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Antropologia, do grego anthropos = homem, humano, ser humano + sufixo ología, deri-
vado de logos, que significa “estudo de, tratado a respeito de, ensino ou doutrina sobre; pala-
vra, conversação; razão, argumento, explicação; decisão, resolução; argumento, notícia”.
Antropologia é a ciência ou disciplina que estuda o homem como ser biológico e cultural,
focando nas origens, no desenvolvimento e nas semelhanças e diferenças das sociedades huma-
nas, e no modo como elas interferem no desenvolvimento do comportamento humano.
O ser humano, como animal humano, não nasce homem, mas se humaniza em contato
com outras pessoas pela assimilação do ambiente sociocultural onde vive.
Crianças nascem sem qualquer conhecimento cultural. No entanto, elas são ge-
neticamente predispostas a aprender rapidamente uma língua e traços culturais.
Um recém nascido tem uma capacidade incrível de aprendizagem. Qualquer be-
bê normal pode ser colocado em qualquer família da terra, e crescer e aprender
a sua cultura, e aceitá-la como a sua própria. Uma vez que cultura não é instin-
tiva, não somos geneticamente programados para aprender uma cultura deter-
minada (CASANOVA, 2011, p. 3).
A antropologia científica
A antropologia, como ciência, quanto à área de atuação se divide em duas esferas princi-
pais: a antropologia biológica ou física e a antropologia cultural, ou social ou sociocultural. A
antropologia biológica é classificada como uma ciência natural, já a antropologia cultural é clas-
sificada como uma ciência social.
A antropologia biológica estuda os aspectos biológicos dos seres humanos (o animal
humano), tais como os diferentes grupos raciais e étnicos, a origem e a evolução da hu-
manidade. As principais fontes de conhecimento da antropologia biológica são: a obser-
vação dos grupos humanos, os fósseis humanos e a observação do comportamento de ou-
tros primatas, em especial os chimpanzés, bononos, orangotangos, gorilas etc., animais
que vivem em grupos sociais estabelecidos e com os quais os humanos compartilham
muitas semelhanças genéticas.
A antropologia cultural estuda o desenvolvimento das sociedades e os comportamentos
socioculturais dos grupos, tais como: os costumes e regras sociais, os relacionamentos
familiares, as linguagens, o desenvolvimento técnico-cultural dos povos, a produção de
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Antropologia: Tricotomismo, dicotomismo e monismo
alimentos, as origens das práticas sociais, as religiões, a visão de mundo etc. As princi-
pais fontes de conhecimento da antropologia cultural são as manifestações culturais; as
histórias orais, lendas, mitos, poesias e provérbios dos grupos; a linguagem como sistema
de comunicação e forma de pensar dos povos etc.
A antropologia teológica
2. O homem tricotômico
Antes de compreender o que vem a ser o dicotomismo e o monismo é mais didático com-
preender o tricotomismo à luz da Bíblia.
Para o tricotomismo, ao criar o homem, Deus o fez segundo a sua própria imagem e se-
melhança (Gn 1.26-27), isto inclui, dentre outras coisas, dizer que o homem foi criado uma triu-
nidade (formado de corpo, alma e espírito), assim como Deus é uma triunidade (Pai, Filho e Es-
pírito Santo). Um nos principais textos de apoio da doutrina tricotomista está no relato de Moisés
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Antropologia: Tricotomismo, dicotomismo e monismo
sobre a criação do homem: “Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra (o corpo)
e lhe soprou nas narinas o fôlego) da vida (o espírito, e o homem passou a ser alma vivente
(passou a ser uma alma)” (Gênesis 2.7 ARC).
Para o tricotomismo, “cada pessoa tem um corpo”, o qual é usado pela alma como ins-
trumento para que esta possa se relacionar com o mundo material; e “cada pessoa tem um espíri-
to”, o qual é usado pela alma usa como instrumento para se relacionar com a esfera espiritual
que envolve a todos; mas “cada pessoa é individualmente uma alma”, ou seja, o homem não
possui alma, mas é uma alma, dotada de um corpo e um espírito.
Outro texto importante de apoio à doutrina tricotomista está nas palavras de Paulo: “O
mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo vosso espírito, alma e corpo sejam conserva-
dos íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tessalonicenses 5.23).
