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AS APOSTILAS QUE TRABALHO NAS AULAS

I- ISRAEL E SUA FÉ EM UMA HISTÓRIA

II- A HISTÓRIA DO PENTATEUCO EM SEU CONJUNTO

III- GÊNESIS
a) Fatos Históricos
b) Memória
c) A Criação do Mundo

IV- BIBLIOGRAFIA

I- ISRAEL E SUA FÉ EM UMA HISTÓRIA

A Bíblia, “palavra de Deus” dirigida aos homens e mulheres, poderia ser um


“catecismo” ou uma espécie de “constituição” ou de “código civil e religioso”. Em
vez disso, ela é uma história. A sua primeira parte, que nós chamamos de
Pentateuco, os judeus denominavam “Tora”, isto é, “a Lei”; isso faz pensar que se
trate de textos legais, quando o que se encontra neles são narrações. Quando
Moisés perguntou a Deus pelo seu nome, ele respondeu: “Eu sou quem serei”
(trad. ecumênica), isto é: pela tua história, pelo que eu serei contigo e com o povo,
que descobrirás quem sou.
A Bíblia toda, especialmente a Lei ou Pentateuco é antes de tudo a história
da fé e da compreensão que Israel tinha de si mesmo diante de Deus. Com isto,
sentimos que cada etapa dessa história diz respeito também a nós. O tempo e a
cultura, sem dúvida, são diferentes dos nossos, mas com um esforço, não teremos
dificuldade em nos situarmos neles.
O Pentateuco é composto de vários textos de épocas diferentes. De fato, o
que vemos nos livros do Pentateuco não é tanto a história, no sentido corrente do
termo, quanto à fé do povo nos séculos X, VII, V a. C., fé vivida na história e
expressa em narrações.
Embora as origens do povo se situem bem antes do século X, é dele que
partimos em nosso estudo porque foi nele que se escreveram as primeiras
unidades literárias e também porque foi nele que Israel começou a ler a sua
história presente à luz de seu passado. Esse passado era conhecido pelas
tradições transmitidas oralmente no seio das tribos e recitadas nos santuários
locais. A reconstituição dessas tradições é um trabalho delicado porque, não as
tendo mais, contamos apenas com textos em cuja redação elas deixaram
vestígios.

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Essa redação do Pentateuco é de uma complexidade especial. Baseado em
estudos mais aprofundados dos exegetas aceita-se que a Torá é uma obra em
cinco tomos, baseada em quatro documentos procedentes de épocas diferentes.

a) o documento javista (designado pela letra J) foi escrito no fim do século X


(950 a. C.), na segunda metade do reinado de Salomão. Ele se apóia em
tradições orais ou em textos escritos. Essa obra judaica (porque escrita no
reino de Judá) reflete, em parte, os ideais da corte de Jerusalém.
b) O documento eloísta (designado pela letra E) foi escrito no fim do século IX
ou no começo do século VIII ( 850 a. C.); suas tradições são paralelas às
do documento javista, de modo que é possível fazer uma sinopse de
ambos. Composto no reino do norte, reflete as preocupações dos meios
proféticos desse reino, especialmente de Elias, Eliseu, Oséias, etc.
c) O documento Deuteronômio (designado pela letra D) se aproxima, sob
certos aspectos, do eloísta. Isso explica pela mesma origem geográfica, o
reino do norte, e pela mesma preocupação de se referir a Moisés e à Lei. A
história de sua redação é complexa. Há uma primeira fase do
Deuteronômio em Jerusalém, depois da queda de Samaria (em 722), no
reinado de Ezequias: mas foi somente com a reforma de Josias em 622 que
ele foi realmente aceito. A edição definitiva será feita durante o exílio em
Babilônia (650 a.C.)
d) O documento sacerdotal (designado pela letra P, primeira letra da palavra
alemã Pristerkodex ou “livro dos sacerdotes”) foi composto durante o exílio
em Babilônia, no século VI (550 a. C.). Obra dos círculos sacerdotais do
Jerusalém, profundamente marcado pela situação do exílio, esse
documento usa também as tradições antigas, dando-lhes uma nova
interpretação e delas tirando luz para esclarecer uma situação difícil.

A composição final do livro, conforme o temos hoje, foi retocada no tempo de


Esdras ou da restauração, pelo ano 450 a. C.

II – A HISTÓRIA DO PENTATEUCO EM SEU CONJUNTO

PRÓLOGO: Gn 1-11
Verdades fundamentais sobre Deus e o homem (cap. 1-2); ruptura da primeira
economia de salvação (ruptura do pacto com Adão) e promessa do triunfo final
sobre o mal (cap. 3); progressiva deterioração da humanidade depois da queda
(cap. 4-11).

PRIMEIRA PARTE: GÊNESIS


Tema: A origem do povo e do reino.
Intenção do livro: em relação ao Pentateuco, enquanto um todo, o Gênesis tem
por finalidade mostrar a preparação providencial do povo israelita sob as mãos de
Deus.
Divisão: 1-11 Prólogo: a pré-história indatável do mundo e da humanidade.
11.25 A história de Abraão.
25.36 A história de Isaac e de Jacó.

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37.50 A história de José e dos outros filhos de Jacó no Egito.

