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Fun dam e ntos da

escatologia
A ESPERANÇA DO FUTURO NA MISSÃO DO PRESENTE

ROBERTT MARQUES
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................................. 4

POR QUE ESTUDAR ESCATOLOGIA?............................................................................... 6

O QUE SIGNIFICA APOCALIPSE.......................................................................................... 6

PONTOS PRINCIPAIS: ESCATOLOGIA PESSOAL E GERAL.................................... 7

AS SETE IGREJAS DO APOCALIPSE................................................................................. 20


© 2020, de Robertt Marques

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Primeira Edição:
Julho | 2020

Categoria:
Escatologia

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INTRODUÇÃO

Desde pequeno ouvia muitas histórias sobre o Fim dos Tempos que me causavam
mais terror e medo, do que temor e amor. Sou de berço católico, onde tive meus primeiros
contatos com a fé cristã. Recebi o batismo nas águas quando criança. No catecismo,
uma espécie de escola bíblica dominical, fui ensinado sobre a oração do Pai Nosso, os
Dez Mandamentos e muitas bases da fé cristã. Na adolescência, fui para um nível maior
ao receber a “Crisma”, que segundo a tradição católica, é um batismo ou confirmação
de fé como membro da igreja católica. Entrando na fase adulta, fiz parte da Renovação
Carismática Católica, que é um movimento dentro da igreja católica que acredita, ensina
e incentiva as pessoas a receberem o batismo com o poder do Espírito Santo. Foi nesse
contexto que recebi o batismo no poder do Espírito Santo.
Durante a minha caminhada na igreja católica, sempre fui incentivado a ter mais
experiências do que conhecimento bíblico. Ainda assim, mesmo lendo minha bíblia,
muitas vezes sem entender nada, um assunto que sempre me assustava era o livro de
Apocalipse. Evitava a todo custo qualquer tipo de contato. Minha bíblia ia de Gênesis até
Judas apenas. Até o nome “Apocalipse” já associava imediatamente à um Deus irado,
julgador e que vai matar e destruir toda forma de vida que nela existe. Desde os filmes,
séries e músicas, passando pelas novelas e até as reportagens nos jornais mostrando
os desastres naturais, as guerras e epidemias, a cultura fomentava esse tipo medo em
mim. Em casa não era diferente. Ouvia minha mãe dizendo que seu não fizesse tal coisa,
Deus iria me punir por eu ser desobediente da mesma forma que fez com pessoas em
Apocalipse.
No final dos anos 90 e começo dos anos 2000, na igreja não era diferente. Seja
entre os católicos e os evangélicos, cresci ouvindo que a marca da besta era o chip da
Motorola, o código de barra, a maça mordida da Apple, a maionese Hellmans (homens do
inferno), que o rótulo da Coca-Cola ao contrário dizia “alô diabo”. Que um dos presidentes
americanos era o anticristo, que um dos papas era uma das bestas. Até no passado mais
recente, identificaram Hitler, Joseph Stalin e muitos outros líderes que fizeram coisas
terríveis, como sendo o anticristo.
Deu para imaginar como estava a minha mente? Confusa, cheia de dúvidas e
medo. Eu acredito que você se identificou em partes, ou senão, com tudo nessa história.

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Mas, desde o dia em que realmente tive um encontro com o Senhor, por volta dos vinte
e cinco anos de idade, busquei a ler e a entender as escrituras, principalmente o livro
de Apocalipse. Tomei a decisão de vencer o medo que tanto me impedia de receber a
revelação mais incrível que tive em toda a minha vida.
O que você tem em mãos, é fruto de uma inquietação em conhecer a vontade de
Deus sobre o Fim dos Tempos. Durante essa jornada, deparei-me com um pensamento
muito preciso do pastor Russell Shedd relacionado ao assunto. Ele disse o seguinte: “O
estudo da Escatologia não o objetivo de responder a nossa curiosidade, mas despertar a
nossa responsabilidade”. Foi um divisor de águas para mim, porque me fez entender que
temos a tendência de ficar na periferia do entendimento sobre o Fim dos Tempos, como
a marca da besta, sobre o anticristo.
O propósito da Escatologia é despertar a nossa responsabilidade. Pensando nisso,
precisamos fazer perguntas como: “Quando e como será a volta de Cristo? Ele poderá
voltar a qualquer momento? Em qual contexto Ele voltará? Será um período de paz ou
será um período de guerra? Qual será o nosso papel em relação ao mundo? O mundo
será destruído? O mundo será abandonado?
Por que será que nós insistimos em ficar em assuntos periféricos? Porque estamos
mais interessados em curiosidade, do que em responsabilidade. Isso precisa mudar já.
Acredito que este eBook vai ajudá-lo a desenvolver a sua responsabilidade para
o que realmente mais importa: A Volta de Cristo. Não estou dizendo que você precisa
desconsiderar outros assuntos. Não é isso. Mas o objetivo é você desejar ardentemente
por esse grande dia e estar pronto em todo tempo.
Também preciso alertar o leitor, que este material tem como propósito introduzir
ao assunto, e não o de provocar debates teológicos intermináveis.

Boa leitura,
Robertt Marques

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POR QUE ESTUDAR ESCATOLOGIA?

O estudo de eventos futuros é muitas vezes chamado de escatologia. Sua palavra
grega eschatos, significa “último”. Escatologia é o estudo das “últimas coisas”.
Ainda que não possamos conhecer tudo acerca do futuro, Deus conhece todas as coisas
futuras e, nas Escrituras, trata dos principais fatos ainda futuros na história do universo.
Podemos ter absoluta certeza da ocorrência desses fatos, porque Deus nunca erra e
jamais mente.
Existem mais de 300 referências bíblicas relacionadas a vinda de Cristo. Vou pontar
os pontos principais do porquê é importante conhecermos sobre esse assunto nas
escrituras.
• É um incentivo para a igreja ter foco no que é eterno.
• Entender as escrituras para ter uma posição clara de Escatologia.
• É a esperança para a igreja em meio ao caos
• A importância de a igreja cumprir com a missão.

