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Que faz separação

íí
Antigo Testamento
Interlinear
Hebraico-Português

Volume 1
Pentateuco

Prof. Dr. Edson de Faria Francisco


Linguista e professor da área de Bíblia da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP)
e pós-doutor em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaicas
pela Universidade de São Paulo (USP)

5oci«dade Bíblica
do Brasil
B aru eri, S P
M issio da Sociedade Bíblica do Brasil:
Prom over a difusão da Bíblia e sua mensagem como instrumento de transform ação e desenvolvimento
integral do ser humano.

Francisco, Edson de Faria


Antigo Testam ento Interlinear Hebraico-Português - Volume 1 - Pentateuco / Edson de Faria
Francisco. Baruerí, S P : Sociedade Bíblica do Brasil, 2012.
808 pp

ISBN 789-85-218-0511-1

Texto hebraico: Biblia Hebraica Stuttgartensia, © 1967/77 Deutsche Bibelgesellschaft, Stuttgart


Textos em português: tradução literal © 2012 Sociedade Bíblica do Brasil; Nova Tradução
na Linguagem de Hoje © 2000 Sociedade Bíblica do Brasil; Tradução de Alm eida, Revista e Atualizada,
2 ed. © 1 9 5 9 ,1 9 9 3 Sociedade Bíblica do Brasil

1. Antigo Testamento. 2. Pentateuco. 3. Pentateuco Hebraico. 4 . Alm eida Revista e Atualizada.


5. Nova Tradução na Linguagem de Hoje. 6. Edição Interlinear I. Sociedade Bíblica do Brasil
C D D 225.8969

Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português - Volume 1 - Pentateuco


© 2012 Sociedade Bíblica do Brasil
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Barueri, SP - CEP 06460-120
Cx. Postal 330 - C EP 06453-970
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Todos os direitos reservados

Texto hebraico
Bíblia Hebraica Stuttgartensia
© 1967/77 Deutsche Bibelgesellschaft, Stuttgart
Texto usado com permissão

Tradução em português
Tradução literal: Edson de Faria Francisco
Revisão: Antônio Renato Gusso
© 2012 Sociedade Bíblica do Brasil (direitos cedidos)

Tradução de Almeida, Revista e Atualizada, 2 ed.


© 1 9 5 9 ,1 9 9 3 Sociedade Bíblica do Brasil

Nova Tradução na Linguagem de Hoje


© 2000 Sociedade Bíblica do Brasil

Projeto gráfico, edição e diagramação


Sociedade Bíblica do Brasil

EA983H PI - 2.000 - SBB - 2015


Impresso no Brasil
índice

P re fá c io ............................................................................................ vii
A língua hebraica do Antigo Testam ento.................................. xvii
Dificuldades Textuais................................................................... xxiii

G ê n e s is ..............................................................................................2
Êxodo.............................................................................................. 188
Levítico..................................................... 342
Números......................................................................................... 454
Deuteronômio................................................................................ 610
Nota ao Leitor

A presente reim pressão do Antigo Testamento Interlmear Hebraico-Português, vol. 1: Pentateuco


(ATI), possui várias correções e diversas adições incluídas nos capítulos introdutórios: “Prefácio”, “Língua
Hebraica do A ntigo Testam ento” e “D ificuldades Textuais”. Em diversos trechos foram feitas correções
realm ente necessárias e em outros segm entos foram introduzidas adições verdadeiram ente im portantes. O
capítulo que recebeu m ais intervenções foi o “Dificuldades Textuais”. Todavia, as correções e as adições
executadas não são de núm ero elevado e apenas se lim itam aos três capítulos m encionados. Apenas o que era
realm ente necessário foi feito. Algum as inserções que podem ser m encionadas são: inclusão de breve frase
no final do tópico “Tetragram a e títulos divinos” do “Prefácio”; concisa bibliografia ao final do “Língua
Hebraica do Antigo Testam ento”; acréscim o de breve trecho e nota de rodapé na anotação sobre Números
24.22 e dois itens bibliográficos novos no “Dificuldades Textuais”. A m odificação m ais evidente é em
relação à nova apresentação gráfica e diagram ação dos textos, a utilização de novas fontes para o hebraico
e para o grego e a inclusão de fonte para o siríaco, esta últim a para as variantes textuais da Peshitta que são
m encionadas nos aparatos críticos da Biblia Hebraica (BHK), da Bíblia Hebraica Stuttgartensia (BHS) e da
Bíblia Hebraica Quinta (BHQ). Em futura edição deste mesmo tomo do A H , quando haverá oportunidade
de correções de fato necessárias na própria tradução literal, haverá, consequentem ente, m ais anotações
sobre dificuldades textuais que não foram incluídas na presente reim pressão e haverá, ainda, m ais adições
relevantes nas notas já existentes neste volume (alm eja-se que edições do Pentateuco Sam aritano e dos
m anuscritos bíblicos encontrados em Hirbet Qumran sejam utilizadas nas dicussões sobre a problem ática
textual do Pentateuco, com o foram usadas publicações da Septuaginta, da V ulgata, do Targum de ônquelos
e do Targum Hierosolim itano I). Espera-se que as m odificações efetudas por hora, mesmo que não sejam
numerosas, possam ser úteis, de alguma form a, para todos aqueles que se servirão desta reim pressão do
prim eiro volume do ATI.

Edson de Faria Francisco


São Bernardo do Campo, fevereiro de 2015
Prefácio

Apresentação
O Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português (ATI) é um a edição interlinear, apresentando
tradução literal do texto original hebraico e aram aico da Bíblia Hebraica (o Antigo Testam ento) para o
português. O ATI procura traduzir, literalm ente, cada palavra e cada expressão da Bíblia Hebraica para o
português, seguindo seu sentido original. Cada palavra ou expressão em português segue passo a passo cada
palavra e expressão do texto original hebraico, da direita para a esquerda. Na prim eira linha consta o texto
hebraico e na linha logo abaixo consta a tradução literal em português.
O texto base do A TI é a Biblia Hebraica Stuttgartensia ( BHS) que, por sua vez, tem por base o
m anuscrito m assorético denominado Códice de Leningrado B19a (L), datado de 1008-1009. A BHS é a
edição acadêm ica padrão da B íblia Hebraica, desde os anos 1970 e o Códice L é um dos principais e mais
im portantes m anuscritos representantes da tradição m assorética tiberiense, relacionada com a fam ília Ben
Asher, e que serve com o base para diversas edições do texto bíblico hebraico.
O A TI segue a sequência do cânone judaico, segundo a BHS, abrangendo os seguintes volum es:
volum e 1: Pentateuco (Gn, Êx, Lv, Nm e D t); volum e 2: Profetas A nteriores (Js, Jz, IS m , 2Sm, lR s e
2Rs); volum e 3: Profetas Posteriores (Is, Jr, Ez, Os, Jl, Am, Ob, Jn, M q, N a, H c, Zf, A g, Zc e M l) e volu­
me 4: E scritos (Sl, Jó, Pv, Rt, Ct, Ec, Lm, E t, Dn, Ed, N e, lC r e 2C r). Cada um dos quatro tom os possui
um capítulo intitulado “D ificuldades T extuais”, no qual são com entados os principais problem as de tra­
dução encontrados ao longo do processo de elaboração do A 77. O volum e 1 possui, ainda, o “Prefácio”,
onde são apresentadas as principais características do A T I e um texto intitulado “A Língua H ebraica do
A ntigo Testam ento”, sobre aspectos históricos e características do hebraico bíblico. O volum e 5 será um
léxico intitulado “Léxico H ebraico-Português e A ram aico-Português”, fruto do processo de tradução do
ATI, tendo com o base várias obras dicionarísticas dedicadas ao hebraico bíblico e ao aram aico bíblico.
A presente obra apresenta, além do texto original da Bíblia Hebraica e um a tradução literal cor­
respondente em português, a versão de João Ferreira de Alm eida, A Bíblia Sagrada — Versão Revista e
Atualizada (RA) (Barueri, 1993), que é uma versão de equivalência form al e a Bíblia Sagrada — Nova
Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH) (Barueri, 2000), que é um a versão funcional ou sem ântica, que
traduz o sentido do texto, não se atendo à form a redadonal original do texto hebraico.
O objetivo de uma edição interlinear da B íblia é ser, prim ordialm ente, de utilização acadêm ica, mas
poderá ser aproveitada, igualm ente, tanto para elaboração de estudos religiosos quanto para preparação de
pregações em com unidades de fé, de tradições protestante, católica, ortodoxa ou judaica. Espera-se que o
ATI possa alcançar tal objetivo, sendo útil para todos aqueles que o utilizarão.
O ATI não pretende substituir as várias edições bíblicas em português e nem pretende tom ar-se a
versão definitiva portuguesa ou mesmo versão canônica em português do texto original hebraico do Antigo
Testamento, mas aspira ser mais um item útil e relevante para o acervo bibliográfico brasileiro dedicado às lín­
guas originais da Bíblia, especialmente ao hebraico bíblico. A utilização da obra visa o público leigo em geral
e os estudantes e os estudiosos das áreas de teologia, história e letras em particular, bem como pastores, padres
e rabinos. O ATI pretende servir, igualmente, como ferram enta bibliográfica para estudo, aprendizagem e pes­
quisa sobre o hebraico bíblico. A obra poderá ser útil, também, para tradução e exegese do Antigo Testamento.
Apesar da sintaxe da versão do A T/ não ser perfeita, em term os da lógica da língua portuguesa, por
outro lado, a tradução de cada palavra e de cada expressão procura ser correta, tendo por base diversos di­
cionários de hebraico bíblico. Um dos principais destaques é que o ATI almeja apresentar tradução nova do
texto bíblico e não uma simples revisão de outra tradução já publicada, procurando diferenciar-se das demais
edições já existentes.
Esta edição interlinear poderá ser muito útil para todos aqueles que estão estudando ou já estudaram
o hebraico bíblico, e precisam de tradução m uito próxim a ao original, m as sem a consulta ou pesquisa em
dicionários de hebraico-português, em gram áticas de hebraico bíblico etc. Por outro lado, o ATI não preten­
de, de modo algum, substituir as ferram entas para o estudo do hebraico bíblico. A lém do m ais, o ATI poderá
_______________________________________________ VIII_______________________________________PREFÁCIO

servir de estím ulo para todos aqueles que vierem a se interessar pelo aprendizado do hebraico bíblico, para
poderem aproveitar ainda m ais a presente obra.
Nos tópicos seguintes, são explicadas as características principais, as justificativas de opção de tra­
dução, as fontes bibliográficas utilizadas e a m etodologia de trabalho que foram adotadas no ATI, e que po­
dem servir como guia tanto para a leitura quanto para o entendim ento da presente edição interlinear bíblica.

Linguagem
O ATI segue a norm a culta da língua portuguesa, mantendo a linguagem erudita já consagrada pe­
las diversas versões bíblicas em português. N a presente obra não existem situações de neologia sintática
ou de neologia sem ântica, pois foram evitados tais recursos linguísticos. Todas as palavras e expressões
verbais encontradas no ATI são registradas no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, de Antônio
Houaiss e de M auro S. V illar (Rio de Janeiro, 2001), seguindo a nova norm a ortográfica da língua por­
tuguesa, vigente no Brasil desde I a de janeiro de 2009. Vocábulos com o uádi (cf. D t 9.21), informidade
(cf. Gn 1.2), vacuidade (cf. Gn 1.2), execração (cf. Nm 23.8), omento (cf. Êx 29.22), urbe (cf. D t 3.4), áspi-
de (cf. Êx 4.3), exaurição (cf. D t 28.65) ou verbos com o inimizar-se (cf. Êx 2322), escoicear (cf. D t 32.15),
escornear (cf. Êx 21.28), fronteirar (cf. Êx 19.12), afoguear (cf. Lv 6.2), repugnar (cf. D t 7.26), escusar
(cf. Êx 23.21), libar (cf. Êx 30.9), homicidiar (cf. Nm 35.11), entre outros casos, são todos devidam ente
registrados na m encionada obra lexicográfica dedicada à língua portuguesa. A s várias lexias que, aparen­
tem ente, representariam possíveis situações de neologia sintática, mesmo que não sejam com uns no uso
cotidiano do falante de português, foram adotadas por causa de seu caráter específico (ex.: uádi [leito de rio
ou vale onde as águas som ente correm em estações chuvosas nas regiões deséiticas da Á frica setentrional
e do Oriente M édio]) ou por causa da intenção de se m anter no A TI a relação entre raizes verbais hebraicas
e seus substantivos derivados (ex.: fronteirar [*?35] e fronteira [*7133]). Portanto, apesar de o A TI possuir
palavras, expressões e verbos infrequentes que não são, norm alm ente, encontrados cm outras traduções bí­
blicas, pertencem , de fato, ao acervo da língua portuguesa, sendo registradas na obra de Houaiss e de Villar.

A fastam ento d a S eptuaginta e d a V ulgata


A presente edição afasta-se das versões bíblicas clássicas e tradicionais, com o a Septuaginta (versão
grega) e a Vulgata (versão latina), em relação à tradução de determinados vocábulos e expressões. Ambas as
versões bíblicas têm influenciado desde muitos séculos várias traduções bíblicas para as línguas modernas,
inclusive para o português. O objetivo do procedimento de afastamento está na tentativa de se resgatar o
significado original hebraico de determinadas palavras e locuções. Os seguintes casos são ilustrativos: nor­
malmente, o vocábulo rn Ê Q (cf. Êx 25.17) é vertido em diversas versões bíblicas como propiciatório; a
Septuaginta o traduz como IX aonÍpiov (gr. oferta propiciatório) e a Vulgata o verte com o propitiatorium
(lat. propiciatório). O ATI o traduz como cobertura de expiação. A razão principal está no fato da palavra em
questão ser derivada da raiz verbal HEO (hebr. expiar), não sendo uma simples cobertura feita para a arca da
aliança, mas tendo, também, função expiatória. Normalmente, a palavra (cf. Gn 22.15) é vertida nas
diversas versões da Bíblia como anjo-, a Septuaginta a traduz como âyytkoç (gr. anjo) e a Vulgata a verte
como angelus (lat. anjo). O ATI a traduz como mensageiro. O motivo está no fato de que a lexia ser derivada
da raiz verbal *]IÒ (hebr. enviar mensagem). O vocábulo ]3 Ç 0 (cf. Êx 25.9) é vertido nas várias versões
bíblicas como tabernáculo; a Septuaginta o traduz como oicryvTÍ (gr. cabana, choupana) e a Vulgata o verte
como tabemaculum (lat. tabernáculo, tenda pequena). O ATI o traduz como lugar de residência. A razão está
no fato de que a lexia ser derivada da raiz verbal (hebr. residir). No caso dos três exemplos citados, entre
outros, oA TI procura manter relação entre os substantivos e as raízes verbais das quais derivam. O topônimo
ppO“D ' (cf. Êx 13.18) é traduzido em diversas versões bíblicas como mar Vermelho; a Septuaginta o verte
como ií êpuGpà GáXaooa (gr. o mar Vermelho) e a Vulgata o traduz como mareRubrum (lat. mar Vermelho).
O ATI o verte como o mar do Junco. O motivo está no fato de que o segundo componente do referido topô­
nimo, a unidade lexical *]^0 , significar junco, sargaço ou caniço, possibilitando a tradução como o mar do
Junco. Normalmente, a palavra HSlJ (cf. Lv 1.3) é traduzida como holocausto-, a Septuaginta a traduz como
X PREFACIO

cf. Dt 9.21), 1 ÍP (hebr. rio Nilo, cf. Êx 1.22 ou canal do rio Nilo, cf. Êx 7.19); f l R (hebr. terra, cf. Gn 2.4),
nÇ-JIÇ (hebr. solo, cf. Gn 2 5 ) ,9 p n p (hebr. chão, cf. Nm 5.17); KTK (hebr. homem , cf. Gn 2.24), D1K
(hebr. humano, cf. Gn 2 5 ), 1 3 | (hebr. varão, cf. D t 2 2 5 ); *119 (hebr. ave, cf. Gn 1.21), 11S £ (hebr. pás­
saro, cf. Gn 7.14); EHTI3 (hebr. áspide, cf. Êx 4 3 ), |'3Tl (hebr. serpente, cf. Êx 7.10), jÊrBÇj (hebr. víbora-
-cornuda, cf. Gn 49.17); B 3 9 (hebr. tribo, cf. D t 10.8), 1 Ç 9 (hebr. clã, cf. Nm 1.49); *2TÇ> (hebr. con­
gregação, cf. Êx 16.3), 1 1 ? (hebr. assembléia, cf. Nm 16.2); D ? (hebr. povo, cL Gn 50.20), 13 (hebr.
nação, cf. Gn 35.11), (hebr.popw /açáo, cf. Gn 27.29), B]ÇSl9íjí (bebr.populaça, cf. Nm 11.4); “P (hebr.
mão, cf. Êx 4.20), (hebr. palma, cf. Êx 4.4); 1 33 (hebr. roupa, c t Lv 11.32), ffiO ? (hebr. cobertura,
cf. Dt 22.12), 9 1 3 ? (hebr. veste, cf. Gn 49.11), 110 (hebr. peça de roupa, cf. Gn 49.11), rÒBBf (hebr. vesti­
menta, cf. Dt 24.13), iS lp t? (hebr. manto, cf. Êx 19.10) etc. O mesmo procedim ento é adotado nas atuações
de unidades lexicais que denotam títulos de liderança ou de governo: *11*98 (hebr. chefe tribal, cf. Gn 36.15),
1 9 (hebr. chefe, cf. Dt 1.15), (hebr. líder, cf. Nm 7.11), t f r ç (hebr. rei, c f Êx 1 3 ) e 1 9 1 5 (hebr.
faraó, cf. Êx 1.11). O mesmo m étodo é empregado, igualmente, para aqueles itens lexicais que designam
violação contra YHWH, contra a pessoa ou contra a comunidade: 1K Ç 1 (hebr. transgressão, cL Êx 34.7),
ji? (hebr. delito, cf. Nm 14.18), 9 9 $ (hebr. crime, cf. Êx 22.8) e D9K (hebr. culpa, cf. Gn 26.10).
Esta obra adota diferenciação de tradução, quando possível, para aquelas raizes verbais que são sinô­
nimas ou quase sinônimas. Por exemplo, as seguintes situações: IB p (hebr. incensar |piei], cf. Êx 40.27),
*119 (hebr. incinerar [qal\, cf. Lv 4.21), 0 1 ? (hebr. queimar [piei], cf. D t 32.22), m p (hebr. acender
[qal\, cf. Dt 32.22); 3 1 p (hebr. aproximar-se [qat\, cf. Gn 20.4), ©33 (hebr. acercar-se [qàt\, cf. Gn 18.23),
93B (hebr. deparar [qal], cf. Nm 35.19), 93B (hebr. encontrar [qal], cf. Gn 32.18); 1DK (hebr. dizer [qal],
cf. Gn 9.8), "131 (hebr .M a r \piel\, cf. Gn 8.15), 133 (hebr. relatar [hifil], cf. Gn 29.12), 1D 0 (hebr. narrar
\piel\, cf. Gn 24.66); 1 1 9 (hebr. subir [qal], cf. Gn 45.25), D lp (hebr. levantar-se [qal], cf. Êx 33.8), KÓ3
(hebr. erguer, carregar [qal], cf. Êx 10.13), 011 (hebr. elevar-se [qal\, cf. D t 8.14); ]1 3 (hebr. espalhar [/«-
fit], cf. Gn 11.8), 11T (hebr. esparramar [piei], cf. Lv 26.33), ^1 3 (hebr. ser disperso [nifat], cf. Lv 26.36),
nnD (hebr. dissipar (hifil], cf. Nm 14.45); (hebr. lavar [qal], cf. Lv 15.11), 0 3 3 (hebr. banhar
[piei], cf. Lv 15.11), * |0 9 (hebr. enxaguar [qal], cf. Lv 15.11); 1 0 0 (hebr. tirar [qal], cf. Êx 2.10), <910
(hebr. retirar-se [qal], cf. Nm 14.44); ? p ü (hebr. apedrejar [qal], cf. Dt 22.24), 031 (hebr. lapidar [qal],
cf. Nm 15.36); 1K 1 (hebr. ver [qal], cf. Êx 2.25), 03 3 (hebr. olhar [hifil], cf. Êx 3.6), 1T1 (hebr. enxergar
[qal], cf. Êx 24.11), *]pO (hebr. olhar para baixo [hifil], cf. Êx 14.24); 31 1 (hebr. matar [qal], cf. Êx 5.21),
n s i (hebr. assassinar [qal], cf. Êx 20.13), 133 (hebr. ferir [hifil], cf. Êx 2.12), *)33 (hebr. golpear [qal],
cf. Êx 12.23), 110 (hebr. fazer morrer [hifil], cf. Êx 16.3); H O (hebr. morrer [qal], cf. Nm 17.28), 13K
(hebr. perecer [qal], cf. Nm 17.27), 913 (hebr. expirar [qal], cf. Nm 17.27) etc.
A diferenciação de tradução para os exem plos m encionados e para outras situações enriquecem a
presente tradução, por não se adotar sim plificações ou mesmo reduções.

Tradução de expressões verbais


O A T I observa atentam ente a conjugação de cada expressão verbal do texto bíblico hebraico.
Geralm ente, as várias versões bíblicas em português tendem a sim plificar ou não observam adequadamente
o tipo de ação da raiz verbal, com o por exem plo, qal (ação sim ples ativa), nifal (ação sim ples passiva),
piei (ação intensiva ativa), pual (ação intensiva passiva), hifil (ação causativa ativa), hqfal (ação causativa
passiva) e hitpael (ação reflexiva). Por exemplo, no texto bíblico hebraico, em situações em que se expressa
a ação de YHWH em favor da libertação dos israelitas da escravidão no Egito, constata-se com m uita fre­
quência a utilização das raízes verbais K3T e 1*99, ambas na conjugação hifil, devendo ser traduzidas, nesse
contexto, como fazer sair (cf. Êx 20.2) e fazer subir (cf. Êx 3.17), respectivam ente. Quando M oisés desceu
da montanha do Sinai com as duas tábuas da lei contendo as dez palavras, e quando viu o bezerro de metal
fundido feito pelos israelitas, as estraçalhou no sopé da montanha (cf. Êx 32.19). A ação de M oisés é des­
crita pela raiz verbal 1 3 9 , na conjugação piei (estraçalhar). Neste caso e em m uitos outros, o ATI traduz
cada expressão verbal de acordo com sua correta ação, como registrada no próprio texto da B íblia Hebraica.
Os tem pos verbais, perfeito (ação verbal concluída) e im perfeito (ação verbal não concluída), infini­
PREFACIO XI

tivo absoluto (form a infinitiva absoluta) e infinitivo construto (form a infinitiva construta) são atentamente
observados no ATI. O mesmo ocorre na tradução dos aspectos verbais wayyiqtol (form a verbal do imper­
feito, mas tendo função de perfeito, por causa da presença do waw conversivo) e weqatal (form a verbal
do perfeito, m as tendo função de im perfeito, por causa da presença do waw conversivo) e as duas funções
especiais do im perfeito, jussivo (form a verbal que expressa vontade, desejo ou ordem de quem fala, sendo
a segunda ou a terceira pessoa do singular do im perfeito) e coortativo (form a verbal que expressa desejo e
intenção de quem fala, sendo a prim eira pessoa do singular e do plural do im perfeito). Algumas exem plifi-
cações sobre form as verbais são úteis:
Perfeito: R 1Ç (hebr. criou, cf. Gn 1.1).
Im perfeito: HDpÜ (hebr. permanecerão, cf. Nm 1.5).
Wayyiqtol: fcOjp’) (hebr. e chamou, cf. Lv 1.1).
Weqatal: pS JI (hebr. e derramará, cf. Lv 2.1).
Jussivo: ÓfettTI (hebr. e que julgue, cf. Êx 5.21).
Coortativo: n sn to Jl (hebr. e incineremos, cf. Gn 11.3).
Infinitivo absoluto: “1Í3T (hebr. recordar, cf. Êx 20.8).
Infinitivo construto: “lb iÒ (hebr. dizendo, cf. Dt 1.6).
O ATT traduz todos os particípios com o expressões verbais e não com o substantivos, obedecendo à
sua real classe gram atical. A lguns exem plos podem ser dados: o particípio singular m asculino 3?)R é tradu­
zido como o que inimiza (cf. Êx 15.9), m as não com o substantivo inimigo, o particípio singular m asculino
S32? é traduzido como o que odeia (cf. D t 4.42), mas não com o substantivo odiento, o particípio singular
m asculino 35*1 é traduzido como o que cavalga (cf. D t 33.26) e não como substantivo cavaleiro, o par­
ticípio singular m asculino blÕ é traduzido como o que resgata (cf. Lv 25.26), m as não com o substantivo
resgatador etc. Tal procedim ento auxilia na identificação correta do item lexicográfico que é particípio,
sendo considerado expressão verbal e não substantivo.

Situações de dificil tradução


Determ inados trechos bíblicos de dificil tradução são principalm ente aqueles m uito antigos, com­
postos em hebraico arcaico, que surgiu entre o século 12 a.G e o século 10 a.C. A s passagens do Pentateuco
que são classificadas com o hebracio arcaico são: Gênesis 49, Êxodo 15, Números 23 e 24 e Deuteronôm io 32
e 3 3 .0 ATI traduz tais textos de acordo com sua natureza gram atical, mesmo que em português a tradução
soe, no geral, m uito estranha e, em passagens específicas, sem sentido. Tais textos apresentam diversos
fenômenos linguísticos peculiares: palavras e expressões únicas, isto é, que aparecem um a única vez em
todo o texto da Bíblia Hebraica (situações de hapax legomenon), vocabulário arcaico e de baixa utilização,
elem entos gram aticais obsoletos, redação inusitada e possíveis situações de corrupção textual, em que o
texto não está bem preservado.
Nas situações em que o texto bíblico hebraico apresenta dificuldades de tradução que define deter­
m inados anim ais arrolados em Levítico, capítulo 11, e em Deuteronôm io, capítulo 14, o A H opta sem pre
pelas definições fornecidas pelas obras The Concise Dictionary ofC lassical Hebrew (Sheffield, 2009) de
D. J. A. Clines e The Hebrew and Aramaic Lexicon o f the Old Testament - StudyEdition (2 vols., Leiden-
-Boston-Kõln, 2001) de L. Koehler e W . Baum gartner. Tal situação se dá por causa da incerteza na identi­
ficação dos anim ais e as duas obras lexicográficas m encionadas são as mais recentes, trazendo pesquisas
atualizadas do campo do estudo das línguas sem íticas em geral e do hebraico bíblico em particular.
Para situações de difícil tradução, foram consultadas quatro versões bíblicas clássicas: a Septuaginta
(versão grega), a V ulgata (versão latina), o Targum de Ônquelos (versão aram aica do Pentateuco) e o
Targum H ierosolim itano I (Targum Pseudo-Jônatas) (versão aram aica do Pentateuco). T al uso restringiu-se
a circunstâncias em que o texto hebraico apresenta profundas dificuldades relacionadas com a crítica textual,
e as antigas versões poderíam auxiliar na solução do problem a. Em algum as ocasiões, consultou-se, ainda,
o aparato crítico da Biblia Hebraica ( BHK), editada por R. K ittel e P. E. Kahle (16. ed., Stuttgart, 1973),
da Biblia Hebraica Stuttgarténsia (BHS ), editada por K. Elliger e W . Rudolph (5. ed., Stuttgart, 1997) e
XII PREFACIO

da Biblia Hebraica Quinta (BHQ), editada por A. Schenker et alii (Fascicle 5‘D euteronomy, Stuttgart,
2007). Várias situações de dificuldade de tradução e a solução adotada no ATI são com entadas no capítulo
“Dificuldades Textuais”. No texto bíblico, o versículo que contém algum a dificuldade textual é assinalado
por meio de um a pequena tarja de cor azul m arinho colocada na margem lateral externa.

Tradução literal e tradução hiperliteral


A presente edição apresenta tradução literal do texto da Bíblia Hebraica. Todavia, paia algumas si­
tuações, evitou-se a adoção de tradução hiperliteral. Alguns exemplos servem com o ilustração: o sintagma
nvr (cf. Dt 13.19) é traduzido como escutares a voz de YHWH, o teu Deus, m as não
traduzido com o escutares na voz de YHWH, o teu Deus etc.
No texto bíblico hebraico, as locuções que expressam algum a aliança entre YHW H e os israelitas
são compostas sem pre da seguinte m aneira: uma das raízes verbais IV Q (hebr. cortar [qat\), ]!13 (hebr. dar
[qat\) ou D lp (hebr. fazer levantar [hifil]) junto com a lexia rT H 5 (hebr. aliança). Em tradução hiperliteral
tais locuções ficariam na seguinte m aneira:
J V Q irn D * ) (hebr. e cortaram aliança, cf. Gn 21.32).
T P - a n jn s i (hebr. e darei a minha aliança, cf. Gn 17.2).
T H ír n i* 'n O p ril (hebr. e farei levantar a minha aliança, cf. Gn 6.18).
Porém, o A TI traduz as mesmas expressões da seguinte m aneira, sem pre tendo com o base vários
dicionários de hebraico bíblico:
m ? V n ? 8) (hebr. e firmaram aliança, cf. Gn 21.32).
T P ”)^ njirWfl (hebr. e instituirei a minha aliança, cf. Gn 17.2).
■•nbpni (hebr. e estabelecerei a minha aliança, cf. Gn 6.18).
Existem algum as unidades lexicográficas que possuem sempre form a plural no hebraico e que se­
riam traduzidas, norm alm ente, como singular no português, com o se constata em diversas versões bíblicas.
Mesmo que a redação seja m uito estranha em português, o A TI m anteve tradução literal, no objetivo de obe­
decer sempre à redação gram atical original hebraica para determ inados casos. Algum as situações podem
ser citadas como ilustração: a locução '9^1 é traduzida com o os sangues de (cf. Gn 4.10), a expressão T35
é vertida como as faces dele (cf. Gn 4.5), o vocábulo D8SK é vertido com o rostos (cf. Gn 19.1), a palavra
□,8n é traduzida como vidas (cf. Gn 2.7), a locução D?Qn é vertida com o as águas (cf. Gn 7.18) etc.
O A TI mantém a conjugação verbal original, mesmo que haja discordância entre verbo e sujeito,
como nos seguintes casos: a locução p n ^ tl nO Õ é traduzida com o e fo i Moisés eArão (cf. Êx 4.29),
a expressão W T 1 é traduzida como e todo o povo escutem e temam (cf. Dt 17.13) etc. O ATI
mantém o mesmo padrão de tradução para os casos de discordância nominal: o sintagma TTOÒI p n K é
vertido como ele Arão e Moisés (cf. Êx 6.26) etc. O mesmo procedim ento é adotado para os casos em que
aparece o topônimo 0 ^ 3 0 (hebr. o Egito) com veibos na foim a plural, com o na expressão l£ T n * l
que é vertida como e perseguiram o Egito (cf. Êx 14.9) etc.

T rad u ção específica


O A TI adota o procedim ento de especificar a tradução de determ inados vocábulos, sem pre com o
respaldo de im portantes dicionários de hebraico bíblico. Os exemplos a seguir são ilustrativos:
S rrk traduzido com o tenda de encontro, especificando local especial (cf. Êx 29.4).
^ 1 ?$ traduzido como chefe tribal, especificando algum tipo antigo de líder (cf. Gn 36.15).
“P M traduzido como animal de criação, especificando o anim al dom esticado (cf. Gn 45.17).
I-QT traduzido como sacrifício comunitário, especificando o tipo de sacrifício (cf. Nm 15.3).
“)K8 traduzido como rio Nilo, especificando o principal rio do Egito (cf. Êx 1.22).
T T traduzido como escravo nascido, especificando o tipo de escravo (cf. Gn 14.14).
rnÈ33 traduzido como cobertura de expiação, especificando sua função (cf. Êx 25.17).
“IS7ÍD traduzido como época determinada, especificando alguma época especial (cf. Êx 9.5).
n n W traduzido como oferta de grão, especificando o tipo de oferta (cf. Lv 2.1). >
PREFACIO XIII

OÇ traduzido como trabalho forçado, especificando a natureza do trabalho (cf. Êx 1.11).


traduzido como lugar de residência, especificando a residência de YHWH (cf. Êx 25.9).
Hvi? traduzido como sacrifício queimado por inteiro, especificando o tipo de sacrifício (cf. Lv 1.3).
n Ê n p traduzido como prostituta sagrada, especificando o tipo de sacerdotisa (cf. Gn 38.21).
3?*1 traduzido como carro de guerra, especificando o tipo de carruagem (cf. Êx 15.19).
traduzido como víbora-comuda, especificando a espécie de ofídio (cf. Gn 49.17).
tf© traduzido com o linho egípcio, especificando um tipo especial de fibra (cf. Gn 41.42).

Coerência
OA77 busca manter coerência na tradução de determinadas palavras e expressões, quando não há motivo
para mudança de tradução. Por exemplo, determinadas lexias são sempre vertidas da mesma maneira, tais como:
traduzida sempre como terra (cf. Gn 2.4), riDHK traduzida sempre como solo (cf. Gn 2.5), r |Íl> traduzida
sempre como ave (cf. Gn 1.21), *1ÍB2Í traduzida sempre como pássaro (cf. Gn 7.14), p i j ? traduzida sempre
como oblação (cf. Lv 1.3), *1$ traduzida sempre como chefe (cf. Dt 1.15), traduzida sempre como tenda
(cf. Nm 1.1) etc. Para a checagem da tradução utilizou-se dois recursos: a concordância da Bíblia Hebraica,
de A. Even-Shoshan, A New Concordance qfthe Old Testament: Using the Hébrew and Aramaic Text (2. ed.,
Grand Rapids, 1997) e o software BibleWorks 8: Software forBiblical Exegesis and Research (Norfolk, 2008).
O ATI procura m anter coerência na tradução de determ inadas lexias derivadas de raízes verbais. Tal
procedim ento auxilia na compreensão tanto da lexicografia do hebraico bíblico quanto do próprio texto
bíblico. Alguns exemplos podem ser citados:

Raiz verbal Derivação


“TU (hebr. peregrinar) “13 (hebr. peregrino, cf. Êx 2.22), "ll3Ç (hebr.peregrinação, cf. Êx 6.4).
PI3B (hebr. abater) n 3 9 (hebr. abate, cf. Gn 43.16), H lp tp (hebr. abate, cf. IS m 25.11).
3 tf ' (hebr. habitar) 3 ^ in (hebr. habitante, cf. Êx 12.45), 3 © Í0 (hebr. habitação, cf. Lv 25.29).
(hebr. reinar) (hebr. rei, cf. Êx 1.8), (hebr. reino, cf. Êx 19.6).
n tf 13 (hebr. ungir) n n # Ç (hebr. unção, cf. Lv 7.35), rp tfD (hebr. ungido, cf. Lv 4.3).
"|02 (hebr. libar) 7[Ç3 (hebr. libação, cf. Êx 30.9), Tpp) (hebr. libação, cf. 2Rs 16.13).
m S (hebr. ordenar) rtlS 9 (hebr. ordenança, cf. D t 4.2).
b n p (hebr. congregar) S n p (hebr. congregação, cf. Êx 16.3), (hebr. congregação, cf. Ne 5.7).
“ItDp hebr. incensar) r n b p (hebr. incenso, cf. Nm 17.5), “ltppO (hebr. incensação, cf. Êx 30.1).
m p (hebr. adquirir) ]^3p (hebr. aquisição, cf. Gn 36.6), HlpD (hebr. aquisição, cf. Gn 17.13).
©3H (hebr. acumular) ©13“] (hebr. acumulação, cf. Gn 14.16).
P © (hebr. residir) p t f (hebr. residente, cf. Êx 12.4), ]3tfl3 (hebr. lugar de residência, cf. Êx 25.9).
Bife? (hebr. incisar) (hebr. incisura, cf. Lv 19.28), nÇp“)tf (hebr. incisão, cf. Lv 21.5).
“)“1© hebr. chefiar) ”1© (hebr. chefe, cf. Dt 1.15).

