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TEMA 8

A BESTA DO ABISMO E A
REVOLUÇÃO FRANCESA
Não temos nada que temer
do futuro, a menos que nos
esquecemos a maneira que
o Senhor tem nos
conduzido, e o que nos tem
ensinado em nossa história
passada.
Eventos Finais, p. 73
Diz o tolo em seu coração: "Deus não existe".
Corromperam-se e cometeram atos detestáveis; não
há ninguém que faça o bem.
O Senhor olha dos céus para os filhos dos homens,
para ver se há alguém que tenha entendimento,
alguém que busque a Deus.

Salmos 14:1,2
Algumas nações receberam a Reforma de braços abertos, como
uma mensagem do Céu. Outras terras excluíram a luz do
conhecimento bíblico quase completamente. Em certo país,
verdade e erro lutaram pelo domínio por séculos. Até que, por
fim, a verdade do Céu foi empurrada para fora. Os limites
colocados pelo Espírito de Deus foram removidos de um povo
que havia desprezado o dom de Sua graça. E o mundo inteiro
viu o que acontece quando as pessoas rejeitam a luz de
maneira obstinada. Na França, a guerra contra a Bíblia levou à
Revolução, legítimo resultado do fato de Roma ter proibido as
Escrituras. O movimento apresentou a ilustração mais vívida
que o mundo já viu das consequências do ensino da igreja de
Roma. Em Apocalipse, João aponta para os terríveis resultados
que sobreviriam de maneira especial à França em decorrência
do domínio do “homem da iniquidade”
APOCALIPSE 11
ANTIGO TESTAMENTO

NOVO TESTAMENTO
Duas Testemunhas
As “duas testemunhas” representam as Escrituras do
Antigo e do Novo Testamentos, testemunhas
importantes da origem e permanência da lei de Deus e
também do plano da salvação. “Elas profetizarão [...]
vestidas de pano de saco.” Quando a Bíblia foi proibida
e seu testemunho foi pervertido, quando aqueles que
ousavam proclamar suas verdades eram traídos,
torturados, martirizados por sua fé ou forçados a fugir
em busca de segurança, as “testemunhas” fiéis
profetizaram em “pano de saco”. Foi também nos
períodos mais sombrios que Deus concedeu sabedoria
e autoridade a cristãos fiéis para declarar Sua verdade.
Pisotear a Palavra de Deus tem consequências mortais!
“Quando eles tiverem terminado [estiverem terminando] o
seu testemunho” (v. 7). Quando as duas testemunhas
estivessem se aproximando do fim de sua obra de
obscuridade, “a besta que vem do Abismo” guerrearia
contra elas. Encontramos aqui uma nova manifestação de
poder satânico. Embora professasse reverência pela Bíblia, a
prática de Roma era manter as Escrituras trancadas em uma
língua desconhecida, escondidas do povo. Sob seu domínio,
as testemunhas profetizaram vestidas de “pano de saco”.
Mas “a besta que vem do Abismo” faria guerra aberta e
determinada contra a Palavra de Deus.
REVOLUÇÃO FRANCESA
A “grande cidade” em cujas ruas as testemunhas seriam mortas e
onde o cadáver delas ficaria é o Egito espiritual. De todas as nações
na história bíblica, o Egito foi a que negou com maior ousadia a
existência do Deus vivo e resistiu a Suas ordens. Nenhum governante
jamais ousou se rebelar contra o Céu com arrogância maior que o rei
do Egito, o faraó: “Quem é o Senhor, para que eu Lhe obedeça e
deixe Israel  sair?” (Êx 5:2). Isso é ateísmo; e a nação representada
pelo Egito na profecia ecoaria uma negação semelhante em relação
ao Deus vivo, demonstrando um espírito semelhante de rebeldia. “A
grande cidade” da profecia também é comparada a Sodoma
espiritual. A corrupção de Sodoma ficou evidente de maneira especial
por meio da impureza sexual aberta. Essa também seria uma
característica da nação que cumpriria esse texto bíblico.
Assim, de acordo com o profeta, pouco antes de 1798, algum poder
de caráter satânico surgiria para guerrear contra a Bíblia. E na terra
onde “as duas testemunhas” da Palavra de Deus seriam silenciadas,
o ateísmo de faraó e a luxúria sexual de Sodoma ficariam evidentes.
Essa profecia se cumpriu de maneira notável na história da França
durante a Revolução de 1793. “A França se destaca na história do
mundo como o único estado no qual, por decreto da Assembleia
Legislativa, foi declarado que Deus não existe. Toda a população da
capital e a maioria de outros lugares, tanto mulheres quanto
homens, dançaram e cantaram de alegria em aceitação desse
anúncio.”
Em nenhum outro país, a verdade enfrentou oposição mais cruel.
Por meio da perseguição realizada contra aqueles que se
posicionaram em prol do evangelho, a França crucificou a Cristo na
pessoa de Seus discípulos. Século após século, o sangue dos santos
foi derramado. Enquanto os valdenses entregavam a vida nas
montanhas de Piemonte “pelo testemunho de Jesus Cristo”, os
albigenses na França davam um testemunho semelhante. Os
discípulos da Reforma foram condenados à morte com terríveis
torturas. Reis e nobres, mulheres de berço abastado e delicadas
donzelas refestelaram seus olhos com a agonia moribunda dos
mártires de Jesus. Os corajosos huguenotes derramaram o sangue
em muitos confrontos difíceis. Protestantes eram caçados como se
fossem animais selvagens.
Massacre de São
Bartolomeu

