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HISTÓRIA DA PARAÍBA

HISTÓRIA DA PARAÍBA

O SISTEMA DE CAPITANIAS
HEREDITÁRIAS E A ANEXAÇÃO DO
TERRITÓRIO DA PARAÍBA À CAPITANIA
DE PERNAMBUCO;

O marquês de pombal, ministro durante todo o reinado de dom José (1755-1777), foi o responsável pelas mudanças necessá-
rias para que Portugal superasse a crise em que mergulhara. Em 1756, como parte da política pombalina de contenção de gastos e
concentração de recursos e, atendendo os interesses da burguesia comercial portuguesa instalada em Recife, a Coroa determinou a
anexação da Paraíba a Pernambuco, que perdurou até 1799. A situação paraibana agravou-se ainda mais com a criação da companhia
de comércio de Pernambuco e da Paraíba (1759) que visava explorar mais racional as riquezas dessas áreas.

Nesse sentido, a Companhia de Comércio de Pernambuco e Paraíba, deveria monopolizar todo o comércio com a Paraíba. Esse
somente poderia ser exercido pela companhia que se obrigava, no caso paraibano, a adquirir a produção de açúcar, couros, madeira,
algodão e peles, comprometendo-se em contrapartida, abastecer a capitania de vinhos, azeite, manteiga, tecidos, queijos e bacalhau
(denominados “do reino”).

Mas as reclamações começaram a se registrar. A companhia falhava na remessa de artigos essenciais. Com a escassez das mer-
cadorias o preço destas aumentava. Além disso, a companhia cobrava juros elevados e os nossos moradores bem depressa foram se
endividando. Como consequência, a produção açucareira entrou em colapso, arrastando consigo o comércio. Este somente poderia
desenvolver-se por Pernambuco, daí porque, até a extinção da Companhia de Comércio, em 1777, não havia, na Paraíba, uma só casa
de comércio para custear carregamento, adiantamento de despesas e custeio de navios. Os senhores de engenho experimentavam
diiculdades porque os implementos de que necessitavam – tachos, moendas, alambiques e ferramentas – eram fornecidos a preços
elevadíssimos. A companhia também falhava no fornecimento de escravos.

Por outro lado, o governo da capitania de Pernambuco, que centralizava as decisões nas esferas administrativa, militar e inan-
ceira, não tinha interesse, ou não conseguiu, porque aquela também estava passando por um período de crise, sendo impossível assim
remediar a situação da economia paraibana.

O resgate da autonomia

Em 1777, com a morte de dom José I e a aclamação de sua ilha dona Maria I, Pombal foi imediatamente substituído por Marti-
nho de Castro e Melo. Este comandou a chamada viradeira – mudanças políticas e econômicas que tentaram alterar os rumos tomados
pela administração pombalina. Assim, ainda em 1777, foi extinta a Companhia de Comércio de Pernambuco e Paraíba.

A autonomia só foi obtida, após inúmeras gestões junto a Coroa em 1799, mas só foi consumada muito depois, porque a Paraíba
permaneceu ligada a Pernambuco nas questões relativas à defesa, e às inanças até pelo menos 1808.

Mesmo com o im da anexação, a situação da Paraíba era muito difícil, com uma constante oscilação nos níveis da produção (em
especial, de cana e de algodão), o aumento dos preços dos alimentos, a estagnação do comércio e a falta de assistência do Estado.

Os navios não frequentavam o porto por falta de carga, muitos engenhos estavam de “fogo morto” e a maior parte dos proprie-
tários de terra e mesmo dos comerciantes locais compravam seus suprimentos em recife, onde hipotecavam suas futuras produções.

Consolidou-se assim na Paraíba a submissão do espaço açucareiro e também algodoeiro (cujos proprietários, em especial do
sertão estabeleciam vínculos comerciais diretamente com a capital pernambucana), aos interesses do capital comercial sediado em
Recife.

Restaurada a autonomia da capitania da Paraíba, não se pode airmar que o seu desenvolvimento foi rápido. Ainda enfrentou
diiculdades. A sua receita, no início do século XIX, mostra aumento razoável em comparação as receitas entre 1756 e 1798. Não
somente receitas, mais também rendas, consequência do aumento de sua produção.

Didatismo e Conhecimento 1
HISTÓRIA DA PARAÍBA

A CRIAÇÃO DA CAPITANIA DA PARAÍBA:


AS EXPEDIÇÕES DE CONQUISTA DA
PARAÍBA (1574-1585);

Até o inal do século XVI, grande parte da região setentrional do litoral brasileiro, onde as capitanias hereditárias não prospera-
ram, continuava despovoada, sendo explorada pelos franceses, aliados às tribos indígenas locais.
Para assegurar a posse efetiva daquelas terras para Portugal, uma das medidas adotadas foi a criação da Capitania da Paraíba,
no ano de 1574, por ordem do rei D. Sebastião. Com tal medida, visava a Coroa afastar os franceses e os temidos índios Potiguaras
das margens do Rio Paraíba. A partir de então iniciaram as expedições de conquista da Paraíba, ocorrendo a primeira em 1575, sob
o comando do Ouvidor-Geral Fernão da Silva. As duas expedições seguintes – ocorridas em 1579 e 1582 – foram comandadas por
Frutuoso Barbosa, rico mercador de pau-brasil estabelecido em Pernambuco, nomeado pelo rei D. Henrique como capitão-mor da
conquista da Paraíba. Frutuoso Barbosa também não obteve a conquista daquela região, e perante estes insucessos, o governador
geral do Brasil, Manuel Teles Barreto, mandou que fossem para Pernambuco o ouvidor geral, Martim Leitão, e o provedor Martim
Carvalho, a im de reunir gente e recursos para outra expedição.
Resultou que em 1584, foi estabelecido na margem norte do Rio Paraíba o Forte de São Filipe, primeiro núcleo de povoamento
da capitania, o qual foi abandonado em inais de Junho de 1585, por não resistir mais ao cerco constante dos índios Potiguaras e dos
franceses.
Nesta época estavam as margens do Rio Paraíba dominadas por índios Potiguaras, assentados ao norte, e Tabajaras, situados ao
sul, os quais mantinham aliança e se contrapunham à ocupação portuguesa naquela região.
Tentou o ouvidor Martim Leitão estabelecer diálogo com Piragibe, chefe dos Tabajaras, na tentativa de separá-los dos Potiguaras
e assim os ter por aliados. As negociações não progrediram, devido à desconiança do indígena, já uma vez traído pelos portugueses,
e o seu receio de aniquilamento por parte dos Potiguaras, em maior número, caso aqueles soubessem de uma traição.
Após a queda do Forte de São Filipe, ao im do mês de Julho de 1585, chegaram à Olinda emissários do cacique Tabajara, com
o objetivo de solicitar socorro e oferecer aliança ao Ouvidor Geral, pois vinham sofrendo guerra declarada por parte dos Potiguaras.
A 2 de Agosto, partiram de Pernambuco, em direção à Paraíba, João Tavares, escrivão da Câmara e juiz de órfãos de Olinda, com
apenas 20 homens e os emissários de Piragibe. Tinham por meta irmar um acordo de paz com os Tabajaras, criando as condições
necessárias para enfrentar os Potiguaras. A 5 de Agosto, João Tavares desembarcou à margem sul do Rio Sanhauá - aluente do Rio
Paraíba, e escolheu o local para a construção de um forte. Esta data foi considerada como marco da fundação da terceira cidade do
Brasil, batizada de Cidade de Nossa Senhora das Neves, invocação da santa do dia.

O EUROPEUS NA PARAÍBA;

Os europeus que vieram para o estado eram predominantemente lusitanos, isso desde o início da colonização no século XVI. Es-
tes chegaram à Paraíba provenientes principalmente da Capitania de Pernambuco. O pequeno número de mulheres brancas na época
estimulou logo cedo a miscigenação com mulheres das tribos locais e, em menor escala, com as mulheres escravas, sedimentando a
base da população atual.
Algumas famílias, entretanto (principalmente das classes sociais mais altas), preferiram manter uma linhagem mais europeizada
e casavam entre si. Houve também famílias judias que vieram para o Nordeste e para a Paraíba expulsas de Portugal na época da San-
ta Inquisição, como degredados. Muitas emigraram para as Antilhas Holandesas, mas outras preferiram icar e se integrar à sociedade.

Presença batava

Na época da invasão holandesa, entre 1634 e 1654, embora a miscigenação não tenha sido oicialmente estimulada, há relatos de
muitas uniões inter-raciais. A falta de mulheres holandesas estimulou a miscigenação e mesmo o casamento entre oiciais holandeses
e ilhas de abastados senhores de engenho luso-brasileiros. A herança genética dessas uniões pode ser vista hoje em dia nos traços
da população, principalmente no litoral, sendo relativamente comum pessoas morenas de olhos claros ou cabelos louros ou mesmo
pessoas louras de pele clara.

Didatismo e Conhecimento 2
HISTÓRIA DA PARAÍBA
Imigração italiana

A partir do meio do século XIX até o início do século XX várias famílias italianas escolheram a Paraíba para se ixar. As pri-
meiras levas coincidiram com a época da independência do Brasil e da abolição da escravatura no Brasil e crescente necessidade de
realocação dessa mão-de-obra.
Muitas famílias (Zaccara, Milanez, Grisi, Troccoli, Ciraulo, Cantisani, Cantalice, Di Lascio, Spinelli, Falcone, Faraco, Toscano,
entre outras) vieram logo após chegarem ao país pelos portos de Recife e de Santos. Outras saíram de suas colônias na região Sul/
Sudeste do país em busca de oportunidades mais ao norte. A maioria se estabeleceu na capital e no Brejo Paraibano, região de clima
mais ameno, em razão das altas altitudes do Planalto Borborema, das chuvas regulares e dos solos férteis. As condições econômicas
pouco favoráveis no estado na época não favoreceram a vinda de muitos italianos, como aconteceu no sul do Brasil. Entretanto, sua
presença foi muito marcante na vida socioeconômica e cultural, já que sempre ocuparam postos-chave na vida político-social do
estado (eram negociantes, médicos, arquitetos, políticos etc.).