O ATI procura ser coerente na tradução que define anim ais dom ésticos da fam ília dos bovinos e da
fam ília dos caprinos, que são m encionados frequentem ente no texto bíblico. Geralm ente, duas unidades
lexicográficas são utilizadas para designar coletivam ente ambos os grupos de anim ais: “IjJQ (hebr. gado
graúdo [o gado bovino], cf. Gn 32.8) e (hebr. gado miúdo [o rebanho caprino], cf. Gn 32.8). Às vezes,
tais itens lexicais podem designar anim al específico do gado graúdo ou do gado m iúdo: I j j p (hebr. bm,
cf. Nm 7.87) e (hebr. ovelha, cf. Gn 32.6). Os seguintes anim ais são designados pela seguinte m aneira
no ATI: H© (hebr. cabrito, cf. Gn 22.7), (hebr. carneiro, cf. Gn 22.13), "TVIP (hebr. bode, cf. Nm 7.17),
© 3 ? (hebr. cordeiro, cf. Nm 7.17), "IÍÜ (hebr. touro, cf. Êx 20.), (hebr. novilho, cf. Lv 4 3 ), S jj? (hebr.
bezerro, cf. Êx 32.19) e “13 (hebr. borrego, cf. Dt 32.14).
XIV PREFACIO

O ATI é coerente em relação à tradução de preposições, como aquelas que denotam estar diante
de, como as seguintes: “133 (hebr. defronte a, cf. Gn 31.37), 'i s b (hebr. perante, cf. Gn 6.11), *710 (hebr.
defronte de, cf. Nm 8.3) e rD $ (hebr. diante de, cf. Êx 26.35).

Restrição de possibilidades de tradução


Durante o processo de produção do ATI, houve preocupação em se m anter coerência na tradução
de determ inadas unidades lexicográficas, sem pre, evidentemente, adequando-as ao contexto. Foi adotada
constância para a tradução de determ inados vocábulos e raízes verbais. Os seguintes exemplos servem como
ilustração sobre tal procedim ento: a lexia BTK é traduzida como homem (cf. Gn 2.24), marido (cf. Gn 3.6),
cada um (cf. Êx 16.15), cada (cf. Lv 20.9) e alguém (cf. Lv 7.8); a unidade lexical ] ? é traduzida como
filho (cf. Gn 4.25), filhote (cf. Lv 4.14) e da idade de (cf. Gn 5 3 2 ); o item lexical Ç"! é traduzido como
companheiro (cf. Êx 33.11), próximo (cf. Êx 20.16) e o outro (cf. Gn 11.7); a raiz verbal n&FP, na conju­
gação qal, é traduzida como fazer (cf. Gn 1 3 1 ), cumprir (cf. D t 4.6) e preparar (cf. Gn 18.8); a raiz verbal
|na, na conjugação qal, 6 traduzida como dar (cf. D t 2.12), entregar (cf. D t 20.13), colocar (cf. Lv 1.7) e
permitir (cf. Nm 22.13); a raiz verbal ^ D ', na conjugação hifil, é traduzida com o acrescentar (cf. Gn 30.24)
e continuar (cf. D t 18.16) etc. O controle de opções de tradução de uma determ inada lexia ou raiz verbal
perm ite tradução coerente, obedecendo critérios pré-estabelecidos, no sentido de se delim itar as escolhas
de tradução, e sua constante aplicação ao longo da presente obra.

Acentos m assorétkos
A presente obra, na m edida do passív el, obedece à pontuação estabelecida pelos m assoretas
durante a Idade M édia, po r m eio da acentuação do texto da B íblia H ebraica. G eralm ente, o s acentos
disjuntivos (acentos que assinalam divisões de pausa dentro do versículo) são representados pelos sinais
de pontuação vírgula (,), ponto-e-vírgula (;), dois pontos (:) e ponto fin al (.), dependendo do contexto.
N orm alm ente, o acento disjuntivo ’atnah ê representado por ponto-e-vírgula, o acento disjuntivo silluq
é representado por ponto final ou por ponto-e-vírgula, quando o versículo possui continuação no versí­
culo seguinte. O ponto-e-vírgula para representar o acento ‘atnah serve para indicar a principal divisão
do versículo, dividindo-o em parte “a” e em parte “b”. Procurou-se m anter tal indicação m assorética,
quando possível, no texto em português. Os acentos disjuntivos zaqefgadol, zaqefqatan, revia‘, segol-
tá, pashtá, entre outros, são representados por vírgulas. Os acentos conjuntivos (acentos que assinalam
conexões entre palavras e expressões dentro do versículo), com o munnah, mahpakh, merkhá, entre
outros, não são representados, porque indicam conexões e não separações entre elem entos dentro do
versículo.

Situações de ketiv e qerê


O ATI assinala todas as situações de ketiv (aram. [o que está] escrito, isto é, a palavra ou expressão
que é escrita, tradicionalm ente, no próprio texto bíblico) e qerê (aram. [o que é] lido, isto é, a palavra ou
expressão que deve ser lida na margem do texto bíblico)'. As anotações ketiv e qerê refletem diversas si­
tuações textuais próprias da B íblia Hebraica tais como: eufemismos, ortografias incomuns, tipos de grafia
(grafia plena e grafia defectiva), correções de form as arcaicas ou dialetais, correções gram aticais, correções
estéticas, omissão de letras em algum vocábulo, omissão ou adição de palavras no texto, m etátese, leituras
errôneas, além de outras peculiaridades. Nas diversas edições im pressas e nos manuscritos m edievais da
B íblia Hebraica, a quantidade de casos de ketiv e qerê varia entre 848 e 1.566. A BHS, que é a base do ATI,
possui o total de 1.272 casos. No ATI, toda a situação de ketiv é assinalada como ketiv*, não possuindo tra­
dução, porém, o qerê correspondente é traduzido logo em seguida, no próprio versículo, sendo assinalado
dentro de parênteses ( ), como o exemplo a seguir, encontrado em Êxodo 32.19:
1 A s unidades teim inológias m assoréticas ketiv e qerê são de origem aiamaica. Para m ais informações, cf. Edson de F. Francisco,
M anual da B íblia H ebraica: Introdução ao Texto M assorético - Guia Introdutório para a B íblia H ebraica Stuttgartensia (3. ed.
São Paulo: Vida Nova, 2008), p. 188-199.
p r e f Aq o XV

(V 7 rD)
(qerê * desde as m ãos dele) ketiv*

O exem plo encontrado em Êxodo 32.19 indica que o ketiv 1T D é a form a escrita que é encontrada
no próprio texto bíblico, m as que não é lida. O qerê V T D (hebr. desde as mãos dele) é a form a que se
encontra na margem do texto bíblico e que deve ser lida.

Referências bibliográficas para o ATI


Para a produção do ATI utilizou-se vários recursos bibliográficos referentes ao hebraico bíblico. Todos
os recursos foram úteis e importantes para que o ATI pudesse apresentar boa tradução, mesmo que tenha
caráter literal. Os vários dicionários foram importantes para se obter tanto as m elhores opções possíveis de
tradução quanto em se resolver situações difíceis de tradução. As fontes bibliográficas usadas ao A TI são as
seguintes.

a. Edições da B íblia Hebraica


DOTAN, A ron (ed.). Biblia Hebraica Leningradensia: Prepared according to the Vocalization, Accents,
andM asora ofAaron ben Moses benAsher in theLeningrad Codex. Peabody: Hendrickson, 2001.
ELLIGER, Karl; RUDOLPH, W ilhelm (eds.). Biblia Hebraica Stuttgartensia. 5. ed. Stuttgart: Deutsche
Bibelgesellschaft, 1997.
KnTEL, Rudolf; KAHLE, Paul E. (eds.). Biblia Hebraica. 16. ed. Stuttgart: W ürttem bergische B ibelanstalt,
1973.
SCHENKER, A drian et alii (eds.). Biblia Hebraica Quinta. Fascicle SDeuteronomy. Stuttgart: Deutsche
B ibelgesellschaft, 2007. (edição preparada por Carmel M cCarthy)

b. Edição fac-sím ile do Códice de Leningrado B19a


FREEDMAN, D avid N . et alii (eds.). TheLeningrad Codex: A FacsimileEdition. Grand Rapids-Cambridge-
-L eiden-N ew Y ork-K õln: Eerdm ans-Brill, 1998.

c. D icionários de hebraico-português e aram aico-portug u ês


A l o n s o S c h ô k e l , L uís (ed .). D icionário Bíblico Hebraico-Português. 3. ed. São Paulo: Paulus,
2004.
HOLLADAY, W illiam L. (ed.). Léxico Hebraico eAramaico do Antigo Testamento. São Paulo: V ida Nova,
2010.
KIRST, Nelson et alii (eds.). Dicionário Hebraico-Português & Aramaico-Português. 21. ed. SãoLeopoldo-
-Petrópolis: Sinodal-Vozes, 2008.

d. D icionários de hebraico-inglês e aram aico-inglês


BROWN, Francis; DRIVER, Sam uel R.; BRIGGS, Charles A. (eds.). The Brown-Driver-Briggs Hebrew and
English Lexicon. Peabody: Hendrickson, 1996.
CUNES, David J. A. (ed.). The Concise Dictionary ofC lassical Hebrew. Sheffield: Sheffield Academ ic,
2009.
JASTROW, M arcus (ed.). A Dictionary ofthe Targumim, the TalnmdBabli andYerushalmi and the Midrashic
Literature. vols. 1 e 2. Peabody: Hendrickson, 2005.
KOEHLER, Ludwig; BAUMGARTNER, W alter (eds.). The Hebrew and A ramaic L exicon o f the Old Testament
- Study Edition. 2 vols. Leiden-Boston-Kóln: B rill, 2001.
e. Traduções d a Bíblia Hebraica
MELAMED, M eir M atzliah (ed.). Torá: A Lei de Moisés. São Paulo: Sêfer, 2001.
Torah - Miqra’ot Gedolot. 5 vols. New Jersey: G ross Bros, 1993.
VV.AA. (trads.). Anden Testament interlinéairehébreu-français. Villiers-le-Bel: Société biblique française, 2007.
XVI PREFACIO

f. Edições da Septuaginta e da Vulgata


RAHLFS, Alfred; HANHART, Robert (eds.). Septuaginta: Id est Vetus Testamentum graece iuxta USX
interpretes - Editio altera, vols. 1 e 2. Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 2006.
WEBER, Robert; GRYSON, Roger (eds.). Bíblia Sacra iuxta Vulgatam Versionem. 5. ed. Stuttgart: Deutsche
Bibelgesellschaft, 2007.

g. Dicionário de português
HOUAISS, Antônio; VILLAR, M auro S. (eds.). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio d e Janeiro:
Objetiva, 2001.

h. Concordância da B íblia Hebraica


EVEN-SHOSHAN, Abraham (ed.). A New Concordance o f the Old Testament: Using the Hebrew and
Aramaic Text. 2. ed. Grand Rapids: Baker, 1997. (em hebraico)
i. Gramáticas do hebraico bíblico
GESENIUS, W ilhelm; KAUTZSCH, Em il; COWLEY, A rthur E. Gesenius’ Hebrew Grammar. 2. ed. Oxford:
Clarendon Press, 1980.
GUSSO, Antônio R. Gramática Instrumental do Hebraico. São Paulo: Vida Nova, 2005.
JOÜON, Paul; MURAOKA, Takam itsu. A Grammar ofBiblical Hebrew. 2. ed. Subsidia Biblica 27. Roma:
Gregorian & Biblical Press, 2009.
KELLEY, Page H. Hebraico Bíblico: Uma Gramática Introdutória. São Leopoldo: Sinodal, 1998.
LAMBDIN, Thomas O. Gramática do Hebraico Bíblico. São Paulo: Paulus, 2003.
ROSS, Allen P. Gramática do Hebraico Bíblico para Iniciantes. São Paulo: Editora V ida, 2005.

j. Softwares para tradução e pesquisa bíblicas


BibléWorks 8: Software for Biblical Exegesis and Research. Norfolk: Bibleworks, LLC, 2008.
Paratext UBS Translation Software. 1. New York: United Bible Socities, 2007.
k. Guia para a Biblia Hebraica Stuttgartensia
FRANCISCO, E dson de F. Manual da Bíblia Hebraica: Introdução ao TextoM assorético-GuiaIntrodutório
para a Biblia Hebraica Stuttgartensia. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 2008.

A obra de Jastrow, dedicada ao hebraico rabínico e ao aram aico rabínico, somente foi utilizada em
raras situações de com plexa dificuldade textual, onde foi necessária verificação de determ inadas situações
de tradução incerta que são registradas na literatura rabínica. A edição fac-sím ile do Códice L foi consultada
em situações que apresentam com plexidade textual e para verificar alguma anotação m assorética neces­
sária. A obra Ancien Testament interlinéaire hébreu-français (Antigo Testam ento Interlinear Hebraico-
-Francês) e a versão em português a partir do hebraico bíblico de Melamed foram utilizadas apenas como
fontes de consulta adicionais para os casos de dificuldades textuais e para opção de tradução que poderíam
ser acatadas ou não no ATI. As várias gram áticas de hebraico bíblico foram utilizadas para que a tradução
do ATI pudesse apresentar correto embasamento gram atical. O dicionário de Houaiss e V illar foi usado
como fonte de consulta tanto para a verificação de existência de determ inados vocábulos e expressões
verbais da língua portuguesa como para a verificação de questões de ortografia, que seriam utilizados na
tradução do A 77.
Edson de Faria Francisco
São Bernardo do Campo, junho de 2012
A Língua Hebraica do Antigo Testamento

O rigem e características
O hebiaico é um idiom a sem ítico norte-ocidental, pertencente ao grupo cananeu, surgido na
Palestina, entre o rio Jordão e o m ar M editerrâneo, durante a segunda metade do segundo m ilênio a.C.
No ramo noroeste (norte-ocidental) das línguas sem íticas, os idiomas que possuem laços de parentes­
co com o hebraico são: hebraico sam aritano, aram aico, siríaco, ugarítico, fenício, canaanita, m oabita,
edom ita, púnico e nabateu. Os ancestrais dos israelitas teriam sido aram eus e teriam falado uma antiga
forma de aram aico, com o sugerem Gênesis 2S.20; 28.5; 31.20, 24 e Deuteronôm io 26.5. Após as tribos
israelitas terem se estabelecido em Canaâ, durante o segundo m ilênio a.C., abandonaram o aram aico para
adotarem a língua local dos cananeus, isto é, o canaanita do qual surgiu, posteriorm ente, o hebraico. N a
própria Bíblia Hebraica, o idiom a dos israelitas nunca é nom inado “hebraico”, mas é denom inado pelos
seguintes nomes: ]S)33 (hebr. a língua de Canaã, cf. Is 19.18) e rfH irP (hebr. judaico, cf. Is 36.11,
13; 2Rs 18.26, 28; Ne 13.24 e 2Cr 32.18). A denom inação “judaico” denota que o hebraico era o idioma
oficial do reino de Judá e de Jerusalém , sendo utilizado como forma padrão e erudita de linguagem para
com posição de textos.
A B íblia Hebraica (o Antigo Testam ento) foi com posta entre o século 12 a.C. e o 2a século a.C .,
sendo o prim eiro texto, possivelm ente, o cântico de Débora (Jz 5), datado, aproximadamente, de 1125 a.C .,
e sendo o últim o texto, o livro de Daniel, datado, aproximadamente, de 165 a.C. Os livros refletem mais
de um estágio na evolução da língua hebraica durante o período bíblico, havendo duas principais variantes
dialetais hebraicas: o dialeto do norte (reino de Israel), denominado “israelita” ou “nortista”, e o dialeto
do sul (reino de Judá), designado “judaita” ou “sulista”. Além de tal característica, percebe-se que havia
variação de pronúncia entre os diversos grupos israelitas durante a época bíblica, com o é possível perceber
por meio da narrativa de Juizes 12.6, na qual os efraim itas pronunciavam o vocábulo espiga com o
(shibbolet) e os gileaditas o pronunciavam como D ^ 3 P (sibbolet).
O vocabulário da B íblia H ebraica (o hebraico bíblico) é lim itado, com preendendo um pouco
m ais do que 8.000 vocábulos, dos quais 2.000 são palavras ou expressões que ocorrem um a única vez
ao longo de seu texto (situações de hapax legomenon). O vocabulário do hebraico bíblico possui m uitas
palavras relacionadas com o cam po da religião, da m oral e da em oção, além de palavras relacionadas
com a vida diária, com anim ais dom ésticos, com utensílios caseiros, entre outros assuntos.

P eríodos do h ebraico bíblico


Assim com o toda língua viva que se desenvolve e se m odifica ao longo do tem po, tam bém o he­
braico sofreu alterações durante a sua evolução com o idiom a falado e escrito durante o período bíblico.
Quando se fala de “hebraico bíblico”, não está se falando sobre um idiom a estático ou im utável que não
teria sofrido nenhum a evolução ou m odificação ao longo do tem po, possuindo única form a linguística.
Entre o século 12 a .G e o 2a século a.C ., a m orfologia, a ortografia e o vocabulário do hebraico bíblico
sofreram m odificações, que podem ser percebidas por m eio de vários textos da própria B íblia Hebraica.
Os períodos históricos e alguns textos que são representativos de cada fase do hebraico bíblico são os
seguintes:
Hebraico arcaico (c. séc. 12-10 a.C .). Textos: Gn 49; Êx 15; Nm 23-24; D t 32-33; Jz 5; IS m 2.1-10; SI 18;
SI 19; SI 29; SI 68 etc.
Hebraico pré-exüico ou hebraico clássico (c. séc. 10-6® séc. a.C.). Textos: o Pentateuco; Js; Jz; ISm e 2Sm;
lR s e 2Rs; Is; Jr; Ez; Am ; O s; M q; SI 2; SI 20; SI 45; SI 56; SI 101; SI 110 etc.
Hebraico pós-exílico ou hebraico tardio (c. 6®-2* séc. a.C .). Textos: Ed; Ne; lC r e 2Cr; Et; Rt; Lm; Ec; Dn;
C t; Jl; Ob; Ag; Zc; M l; Jó; P r, SI 1; SI 8; S l 23; SI 90; SI 137; SI 150 etc.
O s prim eiros textos da B íblia Hebraica foram com postos durante a fase prim itiva do hebraico bíbli­
co, denom inado “hebraico arcaico”, sendo todos com posições poéticas, com o a bênção de Jacó (Gn 49),
o cântico do m ar (Êx 15), o cântico de D ébora (Jz 5), o Salm o 68 etc. Possivelm ente, o prim eiro texto
______________________________________________ XVIII_______ A LÍNGUA HEBRAICA DO ANTIGO TESTAMENTO

bíblico teria sido Juizes 5 (o cântico de D ébora), redigido por volta de 1125 a.C ., logo após os aconteci­
m entos ali relatados.
Em geral, a poesia hebraica arcaica possui m uitos elem entos próprios, sendo possível destacar al­
guns exemplos, como o uso de determ inadas raízes verbais e vocabulário típico do hebraico que era cor­
rente entre o século 12 a.C. e o século 10 a.C.: (hebr. presa, cf. Gn 49.9); íP (hebr. YH, c t Êx 15.2);
' “!© (hebr. campo, cf. D t 32.13); (hebr. sobre eles, cf. Dt 32.23); (hebr. dignitários, cL Jz 53);
P"1PI (hebr. ouro, cf. SI 68.14); jT B (hebr. destroçar [qal\, cf. Nm 24.17); IB S (hebr. andar \qal\,
cf. Jz 5.4); H33 (hebr. brilhar [qal\, cf. SI 18.29) etc. M uitas unidades lexicais do hebraico arcaico tendem
a não aparecerem mais nos textos em prosa do hebraico pré-exílico (algumas vezes podem aparecer apenas
ocasionalm ente) e tendem , também, a se concentrarem nos antigos textos poéticos bíblicos que foram já
mencionados. Grande parte do vocabulário do hebraico arcaico é constituída por palavras raras e arcaicas
e, além disso, aparece uma única vez no texto bíblico, constituindo, assim , situações de hapax legomenon.
Além do m ais, os textos em hebraico arcaico demonstram, também, que havia diferenças entre a linguagem
literária e a linguagem falada no cotidiano pelo povo israelita.
Parcela considerável dos livros da Bíblia Hebraica foi com posta no período que antecede o exílio
babilônico, ocorrido a partir de 586 a.C., e tal época abrange do século 10 a.C. ao 69 século a.C ., isto é,
entre a época da monarquia unida (séc. 10 a.C.) e a queda do reino de Judá (6a séc. a.C .). A linguagem dos
escritos bíblicos difere, substancialm ente, daquela que foi descrita anteriorm ente, o hebraico arcaico. O
novo estágio do hebraico bíblico, nominado “hebraico pré-exílico” ou “hebraico clássico”, assinala o auge
de desenvolvim ento da língua hebraica no período bíblico e também coincide com o apogeu da vida polí­
tica, social, cultural e econômica do povo israelita desde sua entrada em Canaã, ocorrida no século 13 a.C.
O início do hebraico pré-exílico ocorreu no período de surgim ento da m onarquia unida com Saul, D avi e
Salomão (séc. 11-10 a.C.). Essa época assinala, igualm ente, o começo da com posição sistem ática dos livros
bíblicos, os quais refletem a tradição e a experiência religiosa do povo de Israel com a fé m onoteísta, com o
também com as tradições históricas relacionadas com o período patriarcal, com o Êxodo, com a conquista
de Canaã, com a época dos juizes e com a época da m onarquia.
O hebraico pré-exílico alcançou tão elevada perfeição de linguagem e de com posição literária que
serviu sempre de arquétipo para os estágios posteriores da língua hebraica, com o o hebraico pós-exílico e
o hebraico de H irbet Qumran. Discute-se se a linguagem dos livros bíblicos pré-exílicos reflete realm ente
o falar cotidiano do povo israelita. Provavelm ente, o hebraico pré-exílico era um a form a de com posição
literária típica dos escribas da corte em Jerusalém , que padronizaram e fixaram as regras de uma literatura
em língua culta, desenvolvendo linguagem oficial e erudita.
O hebraico pré-exílico reflete o dialeto próprio de Jerusalém e arredores, mas alguns livros com o o
de Oseias e o de Amós, por exemplo, refletem o dialeto falado no reino de Israel, que conservou a lingua­
gem da época da m onarquia unida sob Saul, Davi e Salomão (séc. 11-10 a.C.). Todavia, a variante dialetal
hebraica predom inante nos livros bíblicos escritos antes do exílio babilônico é a de Jerusalém , que se tom ou
linguagem unificada e padronizada já na época de Salomão (c. 961-922 a.C.). Tal variante dialetal teria sido
utilizada, também, pelos sacerdotes do tem plo de Jerusalém e pelos escribas profissionais da corte, e como
tal, conservava rigidam ente o padrão literário, mantendo distanciam ento da língua falada.
Alguns destaques m ais relevantes do hebraico pré-exílico são exem plificados a seguir: o uso mais
frequente da conjunção waw conversiva que m odifica o tem po de um a expressão verbal: “)®RS1 (hebr. e
disse, cf. Jz 10.11), KSÜ1 (hebr. e saiu, cf. Êx 2.11), " I3 T ) (hebr. e falou, cf. Nm 8.1), PI®nKl (hebr. e
amarás, cf. EH 6.5), rnÇHJÍI (hebr. e guardarás, cf. Dt 6.11) etc.; o uso m uito frequente da expressão '(T I
(hebr. e aconteceu, e houve) no início das narrativas dos textos em prosa (cf. Gn 42.35; Êx 13.17; Js 24.29;
2Sm 13.1; lR s 14.6; Is 7.1 etc.); ortografia defectiva de determ inados nomes próprios com o T H (hebr.
Davi), comum nos livros de Samuel e de Reis (cf. ISm 26.5; 2Sm 16.11; lR s 1.13; 2Rs 22.2 etc.), ao invés
da grafia plena T H (hebr. Davi), comum nos livros das Crônicas (cf. lC r 16.2; 2Cr 5.1 etc.); o uso muito
frequente do pronom e relativo (hebr. que, cf. Gn 5.29; Êx 9.18; Js 6.17; Jz 6.25 etc.); o uso mais
frequente do pronome pessoal (hebr. eu, cf. Nm 23.15; ISm 18.18; 2Rs 4.13; Jr 1.6 etc.) ao invés do
A LÍNGUA HEBRAICA DO ANTIGO TESTAMENTO XIX

pronom e pessoal '3 $ (hebr. eu, cf. Zc 8.11; Rt 1.21; Lm 1.16; Ne 1.8 etc.); resistência a sem elhanças com
o aram aico e vocabulário lim itado e uniform izado.
D epois do exílio babilônico, o hebraico bíblico sofreu m odificações em sua estrutura linguística e os
livros que foram escritos na época exílica e pós-exílica refletem novo estágio de linguagem. O novo e últi­
mo estágio do hebraico bíblico é denominado “hebraico pós-exílico” ou “hebraico tardio”, representando a
língua da m aioria dos livros da B íblia Hebraica.
No período do exílio babilônico e em época posterior os judeus começaram a falar o aram aico em
suas relações com seus dominadores e com as nações vizinhas. O aram aico era uma língua sem ítica muito
próxim a ao hebraico e, na época do dom ínio assírio (c. 9“-7a séc. a.C .), tinha se tom ado o idiom a internacio­
nal do com ércio e das relações diplom áticas. Parcela significativa das populações do Oriente M édio falava
a língua aram aica, como na Síria, na Babilônia e na A ssíria. Quando os judeus retom aram de seu exílio
na Babilônia, por ordem do rei persa Ciro (538 a.C.), na mesma época em que ocorreram as atividades de
Esdras, Neem ias e dos profetas Ageu e Zacarias, o aram aico tinha se tom ado língua comum de com unica­
ção entre os exilados judeus. Além do aram aico, usava-se, também, uma forma popular de hebraico, que
séculos mais tarde se tom aria o hebraico rabínico ou hebraico talmúdico.
Uma das características do hebraico pós-exílico é a evidente influência do aram aico, da linguagem
popular hebraica e o uso de alguns elem entos do hebraico pré-exílico na com posição dos livros bíblicos
pós-exílicos. Em relação à influência aram aica no hebraico pós-exílico, encontram -se abundantes aram aís-
mos, como pode-se perceber nos livros de Esdras, Neemias, Daniel, Jó, Crônicas, Ester, Eclesiastes e
Cântico dos Cânticos. Por outro lado, determ inados livros como Rute, Lam entações e bom número de
salmos, de escritos proféticos e de escritos sapienciais não foram afetados pelo aram aico. Além do vocabu­
lário, o aram aico também influenciou a sintaxe e a m orfologia do hebraico pós-exílico. Os livros bíblicos
mais representativos da nova fase do hebraico bíblico são Eclesiastes, Ester, Esdras, N eem ias e Crônicas.
Alguns realces linguísticos presentes no hebraico pós-exílico são: expressões com postas com o n* 3
(hebr. a casa de Israel, cf. lR s 12.21 etc.) ou biníÇ P *'33 (hebr. os filhos de Israel, cf. lR s 6.1 etc.)
são substituídas pela locução coletiva (hebr. Israel, cf. 2Cr 11.1; 2Cr 10.16; 31.1 etc.); a fórm ula
introdutória comum dos textos em prosa pré-exílicos '1T1 (hebr. e aconteceu, e houve, cf. Jr 13.8; Ez 7.1
etc.) praticam ente desaparece; a partícula DR (partícula de objeto direto/acusativo), o artigo definido e o
pronome relativo (hebr. que) têm seu uso dim inuído; o aum ento de expressões influenciadas pela
linguagem popular, que m ais tarde se tom aria o hebraico rabínico, com o o uso da preposição (hebr.
ao lado de) com a raiz verbal (hebr. habitar \qal\) (cf. Ne 2.6; 4.6); vocábulos que nunca aparecem no
hebraico pré-exílico, m as que são utilizados, principalm ente, no hebraico rabínico, como as unidades lexi­
cais p lfr (hebr. mercado, cf. Pv 7.8; Ec 12.4), ]0R (hebr. artesão, cf. Q 7.2), *?nÍD (hebr. muro, cf. C t 2.9)
etc. e palavras de origem estrangeira, tais como: 1. aram aica: 0 1 9 (hebr. sofá, cf. C t 1.16); 2. persa: D ll®
(hebr. pomar, cf. Ct 4.13) e 3. grega: (hebr. liteira [gr. tpopeXov, cf. Ct 3.9).

V ocalização m assorética
No período bíblico até a Idade M édia, o texto da B íblia Hebraica era com posto unicam ente por
consoantes, não possuindo, ainda, sinais gráficos que representassem os sons vocálicos. D urante a Idade
M édia (c. 7a séc.-séc. 10), os m assoretas (escribas judeus da época m edieval) elaboraram três sistem as de
vocalização para o texto consonantal da B íblia Hebraica. Os sistem as m assoréticos de vocalização conheci­
dos são: babilônico (c. T-SP séc.), palestino (c. 80-9® séc.) e tiberiense (c. 8a séc.-séc. 10). Dos três sistem as,
apenas o últim o é o mais conhecido, o mais im portante e o m ais com pleto, que suplantou os dois m étodos
anteriores, que caíram em desuso durante o século 1 0 .0 sistem a surgido em Tiberíades é com posto por 11
sinais gráficos que representam sons vocálicos longos e breves e quatro que representam sem ivogais, sendo
todos com postos por traços e por pontos.
O método de vocalização desenvolvido em Tiberíades é representado pelas duas principais famílias
de massoretas: a de Ben Asher e a de Ben Naftali. A prim eira das quais é considerada a m ais im portante pelos
estudiosos e a que é a mais atestada pelos manuscritos massoréticos. A tradição tiberiense de vocalização
XX A LfNGUA HEBRAICA DO ANTIGO TESTAMENTO

alcançou o seu auge de desenvolvimento no século 10 com os trabalhos do últim o membro da fam ília Ben
Asher, o massoreta Aarão ben M oisés ben A sher (prim eira metade do séc. 10). O últim o membro da fam ília
Ben N aftali foi M oisés ben Davi ben Naftali (prim eira m etade do séc. 10), que também contribuiu para a
evolução e para a cristalização do sistem a tiberiense de vocalização. Com o passar do tempo, o sistem a da
fam ília Ben A sher tom ou-se oficial e padrão, suplantando as demais tradições m assoréticas, inclusive a de
Ben Naftali. A tradição de Ben A sher tom ou-se a única a ser reproduzida tanto pela m aioria dos manuscritos
m assoréticos m edievais quanto por todas as edições im pressas da B íblia Hebraica, desde o século IS até os
dias atuais. Todas as gramáticas dedicadas ao hebraico bíblico tratam, igualm ente, da vocalização elaborada
pelos m assoretas de Tiberíades.

Acentuação massorétka
Além da elaboração da vocalização, os m assoretas criaram , igualm ente, sistem as de acentuação para
o hebraico bíblico. Os sistem as babilônico e palestino caíram em desuso durante o século 10, apenas o sis­
tem a tiberiense, que era o m ais com pleto, tom ou-se o mais im portante e é o único a ser empregado no texto
da Bíblia Hebraica. As funções dos acentos são os seguintes: 1. servir de m arcação m elódica para a leitura
do texto; 2. assinalar tonicidade das palavras e 3. estabelecer relação sintática entre as expressões e vocábu­
los do versículo. Os m assoretas elaboraram dois tipos de acentos: os disjuntivos (acentos que assinalam as
divisões principais do versículo) e os conjuntivos (acentos que estabelecem conexões entre os vocábulos do
versículo). O método desenvolvido em Tiberíades contém 18 acentos disjuntivos e 9 acentos conjuntivos
para os 21 livros em prosa, totalizando 27 acentos; e 12 acentos disjuntivos e 9 acentos conjuntivos para os
três livros poéticos (Salm os, Jó e Provérbios), totalizando 21 acentos. O sistem a contém , ainda, m ais três
sinais que não possuem função m elódica: maqqef, meteg e paseq. A s duas principais fam ílias de m assoretas
de Tiberíades, a Ben A sher e a Ben N aftali, foram as responsáveis pelo desenvolvim ento e pela cristaliza­
ção do sistem a de acentuação que hoje é empregado no texto da B íblia Hebraica.

A notações m assoréticas (a m assorá)


Além dos sinais de vocalização e dos sinais de acentuação, os m assoretas elaboraram anotações
textuais (a massorá) que eram escritas ao redor do texto bíblico, nas m argens dos m anuscritos da Bíblia
Hebraica produzidos na época m edieval. A s notas são colocadas ao lado do texto (a masora parva) e
nas margens superior e inferior do texto (a masora magna). A masora parva fornece inform ações muito
sucintas, enquanto a masora magna complementa os dados da masora parva, fornecendo inform ações
adicionais, sendo sim ilar a uma “concordância bíblica”. A m assorá de tradição tiberiense é redigida na
m aior parte em aram aico, mas existem term os e expressões redigidas em hebraico. As palavras e locuções
que possuem anotações na m assorá são assinaladas no próprio texto bíblico hebraico por m eio do circellus
(lat. círculo), que é um pequeno sinal em formato de círculo (ex.: rPÇ7K”Q ). Tais anotações foram feitas
para assegurar a íntegra preservação e a exata transm issão do texto da Bíblia Hebraica. Por meio de tais
observações, percebe-se que os mínimos detalhes textuais foram percebidos e assinalados pelos m assoretas.
As notas da m assorá versam sobre frequência de palavras e expressões, vocábulos e locuções que ocorrem
apenas uma única vez (casos de hapax legomenon), questões de escrita e de leitura de determ inadas pala­
vras (casos de ketiv e qerê), palavras e grafias incomuns, entre outras particularidades que são típicas do
texto bíblico hebraico. A m assorá pode ser definida como um tipo de “controle de qualidade para o texto
da Bíblia Hebraica”. Todo tipo de inform ação de ordem textual, levantado pelos m assoretas no período
m edieval, é ainda útil e relevante para a m oderna pesquisa bíblica. Por fim , a m assorá auxilia, igualm ente,
o entendim ento do sistem a gram atical e ortográfico do hebraico bíblico.
Antes da atividade m assorética, o texto da Bíblia Hebraica era unicamente consonantal. Posteriorm ente,
o mesmo texto recebeu sinais gráficos que indicam sons vocálicos, sinais gráficos que indicam tonicidade,
pausa e m elodia e anotações m arginais relacionadas com questões textuais. O texto de Gênesis 1.1 é mos­
trado a seguir em duas formas: a form a que é anterior aos m assoretas (apenas o texto consonantal) e a forma
que é posterior aos m assoretas (o texto consonantal com sinais gráficos indicativos de vocalização e de acen­
A LÍNGUA HEBRAICA DO ANTIGO TESTAMENTO XXI

tuação e com as anotações da masora parva [notas ao lado do versículo] è da masora magna [notas acim a do
versículo] da m aneira como são registradas no Códice de Leningrado B19a [Códice L]):
A nterior aos m assoretas:
p#nntnm»nm D
’,n*?Kvca nwia
Posterior aos m assoretas: 1

trn*»* ma n w o í oviSt irn oriStirormnapicBran jrro rn


uKtwsb oyòr m a tbw :o:niabo rrcha s o a ã i o reboo rrchoo

: p g r t n ç f o ?p © n °r* •? i p x » in

Para inform ações adicionais e m ais com pletas sobre o hebraico bíblico, cf. o texto “Hebraico
Bíblico: Breve H istórico”, no site www.bibliahebraica.com .br.

