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Antropologia: Tricotomismo, dicotomismo e monismo

Gilson de Almeida Pinho (2011; 2014)

Através do seu corpo, o homem relaciona-se com o ambiente, através de


sua alma com os outros, e do seu espírito com Deus (Charles R. Solo-
mon, n. 1951).

1. Conceitos relacionados à antropologia

Antropologia, do grego anthropos = homem, humano, ser humano + sufixo ología, deri-
vado de logos, que significa “estudo de, tratado a respeito de, ensino ou doutrina sobre; pala-
vra, conversação; razão, argumento, explicação; decisão, resolução; argumento, notícia”.
Antropologia é a ciência ou disciplina que estuda o homem como ser biológico e cultural,
focando nas origens, no desenvolvimento e nas semelhanças e diferenças das sociedades huma-
nas, e no modo como elas interferem no desenvolvimento do comportamento humano.
O ser humano, como animal humano, não nasce homem, mas se humaniza em contato
com outras pessoas pela assimilação do ambiente sociocultural onde vive.

Crianças nascem sem qualquer conhecimento cultural. No entanto, elas são ge-
neticamente predispostas a aprender rapidamente uma língua e traços culturais.
Um recém nascido tem uma capacidade incrível de aprendizagem. Qualquer be-
bê normal pode ser colocado em qualquer família da terra, e crescer e aprender
a sua cultura, e aceitá-la como a sua própria. Uma vez que cultura não é instin-
tiva, não somos geneticamente programados para aprender uma cultura deter-
minada (CASANOVA, 2011, p. 3).

A antropologia científica

A antropologia, como ciência, quanto à área de atuação se divide em duas esferas princi-
pais: a antropologia biológica ou física e a antropologia cultural, ou social ou sociocultural. A
antropologia biológica é classificada como uma ciência natural, já a antropologia cultural é clas-
sificada como uma ciência social.
 A antropologia biológica estuda os aspectos biológicos dos seres humanos (o animal
humano), tais como os diferentes grupos raciais e étnicos, a origem e a evolução da hu-
manidade. As principais fontes de conhecimento da antropologia biológica são: a obser-
vação dos grupos humanos, os fósseis humanos e a observação do comportamento de ou-
tros primatas, em especial os chimpanzés, bononos, orangotangos, gorilas etc., animais
que vivem em grupos sociais estabelecidos e com os quais os humanos compartilham
muitas semelhanças genéticas.
 A antropologia cultural estuda o desenvolvimento das sociedades e os comportamentos
socioculturais dos grupos, tais como: os costumes e regras sociais, os relacionamentos
familiares, as linguagens, o desenvolvimento técnico-cultural dos povos, a produção de
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alimentos, as origens das práticas sociais, as religiões, a visão de mundo etc. As princi-
pais fontes de conhecimento da antropologia cultural são as manifestações culturais; as
histórias orais, lendas, mitos, poesias e provérbios dos grupos; a linguagem como sistema
de comunicação e forma de pensar dos povos etc.

A antropologia biológica e a antropologia cultural são intimamente interligadas e compar-


tilham subsídios com outras fontes do conhecimento humano, como: biologia, medicina, anato-
mia, genética e psicologia; sociologia, história, geografia, geologia, linguística, etnologia, pale-
ontologia, arqueologia, política, economia etc.

A antropologia teológica

Além da antropologia científica, existe a antropologia como disciplina dentro da teologia.


Neste caso, antropologia teológica é a disciplina que estuda o homem como ser sociocultural e
espiritual, buscando compreender sua constituição interna (material e imaterial), sua origem,
propósito de sua existência, seu destino eterno, suas crenças e a relação entre sua vida sociocul-
tural e sua vida espiritual, uma vez que a religiosidade é um fenômeno essencialmente inato no
homem, mas a religião é um fenômeno essencialmente sociocultural.
Neste presente estudo, o foco da antropologia está em compreender a constituição huma-
na, ou seja, se o homem é um ser tricotômico, dicotômico ou atômico.
 A tricotomia (do grego: tricha = em três partes + temnein = cortar) entende o homem
como “um” ser, porém formado de três partes distintas: corpo + alma + espírito. A ênfase
dessa linha de pensamento está na diferenciação normalmente feita entre alma e espírito.
 A dicotomia (do grego: dicha = em duas partes + temnein) entende o homem como
“um” ser, porém formado de duas partes distintas: corpo + alma ou espírito, não havendo
distinção entre alma e espírito, e ambos constituem a parte imaterial do homem.
 A atomia (do grego: a = não + temnein) ou monismo (do grego: monos = um, único) ou
holismo (do grego: holos = todo, inteiro) entende o homem como “um” ser indivisível ou
único no sentido literal da palavra, não havendo uma distinção clara entre sua parte mate-
rial e sua parte imaterial.

