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A Escritura Sagrada e a Ciência 1

A ESCRITURA SAGRADA E A CIÊNCIA

A BIBLIOTECA DO LOUVRE, em Paris, tem cinco quilômetros de


prateleiras abarrotadas de compêndios científicos que já brilharam
nas cátedras, mas se tornaram antiquados dentro de cinqüenta anos! Em
ponto reduzido, dá-se o mesmo em todas as bibliotecas, mesmo as
modestas, de nossos colégios. Tão vária é a ciência humana!
A Escritura Sagrada não se propõe a ser um compêndio para o
estudo de ciências. Tampouco faz do conhecimento científico a pedra de
toque de sua origem divina. Com efeito, não se empenha em elaborar
argumentos para demonstrar ou provar sua autenticidade. Está, felizmente ,
muito além da necessidade de o fazer, e é outro o seu papel. Entretanto,
faz incidentalmente muitas alusões a pontos de ciência, as quais os
estudiosos do assunto tiveram de reconhecer como rigorosamente exatas.
Fatos que foram por muito tempo discutidos e controvertidos pela
suposta ciência humana, até que a pouco e pouco sobre eles se fizesse a
luz, já lá estão na Bíblia, esclarecidos na linguagem simples e
despretensiosa que lhe é peculiar. Adaptada a todos os povos e todas as
épocas, jamais se torna ela um livro antiquado.

Luz Antes do Sol

O problema da luz antes de existir o Sol, por exemplo, constitui


para muitos a primeira pedra de tropeço. Como disse Deus: "Haja luz",
no primeiro dia, se só no quarto criou o Sol? E vêem, ou pretendem ver
aí a primeira grande discrepância da Escritura com rudimentos de
ciência. Entretanto, esquecem-se de que no próprio fundo do mar, onde a
luz solar não penetra, existem peixes luminosos; banham eles mesmos,
todas as noites, o seu lar na suavidade de uma luz que não procede do
Sol; e passam também por alto, ou ignoram, que a mesma verdade tem
sido demonstrada pelas recentes experiências no campo da radioatividade .
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Essa aparente incoerência, aliás, desaparece ao considerar-se, como
adverte Conradi, que o original designa com termos diferentes a luz de
que trata o versículo 2 do primeiro capítulo de Gênesis e a de que fala o
versículo 14. A primeira, que Deus criou ao dizer "haja luz", e a que se
poderia talvez chamar luz cósmica, é designada pela palavra hebraica or,
isto é, luz propriamente dita; a segunda, produzida pelo Sol, designa-se
por maor ou seja portador de luz. Essa questão tão debatida torna-se,
assim, de uma simplicidade extrema.

Josué e o Sol

O caso de Josué, ordenando ao Sol que parasse, é outra dificuldade


apresentada pelos leitores superficiais da Escritura.
Não se advertem, porém, de que esta nos fala em linguagem popular ,
e não científica. E as mesmas pessoas que julgam aí dever enxergar um
cochilo bíblico, pois é a Terra que gira em torno do Sol, e não vice-versa,
essas mesmas pessoas não hesitam em dizer, por exemplo: "O Sol está
nascendo", ou "está-se pondo", ou "está a pino" etc. Ou porventura já os
ouviram dizer: "A Terra deu outra volta", ou "meia volta"? . . . Assim
como dizem, quando se vêem engordar: "O paletó está ficando apertado"
ou "esta calça está estreita", em vez de: "Estou engordando".
Ora, semelhantes expressões são figuras de pensamento que
constam dos rudimentos da gramática, e como tais se empregam a todo
momento.
Vêm a propósito as observações de Kepler, o astrônomo do século
dezesseis, autor das célebres leis que receberam seu nome:
"A astronomia ensina a conhecer as causas que atuam sobre a
natureza, e retifica ex professo as ilusões de ótica. A Sagrada Escritura, que
ensina as verdades mais sublimes, serve-se das locuções usuais a fim de
ser compreendida; não é senão por incidente que ela fala dos fenômenos da
natureza, e então emprega os termos de que se serve o comum dos
homens. E a Escritura não se teria expresso de outro modo, ainda quando
todos os homens conhecessem perfeitamente a causa das ilusões de ótica;
A Escritura Sagrada e a Ciência 3
porque nós, os astrônomos, não aperfeiçoamos a ciência astronômica com
intenção de modificar o uso da língua, mas queremos abrir as portas à
verdade, conservando a mesma terminologia. Nós dizemos, com o povo: Os
planetas param, voltam.... O Sol nasce e se põe, sobe para o meio do céu,
etc. Falamos com o povo, exprimimos o que parece passar-se diante de
nossos olhos, posto que nada de tudo isto seja verdadeiro, entretanto todos
os astrônomos estão de acordo. Devemos tanto menos exigir da Escritura
sobre este ponto, quanto é certo que ela, se abandonasse a linguagem
ordinária para tomar a da ciência e falar em termos obscuros, que não
seriam compreendidos por aqueles que ela quer instruir, confundiria os fiéis
simples, e não conseguiria o fim sublime a que se propõe.
"Suponhamos que um fundador de religião, como Moisés, estivesse já
de posse de todos os conhecimentos mais recentes em astronomia e
geologia: não lhe teria sido muito mais prejudicial do que útil o falar a língua
de Copérnico, de Newton, de Laplace, de Werner, de Buch ou de Lyell? De
certo durante dois mil anos ninguém o compreenderia e seria mal apreciado;
e tudo isto só para dar uma satisfação particular ao século décimo nono (o
século dos Newtons, Laplaces etc.), satisfação que já não contentaria o
século vigésimo."