A importância de se estudar o hebraico bíblico


Há m uitos m otivos para se estudar e conhecer a língua original da B íblia Hebraica. As seguintes
razões podem ser enumeradas:
1. Para se ter acesso ao texto original da B íblia Hebraica (o Antigo Testam ento). O m otivo está no fato de
que nenhuma tradução bíblica, seja aquela considerada a m elhor possível, pode ser capaz de substituir o
texto original. Por m eio do texto bíblico hebraico, pode-se perceber a sua real redação e as suas peculiari­
dades textuais.
2. Para m elhor com preender e avaliar as variadas versões bíblicas existentes, tanto antigas quanto moder­
nas. Por meio do conhecimento do hebraico bíblico, é possível examinar, criticam ente, o variado grau de
fidelidade ou de afastam ento das várias versões bíblicas em relação ao texto original hebraico do Antigo
Testamento.
3. Para aprim orar ainda mais o trabalho da exegese e da teologia bíblicas.
4. Conhecer vocábulos e expressões hebraicas que são im portantes, tecnicam ente, para estudos teológicos
e linguísticos.
5. Saber como os m assoretas entendiam o texto bíblico hebraico, por meio da vocalização, da acentuação
e das observações textuais (as anotações da m assorá). Tanto a vocalização quanto a acentuação elaboradas
pelos m assoretas refletem a compreensão que eles tinham da Bíblia Hebraica, o que pode ser m uito útil e
relevante para os estudos e para as pesquisas atuais relacionadas com o Antigo Testam ento. As anotações da
massorá, principalm ente por meio das notas ketiv e qerê, entre outras, podem indicar como foi o processo
de preservação e de transm issão do texto da B íblia Hebraica desenvolvido pelos m assoretas durante a Idade
Média.

R eferências bibliográficas
BLAU, Joshua. “Introduction”. In: idem. Phonology andM orphobgy ofBiblical Hebrew: An Introduction.
Linguistic Studies in Ancient W est Sem itic 2. W inona Lake: Eisenbrauns, 2010, p. 1-62.
FRANCISCO, Edson de F. “Hebraico Bíblico: Breve Histórico”. São Bernardo do Campo, 2014. Página:
w w w .bibliahebraicaxom .br.
GESENIUS, W ilhelm ; KAUTZSCH, Emil; COWLEY, A rthur E. “The Sem itic Languages in General”
e “History o f the Hebrew Language”. In: idem. Gesenius’ Hebrew Grammar. 2. ed. Oxford:
Q arendon Press, 1980, p. 1-17.

Explicação das notas massoréticas do Códice L: 1. m asora parva: a expressão rPÇRT? (hebr. em início) ocorre cinco vezes no
texto biblico hebraico: três vezes no início de versículo; a locução trríb K (hebr. criou D eus) ocorre três vezes no texto
bíblico hebraico; a expressão nKI □ ’0 ^ n ITK (hebr. os céus e a terra) é una caso de hapax legomenon. 2. masora mag­
na: a locução (hebr. em início) ocorre três vezes no início de versículo: Gn 1.1; Jr 26.1 e 27.1 e duas vezes no m eio
de versículo: Jr 28.1 e 49.34; a expressão DVÍTR (hebr. criou D eus) ocorre três vezes no texto bíblico hebraico: Gn 1.1;
2.3 e Dt 4.32.
______________________________________________ XXII_______ A LÍNGUA HEBRAICA DO ANTIGO TESTAMENTO

JOÜON, Paul; MURAOKA, Takam itsu. “Hebrew: its Place among ttie Sem ític Languages” e “History of
Biblical Hebrew”. In: idem. A Grammar ofB iblical Hebrew. 2. ed. Subsidia Bíblica 27. Roma:
Gregorian & B iblical Press, 2009, p. 2-11.
WALTKE, Bruce K.; 0 ’CONNOR, M ichael P. “Língua e Texto”. In: idem. Introdução à Sintaxe do Hebraico
Bíblico. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 3-30.
Dificuldades Textuais

Este capítulo apresenta e comenta, de maneira sucinta, diversas situações relacionadas com deter­
minadas dificuldades textuais encontradas durante a produção do Antigo Testamento Interlinear Hebraico-
-Português {ATI), no bloco do Pentateuco. Existem diversas situações inusitadas e especiais de redação do
texto da Bíblia Hebraica, no Moco do Pentateuco, revelando problemas de concordância nominal e verbal,
vocábulos de tradução incerta, detalhes gram aticais inusitados etc. Além disso, neste capítulo são comentadas,
também, algumas opções e justificativas de tradução de algumas unidades lexicais adotadas no ATI. Neste
capítulo são citadas variantes textuais registradas em quatro versões clássicas da Bíblia: a Septuaginta (versão
grega [c. 3® séc. a.C.-l® séc. d.C.]), a Vulgata (versão latina [c. 4®-5® séc.]), o Targum de Ônquelos (versão
aram aica do Pentateuco [c. 4®-5®séc.]) e o Targum Hierosolimitano I (versão aramaica do Pentateuco [c. 7®-8®
séc.]). Em Gênesis 4.8 é citado, também, o Targum Hierosolimitano II (versão aramaica do Pentateuco [c. séc.
13-18]). Todas as dificuldades textuais encontradas no Texto M assorético (o texto original hebraico de tradi­
ção m assorética) do Pentateuco, e relacionadas e comentadas neste capítulo, são comparadas com as quatro
antigas versões bíblicas mencionadas. O objetivo de tais citações é expor para o leitor como as dificuldades
textuais apontadas neste texto foram resolvidas pelas quatro obras bíblicas. São utilizadas, igualm ente, as
informações de crítica textual registradas em três edições críticas do texto bíblico hebraico: a Biblia Hebraica
{BIIK), a Biblia Hebraica Stuttgartensia (BHS) e a Biblia Hebraica Quinta (BHQ). Além destas três publi­
cações, utilizou-se, também, a Biblia Hebraica Leningradensia ( BHL). Estas quatro edições são baseadas no
Códice de Leningrado B19a (L). A s situações relacionadas com a problem ática textual são apresentadas e co­
mentadas seguindo a sequência da B íblia Hebraica. A s abreviaturas utilizadas neste capítulo são as seguintes:

Obras
A TI E. de F. Francisco (trad.), Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português, vol. 1:
Pentateuco, 2012.
A T If Vv.Aa. (trads.), Ancien Testament interlinéaire hébreu-français, 2007.
BHK R. K ittel e P. E. Kahle (eds.), Biblia Hebraica, 16. ed., 1973.
BHL A. Dotan (ed.), BibUa Hebraica Leningradensia: Prepared according to the Vocalization,
Accents, and Masora ofAaron ben Moses ben Asher in the Leningrad Codex, 2001.
BHQ A. Schenker et alii (eds.), Biblia Hebraica Quinta, Fascicle 5: Deuteronomy, 2007
(edição preparada por Carmel McCarthy).
BHS K. Elliger e W. Rudolph (eds.), Biblia Hebraica Stuttgartensia, 5. ed., 1997.
L D. N. Freedman et alii (eds.), The Leningrad Codex: A Facsimile Edition, 1998.

Idiomas
aram. aramaico.
fr. francês,
gr. grego,
hebr. hebraico,
lat. latim,
sir. siríaco.

Gênesis 1.2
irD I in n (hebr. informidade e vacuidade). Expressão de difícil tradução, sendo vertida de m aneiras varia­
das, sempre como se fossem adjetivos, pelas versões bíblicas clássicas: a Septuaginta traduz como à ó p a to ç
ícal àicaTaoKeúaOtoç (gr. invisível e informe)', a Vulgata verte como inanis et vacua (lat. vã e vazia)-, o
Targum de ônquelos traduz como 10HS (aram. deserta e infecunda) e o Targum Hierosolim itano I
verte como (aram . desolada, e caótica, deserta). O A T If traduz tal locução como vide
et néant (fr. vácuo e nada). Os dicionários de hebraico bíblico traduzem a locução da seguinte m aneira:
XXIV DIFICULDADES TEXTUAIS

deserta e vazia, nada e vazia e caos e vazio.' O A TI adota as acepções encontradas em Brown, Driver e
Briggs, em Clines e em Koehler e Baum gartner, traduzindo a locução i r õ l como informidade e vacui-
dade, considerando ambos os com ponentes como substantivos e não com o adjetivos.12

G ênesis U I
D ^ n a n D ra ç irrn ç (hebr. os animais marinhos os grandes). A expressão podería ser traduzida também
como as serpentes as grandes ou com o os dragões marinhos os grandes. A locução é traduzida de maneira
quase sim ilar entre as versões bíblicas clássicas: a Septuaginta traduz com o xò. tcijTq xà peyáXa (gr. os
grandes monstros aquáticos); a V ulgata verte como cete grandia (lat. os grandes cetáceos) e os targuns de
ônquelos e Hierosolim itano I traduzem como IT Z n in IV (aram . os grandes monstros marinhos).
No A T If encontra-se a locução les monstres marins les grands (fr. os grandes monstros marinhos). Como
não é possível saber com certeza quais seriam tais anim ais do mar, o ATI opta em traduzir apenas como
animais marinhos, mesmo que os dicionários de hebraico bíblico definam , normalmente, como monstros
marinhos, dragões marinhos, serpentes marinhas etc.34

G ênesis 1.24
IH lC irP rn (hebr. e vivente de terra). Expressão de redação inusitada, além de ser um hapax legomenon. Em
Gênesis 1.25 a mesma locução possui redação normal como |HKT1 n* n (hebr. o vivente da terra). As antigas ver­
sões bíblicas apresentam traduções similares para a locução em destaque: a Septuaginta traduz como m i Oqpía
tfjç yfiÇ (gr-e bestas da terra); a Vulgata verte como bestias terrae (lat. as bestas da terra); o Targum de Ônquelos
traduz como ítjn N m n i (aram. e o animal da terra) e o Targum Hierosolimitano I v o te como KSTIK rP ? "p í
(aram. e a criação da terra). O A TIf traduz como eí animal de la terre (fr. e animal da terra). Joüon e Muraoka
comentam que o fonema 1 seria um sinal vocálíco paragógíco (fonema não etimológico em final de alguma pa­
lavra ou expressão), sendo encontrado em raros casos de palavras em estado construto no texto bíblico hebraico,
normalmente com o vocábulo 71*0 (hebr. vivente, animal).* Gesenius comenta que a locução ]H $ ~ írrrn (hebr. e
vivente de terra, cf. Gn 1.24) é similar, em termos de significado, à expressão fHKH FlTt (hebr. o vivente da terra,
cf. Gn 1.25).5 Blau comenta que o sinal vocálico paragógíco 1, para alguns hebraístas, seria uma forma arcaica
do estado construto encontrada no texto bíblico hebraico, mas afirma também que a sua origem é ainda incerta.6

G ênesis 3.24 e Êxodo 25.18


□<'2 a)2 > rrn $ (hebr. os querubins). O item léxico 31”)|> é de significado incerto. A s diversas versões bíblicas
seguem o mesmo padrão de tradução, adotando apenas transliteração da palavra em destaque: a Septuaginta
transcreve como x&pov(5i|ii (gr. querubins); a Vulgata translitera com o cherubin (lat. querubins) e os tar­
guns de ônquelos e Hierosolim itano I transcrevem com o (aram . querubins). O vocábulo é trans­
crito pelo A T If com o keroubim (fr. querubins). Todas as m odernas edições bíblicas em português também
adotam transliteração. Koehler e Baum gartner explicam que o vocábulo 3 1 "l? (hebr. querubim) é atestado
em algumas línguas sem íticas, com o krõbã (siríaco), kêrob (hebraico sam aritano), karüb (árabe), tílerãb
(etíope), krbm (púnico) e kãribu/btu (acádico). Segundo os mesmos autores, no acádico a palavra kãribu/
b tu éo particípio do verbo karãbu (orar, consagrar, abençoar). A inda no acádico, o referido vocábulo pode
indicar sacerdote intercessor, espírito tutelar (também denominado kuribu) ou porteiro mítico esculpido.7
Os dicionários transliteram sem pre da mesma m aneira o vocábulo 3 T D : querubim .8 O A TI m anteve a
transcrição da unidade lexical, em concordância com as dem ais versões bíblicas.

1 Cf. Alonso Schõkel, 2004, p. 89 e 697; Holladay, 2010, p. 45 e 550 e Kirst et alii, 2008, p. 22 e 264.
2 Cf. Brown, Driver e Briggs. 1996, p. 96 e 1062; Clines, 2009, p. 41 e 483 e Koehler e Baumgartner, 2001, p. 111 e 1689.
3 Cf. Clines, 2009, p. 491; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1764; Brown, Driver e Briggs, 19% , p. 1072; Alonso Schõkel, 2004, p.
706; Holladay, 2010, p. 559 e Kirst et alii, 2008, p. 268.
4 Cf. Joüon e Muraoka, 2009, p. 261.
5 C f. G esenius, 1980, p. 254.
6 a . Blau, 2010, p. 269-270.
7 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 497.
8 Cf. C lines, 2009, p. 183; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 497; Brown, Driver e Briggs, 19% , p. 500; Alonso Schõkel, 2004, p.
325; Holladay, 2010, p. 232 e Kirst et alii, 2008, p. 105.
DIFICULDADES TEXTUAIS XXV

G ênesis 4.7
^ 3*1 n x ç n n ns*? (hebr. à entrada transgressão a que se acampa). Trecho de redação m uito obscura,
além de ser, gram aticalm ente, m uito com plexo. A unidade lexical ITK&n (hebr. transgressão) é de gênero
feminino e o item verbal [ 3 7 (hebr. a que se acampa) é um particípio singular de gênero m asculino, o que
dificulta a lógica gram atical desse trecho bíblico. Teoricam ente, o seguim ento deveria ter a seguinte reda­
ção: n n s b 17X0171733*1 (hebr. à entrada transgressão a que se acampa). O A T lf traduz o referido trecho
como à Ventrée le péché se tapissant (fr. à entrada o pecado se reveste). A s versões clássicas da B íblia tra­
duzem tal seguim ento da seguinte m aneira: a Septuagjnta verte como õè prj ôiéAgç, {jpopreç; ijcrúxaoov»
(gr. mas não dividis-te, pecaste? Sossegai); a V ulgata traduz com o inforibus peccatum aderit (lat. à porta
estará presente o pecado?); o Targum de Ônquelos verte como XSHEirPVt? TTllTT “1183 ^jxtpO
(aram. o teu pecado cuidou, que está preparado para ser retomado de ti) e o Targum H ierosolim itano I
traduz como JJ,3H "T*?? 7JKDI7 (aram . o teu pecado cuidou, e nas entradas do
teu coração o pecado se assenta). A BHK possui as seguintes observações em seu aparato crítico sobre o
caso: prps lf](7^6>P (al 'P*? ^ÇlÇI) (é proposta a leitura TJÇlfagÒ [hebr. para te esmigalhar] [outros propõem
a leitura {hebr. fará cair para te esmigalhar}]) e 1 ? f 3 “JT1 (é para ser lida a leitura f3 " )P
[hebr. se acampará]!). Pela sugestão da BHK, o trecho em discussão deveria ter, teoricam ente, um a ou ou­
tra das seguintes redações: JQ '1 HKÇin T jnnS1? (hebr.para te esmigalhar a transgressão a que se acampa)
OU p3*7 n«B17 T]I7Í?l©lp ^'ÇITI (hebr. fará cair para te esmigalhar a transgressão a que se acampa). A
BHS possui a seguinte anotação em seu aparato critico sobre o mesmo caso de ordem textual:© ôiiX gç,
fjp ap teç; fjcrúxaoov = ]>3*) 178^17 172737 (a Septuaginta possui a leitura òiiXflç, íjp ap reç; ijoúxaoov*
[gr. dividis-te, pecaste? Sossegai], que em retroversão corresponde à leitura ^3*7 138017 n n j ? [hebr. ao
despedaçar, transgrediste? Deita-te]). O seguim ento em destaque de Gênesis 4.7 é de solução m uito com­
plexa, além de ser inconclusiva. As suposições da BHK e da BHS servem com o opções possíveis para se
compreender tal trecho bíblico de com posição de dem asiada com plexidade.

G ênesis 4.7
i a - ^ f p n rrç s ) m pw rçi (hebr- e a tio ^ 1 ° ^ e tu dominarás a ela). Seguim ento de redação
muito obscura, além de ser, gram aticalm ente, muito com plexo. Se as expressões in p ltflfl (hebr. o desejo
dela) (com sufixo pronom inal de gênero m asculino) e Í3 _i?{p!pI7 (hebr. dominarás a ela) (com sufixo
pronominal de gênero m asculino) estiverem se referindo ao vocábulo I7KÇII7 (hebr. transgressão) (item
lexical de gênero fem inino), deveríam ter sufixos pronom inais de gênero fem inino, para concordarem com
a referida lexia tam bém de gênero feminino. Teoricam ente, o seguim ento deveria ter a seguinte redação:
r r ç - ^ l p n HÇI8 ) lp ^ £ } (hebr. e a tio desejo dela, e tu dominarás a ela). O A T Ifv e n t o trecho
como et vers toi son attente et toi tu domineras sur lui (fr. e a ti sua espera e tu dominarás sobre ele). As
antigas versões da B íblia vertem tal sequência do seguinte modo: a Septuaginta traduz como Jtpòç oè íj
ájtootpocpfi a v io u , Kai oi) õp£eiç onjroí) (gr.para ti o retorno dele, e tu dominarás sobre ele); a V ulgata
verte como sed sub te erit appetitus eius et tu dominaberis illius (lat. mas sob ti estará o desejo dele e tu o
terás dominado); o Targum de Ônquelos traduz como j r 3 n ? r n in in d k ) 3 in n s g (aram. se não
estiveres bem, e se estiveres bem, fo i deixado de ti) e o Targum Hierosolimitano I possui um texto muito lon­
go, sendo muito diferente em relação ao texto original hebraico, possuindo interpretações rabínicas da época
talmúdica. A BHK tem a seguinte observação em seu aparato de variantes textuais sobre o assunto: frt add cf
3,16 (a leitura é, possivelmente, uma adição, conferir Gênesis 3.16). ABH S possui a seguinte anotação em seu
aparato de variantes textuais sobre tal situação de ordem textual: orig prb Í3 Ijlg) in p ltfD gl
ad 3,16 (a leitura original, provavelmente, seria 73 178) 7l7p7í?Fl "=J?7 8 ) [hebr. e a tio desejo é dele
e tu dominarás a ele1, glosa de Gênesis 3.16). Por meio de tal observação, as locuções 7J,l?K) (hebr. e a ti),
178) (hebr. e tu )e ' 7 y (hebr. dominarás) se referem à transgressão e as expressões Ínjpl5ft*l (hebr. o desejo
dele) e 73 (hebr. a ele) se referem a Caim. Tanto a BHK quanto a BHS sugerem que tal trecho de Gênesis tal­
vez seja uma adição baseada em Gênesis 3.16b. Como no caso discutido acima, a sequência em destaque de
Gênesis 4.7 é de solução muito complexa, além de ser, igualmente, inconclusiva. As conjecturas da BHK e da
BHS servem como alternativas possíveis para se entender o discutido trecho bíblico.
XXVI DIFICULDADES TEXTUAIS

Gênesis 4.8
A fala de Caim a A bel não consta no Texto M assorético. O texto bíblico de tradição m assorética
não contém a fala de Caim paia o seu irm ão A bel, antes de ambos estarem no campo. A s versões clássicas
da B íblia contêm algum a frase que preenche a lacuna: a Septuaginta possui a locução AtiLOtopev etç xò
Jieòíov (gr. passemos para o campo); a V ulgata tem a expressão egrediamur foras (lat. saiamos fora); o
Targum de ônquelos não possui nenhum texto para a fala de Caim; o Targum Hierosolim itano I tem a frase
i r - n n píB I] KTPK (aram . vem e iremos nós dois para fora) e o Targum Hierosolim itano II tem o
sintagm a KHD 'S K ? p^S31 KTPK (aram . vem e iremos em direção para fora). A BHS possui a seguinte
observação em seu aparato de variantes textuais sobre o caso: m lt M ss Edd hic interv; frt ins c w .Q SV
r r $ n n p ^ c f c 1™
(m uitos m anuscritos hebraicos m edievais e edições im pressas da B íblia Hebraica possuem um intervalo
aqui; possivelm ente inserir conform e o Pentateuco Sam aritano, a Septuaginta, a Peshitta e a V ulgata a lei­
tura rn & n [hebr. vamos para o campo], conferir os targuns H ierosolim itano I e II). A BHK possui
anotação sim ilar a da BHS, m as com inform ações adicionais sobre o assunto: hic com pl MSS et Edd interv;
ins c JU<&SC n i ^ n n p b j (vel frtc(C J<Cp n s ín r t K^in np*7); V egrediamur foras (aqui m uitos m anuscri­
tos hebraicos m edievais e edições im pressas da Bíblia Hebraica possuem um intervalo; inserir conform e o
Pentateuco Sam aritano, a Septuaginta, a Peshitta e a V etus Latina a leitura IT râ n TO*?! [hebr. vamos para
o campo] [ou possivelm ente conform e os targuns H ierosolim itano I e da Guenizá do Cairo que possuem
a leitura n ^ n n HS*? {hebr. vai e saiamos para fora}]; a V ulgata possui a leitura egrediamur foras
[lat. saiamos fora]). Observação: a expressão n p ^ ), citada pela BHK e pela BHS, é retroversão» do
hebraico sam aritano, do grego, do siríaco e do latim para o hebraico e a locução H Snnn K&Tj rtpV , citada
pela BHK, é retroversão do aram aico para o hebraico. De acordo com as antigas versões bíblicas, o texto de
Gênesis 4.8 deveria ser complementado pela locução n p *?3 (hebr. vamos para o campo), tornando o
contexto do versículo mais coerente e expressando a fala de Caim para A bel. Em m uitos m anuscritos m as-
soréticos e em m uitas edições do texto bíblico hebraico consta um pequeno espaço em branco indicando
um intervalo no meio do referido verso bíblico. A edição de C hristian D. Ginsburg (Londres, 1894), entre
outras, possui tal intervalo no texto. A razão de tal interm itência está relacionada com questões exegéticas.10

G ênesis 6.4 e N úm eros 1 3 3 3


(hebr. os nefilins). A unidade lexical 0 'IS''B3 é de significado incerto. A s antigas versões bíblicas
traduzem ou interpretam a expressão D ^S fln (hebr. os nefilins) de diversas maneiras: a Septuaginta traduz
como o i ôè YtYoevreç (gr. ora os gigantes); a Vulgata verte como gigantes (IaL os gigantes), o Targum de
Ônquelos traduz como K*”lp3 (aram. os fortes) e o Targum Hierosolimitano I interpreta como
(aram. os nefilins dos céus). OATTfaáota a transcrição Nephilim (ff. Nefilins). Neste caso, o A H segue a opção
adotada também pelo A 77/, optando por simples transcrição do item lexical, tanto em Gênesis 6.4 quanto em
Números 13.33. Normalmente, os dicionários de hebraico bíblico definem como gigantes ou como nefilins."

G ênesis 7.2 e 9
Ín $ K l ETK (hebr. homem e a mulher dele, v. 2) e n p p ?! “DT (hebr. macho e fêmea, v. 9). N o verso 2 consta
a locução in ^ K l (hebr. homem e a mulher dele) em vez de ”lp j (hebr. macho e fêmea), como no
verso 9. A BHK não possui nota para tal caso em seu aparato crítico. A BHS traz a seguinte anotação sobre a
questão em seu aparato crítico: ju V rs n p p p l “ipT (o Pentateuco Sam aritano e as versões bíblicas clássicas
possuem a leitura ")pT [hebr. macho e fêmea]). As antigas versões da B íblia mantêm a mesma tra­
dução nos versículos 2 e 9: a Septuaginta traduz com o õpoev iccd Bfjfcu (gr. macho e fêmea, cf. w . 2 e 9);

9 Retroversão é a prática de se retraduzir para a língua original um trecho que foi traduzido desta para a língua receptora (ex.: do grego
paia o hebraico, do latim para o hebraico, do aramaico para o hebraico etc.), na tentativa de se descobrir uma possível ou hipotética
forma original hebraica, fonte da versão bíblica clássica, que seria diferente do Texto M assorético, cf. Francisco, 2008, p. 641.
10 Cf. Tov, 2012, p. 50 e Francisco, 2008, p. 178.
11 Cf. Clmes, 2009, p. 279; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 709; Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 658; Afonso Schdkel, 2004, p.
441; Holladay, 2010, p. 342 e K iist et alii, 2008, p. 159.
DIFICULDADES TEXTUAIS XXVII

a Vulgata traduz com o masculum etfeminam (lat. macho e fêmea, cf. v. 2) e com o masculus etfem ina (lat.
macho e fêmea, cf. v. 9) e os taiguns de ônquelos e Hierosolim itano I vertem com o ÍQjpWj (aram .
macho e fêmea, cf. w . 2 e 9). O A T //opta por un homme et safem me (ff. um homem e sua mulher, cf. v. 2)
e mâle etfem elle (fr. macho e fêmea, cf. v. 9). O A TI m anteve a tradução literal da expressão que consta no
verso 2, não harm onizando com a expressão que consta no verso 9. Neste caso, tanto o ATI quanto o A T If
m antêm o mesmo padrão de tradução nos dois referidos versículos.

G ênesis 8.20
rV?S? (hebr. sacrifícios queimados por inteiro). A lexia r Ò í é traduzida, tecnicam ente, com o sacrifício
queimado por inteiro. O A T I mantém o significado técnico da unidade lexical, ao contrário das d an ais
versões bíblicas que traduzem , norm alm ente, com o holocaustos, tendo por base a definição adotada pela
Septuaginta. As antigas versões bíblicas apresentam as seguintes traduções: a Septuaginta traduz com o
óXoKCtpjitrtoeiç (gr. oferecimentos queimadospor inteiro); a V ulgata verte com o holocausto (lat. holocaus­
tos); o Targum de Ônquelos traduz com o (aram . oferecimentos queimados) e o Targum H ierosolim itano
I verte com o KJZnj? (aram . oferecimento). O ATIf, concordando com a Septuaginta e com a V ulgata, traduz
com o holocaustes (fir. holocaustos). Norm alm ente, os dicionários de hebraico bíblico definem a referida
unidade lexical com o holocausto, às vezes também com o animal a ser queimado ou com o oferta queima­
da .'2 A definição adotada pelo A TI para a lexia com o sacrifício queimado por inteiro tem respaldo em
C lines, em Koehler e Baum gartner e em Brown, D river e Briggs.*13145*

G ênesis 10.14 e D euteiunôm io 2 2 3


c n n s p - n t o (hebr. e os caftoritas). O substantivo gentílico "H nÇ p é de com plexa tradução. K oehler
e B aum gartner e B row n, D river e B riggs definem o citado substantivo gentílico com o cretense.'* Os
dem ais hebraístas definem com o caftorita ou com o cretense.'* A s antigas versões da B íblia apre­
sentam o seguinte quadro: a Septuaginta tran slitera com o KcupOopup (gr. Caftorim, cf. G n 10.14) e
traduz com o o i K cutJtáòoiceç (gr. os capadócios, cf. D t 2.23); a V ulgata tran slitera com o Capthurim
(lat. Caftorim, cf. Gn 10.14) e verte com o Cappadoces (lat. os capadócios, cf. D t 2.23); o Targum
de Ô nquelos traduz com o 'X pípíB p (aram . os capadócios) e o Targum H ierosolim itano I v erte com o
''K p-pB j? (aram . os capadócios) (a diferença entre as duas versões aram aicas é relacionada com a or­
tografia do vocábulo) em am bos os textos. A Septuaginta e a V ulgata adotam transliteração e tradução
nas duas passagens enquanto os targuns de ô nquelos e H ierosolim itano I optam por tradução nos m es­
mos dois trechos. O A 7 7 /opta por ceux de Kaftor (fr. os de Caftor, cf. Gn 10.14) e por les K aftorites
(fr. os caftoritas, cf. D t 2.23), porém , o A T I m antém a m esm a tradução nas duas passagens bíblicas
com o os caftoritas. A opção adotada no A T I nos referidos trechos bíblicos tem por base a definição
registrada por C lines.'e

Gênesis 12.8
n j!T (hebr. e invocou o nome de YHWH). Em tradução hiperliteral este sintagm a poderia ser
vertido como e invocou no nome de YHWH. O A 77/adota a locução et il invoqua le nom de YHWH (fr. e ele
invocou o nome de YHWH). Tanto o A T If quanto o ATI seguem o mesmo padrão de tradução. O sintagm a é
traduzido de m aneira sim ilar pelas versões bíblicas clássicas: a Septuaginta traduz como ícal èn ecaX io ato
èjll T(Ç> òvópctTi icupíou (gr. e invocou para si o nome do Senhor); a Vulgata verte como et invocavit no-
mem eius (lat. e invocou o seu nome) e os targuns de ônquelos e Hierosolim itano I traduzem com o 'b s i
'H (aram. e inclinou no nome de YHWH).

'2 Cf. Alonso Schõkel, 2004, p. 498; Holladay, 2010, p. 388 e Kirst et alii, 2008, p. 180.
13 Cf. Clines, 2009, p. 326; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 831 e Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 750.
14 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 496 e Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 499.
15 Cf. Alonso Schõkel, 2004, p. 755; Holladay, 2010, p. 231 e Kirst et alii, 2008, p. 104.
is Cf. Clines, 2009, p.183.
XXVIII DIFICULDADES TEXTUAIS

G ênesis 14.18
]V b s b v h (hebr. de Deus Altíssimo). A tradução do título divino como Altíssimo. O A H /opta por tra­
duzir a denominação divina '|Í,’Í?S? como Dieu Très-Haut (fr. Deus Altíssimo). O seguinte quadro é cons­
tatado nas antigas versões bíblicas: a Septuaginta possui o epíteto ó 0eòç ó vvl>i0Toç (gr. o Deus Altíssimo);
a Vulgata adota a denominação D eus altissimus (lat. Deus Altíssimo); o Targum de Ônquelos prefere o título
n&Òü b tt (aram. Deus Altíssimo) e o Targum Hierosolim itano I opta pela nominação m Ò '!? KrÒfcÇ (aram.
Deus Altíssimo) (a diferença entre as duas versões aram aicas é a grafia do título divino). Neste ponto, o ATI
adota a tradução habitual já registrada pelas antigas versões bíblicas.

G ênesis 15.2
(hebr. e o filho da aquisição de). Locução de complexa tradução. A solução adotada pelo ATI está
de acordo com Clines e com Brown, D river e Briggs, que traduzem a lexia como aquisição ou pos­
sessão." Koehler e Baum gartner, Holladay e K irst et alii não definem a referida unidade lexical e afirmam
apenas que a mesma é inexplicável. 178 Alonso Schõkel determ ina o vocábulo como posse, contudo, afirma
que é duvidoso.19 O A 1 7 /traduz a locução como et lefils de possession de (fr. e o filho de possessão de).
As versões clássicas da B íblia apresentam a seguinte situação sobre tal locução: a Septuaginta interpreta
como ó ôè ulò ç M aoeic (gr. ora o filho de Maseque); a Vulgata traduz como et filius procuratoris (lat. e
o filho do procurador); o Targum de Ônquelos verte como KÇ}"]3 “Q? (aram. e o filho da administração)
e o Targum Hierosolim itano I traduz como , n 'l3 "Q ? (aram. e o filho da administração da minha
casa). No aparato crítico da BHK encontra-se a seguinte anotação: prb crrp; 1 frt c <E° btpD- p i (a expres­
são é provavelm ente corrom pida, ler possivelm ente de acordo com o Targum de Ônquelos, que possui a
leitura ‘t f t r p i p i e h r . e o filho do que administra]). Observação: a expressão citada peto BHK,
é retroversão do aram aico para o hebraico para a locução KÇJ"© 1 3 ? (aram . e o filho da administração).
A BHS não possui anotação para tal caso em seu aparato de variantes textuais.

G ênesis 15.11
onfc 3 # Í3 ( . .. ) CS'»n l l l (hebr. e desceu a ave de rapina [...] e enxotou a elas). Texto que apresenta
situação de discordância verbal e nom inal. O A T lf traduz com o et descendit Toiseau deproie [...] et chassa
eux (fr. e desceu a ave de rapina [...] e as enxotou). O seguinte quadro é constatado nas versões bíblicas
clássicas: a Septuaginta traduz com o Katápt) ôè õpvea ( ...) ícal ovvEicáOioev cròtoiç (gr. ora desceu a
ave [...] e sentou-se junto com elas) e a V ulgata verte como descenderuntque volucres [...] etabigebat eas
(lat. e desceram as aves [...] e as afugentava). Na prim eira parte do versículo os targuns apresentam as
seguintes redações: o Targum de Ônquelos verte como ( . .. ) XÇIÍB Iin y i (aram . e desceu o pássaro [...]) e
o Targum Hierosolim itano I interpreta com o ( . .. ) ?nn?? (aram. e desceram as populações [...]). As
segundas partes das mesmas versões aram aicas são m uito diferentes em relação ao texto original hebraico
de tradição m assorética, não sendo úteis para a situação agora em discussão. O ATI traduz literalm ente o
texto, obedecendo a suas características gram aticais, apesar de inusitado.

