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DA IGREJA CRISTÃ
UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
Prof.ª Tathyane Lucas Simão
Prof. Ivan Tesck
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
231.044
S854h Stigar, Robson
142 p. : il.
ISBN 978-85-69910-84-8
1.Teologia.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Robson Stigar
APRESENTAÇÃO...........................................................................01
CAPÍTULO 1
A Igreja Cristã na Antiguidade................................................... 09
CAPÍTULO 2
A Igreja Medieval.......................................................................... 45
CAPÍTULO 3
A Igreja Renascentista e Moderna............................................ 79
CAPÍTULO 4
A Igreja Contemporânea........................................................... 107
APRESENTAÇÃO
Nesta obra “História e Teologia da Igreja Cristã”, procuramos apresentar de
forma rápida e objetiva a Igreja na Antiguidade, na Idade Média, no Renascimento,
na Idade Moderna e na Contemporaneidade.
O autor.
C APÍTULO 1
A Igreja Cristã na Antiguidade
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Capítulo 1 A Igreja Cristã na Antiguidade
Contextualização
O objetivo deste capítulo é realizar um pequeno estudo sobre a história da
Igreja Cristã na Antiguidade, período que compreende de 30 depois de Cristo até
476. Precisamos entender a expansão da Igreja Cristã neste contexto histórico e
geográfico, bem como compreender o crescimento do Império Romano.
Esta obra tem caráter de introdução, já que temos quase cinco séculos de
história sendo apontados em poucas páginas. Destacamos, entretanto, que cabe
ao aluno o desafio de seguir adiante, motivado com o espírito crítico e acadêmico,
buscando por novas informações e conhecimentos, pois esta é a dinâmica do
meio acadêmico e teológico.
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Roma se solidificou como o maior império que já existiu, sendo híbrida em sua
formação, ou seja, composta de várias culturas, devido às conquistas territoriais ao
longo dos tempos realizadas em suas guerras. Os romanos conquistaram grande
parte do Oriente e todo o Ocidente durante os dois últimos séculos antes da Era Cristã
e também na guerra civil interna, onde venceu Júlio César, em 100 a.C. – 44 a.C.
A partir desse momento, com a paz sedimentada, Otávio Augusto (63 a.C.
– 14 d.C.), o primeiro imperador romano, reorganizou o estado, delimitou as
fronteiras, abriu estradas (85 mil quilômetros), promoveu construções por toda a
extensão do império, de quase cinco milhões de quilômetros quadrados (divididos
hoje entre 30 nações). Com isso, assegurou um período inédito de estabilidade
em toda a região ao redor do mar Mediterrâneo (PIOPPI, 2012).
A pax romana
facilitou, o A pax romana facilitou, durante décadas, até mesmo nas regiões
desenvolvimento mais expostas do Império, o desenvolvimento de formas políticas,
de formas políticas, sociais e culturais que se contavam entre as mais “modernas”, segundo
sociais e culturais consideravam os antigos. À medida que seu poderio se expandia, os
que se contavam cidadãos romanos foram se envolvendo com a exploração e o controle
entre as mais
dos territórios submetidos (LE ROUX, 2013).
“modernas”.
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Capítulo 1 A Igreja Cristã na Antiguidade
Após sua morte, Otávio Augusto foi sucedido pelos imperadores Tibério (42
a.C. – 37 d.C.), Caio (12-41), Cláudio (10 a.C. – 54 d.C.) e Nero (37-68). Com
o suicídio de Nero, seguiu-se novo período de guerra civil, conhecido como o
ano dos quatro imperadores (69). Ao final desse ano, o comandante das forças
militares romanas em combate na primeira guerra judaico-romana, Vespasiano
(9-79), foi aclamado o novo imperador.
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Pioppi (2012) destaca que no século IV a igreja teve que enfrentar uma forte
crise interna: trata-se da questão ariana. Ário, presbítero de Alexandria, no Egito,
defendia teorias heterodoxas, pelas quais negava a divindade do Filho, que seria,
assim, a primeira das criaturas, embora superior às outras. A divindade do Espírito
Santo era também negada pelos arianos.
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Capítulo 1 A Igreja Cristã na Antiguidade
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
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Capítulo 1 A Igreja Cristã na Antiguidade
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
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Capítulo 1 A Igreja Cristã na Antiguidade
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Os outros missionários foram aqueles que foram espalhados por toda parte
na perseguição que se seguiu ao martírio de Estevão (At: 8:4). Estes foram
pregando na Fenícia, no Chipre e na Antioquia, mas sempre aos helenistas.
Um dos convertidos de Chipre e de Cirene (Líbia) pregou aos helenos (gregos)
em Antioquia.
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Capítulo 1 A Igreja Cristã na Antiguidade
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
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Capítulo 1 A Igreja Cristã na Antiguidade
O Cristianismo Primitivo
A denominação ‘cristianismo primitivo’ compreende o período que A denominação
se estende da morte de Jesus em 33 a.D. até a chamada “conversão ‘cristianismo
de Constantino” (306-337), ocorrida ao que parece no ano de 337 primitivo’
d.C. Este período pode ser dividido em três fases: a) a primeira fase compreende o
está situada entre a época da vida de Jesus até o ano 100, data em período que se
estende da morte
que a maioria dos contemporâneos de Jesus já havia falecido; b)
de Jesus em 33
a segunda fase vai do ano 100 ao ano de 250, no momento em que a.D. até a chamada
o cristianismo se propagava fora da Palestina, principalmente nas “conversão de
províncias romanas mais antigas (Síria, Ásia Menor, Egito e, é claro, Constantino” (306-
pela Itália, especialmente em Roma), sem, no entanto, constituir uma 337), ocorrida ao
religião universal; e c) o terceiro momento abrange a época em que que parece no ano
de 337 d.C.
o cristianismo foi mais intensamente perseguido pelo estado romano
(entre 250 e 311) até sua aceitação como religião do estado imperial
romano a partir de 391 (FRÖLICH, 1987).
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
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Capítulo 1 A Igreja Cristã na Antiguidade
Diz-se que foi Nero quem ateou fogo à cidade, contudo essa acusação ainda
é discutível. Entretanto, a opinião pública responsabilizou Nero por esse crime. A
fim de escapar dessa responsabilidade, Nero apontou os cristãos como culpados
do incêndio de Roma, e moveu contra eles tremenda perseguição.