Diante do exposto, surgem algumas perguntas: O homem é um, é uma dualidade ou é


uma trindade? A trindade humana é realmente três partes ou é uma divisão apenas didática? Qual
a origem de tal polêmica antropológica?

2. O homem tricotômico

Antes de compreender o que vem a ser o dicotomismo e o monismo é mais didático com-
preender o tricotomismo à luz da Bíblia.
Para o tricotomismo, ao criar o homem, Deus o fez segundo a sua própria imagem e se-
melhança (Gn 1.26-27), isto inclui, dentre outras coisas, dizer que o homem foi criado uma triu-
nidade (formado de corpo, alma e espírito), assim como Deus é uma triunidade (Pai, Filho e Es-
pírito Santo). Um nos principais textos de apoio da doutrina tricotomista está no relato de Moisés
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sobre a criação do homem: “Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra (o corpo)
e lhe soprou nas narinas o fôlego) da vida (o espírito, e o homem passou a ser alma vivente
(passou a ser uma alma)” (Gênesis 2.7 ARC).
Para o tricotomismo, “cada pessoa tem um corpo”, o qual é usado pela alma como ins-
trumento para que esta possa se relacionar com o mundo material; e “cada pessoa tem um espíri-
to”, o qual é usado pela alma usa como instrumento para se relacionar com a esfera espiritual
que envolve a todos; mas “cada pessoa é individualmente uma alma”, ou seja, o homem não
possui alma, mas é uma alma, dotada de um corpo e um espírito.
Outro texto importante de apoio à doutrina tricotomista está nas palavras de Paulo: “O
mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo vosso espírito, alma e corpo sejam conserva-
dos íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tessalonicenses 5.23).
A maioria dos crentes tricotomistas crê haver uma grande diferença entre corpo e alma,
mas não sabe que existe uma íntima relação entre ambos. Por outro lado, esses mesmos crentes
não sabem que existe uma diferença muito maior entre alma e espírito, julgando que alma e espí-
rito são a mesma “coisa”. Esta confusão existe porque a Bíblia, além de falar pouco sobre o as-
sunto, também não é muito clara com relação ao mesmo.

2.1. O corpo humano


O corpo (Fig. 1), à luz da Bíblia, pode ser definido como: (1) a parte material do homem;
(2) o invólucro da alma (e do espírito); e (3) o templo do Espírito Santo.
O corpo é a parte material do homem. O corpo é o elemento físico e visível da constitui-
ção humana. Em Gn 2.7 vê-se que o corpo foi formado do pó da terra. A palavra homem vem do
latim homo, derivado de humus quer dizer terra. Em hebraico, homem (gênero humano, não no
sentido de sexo masculino) é adam, derivado de adamah que também quer dizer terra. O corpo
humano possui elementos químicos existentes na natureza, como: oxigênio (62,81%), carbono
(19,37%), hidrogênio (9,31%), nitrogênio (5,14%), cálcio (1,38%), e também enxofre, fósforo,
sódio, potássio, cloro, magnésio, ferro etc., juntos esses demais elementos constituem menos de
1,99%. Obviamente tais elementos são organizados em estruturas moleculares altamente com-
plexas, formando células, tecidos, órgãos e sistemas morfofisiológicos definidos.
O corpo foi criado para servir de invólucro da alma e do espírito. Mais que apenas es-
trutura física, o corpo é o invólucro da alma (Dn 7.15), ou seja, toda essa estrutura super comple-
xa e elaborada foi criada para servir de habitação para o homem interior, para a alma humana, e,
por extensão, também para o espírito humano (embora não haja um verso bíblico específico so-
bre o corpo como habitação do espírito).
O corpo foi criado para servir de templo do Espírito Santo. Paulo afirma que o corpo
(do crente) é templo do Espírito Santo (1Co 6.19-20) e, como tal, deve ser apresentado ao Senhor
(Rm 12.1).
Deus se interessa pelo corpo do crente (1Ts 5.23). É por isso que a Bíblia diz que aguar-
damos “a redenção do nosso corpo” (Romanos 8.23 ARA).

