paraná, teme os
"invasores catarinenses" e mobiliza o seu Regimento de Segurança, pois esta invasão ocorre,
justamente, naquele momento de litígio entre os dois Estados.

Em novembro de 1912, o acampamento de Irani é atacado pela força policial paranaense e trava-se
sangrento combate, com a perda de muitos homens e de grande quantidade de material bélico do
Paraná, o que fez desencadear novos confrontos, além do agravamento das relações entre Paraná e
Santa Catarina.

Os caboclos vão formar pela segunda vez, em dezembro de 1913, uma concentração em Taquaruçu,
que se tornou a "Cidade Santa", com grande religiosidade e, na qual, os caboclos tratavam-se como
"irmãos". Neste mesmo ano, tropas do Exército e da Força Policial de Santa Catarina atacam
Taquaruçu, mas são expulsas, deixando, ali, grande parte do armamento. Após a morte de outro
líder, Praxedes Gomes Damasceno, antigo seguidor do monge José Maria, os caboclos se encontram
enfraquecidos. No segundo ataque, Taquaruçu era um reduto com grande predomínio de mulheres e
crianças, sendo a povoação arrasada.

Em janeiro de 1914 um novo ataque feito em conjunto com os dois Estados e o governo federal que
arrasa completamente o acampamento de Taquaruçú. Mas a maior parte dos habitantes já estava em
Caraguatá, de difícil acesso. No dia 9 de março de 1914 os soldados travam uma nova batalha,
sendo derrotados. Essa derrota repercute em todo o interior, trazendo para o reduto mais e mais
pessoas. Neste momento, formam-se piquetes para o arrebanhamento de animais da região para
suprir as necessidades do reduto. Mesmo com a vitória é criado outro reduto, o de Bom Sossego, e
perto dele o de São Sebastião. Este último chegou a ter aproximadamente 2000 moradores. Os
fanáticos não

ficam só a esperar os ataques do governo, atacam as fazendas dos coronéis retirando tudo o que
precisavam para as necessidades do reduto. Partiram também para atacar várias cidades, como foi o
caso de Curitibanos. O principal alvo nesses casos eram cartórios onde se encontravam registros das
terras, sendo incendiados. Outro ataque foi em Calmon, destruindo a segunda serraria da Lumber,
destruindo-a completamente. No auge do movimento, o território ocupado equivalia ao Estado de
Alagoas, totalizando 20.000. Até o fim do movimento haviam morrido cerca de 6000.

Outros povoados, ainda, como Perdizes Grandes, seriam formados e diversos outros combates,
principalmente sob a forma de guerrilhas, se travariam até que o conflito na região realmente
terminasse.

Profecia De José Maria

Se eu morrer, ressuscitarei. E vou trazer uma força de cavalaria do Céu para matar todos os que não
estiverem do nosso lado. Os irmãs que morrem também ressuscitarão prá brigar com dez soldados

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cada um. E hão de vencer, pois farão parte do Exército Encantado de São Sebastião

Após sua morte, as aparições tornaram-se cada vez mais frequentes. A histeria religiosa toma conta
da região do Contestado. Teodora, 11 anos, neta de Euzébio Ferreira dos Santos, é ―a escolhida‖
para receber as visões do monge e dá ordens, cura doentes e dialoga com o ―santo popular‖
ordenando o posicionamento das tropas rebeldes frente ao exército.

A Escravidão Negra Numa Província Periférica

Na imprensa catarinense, embora fora do eixo, tem-se no dia-a-dia, notícias da comercialização de


escravos, cujos anúncios, com as características somáticas dos seres a serem vendidos, focalizando
os seus predicados, dizendo serem bonitas peças, sem defeito algum, com prendas ou sem elas.
Desta forma, tem-se uma visão na negociação das peças, para o trabalho.

A problemática do escravo e da escravidão negra em Santa Catarina pode ser avaliada dentro de
várias perspectivas. Em termos gerais há toda uma gama de especificidades nas relações entre os
senhores e os seus escravos. Há paralelamente à problemática legal todo o contexto econômico-
social de um relacionamento que apresenta variável, de pessoa para pessoa, de região para região.
Tem-se, em primeiro lugar, que observar as diferenças fundamentais da escravidão numa área de
agricultura de exportação, como sejam as "plantation" de cana-de-açúcar, de algodão e de café, com
aquelas de agricultura de subsistência, ou ainda, com a escravidão nas áreas urbanas, sejam
serviços domésticos, de utilidade pública ou de marinharia, ou, então, com aquelas áreas de criatório
extensivo, como predominou do planalto meridional do Brasil.

Cada região tem peculiaridades próprias e, portanto, é um quadro referencial à parte. Entre os
problemas da escravidão estão às relações dos escravos frente à legislação penal brasileira,
sucessora que foi das "Ordenações". Nos vários "Livros" das Ordenações tem-se as formas de
incriminação dos escravos. Assim o furto praticado por escravo, a fuga de escravo, o escravo
portando arma de fogo, o escravo ameaçando o senhor com arma, o levaria a ser atenazado, ter as
mãos decepadas e enforcado, se matar o senhor ou seu filho, e se o ferir teria morte na forca.

O Código Criminal do Império Brasileiro, promulgado em 16 de dezembro de 1830, estabeleceu as


condições de ação dos Chefes de Polícia em cada uma das Províncias e tem-se, a partir de então,
uma farta documentação, onde aparecem os crimes cometidos e os castigos infligidos dos escravos.
Diante da Justiça, na Ilha de Santa Catarina, as causas das penalizações são as mais diversas:
desde o "vagar fora de horas" até os crimes de homicídio.

Dentro da sua luta pela liberdade o escravo usou, principalmente, a fuga do cativeiro. Houve de certa
forma, uma inter-relação da fuga com o tratamento dado pêlos proprietários aos seus escravos.
Assim sendo eles são considerados como ações reivindicatórias da liberdade. Poder- se-á, ainda,
correlacioná-las com as crises econômicas, com o processo político.

Na medida em que há exigências de maior trabalho por parte do senhor, o escravo vai procurar fugir
ao controle do feitor ou do próprio senhor. Algumas vezes a fuga foi efetuada, individualmente, mas,
em outras ocasiões, a fuga foi coletiva. Tem-se, desde o período colonial a anotação desse fenômeno
coletivo.

Em 2 de setembro de 1769 o Conde de Azambuja, Vice-Rei do Brasil, escrevia do Rio de Janeiro ao


Juiz Ordinário e mais membros da Câmara "da Ilha de Santa Catarina", "a respeito dos negros
fugidos aprovo a providência que vossas mercês derão aos 'Capitães-de-mato' os quais e todas as
mais pessoas mandadas legitimamente a essas diligências, resistindo-lhes os negros, os podem
matar sem nisso incorrerem em crime, porque assim determina em geral a Ordenação a respeito de
todos os criminosos, e pelo que toca aos negros fugidos...

Os "quilombos" continuaram a existir em território catarinense. Há aparecimento de "quilombos" em


várias partes. Em 1822, há um na Lagoa, que gerou correspondência azeda entre várias autoridades,
e nem se extinguira esse "quilombo" e já se anota outro em Enseada de Brito. Em 1831 volta a existir
outro "quilombo" na Lagoa, pelo que a Câmara Municipal do Desterro nomeou, a 10 de janeiro de
1831, "capitães-de-mato" para Enseada de Brito a Francisco Joaquim Fumaça e para a cidade do
Desterro, Jerônimo Lopes de Carvalho. Este a 2 de março daquele ano.Mas, não termina aí a
problemática da organização de "quilombos", em território catarinense.

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Na Ilha de Santa Catarina as autoridades defrontam-se, novamente, em 1842, com o problema. Ora
são os proprietários que pedem auxílio "para prisão de seus escravos e outros aquilombados nas
freguesias de Santo António, Lagoa, Canasvieiras e Rio Vermelho" ou então se fornece ao Juiz de
Paz da Lagoa cartuchame para destruir o quilombo existente da parte do Rio Tavares. Este
"quilombo" perto do Rio Tavares, ficava no local conhecido como Faxinai, e os seus habitantes
"saqueiam as roças e o gado dos moradores".

O crescendo da fuga de escravos fez com que fosse encarregado como "capitão-do-mato", para toda
a Província, Manoel Fernandes de Aquino. Mas, esta nomeação não pôs fim ao problema. Em
Forquilhinha, "distrito da vila de São José", fez com que se "prontificasse" dois "capitaes-do- mato".
Um outro sistema de fuga muito bem estruturado no litoral catarinense é a utilização de vários
baleeiros norte-americanos,após 1866. O caso mais espetacular foi o do baleeiro norte- americano
"Highiand Mary of. Say Harbour", em 15 de maio de 1868, que "recolheu a seu bordo sete escravos
aliciados para fugir por outro escravo chamado Frutuoso, que se achava a bordo, e que havia dois
anos fugira da mesma maneira" e a perseguição ordenada pela Presidência da Província não deu
resultado. E a utilização deste método é continuado, porquanto o porto do Desterro é, à época, um
local de arribada constante dos baleeiros norte-americanos, em demanda aos mares do sul, e nele
fazem seus aprovisionamentos. Tanto assim que, em 31 de julho de 1868, novamente as autoridades
catarinenses têm novo alarme, no mesmo sentido. Todos os cidadãos norte-americanos, moradores
na orla litorânea catarinense, são, então, olhados com desconfiança, como intermediários nesse
processo de fuga. Até um personagem que foi Cônsul interino dos Estados Unidos na cidade do
Desterro, Robert S. Cathcart foi incriminado, sem, entretanto, haver provas mais concludentes a este
respeito.

Esta temática encontra uma base lógica face à concessão de liberdade aos escravos norte-
americanos, ao término da Guerra de Secessão. Assim, uma constante são os anúncios em jornais,
sobre a fuga de escravos, com as descrições dos seus aspectos físicos e dos traços que melhor os
caracterizam, notadamente os seus defeitos, e onde não faltam as menções às gratificações a quem
os indicar aos seus proprietários.