G ênesis 17.1
(hebr. eu Deus Shaddai). O segundo com ponente da denom inação divina é de difícil tradu­
ção. O A 77/ opta por Shaddai (fr. Shaddai). A s antigas versões bíblicas apresentam as seguintes soluções
para se traduzir a nom inação S k (hebr. eu Deus Shaddai): a Septuaginta traduz com o ó 0eóç ood
(gr. o teu Deus); a Vulgata verte como Deus omnipotens (lat. Deus Onipotente) e os targuns de ônquelos e
Hierosolim itano I adotam a transcrição '113 (aram. Deus Shaddai). Koehler e Baum gartner comentam
que o epíteto 'H Ç seria relacionado, possivelm ente, com o vocábulo de origem acádica Sadú(m) (mon­
tanha)|, resultando em Deus da montanha.20 Brown, D river e Briggs informam que as versões gregas de
17 Cf. C lines, 2009, p. 253 e Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 606.
18 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 652; Holladay, 2010, p. 313 e Kirst et alii, 2008, p. 146.
19 a . Alonso Schõkel, 2004, p. 411.
20 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1420-1421.
DIFICULDADES TEXTUAIS XXIX

Á quila, Símaco e Teodocião verteram o referido título como tm v ó ç (gr. Suficiente). Eles com entam, ainda,
que os rabinos da época talm údica interpretavam a m encionada nom inação como sendo com posta pelo
pronom e relativo # (hebr. que) e pelo adjetivo ^ (hebr. suficiente), resultando no seguinte significado:
O que é autossuficiente.2' Clines define o título divino como Shaddai, Todo-poderoso.2122 A lonso Schõkel
com enta que o significado da denominação é ainda incerto, sendo que, norm alm ente, é traduzido como
Todo-poderoso ou com o Onipotente23 H arris, Archer, Jr. e W altke cogitam que o título divino podería
ser expressão relacionada com a raiz verbal “H # (hebr. destruir, aniquilar), na conjugação qal, com o
sufixo de pronome possessivo de prim eira pessoa singular ’ (hebr. meu), sendo interpretada como o meu
Destruidor. 24 Outros eruditos conjecturam , ainda, que a referida nom inação podería ter relação com o subs­
tantivo em form a dual (hebr. peitos, mamas, seios), portanto, o nome resultaria em Deus das Mamas
ou Deus dos Seios.25 Como a citada denominação divina é de tradução muito difícil e incerta, e as várias
propostas não são ainda conclusivas, n o A T I optou-se por sim ples transcrição em português com o Shaddai.

G ênesis 20.6
,l7- ÍB 0O (hebr. no transgredir contra mim). A ortografia do infinitivo construto da raiz verbal KDtl, na con­
jugação qal, norm alm ente seria KBn. A form a verbal que se encontra na referida passagem bíblica suprim e
a consoante K, substituindo-a pelo fonem a 1 Confirm ando tal grafia, K oehler e B aum gartner registram as
ortografias e ÍB 0 .26 Clines e Brown, D river e Briggs registram as ortografias ÍB 0 ,KD0 e íntéDO-27
Brown, Driver e Briggs com entam, ainda, que a form a ÍB 0D seria um erro textual, sendo que a form a cor­
reta deveria ser tfo n jj.2829A s versões da B íblia em português sem pre traduzem a m encionada form a verbal
com infinitivo construto da raiz verbal K Bn, na conjugação qal. O A 77/ traduz a locução 'V iD n O (hebr.
no transgredir contra mim) como de pécher envers moi (fir. de pecar contra mim). A mesma expressão é
traduzida da seguinte m aneira pelas versões bíblicas clássicas: a Septuaginta a verte com o prj á p a p te iv
OE elç èpé (gr. não pecares tu contra mim); a V ulgata a traduz com o ne peccares in nte (lat. não pecasses
contra mim) e os targuns de Ônquelos e H ierosolim itano I a vertem como 'ip ij? (aram . de pecar
contra mim). O Códice L possui anotação em sua masora parva, em Gênesis 20.6, sobre a grafia complexa
da expressão verbal ÍDpO: K1B ÍD i m 10 ÍD i m KB tO 1 0 5 (“a form a ÍB0& [hebr. no transgredir]
ocorre três vezes no texto bíblico hebraico: uma vez escrita com o final KB, e uma vez escrita com o final 1B
e uma vez escrita com o final K1B”). Na masora magna do Códice L constam referências às três ocorrências
e os três tipos de grafias: ÍB0B (cf. Gn 20.6), KBnB (cf. ISm 12.23) e K Í0rt£ (cf. SI 39.2).» A nota do
referido códice m assorético confirm a a inform ação sobre a ortografia com plexa do infinitivo construto da
raiz verbal KBPI, na conjugação qal, junto com a preposição auxiliando no entendim ento sobre a com ­
plexidade e sobre os variados tipos de escrita da m encionada form a verbal. O ATI, em concordância com o
ATIf, verte como um sim ples infinito construto, apesar de sua grafia incomum.

Gênesis 21.22 e 26.26


W V ->12i n (hebr. e disse Abimeleque e Ficol). Texto que apresenta situação de discordância ver­
bal e nominal. As versões antigas da B íblia apresentam as seguintes soluções: a Septuaginta traduz com o m i
eI jtev A 3 ip ,eX,ex m i OxoÇaG ( ...) m i ÍHicoX (gr. e disse Abimeleque eAusate [...] e Ficol); a Vulgata verte
como dixitAbimelech etFichol (IaL disse Abimeleque e Ficol) e os targuns de Ônquelos e H ierosolim itano I
traduzem com o * 1 9 $ (aram . e disse Abimeleque e Ficai). Tais versões obedecem à reda­
ção que se encontra no texto original hebraico, apesar de insólito. Observação: a Septuaginta possui o nome
21 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 994-995.
22 Cf. Clines, 2009, p. 450.
22 a . Alonso Schõkel, 2004, p. 659.
24 Cf. Harris, Archer, Jr. e W altke, 1998, p. 1529.
25 Cf. Bíblia: Associação Laical de Cultura Bíblica, 2000, p. 281.
26 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 305.
27 Cf. C lines, 2009, p. 113 e Brown, Driver e Briggs, 19% , p. 306.
28 Cf. Brown, Driver e Briggs, 19% , p. 306.
29 a . W eil, 2001, § 132, p. 17 e Even-Shoshan, 1997, p. 357.
XXX DIFICULDADES TEXTUAIS

Ausate, que seria adição em seu texto, não sendo encontrado no texto original hebraico. Tal adição teria
relação, possivelm ente, com Gênesis 26.26, onde o referido nome próprio m asculino é registrado. O A T If
traduz o sintagm a como et ditA bm élek et Pikol (fr. e disse Abimeleque e Ficot). O A TI verte literalm ente o
texto, obedecendo a suas características gramaticais, apesar de inusitado.

Gênesis 24.63
(hebr. para perambular). Locução verbal que é um hapax legomenon*>, além de ser de tradução
incerta. O -477/opta por pour se promener (fr. para espraiar a si). Koehler e Baum gartner não fornecem
nenhum a definição, registrando apenas as soluções encontradas nas versões clássicas da B íblia,303132que tra­
zem as seguintes opções: a Septuaginta traz àòoXeoxrjoou (gr. recitar); a Vulgata traz ad meditandum (lat.
para meditar) e os targuns de ônquelos e Hierosolim itano I trazem (aram . para orar). Clines de­
fine a referida raiz verbal como m e d ita r Holladay e Kirst et alii comentam que o caso seria inexplicável,
afirmando que as versões bíblicas apresentam apenas suposições.33A lonso Schõkel define como passear ou
vagar.3* O aparato crítico da BHK possui a seguinte anotação sobre o caso: dl àôoX eoxfjoai V ad meditan­
dum-, 1 frt c S tttó S (vel = ambularel) (a Septuaginta possui a leitura àôoX eoxfjoai [gr. recitar], a
Vulgata possui a leitura ad meditandum [lat. para meditar1; ler possivelm ente de acordo com a Peshitta, que
possui a leitura S [hebr. perambular] [ou como X V th [hebr. descer] que em retroversão corresponde
a ambularel [lat. ambular, perambular!]). Observação: as duas expressões verbais hebraicas citadas no
aparato crítico da BHK, em referência à Peshitta, são retroversões do siríaco para o hebraico. A BHS não
possui nota para tal caso em seu aparato crítico. Brown, D river e Briggs remetem a raiz verbal H1& (hebr.
[qaí\) à raiz verbal C21Ü (hebr.perambular [qal\\ comentando que a expressão verbal deveria constar
em Gênesis 24.63 em vez da locução verbal H ^ / - 35Para a m encionada passagem bíblica, o A TI adota a so­
lução defendida por Brown, D river e Briggs, traduzindo a expressão verbal F W 1? como para perambular.

G ênesis 25.8
VSST1?^» (hebr. efo i recolhido aos povos dele). A locução podería ser redigida, teoricam ente, com o
ÍDST1?^! (hebr. e foi recolhido ao povo dele). O A T If adota a expressão les gens de son peuple (fr.
as pessoas de seu povo). As antigas versões bíblicas seguem padrões sim ilares de tradução: a Septuaginta
traduz como kcu jtpooetéBT) Jtpòç tò v Xaòv atm rü (gr. e fo i adicionado ao seu povo); a V ulgata verte
como congregatusque est ad populum suum (lat. e fo i congregado ao seu povo); o Targum de Ônquelos
traduz como rPQi?7 (aram . efo i coletado ao seu povo) e o Targum Hierosolim itano I verte com o
ÍTIpP1? ífjÇ W (aram. fo i coletado ao seu povo) (a diferença entre as duas versões aram aicas é a grafia da
locução verbal). O ATI traduz o sintagm a de m aneira literal, obedecendo às características gram aticais do
texto hebraico, apesar de insólito.

G ênesis 26.14
")j?P nHjpfp1) (hebr. aquisição de gado miúdo e aquisição de gado graádo). Tradução do subs­
tantivo em estado construto singular H3jpp. O A T If traduz o sintagm a com o un troupeau de petít bétail etun
tropeau de gros bétail (fr. um rebanho de gado miúdo e um rebanho de gado graúdo). A s antigas versões
bíblicas apresentam padrões sim ilares de tradução da frase: a Septuaginta verte com o KTijvq Jipofkraov
m l KTqvT) (ioôv (gr. criação de ovelhas e criação de bois); a Vulgata traduz com o possessionem ovinum et
armentorum (lat. possessão de ovelhas e boiadas); o Targum de ônquelos verte com o "H in ‘•ÇVIl TP2
(aram. rebanhos ovelha e rebanhos bois) e o Targum Hierosolim itano I traduz como |'HÍT1 'n '? ) T l'3

30 A expressão técnica hapax legomenon (gr. contado ou dito uma só vez) designa uma palavra ou expressão que ocorre uma única
vez ao longo de uma determinada obra literária, cf. Fischer, 2013, p. 304 e Francisco, 2008, p. 625.
31 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1311-1312.
32 Cf. Clines, 2009, p. 434.
33 Cf. Holladay, 2010, p. 497 e Kirst et alii, 2008, p. 236.
34 Cf. Alonso Schõkel, 2004, p. 638.
35 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 1002.
DIFICULDADES TEXTUAIS XXXI

(aram . rebanhos ovelha e rebanhos bois) (a diferença entre as duas veísões aram aicas é relacionada com
as grafias dos vocábulos). O A TI adota a tradução do item lexicográfíco HJjpÇ com o aquisição de, em vez
de rebanho de, obedecendo à prim eira acepção registrada por K irst et alii e também por causa do contexto
do versículo.36378*40

Gênesis 27.31
Í23 (hebr. o filho dele). Expressão estranha, pois pelo contexto do versículo seria esperada a form a
(hebr. o teu filho): o substantivo [3 (hebr. filho) com o sufixo de segunda pessoa m asculina singular 7] (hebr.
teu). O A 77/adota a locução sonsfils (fr. o seu filho). A s versões bíblicas clássicas apresentam as seguintes
traduções: a Septuaginta traduz com o to O u io i) a tiro u (gr. do seu filho)’, a Vulgata verte como filii tui (la t
do teu filho) e os targuns de Ônquelos e Hierosolim itano I traduzem com o rP "Q 1 (aram. do seu filho).
Infelizm ente, Joüon e M uraoka, Gesenius, K oehler e Baum gartner e Brown, D river e Briggs não com entam
o caso em suas obras. Por outro lado, as obras dicionarísticas do hebraico bíblico incluem a form a Í33 na
lista de possíveis form as de estado construto da lexia |3 (hebr. filho).31 Além disso, a BHK e a BHS não
mencionam tal situação textual em seus aparatos de variantes textuais. O A TI m anteve tradução literal,
apesar de a locução ser im prevista ao contexto do versículo bíblico.

G ênesis 27.40
T"1FI (hebr. te livrares). Locução verbal de significado incerto. De acordo com os dicionários de hebraico
bíblico, tal form a pertence à raiz verbal T H , na conjugação hifil, no tempo im perfeito, segunda pessoa sin­
gular m asculina. Holladay não fornece nenhum a definição e K irst et alii informam que tal vocábulo verbal
é de significado incerto. T ais hebraístas com entam que, provavelm ente, tal form a pertencería à raiz verbal
*7*71 (hebr. obter controle, fazer bater), tam bém na conjugação hifil.3* A lonso Schõkel define a mesma
expressão verbal com o agitar-se, não aguentar.» Clines com enta que, talvez, o significado seria libertar-
s e ’, K oehler e Baum gartner definem com o livrar-se e Brown, D river e Briggs inform am que seria mostrar
inquietação, mas que tal acepção seria duvidosa.110O ATTftraduz com o tu erreras (fr. tu errares). As versões
bíblicas clássicas apresentam diversas opções de tradução: a Septuaginta traduz com o KaOéXflç (gr. tires de
cima); a Vulgata verte como cum excutias (lat. que sacudas)’, o Targum de Ônquelos traduz como
(aram. passarão por cima) e o Targum Hierosolim itano I verte como p I S (aram . removeu). A BHK possui
a seguinte nota em seu aparato crítico sobre tal caso: ô KaOéXqç P excutias £ deposueris = T I F l u» Jub
"H^FI =) *7*7Kn?); prps T jlifÇ l [scil □ 'D '] vel l1*7DFl (a Septuaginta possui a leitura mOeXflç (gr. tires
de cima], a Vulgata possui a leitura excutias [lat. sacudas], a Vetus Latina possui a leitura deposueris [IaL
terás deposto], que em retroversão corresponde a *7117 [hebr. depuseres {?}], o Pentateuco Sam aritano e o
livro dos Jubileus possuem a leitura *7"TKTI [que em retroversão corresponde a 1 1 ^ 0 ? [hebr. seres magni-
ficadol]; é proposto T p lg p i [hebr. prolongares] [isto é D l ' [hebr. dias} ou l1"llpl7 [hebr. te rebelares]).
Observação: o item verbal T*7F1, que é m encionado pela BHK, é retroversão do latim para o hebraico. A
nota do aparato critico da BHS é m ais breve, possuindo, praticam ente, as mesmas inform ações da BHK. Por
fim, a opção de tradução adotada no A TI tem com o base Koehler e Baumgartner.

G ênesis 31 .1 9 ,3 4 e 3 5
□ 'Ç lljin (hebr. os terafins). A palavra D, S ^ n é de tradução com plexa. O A T If transcreve a expressão
D 'B in n com o les teraphim (fr. os terafins). A s opções de se traduzir a locução com o os ídolos ou
com o as imagens são constatadas nas antigas versões da B íblia: a Septuaginta verte com o TÒ ííôcoXa
(gr. os ídolos)’, a V ulgata traduz com o idola (lat. os ídolos) e os targuns de ônq u elo s e H ierosolim itano

36 Cf. Kirst et alii, 2008, p. 139.


37 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 137; Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 120; Alonso Schõkel, 2004, p. 106; H olladay, 2010,
p. 56 e Kirst et alii, 2008, p. 28.
38 « . Holladay, 2010, p. 475 e Kirst et alii, 2008, p. 224.
38 Cf. Alonso Schõkel, 2004, p. 608.
40 Cf. Clines, 2009, p. 415; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1194 e Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 923.
XXXII DIFICULDADES TEXTUAIS

I vertem com o ÍTJIp*?? (aram . as imagens). Os hebraístas apresentam as seguintes opções de tradução:
A lonso Schõkel define com o amuletos, ídolos, imagens efetiches; H olladay e K irst e t alii com o ídolos
e C lines transcreve apenas com o terafins .4142B row n, D river e B riggs definem com o um tipo de ídolo,
objeto de reverência e recursos de adivinhação e K oehler e B aum gartner com entam que a tradução é
m uito com plexa e fornecem imagem com o opção neutra em vez de ídolo .« Com o a citada expressão
é de d ifícil tradução e as várias propostas não são ainda conclusivas, no A TI optou-se por sim ples
transcrição em português com o os terafins, adotando a definição encontrada em C lines e concordando
com oA T If.

Gênesis 33.19
HÇMpjp (hebr. quesitos). Vocábulo desconhecido, indicando algum a m oeda antiga ou algum a m edida
antiga. A s versões bíblicas clássicas vertem ou interpretam de m aneiras variadas a lexia em destaque: a
Septuaginta traduz com o àpvdW (gr. cordeiros); a V ulgata verte com o agnis (lat. cordeiros); o Targum
de Ônquelos traduz como ]Ç "]in (aram . cordeiros novos) e o Targum H ierosolim itano I interpreta com o
(aram . joias). Os hebraístas não apresentam soluções de tradução para a referida unidade le­
xical: A lonso Schõkel tem dúvidas, inform ando apenas que seria moeda ou quantidade de dinheiro;
Holladay com enta que seria antiga moeda de peso ou quantidade desconhecida; K irst et alii tam bém
com entam que seria antiga medida de peso ou quantia desconhecida; Brown, D river e B riggs inform am
que seria unidade desconhecida de valor, talvez de peso e C lines transcreve com o quesito, unidade
monetária desconhecida, talvez de peso de prata .43 K oehler e Baum gartner explicam que a etim ologia é
desconhecida e seria peso antigo que era utilizado como valor monetário, mas de origem e de tamanho
desconhecidos.44 O A T If adota transcrição da referida palavra, com o qesitas. Como a m encionada uni­
dade lexical é de tradução incerta e os dicionários de hebraico bíblico não auxiliam e apenas apresentam
definições genéricas, no ATI optou-se por sim ples transcrição em português com o quesitos, adotando a
opção encontrada em Clines e concordando com o ATIf.

Gênesis 35.7
(hebr. se revelaram para ele o Deus). A locução verbal 1*733 (hebr. se revelaram)
é a única no Pentateuco a estar no plural e se referindo à única divindade de Israel. E sta situação
insólita m erece registro e discussão. O A7 7 /prefere verter com o s ’étaient révéles à lui les dieux (fr.
se revelaram a ele os deuses). As antigas versões da B íblia ora traduzem ora interpretam o trecho em
discussão da seguinte m aneira: a Septuaginta verte com o ènecpávn aúxü) ó 0eòç (gr. manifestou-se a
ele Deus); a V ulgata traduz com o apparuit ei Deus (lat. apareceu a ele Deus); o Targum de ô n q u elo s
interpreta com o PT*7 V??ril< (aram . se revelaram a ele os mensageiros de YHWH) e o
Targum H ierosolim itano I tam bém interpreta como rP^? !K,l73nX (aram . se revelaram
a ele os mensageiros de YHWH) (a diferença entre as duas versões aram aicas é a g rafia da expressão
verbal). C onfirm ando a inform ação sobre as versões bíblicas clássicas, a BHS possui a seguinte nota
em seu aparato crítico: juu<8 S<ED 77*733 (o Pentateuco Sam aritano, a Septuaginta, a P eshitta, o Targum
e a V ulgata possuem a leitura 77*733 [hebr. se revelou]). O bservação: a expressão verbal (hebr.
se revelou), que é citada no aparato crítico da BHS em referência às cinco versões antigas da B íblia,
são retroversões do hebraico sam aritano, do grego, do siríaco, do aram aico e do latim para o hebraico.
A nota do aparato crítico da BHK é m ais breve, possuindo, basicam ente, as m esm as inform ações da
BHS. C oncluindo, o A TI se atém ao texto original hebraico, traduzindo a expressão verbal 1*7}? no
plural e interpretando a denom inação divina D T lS ^ n com o o Deus.

41 Cf. Clines, 2009, p. 495; Alonso Schõkel, 2004, p. 710; Holladay, 2010, p. 563 e Kirst et alii, 2008, p. 270.
42 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 1076 e Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1795.
43 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 903; Clines, 2009, p. 406; Alonso Schõkel, 2004, p. 594; Holladay, 2010, p. 463 e Kirst et
alii, 2008, p. 218.
44 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1150.
DIFICULDADES TEXTUAIS XXXIII
Gênesis 36.24
□ D » 7 rn # (hebr. os iem ins). A unidade lexicográfica D O ' é de tradução duvidosa. A s antigas versões
da B íblia interpretam a expressão D D * rm # da seguinte m aneira: a Septuaginta tran slitera com o
tòv Ia p iv (gr. o lam in ); a V ulgata in terpreta com o aquas colidas (lat. águas quentes); o Targum
de Ô nquelos glosa com o (aram . os fortes ) e o Targum H ierosolim itano I interpreta com o
K rr j-p O (aram . as m ulas). O A T If p refere in terp retar com o les sources chaudes (fr. as fontes quen­
tes). N os dicionários de B row n, D river e B riggs, C lines, H olladay e K irst et alii são encontradas,
basicam ente, as m esm as inform ações: a locução seria vertida, tradicionalm ente, com o mulas, fontes
term ais, águas quentes ou víboras.*» A lonso Schõkel pede para que se deva ler com o D 'D (hebr.
águas).** K oehler e B aum gartner fazem os m esm os com entários dos outros d icionaristas, m as não
fornecerem nenhum a definição que podería ser ú til para tradução. A única inform ação adicional en­
contrada na obra deles é que a expressão é registrada no Pentateuco Sam aritano com o □ <*D',K n, que
tería a seguinte leitu ra □ 'D , K, m as sem nenhum a tradução. 47 A BH K possui a seguinte nota em seu
aparato crítico sobre o assunto: 1 D?Q7T (c f S $")? (a expressão é para ser lid a com o □ 'Q H [hebr. as
águas] [cf. P esh itta e S iro-H éxapla]?). A BHS possui a seguinte anotação em seu aparato crítico : prp
D?@n c f S (é proposta a leitu ra D 'Õ n [hebr. as águas] cf. P eshitta). A posição da BH K é de dúvida
em relação à leitu ra da expressão em discussão com o ü 'Ç in (hebr. as águas), tendo p o r base versões
sírias, enquanto a posição da BH S é de afirm ação. O A T I opta por adotar sim ples transcrição do item
lexical D D ', por causa d o seu significado ainda incerto e pelo m otivo de que os dicionários de hebrai­
co bíblico não auxiliam na tradução. O A T I tam bém não adere a nenhum a das interpretações adotadas
pelas versões clássicas da B íblia, apenas concordando com a S eptuaginta, que adota transliteração.
O utro m otivo p ela preferên cia pela transcrição é o fato de que as observações da BHK e da BHS não
serem seguras o suficiente, apesar da posição afirm ativa desta últim a.

G ênesis 37.3,23 e 32
□ 'Ç S n j n ? (hebr. túnica de peças coloridas). O segundo com ponente d a locução é de tradução
in certa. O A T If p refere trad u zir com o une tunique à m anches (fr. uma túnica de m angas). A s v er­
sões antigas da B íb lia traduzem a referid a expressão d a seg u in te form a: a S ep tu ag in ta v erte com o
X iiâ v a jtoiicíX ov (g r. túnica m ulticolorida); a V ulgata trad u z com o tunicam polym itam (la t. túni­
ca de várias cores); o T argum de Ô nquelos v erte com o 'Ç f f l K3VD (aram . túnica de fa ixa s) e o
T argum H iero so lim itan o I trad u z com o T ^ X D “IÍ3“!S (aram . túnica ornam entada). In felizm en te,
tal caso não é m encionado nos ap arato s crítico s da BH K e da BH S. O s d icio n ário s de h eb raico b í­
b lico fornecem as seg u in tes opções de trad u ção p ara a lo cu ção □ 'O S r u r p , m as sem pre com alg u ­
m a dúvida: túnica de mangas compridas; túnica de pedaços de várias cores; túnica que chega ao
tornozelo; túnica talar e túnica com mangas.*» C lin es d efin e com o túnica de m ateriais coloridos
de modo variado.*» K oehler e B aum gartner com entam as opções ad o tad as p elas an tig as v ersões
b íb licas, não fornecendo nenhum a altern ativ a p ara trad u ção . E les inform am , ain d a, que a lex ia
0 $ in d icaria, provavelm ente, um su b stan tiv o com o palm a da m ão, sola do p é , peça e imposto.»»
B row n, D river e B rig g s definem a referid a u nidade lex ical com o palm a da mão ou sola do p é ,
determ inando que a trad u ção do sintagm a D 'Ç S n iT D seria túnica que alcança as palm as e as so­
las .si A opção peças coloridas, ad o tad a no A T I, re fle te , m as parcialm en te, a d efin ição enco n trad a
em C lines e em H olladay. A lém d isso , o A T I ten d e a concordar com a S ep tu ag in ta e com a V ulgata.

45 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p . 411; C lines, 2009, p. 155; Holladay, 2010, p. 193 e Kirst et alii, 2008, p. 90.
*» Cf. Alonso Schõkel, 2004, p. 281.
47 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p . 415.
*» C f. Alonso Schõkel, 2004, p. 542; H olladay, 2010, p. 417-418 e Kirst e t a lii, 2008, p . 195.
*» Cf. C lines, 2009, p. 361.
50 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 946.
51 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 821.
XXXIV DIFICULDADES TEXTUAIS

G ênesis 37.25 e 43.11


(hebr. e bálsamo). A lexia "HJÍ traduzida como bálsamo e não como mástique. O A 77/prefere traduzir
a locução (hebr. e bálsamo) como et du baume (fi.e d e bálsamo). Âs versões clássicas da B íblia optam
pelas seguintes traduções da m encionada expressão: a Septuaginta traduz como leal ^>T)TÍvtiç (gr. e resina
do pinheiro)', a Vulgata verte como resinam (lat. resina); o Targum de ônquelos traduz com o (aram.
e bálsamo) e o Targum Hierosolim itano I verte como ^ÇSj? (aram. bálsamo). Os dicionários de hebraico
bíblico fornecem as seguintes opções para tradução: mástique, almécega e bálsamo.M Brown, Driver e
Briggs comentam que seria um tipo de bálsamo, como mercadoria,5253 Koehler e Baum gartner comentam
várias opiniões de estudiosos, que definem a unidade iexicográfica "HJÍ como bálsamo ou mástique, sem
fornecer alternativa definitiva para tradução, mas tendendo a aceitar a prim eira opção. Ambos os hebraístas
explicam que deve ser bálsamo, pois o mástique, vindo da ilha de Quios, na Grécia, foi conhecido somente
no período helenístico (c. 4a séc. a.C.).5456A opção adotada no ATI tem com o base as definições fornecidas
por Brown, D river e Briggs, Koehler e Baumgartner, Clines, A lonso Schõkel e K irst et alii, além de concor­
dar com os targuns de ônquelos e H ierosolim itano I.

Gênesis 392
V JIÇ (hebr. os senhores dele). Pelo contexto do versículo a expressão deveria ser redigida, teoricam ente,
como Í34al§ (hebr. o senhor dele). As versões bíblicas clássicas apresentam as seguintes opções de tradução:
a Septuaginta verte como ita p õ xQ icupítp (gr. junto do senhor); a V ulgata traduz como domini sui (la t os
seus senhores); os targuns de ônquelos e Hierosolim itano I vertem como rP3Í3"l (aram . os seus mestres).
O A T If adota sem pre a form a singular son seigneur (fr. seu senhor), porém , o A TI segue o texto original
hebraico, que apresenta a expressão na form a plural, apesar de ser inusitada. Este caso aparece tam bém em
Gênesis 39.3,7,8,16 e 19.

Gênesis 41.43
(hebr. Atençãoí). Palavra de significado incerto, além de ser um hapax legomenon. D e acordo com
hebraístas, tal vocábulo não é de origem hebraica, possivelm ente sendo de procedência egípcia ou sendo
de proveniêneia sem ítica, com o assíria ou acádica. As versões clássicas da Bíblia interpretam de variadas
m aneiras a citada palavra: a Septuaginta interpreta como tcfipuí; (gr. proclamador); a V ulgata glosa com o eo
genu flecterent (la t para que dobrassem o joelho) e os targuns de Ônquelos e H ierosolim itano I interpretam
como t Ç ^ K ^ P K a r a m . este é o pai do rei). Os dicionários de hebraico bíblico apresentam a seguin­
te problem ática: C lines explana que o vocábulo significaria talvez dobrar, aclamar ou ministro; Alonso
Schõkel com enta que a palavra é de significado duvidoso, provavelm ente seria vizir ou primeiro-ministro;
K irst et alii comentam que a exclam ação é de significado incerto; significaria inclinai-vos!; Holladay ex­
plica que a exclam ação indicaria o substantivo gentílico egípcio ou seria um a form a rara do im perativo
da raiz verbal I “p 3 (hebr. prestefm ] homenagem).“ Brown, D river e Briggs explicam que o vocábulo é
de significado duvidoso, podendo ser de origem egípcia, tendo relação com o vocábulo a-bor-k (copta: te
prostre!) ou de procedência sem ítica, tendo relação com a palavra abrikku (assírio: vizir) ou com a lexia
abrik (acádico: vizir) ou ainda com o título abarakku (assírio: grande vizir).^ K oehler e Baum gartner não
fornecem nenhum a alternativa para tradução e as inform ações registradas no dicionário deles são, pratica­
m ente, as m esm as que são registradas tanto em Holladay quanto em Brown, D river e Briggs.57A B H S pos­
sui a seguinte anotação em seu aparato crítico sobre tal caso: a ' vovaxí^Eiv t> uL.. genu flecterent (Á quila
possui a leitura Y ovatí^eiv [gr. fazer ajoelhar-se\; a V ulgata possui a leitura ut... genu flecterent [lat. assim
como... dobrassem o joelho]). A BHK possui anotação um pouco m ais longa, mas sim ilar a da BHS. Por

52 CL C lines, 2009, p. 385; A lonso Schõkel, 2004, p. 566; Holladay, 2010, p. 440 e Kirst et alii, 2008, p. 209.
53 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 863.
54 C f. Koehler e Baum gaitncr,2001, p. 1055.
55 C f. C lines, 2009, p . 3; Alonso Schõkel, 2004, p. 25; H olladay, 2010, p. 4 e Kirst et alii, 2008, p. 2.
56 C f. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 7-8.
57 C f. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 10.
DIFICULDADES TEXTUAIS XXXV

causa da incerteza constatada entre as obras dicionarísticas e por causa da insegurança verificada entre as
duas edições acadêmicas do texto bíblico hebraico, adotou-se no ATI a opção do ATIft que interpreta a lexia
^ 1 5 8 com o attention! (fr. atenção!), apesar da dúvida de tal acepção.

G ênesis 44.8
T pnij! (hebr. os teus senhores). Pelo contexto do versículo a expressão em destaque deveria ser redigida,
teoricam ente, com o TJJÍK (hebr. o teu senhor). As versões bíblicas clássicas apresentam as seguintes op­
ções de tradução: a Septuaginta verte como tov icvpíov oov (gr. do teu senhor); a Vulgata traduz como
domim tui (lat. do teu senhor) e os targuns de Ônquelos e Hierosolim itano I vertem como 7|JÍ3”! (aram. o
teu mestre). O A 7 7 /adota sempre a form a singular de ton seigneur (fr. de teu senhor), porém, o A TI segue
o texto original hebraico, que apresenta a expressão na forma plural, apesar de ser inusitada. Este caso.
aparece também em Gênesis 24.51.

Gênesis 49.3-27
A bênção de Jacó. Texto em hebraico arcaico, com inúm eras situações de hapax legomenon, vocabulário
raro, além de tradução dificílim a. As diversas versões bíblicas em português apresentam variadas interpre­
tações do texto. O A TI procura apresentar tradução que tende a refletir, o m ais próximo possível, o texto
original hebraico, apesar de o mesmo parecer sem sentido algum em m uitos trechos e sendo m uitíssim o
obscuro em outros.

G ênesis 49.11
'3 3 (hebr. o filhote de). Expressão estranha, pois pelo contexto do versículo seria esperada a form a ~{3
(hebr. o filhote de): o item lexical ]3 (hebr. filhote) em estado construto singular, possuindo o sinal maqqêf
("). As versões clássicas da B íblia vertem da seguinte m aneira tal locução: a Septuaginta traduz como tòv
JtG>X,ov (gr. o jumentinho) e a Vulgata verte com o o fili m i (lat. ó meu filho). Não há correspondência da
expressão hebraica tanto no Targum de ônquelos quanto no Targum Hierosolim itano I, os quais interpre­
tam o versículo, segundo a interpretação rabínica da época talm údica. Os textos dos dois targuns são muito
diferentes em relação ao texto original hebraico. Segundo Joúon e M uraoka, a locução 'I S seria fanna
insólita de estado construto singular do substantivo ]3 , sendo análoga da expressão cm estado construto
singular '3fc$ (hebr. o pai de). Ambos os hebraístas denom inam o fonem a ' com o hiriq compaginis (lat. hiriq
de conexão) ou hiriq de estado construto, que aparece em algum as unidades lexicais em estado construto
singular como '3 $ (hebr. o pai de), 'lltj! (hebr. o irmão de), "'DO (hebr. o sogro de) etc. A função do hiriq
compaginis ou hiriq de estado construto é fazer ligação do vocábulo em estado construto com o vocábulo
seguinte. Eles explicam , ainda, que a form a '3 3 (hebr. o filhote de) é registrada em textos poéticos e ar­
caicos da B íblia Hebraica.:» Gesenius, explanando o mesmo assunto, denom ina o fonem a' com o litterae
compaginis (lat. letra de conexão). Ele diz que, provavelm ente, a litterae compaginis é utilizada como
term inação especial, quando o vociábulo em estado construto enfatiza relacionam ento, com o nos seguintes
exemplos: ‘'3 8 (hebr. o pai de), ' 11$ (hebr. o irmão de), 'B n (hebr. o sogro de), '3 3 (hebr. o filho de) etc.»
Blau comenta que o fonem a ', para alguns hebraístas, seria form a arcaica do estado construto encontrada
no texto bíblico hebraico, m as afirm a também que a sua proveniência é ainda incerta.» W altke e 0 ’Connor
também mencionam tanto o hiriq compaginis quanto o litterae compaginis, dizendo que tal fenôm eno é
obscuro e raro, sendo debatido pelos estudiosos, m as sendo ainda inexplicado.*61 Infelizm ente, a BHK e a
BHS não mencionam tal caso em seus aparatos críticos. As obras dicionarísticas incluem a form a '3 3 na
lista de possíveis form as de estado construto da lexia ]3 (hebr. filho ).62O ATIf, concordando com tais apon­

» Cf. Joüon e Muraoka, 2009, p. 259 e 261.


» CS. G esenius, 1980, p. 253-254.
» Cf. Blau, 2010, p. 269-270.
61 Cf. Waltke e 0 ’Connor, 2006, p. 127.
62 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 137; Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 120; Alonso Schõkel, 2004, p. 106; Holladay, 2010,
p. 56 e Kirst et alii, 2008, p. 28.
XXXVI DIFICULDADES TEXTUAIS

tam entos gram aticais, traduz a locução em discussão com o lefils de (fr. o filho de). O ATI também segue
as mesmas orientações de Joüon e M uraoka, Gesenius e Blau, considerando a locução ^ como ocorrência
especial de estado construto singular da palavra ] 3 (hebr. filhote)filho).