Famílias alemãs

No começo do século XX, em torno de 80 famílias alemãs chegaram ao estado para trabalhar na Companhia de Tecidos Rio
Tinto. Em 18 de agosto de 1945, os operários brasileiros da fábrica de tecidos invadiram os chalés dos alemães, quebrando tudo e
exigindo que os estrangeiros fossem deportados, isso em virtude o ódio advindo do torpedeamento de navios da Marinha Mercante
do Brasil por submarinos alemães na Segunda Guerra, conforme a crença geral. Entretanto, com o passar dos anos, os alemães per-
maneceram e se integraram à cultura local, casando-se com paraibanos e deixando como herança os traços em seus descendentes e
na arquitetura dos prédios imponentes de Rio Tinto. Nos idos dos anos 40, Rio Tinto era considerada a mais europeia das cidades
paraibanas, em virtude da notória inluência alemã.

Negros africanos

Na Paraíba, o empreendimento do comércio negreiro iniciou-se logo após o Decreto Real de 1559, da Regente Catarina de Áus-
tria, permitindo aos engenhos comprar cada um doze escravos. O escravo era mercadoria cara, seu valor médio oscilava entre 20 e
30 libras esterlinas. Portanto, em virtude do pequeno desenvolvimento da cultura canavieira no estado e dos altos preços destes, a
presença negra foi mais tímida que em muitos estados nordestinos, mas não menos importante.
Hoje em dia, há diversas comunidades quilombolas oicialmente reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares. Caiana dos
Crioulos foi reconhecida em 1997, Talhado em 2004 e Engenho Bonim, Pedra d’água, Matão e Pitombeira obtiveram a certidão de
reconhecimento em 2005. Ao todo, foram identiicadas 16 comunidades remanescentes de quilombos.

OS POVOS INDÍGENAS NA PARAÍBA;

Populações indígenas

Antes da chegada dos portugueses aqui na América e a consequente ocupação do território brasileiro, a Paraíba já era habitada
por grupos indígenas que ocuparam primeiramente o litoral; pertenciam a grande tribo Cariri e vieram provavelmente da região
amazônica.
Devido à sua agressividade, foram chamados de tapuias por outros nativos, o que signiica inimigos. Por volta de 1500 chegaram
novas famílias indígenas, pertencentes à Nação Tupi-Guarani: eram os Potiguaras, emigrados do litoral maranhense e que se situaram
na parte norte do litoral paraibano, desde as proximidades da Baía da Traição até os contrafortes da Borborema, de onde moveram
guerra aos Cariris; o resultado foi o deslocamento destes últimos, para as regiões sertanejas.

Na época da conquista da Paraíba – segunda metade do século XVI – chegaram outros silvícolas, dessa vez pertencentes à tribo
Tabajara, também de origem Tupi-Guarani, mas logo tornaram-se inimigos tradicionais dos Potiguaras, ixando-se na várzea do rio
Paraíba.
Na segunda metade do século XVII, a maior parte da população ainda era constituída de índios.
O nível de civilização do índio paraibano era considerável. Muitos sabiam ler e conheciam ofícios como a carpintaria. Esses
índios tratavam bem os jesuítas e os missionários que lhes davam atenção.

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HISTÓRIA DA PARAÍBA
A maioria dos índios estava de passagem do Período Paleolítico para o Neolítico. A língua falada por eles era o tupi-guarani,
utilizado também pelos colonos na comunicação com os índios. O tupi-guarani mereceu até a criação de uma gramática elaborada
pelo Padre José de Anchieta.

Os Cariris

Os índios Cariris se encontravam em maior número que os Tupis e ocupavam uma área que se estendia desde o planalto da Bor-
borema até os limites do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco.
Os Cariris eram índios que diziam ter vindo de um grande lago. Estudiosos acreditam que eles tenham vindo do amazonas ou da
Lagoa Maracaibo, na Venezuela.
A Nação Cariri dividia-se em várias tribos das quais citaremos apenas as que existiam em território paraibano e proximidades.
Esses grupos na Paraíba eram os seguintes: Paiacus, Icós, Sucurus, Ariús, Panatis, Canindés, Pegas, Janduis, Bultrins e Carnoiós.
Destes, os Tapuias Pegas icaram conhecidos nas lutas contra os bandeirantes.

Os Tupis

Os Tupis habitavam a zona mais próxima ao litoral e estavam divididos em Potiguaras e Tabajaras.
a) Tabajaras: Na época da fundação da Paraíba, os Tabajaras formavam um grupo de aproximadamente cinco mil pessoas. O
seu nome indicava que viviam em tabas ou aldeias. Eram sedentários e de fácil convívio. A aliança que irmaram com os portugueses
foi de grande proveito para os índios quando da conquista da Paraíba e fundação de João Pessoa.
Todos os aldeamentos ao sul do Cabo Branco pertenciam a indígenas dessa tribo e deram origem a muitas cidades e vilas, como,
Aratagui (Alhandra), Jacoca (Conde), Piragibe (João Pessoa), Tibiri (Santa Rita), Pindaúna (Gramame), Taquara, Acaú, Pitimbu. Os
Tabajaras parecem ter deixado o território paraibano em 1599.
b) Potiguaras: Eram mais numerosos que os Tabajaras e ocupavam uma pequena região nos limites do Rio Grande do Norte com
a Paraíba. Estavam localizados na parte norte do rio Paraíba, curso do rio Mamanguape e serra da Copaoba, foram rechaçados para o
Rio Grande do Norte e aldeiamentos na Bahia de Traição, onde ainda hoje se encontram seus remanescentes.
Esses índios locomoviam-se constantemente, deixando aldeias para trás e formando outra. Com esta constante locomoção os
índios ocuparam áreas desabitadas. Da serra da Copaoba, para o Sul, excetuando-se as aldeias estabelecidas no litoral, ao que parece,
em nenhum ponto se ixaram. Toda a região do Agreste Acatingado que se estende de Guarabira a Pedras de Fogo, passando por
Alagoa Grande, Alagonha, Mulungu, Sapé, Gurinhém, desocupada, no dizer de Horácio de Almeida ou assim foi encontrada quando
da conquista.
Os Potiguaras eram uma das tribos mais populosas da nação Tupi, desempenharam importante papel na guerra holandesa com
cujos povos se aliaram. Anos antes eles também foram aliados dos franceses, que mantinham feitorias no estuário do Paraíba e Baía
da Traição (Acejutibiró) e de onde faziam incursões até a serra da Copaoba (Serra da Raiz) para a extração do pau-brasil. Esses índios
resistiram feroz e bravamente, desde o início da conquista portuguesa.
Ainda hoje, encontram-se tribos indígenas potiguaras localizadas na Baía da Traição, mas apenas em uma aldeia a São Francisco,
onde não há miscigenados, pois a tribo não aceita a presença de caboclos, termo que eles utilizavam para com as pessoas que não
pertencem a tribo.
Atualmente, as aldeias constituem reservas indígenas mal administradas pelo governo, e suas terras, quase todas, foram griladas
por grandes proprietários e usinas da região, mencionando-se a Companhia de Tecidos Rio Tinto, hoje desativada.
A principal atividade desses índios é a pesca e em menor escala, a agricultura.

A FUNDAÇÃO DA PARAÍBA;

O início da cidade de Nossa Senhora das Neves

Celebrado o acordo com os Tabajaras, os portugueses puderam fundar a cidade sede da capitania. Por escolha de Martim leitão,
João Tavares e Frutuoso Barbosa, que percorreram a cavalo a planície situada entre o rio Paraíba e o oceano Atlântico, a nova cidade
foi ediicada a partir de quatro de novembro de 1585, na parte mais elevada, visava assegurar-lhe a defesa, a proximidade do rio
possibilitaria através dessa exportação dos produtos elaborados ou encontrados – açúcar, peles, couro, âmbar, madeiras e algodão.
Incluindo no conjunto de trocas da economia mundial, a capitania integrava o sistema econômico mercantilista.

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HISTÓRIA DA PARAÍBA
Nossa Senhora das Neves foi a terceira cidade criada no Brasil, sem nunca ter sido Vila. Este privilégio lhe coube porque fora
fundada pela cúpula da Fazenda Real, uma Capitania da Coroa.

Consolidação da conquista

Martim Leitão, artíice primeiro da cidade de Nossa Senhora das Neves e de sua consolidação, trouxe consigo pedreiros, carpin-
teiros, engenheiros e outros para ediicar a cidade. As primeiras medidas de Martim Leitão foram para a construção de galpões de
trabalho, levantamento de um forte, projeção de uma casa para servir de almoxarifado e demais construções essenciais à moradia.
A principal fortiicação teve construção iniciada em1586, no lugar denominado Cabedelo – palavra equivalente a ponta de terra –
onde o rio Paraíba se encontra com o mar. Tornava-se essencial fortalecer esse sítio porque quem o controlasse teria acesso à cidade,
dezoito quilômetro rio abaixo.
Datou daí a instalação da fortaleza de Santa Catarina, de Cabedelo, ou ainda do Matos, em homenagem a seu primeiro coman-
dante, Francisco Cardoso do Matos. A munição era assegurada pela Casa da Pólvora, a terceira e mais importante das quais tomou o
lugar do forte do Varadouro, em 1710.
A colonização da Paraíba é pontilhada de momentos difíceis. Além dos problemas de subsistência do pequeno grupo pioneiro de
Martim Leitão e João Tavares era necessário:

- Proteger os locais escolhidos para dar início ao povoamento;


- Vigiar a barra do rio Paraíba, porta aberta aos franceses e aventureiros;
- Ter cautela com tribos Cariri, que podiam atacar vindos do interior;
- Sustentar defesa contra investidas Potiguaras;
- Expulsar os franceses;
- Conservar a aliança com os Tabajaras;
- Transferir colonos e ixa-los na Capitania;
- Estabelecer uma economia estável.

Economia e ocupação colonial

Naquela época, a riqueza vegetal da Paraíba era a base inicial de sua economia. As madeiras exploradas eram o pau-brasil e
outras, como o pau-brasil e outras, como o cedro, o jacarandá, resistentes e duráveis que s destinavam ao fabrico de barcos e móveis
para a nobreza.
Logo a cana-de-açúcar, plantada nas várzeas da Capitania Real da Paraíba, foi sendo reconhecida como da melhor qualidade.
Numa época em que o açúcar dava bastante lucro, não se perdeu muito tempo e, nas proximidades da capital, apareceram os primeiros
canaviais. Em 1587 funda-se o Engenho Real no Tibiri, onde se inicia a plantação de cana de açúcar, integrando a Paraíba a rede do
comércio colonial.
Logo os engenhos icaram de “fogo aceso” nas várzeas da Paraíba. Tanto é que em 1610, 25 anos depois da implantação a agroin-
dústria açucareira na capitania, já funcionavam 12 engenhos fabricando açúcar e enviando para a Europa.
O lorescimento da cultura açucareira deu-se durante todo o século XVI e primeira metade do século XVII, quando veio a crise
da produção regional, provocada pela concorrência do açúcar das Antilhas.
Ainda no século XVII, a ocupação do sertão foi determinada pela necessidade de prover a área açucareira de animais para o tra-
balho e alimento para a população. Foi então que a pecuária sertaneja surgiu, revestindo-se de grande importância geo-econômica, à
medida que extensa faixa territorial pôde ser ocupada por reduzida população. Nesta área, o grande proprietário baseou sua economia
em duas atividades: pecuária e cultura do algodão.
A construção do forte de cabedelo na foz do Rio Paraíba serviu de ponto de apoio para a continuidade da conquista do norte da
capitania (vales Mamanguape e Camaratuba), do Rio Grande do Norte e mais tarde da penetração para oeste rumo ao sertão.
Entre 1585 e 1634 se processou a consolidação do povoamento do litoral. Este se deteve, até meados do século XVII, na Borbo-
rema, onde a presença de densas lorestas, índios e o relevo acidentado retardaram a ocupação.