A maioria dos crentes tricotomistas crê haver uma grande diferença entre corpo e alma,
mas não sabe que existe uma íntima relação entre ambos. Por outro lado, esses mesmos crentes
não sabem que existe uma diferença muito maior entre alma e espírito, julgando que alma e espí-
rito são a mesma “coisa”. Esta confusão existe porque a Bíblia, além de falar pouco sobre o as-
sunto, também não é muito clara com relação ao mesmo.
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Antropologia: Tricotomismo, dicotomismo e monismo
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Antropologia: Tricotomismo, dicotomismo e monismo
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Antropologia: Tricotomismo, dicotomismo e monismo
Com relação à parte imaterial, dois pontos devem ser destacados no dicotomismo:
(1) A alma e o espírito são considerados como o mesmo elemento indistintamente. Para os di-
cotomistas espíritas, “alma é um espírito fora do corpo, enquanto que espírito é uma alma
dentro do corpo”, portanto a diferença está apenas no estado de encarnação ou desencar-
nação.
(2) No dicotomismo, o intelecto é considerado o principal atributo imaterial do homem, en-
quanto que no tricotomismo o intelecto é apenas parte da personalidade.
Os judeus são essencialmente monistas, mas esta linha de pensamento está crescendo en-
tre os diferentes grupos cristãos, principalmente em decorrência de uma análise mais crítica do
texto bíblico, e devido às novas descobertas das neurociências.
Para os monistas (Tab. 1):
(1) O homem é visto como um ser integral, não havendo distinção entre corpo, alma e espíri-
to, sendo que tais termos apenas designam diferentes enfoques do homem, isto é, se ele
em dado momento está voltado para o mundo material, para seu próprio interior ou para a
esfera espiritual.
(2) A parte imaterial é chamada genericamente de “mente”, mas aqui há algumas diferenças:
(1º) para os monistas dualistas, a mente habita no corpo, mas é distinta do corpo (corpo e
mente); (2º) para os monistas materialistas, a mente é apenas a resultante dos diferentes
processos neuronais dentro do corpo, ou mais especificamente dentro do sistema nervoso
(corpo-mente).
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Antropologia: Tricotomismo, dicotomismo e monismo
O tricotomismo-monista egípcio
Os antigos egípcios, muito antes dos tempos bíblicos, acreditavam que o homem era
constituído de três partes, mas as três integravam um todo: a Ka ou força vital do corpo ou corpo
astral, e duas almas, sendo uma, a Ba ou alma propriamente dita, relacionada ao corpo, e outra, a
Akh ou força divina (o espírito propriamente dito), o qual era a união da Ba e da Ka. Inicialmen-
te, no Antigo Império (por volta de 3000 a.C.) só os faraós possuíam a Akh; posteriormente, no
Médio Império (por volta do séc. 18 a.C.) os nobres e os sacerdotes também eram considerados
possuidores de Akh; e a partir do Novo Império (por volta do séc. 10 a.C.) os militares, comerci-
antes, artífices e até as pessoas comuns também eram possuidoras de Akh.
Para os egípcios, a Ka, ou força vital do corpo, acompanhava o indivíduo mesmo após
sua morte, por isso o corpo necessitava ser embalsamado a fim de ser preservado, pois a destrui-
ção de um três elementos implicava na aniquilação total da pessoa, mas caso o corpo fosse des-
truído por algum motivo, o nome do morto era escrito em algum lugar do seu túmulo e substitui-
ria o corpo destruído.
A Ba podia sair do túmulo e vagar por onde desejasse após a morte, sendo por isso repre-
sentado por um pássaro com cabeça humana ou por mãos humanas. Esta era a responsável pelas
qualidades individuais e após a morte deveria ser julgada pelos deuses Osíris e Anúbis, e, se
aprovada, entrava para a vida eterna.
A Akh era proveniente do espírito universal (dá vida a todo universo) e no homem produ-
zia a vida.
O monismo hebreu
É até possível que Gn 2.7 retrate de alguma maneira esse pensamento egípcio de três par-
tes constituintes do homem, mas há uma diferença substancial entre o pensamento hebraico e o
pensamento egípcio: para os judeus, desde os dias do Antigo Testamento até à atualidade, Gn 2.7
não apresenta um tricotomismo do homem, e, sim, um monismo, ou melhor, uma visão holística
(total). Para os judeus, o corpo (basar) do homem (adham) foi formado do pó da terra (adamah),
e quando Deus lhe soprou o fôlego da vida, automaticamente aquele corpo se tornou uma alma
vivente, não havendo, portanto, uma distinção de corpo e alma, passando ambos a constituir uma
única unidade, um único ser, um todo.
