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O Poder Moral da Escritura 1

O PODER MORAL DA ESCRITURA

ACABAVA o Dr. João Paton de traduzir e publicar o Novo


Testamento numa das muitas e pitorescas línguas da Oceania – o aniwan
– quando o aborda um velho chefe indígena, que o vinha observando, e
lhe pergunta:
– O livro fala?
– Sim, volve o missionário; ele agora fala na sua língua.
– Oh! deixe então que ele me fale! Quero ouvi-lo!
Paton pôs-se a ler um trecho, sendo, porém, logo interrompido pelo
ouvinte, que lhe brada:
– Ele fala! Dê-me esse livro!
E arrebatando-lho das mãos, põe-se a mirá-lo curiosamente de todos
os lados, e aperta-o, comovido, ao coração, repetindo:
– Oh! faça que ele fale de novo!
Bendito o que, com a fé infantil desse velho indígena, como ele
abre os ouvidos e a alma para que a Palavra divina lhe falei. Bendito,
sim, pois ela lhe penetrará no íntimo e lhe transformará todo o ser,
porquanto a Escritura é, como tão bem o disse o maior dentre os apóstolos ,
"viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e
penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é
apta para discernir os pensamentos e intenções do coração!" Hebreus
4:12.
A Bíblia é a palavra escrita de Deus. Como Sua palavra falada, que
pela simples enunciação trouxe à vida os mundos, participa ela do poder
ilimitado dAquele a quem se poderia chamar a Palavra encarnada – Jesus
Cristo, o Verbo criador, por quem "todas as coisas foram feitas" (S. João
1:1-3).
E, não está justamente no fato de ser a Escritura traduzida em tantas
línguas selvagens, muitas vezes com risco de vida – o que não se dá com
nenhuma obra profana – não está exatamente aí outro elemento que
acorre em sua defesa? E mais ainda se nos lembrarmos de que o
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Evangelho vai entre esses bárbaros criar uma civilização – a civilização
máxima, que é a cristã!
Fale da superioridade de nosso Livro sobre os escritos sagrados de
todas as outras religiões, o contraste absoluto que se nota entre a
civilização cristã e as pagãs.

A Escritura e os Povos

Aportou certa vez à ilha de Fidji um ateu, inflado de ciência


evolucionista. Encontrando-se com alguns fidjianos cristãos, começou a
desmerecer a Escritura Sagrada e sua fé na mesma, jactando-se de ser ele
incrédulo. Volveu-lhe um humilde nativo:
– Vê o senhor aquele velho forno? Ali costumávamos assar carne
humana; e não fosse este evangelho, e crêssemos nós ainda nisso que o
senhor prega, seria muito provável que o senhor mesmo fosse ali parar.
Bem vê que o Cristianismo em que desfaz, serve para alguma coisa.
Como disse alguém, Confúcio, olhando para dentro de um poço em
que caiu um chinês, grita-lhe: "Se você tivesse feito o que eu lhe disse,
não teria caído aí." E diz Buda: " Se você estivesse cá fora, eu lhe diria o
que fazer." Jesus, porém, desce ao poço e de lá tira o pobre chinês.
Ainda hoje admiramos Sócrates, Platão, e outros grandes vultos do
paganismo antigo. Entretanto, devem eles aos princípios pagãos graves e
repugnantes erros: Sócrates permite vingarmo-nos de nossos inimigos;
Platão defende o infanticídio e a prostituição; Maomé advoga a
poligamia e a escravatura e prega a salvação pelas obras; os Vedas
permitem o roubo. Segundo a teoria dos estóicos, seria melhor nunca
havermos nascido; mas, já que nascemos, o ideal é morrer. Os espartanos
achavam louvável furtar; o condenável, julgavam eles, é ser apanhado no
ato do furto.
Na antigüidade pagã, médicos dissecavam escravos vivos, para ver
como trabalhavam os órgãos. O mesmo faziam pintores, para poderem
pintar vividamente as ânsias do moribundo. Na Grécia, a prostituição
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empunhava o cetro. Casa-se Péricles com Aspásia e Leóntides com Laís,
ambas hetairas, que não obstante exerceram grande influência na política
grega e internacional.
Nada como o Cristianismo – o puro, inalterado Cristianismo bíblico
– para enobrecer e desenvolver um povo. É que a religião de Cristo
implanta em todos os corações uma santificada ambição, um desejo
incontido de ampliar os horizontes e dilatar a esfera de utilidade. Um
confronto entre nações pagãs e cristãs, faz-nos saltar aos olhos a
diferença que existe na cultura e progresso de umas e outras.
"Há questões de economia política," diz Blanqui, citado por D.
Costa, "que permanecerão insolúveis enquanto o Cristianismo não entrar
nelas. A instrução popular, a proporção eqüitativa dos proveitos do
trabalho, os progressos da agricultura, e outros muitos problemas não
poderão receber solução completa senão por intervenção sua." 1
Verdade é que há países que, embora pagãos, possuem acentuado
grau de civilização e revelam caráter assaz progressista. Se examinarmos
bem o caso veremos, todavia, que tal se dá com países que mantêm ativo
intercâmbio com nações cristãs, e lhes adotam ideais e métodos de
trabalho.
Já o filósofo ateniense Aristides, converso ao Cristianismo no
segundo século, em carta dirigida ao imperador Adriano no ano 125,
pinta um formosíssimo quadro da Igreja Cristã daquela época. Ei-lo:
"São esses os que, mais que todas as nações da Terra, encontraram a
verdade.... Fazem o bem a seus inimigos; suas esposas, ó Rei, são puras
como virgens, e suas filhas modestas; os homens mantêm-se afastados de
qualquer união ilícita e de toda impureza, na esperança de uma recompensa
no outro mundo. Ademais, se um deles tem escravos, ou escravas ou filhos,
pelo amor para com eles os persuadem a tornar-se cristãos, e depois de o
haverem feito, chamam-lhes irmãos, sem distinção. Não adoram deuses
estranhos, e seguem seu caminho em toda modéstia e alegria. Não se
encontra entre eles a falsidade; amam-se uns aos outros, não privando de
sua estima as viúvas; e livram o órfão daquele que o maltrate. O que tem, dá
ao que não tem, sem se jactar.
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"Quando vêem um estranho, tomam-no para seu lar e com ele se
regozijam como se fosse um verdadeiro irmão.... Se ouvem que um de seu
número se acha preso ou aflito por causa do nome de seu Messias, todos
eles provêem solicitamente às suas necessidades, libertando-o, sendo
possível. Se há entre eles algum pobre e necessitado, e se eles mesmos
não têm alimento de sobra, jejuam dois ou três dias a fim de lhe suprir
alimento.
"Tal, ó Rei, é o mandamento da lei dos cristãos, e tal é seu modo de
vida." 2
"Observam com muito cuidado os preceitos de seu Mestre, vivendo
justa e sobriamente, como lhes ordenou o Senhor seu Deus. Cada manhã e
a toda hora dão graças e louvores a Deus por Sua bondade para com eles,
por seu alimento e bebida.
"Que mulheres têm os cristãos!" – exclamou o pagão Libânio.
"A Grécia," diz o Dr. McClure, "teve o seu Sócrates, teve Platão,
Aristóteles, e sua arte; Roma teve Júlio César, Marco Aurélio, e seus
exércitos; tiveram o Egito e Babilônia as suas dinastias através de milhares
de anos. Mas a Grécia, Roma, o Egito e Babilônia tornaram-se ruínas. Não
possuíam a Bíblia, – a Bíblia com o seu Deus e Pai do Senhor Jesus Cristo e
com os seus convites à santidade de coração e procedimento; e seus povos,
altamente exaltados como se achavam material, artística e intelectualmente,
mas faltando-lhes a Bíblia com seu poder de vida intérmina, pereceram." 3
Por isso é que lutam em vão os que procuram destruir a Escritura
Sagrada e sua influência. Com acerto comparou-a alguém a uma bigorna
indestrutível, sobre a qual se despedaçam um a um os malhos dos
críticos.
Dizia Voltaire: "Estou cansado de ouvir dizer que doze homens
estabeleceram a religião cristã. Eu provarei que um homem só será
bastante para derribá-la." "Dentro de cinqüenta anos," vangloriava-se
ainda, "o povo nada mais ouvirá deste livro." Hoje, a casa onde morava
esse príncipe dos ateus, é um centro de irradiação da Escritura – ocupa-a
uma sociedade bíblica. E o Sagrado Volume, que em seus dias se achava
traduzido em umas cinqüenta línguas, encontra-se agora em mais de mil!
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A Escritura e a Escravidão