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2.2. O espírito humano


O espírito é o elemento menos compreendido da constituição humana. Em grego é pneu-
ma, que significa vento. Em hebraico é ruah ou ruach, que quer dizer vento, sopro, vapor, hálito.
O espírito é definido como (Fig. 1): (1) o sopro divino que origina a alma; (2) a consciência mo-
ral do homem; e (3) o elemento de ligação entre Deus e homem e entre o homem e Deus.
O espírito é o sopro divino originador da alma no interior do corpo. O espírito comuni-
ca a alma ao corpo (Gn 2.7; Jó 33.4). A alma é formada dentro do corpo pelo espírito que foi do-
ado por Deus.
O espírito é a consciência moral do homem. O espírito é a sede dos atributos (qualida-
des) morais de Deus que habitam no interior do próprio homem (Jó 32.8; Gl 5.16-17), qualidades
essas que só se manifestam na vida do homem, ou através da vida do homem, após a sua conver-
são. O termo “atributo moral” aqui empregado não tem o sentido de algo ético, mas, sim, de atri-
butos inerentes à natureza de Deus.
O espírito é o elemento de ligação entre Deus e o homem e entre o homem e Deus. Esta
é a função mais importante do espírito – servir de ponte de ligação de Deus com o homem (Rm
8.16; Jó 32.8) e ponte de ligação do homem com Deus (Jo 4.23-24; Lc 1.47; At 17.16; Rm 1.9).
É através do espírito humano que Deus se comunica com o homem (Rm 8.16) e através do mes-
mo espírito humano o homem se comunica com Deus (Jo 4.24).
Deus se interessa pelo espírito do crente (1Ts 5.23). À luz de Ec 12.7, pode-se afirmar
que Deus se interessa pelo espírito de todas as pessoas, sendo elas crentes ou não.

Fig. 1: A triunidade do homem.

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2.3. A alma humana


A alma (do latim anima = animado, o que tem movimento, vivo) é elemento imaterial e
invisível da constituição humana. Das três partes que constituem o homem, a alma é a mais fala-
da nas páginas da Bíblia, mas, nem por isso, é a mais conhecida, ou a mais fácil de ser entendida.
A grande maioria das pessoas imagina a alma como “alguma coisa associada com a vida no
além”, e não consegue entender que, na realidade, ela é a “própria vida aqui e agora (no presen-
te)”. A alma é definida como (Fig. 1): (1) a vida do corpo; (2) a personalidade do indivíduo; e
(3) a autoconsciência da pessoa.
A alma é vida do corpo (aspecto teológico). A alma comunica vida, ou movimento, ao
corpo (Sl 66.8-9; Gn 9.5; At 15.26). Os animais também têm alma, porém a alma deles é diferen-
te da alma humana, pois não está associada a um espírito (Jó 12.10; Ec 3.21).
A alma é a personalidade do indivíduo (aspecto psicológico). A alma é o homem propri-
amente dito que habita no interior do corpo (1Pe 3.20; Êx 1.5). A palavra alma em hebraico é
nephésh, e em grego, psyché, ambas as palavras significam vida, no sentido de personalidade,
comportamento. A alma é responsável pelos atributos da personalidade de todo ser humano, ou
seja, ela é a sede:
 dos instintos: alimentação, proteção, aquisição, domínio, socialização, reprodução etc.;
 dos sentimentos: amor, alegria, prazer, ódio, medo, inveja etc.;
 dos sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar;
 do intelecto: memória, imaginação, raciocínio, entendimento, discernimento, sabedoria
etc.; e
 da vontade ou livre arbítrio, ou seja, da capacidade do homem em tomar decisões que de-
terminarão seus atos, palavras, pensamentos e intenções.

A alma é autoconsciência da pessoa (aspecto ético). A alma também é responsável por


todos os atos humanos, sejam eles bons ou ruins, porém a tendência da alma é abusar de seus
próprios atributos (Mt 15.19), pecando por meio do corpo (Rm 6.6). Ezequiel (18.4, 20) diz: “a
alma que pecar morrerá”, mas Deus se interessa pela nossa alma (1Ts 5.23) e por isso o termo
conversão é utilizado na Bíblia sempre com referência à alma (Lc 9.56; 2Rs 23.25; 2Co 12.15; Sl
97.10; Tg 1.21).

3. Comparação entre tricotomismo, dicotomismo e monismo

A maioria das igrejas pentecostais é constituída de tricotomistas. A maioria das igrejas


tradicionais é dicotomista, como também os católicos e diferentes grupos espíritas, mas há dife-
renças substanciais entre o dicotomismo protestante e católico em relação ao dicotomismo espíri-
ta.
Para o dicotomismo, em relação ao tricotomismo, não há diferenças quanto ao corpo
(Tab. 1).

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Com relação à parte imaterial, dois pontos devem ser destacados no dicotomismo:
(1) A alma e o espírito são considerados como o mesmo elemento indistintamente. Para os di-
cotomistas espíritas, “alma é um espírito fora do corpo, enquanto que espírito é uma alma
dentro do corpo”, portanto a diferença está apenas no estado de encarnação ou desencar-
nação.
(2) No dicotomismo, o intelecto é considerado o principal atributo imaterial do homem, en-
quanto que no tricotomismo o intelecto é apenas parte da personalidade.