Há, em contraposição formas para amenizar a escravidão, como a concessão de um dia para
trabalhar e com o ganho a formação de um pecúlio. Ou, ainda, a permissão para a formação de
entidade associativa-filantrópica, como o foram as Irmandades de Nossa Senhora do Rosário, em
tomo das quais se desenvolve o sincretismo religioso e lúdico, visualizado nas "congadas" ou "danças
de congo". Por outro lado, o estudo minucioso das "cartas de liberdade" poderão conduzir a um
diagnóstico mais correio do relacionamento entre senhores e escravos e personalizar melhor as
tendências da psicologia senhorial.

Na área da colônia de Blumenau teve-se uma única venda de escravo, registrada em tabelionato, fato
que se deu durante a ausência do Diretor da Colônia, Dr. Hermann Otto Bruno Blumenau.

Outros aspectos que estão a merecer melhores estudos, notadamente em Santa Catarina, são
aqueles concernentes à reavaliação da sua população escrava, pela busca de dados mais correios,
e, ainda, a análise de conteúdo da imprensa, para uma verificação do grau de defesa ou não do
abolicionismo e as tendências manifestadas, bem como a determinação da correlação com as
diferentes correntes político-partidárias que, então, se defrontavam.

O Escravo Na Legislação Provinciana

O problema do escravo na sociedade e economia catarinense ganha nova dimensões a partir da


análise cuidadosa da legislação catarinense vigor de 1835a 1888. Longe de ser conclusivo, seu
estudo abre uma imensidade de perspectivas de pesquisas, enriquecendo um tema da maior
importância para a história de Santa Catarina e, num contexto mais amplo do qual é inseparável,

do Império. A maior contribuição da legislação catarinense, a nosso ver, se coloca para a história
social. Através dos Códigos de Posturas dos Municípios podemos traçar um paralelo entre as
atividades exercidas pêlos escravos e pêlos homens livres na sociedade, o que representa uma
contribuição importante para a caracterização do sistema. Assim, pudemos constatar:

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- Que a quase totalidade das atividades urbanas eram exercidas por escravos e livres. Encontramos
escravos mascates, cavaleiros, pescadores, leiteiros, pombeiros (atravessadores de gêneros),
marinheiros, etc., além, logicamente, dos escravos de ofício. A diferenciação social se

manifesta basicamente de duas formas: a) pela própria caracterização das pessoas ("qualquer
pessoa") entre livres e escravos; b) pela diferenciação da punição (―sendo livre...‖, ―se for cativo..."),
sempre mais rigorosa para o escravo, com raríssimas exceções de igualdade, implicando muitas
vezes a pena em palmatoadas, açoites, castigos corporais não especificados, prisão, etc.

Neste aspecto cumpre ressaltar que dentre todos os Códigos Municipais de Posturas o da Vila de
São Francisco nos pareceu o mais severo, pela imposição mais constante de penas de açoites aos
escravos; nos demais municípios a pena de açoites é rara (Desterro, Lages, por exemplo), ou
inexistente. Entretanto, pudemos observar também que a expressão "para ser punido policialmente"
surge nesses códigos sem que se possa atribuir-lhe o significado que adquiria na prática.

Em Laguna detectamos a existência de proprietários escravos. A lei refere-se à existência de animais


cavalar, muar, cabrum e vacum, pertencentes a escravos; caso esses animais estivessem soltos
dentro dos limites da cidade o senhor de escravos seria multado. Eis dois aspectos sumamente
interessantes: a) escravos proprietários e b) as multas seriam pagas pêlos senhores dos escravos.
Pareceu-nos tratar-se de uma peculiaridade do Município de Laguna, vinculada às condições sócio-
econômicas do próprio município, que deveriam ser levantadas inserindo essa participação do
elemento escravo.

Era proibido exclusivamente aos escravos apenas:

a) ser caixeiros em vendas e tabernas. Este é um aspecto que merece um estudo mais aprofundado,
uma vez que nenhuma outra atividade é vetada tão taxativamente em todos os Municípios da
Província, como esta.

b) o divertimento do entrudo; sob pena de prisão;

c) os "reinados africanos", os senhores que dessem licença para tal fim seriam multados;
alugar casas para morarem independentes de seus senhores. Cabe aqui uma grande interrogação:
quais escravos teriam condições de pagar aluguel, e por que o fariam? Havia uma aceitação por
parte dos senhores? Se não havia, por que os escravos pretendiam tal coisa? E se havia, por que a
legislação proibia? Nos demais casos, o que é proibido ao escravo o é também para os homens
livres. Por exemplo:

a) a lei que se refere a barulho, etc., é severa para toda a população, e proíbe também os fandangos,
jogos, etc., sem a devida licença;

b) as leis que regulam o uso de armas não fazem referência explícita a escravos; referem-se a
"qualquer pessoa". E certo que havia uma lei do Império (24/01/1756) que punia os escravos que

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andassem com faca, mas as leis municipais referem-se a vários tipos de armas, e não separam livres
e escravos, como nas demais.

Este aspecto merece uma interpretação mais aprofundada, pois parte-se do pressuposto de que aos
escravos era proibido andarem armados, pelas implicações de sua própria condição. Como
interpretar a redação dessas leis, então? Em várias situações o escravo e "filho famílias" aparecem
tutelados, lado a lado. Por exemplo, na proibição de participar de jogos, rinhas, etc. Em outras, livres
e escravos aparecem com as mesmas funções que numa sociedade aristocratizada caberia apenas
ao escravo. E o caso da conservação de estradas, pontes, caminhos públicos, etc., que cabia à
família a responsabilidade de executar o trabalho, "por si, e sua família, seja filho ou escravo".

Quando morre o escravo volta à condição de ser humano. A diferenciação para o recebimento dos
sinais se faz entre homens, mulheres e menores de sete anos; a mortalha é garantida por lei.
Entretanto, devemos ressaltar que apesar de nesta como em outras situações percebe-se uma maior
sensibilidade em torno do escravo, não acreditamos ser suficiente para lançar conclusões sobre a
maior humanidade do sistema escravista no sul; o aspecto subjetivo do relacionamento senhor-
escravo não pode ser levantado na legislação, e é ele, em última análise, que dará as nuances
diferenciadoras do sistema.

É severa a punição ao boticário que vender drogas venenosas a escravos, em todos os municípios.
Seria para coibir os suicídios ou para evitar que os senhores fossem assassinados? Ou ambas as
coisas? Esta questão apenas aflora na legislação; para sua elucidação deve-se recorrer a outras
fontes de pesquisa. Ressaltamos que havia preocupação constante nos Códigos de Posturas, e que,
obviamente, havia motivos para isto.

Para encerrar, registramos que dos Códigos de Posturas analisados apenas o de Joinville não faz
nenhuma referência a escravos; o vocábulo e seus sinônimos são inexistentes. Para os aspectos
econômicos do sistema escravista na Província de Santa Catarina a questão se coloca com muito
maior índice de dificuldade. Acreditamos que seria necessário, em primeiro lugar, um estudo visando
descobrir o que representava o total dos impostos arrecadados sobre escravos no total da Receita da
Província. Pode-se perceber uma

Acreditemos que para atingir a maior parte das respostas a estas perguntas aqui lançadas e as que
numerosamente surgirão, seria necessário um levantamento arquivístico, englobando jornais e tudo o
que for disponível. Somente a partir daí se poderá conhecer verdadeiramente o sistema escravista
em Santa Catarina, mas em muitos lugares estes registros deixaram de existir, por quê?

Se a humanidade do passado por umas falas compreensão dos direitos lógicos e naturais,
considerou que podia apoderar-se de um indivíduo qualquer e escravizá-lo, compete-nos a nós, a nós
que somos um povo em via de formação, sem orientação e sem caráter particular de ordem social,
compete-nos a nós, dizíamos, fazer desaparecer esse erro, esse absurdo , esse crime

Cruz E Souza (1887)

O Jornalismo Na Cidade De Blumenau

Uma das mais ricas e populosas regiões de Santa Catarina e segundo pólo têxtil do mundo, o Vale do
Itajaí tem um papel singular na história dos meios de comunicação do estado. E no Vale, mais
precisamente em Blumenau, que nasceu a mídia eletrônica: rádio e televisão catarinense, colocando
a cidade em posição de vanguarda em relação a municípios maiores como Florianópolis e Joinville.
Mais de setenta anos depois, a região mantém posição de destaque na radiodifusão.

Das 184 emissoras de rádio existentes no estado, de acordo com a Associação Catarinense de
Emissoras de Rádio e Televisão, pelo menos 36 (17 FMs e 19 AMs) estão no Vale, isto sem levar em
conta as educativas e comunitárias, além de emissoras comerciais não filiadas à entidade. Há ainda
seis emissoras de televisão com sinal aberto', além dos canais por assinatura. Destacam-se as
emissoras comerciais RBS TV Blumenau, Record News (Blumenau) e TV RIC Record (Itajaí);
Educativas: TV Brasil Esperança (Itajaí), TV Bela Aliança (Rio do Sul), FURB TV (Blumenau) e TV
Panorama (Balneário Camboriú).

No jornalismo impresso, o destaque é o "Jornal de Santa Catarina", o terceiro mais importante do


estado. Em pesquisa realizada em 19992, constatamos que a imprensa catarinense é constituída por

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177 pequenos jornais, além dos quatro maiores: "Diário Catarinense", "A Notícia", "Jornal de Santa
Catarina" e "O Estado". Entre os pequenos, 45 (25%) estavam no Vale, dois estão entre os seis mais
antigos do estado ainda em circulação: "Nova Era" (Rio do Sul - desde 26/12/1937) e "O Município
Dia-a-Dia" (Brusque - desde 25/06/1954).

Por suas atuações nas respectivas comunidades, vale registrar ainda o "Página 3" e "Tribuna
Catarinense" (Balneário Camboriú), "O Atlântico" (Itapema), "Jornal do Médio Vale" (Timbó), "Cruzeiro
do Vale" (Gaspar), "Diário da Cidade" e o polêmica "Diário do Litoral" (Itajaí), "A Voz da Razão",
―Folha de Blumenau‖ e "Tribuna Regional" (Blumenau), "A Cidade" (Rio do Sul) e o "Jornal do
Comércio" (Piçarras).