Êxodo 122
r n k 'n (hebr. para o rio Nilo). A unidade lexical "IK' traduzida com o rio Nilo ou com o canal do rio Nilo.
A locução rn íO n (hebr. para o rio Nilo) é traduzida da seguinte form a pelas antigas versões bíblicas: a
Septuaginta traduz com o e í ç tòv Jio tap ò v (gr. para o rio); a V ulgata verte com o influm en (lat. no rio) e
os targuns de ônquelos e Hierosolim itano I traduzem com o to n j^ í (aram . no rio). Os dicionários de he­
braico bíblico definem a lexia da seguinte form a: Nilo, rio, o grande rio, braços e canais do Nilo, delta do
Nilo e g a le r ia s Brown, D river e Briggs com entam que a lexia seria em préstim o linguístico de pro­
cedência egípcia, tendo relação com os vocábulos eioor, eiero, iaro, ior, ’iotr‘o e ‘io‘r ‘o (copta: N ilo).6*O
A T If prefere traduzir a expressão com o au N il (fr. ao Nilo), porém, o ATI adota o sentido prim eiro da ex­
pressão, como rio Nilo, traduzindo a referida locução que possui o sufixo hê-locale com o para o rio Nilo.

Êxodo 4 2 9
PltÇib (hebr. e fo i M oisés eArão). Texto que apresenta situação de discordância verbal e nomi­
nal. O .A77/traduz como et alia M oise etAaron (fr. e fo i M oisés eArão). Tanto o A T If quanto o ATT adotam o
mesmo padrão de tradução, apesar de insólito. A referida frase é vertida pelas versões clássicas da B íblia da
seguinte maneira: a Septuaginta traduz com o éjtopeúôq ôè Mcouofjç ícai A apoiv (gr. ora dirigiu-se Moisés
eArão); a Vulgata verte como veneruntque simul (lat. e vieram juntamente) e os targuns de Ônquelos e
Hierosolim itano I traduzem com o n$b (aram . e foi Moisés eArão).

Êxodo 5.6; N úm eros 11.16 e D euteronôm io 16.18


VHtpítí- n # l (hebr. e os notários dele). A unidade lexical traduzida com o notários (cf. Êx 5.6) e
como oficiais subordinados (cf. Nm 11.16 e D t 16.18). O A T //traduz a locução V*1DÍ0Ttt$,| com o e tà se s
secrétaires (fr. e aos seus secretários). As antigas versões clássicas da B íblia vertem da seguinte form a a
expressão em destaque: a Septuaginta traduz como m l to lç YpaixpateÍJOiv (gr. e aos registradores); a
Vulgata verte como et exactoribus populi (lat. e os exatores do povo); o Targum de Ônquelos traduz como
■’ÍTto")Ç (aram. líderes) e o Targum Hierosolim itano I verte como 'iÒ n ç (aram . líderes) (a diferença entre
as duas versões aram aicas é relacionada com a ortografia da unidade lexical). De acordo com os hebraístas,
a lexia □'Htpã? podería ser traduzida da seguinte m aneira: funcionários, escribas, secretários, oficiais, ar­
quivistas, comissários, alguazis, brigadas e guardas.66 De acordo com Clines, o mencionado item lexical
se r ia vertido como oficiais (subordinados).“ Koehler e Baum gartner, não fornecendo nenhuma opção para
tradução, comentam várias opiniões de hebraístas, dizendo que tal unidade lexicográfica seria de procedên­
cia sem ítica, tendo relação com o substantivo Satãru (acádico: exemplar, inscrição, documento, escrita).67
Ainda segundo as obras dicionarísticas, a lexia é um particípio derivado da raiz verbal (hebr. [signi­
ficado?]), mas não fornecerem nenhum a possível tradução.68 Apenas Brown, D river e Briggs e Koehler e
Baum gartner informam que a referida raiz verbal hebraica tem origem sem ítica, tendo relação com a raiz
verbal Satãru(m) (acádico: escrever).69 A opção de se traduzir o vocábulo D 'H ipü como notários no ATI
tem por base as várias alternativas registradas pelos dicionários, indicando algum funcionário que anota,
registra ou elabora documentos, por causa do contexto da narrativa de Êxodo, capítulo 5. A alternativa de

63 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 381-382; Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 384; Clines, 2009, p. 143; Alonso Schôkel, 2004,
p. 262; Holladay, 2010, p. 179 e Kirst et alii, 2008, p. 84.
64 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 384.
65 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 1009; Alonso Schõkel, 2004, p. 667; Holladay, 2010, p. S22 e Kirst et alii, 2008, p. 249.
66 a . Clines, 2009, p. 457.
67 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1475-1476.
68 Cf. Clines, 2009, p. 457; Alonso Schõkel, 2004, p. 667; Holladay, 2010, p. 522 e Kirst et alii, 2008, p. 249.
69 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 1009 e Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1475-1476.
DIFICULDADES TEXTUAIS XXXVII

se traduzir como oficiais subordinados, nos livros de Números e de Deuteronômio no ATI, tem por base a
definição fornecida por Glines.

Êxodo 6.26
WH (hebr. eleArâo e Moisés). Texto que apresenta situação de discordância verbal e no­
m inal. O A T If traduz como lui Aaron et M oíse (fr. ele Arão e Moisés). Am bas as edições interlineares
adotam o mesmo m odelo de tradução, mesmo que seja inusitado. As versões bíblicas clássicas resolvem
do seguinte modo tal frase: a Septuaginta opta em verter como o S xo ç A apw v tcal M w uoíjç (gr. este
éA rão e Moisés); a Vulgata prefere traduzir como iste est Aaron et Moses (lat. este éA rão e Moisés);
o Targum de ônquelos opta em verter com o WH (aram . ele é Arão e M oisés) e o Targum
H ierosolim itano I prefere traduzir como p H K IITK (aram . ele é Arão e M oisés) (a diferença
entre as duas versões aram aicas é relacionada com a ortografia do pronom e pessoal de terceira pessoa
m asculina singular).

Êxodo 6.27
(hebr. ele Moisés éArão). Texto que apresenta situação de discordância verbal e nomi­
nal. O A T If traduz como lui Moíse et Aaron (fr. ele M oisés éArão). Tanto o A T If quanto o A TI adotam a
mesma tradução, apesar de inusitado. As antigas versões bíblicas solucionam da seguinte form a tal frase: a
Septuaginta soluciona como a ô rò ç A apw v ícal M w uaíjç (gr. eleArâo e Moisés); a V ulgata resolve como
iste Moses et Aaron (lat. este M oisés éArão); o Targum de Ônquelos determ ina como ÍTDb KV1
(aram. ele Moisés éArão) e o Targum H ierosolim itano I resolve interpretar com o K '3? íl2?Q tOH
NJEJIp (aram . ele Moisés, o profeta éArão, o sacerdote). A s três prim eiras versões bíblicas mantêm padrões
sim ilares de tradução, sendo m uito próxim as ao texto original hebraico, enquanto a quarta versão bíblica
refere interpretar a frase, na tentativa de dar algum a lógica redacional.

Êxodo 15.2-18
O cântico do M ar. Texto em hebraico arcaico, com algum as situações de hapax legomenon, vocabulário
raro, além de tradução, parcialm ente, difícil.

Êxodo 16.23
\ir \y ê (hebr. sábado de cessação). O item lexicografico ]1TQE? é de difícil tradução. O A T If opta em
traduzir a referida lexia com o un repos de sabbat (fr. um repouso de sábado). A s versões bíblicas clás­
sicas vertem o vocábulo do seguinte modo: a Septuaginta verte com o o ó ^ fk rta (gr. sábados); a V ulgata
traduz com o sabbati (lat. sábados); o Targum de Ô nquelos traduz com o KTl^P (aram . sábado) e o Targum
H ierosolim itano I verte como Kip# (aram . sábado) (a diferença entre as duas versões aram aicas é rela­
cionada com a ortografia do item lexical). Os dicionários apresentam as seguintes acepções possíveis do
vocábulo em destaque: feriado sabático, descanso solene, solenidade sabática, festa de sábado, sábado,
descanso e dia (especial) de sábado.70 Koehler e Baum gartner definem , basicam ente, a lexia j i r ç $ como
sábado, mas com entam, tam bém , que o vocábulo podería ser derivação de algum sentido específico ainda
não claro da palavra TQ tf (hebr. sábado). Eles explicam , ainda, que a unidade lexical ]1 T I^ podería ser
am pliação artificial, um dim inutivo, entre outras possibilidades sem ânticas, do vocábulo T Ç tf (hebr. sá­
bado), indicando um sábado que deveria ser celebrado de m aneira especial.7' Brown, D river e Briggs pre­
ferem definir com o observância do sábado, sabatismo.72 Em relação à locução (cf. Lv 25.4),
Koehler e Baum gartner opinam que esta deveria ser traduzida como um sábado com celebrações especiais
de sábado. Brown, D river e Briggs sugerem sábado de observância sabática.72 O ATI, se afastando das

70 Cf. C lines, 2009, p. 448; Alonso Schükel, 2004, p. 658; Holladay, 2010, p. 513 e Kirst et alii, 2008, p. 244.
71 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1411-1412.
72 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 992.
73 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1412 e Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 992.
XXXVIII DIFICULDADES TEXTUAIS

diversas propostas apresentada pelos hebraístas, prefere verter a referida expressão como sábado de sábado
de cessação, relacionando a lexia ]ÍrQ $ com a raiz verbal 1*027 (hebr. cessar [qal\, fazer cessar [hifil]),
procurando m anter a ideia básica e prim ária de um determ inado período de tempo de celebração que im pli­
ca em cessação, cessamento, interrupção, descontinuação, parada etc.

Êxodo 17.16
- n o p S ip ç ? rrç rr1? n o n ^ a ? r o s -1? ? t - o (hebr. E disse: Porque mão contra o trono de
YH, guerra de YHWH contra Amaleque; de geração geração). Versículo de redação obscura. A s diversas ver­
sões bíblicas clássicas apresentam distintas opções de tradução de tal verso bíblico: a Septuaginta traduz como
õ ri èv xeipi Kpuqpaía noX qiei cúpioç èjil A |kxXt| k ánò yevernv elç yeveáç (gr. Porque com mão oculta
combate o Senhor contra Amaleque de gerações em gerações); a Vulgata verte como quia manus soliiDomini
et bellum Dei erít contra Amalech a generatione in generationem (lat. Porque a mão do trono do Senhor e
a guerra de Deus será contra Amaleque de geração em geração); o Targum de Ônquelos interpreta como
v ^ m o n p p i n t c r n x n s r n tf a n a » ] n n p p r t n r w ? fh a o r v o - p " a i p x p n p n j n n
-p n sn (^am . E disse em juramento, dizendo isto: Perante o temível da sua
habitação sobre o seu trono de honra que está preparado, que será combatida uma guerra perante YHWH
contra a casa de Amaleque para serem destruídos das gerações do mundo) e o Targum H ierosolim itano
i interpreta com o « o n p n ’’?! r r - w n ? K irn r r n ^ r r o - r a s K n o -o o n ç “)DK1
t i k i «ip*psn x - n m K n ^ a i « " in p 5! j n K D ^ in x n i a i r * n ■'nbnS ] in b : ,r £ ' !
(aram . E disse: Porque estabeleceu a palavra de YHWH pelo seu trono de sua honra, que ele pela sua
palavra combaterá guerra contra a casa de Amaleque e os destruirá até três gerações; desde a geração
deste mundo, e desde a geração do messias e desde a geração do mundo por vir). A Septuaginta e a
Vulgata tendem a ser próxim as ao texto original hebraico, apresentando pequenas divergências textuais,
enquanto os targuns de Ônquelos e Hierosolim itano I são expansivos e interpretativos, principalm ente o
últim o deles, apresentando textos longos e com interpretações rabínicas da época talm údica. O A T If opta
por E t il dit: Car une main contre le trône de YHWH uncombat pour YHWH contreAmaleq de génération
en génération (fr. E ele disse: Porque uma mão contra o trono de YHWH um combate por YHWH contra
Amaleque de geração em geração). O A TI prefere traduzir o texto de modo literal, procurando ser o m ais
próximo possível ao texto original hebraico de tradição m assorética, m esm o que seja de redação in­
sólita. A BHS possui a seguinte anotação em seu aparato crítico sobre algum as palavras e expressões do
versículo em discussão: 5 h ’ = ecce || juiS KÇ3, ® (èv x eipi) KpucpaUy = FPD?, t>, soliumDomini = PPÇ?
vel FP K 03 (a Peshitta possui a leitura h ’ (sir. eis), que em retroversão corresponde ao vocábulo latino eis;
o Pentateuco Sam aritano e a Peshitta possuem a leitura [hebr. trono], a Septuaginta possui a leitura
[êv XEipi] Kpuqpaía [gr. {por uma mão} oculta], que em retroversão corresponde à palavra iTÇÇ [hebr.
oculta], a Vulgata possui a leitura solium Domini [lat. o trono do Senhor], que em retroversão corresponde
à locução r r s ? [hebr. o trono de YH] ou à expressão HJ KÇ? [hebr. o trono de YH]). Observação: as
palavras e as expressões que são citadas pela BHS em referência ao Pentateuco Sam aritano, à Peshitta, à
Septuaginta e à V ulgata são retroversões do hebraico sam aritano, do siríaco, do grego e do latim para o
hebraico. A BHK possui anotação em seu aparato crítico que é sim ilar à anotação registrada no aparato
crítico da BHS, contendo, basicam ente, as m esm as inform ações.

Êxodo 23.17
(hebr. todo o teu de qualidade masculina). A unidade lexical “HDT traduzida como de qualidade
masculina. 0 A T If opta em traduzir a locução (hebr. todo o teu de qualidade masculina) como
tout mâle de toi (fr. todo o teu macho). As versões bíblicas clássicas preferem traduzir da seguinte m aneira
a citada expressão: a Septuaginta opta em verter como n âv ápoEviicóv oou (gr. todo o teu pertencente
ao sexo masculino); a Vulgata prefere traduzir como omne masculinum tuum (lat. todo o teu varão) e os
targuns de ônquelos e Hierosolim itano I optam em traduzir como (aram. toda a tua população
masculina). Normalmente, o vocábulo ~nD| é definido nos dicionários de hebraico bíblico como macho,
DIFICULDADES TEXTUAIS XXXIX

varão, o que é macho e o que é masculino.7* O ATI opta em traduzir tal lexia com o de qualidade masculina,
tendo por base Koehler e Baum gartner.75

Êxodo 23.28 e Deuteronômio 7.20


n s n $ r r n § (hebr. o vespão). O vocábulo 719**)$ é de tradução duvidosa, denotando algum inseto. O A TIf
traduz a expressão n ín x n T IK (hebr. o vespão) como le frelon (£r. o vespão). A referida locução é traduzida
pelas versões bíblicas clássicas da seguinte maneira: a Septuaginta prefere traduzir como xàç oqpqiáaç (gr. o
enxame de vespas); a Vulgata opta em verter como crabrones (lat. os vespões); o Targum de Ônquelos prefere
traduzir como IV (aram. a vespa) e o Targum Hierosolimitano I opta em verter como RTPlHíK IV
(aram. a vespa) (a diferença entre as duas versões aramaicas é relacionada com a ortografia do vocábulo). As
quatro versões bíblicas apresentam o mesmo padrão de tradução da lexia como vespa ou vespão. Os dicioná­
rios de hebraico bíblico apresentam as seguintes opções para tradução: depressão, desencorajamento, desâ­
nimo, pânico (vespão), vespa e vespão.n Koehler e Baumgartner, não fornecendo nenhuma alternativa para
tradução, comentam que a palavra é de etimologia incerta. Eles citam as mesmas opções mencionadas pelos
outros hebraístas e concluem que a opção vespão, que é adotada pelas antigas versões bíblicas, é preferível.77
O ATI, acatando as observações de Koehler e Baumgartner, traduz o item lexical nSTjS como vespão.

Êxodo 25.5
(hebr. toninhas). A palavra é de significado incerto, denotando algum animal mamífero aquá­
tico. O A T If prefere traduzir a locução D 'Ç n n (hebr. toninhas) como dauphins (fr. delfins). As versões
clássicas da B íblia traduzem de variadas m aneiras a mencionada expressão: a Septuaginta prefere traduzir
como (laKÍvQlva (gr. azuis escuros); a Vulgata opta em verter como ianthinas (lat. violetas) e os targuns de
ônquelos e Hierosolimitano I preferem traduzir como KJÍ3Ç9 (aram. [significado?]). Jastrow apenas fornece
transcrição do vocábulo M Í3Ç9 como sasgona ou sasg’vana, que seria algum animal, m as não especifica qual
seria. Sokoloff informa apenas que o significado da palavra JUDO (a grafia que consta em seu dicionário) não
é claro, não fornecendo nenhuma opção para tradução.78 Os dicionários oferecem as seguintes alternativas
para a unidade lexical em destaque: toninha, delfim, golfinho e porco marinho.79Brown, D river e Briggs co­
mentam que o vocábulo indica algum tipo de couro ou pele, e talvez o próprio animal que possui tal pele ou
couro. Eles sugerem que, provavelmente, o animal seria dugongo. Os três hebraístas comentam, ainda, que a
palavra podería ter relação com o vocábulo de proveniênda semítica tahSu (assírio: pele [de ovelha]) ou ter
relação com a lexia de procedência egípcia thS (copta: couro).90 Clines define como golfinho ou toninha, mas
informa, também, que podería ser outro animal cuja pele seria utilizada como couro, ou talvez tahash, um tipo
especial de couro.31 Koehler e Baumgartner comentam que a lexia é de origem incerta e citam a possibilidade
de ser golfinho ou um tipo especial de couro importado do Egito. Os dois hebraístas recomendam, ainda, que
por causa da evidente incerteza, talvez a palavra não devesse ser traduzida, sendo apenas transliterada como
tahash.92Por não haver opção conclusiva, o A TI adota a definição fornecida por Clines, por Alonso Schõkel e
por Holladay, traduzindo a unidade lexical tfllFI como toninha, apesar da incerteza de tal acepção.

Êxodo 25.17
r n f e j (hebr. cobertura de expiação). O vocábulo IT IB J vertido, tecnicam ente, com o cobertura de ex-
piaçâo. O A T If opta em traduzir a referida unidade lexical com o couvercle (fr. cobertura), concordando,
parcialm ente, com o A 77. D e acordo com os dicionários de hebraico bíblico, a palavra podería ser traduzida,
74 C£ Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 271; Clines, 2009, p. 100; Alonso Schõkel, 2004, p. 192; Holladay, 2010, p. 124eK iistetalii,2008,p.58.
75 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 269.
76 Cf. a in es,2009, p .385; Brown,Drivere Briggs, 19%,p .864; Alonso Schõkel, 20M, p.567; Hrtbday, 2010, p. 441 e Kirst etalii, 2008, p. 209.
77 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1056-1057.
78 Cf. Jastrow, 2005, p. 1009 eS ok oloff, 2002, p. 384.
79 Cf. Alonso Schõkel, 2004, p. 701; Holladay, 2010, p. 554 e Kirst et alii, 2008, p. 266.
80 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 1065.
81 C f. Clines, 2009, p. 486.
82 a . Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1720-1721.
XL DIFICULDADES TEXTUAIS

igualm ente, como propiciatório, tampa, tampão, placa e c o b e r tu r a Em diversas traduções em português,
a referida lexia é vertida, tradicionalm ente, como propiciatório. Tal preferência é encontrada na Vulgata,
que traduz o vocábulo como propitiatorium (lat. propiciatório). A Septuaginta verte a mesma palavra como
iX ao rip io v (gr. oferta expiatória, oferta propiciatório). Os targuns de ônquelos e Hierosolim itano 1 tradu­
zem o referido item lexicográfíco como K TIlíSS (aram. cobertura). Brown, Driver e Briggs, definindo o
item lexical IVIBS apenas como propiciatório, comentam que a mesma seria palavra técnica tardia perten­
cente à raiz verbal I "lED (hebr. cobrir, expiar, apaziguar, aplacar [piei]). Koehler e Baumgartner preferem
definir como expiação, também relacionando a lexia com a citada raiz verbal. Clines fornece as seguintes
alternativas para tradução: cobertura, tampa, assento de misericórdia e propiciatório. Holladay comenta
que a tradução literal da citada palavra seria algo como execução da reconciliação ou execução da expiação,
contudo, não fornece m aiores detalhes sobre tal asserção.84 Por causa da incerteza dos hebraístas em forne­
cerem um significado exato e seguro, no ATI optou-se por alternativa baseada na raiz verbal I IB S (hebr.
expiar, cobrir [pie/]), procurando m anter a ideia básica e prim ária de cobertura e de expiação, resultando na
tradução como cobertura de expiação. Tal opção é justificada pelo fato de que a unidade lexicográfica r n f e j
servir tanto de cobertura para a arca da aliança quanto para expiação feita pelo sumo-sacerdote israelita.

Êxodo 28.17 e 39.10


n[?“Q ,l rn tp Ç (hebr. peridoto e esmeralda). Itens lexicais de significados incertos, denotando determ ina­
das pedras preciosas. O .A77/prefere traduzir as duas unidades lexicográficas como topaze et émeraude (fr.
topázio e esmeralda). A s antigas versões bíblicas resolvem traduzir da seguinte form a as duas palavras: a
Septuaginta resolve traduzir como xojtáÇ iov tcai o|xápaYÔoç (gr. topázio e esmeralda); a Vulgata decide
verter como topazius et zmaragdus (lat. o topázio e a esmeralda); o Targum de ônquelos opta em traduzir
como (aram . [significado?] e [significado?]) e o Targum Hierosolim itano I prefere verter como
K npa] 3 !l KHjpT (aram. [significado?] e [significado?]). Jastrow inform a apenas que a lexia Ij^V (a grafia
que consta em seu dicionário) seria um a jo ia esverdeada e que a unidade lexical (a grafia que cons­
ta em seu dicionário) seria, também, um a joia, talvez esmeralda, m as sem decidir, de modo seguro, qual
seria. Sokoloff com enta que a unidade lexical np*V (a grafia que consta em seu dicionário) seria algum
nome de joia, mas não especifica qual seria e que a lexia np*T2 (a grafia que consta em seu dicionário)
seria, igualm ente, uma joia, mas sem explicitar qual seria.*» P aia Koehler e Baum gartner as duas palavras
hebraicas seriam topázio e esmeralda ou berilo; para Brown, D river e B riggs seriam topázio ou crisólito e
esmeralda; para Alonso Schõkel seriam topázio e esmeralda; para Holladay seriam crisólito e esmeralda
ou berilo e para K irst et alii seriam topázio e berilo verde-escuro.** A s definições peridoto e esmeralda, que
são adotadas no ATI, têm por base C lines, por ser a obra lexicográfica m ais recente.87

Êxodo 28.18 e 39.11


D ^ lT l T B O (hebr. turquesa, lápis-lazúli e diamante). Palavras de significados duvidosos, denotando
determ inadas pedras preciosas. O A T If opta em verter as três lexias como malachite lápis-lazuli et diamant
(fr. malaquita, lápis-lazúli e diamante). A s versões bíblicas clássicas verteram da seguinte form a os três
vocábulos: a Septuaginta traduz com o fiv6 p a | icdt oóottpeipoç KCtl ta o ju ç (gr. carbúnculo, e lápis-lazúli
e jaspe); a Vulgata verte com o carbunculus sapphyrus et iaspis (lat. o carbúnculo, a safira e o jaspe); o
Targum de Ônquelos traduz com o D l^ rip P ] (aram. esmeralda, safira e diamante) e o
Targum Hierosolim itano I verte com o ]W TÍÍD Í. (aram . esmeralda, e safira e calce-
dônió). Koehler e Baum gartner informam que a prim eira seria algum a pedra sem ipreciosa encontrada no
Sinai, a segunda seria lápis-lazuli e a terceira seria algum a pedra preciosa, mas de etim ologia e de signifi-

83 Cf. Alonso Schõkel, 2004, p. 325; Holladay, 2010, p. 231 e Kirst et alii, 2008, p. 104.
84 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 498; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 495; C lines, 2009, p. 182 e Holladay, 2010, p. 231.
88 a . Jastrow, 2005, p. 197 e 598 e Sokoloff, 2002, p. 115 e 246.
88 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 140 e 809; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 162 e 924; Alonso Schõkel, 2004, p. 120 e 534;
Holladay, 2010, p. 67 e 413 e Kirst et alii, 2008, p. 34 e 193.
87 Cf. Clines, 2009, p. 57 e 356.
DIFICULDADES TEXTUAIS XLI

cado incertos; Brown, D river e Briggs conjecturam que a prim eira seria rufei ou carbúnculo, a segunda seria
safira ou lápis-lazúli e a terceira seria jaspe ou ônix, m as demonstram incerteza em todas as definições;
Alonso Schõkel supõe que a prim eira seria turquesa, malaquita ou granada, a segunda seria lápis-lazúli
ou safira e a terceira seria jaspe ou diamante, m as dem onstra dúvidas; Holladay cogita que a prim eira seria
turquesa, malaquita ou granada, a segunda seria lápis-lazúli e a terceira seria algum a pedra preciosa, mas
de significado incerto e K irst et alii comentam que a prim eira seria algum a pedra sem ipreciosa, a segun­
da seria safira e a terceira seria alguma pedra preciosa, m as de significado incerto.8» C lines supõe que a
prim eira seria turquesa ou granada ou algum a outra pedra (sem i)preciosa, a segunda seria lápis-lazuli e a
terceira seria, talvez, ônix.1®A s definições turquesa, lápis-lazuli e diamante, que são adotadas no ATI, têm
por base C lines, por ser a obra lexicográfica m ais recente, exceto na definição da terceira unidade lexical.

Êxodo 28.19 e 39.12


n ^ n « l t o ? e # 1? (hebr. jacinto, ágata e ametista). Lexias de significados incertos, denotando determ i­
nadas pedras preciosas. O A T If opta em as traduzir como opale agathe et améthiste (fr. opala, ágata e ame­
tista). São encontradas as seguintes soluções para as três unidades lexicais nas versões clássicas da Bíblia:
a Septuaginta prefere verter como Xiyúpiov, ò /á triç m i àp iO u o to ç (gr. liguro, ágata e ametista); a
Vulgata opta em traduzir também como ligyrius achates et amethistus (lat. o liguro, a ágata e a ametista); o
Targum de ônquelos prefere verter como K*??"1? 'pü'] *’“T 3 5 p (aram . [significado?], turquesa e olho
de bezerro) e o Targum Hierosolimitano I opta em traduzir também como S íP (aram.
[significado?], e turquesa e olho de bezerro). O vocábulo Xtyúpiov é de difícil tradução, além de não ser ates­
tado em documentos anteriores à Septuaginta, indicando um a antiga pedra piedosa. A lexia é registrada tam­
bém na referida versão grega, em Ezequiel 28.13.90 O correspondente em português é o vocábulo liguro.9' A
palavra latina ligyrius seria, possivelmente, transcrição do item lexical grego Axyúpiov. Jastrow informa ape­
nas que a lexia 'HSlJp P T S Jj? (as grafias que constam em seu didonário) seria um pequeno tipo de diamante,
mas sem especificar qual seria.92 Sokoloff não registra tal lexia aram aica em seu didonário. Jastrow explica
que a locução 'fJ? (aram. olho de bezerro) seria alguma joia, m as não explidta qual seria.” Sokoloff
não registra a m endonada expressão aram aica em seu didonário. Koehler e Baumgartner informam que a
prim eira é de significado incerto e não fornecem nenhuma alternativa confiável para tradução, a segunda seria
ágata e a terceira seria jaspe; Brown, Driver e Briggs informam que a prim eira é de significado duvidoso, não
fornecendo nenhuma alternativa segura para tradução, a segunda é, igualmente, de significado duvidoso e a
terceira seria ametista, mas comentam que é de etim ologia imprecisa; Alonso Schõkel define que a prim eira
seria jacinto, a segunda seria ágata e a terceira seria ametista; Holladay comenta que a prim eira é desconhe­
cida, a segunda seria alguma pedra preciosa e a terceira seria jaspe c K irst et alii comentam que a prim eira
seria alguma pedra preciosa, talvez ágata, a segunda s a ia , também, alguma pedra preciosa e a terceira s a ia ,
igualmente, alguma pedra preciosa, talvez ametista, por causa da opção adotada pela Septuaginta.5*4 Clines
supõe que a primeira seria jacinto ou talvez comalina opaca, a segunda seria ágata e a terceira seria ametista
ou jaspe ou alguma outra pedra preciosa." As definiçõesjacinto, ágata e ametista, que são registradas vo ATI,
têm por base Clines, por ser a obra lexicográfica m ais recente, apesar da insegurança de tais acepções.

Êxodo 28.20 e 39.13


tf ,*tf"]!0 (hebr. crisólito, e ônix e jaspe). Unidades lexicais de significados duvidosos, de­
notando determ inadas pedras preciosas. O ATTf as traduz com o chrysolithe et onyx et jaspe (fi. crisólito,
88 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 240,6 5 6 e 705; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 397,7 0 9 e 764; A lonso Schõkel, 2004, p.
271,441 e 470; Holladay, 2010, p. 185,342 e 367 e Kirst et alii, 2008, p. 8 6 ,1 5 9 e 170.
89 Cf. Clines, 2009, p. 149,278 e 301.
90 Cf. Muraoka, 2009, p. 431.
95 Cf. Houaiss e Villar, 2001, p. 1757.
92 Cf. Jastrow, 2005, p. 1393.
93 Ibidem, p. 1067.
94 Cf. Brown, Driver e Briggs, 19% , p. 2 9 ,5 4 5 e 986; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 3 4 ,5 3 7 e 1383; Alonso Schõkel, 2004, p.
4 2 ,3 4 9 e 653; Holladay, 2010, p. 13,253 e 509 e Kirst et alii, 2008, p. 8 ,1 1 2 e 242.
98 Cf. Clines, 2009, p. 12,198 e 445.
XLil DIFICULDADES TEXTUAIS

e ônix e jaspe). As antigas veisões da B íblia traduzem da seguinte m aneira os três itens iexicográficos: a
Septuaginta prefere verter com o xpvoóXiGoç ícal PqpúXXiov ícal òvúxiov (gr. crisólito, e berilo e ônix);
a Vulgata opta em traduzir como chrysolitus onychinus et berillus (lat. crisólito, ônix e berilo); o Targum
de ônquelos prefere verter com o , "!, P35:I K ^ !G !I KEP D ll? (aram . verde-marinho, e berilo e crisólito) e
o Targum Hierosolim itano I opta em traduzir como r"n t5 3 5 8 ^ an ?
(aram . grande verde-marinho, e berilo da areia e pérolas de crisólitos). Koehler e Baum gartner comentam
que a prim eira seria alguma pedra preciosa, provavelm ente topázio, a segunda seria, também, alguma pedra
preciosa, mas eles não fornecem nenhuma alternativa segura para tradução e a terceira seria jaspe; Brown,
D river e Briggs conjecturam que a prim eira seria, talvez, jaspe amarelo, a segunda seria, m as com dúvidas,
ônix ou crisoprásio e a terceira seria jaspe; Alonso Schõkel define que a prim eira seria topázio, a segunda
seria ônix e a terceira seria jaspe; Holladay inform a que a prim eira seria alguma pedra preciosa, sugerindo
crisólito, a segunda seria, igualm ente, um a pedra preciosa, talvez ônix ou cornalina ou lápis-lazúli e a ter­
ceira seria jaspe e K irst et alii comentam que a prim eira seria alguma pedra preciosa, sugerindo crisólito,
a segunda seria, também, alguma pedra preciosa, indicando coralina ou lápis-lazâli ou ônix e a terceira
seria jaspe.™ Clines conjectura que a prim eira seria topázio ou talvez berilo ou crisólito, a segunda seria
ônix e a terceira seria jaspe ou talvez algum tipo de quartzo ” As acepções crisólito, e ônix e jaspe, que
são acatadas no ATI, têm apoio de Clines, por ser a obra lexicográfica mais atualizada, apesar da incerteza
sobre tais definições.

Êxodo 28.30
D ^ n r rn tjii n n w r r n » (hebr. o urim e o tumim). Expressão de significado incerto. Essa locução é apenas
transliterada no ATI como o urim e o tumim, como também em várias versões bíblicas em português. O A TIf
opta, igualmente, por transliteração, possuindo a seguinte redação: Tourim et le toummim (fr. o urim e o tu­
mim). Nas versões clássicas da Bíblia a expressão é traduzida ou transliterada: a Septuaginta traduz como tt\v
ôt^ kdoiv ícal tf|V àXijGeuxv (gr. a revelação e a verdade); a Vulgata verte com o doctrinam etveritatem (la t
ensino e verdade) e os targuns de ônquelos e Hierosolim itano I optam pela transcrição KHMF1 rP1 IV
(aram. o urim e o tumim). Brown, D river e Briggs informam que a locução é traduzida por Símaco como
cpamapoL tcaí TeXetÓTíireç (gr. iluminações e realização).™ Alguns hebraístas transcrevem os dois compo­
nentes da expressão apenas com o urim e tumim .99Koehler e Baumgartner comentam que o item lexical
seria derivado da raiz verbal "HK (hebr. amaldiçoar \qaiy, amaldiçoar \piel)) e a lexia D'QFI seria derivada
da raiz verbal DOD (hebr. ser completo, ser terminado {qal\; acabar, terminar, concluir [hifil\) ou seria a for­
ma plural da unidade lexical DT) (hebr. integridade, perfeição).'00Clines, transcrevendo, da mesma maneira,
como urim e tumim, pressupõe que tais lexias significariam, literalm ente, maldições e perfeições.w Alonso
Schõkel conjectura que a locução em questão podería ser interpretada, simplesmente, como as sortes, como
se fosse um jogo de sorte tipo “cara e coroa”.105Todavia, tal afirmação, sem explicações adicionais, não pos­
sui respaldo de outros dicionaristas. Por causa da incerteza das definições constatadas nos vários dicionários
de hebraico bíblico, no ATI optou-se por sim ples transcrição em letras latinas dos dois vocábulos hebraicos.