O fogo durou seis dias e sete noites e depois voltou a se acender em diversos
lugares por mais três dias. Milhares de cristãos foram torturados e mortos, muitos
serviram de iluminação para a cidade, amarrados em postes e sendo-lhes ateado
fogo, muitos foram vestidos com peles de animais e jogados para os cães.
Nesta época morreram: Pedro, que foi crucificado em 67; Paulo, que foi
decapitado em 68, e Tiago, que foi apedrejado depois de ser jogado do alto do
templo. Além de serem torturados e mortos, serviram de diversão para o povo,
promovendo a velha política da Antiguidade, “pão e circo”.
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
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Capítulo 1 A Igreja Cristã na Antiguidade
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Os Concílios
Antes de adentrarmos nos concílios da Igreja Cristã da Antiguidade
propriamente, entendemos que se faz necessária uma rápida conceituação do
que vem a ser um concílio em primeiro momento, bem com apresentar quantos
concílios tivemos ao longo da história da Igreja Cristã.
OS PRINCIPAIS CONCÍLIOS
Concílios Medievais:
• Latrão I (1123)
• Latrão II (1139)
• Latrão III (1179)
• Latrão IV (1215)
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Capítulo 1 A Igreja Cristã na Antiguidade
• Lyon I (1245)
• Lyon II (1274)
• Vienne (1311-1312)
Concílios da Reforma:
• Constança (1414-1418)
• Basileia-Ferrara-Florença-Roma (1431-1445)
• Latrão V (1512-1517)
• Trento (1545-1548/1551-1552/1562-1563)
O Concílio de Niceia I
Considerado como o primeiro dos três concílios fundadores da Igreja
Católica, o Concílio de Niceia I foi a primeira conferência de bispos ecumênica da
Igreja cristã, foi realizado de 20 de maio de 325 a 19 de junho de 325, em Niceia
(hoje İznik), cidade da Anatólia (hoje parte da Turquia).
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
O Concílio de Niceia I reuniu 318 bispos por um período de dois meses para
resolver as diferenças entre Alexandre e Ário. Bispos de todas as províncias
foram chamados ao primeiro concílio ecumênico em Niceia: um lugar facilmente
acessível à maioria dos bispos, especialmente aos da Ásia, Síria, Palestina, Egito,
Grécia, Trácia e Egrisi.
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Capítulo 1 A Igreja Cristã na Antiguidade
• A celebração da Páscoa;
• A questão ariana;
• O cisma de Milécio;
• O batismo de heréticos;
• O estatuto dos prisioneiros na perseguição de Licínio;
• Estabelecimento da ordem de dignidade dos Patriarcados: Roma,
Alexandria, Antioquia, Jerusalém.
Foi no Concílio de Niceia I que se decidiu então resolver a questão, A páscoa dos
estabelecendo que a Páscoa dos cristãos seria sempre celebrada no cristãos seria
sempre celebrada
domingo seguinte ao plenilúnio após o equinócio da primavera. Apesar
no domingo seguinte
de todo esse esforço, as diferenças de calendário entre Ocidente e ao plenilúnio após
Oriente fizeram com que esta vontade de festejar a Páscoa em toda a o equinócio da
parte no mesmo dia continuasse até os dias de hoje. primavera.
Por outro lado, estavam Alexandre e o jovem Atanásio, que afirmava que
o Logos era eterno e era o próprio Deus que apareceu em Jesus. Deus é Pai
apenas porque é o Pai do Filho. Assim o Filho não teria tido começo e o Pai
estaria com o Filho eternamente. Portanto, o Filho seria o filho eterno do Pai, e o
Pai, o Pai eterno do Filho.
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
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Capítulo 1 A Igreja Cristã na Antiguidade
O Concílio de Constantinopla I
O Concílio de Constantinopla I ocorreu de maio a junho de 381 depois de
Cristo, durante o pontificado do Papa Dâmaso I (366-384), naquela época era
imperador Teodósio Magno.
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
CREDO
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Capítulo 1 A Igreja Cristã na Antiguidade
O Concílio de Calcedônia
O Concílio de Calcedônia inicia em 8 de outubro de 451 e termina em 1º de
novembro de 451, durante o pontificado do Papa Leão I, no império de Marciano.
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
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Capítulo 1 A Igreja Cristã na Antiguidade
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
- Este concílio ensinou que Cristo possui duas vontades e duas op-
Data: 07/11 de 680 a 16/09 erações naturais, divina e humana, não opostas, mas cooperantes,
de 681 de sorte que o verbo feito carne quis humanamente, na obediência a
seu Pai, tudo o que decidiu divinamente com o Pai e o Espírito San-
Papa: Ágato (678-681) e to, para a nossa salvação.
Leão II (662-663)
- A vontade humana de Cristo “segue a vontade divina, sem estar
Imperador: Constantino em resistência nem em oposição em relação a ela, mas antes sendo
Pogonato subordinada a esta vontade todo-poderosa”.
- Contra os iconoclastas (destruidores de imagens): há sentido e li-
ceidade na veneração de imagens. “Para proferir sucintamente nossa
profissão de fé, conservamos todas as tradições da igreja, escritas
ou não escritas, que nos têm sido transmitidas sem alteração. Uma
delas é a representação pictórica das imagens (ícones), que concor-
CONCÍLIO DE NICEIA II
da com a pregação da história evangélica, crendo que, de verdade, e
não na aparência, o Verbo de Deus se fez homem, o que é também
útil e proveitoso, pois as coisas que se iluminam mutuamente têm
Data: 24/09 a 23/10 de 787 sem dúvida um significado recíproco”.
Imperador: Basílio de
Macedônia
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Capítulo 1 A Igreja Cristã na Antiguidade
Alguns anos mais tarde, o Imperador Teodósio aboliu o culto aos antigos
deuses romanos e tornou o cristianismo a religião oficial de Roma, através do
Édito de Tessalônica em 380, o que significou o nascimento da Igreja Católica
Apostólica Romana ou Igreja Romana.
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
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Capítulo 1 A Igreja Cristã na Antiguidade
Atividade de Estudos:
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Algumas Considerações
Como já havia sido apresentado na introdução deste capítulo, nosso objetivo
é realizar um pequeno estudo sobre a história da Igreja Cristã na Antiguidade,
tarefa difícil e complexa, dado o amplo período histórico que temos, pois são
quase cinco séculos de história, fatos e acontecimentos para serem apresentados
em poucas páginas.