A libertação dos escravos é fruto da leitura dos Evangelhos. Nos


tempos mosaicos admitia-se ainda a escravidão. Os próprios hebreus a
praticavam, é verdade. Mas havia toda uma vasta legislação sobre o
assunto, dando aos escravos certas garantias que lhes tornavam suave o
jugo. Tanto que José Bonifácio, em sua "Representação à Assembléia
Geral Constituinte e Legislativa do Império do Brasil sobre a
Escravatura," de que fez acompanhar o seu projeto de lei sobre a
escravidão, diz que para este se aproveitou "da legislação dos
dinamarqueses e espanhóis, e mui principalmente da legislação de
Moisés, que foi o único, entre os antigos, que se condoeu da sorte
miserável dos escravos." 4
Comparemos essa escravatura com a praticada pelos pagãos. Na
antiga Ática, por exemplo, havia uma multidão de 400.000 escravos para
21.000 pessoas livres. Em Esparta a proporção era maior ainda. Em
Roma calcula-se que metade dos habitantes eram escravos. E, segundo
uma autoridade, estes "se achavam numa condição muito pior que os
animais." Fala Geikie (A Vida de Cristo) da existência de antiga lei
romana que "impunha pena de morte ao que matasse um boi junto ao
arado; mas o assassino de um escravo nem era chamado a contas.
Crasso, depois da revolta de Espártaco, crucificou de uma vez 10.000
escravos. Trajano, o melhor das romanos de seus dias, fez 10.000
escravos combaterem no anfiteatro, para diversão do povo, prolongando-
se o massacre por 123 dias." Veio Cristo pregando o amor e a
fraternidade universal. E a essas doutrinas excelsas não poderia resistir a
escravatura humana.
Guilherme Wilberforce pode ser chamado, sem favor, o pai da
libertação dos escravos. Membro do Parlamento inglês, onde lhe estava
reservado futuro brilhante, leu na Bíblia que todos os homens são
irmãos. Renunciou a uma carreira de futuro para pôr todo o peso de sua
influência no combate à escravidão. Depois de quarenta e cinco anos de
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luta indefessa, conseguiu ver alcançado o seu desejo quanto à Inglaterra,
que em 1833 aboliu a escravatura.
Davi Livingstone, o heróico missionário que abriu a África à
civilização e ao cristianismo, amparava na Bíblia a sua obra ciclópica.
Em suas explorações naquele continente, libertou muitas dezenas de
milhares de escravos que ia encontrando por onde passava e que ele
arrebatava aos traficantes, que os traziam acorrentados atrás de suas
caravanas. Isto lhe custou a perseguição desses desalmados, que lhe
impediram a comunicação com o exterior. Depois de trinta e três anos de
trabalho insano em favor dos africanos, foi um dia encontrado morto,
ajoelhado junto ao leito, o rosto entre as mãos, e tendo ao lado a Bíblia.
Vitimara-o um violento ataque de pneumonia.
Um grupo de devotados e reconhecidos africanos, depois de lhe
tirarem o coração, que enterraram sob uma árvore, deixaram secar o
corpo ao sol abrasador da região, carregando-o depois, envolto em folhas
de árvore, até ao litoral, numa distância de 2.500 quilômetros. O
percurso lhes tomou nove meses. As autoridades de Zanzíbar fizeram
chegar o corpo a Londres, onde foi sepultado na Abadia de Westminster,
ao lado do rei da Inglaterra. Livingstone passara os últimos quatro anos
sem uma notícia da esposa, dos filhos e dos amigos, aos quais escrevera
nesse período, quarenta e cinco cartas, todas interceptadas pelos
adversários.
"De onde tirou ele a coragem moral para continuar na luta?" pergunta
Charles Gross. E responde: "Na Bíblia, que ele leu toda, quatro vezes,
durante esse período. Livingstone morreu mártir de seu heroísmo... Três
meses após sua morte, a Inglaterra obteve do sultão de Zanzíbar um tratado
que abolia o tráfico de escravos." 5
Na Rússia, ao Alexandre libertar os escravos, disse: "Aprendi das
Escrituras que todos os homens são irmãos; portanto, homem algum
pode pertencer a outro."
S. Vicente de Paulo, mercê da leitura dos Evangelhos, dedicou a
vida, por assim dizer, a aliviar os sofrimentos dos escravos que
trabalhavam nas galeras do rei da França.
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Sempre que algum personagem de influência na direção dos povos
sentiu por sua vez o influxo benfazejo das Sagradas Escrituras,
empenhou esforços em melhorar as condições de vida dos semelhantes
desafortunados e promover em seu país uma relativa igualdade humana.
De passagem, não deixemos de mencionar ainda a ação do
Cristianismo relativamente à situação social da mulher. Cristo, o que
eqüivale a dizer as Escrituras Sagradas, elevou a mulher, indicando-lhe o
lugar que lhe competia na sociedade. Não pregou o feminismo extremado e
revolucionário, que por abandonarem os preceitos evangélicos, preconizam
algumas correntes modernas; mas muito menos sancionou o despotismo
dos homens, que apontava à mulher um lugar de servilismo abjeto.
Em Roma, a filosofia considerava a mulher "fera indomesticável",
que o marido tinha o direito de matar ou vender. "A romana é um delírio
de sangue e de vício", diz Antônio da Costa em sua obra O Cristianismo
e o Progresso; "ela reclama das galerias a morte dos lutadores na arena."
A mulher tornou-se "gozo comum, posse material, ignorância,
escravidão, objeto de venda, prazer bruto dos sentidos, o vício, a
depravação, sempre uma coisa em todos os povos, pessoa em nenhum
deles."
Veio o Cristianismo e "enquanto a pagã reclama o sangue de mártires
do alto do coliseu, a virgem cristã ajoelha na arena e oferece a cabeça
aos carrascos, em testemunho da lei nova. Em vez de escrava de algozes
ou patrícia incestuosa, faz-se a mulher a sacerdotisa do lar, espalhando as
bênçãos castas do amor e carinho." 6
Josefina Butler é nome que merece ser mencionado em relação com
a elevação social e moral da mulher. Foi a primeira que teve a coragem
de atacar de frente a prostituição organizada, esse câncer nauseabundo
que ainda hoje corrói as entranhas da sociedade. Foi na Bíblia que ela
hauriu forças para empreender essa tarefa sobre-humana. Eis suas
palavras:
"É preciso colocarmo-nos em presença de Cristo para encontrar
resposta a todas as nossas perguntas e ouvir o que o Mestre aí diz. Remeto-
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vos ao Livro, que é preciso abrir, estudar com singeleza de coração, sem
idéias preconcebidas, e ver-se-á que o Cristo, todas as vezes que Se coloca
em presença de uma mulher, torna-Se seu Libertador." 5