A organização político-administrativa

A nova cidade teve uma administração, de 1585 a 1634, de capitães-mores ou governadores.

Nos primeiros tempos, a capitania da Paraíba era dirigida por um governador, o capitão-mor (denominação que signiicava que
ele dirigia os capitães).

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HISTÓRIA DA PARAÍBA
Com a dilatação da conquista, as populações do interior também tiveram os seus capitães-mores, que comandavam as ordenanças,
supervisionavam o policiamento dos sertões, respondia pela paz e ordem das suas circunscrições e eram subordinados ao governador.
Havia outras autoridades: o Ouvidor-Geral que cuidava da justiça, dos juízes de órfãos e certos juízes inferiores denominados
almotacés incumbidos de tomar conhecimento dos negócios pequenos. O Provedor da Fazenda presidia à arrecadação das rendas da
Fazenda Real.
Existia em cada Capitania no tempo colonial (que, aliás, foi até o Império) o Senado da Câmara, órgão que zelava pelos interesses
do povo perante os governos da Capitania, da Colônia e do Reino. Ainda havia na capitania da Paraíba a Casa do Conselho, com o
pelourinho, onde funcionava o Tribunal de Justiça.
O período governamental era de três anos geralmente. Entretanto, poderia ser excedido, dependendo de circunstâncias.

Propriedade, escravidão e organização familiar

Do ponto de vista social, ou seja, da composição de classes, a capitania da Paraíba, tal como o restante da sociedade brasileira,
fundamentou-se na grande propriedade territorial, a chamada sesmaria.
A primeira sesmaria paraibana foi concedida ainda no século XVI, quando seu número não passou de cinco, no século XVII, esse
número cresceu, mas na primeira metade, sua localização não ultrapassou os vales dos rios Paraíba e Mamanguape, o que signiica
colonização ainda restrita ao litoral. Na segunda metade do século XVII e, principalmente no século XVIII, essas sesmarias alcan-
çaram os pontos mais distantes do território Paraibano, o que representou a expansão deste, com incorporação das terras sertanejas
à colonização. No século XIX, as sesmarias concedidas aos que desejavam lavrar a terra baixaram de número, tanto por o território
já se encontrar quase inteiramente ocupado, quanto pela Lei de Terras, de 1850, que extinguiu o sistema sesmarial. Daí em diante, as
chamadas terras devolutas somente puderam ser adquiridas mediante compra.
A sesmaria, que originou o latifúndio, monocultor com a cana-de-açúcar no litoral e brejo, e binômio pecuária – algodão, no
sertão, responsabilizou-se pela ocupação da Paraíba. O proprietário, todavia, não trabalhava diretamente a terra. Desde o início
recorreu=se ao braço do negro africano, para cá importado. Surgia assim, na zona da mata, onde rios, solo de tipo massapé e, princi-
palmente demanda dos mercados externos ensejavam partidos de cana e engenhos, o latifúndio monocultor e escravista. Sua força de
trabalho residia na mão-de-obra negra, não porque o índio fosse indolente ou inapto ao trabalho, mas porque na escravidão africana
residiam os maiores lucros do sistema econômico mercantilista, baseado na circulação de mercadorias.
Essa sociedade era também patriarcal. Isso porque o grande proprietário, dispunha de poderes absolutos, nos limites de sua pro-
priedade. A mulher, ilhos, agregados e escravos deviam-lhe idelidade. Não raro, castigos físicos acompanhavam as transgressões. A
mulher tve alguma importância nesse tipo de organização social, mas seus poderes limitavam-se ao interior da casa grande. Quanto
aos ilhos, casavam-se mediante recomendação dos pais, veriicando-se muitos casamentos entre parentes para impedir divisão da
propriedade. O despotismo patriarcal ampliava os limites da família, de modo que, ao lado da família legítima, sobrevinha outra,
ilegítima, mediante multidão de ilhos naturais.

Primeiras vilas da Paraíba na Época colonial

Com a colonização foram surgindo vilas na Paraíba. A seguir temos algumas informações sobre as primeiras vilas da Paraíba.

Pilar

O início de seu povoamento aconteceu no inal do século XVI, quando as fazendas de gado foram encontradas pelos holandeses.
Hoje uma cidade sem muito destaque na Paraíba,
Foi elevada à vila em 5 de janeiro de 1765. Pilar originou-se a partir da Missão do Padre Martim Nantes naquela região. Pilar foi
elevada a município em 1985, quando o cultivo da cana-de-açúcar se tornou na principal atividade da região.

Sousa

Hoje a sexta cidade mais populosa do estado e dona de um dos mais importantes sítios arqueológicos do país (Vale dos Dinossau-
ros), Sousa era um povoado conhecido por “Jardim do Rio do Peixe”. A terra da região era bastante fértil, o que acelerou rapidamente
o processo de povoamento e progresso do local.

Em 1760, já viviam aproximadamente no vale 1468 pessoas. Sousa foi elevada à vila com o nome atual em homenagem ao seu
benfeitor, Bento Freire de Sousa, em 22 de julho de 1776. Sua emancipação política se deu em 10 de julho de 1854.

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HISTÓRIA DA PARAÍBA
Campina Grande

Sua colonização teve início em 1697. o capitão-mor Teodósio de Oliveira Ledo instalou na região um povoado. Os indígenas for-
maram uma aldeia. Em volta dessa aldeia surgiu uma feira nas ruas por onde passavam camponeses. Percebe-se que as características
comerciais de Campina Grande nasceram desde sua origem.
Campina foi elevada à freguesia em 1769, sob a invocação de nossa senhora da conceição. Sua elevação à vila com o nome Vila
Nova da Rainha se deu em 20 de abril de 1790. Hoje Campina Grande é a maior cidade do interior do Nordeste.

São João do Cariri

Tendo sido povoada em meados do século XVII pela enorme família Cariri que povoava o sítio São João, entre outros, esta
cidade que atualmente não se destaca muito à n´vel estadual foi elevada à vila em 22 de março de 1800. Sua emancipação política
é datada de 15 de novembro de 1831.

Pombal

No inal do século XVII, Teodósio de Oliveira Ledo realizou uma entrada através do rio Piranhas. Neste venceu o confronto com
os índios Pegas e fundou ali uma aldeia que inicialmente recebeu o nome do rio (Piranhas).
Devido ao sucesso da entrada não demorou muito até que passaram a chamar o local de Nossa Senhora do bom sucesso, em
homenagem a uma santa.
Em 1721 foi construída no local a Igreja do Rosário, em homenagem a padroeira da cidade considerada uma relíquia histórica
nos dias atuais.
Sob força de uma Carta Régia datada de 22 de junho de 1766, o município passou a se chamar Pombal, em homenagem ao
famoso Marquês de Pombal. Foi elevada à vila em ¾ de maio de 1772, data hoje considerada como sendo também a da criação do
município.

Areia

Conhecida antigamente pelo nome de Bruxaxá, Areia foi elevada à freguesia com o nome de Nossa Senhora da Conceição pelo
Alvará Régio de 18 de maio de 1815. Esta data é considerada também como a de sua elevação à vila.
Sua emancipação política se deu em 18 de maio de 1846, pela lei de criação número 2. Hoje, areia se destaca como uma das
principais cidades do interior da Paraíba, principalmente por possuir um passado histórico muito atraente.

OS HOLANDESES NA PARAÍBA;

Portugal desde 1580 estava sob domínio espanhol, e consequentemente, o Brasil. A instalação da empresa açucareira no Brasil
contou com a participação holandesa, desde o inanciamento das instalações até a comercialização no mercado europeu. Assim,
quando Felipe II proibiu a manutenção dessas relações comerciais, tirou dos holandeses uma grande fonte de lucros, levando-os a
reagirem com a invasão ao Nordeste brasileiro. Para isso, os holandeses organizaram uma Companhia – a Companhia das Índias
Ocidentais –, e decidiram invadir a capital, em 1624. Prenderam o Governador Geral e o enviaram para a Holanda.

Não conseguiram, no entanto, governar a região. Sob o comando de D. Marcos Teixeira, as forças brasileiras mataram vários
chefes batavos, enfraquecendo as tropas holandesas. Em maio de 1625, eles foram expulsos da Bahia pela esquadra de Fradique
Toledo Osório.
As invasões holandesas atingem também a Paraíba e através de ataques contínuos a Cabedelo, onde a resistência foi muito
acentuada, tentam se ixar em nossas terras, porém só concretizando em 1634, quando desembarcam ao norte da foz do Jaguaribe e
conseguiram vitória sobre as tropas do governador paraibano Antônio de Albuquerque Maranhão e partindo para dominar Cabedelo,
onde tiveram êxito.

Em dezembro de 1634 os holandeses entraram na cidade de Filipéia de Nossa Senhora das Neves e passaram a administra-las
até 1645.

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HISTÓRIA DA PARAÍBA
A preocupação inicial dos holandeses consistiu em manter defesas, para estabilizar a conquista, e atrair a simpatia dos habitantes
da Paraíba, cuja capital teve a denominação mudada para Frederica. A Fortaleza de Santa Catarina, no Cabedelo, foi rebatizada como
Margareth.
Alguns dos nossos moradores pressentindo a derrota e não querendo se submeter aos inimigos, retiraram-se da Capitania. Porém
antes da retirada, queimavam os canaviais e inutilizavam os engenhos. André Vital de Negreiros foi o primeiro a tocar fogo no enge-
nho do seu pai e muitos seguiram-lhe o exemplo.
Para impedir possível rebelião, os holandeses tanto fortiicaram a Igreja de São Francisco e o convento de Santo Antônio, a cujas
portas instalaram entrincheiramentos e bateria, quanto ocuparam a inacabada Igreja de São Bento, na Rua Nova. Quando os religiosos
franciscanos tentaram desobedecer às ordens dos novos senhores, foram expulsos da Capitania.