Os judeus são essencialmente monistas, mas esta linha de pensamento está crescendo en-
tre os diferentes grupos cristãos, principalmente em decorrência de uma análise mais crítica do
texto bíblico, e devido às novas descobertas das neurociências.
Para os monistas (Tab. 1):
(1) O homem é visto como um ser integral, não havendo distinção entre corpo, alma e espíri-
to, sendo que tais termos apenas designam diferentes enfoques do homem, isto é, se ele
em dado momento está voltado para o mundo material, para seu próprio interior ou para a
esfera espiritual.
(2) A parte imaterial é chamada genericamente de “mente”, mas aqui há algumas diferenças:
(1º) para os monistas dualistas, a mente habita no corpo, mas é distinta do corpo (corpo e
mente); (2º) para os monistas materialistas, a mente é apenas a resultante dos diferentes
processos neuronais dentro do corpo, ou mais especificamente dentro do sistema nervoso
(corpo-mente).

Tab. 1: Constituição do homem segundo o tricotomismo, dicotomismo e monismo.

Tricotomismo Dicotomismo Monismo


Corpo Corpo Corpo
1. parte material 1. parte material 1. parte material
2. invólucro da alma e espírito 2. invólucro da alma/espírito 2. invólucro da mente
3. templo do Espírito Santo 3. templo do Espírito Santo
Alma Parte imaterial (alma ou espírito) Mente (parte imaterial)
1. vida do corpo 1. sopro divino = vida do corpo 1. vida do corpo
2. personalidade (inclui intelecto) 2. personalidade 2. personalidade
3. autoconsciência 3. intelecto (razão) 3. razão
Espírito 4. consciência 4. consciência
1. sopro divino originador da alma 5. elemento de ligação
2. consciência moral (espiritual)
3. elemento de ligação

4. A polêmica tricotomista, dicotomista e monista

Entender a origem dessa confusão antropológica é algo bastante complexo, e remonta há


alguns milhares de anos antes de Cristo.

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O tricotomismo-monista egípcio

Os antigos egípcios, muito antes dos tempos bíblicos, acreditavam que o homem era
constituído de três partes, mas as três integravam um todo: a Ka ou força vital do corpo ou corpo
astral, e duas almas, sendo uma, a Ba ou alma propriamente dita, relacionada ao corpo, e outra, a
Akh ou força divina (o espírito propriamente dito), o qual era a união da Ba e da Ka. Inicialmen-
te, no Antigo Império (por volta de 3000 a.C.) só os faraós possuíam a Akh; posteriormente, no
Médio Império (por volta do séc. 18 a.C.) os nobres e os sacerdotes também eram considerados
possuidores de Akh; e a partir do Novo Império (por volta do séc. 10 a.C.) os militares, comerci-
antes, artífices e até as pessoas comuns também eram possuidoras de Akh.
Para os egípcios, a Ka, ou força vital do corpo, acompanhava o indivíduo mesmo após
sua morte, por isso o corpo necessitava ser embalsamado a fim de ser preservado, pois a destrui-
ção de um três elementos implicava na aniquilação total da pessoa, mas caso o corpo fosse des-
truído por algum motivo, o nome do morto era escrito em algum lugar do seu túmulo e substitui-
ria o corpo destruído.
A Ba podia sair do túmulo e vagar por onde desejasse após a morte, sendo por isso repre-
sentado por um pássaro com cabeça humana ou por mãos humanas. Esta era a responsável pelas
qualidades individuais e após a morte deveria ser julgada pelos deuses Osíris e Anúbis, e, se
aprovada, entrava para a vida eterna.
A Akh era proveniente do espírito universal (dá vida a todo universo) e no homem produ-
zia a vida.

O monismo hebreu

É até possível que Gn 2.7 retrate de alguma maneira esse pensamento egípcio de três par-
tes constituintes do homem, mas há uma diferença substancial entre o pensamento hebraico e o
pensamento egípcio: para os judeus, desde os dias do Antigo Testamento até à atualidade, Gn 2.7
não apresenta um tricotomismo do homem, e, sim, um monismo, ou melhor, uma visão holística
(total). Para os judeus, o corpo (basar) do homem (adham) foi formado do pó da terra (adamah),
e quando Deus lhe soprou o fôlego da vida, automaticamente aquele corpo se tornou uma alma
vivente, não havendo, portanto, uma distinção de corpo e alma, passando ambos a constituir uma
única unidade, um único ser, um todo.