SEGUNDA PARTE: ÊXODO


Tema: Nascimento do reino teocrático de Israel no Sinai.
Intenção: em relação ao Pentateuco, enquanto um todo, o Êxodo tem por
finalidade descrever os acontecimentos que levaram ao nascimento da nação
israelita.
Divisão: 1-12 Acontecimentos preparatórios da saída do Egito.
12.18 Saída do Egito e marcha aé o Sinai.
19.24 Nascimento da nação israelita no Sinai pela Aliança.
25.40 A Arca e o Tabernáculo: morada de Deus no meio da nação recém-
constituída.

TERCEIRA PARTE: LEVÍTICO


Tema: A organização do culto de Israel em torno da Arca e do Tabernáculo.
Intenção: em relação ao Pentateuco, enquanto um todo, o Levítico tem por
finalidade definir a natureza santa do novo reino.
Divisão: 1-7 Leis que regulamentam os sacrifícios.
8.10 Leis que regulamentam a ordenação dos sacerdotes.
11.16 Leis que regulamentam a pureza legal.
17.26 Leis que regulamentam a santidade legal.
27 Leis que regulamentam o cumprimento das ofertas votivas.

QUARTA PARTE: NÚMEROS


Tema: a organização social da comunidade israelita e a marcha do Sinai às
planícies de Moab.
Intenção: Em relação ao Pentateuco, enquanto um todo, o livro dos Números tem
por finalidade mostrar a necessidade de uma autoridade hierárquica para a
organização comunal da nova nação.
Divisão: 1-10 Organização comunal do povo e partida do Sinai.
10-22 A autoridade de Moisés, dos sacerdotes e dos anciãos; do Sinai
até as planícies de Moab.
23-36 Nas planícies de Moab antes da invasão de Canaã.

QUINTA PARTE: DEUTERONÔMIO


Tema: Uma eloqüente análise da relação de aliança entre Israel e Deus.
Intenção: Em relação ao Pentateuco, enquanto um todo, o Deuteronômio tem por
finalidade aos israelitas que seu espírito nacional deve ser um espírito de amor, de
homenagem e de obediência para com Deus.
Divisão: 1-4 Análise da história deve ser um espírito de amor, de homenagem e
de obediência para com Deus.
4-11 Sermão sobre Deus e sobre a aliança, vínculo obrigatório de amor.
12-26 Explicação do pacto do Sinai e da lei.
27-34 Últimas palavras de Moisés antes de sua morte no monte Nebo.

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III) GÊNESIS

O Gênesis começa com o primeiro homem no paraíso e termina com os


doze filhos de Jacó no Egito, nos inícios do século dezessete antes de Cristo. É
significativo esse final. Mostra o que o autor pretendia: explicar a origem desses
doze filhos, os antepassados imediatos do povo israelita. Podemos, pois, dizer
que o tema principal do livro do Gênesis são as origens do povo israelita.

Com esse tema principal em mente, o autor propõe-se mostrar como desde
o próprio início dos tempos Deus preparou providencialmente esse povo para ser
o primeiro núcleo de cidadãos do seu reino, depositário transmissor de sua
revelação. Um a um todos os outros povos mencionados no Gênesis são
eliminados do relato, restando unicamente a linha direta de Adão a Jacó e seus
doze filhos, passando por Set, Noé, Sem, Abraão e Isaac (até a formação do povo
no monte Sinai).

Gênesis está dividido em duas partes: Gn 1-11 e Gn 12-50. a primeira


parte se divide em duas: os capítulos 1 e 2 contam a criação do mundo e da
humanidade. Os capítulos 3 a 11 mostram a origem do mal que existe no mundo.
A segunda parte também se reparte em duas: os capítulos 12 a 36 falam dos
patriarcas e suas famílias; os capítulos 37 a 50 contêm a história de José no Egito.
Todas essas histórias são muito conhecidas.
É a este povo cativo na Babilônia que o profeta Isaías clama: “Ouvi-me
vós, que estais à procura da justiça que buscais ao Senhor ... Olhai para Abraão,
vosso pai, e Sara, vossa mãe.” (Is 51,1-2) O povo escravizado é chamado a viver
de novo a história de Abraão e Sara. Naquele impasse do cativeiro, ele deve crer,
a exemplo de Abraão, que nem tudo está perdido. Sara, idosa e estéril, gerando
um filho, aponta para um novo futuro. Por isso, as antigas histórias do povo foram
lembradas, contadas e copiadas no livro do Gênesis, para ajudar o povo do
cativeiro a ter esperança e crer.

a) Fatos históricos que se reportam ao Livro Gênesis:

1. Era uma época em que começaram e se fortaleceram as cidades-estados ou


reinos, tanto na região dos grandes rios Tigre e Eufrates (de onde Abraão e Sara
emigraram) como na Palestina, que fica entre o Egito e a Mesopotânia.

2. Existia um conflito cada vez maior entre a cidade e o campo, entre o sistema
dos reis e o sistema tribal. A cidade dominava o campo pela força militar e
exploravam os camponeses com a cobrança de impostos.

3. A dominação da cidade sobre o campo provocava a migração de tribos e gente


sem terra, que desciam da região dos grandes rios para o Egito.