Nova organização política, social e econômica

Os holandeses reconheceram a desvantagem de ver a terra desamparada, engenhos abandonados, outros daniicados. Então se
prestaram a fazer com os moradores uma espécie de pacto. Duarte Gomes da Silveira foi um dos primeiros a se apresentar ao inimigo
e serviu de mediador entre os moradores e os invasores. Não traindo os seus, mas para não entregar de tudo o que lhes custara tanto
trabalho.
O primeiro governador da província holandesa da Paraíba e Rio Grande do Norte foi Servaes Carpentier que em nome do Prín-
cipe de Orange, dos Estados Gerais e da Companhia fez aos paraibanos, em ata de 13 de janeiro de 1635, as seguintes promessas:
ofereceram anistia, liberdade de consciência e de culto católico, manutenção do regime de propriedade, proteção aos negócios e
observâncias das leis portuguesas nas pendências aos naturais da terra.
Tais recomendações surtiram efeito, daí porque não foram poucos os que aderiram aos invasores. O padre jesuíta Manoel Morais
abjurou a fé católica e embarcou para a Holanda, onde se fez calvinista e casou.
No plano administrativo, conservou-se parte da antiga administração, subordinada, porém, ao diretor geral, função inicialmente
ocupada pelo conselheiro Servaes Carpentier. Funcionários denominados escabinos e escoltetos encarregou-se de administra a justiça
e cobrar impostos.
No plano econômico-social, os holandeses mantiveram a escravidão. Com esse objetivo, ocuparam, preliminarmente, a província
portuguesa de angola, na África, principal fonte de fornecimento de cativos. Introduzindo aperfeiçoamentos técnicos como moendas
metálicas, no lugar das antigas, feitas de madeira, ofereceram empréstimos aos proprietários de engenhos. A maior parte destes, lide-
rados por Duarte Gomes da Silveira aceitou a oferta.
A principal colaboração recebida pelos holandeses proveio dos índios Potiguaras enquadrados pelos caciques Pedro Poti e Parau-
paba. Em troca, os holandeses chegaram a realizar Assembleia de índios para a qual os principais do Ceará e Pernambuco enviaram
representantes à vila de Itapessica, em Pernambuco.

A Resistência anti-holandesa

O controle holandês sobre a Paraíba durou apenas vinte anos, de 1634 a 1654, e nunca se fez total. Isso porque, desde cedo, os
que não o aceitaram partiram para a luta armada que assolou a várzea do Paraíba. Nesta os lamengos nunca conseguiram irmar-se.
Já em 1636, o segundo diretor geral Ippo Eyssens, tido como arbitrário, foi morto numa emboscada, quando assistia a farinhada
no engenho Santo Antônio. O principal responsável foi o capitão Francisco Rabello, o Rabellinho. Reagindo, os holandeses procu-
raram apresentar combate no Tibiri, que foi evitado pelos luso-brasileiros que pretendia retrair-se e recorrer a ataques rápidos e de
surpresa. Era a guerrilha. Por conta desta os holandeses nunca se sentiram seguro na Paraíba, salvo durante algum tempo na Capital
e, mais tarde, no interior da Fortaleza de Santa Catarina. A repressão holandesa caracterizou-se pela brutalidade. Alguns engenhos
e propriedades foram coniscados. A pena capital foi igualmente aplicada, e, em 1645, o diretor geral Paul Linge, responsável por
enforcamentos, mandou arrastar pela cidade o corpo de condenado que morrera na prisão.
A tensão somente aliviou entre 1638 e 1644, durante a administração dos diretores Elias Hercman e Gisberth Wirth. Por essa
época, chegou ao Brasil o conde Maurício de Nassau, que se instalou no Recife, com artistas, cientistas, e estudiosos do melhor nível.
Emancipados da Espanha, em 1640, os portugueses encontravam-se com as inanças abaladas, de modo que alguns conselheiros
do rei, com o padre Antônio Vieira, o maior sábio do mundo luso da época, elaboraram documento que propunha a preservação de
todo Norte pelos holandeses que se absteriam de invadir o restante do Brasil e as possessões lusas no Oriente.
Esse documento ganhou a denominação de papel forte, tão convincente pareciam suas razões. Na Paraíba, os proprietários e altos
funcionários, beneiciários da invasão lamenga, concordaram com os termos.
Não foi esse, porém, o caso do jovem André Vital de Negreiros. Paraibano, ilho de proprietários portugueses, participou da
campanha anti-holandesa de 1624, na Bahia , onde icou por algum tempo. Em 1630, encontrava-se em Olinda, quando os lamengos
dominaram a cidade. Novamente na Paraíba, entre 1634 e 1636, nunca pactuou com invasor que o respeitava.

Didatismo e Conhecimento 8
HISTÓRIA DA PARAÍBA
De 1636 a 1644 permaneceu em Portugal onde, em vão, tentou mobilizar os espíritos em prol da resistência. Sem conseguir o
intento, retornou ao Brasil, desembarcando na praia pernambucana de Tamandaré, acima da qual, em Santo Antônio do Cabo, fez
junção com as tropas pernambucanas de João Fernandes Vieira. A luta doravante, iria travar-se em campo aberto, e, nela, Vidal de Ne-
greiros revelaria dons de estrategista. Participante das duas batalhas dos Montes Guararapes, igurou entre os chefes que receberam
a rendição holandesa, na Campina da Taborda. Anteriormente, não hesitara em atear fogo aos canaviais do próprio pai, na Paraíba.
Sua carreira foi uma sucessão de êxitos. Escolhidos para levar a Portugal os resultados da insurreição contra os holandeses, foi
nomeado governador dos estados do Maranhão e Grão-Pará, que constituíam territórios independentes do restante do Brasil. Em
1662, designaram-no governador de Angola, onde fortiicou a capital, Luanda. Ao falecer, em 1680, seus restos mortais foram trans-
ladados para a Igreja dos Prazeres, nos montes Guararapes.
Considerado um dos maiores Paraibanos de todos os tempos Vidal de Negreiros fez-se indiscutível chefe da Guerra de Libertação
Nacional que a insurreição contra os holandeses representou. Com o afastamento dos espanhóis e retraimento dos portugueses, a
peleja tomou dimensão nacionalista, nela se veriicando a primitiva formação da Pátria.
Na Paraíba, a insurreição contra os lamengos propagou-se com tanta rapidez que, em 1645, o capitão Lopo Curado Garro, autor
de relação das pugnas contra os holandeses no Nordeste, já dominava a região do Tibiri. Daí suas colunas ingressaram, nesse mesmo
ano, na capital, de onde os holandeses se retiraram para a Fortaleza de Santa Catarina. Nos últimos nove anos de permanência na
Paraíba, limitaram-se ao controle dessa fortiicação.

A Capitania da Paraíba na época da invasão holandesa

Na época da invasão holandesa, a população era dividida em dois grupos: os homens livres (holandeses, portugueses e brasi-
leiros) e os escravos (de procedência brasileira ou africana). A mistura de raças não era bem vista pelo governo holandês, portanto,
durante vinte e quatro anos de domínio holandês no Brasil, sabe-se de raras uniões entre holandeses e nativos, sendo consideradas
uma exceção.
A Capitania da Paraíba de 1635 a 1645 teve como administradores alguns governadores holandeses:
- Servaes Carpentier: Também governou o Rio Grande do Norte, e sua residência oicial foi no Convento São Francisco de onde
para execução do seu intento, expulsaram os franciscanos que lá moravam. O Convento de São Francisco, além de ser a residência
oicial do governo holandês, servia também para abrigo dos mercadores neerlandeses em ocasiões necessárias, servindo também de
quartel, para os soldados da guarnição que serviam na cidade.
- Ippo Elyssens: Foi um administrador violento e desonesto. Apoderou-se dos melhores engenhos da capitania. Foi morto quando
assistia a uma farinhada no povoado do Espírito Santo.
- Elias Herckmans: Governador holandês importante, que governou por cinco anos.
- Sebastian Von Hogoveen: Governaria no lugar de Elias H., mas morreu antes de assumir o cargo.
- Daniel Aberti: Substituto do anterior.
- Paulo de lince: Foi derrotado pelos “Libertadores da Insurreição”, e retirou-se para Cabedelo.

Cultura e contribuições holandesas

O capítulo das invasões holandesa na Paraíba não deve ser encarado apenas do ponto de vista militar. Bem mais importante fez-se
a contribuição cultural dos invasores – e cultura é o que ica. Nesses termos, os lamengos contribuíram para o conhecimento da terra.
Tal deveu-se, em primeiro lugar, aos relatórios que produziram.

O primeiro, de autoria do conselheiro Servaes Carpentier, revela caráter ecológico, ao recomendar as áreas mais adequadas ao
plantio da cana-de-açúcar, fumo e mandioca, além de criação de gado. Entusiasmado com a fertilidade da terra, Carpentier deteve-se,
longamente, sobre as árvores, frutos e animais que nela se encontravam.

Descrição das Capitanias de Pernambuco, Itamaracá, Parahyba e Rio Grande do Norte intitula-se o relatório assinado por Adriaen
Verdonck, que teve um im trágico. Segundo esse autor, a Paraíba, dispunha, em 1630, de dezoito a dezenove engenhos responsáveis
por cento e cinquenta mil arrobas anuais que signiicavam seiscentas a setecentas caixas de açúcar, embarcadas nos navios. Contudo,
havia pouco, movimento de negócios na capital.

Em matéria de produção açucareira, o melhor documento de origem holandesa é o minucioso Relatório sobre as Capitanias Con-
quistadas no Brasil pelos Holandeses, datado de 1639, e de autoria de Adriaen Van Der Dussen. De portos, rios, cidades, freguesias,
aldeias, escravos, pau-brasil e madeiras, fortiicações, religião e abastecimento ocupa-se Dussen cujo texto detalha os vinte engenhos
existentes na Paraíba, com as respectivas tarefas e lavradores.

Didatismo e Conhecimento 9
HISTÓRIA DA PARAÍBA
O mais completo relatório sobre a Paraíba proveniente do domínio holandês, é a Descrição geral da Capitania da Paraíba, de Elias
Herckman, objeto, em 1982, de duas edições, ambas em João Pessoa. Geógrafo, poeta e cartógrafo, Herckman que na condição de
Diretor da Companhia das Índias Ocidentais, governou a Paraíba de 1636 a 1639, elaborou documento verdadeiramente modelar. A
primeira parte é dedicada a capital, a segunda aos engenhos do vale do Paraíba e a terceira aos costumes dos índios Tapuias. Geograia
Urbana, Economia e antropologia combinam-se, dessa forma, harmoniosamente.