O QUE SIGNIFICA APOCALIPSE

A palavra grega Apocalypsis, significa “manifestação” ou “revelação” de coisas


ocultas conhecidas somente por Deus. Podemos encontrar no Antigo Testamento outros
exemplos de literatura apocalíptica nos livros de Daniel (capítulos 7-12), Isaías (capítulos
24-27), Ezequiel (capítulos 37-41), e Zacarias (capítulos 9-12). O livro de Apocalipse trata
principalmente da revelação de Jesus Cristo, como vemos em Ap 1:1

Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as
coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando o seu anjo, deu a conhecer
ao seu servo. Jo. Ap 1:1

Assim como esses livros, o livro de Apocalipse retrata, por intermédio de símbolos,
imagens e números, o fim da era atual e a vinda futura do reino de Deus. Entre esses
símbolos encontram-se um anjo cujas pernas são como colunas de fogo, cavaleiros

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afligindo a terra com flagelos e um dragão grande, vermelho, com sete cabeças e dez
chifres, que se detém diante da mulher que está para dar à luz.
Os escritos apocalípticos são descritos com imagens, porque o contexto era de
perseguição, quando era mais seguro ocultar a mensagem em meio a imagens do que
comunicá-la de forma direta. Além disso, o simbolismo preservava o mistério dos detalhes
sobre tempo e lugar. No entanto, o propósito de todo esse simbolismo não era confundir
os cristãos, mas esclarecê-lo e fortalecê-los em face da perseguição.
Apocalipse é o único livro da Bíblia que está revelado. Todos os outros livros,
precisam de revelação. É o livro que mais nos dá revelação sobre o Fim dos Tempos.
Foi escrito por João no contexto de perseguição, quando esteve preso na Ilha de
Patmos, região do mar mediterrâneo, de frente para a atual Turquia, que naquela época
era chamada de Ásia. Cidades nas quais, Paulo tinha plantado igrejas.
É um livro que todos podem entender o seu significado e importância para ajudar
o povo de Deus a perseverar até o fim.

PONTOS PRINCIPAIS: ESCATOLOGIA PESSOAL E GERAL



A Bíblia fala de certos eventos importantes que afetarão todo o universo, e com o
respeito ao nosso futuro pessoal como indivíduos, onde esse estudo é divido em duas
partes: Escatologia Geral e Escatologia Pessoal.

ESCATOLOGIA PESSOAL
Trata sobre o futuro individual ou pessoal do homem, sobre a morte e o estado
intermediário e glorificação. É uma questão como o cristão deve encarar sua própria
morte e a de outros. Precisamos perguntar o que acontece conosco entre o momento
de nossa morte e a volta de Cristo, quando Ele nos dará um corpo ressurreto. Vou listar
alguns pontos importantes para você pensar mais:

A morte não é um castigo para os cristãos. Quando estamos em Cristo, a morte


não é resultado do pecado, porque o preço por tudo já foi pago por Cristo na cruz. Rm 8:1

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Em um mundo caído, a morte é o resultado da vida. Deus não quis eliminar de
imediato todo o mal do mundo, mas sim esperar até o juízo final e o estabelecimento dos
novos céus e da nova terra. Leia 1Co 15:24-26 e os versos 54-55

Deus usa a experiência da morte para completar a nossa santificação. Às vezes


o sofrimento é apenas resultado de uma vida pecaminosa, de um mundo caído, e muitas
vezes passamos por sofrimento porque Deus está nos disciplinando. Rm 8.1; 8,28; Fp 1:20

Nossa experiência da morte completa nossa união com Cristo. Quando você creu
em Jesus como Senhor e Salvador, você é salvo e começa a experimentar as bençãos
e promessas do Reino de Deus. Mas por que você não foi arrebatado quando foi salvo,
para sair de uma vida de sofrimento? Porque precisa cumprir com a sua vocação que dá
sentido para a sua existência. Rm 8:17, 1Pe 4:13, Hb 12:2

Nossa própria morte. O Novo Testamento nos incentiva a ver nossa própria morte
não com temor, mas com alegria e esperança de estar com Cristo. Paulo diz: “Preferindo
deixar o corpo e habitar com o Senhor” (2Co 5:8). Os cristãos não precisam temer a própria
morte, pois a Bíblia afirma que nem mesmo “a morte poderá separar-nos do amor de
Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8:38-39).
Olha o que Paulo escreve aos Filipenses quando esteve preso com a possibilidade
de morrer:

Pois para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Se, contudo, o viver no corpo trouxer
fruto para a minha obra, não sei então o que devo escolher. Fp 1:21-22

A morte dos amigos e parentes cristãos. Quando parentes e amigos cristãos


morrem em Cristo, experimentamos dois tipos de sentimentos: tristeza e alegria. Tristeza
por não estar mais com a pessoa, e alegria por ter partido para estar com Cristo.

A morte dos descrentes. Sentimos tristeza quando os descrentes morrem, e não


alegria da esperança de que eles partiram para estar com o Senhor. Temos uma visão
muito romântica nesse ponto em relação a isso. É comum ouvir que o descrente ao morrer

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partir para descansar, e que agora está desfrutando de paz. Leia Romanos 9:1-3 sobre o
que Paulo pensava e sentia quando os judeus rejeitavam a Cristo.

O que acontece depois da morte? A alma dos cristãos vai imediatamente para
a presença de Deus. A morte é a separação do corpo físico da alma. Quando o cristão
morre, o corpo volta para a terra, mas a sua alma vai imediatamente para a presença
de Deus. Paulo tinha essa esperança muito clara quando pensava na morte ao afirmar
“Preferindo deixar este corpo e habitar com o Senhor” (2Co 5:8). O sentido da palavra
deixar este corpo é estar com Cristo. Ele também fala que seu anseio é “partir e estar com
Cristo” (Fp 1:23). Jesus também fala para o ladrão na cruz: “Hoje estarás comigo no paraíso”
(Lc 23:43). Uma esperança forte para os cristãos, acontecerá quando Jesus voltar, a alma
e o corpo serão unidos novamente. O corpo do cristão será levantado dentre os mortos,
e eles viverão eternamente com Cristo.

Não existe o purgatório na Bíblia. Já que a alma do cristão vai imediatamente para
a presença de Deus, significa que não existe nada como o purgatório. Na doutrina católica
romana, o purgatório é o lugar onde a alma do cristão é purificada do pecado até que
esteja pronta para ser aceita no céu.

Não existe o “sono da alma”. Já que a alma dos cristãos vai imediatamente
para a presença de Deus, significa que a doutrina do sono da alma está errada. Essa
doutrina ensina que quando os cristãos morrem, eles entram em um estado de existência
inconsciente e que voltarão à consciência somente quando Cristo voltar e ressuscitá-los
para a vida eterna. Quando a Bíblia trata a morte como “dormir” é uma metáfora para
ensinar que a morte é temporária para os cristãos, assim como o sono é um descanso
temporário para renovar as forças.
Leia as passagens que mostram que a alma dos cristãos vai imediatamente e com
consciência para a presença de Deus e desfruta da comunhão com ele (2Co 5:8; Fp 1:23;
Lc 23:43 e Hb 12:23)

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Devemos orar pelos mortos? Já sabendo que a alma dos cristãos vai imediatamente
e consciente para a presença de Deus, nós não devemos orar pelos mortos. A Bíblia proíbe
categoricamente qualquer tentativa de contato com os mortos. Já que estão mortos, não
há mais nada que fazer.