Entendemos que seria oportuno promover um estudo acerca dos três grandes
concílios que ocorreram naquela época, que foram extremamente relevantes
para a história da civilização e da igreja, são eles: Niceia, Constantinopla e
Calcedônia. Por fim, procuramos um rápido estudo sobre as causas da queda de
Constantinopla, a fim de entendê-la.
Não temos aqui a intenção de esgotar o assunto, até porque, como já foi dito,
a presente obra é de caráter de introdução. Aproveitamos e desejamos ao nobre
leitor uma boa leitura, assim como sucesso em seus estudos e reflexões sobre a
história da Igreja Cristã, bem como da Teologia de forma geral.
Referências
ALBERIGO, G. História dos Concílios Ecumênicos. São Paulo: Paulus, 1997.
COMBY, J. Para ler a história da Igreja I - Das origens ao século XV. São
Paulo: Loyola, 1996.
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Capítulo 1 A Igreja Cristã na Antiguidade
HURLBUT, Jesse Lyman. História da Igreja Cristã. São Paulo: Vida, 1979.
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
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C APÍTULO 2
A Igreja Medieval
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Capítulo 2 A Igreja Medieval
Contextualização
Este capítulo pretende apresentar um estudo analítico sobre a formação de
monastérios da Igreja Medieval; conhecer sua história no Sacro Império Romano-
Germânico para que possamos entender como ocorreram os grandes cismas.
Pretendemos, ainda, estudar as Cruzadas, episódios tão marcantes e que nos
deixaram um legado; conhecer a Guerra dos Cem anos e as causas da queda de
Constantinopla.
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Para Pioppi (2012) nos séculos XIII e XIV houve a Alta Escolástica com
grandes realizações teológicas e filosóficas: Santo Alberto Magno, São Tomás de
Aquino, São Boaventura, o Beato Duns Scoto. No que se refere à vida religiosa, é
de grande relevância a aparição, no início do século XIII, das ordens mendicantes
(franciscanos e dominicanos).
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Capítulo 2 A Igreja Medieval
Fundada por São Bento em 529, em Monte Cassino. Essa ordem se tornou a
maior de todas as ordens monásticas da Europa. Suas regras exigiam obediência
ao superior do mosteiro; a renúncia a todos os bens materiais; e a castidade
pessoal. Cortava bosques, secava e saneava pântanos, lavrava os campos e
ensinava ao povo muitos ofícios úteis.
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
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Capítulo 2 A Igreja Medieval
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Os Padres da Igreja
Os padres da Igreja, entre eles Santo Agostinho, Justino (século II), Clemente
de Alexandria (séculos II e III) e Orígenes (século III), inauguraram uma maneira
de pensar o Cristianismo e buscaram instrumentos para justificar a fé e defender
a doutrina cristã. Para isso, utilizaram-se da filosofia grega e do pensamento
helênico, formulando, então, a Filosofia Patrística.
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Capítulo 2 A Igreja Medieval
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
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Capítulo 2 A Igreja Medieval
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Atividade de Estudos:
A EMERGÊNCIA DA CRISTANDADE
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Capítulo 2 A Igreja Medieval
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Pioppi (2012) revela que nos séculos VII e VIII, logo após a morte de Maomé,
nasceu o Islamismo na Arábia. Os árabes se lançaram numa série de guerras
de conquista que os conduziram à constituição de um vastíssimo império, dentre
outros; subjugaram os povos cristãos da África do Norte e da Península Ibérica
e separaram o mundo bizantino do latino-germânico. O mesmo pesquisador
apresenta que, nos finais do século VIII, institucionalizou-se o poder temporal do
Papado (Estados Pontifícios), que já existia de fato desde o final do século VI;
tinha surgido com o propósito de suprir o vazio de poder criado na Itália central
pelo desinteresse do poder imperial bizantino, nominalmente soberano na região,
mas incapaz de prover a administração e defesa da população. Com o tempo,
os papas verificaram que um limitado poder temporal era uma eficaz garantia
de independência em relação aos diversos poderes políticos (imperadores, reis,
senhores feudais).
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Capítulo 2 A Igreja Medieval
Pioppi (2012) apresenta em sua pesquisa que na noite de Natal do ano 800
restaurou-se o império no Ocidente (Sacro-Império Romano): o Papa coroou
Carlos Magno na basílica de São Pedro; nasceu, assim, um Estado Católico
com aspirações universais, caracterizado por uma forte sacralização do poder
político, e um complexo entrecruzar de política com religião, que durou até 1806.
Segundo o autor, no século X, o papado sofreu uma grave crise por causa das
interferências das famílias nobres da Itália central na eleição do Papa e mais em
geral, devido aos reis e senhores feudais terem se assenhoreado da nomeação
de muitos cargos eclesiásticos.
A reação papal diante de tão pouca edificante situação, ocorreu no século XI,
através da reforma gregoriana e a chamada “questão das investiduras”, em que
a hierarquia eclesiástica conseguiu recuperar amplos espaços de liberdade em
relação ao poder político.
Para Pioppi (2012) nos séculos XIII e XIV, houve o apogeu da civilização
medieval, com grandes realizações teológicas e filosóficas (a Alta Escolástica:
Santo Alberto Magno, São Tomás de Aquino, São Boaventura, o Beato Duns
Scoto), literárias e artísticas.
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Papa: Virgílio (537-555) - “Toda economia divina é obra comum das três pessoas div-
inas. Pois da mesma forma que a Trindade não tem senão
Imperador: Justiniano uma única e mesma natureza, assim também, não tem
senão uma única e mesma operação”.
• Imperador: Constanti- - Verbo de Deus se fez homem, o que é também útil e prove-
no VI itoso, pois as coisas que se iluminam mutuamente têm sem
dúvida um significado recíproco”.
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Capítulo 2 A Igreja Medieval
Imperador: Basílio de
Macedônia
CONCÍLIO DE LYON I
Papa: Inocêncio IV
(1243-1254)
CONCÍLIO DE LYON II
- Rejeição do conciliarismo.
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Capítulo 2 A Igreja Medieval
O Poder Papal
Foi com o Papa Gregório I, o Grande, que houve um período de crescimento
do poder papal e que teve o apogeu no tempo de Gregório VII, mais conhecido
por Hildebrando.