4. Muitos grupos que tentavam escapar da dominação dos reis ficavam vagando
ao deus-dará e se organizavam em bandos. Muitas vezes combatiam os reis e
eram chamados de hapiru. O nome “hebreu” vem daí.

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b) Memória

1. Os santuários. Eram centros de peregrinação. Neles se comemorava o


passado. Comemorar o passado era um meio de despertar a consciência do povo.
Na história dos patriarcas aparecem alguns santuários importantes: Siquém (Gn
12,6), Betel (Gn 12,8; 13,4), Hebron (Gn 13,18), Moriá (Gn 22,13-14), Bersabéia
(Gn 26,23-25).

2. As diversas tribos e clãs. Em cada tribo e clã, as histórias passavam de pai para
filho, como fonte de identidade e explicação de suas situações, em relação aos
outros clãs e tribos.

3. A unificação. No tempo dos juízes, as 12 tribos foram-se unindo na luta contra o


sistema dos reis. As tradições ou lembranças das diversas tribos foram-se
juntando e formaram uma história só de seus patriarcas.

4. A época dos reis. Quando o povo adotou o sistema dos reis tudo mudou. Aí
sentiu-se necessidade de organizar os sinais da presença de Deus para se
apagarem da lembrança, sobretudo nos tempos de crise.

c) A Criação do Mundo

Para entendermos melhor a mensagem na Bíblia devemos fazer um elo de


ligação entre o Antigo e o Novo Testamento, descobrir a continuação que há entre
a Antiga e a Nova Aliança entre Deus e a humanidade.
Todo caminho a ser percorrido deve ter um ponto para que possamos nos
apoiar, deste modo esta reflexão partirá do seguinte:

Gn 1, 1ss:”No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e vazia; as
trevas cobriam o abismo e o espírito de Deus pairava sobre as águas...”

O autor tenta contar como podia ser o mundo sem Deus: trevas, deserto,
águas. Tudo misturado, sem ordem e sem vida. São símbolos. Querem dizer que
as forças da morte dominavam. Para ele: deserto+trevas+águas= caos e
desordem. É a descrição de uma situação de morte e de maldição, uma situação
terrível que deveria estar sendo vivida por alguém, pelo autor do livro, por seu
povo...
Estes textos foram escritos por volta do ano 1000, no reinado de Salomão:
filho de Davi, foi um rei muito duro e opressor, como quase sempre são as
lideranças. O filho dele, Roboão, foi pior ainda, até se tornar um verdadeiro tirano.
O reino não aguentou6 e houve a separação: Judá e Israel dividiram-se. O reino
de Israel, porém, não foi muito longe, e terminou no ano 720 a.C. Sobrou Judá,
numa situação também muito crítica. O povo reclamava urgentemente reformas
por parte do governo, mas o reinado de Manasses resumiu-se em 50 anos de
corrupção. A corrupção torna o governo pobre, e tudo o que é pobre é fraco.
Assim, quando Nabucodonosor, rei da Babilônia, veio com um grande exército e

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invadiu a Palestina, acontece o desastre. Era o ano 587 a.C. Os soldados de
Nabucodonosor cercaram a cidade de Jerusalém, atearam fogo nas casas,
destruíram tudo, mataram quantos opuseram resistências e levaram consigo
para serem escravos aqueles que sobraram. Aconteceu o “fim do mundo” Era uma
situação horrível, cheia de desordem, de dor e de sofrimento. Assim Jeremias a
descreve em suas “Lamentações”: 1,11; 4,4; 2,11-12; 5,10, e outros. A palavra de
Deus é capaz de mudar de verdade. A mensagem do livro do Gênesis é esta
mesmo. No começo havia deserto, trevas, água. Mas...Deus disse:
Faça-se a luz... Separem-se as águas... Produza a terra... e tudo isso foi feito.
Entra em ação a Palavra de Deus. Começa a luta da vida contra a morte. Em vez
de desordem, A Palavra coloca a ordem e nós temos:

A Criação  A Vida  A Benção

Deus falou e imediatamente tudo se fez conforme sua palavra ordenou: a luz
vence as trevas, o firmamento vence as águas, o verde vende o deserto! Uma
depois da outra, as forças da morte são derrotadas, submetidas ao plano Criador,
incapazes de oferecer qualquer resistência. Logo em seguida a Bíblia mostra
como a Palavra de Deus foi colocando ordem na desordem.

Para os antigos, o mundo não era imaginado redondo, mas pensavam que a
terra fosse uma grande planície cercada de água por todos os lados, inclusive em
cima. Mais ou menos assim:

Chapa do firmamento

Água terraterraaaa

Eles também imaginavam que a luz fosse algo distinto do sol, porque ela
aparece primeiro. Quanto ao sol, à lua e às estrelas, pensavam que fossem para
marcar os dias, os meses e as horas.
Após ter feito a luz e as estrelas, a Bíblia nos mostra Deus continuando a
arrumar a casa para o homem e a mulher, que Ele queria fazer à sua imagem e
semelhança.
V ~ BIBLIOGRAFIA

1. BRIEND, Jacques; Uma leitura do Pentateuco; 3a. edição, São


Paulo, ed. Paulus, 1985.