A alma dos descrentes vai imediatamente para o castigo eterno. Não existe
segunda chance para ninguém após a morte. Crer nessa doutrina, é o mesmo que acreditar
na reencarnação. O ensino de Jesus sobre o rico e Lázaro, é um grande exemplo para não
dar margem alguma de passar do inferno para o céu depois da morte, vice e versa.

Corpo glorificado. É o mesmo que dizer que receber o corpo ressurreto. A redenção
do nosso corpo acontecerá somente quando Cristo voltar e nos ressuscitar dentre os
mortos. Mas no momento, aguardamos “a redenção de nossos corpos” (Rm 8:23-24). A
morte é o último inimigo a ser destruído (1 Co 15:25-26).
A principal passagem sobre glorificação ou a ressurreição do corpo é 1 Coríntios
15:12-58.

Como será o nosso corpo ressurreto? Nosso corpo será incorruptível (1Co 42-44,
49), ou seja, não sofrerá envelhecimento, sofrimento e nenhuma enfermidade. Teremos
um corpo completamente saudável e forte.

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ESCATOLOGIA GERAL
Trata acerca do futuro do mundo. Fala sobre a segunda vinda de Cristo, a
ressurreição geral. O mundo será destruído? Será de satanás? Se você acredita que
o mundo será destruído e o diabo será o rei deste mundo, você não vai se envolver
em áreas de influência, como a política, por exemplo. Nós como igreja, cremos que o
mundo, a criação, será restaurada como era no Éden. A Escatologia Geral fala de eventos
importantes que afetarão todo o universo. Abaixo estão os seis pontos que a Escatologia
Geral estuda: Volta de Cristo, Milênio, Julgamento Final dos Vivos e os Mortos, e por fim, o
Novo Céu e a Nova Terra.

Volta de Cristo: Quando e Como? Vamos falar sobre os aspectos da segunda vinda
de Cristo sobre os quais concordam todos os evangélicos e depois passaremos para uma
questão polêmica: se Cristo pode não voltar a qualquer momento.

Haverá uma volta súbita, pessoal, visível e corpórea de Cristo. Jesus falou muitas
vezes da sua volta. A esperança da Igreja é que Cristo voltará não como um espírito para
habitar no coração das pessoas, isso já é feito pelo Espírito Santo, mas será uma volta do
próprio filho, repentinamente, pessoal, corpórea e visível. Mt 24:14; Jo 14:3; At 1:11; 1Ts 4:16,
Hb 9:28, Tg 5:8, 2Pe 3:10, 1Jo 3:2, Ap 1:7; 22:20.

Devemos ansiar pela volta de Cristo. A resposta de João no final de Apocalipse


deve caracterizar o coração dos cristãos em todas as épocas: “Amém! Vem, Senhor Jesus!”
(Ap 22:20). O verdadeiro cristianismo nos treina a viver “no presente século, sensata, justa
e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso
grande Deus e Salvador Cristo Jesus (Tt 2:12-13). De modo semelhante, o termo “Maranata”
em 1 Coríntios 16:22 significa “Vem, nosso Senhor”.
Será que os cristãos de fato aguardam ansiosamente a volta de Cristo? Quanto mais
os cristãos se virem enredados nas coisas desta vida e mais negligenciarem a comunhão
cristã genuína e seu relacionamento pessoal com Cristo, tanto menos ansiarão por sua
volta.

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Não sabemos quando Cristo voltará. Algumas passagens indicam que não
sabemos, e não podemos saber, quando Cristo voltará. Já que Ele voltará em hora
inesperada, devemos estar prontos o tempo todo para sua volta. Mt 24:44, 25:13; Mc 13:32-
33

Todos os evangélicos concordam quanto às consequências definitivas da volta


de Cristo. Todos os cristãos que têm a Bíblia por autoridade final concordam que a
consequência definitiva e última da volta de Cristo será o julgamento dos incrédulos e
a recompensa final dos que creem e que os que creem viverão com Cristo, por toda a
eternidade, num novo céu e numa nova terra. Deus Pai, Filho e Espírito Santo reinará e
será cultuado num reino eterno em que já não haverá pecado, dor ou sofrimento.

PRINCÍPIOS DAS DORES


Ainda dentro da Escatologia Geral, os Princípios das Dores são os sinais do Fim
dos Tempos. São avisos que precedem a volta de Cristo. Poderá Cristo voltar a qualquer
momento? A base bíblica para entender esse ponto é Mateus 24:1-44. Alguns acreditam
que Cristo poderá voltar a qualquer momento, já outros acreditam que não poderá voltar
pelo menos antes de uma geração, já que seria preciso esse tempo para que se cumpram
alguns eventos preditos que precisam ocorrer antes de sua volta.
Sou pai de três filhos que vi nascendo, sendo que um nasceu de parto cesariana e
dois nasceram de parto normal. A Erika, minha esposa, antes de dar à luz no parto normal,
passou meses em gestação. Durante esse processo, a alimentação mudou, a rotina
mudou, a posição para dormir mudou. Tudo mudou. Ao aproximar o dia do nascimento
dos nossos filhos, ela começou a sentir contrações. As dores eram inevitáveis, e ficaram
cada vez mais intensas. Quanto mais chegava perto de nascer, maiores eram as dores. Ao
passar pelas dores, ela deu à luz e veio uma alegria imensa em toda a família. Assim será
a vinda do Filho do Homem. Toda a criação sentirá as dores como de parto. Esses sinais
vão aumentando de forma gradativa, ficando mais evidentes e claros, e quando nascer
será um tempo de paz e prosperidade.
Vamos ver algumas passagens que fazem referência mais direta aos sinais que
devem ocorrer antes da volta de Cristo:

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Pregação do Evangelho a todas as nações. O evangelho foi pregado a todas as
nações? É provável que não, já que há vários grupos linguísticos e étnicos que ainda
não ouviram o evangelho. É improvável, portanto, que esse sinal tenha se cumprido.
Entretanto, Paulo fala em Colossenses sobre a propagação mundial do evangelho (Cl 1:5-
6 e verso 23). É possível que esse sinal tenha se cumprido inicialmente no primeiro século
e muitas vezes desde então, em sentido mais amplo.