Estevão VI, foi aprisionado e morto. Posteriormente, foi eleito o Papa Marino,
cujo pontificado durou apenas alguns meses. João X, feito papa, procurou ab-
rogar os atos de Estevão, e de fato ab-rogou muitos deles. Leão V, depois de um
breve pontificado, foi morto por seu próprio capelão seu sucessor (PIOPPI, 2012).
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Quadro 4 – Papas
Conseguiu que um concílio realizado em Roma decretasse que
Siricius nenhum bispo deve ser consagrado sem o conhecimento e con-
(354-398) sentimento do bispo de Roma. Mesmo que seja um decreto falso,
é muito antigo e exerceu grande influência.
Demonstrou grande ousadia em explorar as reivindicações de Roma,
Inocêncio I exigindo submissão universal a sua autoridade. Insistia que era a
(402-417) obrigação de todas as igrejas ocidentais se conformarem aos cos-
tumes de Roma.
Durante o exercício do seu papado, foi resolvido a mui agitada questão
Celestino do direito de apelar a Roma decisões nas províncias. Celestino ma-
nipulou as questões de uma maneira que sempre saía ganhando o
(422-432) prestígio de Roma, até o ponto de dispensar os cânones de um con-
cílio geral.
Homem humilde, insistia que era sucessor de Pedro e que não se pode
Leão I infringir a autoridade deste. Conseguiu do jovem e fraco imperador Val-
(440)-461) entino III um edito em que reconhece a primazia da sé de Pedro e
insiste que ninguém pode agir sem a permissão desta sé.
Possivelmente o maior papa deste período, filho de um senador, adotou
o costume monástico. Pretendia ser missionário aos ingleses quando
Gregório I foi consagrado papa aos 49 anos de idade. Reclamou que Máximo foi
eleito patriarca de Constantinopla no lugar de seu candidato e suspen-
(589-604) deu todos os bispos que o consagraram sob pena de anátema de Deus
e do apóstolo Pedro. Repreendeu o patriarca de Constantinopla por ter
assumido o título de bispo ecumênico.
Leão III O período começa com Leão III assentado na cadeira pontifical. Foi ele
(795-816) quem colocou Carlos Magno como imperador no ano 800.
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Capítulo 2 A Igreja Medieval
Estevão IV Este papa coroou o Rei Luiz, o Piedoso, em Roma, ato que elevou
(816-817) ainda mais a posição do papa.
Gregório IV Foi com esse papa que apareceram falsos documentos a favor da pre-
(827-844) rrogativa papal. Gregório defendeu Roma contra os sarracenos.
João VIII O maior problema durante o papado de João VIII foi a ameaça sarra-
cena, forçando-o a pedir ao novo imperador Carlos a sua proteção,
(872-882) mas Carlos e o papa aceitou o tratado humilhante com os sarracenos.
Famoso O papa Formoso subiu ao poder em 891 e, dois anos depois de san-
891 guinolento pontificado, morreu, provavelmente envenenado.
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Os Grandes Cismas
Neste momento haverá o estudo dos grandes cismas da Igreja que
influenciaram a igreja Cristã tanto positiva como negativamente. A seguir, os
fatos históricos como cismas: a separação da Igreja Católica do Oriente e a
do Ocidente; as Cruzadas, a Guerra dos Cem Anos; e a Reforma Protestante,
embora esta última já faça parte da Idade Moderna.
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Capítulo 2 A Igreja Medieval
Quadro 5 – Heresias
HERESIAS CARACTERÍSTICAS
Acreditavam que Jesus Cristo tinha a existência unicamente divina,
visão teológica que se opunha à prerrogativa ocidental da natureza
humana e divina de Cristo. Contrariavam ainda o dogma católico da
Monofisistas
Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) como representação
de Deus. O movimento dos monofisitas iniciou-se no século V e alca-
nçou sua maior força com o reinado de Justiniano.
Caracterizava-se pela oposição à adoração de imagens, levando-os
Iconoclastas a destruírem os ícones religiosos. Afirmavam, dessa forma, uma per-
cepção religiosa de caráter mais espiritual.
Outras situações culturais, políticas e sociais fizeram com que as duas Igrejas
desenvolvessem esse cisma:
As Cruzadas
Podem-se definir as Cruzadas como expedições “militares” e religiosas
organizadas na Europa Ocidental com o objetivo de libertar a Terra Santa dos
muçulmanos, objetivo este que tinha o Papa Urbano II. Com as Cruzadas, o papa
esperava conquistar não só Jerusalém e o Santo Sepulcro, onde Jesus teria sido
sepultado, mas também a liderança da cristandade, tanto do Ocidente, quanto do
Oriente, sobre o imperador e a Igreja bizantina que estava afastada da Igreja de
Roma desde o Cisma do Oriente de 1054 (PIOPPI, 2012).
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Com outras palavras, as Cruzadas nada mais eram que um grande movimento
da Idade Média, sob a inspiração e mandado da Igreja, que se iniciaram no fim do
século XI. Conforme Pioppi (2012), ocorreram oito cruzadas:
• A Primeira Cruzada foi anunciada pelo Papa Urbano II, que era composta
de 275.000 dos melhores guerreiros, para combater os sarracenos
que tinham invadido Jerusalém. Após grande batalha, Jerusalém foi
reconquistada.
• A Segunda Cruzada foi convocada em virtude das invasões dos
sarracenos às províncias adjacentes ao reino de Jerusalém. Sob a
influência de Luiz VII, da França e Conrado III, da Alemanha, um grande
exército foi conduzido para socorrer os lugares reconhecidos como
santos. Enfrentara grandes dificuldades, mas obtiveram vitória.
• A Terceira Cruzada foi dirigida por Ricardo I, " Coração de Leão",
da Inglaterra e outros como Frederico Barbarroxa, Filipe Augusto.
Barbarroxa morreu afogado e Filipe desentendeu-se com Ricardo I e
voltou para França. A coragem de Ricardo I, sozinho, não foi suficiente
para conduzir seu exército para Jerusalém. Contudo fez um acordo para
que os cristãos tivessem direito a visitar o santo sepulcro.
• A Quarta Cruzada foi um completo fracasso porque causou grande
prejuízo à Igreja Cristã. Os cruzados afastaram-se do propósito
de conquistar a Terra Santa e fizeram guerra à Constantinopla,
conquistaram-na e saquearam-na. Constantinopla ficou, posteriormente,
à mercê dos inimigos.