Esta pequena panorâmica evidencia a necessidade de uma ampla pesquisa para se traçar o perfil da
imprensa no Vale do Itajaí. Em razão da brevidade desse capítulo, concentraremos nossa abordagem
na imprensa escrita de Blumenau e Itajaí como representativas da região. Tal delimitação parte do
fato, também, que estes são os municípios mais expressivos e os pioneiros da indústria cultural do
Vale e de Santa Catarina.

Apenas como ilustração, é importante ressaltar que o pioneirismo do rádio coube a João Medeiros
Júnior, o primeiro radio-amador licenciado do estado, e que em 1929 instalou um serviço de alto-
falantes no centro de Blumenau. No final de 1931, ele iniciou as primeiras experiências radiofónicas e
em 1935 a Rádio Clube (PCR-4) estava no ar. A licença saiu em 19 de março de 1936. Santa
Catarina entrava na era do rádio, 23 anos depois de fundada a Rádio Sociedade Rio de janeiro, a
primeira do Brasil. Em Itajaí, em 26 de outubro de 1942, Dagoberto Alves Nogueira e Adolfo de
Oliveira Júnior instalou oficialmente a Rádio Difusora, a terceira em solo catarinense.

Em 1954, era constituída a Rede Coligadas de Rádio que, mais tarde .pleiteou a concessão de um
canal de televisão para Blumenau. Surgia assim, em l ° de setembro de 1969, a TV Coligadas, a
primeira emissora oficialmente instalada em Santa Catarina, dezenove anos depois da TV Tupi, a
primeira do país, em São Paulo.

O "Blumenauer Zeitung" ("Gazeta Blumenauense"), primeiro jornal de Blumenau e do Vale, foi


resultado de uma ação cooperativada da qual 71 colonos eram cotistas. A iniciativa partiu de
Hermann Bauggarten, então com 25 anos. Nascido em Blumenau, mas ilustrado em Porto Alegre e
Rio de Janeiro, o descendente de alemães voltou à sua terra natal com o objetivo de montar um
jornal. A falta de recursos financeiros o levou à constituição da Sociedade Tipográfica Blumenauer
Zeitung, em 1879. Conforme o estabelecido em contrato, o valor das ações foi devolvido
gradativamente aos cotistas, e Baugartem tornou-se o único dono.

Com uma impressora importada de Leipzig (Alemanha), o semanário surgia no formado de quatro
páginas, redigido em alemão e com circulação nas principais cidades catarinenses, onde mantinha
agentes (Itajaí, Brusque, Joinville e Desterro), além do Rio de Janeiro e Alemanha. António Härte era
o redator e Hermann Baumgarten o editor. Circulou até 2 de dezembro de 1938.

Mesmo contrário à criação do jornal, Hermann Blumenau, o administrador da colônia, comprou duas
ações e sob sua assinatura colocou a observação bedingt (condicionalmente). Uma semana depois
da primeira edição, Blumenau recebia a devolução de sua parcela no empreendimento. As atividades
políticas desse jornal, embora sem sombra de dúvidas, voltadas exclusivamente para a defesa do
nome da Colônia e dos interesses dos seus moradores, provocou a fundação de outro jornal, o
―Immigrant‖ e dos debates entre as duas folhas, nasceram discórdias, lutas sérias, ataques à moral e
à dignidade dos contendores e dos seus adeptos. O "Immigrant", segundo jornal da colônia
blumenauense, foi criado por Bernardo Scheimantel e circulou de abril de 1883 a abril de 1891.
Nascia como resultado declarado de um embate político. Após a grande enchente de 1880 - que
atrasou em dois anos a instalação do município -, o governo imperial designou uma comissão de
engenheiros, chefiada pelo Dr. Antunes, para fazer o levantamento dos prejuízos e atuar na
reconstrução da colônia.

A comissão praticou desmandos, favorecimentos e atos de corrupção que geraram pronta reação do
"Blumenauer-Zeitung", e em muitos casos bastante contundentes. Foi então que simpatizantes e
beneficiados por Antunes criaram o "Immigrant". O confronto entre os dois jornais chegou à esfera do
poder público, sendo debatido na Câmara de Vereadores, criada em 1882. Os desafetos só
amenizaram quando a comissão Antunes deixou Blumenau.

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Após a Proclamação da República, os dois jornais travaram novo embate. O "Immigrant", de matiz
liberal, comemorou o novo regime em vários editoriais e perdeu muitos aliados, os opositores à
política florianista. O "Blumenauer", ligado ao Partido Conservador, revidou. Sem apoio, o
"Immigrant" fechou as portas em 1891. Em 18 de Julho de 1892, surge "O Município", editado em
português e alemão. O objetivo era veicular os comunicados oficiais da intendência, já que o
"Blumenauer" fazia oposição ao intendente. O Jornal teve apenas 32 edições e saiu de circulação em
março de 1893. No mesmo mês, foi substituído pela segunda versão de o "Immigrant", agora sob a
direção de Paulo Steizer, que defendia a causa federalista. A maioria da população era republicana e
tinha como porta-voz o "Blumenauer". Os confrontos entre os dois jornais não tardaram. Em 16 de
julho, após 16 edições, "Immigrant" desaparecia pela segunda vez. Foi comprado pelo pastor
Faulhaber, em nome da Conferência Pastoral Evangélica, que passou a editar o semanário religioso
"Der Urwaidsbote" ("O Mensageiro da Floresta"), que circulou até 29 de agosto de 1941.

A Evolução Do "Homi", Zé Dassilva. O Humor Dá A Dimensão Precisa Da Crítica, Da


Interpretação Do Fato E De Sua Relação Com Os Demais Conhecimentos.

Em sua longa trajetória, o "Der Urwaidsbote" trocou de proprietário algumas vezes, assumindo
também colorações políticas. O pastor Faulhaber ficou no comando da redação até 1898 e, após as
eleições daquele ano, foi substituído por Eugênio Fouquet. Este foi o responsável pela orientação do
jornal durante quase trinta anos. A Primeira Guerra interrompeu a circulação do jornal por dois anos,
que retornou em 23 de agosto de 1919. Variados e ricos suplementos, inclusive impressos na
Alemanha, foram encartados em "Der Urwaidsbote" durante muitos anos. Em 1928, o jornal chegava
à tiragem de cinco mil exemplares.

A partir da década de 30, nada menos que 32 municípios foram desmembrados de Blumenau, com
novos veículos de comunicação emergindo como porta-vozes destas novas comunidades. Os novos
títulos criados a partir do início do século XX expandiram a imprensa de Blumenau. "A Nação"
(1943/1980), fundado por Honorato Tomelin, foi o principal jornal blumenauense até o nascimento do
"Jornal de Santa Catarina" em 1971. Seguindo a vocação industrial do município, os jornais
tornaram-se cada vez menos voltados às questões da imigração e à agricultura, e mais ao cotidiano
urbano e industrial. Até início dos anos 70, de acordo com Silva, foram 137 publicações entre jornais-
empresa, órgãos sindicais, classistas, colegiais, agremiativos, revistas, anuários e outros.

A 22 de setembro de 1971, Santa Catarina entra na era do jornalismo moderno. Foram dois anos de
planejamento, incluindo edições pilotos para avaliar o projeto gráfico, o conteúdo editorial e a
produção industrial. Assim nascia o ―Jornal de Santa Catarina‖, para, a partir de Blumenau para atingir
todos os municípios e concorrer com ―A Notícia‖ (Joinville) e ―O Estado‖ (Florianópolis). O jornal nascia
para complementar a primeira grande rede de comunicações do estado. Com a TV Coligadas
operando desde setembro de 1969 e uma cadeia de emissoras de rádios associadas.

Com a venda da TV Coligadas em 1980, o Santa mergulha em grave crise financeira, acentuada pela
recessão no início do Governo Collor. Em maio de 1990, seus jornalistas realizaram a mais longa
greve da categoria, que durou quase dois meses. Nas primeiras semanas a adesão foi de quase
100% dos jornalistas, fechando praticamente todas as sucursais. Mais de 40 profissionais foram
demitidos, embora o movimento tenha sido julgado legal. Durante o tempo em que a redação parou, o
Jornal circulou precariamente e no início uma edição de quatro páginas explicava aos leitores o que
estava acontecendo.

Em l ° de setembro de 1992, a RBS assumia o Jornal imprimindo-lhe novo ritmo editorial, comercial e

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administrativo. A aquisiçãoera estratégica. Como o "Diário Catarinense", jornal do grupo lançado em


Florianópolis em 1986, não conseguia penetrar maciçamente no Vale do Itajaí, o Santa representava
um grande portal de entrada da RBS naquele importante mercado de anunciantes e leitores. O Santa
foi regionalizado e atualment atinge 64 Municípios do Vale do Itajaí com sucursais em Florianópolis,
Itajaí, Brusque, Rio do Sul e Jaraguá do Sul. Já em setembro de 1994, passava a ser impresso em
cores e em 1996 chegava à Internet. Atualmente, é o terceiro em tiragem no estado, chegando a 20
mil exemplares de segunda a sábado e cerca de 25 mil aos domingos. Conta com cerca de 50
profissionais na redação que produzem a média de 44 páginas diárias.

Uma rede de televisão, por exemplo, além de ser um alto negócio, em termos de aplicação de capital,
pode ser importante para divulgar informações e ideais que interessem às classes dominantes.
Informações e idéias congruentes com os interesses econômicos, políticos e educacionais, religiosos,
militares e outros do bloco do poder.

Dizem respeito à ordem, paz social, estabilidade política, segurança, integração, identidade nacional
ou progresso, crescimento, produtividade, desenvolvimento, modernização

Octávio Ianni

Baumgarten, Cinema E Blumenau

O cinema nasceu no final do século XIX, como legítimo representante de um período pleno de
invenções e descobertas. Após a Revolução Industrial verificou-se um significativo desenvolvimento
das ciências em seus diversos campos, surgindo, naquele processo de transformação econômica,
social e cultural, uma serei de invenções que viriam influir decisivamente nos rumos da história
moderna, entre elas a fotografia, 1839 e o cinema em 1895. A data mais aceita para o ―surgimento‖ da
primeira exibição pública cinematográfica é 28 de dezembro de 1895, no Cinematrófico dos Irmãos
Lumière, em Paris, França. Mas há quem conteste. A teoria mais aceita sobre a invenção do cinema
é aquela que admite que os princípios da técnica cinemagráfica moderna forma inventados por
Thomas Edison e aperfeiçoados e colocados em prática pelos Lumière. O primeiro filme apresentado
pelos irmãos franceses chama-se A chegada de um trem na estação Ciotat que representa o
cotidiano proletário da capital francesa.