A Escritura e as Belas Artes

Existe no espírito de muitos a preconcebida idéia de haver certa


incompatibilidade entre a religião cristã e as belas artes. Ora, vejamos
em rápidos traços a relação entre ambas.
"Este livro só," diz muito bem Carlyle Haynes, referindo-se à Bíblia,
"atraiu e concentrou sobre si mesmo muito mais pensamento, e tem
provocado a produção de mais obras – explanatórias, ilustrativas,
apologéticas – sobre o seu texto, seu significado, exegese, doutrinas,
história, geografia, etnologia, cronologia, evidências, inspiração e origem, do
que toda a demais literatura do mundo reunida." E noutra parte: "Ele tem
moldado o pensamento e sentimento, proporcionado graça e força à
expressão, formado o estilo dos maiores mestres na eloqüência e poética, e
suprido matéria para acertadas ilustrações, imagens vívidas e enérgica
linguagem, aos maiores oradores do mundo." 7
O próprio Voltaire admitiu o valor literário da Escritura Sagrada,
pois que, falando da história de José, disse:
"Considerada apenas como um objeto de curiosidade e literatura, é um
dos mais valiosos monumentos da antigüidade, e parece haver sido a
maravilha de todos os escritores orientais. É mais patética que a Odisséia de
Homero; em todas as suas partes, é de uma beleza admirável, e sua
conclusão arranca lágrimas de enternecimento."
E Ricardo G. Moulton, doutor em filosofia e lente da universidade
de Chicago, amplia esse pensamento:
"As orações de Deuteronômio são modelos tão nobres como as de
Cícero. Lidos ao lado da poesia dos Salmos, os poemas líricos de Píndaro
parecem quase aldeões. A poesia imaginativa dos gregos é perfeita em sua
esfera: os profetas hebreus, porém, levam sua tão ousada imaginação até
aos mistérios do mundo espiritual. Conquanto a filosofia de Platão e seus
sucessores tenha um interesse especial como ponto de partida para a
progressão do pensamento que ainda continua na ciência moderna, o
campo da sabedoria bíblica oferece atração de outra espécie, numa
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progressão de pensamento que percorreu todo o seu ciclo, e chegou a um
estágio de repouso.
"É muito interessante seguir a perspicácia dos historiadores clássicos
em sua análise de um passado morto; mas os escritos históricos do Novo
Testamento nos mantêm em contato com a vinda à existência de
pensamentos e instruções que ainda se acham em nosso meio, em todo o
seu vigor. E no círculo íntimo das obras-primas do mundo, entre as quais se
encontram todas as classes de influências literárias, a Bíblia colocou a Jó, a
rapsódia de Isaías, o Apocalipse – obras que não foram nem podem ser
sobrepujadas. Nos vários gêneros de literatura a hebraica é, portanto, tão
rica como a helênica; e acrescenta o interesse único da unidade que liga
todas as suas formas num conjunto completo. A cultura bíblica exige, pois,
que a reconheçam da mesma maneira que a cultura clássica. Dentro da
capa desse Volume, se devidamente manejado, há matéria para uma
educação liberal."
Que incomparável riqueza literária, por exemplo, na filosofia dos
Provérbios e do Eclesiastes; na inigualável poesia dos Salmos (cujo
original foi escrito em verso), e nas parábolas e ensinamentos de Cristo,
como seja o Sermão da Montanha; na concisão maravilhosa do Pai
Nosso; na suavidade do estilo epistolar de S. João! Às parábolas de
Cristo chamou alguém "a poesia do Novo Testamento". Quem não se
comove ao ler, por exemplo, a sublime parábola do filho pródigo!
Um escritor reconhecidamente ateu, o Sr. H. L. Mencken, assim se
exprime sobre a beleza literária da Santa Escritura:
"É a Bíblia, inquestionavelmente, o mais lindo livro do mundo. Não há
literatura, quer antiga quer moderna, que se lhe compare. ... O Salmo 23 é o
maior dos hinos. ... A história de Jesus é incomparavelmente comovedora.
É, na verdade, a narração mais encantadora já escrita. Ao seu lado, o
melhor que encontrardes na literatura sagrada dos muçulmanos e brâmanes,
dos parses e budistas, parece insípido, cediço e inútil." 8
Tomás Carlyle achava que "coisa alguma já se escrevera, na Bíblia
ou fora dela, de mérito literário igual ao livro de Jó." "Homero," diz
Addison, "tem inúmeros arremessos que Virgílio não foi capaz de
alcançar; e no Velho Testamento encontramos passagens mais elevadas e
sublimes do que qualquer trecho de Homero." Charles Dickens pôs um
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Novo Testamento entre os livros de seu filho mais novo, quando este
deixou o lar, "porque," disse ele, "é o melhor livro que já se conheceu ou
será conhecido no mundo; e porque ele ensina as melhores lições pelas
quais se possa guiar toda criatura humana que procure ser verdadeira e
fiel ao dever." 9
Ainda sobre o livro de Jó, o nosso José Bonifácio tem expressões
bem parecidas às de Carlyle. Diz ele: "O prólogo do Fausto de Goethe é
de Jó, que é o primeiro drama do mundo e talvez o poema mais antigo.
Não há poesia que se possa comparar ao livro de Jó." 4
Diniz Diderot, o conhecido filósofo francês do século XVIII, fazia
praça de sua incredulidade. Um dia encontrou-o um amigo íntimo
explicando, com todo o fervor, uma passagem dos Evangelhos a sua filha .
O amigo mostrou-se não pouco surpreendido com o que via, e Diderot
foi-se logo justificando: "Compreendo seu espanto; diga-me, porém, que
coisa melhor poderia eu dar a minha filha?! 10
Lord Byron (Jorge Gordon), um dos maiores gênios poéticos do
mundo, assim se expressa:
"Neste livro augusto está o mistério dos mistérios. Ah! felizes entre
todos os mortais aqueles a quem Deus dá a graça de ouvir, de dizer, de
pronunciar em oração e de respeitar as palavras deste livro! Mas seria
melhor que não tivessem jamais nascido, do que lerem para duvidar ou
desprezar." 5
Outros poetas ingleses, com efeito, os quatro maiores (Shakespeare,
Milton, Tennyson e Browning), tinham em alta conta as Escrituras, o
que transparece em suas obras.
Alexandre Vinet, teólogo, filósofo e político suíço, considera a Bíblia
"um vaso de perfume, cujas emanações universais sobem, de século em
século, até ao trono do Cordeiro. Toda a Bíblia é um concerto sublime cujos
acordes, ditados pelo próprio Deus, são qual prelúdio, alternadamente
jubiloso e melancólico, humilde e triunfante, do concerto eterno dos Céus." 5
Henrique Heine, conhecido lírico alemão, representante da poesia
irreverente e cética que no século passado abundou, no posfácio de sua
obra Romanzero, escreveu:
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"Os versos que encerravam ofensa a Deus, entreguei-os, com
angustiado zelo, às chamas. É melhor que ardam os versos do que o
versejador.
"Sim, retornei a Deus, qual filho pródigo, depois de haver por muito
tempo apascentado os porcos, em companhia dos hegelianos
[representantes da filosofia atéia de Hegel]. . .
"Devo meu esclarecimento pura e simplesmente à leitura de um livro.
Sim, livro antigo e singelo, modesto como a Natureza, ... de aspecto comum
e despretensioso; é como o Sol que nos aquece, como o pão que nos nutre.
É livro que nos olha de modo tão confiado, tão abençoante e bondoso, como
uma querida vovó. E esse livro se chama simplesmente O Livro. Chamam-
lhe também Bíblia. Quem tiver perdido o seu Deus, pode reencontrá-Lo
nesse Livro, e quem jamais O conheceu, deparará nele o alento da palavra
divina, vindo ao seu encontro." 11
Em seu último testemunho há este trecho: "Há quatro anos abdiquei
todo o orgulho filosófico, e me acheguei às idéias e aos sentimentos
religiosos. Morro crente num Deus uno e eterno, criador do mundo, do qual
eu imploro a misericórdia.... Lamento haver em meus escritos falado às
vezes de coisas santas sem o respeito que lhes é devido."
Manuel Kant, aos 72 anos de idade, declarou:
"A Bíblia é o livro cujo conteúdo, por si só, dá testemunho de sua
origem divina. Ela nos descobre a grandeza de nossa culpa e a
profundidade de nossa queda, na imensidão do plano para o resgate do
homem e na execução do mesmo plano."12
"Para mim os Evangelhos são verdadeiros, desde o princípio até ao
fim, pois que se manifesta neles o refletido esplendor de uma sublimidade
procedente da pessoa de Jesus Cristo, de uma sublimidade tão divina como
nunca apareceu sobre a Terra." 13
E noutra parte: "Que o mundo progrida quanto quiser, que todos os
ramos do conhecimento humano se desenvolvam ao mais alto grau, coisa
alguma substituirá a Bíblia, base de toda a cultura e de toda a educação.
"É minha fé na Bíblia que me serviu de guia em minha vida moral e
literária. ... Quanto mais a civilização avance, mais será empregada a Bíblia."
5

Lacordaire, acadêmico francês, tido como o mais brilhante pregador


do século XIX, assim se expressou: "Eis que há trinta anos leio este livro,
e nele encontro cada dia nova luminosidade e profundezas novas." 5
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Testemunhos valiosos deram Jorge V da Inglaterra, Roosevelt,
Isaque Newton, Benjamim Franklin, Gladstone, Daniel Webster, o
general Pershing, marechal Foch, Garibaldi, Tolstoi, Ruskin,
Dostoiewski e tantos outros, de todas as camadas da sociedade e todos os
ramos da ciência, das artes e da literatura.
Austregésilo de Athayde, presidente da Academia Brasileira de
Letras, na "Apresentação" que escreveu para a luxuosa edição da Bíblia,
publicada pela Editora Abril, diz, entre outras coisas, o seguinte:
"É certo que a Bíblia vem em primeiro lugar entre os grandes livros
religiosos do mundo civilizado. Há nela, no entanto, além da revelação dos
profetas e da história do povo israelita, a presença de valores literários de
sumo quilate que a tornam admirável e preciosa para a cultura universal e
indispensável à formação do gosto, do estilo e da linguagem, em todos os
idiomas nos quais tem sido traduzida....
"O manuseio da Bíblia estabelece contato permanente com as obras
excelsas da beleza literária da mais remota antigüidade, exalta o espírito na
deleitação de uma linguagem poética e de padrões morais como não há
congêneres em outro livro sagrado ou profano. Educa e conduz, criando nas
almas um lastro de doutrina e filosofia de incomparável teor, ao mesmo
passo que infunde nelas a força mística que lhes comunica fé e esperança.
"Que todos devem ler a Bíblia, já o disse São João Crisóstomo,
afirmando ser ela muito mais necessária aos leigos do que aos que de ofício
praticam a religião ou vivem no recolhimento dos mosteiros e conventos....
"Manancial de consolo e conselho, refúgio para as horas de tormenta a
atribulação, guia de exemplos e ensinamentos, mestre silencioso e
permanente em disponibilidade, a Bíblia é o mais secreto confidente das
penas e aflições, e ninguém sai de suas páginas sem receber apaziguadora
resposta para as dúvidas, e bálsamo e estímulo nas ocasiões de angústia e
desespero.
"E sobre os seus abismos e mistérios, no recôndito da palavra Divina,
paira e realça o esplendor da Verdade, no Velho e no Novo Testamentos,
ambos fluindo das mesmas origens cristalinas, ou seja, a inspiração do
Santo Espírito. Nenhum outro livro confere maior dignidade ao homem, para
quem foi escrito com o sopro de Deus.
"A sua substância é eterna; as suas dimensões incomensuráveis no
tempo e no espaço. Na Bíblia encarnou-Se o Verbo e permanece."
O Poder Moral da Escritura 13
Alfredo de Musset, que foi um torturado da dúvida, não pôde deixar
de confessar que "malgré moi l'infini me tourmente", e em seus últimos
dias recorreu ansiosamente à Palavra de Deus, depois de reconhecer,
felizmente, que "à qui perd tout, Dieu rest encore". Foi muitas vezes por
sua criada encontrado chorando sobre esse Livro, e morreu sobraçando-o .
Coelho Neto, dos maiores de nossos prosadores, robustecia na
Escritura divina a sua vida interior.
"Homem de fé," diz ele, "o Livro de minh'alma, aqui o tenho: é a Bíblia.
Não o encerro na biblioteca, entre os de estudo, conservo-o sempre à minha
cabeceira, à mão. É dele que tiro a água para a minha sede de verdades: é
dele que tiro o pão para minha fome de consolo; é dele que tiro a luz nas
trevas das minhas dúvidas; é dele que tiro o bálsamo para as dores das
minhas agonias. É o vaso em que, semeando a Caridade, vejo sempre verde
a Esperança, abrindo-se na Flor celestial, que é a Fé. Eis o livro que é a
maleta com que ando em peregrinação pelo mundo. Tenho nele tudo. . . . Os
pontos cardeais, da manha Religião são os quatro Evangelhos. Lendo-os
conforto-me e, quanto mais os medito, mais me sinto aproximar de Deus." 14
Não há brasileiro que não conhecesse, pelo menos por ouvir falar,
aquela alma peregrina que foi Miguel Couto. Humberto de Campos,
depois de traçar-lhe um formoso perfil, em que pinta ao vivo a
entranhável bondade daquele coração de ouro, diz que às vezes o sábio,
que depois de uma infância e mocidade cheia de privações e sacrifícios
veio afinal a possuir um palacete dotado de todos os confortos, retraía-se
inexplicavelmente, possuído de uma tristeza incompreensível. Sem dizer
nada a ninguém, esperava a noite. "E quando anoitece, dizem, desce, pé
ante pé, ao porão da casa, traz de lá um antigo lampião de querosene,
acende-o, apaga as lâmpadas do gabinete, abre uma velha Bíblia que a mãe
lhe dera quando menino, e lê, até adormecer, de cabeça nas mãos... " 15
Não estaria naquela velha Bíblia o segredo da beleza moral de
Miguel Couto, de quem disse Humberto de Campos que "não se conhece
caráter mais puro, espírito mais doce, nem alma que irradie maior
candura, no esplendor de mais alta sabedoria", e a quem chama Fócion
Serpa "a imagem viva e humana da perfeição e da bondade?"16
O Poder Moral da Escritura 14
A música, longe de ser indiferente ao espírito que respiram as
Sagradas Escrituras, encontra nas mesmas a maior fonte da mais elevada
inspiração. Que no-lo digam Haydn, por meio de sua "Criação";
Beethoven, através de "O Cristão Sobre o Monte das Oliveiras";
Haendel, mediante seu "Messias"; Mendelssohn, por "Elias" e "S. Paulo" ;
assim também Bach, Mozart, Gounod e outros.
Acerca de "Criação", conta-se o seguinte:
"Pouco antes da morte do compositor, apresentou-se esse maravilhoso
oratório em Viena, em uma série de concertos de inverno, e o velho músico,
alquebrado pelo peso dos anos, dirigiu-se ao grande Odeon para ouvir sua
obra. O enorme edifício estava repleto. Servos e senhoras, camponeses e
proprietários, sentiam vibrar o coração de tal maneira, pelos majestosos
coros e solos sublimes, que quase todos os ouvintes foram levados às
lágrimas. No meio, sereno, pálido e mudo, estava sentado o compositor;
mas não pôde ficar por muito tempo assim. Quando o coro chegou a esta
passagem culminante: 'e houve luz!' – Haydn ergueu-se, levantou as mãos
trêmulas, volvendo para o céu os olhos rasos de lágrimas, e exclamou: 'Não
de mim; não de mim, mas de além veio tudo isto!' Ter-se-á rendido alguma
vez um tributo mais acertado, ao caráter inspirador do Livro dos livros?"