Êxodo 30.9
(hebr. e oferta de grão). A palavra nTOD é traduzida, tecnicam ente, como oferta de grão, em várias
passagens de Êxodo, Levítico e Números. Nos m esmos livros bíblicos, o A T If traduz a lexia nTOD (hebr. e
oferta de grão) com o offrande végétale (fr. oferenda vegetal). A s antigas versões bíblicas traduzem da se­
guinte form a o referido vocábulo: a Septuaginta verte como ôvoíov (gr. sacrifiãà); a Vulgata traduz com o
96 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 448,995 e 1076; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 44 9 ,1 4 2 4 e 1798; Alonso Schokel, 2004,
p. 3 0 1 ,6 5 9 e 710; Holladay, 2010, p. 2 0 8 ,5 1 4 e 563 e Kirst et alii, 2008, p. 9 7 ,2 4 5 e 270.
97 « . atoes, 2009, p. 168,450 e 495.
98 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 22.
99 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 22 e 1070; Holladay, 2010, p. 9 e 557 e Kirst et alii, 2008, p. 6 e 267.
100 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 2 5 ,1 7 5 0 e 1751.
101 a . C lines, 2009, p. 9 e 490.
102 a . Alonso Schõkel, 2004, p. 36 e 704.
DIFICULDADES TEXTUAIS XLIII

victimam (lat. vítima) e os targuns de ônquelos e H ierosolim itano I vertem com o Xnn?l? (aram . oferta de
alimento). Nos dicionários de hebraico bíblico, são encontradas as seguintes definições: oferta, sacrifício
e oferta de manjares.'03 A opção de tradução técnica no ATI como oferta de grão para o vocábulo n n jlp
em Êxodo, Levítico e Números tem por base Brown, D river e Briggs, Koehler e Baum gartner e C lines.104

Êxodo 31.10 e 39.1


T líS n (hebr. o serviço finamente retorcido). A locução possui significado incerto e os dicionários de he­
braico bíblico n&o auxiliam , de m aneira satisfatória, a sua tradução. O A r//p re fere traduzir como la céré-
monie (fr. a cerimônia). A s versões bíblicas clássicas apresentam as seguintes alternativas: a Septuaginta
adota o adjetivo XeiTOVpyiicóç (gr. algo próprio para o serviço do culto); a Vulgata adota o substantivo
ministerium (lat. ministério) e os targuns de Ônquelos e Hierosolim itano I adotam o substantivo
(aram. o serviço, o ofício). A B H S possui a seguinte anotação em seu aparato crítico sobre a expressão em
destaque: c f <9SC(EJ (os m anuscritos do Pentateuco Samaritano possuem a leitura rn tfT I [hebr.
o serviço], conferir a Septuaginta, a Peshitta, os targuns de Ônquelos e Hierosolim itano I). Observação: a
expressão (hebr. o serviço), que é citada pela BHS em referência às cinco versões antigas da Bíblia,
são retroversões do hebraico sam aritano, do grego, do siríaco e do aram aico para o hebraico. A BHK possui
anotação m ais curta, mas sim ilar a da BHS. Nos dicionários são encontradas as seguintes pressuposições,
sem pre com insegurança: tipo espacial de material tecido, roupa tecida, roupa de ponto, tipo especial de
material entrelaçado e tecido canelado.'03Brown, D river e Briggs comentam que seria serviço trançado ou
serviço retorcido.'03K oehler e Baum gartner afirmam , contudo, que o sentido exato é incerto.10' O A TI adota
a possível tradução serviço finamente retorcido para a unidade lexical "H © , tendo por base a definição
fornecida por Clines, tendo apoio, mas parcialm ente, de Brown, D river e Briggs.100

Êxodo 32.25
n y i p ^ (hebr. para escárnio). Expressão de significado incerto, além de ser um hapax legomenon. O A T If
opta em traduzir como pour la dérision (fr. para a zombaria). As antigas versões da B íblia apresentam
várias traduções: a Septuaginta traduz como éjtíx ap g a (gr. exultação maligna); a Vulgata verte com o ig-
nominiam sordis (lat. ignominiosa imundice) e os targuns de Ônquelos e Hierosolim itano I traduzem com o
Dl© (aram. nome mau). A BHK possui a seguinte nota em seu aparato crítico sobre a referida locução:
fl 0 éjTÍxap|ia (om *?); A etç õ v o ^ a iW jiov , sim 2 S C ; « t ISO©1? (= iSO © ^?) (a Septuaginta e T eododão
possuem a leitura èiríxapixa [gr. exultação maligna] [com a omissão da preposição {hebr. para}]; Áquila
possui a leitura eíç õ v o p a favnov [gr. para nome de imundícia], leitura sim ilar em Sím aco, na Peshitta e
no Targum; o Pentateuco Sam aritano possui a leitura 1XD©1? [que em retroversão corresponde à expressão
iSB©*?? {hebr. para o escárnio delel}]). Observação: a expressão ÍSB©*? (h eb r.p ara o escárnio dele), que
é citada pela BHK em referência ao Pentateuco Sam aritano, é retroversão do hebraico sam aritano para o
hebraico. A BH S não possui anotação em seu aparato crítico para tal caso. Nos dicionários de hebraico bíbli­
co são encontradas as seguintes opções, mas sempre com insegurança: sussurro, sussurro zombeteiro, es-
carnecedor, insignificância, malícia, caçoada, desprezo, murmúrio e escárnio.'00 Koehler e Baum gartner,
comentando as várias opções registradas nas versões clássicas da Bíblia, não fornecem nenhum a alternativa
segura para tradução. Eles comentam, ainda, que as versões bíblicas seguem por duas vertentes possíveis de
tradução: exultação maligna (de acordo com a Septuaginta) e ignominiosa imundice, desonra e nome num
(de acordo com a Vulgata, com a Peshitta e com o Targum).110 O ATI adota a possível tradução escárnio

103 Cf. Alonso Schdkel, 2004, p. 384; Holladay, 2010, p. 286 e Kirst et alii, 2008, p. 131.
104 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 585; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 601 e C lines, 2009, p. 228.
105 Cf. Alonso Schdkel, 2004, p. 649; Holladay, 2010, p. 503 e Kirst et alii, 2008, p. 240.
106 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 975.
107 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1354.
108 Cf. Clines, 2009, p. 441 e Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 975.
109Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 1036; Alonso Schdkel, 2004, p. 683; Holladay, 2010, p. 536 e Kirst et alii, 2008, p. 256.
110 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1581.
XLIV DIFICULDADES TEXTUAIS

para o item lexical em discussão, tendo por base Clines, que define como murmúrio ou como escárnio,
tendo apoio de Brown, D river e Briggs, que fornecem os mesmos significados.111

Levítico 2.2
n rn S T X T X (hebr. a oferta de recordação dela). A lexia rn 2 T $ traduzida, tecnicam ente, como oferta de
recordação. O A T If traduz como son mémorial (fr. seu memorial). Padrão sim ilar de tradução é constatado
nas versões bíblicas clássicas: a Septuaginta verte como tò pvripóouvov a ü tíjç (gr. a sua memória)-, a
Vulgata traduz como memoriale (lat. memorial)-, o Targum de Ônquelos verte como n rn jlfc j! IV (aram.
o seu oferecimento memorial) e o Targum H ierosolim itano I traduz como K P nj"]K (aram. o oferecimen­
to memorial). Os dicionários de hebraico bíblico oferecem as seguintes opções para tradução: porção de
oferta de cereal que é queimada, oferta queimada, obséquio e porção queimada da oferta de alimento.m
A opção de se traduzir a unidade lexical rn ^ T g como oferta de recordação no ATI tem por base as defi- •
nições fornecidas por Brown, D river e Briggs e por Clines, que traduzem como oferta memorial e oferta
de recordação."3 Além de tal justificativa, o vocábulo é um substantivo derivado da raiz verbal "12T (hebr.
recordar, lembrar [qalf), detalhe que o A TI procura manter. Tal porm enor é também constatado nas quatro
versões bíblicas clássicas consultadas neste estudo.

Levítico 3.1
rp r D # 1 (hebr. E, se sacrifício comunitário de ofertas pacíficas). A locução n 3 T vertida,
tecnicam ente, como sacrifício comunitário de ofertas pacíficas. O A T If opta em traduzir com o le sacri-
fice de pacification (fr. o sacrifício de pacificação). As antigas versões bíblicas interpretam de variadas
maneiras a citada expressão: a Septuaginta opta pela expressão O voía o urnipíov (gr. sacrifício de salva­
ção)-, a Vulgata prefere a locução hóstia pacificorum (lat. vítima dos pacíficos) e os targuns de Ônquelos
e Hierosolim itano 1 optam pela expressão fcOEJTIp 1*1022 (aram. o sacrifício das santidades). D e acordo
com os hebraístas, a m encionada locução podería ser traduzida como sacrifício de comunhão, sacrifício de
entendimento, sacrifício de conciliação, sacrifício para aliança, sacrifício de amizade e sacrifício de oferta
de paz.™ Koehler e Baum gartner apresentam e comentam várias interpretações de estudiosos, citando as
opções já mencionadas. Entretanto, os dois hebraístas não se posicionam sobre a questão, não oferendo
nenhuma alternativa definitiva para tradução.115A opção em verter a expressão r a j com o sacrifí­
cio comunitário de ofertas pacíficas no A TI é baseada, mas parcialm ente, em G in es, que traduz a mesma
como sacrifício de oferta de aliança ou sacrifício de oferta de paz."6 Além de tal justificativa, o vocábulo
é um substantivo derivado da raiz verbal (hebr. manter a paz [qal\, fazer paz [hifil]), m inúcia que o
ATI procura manter.

Levítico 4 J 2
(hebr. Mas, se cordeiro). O segundo componente da locução é insólito. T al expressão deveria
ser redigida, teoricam ente, como n ^ p ~ D K 1 (hebr. Mas, se cordeira), pois o segundo com ponente da
locução deveria ser a lexia de gênero fem inino nÉ?2 ? (hebr. cordeira) e não a unidade lexical de gênero
m asculino (hebr. cordeiro), porque o versículo cita os adjetivos nÇPDÇl Í*Çp2 (hebr.fêm ea íntegra)
em referência ao citado anim al do gado caprino. O A T If verte como E t si un ovin (fr. E se uma ovelha).
As versões clássicas da Bíblia vertem da seguinte m aneira a expressão: a Septuaginta verte com o éàv òc
Jtp ó p ato v (gr. ora se ovelha); a Vulgata traduz como sin... ovem (lat. se... ovelha); o Targum de Ônquelos
verte como D$1 (aram. Mas, se o cordeiro) e o Targum Hierosolim itano I traduz com o “IÇPK jliO

111 Cf. Clines, 2009, p. 470 e Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 1036.
112 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 27; Alonso Schõkel, 2004, p . 37; Holladay, 2010, p.10 e Kirst et a lii, 2008, p. 6.
113 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 272 e Clines, 2009, p. 9.
114 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 257 e 1023; A lonso Schõkel, 2004, p. 189 e 676; H olladay, 2010, p. 121 e 531 e Kirst et alii,
2008, p. 57 e 254.
115 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 262 e 1537.
116 Cf. Clines, 2009, p. 96 e 465.
DIFICULDADES TEXTUAIS XLV

(aram . Mas, se o cordeiro) (a diferença entre as duas versões aram aicas é relacionada com a redação da
conjunção). As versões grega e latina optam em traduzir o segundo com ponente da locução com o um
espécim e fem inino do gado caprino, enquanto as duas versões aram aicas optam em verter com o um
espécim e m asculino do gado caprino. A BHK e a BHS possuem a seguinte anotação em seus aparatos
críticos sobre tal problem a textual: m (o Pentateuco Sam aritano possui a leitura n a tp p [hebr.
cordeira]). Portanto, o texto bíblico sam aritano registra outra lexia, m as de gênero fem inino, estando
em concordância com as versões grega e latina, m as entrando em discordância com o texto bíblico
de tradição m assorética que registra um a palavra de gênero m asculino. A pesar da redação inusitada,
o A T I m anteve a tradução da lexia com o cordeiro, apesar de que tal palavra ser im prevista no
contexto do versículo.

Levítico 62.
n"Jj?ÍQ (hebr. a fogueira dele). A expressão rn jp iO traduzida como a fogueira dele. O A 77/prefere traduzir
tal locução com o un brasier (fr. um braseiro). A expressão é traduzida ou interpretada de várias m aneiras
pelas quatro versões bíblicas clássicas consultadas neste estudo: a Septuaginta opta em verter com o âjtl
xfjç KOiúoetDÇ (gr. em cima da queima); a Vulgata (Lv 6.9) prefere traduzir com o cremabitur (lat. será
queimado)', o Targum de Ônquelos opta em traduzir como K^jpiFlÇn (aram . que fo i queimada) e o Targum
H ierosolim itano I prefere interpretar como (aram . que fo i preparada). A s seguintes definições
são registradas nos dicionários: lareira, fornalha, fogueira, fogo e piso da lareira .,17 D e acordo com a crí­
tica textual, a locução em discussão deveria ser redigida, teoricam ente, com o sinal diacrítico mappiq na
letra i*l, tendo a seguinte escrita: rH jpiD (hebr. a fogueira dele). Confirm ando tal inform ação, no aparato
crítico da BHS consta a seguinte nota: m lt M ss 0 m in; ui I iT- (m uitos m anuscritos hebraicos m edie­
vais possuem a letra D em tam anho m inúsculo [um caso de liíterae minusculae {a palavra teria a seguinte
forma: rn jp io } ]; o Pentateuco Sam aritano possui a leitura n ijp iO Jl [hebr. a fogueira ]; a locução é para
ser lida como n*7j?ÍD [hebr. a fogueira dele]). A BHK possui nota sem elhante a da BHS e com as mesmas
informações. Brown, Driver e Briggs e C lines definem a palavra em discussão com o piso da lareira, indi­
cando que seria o piso da lareira do altar."* Koehler e Baum gartner dem onstram insegurança, não forne­
cendo nenhuma alternativa confiável para tradução. Eles comentam, mas com dúvidas, que a lexia iTIjpiQ
seria forma fem inina do vocábulo Ip ÍD [hebr. fogueira]. Além disso, os dois hebraístas pedem para que a
locução seja lida como rn jp ifi (hebr. a fogueira dele)."* Holladay e K irst et alii, concordando com Koehler
e Baum gartner, pedem para que a expressão seja lida com o rn jp iD (hebr. a fogueira dele), a relacionando
com o vocábulo *lp1)3 (hebr. fogueira).m O A TI segue as orientações do aparato crítico da. BHS e das ob­
servações dadas por Koehler e Baum gartner, por Holladay e por K irst et alii, vertendo a locução TTlpiD
(mesmo não tendo o sinal diacrítico mappiq) como a fogueira dele.

Levítico 6.14
T S n (hebr. pedaços cozidos de). Expressão de tradução com plexa, além de ser um hapax legomenon. O
A T If traduz a referida locução como des choses cuites de (fr. das coisas coadas de). As antigas versões da
Bíblia interpretam do seguinte modo a citada expressão: a Septuaginta prefere interpretar com o áXuctá (gr.
enrolados); a Vulgata (Lv 6.21) opta em interpretar com o calidam (lat. quente) e o Targum de Ônquelos
prefere interpretar com o "TEAR (aram . os tipos de massas para torta). No Targum Hierosolim itano I não
existe palavra correspondente com o texto hebraico. Os dicionários apresentam as seguintes opções para
tradução, mas sem pre com incerteza: coisas assadas, migalhas, fragmentos e pedaços cozidos.121 Clines,
Holladay e K irst et alii relacionam a referida locução com a raiz verbal n n s (hebr. esmigalhar [4a/]),

117 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 429; C lines, 2009, p. 209; Alonso Schõkel, 2004, p. 361; H olladay, 2010, p. 265 e Kirst et
alii, 2008, p. 119.
1,8 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 429 e C lines, 2009, p. 209.
118 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 560.
178 Cf. Holladay, 2010, p. 265 e Kirst et alii, 2008, p. 119.
121 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 1074; Clines, 2009, p. 493; Alonso Schõkel, 2004, p. 707 e H olladay, 2010, p. 560.
XLVI DIFICULDADES TEXTUAIS

indicando a leitura como njiriÇjri (hebr. deverás esmigalhá-ló).122-Brown, D river e Briggs cogitam que a
expressão seria relacionada com a raiz verbal HSK (hebr. cozer [qal]) ou teria relação com a raiz verbal
nnE) (hebr. esmigalhar [qal\), comentando que a leitura que consta no texto original hebraico seria, pro­
vavelm ente, corrom pida.123Koehler e Baum gartner, não fornecendo nenhuma opção segura para tradução,
explicam que a expressão em discussão não é ainda clara, além de ser de procedência obscura. Eles com en­
tam que a leitura do Texto M assorético seria corrom pida e deveria ser restaurada de acordo com a Peshitta,
que possui a leitura vfpwtyhy, que corresponde, como retroversão, à expressão verbal rtíTlSPl (hebr. de­
verás esmigalhá-lo).'2* Confirmando as inform ações dos hebraístas, a BHS possui a seguinte anotação em
seu aparato crítico: crrp? prp rtjriÇJIjl (a n n S ) sec S (a leitura é corrom pida?; é proposta a leitura nãFlDIjl
[hebr. deverás esmigalhá-lo] [da raiz verbal JT lS {hebr. esmigalhar [qal]}, de acordo com a Peshitta).
Observação: a locução verbal (hebr. deverás esmigalhá-lo), que é citada pela BHS em referênçia
à Peshitta, é retroversão do siríaco para o hebraico. A BHK possui nota mais curta, mas sem elhante a da
BHS e com as mesmas inform ações. O A TI opta em traduzir como pedaços cozidos, tendo por base Brown,
D river e Briggs e Clines, mesmo que tal definição não seja plenam ente confiável.

Levítico 7.10
V rtS ? (hebr. cada um como o outro dele). A expressão T T O ? é vertida com o cada um como o
outro dele. O A 7 7 /adota outra opção, vertendo a m esm a expressão com o un homme comme son frère (fr.
um homem como seu irmão). As versões clássicas da B íblia vertem a referida locução da seguinte maneira:
a Septuaginta verte com o èm otcp tò ío o v (gr. cada um o igual); a Vulgata traduz com o singulos dividetur
(lat. a cada um será dividido); o Targum de Ônquelos verte com o T 0 n í$ 5 1 3 ? (aram . cada um como o
seu irmão) e o Targum H ierosolim itano I traduz como 'InÇ D ^ 3 } (aram . cada um como o seu irmão) (a
diferença entre as duas versões aram aicas é relacionada com a grafia do segundo com ponente da expres­
são). A opção adotada no ATI de verter a locução TTIK3 ET*K como cada um como o outro dele é baseada
em dicionários de hebraico bíblico que fornecem as seguintes possibilidades de se traduzir o vocábulo ETK
como cada um e a palavra T1K como o outro.™

Levítico 11.5 e Deuteronômio 14.7


] ^ r r n $ 1 (hebr. e o texugo da rocha). O item lexicográfico é de significado incerto, denotando algum
anim al mamífero. O A 77/traduz a locução |SX$!TTttO (hebr. e o texugo da rocha) com o et le daman (fr. e
o damão). A s seguintes traduções são constatadas nas antigas versões bíblicas: a Septuaginta traduz com o
m i tò v ô ao im o ô a (gr. e a lebre); a Vulgata verte com o chyrogryllius (lat. hírax); o Targum de Ônquelos
traduz como D 'l (aram. e o coelho) e o Targum Hierosolim itano I verte com o Kpitp n?) (aram . e o
coelho) (a diferença entre as duas versões aram aicas é relacionada com a redação do segundo com ponente
da expressão). A lexia ]ÇJE7 possui as seguintes definições nos dicionários de hebraico bíblico, m as sem pre
com insegurança: arganaz, hírax, texugo, texugo da rocha e damão. 126O ATI prefere verter a unidade lexi­
cal {BE? como texugo da rocha, tendo por base Brown, D river e Briggs, Koehler e Baum gartner e Clines,
mesmo que tal definição não seja livre de incerteza.

Levítico 11.13 e Deuteronômio 14.12


n jíf ü n DK1 0 1 § n “n $ l (hebr. e o gipaeto e o abutre negro). Vocábulos de significados incertos, denotan­
do aves de rapina. O A 77/prefere traduzir as duas lexias com o et le gypaète et Vaigle marin (fr. o gipaeto
e a águia marinha). As antigas versões bíblicas traduzem da seguinte m aneira os dois itens lexicográficos:

122 Cf. C lines, 2009, p. 493; Holladay, 2010, p. 360 e Kirst et alii, 2008, p. 269.
123 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 1074.
12« Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1775.
123 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 26 e 36; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 29 e 44; Clines, 2009, p. 10 e 16; Alonso Schõlcel,
2004, p. 39 e 49; Holladay, 2010, p. 11 e 18 e Kirst et alii, 2008, p. 6 e 9.
126 c f. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 1050; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1633; Clines, 2009, p. 476; Alonso Schõkel, 2004, p.
690; Holladay, 2010, p. 542 e Kirst et alii, 2008, p. 260.
DIFICULDADES TEXTUAIS XLVII

a Septuaginta prefere verter como ícai tòv y p im a icol tòv áX iaíexov (gr. e o grifo e a águia do mar); a
Vulgata opta em traduzir como et grypem et alietum (lat. e o grifo e a águia do mar); o Targum de ônquelos
opta em verter como R J]?] (aram . e [significado?] e [significado?]) e o Targum Hierosolim itano I pre­
fere traduzir com o RT3 “13 n '] J"H (aram . e [significado?] e o filhote de [significado?]). Para Jastrow ,
o vocábulo ”1P seria algum pássaro de rapina. Sokoloff não registra a palavra. Para Jastrow , a unidade
lexical (a grafia que consta em seu dicionário) seria, também, algum pássaro de rapina, talvez águia
negra. Sokoloff inform a apenas que a lexia TIS (a grafia que consta em seu dicionário) seria algum pássaro
de rapina, m as sem especificar qual seria. Para Jastrow , o item lexicográfico T3 (a grafia que consta em seu
dicionário) seria, igualm ente, algum pássaro de rapina, talvez falcão. Sokoloff não registra a palavra.127
De acordo com os dicionários de hebraico bíblico, a expressão podería ser traduzida da seguinte m aneira,
mesmo que haja graus de insegurança: e o falcão e o xofrango ; e o abutre e o abutre negro; e o gipaeto e
o abutre negro; e o abutre barbudo e a águiapescadora e a águia do mar e o abutre negro.m Koehler e
Baum gartner, não fornecendo nenhum a opção confiável para tradução, com entam que a lexia seria
algum pássaro im puro, sendo um tipo de abutre que tritura os ossos das suas presas e a palavra iT?TÈ seria,
igualm ente, algum pássaro impuro, sendo águia do mar, águia pescadora, abutre negro ou abutre barbu­
do. 129O A TI adota as definições de e o gipaeto e o abutre negro, tendo por base, m as parcialm ente, Koehler
e Baum gartner, C lines e A lonso Schôkel, mesmo que os significados não sejam totalm ente seguros.

Levítico 11.14 e D euteronôm io 14.13


IT K rrntO n x ^ rrn ijil (hebr. e o milhafre vermelho e o milhafre negro). Lexias de significados duvidosos,
denotando aves de rapina. O A T If opta em verter tais palavras como et le milan et le vautour (fr. e o milha­
fre e o abutre). As versões clássicas da Bíblia traduzem os mencionados itens lexicais da seguinte maneira: a
Septuaginta verte como iccxl tò v yvna ícal iKXÍva (gr. e o abutre e milhafre); a Vulgata traduz como milvum ac
vulturem (lat. o milhafre e o abutre); o Targum de ônquelos verte como W TEnD] KTI?T1 (aram. e o milhano e o
falcão) e o Targum Hierosolimitano I traduz como RÇPIFJB) n?| Vil) (w m .e o milhano e o falcão
farrista). Por meio das definições dos dicionários de hebraico bíblico, as duas unidades lexicqgráficas poderíam
ser traduzidas do seguinte modo, mas sempre com algum grau de dúvida: e o milhafre e o falcão; e o milhafre
e o milhafre negro; e o milhafre e o abutre.™ O ATI adota as acepções de e o milhafre vermelho e o milhafre
negro, tendo por base Koehler e Baumgartner, mesmo que as definições não sejam absolutam ente seguras.

L evítico 11.16 e D euteronôm io 14.15


p a n - n $ ^ n ^ r r n tjn o p n flrrn ç jfl (hebr. e a coruja, e a gaivota e o falcão). Unidades lexicais de signifi­
cados incertos, denotando determinadas aves. O A T//prefere traduzir as três lexias como et la chouette et la
mouette et 1’épervier (fr. e a coruja, e a gaivota e o gavião). As palavras são traduzidas da seguinte m aneira
pelas antigas versões da Bíblia: a Septuaginta prefere verter como ícai oxpouGòv ícal ykcrOica ícal Xápov
(gr. e pardal, e coruja e gaivota); a Vulgata opta em traduzir com o et noctuam et larum et accipitrem (lat.
e a coruja, e a gaivota e o falcão); o Targum de Ônquelos escolhe verter com o KSJ] KBTTÇ? “IBS) K2P3]
(aram. e [significado?], e o pássaro [significado?] e o falcão) e o Targum Hierosolim itano prefere traduzir
como "13 n ?l *161’$ Hül KTPEKpn n?] (aram . e [significado?], e o pássaro [significado?] e
o filhote de falcão). Para Jastrow, o vocábulo K2P3 seria algum pássaro de rapina, sugerindo falcão no­
turno. Sokoloff não registra a palavra. De acordo com Jastrow, a lexia KBITO seria algum pássaro im puro,
conjecturando que seria gaivota do mar. Sokoloff inform a que a palavra (a grafia que consta em seu
dicionário) seria algum pássaro im puro, mas não inform a qual seria. Para Jastrow , a palavra KlTPÇIipn seria,
tam bém , algum pássaro impuro, talvez avestruz, m as não dem onstra certeza. Sokoloff indica que a lexia

127 Cf. Jastrow, 2005, p. 228 e 1049 e Sokoloff, 2002, p. 398.


128 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 740 e 828; C lines, 2009, p. 319 e 367; Alonso Schôkel, 2004, p. 488 e 548; Holladay, 2010,
p. 383 e 422 e Kirst et alii, 2008, p. 177 e 199.
129 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 810 e 969.
130 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 17 e 178; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 39 e 207; C lines, 2009, p. 14 e 77; Alonso
Schôkel, 2004, p. 46 e 145; Holladay, 2010, p. 16 e 91 e Kirst et alii, 2008, p. 9 e 46.
XLVIII DIFICULDADES TEXTUAIS

'BDH (a grafia que consta em seu dicionário) seria, igualm ente, algum pássaro impuro, mas não diz qual
seria.131Por m eio das acepções dos dicionários de hebraico bíblico, as três palavras poderíam ser vertidas do
seguinte modo, mas sempre com algum grau de incerteza: e a coruja, e a gaivota e o falcão; e o bacurau, e a
gaivota e o falcão’, e o noitibó, e a gaivota e o falcão’, e o avestruz macho, e a gaivota do mar e o falcão e e
a coruja de orelha curta, e a gaivota do mar e o falcão.'31O A TI acata os sentidos de e a coruja, e a gaivota
e o falcão, tendo por base Koehler e Baum gartner e Kirst et alii, mesmo que as acepções não sejam definiti­
vamente confiáveis. Além das duas obras didonarísticas, o A TI está de acordo, igualm ente, com a Vulgata.

Levítico 11.16
njí?*ri n ? n$1 (hebr. e a prole de o avestruz). Complexidade de tradução da lexia !*Q em Levítico 11.16.0
A 77/prefere traduzir a expressão toda como et la filie de la steppe (fr. e afilha da estepe), vertendo a unidade
lexical rQ como filha. Tanto a Septuaginta quanto a Vulgata omitem a palavra, não a traduzindo e os targuns de
Ônquelos e Hierosolimitano I traduzem a locução toda como KTPP93 TH I"H (aram. e o filhote de avestruz),
traduzindo a palavra H 3 como filhote. De acordo com os didonários de hebraico bíblico, a referida unidade
lexical podería ser vertida como filha, mulher jovem, fêmea animal, vila, ramo, membresia, pupila e da idade
de.'33A palavra pode indicar, igualmente, pertencimento a algum grupo, a alguma família, a alguma localidade
ou indicar algum atributo ou alguma característica de alguém (ex.: filha da prostituição [isto é a prostituta ],
filho da mentira [isto é o mentiroso] etc.). Clines define a lexia em discussão como (prole) do avestruz no con­
texto de Levítico 11.16, sendo o único a oferecer tal possibilidade para tradução.134Por causa da complexidade
apresentada e discutida, o ATI opta em aceitar a sugestão de Clines, vertendo o item lexical 1*0 como prole, no
contexto de Levítico 11.16,
mesmo que não seja, quiçá, a m elhor escolha encontrada para o ATI.

Levítico 11.17 e Deuteronômio 14.16


O ian T llO (hebr. e a coruja fidva, e o corvo marinho e a (bis). Palavras de signifi­
cados incertos, denotando determinadas aves. O A 7'//prefere traduzir as três unidades lexicais com o e tle h i-
bou et le cormoran et le chat-huant (fr. e o mocho, e o corvo marinho e a coruja uivante). A s versões clássicas
da Bíblia preferem verter as três referidas palavras da seguinte maneira: a Septuaginta opta em traduzir como
Kal vuKTiicópaKa Kal KatappálCTqv Kai T0iv (gr. e coruja crrelhuda, e mergulhão e íbis); a Vulgata prefe­
re verter como bubonem et mergulum et ibin (lat. o mocho, e o mergulhão e a (bis); o Targum de Ônquelos
decide traduzir como K p iap i K yirS çn rç -ip i (aram. e [significado?], e o pelicano e a coruja) e o Targum
Hierosolimitano I escolhe verter como KÇfêPj? JV1 KIJP ]D O T 1? ? n?1 rP l (aram. e [significado?], e
o pelicano do mar e a coruja). Jastrow informa que o vocábulo seria algum verme da papoula, mas sem
especificar qual seria. Sokoloff não registra a palavra. 135O vocábulo não é encontrado no dicionário de
Jastrow e nem no de Sokoloff. De acordo com os hebraístas, as três lexias da expressão poderíam ser traduzi­
das do seguinte modo, mas sempre com insegurança: e o mocho, e o cormorão e a (bis; e a coruja-das-torres,
e o cormorão e a íbis, e o mocho, e o corvo-marinho e a coruja; e a coruja, e o cormorão e a íbis, e a coruja
fidva, e o cormorão e o mocho e e o pequeno mocho, e o cormorão e a íbis.136OA77 decide pelos sentidos de e
a coruja fulva, e o corvo marinho e a íbis, tendo por base, mas parcialm ente, os dicionários de hebraico bíblico
citados neste capítulo, mesmo que as acepções não sejam definitivamente seguras.

Levítico 11.18 e Deuteronômio 14.17


n $ ? rrn $ ] (hebr. e a coruja branca, e o pelicano e o abutre corruto). Unidades

131 Cf. Jastrow, 2005, p. 451,1279 e 1549 e Sokoloff, 2002, p. 196 e 544.
132 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 329,665 e 1006; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 714,1463 e 1717; Clines, 2009, p. 280,
456 e 486; Alonso Schõkel, 2004, p. 445,6 6 5 e 701; Holladay, 2010, p. 345,5 2 0 e 553 e Kirst et alii, 2008, p. 159,248 e 265.
133 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 123; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 165-166; Clines, 2009, p. 58; Alonso Schõkel, 2004,
p. 122-123; Holladay, 2010, p. 69 e Kirst et alii, 2008, p. 35.
134 a . Clines, 2009, p. 58.
136 Cf. Jastrow, 2005, p. 1419.
136 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 468,6 7 6 e 1021; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 417,466 e 1530; O rnes, 2009, p. 155,174
e 465; Alonso Schõkel, 2004, p. 281,3 1 0 e 675; Holladay, 2010, p. 193,217 e 530 e Kirst et alii, 2008, p. 9 0 ,1 0 0 e 253.
DIFICULDADES TEXTUAIS XUX

lexicais de significados inseguros, denotando determ inadas aves. O A T If opta em traduzir os três vocábulos
como et 1’effraie et le pélican et le charognard (fr. e a coruja das torres, e o pelicano e o abutre branco).
As versões clássicas da B íblia vertem os citados itens lexicais da seguinte m aneira: a Septuaginta prefere
traduzir como ícai itopqw puova icoà Jiekeicâva tcai kúkvov (gr. eporfirião, epelicano e cisne); a Vulgata
opta em verter como cycnum et onocrotalum et porphirionem (lat. o cisne, e o pelicano, e o porfirião ); o
Targum de Ônquelos escolhe verter como X f l j p T I Krij?1 KTip*] (aram . e a coruja, e o pelicano, e [sig­
nificado?]) e o Targum H ierosolim itano I decide traduzir comoKp*nj?“p I"H FF1 tOniX IVÍ (aram.
e a coruja, e o pelicano e [significado?]). Para Jastrow, o vocábulo seria algum pássaro im puro,
sugerindo abutre egípcio. Sokoloff não registra a palavra. Para Jastrow , a lexia ou (as
grafias que constam em seu dicionário) seria, igualm ente, abutre egípcio ou algum outro abutre, m as sem
especificar qual seria. Sokoloff inform a que a palavra p*1p n v (a grafia que consta em seu dicionário) seria,
igualm ente, algum pássaro comedor de abelhas, mas sem explicitar qual seria. 137De acordo com os hebraís-
tas, os três itens lexicográfícos em destaque poderíam ser assim vertidos, mas sem pre com algum grau de
incerteza: e a coruja branca, e o pelicano e o abutre; e a coruja-de-igreja, e a pequena coruja e o abutre;
e a gralha, e a coruja e o abutre branco; e a galinha da água, e o pelicano e o abutre corruto; e a coruja
branca, e o pelicano e o abutre corruto e e o mocho, e o pelicano e o abutre.'** O A TI acata os significados
de e a coruja branca, e o pelicano e o abutre corruto, baseando-se em C lines e, parcialm ente, em Brown,
Driver e Briggs, mesmo que as acepções não sejam decididamente seguras.

Levítico 11.19 e Deuteronômio 14.18


nÇJfcjin (hebr. a garça). A palavra é de significado incerto, denotando algum a ave. O A T If opta em
traduzir a citada lexia como le héron (fr. a garça). Segundo as antigas versões bíblicas, a referida unidade
lexical é traduzida do seguinte modo: a Septuaginta verte como x ap aô p tó v (gr. batuíra); a Vulgata traduz
como charadrion (lat. a batuíra); o Targum de Ônquelos verte com o Í3K1 (aram. e [significado?]) c o
Targum Hierosolimitano I traduz como K TP1 JV] (aram. e o milhafre). Jastrow com enta que a lexia 1TK (a
grafia registrada em seu dicionário) seria algum pássaro, talvez abutre ou mühqfre. Sokoloff inform a apenas
que a referida lexia seria, também, algum pássaro impuro, m as não especifica qual s a ia .139 Os hebraístas
apresentam a seguinte problem ática sobre a tradução do vocábulo HEQK: Kirst et alii comentam que s a ia
um a espécie de pássaro, sem explicitar mais; Holladay inform a que seria um a espécie de pássaro proibido
como alimento, sugerindo tarambola ou cormorão; Alonso Schõkel define com o garça ou cegonha, m as
demonstra dúvida; Brown, Driver e Briggs dizem que seria ave im pura, m as de significado m uito duvidoso;
Clines explica que seria garça ou seria algum outro pássaro im puro e Koehler e Baumgartner comentam que
seria u m tipo de ave proibida e conjecturam que seria tarambola ou cormorão.'” Brown, D river e B riggs e
Koehler e Baumgartner informam, ainda, que a lexia em discussão teria correspondência com o vocábulo de
proveniência acádica anpatu e com a palavra de procedência siríaca 'anjo, todavia os citados hebraístas não
fornecem o possível significado de tais itens lexicais nas duas línguas sem íticas. «i O ATI aceita o significado
de garça, tendo por base Clines, mesmo que a acepção não seja inteiram ente confiável.