A forma de pensar dos judeus logo entraria em contato com a filosofia grega e novos mo-
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Antropologia: Tricotomismo, dicotomismo e monismo
dos de pensar surgiriam, os quais de alguma maneira influenciariam o pensamento cristão.
Até a época de Platão (427-347 a.C.), prevalecia entre os gregos a ideia de que o homem
era uma dualidade constituída de corpo (parte material) e alma (parte imaterial). O corpo era vis-
to como uma prisão da alma, a qual era liberta por ocasião da morte física e se dirigia para o céu
onde aguardava o momento de reencarnar em outro corpo. A alma era vista como a parte racio-
nal, das ideias, e sobrevivia independente da estar ou não encarnada.
Platão ensinava que o corpo era matéria perecível, mas que a alma existia no
mundo celestial em forma ou ideia pura, antes da sua encarnação no corpo hu-
mano. A alma, portanto, era incriada e imortal – uma parte da deidade. O corpo
é a prisão da alma; a alma está trancada no corpo como uma ostra na sua con-
cha. Na ocasião da morte, a alma deixa o corpo para voltar ao mundo celestial,
ou para ser reencarnada em algum outro corpo (WARD, apud ELWELL, 1988,
vol. I, p. 465).
Paulo parecia aceitar essa tríplice constituição aristotélica sobre a constituição humana
(1Ts 5.23), porém não no sentido de corpo + alma animal + alma racional, mas, sim, como
corpo (sōma) + alma (psychē) + espírito (pneuma).
Por mais que os estudiosos da Bíblia procurem fazer uma distinção pragmática entre alma
e espírito, os textos bíblicos são limitados quanto ao assunto e não fazem uma distinção formal
entre ambos, tanto é que na igreja primitiva prevalecia o dicotomismo. Dois dos maiores teólo-
gos cristão, Tertuliano (160-220) e Agostinho (354-430), eram dicotomistas e foram decisivos
para que tal pensamento fosse o mais aceito entre os cristãos até a atualidade. É importante des-
tacar que Tertuliano e Agostinho aceitavam a separação da alma em alma animal e alma racio-
nal. Por isso a associação do espírito com a racionalidade prevalece entre a maioria dos teólogos
dicotomistas até hoje.
Apesar de o dicotomismo prevalecer no cristianismo desde seu início, muitos pais da
igreja foram declaradamente tricotomistas, principalmente na parte oriental do império romano,
de língua grega.
Irineu (130-202), um dos primeiros tricotomistas da igreja primitiva, cria que os “não
crentes” possuíam apenas corpo e alma, enquanto que os “crentes”, no momento em que se con-
vertiam adquiriam um espírito criado pelo Espírito Santo.
Clemente (150-215) e Orígenes (185-253), ambos de Alexandria, no Egito, fizeram de
sua cidade o maior centro difusor do tricotomismo. O mesmo aconteceu com Gregório (331-
394), de Nissa, na Ásia.
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Antropologia: Tricotomismo, dicotomismo e monismo
Orígenes (185-253) era tricotomista e via na citação de Paulo um tricotomismo como
forma tríplice de interpretação das escrituras, isto é, todo texto bíblico deveria ser interpretado
(1) no sentido literal do texto, ou sentido natural ou somático; (2) no sentido simbólico ou psí-
quico; e (3) no sentido espiritual ou pneumático.
Apolinário (310-390), bispo de Laodiceia, na Síria, foi o maior tricotomista da igreja
primitiva. Para ele, o homem é constituído de corpo, alma e espírito, sendo que o espírito é a
mente (pneuma ou nous), ou seja, ele era tricotomista, mas não diferia das ideias de Aristóteles.
Sua interpretação era idêntica a Tertuliano e Agostinho, os quais se declaravam dicotomistas.
Devido às suas ideias muitas vezes consideradas heréticas sobre a natureza de Cristo,
Apolinário fez com que o tricotomismo caísse em descrédito. Ele foi condenado no Concílio de
Constantinopla (381) e, com isso, o dicotomismo passou a ser a única interpretação aceita pela
igreja primitiva, segundo o modelo de Tertuliano e Agostinho.
