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SEMINÁRIO PRESBITERIANO BRASIL CENTRAL

Igreja Presbiteriana do Brasil


Curso de Teologia

METODOLOGIA DA PESQUISA EXEGÉTICA


PROFA. LÁZARA COELHO
2023.2

FASCÍCULO 2:
TRADUÇÃO DA PASSAGEM

1. OBJETO DA TRADUÇÃO

• A Tradução Provisória e, posteriormente, a Tradução Final.

2. NECESSIDADE

• O texto bíblico foi escrito em uma língua estrangeira para o leitor contemporâneo,
seja ele brasileiro ou de outra nacionalidade ou etnia. Além disso, as línguas
utilizadas na escrita bíblica fazem parte de um período que começou séculos antes de
Cristo, como o hebraico e o aramaico; e, do penúltimo século antes de Cristo até o
terceiro século da era cristã, que é o caso do grego.

3. DEFINIÇÃO
Traduzir é “[...] reproduzir, da maneira mais exata possível, o significado da mensagem
original de uma forma natural no idioma ao qual se está traduzindo.” (BARNWELL,
2011, p. 10)

4. OBJETIVO
“[...] comunicar a mensagem do texto-fonte.” (BARNWELL, 2011, p. 35) Isso implica
em uma tradução que comunique tanto o conteúdo quanto a dinâmica da língua que o revestia,
originalmente.

Nota: todo texto é produzido em um contexto histórico (dele e nele) e literário (dele e
nele). “O contexto nos ajuda a determinar o complexo maior em que o evento de
comunicação ocorre e, assim, a compreender as palavras faladas.” (HAYES;
HOLLADAY, 1983, p. 6)

5. PRESSUPOSTOS DA TRADUÇÃO
a) o texto é inspirado e tem dois autores:
a. autor primário: o Espírito;
b. autor secundário: homens chamados para isso;
b) o texto tem natureza dual:

Copyright 2020, de Lázara Divina Coelho


Só pode ser citado com autorização expressa da autora.
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a. é divino, pois foi dado mediante inspiração divina no hagiógrafo; base


epistemológica: Teologia;
b. é humano, pois foi acomodado em linguagem humana pelo hagiógrafo
inspirado por Deus; base epistemológica: Ciência.
c) O texto, portanto, é Palavra de Deus.

6. PRINCÍPIOS DA TRADUÇÃO
a) correspondência formal: a tradução literal faz uso desse princípio operacional, cujo
objetivo é traduzir literalmente o texto mantendo suas características originais, observando,
sempre que possível, suas características originais de estilo, de métrica e de gramática. Tem,
como ponto positivo, o fato de procurar preservar o conteúdo e a forma original do texto e,
como ponto negativo, o fato de tornar a tradução um texto de difícil leitura na língua
receptora, pois fica preso à língua fonte (BARNWELL, 2011; BEEKMANN; CALLOW,
1992);

b) equivalência dinâmica: trata-se do princípio operacional cujo objetivo é comunicar o


conteúdo e a dinâmica linguística que, originalmente, revestiam este conteúdo. Esse tipo de
tradução tem, como ponto positivo, a fidelidade ao sentido original e, como ponto negativo,
certa infidelidade à forma (BARNWELL, 2011; BEEKMANN; CALLOW, 1992)

7. RECURSOS
Fazer uso, especialmente, dos seguintes recursos didáticos:
• Chaves gramaticais ou linguísticas do Novo Testamento grego;
• Dicionários de grego-português;
• Edições interlineares do Novo Testamento;
• Gramáticas do grego neotestamentário e da época intertestamentária;
• Manuais de exegese e de tradução bíblica, como:
o BARNWELL, Tradução bíblica: um curso introdutório aos princípios
básicos de tradução.
o BEEKMANN; CALLOW, A arte de interpretar e comunicar a Palavra
escrita.
o WEGNER, Exegese do Novo Testamento: manual de metodologia (cap.
2).