Quanto à historicidade desse dia mais longo, está ela confirmada


pela astronomia. Um grande astrônomo inglês, Sir Edwin Ball,
"descobriu que se haviam perdido vinte e quatro horas de tempo solar." 1
Já nos anais do Egito e da China há referências a esse dia.
Confirma-o Heródoto, da Grécia. No México descobriu-se um
documento antigo, referente ao próprio ano em que Josué conquistou a
Palestina, o qual alude ao mesmo fato. 2
Notemos que a Escritura diz haver-se o Sol detido "quase um dia
inteiro" (Josué 10:13). Entretanto, o prazo em excesso averiguado pelos
astrônomos, consta de um dia de vinte e quatro horas exatas. Onde a
incoerência? – É que houve outra ocasião em que o Sol se deteve por um
pouco. Foi no tempo do rei Ezequias, quando o relógio voltou dez graus
(Isaías 38:8), o que corresponde a quarenta minutos
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Jonas e o Peixe

Uma das narrativas bíblicas mais ridicularizadas pela suposta


ciência dos homens, é a do livro de Jonas. Como poderia um ser humano
passar vivo três dias no ventre de um peixe?
Acresce que algumas versões dão baleia, em vez de peixe, na
passagem do Novo Testamento (S. João 12:40) em que Jesus Se refere
ao caso de Jonas. Isto tem aumentado o clamor dos críticos, pois aquele
cetáceo, dizem, não pode engolir um homem, por ter muito estreita a
garganta.
A designação original, entretanto, é tou ketous, que quer dizer
"monstro marinho, peixe enorme". Assim, pode ser e pode não ser
baleia. Não será, prevalecendo a última definição. Nada impede que seja,
no caso de prevalecer a primeira.
Sabe-se que há no fundo do mar muito monstro marinho desconhecido
ainda. Mas, admitamos que no incidente de Jonas se tratasse de fato de
uma baleia. Seria impossível? – Absolutamente não. Conhecem-se hoje
casos semelhantes. O Dr. Harry Rimmer refere-se a um espécime de
vinte e nove metros de comprimento e 147 toneladas de peso, que teve
de ser despedaçado por bombas lançadas de um aeroplano, pois o
guindaste da entrada do Canal do Panamá não o podia erguer. Têm as
baleias uma grande cavidade na cabeça, onde armazenam o ar para seus
mergulhos, e que atinge até cinco metros de comprimento, por dois de
altura e outros tantos de largura. Das fauces, qualquer objeto passa
facilmente para esse depósito de ar. Se acontece o animal abocanhar uma
presa demasiado grande para ser engolida, lança-a para essa cavidade,
nadando então para a praia onde a expele. Foi o que se deu com um cão
caído ao mar de uma baleeira, sendo seis dias depois retirado vivo da
cabeça de uma baleia.
Existe, também, um peixe, o Rhinodon Typicus, informa-nos mais o
Dr. Rimmer, que seria bem capaz de hospedar um homem por alguns
dias. Cita então vários casos dos quais faremos ligeira referência a um
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apenas: Um marinheiro inglês foi engolido por um Rhinodon, no canal
de Calais, tendo caído de um barco, ao lançar o arpão. O peixe escapou,
e só quarenta e oito horas depois foi apanhado. Aberto, encontraram o
homem inconsciente, mas vivo ainda. Dentro de poucas horas estava
perfeitamente reanimado. Exibia-se depois em Londres, denominando-se
"o Jonas do século XX". O próprio Dr. Rimmer teve ocasião de vê-lo.
Perdera todo o cabelo e tinha o corpo coberto de manchas amarelo-
pardacentas, mas nada mais sofrera.
Ora, se esse homem escapou com vida, quanto mais tal se poderia
ter dado com Jonas, que se achava sob a proteção especial de Deus,
incumbido como estava de uma missão divina? Note-se, ainda, que a
passagem diz que o Senhor "deparou" um grande peixe. Não poderia Ele
ter providenciado um monstro marinho adaptado especialmente a servir
de passageira morada ao desobediente profeta?