• Na Quinta Cruzada, Frederico II conduziu um exército até a Palestina e
conseguiu um tratado no qual as cidades de Jerusalém, Haifa, Belém e
Nazaré, eram cedidas aos cristãos, porém 16 anos depois, a cidade de
Jerusalém foi tomada pelos maometanos.
• A Sexta Cruzada foi empreendida por São Luiz. Invadiu a Palestina
através do Egito, mas não obteve êxito, foi derrotado pelos maometanos
e libertado por uma grande soma.
• A Sétima Cruzada teve também a direção de São Luiz, juntamente com
Eduardo I. A rota escolhida foi novamente a África, porém, São Luiz
morreu e Eduardo I voltou para ocupar o trono na Inglaterra e a cruzada
teve um fracasso total.
• A Oitava Cruzada aconteceu no ano de 1270, liderada pelo reinado
francês, o qual chegou até a região do Egito, dominado pelos
maometanos. Entretanto, antes da luta entre estes e os cruzados iniciar,
uma peste assolou o exército cristão, dizimando-o, forçando assim, um
acordo de paz.
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Capítulo 2 A Igreja Medieval
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Em 1305, foi eleito o Papa Clemente V, sua ação foi, desde logo, marcada
pela decisão de instalar o papado em Avinhão (1309 a 1378), aliado e submisso
aos interesses da monarquia da França, fato que prenunciava em relação à Igreja
Ocidental graves dificuldades e discórdias. Importante salientar que todos os
papas desse período foram bispos franceses.
A Queda de Constantinopla
A estabilidade do Império Bizantino foi ameaçada pelas dificuldades
financeiras. No auge do governo Justiniano, no século VI, quando se seguiu um
longo período de decadência. Com a morte de Justiniano em 565, as dificuldades
cresceram. Árabes e búlgaros intensificaram as tentativas de entrar no Império.
Durante a Baixa Idade Média (séculos X a XV), além das pressões dos povos
e impérios nas suas fronteiras orientais e perdas de territórios, o Império Bizantino
foi alvo da retomada expansionista ocidental, a exemplo das Cruzadas. Com a
expansão dos turcos-otomanos no século XIV, tomando os Bálcãs e a Ásia Menor,
o império acabou reduzido à cidade de Constantinopla.
72
Capítulo 2 A Igreja Medieval
Província após província do grande império foi tomada, até ficar somente a
cidade de Constantinopla, que em 1453, foi tomada pelos turcos sob as ordens
de Maomé II. O templo foi transformado em uma mesquita. Constantinopla,
atual Istambul, tornou-se a capital do Império Turco e o fim do período da Igreja
Medieval (PIERINI, 1997).
Reforma Protestante
A Reforma Protestante significa o fim da unidade católica, uma ruptura dessa
unidade e o surgimento de novas religiões cristãs dentro da Europa Ocidental. A
Igreja Católica, única unidade religiosa que vinha com grande poder até o início
da idade moderna, fragmentou-se em seu núcleo e em seu seio.
73
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
74
Capítulo 2 A Igreja Medieval
Algumas Considerações
O referido material de estudo procurou de forma simples, porém objetiva e
clara apresentar um estudo reflexivo e analítico sobre a história da Igreja Cristã
no Período Medieval. Procuramos promover uma transposição didática, ou seja,
trocar o conhecimento acadêmico para o pedagógico sem perder a essência
deste saber.
75
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Referências
ALBERIGO, G. História dos concílios ecumênicos. São Paulo: Paulus, 1997.
CAIRNS, E. O cristianismo através dos séculos. São Paulo: Vida Nova, 1984.
COMBY, J. Para ler a história da igreja I: das origens ao século XV. São Paulo:
Loyola, 1996.
76
Capítulo 2 A Igreja Medieval
77
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
78
C APÍTULO 3
A Igreja Renascentista e Moderna
80
Capítulo 3 A Igreja Renascentista e Moderna
Contextualização
No presente capítulo pretendemos apresentar um estudo analítico sobre a
Reforma Religiosa iniciada no século XVI, procurando compreender sua origem
e sentido, bem como as causas da Contrarreforma e o Concílio de Trento, ambos
realizados pela Igreja Católica em resposta à Reforma Religiosa realizada por
Martinho Lutero e outros reformadores.
81
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
82
Capítulo 3 A Igreja Renascentista e Moderna
Para Ferraz (2010), uma das forças que conduziram à Reforma foi a
Renascença, levando a Europa para novos interesses: literatura, artes, filosofia,
racionalismo, ciência, dentre outros. Em outras palavras, tivemos uma mudança
de paradigmas e métodos conceituais significativos que mudaram os rumos do
pensamento europeu, do teocentrismo para o antropocentrismo.
Segundo Ferraz (2010), existiam ainda outras causas e fatos que originaram
a Reforma Religiosa, os primeiros questionamentos são referentes a:
83
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
85
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Atividade de Estudos:
86
Capítulo 3 A Igreja Renascentista e Moderna
87
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
A Reforma Luterana
Segundo Lima (2012), a Reforma Religiosa Luterana foi proposta por Martinho
Lutero (1483-1546), que nasceu em Eisleben, na Saxônia, no dia 10 de novembro
de 1483. Lutero era filho de um empreiteiro de minas que atingiu certa prosperidade
econômica. Influenciado pelo pai, ingressou em 1501 na Universidade de Erfurt,
para estudar Direito, mas seu perfil era para a vida religiosa.
88
Capítulo 3 A Igreja Renascentista e Moderna
89
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
A Reforma Calvinista
Influenciado pelas ideias de Lutero, o francês João Calvino passou
Influenciado pelas
a divulgar uma nova doutrina religiosa em Genebra, na Suíça. Segundo
ideias de Lutero,
o francês João ele, todos os homens estavam sujeitos à vontade de Deus, sendo
Calvino passou a apenas alguns os predestinados à salvação (teoria da predestinação de
divulgar uma nova Santo Agostinho).
doutrina religiosa em
Genebra, na Suíça. O sinal da graça divina estaria em uma vida cheia de virtudes,
Segundo ele, todos
dentre as quais, o trabalho diligente, a sobriedade e a parcimônia em
os homens estavam
sujeitos à vontade relação aos bens materiais. A Bíblia era a base da doutrina, não sendo
de Deus, sendo necessário um clero regular para interpretá-la. Na opinião de Calvino,
apenas alguns os quanto mais sucesso a pessoa possuía nos negócios, mais próximo da
predestinados à graça de Deus.
salvação (teoria da
predestinação de
• Na França, os calvinistas eram chamados de Huguenotes (calvinistas
Santo Agostinho).
confederados).