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2. GRUEN, Wolfgang; O Tempo Que Se Chama Hoje – Introdução ao
Antigo Testamento; 6ª. Edição; São paulo; Paulus; 1985.
3. MESTERS, Carlos; Curso Bíblico 1 ; RS; Cebi, 1997.
4. idem ; Formação do Povo de Deus – Roteiros para Reflexão II; 3ª.
Edição, SP; Paulus;1999.
5. BÍBLIA SAGRADA;Tradução da CNBB; vv. Editoras; 2ª.
Edição;2002.

2ª. APOSTILA

A) OS TEXTOS:

1) A CRIAÇÃO DA MULHER E DO HOMEM


2) HISTÓRIA DA MALDIÇÃO
a) O pecado de Adão
b) O pecado de Caim
c) O dilúvio
d) A torre de Babel
3) A HISTÓRIA DE ABRAÃO E SARA
a) A vocação de Abraão
- O Primeiro Projeto de Abraão
- O Segundo Projeto de Abraão
- O Terceiro Projeto de Abraão
- A prova de fogo – rumo ao Projeto Definitivo

1) A CRIAÇÃO DA MULHER E DO HOMEM

Devemos nos lembrar que o texto foi escrito a três mil anos atrás, e naquela época
tinham maneiras de falar cujo sentido tinha a haver com o cotidiano do povo. “O Senhor
Deus formou o homem do barro da terra...” - a palavra hebraica pó, poeira ou barro que
encontramos nestes textos indica a poeira fina do campo, usada pelos oleiros na fabricação
das peças mais delicadas. Isso quer dizer que o ser humano não foi feito para ser uma peça
qualquer do universo, mas uma peça fina, delicada, de grande valor.
A imagem ou comparação do Deus-oleiro é freqüente na Bíblia. O profeta
Jeremias escreve: “Assim como o barro nas mãos do oleiro, assim sóis vós na
minhas mãos, diz o Senhor” (Jer 18,6).
O autor da narração sobre o paraíso utilizou-se desta imagem já conhecida
para mostrar que o primeiro dever da pessoa é o de aceitar-se a si mesma na sua
condição de criatura perante de Deus.
“O Senhor Deus tirou uma costela do homem...e fez a mulher”.
A simbologia aponta para o companheirismo de iguais, a mulher não é nem
mais nem menos que o homem, mas:”Osso dos meus ossos, carne da minha
carne”(Gên2,23). Isto quer dizer que a missão do homem e da mulher é uma só:
imitar Deus. Eles devem fazer o que Deus fez: destruir a desordem que estraga a
vida e preparar o mundo para ser uma digna morada da humanidade. Do mesmo

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jeito que Deus organiza tudo pela sua Palavra, para que a vida possa nascer,
crescer e ser vida em abundância (Jô 10,10), assim o homem e a mulher,
orientados por esta mesma Palavra e fortalecidos por ela, deverão continuar e
organizar todas as coisas a favor da vida. O ser humano não é dono do mundo. O
dono é Deus. Só Ele. O homem e a mulher só tomam conta em nome de Deus. É
a preocupação de Deus é uma só: proteger e favorecer a vida!

2- HISTÓRIA DA MALDIÇÃO

A história da maldição é um estudo que a Bíblia faz da realidade, procurando


descobrir o que estava estragando a vida humana. Conforme a Bíblia, a maldição
tem quatro camadas.

a) O Pecado de Adão
“Desligar-se de Deus e da Sua Palavra (Gen 2, 24).
É a camada mais profunda, a de baixo, que suja e entope a fonte da vida. É
a revolta do ser humano contra Deus, seu afastamento e recusa a seguir sua
Palavra. Esta é a camada que fica na raiz das outras, escondida e misturada
dentro delas. Não dá para vê-la. Só a fé a enxerga. Mas ela é a pior de todas suja
mais do que todo o resto, pois desloca o eixo invisível da vida e coloca tudo fora
do lugar.
Adão é uma palavra hebraica que quer dizer homem. Somos todos nós,
desde o primeiro ao último! O pecado de Adão é separar a vida de Deus e Deus
da vida. O concílio Vaticano II diz que esta separação entre fé e vida continua
sendo o maior mal do nosso tempo! O Adão existe em todos nós. Adão desligou-
se de Deus e perdeu, assim, o único apoio verdadeiro que podia dar segurança à
sua vida. Desligado da fonte ficou inseguro e foi procurar um substituto para
ocupar a vaga que pertencia a Deus. O Adão de sempre quer segurança. Luta
para ser dono da vida.
Um Adão luta para ser o dono e outro entrega a submissão, ambos os casos
se afastam de Deus, vivem numa prisão coletiva. O pecado de Adão é chamado
de “pecado original”, porque está na origem de todos os males e, através deles,
ele se manifesta e se multiplica. É a raiz da maldição (Gen.3,14-19)

b) O pecado de Caim
Odiar, matar e vingar (Gen.4,1-26).
Adão desligou-se de Deus, que é Pai, e a primeira conseqüência foi Caim
matando Abel. Os homens deixaram de ser irmãos para tornarem-se inimigos. A
lei que passou a vigorar foi esta: “cada um por si, Deus por todos!” Ninguém se
interessava por ninguém. Era até o contrário: o irmão matava o irmão, Caim
matava Abel.
Até hoje, esta situação acontece. A partir de que se afasta de Deus, o ser
humano deixa de considerar o outro como irmão. Mata, fere, se vinga, joga
bombas, etc.