A Arca de Noé

A pretensa impossibilidade de caberem na arca de Noé exemplares


de todas as espécies de animais, é outro cavalo de batalha dos descrentes.
Mas vejamos se essa impossibilidade existia de fato.
Notemos antes de tudo que grande porcentagem desses animais
vivia na água, escusando levá-los na arca, pois o dilúvio era justamente o
seu elemento. Outra grande proporção compunha-se de insetos, que bem
pouco lugar ocupariam.
Devo ao amigo Alonzo Lafayette Baker interessantes observações a
respeito, por ele colhidas de um número de Ciência e Invenção. Eis seu
resumo:
"As verdadeiras dimensões da arca acham-se matematicamente
declaradas em Gênesis 6:15 e 16, sendo as seguintes: Comprimento, 300
côvados; largura, 50; altura 30. Em termos modernos, teríamos:
comprimento, 135 metros ; largura, 22,5; altura, 13,5. Mencionam-se três
andares, ou cobertas, tendo cada andar (deduzidos 30 centímetros para o
soalho), 4,20 metros de altura. Multiplicando-se 135 por 22,5, teremos 3.037
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metros quadrados de superfície para cada andar; total, 9.111 metros
quadrados de área para toda a arca. Segundo a base em que se calcula
hoje a capacidade de um navio, isto é, cerca de 500 quilos por metro
quadrado, a arca teria a capacidade de pelo menos 32.000 toneladas,
podendo atingir mesmo 42.000.
"O Dr. Alfredo Russel Wallace, em sua Distribuição Geográfica dos
Animais, diz-nos que existem cerca de 1.700 espécies de mamíferos, 10.087
de aves, 987 de reptis, e aproximadamente 100.000 de insetos. A Bíblia diz
que entraram na arca pelo menos dois exemplares de cada espécie, e de
algumas mesmo sete pares. Ora, a questão é a seguinte: Como pôde Noé
abrigar na arca todos esses animais?
"Os mamíferos variam muito de tamanho. O Dr. Wallace dá como
termo médio o gato doméstico, de modo que faremos o cálculo sobre esta
base. Cada andar tinha 3.037 metros quadrados de área, de maneira que,
num só pavimento, digamos o primeiro, 3.400 animais teriam quase um
metro quadrado de espaço cada um; e, considerando o tamanho médio que
propomos, esse espaço seria mais que bastante. Naturalmente precisamos
de lugar para depósito de mantimentos; mas lembremo-nos de que resta
bastante espaço acima dos animais, e esse resto dos 4,20 metros de altura
pode ser usado para pôr forragem.
"O segundo andar deixaremos para os insetos e os reptis, bem como
seu alimento. Nesse espaço de 3.037 metros quadrados temos de abrigar
200.000 insetos e 1.974 reptis. Os insetos, naturalmente, são muito
pequeninos, e os reptis, na média, não são muito maiores. O cálculo mostra-
nos que temos cerca de 150 centímetros quadrados para cada um. Isto sem
dúvida provê espaço mais que suficiente.
"Resta-nos ainda todo o andar superior, o terceiro, para Noé e sua
família, de sete membros, juntamente com 20.174 aves para lhes fazerem
música. As aves são, na média, pequenas, pois predominam as espécies
menores, mas poderemos conceder 1.350 centímetros quadrados a cada
uma, e assim mesmo as maiores terão bastante lugar."
Já que tratamos da arca de Noé, convém notar ainda uma
curiosidade: O armador holandês Pedro Jansen construiu, em 1609, um
navio nas mesmas proporções da arca de Noé, apenas menor. Esse navio
comportava trinta por cento mais de carga do que os outros, e era
também mais veloz. Construíram os holandeses várias embarcações
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desse tipo, e teriam por certo continuado, não fosse a guerra de 1621
obrigá-los a voltar ao sistema antigo, pois que as pacíficas "arcas de
Noé", como eram chamadas, não podiam conduzir canhões!

Ingenuidade dos Críticos

Os críticos sempre foram apressados em encontrar supostas


contradições na Escritura, no que só tornavam manifesto quão
perfunctórios, e por vezes mesmo ingênuos, eram seus conhecimentos do
assunto. Voltaire, por exemplo, julgou descobrir grave incoerência em
Provérbios 23:31, onde Salomão nos adverte a não olharmos para o
vinho, "quando resplandece no copo". Como poderia Salomão falar em
"copo", se não fora ainda inventado o vidro? Não se deu conta Voltaire,
de que o original diz "taça", e não "copo".
Estranham alguns, entre eles Strauss, em sua Vida de Jesus, que S.
Lucas (3:1) citasse Lisânias como tetrarca da Abilínia, quando por esse
tempo já ele morrera havia sessenta anos. Strauss confunde Lisânias,
tetrarca da Abilínia, com Lisânias, filho de Ptolomeu.
Um bom zombador das Escrituras, certo da vitória sobre um crente
convicto, perguntou-lhe:
– Então, a tal da arca de Noé deve ter sido um caixão regular, para
conter tanta bicharia, não é?
– É, não há dúvida...
– Havia de ter pesado bem algumas centenas de quilos, não?
– Muitas centenas de toneladas, pelo menos...
E o outro, triunfante: – E como é que puderam duas pessoas
carregá-la?
O espírito do ingênuo só concebia uma arca: aquela que fazia parte
do mobiliário do tabernáculo dos hebreus, e que era por eles transportada
aos ombros!
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Pode o Homem Compreender a Divindade?