E que diremos da pintura e da escultura?


Eis Miguel Ângelo, com sua maravilhosa obra esculpida, "Moisés".
Tão bela, tão perfeita, tão viva., por assim dizer, que o próprio artista, ao
contemplá-la, num arroubo de satisfação e entusiasmo lhe atira o cinzel,
bradando: – Parla!
Eis a tela "Transfiguração", de Rafael; "Jacó abençoando os filhos
de José", de Rembrandt; de Rubens, "A descida da cruz"; "A agonia no
horto", de Guido; de Tintoretto, "A visão do juízo"; e quem desconhece
"A Última Ceia", de Leonardo da Vinci? Aliás, estamos divagando
longe, olvidando a prata de casa: não temos nós mesmos, de nosso Pedro
Américo, "Joquebede levando Moisés ao Nilo", "Cristo nas Bodas de
Caná", "Pedro ressuscitando Tabita"? "O remorso de Judas" e "A fuga
para o Egito", de Almeida Júnior? e de Rodolfo Amoedo, "A despedida
de Jacó" além de outras?
O Poder Moral da Escritura 15
A leitura das Sagradas Letras e sua influência, enfim, purificam o
corpo, ensinando-o a levar vida isenta de vícios, pois que, diz o apóstolo,
é ele o templo do Espírito Santo; enobrecem o cérebro, educando-lhe o
gosto e avivando-lhe a faculdade perceptiva; e levantam a alma,
infundindo-lhe nobreza nos propósitos e sinceridade na ação.
Não admira, pois, que, perguntando-se uma vez numa assembléia
composta de católicos, protestantes, filósofos e materialistas, qual o livro
que deveria levar consigo um homem sentenciado à prisão perpétua e ao
qual se permitisse a posse de um só, a resposta unânime fosse: – A
Bíblia!

A Escritura e o Caráter de seus Personagens

Há quem estranhe a presença, na Bíblia, de certas narrativas em que


aparecem traços menos dignos de seus protagonistas. Tais alguns
episódios da vida de Noé, Ló, Abraão, Moisés e Davi, por exemplo.
Ora, é preciso termos presente que ela não o faz para justificar ou
abonar tais atos. Narra-nos esses casos como simples fatos históricos,
mostrando-nos as tristes conseqüências do pecado.
Até neste particular se destaca o Livro Sagrado dentre toda a
literatura profana. Esta, em geral, exalta, ou pelo menos justifica os
vícios e crimes de seus heróis. Sim, há mesmo uma espécie de literatura
que compete com seu co-irmão na escola do crime – o cinema –
apresentando como dignos de emulação os seus heróis criminosos. Não
assim a Escritura. "Isso pareceu mal aos olhos do Senhor" – é frase ali
muito repetida ao narrar o mau procedimento de algum personagem.
A propósito desses casos, observa Crane que "na lei, nos salmos e
na profecia vemos a influência de Jeová operando como levedura entre o
povo primitivo e bárbaro. Contemplando sob essa luz o Velho Testamento ,
torna-se ele luminoso de divindade." Cita então o exemplo de Davi,
homem rude, semi-civilizado, cheio de erros crassos, mas humildemente
submisso ao Espírito divino que o regenera, através de lágrimas e lutas
O Poder Moral da Escritura 16
sem fim, até alcançar "alguns dos mais elevados conceitos da Divindade
que o espírito humano já concebeu." 17
Repara muito bem um escritor:
"Se a Bíblia fosse um livro imoral, não seria então lido e estimado pelos
homens imorais? Os bêbados e debochados fá-la-iam sua companheira, o
ladrão e o assassino tomá-la-iam por guia prático e os homens bons e
mulheres honestas fugiriam dela como de uma praga. Entretanto, o contrário
é o que se dá."

Na Vida e na Morte

A Escritura Sagrada ensina a viver, e fortalece para a morto. Como


que toma pela mão o crente, e o conduz são e salvo através do mal que o
assedia sempre, e à hora do transe final não o desampara ainda: antes,
dá-lhe a mão para o salto da eternidade que, tenebrosa para o descrente, é
toda luz para o cristão.
Amigos dedicados e fiéis a toda a prova, todos nós os temos,
felizmente. Na melhor das hipóteses, porém, acompanham-nos solícitos
até ao leito de morte. Aí têm de deixar-nos. Mas o nosso Livro abre
então diante de nós um novo mundo – novo e perfeito e segreda-nos no
ouvido a confortadora verdade de um ressurgir, ao soar da trombeta
angélica, por ocasião da vida. de Jesus (I Tessalonicenses 4:16 e 17).
Assim, só, é que se compreende o ânimo e coragem com que
marcharam para a mais cruel das mortes as multidões de mártires que
regaram com sangue a sementeira sagrada.
O espaço só nos permite ligeiras alusões a alguns fatos. Assaz
conhecidas são as perseguições atrozes vividas sucessivamente por uma
dezena de imperadores romanos, contra o Cristianismo nascente.
No tempo de Máximo, toda uma legião cristã, composta de 6.600
homens, deixou-se massacrar como ovelhas, de preferência a oferecer
sacrifícios aos deuses pagãos. Diocleciano mandou sitiar uma cidade
frígia de cristãos, incendiando-a com todos os seus habitantes. Nos sete
anos que durou a perseguição sob esse imperador-monstro, diz Eusébio
O Poder Moral da Escritura 17
que "os carrascos se cansavam, as espadas e instrumentos de tortura se
embotavam e partiam."
E como, então, essas carnificinas não entibiavam os perseguidos?
Que poder esse, que tal ânimo lhes insuflava ao coração palpitante,
entesando-lhes com força invicta o corpo muitas vezes macilento e
alquebrado pelos tormentos anteriores?
As fileiras dos cristãos não se rarefaziam. Os claros eram preenchidos
imediatamente. No anfiteatro Nero estadeava sua pompa e atendia ao
clamor do povo, por "pão e circo!" Cristãos eram lançados às feras ou
serviam de archotes vivos. E em meio de tudo isso, eis que se ergue um
espectador aqui, outro ali, bradando a confissão irresistível: "Eu também
sou cristão!"
"Os procônsules tinham ordem de destruir os cristãos: quanto mais os
caçavam, mais cristãos apareciam, até que afinal, homens se acotovelavam
para junto dos juízes, e pediam que se lhes permitisse morrer por Cristo.
Inventaram-se tormentos; santos foram arrastados por cavalos selvagens;
lançavam-nos sobre grelhas aquecidas ao rubro; arrancavam-lhes a pele,
pedaço por pedaço; eram serrados; eram envolvidos em peles e lambuzados
de piche, e amarrados a postes, nos jardins de Nero, ateando-se-lhes fogo à
noite; eram deixados a apodrecer em masmorras; no anfiteatro serviam de
espetáculo a todos os homens; os ursos os esmagavam entre as garras;
despedaçavam-nos os leões; touros bravios sacudiam-nos nas pontas dos
chifres: e no entanto o cristianismo se disseminou. Todas as espadas dos
legionários que haviam infligido derrota aos exércitos de todas as nações,
vencendo os invencíveis gauleses e os bretões selvagens, não puderam
resistir ao débil cristianismo – pois a fraqueza de Deus é mais forte do que
os homens." 18
E não foi menor em proporção nem menos forte em seu testemunho , o
caudal de sangue derramado posteriormente por homens que, dizendo-se
cristãos, pretendiam, a ferro e fogo, monopolizar as consciências.
Assim é que, segundo calcula Guiness, ascende a cinqüenta milhões
o número dos mártires da inquisição. Setenta e cinco mil foram os
albigenses sacrificados, cinqüenta mil os huguenotes. Na noite de S.
Bartolomeu massacraram-se quarenta mil, segundo uns, e setenta mil,
O Poder Moral da Escritura 18
segundo outros. Baville, sozinho, mandou para a fogueira, a roda ou o
cavalete, doze mil.
Na Irlanda foram mortos de vinte a trinta mil. Sob o reinado de
Carlos V executaram-se, nos Países Baixos, cinqüenta mil. A tal ponto
chegou ali a matança que Filipe II, seu sucessor, teve receios de que o
país ficasse despovoado. Na Espanha, Torquemada "inventava para os
hereges novas, imaginosas e horríveis maneiras de execução, gabando-se
de haver, ele só, queimado vivos mais de oito mil deles."
No espaço de três meses na França foram trucidados não menos de
cem mil; dos valdenses a soma de mártires alcançou um milhão.
Multidões de pessoas foram proscritas, banidas, queimadas, mortas a
fome, enterradas vivas, sufocadas, afogadas, assassinadas, aturadas...
" 'Victi sumus!' – somos vencidos! – exclamou um procônsul romano,
ao ver que os tormentos não conseguiam arrancar um gemido a um jovem.
'Vitória! Vitória!' – bradou, do meio da fogueira, B. Bartoccio, em Roma
(1569). E Antônio Oldevin, em Cremona: 'Ó doce fogo! Ó amável chama!' 'Eu
conheço os huguenotes', disse o intendente Baville a um juiz; 'com nenhuma
tortura conseguireis arrancar-lhes uma retratação ou uma palavra de queixa.'
E com o semblante a irradiar celestial alegria, o Pastor Brousson, por ele
condenado, subiu os degraus do patíbulo. O carrasco testificou depois: 'Já
executei muitas pessoas; com ninguém, porém, tremi tanto como com o Sr.
Brousson.' 'Tende ânimo, irmãos, tende ânimo!' foram as últimas palavras
que se ouviram do meio das chamas em que Nartialis Alba, com quatro
amigos, foi em 1533 queimado vivo, na Place des Terreaux." 19
Diz Teodoro Fliedner que humildes mulheres iam ao encontro das
torturas cantando salmos em altas vozes, e confessando ser Cristo o
Salvador; donzelas iam para a morte como se fossem ao casamento; os
homens alegravam-se ao ver os terríveis preparativos e instrumentos de
tortura e, do alto da fogueira contemplavam, meio assados, as feridas
recebidas de tenazes em brasa. E morriam sorrindo nos ganchos dos
algozes. O povo, diz ainda Fliedner, citado por Bettex, vendo depois os
corpos carbonizados pendurados a altos postes, presos com cadeias
horríveis, começou a convencer-se de que deveria estar com os mártires
a justiça.
O Poder Moral da Escritura 19
Que poder, senão o infundido pelos Sagrados Evangelhos, seria
capaz de sustentar as legiões de mártires através de semelhantes torturas?