A Grande Tribulação. É bem provável que você já passou por uma tribulação, mas
a Grande Tribulação é marcada por um período de sofrimento muito maior que tudo que
se tenha experimentado. Muitas pessoas entenderam que os alertas de Jesus quanto à
grande tribulação referem-se ao cerco romano a Jerusalém na guerra judaica de 66-70
d.C.
Vemos ao longo da história da igreja, períodos de grandes perseguições como
os primeiros cristãos, os imperadores romanos, os cristãos perseguidos na antiga União
Soviética, na China comunista e em países mulçumanos.
Percebe que é difícil de convencer esses irmãos cristãos que ainda a grande tribulação
não aconteceu? Para eles já aconteceu e ainda está acontecendo agora de gradativa.
Mc 13:7-22; Mt 24:15-22; Lc 21:20-24

Falsos profetas realizando sinais e maravilhas. Com respeito a falsos cristos


e falsos profetas que operarão sinais e maravilhas, qualquer missionário que tenha
trabalhado com povos entre os quais proliferem a feitiçaria e as atividades demoníacas
logo testemunharão que aparentes “sinais e maravilhas” têm sido realizados com
frequência pelo poder demoníaco em oposição à difusão do evangelho. Com certeza os
milagres demoníacos na corte de farão produziram sinais falsos em oposição aos milagres
de Moisés, assim como a atividade de Simão, o mago, em Atos 8.
Mc 13:22; Mt 24:23-24

Sinais no céu. A ocorrência de sinais nos céus é o sinal que quase certamente ainda
não aconteceu. Obviamente, tem havido eclipses do sol e da lua, a lua ficou vermelha, e
aparecido cometas desde que começou o mundo. Mas Jesus fala de algo muito maior:
Mc 13:24-26; Mt 24:29-30; Lc 21:25-27

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A vinda do homem da iniquidade e a rebelião. Paulo escreve aos tessalonicenses
que Cristo não virá, a menos que o homem da iniquidade seja antes revelado, e depois
o Senhor Jesus, em sua vinda, o destruirá. Esse “homem da iniquidade” é às vezes
identificado com a besta em Apocalipse 13 e às vezes chamado anticristo, o último e pior
da série de “anticristos” mencionados em 1João 2:18.
Muitas pessoas tentam identificar o homem da iniquidade (o anticristo) com
personagens históricos que exerceram grande autoridade e trouxeram danos e
devastação às pessoas sobre a terra. Muitos pensaram que os antigos imperadores
romanos, Nero e Domiciano, que perseguiram severamente os cristãos, seriam o anticristo.
Mais recentemente, era comum pensar que Adolf Hitler, bem como Joseph Stalin, seria
o anticristo. Até mesmo algum presidente americano, até chegar aos papas da igreja
católica.
Mas todas essas identificações mostraram-se falsas, sendo provável que um
“homem da iniquidade” ainda será pior no cenário do mundo, trazendo sofrimentos e
perseguição sem paralelos, só para ser destruído por Jesus quando ele voltar.

A salvação de Israel. Paulo fala do fato de que muitos judeus não creram em Cristo,
mas diz que em algum ponto do futuro um número maior será salvo. Rm 11:12, 25:26.

Os alertas são dados para impedir que os que creem se desviem, seguindo falsos
messias, também para que não sejam surpreendidos por esses eventos notáveis, para lhes
garantir que Deus os conhece de antemão e para impedir que sigam supostos messias
que não vem da maneira como Cristo virá: de modo extraordinário, visível e vencendo o
mundo.

MILÊNIO
A palavra “milênio” significa “mil anos”. O temo vem de Apocalipse 20:4-5, onde se
diz que “viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não
reviveram até que se completassem os mil anos”. Pouco antes dessa declaração, lemos
que um anjo desceu do céu, agarrou o diabo “e o prendeu por mil anos; lançou-o no
abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se

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Fundamentos da Escatologia 14
completarem os mil anos” (Ap 20:2-3). A seguir as três visões principais sobre a época e
a natureza desse “milênio”. Wayne Gruden em seu livro “Teologia Sistemática” traz com
clareza sobre essas três visões que ajudarão você a entender melhor o ponto de vista de
cada um. Lembrando que todos concordam sobre os seguintes fatos: (1) Jesus vai voltar;
(2) Julgar os vivos e os mortos; (3) Ressurreição dos mortos; (4) Satanás será julgado e
condenado; (5) Período de paz e prosperidade.

Pré-Milenismo clássico ou histórico. O prefixo “pré” significa “antes” e a posição


pré-milenista diz que Cristo irá voltar antes do milênio. Esse ponto de vista é defendido
desde os primeiros séculos do cristianismo, por isso que é clássico ou histórico.


A presente era da igreja continuará até que, com a proximidade do fim, venha
sobre a terra um período de Grande Tribulação e sofrimento. Depois desse período de
tribulação no final da era da igreja, Cristo voltará à terra para estabelecer um reino
milenar. Quando Ele voltar, os crentes que tiverem morrido serão ressuscitados, terão
o corpo reunido ao espírito, e esses crentes reinarão com Cristo sobre a terra por mil
anos. Durante esse tempo, Cristo estará fisicamente presente sobre a terra em seu
corpo ressurreto e dominará como Rei sobre toda a terra. Os crentes ressuscitados e
os que estiverem sobre a terra quando Cristo voltar receberão o corpo glorificado da
ressurreição, que nunca morrerá, e nesse corpo da ressurreição viverão sobre a terra e
reinarão com Cristo. Quanto aos incrédulos que restarem sobre a terra, muitos (mas não

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Fundamentos da Escatologia 15
todos) se converterão a Cristo e serão salvos. Jesus reinará em perfeita justiça e haverá
paz por toda a terra.
No final dos mil anos Satanás será solto do abismo e unirá as forças com muitos
incrédulos que submeteram externamente ao reinado de Cristo, mas por dentro se
revoltaram com o Ungido. Satanás reunirá esse povo rebelde para batalhar contra Cristo,
mas serão derrotados definitivamente. Cristo então ressuscitará todos os incrédulos que
tiverem morrido ao longo da história, e estes comparecerão diante dele para o julgamento
final. Uma vez realizado o juízo final, os crentes entrarão no estado eterno.

Amilenismo. O amilenismo é a mais simples de ser explicada, veja a ilustração


abaixo:

Para os amilenistas, a passagem de Apocalipse 20:1-10 descreve a presente era da


igreja. Trata-se de uma era em que a influência de Satanás sobre as nações sofre grande
redução de modo que o evangelho pode ser pregado por todo o mundo. Aqueles que
reinam com Cristo por mil anos são os cristãos que morreram e já estão reinando com
Cristo no céu. O reino de Cristo no milênio, segundo esse ponto de vista, não é um reino
físico aqui na terra, mas sim o reino celestial sobre o qual ele falou ao declarar: “Toda a
autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28:18).