Levítico1130
n ç ç Jjn rrj ©&ftrn nK ip^rn n ô rn ngatST] (hebr. e o geco, e a tartaruga, e a lagartixa, e o camaleão e
a salamandra). Unidades lexicais de significados m uito incertos, denotando variados anim ais selváticos.
T ais vocábulos indicam , provavelm ente, anim ais répteis, constituindo diversas espécies de sáurios, com a
exceção da salam andra, que pertence à espécie dos anfíbios, m as que possui, basicam ente, aparência sáuria.

137 a . Jastrow, 2005, p. 598 e 1634 e Sokoloff, 2002, p. 568.


133 C f. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 6 7 5 ,8 6 6 e 934; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1059,1217 e 1765; C lines, 2009, p. 386,
419 e 491; Alonso Schõkel, 2004, p . 568,6 1 5 e 706; H olladay, 2010, p . 4 4 3 ,4 8 0 e 559 e Kirst et alii, 2008, p. 2 1 0 ,2 2 6 e 268.
139 a . Jastrow, 2005, p. 44 e Sokoloff, 2002, p. 47.
140 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 60; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 72; C lines, 2009, p. 27; Alonso Schõkel, 2004, p. 68;
Holladay, 2010, p. 30 e Kirst et alii, 2008, p. 15.
141 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 60 e Koehler e Baumgartner, 2001, p. 72.
L DIFICULDADES TEXTUAIS

O A T If prefere traduzir as cinco lexias com o et le gecko et la tortue et la salamandre et le scolopendre


et le caméléon (fr. e o geco, e a tartaruga, e a salamandra, e a escolopendra e o camaleão). A s versões
clássicas da B íblia apresentam a seguinte tradução: a Septuaginta opta em verter com o p,\)Y<xX,ij m i
XapaiXéiov m l KaX,a.pd)TTiç m i o a ú p a m i ào n áL aJ; (gr. musaranho, e camaleão, e geco, e lagarto
e rato cego)’, a Vulgata prefere traduzir como migale et cameleon et stelio ac lacerta et taipa (la t o musara­
nho, e o camaleão, e o estelião, e o lagarto, e a toupeira)’, o Targum de Ô nquelos decide v erter com o
XÇJÍp^n1] K ntp^rn K rttol (aram. e o ouriço, e [signifkado?], e/ugartfi; e [significado?], eatoupàní^e
oTaigum Hienm lim itanoIesaábe traduzircomo KITiSl tOVtl npFÇ fl KnTiÇDOl KTrQQtfft (aram . e
o ouriço, a cobra, e [significado?], e lagarto manchado, e [significado?] e a salamandra). Jastrow explica
que a unidade lexical K nÍ3 seria algum lagarto, mas sem especificar qual seria. Sokoloff inform a que a
lexia TO (a grafia que é registrada em seu dicionário) seria, também, algum lagarto, m as sem explicitar qual
seria. Para Jastrow a lexia KtpÇBn seria, igualm ente, algum lagarto, talvez camaleão, m as não dem onstra
certeza. Sokoloff não registra a citada unidade lexical. Jastrow diz que a palavra ou K S ilP p (as
grafias encontradas em seu dicionário) seria algum lagarto, mas sem apontar qual seria. Para Sokoloff o
vocábulo f ’Xp (a grafia que consta em seu dicionário) seria, também, algum réptil, m as sem especificar
qual seria.142Geralm ente os dicionários de hebraico bíblico não auxiliam , de m aneira segura, a tradução das
cinco lexias de Levítico 11.30. Além de tal constatação, algum as obras dicionarísticas ou são confusas ao
definirem as cinco unidades lexicais ou nem apresentam alternativas, fornecendo, meram ente, definições
genéricas. As seguintes possibilidades são apresentadas, mas sem pre com alto grau de conjectura, de incer­
teza e de indefinição: e o geco, e o lagarto, e a lagartixa, e a lesma e o camaleão; e o geco, e o lagarto, e
a lagartixa, e o réptil e o camaleão; e o geco, e a salamandra, e o geco, e a salamandra e o camaleão; e o
furão, algumpequeno réptil, um tipo de lagarto, um tipo de lagarto e o camaleão; e o geco, eolagartn, e o
lagarto, e o lagarto e o camaleão e e o geco, uma espécie de lagarto, e o geco, algum réptil e o camaleão.'«
O A TI não acata os significados fornecidos por um único dicionário em particular, m as adota as acepções
registradas, quando existem , em m ais de um a obra, mesmo que as significações não sejam inteiram ente
confiáveis. A definição de salamandra paia a últim a lexia, que é adotada no ATI, é baseada em Jastrow ,
por causa da im possibilidade de se obter outra solução m elhor, m esmo que tal acepção seja, sim plesm ente,
uma conjectura.

Levítico 16.8,10 e 26
(hebr. para Azazel). A unidade lexicográfica VfRTJ? é de difícil tradução. Alguns vertem com o bode
emissário, outros traduzem como nome próprio de algum a entidade espiritual habitante do deserto: Azazel.
As antigas versões da B íblia apresentam as seguintes traduções: a Septuaginta prefere interpretar com o
xq) àJtOJTOqjiaíq) (gr. ao que carrega o mal); a Vulgata opta em interpretar com o capro emissário (IaL
cabrito emissário) e os targuns de ônquelos e Hierosolim itano I preferem traduzir com o (aram .
para Azazel). Segundo alguns dicionários de hebraico bíblico, a lexia indicaria um dem ônio ou sátiro do
deserto .w Brown. D river e Briggs fornecem a tradução remoção inteira, relacionando a unidade lexical
com a raiz verbal 7 TSJ (hebr. remover). Tal raiz verbal não é registrada no hebraico bíblico, m as possui cor­
respondência com a raiz verbal ‘zl (árabe: remover). O s três hebraístas explanam que a expressão remoção
inteira indicaria remoção total do pecado, sim bolizando o total esquecim ento da culpa. 1« C lines apresenta
cinco possíveis opções de tradução, todas relacionadas com Levítico 1 6 .8 ,1 0 ,2 6 :1 . Azazel, um demônio;
2. penhascos entalhados, precipício; 3. bode expiatório; 4. remoção inteira e 3. ira de D eus.'* Koehler
e Baum gartner comentam várias opiniões de estudiosos, coincidindo com as já apresentadas, m as não

'42 Cf. Jastrow, 2005, p. 435,628 e 1367 e Sokoloff, 2002, p. 255 e 501.
143 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 6 0 ,3 2 8 ,4 7 0 ,5 3 8 e 675; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 7 3 ,3 2 8 ,4 6 9 ,5 2 8 e 1765; Clines,
2009, p. 2 7 ,1 2 3 ,1 7 4 ,1 9 4 e 491; Alonso Schõkel, 2004, p. 6 8 ,2 3 0 ,3 1 1 ,3 4 3 e 706; Holladay, 2010, p. 3 0 ,1 5 3 ,2 1 8 ,2 4 8 e 558 e
Kirst et alii, 2008, p. 15, 7 1 ,1 0 0 ,1 1 0 e 268.
144 Cf. Alonso Schõkel, 2004, p. 771; Holladay, 2010, p. 382 e Kirst et alii, 2008, p. 176.
145 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 736.
Cf. O ines, 2009, p. 317.
DIFICULDADES TEXTUAIS LI

apresentam nenhuma alternativa confiável para tradução. Os dois hebraístas mencionam que o vocábulo
teria correspondência com a raiz verbal TTÜ (hebr. ser forte [qat], tornar-se forte [piei], dar ares de firmeza
[hifit]). Ambos inform am , ainda, que a unidade lexical é traduzida por Símaco como xpáyoç àltepxópevoç
(gr. bode afastado) ou como xpáyoç àtptipevoç (gr. bode emitido).™ A BHS possui a seguinte observa­
ção em seu aparato crítico sobre o caso: A tQ àjtorcopjtaítü, S 1‘zz’jl c f W .T jS* (a Septuaginta possui a
leitura àrcojioiutaíü) [gr. ao que carrega o mal], a Peshitta possui a leitura lr ^ u A [sir. p a ra o forte de
Deus], conferir Lv 16.10, letra “a” e 16.26, letra “a”). A BHK possui anotação m ais curta, m as sim ilar a da
BHS'. S (a Peshitta possui a leitura b W T S ? [sir. para o forte de Deus]). Observação: a expressão
iTKTTS?i?, que é citada pela BHK, é transcrição em caracteres hebraicos da locução original da Peshitta. O
A T lf considera a lexia como um nome próprio, a vertendo como Azazel. Como o item lexicográfico é de
difícil tradução, além de inseguro, o ATI prefere optar por sim ples transliteração com o Azazel, acatando a
prim eira opção fornecida por Clines.

Levítlco 17.7
□ T V $ ? (hebr. aos peludos). A lexia D, 1 , S?íp é de tradução com plexa, além da locução D-VSrtj?*? (hebr. aos
peludos) ser um hapax legomenon. A expressão é vertida pelo A T lf com o aux boucs (fr. aos bodes). Várias
versões bíblicas em português traduzem a referida locução com aos demônios. A m encionada expressão é
vertida da seguinte form a pelas versões bíblicas clássicas: a Septuaginta traduz com o xoíç p a x a ío tç (gr.
aos inúteis, aos vãos); a Vulgata verte com o suas daemonibus (lat. aos demônios) e os targuns de ônquelos
e Hierosolim itano I traduzem como (aram. aos demônios). De acordo com os dicionários de hebrai­
co bíblico, a palavra podería ser vertida no contexto de Levítico 17.7 da seguinte forma: cabeludo,
demônio; demônio (peludo) (em forma de bode); sátiro, divindade menor, silvestre ou agreste; sátiro, de­
mônio; demônio-bode, sátiro e peludo, um bode demônio macho, sátiro.™ Como a unidade lexicográfica
é de tradução m uito difícil, no contexto de Levítico 17.7, o ATI opta em verter a expressão em discussão
com o aos peludos, tentando m anter as acepções originais da palavra que podería ser traduzida como
bode ou como peludo. Tal decisão coincide, m as parcialm ente, com as definições encontradas em K irst et
alii e em Koehler e Baumgartner.

Levítico 18.17
r r jg tf (hebr. a carne consanguínea dela). A palavra é vertida com o carne consanguínea (cf. Lv 18.17)
e como carne animal (cf. Êx 21.10). O A T lf traduz a locução r n g # (hebr. a carne consanguínea dela)
como son corps (fr. seu corpo). A s antigas versões bíblicas traduzem a citada palavra em Levítico 18.17
da seguinte m aneira: a Septuaginta traduz com o olicetai yàp ao ii (gr. porque os teus parentes); a Vulgata
verte como caro illius (lat. carne delas); o Targum de Ônquelos traduz com o (aram . próximos) e o
Targum Hierosolimitano I verte como IÍOÊP3 niTHjp (aram. a próxima da carne). Á s seguintes definições
sio registradas pelos dicionários de hebraico bíblico: come, corpo, parente próximo e carne como alimento
(de animal).™ Tais obras dicionarísticas indicam que a palavra deveria ser lida em Levítico 18.17 como
r n i j $ (hebr. a carne consanguínea dela), tendo o sinal diacrítico mappiq na letra n ,'» A BHK, confirman­
do a indicação dos dicionários de hebraico bíblico, possuí a seguinte anotação em seu aparato crítico: 1 frt
iTnKtp, cf 12.13; A fp K tf (a palavra é para ser lida, possivelmente, com orn$Ç? [hebr. a carne consanguínea
dela], conferir Levítico 18.12,13; a Septuaginta possui a leitura [hebr. a tua carne consanguínea]).
Observação: a locução citada pela BHK, é retroversão do grego para o hebraico. A BHS possui a
seguinte anotação sobre o assunto em seu aparato crítico: A o Ikeuxi y áp oov; 1 prb rnKIÇj (a Septuaginta1478950

147 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 806.


148 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 972; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1341; Clines, 2009, p. 439; Alonso Schõkel, 2004, p.
646; Holladay, 2010, p. 502 e Kirst et alii, 2008, p. 239.
149 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 984; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1379; Clines, 2009, p. 444-445; A lonso Schõkel, 2004,
p. 653; Holladay, 2010, p. 509 e Kirst et alii, 2008, p. 242.
150 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 985; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1379; Clines, 2009, p. 445; Alonso Schõkel, 2004, p.
653; Holladay, 2010, p. 509 e Kirst et alii, 2008, p. 242.
L ll DIFICULDADES TEXTUAIS

possui a leitura oliceiou yáp oou [gr. porque os teus parentes]; a palavra é para ser lida, provavelm ente,
como rn K Ç [hebr. a carne consanguínea dela]). De acordo com a BHK, a leitura da expressão r n $ $ seria
possível, enquanto que de acordo com a BHS a leitura seria provável. A posição da BHS sobre a problemática
é mais afirmativa do que a posição mais cautelosa da BHK. O ATI segue as orientações tanto das obras dicio-
narísticas quanto da BHK e da BHS. Em relação às definições carne consanguínea e carne animal que são
adotadas no ATI são baseadas, mas parcialmente, nos dicionários de hebraico bíblico utilizados neste texto.

Levítico 19.19 e Deuteronômio 22.11


T3tp?2? (hebr. tecido de lã mesclado). Palavra de significado incerto. O A T If traduz o citado vocábulo como
un tissu hybride (fr. um tecido híbrido). As versões bíblicas clássicas traduzem tal lexia da seguinte ma­
neira: a Septuaginta verte com o èic ôúo 'íxpaopévov kÍ^ ôtiXov (gr. de dois tecidos espúrios); a Vulgata
traduz como ex duobus texta (lat. de dois tecidos); o Targum de Ônquelos verte como 8T3QS7# (aram . tela
mesclada de lã e linho) e o Targum Hierosolim itano I traduz como "1ÇS? 'í Ò ? (aram. espécies mescladas
de lã). As seguintes acepções são encontradas nos dicionários de hebraico bíblico, mas com grau de incerte­
za: roupa tecida com dois tipos de fios, tecido de malhas grandes, tecido de malha larga, tecido mesclado,
tecido de lã mesclado e material diverso. 151 Koehler e Baumgartner, não fornecendo nenhum a alternativa
segura, comentam várias opiniões de estudiosos e mencionam algumas das opções que são registradas nos
dicionários de hebraico bíblico.151521534Tanto Koehler e Baum gartner quanto Brown, D river e Briggs informam
que a palavra é de procedência egípcia, sendo derivada de duas lexias: saht (copta: tecido) e nudj (copta:
adulterado).™ A opção do A TI em traduzir a unidade lexical em discussão como tecido de lã mesclado é
baseada em Brown, Driver e Briggs, em Clines e também, mas parcialm ente, em A lonso Schõkel.

Levítico 26.16 e Deuteronômio 28.22


r® n # rrn * i (hebr. a consunção). O vocábulo nspn© é de significação im precisa, denotando algum a doen­
ça. O A T If traduz a locução n |)fi$ rrn N i (hebr. a consunção) como le dépérissement (fr. o enfraquecimen­
to). As antigas versões da Bíblia apresentam as seguintes traduções: a Septuaginta prefere traduzir como
tt]v te ^tó p av (gr. a sarna a ti); a Vulgata opta em verter como egestate (lat. a indigência); o Targum de
Ônquelos decide traduzir como KnÇÇIK? H? (aram. a consumação) e o Targum Hierosolim itano I escolhe
verter como KrnB^nttf IT (aram. a consumação) (a diferença entre as duas versões aram aicas é em relação
à ortografia da palavra). Os seguintes significados são encontrados nos dicionários de hebraico bíblico, mas
sempre com grau de imprecisão: tuberculose, definhamento, tísica, consunção, enfermidade devastadora e
indisposição.164 A escolha do ATI em verter a unidade lexical em destaque com o consunção é baseada em
Brown, Driver e Briggs, em Koehler e Baum gartner e em Clines.

Levítico 27.12
ir õ n (hebr. como a tua avaliação o sacerdote). Expressão de redação inusitada. A locução de­
veria ser redigida, teoricam ente, como )H 3 n (hebr. como a avaliação de o sacerdote). O A T If
corrige a referida expressão, traduzindo com o selon Vévaluation de leprêtre (fr. conforme a apreciação do
sacerdote). As antigas versões da Bíblia possuem as seguintes traduções: a Septuaginta traduz com o Kat
ícaGóti av uixqoeTai (gr. e conforme avaliar); a Vulgata verte como qui diiudicans (lat. o qual julgando);
o Targum de Ônquelos traduz com o 83773 |Ç ”|7B3 (aram. como a apreciação do sacerdote) e o Targum
Hierosolim itano I verte como KJJJ3 (aram . que apreciará o sacerdote). Tanto a BHK quanto a BHS
não mencionam tal caso em seus aparatos críticos e nem Joüon e M uraoka, Gesenius e Blau fazem alguma
referência à ocorrência. Koehler e Baum gartner argumentam que a locução poderia ser traduzida como

151 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 1043; Clines, 2009, p. 473; Alonso Schõkel, 2004, p. 687; Holladay, 2010, p. 539 e Kirst et
alii, 2008, p. 258.
162 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1610-1611.
153 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1610 e Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 1043.
154 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 1006; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1463; Clines, 2009, p. 456; A lonso Schõkel, 2004, p.
665; Holladay, 2010, p. 520 e Kirst et alii, 2008, p. 248.
DIFICULDADES TEXTUAIS L lll

como a avaliação do sacerdote, considerando o sufixo pronom inal de segunda pessoa m asculina singular TJ
da expressão como um tipo de genitivo (como a avaliação de). '55 O ATI opta por ser fiel ao texto
hebraico de tradição m assorética, traduzindo a referida locução como como a tua avaliação 0 sacerdote,
apesar da redação excepcional.

N úm eros 14.34
‘'IINÍWIjrn^ (hebr. a minha impediçãó). A lexia PfÇIÍIjl é de tradução complexa. O vocábulo é registrado
apenas duas vezes na Bíblia Hebraica (cf. Nm 14.34 e Jó 33.10), apresentando dificuldade de tradução. O
A 77/traduz a unidade lexical em destaque como réprobation (fr. reprovação). As versões bíblicas clássicas
vertem, assim, a locução 'riK W rrnN (hebr. a minha impediçãó): a Septuaginta verte como t ò v (hipòv xflç
òpyf)ç (gr. a ira da minha cólera)’, a Vulgata traduz como ultionem meam (lat. a minha vingança) e
os targuns de Ônquelos e Hierosolim itano I vertem como j i n ç o f l n n - (aram. que murmurastes
contra mim). Os hebraístas apresentam diversas possibilidades para tradução: desagrado, oposição, sur­
presa, resistência, rebelião, indisciplina e oposição.156 Koehler e Baum gartner não apresentam opções para
tradução, argumentando apenas que é difícil obter a exata tradução do referido vocábulo, além de não exis­
tirem correspondências do mesmo nas línguas cognatas ao hebraico. Ambos os hebraístas citam as opções
acatadas pelas antigas versões bíblicas.151657Em virtude da com plexidade e da dificuldade de se obter tradução
confiável, 0 ATI opta em verter a palavra com o impediçãó, relacionando-a com a raiz verbal R13
(hebr. impedir, frustrar [qal e hifil\) e concordando, mas parcialm ente, com Brown, Driver e B riggs, Clines,
Holladay e K irst et alii, que oferecem a palavra oposição, com o alternativa.

N úm eros 21.1
D*Hng!n (hebr. o Atarim). O item lexicográfico é considerado topônim o, sendo transcrito como
Atarim. O A7 7 /traduz 0 referido nome de localidade com o les Atarim (fr. osAtarins). As versões bíblicas
clássicas ora transcrevem ora interpretam o m encionado topônim o: a Septuaginta opta em transcrever como
AGapiv (gr. Atarim)’, a Vulgata prefere interpretar com o exploratorum viam (la t o caminho dos explora­
dores)', 0 Targum de ônquelos escolhe interpretar com o rn iK (aram. o caminho dos espiões) e o
Targum H ierosolim itano I decide interpretar como 1"HPK (aram . o caminho dos espiões) (a diferen­
ça entre as duas versões aram aicas é a ortografia do segundo com ponente da expressão). De acordo com
os hebraístas, o item lexical é assim classificado: nome de local; nome geográfico de cidade ou região e
nome próprio de localidade.™ Brown, D river e Briggs argumentam que o topônimo podería indicar, pos­
sivelm ente, nom e de rota de caravana.158159Koehler e Baum gartner informam que algum as versões bíblicas
clássicas interpretam 0 topônimo como se fosse a locução OHÇin (hebr. os espiões). Tal constatação é ve­
rificada na Vulgata, nos targuns de Ônquelos e Hierosolim itano I, em Á quila e em Sím aco.160Confirm ando
tais inform ações, a BHS possui a seguinte anotação em seu aparato crítico sobre o assunto: a o ' (S<E(E,D)
KataOKOJtoí s C H n ü (Á quila e Símaco [a Peshitta, os targuns de Ônquelos e H ierosolim itano I e a
Vulgata, concordam com as duas versões gregas mencionadas, m as apenas em parte] possuem a leitura
KotTaoicojtoí [gr. espiões], que em retroversão é correspondente à locução □ 'H Pin [hebr. os espiões]).
Observação: a palavra K araoicoJtoí, citada pela BHS, é retroversão do grego para o hebraico. A BHK pos­
sui anotação m ais concisa em seu aparato crítico, mas que é sim ilar a da BHS, contendo, basicam ente, as
mesmas inform ações. O A TI segue a classificação dos dicionários de hebraico bíblico, considerando o item
t n Ç « como um topônim o, transcrevendo-o como Atarim.

155 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 885.


156 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 626; Clines, 2009, p. 491; Alonso Schõkel, 2004, p. 705; Holladay, 2010, p. 558 e Kirst et
alii, 2008, p. 268.
157 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1761.
158 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 87; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 103; Clines, 2009, p. 39; Alonso Schõkel, 2004, p. 722;
Holladay, 2010, p. 42 e Kirst et alii, 2008, p. 21.
159 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 87.
159 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 103.
LIV DIFICULDADES TEXTUAIS

Números 23.18 e 24 3 e 15
Í23 (hebr. o filho de). Expressão estranha, pois pelo contexto do versículo seria esperada a forma " ]3 (hebr. o
filho de): o item lexical |3 (hebr. filho) em estado construto singular, possuindo o sinal maqqefÇ). O A J//o p ta
em traduzir a locução Í3? (hebr. o filho de) como fils de (fr. filho de). As antigas versões da Bíblia apresentam
o seguinte quadro: a Septuaginta verte como utòç (gr. filho); a Vulgata traduz como fili (ht. filho dé); o Targum
de ônquelos verte como “O (aram. o filho de) e o Targum Hierosolimitano I traduz como !T“!lp (aram. o filho
de) (a diferença entre as duas versões aramaicas é em relação à grafia da locução). Joüon e Muraoka explicam
que a forma Ü jl é correspondente à forma '3 3 (hebr. o filhote delo filho de) que é encontrada em Gênesis 49.11.
Segundo os dois estudiosos, as redações (hebr. o filho de) e ^ (hebr. o filhote de/o filho de) seriam formas
arcaicas do item lexical ]3 (hebr. filho) em estado construto singular. Ambos os hebraístas informam, ainda, que
a forma Í3Ç é registrada em textos poéticos e arcaicos da Bíblia Hebraica.161 Gesenius confirma, igualmente,
que a forma Í3Ç é registrada em textos poéticos do Pentateuco, sendo redação rara do estado construto da lexia
]3 (hebr. filho).'*2 Confirmando tais dados, as obras dicionarísticas incluem a forma 13^1 na lista de possíveis
formas de estado construto da palavra 163.]3 Blau comenta que o fonema 1, para alguns hebraístas, seria forma
arcaica do estado construto encontrada no texto bíblico hebraico, mas afirma também que a sua proveniência
é ainda incerta.164165Por outro lado, a redação normal " ]3 (hebr. o filho de) ocorre em Números 22.10 e 31.8. No
aparato crítico da BHK encontra-se a seguinte observação sobre o caso: Seb (o sevirin é a forma ~]3 [hebr.
o filho de]).166 Esta nota da massorá indica que se supõe que a forma correta deveria ser " |5 (hebr. o filho de),
mais adequada ao contexto do versículo. A BHS possui a mesma anotação em seu aparato crítico, mas com erro
de redação (a forma ]3 é citada em vez da forma ~]3). O ATI, acatando as opiniões dos estudiosos, considera
que se trata de uma forma rara de estado construto singular da supracitada palavra.

N úm eros 23.22
ib D $n n s y in ? OfcjTííiD (hebr. Deus o que os fez sair desde o Egito; como chifres de boi selva­
gem dele). Versículo de difícil tradução. OA77/prefere traduzir o mesmo como Dieu les faisant sortir d’Egypte
comme des comes de buffle pour lui (fr. Deus os fazendo sair do Egito como dos chifres do búfalo para ele). As
seguintes traduções são encontradas nas versões bíblicas clássicas: a Septuaginta opta em traduzir como 0eòç
ó à^avayàiv aò to ò ç Alyújtxau* <bç ô ó l|a povoicépaytoç oaixfi) (gr. Deus o que os conduziu para fora do
Egito, como glória de unicórnio para ele); a Vulgata prefere verter como Deus eduxit eum de Aegypto cuius forti-
tudo similis est rinocerotis (lat. Deus o tirou do Egito, de que a foiça é semelhante a do rinoceronte); o Targum de
Ônquelos opta em traduzir como r r 1?1"! K ç n i ip in o n s ip n (aram . Deus que os retirou
desde 0 Egito, 0 vigor e a elevação dele) e o Targum H ierosolim itano I prefere verter como
w n n -T I « m o p iT i o n s o n r a n s ]ip p p n $ p n iv p ^ i p -® n
(aram. Deus que removeu e retirou a eles, os removidos, desde a terra do Egito, o vigor, e a elevação, a
exaltação e a valentia dele próprio). A BHS possui algum as observações em seu aparato crítico sobre alguns
vocábulos do versículo:
a. nota sobre o versículo inteiro: add? ex 24,8 (o versículo inteiro é um a adição?; versículo extraído de
Números 24.8).
b. nota para a expressão D ^ S lD (hebr. o que os fez sair): 1 c M s $ “* < 0 ÍK - ut 24,8 (a locução é para ser
lida conform e um m anuscrito hebraico m edieval, conform e m anuscritos da Septuaginta, conform e a
Vetus Latina e conform e a V ulgata, que possuem a leitura ítOSÍD [hebr. o que o fe z sair), com o em
Núm eros 24.8). Observação: a expressão é retroversão do grego e do latim para o hebraico.
161 Cf. Joüon e Muraoka, 2009, p. 261.
162 (X G esenius, 1980, p . 254.
163 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 137; Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 120; Alonso Scbõkel, 2004, p. 106; H olladay, 2010,
p. 56 e Klrst et a lii, 2008, p. 28.
161 Cf. Blau, 2010, p . 269-270.
165 Sevirin (aram. são sugeridos, são supostos, são cogitados) í uma observação roassocética que indica alguma leitura suposta ou
sugerida. Esse item term inológico da massorá indica situações em que o texto bíblico hebraico apresenta alguma forma gramati-
calmente errônea ou inesperada, sendo estranha ao contexto do versículo, cf. Tov, 2012, p. 59; Fischer, 2013, p. 22 e Francisco,
2008, p. 197 e 643.
DIFICULDADES TEXTUAIS LV

c. nota para a locução n&JTlnÇ (hebr. como chifres): dub; ô cbç ôó ^a; S ffw snh = fortitudo (a ex­
pressão é duvidosa; a Septuaginta possui a leitura ó ç ô ó |a [gr. como glória ], a Peshitta [os targuns
de Ônquelos e Hierosolim itano I e a Vulgata, concordam com a versão siríaca mencionada, mas
apenas em parte] possui a leitura « im s [sir. em seu vigor], que corresponde à palavra fortitudo [lat.
força]). Observação: a expressão tfwSnh, que é citada pela BHS, é transcrição em caracteres latinos
da locução original da Peshitta.
A BHK possui em seu aparato crítico os mesmos dados que são registrados no aparato de variantes
textuais da BHS. As informações da BHS demonstram que o versículo, além de ser de redação complicada,
possivelmente teria alguma relação textual com Números 24.8. De acordo com a ata d a edição crítica da Bíblia
Hebraica, Números 23.22 seria adição de Números 24.8. Confirmando tal informação, as seis expressões da
primeira parte de Números 24.8 são, exatamente, as mesmas de Números 23.22, exceto alocução verbalitTSlD
(hebr. o que o fez sair, cL Nm 24.8) em vez da expressão verbal (hebr. o que osfez sair, cf. Nm 23.22).
Em relação à intrincada locução nBSpTQ (hebr. como chifres), no contexto de Números 23.22, a mesma pode­
ría ser assim traduzida: como chifres; como eminências; como cornos e como aspas.™ Koehler e Baumgartner
comentam as traduções encontradas nas versões clássicas da Bíblia, mas não defendem, em especial, nenhuma
delas, is? A tradução que se encontra no ATI, concorda, mas pardalm ente, com aquela encontrada no ATIf, ten­
tando refletir o que se encontra no texto original hebraico, mesmo que este seja estranho e de difícil tradução.

N úm eros 23.7-10,18-24; 24.3-9,15-24


A bênção de Balaão. Textos em hebraico arcaico, com algumas situações de hapax legomenon, vocabulário
raro, além de tradução, parcialm ente, difícil.

N úm eros 24.17
-ip -ip i (hebr. e derrubará). Expressão verbal de significado duvidoso, além de ser um hapax legomenon.
O A T If traduz a mesma como et il a abattu (fr. e ele tem abatido). As versões clássicas da Bíblia vertem a
referida locução verbal da seguinte forma: a Septuaginta traduz como m l repovop«úoei (gr. e pegará como
espólios de guerra); a Vulgata verte como vastabitque (lat. e devastará); o Targum de ônquelos traduz
como B lty ? ] (aram. e dominará) e o Targum Hierosolim itano I verte como ]p1"H (aram . e banirá). O s
hebraístas não são uniform es ao tratar o item verbal “Ip ^p , havendo variedade de explicações e suposições.
Afonso Schõkel pressupõe que a citada locução verbal seria, talvez, derivada da raiz verbal "Hp (hebr. des­
truir, abater \pilpelf), mas não demonstra certeza. i«>Alguns dicionários de hebraico bíblico informam que o
mencionado item lexical em Números 24.17 seria duvidoso e orientam que o mesmo deveria ser lido como
" Ip lp (hebr. cocuruto), sendo, portanto, substantivo e não verbo.'6»D e acordo com tal ponto de vista, o final
do versículo deveria ser n r - a r 1? ? " ip i? i (**»*•« o cocuruto de todos os filhos de Sete) em vez de ser
n # ~ '>34r>73> (hebr. e derrubará todos os filhos de Sete). Sancionando tal hipótese, a BHS possui a
seguinte nota em seu aparato crítico: 1c et Jer 48,45 "lp"[j?) (o item é para ser lido conforme o Pentateuco
Sam aritano e Jerem ias 48.45 que possuem a leitura "Ip ^ p ] [hebr. e o cocuruto déf). A BHK possui a mesma
anotação com as m esm as informações. Koehler e Baumgartner informam que, segundo opiniões de estudio­
sos, a form a “Ip ^ p teria paralelos com a raiz verbal f 170 (hebr. destroçar \qal\). Além disso, os dois hebraís­
tas informam, ainda, que o citado item verbal seria derivado da raiz verbal I ”)“)p (hebr. derrubar \pilpet\).
Conforme os m esmos, alguns eruditos cogitam que a palavra deveria ser lida como ")p“)p (hebr. derrubar),
tendo relação com a raiz verbal qâra (árabe: derrubar).'*» Clines é o único a relacionar, claram ente, o item
verbal “lp "lp com a raiz verbal D T l p (hebr. derrubar \pilpet]).™ Observação: K oehler e Baum gartner

166 C f. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 419; C lines, 2009, p. 485; Alonso Schõkel, 2004, p. 699; H olladay, 2010, p. 552 e Kirst et
alii, 2008, p. 265.
’67 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1705.
«» Cf. Alonso Schõkel, 2004, p. 594.
Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 869 è 903; Alonso Schõkel, 2004, p. 594; Holladay, 2010, p. 463 e Kirst et alii, 2008, p. 219.
170 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1148.
'7' Cf. C lines, 2009, p. 405.
LVI DIFICULDADES TEXTUAIS

classificam a raiz verbal "l“)p com o I, enquanto Q ines a classifica como n . O ATI adota a definição como
derrubar, tendo por base Koehler e Baumgartner e Clines, considerando o item em discussão como forma
verbal relacionada com a raiz verbal “H p (I, segundo Koehler e Baumgartner ou II, segundo Clines).

N úm eros 24.22
PpT(hebr. Caim). O item lexical ] 'p traduzido como nome próprio m asculino. O A 77/traduz o mesmo como
Cain (fr. Caim). As versões bíblicas clássicas traduzem da seguinte m aneira: a Septuaginta traduz como
Beu)p (gr. Beor)\ a Vulgata verte como Cain (lat. Caim)', o Targum de Ônquelos interpreta com o
(aram. o salmita) e o Targum Hierosolim itano I interpreta como ■'Í35 (aram . os filhos do saimita)
(a diferença entre as duas versões aram aicas é em relação à ortografia do substantivo gentílico). Jastrow
registra as grafias as definindo como salmaita. Sokoloff registra a grafia " t h o , a
estabelecendo como salmita. Neste capítulo do ATI, optou-se pela definição registrada por Sokoloff, por
se tratar de obra lexicográfica m ais recente.172 No contexto de Números 24.22, as versões grega e latina
optam em traduzir como nome próprio m asculino, enquanto as duas versões aram aicas preferem inter­
pretar como substantivo gentílico. Alguns hebraístas classificam o item lexicográfico como nome próprio
m asculino, porém, outros o classificam como nome de povo.173 Koehler e Baum gartner argumentam que
o nome j?j? (hebr. Caim) é associado com o vocábulo T p (hebr. queneü) tanto em Números 24.22 quanto
em Juizes 4.11. Além disso, ambos os hebraístas classificam o item p p como nom e de tribo.174 A BHS
possui a seguinte observação em seu aparato de variantes textuais sobre a problem ática em conexão com
Números 24.21: huc tr p p ex 22 (transpor para cá o nome p p , extraído de Números 24.22). A B H K possui
a mesma nota com os mesmos dados. O ATI opta em traduzir o item lexical como nome próprio m asculino,
concordando o A TIf, mesmo que alguns hebraístas o classifiquem como substantivo gentílico.