O monismo moderno
5. O monismo moderno
Monismo é um termo utilizado para designar todos aqueles que consideram o homem
como uma unidade, sem distinção significativa entre as partes material e imaterial. O termo é
muito genérico, sendo empregado para designar desde diferentes grupos materialistas (monismo
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Antropologia: Tricotomismo, dicotomismo e monismo
radical) que entendem serem todos os processos mentais apenas o resultado das atividades neu-
roendócrinas do organismo, como proclamam os materialistas teóricos, evolucionistas etc., mas o
termo monista é aplicável inclusive até a diferentes linhas teológicas e filosóficas. Entre esses úl-
timos também existem monistas radicais, mas a grande maioria dos teólogos e filósofos monistas
crê no monismo dualista, isto é, o homem é único, mas constituído de “corpo e mente”, sendo
que a mente não se mantém sem o corpo e o corpo não sobrevive sem a mente.
A mente designa todo o psiquismo humano: “a mente, com frequência, é usada como si-
nônimo da alma imaterial, ou, então, é considerada como uma propriedade ou atributo da alma”
(CHAMPLIN, 2002, vol. 5, p. 393). Em outras palavras, o monismo dualista não difere muito do
dicotomismo.
George Eldom Ladd (1911-82), ministro batista e professor de teologia na Nova Inglater-
ra, afirma: “A recente erudição tem reconhecido que termos como corpo, alma e espírito não são
diferentes faculdades separadas do homem, mas diferentes modos de ver a totalidade do homem”
(HOEKEMA, 2010).
Para os teólogos monistas, o texto bíblico não é claro em distinguir alma de espírito, e as
duas palavras quase sempre são utilizadas de maneira intercambiável. Para os monistas, mesmo
textos como 1Ts 5.23 e Hb 4.12 não deixam claro haver uma distinção entre alma e espírito,
além disso não fazem uma separação formal entre a parte imaterial e a parte material do ser hu-
mano (Hb 4.12; 1Co 14.14). Explicam que quando o texto faz uma distinção entre o homem na-
tural e o homem espiritual, o texto está enfatizando a condição da pessoa antes e após a conver-
são (1Co 2.14-15; 3.1-4), e não necessariamente uma distinção de diferentes aspectos dentro do
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Antropologia: Tricotomismo, dicotomismo e monismo
ser humano. Exemplo disso pode ser visto no Salmo 63.1: “Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te
busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exa-
usta, sem água”. Neste salmo, Davi não diferencia a parte material da imaterial na busca a Deus.
Se for considerado o paralelismo sinonímico da poesia hebraica, a conclusão que se chega é que
corpo e alma são utilizados como sinônimos nesse verso. O mesmo caso de intercâmbio entre a
parte material e imaterial pode ser visto em Sl 73.26; Rm 8.11; 1Co 6.19-20.
Outro ponto que reforça esse monismo radical é o fato de que Paulo apresenta o pecado
como algo originado tanto da parte material como da parte imaterial, e que as duas partes devem
igualmente ser salvas (Rm 6.12-13; 8.23).
Hoekema resume essa polêmica nas seguintes palavras:
Aliada a essa tendência da teologia moderna, a partir de 1960 as novas descobertas das
neurociências (neurologia, neuroanatomia, neurofisiologia, neurobiologia, neuroquímica, neuro-
farmacologia, neuropsicologia, psiquiatria, psicopatologia, psicossomática etc.) também têm de-
monstrado que o homem é um ser integral, sem distinção entre o corpo e a mente.
Em 1973, Edward Joseph Hoffman (1942-2004) e Michel Edward Phelps (n. 1939), pes-
quisadores da Universidade de Washington inventaram o tomógrafo por emissão de pósitrons,
mais conhecido por PET (Positrons Emission Tomography), cujo objetivo era fazer um diagnós-
tico mais preciso de câncer no interior da cavidade craniana, sem ser invasivo. Com o aperfeiço-
amento do PET na década de 1990, foi possível observar o funcionamento dos diversos órgãos
encefálicos, não apenas nas atividades relacionadas ao controle muscular, controle visceral e ati-
vidades racionais, como também das atividades emocionais, éticas e morais, e até mesmo das
atividades antes consideradas espirituais (oração, meditação, êxtase espiritual, manifestações ca-
rismáticas, milagres etc.). Em outras palavras, o PET permitiu identificar um componente orgâ-
nico para as atividades espirituais, que é a região límbica.
