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HISTÓRIA DO CRISTIANISMO
Pe. Ney de Souza - Arquidiocese de São Paulo – PUC SP
nsouza@pucsp.br
Objetivo
Através desta introdução à História da Igreja Antiga, tem-se por objetivo apresentar
o itinerário histórico do Povo de Deus, com suas experiências de fé tanto pessoais quanto
institucionais. A Igreja aparecerá simultaneamente santa e pecadora, obra de Deus e de seu
Espírito vivificador, mas também realização humana com todas as suas ambiguidades,
imperfeições, erros e desvios. Faz parte de sua identidade o fato de ser «peregrina na
História dos Homens», rumo à cidade que permanece (LG n. 9).
Introdução
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um modelo ou uma inspiração, encontrará um modelo menos ideal e mais realista, capaz de
iluminar e estimular a fé no contexto das dificuldades atuais.
Uma última advertência: os dados sobre este período são geralmente poucos os
fragmentários. Daí o perigo de ceder à tentação das generalizações. È fácil suprir as lacunas
com a imaginação, pensar tudo dentro de esquemas nossos, ou seja, de outra época e
contexto. Para evitar esses perigos, è preciso não se distanciar das fontes, das notícias
fidedignas que daquela época chegaram até o presente.
FONTES
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das comunidades cristãs, começando pelo bispo de Roma, o Papa Fabiano (236-250),
exigindo em todas as cidades o sacrifício aos deuses romanos e ao gênio do imperador.
Houve martírios, mas também aqueles que cederam, os lapsi. Valeriano retoma a
perseguição com maior dureza (257-258), ordenou a execução do clero e o confisco dos
bens das igrejas. A perseguição sistemática necessita ser entendida dentro do contexto da
crise do Império romano. Este pressionado pelos germânicos e persas quer restaurar a
religião tradicional como recurso para vencer a crise e dar coesão ao império. Terminada a
perseguição contra os cristãos, que lhes trouxeram a glória de muitos mártires e de uma
liberdade duramente conquistada, não se pode ignorar uma inversão de atitudes,
especialmente na África do Norte, onde os católicos pediram a intervenção imperial para
perseguir os donatistas.
O fato mais importante dos séculos II e III è que, no conjunto, a Igreja fortalece suas
estruturas e consolida suas doutrinas e suas práticas, tanto no plano religioso, como no
plano social. O tecido social se rejuvenescia e revigorava pelo espírito e prática dos
cristãos.
e) reconhecimento do Domingo como feriado (325) e progressiva redução das festas pagãs.
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a) Apolinário (315-392), insistia sobre a unidade de Cristo (sua era a fórmula: uma è
a natureza de Cristo) junto com alguns discípulos desencadeou a controvérsia cristológica.
b) Nestório, contra Apolinário, dava valor pleno à humanidade de Cristo, mas
caindo no erro de afirmar duas pessoas (divina e humana) no mesmo Cristo, sendo
condenado no Concílio (3) de Éfeso (431).
c) Êutiques, sua posição foi denominada monofisismo, reconhecia em Cristo uma só
natureza. O 4º Concílio Ecumênico de Calcedônia (451), condenou Êutiques e sancionou a
doutrina católica: «um único e idêntico Cristo...em duas naturezas, não confundidas, não
separadas... unida uma com a outra numa única pessoa e numa única hipóstase».
Introdução
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indígena, evolução que fora sempre impedida pelo arianismo das primeiras tribos
germânicas.
E o final? È também difícil determinar o fim da Idade Média. Nem o Renascimento,
nem a que da Constantinopla (1453) podem ser encaradas como cesuras de tão profundo
alcance. A cisão religiosa (XVI) quebrou a unidade religiosa, mas não aboliu o fundamento
cristão universal do Ocidente. Algumas formas medievais (ordem feudal, religiosidade...)
sobreviveram na vida interna da Igreja, sendo só mais tarde removidas em parte através da
Revolução francesa, das Luzes e secularização.
A tríade da evolução histórica da Idade Média baseia-se na Antiguidade,
Cristianismo e Germanidade. Uma característica essencial do período foi o deslocamento
do palco da história da Igreja, do mediterrâneo para o Norte. A conversão dos jovens povos
germânicos foi de particular importância para a Igreja. È incorreto imaginar os Germanos
como «selvagens» ou «semi-selvagens». Os Romanos viam-nos sob múltiplos aspectos
como «BÁRBAROS», que haviam destruído a cultura e civilização de seu império, durante
as suas campanhas de guerra e conquista. Em tempos de paz, os Germanos respeitaram e
admiraram as realizações culturais e civilizacionais do Imperium Romanum e que
mantiveram uma relação de abertura e de receptividade a esta cultura. Só se pode avaliar o
âmbito e significado da mudança de cenário entre a Antiguidade cristã e a Idade Média,
quando se tem diante dos olhos o enorme contraste entre a cultura urbana extremamente
desenvolvida do espaço greco-romano, com a sua elevada espiritualidade, e o meio rural
em que as tribos germânicas viviam. Esta oposição não podia deixar de exercer a sua
influência sobre a vida da Igreja sobre toda a evolução cultural da Idade Média. Quanto
mais íntima era a interpenetração do Cristianismo e da germanidade, mais forte tinha de ser
a influência recíproca.