A INQUISIÇÃO NA PARAÍBA E A
EXPULSÃO DOS JESUÍTAS;

Além de muito prestigiada, a Igreja Católica era a guardiã da sociedade patriarcal e religiosa praticada no Brasil colônia e im-
pério. Após 40 anos da fundação a cidade tinha cerca de 80 casas, 3 igrejas e 3 conventos o que, pela proporção, dá par se notar o
valor da Igreja durante a colonização. Aliás, alguns pesquisadores aventam o fato de a Coroa Portuguesa ter usado a Igreja como
a mais importante ferramenta utilizada em seus interesses na “terra brasilis”. Até porque o “padroado” favorecia a Coroa Imperial:
nas terras descobertas o Rei podia autorizar ou obstruir o trabalho dos religiosos como bem lhe prouvesse. Citando o Pe. Manoel
Medeiros (IHGP): “A igreja católica no Brasil, portanto, na Paraíba, tinha dois governos. Um canônico, com o Papa e os Bispos à
frente, e outro imperial, com os reis de Portugal e depois do Brasil, que também era o Grão Mestre da Ordem Militar de Cristo, no
seu comando. Quem comandava a Igreja era o rei de Portugal, era o rei do Brasil (Reino Unido) e era o Imperador do Brasil. Isso
durou até a República, quando houve a separação da Igreja do Estado. Foi um Deus nos acuda, mas foi um grande benefício para a
Igreja, por que ela se sentiu livre”.
As ordens religiosas dispunham de muitas propriedades, engenhos e escravos. O Tribunal do Santo Ofício, durante a Inquisição,
autorizou em 1595 a primeira visitação na Paraíba. Dezenas de pessoas foram penalizadas. O processo foi tão rigoroso que chegou
a coniscar os bens do Padre João Vaz de Salem, homem muito rico, inluente e também vigário da freguesia de Nossa Senhora das
Neves. A partir do século XVIII as famílias mais abastadas e os representantes da classe dominante aprenderiam que o fato de se ter
um padre na família era fator muito importante nas disputas pelo poder.
Os jesuítas foram os primeiros missionários que chegaram à Capitania da Paraíba. No inal de 1588 iniciaram a construção de
um convento e uma igreja dedicados a Nossa Senhora de Nazaré do Almagre. Seus interesses conlitaram com os interesses da Coroa
Portuguesa e foram expulsos da capitania em 1593. Em 1708 os jesuítas voltaram à Paraíba fundando um colégio onde ensinavam
latim, ilosoia e letras. Em 1745 o Padre Gabriel Malagrida aqui instalou o primeiro seminário para formação de padres diocesanos
nas terras brasileiras. Contudo, em 1773 a congregação foi novamente expulsa da colônia em função da política de perseguição do
Marquês de Pombal, ministro plenipotenciário do reinado de D. José I. O prédio do seminário passou a ser residência oicial do
Ouvidor-Geral da capitania com a permissão do Papa Clemente XIV. Saiba mais sobre os jesuítas.
Os franciscanos estabeleceram-se na Capitania da Paraíba em 1589, convidados pelo Capitão-Mor Frutuoso Barbosa. Iniciaram,
no mesmo ano, a construção do Convento de Santo Antônio, em taipa (madeira entrelaçada e barro), visando infraestruturar a Ordem
para a catequese dos indígenas, o que fariam sob disputa ferrenha entre jesuítas e beneditinos. Retomaram melhorias no prédio do
convento (usando pedra e cal) e iniciaram a construção da igreja de Santo Antônio (errônea e normalmente chamada igreja de São
Francisco) que faz parte do conjunto hoje denominado “Centro Cultural São Francisco”, considerado uma verdadeira joia da arquite-
tura barroca nas Américas. O Centro Cultural é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN. Durante
a ocupação holandesa o convento foi utilizado como residência do governador e casa de apoio para militares de altas patentes.
-Veja imagens do Centro Cultural São Francisco em “slide-show”
-Saiba mais sobre os franciscanos

Os beneditinos após criarem abadias em Salvador (1581), Rio de Janeiro (1586) e Olinda (1590), chegaram à cidade de Filipéia
de Nossa Senhora das Neves em 1596 e deram início às obras do Mosteiro de São Bento. Em 1721 iniciaram a construção da igreja
que ica ao lado do convento. O conjunto tem estilo sóbrio, mas harmonioso e imponente. O mosteiro foi desativado em 1921 e seu
prédio tem sido locado para o funcionamento de instituições educativas. O Conjunto Beneditino é tombado pelo Instituto do Patrimô-
nio Histórico e Artístico Nacional e ica na Rua General Osório, perto da catedral. Saiba mais sobre os beneditinos.
Os carmelitas aqui se instalaram em 1588. Construíram um convento, a igreja de Nossa Senhora do Carmo e a capela de Santa
Tereza D’Ávila, formando o Conjunto Carmelita em estilo barroco-rococó situado na parte mais alta da cidade. Num promontório ao
largo da foz do Rio Paraíba (hoje município de Lucena) construíram a igreja de Nossa Senhora da Guia e um hospício, denominação
dada aos hospitais religiosos no Brasil colônia. A Igreja da Guia é classiicada como peça exemplar da arquitetura barroco-tropical
em vista dos maravilhosos entalhes em pedra calcária representando os frutos e a lora da nova terra. Não se tem muito sobre a Ordem
porque durante o domínio holandês (1634 a 1654) os frades tentaram proteger seus documentos enterrando-os. Anos depois, grande
parte dos documentos não foi encontrada e alguns estavam impróprios para a leitura. Saiba mais sobre os carmelitas.

Didatismo e Conhecimento 10
HISTÓRIA DA PARAÍBA
A Igreja Cristã Reformada (Igreja Protestante Calvinista nos Países Baixos) tentou se estabelecer no Brasil-colônia no Rio de
Janeiro (1557-1558) através dos franceses e depois em Salvador (1624-1625) com os holandeses. Como uns e outros foram derrota-
dos nessas capitanias, somente a partir de 1630, com a ocupação holandesa no nordeste do Brasil, houve condição para que fossem
criadas suas congregações, estruturadas sob o Sínodo do Brasil. Durante a ocupação holandesa (1630-1654) o nordeste chegou a
ter 22 igrejas protestantes. Apesar de proclamarem a liberdade religiosa para os vencidos, na prática existia apenas tolerância, a
exemplo do que, em 1638, foram proibidas as procissões e todas as manifestações externas de culto católico, assim como a proibição
do casamento católico sem a licença da Igreja Reformada, a bênção dos engenhos por padres e a extrema-unção, por padre, dada a
portugueses condenados à morte. Cf. Mário Neme em “Fórmulas políticas no Brasil holandês”.
A Igreja Cristã Reformada visou, também, a catequese dos índios, aproveitando o trabalho feito pelos padres católicos em al-
deamentos já existentes. Em 1939 existiam 21 aldeamentos no nordeste holandês, dos quais, 7 na Paraíba. A evangelização indígena
contava fortemente com o apoio do Estados Gerais dos Países Baixos, porquanto havia um trabalho paralelo para arregimentar guer-
reiros contra as tropas portuguesas.

A PARAÍBA E A INDEPENDÊNCIA
DO BRASIL;

Com a independência do Brasil, o presidente da província de Pernambuco, Luís do Rego Barreto, tinha um cenário difícil desde a
Revolução de 1817, pois a terra ainda gemia com o “depravado e estúrdio despotismo”, como refere Rocha Pombo em sua História do
Brasil. Animado com as mensagens de Lisboa e a convite da Junta da Bahia, mas temeroso de desaforos, conservou toda a plenitude
da autoridade e dirigiu um manifesto ao povo, expondo as bases da Constituição que iria ser promulgada e convocando eleitores de
todas as paróquias. Os pernambucanos receberam com desconiança as promessas e votaram com independência, elegendo as pessoas
que lhes pareceram mais dignas, as quais “quase todas pertenciam mais ou menos ostensivamente aos vencidos de 1817”.
A 29 de agosto de 1821 nomeou-se por aclamação uma Junta Provisional Temporária em Goiana, para contrabalançar outra, do
partido português, em Recife. Mesmo pedindo reforços à Paraíba, Rego Barreto foi cercado, assinando a capitulação a 5 de outubro,
junto à povoação do Beberibe.
A vitória dos pernambucanos ecoou na Paraíba, onde a 25 de outubro foi eleita uma Junta Governativa para administrar a pro-
víncia em nome da Constituição portuguesa.

A Junta Governativa

Quando D. João VI transformou as capitanias em províncias, estas foram inicialmente governadas por uma junta governativa
provisória.

A seguir alguns dos membros da junta da província da Paraíba:

• João de Araújo da Cruz


• Galdino da Costa Vilar
• Estevão José Carneiro da Cunha

A junta governativa paraibana administrou a província de 25 de outubro de 1821 a 9 de abril de 1824.

A PARAÍBA E A
REVOLUÇÃO PRAIEIRA;

A revolta Praieira pode-se dizer que foi a última revolução política de protesto contra as mudanças ministeriais. O ambiente para
a revolução já se vinha preparando com as divulgações das ideias de reforma social, contra a prepotência econômica e política dos
latifundiários e a exploração dos grandes comerciantes.
Estando na Presidência do Gabinete Conservador Pedro de Araújo Lima, rebentou a revolução. Estava bem vivo ainda o espírito
republicano de 1817, sufocado pelo Império.