Novos Saulos

São inúmeros os intelectuais de todos os tempos que, lançando-se


ao estudo das Escrituras a fim de buscar argumentos contra ela,
acabaram os mais sinceros e convictos crentes. Já nos primórdios do
Cristianismo, no segundo século o filósofo ateniense Atenágoras pôs-se
a estudar as doutrinas cristãs para refutá-las. O resultado foi a sua
Apologia dos Cristãos, dirigida a Marco Aurélio e a seu filho Cômodo,
em que fazia a defesa das doutrinas que pretendera demolir.
Mais ou menos pelo mesmo tempo, o filósofo assírio Taciano,
convertendo-se ao Cristianismo, escrevia sua obra Oratio ed Graecos, na
qual assim narra sua conversão:
"Enquanto eu dedicava a mais séria atenção ao assunto [o encontro da
verdade], aconteceu deparar certos escritos bárbaros [referia-se ao Velho
Testamento], antigos demais para que fossem comparados às opiniões dos
gregos, e por demais divinos para se compararem com os seus erros; e fui
levado a neles depositar fé, pela sua linguagem despretensiosa, o caráter
não artificial dos escritores, a ciência revelada quanto a acontecimentos
futuros, a excelente qualidade dos preceitos, e a declaração de centralizar-
se o governo do universo em um só Ser."
A Escritura Sagrada não perdeu ainda em nossos dias, pejados de
impiedade e descrença, o maravilhoso poder de transformar corações.
Dois ingleses de alto coturno, o Barão Lyttleton e o Dr. Gilbert
West, resolveram demolir o Cristianismo. Para tanto, concluíram, seria
preciso exterminar a crença em dois de seus princípios básicos: a
ressurreição de Cristo e a conversão de S. Paulo. E combinaram
escrever, Lyttleton uma obra em que refutasse o registo bíblico da
conversão do apóstolo, e West outra em que mostrasse a impossibilidade
da ressurreição de Cristo.
Passado algum tempo, encontram-se os dois.
O Poder Moral da Escritura 20
– Então, escreveu o livro? pergunta. West a Lyttleton.
– Escrevi, responde este; mas examinando as provas para refutar a
conversão de S. Palito, convenci-me de sua verdade, bem como da
legitimidade do Cristianismo. E o senhor, escreveu o seu, contra a
ressurreição de Cristo?
– Sim, mas estudando e pesando todas as evidências, segundo as
reconhecidas regras do procedimento judicial, também me convenci de
que Jesus Cristo realmente ressurgiu do túmulo.
E assim, cada um dos ex-ateus produziu uma obra em defesa das
doutrinas básicas do Cristianismo respectivamente Observações sobre a
Conversão de S. Paulo e Observações Sobre a Ressurreição de Cristo.
Do comboio em que viajavam dois céticos convictos, viram através
da janelinha algumas igrejas a distância. O quadro levou um deles a
observar ao companheiro que a vida de Jesus, fosse embora um mito,
havia de dar assunto para belo romance.
Achou-lhe razão o outro, acrescentando que era ele exatamente
quem o deveria escrever. Mas que pintasse a Jesus como simples
personagem de ficção, expondo sem rodeios a falsidade do Cristianismo.
O primeiro, que não era senão o general Lew Wallace, seguiu o
conselho do amigo, o famoso incrédulo Roberto Ingersoll. E o volume
produzido com essas intenções atéias, qual seria? – Ben-Hur, livro
puramente evangélico, suave hino a Jesus – o Filho de Deus! Ao
terminar o quarto capítulo dessa obra sentiu-se Wallace, bem a
contragosto, convencido não só da historicidade, mas mesmo da divindade
de Jesus. E eis como relata o próprio escritor, comovedoramente, sua
evolução espiritual:
"Eu estava perturbado. Havia começado a escrever um livro com o
objetivo de provar ao mundo que jamais vivera na Terra uma pessoa como
Jesus Cristo, mas encontrei-me em face da irrefutável evidência de que era
personagem tão real como Júlio César, Marco Antônio, Virgílio, Dante e
muitos outros que viveram e ensinaram no passado. Encarei de frente o
assunto e me adverti de que, se era personagem real – e disto não havia
dúvida – não seria Ele também o Filho de Deus e o Redentor do mundo?
O Poder Moral da Escritura 21
Começaram a angustiar-me uma inquietude e temor de que eu estivesse em
erro.
"Além disso ia ganhando terreno a crescente convicção de que, assim
como fora provada a existência de Jesus, também poderia Ele ser tudo que
declarava ser. Esta convicção se fez mais e mais forte, até que, uma noite
em que me encontrava no gabinete de minha casa em Indianápolis, se
converteu em certeza plena.
"Caindo de joelhos, pela primeira vez em minha vida, orei a Deus que
Se me revelasse, perdoasse meus pecados e me ajudasse a ser um de
Seus verdadeiros seguidores. Logo uma grande paz me encheu a alma – à
uma hora da madrugada. Desci ao dormitório de minha esposa e,
despertando-a, contei-lhe que havia aceito a Jesus Cristo como meu Senhor
e Salvador. Deveríeis ter-lhe visto a expressão do rosto enquanto eu lhe
falava de minha nova fé.
"– Ó Lew! exclamou ela; tenho orado, para que isso se desse, desde
que me comunicaste a intenção de escrever o livro; orei pedindo que
encontrasses o Senhor ao fazer esse trabalho.
"Ajoelhamo-nos ao lado do leito nessa madrugada, e juntos rendemos
graças a Deus por Sua misericórdia e solicitude, guiando-me para junto de
Si. Não creio que exista no Céu gozo mais doce que esse que
experimentamos nessa manhã em que, depois de anos de vida conjugal,
nos unimos nos vínculos do companheirismo cristão. Perguntei a minha
esposa:
"– Que devo fazer com a matéria que tenho coligido, a custa de tanto
trabalho e despesas?
"– Oh! volveu ela, modifica o quarto capítulo, termina o livro e envia-o
pelo mundo para provar com teu estudo e investigação que Jesus Cristo era
tudo que declarava ser – o Filho de Deus e Redentor do mundo." 19
Noticiaram os jornais, faz algum tempo, o falecimento, na
Alemanha, de um grande teólogo – Adolf Deissmann. O mundo crente
deve-lhe belas obras de defesa da fé. Entretanto, era outrora ateu
convicto e, à semelhança de Ramsay (ver pág. 73), foi às terras bíblicas
em busca de provas arqueológicas contra a Escritura. O plano foi
contraproducente: os ladrilhos milenares e os velhos monumentos, em
ruínas embora, construíram-lhe o edifício inamovível de uma inabalável fé .
O Poder Moral da Escritura 22
E escreveu: Luz do Antigo Oriente, A Religião de Jesus e a Fé do
Apóstolo S. Paulo, e outras obras de valor.