1ª época (500-700)
2ª época (700-1050)
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outras. Tais práticas só puderam ser lentamente afastadas através de concepções mais
espiritualizada, permanecendo, em parte, ainda durante muito tempo, no inconsciente.
Algumas estruturas fundamentais da germanidade também se mantiveram,
evoluindo para uma germanização das formas de organização do Cristianismo da seguinte
maneira:
a)Os Germanos eram um povo de camponeses. A Igreja, que crescera no seio da estrutura
urbana da Antiguidade, adquiriu também, sob influência germânica, uma estrutura agrária
(prebendas, divisão em paróquias no campo).
c)A separação rígida das ordens em príncipes, nobres, livres, vassalos e servos da gleba
(escravos), que existia no mundo germânico, passou para a Idade Média cristã e penetrou
igualmente na Igreja; a clara demarcação entre estados, por exemplo, entre o alto e baixo
clero, favoreceu o domínio da aristocracia dentro da Igreja.
d)A atitude dos Germanos perante a luta e a guerra contribuiu para o aparecimento, durante
a Idade Média, da cavalaria cristã, para a sua concepção do combatente iniciado por Deus,
para a guerra santa, as ordens de cavalaria e as cruzadas.
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reformadores do século XI. O combate pela libertação da Igreja do cerco do Estado e das
grandezas mundanas foram os grandes temas da questão das investiduras.
3ª época (1050-1300)
Nesta época encontra-se a resposta por parte da Igreja. Esta passa agora cada vez
mais para primeiro plano. As lutas entre papado e império deixaram a época em suspenso.
A oposição de Henrique IV a São Gregório VII, de Barba Ruiva a Alexandre II e de
Frederico II a Inocêncio IV constituíram os pontos culminantes deste confronto. Sob
Inocêncio III, o papado transforma-se na instituição dominante no mundo secular. A
comunidade cristã ocidental dos povos encontra-se unida sob a direção da Igreja. Durante
as cruzadas, a cavalaria ocidental parte em defesa da Terra Santa. As ordens monásticas
florescem. Também a vida espiritual conheceu um surto admirável: são criadas as
universidades. A escolástica, a canonistíca, a mística e a devoção desenvolveram-se
profusamente. Mas também crescem as heresias, sobretudo no século XII. A Alta Idade
Média è uma época agitada e grandiosa, que encontrou uma expressão sublime nas
magníficas obras de arte românica e gótica.
Por volta de 1300, a época atinge o seu apogeu. O papa Bonifácio VIII resume, mais
uma vez, na bula Unam sanctam, as exigências do domínio da Igreja. Mas já não se
encontra em condições de se afirmar contra a monarquia francesa de Filipe, o Belo. A sua
política está condenada ao fracasso.
4ª época (1300-1500)
a)Os Estados nacionais emergentes, com a França à cabeça recusam a direção unitária do
Imperador e do Papa.
b)A cultura da Baixa e Alta Idade Média baseada na unidade diferencia-se e dá lugar a um
crescente individualismo que se manifesta tanto na arte, ciência e política, como na teologia
e nas formas de devoção (devotio moderna).
d)A tensão entre primado papal e colégio episcopal, centralismo curial e Igreja universal
exprime-se no chamado CONCILIARISMO que, nas suas manifestações mais radicais,
pretende substituir a estrutura hierárquica da Igreja pela democrática.
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A Reforma viria a consumar esta evolução. Com o cisma religioso do século XVI, o
Ocidente perdeu o laço espiritual que unira os seus povos. A unidade pereceu.
A IDADE MÉDIA pode ser caracterizada através das seguintes propriedades essenciais:
1)A comunidade ocidental de povos baseava-se numa idéia fundamental da unidade das
concepções religiosas que era partilhada por todos sem exceção e que tinha o seu
fundamento último no reconhecimento geral de dependência religiosa e metafísica do
homem a Deus. A Inquisição e a perseguição aos hereges serviram de objetivo para
proteger a unidade cristã, sentida como imprescindível e necessária contra todas as
tentativas de cisão.
2)A vida interna desta comunidade de povos era determinada pelo simbiose entre a Igreja e
o Estado. A relação de ambas as forças entre si era encarada de forma dualista,
imageticamente representada por uma elipse, cujos dois focos eram o papado e o Império.
3)A hierarquização da vida pública em ordens era entendida como uma organização
secular, de acordo com a vontade de Deus, hierarquia esta com a qual os que se
encontravam na sua base tanto mais depressa se reconciliavam, quanto o fundamento
cristão o atenuava, mediante o seu princípio da dignidade interior e da igualdade de todos
perante Deus. A vassalagem e a ordem feudal características desta sociedade dividida em
ordens tinham o seu fundamento e encontravam uma equivalência no sistema de benefícios
da Igreja, contribuindo para a feudalização da Igreja medieval. Determinaram até à grande
secularização a imagem externa da Igreja, legitimando o monopólio da nobreza sobre as
sedes episcopais e os mais ricos patrimônios da Igreja, que se vieram a concentrar nas mãos
das ordens superiores.