A psicologia hebraica não subdivide a natureza do homem em partes que se ex-


cluem mutuamente. Por trás destes usos das palavras permanece o pensamento
de que a natureza do homem é dupla. Mas, mesmo neste ponto, o homem não é
apresentado como uma união frouxa entre duas entidades discrepantes. Não há
nenhum sentido de uma dicotomia metafísica, e mesmo o de um dualismo ético
entre a alma e o corpo é bem estranho ao pensamento hebraico. Quando Deus
soprara no homem, que ele formara do pó, este veio a ser uma alma vivente, um
ser unificado no interrelacionamento entre o terreno e o transcendental
(MCDONALD, apud ELWELL, 1990, vol. II, p. 260).

A influência da filosofia grega: origem do dicotomismo e do tricotomismo

A forma de pensar dos judeus logo entraria em contato com a filosofia grega e novos mo-

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dos de pensar surgiriam, os quais de alguma maneira influenciariam o pensamento cristão.
Até a época de Platão (427-347 a.C.), prevalecia entre os gregos a ideia de que o homem
era uma dualidade constituída de corpo (parte material) e alma (parte imaterial). O corpo era vis-
to como uma prisão da alma, a qual era liberta por ocasião da morte física e se dirigia para o céu
onde aguardava o momento de reencarnar em outro corpo. A alma era vista como a parte racio-
nal, das ideias, e sobrevivia independente da estar ou não encarnada.

Platão ensinava que o corpo era matéria perecível, mas que a alma existia no
mundo celestial em forma ou ideia pura, antes da sua encarnação no corpo hu-
mano. A alma, portanto, era incriada e imortal – uma parte da deidade. O corpo
é a prisão da alma; a alma está trancada no corpo como uma ostra na sua con-
cha. Na ocasião da morte, a alma deixa o corpo para voltar ao mundo celestial,
ou para ser reencarnada em algum outro corpo (WARD, apud ELWELL, 1988,
vol. I, p. 465).

Aristóteles (384-322 a.C.), o maior de todos os filósofos gregos, compartilhava as mes-


mas ideias de Platão, mas ia mais além. Para Aristóteles, a alma se dividia em duas partes: a al-
ma animal (parte orgânica, que respira e comunica vida ao corpo) e a alma racional (parte inte-
lectual). Daí para a ideia de que existiam duas almas distintas foi algo quase que imediato, ou se-
ja, o dicotomismo platônico deu origem ao tricotomismo pós-aristotélico: corpo, alma animal e
alma racional.

O dicotomismo e o tricotomismo na igreja primitiva

Paulo parecia aceitar essa tríplice constituição aristotélica sobre a constituição humana
(1Ts 5.23), porém não no sentido de corpo + alma animal + alma racional, mas, sim, como
corpo (sōma) + alma (psychē) + espírito (pneuma).
Por mais que os estudiosos da Bíblia procurem fazer uma distinção pragmática entre alma
e espírito, os textos bíblicos são limitados quanto ao assunto e não fazem uma distinção formal
entre ambos, tanto é que na igreja primitiva prevalecia o dicotomismo. Dois dos maiores teólo-
gos cristão, Tertuliano (160-220) e Agostinho (354-430), eram dicotomistas e foram decisivos
para que tal pensamento fosse o mais aceito entre os cristãos até a atualidade. É importante des-
tacar que Tertuliano e Agostinho aceitavam a separação da alma em alma animal e alma racio-
nal. Por isso a associação do espírito com a racionalidade prevalece entre a maioria dos teólogos
dicotomistas até hoje.
Apesar de o dicotomismo prevalecer no cristianismo desde seu início, muitos pais da
igreja foram declaradamente tricotomistas, principalmente na parte oriental do império romano,
de língua grega.
Irineu (130-202), um dos primeiros tricotomistas da igreja primitiva, cria que os “não
crentes” possuíam apenas corpo e alma, enquanto que os “crentes”, no momento em que se con-
vertiam adquiriam um espírito criado pelo Espírito Santo.
Clemente (150-215) e Orígenes (185-253), ambos de Alexandria, no Egito, fizeram de
sua cidade o maior centro difusor do tricotomismo. O mesmo aconteceu com Gregório (331-
394), de Nissa, na Ásia.

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Orígenes (185-253) era tricotomista e via na citação de Paulo um tricotomismo como
forma tríplice de interpretação das escrituras, isto é, todo texto bíblico deveria ser interpretado
(1) no sentido literal do texto, ou sentido natural ou somático; (2) no sentido simbólico ou psí-
quico; e (3) no sentido espiritual ou pneumático.
Apolinário (310-390), bispo de Laodiceia, na Síria, foi o maior tricotomista da igreja
primitiva. Para ele, o homem é constituído de corpo, alma e espírito, sendo que o espírito é a
mente (pneuma ou nous), ou seja, ele era tricotomista, mas não diferia das ideias de Aristóteles.
Sua interpretação era idêntica a Tertuliano e Agostinho, os quais se declaravam dicotomistas.
Devido às suas ideias muitas vezes consideradas heréticas sobre a natureza de Cristo,
Apolinário fez com que o tricotomismo caísse em descrédito. Ele foi condenado no Concílio de
Constantinopla (381) e, com isso, o dicotomismo passou a ser a única interpretação aceita pela
igreja primitiva, segundo o modelo de Tertuliano e Agostinho.