Não pretendemos aqui deslindar todas as dificuldades da Escritura


Sagrada. Nem de tal seríamos capazes.
"Se nos fosse possível atingir uma completa compreensão de Deus e
Sua Palavra, não mais haveria para nós descobertas de verdades,
conhecimentos maiores ou maiores desenvolvimentos. Deus deixaria de ser
supremo, e o homem deixaria de adiantar-se."
"Na Palavra de Deus são formuladas muitas perguntas que os eruditos
mais profundos não podem responder. É chamada a atenção para esses
assuntos a fim de mostrar-nos quantas coisas há, mesmo entre os
acontecimentos comuns da vida diária, que as mentes finitas, com toda a
sua alardeada sabedoria, jamais poderão compreender plenamente." 3
Não nos podemos furtar ao desejo de transcrever aqui, a propósito,
as acertadas considerações de Lord Lyttleton, a cuja admirável
conversão fazemos referência no sexto capítulo deste livro:
"Nosso tão imperfeito conhecimento ou juízo não pode ser a medida da
sabedoria divina, ou a norma universal da verdade. Ocorrem na revelação
algumas dificuldades que a razão humana dificilmente poderá esclarecer.
Visto, porém, que a verdade da mesma repousa sobre evidências tão fortes
e convincentes que não pode ser negada sem dificuldades ainda muito
maiores do que as que acompanham a sua aceitação, nem por motivo de
tais objeções a devemos rejeitar, por mortificantes que possam elas ser ao
nosso orgulho. Tudo o que respeita ao nosso dever, é claro. E, quanto a
outros pontos, se neles Deus deixou algumas obscuridades, é porventura
isso causa razoável de queixa? Deixar de regozijar-se com os benefícios do
que Ele tão misericordiosamente nos deu a saber, devido a um presunçoso
desgosto por nossa incapacidade de saber mais, é tão absurdo como
recusar-nos a andar por não podermos voar.
"Da arrogante ignorância da argumentação e metafísica, visando
assuntos acima de nosso saber, provieram toda a impiedade especulativa e
muitas das piores superstições do antigo mundo pagão, antes que o
evangelho fosse pregado para restituir aos homens a fé primitiva.
"Se a gloriosa luz do evangelho é às vezes obscurecida por nuvens de
dúvida, o mesmo sucede com a luz de nossa razão. Deveremos, entretanto,
privar-nos das vantagens de uma ou de outra, por isso que essas nuvens
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não possam, talvez, ser removidas enquanto nos achamos nesta vida
mortal? Devemos, obstinada e insolitamente, fechar os olhos à Alvorada
divina que entre nós raiou, por não nos acharmos ainda habilitados a
suportar o pleno esplendor de Sua luz? A verdadeira filosofia, assim como o
Cristianismo verdadeiro, ensina-nos uma ação mais sábia e mais modesta.
Leva-nos a contentarmo-nos dentro dos limites que Deus nos determinou,
'destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o
conhecimento de Deus, levando cativo todo o entendimento à obediência de
Cristo.' S. Paulo, segunda Epístola aos Coríntios, 10:5." 4
Conta-se que certa vez um dos paroquianos de Moody foi ter com
ele, lamentando-se de não poder compreender certos passos da Escritura.
– O senhor gosta de peixe? perguntou-lhe o grande orador sacro.
– Gosto, como não!
– E que faz com as espinhas?
– Ora, separo-as, com cuidado, deixando-as a um lado do prato.
– Pois laça o mesmo com a Palavra de Deus. Alimente-se de suas
verdades claras, compreensíveis, e deixe de lado aquilo que o homem
não pode compreender. E encontrará nela alimento em abundância, amigo !

A Redondeza e Movimento da Terra

A verdade de ser a Terra redonda, e esta outra do movimento


terrestre, que preocupou o cérebro pujante de Galileu, acham-se já
exaradas nas próprias Escrituras Sagradas! Senão, vejamos: Diz o
profeta Isaías (40:22): "Ele é o que está assentado sobre a redondeza da
Terra"; e Provérbios 8:27 sugere a mesma idéia: "Quando ele preparava
os céus, aí estava eu; quando compassava ao redor a face do abismo" , etc.
Que seria este compassar ao redor, ou traçar um círculo sobre a face do
abismo, como diz outra versão, que seria isto senão uma alusão à
redondeza da Terra?
Diz mais Isaías (40:26): "Levantai ao alto os olhos e vede. Quem
criou estas coisas? Aquele que faz sair o seu exército de estrelas" Lendo
o contexto veremos tratar-se aqui dos corpos celestes. E se Deus os faz
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sair, que significa isto senão o seu movimento, inclusive a translação do
nosso globo? Não há dúvida: E pur, si muove!
Imaginava-se outrora que a Terra fosse sustentada por monstruosos
animais, ou repousasse sobre os ombros do fabuloso Atlas. Segundo os
antigos hindus, era ela mantida no dorso de um elefante, o qual, por sua
vez, gingava sobre colossal tartaruga que nadava no mar cósmico! Jó, no
entanto, já em seu tempo sabia que ela está suspensa sobre o nada: "Ele
estende o norte sobre o vazio e faz pairar a terra sobre o nada." (Jó 26:7).
Criam mais – como é vaidoso o homem! – ser a Terra o centro do
universo. Este planeta, julgavam, é uma planície sem fim, sustida por
grandes pilares, e em torno do qual giram todos os outros corpos
cósmicos. Canta-o Homero como um disco, ao centro do qual estaria a
Grécia (!). E outras idéias, mais ou menos absurdas que essa, eram ainda
sustentadas, as quais foram causa do grande atraso da astronomia antiga.
Tivessem compulsado o livro de Jó, aí teriam aprendido ser o nosso
sistema planetário "apenas as orlas" dos caminhos de Deus (Jó 26:14)
apenas pequenina parte de Suas obras.

O Peso do Ar

Até a Renascença, era questão debatida o ter ou não peso o ar.