Entretanto, o mais atroz dentre os terríveis atos desses


horrendos séculos foi o massacre de São Bartolomeu. O rei
da França, incitado por sacerdotes e oficiais da igreja,
concedeu permissão para o ato. Um sino tocando no meio
da noite foi o sinal para o extermínio. Milhares de
protestantes, dormindo dentro de seus lares, confiando na
honra de seu rei, foram arrastados para fora e assassinados.
O massacre prosseguiu por sete dias em Paris. Por ordem do
rei, estendeu-se a todas as cidades nas quais havia
protestantes. Nobres e camponeses, velhos e jovens, mães
e filhos foram esquartejados juntos. Por toda a França,
setenta mil dos melhores cidadãos da nação morreram.
“Quando a notícia do massacre chegou a Roma, o regozijo entre o clero não
conhecia limites. O cardeal de Lorraine recompensou o mensageiro com mil
moedas de ouro; o cânon de Santo Ângelo ecoou uma alegre saudação.
Sinos tocaram em todos os campanários, fogueiras transformaram a noite
em dia e o papa Gregório XIII, acompanhado por cardeais e outras
autoridades da igreja, seguiram em longa procissão até a igreja de São Luís,
onde o cardeal de Lorraine cantou . [ ...] Uma medalha foi fabricada para
comemorar o massacre. [...] Um padre francês [...] se referiu a esse evento
como ‘dia de tamanha felicidade e júbilo, no qual o santíssimo papa
recebeu a notícia e se dirigiu solenemente para render graças a Deus e a
São Luís’.” O mesmo espírito que conduziu o massacre de São Bartolomeu
também dirigiu as cenas da Revolução. Jesus Cristo foi chamado de
impostor, e o clamor dos franceses infiéis foi “Acabem com o Miserável”,
em referência a Cristo. Blasfêmia e maldade andavam de mãos dadas. Em
tudo isso, a França honrava a Satanás, ao passo que Cristo, com Suas
características de verdade, pureza e amor altruísta, era “crucificado”.
O poder ateu que governou a França durante a
Revolução e o Reinado do Terror de fato travou esse
tipo de guerra contra Deus e Sua Palavra. A
Assembleia Nacional aboliu a adoração a Deus. As
Bíblias eram confiscadas e queimadas em público. O
governo aboliu as instituições da Bíblia. Eliminou o dia
de descanso semanal e, em seu lugar, as pessoas
dedicavam cada décimo dia a celebrações profanas. O
batismo e a comunhão foram proibidos. Frases
colocadas sobre túmulos declaravam que a morte não
passava de um sono eterno. Toda forma de culto
religioso foi proibida, com exceção da adoração à
“liberdade” e ao país. O “bispo constitucional de Paris
foi trazido adiante [...] para declarar à Convenção que
a religião a qual ele havia ensinado por tantos anos
era, em todos os aspectos, uma fábula inventada pelo
clero sem nenhum fundamento nem na história, nem
na verdade sagrada. Em termos explícitos e solenes,
negou a existência do Deus a cuja adoração ele fora
consagrado”.
SOCIEDADES BÍBLICAS
“Não irão longe, porém; como  no  caso
daqueles, a sua insensatez se tornará
evidente a todos” (2Tm 3:9).
•Em todos os lugares onde as pessoas
aceitavam o evangelho, a mente era desperta.
Homens e mulheres começavam a se livrar das
cadeias que os haviam mantido na escravidão
da ignorância e das superstições. Os ensinos da
Bíblia teriam implantado no coração das
pessoas os princípios da justiça, temperança e
verdade, os quais consistem na pedra
fundamental da prosperidade de uma nação.
“O pecado é uma vergonha para qualquer
povo” (Pv 14:34). “O trono se firma pela
justiça” (Pv 16:12; Is 32:17). O indivíduo que
obedece à lei de Deus é o que mais respeita e
obedece verdadeiramente às leis do país. Mas
a França proibiu a Bíblia. Século após século,
cristãos íntegros, dotados de força intelectual e
moral, que tinham fé suficiente para sofrer
pela fé, trabalharam como escravos nas galeras
dos navios, morreram queimados ou
apodreceram em celas subterrâneas.
• “Com a fuga dos protestantes, um declínio generalizado se instalou na
França. Prósperas cidades manufatureiras caíram em decadência. [...]
Estima-se que, na época em que a Revolução começou, duzentos mil
pobres em Paris clamavam por caridade das mãos do rei. Somente os
jesuítas prosperavam na nação decadente.”
O evangelho teria dado à França a solução para os problemas que levavam
perplexidade ao clero, ao rei e aos legisladores que finalmente fizeram a nação
afundar em ruína. Sob o domínio de Roma, porém, as pessoas haviam perdido de