A Vitória Sobre o Coração

Maior ainda que sobre os caprichos do intelecto, é sem dúvida a


vitória sobre as propensões indignas de um coração transviado.
Agostinho foi jovem libertino, inteiramente inclinado à vida de
prazeres profanos, até que ouviu o "tolle, lege!" ao mesmo tempo que via
sobre uma mesinha um exemplar dos evangelhos. Abriu-o e deu com os
olhos neste passo: "Andemos dignamente, como em pleno dia, não em
orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas
e ciúmes; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para
a carne no tocante às suas concupiscências." Romanos 13:13 e 14. Foi o
bastante. Esse mesmo Agostinho, que confessou posteriormente ter sido
"repugnante" a Deus em seu pecado, tornou-se o santo que distribuía
pelos pobres todos os seus bens e cuja vida se impunha como exemplo
de piedade e pureza. 20
Faz anos, morreu na capital de S. Paulo distinto membro da
Academia Brasileira de Letras, cuja vida houve quem a comparasse com
a de Agostinho. Como este, abandonara-se a prazeres inconfessáveis.
Mas, di-lo ele em seu livro póstumo,
"ao cabo de bem longa e de bem lancinante provação, eu me encontrei
afinal com Cristo.... Na minha angústia, toquei-Lhe com as mãos trêmulas a
ourela do vestido. E perguntei-Lhe ansioso: Quem sois vós? Ele me disse:
'Eu sou o caminho, a verdade, e a vida.' Que acento o acento daquela voz!
Nunca homem nenhum falou como aquele Homem.
"Cheguei-me totalmente a Ele. Sentamo-nos um ao lado do outro.
Conversamos. Eu vi, sem detença, que me havia encontrado com o amigo
de que carecia. Com o amigo que é hoje o meu melhor amigo. O amigo
supremo. O único amigo certo na hora incerta. Depois que O conheci, depois
que O fitei de perto, depois que Lhe segurei as mãos, depois que Lhe falei
confiadamente, tudo, absolutamente tudo, mudou na minha existência como
por encanto.
O Poder Moral da Escritura 23
"Ele, quando me sentiu assim mudado, homem novo, quis entrar na
minha morada. Eu Lhe disse: Senhor, a minha morada está arruinada e
velha. Eu não sou digno de que entreis na minha morada. Mas Ele não me
ouviu. Veio. Entrou. Viu o desmantelo da casa, o encardido das paredes, o
bafio das alcovas, a sordície do madeiramento. Mas com a Sua presença, só
com a Sua presença, a lôbrega casa carcomida refez-se de pronto. E ficou
linda, linda. A um gesto dEle, um gesto só, perpassou logo por ela o ar
oxigenado e fresco da saúde, iluminou-se tudo de ouro vivo, luziu o sol
esbanjadamente pelos cantos mais escuros..." 21
Por isso pôde Paulo Setúbal, que a ele nos referimos, fechar os
olhos com as palavras: "Diga aos meus amigos que eu morro feliz,
porque tenho fé." Era Jorge Mueller filho de abastado coletor de
impostos, que o matriculou numa universidade. Aí não tardou a
patentear-se o seu caráter leviano. De queda em queda, tornou-se
perdulário, ébrio e ladrão. Defraudava o pai, freqüentava as tabernas e
foi encontrado a jogar cartas na madrugada em que sua mãe jazia
moribunda. Continuou subtraindo dinheiro ao pai, hospedando-se em
finos hotéis e saindo sem pagar as contas. Dissoluto, chafurdou nos
pecados mais baixos e foi parar na prisão.
Livre desta, depois de algum tempo, acompanhou certa noite um
amigo a uma reunião religiosa, em casa de pessoa de suas relações. A
exposição da Palavra divina revolucionou o coração de Mueller, dando-
lhe à vida um rumo inteiramente diverso. Sem vintém, e sem pedir coisa
alguma a quem quer que fosse, fundou escolas que hoje ainda florescem
nas cinco partes do mundo. Até ao ano de sua morte (1897), haviam-se
educado nessas escolas121.683 pessoas, tendo sido por elas distribuídos
281.652 exemplares das Escrituras Sagradas e 1.448.662 Novos
Testamentos. Criou e educou em seu vasto orfanato, 9.844 crianças.
Com que recursos? Simplesmente confiando em Deus e a Ele orando.
Acontecia às vezes acabar-se a provisão de mantimentos. Não havia nada
para a próxima refeição. Mueller e seus companheiros imploravam a
intervenção de Deus, e chegava, sem ser solicitada, a contribuição de
algum amigo da causa.
O Poder Moral da Escritura 24
No tempo do massacre dos armênios pelos turcos, um soldado
perseguiu um rapaz e sua irmã, apertando-os num canto de muro. À vista
da menina matou aí o jovem. Aquela, porém, conseguiu escapar, pulando
o muro. Mais tarde, diplomada enfermeira, foi obrigada a trabalhar num
hospital turco. Aí lhe trouxeram um dia, por acaso, gravemente enfermo,
o mesmo soldado que lhe matara o irmão. O menor descuido teria
causado a morte do doente. A jovem, porém, excedeu-se em desvelos.
Restabelecido o soldado, reconheceu sua bondosa enfermeira, e
perguntou-lhe um dia porque não o abandonara à morte.
– Sou seguidora dAquele que disse: "Amai a vossos inimigos ...
fazei bem aos que vos odeiam", foi a resposta da jovem.
Depois de um silêncio volveu o doente:
– Não sabia que houvesse uma religião assim. Se essa é a sua
religião, diga-me alguma coisa mais a respeito, pois quero segui-la.
Um afamado pugilista inglês foi um dia vencido pela Escritura, que
se lhe aninhou no coração e transformou a vida. Logo depois de
convertido encontrou na rua um antigo rival que, sabendo do ocorrido, o
desafiou zombeteiramente para uma luta, dando-lhe logo um murro no
rosto, com violência tal que saltou o sangue. Limpando calmamente a
face, volveu ao provocador:
– Se eu não conhecesse a Bíblia, matá-lo-ia. Mas perdôo-lhe, e não
quero lutar.
Numa linda capital de Estado brasileiro, conhecido político, farto
das lutas e ingratidões humanas, assim como das bolotas do pecado,
resolve pôr termo à vida. É quando alguém o procura, levando-lhe um
livro evangélico. Lê-o, interessa-se, torna-se crente convicto. Disputam-
lhe hoje os serviços de advogado competente e integérrimo.
No extremo sul de nosso país, o evangelho vai bater à porta de
resoluto anarquista. Aceita a fé cristã, e o lobo se torna cordeiro. Hoje
prega a mansidão do evangelho de Cristo nas mais afastadas selvas do
Brasil.
O Poder Moral da Escritura 25
Vivia no sertão de Minas Gerais um homem que, de crime em
crime, se tornou um bandido que toda a redondeza temia. Chamavam-lhe
"o lobo da floresta". Passando um dia, na localidade em que morava, um
fervoroso crente na Escritura Sagrada, este o convidou a visitá-lo, dando-
lhe de presente um exemplar do Novo Testamento e outro do conhecido
livro de Bunyan: O Peregrino. Cerca de um ano depois o mesmo
bandido voltou a visitar o ministro do Evangelho, dizendo-lhe que se
convertera e ia entregar-se à justiça. O criminoso, havia muito procurado
pela polícia, por certo que nenhum castigo menor poderia receber do que
a pena máxima. Deus, porém, interveio em favor do pecador penitente:
respondeu a júri e saiu livrei Não precisava mais de recursos humanos
para regenerar-se. Esta obra, já a operara o poder maravilhoso da Palavra
divina.
Em Ribeirão Preto, Estado de S. Paulo, uma velha lavadeira
constituía o objeto dos motejos e ridículo dos garotos. É que a pobre era
escrava do álcool. Fizera tudo para livrar-se das garras do vício. Mas
debalde. Dominava-a o desejo, bebia e andava a rolar pelas sarjetas. Um
dia uma alma caridosa leu-lhe um trecho dos Evangelhos. A velha, que
estava com a garrafa ao seio, para ir à taverna buscar a pinga, voltou sem
ela. E no dia seguinte foi de novo ouvir a leitura. A garrafa nunca mais
se encheu. Ela não mais caiu na sarjeta. Agora, em vez de escarnecida
pela populaça, respeitavam-na todos, disputando-lhe os serviços de
lavadeira perita.
E de casos como este poder-se-iam encher volumes sem fim. São
ocorrências cotidianas.
Viajava certa ocasião pelo oeste americano, um jovem incrédulo em
companhia de um tio. Surpreendeu-os a noite antes de alcançar uma
cidade, e viram-se obrigados a pedir pouso em uma choupana à beira da
estrada. Como conduzissem consigo não poucos haveres, e desconfiassem
muito do hospedeiro, que lhe indicara um dos dois únicos aposentos da
habitação, combinaram que um deles vigiaria até à meia-noite, arma em
punho, e o outro até ao amanhecer. Em dado momento os viajantes
O Poder Moral da Escritura 26
olharam por uma fenda da fechadura e viram o velho, aspecto rústico,
tomar de uma prateleira uma Bíblia, lê-la por uns momentos e ajoelhar-
se depois, a orar. O jovem descrente pôs-se então a tirar o paletó e fazer
menção de ir para a cama, ao que o tio lhe observou:
– Pensei que você fosse ficar vigiando...
O pretenso ateu, porém, sabia que não há necessidade de vigiar,
empunhando bacamarte e pistola, numa casa "santificada pela Palavra de
Deus e consagrada pela voz da oração".
Em certo hospital há um doente que, a julgar pelas aparências, dir-
se-ia o mais infeliz dentre os infelizes: paralítico, só mexe a cabeça e as
mãos, sofrendo por vezes dores atrozes. Mas ele tem como companheira
inseparável uma Bíblia. E eis o que diz:
– Não só os dias, mas também as noites me são demasiado curtas
para louvar a Deus, com júbilo e lágrimas de alegria, por tudo que me
proporcionou em Sua Palavra.
"Por que motivo tem a Bíblia esse surpreendente poder sobre os
corações?" indaga Bettex; e responde ele mesmo: "Por isso que ela diz
justamente o contrário daquilo que ensinam todos os livros sagrados, de
todos os povos. Ela vence o homem, dizendo-lhe o que ele menos deseja
ouvir, e o que mais amargamente lhe fere os ouvidos – o que é também uma
característica de sua elevada origem."