A criação cinematográfica em Blumenau possui no visionário Alfredo Baumgarten (1883 - 1967) um


nome de respeito na história local. Filho de jornalistas assumira o controle do jornal Blumenauer
Zeitung e dedica-se ao jornalismo. Existem poucas fontes que dão conta da obra de Baumgarten,
mas é datado de 1932 o inicio de suas atividades relacionadas ao fantástico mundo do cinema.

Foi com um olhar sensível e seu espírito perfeccionista que Alfredo Baumgarten registrou, através de
uma câmera, fosse ela de cinema ou de fotografia, a cidade de Blumenau e seus arredores, sua
população e seus personagens, deixando efetivamente, nesta área sua grande obra. Uma obra que
não se encontra pelo menos a parte fotográfica, reunida em nenhum acervo especial, mas espalhada
na imensa maioria dos lares da grande Blumenau, incluindo os diversos municípios que foram sendo
desmembrados a partir de 1934. As fotografias de Baumgarten requeriam um verdadeiro talento
artístico do seu autor, que as retocava ou as coloria habilmente, uma a uma. Eram feitas com
negativos em chapa de vidro, já no seu tamanho final. O material era importado e o laboratório ou o
atelier da Rua Quinze, como ficou conhecido, era na sua residência. Preocupado com a memória,
Alfredo tinha o cuidado de classificar e arquivar cada chapa utilizada, método que permitiria futuras
reproduções. Seu neto, Armando Medeiros, lembra o esmero do avô ao afirmar repetidamente que
este arquivo constituía o verdadeiro patrimônio do fotógrafo. Lamentavelmente, este seu imenso
patrimônio, acumulado durante mais de 40 anos, foi destruído peias águas devastadoras da enchente
ocorrida em 1957, na cidade de Blumenau.

A fragilidade da memória, em especial quando se trata da conservação de documentos fotográficos


ou cinematográficos das primeiras décadas deste século, também está evidenciada na perda
bastante significativa dos registros deixados por este pioneiro do cinema catarinense. Os motivos do
desaparecimento de grande parte da filmografia de Alfredo Baumgarten vão desde a má conservação
dos filmes, armazenados em lugares vulneráveis às frequentes enchentes da cidade, até a destruição
quase total, pelo comando da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, nos anos 1959, dos
inúmeros filmes que registravam a Ação Integralista Brasileira.

Na verdade, existem pouquíssimos registros sobre a obra cinematográfica de Baumgarten. A maioria

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das fontes dá conta do início de sua atividade no ano de 1932. Porém pelo menos quatros filmes de
curta duração, entre as quase uma hora de imagens fixadas no celulóide pela câmera de Alfredo
Baumgarten que lograram sobreviver ao tempo, revelam registros anteriores, que

comprovam o início da sua atividade cinematográfica anterior àquela data. São eles: inauguração
d'uma ponte em cemento armado em Indayal (1926); Enchente em Blumenau, novembro de 1927;

O Rei da Saxônia em Blumenau, junho 1928); Imponentes Comemorações do Centenário da


Colonização Alemã em São Pedro de Alcântara no dia 15 de novembro de 1929.

Baumgarten utilizava uma filmadora de 35 mm, adquirida provavelmente em uma de suas viagens ao
Rio de janeiro, para captar as imagens que ele próprio revelava em seu atelier. Embora não tendo
provavelmente realizado filmes sonoros, o cinegrafista tinha pelo menos esta pretensão, conforme
publicou o jornal Cidade de Blumenau, em 9 de novembro de 1935, informando que a "recém criada
A. Baumgarten-Filme está filiada à Distribuidora de Filmes Brasileiros e seus filmes serão
completamente sincronizados, isto é, musicados e falados‖. Provavelmente a sua intenação era a de
dar continuidade ao seu trabalho de realizações cinematográfica, utilizando-se do recurso sonoro nas
novas captações e exibições.

O cinegrafista soube utilizar sua formação de fotógrafo na captação das imagens em movimento. As
cenas dos pescadores na praia de Itapema, do antigo ônibus passando pela Ponte Hercílio Luz63, do
Vapor Blumenau chegando na cidade de Blumenau, das cachoeiras do Rio do Oeste, entre outras,
são imagens de raríssima beleza, que comprovama acuidade técnica do realizador. Filmes como O
Palácio Municipal em Ithajaí, A Fabrica de Hering Cia e Imponentes Comemorações do Centenário da
Colonização Alemã em São Pedro de Alcântara no dia 15 de novembro de 1929, são exemplos de
imagens de inestimável valor histórico. Nelas, pesquisadores podem encontrar subsídios para
trabalhos desenvolvidos em diversas áreas do conhecimento64. As cenas do campo e dos arredores
da região de Blumenau, como as encontradas nos trechos da Viagem estrada férrea para Honsa,
Transporte sobre um rio, A moradia do caboclo no sertão, No pinheral, Engenho de Serrar madeira
em Warnov, Derrubada, A mata derrubada e Fogo no roçado, além do natural interesse histórico que
suscitam, podem subsidiar estudos na área geográfica e ecológica, entre outras. "Dependendo do
"olhar" do interessado, algo novo pode surgir das imagens legadas por Alfredo. O fato é que, muito
embora grande parte da filmografia de Baumgarten tenha sido perdida, os filmes que sobreviveram
ao tempo representam ainda um expressivo manancial para estudiosos e comprova a importância
dos registros cinematográficos como suporte ao trabalho de qualquer historiador.

Na verdade, Alfredo Baumgarten, mesmo empunhando uma câmera de filmar, nunca deixou de ser
fotógrafo. Quando de posse de uma câmera filmadora, ele fotografava cenas em movimento, com
pessoas posando para a câmera como se fora para uma fotografia. Não apenas por esta evidência -
que de certa forma, para a novidade que representava a filmagem para as pessoas daquela época e
região, pode ser considerada como corriqueira, mas principalmente por sua pretensão em relação
aos objetos filmados, que parecia ser acima de tudo, a de documentar, como fazia com sua máquina
fotográfica. Sua câmera registrou belas paisagens e cenas comuns da época. O olhar de Baumgarten
demonstrava sua preocupação em documentar imagens bucólicas e simples, como um fotógrafo
amador quando ganha sua primeira câmera. Só que Baumgarten tinha uma sólida formação de
fotógrafo e logo descobriu a possibilidade de tirar proveito do movimento com sua nova câmera.

No filme Viagem estrada férrea para Hansa, por exemplo, sua câmera está dentro de um trem com
vista para um vale e um rio. Imagens tomadas de dentro de trens eram comuns neste período. A
pesquisadora afirma que o mundo visto a partir do trem, apresentado como uma paisagem que
desfila rapidamente diante do retângulo da janela, aludia a uma experiência sensorial da velocidade,
que era inteiramente inédita. Esta surgindo uma nova percepção de mundo, uma nova forma de ver
as coisas, mediatizada pelas formas mecanizadas de deslocamentos, mas transformada em
percepção visual com o auxílio direto do próprio cinema, uma mídia capaz de produzir a sensação da
velocidade.

Filosofia Em Santa Catarina

A história da filosofia em Santa Catarina confunde-se com a história da formação e organização da


Igreja Católica. Os seminários (centro de formação sacerdotal) têm por princípio o estudo da filosofia.
Estes centros procuram ao longo do século XX estruturar cursos que pudesse suprir esta

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necessidade. Grande número dos filósofos e pensadores de nosso estado tem na sua formação o
cerne católico, embora a filosofia buscasse resolver seus problemas de forma autônoma da teologia.
O positivismo de August Comte contribuíra de forma significativa para o distanciamento da filosofia
em relação à teologia e a busca autônoma do instrumento de filosofar. O capítulo que segue buscará
apresentar e trabalhar problemas que foram importantes na discussão filosófica catarinense.

No jornal da capital ―Diário da Tarde‖ de 10 de fevereiro de 1946 é publicado o seguinte soneto e


chamado assim pelo jornal de ―Soneto Filosófico‖:

"A Montanha"

Ao João Alfredo Medeiros Vieira

Enorme a altiva, altiva e inerme, eis a montanha Que junto ao mar grandioso e infinito se apruma, Ora
cheia de sol, ora imersa na bruma,

Na mais profunda paz, como uma deusa estranha.

Vergaste-a da tormenta a insana e avérnea sanha, Corte-a o raio mendaz, insulte a tudo, em suma:
Repousa, dorme, sonha, escura e fria, numa Calma que só da pedra a existência acompanha.

Os séculos, sem fim, vão lhe passando à frente.

E ela, nesse torpor, nada persiste ou sente Em seu dorso brutal de esfinge adormecida.

Viverá sempre assim, num letargo profundo,

Na infinda paz de quem jamais contempla o mundo, Na infinda paz de quem jamais conhece a vida!

José Pires ZYTKUEWISZ

A fé em Deus e a razão andam juntas?