O tricotomismo e o dicotomismo moderno

O tricotomismo só voltaria a ganhar importância a partir do século 19 graças aos traba-


lhos de teólogos ingleses e alemães, como o luterano Franz Delitzsch (1813-90), o chinês
Watchman Nee (1903-72), o evangelista Charles R. Solomon (n. 1951), o qual diz que “através
do seu corpo, o homem relaciona-se com o ambiente, através de sua alma com os outros, e do
seu espírito com Deus”, e, principalmente, graças a Bíblia de Referência de Scofield (Scofield
Reference Bible), lançada pela primeira vez em 1909, e com grande aceitação principalmente en-
tre os grupos pentecostais.
Modernamente Louis Berkhof (1873-1957) e Robert Horton Gundry (n. 1932) são alguns
dos principais defensores do dicotomismo agostiniano.

O monismo moderno

Atualmente há uma tendência na teologia moderna em reviver o monismo hebraico em


detrimento às interpretações dicotomista e tricotomista tradicionais, isto é, procura-se entender o
homem como uma unidade sem distinção entre sua parte material e sua parte imaterial. “A teolo-
gia contemporânea [...] sustenta a unidade entre o corpo e a alma do homem, conforme expõe o
pensamento hebraico: “o homem passou a ser alma vivente” (Gn 2.7)” (WARD, apud ELWELL,
1988, vol. I, p. 465). Tal forma de ver o homem como “um” deve-se a dois fatores principais: (1)
uma análise mais crítica do texto bíblico; e (2) as novas descobertas trazidas pelas neurociências.
Na Fig. 2 é possível observar a evolução da controvérsia tricotomista, dicotomista e mo-
nista ao longo da história.

5. O monismo moderno

Monismo é um termo utilizado para designar todos aqueles que consideram o homem
como uma unidade, sem distinção significativa entre as partes material e imaterial. O termo é
muito genérico, sendo empregado para designar desde diferentes grupos materialistas (monismo

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radical) que entendem serem todos os processos mentais apenas o resultado das atividades neu-
roendócrinas do organismo, como proclamam os materialistas teóricos, evolucionistas etc., mas o
termo monista é aplicável inclusive até a diferentes linhas teológicas e filosóficas. Entre esses úl-
timos também existem monistas radicais, mas a grande maioria dos teólogos e filósofos monistas
crê no monismo dualista, isto é, o homem é único, mas constituído de “corpo e mente”, sendo
que a mente não se mantém sem o corpo e o corpo não sobrevive sem a mente.
A mente designa todo o psiquismo humano: “a mente, com frequência, é usada como si-
nônimo da alma imaterial, ou, então, é considerada como uma propriedade ou atributo da alma”
(CHAMPLIN, 2002, vol. 5, p. 393). Em outras palavras, o monismo dualista não difere muito do
dicotomismo.

Antigos egípcios ka + ba + akh tricotomismo egípcio

Hebreus corpo (basar) + alma (nefesh) monismo hebreu

Gregos (até Platão) corpo + alma dualismo grego

Gregos (Aristóteles) corpo + alma animal + alma racional tricotomismo aristotélico

corpo + alma animal + alma racional dicotomismo primitivo


Igreja primitiva
corpo + alma + espírito tricotomismo antigo e atual

corpo + alma (racionalidade) dicotomismo atual


Igreja atual
corpo/mente monismo radical

corpo mente monismo dualista

Fig. 2: Evolução do tricotomismo, dicotomismo e monismo ao longo da história.