Didatismo e Conhecimento 11
HISTÓRIA DA PARAÍBA
O partido liberal de Pernambuco, chamado de “praieiro”, porque icava na Rua da Praia, tinha o seu Jornal – o “Diário Novo” –
de propriedade de Luiz Roma, sendo seu principal redator Abreu e Lima. Governava Pernambuco de 1845 a novembro de 1848 o De-
sembargador Chichorro da Gama. O partido era constituído de conservadores e liberais, que se uniam para combater os portugueses
que chamavam de marinheiros, e também para combater as oligarquias de famílias regionais, como os Cavalcanti de Albuquerque,
os Rego Barros, Paes Barreto, etc. que alicerçavam o partido Conservador. Os Republicanos apoiavam-se no paraibano Borges da
Fonseca, apelidado de o “Republico”. Era agitador, inteligente, valente e líder. Apesar disto, quando rebentou a revolução, Borges da
Fonseca esqueceu todas as mágoas e entrou na revolta contra os “Aristocratas”.
Em novembro de 1848, assumiu o Governo de Pernambuco Dr. Herculano Pena. Infelizmente iniciou seu governo com uma série
de demissões de pessoas iliadas ao partido liberal que, na sua maioria, era do grupo dos “Praieiros”.
Os liberais chamaram logo o seu líder, o deputado Nunes Machado, para vir comandar uma revolta, que deveria rebentar logo.
Com a conirmação da vinda de Nunes Machado, os liberais exultavam. Em 7 de setembro de 1848, anos depois da Sabinada, em
Olinda, rebentou a revolução, espalhando-se pelo litoral pernambucano, sob o comando de Nunes Machado aliado de Borges da
Fonseca.
Na Paraíba, o governador João Antônio de Vasconcelos enviou, para a fronteira de Alhandra e Pedra de Fogo, 400 homens a im
de impedir a invasão dos revoltosos na Província. Tinham ordens também de, se fossem requisitados pelo Governo de Pernambuco,
se incorporar às ileiras legalistas pernambucanas. A força foi requisitada, aliás, havendo muitas deserções. No ataque a recife, mor-
reu Nunes Machado. Em vista disto, os Praieiros retiraram-se para o interior da Paraíba, cheiados por Borges da Fonseca.
Em Alagoa Grande, os revoltosos acharam adeptos, nas pessoas do comandante da Guarda Nacional de Areia, do Cel. Joaquim
dosa Santos Leal, do delegado Maximiliano Machado, do juiz Municipal de Areia. Escreveram estas autoridades de Areia um ofício
ao Governador da Província demitindo-se dos seus cargos.
Os revoltosos entraram em Areia entusiasmados com a adesão das principais autoridades. O governo Imperial, alarmado com
o caso, mandou imediatamente uma coluna de soldados comandada pelo Cel. Falcão. Colocaram-se os soldados legalistas nos En-
genhos Gregório, Boa Vista e Ladeira do Tatu. Das 07: 00 horas às 13 00 horas, houve um terrível tiroteio que resultou na tomada
de Areia, em 21 de fevereiro de 1849. as tropas rebeldes que puderam fugir, escaparam para o interior, seguindo rumo de Campina
Grande e Pocinhos, onde dispersaram-se.
Os revoltosos de Pernambuco vieram à Paraíba em socorro de seus companheiros e ideal, cheiados por Pedro Ivo. Borges da
Fonseca, querendo reorganizar a revolta, foi preso. Em vista disto, terminou a rebelião que não pôde ser de novo organizada, com a
prisão do restante.
O Partido Conservador, triunfante, dominou por longo tempo e se apresentou ao Brasil, como partido de ordem. Ao terminar a
“Praieira”, na Paraíba, realizaram-se eleições para a legislatura de 1850-1852.

O RONCO DA ABELHA NA PARAÍBA;

Ficou conhecida como Revolta do ronco da abelha a movimento popular armado ocorrido entre dezembro de 1851 e fevereiro
de 1852, que envolveu vilas e cidades de cinco províncias do Nordeste: Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Ceará e Sergipe, sendo mais
forte nas duas primeiras províncias. Nos dias de feiras os revoltosos causavam um enorme burburinho entre a população. Quando
perguntavam o porquê de tantos comentários, as vozes mais precavidas diziam que era apenas “o ronco da abelha”, nome por qual
acabou icando conhecido o movimento.
Os incidentes foram provocados por dois decretos imperiais, de junho de 1851, o 797 e o 798, cujo propósito era instituir o Regis-
tro Civil dos Nascimentos e Óbitos. O primeiro decreto estabelecia o Censo Geral do Império, logo após a divulgação em editais em
jornais ou a aixação em igrejas matrizes. O 798 obrigava todo brasileiro a se apresentar nas paróquias e à frente de juízes de paz das
diferentes localidades, para fornecer os dados pessoais, data e local de nascimento, iliação, estado civil e cor da pele. A real intenção
do Estado era colher dados para calcular a população, com o objetivo de sistematizar o recrutamento de homens para o serviço militar.
Com a implementação destes decretos, rapidamente espalhou-se entre a população mais humilde o boato de que o governo queria
reduzir os cidadãos pobres à condição de escravos. Temia-se que a escravidão atasse em ferros também a população branca.
Vale lembrar que apenas um ano antes fora aprovada a Lei Eusébio de Queirós, proibindo o tráico de escravos, e a economia, em
especial da região nordestina, passou por drásticas mudanças, pois os escravos da área eram mandados para as plantações de café no
sudeste, e a disponibilidade de mão de obra icara escassa.
Reagindo a esses boatos, um grande número de pessoas, armadas de foices, enxadas e espingardas, passou a atacar prédios e
autoridades públicas, em meio a gritos de “Abaixo a Lei, morra o Governo” como palavras de ordem.

Didatismo e Conhecimento 12
HISTÓRIA DA PARAÍBA
Em meio à violência destas ações, o governo foi obrigado a reagir, mobilizando mais de mil soldados da polícia, além da con-
vocação da Guarda Nacional e da utilização de padre Capuchinhos que, ao se darem conta de que o movimento fugiu do controle,
passaram a conclamar os iéis para o respeito à ordem pública, prometendo ao revoltoso que desistisse dos protestos a salvação, e o
fogo do inferno a quem não se submetesse.
Já no inal de janeiro 1852 a paz social foi restabelecida, mas, em meio à baderna resultante, icou difícil identiicar os verdadei-
ros líderes do movimento. Muitas pessoas são acusadas, mas não se consegue obter provas concretas do envolvimento das mesmas.
Finalmente, o governo edita o decreto 970, de 29 de janeiro de 1852, que suspende os decretos 797 e 798, adiando a realização do
primeiro censo no Brasil para vinte anos depois, sendo que o registro civil só será adotado com o advento da república.

A PARAÍBA E A GUERRA DO PARAGUAI;

Outro acontecimento histórico de grande repercussão nacional que a Força Policial da Paraíba participou foi a Guerra do Pa-
raguai. Depois de declarada a guerra, o Império convocou toda a Tropas de Primeira Linha existentes nas Províncias. Da Paraíba
seguiram também para o Rio de Janeiro, onde se incorporaram às forças imperiais, contingentes da Guarda Nacional e Corpos de Vo-
luntários. Todo efetivo da Força Policial, totalizando 210 homens, sob o Comando do Maj José Vicente Monteiro da Franca, embar-
cou para a Capital do Império, no dia 23 de junho de 1865, saindo de Cabedelo no Vapor Paraná. Enquanto aguardava o embarque, a
Força Policial icou aquartelada na Fortaleza da Santa Catarina. Faziam parte do efetivo da Força Policial, os Capitães José Francisco
de Atayde Melo, Frederico do Carmo Cabral e José Silva Neves, além dos Tenentes Francisco Gomes Monteiro , Pedro César Paes
Barreto e Joaquim Ferreira Soares. Depois das batalhas, o Capitão Frederico foi condecorado com medalha de honra, o que revela
que o contingente da Força Policial teve papel destacado na guerra, de onde só retornou após sua conclusão. Para substituir a Força
Policial durante esse período foi criada uma Força Policial Provisória, que foi extinta em 1870, quando a tropa retornou do Paraguai.

A REVOLTA DO QUEBRA-QUILOS;

Ficou conhecida pelo nome de Revolta do Quebra-Quilos o movimento popular iniciado na Paraíba, a 31 de outubro de 1874,
e que se opunha às mudanças introduzidas pelos novos padrões de pesos e medidas do sistema internacional, recém introduzidas no
Brasil. Praticamente sem uma unidade e sem liderança, a revolta logo se alastrou por outras vilas e povoados da Paraíba, estendendo-
-se a Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas.
A denominação de quebra-quilos teria surgido na cidade do Rio de Janeiro, quando elementos populares invadiram casas co-
merciais que haviam começado a utilizar o novo sistema de pesos e medidas, e aos gritos de “Quebra os quilos! Quebra os quilos”,
depredavam tais estabelecimentos. A expressão começou a ser utilizada indiscriminadamente para se referir a todos os participantes
dos movimentos de contestação ao governo com relação ao recrutamento militar, à cobrança de impostos e à adoção do sistema mé-
trico decimal.
No entendimento supersticioso da gente do nordeste rural, o metro e o peso, tornados válidos por decreto imperial em 1872,
consistiam em representações do demônio, e a tentativa de adotá-los criou entre o povo a ideia que estavam sendo enganados pelos
comerciantes e poderosos. Os revoltosos, sentindo-se ofendidos em seus sentimentos deixavam extravasar suas queixas e partiam
para os povoados e se apoderavam das “medidas”, quebrando-as e lançando-as no rio.
Tudo tem início, ao que se sabe, com o popular João Carga D’água, vendedor de rapadura, que liderando um grupo, resolveu
invadir a feira do povoado de Fagundes, próximo a Campina Grande, e quebrar as medidas usadas pelos feirantes e fornecidas pelo
governo. Assim, toma corpo a revolta, com incidentes semelhantes se repetindo em várias áreas do nordeste. Eram escolhidos os
dias de feira para os ataques populares porque era nessa ocasião que as autoridades costumavam cobrar os impostos municipais.
Destacaram-se em meio aos revoltosos os nomes de João Vieira Manuel de Barros Souza e Alexandre Viveiros.
Como resultado, o governo imperial enviou forças militares para conter os distúrbios. A repressão que se seguiu foi violenta,
com prisões em massa. Somente em janeiro de 1875 as autoridades provinciais conseguiram sufocar as manifestações populares nas
quatro províncias nordestinas. Uma das práticas repressivas comum empregada no castigo aos acusados de serem quebra-quilos foi
o chamado colete de couro, que consistia num pedaço de couro cru colocado sobre o tórax e as costas do prisioneiro. Em seguida,
esse couro era molhado e, ao secar, este comprimia o peito violentamente, causando lesões cardíacas e tuberculose como sequelas.