O semanário ―O Município‖, da cidade Brusque publicou, em sua edição de 10 de novembro de 1995


uma reportagem da página inteira sobre a prática filosófica em Santa Catarina que se reproduz
abaixo:

Na terça-feira, 7 de novembro, 15 alunos do segundo semestre de Filosofia da FEBE (hoje Unifebe),


romperam a barreira do tempo e "voltaram" à Europa medieval do século XIIÍ, numa época então
dominada por uma constante inquietação, de certo modo curiosa e especulativa, no campo da
Filosofia. Sob a coordenação do professor de Filosofia Eloy Dorvalino Koch, os alunos simularam
uma aula magna, realizada naquela época, discutindo a relação entre fé e razão, através das cinco
teses defendidas por São Tomás de Aquino (1224 a 1274), que pretenderam provar a existência de
Deus. Durante quatro horas, a mesa inquiridora formada por aproximadamente oito "doutores
examinadores" e presidida por "Tomás de Aquino", questionou o "jovem estudante" (interpretado por
Adilson Koslowski, hoje professor universitário de filosofia), que defendeu sua tese de doutorado na

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Universidade de Paris, baseando suas ideias nas de Tomás de Aquino. Quem entrasse no salão da
biblioteca do FEBE, local do debate, poderia ter uma perfeita ideia de como era a defesa de tese em
uma Universidade da Idade Média. Velas acesas, livros antigos, cruzes e a presença do Bispo e do
Cardeal de Paris (representados por alunos), provavam a influência que tinha a Igreja nas instituições
de ensino. Para tornar ainda mais real à simulação, os alunos vestiram-se com trajes imitando os da
época, emprestados pelo Museu Azambuja e por vários mosteiros do país. O fervor do debate por
vezes era tão forte, que alguns socos na mesa faziam-se ouvir em meio à retórica veemente. Uma
verdadeira representação, mas que levou os alunos a aprofundarem-se na pesquisa e nos estudos da
Filosofia e da Teologia, estimulando-os assim, no debate sobre o tema.

A Fé Acima Da Razão

Para o professor de Filosofia Eloy Tomás de Aquino foi o grande sistematizador da Filosofia e da
Teologia na Idade Média. Seus princípios influenciaram até mesmo o pensamento teológico atual. De
acordo com o padre, Tomás de Aquino conseguiu como nenhum outro pensador provar que a fé não
estava contra a razão humana, apenas acima dela.

As ideias do filósofo árabe Averróis (1126-1198) e de Agostinho (354-430), foram as mais lembradas
durante o debate, para confrontar as ideias de Tomás de Aquino. O primeiro pregava que existem
duas verdades que podem levar a uma prova de Deus: a religião e a Filosofia. Para Averróis,
algumas respostas podem ser obtidas por meio da Filosofia, enquanto outras só poderiam ser obtidas
por meio da religião e da fé. Já Agostinho pregava que somente a fé era necessária para uma prova
da existência de Deus.

Tendo como base o pensamento de Aquino de que fé e razão não são antagônicas, o "candidato ao
Doutorado" afirmou que a Filosofia enfatiza o exercício da razão, que é saudável à fé, pois Deus,
afinal, é o Intelecto Supremo. Resumindo a ideia de Aquino, a fé pode aceitar algumas doutrinas
aceitas pela razão, mas pode ultrapassá-las, através da intuição e das experiências místicas
(revelação e outras formas). Assim, a fé vai além da razão, sem contradizê-la. "Esta foi a grande
conclusão do debate. Na representação, o "jovem inquirido" provou a validade das afirmações de
Aquino, refutando todas as objeções contra a tese do Santo", disse o coordenador dos trabalhos,
Carlos Munholi. Se o método de avaliação dos alunos das atuais Universidades teológicas ou
filosóficas funcionasse como na Idade Média, certamente o estudante Adilson Koslowski teria seu
doutorado garantido.

Uma Lição De Vida

Tomás de Aquino foi um dos grandes nomes da História da Igreja. Seus princípios teológicos
influenciaram até mesmo a Teologia e a Filosofia atuais. Nascido na Itália, filho do Conde de Aquino
(daí seu nome) e da Condessa de Teatre, recebeu desde pequena orientação religiosa. Aos vinte
anos uniu-se à Ordem Dominicana e por muitos anos estudou em Paris e em Colônia, no período de
Alberto, o Grande.

Com 32 anos passou a lecionar em Paris, vindo a ser posteriormente professor na Cúria Papal em
Roma e em Nápoles. Escreveu obras volumosas, entre elas. Suma Theologiae, sua obra prima,
contendo sistemáticas, abrangentes e bem pensada exposições sobre as principais verdades da fé
cristã. Suas obras foram muito contestadas, principalmente pela ênfase demasiada sobre a razão e
suas realizações. Dono de uma piedade pessoal profunda e de um raciocínio brilhante, abriu caminho
para muitas outras observações nas áreas da Teologia e Filosofia.

Conta-se que alguns meses antes da sua morte, ao entrar na capela, recebeu uma forte iluminação
em uma visão celestial. Desde essa data deixou de escrever, afirmando que seus escritos eram
apenas palha, diante daquela iluminação. São Tomás de Aquino morreu em contemplação, no ano de
1274, deixando uma vasta obra, que inspirou muitos pensadores que o sucederam.

Os Caminhos Que Provam A Existência De Deus

As cinco teses que, segundo Tomás de Aquino prova a existência de Deus, foram apresentadas no
debate pelo próprio autor e defendida pelo "candidato ao Doutorado‖. O primeiro argumento, é a de
que Deus é motor imóvel. Através dela, Tomás de Aquino quis provar que todo o Universo é movido
apenas por uma força superior, que é Deus, e que por sua vez é imóvel. Aquino considerava que
seria preciso explicar a existência tanto do movimento do Universo como de sua causa primária,

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eliminando a possibilidade de entrarmos num regresso infinito e afirmar que um movimento foi
causado por um antecedente, e este por um outro, anterior a ele, e assim definidamente.

Atualmente sabe-se que o movimento assume formas versas, sendo o mais elementar deles o
movimento das partículas formadoras do átomo. Outro exemplo é o movimento formação das coisas,
que chamamos de crescimento. Para Tomás de Aquino, esses movimentos são dirigidos a alvos fixos
e levados a efeito com propósitos definidos. A existência de Deus estaria assim provada por ser Ele a
única força capaz de cimentar este Universo de forma perfeita.

Blumenau: Evolução Humana

Blumenau chegou à virada do século com uma população aproximadamente 300.000 habitantes,
sede da Região Metropolitana Vale do Itajaí. Fundada como colônia particular, em 1850, por
imigrantes alemães, transformou-se, ao longo dos anos, em centro industrial; importância nacional,
especialmente na área têxtil.

Terceira maior cidade do Estado, após Joinville e Florianópolis com população predominantemente
urbana, Blumenau vem apresentando um ritmo de crescimento mais lento desde a década oitenta, o
que reflete a saturação das áreas propícias à urbanização Município, o impacto das grandes
enchentes de 83/84, o processo recessivo de sua economia mono-industrial e o crescimento mais
acelerado dos municípios situados no seu entorno, que vêm absorve parte do crescimento
populacional do município pólo.

A região sul do Município, ao longo do Ribeirão Garcia, uma das primeiras a ser ocupada e abriga
hoje cerca de sessenta mil habitantes. Seu vale estreito e íngreme, sujeito a enchentes, enxurradas,
deslizamentos, já tem uma ocupação consolidada, densa, sem vazios urbanos, mas não
verticalizada. Seu crescimento tem sido lento nas últimas décadas, podendo ser considerada uma
região saturada, já que seu sistema viário, constituído basicamente por duas vias paralelas ao
Ribeirão Garcia (R. Amazonas na margem direita e R. Hermann Huscher / Progresso na margem
esquerda), não comportaria o adensamento decorrente da verticalização.

Também na margem direita do Rio Itajaí-Açu, encontramos a área central, verdadeiro gargalo com
apenas três ruas, aprisionada entre o rio e a montanha. Por ela passam todas as ligações inter-
bairros apresentando-se extremamente sobrecarregada, também devido a forte polarização com a
concentração do comércio e dos serviços. A área central passou por uma série de transformações: do
Stadtplatz original para a primeira Prefeitura, na foz do Ribeirão Garcia, e para a atual Prefeitura, na
foz do Ribeirão da Velha, construída na década de oitenta. A antiga Wurststrasse ou Rua da Linguiça,
hoje R. XV de Novembro era de início, a única rua da área central, e ali se desenvolveu o melhor
comércio da cidade. Recebeu uma rua paralela Junto ao Morro dos Padres na década de cinquenta,
a Rua Sete de Setembro, larga avenida onde se situaram colégios, comércio atacadista e, na década
de noventa, o primeiro Shopping Center da cidade. Na década de setenta, uma terceira rua foi aberta
na área central. Desta vez, junto ao Rio Itajaí-Açu: a Av. Pres. Castelo Branco, conhecida corno
Beira-Rio.

A região oeste da cidade, na margem direita, constituída principalmente pelo Bairro da Velha, foi
ocupada a partir do final do século passado, quando já haviam sido distribuídos os lotes coloniais ao
longo de todo o Rio Itajaí-Açu, e também ao longo dos Ribeirões Garcia e Itoupava e do Rio do Testo.
De topografia menos acidentada que a região sul, e menos sujeita a enchentes, tem crescido de
maneira constante, contando ainda com espaços a serem adensados através de ocupação nu
verticalização. Na margem esquerda, temos as regiões leste e norte da cidade.

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A região leste, constituída pêlos bairros Ponta Aguda, Fortaleza e Itoupava Norte, só foi efetivamente
urbanizada com a construção das pontes Adolfo Konder, no Centro, e Irineu Bornhausen, na Itoupava
Norte; ambas da década de setenta. Sua topografia não é das mais planas, com exceção da planície
fluvial da Ponta Aguda, que sofreu intensa verticalização a partir das enchentes de 1983 e 1984. Nos
demais bairros da região predominam uma ocupação não verticalizada, de média densidade padrão
popular. A transferência da estação rodoviária do Centro para a Itoupava Norte, margem esquerda do
Rio Itajaí, na década de oitenta, acumulou o desenvolvimento desta região, que apresenta algumas
indústrias e vários estabelecimentos de comércio atacadista e transportadoras.

A região norte da cidade, também na margem esquerda, é constituída pêlos bairros Salto do Norte,
Badenfurt, Itoupavazinha, Fidélis, Testo Salto e Itoupava Central. Esta região é a grande reserva
deexpansão urbana para Blumenau, com áreas menos acidentadas e livres de enchentes, ainda com
baixíssima densidade. Ao longo dos anos, após enfrentar inúmeras enchentes e enxurradas na área
de ocupação mais antiga, a cidade começou a se transformar, a mudar para cima: para o alto dos
morros, fugindo das enchentes e em busca de terrenos menos valorizados; para o alto dos prédios,
com a verticalização acentuada que ocorreu após as grandes enchentes de 1983/84; e para a região
norte, de maior altitude, em busca de áreas planas livres de enchente. Este redirecionamento do
crescimento para a direção norte deu-se lentamente, com a gradual expansão da malha urbana, e
com a relocação de serviços, como a Prefeitura, a Rodoviária, transportadoras e indústrias. As
próximas instituições a seguirem nesta direção serão a Universidade e o Hospital Regional.