Fundamentação teológica do monismo

George Eldom Ladd (1911-82), ministro batista e professor de teologia na Nova Inglater-
ra, afirma: “A recente erudição tem reconhecido que termos como corpo, alma e espírito não são
diferentes faculdades separadas do homem, mas diferentes modos de ver a totalidade do homem”
(HOEKEMA, 2010).
Para os teólogos monistas, o texto bíblico não é claro em distinguir alma de espírito, e as
duas palavras quase sempre são utilizadas de maneira intercambiável. Para os monistas, mesmo
textos como 1Ts 5.23 e Hb 4.12 não deixam claro haver uma distinção entre alma e espírito,
além disso não fazem uma separação formal entre a parte imaterial e a parte material do ser hu-
mano (Hb 4.12; 1Co 14.14). Explicam que quando o texto faz uma distinção entre o homem na-
tural e o homem espiritual, o texto está enfatizando a condição da pessoa antes e após a conver-
são (1Co 2.14-15; 3.1-4), e não necessariamente uma distinção de diferentes aspectos dentro do
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Antropologia: Tricotomismo, dicotomismo e monismo
ser humano. Exemplo disso pode ser visto no Salmo 63.1: “Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te
busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exa-
usta, sem água”. Neste salmo, Davi não diferencia a parte material da imaterial na busca a Deus.
Se for considerado o paralelismo sinonímico da poesia hebraica, a conclusão que se chega é que
corpo e alma são utilizados como sinônimos nesse verso. O mesmo caso de intercâmbio entre a
parte material e imaterial pode ser visto em Sl 73.26; Rm 8.11; 1Co 6.19-20.
Outro ponto que reforça esse monismo radical é o fato de que Paulo apresenta o pecado
como algo originado tanto da parte material como da parte imaterial, e que as duas partes devem
igualmente ser salvas (Rm 6.12-13; 8.23).
Hoekema resume essa polêmica nas seguintes palavras:

Um dos aspectos mais importantes da visão cristã do homem é a de que deve-


mos vê-lo em sua unidade, como uma pessoa total. Os seres humanos têm sido
imaginados como consistindo de partes separadas e, algumas vezes, de partes
distintas, que são, dessa forma, abstraídas da totalidade. Assim, nos círculos
cristãos, tem sido crido o homem como consistindo tanto de “corpo” e “alma”
como de “corpo”, “alma” e “espírito”. Tanto os cientistas seculares como os
teólogos cristãos, contudo, estão reconhecendo gradativamente que tal entendi-
mento dos seres humanos está errado, e que o homem deve ser visto como uma
unidade. Visto que nossa preocupação é com a doutrina cristã do homem, de-
vemos dar uma nova olhada para o ensino bíblico a respeito dos seres humanos,
para ver se de fato isto é assim (HOEKEMA, 2010).

Contribuições das neurociências

Aliada a essa tendência da teologia moderna, a partir de 1960 as novas descobertas das
neurociências (neurologia, neuroanatomia, neurofisiologia, neurobiologia, neuroquímica, neuro-
farmacologia, neuropsicologia, psiquiatria, psicopatologia, psicossomática etc.) também têm de-
monstrado que o homem é um ser integral, sem distinção entre o corpo e a mente.
Em 1973, Edward Joseph Hoffman (1942-2004) e Michel Edward Phelps (n. 1939), pes-
quisadores da Universidade de Washington inventaram o tomógrafo por emissão de pósitrons,
mais conhecido por PET (Positrons Emission Tomography), cujo objetivo era fazer um diagnós-
tico mais preciso de câncer no interior da cavidade craniana, sem ser invasivo. Com o aperfeiço-
amento do PET na década de 1990, foi possível observar o funcionamento dos diversos órgãos
encefálicos, não apenas nas atividades relacionadas ao controle muscular, controle visceral e ati-
vidades racionais, como também das atividades emocionais, éticas e morais, e até mesmo das
atividades antes consideradas espirituais (oração, meditação, êxtase espiritual, manifestações ca-
rismáticas, milagres etc.). Em outras palavras, o PET permitiu identificar um componente orgâ-
nico para as atividades espirituais, que é a região límbica.

O homem completo é um ser psicossomático

Quando se usam termos como cérebro, encéfalo, sistema nervoso etc., tais palavras se re-
ferem à estrutura morfofisiológica responsável pelo controle de todas as atividades mecânicas,
viscerais e mentais do homem. Quando se usam termos como pensamento, intelecto, personali-
dade etc., tais palavras se referem às atividades típicas do psiquismo humano, a mente, como é

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Antropologia: Tricotomismo, dicotomismo e monismo
chamada em uma linguagem mais contemporânea.
Sem a estrutura física (cérebro, nervos e órgãos associados) não há mente (psiquismo);
sem a mente de nada adianta o corpo, pois ele morre e entra em processo de decomposição. A
discussão agora está em saber se a mente é um produto do corpo ou algo que existe independente
do corpo e sobrevive a ele após a morte física.

Embora a Bíblia veja o homem como uma totalidade, ela também reconhece
que o ser humano possui dois lados: o físico e o não-físico. Ele possui um corpo
físico, mas ele também é uma personalidade. Ele tem uma mente com a qual ele
pensa, mas também um cérebro que é parte do seu corpo, e sem o qual ele não
pode pensar. Quando as coisas andam errada com ele, é necessária uma cirurgia,
mas outras vezes ele pode precisar de um aconselhamento. O homem é uma
pessoa que pode, contudo, ser vista de dois ângulos (HOEKEMA, 2010).