c) O dilúvio
Usar a Religião e Deus em proveito próprio (Gen.6,1-9,29)

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Os homens tinham perdido a noção de Deus e achavam que Deus fosse
igual a eles: um Deus com filhos. Pensavam até que pudessem casar com estes
filhos de Deus, para assim ganharem a proteção divina e ficarem famosos
(Gen.6,4). Botaram tudo de cabeça para baixo. Deus, em vez de Pai Criador, virou
instrumento nas mãos dos interesses dos homens para dar fama aos “heróis da
antiguidade” (Gen.6,4). A religião era usada para satisfazer os desejos dos
homens.
Essa tentação de usar Deus em proveito próprio, nasce no coração de todos,
tanto dos grandes como dos pequenos. Pouca gente escapa. A Bíblia diz que só
havia uma única família que escapou: a família de Noé.

d) A torre de Babel
Dominar e explorar os outros (Gen.11,1-9)
A situação não era nada boa. Bem perto de onde Abraão morava, lá mesmo
na Mesopotâmia, alguns homens decidiram ser os donos do mundo Disseram:
“Vamos construir uma cidade e uma torre que alcance o céu. Assim, criamos fama
e não precisamos andar dispersos pelo mundo” (Gen.11,4). Queriam chegar até o
céu e ocupar, eles mesmos, o lugar de Deus. E foi aí que se deu a grande
confusão da Torre de Babel. Pois o homem não é Deus, e nem é o dono do
mundo. Pretender tal coisa só pode dar confusão. Porque aí cada qual só fala a
linguagem de seus próprios interesses e egoístas, e um já não entende o que o
outro quer dizer.

3, A HISTÓRIA DE ABRAÃO E SARA


A Bíblia conta que, muitos anos atrás, mais ou menos 1750 a.C. um homem
chamado Abraão arrumou sua bagagem e partiu com Sara, sua esposa, em busca
de uma terra. Ela descreve a longa caminhada deste casal de velhos, andando de
lugar em lugar, a vida inteira, até a hora da morte (Gen. 12 a 25).

Vocação de Abraão
“Deixa a tua terra, os teus parentes e a casa de teu pai, e vai para a terra
que eu te mostrar...” (Gen.12,1). Abraão é escolhido por Deus para encontrar um
lugar para colocar seu povo. O amadurecimento dele faz com que saia e vá
procurar este lugar, Abraão entende que é hora de mudança de conversão.

O Primeiro Projeto de Abraão


Deus prometia: “Abraão, você vai ser pai de um povo!” A realidade dizia:
“Abraão, você e Sara já são velhos. Sara nunca teve filho, nem pode ter. Seja
realista! É bobagem ficar sonhando um futuro impossível! Esse povo não vai agir
nunca!” A fé oferecia um futuro, a realidade o negava! O conflito entre fé e
realidade está presente até hoje em nossas vidas, entre o futuro que se espera e o
presente que se vive, entre o ideal a ser realizado e os poucos recursos de que se
dispõe.

O Segundo Projeto de Abraão

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O povo tinha que nascer de um filho que fosse sangue do próprio Abraão.
Mas como podia Sara, a esposa estéril, dar à luz esse filho? Sara também não foi
capaz de acreditar em si mesma e procurou um outro jeito para garantir a
promessa de Deus e encaixa-la dentro de um planejamento humano e realista:
ofereceu a própria empregada a Abraão. Para a mentalidade da época, a proposta
de Sara era razoável. Abraão atendeu ao pedido da esposa e teve um filho com
Agar. Chamaram o menino de Ismael, que quer dizer “Deus me ouviu”, e acharam
que esse fosse o filho com quem Deus ia realizar a promessa. Mas Deus não era
desta opinião. O filho devia ser de Sara.

O Terceiro Projeto de Abraão


Apesar das dificuldades, a vida continua. Certo dia, sentado na entrada da
sua tenda, Abraão recebeu a visita de três mensageiros de Deus, e com eles a
nova promessa: “Daqui a um ano voltaremos e Sara terá um filho” (Gen.18,10). De
dentro da tenda, Sara escutava a conversa e começou a rir. O mensageiro não
gostou muito da risada e disse a Abraão: “Por que Sara deu risada?...Por acaso
existe algo impossível a Deus?” (Gen.18,13-14). Aí Sara ficou com medo e tentou
defender-se: “Eu não dei risada, não!” Mas o mensageiro repetiu: “A senhora deu
risada, sim!” Não adianta querer disfarçar a falta de fé. Deus a descobre.
Lá estavam os dois se confrontando com a falta de fé. E tinham que
acreditar na palavra de Deus. Acreditaram e o filho nasceu e foi chamado de Isac,
que quer dizer risada.