Podemos dizer, assim, que a história está se encarregando de corrigir a localização de Blumenau
que, se foi apropriada para uma colônia agrícola acessada por via fluvial, mostrou-se
lamentavelmente inadequada e responsável por incontáveis prejuízos para um assentamento urbano.

A Imagem Forçada

Blumenau sempre procurou transmitir uma imagem de "primeiro mundo", de cidade européia, sem os
problemas do resto do país. Esta fabricação de uma identidade cada vez mais estereotipada – a
loira cidade do Sul - intensificou-se nas últimas décadas, ocultando a outra Blumenau que, cada vez
mais pobre e mais parecida com tantas outras cidades brasileiras, se expandia clandestinamente
subindo as encosta da periferia. A Blumenau forjada para consumo externo passa a ser também a
auto-imagem da Blumenau que já não é mais, mas que se queria poder ser.

A fabricação desta imagem de uma Blumenau tipicamente alemã, quando tantas tradições culturais
germânicas já haviam sido sufocadas pelo processo de nacionalização na década de trinta, e diluída
pêlos fluxos migratórios internos, teve início na década de setenta com o incentivo a construções
"típicas" que, com seus apliques nas fachadas, fazem uma alusão cenográfica ao tradicional enxaimel
dos imigrantes. A partir da década de oitenta, a Oktoberfest deu continuidade a este processo de
construção de uma imagem que já não correspondia mais à totalidade de Blumenau.

Lugares que nunca pegaram enchente estavam com correnteza forte, a água tomou conta de tudo.
Fendas enormes se abriram nas estradas, morros desabando, muros das casas, creche e escola
levados pela força da água, árvores caindo em construções, destruição total. Uma grande desgraça.
Neste meio tempo acontecia a explosão do gasoduto. Na madrugada de sexta para sábado houve
uma explosão do gasoduto em um trecho da Br 470 em Gaspar, que vi no noticiário. Mas parece que
isso não foi o bastante para averiguarem a situação do gasoduto da região. Pois outra explosão muito
maior começou às 21:10 horas de domingo dia 23 quando a noite virou dia, a 10 km de distância se
via um clarão gigantesco que se abriu no céu, seguido de um barulho de explosão que apenas as
12:30 começou a diminuir e só terminou as 4 horas da madrugada do dia 24. As casas que estavam a
10 km de distância sentiam a terra tremer conforme a explosão acontecia. Era muito assustador. A
explosão aconteceu de 2 a 3 km de distância do parque aquático recanto verde onde as pessoas que
residiam ali perto não tinham onde se refugiar, estavam isolados sem estrada, então saiam de casa e
ficavam na chuva para se refrescar, pois o calor era muito grande. Segundo relatos o gás sufocava-
os. A explosão mexeu com os morros das redondezas já frágeis pela quantidade de água já sugada.
E o número de mortos é muito superior ao que estão divulgando.

O Desenvolvimento Econômico

A segunda metade do século vinte registrou para Blumenau duas fases distintas: o crescimento
econômico correspondente à expansão industrial até o final da década de setenta e o período de

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retração econômica das décadas de oitenta e noventa, após as enchentes de 83 e 84, e decorrente
da inserção da cidade na economia capitalista globalizada.

Lamentavelmente, o desenvolvimento sócio-econômico de Blumenau, mesmo nos períodos de


expansão, está sujeito à perversa lógica capitalista, na qual riqueza e miséria são produzidas
simultaneamente no mesmo processo. Por este motivo, a esta fase de expansão da economia
corresponde também o crescimento da exclusão sócio-econômica.

As empresas da cidade, com destaque para o setor têxtil, passaram por um processo de
reestruturação industrial. Este doloroso processo, que envolve desconcentração industrial,
automação e terceirização, aumentando, com isso, o nível de desemprego e o grau de informalidade
da economia, ainda está em curso e constitui uma crise econômica e social sem precedentes na
história de Blumenau.

A questão maior, que se coloca prioritariamente como preocupações dos planejadores urbanos, nesta
nova ordem econômica, são os excedentes de mão-de-obra, esta massa marginalizada, descartada
do processo capitalista periférico. Como reintegrá-los à sociedade produtiva e consumidora? Como
assegurar-lhes o direito à cidade? Como preservar sua cidadania? O prognóstico é de crescimento do
espace urbano ilegal, pois o modelo econômico que vigora gera a exclusão econômica. Esta por sua
vez, expressa na falta de poder aquisitivo que possibilite o acesso ao mercado imobiliário formal, gera
a exclusão (ou segregação) espacial: as ocupações ilegais na periferia. Esta situação leva,
finalmente, à exclusão social implícita na ausência de cidadania e na deficiência de infra-estrutura e
serviços urbanos.

O Papel Da Ilegalidade Na Formação Do Espaço Urbano De Blumenau

Como as cidades são o resultado da produção social do espaço urbano, processos de


desenvolvimento desigual - como o produzido pelo capitalismo tardio que enfrentamos - geram uma
sociedade desigual de ricos e pobres e esta sociedade, por sua vez, tem como resultante espacial
cidades divididas.

Aqueles que se beneficiam do processo capitalista de acumulação podem se dar ao luxo de ocupar o
espaço urbano legal, que é produzido dentro dos padrões urbanísticos oficiais. Estas áreas são as
mais valorizadas, por gozarem de melhor localização em termos de acessibilidade, condições
ambientais (declividade, drenagem, poluição e estabilidade geológica) e atendimento de infra-
estrutura e serviços urbanos.

Já aos preteridos no processo de desenvolvimento desigual, aos excluídos da acumulação de capital,


resta ocupar os espaços urbanos menos valorizados. Estes espaços são os com pior condição de
acesso, localizados em áreas insalubres e/ou de risco, e não beneficiadas com infra- estrutura e
serviços urbanos. Esta outra parte da cidade recebe diversas denominações: favelas, loteamentos
clandestinos, invasões, ocupações desordenadas, focos de sub-moradia, guetos, assentamentos
ilegais, etc.. A ocupação destas áreas ocorre à revelia dos padrões urbanísticos oficiais, porque estes
padrões (a legislação urbanística) foram feitos para criar uma cidade idealizada, e não levam em
consideração que nem todos podem pagar o preço da legalidade.

O Estado, a quem caberia intervir nesse processo, para assegurar justiça social c melhor distribuição
do espaço urbano, mostra-se, contudo, omisso na regulação do mercado imobiliário; ausente, na
produção de habitação social e ineficaz no controle urbanístico, com legislação incompatível com a
realidade social, falta de fiscalização de ocupações irregulares e impunidade de loteadores
clandestinos.

É preciso compreender que nossas cidades se formam, simultaneamente, pelo processo legal e pelas
vias da clandestinidade ou irregularidade urbanística. O espaço urbano, portanto, é determinado,
parcialmente, pelo controle urbanístico institucionalizado pelo Estado em suas normas e,
parcialmente, pelas práticas sociais que a elas se sobrepõem e/ou contrapõem.

O processo legal de formação do espaço urbano pressupõe a adequação às normas urbanísticas


estabelecidas pelo Poder Público, tanto em seu conteúdo quanto em seu rito processual. Do
parcelamento da terra ao "habite-se" da construção e ao alvará de funcionamento de uma atividade
comercial, um verdadeiro emaranhado legal deve ser seguido para alcançar a legalidade. Escrituras,
consultas prévias, mapas de zoneamento, projetos, alvarás, vistorias, taxas e requerimentos

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sucedem-se para quem quer se habilitar à legalidade.

O objetivo, nem sempre claro, desta complexa sistemática seria implementar o controle urbanístico,
visando assegurar a qualidade dos espaços urbanos, em seus aspectos sanitários, estéticos e infra-
estruturais, moldando, assim, a cidade que se pretende construir. No entanto, ao se definirem as
normas urbanísticas, também se delimitam, simultaneamente, "fronteiras de poder \ ou seja,
territórios dentro e fora da lei, configurando regiões de cidadania plena ou de cidadania limitada. As
áreas ilegais não são consideradas, pela sociedade em geral, um espaço legítimo da cidade, uma vez
que os que ali residem não foram capazes de se tornar consumidores do espaço legal. E assim, num
tempo em que o consumo é o comprovante de adequação ao sistema, deixado ao quase exclusivo
jogo do mercado, o espaço vivido consagra desigualdades e injustiças e termina por ser, em sua
maior parte, um espaço sem cidadão.

Mas, enquanto requerentes aguardam o deferimento de seus processos — que podem levar mais de
um ano até serem (ou não) liberados, a vida corre solto fora da Prefeitura. A revelia da fiscalização,
sob os olhos cúmplices, complacentes, omissos, incompetentes ou impotentes do Estado, vão
surgindo invasões, loteamentos clandestinos, construções irregulares, comércios ilegais. Este
processo ocorre, em maior ou menor grau de intensidade, por todo o país. A maior parte do espaço
urbano brasileiro, pode-se afirmar, teve origem predominantemente clandestina ou legalmente
irregular, com todos os problemas daí decorrentes.

A própria expressão 'clandestinidade' deve ser questionada, uma vez que funciona como uma
justificativa moral para que o Poder Público continue a negligenciar estas áreas de exclusão espacial,
social, econômica e política, pretendendo ignorar sua existência.

Morar na periferia é condenar-se duas vezes à pobreza. À pobreza gerada pelo modelo econômico,
segmentador do mercado de trabalho e das classes sócias superpõe-se a pobreza gerada pelo
modelo territorial. Este modelo expulsa para a periferia, onde maiores distâncias devem ser cobertas,
justamente aqueles que têm menores condições de fazer frente aos custos do transporte. A dinâmica
da produção dos espaços urbanos, ao gerar uma melhoria, cria simultânea e constantemente
milhares de desalojados e desapropriados que cedem seus locais de moradia para grupos de renda
que podem pagar o preço de um progresso. Qual será o preço do progresso no Blumenau pós 23 de
novembro de 2008?