• Na Inglaterra, eram denominados de Puritanos (protestantes calvinistas
radicais que buscavam a essência das escrituras, defensores da pureza
do indivíduo, da Igreja e dos valores da burguesia).
• Na Escócia, eram os Presbiterianos, termo que advém da palavra
grega presbyteros, que significa ancião, utilizada na entrada das igrejas
protestantes calvinistas da Escócia após a difusão das novas ideias
religiosas por John Knox, antigo aluno de Calvino.
O sinal da graça divina estaria em uma vida cheia de virtudes. Uma ética
religiosa bem recebida pela burguesia da época, bastante aproximada da ética
do capitalismo emergente, buscando inclusive desenvolver esta ética cristã,
primando pela honestidade nos negócios.
A Reforma Anglicana
O advento do anglicanismo relaciona-se aos interesses políticos e
econômicos do Rei Henrique VIII, governante inglês do século XVI. Em 1534, o
rei fundou uma nova Igreja Cristã, submetida a sua própria autoridade, rompendo
os laços com o papado romano.
90
Capítulo 3 A Igreja Renascentista e Moderna
A Contrarreforma
Segundo Ferraz (2010), após haver-se iniciado o movimento da O avanço do
Reforma Religiosa, um poderoso esforço também foi iniciado pela Protestantismo
levou a Igreja
Igreja Católica Apostólica Romana para recuperar o terreno perdido.
Romana a se
O avanço do Protestantismo levou a Igreja Romana a se reorganizar reorganizar política
política e pastoralmente para reagir à expansão da doutrina protestante e pastoralmente
pela Europa. para reagir à
expansão da
Para Santos (2012), a Igreja Católica precisava se autorreformar doutrina protestante
pela Europa.
ou não sobreviveria, pois precisava, ainda, evitar que outras regiões da
Europa virassem protestantes. Esse movimento de reforma interna já existia em
outras épocas, inclusive desde a Idade Média, mas é nesse momento na Idade
Moderna que ele é aprofundado e concretizado.
Para Moita (2012), a Guerra dos 30 Anos, que devastou a Europa central entre
1618 e 1648, foi um conflito de grande envergadura e de natureza compósita. Foi
simultaneamente uma guerra religiosa, um confronto entre as potências da época,
um choque entre interesses dinásticos e uma rebelião dos príncipes alemães
contra o imperador do Sacro Império Romano-Germânico.
92
Capítulo 3 A Igreja Renascentista e Moderna
O Concílio de Trento
O Concílio de Trento ocorreu na cidade de Trento, situada no Norte da
Itália. Durou 18 anos (1545 a 1563), pois foi realizado em três momentos, dado
o falecimento de dois dos três papas que o presidiram. Esses dois papas tiveram
que ser substituídos por meio de um Conclave, que é considerado um dos
concílios mais importantes da história da Igreja.
93
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
pôr fim aos abusos que deram causa à reforma. Esperavam que a separação
entre católicos e protestantes teria um fim, e que a Igreja ficaria outra vez unida,
entretanto isso não ocorreu.
Fonte: O autor.
94
Capítulo 3 A Igreja Renascentista e Moderna
Fonte: O autor.
95
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
96
Capítulo 3 A Igreja Renascentista e Moderna
97
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
98
Capítulo 3 A Igreja Renascentista e Moderna
As Perseguições
Para Ferraz (2010), as perseguições foram outra arma poderosa usada para
impedir a reforma que vinha crescendo rapidamente. Na verdade, desde o século
XIV já havia perseguições específicas para aqueles que defendiam uma reforma
religiosa. John Wycliffer foi um exemplo na Inglaterra, que defendia ideias próprias
contra as normas da Igreja Católica, ele não aceitava vários dogmas estabelecidos
pela Igreja Católica e buscava uma vida de acordo com o cristianismo original dos
primeiros séculos.
99
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
As Missões Católicas
Ferraz (2010) nos apresenta que os esforços missionários da Igreja
Católica Romana devem ser reconhecidos, também, como uma das forças da
Contrarreforma. Esses esforços eram dirigidos em sua maioria pelos jesuítas,
e tiveram como resultado a conversão das raças nativas da América do Sul, do
México e de grande parte do Canadá.
Já São João Batista de La Salle funda uma ordem religiosa voltada para
o ensino, e a ordem dos Cistercienses foi reformada pelo Abade Rancé, dando
origem à Ordem Trapista, ambas também têm grande relevância neste processo
missionário e evangelizador, como ações da Contrarreforma.
As Missões Protestantes e a
Implantação do Protestantismo no
Brasil
O protestantismo
O protestantismo tem como fonte de sua fé a Bíblia e defende a tem como fonte
livre interpretação da mesma, pois para Lutero só há revelação pelas de sua fé a Bíblia
escrituras. Assim sendo, acabou com imagens dos santos, com celibato, e defende a livre
com o latim das celebrações, desconsidera o magistério, só aceita os interpretação
sacramentos que aparecem na Bíblia, que são o Batismo e a Eucaristia. da mesma, pois
para Lutero só há
revelação pelas
A partir dessas teses, surge o chamado Protestantismo Histórico, escrituras.
e além dos luteranos, temos outras igrejas fazendo parte: Calvinista,
Anglicana, Presbiteriana, Batista e a Metodista. Todas essas buscaram promover
suas missões e evangelizações de acordo com seus ideais, carismas e princípios.