N úm eros 25.4
SJpini (hebr. e expõe com membros quebrados). A expressão verbal é de significação incerta. O A T If traduz
o referido item verbal como et fais pendre (fr. e faze pendurar). O mesmo é traduzido d a seguinte m aneira
pelas versões bíblicas clássicas: a Septuaginta verte como ícai JtapaôeiypáT ioov (gr. e expõe à ignomínia)
e a Vulgata traduz como suspende eos (lat. os suspende). Não há correspondência exata do item verbal
hebraico tanto no Targum de Ônquelos quanto no Targum H ierosolim itano I, os quais glosam o versículo,
segundo a interpretação rabínica da época talm údica. Os textos das duas versões aram aicas são m uito dife­
rentes em relação ao texto original hebraico. No Targum de Ônquelos a locução que m ais se aproxim a do
item verbal hebraico seria bltDjp5) p"I] (aram. e julga e executa) e no Targum Hierosolim itano I a locução
verbal que mais se aproxim a seria 3Í*!?Xrn (aram . e empatarás). A BHS possui a seguinte anotação em seu
aparato crítico sobre tal problem ática de ordem textual: = et luxa? a àvójtqí.ov, o ' Kpépaoov, V (<E<EJ)
suspende, S wprs’ = expone, (9 rcapaôeiY iiáuoov (o item verbal é correspondente com a expressão et
luxa ? [lat. e desconjunta ?]; Áquila possui a leitura àvcurq^ov [gr. crava no alto], Sím aco possui a leitura
Kpépaoov [gr. dependura], a Vulgata [os targuns de Ônquelos e H ierosolim itano I concordam com a ver­
são latina m encionada, mas em parte] possui a leitura suspende [lat. suspende], a Peshitta possui a leitura
(sir. expõe) que corresponde à locução verbal expone [la t expõe], a Septuaginta possui a leitura
itapaôeLYIxáuoov [gr. expõe à ignomínia]). Observação: a expressão wprs’, que é citada pela BHS, é
transcrição em caracteres latinos da locução original da Peshitta. A BHK possui anotação sim ilar a da BHS
com as mesmas inform ações. O item verbal S j?in pertence à raiz verbal S p ' (hebr. [hifil]) que é definida
pelos dicionários de hebraico bíblico da seguinte m aneira: expor com membros quebrados, expor com os
membros quebrados, empalar, pendurar, justiçar, expor (alguém) com membros quebrados e mostrar com

172 Cf. Jastrow, 2005, p. 1587 e Sokoloff, 2002, p. 555. A obra de Jastrow é datada, originalm eiite, de 1886-1900 e a obra de Sokoloff
é datada, originalmente, de 1990.
173 Cf. Brown, Driver e Briggs, 19% , p. 882; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1097; C lines, 2009, p. 394; Alonso Schõkel, 2004, p.
784; Holladay, 2010, p. 451 e Kirst et alii, 2008, p. 214.
174 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1097.
DIFICULDADES TEXTUAIS LVII

pernas e braços quebrados,'7* Brown, D river e Briggs inform am que o significado é incerto, dizendo ape­
nas que o item verbal indica algum a form a solene de execução.176A definição adotada no A TI é baseada em
Kirst et alii e em Hoüaday, com a concordância de Clines e de Koehler e Baumgartner.

N úm eros 26.59
n n k (hebr. ela). A expressão parece inusitada, sendo estranha ao contexto do versículo. O A T lf traduz com o
elte (fr. ela). A BHS possui em seu aparato crítico a seguinte nota sobre o problem a textual: 1ítlpK; > <C<EJ;
® to ik o u ç ; S t) IT IT pro "K ^ (a expressão é para ser lida como HBK [hebr. a mãe dela]; a referida locu­
ção falta nos targuns de Ônquelos e H ierosolim itano I; a Septuaginta possui a leitura tovtovç [gr. estes];
a Peshitta e a Vulgata possuem a leitura [hebr. fo i nascida] em vez da expressão n n tt n y T [hebr.
gerou ela]). Observação: a form a verbal r n V , que é citada pela BHS, é retroversão do siríaco e do latim
para o hebraico. A BHK possui anotação sim ilar a da BHS, tendo, basicam ente, as mesmas inform ações. A
BHS propõe ler a locução como ffljpK (hebr. a mãe dela), que seria m ais adequada ao contexto do versículo.
Confirm ando a inform ação encontrada no aparato de variantes textuais da BHS, a Septuaginta traduz com o
totjtouç (gr. estes) e a Vulgata verte com o nata est (lat. é nascida); porém , o Targum de ônquelos prefere
traduzir com o fflT (aram . ela) e o Targum H ierosolim itano I opta em verter como n T Í ? ^ (aram . que ge­
rou). Pela observação da BHS, a locução n n ft 7 1 1 ^' (hebr. gerou ela) deveria possuir a seguinte redação:
n a s r n 1?’ (hebr. gerou a mãe dela). O A TI segue o texto original hebraico, mesmo que a expressão HÇlfc
seja inusitada ao contexto.

N úm eros 31.16
(hebr. para oferecer infidelidade). Locução de com plexa tradução, além de ser uma ocor­
rência de hapax legomenon. O A T lf traduz a mesma com o pour inciter à Vinfidélité (fr. para incitar à
infidelidade). As versões antigas da Bíblia apresentam variadas interpretações da m encionada expressão: a
Septuaginta prefere verter como toü cu to o ríjo ai ícal xm epiôeív (gr. para afastar-se e passar por cima);
a Vulgata opta em traduzir como etpraevaricari vos (lat. e prevaricar vós); o Targum de Ônquelos prefere
traduzir como ”lj?$ (aram. para ser infiel de infidelidade) e o Targum Hierosolim itano I opta em
verter como “)p $ SHjpülp1? (aram. para o que é infiel de infidelidade). No aparato de variantes textuais da
BHS encontra-se a seguinte anotação sobre o assunto:® ToÕ àjto o tíjacu ícat ú:tepiôeív tò (òfjfxot icupíou,
S wmrdw w’‘ljw bmrj’ = et rebellavermt et iniuste egerunt contra Dominum cf ü , 1 aut c <L<D; '2 'O S ü ftS
aut ^ "HOb (a Septuaginta possui a leitura toO àjto o x fjo ai ícal íiJiepiôeXv tò £í)pa icupíou [gr.
para afastar-se e passar por cima da palavra do Senhor], a Peshitta possui a leitura r ú í » aA^.reo oiisoo
(sir. e se rebelaram e injustamente agiram contra o Senhor), que corresponde à frase et rebellaverunt et
iniuste egerunt contra Dominum [lat. e se rebelaram e injustamente agiram contra o Senhor], conferir a
Vulgata, e para ser lido um ou outro, conform e os targuns de Ônquelos e Hierosolim itano I que possuem a
leitura rn iT S bSD bíílp1? [hebr. p a re ser infiel de infidelidade contra YHWH] ou rHIT “H ob [hebr.
para se afastar de longe de YHWH]). Observação: a frase latina, citada pela BHS, é tradução do siríaco e
para o latim e a prim eira locução hebraica é retroversão do aramaico para o hebraico. No aparato crítico
da BHK acha-se nota sem elhante a da BHS, contendo, basicam ente, as mesmas inform ações. A raiz verbal
“IOÜ (hebr. [qal\) é de com plicada tradução no contexto de Números 31.16 e os hebraístas apresentam as
seguintes opiniões a respeito: K irst et alii e Holladay não apresentam nenhuma definição da raiz verbal na
conjugação qal e pedem para que a form a verbal (hebr. para oferecer) seja lida como "S ü p S (hebr.
para ser infiel); Alonso Schõkel define a referida raiz verbal na conjugação qal como apostatar, mas não
dem onstra certeza; Brown, Driver e Briggs definem o citado item verbal na referida conjugação como
oferecer (cometer) uma transgressão contra e pedem para que a form a verbal IÇ Ç 1? (hebr. para oferecer)
seja lida com o Si)!?1? (hebr. para ser infiel); Koehler e Baum gartner definem a referida form a veibal na

175 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 431; Q in es, 2009, p. 162; Alonso Schõkel, 2004, p. 291; Holladay, 2010, p. 201 e Kirst et
alii, 2008, p. 93.
176 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 429.
LVIII DIFICULDADES TEXTUAIS

citada conjugação como se tornar ocasião para apostasia, mas sem certeza, e pedem, igualm ente, para que
a form a verbal "IÇfp1? (hebr. para oferecer) seja lida como (hebr. para ser infiel) e C lines define a
raiz verbal ")OB na conjugação qal como oferecer, isto é, cometer transgressão contra.™ O A TI traduz o
supracitado item verbal no contexto de Números 31.16 como para oferecer infidelidade, baseando-se nas
obras de Clines e de Brown, D river e Briggs.

N úm eros 34.10
n r r w n m (hebr. e assinalareis). A raiz verbal é II Í11K (hebr. assinalar [hitpael]) em vez da raiz verbal
nãn (hebr. demarcar [pielf). O A T If traduz o item verbal como et vous tracerez (fr.
e vós traçareis), indi­
cando que a raiz verbal é HKn, na conjugação piei (hebr. demarcar). A s versões clássicas da B íblia vertem
da seguinte m aneira a referida locução verbal: a Septuaginta a traduz como ícal KaToqiETpqoETS (gr. e
medireis)', a Vulgata a verte como inde metabuntur (lat. de lá serão medidos); o Targum de Ônquelos a '
traduz como j l i p n 1) (aram. e estabelecereis) e o Targum H ierosolim itano I a verte com o jU lp r n (aram . e
estabelecereis) (a diferença entre as duas versões aram aicas é relacionada com a ortografia do item verbal).
Na BHK encontra-se a seguinte nota em seu aparato crítico: 1 D rPK nni (vel □rPKTIl c f 7s) et c ® S (a
locução é para ser lida como O lV ljinni [hebr. e demarcareis {hitpael}] [ou com o DTPttTTl {hebr. e demar­
careis [piei]}, conferir o versículo 7 e seguintes) e com a Septuaginta e a Peshitta que possuem a leitura
[hebr. e delimitai]). Observação: a form a verbal citado pela BHK, é retroversão do grego
e do siríaco para o hebraico. A BHS possui nota sem elhante, porém m ais curta do que a da BHK em seu
aparato crítico: 1 D !V $- vel DrPKTll cf 7sq (a locução é para ser lida como DTPKTliT] [hebr. e demarcareis
{hitpael}] ou como nS T W j [hebr. e demarcareis {piei}], conferir o versículo 7 e seguintes). A BHK e a
BHS opinam que o item verbal que deve ser considerado no contexto de Números 34.10 é a raiz HKT1 (hebr.
demarcar [piei e hitpael]). Os hebraístas relacionam Núm eros 34.10 com um a das duas possíveis raízes
verbais: K irst et alii, Holladay, Alonso Schõkel e Koehler e Baum gartner relacionam com a raiz TOtTI (hebr.
demarcar [piei]);'™ Brown, Driver e Briggs relacionam com a raiz verbal I iTlK (hebr. ansiar [hitpael])™
e Clines relaciona com a raiz verbal II !T)R (hebr. assinalar {hitpaeflj)."*1Observação: Clines é o único di-
cionarista a incluir em sua obra um a segunda acepção para a raiz verbal HIK, com o sentido de assinalar,
na conjugação hitpael. Os dem ais dicionaristas registram , somente, um a única acepção para a referida raiz
verbal, com o sentido de ansiar (piei e hitpael), não incluindo ou mesmo ignorando um possível segundo
significado. Jastrow , assim como Clines, registra a segunda significação da referida raiz verbal no hebraico
rabínico, com a acepção de assinalar, marcar, na conjugação hitpael.™ O A TI acata a segunda significação
fornecida por Clines, relacionando a expressão verbal D rH Spri'] com a raiz verbal IIITIK (hebr. assinalar
[hitpael]).

Deuteronômio 2.9
" lS rrb ^ l (hebr. que não apertes). Expressão de redação inesperada, além de ser m ais um caso de hapax
legomenon. Por meio de tradução hiperliteral a referida locução podería ser traduzida com o que para aper­
tes, que é m uito inusitada. A redação esperada deveria ser (hebr. que não apertes). A redação
IS Ç rb Ç l (hebr. que não apertes) consta no Códice L e a BHS e a BHQ a reproduzem fielm ente. Por outro
lado, a BHK e a BHL corrigem a redação para que é m ais adequada ao contexto do versículo.
As dem ais edições da B íblia Hebraica adotam a correção que 6 constatada tanto na BHK quanto na BHL.
O A T If adota esta últim a forma, mais adequada ao contexto, traduzindo como que ne pas tu attaques (fr.
que tu não ataques). A s antigas versões bíblicas vertem a locução em discussão da seguinte m aneira: a
Septuaginta traduz como pq éxôpaíveTE (gr. não confrontai como inimigo); a Vulgata verte com o non1 789*

177 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 588; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 608; Clines, 2009, p. 231; Alonso Schõkel, 2004, p.
387; Holladay, 2010, p. 289 e Kirst et alii, 2008, p. 133.
178 Cf. Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1673; Alonso Schõkel, 2004, p. 695; Holladay, 2010, p. 549 e Kirst et alii, 2008, p. 263.
179 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 16.
18» Cf. Clines, 2009, p. 7.
181 a . Jastrow, 2005, p. 24.
DIFICULDADES TEXTUAIS LIX

pugnes (lat. não combatas)', o Targum de Ônquelos traduz como "I12M1 tib (aram. não sitiarás) e o Targum
Hierosolim itano I verte como K1? (aram. não pressionarás). A BHS possui a seguinte anotação em
seu aparato crítico sobre o caso em destaque: sic L, m lt Mss Edd (a redação assim está no Códice L,
m uitos m anuscritos hebraicos m edievais e edições impressas da B íblia Hebraica possuem a forma *78 [hebr.
não]). A BHK não possui nota em seu aparato crítico. No aparato crítico da BHQ consta um a observação
textual m ais completa: ML (err) |-,?8 ML17MS5G V S T | Smr (indet) || pref ML17MS5G V S T ( a
form a "bijl [hebr. para, em direção a] no Códice L [constitui um erro]; a form a [hebr. não] consta nos
códices de Leningrado B17 e Sassoon 507, e também na Septuaginta, na Vulgata, na Peshitta e no Targum;
no Pentateuco Samaritano [a situação é indeterm inada, não sendo possível usá-la para resolver o caso]; a
leitura preferida é ~b\& [hebr. não], conforme atestado pelos códices de Leningrado B17 e Sassoon 507, e
conforme atestado pela Septuaginta, pela Vulgata, pela Peshitta e pelo Targum). O A TI adota a sugestão
das m encionadas edições acadêmicas do texto bíblico hebraico, vertendo a expressão em discussão como
(hebr. que não apertes), por ser mais adequada ao contexto do versículo bíblico, apesar de que no
próprio texto hebraico de tradição m assorética esteja a redação " lS rrb iji (hebr. que para apertes).

D euteronftm io 14.5
-||? n ipK] -ITOFTC '3 $ 1 (hebr. cervo, e gazela, e corço; e cabra montes, e íbex, e antílope
e carneiro montês). Alguns itens lexicais são de significados incertos, denotando determ inados anim ais
selváticos. O A T //prefere traduzir as sete palavras como cerfet gazelle et chevreuil et bouquetin et cha-
mois et mouflon et antílope (fr. cervo, e gazela, e veado, e íbex, e ovelha camurça, e carneiro e antílope).
As antigas versões bíblicas possuem as seguintes traduções para os m encionados vocábulos: a Septuaginta
prefere verter como eXacpov ícal ôopicáôa ícal (krúpaXov ícal TpayéXcwpov ícal JcÚYapryav, õ p u y a ícal
KClUTiXojtápôaJuv (gr. cervo, e corça, e antílope, a cabra montês, antílope de traseira branca, a gazela e
girafa); a Vulgata opta em traduzir com o cervum capream bubalum tragelaphum pygargon orygem came-
lopardalum (lat. o cervo, a corça, o antílope, a cabra montês, o antílope de traseira branca, a gazela, a
girafa); o Targum de ônquelos decide verter com o K fH I K ^ n ir r ; K Ç T ] t Ò t n 1010113 « $ © 1
(aram. o cervo, e a gazela, e [significado?], e a cabra montês, e o boi selvagem, e o auroque e [significado?])
e o Targum Hierosolimitano I escolhe traduzir com o ] T “!1 1 3 p i n i p O T ] ]'7 > » r n
(aram. os cervos, e as gazelas, [significado?], e as cabras monteses, e os bois selvagens, e os auroques do
campo e o filhote de [significado?]). Jastrow informa que a unidade lexical H D rP (a grafia que consta em seu
dicionário) seria algum cervo, provavelmente cervo fulvo, m as não demonstra certeza. Sokoloff informa que
a lexia 1DIT (a grafia que consta em seu dicionário) seria antílope, todavia, também não demonstra confiança.
Para Jastrow, a palavra K2P3 (a grafia que consta em seu dicionário) seria algum animal da família do cervo,
mas sem especificar qual seria. Sokoloff não registra a palavra.182 Existe variedade de opção para tradução
para tais anim ais, segundo os dicionários de hebraico bíblico, m as sempre com grau de incerteza para algumas
lexias: veado, e gazela, e corço, e cabra montês, e antílope, e ovelha montês e espécie de gazela; gamo, e ga­
zela, e corço, e cabra selvagem, e bisão, e carneiro e tipo de gazela; cervo, e gazela, e corço, e cabra montês,
e antílope, e bisão e camurça; veado adulto, e gazela, e corço, e cabra selvagem, um animal limpo, e antílope
e carneiro montês; cervo, e gazela, e corço, e cabra montês, eíbex, e antílope e carneiro montês e cervo fulvo,
e gazela, e corço, e cabra montês, e auroque, e antílope e tipo de gazela.™ O A TI adota as definições forneci­
das por Clines, mesmo que as significações não sejam inteiram ente confiáveis para algumas unidades lexicais.

Deuteronômio 14.13
n p r n (hebr. e o milhano). O item lexical H O é de significado incerto, denotando algum a ave de rapina.
O A 77/ traduz a locução n p n i (hebr. e o milhano) como et le vautour (fr. o abutre). As versões bíblicas

182 « . Jastrow, 2005, p. 305 e 575 e Sokoloff, 2002, p. 239.


«B Cf. Brown, Driver e üriggs, 1996, p. 1 9 ,7 0 ,1 9 0 ,2 7 5 ,3 3 1 ,8 4 0 e 1060; Koehler e Bauragartner, 2001, p. 4 0 ,8 2 ,2 2 1 ,2 7 4 ,4 0 7 ,
998 e 1673; C lines,2009, p. 1 5 ,3 0 ,7 8 ,1 0 1 ,1 5 2 ,3 7 3 e 482; Alonso Schõkel, 2004, p. 4 7 ,7 4 ,1 5 5 ,1 9 5 ,2 7 5 ,5 5 5 e 695; Holladay,
2010, p. 1 6 ,3 5 ,9 7 ,1 2 6 ,1 8 9 ,4 3 0 e 549 e Kirst et alü, 2008, p. 9 ,1 7 ,4 8 ,5 9 ,8 8 ,2 0 2 e 263.
LX DIFICULDADES TEXTUAIS

clássicas adotam padrão uniform e de tradução para a referida palavra, .vertendo como milhafre ou como
milhano: a Vulgata traduz como milvum (lat. o milhafre); o Targum de ônquelos verte como KJVTj (aram.
e o milhano) e o Targum H ierosolim itano I traduz como KTP~n (aram. e o milhano) (a diferença entre as
duas versões aram aicas é relacionada com a ortografia do vocábulo). A Septuaginta não contém a palavra
em seu texto. A BHK possui a seguinte observação em seu aparato de variantes textuais sobre o caso:
dl c SMSS juul® (lM S Ksn > TTKini) (a palavra é para ser om itida, conform e cinco m anuscritos hebraicos
m edievais, o Pentateuco Sam aritano e a Septuaginta [a expressão {hebr. e o milhafre vermelho}
é ausente em um m anuscrito hebraico m edieval da coleção de Benjam in Kennicott {Oxford, 1776-1780;
reim pr. Hildesheim , 2003}]). A BHS possui a seguinte anotação em seu aparato crítico: > pc Mss £m<B, dl cf
Lv 11,14 (o vocábulo é ausente em poucos m anuscritos hebraicos m edievais, nos fragm entos de m anuscri­
tos hebraicos da Guenizá do Cairo, no Pentateuco Samaritano e na Septuaginta; a palavra é para ser om itida,
conferir Levítico 11.14). A BHQ possui a seguinte nota em seu aparato de variantes textuais: V T | > Smr
G (assim -Lev 11:14) (a unidade lexical é registrada na Vulgata e no Targum; mas é ausente no Pentateuco
Sam aritano e na Septuaginta [o caso é um a assim ilação de Levítico 11.14]). As edições críticas da Bíblia
Hebraica orientam para que a locução J T irn (hebr. e o milhano) deveria ser excluída, por não ser regis­
trada por algumas versões bíblicas clássicas e por ser, ainda, uma assim ilação (processo para tom ar seme­
lhantes determ inadas passagens bíblicas [ex.: tom ar sem elhante Deuteronômio 14.13 com Levítico 11.14,
por causa do conteúdo de ambas as passagens) da expressão (hebr. e o milhafre vermelho) de
Levítico 11.14. Por meio dos dicionários de hebraico bíblico utilizados neste estudo, existem dúvidas sobre
a exata identificação da unidade lexicográfica: Kirst et alii e Holladay apenas afirmam que seria algum a
ave de rapina, mas não especificam qual seria; A lonso Schõkel define como abutre; Brown, D river e Briggs
argumentam que seria algum a ave de rapina, possivelm ente milhano; Koehler e Baum gartner afirmam que
seria, igualm ente, alguma ave de rapina, mas dizem que o significado é incerto e Clines define com o milha­
no. 194 A tradução adotada no A TI é baseada em Clines, por ser a obra lexicográfica m ais recente, apesar da
significação não ser absolutam ente segura.

D euteronôm io 27.19
D Í r r “l3 (hebr. peregrino órfão). Expressão que é unida pelo sinal m aqqef e sua can eta tradução.
Normalmente, o sinal maqqef ou m aqqafÇ) (hebr. hífen)'** deve ser utilizado p aia unir palavras e não para
separá-las, possibilitando a tradução da locução D Ín '- “13 como peregrino órfão. OATTjfopta em traduzir
como un immigré un orphelin (fr. um imigrante, um órfão). Tal locução é tratada da seguinte m aneira pelas
versões clássicas da Bíblia: a Septuaginta traduz com o rcpooqXútov m l òptpavoC (gr. do estrangeiro e do
órfão); a Vulgata verte como advenae pupilli (lat. do estrangeiro, do órfão); o Targum de ônquelos traduz
como DP: “IH (aram. não habitante órfão) e o Targum Hierosolim itano I verte como DTP (aram.
não habitante órfão) (a diferença entre as duas versões aram aicas é em relação à ortografia do prim eiro
item lexicográfico). Três edições acadêm icas da B íblia H ebraica possuem observações em seus aparatos de
variantes textuais sobre o caso: a BHS possui a seguinte nota: ® S pr cop c f 26,13 (a Septuaginta e a Peshitta
colocam antes a conjunção, conferir Deuteronôm io 26.13); a BHK possui nota sem elhante a da BHS, com
as mesmas inform ações e a BHQ possui a seguinte observação textual: D irP Smr V T | prec cj G S (o
vocábulo D ín; [hebr. órfão] consta [sem conjunção] no Pentateuco Sam aritano, na Vulgata e no Targum;
o mesmo vocábulo é precedido por conjunção na Septuaginta e na Peshitta). Tanto o Códice L quanto as
edições da B íblia H ebraica baseadas nele, como a BHK, a BHS, a BHQ e a BHL, reproduzem, exatam ente, o
mesmo texto, registrando o sinal maqqef, unindo os dois vocábulos. Joãon e M uraoka explicam que o sinal
maqqef indica que duas ou m ais palavras formam um grupo extrem am ente unido. Além disso, um par de
palavras ligado pelo referido sinal m assorético form a um a unidade fonética, sendo que a prim eira palavra
perde o seu acento. Neste caso, o acento cai no segundo com ponente da unidade. Geralm ente, a unidade184

184 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 178; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 220; Clines, 2009, p. 77; Alonso Schõkel, 2004, p. 154;
Holladay, 2010, p. 97 e Kirst et alii, 2008, p. 48.
'85 Cf. Tov, 2012, p. 63 e Francisco, 2008, p. 206,2 0 7 e 212.
DIFICULDADES TEXTUAIS LXI

indicada pelo sinal maqqef possui m ais relação entre si do que indicado por algum acento conjuntivo.186
Gesenius explana que o sinal maqqef conecta duas ou m ais palavras entre si. Em tal situação, as palavras
são consideradas com o se formassem um a só unidade.187Um caso sim ilar consta em Deuteronôm io 24.17,
onde encontra-se a locução OÍTP "]3 (hebr. peregrino órfão). A lexia (hebr. peregrino ) possui o acento
conjuntivo (acento que une) de cantilação munrtah a unindo ao vocábulo seguinte que é OÍrV (hebr. órfão),
que possui o acento disjuntivo (acento que separa) de cantilação 'atnah. Tais acentos indicam que ambas as
lexias possuem relação entre si, não podendo ser tratadas como separáveis (isto é, o acento munrtah indica
que a palavra "13 [hebr.peregrino] possui relação com o vocábulo DÍTP [hebr. órfão]). O A TI opta pelo uso
m assorético do sinal maqqef, unindo as duas palavras da expressão D irP 13 (hebr. peregrino órfão) de
Deuteronôm io 27.19, apesar das várias versões bíblicas em português separarem as mesmas.

Deuteronômio 32.1-43
O cântico de M oisés. Texto em hebraico arcaico, com várias situações de hapax legomenon, além de tradu­
ção, parcialm ente, difícil. Constam várias palavras raras ou de baixa frequência no texto bíblico hebraico.
Existem , igualm ente, várias form as arcaicas de determ inados elem entos gram aticais, com o preposições etc.

Deuteronômio 33.2-29
A bênção de M oisés. Semelhantemente a Deuteronômio 32.1-43, texto em hebraico arcaico, com várias
situações de hapax legomenon, além de tradução, parcialm ente, difícil. Constam várias palavras raras ou de
baixa frequência no texto bíblico hebraico. Há, também, várias form as arcaicas de determ inados elem entos
gram aticais, como preposições etc.

Deuteronômio 33.3
'Dpi (hebr. foram amarrados ao teu pé). O item verbal é de tradução m uito difícil. T al item
pertence à raiz verbal rD íl, na conjugação pual, sendo m ais um caso de hapax legomenon. O A 77/opta
em traduzir o mesmo com o se sont tenus (fir. manter-se). As versões clássicas da B íblia apresentam inter­
pretações sobre a expressão rjÍJjnS UF) (hebr. foram amarrados ao teu pé): a Septuaginta prefere glosar como
m l ouxoi 'òirò oé eloiv (gr. e estes estão debaixo de ti); a Vulgata opta em interpretar como et qui adpropin-
quantpeãibus eius (lat. e os que se aproximariam aos seus pés); o Targum de Ônquelos opta em glosar como
bs n in n | ’“151P (aram, os que são dirigidos sob a tua nuvem, se movempela tuapalavra) e o
Targum Hierosolimitano I prefere interpretar como 1 3 " | KDS f D ? ]■':*■)#’) ]T T 3 Tpjgb W . ^ U ?
(aram. os que são dirigidos ao p é das nuvens da tua honra, repousam e desatam a m o a estação de irrigação).
A tradução da expressão verbal 3DFI é incerta, e os dicionários de hebraico bíblico ora não fornecem nenhuma
definição ora fornecem opções possíveis, mas nenhuma delas com segurança absoluta: Kirst et alii apenas
comentam que é de significado incerto; Holladay diz que é inexplicado, sugerindo ajuntar-se; Alonso Schõkel
define como render-se, mas diz que é duvidoso; Brown, Driver e Briggs comentam que o significado é com­
pletamente duvidoso e pelo contexto podería ser ser deixado ou ser ajuntado; Clines define como ser levado
e Koehler e Baumgartner explicam que o significado não é exatamente claro e não existe nenhuma corres­
pondência exata com as línguas cognatas ao hebraico. Os dois hebraístas com entam algum as sugestões de
estudiosos, preferindo a acepção ser amarrado, apesar de dem onstrarem algum grau de incerteza. Eles di­
zem, ainda, que determ inados eruditos sugerem deixar o mencionado item verbal sem nenhum a tradução.188
As edições críticas do texto bíblico hebraico possuem observações sobre o assunto em seus aparatos críticos:
a BHK possui a anotação: crrp; prps r p b p " |ç wtf?: i1??"]1? w b ; d íi ] vei irn p K ? dnçt f r jr f p t a f t j o rn
(o texto está corrompido; é proposta a leitura V ipPpnÇ iN tjr 1*7^7 IS O ' O rh [hebr. e eles cobrirão ao pé
dele, erguerão as carruagens dele] ou a leitura U Y ^P^p D $íjr üíT) [hebr. e eles caminharam

186 Cf. Jotton e Muraoka, 2009, p. 53.


187 Cf. Gesenius, 1980, p. 63.
188 Cf. Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 1067; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1730; C lines, 2009, p. 487; Alonso Schõkel, 2004, p.
702; Holladay, 2010, p. 555 e Kirst et alii, 2008, p. 266.
LXII DIFICULDADES TEXTUAIS

ao pé dele, os erguerá na asa dele]); a BHS apresenta a observação: prp 'OflDH (a "]DD); <8 m,“ om cop (é
proposta a leitura [hebr. se abaixaram] {extraído da raiz verbal "p D [bebr. se abaixar {hitpael}]};
m anuscritos cursivos da Septuaginta omitem a conjunção) e a BHQ possui a seguinte anotação: Smr S | íitò
oé etoiv G | percussi in pedibus tuis <a> \ adpropinquant pedibus eius V | *]33S ffln n T° (TJNF)
(m idr) (a expressão verbal coincide com o Pentateuco Sam aritano e com a Peshitta; a Septuaginta possui
a leitura ÚJtò cré eloiv [gr. estão debaixo de ti]; a leitura percussi in pedibus tuis [lat. feri aos teus pés] é
estabelecida em Áquila, mas por meio de retroversão; a Vulgata possui a leitura adpropinquant pedibus
eius [lat. se aproximariam aos seus pés\, o Targum de ônquelos possui a leitura *?[33S7 ffinip [aram.
os que são dirigidos sob a tua nuvem] [os targuns Hierosolimitano I, Neophyti I e Hierosolimitano n possuem,
praticamente, a mesma leitura da versão aramaica citada, mas diferem em determinados detalhes de conteúdo]
[a leitura do Targum de Ônquelos é inspirada por uma tradição existente do midrashm]). No comentário da ,
BHO a determ inados casos registrados em seu aparato crítico, consta que, segundo a opinião de Ottó Komlós
C ^ f Í ? w ri [Deut x x x m 3]” in Vetus Testamentum 6,1956, p. 435-436), a raiz verbal H3J1 deveria ser
entendida como um a raiz cognata e variante ocidental das raizes verbais ^ÍTI (aram. comprimir) e “[DTI (aram.
apertar) com o significado de amarrar ou atar. Por meio de tal sugestão, a locução segundo
o mencionado erudito, seria vertida como foram atados ao pé dele.'*0 Por fim, o A TI adota a definição dada
por Koehler e Baumgartner, traduzindo a forma veibal 0 -1 como foram amarrados, apesar do alto grau de
incerteza.

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189 Midrash (bebr. estudo, interpretação, comentário, exegese) é um método de interpretação rabmico de caráter, preferivelmente,
hom ilético, surgido da época do Segundo Templo em diante (c. 520 a.C.-70 d.C.), cf. Tov, 2012, p. 420; Fischer, 2013, p. 305 e
Francisco, 2008, p. 632.
19° Cf. BHQ, p. 157*.
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Pentateuco
n w o
I A criação d o Universo • d a rafa hu­
m ana 'N o começo Deus criou os
Gênesis
céus e s terra. 7A terra era um vazio, sem
nenhum ser vivente, e estava coberta por
um m ar profundo. A escuridão cobria o
C apítulo 1
mar, e o Espirito de Deus se movia por
a m a da água. n#i c r•o\-tè
x n“ n «r n'Tibx
a* v: « JT
“OT vrp n p
3Então Deus disse:
— Que haja luz! e os céus Deus criou Em início,
E a hiz começou a existir. 4 Deus viu
que a luz era boa e a separou da escuri­
dão. *Deus pôs na luz o nome de “dia” TW l í n i iT in ii n rnr:nt n w r * : p| «V ITnT
e na escuridão pôs o nome de "noite”. A e escuridão evacuidade, jnfòrmklade era E a terra aterra.
noite passou, e veio a manhã. Esse foi o
primeiro dia.
•Então Deus disse: n srn p nm D in n
— Que haja no meio da água uma divi­ o que pairava Deus, eoespíritode abismo; sobre faces de
são para separá-la em duas partes!
7£ assim aconteceu. Deus fez uma
divisão que separou a água em duas par­ ■ mA ■»í t n ,,n i7 ^ ip &r ♦IT- r:
tes: um a parte ficou do lado de baixo da
divisão, e a outra parte ficou do lado de
luz. Que haja Deus: E disse as águas, sobre as faces de
cima. *Nessa divisão Deus pôs o nome
de "céu”. A noite passou, e veio a manhã.
Esse foi o segundo dia.
nico—':3• - m1 rv r n a■» □ V» ••• \n * r
te —
;n i a r - r n
•A l Deus disse: que boa; a luz Deus Eviu E houve luz.
— Que a água que está debaixo do céu
se ajunte num só lugar a fim de que apa­
reça a terra seca! J TV n w rs S j*n* :c ““
í
E assim aconteceu. '"D eu s pôs na a escuridão. e entre a luz entre Deus efez separação
pane seca o nome de “terra” e nas águas

n i vb
que se haviam ajuntado ele pôs o nome de
"mares”. E Deus viu que o que havia feito
*ns W nbi □ i4 i <* v:
era b o m .11 Em seguida ele disse:
chamou e à escuridão dia, à luz Deus E chamou
— Que a terra produza todo tipo de ve­
getais, isto i, plantas que deem sementes
e árvores que deem frutas!
E assim aconteceu. '*A terra produziu
s :-!n $ Di; p.- \ • : i- o pVA*- v ■n: |- ?ò'b
T SAT
todo tipo de vegetais: plantas que dão se­ um. dia e houve amanhecer, e houve entardecer noite;
mentes e árvores que dão frutas. E Deus
viu que o que havia feito era bom. 13A
noite passou, e veio a manhã. Esse foi o 'A T " ■TC? srp n v r
terceiro dia. as águas; no meio de firmamento Que haja Deus: E disse
'•E n tão Deus disse:
— Que haja luzes no céu para separa­
rem o dia da noite e para marcarem os Í!?SH7 c •d\- pi s vm
j * •
dias, os anos e as estações! 15Essas luzes águas entre o que faz separação e que haja
Efez"1 de águas.
brilharão no céu para iluminar a terra.
E assim aconteceu.16Deus fez as duas
grandes luzes: a maior para governar O
dia e a menor para governar a noite. E foz
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também as estrelas.' 7Deus pôs essas lu­ )ue as águas entre e tez separação o firmamento, Deus
zes no cáu para iluminarem a terra,

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admade queas águas, e entre do firmamento embaixo de

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ao firmamento Deus
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e aconteceu assim,
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do firmamento;

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segundo. dia e houve amanhecer, e houve entardecer céus;

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de debaixo de as águas Que se ajuntem Deus: E disse

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