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Esse ponto de vista é chamado “amilenista” por sustentar que não existe nenhum
milênio que ainda esteja por vir. Como os amilenistas creem que Apocalipse 20 está se
cumprindo agora na era da igreja, sustentam que o “milênio” aqui descrito já está em curo
no presente. A duração exata da era da igreja não pode ser conhecida, e a expressão
“mil anos” é simplesmente uma figura de linguagem para um longo período em que os
propósitos perfeitos de Deus vão se realizar.
De acordo com essa posição, a presente era da igreja continuará ate o tempo
da volta de Cristo. Quando Cristo voltar, haverá ressurreição tanto de crentes como de
incrédulos. Os crentes terão o corpo ressuscitado e unido novamente com o espírito e
entrarão no pleno gozo do céu para sempre. Os incrédulos serão ressuscitados para
enfrentar o julgamento final e a condenação eterna. Os crentes também comparecerão
diante do tribunal de Cristo (2Co 5:10), mas esse julgamento irá apenas determinar os
graus de recompensa no céu, pois só os incrédulos serão condenados eternamente. Por
esse tempo também começarão o novo céu e a nova terra. Imediatamente após o juízo
final, o estado eterno terá início e permanecerá para sempre.

Pós-milenismo. O prefixo “pós” significa “depois”. Segundo esse ponto de vista,


Cristo voltará “após” o milênio. Veja na figura abaixo:

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Segundo o pós-milenismo, o avanço do evangelho e o crescimento da igreja
se acentuarão de forma gradativa, de tal modo que uma proporção cada vez maior da
população mundial se tornará crista. Como consequência, haverá influências cristãs
significativas na sociedade, esta funcionará mais e mais de acordo com os padrões de
Deus e gradualmente virá uma “era milenar” de paz e justiça sobre a terra. Esse “milênio”
durará um longo período (não necessariamente de mil anos literais) e, por fim, ao final
desse período, Cristo voltará à terra, crentes e incrédulos serão ressuscitados, ocorrerá
o juízo final e haverá um novo céu e uma nova terra. Entraremos então no estado eterno.
A característica principal do pós-milenismo é ser muito otimista acerca do poder
do evangelho para mudar vidas e estabelecer o bem no mundo. A crença no pós-
milenismo tende a aumentar em épocas em que a igreja experimenta grande avivamento,
há ausência de guerras e conflitos internacionais e aparentemente se obtém grandes
avanços na vitória sobre o mal e sobre o sofrimento no mundo.

JULGAMENTO FINAL
É puramente verdade que haverá um julgamento final de crentes e incrédulos,
sendo Jesus o juiz desse tribunal. Todos os mortos ressuscitarão para serem julgados
com os vivos, cada um de acordo com a sua obra e ouvirão o seu destino. Os incrédulos
receberam a punição eterna, e os crentes receberão a recompensa eterna. O texto base
para esse grande e terrível dia é Apocalipse 20:11-15.

O tempo que acontecerá. A Bíblia diz que o julgamento final acontecerá depois do
milênio e da rebelião que ocorre no final desse período.

Jesus será o Juiz. Jesus vai julgar os vivos e os mortos (2Tm 4:1) de acordo com as
obras. A salvação é pela graça mediante a fé, mas as obras é a consequência da fé. Como
alguém pode dizer que tem fé, mas não tem obras?

Os incrédulos serão julgados. Haverá uma punição severa para os incrédulos, que
são aqueles que não creram no Filho de Deus, muito menos fizeram a sua vontade.

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Fundamentos da Escatologia 18
Os crentes serão julgados. Paulo fala que todos, sem exceção, irão comparecer
diante do tribunal de Deus, onde cada um irá prestar contas a Deus (Rm 14:10-12) e receber
o bem ou o mal que fez em vida (2Co 5:10; Rm 2:6-11; Ap 20:12,15).

Os anjos serão julgados. Pedro em sua carta, afirma que os anjos rebeldes foram
recolhidos, ao inferno, no abismo de trevas, para esperar o juízo (2Pe 2:4). Judas também
fala que eles serão julgados no grande Dia (Jd 6).

Ajudaremos a julgar. Os crentes irão julgar também nesse dia (1Co 6:2-3)

O NOVO CÉU E A NOVA TERRA


Aqui está o último momento, e o mais aguardado por todos os crentes. A vida com
Deus no Novo Céu e na Nova Terra é esperado com grande júbilo. Jesus mesmo já falou
desse grande dia: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está
preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25:34). Um Reino Eterno que não haverá
nada de corrupção. Também conhecida como a Nova Jerusalém, estará o trono de Deus
e do Cordeiro, onde seus servos o servirão (Ap 22:3).

Céu é um lugar onde Deus habita e manifesta toda a sua glória. A ideia do
Tabernáculo era para ensinar o povo, de forma didática, elementos do céu na terra.

A criação será restaurada como era no Éden e continuaremos a existir e atuar


nela. Além do céu restaurado, a terra também será restaurada, por isso a expressão “novo
céu e nova terra”. A criação física como conhecemos será restaurada de forma gloriosa
como diz o texto de Romanos 8:19-21. Aqui nós cremos que a terra não será destruída
como muita gente pensa, mas sim RESTAURADA. Toda criação voltará a ser como era no
Éden.

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Fundamentos da Escatologia 19
AS SETE IGREJAS DO APOCALIPSE

O que o estudo sobre as igrejas descritas em Apocalipse pode nos ensinar hoje?
1. Haviam igrejas que estavam se esfriando;
2. Outras estavam se misturando excessivamente com culturas da sua época;
3. Igrejas que estavam sofrendo com a perseguição.

João é o autor do livro de Apocalipse. Ele estava preso na ilha de Patmos, na região
do mar mediterrâneo, de frente para a região que nós conhecemos, a atual Turquia, que
naquela época era chamada de Ásia. Cidades nas quais, Paulo tinha plantado igrejas.
Havia naquela região uma grande quantidade de igrejas, que haviam sido originadas, em
sua maior parte, pelo trabalho apostólico.

Eu, João, irmão vosso e companheiro convosco na aflição, no Reino e na perseverança


em Jesus, estava na ilha chamada Patmos por causa da palavra de Deus e do
testemunho de Jesus. Ap 1:9

Acredita-se que ele tinha sido exilado pelo império romano nos anos 80 d.C, período
de grande perseguição contra os cristãos. A tradição diz que João morava em Éfeso ao
tirá-lo de lá e colocá-lo na Ilha de Patmos.
Lá nessa Ilha, ele diz que foi arrebatado numa visão no dia do Senhor, fazendo
referência ao domingo da ressurreição.

Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor e ouvi detrás de uma grande voz,
10

como de trombeta, que dizia: O que vês, escreve-o num livro e envia-o às sete igrejas
que estão na Ásia: a Éfeso, a Esmirna, a Pérgamo, a Tiatira, a Sardes, a Filadélfia e
a Laodiceia. Ap 1:9-10

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Fundamentos da Escatologia 20
Ele relata de Apocalipse do verso 11 ao 20, o que ele viu. Ele teve uma aparição de
Cristo em glória, e viu que Jesus era como alguém semelhante ao filho do Homem:

E no meio dos sete candeeiros alguém semelhante a um filho de homem, vestido


com vestes talares e cingido à altura do peito com um cinto de ouro. A sua cabeça
e seus cabelos eram brancos como lã, brancos como a neve, e os seus olhos como
chama de fogo. Os seus pés eram semelhantes a latão reluzente, como que refinado
numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. Ele tinha na mão direita
sete estrelas, e da sua boca saía uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto era
como o sol, quando resplandece na sua força. Quando o vi, caí a seus pés como
morto. Mas ele pôs sobre mim a sua mão direita, dizendo: Não temas. Eu sou o
primeiro e o último. Eu sou o que vivo; fui morto, mas estou vivo para todo sempre! E
tenho as chaves da morte e do inferno. Escreve, pois, as coisas que tens visto, as que
são e as que depois destas hão de acontecer. O mistério das sete estrelas que viste
na minha mão direita e dos sete candeeiros de ouro é este: As sete estrelas são os
anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas. Ap 1:13-20

João então tem uma missão de escrevas às sete igrejas da Ásia que são:
Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia, Laodiceia

Estamos falando aqui da primeira geração das igrejas, de pessoas que


provavelmente eram crianças quando Jesus estava pregando, viram os apóstolos, viram
o Pentecostes. As igrejas do primeiro século, elas eram tão próximas da primeira geração,
que a gente tem o hábito de dizer com frequência que queremos ser como as “igrejas de
atos”. Mas como vamos ver aqui, elas tinham também muitos problemas.
Quando nós olhamos para a mensagem de Jesus através de João, percebemos
que ele foca em três pontos. Três dessas das setes igrejas, apenas uma não recebe
repreensão de Jesus.
Três das sete igrejas, já tinham perdido o fervor inicial e o amor a Cristo. Eram igrejas
que continuavam funcionando, tinham trabalhos para fazer, mas o coração delas já não
estavam mais tão apegados a Deus e a Jesus Cristo.
Outras duas foram repreendidas porque estavam já se tornando mundanas;

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Fundamentos da Escatologia 21
tentavam buscar qual a menor distância que poderiam ter do mundo, e continuar cristãs.
É como alguém dizer: “Quanto eu posso ter do mundo, sem deixar de ser crente?
Outras duas estavam passando por perseguição. Ele não repreenda, mas consola e faz
promessas.

Três coisas têm poder para destruir a igreja:


1. Esfriamento
2. Mundanismo
3. Perseguição

As três igrejas que estavam lidando com o esfriamento: A igreja de Éfeso,


de Sardes e de Laodiceia. Primeiro vamos falar das igrejas que foram repreendidas
porque perderam o primeiro amor. Igrejas do primeiro século que estavam próximas da
ressurreição e do Pentecostes, mas que já estavam apresentando problemas. O coração,
o fervor, o ânimo, o compromisso deles já tinham se perdido. Havia desânimo inteiro,
embora as coisas estivessem funcionando normalmente.

Éfeso (Ap 2:1-7). Perdeu o primeiro amor


Sardes (Ap 3:1-6). Vive só de nome, mas está morto espiritualmente
Laodiceia (Ap 3:14-20). Uma igreja morna. Não tinha um compromisso firme

O que podemos aprender ao ler essas cartas para essas três igrejas?

Primeiro: Estrutura. Jesus destaca as qualidades elogiando, depois ele trazia uma
repreensão.

Segundo: Chamada ao arrependimento. Ele traz a igreja para o arrependimento, e


avisa que se não houver um arrependimento genuíno uma coisa vai acontecer.

Terceiro. Faz uma promessa aos que forem fiéis.

Quarta. Termina dizendo que “quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz as

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Fundamentos da Escatologia 22
igrejas”. O Espírito Santo não estava falando através de profetas, mas agora através da
palavra escrita.

IGREJA DE ÉFESO - ESFRIAMENTO

Conheço as tuas obras, o teu trabalho e atua perseverança. Sei que não suportas os
maus; que puseste à prova os que se dizem apóstolos e não o são e descobriste que
eram mentirosos. Tens perseverança e, por causa do meu nome, sofreste, mas não
desfaleceste. Ap 2:2-3

A igreja de Éfeso foi fundada em meio a um grande avivamento espiritual. A história


de Éfeso está descrita no livro de Atos 19. Paulo prega o evangelho, centenas de pessoas
se convertem, bruxos e feiticeiros se convertem, tinha escola de feitiçaria segunda a
história, onde percebemos que eles queimaram os livros.
Cinquenta anos depois, todo aquele fervor, aquela alegria, tinha se acabado, a
ponto de Jesus dizer que estava fazendo tanta coisa maravilhosa, mas o primeiro amor foi
embora.
A igreja de Éfeso foi elogiada pela vigilância doutrinária, ms repreendid por perder
seu amor. O grande monumento da cidade era o templo de Ártemis, e um dos seus
símbolos era a tamareira (em contrate à “árvore da vida”)
Isso acontece também com as igrejas de hoje, se acostumam com a rotina, os
afazeres, e aí surge uma geração que não tem mais o mesmo amor dos seus pais. Fazem
as coisas porque sempre foram feitas por alguém do passado.

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Fundamentos da Escatologia 23
IGREJA DE SARDES - ESFRIAMENTO

Apocalipse 3:1-6

Uma igreja que só tinha nome. Tinha anos. Tinha já adquirido uma reputação. Uma
igreja que vivia de fachada.
Provavelmente Jesus estava apontando para uma falha moral. Um pecado não
resolvido. Pecado não confessado. A igreja continuava com a sua caminhada, mas tinha
morrido espiritualmente. Embora, tinha um pequeno grupo que não havia se contaminado
com aquilo que estava roendo com a raiz da igreja.
Grande parte da impressionante era romana que ainda permanece visível em
Sardes foi construída após o trágico terremoto de 17 d.C.
A igreja de Sardes está em profundo coma espiritual, aproximando-se da morte,
mas não fora do alcance das exortações de Cristo: fique vigiando, fortaleça o restante
que estava para morrer, lembre-se e guarde a mensagem da graça que recebeu e ouviu,
buscando à santidade que flui da graça.
Suas vestes imaculadas simbolizam obediência constante e fé corajosa. Cristo
promete a esses discípulos vigilantes a recompensa do vencedor: comunhão com o
próprio Cristo (andarão comigo) e o traje branco da vitória.