A Prova de Fogo - Rumo ao Projeto Definitivo


A prova definitiva de acreditar seria dada a Abraão: “Deus manda que
Abraão sacrifique o seu filho (Gen.22). Abraão acredita, mas Deus não quer o
sacrifício de ninguém, e sim quer a vida, isto é dar a vida. Com isto nasce o povo
novo que comandado por Abraão se torna bendito.

C) BIBLIOGRAFIA

1. GRUEN, Wolfgang; O Tempo Que Se Chama Hoje – Introdução ao Antigo


Testamento; 6a.edição; São Paulo; Paulus; 1985.
2. MESTERS, Carlos; Curso Bíblico 1; RS; Cebi, 1997.
3. BÍBLIA; Edição Pastoral, Paulus..;1990.

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3ª. APOSTILA

A) LIVRO DO ÊXODO
1) A SAÍDA DO POVO DE DEUS DO EGITO

B) LIVRO LEVÍTICO
C) LIVRO NÚMEROS
D) LIVRO DEUTERONÔMIO
E) BIBLIOGRAFIA

A) LIVRO DO ÊXODO

Êxodo (saída) dos hebreus do Egito. O Êxodo é o centro de interpretação da lei e dos
profetas, como preparação para compreender a missão e a prática libertadora de Jesus. O
Êxodo é o eixo central da Bíblia.
O livro do Êxodo se divide em três partes:
1ª. Parte: Ex 1,1-13,16 – três fatos importantes: a opressão no Egito, os prodígios que Deus
operou para libertar o povo e a celebração da Páscoa.
2ª. Parte: Ex 13,17-18,23 – a passagem pelo mar, seguida do canto de Moisés, da
caminhada pelo deserto, marcada por alguns fatos miraculosos, a visita de Jetro, o sogro de
Moisés e o conselho que ele deu para a organização do povo.
3ª. Parte: como foi feita a aliança no monte Sinai, as instruções que, em nome de Deus,
Moisés deu ao povo, a rebeldia do “bezerro de ouro” e a construção do santuário.

1) A saída do Povo de Deus do Egito


No Egito, onde os hebreus tinham ido à procura de trabalho, eles foram se
multiplicando rapidamente, porque tinham muito mais filhos que os egípcios. Era
preocupante para o poder político, mas eram mão-de-obra barata para as construções.
Quando, no Egito, os oprimidos se multiplicaram demais, foi dada ordem às parteiras de
matar os recém-nascidos ( Ex 1,15 s). Começa a história de Moisés (Ex 1-14).

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Mar Vermelho – cantado por Mirian (Ex 15); é um poema de amor. Ela canta as maravilhas
que Deus fez para o seu povo do jeito que ela sentiu, procurando imagens que expressassem
melhor seus sentimentos de gratidão e de louvor.
Tema: Caminhada de libertação com Deus andando no meio deles.

Páscoa hebraica – Todo ano, na noite de “lua cheia” de primavera, os hebreus celebravam a
Páscoa, com o sacrifício do cordeiro e o uso de pães sem fermento, conforme a ordem
recebida quando Moisés convocou todos os anciãos de Israel dizendo em Ex 12,21.26-27;
Deut 16,3.
Celebração numa noite de vigília para lembrar como na noite da passagem do Mar
Vermelho – libertação Ex 12,42.

A Páscoa celebra-se:

- Uma realidade do passado: o acontecimento histórico da libertação do Egito,


quando Israel tornou-se assim o “povo de Deus”;
- Uma realidade presente: a memória ritual (celebração) do acontecimento passado,
devido à qual todo israelita tomava consciência de ser um “libertado” de Javé, não
somente porque o foram os seus antepassados, mas também pessoalmente.
- Uma realidade futura: a libertação do Egito era o símbolo de uma futura e definitiva
libertação do povo de toda escravidão, libertação que devia se realizar numa nova
Páscoa que teria marcado o fim de uma situação de pecado e o começo de uma nova
era.

Os Dez Mandamentos: constituição do Povo de Deus. Os dez mandamentos são a lei


fundamental. Numa sociedade organizada como Deus quer, os mandamentos têm um valor
absoluto e têm a capacidade de defender o povo contra a escravidão, a opressão e a
injustiça. Ex 20, 3-17 – Deus declara a autoridade e o objetivo: “eu serei teu Deus! Tu serás
meu povo!”

Autoridade: tirando o povo da casa da escravidão, Deus conquistou um título de


propriedade sobre o povo Ex 19, 5-6.
Objetivo: fazer alguém sair da “casa da escravidão” para a liberdade não é algo que se faça
de um dia para outro. A orientação está contida nos dez mandamentos.