4)Enquanto a mais poderosa força cultural, a Igreja possuía o monopólio da cultura,
monopólio esse que permaneceu incontestado até o século XIII. Todos os agentes culturais
eram clérigos. RELIGIOSOS dirigiam chancelarias nas cortes imperiais e nos principados.
As universidades também surgiram, por volta de 1200, com privilégios papais. Os
professores eram clérigos que haviam recebido prebendas. Só muito lentamente os leigos
conseguiram conquistar uma cultura autonôma e è apenas em finais da Idade Média que se
pode falar de uma camada leiga culta, que havia adquirido importância enquanto juristas,
médicos ou humanistas.
Bibliografia básica
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1. Reforma Protestante
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è acolhida só pela fé (sola fide), è ela mesma Dom gratuito, fruto da graça, abertura ao
mistério do amor de Deus que salva sem nenhuma contribuição humana. Este mistério de
salvação è revelado pela Sagrada Escritura que constitui a revelação definitiva de Deus
(sola scriptura) atualizada pela palavra viva da pregação alimento de toda a vida espiritual
dos crentes. E a IGREJA è a assembléia de todos os crentes entre os quais o Evangelho è
pregado na sua pureza e os sacramentos administrados em conformidade com este
Evangelho. A gratuidade da salvação e a justificação pela fé estão em consonância com a
doutrina paulina, retomada pelo Concílio de Trento. Para os reformadores, o homem,
totalmente corrompido pelo pecado original, recebe um perdão que o deixa mergulhado no
seu pecado e não lhe permite tomar parte na obra da salvação. Esta salvação gratuita,
recebida no íntimo da consciência, è descoberta, pelo dom da fé, na Escritura, sem que seja
necessária qualquer intervenção do Magistério. E os reformadores acabam, portanto, por
recusar á Igreja qualquer papel na transmissão e na interpretação da Sagrada Escritura
como Palavra de Deus. A certeza da salvação è dada ao crente sem passar pela Igreja. È
efeito do amor de Deus, que dá a graça da fé, em virtude de uma escolha misteriosa
(predestinação).
O êxito da Reforma tem as suas raízes nas aspirações religiosas do tempo, aguçadas
pela comprovação da morte e pelo desejo de salvação. Foi facilitado por um certo
anticlericalismo orientado contra os privilégios do clero e a fiscalização pontifícia. Foi
preparado pelo triunfo do nominalismo que acarretou a ruptura entre fé e a razão, a ruína do
pensamento tomista e que abriu caminho ao individualismo. Foi consideravelmente
alargada pelo desenvolvimento da imprensa que possibilitou a difusão da Bíblia e das obras
dos reformadores. Foi fixada e estabilizada pela proteção dos príncipes.
A Cristandade do Ocidente divide-se no século XVI. À Europa mediterrânica, latina
e romana, opõe-se daqui em diante, uma Europa protestante do Noroeste e do Norte. Mas
esta Reforma fraccionou-se em três grandes tendências: Luteranismo, Calvinismo,
Anglicanismo.
RESULTADOS DE TRENTO
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3. Jansenismo
Assunto que causou grande polêmica após o Concílio de Trento foi a questão sobre a
relação existente entre a graça de Deus e a colaboração do homem (livre arbítrio) na obra
salvífica. A divergência entre jesuítas e dominicanos chegou a tal ponto que Paulo V (1603-
1621), em 1609, proibiu maiores discussões a respeito do tema. A preocupação para com a
unidade da Igreja fez com que agisse desse modo, mas a discussão estava longe de seu
desfecho.
Jansênio, bispo de Yvres (atual Bélgica), pensou ter encontrado a solução nas obras de
Santo Agostinho. Após sua morte, foram publicados manuscritos de sua autoria sob o título
Agostinho (1633), nos quais praticamente negava o livre arbítrio. Sua teoria foi condenada
em 1642, mais isso não significou o fim do chamado jansenismo que, de sistema teológico
evoluiu para um movimento de espiritualidade, não diretamente em conflito com a
ortodoxia da Igreja, mas sim contra seu legítimo sensus catholicus.
Jansenismo, portanto è um movimento teológico e eclesial, centra o debate sobre a
questão da graça divina, recuperando teses agostinianos. São três seus aspectos principais:
dogmatico, pessimismo; moral, rigorista; disciplinar, reformismo.
4. Quietismo
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A grande industrialização e a rede criada por ela trouxeram também uma serie de
contradições e conflitos que já eram latentes e, de maneira trágica, reapareceram durante o
século XX. O regime liberal democrático se mostrou incapaz de integrar os trabalhadores
na nova dinâmica social e de garantir-lhes seus direitos. Daí surgindo as revoltas operarias
em muitos paises, culminando na revolução bolchevista e no nascimento da União
Soviética.
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1) Documentos
SOUZA, N.; ABREU, E. H. (orgs.). Concílio Vaticano II, memória e esperança para os
tempos atuais. São Paulo: Paulinas-UNISAL, 2014.
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