A Última Hora do Ateu

A enfermeira que assistiu a Voltaire em seus últimos momentos, foi


certa vez chamada a velar junto ao leito de um enfermo. Quis então saber
se este era crente ou incrédulo.
– É crente sincero, responderam-lhe; mas, por que faz questão
disso?
– É que assisti a Voltaire à hora da morte, volveu a enfermeira; e
por todas as riquezas da Europa, jamais quero ver outro ateu morrer!
Anatole France, infelizmente também cético, ao perguntar-lhe seu
médico, Dr. Mignon, como passava, disse:
O Poder Moral da Escritura 27
– Doutor, veja aqui o homem mais infeliz do mundo! (E pedia-lhe
veementemente que o matasse, o envenenasse. )
Não admira, pois, que o aspecto que apresenta aos ateus a morte,
seja tão tenebroso que arranque a um Roberto Ingersoll, junto à sepultura
aberta de seu irmão, as desoladoras frases:
"Sim, seja no mar, ou entre os cachopos de longínqua praia, um
naufrágio assinalará afinal o termo de cada um de nós. E toda a vida, não
importa se cada uma de suas horas haja sido enriquecida pelo amor ou cada
um de seus momentos adornado com as jóias do prazer, converter-se-á
enfim na tragédia mais triste, mais abismal e obscura que se possa
entretecer na trama do mistério da morte. A vida é o vale estreito que
medeia entre os frios e estéreis penhascos de duas eternidades. Em vão
procuramos enxergar para além de suas alturas. Gritamos com todas as
forças, e a única resposta que nos chega é o eco de nosso lamentoso
clamor."
"Vou antes de tempo, e não sei o que me espera", foram as palavras
de afamado reitor de universidade. E Darwin, o pobre, mistificado
Darwin, lamentou, quando se lhe avizinhava a morte:
"Nos dias da minha mocidade eu era profundamente religioso; mas fiz
minha mente uma espécie de máquina para fabricar leis gerais no mundo
material, e a minha espiritualidade atrofiou-se." 22
Tomás Hobbes, que em seu livro Leviatã se confessa partidário, em
filosofia, do materialismo; em moral, do egoísmo; e em política, do
despotismo, ao avizinhar-se do instante supremo, disse: "Cheguei ao
momento de dar um salto no escuro."
O cruel e libertino rei Henrique VIII, da Inglaterra, lamentou: "Vai-
se-me tudo: Reino, corpo e alma!"
Do cético Voltaire foram as últimas palavras: "Vejo uma mão, que
da Eternidade baixa até mim, para deter-me."
Fernando Augusto Bebel (1840-1913), o inflamado orador
incrédulo da Alemanha, chora em seu leito de morte: "Oh, quanto tenho
de sofrer! Por toda parte me vêem ao encontro, com ameaçadoras mãos
erguidas e me amaldiçoam, bradando que eu bem cuidei de suas
necessidades materiais, sim, mas lhes roubei o elemento espiritual,
O Poder Moral da Escritura 28
tornando-os assim infelizes. Uni-vos numa liga e proclamai através de
todo o mundo: Deus vive! Deus vive!" 11
Manuel Maria Barbosa du Bocage foi poeta de extraordinários
recursos de inteligência. Libertino, esbanjou seus talentos em produções
de baixo nível moral. No fim de sua vida confessava:
"Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel das paixões que me arrastava. . . "
E pedia a Deus que, quando chegasse o momento da morte,
soubesse "morrer o que viver não soube". Em outro soneto pede à
posteridade: "Queima os meus versos, crê na Eternidade."
Em 1925 celebrou-se o centenário de Huxley. A Associação do
Racionalismo, em Paris, fez grande banquete. À sobremesa ergueu-se
um dos duzentos convivas, o Sr. Whale, para fazer o elogio daquele
apóstolo do transformismo. Desabafou-se em cruéis e irônicas
blasfêmias contra a fé, referiu-se desdenhosamente à visão de Paulo no
caminho de Damasco e sentou-se. Imediatamente o viram tombar a
cabeça para trás, revirar os olhos e escancarar a boca nos últimos
estertores. Minutos depois era cadáver.
Guy de Maupassant foi outro caso doloroso: Resolveu escrever um
livro blasfemo. E escreveu-o de fato. De que tamanho? – Trinta e cinco
linhas. A essa altura não pôde prosseguir – abandonou-o a inteligência,
morrendo ele alguns anos depois.
Certo homem, espírito religioso, visitando um fazendeiro antigo
seu, veio a falar no paraíso. O lavrador sorriu, apontando para suas
luxuriantes plantações e dizendo:
– Aquilo é que é meu paraíso!
Algum tempo depois recebeu a mesma visita. Tudo respirava ainda
prosperidade: as plantas verdejantes, o lago sereno. O fazendeiro, porém,
achava-se estirado no sofá, profundamente acabrunhado: seu filho
querido afogara-se no lago; uma filha fizera casamento infeliz; e ele
mesmo estava atacado de moléstia incurável. Entra a filha menor e
pergunta:
O Poder Moral da Escritura 29
– Papai, vou à cidade agora ; quer que lhe traga alguma coisa?
– Uma pistola! responde o miserável, cerrando os dentes.
Um cético notável, W. O. Saunders, descreveu vividamente a idéia
que, como incrédulo, o acabrunhava, e que deve bem ser a penosa
concepção da vida por parte da classe que representa:
"Surpreender-vos-eis, provavelmente, de saber que o agnóstico inveja
a vossa fé em Deus, a positiva crença num Céu depois da morte, e a bendita
certeza de que haveis de encontrar vossos queridos numa vida além, na
qual não haverá tristeza nem dor. Ele daria tudo, para poder abraçar essa fé
e ser por ela confortado....
"Poderá o agnóstico mostrar fisionomia animada e encarar a vida com
heróicos sorrisos. Mas não é feliz.... Posto em respeito e reverência ante a
vastidão e majestade do universo, não sabendo de onde veio nem porque,
aterrado pela grandeza estupenda do espaço e a infinitude do tempo,
humilhado pela minúscula pequenez própria, cônscio de sua fragilidade, sua
fraqueza e transitoriedade, não julgais que também ele por vezes anseie por
um bordão a que se apoiar? Também ele leva uma cruz....
"Para ele a Terra não é senão uma traiçoeira jangada a vagar nas
insondáveis águas da eternidade, sem horizonte à vista....
23
"Tendes aqui um dos mais solitários e mais infelizes indivíduos da Terra."
Foi também esta, sem dúvida, a impressão que da vida tinha Buda,
que ao morrer exclamou: "Tudo é vão!" "Acta est fabula" (está
representada a peça) disse, expirando, César Augusto.
Esta extrema vaidade da vida sem a diretriz da fé, deve também tê-
la sentido pungentemente aquele escritor que, ao concluir um de seus
livros de defesa do ateísmo, foi, de seu gabinete, chamado para junto do
leito de morte de sua filhinha.
– Papai, balbucia-lhe ela, que devo crer? O senhor me ensina que Jesus
Cristo não existe; mamãe diz que Ele é meu Salvador, e que posso morrer
confiada em Seus méritos e na salvação que oferece. Que devo fazer, então?
O infeliz pai tentou debalde engolir o nó que lhe apertava a
garganta, e respondeu: – Minha filha, crê no Cristo de tua mãe e entrega-
te aos Seus cuidados!
O Poder Moral da Escritura 30
A Última Hora do Crente