B) LIVRO LEVÍTICO

Levítico provém do nome Levi, a tribo de Israel que foi escolhida para exercer a
função sacerdotal no meio do seu povo. Embora situado logo após o êxodo e atribuído a
Moisés, o livro Levítico, na verdade, foi escrito depois do exílio na Babilônia. Concorreram

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para a sua formação textos elaborados pelos sacerdotes através dos tempos: um ritual para
os sacrifícios, um ritual para a consagração dos sacerdotes e critérios para distinguir o que é
puro e o que impuro. A tudo isso foi acrescentado Lv 17-26, chamado Lei de Santidade.
Por trás da repetição monótona das leis, podemos descobrir o ideal proposto ao povo
que, no passado, Javé havia libertado da escravidão do Egito e que, no presente, Javé
libertou do exílio na Babilônia: cultuar o Deus libertador que vive no meio do povo,
reconhecer seus dons através dos sacrifícios, servi-lo através dos sacerdotes e voltar sempre
à comunhão com ele através do perdão. Acima de tudo, porém, está a exigência de ser
coerente na aliança: ser santo como o próprio Javé é santo (Lv 19,2). Essa santidade não
consiste em apenas em oferecer um culto minucioso, mas em viver a justiça e o amor de
Javé nas relações concretas. É dessa concepção de santidade encarnada que temos o
mandamento fundamental de toda a ética: “Ame o seu próximo como a si mesmo” (LV
19,18).

DIVISÃO
1-7: contém um ritual dos sacrifícios, a função dos sacerdotes e a parte que lhes cabe no
sacrifício.

8-10: ritual de ordenação dos sacerdotes. Notícias da morte de Nadab e Abiu e novas
normas para evitar os sacrilégios.

11-16: normas sobre o puro e impuro.

17-26: “Lei de Sanidade” para a comunidade.

27: normas para o pagamento de resgates de ofertas, primogênitos e dízimos.

O Levítico é mais um código de ética, à primeira vista, já superado em nossos tempos


atuais. No entanto podemos verificar que são estas leis que ilustram a apresentação de Jesus
no Templo (Lc 2,21-24; Lv 12, 3-8) e a ordem que Jesus dá ao leproso de se apresentar ao
sacerdote (Mt 8,1-4; Lv 14, 2-32).
Mas sempre há o perigo de um ritualismo vazio no relacionamento do homem com
Deus. Os profetas (Oséias 6,6) e o próprio Jesus (Mt 9,13) lembram que a Deus agrada
mais o amor e a misericórdia do que os sacrifícios. . E com sua morte, Cristo aboliu os ritos
e sacrifícios da Antiga Lei (Hb 10, 1-10).

C) LIVRO NÚMEROS

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Chama-se Números porque começa com um grande recenseamento do povo hebreu
no deserto. Para os hebreus, a saída do Egito foi uma lenta e penosa caminhada em busca
de uma terra. Neste livro a caminhada se transforma em majestosa marcha organizada de
todo um povo, como uma procissão ou um exército. As tribos de Israel estão todas
presentes, formando os esquadrões de Deus, cada uma com o seu estandarte e avançado em
rigorosa formação. No centro de tudo vai a arca da Aliança. Isso mostra que o livro não
pretende narrar fatos históricos, mas quer nos transmitir mensagens. Assim como os
antepassados saíram da escravidão do Egito para chegar à terra de Canaã, do mesmo modo
todo o povo de Deus é peregrino e caminha para o reino prometido por Jesus. A
organização mostra que dentro do povo de Deus as funções devem ser repartidas, mas com
um único objetivo: realizar o projeto de Deus. E a arca da Aliança no centro indica que,
nessa caminhada, Deus está sempre no meio do seu povo.
O livro mostra também, e com muito realismo, que dentro dessa organização existem
fortes conflitos (Nm16), e que seus chefes estão sujeitos a fraquezas e desânimos, por mais
importantes que eles sejam na comunidade.
Em Nm 22 a 24 temos a história de Balaão e a sua burrinha. Essa história mostra como um
adivinho estrangeiro se torna um verdadeiro profeta de Deus. Com essa narração o livro
quer mostrar que dentro da caminhada do povo de Deus para a Terra Prometida deve haver
sempre um lugar para o profeta.
O deserto foi tempo da grande disciplina e pedagogia para o povo de Deus. Não basta estar
livre: é preciso aprender a viver a liberdade e conquista-lo continuamente, para não voltar a
ser escravo outra vez. No deserto Israel teve que superar muitas tentações acomodação,
desânimo, vontade de voltar atrás, desconfiança de Javé e dos líderes, imprudência, etc. Foi
no confronto com essas situações que ele descobriu e que significa ser livre para construir
uma sociedade justa e fraterna, alicerçada na liberdade e voltada para a vida. Visto sob essa
perspectiva, o livro dos Números nos ensina que qualquer transformação profunda exige
um longo período de educação e amadurecimento.

TEMAS:
1. preparação para a partida do Sinai (1,1-10,10). Antes da partida, organizaram-se em
grupos. Celebraram a festa da Páscoa conforme o Senhor mandou que fizessem a
cada ano, em abril (Nm 6,1-14). Receberam a benção de Deus para a caminhada
(Nm 6,22-27). Assim seguiram a caminhada guiados pela presença de Deus (Nm
9,15). A Arca da Aliança na qual estavam as tábuas da Lei ia à frente levada pelos
sacerdotes. Assim foram até o deserto de Fará, no caminho encontraram muitos
problemas.
2. As reclamações (10,11-12.6). A situação dos escravos torna o povo desunido. A
miséria faz com que os homens se tornem inimigos uns dos outros, havia problemas
de relacionamento entre eles na caminhada do deserto; relembravam o Egito – lá
eram escravos mas tinham peixes, pepinos, melões, cebolas e alhos. Com esta
situação se revoltam contra Moisés. Moisés quase determinou e se lamentou com
Deus; o Senhor respondeu eufórico (Nm 11,18-20). E como isto aconteceu? (Nm
11, 31-35). O lugar ficou conhecido por “cemitério da gula”.