Uma palavra muito em voga atualmente é psicossomática (do grego: psychē = alma, vida
+ sōma = corpo). O homem é um ser psicossomático, a junção do psíquico e do orgânico, onde
qualquer alteração orgânica interfere diretamente sobre o psiquismo, e qualquer alteração psíqui-
ca tem sua manifestação imediata sobre o corpo. Este termo designa o homem como uma unida-
de, mas ao mesmo tempo como tendo dois aspectos diferentes.

O homem, então, existe num estado de unidade psicossomática. Assim, fomos


criados, assim somos agora, e assim seremos após a ressurreição do corpo. Por-
que a redenção plena inclui a redenção do corpo (Rm 8.23; 1Co 15.12-57), visto
que o homem não é completo sem o corpo. O futuro glorioso dos seres humanos
em Cristo inclui ambos, a ressurreição do corpo e uma nova terra purificada e
aperfeiçoada (HOEKEMA, 2010).

De modo geral, os leigos não conseguem entender psicossomática como a totalidade do


ser humano, e quando empregam tal palavra pensam apenas da existência de alguma possível pa-
tologia psicossomática. A palavra não se refere apenas à condição de enfermidade, mas também
à condição de saúde.

Visto que o homem é uma pessoa total, o espiritual e o mental são aspectos de
uma totalidade, de forma que cada aspecto influencia e é influenciado pelo ou-
tro. Howard Clinebell diz o seguinte: “A saúde espiritual é um aspecto indis-
pensável da saúde mental. Os dois podem estar separados somente numa base
teórica. Nos seres humanos vivos, a saúde espiritual e mental estão insepara-
velmente entrelaçadas” (HOEKEMA, 2010).

Este assunto será mais bem explorado em outra disciplina (Fé, religião e saúde mental).
Antes de encerrar é importante destacar que as experiências de quase morte (EQM) têm
demonstrado que a mente continua existindo mesmo após a morte física da pessoa, o que corro-
bora a ideia do dualismo, mas nesse estado pós morte a pessoa apresenta as mesmas característi-
cas visíveis para si mesma que quando estava viva, o que corrobora a ideia do monismo, mas is-
so também é assunto para outro momento.

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Antropologia: Tricotomismo, dicotomismo e monismo

Conclusão: Uma conclusão ainda inconclusiva

Há alguns milhares de anos persiste a discussão sobre a constituição humana e, ao que


parece, tal embate ainda vai permanecer por longos anos. De um lado estão os tricotomistas
egípcios, os tricotomistas gregos e os tricotomistas cristãos, do passado e do presente. De outro
lado estão os monistas hebreus e os monistas materialistas da atualidade. Do meio desse campo
de batalha estão os dicotomistas gregos, os dicotomistas da igreja primitiva e os monistas dualis-
tas.
O objetivo desse trabalho não é atacar corrente alguma de pensamento, mas, sim, apre-
sentar uma visão mais atual e de base mais científica para abordar tal problema, onde o homem é
visto como uma unidade constituída de dois aspectos diferentes, mas interligados: corpo e mente.
Porém, é importante destacar que o termo mente pode abranger tanta coisa, inclusive uma noção
de alma e espírito.

Nada de novo há com a ideia de que o homem é mais do que o seu corpo físico,
e que ele não depende do mesmo para continuar existindo. Nossos credos e
dogmas nos têm assegurado isso desde milhares de anos atrás. A novidade con-
siste nas evidências científicas, fidedignas, que nos informam que os teólogos e
filósofos estavam certos o tempo todo (CHAMPLIN, 2002, vol. 5, p. 395).

Referências

BENNETT, Dennis; BENNETT, Rita. Trindade do homem. Miami: Vida, 1982.

CASANOVA, Maria Luiza Marinho. Antropologia cultural. Londrina: Hosana, 2011.

CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia. São Paulo: Hagnos,
2002.

ELWELL, Walter A. Enciclopédia histórico-teológica da igreja cristã. São Paulo: Vida Nova,
1990.

HAGIN, Kenneth E. O homem em três dimensões. Rio de Janeiro: Graça, 1990.

HOEKEMA, Anthony. Criados à imagem de Deus. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.

LEITE Filho, Tácito da Gama. O homem em três tempos. Rio de Janeiro: CPAD, 1983.

MARINO Junior, Raul. A religião do cérebro: As novas descobertas da neurociência a respeito


da fé humana. São Paulo: Gente, 2005.

PINHO, Gilson de Almeida. Alma – O verdadeiro homem interior: Uma introdução à psicolo-
gia bíblica. São José dos Campos, 2002.

______. Espírito – A semelhança divina do homem. São José dos Campos, 1999.

SILVA, Severino Pedro da. O homem: Corpo, alma e espírito. 1988. Rio de Janeiro: CPAD,
1988.

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