8. CRITÉRIOS

1. Observar, rigorosamente, a nomenclatura básica da tradução indicada nos manuais


de exegese e de tradução bíblica constantes do item 5, acima, denominado
RECURSOS;

2. Distinguir bem os dois principais tipos de tradução (literal e idiomática),


especialmente quanto ao princípio operacional, o objetivo, os pontos positivo e
negativo etc.;

3. Observar os pressupostos corretos:


o levar em consideração o significado dos termos a partir do contexto
literário;

Profa. Lázara Coelho profa.lazaracoelho@gmail.com 11 ago. 2020


Revisão: 17 ago. 2023
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o estar familiarizado com a língua do povo para a qual se deseja verter o


texto bíblico;
o e, antes de tudo, observar a necessidade de duas versões da tradução: uma
preliminar (feita logo após a Delimitação do Texto) e uma definitiva
(após a realização completa da exegese);

4. Considerar as seguintes características da tradução:


o Ser correta: a tradução deve dar o sentido o mais exato possível da
mensagem original;
o Ser clara: a tradução deve produzir um texto bem compreensível. Não
deve ter expressões confusas ou que possam ser entendidas erradamente;
o Ser natural: a linguagem da tradução deve ser completamente natural.
Não deve parecer uma tradução, mas soar como se um falante nativo
tivesse escrito aquele texto.

9. ETAPAS
Para realizar a tradução, siga as seguintes etapas:
1. Ler o texto grego várias vezes até estar bem familiarizado com o conteúdo na
Lingua Fonte (LF);
2. Sob cada palavra do texto na LF, registrar os sinônimos, na seguinte ordem: 1.
Dicionário, 2. Interlinear, 3. Versões modernas da Bíblia (ARA, ARC, EC, NAA,
RA; BJ, BV, TEC; NVI, NTLH; Chave Linguística; outras versões);
3. Com base nas anotações da etapa 2, acima, e da compreensão da etapa 1, acima,
apresentar a tradução literal (provisória).
Nota: quaisquer palavras distoantes das versões elencadas devem ser explicadas
em nota de rodapé;
4. Com base nas anotações da etapa 2, acima, e da compreensão da etapa 1, acima,
apresentar a tradução idiomática.
Nota: quaisquer palavras distoantes das versões elencadas devem ser explicadas
em nota de rodapé.

10 MODELO

TRADUÇÃO TEXTUAL

Segue-se a tradução bíblica da passagem de Tiago 5.19-20, entendendo que traduzir


significa fazer a tradução, “da maneira mais exata possível, [do] significado da mensagem
original de uma forma tão natural no idioma ao qual se está traduzindo”, cujo objetivo é “[...]
comunicar a mensagem do texto-fonte” (BARNWELL, 2011, p. 10, 35)

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A tarefa da tradução bíblica é reproduzir, com a maior exatidão que seja possível, o
texto grego, na Língua Fonte (LF) que será alvo de interpretação neste trabalho exegético. Essa
tarefa consiste em: a) conhecer profundamente o texto grego da passagem, e b) escrever uma
tradução provisória para a Língua Receptora (LR), a Língua Portuguesa.
Para realizá-la, são utilizadas as seguintes referências: Aland e Aland (2010), Barnwel
(2011), Beekmann e Callow (1992), Fee (2008, p. 210) e Wegner (2001); além destes, os
seguintes textos bíblicos: NTG28ed., ONTG5ed., NTG-P (original grego) e ARC, BJ, BV, NAA,
NVI, RA, RCF e TEB (versões modernas).

1 TEXTO (Tg 5.19-20)

19 )Adelfoi/ mou, e)a/n tij e)n u(mi=n planhq$= a)po\ th=j a)lhqei/aj kai\ e)pistre/y$
tij au)to/n, 20 ginwske/tw o(/ti2 o( e)pistre/yaj a(martwlo\n e)k pla/nhj o(dou= au)tou=
sw/sei yuxh\n au)tou= e)k qana/tou3 kai\ kalu/yei plh=qoj a(martiw=n.

2 DEFINIÇÃO

Traduzir é “[...] reproduzir, da maneira mais exata possível, o significado da mensagem


original de uma forma natural no idioma ao qual se está traduzindo.” (BARNWELL, 2011, p.
10) Para isso serão utilizados os dois tipos de tradução: a tradução literal 1 e a tradução
idiomática2 em duas versões: nessa fase do trabalho, será apresentada uma versão preliminar
de tradução literal (provisória) e também idiomática.