101
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Luteranismo
A Igreja Luterana foi fundada pelo alemão Martinho Lutero, que viveu de 1483
a 1546 e foi o responsável pela Reforma Protestante. Segundo Cairns (1984):
Anglicanismo
No que se refere
as suas doutrinas, Vertente do cristianismo, o anglicanismo surgiu em 1534 na
crenças e dogmas, Inglaterra, durante o reinado de Henrique VIII, onde o Estado tinha
o anglicanismo o controle sobre os cargos religiosos, nomeando padres, bispos e
também incorporou cardeais. Nesse período, as relações entre Henrique VIII e a Igreja
alguns princípios chegavam ao seu fim – quando o Papa Clemente VII se negou a anular
e semelhanças ao
seu casamento com Catarina de Aragão.
catolicismo, como
a fé na Bíblia,
os sacramentos No que se refere as suas doutrinas, crenças e dogmas, o
do Batismo e anglicanismo também incorporou alguns princípios e semelhanças
da Eucaristia. ao catolicismo, como a fé na Bíblia, os sacramentos do Batismo e da
Entretanto, as Eucaristia. Entretanto, as imagens e a autoridade papal não são aceitas
imagens e a
(CAIRNS, 1984).
autoridade papal
não são aceitas.
102
Capítulo 3 A Igreja Renascentista e Moderna
Calvinismo
A religião calvinista foi fundada por João Calvino (1509–1564), seus adeptos
acreditam que só Deus pode salvar a alma do homem e que os eleitos a serem
salvos já teriam sido determinados no céu. A doutrina segue os princípios do
protestantismo, que afirma o dogma da predestinação, pela qual o homem está
destinado à salvação ou condenação por escolha divina.
O calvinismo
O calvinismo defende ideias e princípios morais rígidos, o trabalho defende ideias e
e a poupança como duas virtudes a serem valorizadas pelo verdadeiro princípios morais
cristão, valoriza o trabalho e a contenção dos lucros, que atraíram rígidos, o trabalho
vários representantes da burguesia europeia. e a poupança
como duas
virtudes a serem
O calvinismo serviu de ponto de partida e inspiração para que o
valorizadas pelo
sistema capitalista se desenvolvesse, com ideias como a do trabalho verdadeiro cristão,
árduo e acúmulo de capitais, que impulsionaram o desenvolvimento dos valoriza o trabalho
negócios e empreendimentos, criando novas nações ricas. O sistema e a contenção
calvinista pode se resumir nos chamados Cinco Pontos do Calvinismo, dos lucros, que
elaborados durante o Sínodo de Dort realizado na Holanda, entre 1618 e atraíram vários
representantes da
1619, conhecidos pelo acróstico TULIP. Segundo Cairns (1984):
burguesia europeia.
103
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Algumas Considerações
Nesta unidade estudamos sobre as origens da Reforma Religiosa e as
consequências, como a Contrarreforma e o Concílio de Trento que ocorreram
consequentemente, e para não deixarmos o estudante alheio ao contexto histórico
das religiões reformadas, também realizamos um estudo sobre o luteranismo, o
calvinismo e o anglicanismo.
Referências
ALBERIGO, G. História dos Concílios Ecumênicos. São Paulo: Paulus, 1997.
CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. São Paulo: Vida Nova,
1984.
COMBY, J. Para ler a história da Igreja I. Das origens ao século XV. São Paulo:
Loyola, 1996.
104
Capítulo 3 A Igreja Renascentista e Moderna
HURLBUT, Jesse Lyman. História da Igreja Cristã. São Paulo: Vida, 1979.
LACOSTE, Jean Yves. Dicionário Crítico de Teologia. São Paulo: Loyola, 2004.
105
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
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C APÍTULO 4
A Igreja Contemporânea
108
Capítulo 4 AIgrejaContemporânea
Contextualização
Neste capítulo pretendemos apresentar um estudo analítico sobre os
concílios ecumênicos do Vaticano I e II, procurando compreender seu contexto
e importância, tanto para a história da civilização como para a história da igreja.
Pretendemos realizar um estudo reflexivo sobre a importância da renovação da
igreja protestante/evangélica para a igreja cristã e para a sociedade de forma
geral, apresentando como as rupturas e transições foram positivos para o seu
desenvolvimento.
109
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
110
Capítulo 4 AIgrejaContemporânea
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Fonte: O autor.
112
Capítulo 4 AIgrejaContemporânea
Por desejo expresso do beato papa João XXIII foram convidadas as igrejas
separadas de Roma: anglicana, igrejas alemãs, escocesas e orientais, das quais
muitas responderam positivamente. Além disso, contou com a presença de alguns
cristãos leigos como observadores e, sem sombra de dúvidas, foi o primeiro
concílio a receber tão numerosa participação de igrejas e seus representantes,
além dos leigos.
O concílio tinha como objetivo refletir sobre a igreja nos tempos atuais. As
suas decisões estão expressas nas quatro constituições, nove decretos e três
declarações elaboradas e aprovadas pelo respectivo concílio.
Dados Temas
Fonte: O autor.
113
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
a) Das constituições
b) Dos decretos
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Capítulo 4 AIgrejaContemporânea
c) Das declarações
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
116
Capítulo 4 AIgrejaContemporânea
ARenovaçãodasIgrejasProtestantese
Evangélicas
Segundo Suda (2014), de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), a porcentagem de pessoas que se declaram protestantes,
vêm crescendo a cada ano no Brasil. No início dos anos 2000, o Brasil passou
por um fenômeno que os especialistas chamam de trânsito religioso, ou seja, a
passagem de fiéis de uma religião para outra
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
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Capítulo 4 AIgrejaContemporânea
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
120
Capítulo 4 AIgrejaContemporânea
União das
Igrejas Evan- Treze igrejas locais originarias do trabalho do
gélicas Con- Fundação de casal Kalley se reuniram e formaram a União
1913
gregacionais denominação das igrejas Evangélicas Congregacionais do
do Brasil Brasil.
121
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
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Capítulo 4 AIgrejaContemporânea
Como se pode
Como se pode observar, com as informações apresentadas observar, com
no quadro, tem-se um rápido e constante crescimento das religiões as informações
protestantes e evangélicas no Brasil. Tal movimento, denominado de apresentadas no
trânsito religioso é extremamente relevante e positivo para a sociedade, quadro, tem-se um
rápido e constante
uma vez que não só permite desenvolvimento social, mas também
crescimento
cultural e espiritual para a sociedade, que como sabemos também das religiões
necessita de transcendência para o seu crescimento e amadurecimento. protestantes e
evangélicas no
Segundo Silva (2009), atualmente, os protestantes são conhecidos Brasil.
pelo nome de “evangélicos”, adquirido pela defesa da livre interpretação
dos evangelhos bíblicos. Entretanto, há vários pesquisadores que se esforçam
para classificar cada igreja em uma determinada categoria, mas as constantes
subdivisões acabam confundindo qualquer tentativa de classificação inflexível,
já que uma mesma igreja pode conter características de todas as categorias de
classificação ou uma categoria pode subdividir-se ainda outras vezes mais.