IGREJA DE LAODICEIA

Apocalipse 3:15-22

Interessante é que Laodiceia era uma cidade turística. Ela tem até hoje fontes
termais, águas quentes. Por isso aqui a referência ao quente, frio e morno. Havia uma
fábrica de colírio na cidade. Era conhecida por sua indústria textil, que produzia peças de
vestuário com a lã negra das ovelhas da região. Um polo turístico. Era uma cidade muito
rica.
A igreja se tornou muito parecida com a cidade: Rica, influente e importante. Porém,
ela tinha se tornado morna, como as águas de banho de Laodiceia. Por isso que Jesus diz

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Fundamentos da Escatologia 24
que preferia que fosse quente ou fria, porque eu trataria com clareza quem é frio e quem
é quente. Mas, você está no meio. Não sabe o que é. É morno. Não é uma coisa e nem
outra. Vocês sabiam que a água morna provoca vômito? É isso que Jesus diz para eles:
Vocês são mornos a ponto de provocar vômito.
O problema do mornidão é ela achar que está tudo bem. Não sente falta de nada.
Está abastada porque é rica. Para o mundo estava ótima, mas para Jesus estava morna.
A solução que Jesus dá para as três igrejas é o arrependimento. As três igrejas com
o mesmo problema, mas com a mesma solução.
Em algum momento as igrejas se desviarem dos planos de Deus. O arrependimento
visa trazer de volta ao caminho do Senhor.
A gente usa muito a passagem de Apocalipse 3:20 para evangelizar os amigos que
não são crentes. “Oh, a chave está do lado de dentro do seu coração. Abra para ele entrar.

2
Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei
em sua casa e com ele cearei, e ele comigo. Apocalipse 3:20

Mas ele está falando com a igreja, e não com o incrédulo. A igreja estava reunida
do lado de dentro cantando, e Jesus do lado de fora batendo a porta. É possível a igreja
estar cultuando a Deus e deixando Jesus do lado de fora.

IGREJA DE PÉRGAMO - MUNDANISMO

Apocalipse 2:12-17

O que é mundanismo? É quando a igreja deixa com que a cultura local interfira na
vontade de Deus
O maior fornecedor de carnes naquela época, eram os templos pagãos, que
imitavam o que acontecia com os judeus. O que os judeus faziam era pegar um animal
de primeira e sacrificar. Centenas de carnes eram sacrificadas. A pergunta é: o que eles
faziam com toda aquela carne que eles sacrificavam? Uma parte era queimada no altar,
outra parte era jogada fora entre os excrementos do corpo, uma boa parte ficava com os
sacerdotes, e uma outra parte para o adorar que tinha a oportunidade de comer ali no

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Fundamentos da Escatologia 25
templo junto com a família. Como não tinha geladeira naquela época, para não jogar fora
a carne de primeira, eles levavam até o açougue da cidade para abastecer o mercado. Os
pagãos então tentavam imitar o que os judeus faziam com a carne. Nessas cidades havia
templos pagãos que vendiam carne que era oferecida aos deuses pagãos. A carne tinha
o mesmo destino.
Os coríntios convertidos então fazem três perguntas a Paulo: Posso ir ao templo
pagão comer carne? Paulo: Não. Posso comprar carne no mercado correndo o risco
que ela veio do templo? Paulo diz SIM, coma e não pergunte nada. Se um amigo pagão
convidar para comer um churrasco na casa dele, posso comer? Paulo diz sim e não. Por
quê? Porque se ele disser que é carne oferecida a deuses, não é para comer por conta do
escândalo. Agora se ninguém tocar no assunto, coma.
Ponto chave aqui era: Mundanismo. Ah, se a salvação é pela graça mediante a fé,
então eu posso crer em Deus e continuar vivendo na imoralidade e está tudo bem.

Imoralidade. Havia no templo pagão as sacerdotisas ou profetisas que ofereciam
sexo para adorar a Deus. As sacerdotisas desses templos eram prostitutas. Havia nesses
templos quartos para os adoradores se deitarem com elas. Havia essa prostituição
litúrgica com sacrifícios aos ídolos.

Nicolaitas. Alguns acreditam que aquele Nicolau citado em Atos 6, era um crente
que depois se desviou e começou uma seita chamada nicolaitas. E essa seita estava
ensinando isso aos cristãos que eles poderiam participar da prostituição, dos sacrifícios e
que isso não afetaria o relacionamento dela com Deus.
Tinha uma mulher dentro dessa seita chamada Jezabel que era a maior defensora
desse pensamento.

Movimento dos Libertinos. Era uma outra seita que afirma que salvação é pela fé,
que você pode crê e continuar vivendo a sua vida na promiscuidade. A salvação é pela fé
mesmo, e não pelas obras.
A igreja de Éfeso havia rejeitado as obras dos nicolaitas, mas a igreja de Pérgamo
não.
Uma igreja que era fiel e que tinha até mesmo passado por sofrimento.

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Fundamentos da Escatologia 26
Havia um templo dedicado ao imperador. Culto ao imperador foi o que marcou
a perseguição aos cristãos. O imperador tinha o título de Kyrious, título dado ao Senhor
Jesus.
A estratégia de Balão era usar as amizades erradas para o próprio Deus destruir a
igreja. Não de confronto e perseguição, mas minar o território para colocar o próprio povo
contra Deus.

IGREJA DE TIATIRA - MUNDANISMO

Apocalipse 2:18-29

Duas das sete igrejas estavam contaminadas com as doutrinas dos nicolaitas:
Pérgamo e Tiatira. Embora nunca tenha sido uma grande cidade, Tiatira foi um centro
próspero de produção e comércio na época do Novo Testamento. É mencionado uma
certa mulher conhecida como “Jezabel”, que ensinava e iludia os cristãos em Tiatira a
agir de acordo com o paganismo e a imoralidade sexual de seus ambientes. Na igreja
de Tiatira, os seguidores de Jezabel parecem ter sido uma minoria porque a maioria dos
cristãos nessa igreja é elogiada.
A primeira convertida na Europa pelo apóstolo Paulo foi “certa mulher, chamada
Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura” (At 16:14). O nome moderno de Tiatira é
Akhisar, que significa “castelo branco”.