Didatismo e Conhecimento 13
HISTÓRIA DA PARAÍBA

A REVOLTA DE PRINCESA;

Em 1930, um grupo armado, sediado na cidade de Princesa, no alto sertão paraibano, cheiado pelo Deputado Estadual José
Pereira, tentou conturbar a ordem pública no interior do Estado. Os objetivos do movimento, como os dos rebeldes de Monteiro em
1912, era provocar uma intervenção federal na Paraíba. A consequência imediata seria a deposição do Presidente João Pessoa, que
havia rompido relações políticas com Washington Luiz, depois dos acontecimentos que resultaram no famoso “nego”.
Mas uma vez a Força Pública foi acionada, e um grande efetivo foi mobilizado para enfrentar os rebeldes sertanejos, que rece-
biam ajuda do Governo Federal. Foram mais de quatro meses de violentos combates, em que foram registradas muitas mortes de
ambos os lados. Foi criado um Batalhão Provisório, na Força Pública, só para reforçar o contingente empregado na luta.
Os acontecimentos mais marcantes desses confrontos foram; O desastre da Água Branca, em que cerca de duzentos policiais
foram mortos em uma emboscada; a tomada, pela Polícia, das cidades de Teixeira, Imaculada e Tavares, que haviam sido ocupadas
pelos grupos liderados por José Pereira e o cerco de Tavares, que se achava ocupada pela Polícia e foi cercada por grupos de canga-
ceiros, durante 18 dias. Princesa foi cercada e a intervenção pretendida por José Pereira não foi alcançada. Muito foram os Policiais
que se destacaram nessas lutas. Entre eles podemos citar; Tenente Coronel Elísio Sobreira, Comandante Geral na época, Capitão
Irineu Rangel, Comandante do contingente empregado na luta, Capitão João Costa, Tenente José Maurício, Tenente Elias Fernandes,
Tenente Manuel Benício, Aspirante Ademar Naziazene, Sargento Severino Bernardo e Sargento Manuel Ramalho.

O MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO
DE 1930; A PARAÍBA E A REVOLUÇÃO
CONSTITUCIONALISTA DE 1932; A PARAÍBA
E A INTENTONA COMUNISTA DE 1935;

Em novembro de 1935 ocorreu, em Natal, Recife e Rio de Janeiro, uma tentativa de implantação de um Governo Comunista.
Grupos orientados por Carlos Prestes e com a participação de simpatizantes militares, tomaram o Quartel do Exército em Natal e
pretendiam depor o Governo do Rio Grande do Norte, instituindo uma Junta Governativa. Houve luta entre os rebelados e a Polícia
daquele Estado.
Informado da situação, o Governador da Paraíba, Argemiro de Figueredo, enviou a Natal, para auxiliar as forças legalistas, um
Batalhão Policial, sob o Comando do Tenente-Coronel Elias Fernandes. Ainda no percurso de João Pessoa a Natal, a Polícia paraiba-
na prendeu vários integrantes da Junta Governativa e apreendeu farto material que eles haviam saqueado em diversas cidades.
Em várias cidades, onde as autoridades constituídas haviam fugido, temendo o movimento, Elias Fernandes restaurou a ordem
, garantiu a posse de Prefeitos, e o funcionamento da justiça. Serenados os ânimos, os comandados de Coronel Elias Fernandes per-
maneceram em Natal até o inal daquele ano, sendo alvo de muitas homenagens do povo potiguar em sinal de gratidão pela honrosa
forma como auxiliaram a debelar aquele movimento.

A Briosa

A Polícia Militar da Paraíba participou de importantes acontecimentos da história do país, como a revolução de 1930; o combate
a um movimento armado ocorrido em um Quartel do Exército no Recife, em 1931, e a vigilância do litoral paraibano, durante a 2ª
guerra mundial. No campo de ordem pública a Corporação mantém desde 1835, Destacamentos Policiais em todo território paraiba-
no. O Cangaceirismo, fenômeno que aterrorizou o sertão nordestino de 1878 a 1938, foi irmemente combatido pela Polícia Militar,
através das famosas patrulhas Volantes, compostas por homens valentes e destemidos.
Hoje, a Polícia Militar procura, através das diversas modalidades de policiamento que executa, e por meio de várias outras
formas de prestação de serviço de alcance social, continuar sua gloriosa marcha histórica, na permanente busca de bem servir a
sociedade Esses esforços são permanentemente reciclados pela adoção de uma política de renovação dos recursos humanos, ma-
teriais, modernização de métodos de atuação e de valorização dos recursos humanos materializados por uma formação humanista
e proissional contextualizada com a ordem social vigente. Seus heróis de hoje são os Soldados da Rádio Patrulha, do Choque, da
Guarda, do Trânsito, dos Destacamentos, do Canil, da Ciclo patrulha, da Cavalaria, da Manzuá, do policiamento a Pé ou de Motos,
das atividades de apoio, em im dos que compõem a Polícia de hoje, honrando sua história e concorrendo para o fortalecimento do
seu futuro, e fazendo-a merecedora da carinhosa cognominação de Briosa Policia Militar da Paraíba, conferida, ao longo da história,
pela sociedade paraibana.

Didatismo e Conhecimento 14
HISTÓRIA DA PARAÍBA

A PARAÍBA E A SEGUNDA
GUERRA MUNDIAL;

Durante o Estado Novo (1937 – 1945), o governo brasileiro viveu a instalação de um regime ditatorial comandado por Getúlio
Vargas. Nesse mesmo período, as grandes potências mundiais entraram em confronto na Segunda Guerra, onde observamos a cisão
entre os países totalitários (Alemanha, Japão e Itália) e as nações democráticas (Estados Unidos, França e Inglaterra). Ao longo do
conlito, cada um desses grupos em confronto buscou apoio político-militar de outras nações aliadas.
Com relação à Segunda Guerra Mundial, a situação do Brasil se mostrava completamente indeinida. Ao mesmo tempo em que
Vargas contraía empréstimos com os Estados Unidos, comandava um governo próximo aos ditames experimentados pelo totalitaris-
mo nazifascista. Dessa maneira, as autoridades norte-americanas viam com preocupação a possibilidade de o Brasil apoiar os nazistas
cedendo pontos estratégicos que poderiam, por exemplo, garantir a vitória do Eixo no continente africano.
A preocupação norte-americana, em pouco tempo, proporcionou a Getúlio Vargas a liberação de um empréstimo de 20 milhões
de dólares para a construção da Usina de Volta Redonda. No ano seguinte, os Estados Unidos entraram nos campos de batalha da
Segunda Guerra e, com isso, pressionou politicamente para que o Brasil entrasse com suas tropas ao seu lado. Pouco tempo depois,
o afundamento de navegações brasileiras por submarinos alemães gerou vários protestos contra as forças nazistas.
Dessa maneira, Getúlio Vargas declarou guerra contra os italianos e alemães em agosto de 1942. Politicamente, o país buscava
ampliar seu prestígio junto ao EUA e reforçar sua aliança política com os militares. No ano de 1943, foi organizada a Força Expe-
dicionária Brasileira (FEB), destacamento militar que lutava na Segunda Guerra Mundial. Somente quase um ano depois as tropas
começaram a ser enviadas, inclusive com o auxílio da Força Aérea Brasileira (FAB).
A principal ação militar brasileira aconteceu principalmente na organização da campanha da Itália, onde os brasileiros foram para
o combate ao lado das forças estadunidenses. Nesse breve período de tempo, mais de 25 mil soldados brasileiros foram enviados para
a Europa. Apesar de entrarem em conlito com forças nazistas de segunda linha, o desempenho da FEB e da FAB foi considerado
satisfatório, com a perda de 943 homens.

A PARAÍBA E AS LIGAS CAMPONESAS.

As Ligas Camponesas foram criadas pelo PCB durante o governo ditatorial de Getúlio Vargas e nas vésperas do im da Segunda
Guerra Mundial. Elas foram estabelecidas em vários municípios do país, entre os trabalhadores rurais de todo tipo (pequenos agricul-
tores familiares, parceiros, Sem-Terras, assalariados e diaristas) com dois objetivos: o primeiro era aumentar o número de eleitores do
PCB, o segundo era identiicar os interesses da classe e organizar a luta ao seu favor. Com a queda do governo ditatorial de Getúlio
Vargas e a eleição de Eurico Gaspar Dutra para presidente, uma nova Constituição foi promulgada em 1946. O Brasil alinhava-se
então com os Estados Unidos e, no contexto internacional do início da Guerra Fria, posicionava-se contra os socialistas da União
Soviética. Em 1947, a nova postura do Estado colocou o PCB na ilegalidade, abafando também as Ligas Camponesas (mesmo antes
da cassação do mandato do partido, no entanto, as Ligas já sofriam com a repressão das autoridades).2

Elas só voltariam a agir em 1954. O segundo período de existência começou no engenho Galileia, na cidade de Vitória de Santo
Antão, em Pernambuco (PE). Foi formada então a Sociedade Agrícola e Pecuária de Plantadores de Pernambuco (SAPPP), que tinha
três ins especíicos:
• Auxiliar os camponeses com despesas funerárias — evitando que os falecidos fossem, literalmente, despejados em covas de
indigentes (“caixão emprestado”);
• Prestar assistência médica, jurídica e educacional aos camponeses;
• Formar uma cooperativa de crédito capaz de livrar aos poucos o camponês do domínio do latifundiário.

Mas a SAPPP foi logo acusada de objetivos políticos socialistas e, proibida de agir na região, foi atacada para ser dissolvida à
força. Seus integrantes, porém, resistiram e encontraram apoio jurídico para institucionalizar a associação, atuando legalmente a par-
tir de 1955.3 No engenho Galileia trabalhavam cerca de 140 famílias de camponeses em regime de foro: em troca de cultivar a terra,
deviam pagar uma quantidade ixa em espécie ao proprietário dela. É importante frisar que esse engenho já se encontrava em “fogo
morto”, ou seja, inadequado para plantio de cana-de-açúcar.

Didatismo e Conhecimento 15
HISTÓRIA DA PARAÍBA
A SAPPP, a princípio, aceitou o apoio do proprietário do Galileia e o convidou para assumir a presidência da sociedade. Adver-
tido, entretanto, por outro proprietário da região de que o convite era uma proposta comunista e de que teria inalidade política, o
proprietário do engenho ordenou que a SAPPP fosse desfeita imediatamente, ameaçando os camponeses de expulsão e até de aumen-
tar o valor do foro. Os camponeses decidiram lutar, mas sabiam que isolados no campo não conseguiriam resistir por muito tempo.
Resolveram, então, buscar apoio na cidade, encontrando na igura do advogado Francisco Julião o apoio e o respaldo jurídico de que
tanto precisavam.
Francisco Julião (que já havia se pronunciado a favor dos camponeses) institucionalizou a associação. Graças a ele, em 1º de
janeiro de 1955, a SAPPP passou a funcionar legalmente. Em 1959, eles conseguiram a desapropriação do engenho. A imprensa
rapidamente chamou a SAPPP de Liga, fazendo referência ao movimento antigo criado pelo PCB.
Enquanto isso, o movimento espalhava-se pelo interior do estado. A vitória dos galileus estimulou bastante as lideranças campo-
nesas que sonhavam com uma reforma agrária. No início da década de 60, as Ligas já haviam se difundido pelo nordeste brasileiro,
atingindo repercussão nacional e internacional no contexto da Revolução Cubana, em 1959.
Suas ideias reformistas, contudo, eram associadas ao temor socialista do qual os países opositores tinham na época. Com a insta-
lação do regime militar em 1964, então, as principais lideranças do PCB e das Ligas assassinaram, fugiram ou foram presas e, assim,
as Ligas Camponesas deixaram de existir.