Para Silva (2009), sem o objetivo de firmar uma classificação rígida e esgotar
o assunto, pode-se estabelecer um tipo de caracterização que reduza ao máximo
as subdivisões. Observando que, em virtude de a religião ser demasiadamente
dinâmica a ponto de tornar-se sua classificação cada vez mais problemática,
o que pode ser demonstrado pelos diversos termos utilizados para melhor
elucidação dividir aquilo que hoje é chamado de evangélico em três categorias: os
tradicionais, os pentecostais e os neopentecostais, são eles:
123
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
124
Capítulo 4 AIgrejaContemporânea
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
O Pluralismo do Cristianismo:
Ecumenismo e Diálogo Interreligioso
Destaca se que O ecumenismo e o diálogo inter-religioso constituem neste início do
o ecumenismo século XXI um dos desafios mais imprescindíveis para a humanidade.
não é aceitar Tem-se falado inúmeras vezes que a paz entre as religiões constitui
simplesmente a
condição fundamental para a paz no mundo, entretanto, este horizonte
religião do outro
e suprimir a sua de fraternidade e diálogo encontra-se ainda bem distanciado.
como propõe a
ditadura relativista. Destaca se que o ecumenismo não é aceitar simplesmente a
Ecumenismo se religião do outro e suprimir a sua como propõe a ditadura relativista.
refere ao respeito Ecumenismo se refere ao respeito das religiões de mesma raiz. Refere-
das religiões de
se ao respeito e à tolerância religiosa.
mesma raiz. Refere-
se ao respeito e à
tolerância religiosa. Sem dúvida, o ecumenismo como o diálogo inter-religioso
são temas que vêm ao encontro da realidade humana que e são
essencialmente pluralistas. Começando pela constituição da natureza humana
que já vem caracterizada pelo gênero masculino e feminino. Somando a outras
condições que estão ligadas a fatores externos como costumes, língua, cor,
aparência física e outros. Pode-se concluir que existem mais diferenças do que
126
Capítulo 4 AIgrejaContemporânea
127
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Portanto, sempre haverá relação entre violência e religião, justamente por ser
a religião, parte da sociedade e de suas fontes conflitivas. Para responder qual o
motivo da relação com o divino em poder produzir morte e sua lógica; segundo
Küng (2004), a lógica consiste na afirmação de que se Deus está do nosso lado,
da nossa religião, nosso partido, nossa nação, então é lícito fazer qualquer coisa
contra o partido adversário, que deve ser o diabo. Logo, é normal, justo querer
destruir esse mal, mesmo em nome de Deus.
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Capítulo 4 AIgrejaContemporânea
Atividade de Estudos:
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
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Capítulo 4 AIgrejaContemporânea
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
científico. Nesse sentido, a ética deve estar sempre alerta, a fim de refletir se
essa manipulação, esse desenvolvimento vem respeitando a essência humana, a
dignidade humana.
a) A relevância da bioética
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Capítulo 4 AIgrejaContemporânea
Assim, a bioética precisa ser cada vez mais plural em suas relações, mais
intercultural, a fim de não ser mais um instrumento de dominação cultural. A
essência e o princípio da bioética, a priori, é sem dúvida a sua relação da ética
com a vida.
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
c) A transcendência
Nunca se ouviu tanto sobre ética, valores, não restando dúvidas de que a
crise ética é uma consequência das crises existenciais, crises de sentido à vida,
assim, para voltar à harmonia, é necessário reconstruir a pessoa humana, ou
seja, afirmar o sentido a existência.
AsIgrejasCristãsDiantedoConsumismo
e do Capitalismo
Os primeiros humanos produziam e consumiam apenas o necessário para
a sua sobrevivência. Quando necessitava de algo que não produzia, usava-se o
método de escambo, ou seja, procurava por alguém interessado pelo seu produto
134
Capítulo 4 AIgrejaContemporânea
para negociar. Com o passar dos tempos, surgiu a “moeda de troca”, ou seja, o
dinheiro, o que acabou gerando o acúmulo de riqueza, fato este que não o objetivo
(SANTOS, 2017).
Os judeus e os protestantes não viam problemas com este ato, o que ajudou
a fortalecer o capitalismo. O problema foi o desejo ganancioso e desenfreado
de acumular bens em excesso de forma ilícita, bem como a exploração sobre
a outra pessoa afligindo a dignidade humana alheia. Nesta perspectiva moral, a
igreja protestante sempre postulou críticas ao sistema econômico capitalista e ao
consumismo pagão.
A igreja católica, por sua vez, sempre vem alertando e criticando este
sistema desigual e alienante, pois além de gerar exclusão social, não permite
igualdade, fraternidade e justiça social. São inúmeras as desigualdades sociais
provocadas pelo capitalismo, pela industrial cultural, pela mídia, pelo consumismo
desenfreado, pelas ideologias de massa a serviço dos meios de comunicação.
135
HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
A atual sociedade tecnicista não remete ao ser humano seu devido valor,
esquecendo-se que a pessoa humana é um ser complexo e profundo que não
pode simplesmente ser reduzido a uma máquina, animal ou objeto, pois cada qual
é único e irrepetível. O homem deve ser considerado como indivíduo, uma unidade
e totalidade, valorizado em sua globalidade de aspectos que se encontram em
harmonia.
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Capítulo 4 AIgrejaContemporânea
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
138
Capítulo 4 AIgrejaContemporânea
Algumas Considerações
Nesta unidade estudamos os concílios ecumênicos do Vaticano I e II; a
renovação da igreja protestante/evangélica; o pluralismo do cristianismo a partir
do ecumenismo e do diálogo inter-religioso; o posicionamento das igrejas cristãs
diante dos avanços técnicos científicos; o posicionamento das igrejas cristãs
diante do consumismo e do capitalismo; objetivando com isso promover uma
breve análise crítica da igreja cristã contemporânea.
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Referências
ALBERIGO, G. História dos concílios ecumênicos. São Paulo: Paulus, 1997.
COMBY, J. Para ler a história da igreja i - das origens ao século XV. São
Paulo: Loyola, 1996.
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Capítulo 4 AIgrejaContemporânea
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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
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