São Crisóstomo entregou-se ao martírio exclamando: "Louvado seja


Deus por tudo!"
Jorge Frederico Haendel, compositor de tão apreciados oratórios,
despediu-se da vida com a exclamação de Jó: "Sei que vive meu
Redentor!"
Sentindo que seu fim se avizinhava, disse ao seu médico o Barão
Henrique von Stein, a quem a Prússia do século passado deveu
importantes reformas liberais: "Não temo a morte; bem sei o que valho
aos olhos de Deus; sou um pobre pecador, e unicamente os méritos de
meu Redentor me alcançarão a salvação eterna."
Ao visitar o rei Henrique III da França o escritor e sábio Bernardo
Palissy que, como huguenote, se achava preso na Bastilha por causa de
sua fé, disse-lhe aquele:
– Meu caro, se o senhor não ceder, nesta questão de religião,
infelizmente terei de deixá-lo em mãos inimigas.
Respondeu Palissy: – Nem Vossa Majestade, nem aqueles sob cujo
domínio estais, terão sobre mim qualquer poder, pois sei morrer 11
Nas selvas do Peru, jaz no leito de morte uma meninazinha cristã.
Ei-la que pronuncia aos queridos que lhe cercam o leito, as derradeiras
palavras: "Não chorem nem se aflijam por mim, porque não tenho medo.
Vou dormir em Jesus e no dia da ressurreição os verei outra vez. Ha-ki-
sin-ca-ma! (Até outra vista!)"
"Está muito bem" foram as últimas palavras do grande Washington.
Compare-se esta tranqüila conformação de um crente, com a tortura
mental do moribundo ateu.
Afonso Pena, um dos nossos presidentes, exprimiu, ao morrer, em
quatro palavras significativas os seus resignados sentimentos: "Deus,
Pátria, Família, Liberdade!" 24
"Tragam-me o Livro!" pediu Walter Scott, ao morrer. Perguntando-
lhe o genro qual o livro desejado, volveu o moribundo: "Só existe um
O Poder Moral da Escritura 31
Livro!" E tinha razão, pois que o próprio termo bíblia é o plural do grego
biblion, que quer dizer o Livro por excelência. A Escritura Sagrada não é
um livro qualquer mas o Livro.
Ao serem em 1681 enforcadas duas mocinhas escocesas, por amor
de sua fé, Marion Harvie, que era uma delas e tinha apenas vinte anos,
animou a companheira, Isabel Alison: "Vamos, Isabel, cantemos o
Salmo 23!"
Torturado pelos algozes, que lhe partiram o braço esquerdo e
deslocaram o omoplata, Savonarola comprazia-se em escrever
meditações sobre os Salmos 31 e 51, e confortava-se com repetir as
palavras do capítulo 27: "O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de
quem terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida; a quem
temerei?" "Ainda que um exército se acampe contra mim, não se
atemorizará o meu coração; e, se estourar contra mim a guerra, ainda
assim terei confiança." 25 E nesse espírito de serenidade e confiança foi
ao encontro da execução, dormindo como uma criança na noite anterior à
mesma, e sendo visto a sorrir em suave sonho.
O grande guia religioso John Wesley, e o conhecido estadista
Oliver Cromwell, ambos morreram balbuciando as sublimes palavras do
Salmo 46: "Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na
angústia."
Guilherme Wilberforce, a quem já nos referimos noutra parte, disse
antes de morrer: "Lede a Bíblia, lede a Bíblia. . . . " 26
Um missionário que passou trinta anos lançando a semente do bem
no coração de antropófagos da Oceania, e que foi João Paton, ao sentir
aumentar paulatinamente a fraqueza física e avizinhar-se-lhe a morte,
dizia muitas vezes aos que o iam visitar: "Não tenho a mais pequenina
sombra de dúvida, sinto uma paz perfeita." 27
Guilherme Carey, o célebre orientalista inglês que tanto fez em
favor da fé cristã e da civilização na pobre índia, autor de versões da
Escritura para vinte e quatro línguas do Oriente, disse, ao terminar a
correção da última folha de sua tradução do Novo Testamento em
O Poder Moral da Escritura 32
bengalim: "Minha obra está realizada; nada mais tenho a fazer, senão
aguardar a vontade de Deus." 28 Ao ter em mão o primeiro volume
impresso dessa edição do Novo Testamento, serviu-se dele para pregar
um sermão baseado nas palavras de Simeão, quando tomou nos braços o
menino Jesus: "Agora é, Senhor, que Tu despedes ao Teu servo em
paz: ... porque já os meus olhos viram o Salvador."
O grande apóstolo S. Paulo olha de frente a morte próxima e faz
esta profissão: "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé."
II Timóteo 4 :7.
E o próprio Cristo, erguido no madeiro infamante, remata uma vida
toda consagrada a santa e benfazeja atividade, bradando: "Está
consumado!"
Concluindo, desejaria dizer com S. Paulo (Hebreus 11:32): "E que
mais direi? Certamente, me faltará o tempo necessário" para citar os
inumeráveis casos que em torno de nós enxameiam, comprovantes do
poder moral da Escritura Sagrada. E bem acertaria ainda, aplicando ao
mesmo assunto as palavras de S. João (21:25), referentes às obras de
Jesus: "Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no
mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos."

A Santa Bíblia faz de um Saulo perseguidor, um Paulo que é a


maior glória dentre os apóstolos; de um Pedro impulsivo e pusilânime,
uma coluna inamovível; de um João violento e desconfiado, a mais
mansa e pura alma dentre os doze. E tais milagres de regeneração,
verdadeiros novos nascimentos, efetua-os ela ainda hoje, diariamente,
aos nossos olhos. Sim, o Livro fala hoje ainda – ora com voz tonitruante,
em clarinadas, ora em sons suaves como o ciciar da brisa e brandos qual
murmúrio de regato na areia.

Não quererás você, leitor amigo, abrir alma e coração a essa


influência bendita?
O Poder Moral da Escritura 33
Conversão de um Ateu

UM incrédulo de espírito muito agudo propôs-se a estudar a Bíblia, e começou a


leitura no Gênesis. Ao chegar aos Dez Mandamentos, disse a um amigo: "Vou dizer-lhe
o que eu pensava. Eu supunha que Moisés tivesse sido o guia de uma horda de bandidos;
que, por ter espírito forte, adquiriu grande influência sobre povos supersticiosos; e que
no Monte Sinai ele exibiu algumas espécie de fogos de vista, para assombro de seus
ignorantes seguidores que, no misto de temor e superstição que possuíam, imaginavam
ser sobrenatural aquela exibição.
Agora, tenho estado a considerar a natureza da lei. Tenho procurado ver se poderia
acrescentar-lhe qualquer coisa, ou dela tirar algo, de maneira a torná-la melhor. Senhor,
não o consigo. Ela é perfeita. O primeiro mandamento nos leva a fazer do Criador o
objeto de nosso supremo amor e reverência. Está certo: Se é Ele nosso Criador,
Preservador, e Benfeitor Supremo, devemos como tal tratá-Lo, a Ele e a nenhum outro.
O segundo proíbe a idolatria. Está muito certo. O terceiro proíbe a profanidade. O quarto
determina um período para o culto religioso. Se existe Deus, por certo que deve ser
adorado. É justo que haja uma homenagem exterior, expressiva de nosso respeito
interior. Se Deus deve ser adorado, é apropriado que seja posto à parte certo período para
esse propósito, quando todos O possam adorar unânimes, e sem interrupção. Um dia
dentre sete na verdade não é demais, e também não me parece que seja demasiado pouco.
O quinto define os deveres peculiares procedentes das relações de família. As
ofensas a nosso próximo são a seguir classificadas pela lei moral. Dividem-se em
ofensas à vida, à castidade, à propriedade e ao caráter; e noto que em cada um deles é
expressamente proibida a maior ofensa. Assim, a maior ofensa à vida é o assassínio; à
castidade, o adultério; à propriedade, o furto; ao caráter, o perjúrio. Ora, a maior ofensa
tem de incluir a menor, da mesma espécie. O assassínio tem de abranger todo o prejuízo
à vida; o adultério, toda a ofensa à pureza; e assim por diante. E o código moral é
rematado por uma ordem que proíbe todo desejo impróprio em relação a nosso próximo.
Tenho ficado a pensar: Onde terá Moisés buscado essa lei? Tenho lido a História.
Os egípcios e as nações circunvizinhas eram idólatras. Assim o eram os gregos e os
romanos; e o mais sábio ou melhor dos gregos ou dos romanos jamais produziu um
código de moral como esse. De onde recebeu Moisés essa lei que ultrapassa a sabedoria
e a filosofia dos séculos mais adiantados? Viveu ele numa época relativamente bárbara;
deu, porém, uma lei na qual a erudição e sagacidade de todos os tempos subseqüentes
não descobrem uma falha sequer. De onde a recebeu? Não pode ele ter sobrepujado tanto
a sua época, que a produzisse ele mesmo. Estou persuadido quanto a sua origem. Ele a
recebeu do Céu. Estou convencido da verdade da religião da Bíblia." O incrédulo (já não
mais incrédulo) permaneceu até à morte firme crente na verdade do cristianismo. 29
O Poder Moral da Escritura 34
Referências:
1. Histoire de l'Economie Politique, Blanqui.
2. Famous Infidels who Found Christ, Lee S. Wheeler.
3. The Bible – Book Divine, Fannie D. Chase.
4. José Bonifácio, Otávio Tarquínio de Sousa.
5. L'Influence Remarquable de la Bible, Ch. Gross.
6. O Cristianismo e o Progresso, Antônio da Costa.
7. The Bible – Is it a True Book? Carlyle B. Haynes.
8. Treatise on the Gods, H. L. Mencken.
9. The Literary Primacy of the Bible, George P. Reckman.
10. Os Melhores Guias para uma Vida de Êxito, S. M. Richards.
11. Kraft und Licht, 15-4-1956 e 24-57.
12. Psicologia e Teodicéia, J. Balmes.
13. Gespräche mit Goethe, Eckermann.
14. Grandes Homens e um Grande Livro, Soc. Bíblica Americana.
15. Crônicas, Humberto de Campos.
16. Miguel Couto – Uma Vida Exemplar, Fócion Serpa.
17. Systematic Theology, A. H. Strong.
18. 6.000 Sermon Illustrations, Spurgeon.
19. Die Bibel Gottes Wort, F. Bettex.
20. El Monitor de La Juventud, Guilherme Lougee.
21. Confiteor, Paulo Setúbal.
22. As Escrituras Sagradas – A Palavra de Deus, Casa Publicadora Brasileira.
23. A Voz da Profecia, A. Rowell.
24. Feitos, Frases e Ditos Célebres, S. de Figueiredo.
25. The Influence of the Bible on History, Literature and Oratory,
Thomas Tiplady.
26. Deus, Ressurreição, Fé, Luís Quinto.
27. A Vida de John Paton, Casa Publicadora Batista.
28. O Evangelho a Todo o Mundo, Kibbin e Steams.
29. Elon Foster, 6.000 Sermon Illustrations, págs. 117 e 118.

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