vista as lições de sacrifício pessoal e amor altruísta pelo bem dos outros, ensinadas
pelo Salvador. Os ricos não recebiam repreensão nenhuma por oprimir os pobres , e
os pobres não eram ajudados em nada em sua condição de miséria. O egoísmo dos
ricos e poderosos se tornou cada vez mais opressor. Ao longo de séculos, os ricos
defraudavam os pobres, e os pobres odiavam os ricos. Roma havia influenciado os
reis e as classes dominantes a manter o povo em cativeiro, com a intenção de atar a
alma tanto dos governantes quanto das pessoas comuns em suas cadeias. A
degradação moral era mil vezes mais terrível do que o sofrimento físico que
resultava dessa política. Privadas da Bíblia e completamente entregues ao egoísmo,
as pessoas eram envoltas em ignorância e afundaram no vício, sem qualquer
aptidão para governar a si próprias.
Quando a nação se livrou das amarras da lei de Deus, afundou em
revolta e anarquia. A guerra contra a Bíblia é conhecida na história
mundial como o Reinado do Terror. Aquele que triunfava hoje era
condenado amanhã. Rei, clero e nobres foram forçados a se submeter
às atrocidades de uma população enlouquecida. Aqueles que
decretaram a morte do rei logo se seguiram a ele no cadafalso. Uma
matança generalizada foi decretada contra qualquer um suspeito de
hostilidade à Revolução. A França se tornou um vasto campo para
massas rivais, tomadas pela fúria de suas paixões. “Em Paris, uma
revolta sucedia a outra, e os cidadãos eram divididos em uma série de
facções que pareciam não ter outra intenção além de exterminar umas
às outras. [...] O país estava quase falido, os exércitos clamavam por
pagamento, os habitantes de Paris passavam fome, as províncias
estavam perdendo tudo para ladrões armados, e a civilização quase se
extinguiu em meio à anarquia e imoralidade irrestrita.”
“Se tão somente você tivesse prestado atenção às Minhas ordens,
sua  paz  seria como um rio, sua retidão, como as ondas do mar” (Is
48:18).
Tudo isso era exatamente o que Satanás queria.
Sua política é o engano, e seu propósito é trazer
miséria à humanidade, a fim de desfigurar a obra
divina e macular o propósito divino de amor,
tudo isso para causar tristeza no Céu. Então, por
meio de suas enganosas artes, ele leva as
pessoas a jogarem a culpa em Deus, como se
todas essas desgraças fossem resultado do plano
do Criador. Quando as pessoas descobriram que
o catolicismo romano era um engano, ele as
incitou a considerar todas as religiões uma farsa
e a Bíblia, uma fábula. O erro fatal que provocou
tamanha miséria na França foi a ignorância de
uma grande verdade: a verdadeira liberdade só
pode ser encontrada dentro dos limites da lei de
Deus. Aqueles que se recusam a dar ouvidos à
lição do Livro de Deus são convidados a lê-la na
história.
As duas testemunhas fiéis de Deus, mortas pelo poder
blasfemo “que vem do Abismo ” , não permaneceriam em
silêncio por muito tempo. “ Mas, depois dos três dias e meio,
entrou neles um sopro de vida da parte de Deus, e eles ficaram
em pé, e um grande terror tomou conta daqueles que os
viram” (Ap 11:11). Em 1793, o decreto que colocou a Bíblia de
lado foi aprovado pela Assembleia francesa. Três anos e meio
depois, a mesma entidade adotou uma resolução rescindindo
esses decretos. As pessoas reconheceram a necessidade da fé
em Deus e em Sua Palavra como o fundamento da virtude e da
moralidade.
O avanço na imprensa ajudou a fazer a Bíblia
circular. Com a quebra de antigos
preconceitos e do exclusivismo nacional,
bem como com a perda do poder secular do
papa, abriu-se o caminho para a Palavra de
Deus entrar. A Bíblia hoje já chegou a todas
as partes do globo. O infiel Voltaire disse:
“Estou cansado de ouvir as pessoas
repetirem que doze homens estabeleceram
a religião cristã. Provarei que um homem
será suficiente para derrubá-la.” Milhões se
uniram à guerra contra a Bíblia. No entanto,
ela está longe da destruição. Onde havia cem
cópias nos dias de Voltaire, hoje há cem mil
exemplares do Livro de Deus. Nas palavras
de um dos primeiros reformadores: “A Bíblia
é uma bigorna que já desgastou muitos
martelos.” Tudo aquilo que se constrói sobre
a autoridade humana será derrubado; mas
as coisas fundamentadas sobre a rocha da
Palavra de Deus permanecerão para sempre.

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