Estudou-se laboriosamente o assunto, mas custou muito encontrar-se a
verdade. Os próprios Copérnico e Galileu morreram sem a descobrir.
Entre as experiências que se faziam figurava a de inflar uma bexiga
e pesá-la. Esvaziavam-na depois e punham-na de novo na balança: o
peso era o mesmo! Então, concluíam os ingênuos experimentadores, que
ar não tem peso! Está provado! Mas não se lembravam de que queriam
pesar o ar dentro do próprio ar, em vez de fazê-lo no vácuo.
Só no século dezessete é que Evangelista Torricelli concluía as
longas experiências de Galileu, seu mestre, descobrindo a pressão
atmosférica – base de tantos inventos.
A Escritura Sagrada e a Ciência 11
No entanto, a Escritura havia muito já afirmava, pela boca de Jó:
"Quando regulou o peso do vento e fixou a medida das águas." Jó 28:25.
"Os hebreus," diz Moreux, "conheciam perfeitamente o mecanismo
da circulação aero-telúrica das águas; os vapores elevam-se do mar para
formar as nuvens que, por sua vez, se resolvem em chuva."
Com efeito, já dizia Jó (26:8): "Prende as águas em densas nuvens,
e as nuvens não se rasgam debaixo delas."
E ajunta Amós (5 :8), que o Senhor "chama as águas do mar e as
derrama sobre a terra" – verdade também conhecida pelo escritor do
Eclesiastes (1:7): "Todos os rios correm para o mar, e o mar não se
enche; ao lugar para onde correm os rios, para lá tornam eles a correr."
Conhecia também o patriarca Jó a ordem do desenvolvimento do
feto humano (Jó 10:10 a 12). Aliás, em todos os capítulos finais desse
livro admirável, a começar já com o 27, acham-se exaradas singelamente
inúmeras outras verdades científicas, que foram por muitos séculos
problemas insolúveis para o homo sapiens.
Moisés já conhecia a alta importância do sangue puro e são,
dizendo: "A vida da carne está no sangue." (Levítico 17:11.) A lepra e
demais doenças contagiosas são para os nossos governos fonte de graves
preocupações. E sabemos hoje que a única segurança dos sãos está no
isolamento dos doentes. Pois isto já se praticava nos tempos de Israel. Os
leprosos eram rigorosamente isolados e tomavam-se severas medidas de
profilaxia. Entre estas havia, por exemplo, a de ser o doente obrigado a
atar um pano sobre o lábio superior tal qual fazem hoje os médicos
quando procedem a uma operação para evitar a contaminação do ar pelos
germes. (Levítico 13:45-52)
Ainda por orientação divina, Moisés proibiu que os israelitas se
servissem da carne de certos animais para alimento, como por exemplo
do porco, de coelhos e mariscos.
"Só em 1847 é que José Leidy descobriu o parasita Trichinella spiralis
no porco. A maior parte das pessoas ignoram hoje esta proibição contra a
carne de porco. Mas num estudo feito em 1936 por dois médicos de S.
A Escritura Sagrada e a Ciência 12
Francisco chegou-se à conclusão de que aproximadamente 25 por cento das
pessoas que comem carne de porco devem ter a triquinose. Sabe-se que os
coelhos podem estar infetados com turalemia mortal. Os mariscos podem ter
o tifo oriundo dos esgotos." 5
Em Levítico 11 e Deuteronômio 14 há, ainda, a proibição de comer
peixes que não tenham escamas e barbatanas. Recentemente o Dr. Davi
Macht, em interessantes experiências, injetando extratos desses peixes
em ratos, constatou a presença de propriedades tóxicas. "Isto," conclui a
eminente autoridade citada, "parece fornecer base científica para a antiga
classificação de peixes comestíveis e não comestíveis, segundo tenham
escamas ou não."

"Pela Palavra de Seu Poder"

Afirmamos hoje que a força de atração, ou gravitação, é o grande


poder que mantém em equilíbrio todos os corpos celestes. E definimo-la:
"Força pela qual todos os corpos se atraem reciprocamente na razão
direta das suas massas e na inversa do quadrado das suas distâncias."
Esta definição, entretanto, como qualquer outra que se possa dar,
não explica o que seja essa força. O próprio Isaque Newton, se bem que
demonstrasse a sua existência, confessou ser para ele um mistério. Pois,
"como pode alguma coisa estar onde não está?" "Como pode um mundo
atrair a outro que está a milhões de quilômetros de distância? A ciência
de per si não tem nenhuma resposta."
Conta Rimmer que em um banquete um crente perguntou a um
afamado cientista ateu, o que é que mantém a Terra nos espaços.
– É a força da gravitação, respondeu.
– Mas que é gravitação, doutor?
– Gravitação, seu moço, é aquilo que mantém a Terra nos espaços!
Ora, a Escritura Sagrada nos revela esse grande poder de atração,
que mantém em suas órbitas todos os mundos. Assim é que diz S. Paulo,
em sua epístola aos Hebreus (1:1-3): "Havendo Deus, outrora, falado,
A Escritura Sagrada e a Ciência 13
muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes
últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as
coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da
glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela
palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados,
assentou-Se à direita da Majestade, nas alturas." E acrescenta o apóstolo,
na carta aos Colossenses (1:17, RC): "E Ele é antes de todas as coisas, e
todas as coisas subsistem por Ele."
Isso a que chamamos gravitação ou atração universal não é, pois,
outra coisa que a manifestação do poder divino, designando a cada astro
sua órbita e mantendo a ordem admirável de seu movimento e equilíbrio.