QUESTÕES

01. Sobre as sociedades ameríndias da Paraíba, existentes antes da chegada dos portugueses, pode-se airmar:
I. O povo Potiguara se localizava ao norte do rio Paraíba, ao longo do rio Mamanguape e nas cercanias da Serra da Copaoba
(Serra da Raiz).
II. Os Potiguara estavam estabelecidos no atual território paraibano há mais tempo do que os Tabajara, que chegaram pouco antes
da conquista portuguesa, apesar de se ter consagrado a Paraíba como “terra dos tabajaras”.
III. O Toré é uma tradição cultural ainda hoje preservada pelos Potiguara, signiicando uma dança ritual de dimensão sagrada, em
que são invocados os espíritos dos antepassados.
Está(ão) correta(s) a(s) airmativa(s):
a) apenas I
b) apenas II
c) apenas I e II
d) apenas II e III
e) I, II e III

02. Leia o trecho a seguir:


“(...) o avanço em que ia o progresso da Capitania, em 1601, ou um pouco mais tarde, leva a crer que o trabalho nativo era o motor
desse progresso” (MEDEIROS, M. do Céu e SÁ, Ariane N. de M. O Trabalho na Paraíba: das origens à transição para o trabalho livre.
João Pessoa: Universitária/UFPB, 1999, p. 31). Baseado no exposto pode-se airmar:
I. As aldeias, para os capitães-mores da Capitania Real da Paraíba, tinham a inalidade de preparar braços para a lavoura e sol-
dados para a guerra.
II. A mão-de-obra indígena teve pouca participação na conquista e colonização da Paraíba, pois os nativos não se adaptaram às
condições exigidas pelo colonizador.
III. O escambo, relação de trabalho que deu certo no extrativismo do pau-brasil, foi posto em prática na Paraíba, para integrar o
índio ao processo produtivo.
A(s) airmação(ões) correta(s) é(são):
a) apenas II e III
b) apenas I e III
c) apenas III
d) I, II e III
e) apenas I e II

03. No início da colonização, o litoral da Paraíba era habitado por dois povos pertencentes ao tronco tupi: potiguara e tabajara.
Sobre esses povos, é correto airmar:

I. Os potiguara e os tabajara, como os demais indígenas que habitavam o território brasileiro, viviam a transição do paleolítico
para o neolítico, sendo capazes de confeccionar objetos de metal.

Didatismo e Conhecimento 16
HISTÓRIA DA PARAÍBA
II. Os potiguara e os tabajara, embora procedessem de um tronco comum, falassem a mesma língua e tivessem traços culturais
comuns, eram tradicionais inimigos, o que os enfraquecia no confronto com o colonizador europeu.
III. Os tabajara, ao contrário da maioria dos grupos indígenas brasileiros, habitavam em pequenas ocas de pau-a-pique, sendo
cada uma delas destinada a uma única família.
A(s) airmação(ões) verdadeira(s) é (são)
a) apenas I e II
b) apenas I e III
c) I, II e III
d) apenas II
e) apenas III

04. A resistência indígena, que tem como exemplo mais signiicativo a “Tragédia de Tracunhaém”, sintetizada pela historiograia
nos confrontos de 1574 e 1575, levou a Coroa Portuguesa a determinar a criação da Capitania Real da Paraíba.
Sobre o processo de conquista da Paraíba, pode-se airmar:
I. Os combates entre índios e portugueses foram violentos e permaneceram mesmo depois da Quinta Expedição de conquista em
1585.
II. Os índios potiguara resistiram à conquista portuguesa, no que foram estimulados pelos franceses.
III. Os índios tabajara, em 1585, selaram um acordo de paz com os portugueses, desarticulando a resistência indígena.
Está (ão) correta(s)
a) apenas I
b) apenas II
c) apenas I e II
d) apenas I e III
e) todas

05. Após a conquista da Paraíba, em 1584, estabeleceu-se aqui um centro da plantation açucareira. Sobre esta atividade econô-
mica, é INCORRETO airmar:
a) As propriedades produtoras de açúcar eram geralmente pequenas e voltadas para o consumo interno da colônia, o que levou a
Coroa a instituir incentivos à exportação.
b) A aversão dos homens indígenas ao trabalho agrícola (tradicional atividade feminina em suas sociedades) bem como os
grandes lucros obtidos com o tráico transatlântico possibilitaram a chegada de milhões de africanos escravizados para trabalhar nos
engenhos de açúcar.
c) O cultivo do açúcar exigia grandes extensões de terra e grande quantidade de escravos e proissionais livres, tornando-se uma
atividade extremamente cara, exigindo, assim, vultosos investimentos.
d) As atividades de beneiciamento do açúcar tornaram os engenhos, com suas moendas e casas de purgar, a atividade tecnologi-
camente mais desenvolvida do mundo, nos séculos XVI e XVII.
e) A sociedade açucareira organizava-se em torno da casa-grande, onde viviam os grandes senhores de engenho que tinham poder
de vida e morte sobre seus familiares e escravos.

06. A crise do Pacto Colonial, nas primeiras décadas do século XIX, manifestou-se com grande vigor na atual região Nordeste do
Brasil, então denominada de Norte. Na Capitania da Paraíba, que, após 1815, passou a Província do Reino Unido do Brasil, além do
descontentamento com a Metrópole, o processo descolonizador teve como característica adicional e muito peculiar:
a) O descontentamento dos paraibanos com o fato da Paraíba ter sido desanexada da Capitania de Pernambuco em 1799.
b) A signiicativa participação popular de mulatos e escravos na luta contra a subordinação comercial da Paraíba a Pernambuco.
c) A permanência da situação de subordinação comercial da Paraíba em relação a Pernambuco, mesmo após a desanexação po-
lítica.
d) A reivindicação formal do movimento descolonizador no sentido de reanexar, politicamente, a Paraíba a Pernambuco.
e) O confronto armado das elites paraibanas contra as elites pernambucanas, motivado pela subordinação comercial da Paraíba
a Pernambuco.

07. Seguindo a BR-230 que corta todo o Estado da Paraíba de Cabedelo a Cajazeiras no sentido leste-oeste o viajante passa
por uma sequência de unidades geomorfológicas. Assinale a alternativa que melhor representa a sequência correta dessas unidades
geomorfológicas.

Didatismo e Conhecimento 17
HISTÓRIA DA PARAÍBA
a) Praias, falésias, Depressão do Curimataú, Depressão do rio Paraíba, Serras e Inselbergs, Superfície Aplainada da Borborema
e a Bacia do rio do Peixe.
b) Restingas, tabuleiros, vales luviais, Depressão Sertaneja, Pediplano Sertanejo, Serras e Inselbergs, e Depressão do Curimataú.
c) Praias, restinga, Baixo Planalto Costeiro, vales luviais, Depressão Sub-litorânea, Maciço da Borborema, Pediplano Sertanejo
e Bacia do rio do Peixe.
d) Praias, estuário, falésia,, vales luviais, Escarpas Orientais da Borborema, Depressão Sub-litorânea e Bacia do rio do Peixe.
e) Estuário, Baixo Planalto Costeiro, Vales luviais, Depressão do Curimataú, Serras e Inselbergs, Bacia do rio do Peixe e Pedi-
plano Sertanejo.

08. O porto de Cabedelo importante pelo seu luxo de exportação para o Estado da Paraíba está localizado na desembocadura do
rio:
a) Da Guia.
b) Lucena.
c) Miriri.
d) Sanhauá.
e) Paraíba.

09. A produção mineral de cassiterita, sheelita e berilo na Paraíba é oriunda de garimpos distribuídos nos seguintes municípios,
exceto:
a) Picuí.
b) Juazeirinho.
c) Pedra Lavrada.
d) Pedras de Fogo.
e) Junco do Seridó.

10. O sisal na Paraíba, apesar de ter sofrido uma retração no mercado internacional na década de 60 do século XX, recentemente
houve uma recuperação no mercado da ibra na confecção de cordas, estopas e atualmente, também vem sendo muito utilizado na
indústria da construção civil. Assinale a alternativa correta sobre as Microrregiões em que essa atividade comercial predomina.
a) Litoral Norte e Itabaiana.
b) Curimataú Ocidental e Seridó Oriental Paraibano.
c) Catolé do Rocha e Sapé.
d) Cajazeiras e Catolé do Rocha.
e) Brejo Paraibano e Itabaiana.

11. Na Paraíba, dos 223 municípios, apenas 07 possuem bairros constituídos em Lei. Os dados por bairros são do Censo 2010
do Instituto Brasileiro de Geograia e Estatística (IBGE). A divisão por bairros é importante para detalhar informações que possam
direcionar as políticas públicas mais próximas da realidade dessas áreas. Assinale a alternativa correta onde todos os municípios têm
bairros constituídos em Lei.
a) João Pessoa, Campina Grande, Cajazeiras e Santa Rita.
b) João Pessoa, Campina Grande, Santa Rita e Guarabira.
c) João Pessoa, Campina Grande, Sousa e Cajazeiras.
d) João Pessoa, Campina Grande, Ingá e Bayeux.
e) João Pessoa, Guarabira, Cajazeiras e Sousa.

12. Na Paraíba comprovou-se que existe petróleo (ainda não explorado economicamente), água mineral e Ilmenita. Assinale a
alternativa correta sobre as Microrregiões respectivamente em que esses produtos aparecem.
a) Sousa, Brejo Paraibano e Seridó.
b) Sousa, João Pessoa e Litoral Norte.
c) Cajazeiras, Brejo Paraibano e Seridó.
d) Catolé do Rocha, João Pessoa e Litoral Sul.
e) Sousa, Brejo Paraibano e Umbuzeiro.

Respostas: 01-E, 02-B, 03-D, 04-E, 05-A, 06-C / 07-C / 08-E / 09-D / 10-B / 11-D / 12-B /

Didatismo e Conhecimento 18

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