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3. Autoridade repartida ( Ex 18,13-27; Nm 11,24-29). O povo não estava contente com
a liderança de Moisés e de seu grupo. A Aliança com Deus pedia um novo modo de
organizar a comunidade.
4. A lepra de Miriam (Nm 12). Continuaram a caminhar pelo deserto, mas alguns
ainda estavam descontentes com Moisés não reagiu. Por quê? (12,3). Quando
Miriam ficou leprosa? (Nm 12, 4-10)
5. Como ficou curada? ( Nm 12,11-16)
6. Os espiões do povo (Nm 13-14)
7. Outras religiões (Nm 16-17). Houve divisões que marcaram o povo. Dois homens
chamados Datam e Abiram e os encarregados do culto rebelaram-se contra Moisés e
Aarão. Muita gente ficou do lado deles. Mas Deus castigou com um tremor de terra
e a maioria deles foi morta. E depois Aarão foi confirmado como sacerdote do
Senhor.
8. O feiticeiro benzedor do povo ( Nm 22,24). É a história interessante de Balaão que
foi solicitado pelo rei Balac de Moab para amaldiçoar o povo de Israel que já estava
chegando perto de Jericó para entrar na Terra de Canaã ( Nm 22-24). Esta profecia é
lembrada no Evangelho de Mateus 2, 1-12.

D) DEUTERONONÔMIO

A palavra grega deuteronômio significa segunda Lei. Trata-se de uma reapresentação


e adaptação da Lei em vista a vida de Israel na Terra Prometida. Este livro nasceu muito
tempo depois da situação histórica que nele encontramos (discurso de Moisés antes da
entrada na Terra), e passou por um longo tempo de formação. Para o autor, porém, o povo
de Deus está sempre na posição de quem deve se converter a Deus e viver em aliança com
ele, para ter a vida (Terra = Vida).
A ideia central de todo o livro é que Israel viverá feliz e próspero na Terra se for fiel à
aliança com Deus; se for infiel, terá a desgraça e acabará perdendo a Terra. O livro, porém,
não se contenta com ideias gerais. Após relembrar o Decálogo (5, 1-22), ele mostra que o
comportamento fundamental do homem para com Deus é o amor com todo o ser (6, 4-9). A
seguir apresenta uma longa catequese, explicando o que significa viver esse amor em todas
as circunstâncias da vida pessoal, social, política e religiosa. Essa catequese é apresentada
sobretudo através das leis do Deuteronômio (cap. 12-26), onde se procura ensinar ao
homem como viver em sua relação com Deus, com as autoridades, com o outro homem, e
até mesmo com os seres da natureza.
Mais do que nos determos nessa ou naquela parte o livro, encafifados talvez com uma
ou outra lei, o importante é perceber o que o conjunto procura transmitir: um projeto de
sociedade nova, baseado na fraternidade entre os homens e na partilha de tudo o que Deus
concedeu a todos. Notar sobretudo que Deus é chamado de Pai (1,31), e os membros do
povo são chamados entre si de irmãos. A vocação do povo de Deus é a fraternidade e a
partilha.
O livro do Deuteronômio é, sobretudo, um modelo de ação pastoral e social. Sua parte
central (Dt 12-26) nasceu em meados do séc. VIII a.C., uma época de grande
desenvolvimento econômico, que acabou por acelerar a injustiça e a desigualdade social:

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uma minoria privilegiada detinha a riqueza e o poder, enquanto a maioria do povo que
ficava reduzida à miséria. Diante disso os levitas itinerantes (não ligados diretamente a um
santuário) desenvolveram uma catequese que mostrava o caminho para a superação dos
conflitos. Essa catequese diante de situações concretas se cristalizou nas leis do
Deuteronômio. Tais leis não devem ser entendidas no nosso sentido moderno de lei, mas
muito mais como orientação, ensino, educação para produzir relações justas e fraternas
dentro da sociedade dentro da sociedade. A intenção básica dos levitas era provocar
coerência entra a Aliança que se celebra e a vida que se vive. O esforço deles é um modelo
para que também nós saibamos tirar as consequências econômicas, políticas e sociais da fé
que professamos, a fim de que o fermento evangélico gere de fato uma sociedade nova.

BIBLIOGRAFIA

1. BRIGHT, J; História de Israel; São Paulo, Paulus, 1978.


2. BUIS, Pierre; O livro dos Números; São Paulo; Paulus, 1994 ( Coleção Cadernos
Bíblicos).
3. CEBI - FORMAÇÃO DO POVO DE DEUS – Roteiros para Reflexão II – 3ª. Edição;
3ª. edição
4. GRUEN, Wolfgang; O Tempo Que Se Chama Hoje – Introdução ao
Antigo Testamento; 6a.edição; São Paulo; Paulus; 1985.
5. MESTERS, Carlos; Curso Bíblico 1; RS; Cebi, 1997.
6. BÍBLIA; Edição Pastoral, Paulus..;1990.

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