O Mistério da Vida

Diz o Gênesis, na concisão comovedora de seu estilo, que Deus


criou o homem: "Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra
e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma
vivente." Gênesis 2:7. E a outra vida animal, e a vegetal, realizou-a o
Criador dos céus e da Terra pela simples enunciação de Seu fiat todo-
poderoso, como o regista ainda o primeiro capítulo do Gênesis. E
secunda o salmista: "Os céus por sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de
sua boca, o exército deles." "Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e
tudo passou a existir." Salmo 33:6 e 9.
O homem é ca az de fabricar um grão de trigo ou um ovo por
exemplo. Compõem-se exatamente dos mesmos elementos que os grãos
de trigo e os ovos naturais. Podem ter a mesma conformação, igual sabor
e idênticas propriedades nutritivas. Ponhamos, porém, na terra um desses
grãos de trigo, e deitemos sob galinha ou numa incubadora um ovo
desses. germinará a semente? Sairá o pintinho? – Ah! falta a tais
produtos artificiais o misterioso germe vital – esse princípio
poderosíssimo que só Deus possui e só Ele pode conceder.
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Sábios químicos e alquimistas, no silêncio dos laboratórios, têm
esgotado os recursos de seu vasto saber, em estudos e experiências para a
fabricação da vida. Mas não descobriram ainda a fórmula ansiada..
Medeiros e Albuquerque, em uma de suas derradeiras colaborações
para a Gazeta, de S. Paulo, exultava com os resultados de experiências
feitas pelo Dr. Criley, nos Estados Unidos, pois conseguira quase criar
vida. Não fora o quase!
Posteriormente, os soviéticos entretiveram grandes esperanças de
resolver o problema da vida mediante experiências em que se serviriam
dos satélites para conduzir
"uma remessa de amostras de matéria orgânica sintética ao espaço
sideral, com o objetivo de verificar sobre ela o efeito dos raios cósmicos. À
mesma ordem de idéias pertence certamente o projeto americano de uma
bala carregada de fermentos. Embora diversos sejam os esclarecimentos
desejados, é visível que a curiosidade maior se concentra na possibilidade
de reações capazes de conferir vida à matéria bruta ou, melhor, à matéria
orgânica, inerte, porém já preparada na forma mais adequada ao
desenvolvimento vital." – Prestes Maia, na imprensa.
Oparim, Haldane, Calvin, Urey, Miller, Wald, Fox, da União
Soviética, Inglaterra, Estados Unidos... e outros têm-se dedicado a
experiências muito interessantes. Interessantes e várias, sim, mas todas
falhas. A criação da matéria viva não pertence ainda ao domínio
humano. E nunca pertencerá. Onde o homem possuidor do "fôlego da
vida" e dessa palavra onipotente, para criar a força misteriosa e divina a
que chamamos vida?
No século dezoito empolgou vastos círculos científicos a teoria da
geração espontânea. Querendo banir a Deus do universo, pregavam que a
matéria é eterna, e a vida surgira por acaso. Um sacerdote inglês,
Needham, deu mesmo curso à ingênua declaração de que conseguira
criar vida. A prova que para isso apresentava era uma garrafa com molho
de carne, em que pululavam milhares de animálculos microscópicos.
O grande e piedoso cientista Louis Pasteur, porém, esse mesmo que
disse que quanto mais estudava a Natureza tanto mais se assombrava
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ante as obras do Criador, pôs à mostra a calva da doutrina da geração
espontânea, demonstrando que vida só pode vir de vida.
Eis resumidamente o simples processo por ele em pregado:
Havendo descoberto que os microorganismos que provêm do ar
produzem a fermentação, raciocinou que, se separasse o ar completamente
do pó que nele flutua, poderia saber com certeza qual dos dois era o
causador da fermentação nos líquidos sujeitos a ela. Se era o simples ar
que produzia as células vivas encontradas nas matérias em decomposição ,
não podia deixar de ser verdadeira a doutrina da geração espontânea.
Mas se essa vida era produzida pela penetração de pó no líqüido, não
haveria dúvida de que ela ali se gerara pelos germes levados por esse pó,
o que daria por terra com a teoria da geração espontânea.
Tomou, pois, um frasco no qual pôs um líquido de fácil
fermentação. Aqueceu o gargalo a tal ponto que ficou brando e estirou-o
então, tornando-o muito comprido e fino, com um orifício pequeníssimo.
A fim de estar seguro de que o líqüido não contivesse nenhum germe
vivo, ferveu-o. Em seguida guardou o frasco mais de três anos, sem que
no líqüido se produzisse fermentação alguma. É que o ar, penetrando
pelo estreito orifício, ia depositando o pó no extenso gargalo, e quando
chegava ao líqüido já estava livre de germes. Pasteur fez a mesma
experiência com muitos frascos, e pequenas variações. Mas logo que os
sacudia, de maneira que o pó depositado no interior do gargalo caía no
líqüido, este fermentava.
Estava, pois, provado que a vida que se gerara no interior da garrafa
proviera dos germes contidos no pó. E provada sobejamente estava
também a falácia da teoria da geração espontânea.