3 TRADUÇÃO: VERSÃO PRELIMINAR

3.1 TRADUÇÃO LITERAL

19 Irmãos, se alguém entre vós se desviar de a verdade, e fizer voltar alguém ele, 20 saiba ele
que o que faz voltar um pecador de erro o caminho dele salvará a alma de morte e cobrirá uma
multidão de pecados.

3.2 TRADUÇÃO IDIOMÁTICA

1
A tradução literal faz uso de um princípio operacional chamado correspondência formal, cujo objetivo é traduzir
literalmente o texto mantendo suas características originais, observando, sempre que possível, suas características
originais de estilo, de métrica e de gramática. Tem, como ponto positivo, o fato de procurar preservar o conteúdo
e a forma original do texto e, como ponto negativo, o fato de tornar a tradução um texto de difícil leitura na língua
receptora, pois fica preso à língua fonte.
2
Seu princípio operacional é o da equivalência dinâmica, o qual tem o objetivo de comunicar o conteúdo e a
dinâmica linguística que, originalmente, revestiam este conteúdo. Esse tipo de tradução tem, como ponto positivo,
a fidelidade ao sentido original e, como ponto negativo, certa infidelidade à forma.
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19 Irmãos3, se algum dentre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter, 20 saiba4
que5 aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma
alma, e cobrirá uma multidão de pecados 6.

Enfim, fica estabelecido que, após a conclusão do trabalho exegético, será apresentada
uma versão definitiva da tradução idiomática.

REFERÊNCIAS

ALAND, Barbara; ALAND, Kurt; KARAVIDOPOULOS, Johannes; MARTINI, Carlos M.;


METZGER, Bruce M. Introdução. In: ALAND, Barbara; ALAND, Kurt;
KARAVIDOPOULOS, Johannes; MARTINI, Carlos M.; METZGER, Bruce M. O Novo
Testamento Grego. 4ª. ed. rev. Stuttgart: UBS, 1993. p. xi-liii.

BARNWELL, Katharine. Tradução bíblica: um curso introdutório aos princípios básicos de


tradução. 3. Ed. Barueri: SBB, 2011.

BEEKMANN, John; CALLOW, John. A arte de interpretar e comunicar a Palavra escrita:


técnicas de tradução da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1992.

BÍBLIA. Bíblia de Jerusalém. Ed. rev. e ampl. São Paulo: Paullus, 2002.

BÍBLIA. Bíblia Sagrada. Nova Almeida Revista e Atualizada. Barueri: Sociedade Bíblica do
Brasil, 2017.

BIBLIA. Nova Versão Internacional. São Paulo: Vida e Sociedade Bíblica Internacional, 2001.

BÍBLIA. Bíblia Sagrada. Revista e Atualizada. 2ª. ed. Trad. João Ferreira de Almeida:
Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

BIBLIA. Bíblia Sagrada. Corrigida e Revisada Fiel. Trad. João Ferreira de Almeida. São
Paulo: Sociedade Bíblica Trinitariana, 1994.

BIBLIA. Bíblia Sagrada. Revista e Atualizada. 2ª. ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil,
2008.

BIBLIA. Bíblia Vozes. Petrópolis: Vozes, 1982.

3
A tradução suprimiu o pronome possessivo mou (meus). Observa-se que a Nova Versão Internacional (NVI)
manteve o referido pronome, assim como o Novo Testamento Judaico (NTJ).
4
A NVI traduz o verbo gnow/skw (saiba, em 2ª. pessoa do singular do presente do Indicativo) por “saibam” (2ª.
pessoa do plural); o NTJ também adotou a versão plural.
5
A mesma NVI coloca dois pontos logo após o o(/ti, passando então a listar os benefícios ensejados pela ação
daquele que converte alguém de seu caminho errado.
6
A mesma NVI traduz a expressão plh=qoj a(martiw=n (multidão de pecados) por “muitíssimos pecados”; o NTJ
traduziu por “muitos pecados”, apontando para Pv 10.12.

