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o nosso mundo
se tornou cristão
Paul Veyne
Quando
o nosso mundo
se tornou cristão
Impressão e acabamento:
Papelmunde, SMG, Lda.
1.ª edição, Janeiro de 2009
ISBN: 978-989-95884-2-4
Depósito Legal n.º 286921/09
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C O L E C Ç Ã O
O salvador da humanidade:
Constantino
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QUANDO O NOSSO MUNDO SE TORNOU CRISTÃO
BANALIDADE DO EXCEPCIONAL
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O SALVADOR DA HUMANIDADE: CONSTANTINO
1) “Um grande homem que tudo fez para realizar o que no seu ânimo determinara
fazer” (vir ingens et omnia efficere nitens quae animo simul praeparasset), escreve
EUTRÓPIO (X, 5), que é um patriota religiosamente indiferente entre Cons-
tantino e Juliano (X, 16).
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para ter a vitória. Esta conversão confluiu num sonho que ele teve na
noite anterior à batalha e no qual o Deus dos cristãos lhe prometeu a
vitória, se ele proclamasse publicamente a sua nova religião.
Com efeito, no dia seguinte, no dia memorável de 28 de Outu-
bro de 312, Deus concedeu-lhe nos arredores de Roma, ao longo do
Tibre, a célebre vitória da Ponte Milvius; Maxêncio foi esmagado e
morto pelas tropas de Constantino, que ostentavam a religião pessoal
do chefe de que elas eram instrumento 1: os seus escudos 2 estavam
marcados por um símbolo novo 3 que, na véspera da batalha, fora
revelado ao imperador durante o sono 4 e que ele mesmo trazia no
seu capacete 5; era aquilo que se iria chamar o “crisma”, formado
pelas duas primeiras letras do nome do Cristo, a saber, as letras gregas
“X” e “P”, sobrepostas e cruzadas.
E no dia seguinte, a 29, Constantino, à frente das suas tropas,
fazia a sua entrada solene em Roma pela Via Lata, que é o actual Corso.
É na data de 29 de Outubro de 312 (e não na do pretenso “édito de
Milão” em 313) que se pode situar o marco-fronteira entre a antigui-
dade pagã e a época cristã 6. Não nos enganemos: o papel histórico de
Constantino não será pôr fim às perseguições (haviam cessado há dois
anos, tendo o cristianismo sido reconhecido lícito, juntamente com o
paganismo), mas fazer do cristianismo, a religião que adoptara, uma
religião favorecida de todas as maneiras, ao contrário do paganismo.
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1) Ver uma lista de nomes em A. ALFÖLDI, The Conversion of Constantine, op. cit.,
p. 119.
2) Entre 324 e a sua morte em 337, Constantino não promulgou nenhuma lei
antipagã (K. M. GIRARDET, Die konstantinische Wende, op. cit., p. 124).
3) Só no fim do século é que o pagão Símaco alegará frente aos cristãos: “Não é
possível, só por um caminho, chegar a tão grande mistério” (Relatio, III, 10).
4) Porque o Senhor Jesus confiou aos seus discípulos a missão de converter toda
a terra.
5) Recordemos o texto muito discutido de Zósimo, II, 29, 5, onde se depara com
a mesma conduta dupla: permitir aos pagãos realizar as suas cerimónias, não se
manchar a si mesmo; numa data muito discutida, Constantino “participou na
festividade (heortê)”, mas “manteve-se apartado do santo sacrifício (hierá hagis-
teia)”. Ver a erudita nota de Fr. PASCHOUD na sua edição, vol. I, p. 220 -224,
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