Quando se usam termos como cérebro, encéfalo, sistema nervoso etc., tais palavras se re-
ferem à estrutura morfofisiológica responsável pelo controle de todas as atividades mecânicas,
viscerais e mentais do homem. Quando se usam termos como pensamento, intelecto, personali-
dade etc., tais palavras se referem às atividades típicas do psiquismo humano, a mente, como é
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Antropologia: Tricotomismo, dicotomismo e monismo
chamada em uma linguagem mais contemporânea.
Sem a estrutura física (cérebro, nervos e órgãos associados) não há mente (psiquismo);
sem a mente de nada adianta o corpo, pois ele morre e entra em processo de decomposição. A
discussão agora está em saber se a mente é um produto do corpo ou algo que existe independente
do corpo e sobrevive a ele após a morte física.
Embora a Bíblia veja o homem como uma totalidade, ela também reconhece
que o ser humano possui dois lados: o físico e o não-físico. Ele possui um corpo
físico, mas ele também é uma personalidade. Ele tem uma mente com a qual ele
pensa, mas também um cérebro que é parte do seu corpo, e sem o qual ele não
pode pensar. Quando as coisas andam errada com ele, é necessária uma cirurgia,
mas outras vezes ele pode precisar de um aconselhamento. O homem é uma
pessoa que pode, contudo, ser vista de dois ângulos (HOEKEMA, 2010).
Uma palavra muito em voga atualmente é psicossomática (do grego: psychē = alma, vida
+ sōma = corpo). O homem é um ser psicossomático, a junção do psíquico e do orgânico, onde
qualquer alteração orgânica interfere diretamente sobre o psiquismo, e qualquer alteração psíqui-
ca tem sua manifestação imediata sobre o corpo. Este termo designa o homem como uma unida-
de, mas ao mesmo tempo como tendo dois aspectos diferentes.
Visto que o homem é uma pessoa total, o espiritual e o mental são aspectos de
uma totalidade, de forma que cada aspecto influencia e é influenciado pelo ou-
tro. Howard Clinebell diz o seguinte: “A saúde espiritual é um aspecto indis-
pensável da saúde mental. Os dois podem estar separados somente numa base
teórica. Nos seres humanos vivos, a saúde espiritual e mental estão insepara-
velmente entrelaçadas” (HOEKEMA, 2010).
Este assunto será mais bem explorado em outra disciplina (Fé, religião e saúde mental).
Antes de encerrar é importante destacar que as experiências de quase morte (EQM) têm
demonstrado que a mente continua existindo mesmo após a morte física da pessoa, o que corro-
bora a ideia do dualismo, mas nesse estado pós morte a pessoa apresenta as mesmas característi-
cas visíveis para si mesma que quando estava viva, o que corrobora a ideia do monismo, mas is-
so também é assunto para outro momento.
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Antropologia: Tricotomismo, dicotomismo e monismo
Nada de novo há com a ideia de que o homem é mais do que o seu corpo físico,
e que ele não depende do mesmo para continuar existindo. Nossos credos e
dogmas nos têm assegurado isso desde milhares de anos atrás. A novidade con-
siste nas evidências científicas, fidedignas, que nos informam que os teólogos e
filósofos estavam certos o tempo todo (CHAMPLIN, 2002, vol. 5, p. 395).
Referências
CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia. São Paulo: Hagnos,
2002.
ELWELL, Walter A. Enciclopédia histórico-teológica da igreja cristã. São Paulo: Vida Nova,
1990.
HOEKEMA, Anthony. Criados à imagem de Deus. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.
LEITE Filho, Tácito da Gama. O homem em três tempos. Rio de Janeiro: CPAD, 1983.
PINHO, Gilson de Almeida. Alma – O verdadeiro homem interior: Uma introdução à psicolo-
gia bíblica. São José dos Campos, 2002.
______. Espírito – A semelhança divina do homem. São José dos Campos, 1999.
SILVA, Severino Pedro da. O homem: Corpo, alma e espírito. 1988. Rio de Janeiro: CPAD,
1988.
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