A Ilegalidade No Espaço Urbano

As ocupações ilegais intensificaram-se, em, Blumenau, a partir da década de setenta, acompanhando


a aceleração do crescimento demográfico da cidade e o maior detalhamento da legislação
urbanística. Toda problemática da produção do espaço urbano ilegal, conhecida em qualquer cidade
brasileira, desenrola-se também em Blumenau. A imagem da loira cidade turística oficial, com sua
paisagem de cartão postal, oculta em seus vales a mesma precariedade de condições de vida de
outras terras. Estas áreas ilegais, sem saneamento básico e à mercê de enchentes, enxurradas e
desligamentos, marginalizadas e esquecidas pela administração local que as trata como "focos de
sub-moradia" ou "bolsões de pobreza", abrigam trabalhadores, operários, autônomos e pessoas em
busca de novas oportunidades. A configuração espacial da cidade, com seus vales tentaculares,
ajuda a encobrir a face clandestina da cidade, permitindo que o turista continue a levar consigo a
ilusão do pedacinho da Europa no Brasil.

O crescimento da cidade ilegal acompanhou o crescimento demográfico de Blumenau. Na década de


setenta, quando a população do Município crescia a uma taxa de 4,6% ao ano (a mais alta registrada
desde 1940, quando se inicia a série histórica do IBGE — Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), intensificou-se a ocupação de áreas verdes, de encostas consideradas áreas de
preservação e de áreas não edificáveis ao longo dos cursos d'água. A urbanização acelerada do
período, causada principalmente pêlos movimentos migratórios originados no interior do Estado, não
foi acompanhada por programas habitacionais que facilitassem o assentamento dos novos
contingentes populacionais. Desassistidos, e sem condições de buscar no mercado mobiliário legal
sua opção de moradia, estes migrantes encontraram na ilegalidade a alternativa mais viável para a
questão habitacional.

Após as enchentes de 1983/84, estas ocupações deram-se, tragicamente, quase que exclusivamente
em uma periferia que, em Blumenau, corresponde a encostas de morros, consideradas áreas de risco

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em função de sua excessiva declividade e fragilidade geológica. Por que isto ocorreu?
Evidentemente, não se trata apenas de uma infeliz coincidência. O que acontece é que estas áreas
são justamente as menos valorizadas de Blumenau para o fim habitacional e, portanto, as de menor
custo, sendo assim a primeira opção de acesso à propriedade da terra (ainda que ilegal) para a
população de baixa renda.

O processo de ocupação destas áreas, através da "autoconstrução", sem critérios técnicos, com
remoção da cobertura vegetal, com cortes e aterros não estabilizados e sem obras de drenagem,
aumenta os riscos de deslizamentos. A violência dos fatores climáticos e geológicos nas áreas
ocupadas irregularmente em Blumenau causou a morte de 25 pessoas Já na primeira metade desta
década. Segundo o Geólogo Gerson Ricardo Müller (Jornal de Sta. Catarina, 30/12/1996), cerca de
dez mil residências encontram-se em áreas de risco em Blumenau, sendo um terço destas em área
de risco iminente. A catástrofe, sempre anunciada, acontece de forma recorrente, dando a frustrante
sensação de estarmos assistindo, repetidamente, ao mesmo velho filme, sem nada poder fazer para
alterar seu trágico desfecho.

Não estão disponíveis dados precisos que nos permitam quantificar com segurança o espaço urbano
ilegal de Blumenau. Segundo levantamento realizado em 1994 pela Secretaria Municipal de Ação
Comunitária, 2.915 famílias, ou 8.967 pessoas (cerca de 4% da população urbana), viviam na faixa
de pobreza em Blumenau, em treze bolsões de pobreza. A FAEMA - Fundação Municipal de Meio
Ambiente – estima que, em 1998, existam cerca de 10.000 moradias em ocupações ilegais, das quais
30% com risco iminente de desmoronamento. Isto significaria, considerando o índice de 3,6 pessoas
por família5, 36.000 pessoas, ou cerca de 15% da população total4 do Município, calculada em
230.988 habitantes, em 1996, pelo IBGE. Nosso próprio levantamento, consolidando informações de
variadas fontes, levou-nos aos seguintes valores: 5.390 residências em áreas ilegais, o que
corresponderia a 19.404 pessoas ou 8,4% da população total. Salientamos que há um elevado grau
de imprecisão nestas informações, e que, portanto, devemos considerar estes valores como
estimativas não oficiais.

Distinguem-se, por sua presença no espaço urbano, entre tantas outras nuances de ilegalidade, as
invasões5 (áreas nas quais a ocupação não se dá por iniciativa de seu proprietário), os loteamentos
clandestinos (nos quais o proprietário vende os lotes sem conhecimento da Prefeitura, sem projeto e
sem infra-estrutura) e os loteamentos irregulares (nos quais o proprietário vende os lotes sem
aprovação final da Prefeitura, sem infra-estrutura completa, mas com um projeto encaminhado para
aprovação). Na prática, estas três categorias de ocupação ilegal geram os mesmos problemas
básicos: falta de um registro oficial da propriedade (legitimação), falta de infra-estrutura e falta de
segurança — em suma, falta do que se espera de uma cidade e que deveria estar implícito na
cidadania. Algumas ocupações começam como loteamentos irregulares - aprovados na forma de
desmembramentos - mas tiveram sequência com a divisão de novos lotes, sem encaminhamento de
projeto à Prefeitura, sendo então enquadradas na categoria de loteamentos clandestinos.

A administração pública de Blumenau não dispõe de um levantamento completo das áreas ocupadas
ilegalmente, o que, por si só, já demonstra o descaso com esta questão. A relação a seguir foi
reduzida com informações obtidas em diversos órgãos da administração Municipal: Assessoria de
Planejamento, Superintendência de Habitação, Secretaria de Ação Comunitária, IPPUB, FAEMA e
Defesa Civil. Lembramos que a informação referente ao número de famílias residentes em cada área
é bastante imprecisa e se desatualiza rapidamente.

Em linhas gerais, percebe-se que as invasões e os loteamentos clandestinos tendem a concentrar-se


em áreas de risco na região sul, ao passo que os loteamentos irregulares distribuem- se
predominantemente na região norte. Esta gradação ocorre porque, na escala da ilegalidade, os
loteamentos irregulares estão mais próximos do legal, ocupando, correspondentemente, áreas não
tão desvalorizadas pelo mercado imobiliário formal. Recordamos que a região sul é considerada área
de preservação por ser considerada imprópria para a urbanização, ao passo que a região norte é
considerada área de expansão urbana, adequada para a urbanização, mas ainda mal servida de
infra-estrutura urbana.

Fica clara, portanto, a relação entre a ilegalidade e a valorização fundiária, uma vez que, na disputa
pelas melhores localizações, aqueles que podem arcar com os custos de produção do espaço urbano
legal ocupam as áreas mais valorizadas pela proximidade do centro e por sua segurança e infra-
estrutura; enquanto que, aos excluídos economicamente, restam as áreas menos valorizadas da

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cidade, que são então ocupadas de maneira irregular. Completa-se assim o círculo vicioso de
exclusão econômica, exclusão espacial c exclusão social.

Percebemos também que as invasões possuem o padrão de urbanização mais precário, com lotes
menores e arruamento mais estreito e tortuoso e, às vezes, com escadas de terra no lugar de ruas de
acesso às casas. Os loteamentos clandestinos encontram-se em uma situação intermediária, ao
passo que os loteamentos irregulares são os que mais se aproximam do padrão de urbanização
oficial, com lotes maiores e ruas retilíneas, carecendo basicamente de infra-estrutura.

Em termos de infra-estrutura e serviços urbanos, muitas das áreas ocupadas ilegalmente receberam,
ao longo dos anos, abastecimento de água (SAMAE) e/ou luz (CELESC) e outros serviços públicos,
de forma clientelista e, administrativamente, incoerente com a política urbana oficial. O atendimento a
esta áreas, no entanto, enfrenta sempre a dificuldade da declividade, que impede a subida do
caminhão da coleta de lixo, e da altitude, que impede o abastecimento de água por pressão da rede.
Nas áreas de risco, as obras executadas pelo Poder Público para atender a população já assentada
acabam estimulando novas ocupações, o que torna o Estado agente ativo, e não mais apenas
passivo, do processo de formação do espaço urbano ilegal.

Geografia De Santa Catarina

Geografia de Santa Catarina


Ficha técnica
Área 95.346,181 km²
Relevo terrenos baixos, enseadas e ilhas no litoral, planaltos a leste e oeste e depressão no
centro.
Ponto Morro da Bela Vista do Guizoni 1.823.49 m. Marco Geodésico IBGE No. 70
mais
elevado
Rios Uruguai, Canoas, Pelotas, Negro.
principais
Vegetação mangues no litoral, mata das araucárias no centro, campos a sudoeste e faixas
da floresta a leste e oeste.
Clima subtropical Cfa e Cfb
Hora local -3
Gentílico catarinense ou barriga-verde
Mapa

Geografia de Santa Catarina é um domínio de estudos e conhecimentos sobre as características


geográficas do território catarinense. No decorrer do litoral, são visíveis planícies, terrenos de pouca
altitude, enseadas e ilhas. Nessa parte do relevo é recebido o nome de Planaltos e Serras de Leste-
Sudeste. No centro-leste de Santa Catarina, ocorre o surgimento da Depressão Periférica.
No oeste, sudeste e centro do estado, regiões nas quais as serras são de maior frequência, o relevo
compartimentado é formado pelos Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná.

A região que drena a parte oriental do estado é a bacia hidrográfica do Atlântico Sul. O Itajaí é
o rio mais importante dessa parte de Santa Catarina. No centro e no oeste, estão
localizados afluentes do rio Uruguai, como o Pelotas, o Canoas, o do Peixe e o Chapecó. Esses
cursos d’água fazem parte da Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai.