O Boneco de Aço

Entre as últimas maravilhas do engenho humano, conta-se a


construção de um grande boneco automático, de aço, a que os ingleses
chamam robot. Ainda há pouco o fabricante de um desses móveis
A Escritura Sagrada e a Ciência 16
admiráveis instalou um exemplar num salão e convidou amigos para
presenciarem vários números executados pelo mesmo. Extraordinário! O
robô obedecia à risca uma série de ordens de seu dono (dizemos dono
porque, para grande felicidade de nós todos, o homem de aço não era
emancipado).
Entre essas figurava uma em que o inglês mandaria seu belicoso
subordinado detonar o revólver empunhado pela férrea mão. Mas, ai!
havia ele executado já, a contento geral, várias ordens quando, antes de
esperar pela próxima, dá um passo à frente e deflagra a pistola! Um
frêmito de pavor sacode todos os corações, há crises nervosas, gritos e
protestos. Felizmente, porém, o projétil a ninguém ferira.
Acertada imagem, caro leitor, da ciência ateísta. Quando assesta
contra o Volume Sagrado as suas armas, por grosso que se lhes afigure o
seu calibre e fulminante o seu poder demolidor, o tiro parte sempre fora
de tempo. Ou antes: sai-lhe pela culatra!

Testemunhos de Sábios

A ciência e a Escritura Sagrada não se contradizem. Se tal se desse,


como diz B. Valloton:
"Forçosamente resultaria dai que um sábio não poderia crer nos
ensinos da Escritura. Pois não se dá isso. Newton e Copérnico, dois
fundadores das ciências modernas, foram cristãos fervorosos e convictos, e
eis o testemunho dado por David Brewster, célebre físico escocês, sócio do
Instituto de França e membro de multidão de outras academias, acerca do
grande físico inglês Faraday: 'Como Newton, o mais ilustre dos seus
predecessores, Faraday era humilde cristão, com a simplicidade dos tempos
apostólicos. Entre as grandes verdades que ele estudou e descobriu não
encontrou uma só que não estivesse em harmonia com a sua fé'." 6