IGREJA DE ESMIRNA - PERSEGUIÇÃO

Apocalipse 2:8-11

O que Jesus fala para as igrejas perseguidas é “fique firme”. Você está sofrendo
pelo meu nome. O esplêndido porto natural de Esmirna fez da cidade um importante
centro comercial. Apesar de forte concorrência das cidades vizinhas de Éfeso e Pérgamo,
Esmirna denominava-se “a primeira cidade da Ásia”.
Já em 195 a.C., Esmirna previu o poder crescente de Roma e edificou um templo

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para a adoração pagã romana. Em 23 a.C., Esmirna recebeu a honra de construir um templo
para o imperador Tibério por causa dos seus anos de fidelidade a Roma. Assim, a cidade
tornou-se um centro de adoração ao imperador – a “religião” fanática que, mais tarde, sob
imperadores como Nero (56-68 d.C.) e Domiciano (81-96 d.C.) causou severa perseguição
à igreja primitiva. O apóstolo João encorajou os cristãos perseguidos de Esmirna a serem
“fiéis até à morte”, a fim de que recebessem a “coroa da vida” (Ap 2:10).
É estimado que haja pelo menos 2,3 bilhões de cristãos no mundo, sendo 200
milhões de cristãos perseguidos atualmente no mundo.

A perseguição tem dois efeitos:

Purifica a igreja. Quanto mais fiel ela for, mais perseguida ela será.
Sofrimento a igreja. Em muitos lugares, as igrejas são expulsas por conta da
perseguição.

IGREJA DE FILADÉLFIA

Apocalipse 3:7-13

Foi fundada para ser uma cidade missionária da cultura grega. Uma cidade altamente
carregada por terremotos. O nome significa “cidade do amor fraternal”. Filadélfa foi por
algum tempo chamada de Neocesareia (Nova Cidade de César), mas Jesus promete à
sua sofredora igreja um nome infinitamente maior, “o nome da cidade do meu Deus”, a
Nova Jerusalém
Descrição de Cristo: O Santo, o Verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi.
Elogio: Pacientes e perseverantes, guardaram a palavra de Deus e não negaram
seu nome.
Repreensão: Nenhuma
Solução: Conservar o que tem.
Promessa aos vencedores: Serão feitos coluna no santuário de Deus, inscritos com
os nomes de Deus, da nova Jerusalém e de Cristo.

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Fundamentos da Escatologia 28
OBSERVAÇÕES FINAIS
Considerei importante trazer um ponto de vista sobre alguns assuntos polêmicos
que muitas pessoas tem dúvidas. Incentivo você estudar mais a fundo sobre Escatologia
sempre com um coração manso e humilde.

Besta: Como símbolo profético, a palavra besta consta principalmente no livro de


Apocalipse, onde se descrevem duas bestas com detalhes: a besta que emerge do amar
(Ap 13:1-10), e a besta que surge da terra (Ap 13:11-18). Essas duas bestas, representam um
poder político e outro religioso.

Marca da Besta. Ela aparece em Apocalipse 13:16. Muito tem se falado sobre esse
assunto. Alguns tentaram identificar como sendo o código de barra, o chip, e a mais recente
é a vacina da corona vírus. Se você olhar no capítulo seguinte nos primeiros versos, fala
que o povo de Deus também tem sua marca na testa. Os cristãos também têm a marca
do próprio Espírito em Atos 1:5. É uma marca de identificação que uma pessoa recebe na
testa e na mão direta, quando ela em pleno consentimento, entra em acordo com a besta.
Ninguém recebe sem querer. Ela é identificada com o número 666, que é representado
pelo número do homem (Ap 13:18). Provavelmente é uma referência a Nero, ou mais
especificamente, à ideia de que Nero voltaria para liderar os exércitos de Satanás contra.
Nas línguas hebraica e grega, as letras do alfabeto também podiam ser representadas
por números e, nesse caso, a soma das letras da palavra “Nero César” resulta em 666, o
número da besta. Deus. A marca vai aonde? Na testa ou na mão direita. Por que na testa e
na mão? Porque o padrão de pensamento, define o padrão de comportamento.

Grande Babilônia. Você vai perceber que é um crescimento progressivo. Começa


em Gênesis com uma cidade chamada Babel, passa por uma nação chamada Babilônia.
Entenda que nação não está atrelada a geografia, mas a um povo. Israel é o nome de uma
pessoa e não de um lugar. Babilônia é um tipo de gente com a mentalidade de Babel,
que se rebela contra Deus. Babel significa confusão. A antiga cidade de Babel dá origem
a Babilônia, na época de Daniel, e chega em Apocalipse quando é chamada de Grande
Babilônia. Ou seja, não é um lugar geográfico, mas um cativeiro ideológico. A marca da
besta já existe na mente das pessoas. Sua marca é confusão, guerra, opressão.

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Duas Testemunhas: Linha mais forte de identificação aponta para Elias e Moisés.
A principal defesa para esta linha de interpretação fica por conta de que as duas
testemunhas possuem características que lembram os dias desses homens na terra. As
duas testemunhas poderão “ferir a terra com toda sorte de pragas” e “converter as águas
em sangue”, como no ministério de Moisés. Elas também terão “poder para fechar o céu,
para que não chova”, assim como foi com Elias. Outro ponto utilizado nesta interpretação
é o fato de que Elias e Moisés foram os personagens presentes na transfiguração de Jesus
(Mateus 17:3). Ainda sobre Elias, tanto essa interpretação quanto a anterior, geralmente
utiliza uma profecia de Malaquias para defender um possível retorno do profeta a terra
(Malaquias 4:5-6).

Dragão. Os dragões são feras imaginárias comuns no folclore de muitas culturas.


Geralmente é tido como uma criatura astuta, símbolo do mal. Esse monstro imenso que
sopra fogo, com asas e garras assustadoras representa Satanás (Ap 12:3-17; 16:13; 20:2).
Na igreja primitiva, os dragões simbolizavam o pecado. A arte cristã geralmente retrata o
dragão aos pés de Jesus, para demonstrar o triunfo do Filho de Deus sobre o pecado. O
homem foi feito do pó da terra (Gn 2:7). Satanás aparece como uma serpente em Gênesis
(Gn 3:1). Depois que ela engana Adão e Eva, Deus amaldiçoou dizendo que se alimentaria
do pó da terra. Satanás é a serpente que aparece em Gênesis se alimentando do pecado
da humanidade e se torna um dragão em Apocalipse (Ap 12:9).

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Fun dam e ntos da
escatologia

Robertt é casado com Érika Marques, sua


companheira de ministério, pai de Felipe,
Joaquim e Teo. Pastor líder sênior da Igreja
Reino desde 2016 e fundador do ministério
Cultura do Reino, que lidera desde 2014.
Além de desenvolver o seu ministério pastoral, e estar a
frente do Cultura do Reino, tem viajado pelo Brasil como
preletor, despertando os filhos de Deus à uma paixão pelos
perdidos, amar a Cristo e a viver uma vida operada pelo
poder do Espírito Santo.

Robertt ainda é formado em Comunicação Social.

© 2020, de Robertt Marques

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