Santa Catarina tem um clima subtropical úmido. As temperaturas médias são muito variáveis
conforme o local: são as de menor temperatura nas regiões serranas (onde pode nevar no inverno) e
de maior temperatura no litoral, no sudeste e no oeste catarinense. As chuvas têm boa distribuição no
decorrer do ano, sendo atingidos, em média, 1.500 mm anuais. Nas suas origens históricas, a
vegetação que recobria o estado era de florestas e campos. Nas serras litorâneas era predominante

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a Mata Atlântica e, nos trechos de maior elevação das regiões serranas, a Mata de Araucárias. Os
campos são visíveis em manchas que se espalham pela totalidade do estado.

Distribuição E Localização Do Território

Mapa brasileiro mostrando seus estados classificados por área.

Abrangendo uma área territorial de 95 736,165 km² (com inclusão das águas internas), Santa
Catarina é a unidade federativa de menor extensão territorial da Região Sul do Brasil. É ainda
o vigésimo maior do Brasil: apenas o Distrito Federal, Sergipe, Alagoas, o Rio de Janeiro, o Espírito
]
Santo, o Rio Grande do Norte e a Paraíba são menos extensos, ao contrário do Acre,
de Pernambuco, do Amapá, do Ceará e do seu vizinho Paraná. Seu território tem o tamanho
aproximado da Hungria, e abrange 16,57% da região Sul do Brasil e 1,12% do território brasileiro.

Localização, Fronteiras E Pontos Extremos

Em sua totalidade, o território catarinense está localizado na posição sul em relação ao Trópico de
Capricórnio, sendo o estado inteiramente situado no hemisfério ocidental, no hemisfério sul e na zona
temperada do sul. Situa-se entre os paralelos 25º57'41" de latitude sul e 29º23'55" de latitude sul e
entre os meridianos48º19'37" de longitude oeste e 53º50'00" de longitude oeste. Como Santa
Catarina tem o formato aproximado de um pássaro com a sua asa na porção oeste e a pata no
extremo sul, mais precisamente de uma ave sem cabeça no nordeste, é mais extenso no sentido
leste-oeste do que no sentido norte-sul. Entretanto, como essas distâncias são tão diferentes,
costuma-se dizer que Santa Catarina é um estado desigualmente distante: a distância leste-oeste em
linha reta alcança 543 km e norte-sul 400 km.

O estado ocupa uma pequena área no centro da Região Sul do Brasil e inclui grande parte do seu
interior com sua porção oeste mais estreita do que no centro-leste do estado,
compartilhando fronteiras terrestres com o Paraná ao norte; com o Rio Grande do Sul ao sul; com
o oceano Atlântico a leste e com a província argentina de Misiones a oeste. Compartilha duas
fronteiras comuns com todos os estados da Região Sul do Brasil, e engloba uma série
de arquipélagosoceânicos próximos à Ilha de Santa Catarina. Totalizam-se então 2 536 km de
fronteira, sendo 1975 km terrestres e 561 km marítimas.

Os pontos extremos do território catarinense são:

 Ao norte, o rio Saí-Guaçu, no município de Itapoá (25º57'41" de latitude sul), Microrregião de


Joinville, na fronteira com o Paraná.

 Ao sul, o rio Mampituba, no município de Praia Grande (29º23'55" de latitude sul), Microrregião de
Araranguá, na fronteira com o Rio Grande do Sul.

 O extremo leste de Santa Catarina é a Ponta dos Ingleses, no município de Florianópolis (48º19'37"
de latitude oeste), na microrregião homônima.

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 A oeste, a confluência dos rios Uruguai e Peperi-Guaçu, no município de Itapiranga (53º50'00" de


longitude oeste), Microrregião de São Miguel do Oeste, na fronteira com o Rio Grande do Sul e
a província argentina de Misiones.

Divisão Política E Fusos Horários

Mapa Da Divisão Administrativa De Santa Catarina.

Santa Catarina é uma unidade federativa inseparável da República Federativa do Brasil, constituída
pela sua união indissolúvel de 295 municípios-membros, juntamente com a capital Florianópolis,
agrupados no interior de 6 mesorregiões e 20 microrregiões; dentre os 295 municípios, 31 são
litorâneos e 264 são interioranos. Os municípios em geral têm como sede a cidade, chamada de
distrito-sede na maior parte dos casos em que o território municipal é dividido em distritos.

As divisões políticas têm como objetivo o controle administrativo do território estadual e foram
configuradas, cronologicamente, com a implementação das vilas e, finalmente, os municípios e suas
atuais divisões em distritos/administrações regionais e os bairros oficiais. A elaboração da divisão
em mesorregiões e microrregiões foi instituída em 1990, ao mesmo tempo que a disposição da área
dos municípios do território catarinense se encontrava praticamente definida; somente Balneário
Rincão e Pescaria Brava foram criados posteriormente à década de 1990. Atualmente, Santa
Catarina encontra-se dividida em 295 municípios.

O fuso horário é igual ao de Brasília: três horas a menos em relação a Greenwich - UTC-3. Uma vez
por ano - em geral entre outubro e fevereiro - adota-se o horário de verão, quando os relógios são
adiantados uma hora para poupar energia. A tensão elétrica no estado é de 220 volts.

Geomorfologia E Hidrografia

Mapa Das Unidades Geomorfológicas De Santa Catarina.

Com 77% de seu território com altitude superior a 300 metros e 52% com altitudes superiores a 600
metros, Santa Catarina destaca-se dentre as unidades federativas brasilianas de relevo mais alto.
Quatro unidades geomorfológicas, que vão do litoral ao interior, formam o relevo estadual: baixada
litorânea, serra do Mar, planalto paleozoico e planalto basáltico.

A baixada litorânea engloba as terras que localizam-se numa altitude menor que 200 metros. Na
parte norte, é bem alargada, entrando sertão adentro, por meio dos vales que correm da serra do
Mar. Em direção ao sul, é progressivamente curto.

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A baixada litorânea é dominada pela serra do Mar na parte oeste. Menos na porção setentrional do
estado, em que compõe a borda montanhosa de um planalto razoavelmente médio, a serra possui
traço bem diversificado em relação ao demonstrado por ela em demais unidades federativas
como Paraná e São Paulo. Em Santa Catarina, constitui uma faixa de montanhas, com altitude
superior a mil metros, formada por um grupo de maciços afastados pela profundidade dos vales dos
rios que descem para o oceano Atlântico.

Na retaguarda da serra do Mar, a superfície aplainada do extenso planalto paleozoico divide-se em


espaços separados pelos cursos de água que percorrem serra abaixo em direção ao oceano
Atlântico. O tamanho do planalto paleozoico é diminuído na direção norte-sul; no sul do estado vai se
confundindo com a planície litorânea, já que a serra do Mar não vem para esta região de Santa
Catarina.

O Rio Uruguai Na Divisa Entre Os Estados Brasileiros De Santa Catarinae Rio Grande Do Sul.

A maioria do território da unidade federativa é abrangida pelo planalto basáltico. Este é constituído
por sedimentos basálticos (derrames de lavas), que alternam-se com sedimentos areníticos, tendo
como limite a leste uma borda montanhosa denominada de serra Geral. Na porção setentrional do
território estadual, a borda do planalto basáltico está situada no sertão; em direção ao sul, chega aos
poucos perto do litoral até o seu declive direcionado ao mar. A área do planalto é razoável e inclina-
se com leveza para oeste. Vales aprofundados foram abertos pelos rios que descem em direção ao
estado vizinho do Paraná.

São pouco férteis os terrenos da floresta ombrófila mista, da mesma forma que os solos dos campos,
os quais se aproveitam para a pecuária leiteira e de corte. Os solos de floresta subtropical
úmida caracterizam-se por sua fertilidade, apesar de seu grande desgaste por sua utilização
imprópria.

Os rios que descem pelo território de Santa Catarina fazem parte de ambos os sistemas
autônomos delimitados pela serra Geral e pela serra do Mar. A bacia do Atlântico Sul é constituída
por bacias delimitadas entre si, como as sub-bacias fluviais do Itajaí-Açu, do Tubarão, do Araranguá,
do Tijucas e do Itapocu.

No sertão do estado, duas bacias se juntam para que seja formada a bacia do Prata: a bacia fluvial
do Paraná, cujo afluente de maior importância é o rio Iguaçu, e a bacia fluvial do Uruguai, que tem
como maiores afluentes os rios Pelotas, Canoas, Chapecó e do Peixe.

Clima E Vegetação

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Neve na zona rural de São Joaquim, Santa Catarina, em 2010.

O território catarinense abrange dois tipos climáticos, a saber: o subtropical


úmido com verões cálidos (Cfa) e o subtropical úmido com verões não muito quentes (Cfb). O
subtropical Cfa é o tipo climático da baixada litorânea e das porções de menor altitude do planalto
(extremidade oeste e vale do rio Uruguai). Possui temperaturas médias registradas de 20º C, na
baixada e no vale do Uruguai, e 18º C, na extremidade oeste; a quantidade de chuvas, com boa
distribuição ao longo do ano, alcança 1 500 mm por ano.

As florestas de araucárias são típicas da Região Sul do Brasil, principalmente de Santa Catarina.

O subtropical Cfb é o tipo climático do restante do planalto. Possui temperaturas médias registradas
entre 18 e 16º C por ano. As temperaturas de verão e de inverno são diferentes, e isso pronuncia-se
bastante, com uma amplitude térmicaacima de 90º C por ano. As invernadas são bem frias: em
algumas regiões, são observados anualmente cerca de 25 dias de geada. A quantidade de chuvas é
igual à do tipo anterior. O fato único, no entanto, é que uma diminuta porção chuvosa cai no formato
de neve na região de São Joaquim, especialmente a região do Brasil onde neva muito mais, assim
como em nações do hemisfério norte como Canadá, EUA e Rússia.

A vegetação original do estado abrange duas formações vegetais: florestas e campos. As florestas,
ocupantes de 65% do território de Santa Catarina, foram muito desflorestadas. Mas
a silvicultura cresceu bastante, porque o governo incentivou muito para que acontecesse
tal reflorestamento e também porque a indústria de madeira se desenvolveu. No planalto, são
apresentadas no formato de florestas que misturam coníferas (araucárias) e latifoliadas e, na baixada
e sopé da serra do Mar, somente como floresta latifoliada. Os campos aparecem como manchas que
espalham-se dentro da floresta mista. Os principais são os de São
Joaquim, Lages, Curitibanos e Campos Novos.

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