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BIBLIA. Novo Testamento interlinear analítico Grego-Português: texto majoritário com


aparato crítico. Paulo Sério Gomes e Odayr Olivetti (Ed.) São Paulo: Cultura Cristã, 2008.

BIBLIA. Novum Testamentum Graece. 28ª. ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2018.
Prefácio e introdução em português e alemão; e aparato crítico com as variantes mais
significativas.

BÍBLIA. O Novo Testamento Grego. 5ª. ed. Barueri: Sociedade Bíblia do Brasil, 2018. Texto
idêntico ao do Novum Testamentum Graece de Nestle-Aland.

BÍBLIA. Tradução Ecumênica da Bíblia. 3ª. ed. São Paulo: Loyola 30, 1994.

HAYES, John H.; HOLLADAY, Carl R. Biblical Exegeses: a Beginner´s Handbook. 2ª. ed.
Atlanta: John Knox Press, 1983.

STUART, Douglas; FEE, Gordon D. Manual de exegese bíblica: Antigo e Novo Testamento.
Tradução: Estevan Kirschner e Daniel de Oliveira. São Paulo: Vida Nova, 2008.

WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento: manual de metodologia. 2ª. ed. São
Leopoldo: Sinodal; São Paulo: Paulus, 1998.

REFERÊNCIAS

ALAND, Barbara; ALAND, Kurt; KARAVIDOPOULOS, Johannes; MARTINI, Carlos M.;


METZGER, Bruce M. Introdução. In: ALAND, Barbara; ALAND, Kurt;
KARAVIDOPOULOS, Johannes; MARTINI, Carlos M.; METZGER, Bruce M. O Novo
Testamento Grego. 4ª. ed. rev. Stuttgart: UBS, 1993. p. xi-liii.
BARNWELL, Katharine. Tradução bíblica: um curso introdutório aos princípios básicos de
tradução. 3. Ed. Barueri: SBB, 2011.

BEEKMANN, John; CALLOW, John. A arte de interpretar e comunicar a Palavra escrita:


técnicas de tradução da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1992.

BÍBLIA. Bíblia de Jerusalém. Ed. rev. e ampl. São Paulo: Paullus, 2002.

BÍBLIA. Bíblia Sagrada. Nova Almeida Revista e Atualizada. Barueri: Sociedade Bíblica do
Brasil, 2017.

BIBLIA. Nova Versão Internacional. São Paulo: Vida e Sociedade Bíblica Internacional, 2001.

BÍBLIA. Bíblia Sagrada. Revista e Atualizada. 2ª. ed. Trad. João Ferreira de Almeida:
Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

BIBLIA. Bíblia Sagrada. Corrigida e Revisada Fiel. Trad. João Ferreira de Almeida. São Paulo:
Sociedade Bíblica Trinitariana, 1994.

BIBLIA. Bíblia Sagrada. Revista e Atualizada. 2ª. ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil,
2008.
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BIBLIA. Bíblia Vozes. Petrópolis: Vozes, 1982.

BIBLIA. Novo Testamento interlinear analítico Grego-Português: texto majoritário com


aparato crítico. Paulo Sério Gomes e Odayr Olivetti (Ed.) São Paulo: Cultura Cristã, 2008.

BIBLIA. Novum Testamentum Graece. 28ª. ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2018.
Prefácio e introdução em português e alemão; e aparato crítico com as variantes mais
significativas.

BÍBLIA. O Novo Testamento Grego. 5ª. ed. Barueri: Sociedade Bíblia do Brasil, 2018. Texto
idêntico ao do Novum Testamentum Graece de Nestle-Aland.

BÍBLIA. Tradução Ecumênica da Bíblia. 3ª. ed. São Paulo: Loyola 30, 1994.

HAYES, John H.; HOLLADAY, Carl R. Biblical Exegeses: a Beginner´s Handbook. 2ª. ed.
Atlanta: John Knox Press, 1983.

STUART, Douglas; FEE, Gordon D. Manual de exegese bíblica: Antigo e Novo Testamento.
Tradução: Estevan Kirschner e Daniel de Oliveira. São Paulo: Vida Nova, 2008.

WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento: manual de metodologia. 2ª. ed. São
Leopoldo: Sinodal; São Paulo: Paulus, 1998.

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