Diz Bettex:
"A luta entre a ciência e a fé procede da obscuridade do pensamento, a
qual a tantos incapacita para distinguir entre o absoluto e o relativo, entre o
imutável e o mutável, entre a causa e o efeito." 7
A Escritura Sagrada e a Ciência 17
Lancemos um olhar retrospectivo aos maiores vultos dentre os
filósofos, astrônomos, matemáticos, químicos, geólogos, naturalistas e,
enfim, a todos os cientistas verdadeiramente humildes e despreocupados
da defesa de sua própria vaidade, e constataremos terem sido grandes
crentes em Deus. Aliás, dir-se-ia que os mesmos que se gloriavam de ser
ateus, nos "intervalos lúcidos" em que baixavam ao vale da humildade,
elevavam-se aos píncaros da fé. Assim é que mesmo o "patriarca da
incredulidade", Voltaire, disse um dia: "O ateísmo é o vício dos tolos; é
um erro que foi inventado nas últimas sucursais do inferno.... O ateísmo
especulativo é a mais néscia das loucuras, e o prático, o maior dos
crimes." 8
Guilherme Marconi, talvez o maior cientista do nosso século,
concedeu certa vez uma entrevista ao Dr. Pettinatti. "Foi com sua usual
clareza e simplicidade," diz o entrevistador, "que Marconi me concedeu
um vislumbre de suas crenças íntimas, e respondeu a perguntas que
tantas vezes me haviam estado nos lábios: Pode um grande cientista ter
completa fé em Deus? Pode um homem como Marconi, que conseguiu
solver de modo prático os problemas que as gerações passadas julgavam
ninguém sobre a Terra conseguir solver, pode esse homem ainda crer no
poder sobrenatural que se ergue acima da ciência humana? Pode o sábio
que logrou criar uma maravilha tão vasta que revolucionou a maneira de
viver de metade do mundo, inclinar não obstante a cabeça perante o
Divino e aceitar mistérios inescrutáveis, com a mesma fé implícita que o
homem inteiramente leigo em ciência? Pode a ciência prosperar de mãos
dadas com a fé?"
"A ciência humana," disse Marconi ao entrevistador, que publicou estas
declarações no Argus, de Melbourne, "é incapaz de explicar muitas coisas,
dentre as quais ocupa o primeiro lugar o maior segredo de todos – o segredo
de nossa existência.... Pode ser grande o que os homens de ciência têm
realizado. Quão pequenino é, porém, comparado com o que há ainda a
descobrir! Todo cientista sabe que existem mistérios que a ciência jamais
será capaz de solver.
A Escritura Sagrada e a Ciência 18
"A fé tão-somente, a fé no Ser supremo a cuja autoridade temos de
obedecer, pode ajudar-nos a enfrentar com coragem e força o grande
mistério da vida. Há hoje muito ateísmo; muitas pessoas existem que
flutuam pela vida sem nenhum alvo, ideal ou crença. A essas pessoas eu
desejaria dar um conselho: Não há felicidade onde não há fé; não existe paz
onde não prevalece sentimento religioso de alguma espécie. É erro crer que
fé e ciência não possam coexistir. A ciência não pode matar a fé. Ambas
podem ficar lado a lado, pois há limites para além dos quais a fé, sozinha,
nos pode suster e confortar. Orgulho-me em dizer que sou cristão e crente....
"Permita-me repetir-lhe: creio que seria grande tragédia perderem os
homens a fé na oração, que é o maior conforto de todos. Sem fé, sem o
grande auxílio da oração e crença, eu teria talvez perdido muitas das
batalhas que venci. Tenho pensado muitas vezes que Deus – permitindo-me
alcançar o que alcancei – fez de mim um mero instrumento de Sua vontade,
simples veículo da revelação de Seu poder divino."
Essas declarações lembram as palavras de outro grande cientista,
Lord Kelvin: "Cada descoberta que fiz e que tenha contribuído para
benefício do homem, foi-me dada em resposta à oração."
E observou Herschel, o notável astrônomo: "Todas as descobertas
humanas parecem ser feitas unicamente para confirmar mais e mais as
verdades contidas nas Escrituras Sagradas."
J. Restat (La Existencia de Dios) menciona sem-número de nomes,
dos mais sábios dentre os sábios, os "iniciadores dos grandes ramos do
saber," e sua atitude para com a idéia de Deus e da Revelação. Eis,
desses muitos, alguns poucos:
Cícero, o maior filósofo romano e mais eloqüente orador, dizia:
"Quando vemos uma esfera, um mecanismo que se move para marcar
as horas, não duvidamos de que seja obra de um artista racional; e tratando-
se dos movimentos do céu, tão constantes, tão bem ordenados, poderíamos
duvidar de que fossem regulados por uma razão excelente e ao mesmo
tempo divina?"
Pascal, o matemático e filósofo francês que dispensa apresentação,
era espírito profundamente religioso. Quem não lhe conhece os
Pensamentos, a formosa obra em que tão bem harmoniza entre si a
ciência e a fé?
A Escritura Sagrada e a Ciência 19
"Se o homem não foi feito por Deus, por que só é feliz com Deus?"
indaga ele. E noutra parte: "O estilo do Evangelho é admirável de tantas
maneiras e, entre outras, não pondo nunca nenhuma invectiva contra os
carrascos e inimigos de Jesus Cristo. Com efeito, não há nenhum dos
historiadores contra Judas, Pilatos, nem nenhum dos judeus." 9
"Felizes, canta o astrônomo Kepler, aqueles a quem foi permitido
elevar-se até aos céus. Grande é o Senhor nosso; céu, Sol, Lua, planetas,
proclamai Sua glória, qualquer que seja a língua em que possais exprimir
vossas impressões. E tu, minha alma, canta a glória do Eterno, durante toda
a tua existência!"
São de J. B. Dumas, o cientista, as palavras seguintes:
"O Deus da revelação é o mesmo da Natureza." "A ciência não mata a
fé, e menos ainda a fé mata a ciência."
Liebig, o professor da universidade de Giessen aos vinte e um anos,
"interrogado por Kelvin se a seu juízo as ervas do campo, que tinham
aos pés, poderiam ser obra do influxo de forças puramente físicas,
responde: 'Oh, não! como não poderia admitir-se que o livro de botânica que
as descreve, fosse obra de forças puramente químicas."'
Fuchs, o mineralogista, dizia, depois de uma vida de fecunda
atividade:
"Tudo o que tenho sofrido, ofereço-o ao Criador de todo o bem. Que Se
digne de abençoá-lo."
Perguntando alguém a Fabre o célebre naturalista, se cria em Deus,
volveu:
"Não posso dizer que creio em Deus; eu O vejo. Sem Ele nada
compreendo; sem Ele tudo são trevas. Considero o ateísmo uma loucura do
tempo. Seria mais fácil arrancar-me a pele do que a crença em Deus."
Em sentido semelhante, escrevia o histólogo Renaut a um amigo:
"Jamais encontrei um biólogo de valor que negasse a existência de
Deus. Eu não creio que haja um Deus, eu sei que há. Deus não Se
demonstra: impõe-Se."
Crentes fervorosos foram, Ampère, o gigante da ciência da
eletricidade; Morse, inventor de um aparelho telegráfico; Graham Bell,
do telefone; Lavoisier, chamado "o pai da química moderna;" Gay-
Lussac, descobridor da lei da dilatação dos gases, chamada por seu
A Escritura Sagrada e a Ciência 20
nome; Agassiz, o conhecido geólogo que o Brasil teve a honra de
hospedar; Cuvier, um dos criadores da anatomia comparada; St. Hilaire,
o naturalista que dizia ser Deus "a causa das causas". Crentes sinceros
foram e são, enfim, os maiores vultos da ciência genuína.

Referências:

1. The Harmony of Science and Scripture, Harry Rimmer.


2. Retorno a la Razón, J. Wibbens.
3. Educação, pág. 172, Ellen G. White; Mensagens Escolhidas, vol.
3, pág. 310.
4. Famous Infidels who Found Christ, Lee S. Wheeler, Charles D.
Willis.
5. Moisés e a Medicina, Charles D. Willis.
6. La Bible, Valloton.
7. Die Bibel Gottes Wort, Bettex.
8. La Existencia de Dios, Júlio Restat.
9. Pensamentos, Blaise Pascal.

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