Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O ESTUDO DAS
SAGRADAS ESCRITURAS
Texto compilado com
excertos da obra
Introdução Geral
Anos se passaram. Por volta do ano 800 DC, Carlos Magno, rei
da tribo dos francos que haviam se instalado na Gália, hoje
França, em cerca de 50 expedições militares conseguiu
transformar o reino dos francos em um grande Império que
abarcava praticamente todos os territórios correspondentes à
região ocidental do antigo Império Romano. Vendo que a divisão
do Império Romano estava consumada de fato, na noite de Natal
do ano 800 o Papa Leão III coroou Carlos Magno "Imperador
dos Romanos". Com isto passavam a existir agora dois
Impérios "Romanos". Um deles, com sede em Constantinopla,
passou a ser conhecido como Império Bizantino. O outro, no
Ocidente, passou a ser chamado de Império Carolíngeo. Graças à
nova ordem que havia se estabelecido, o tempo em que viveu
Carlos Magno foi uma época de reconstrução do que havia sido
devastado no Ocidente pelas invasões bárbaras. Foram
construídas novas estradas, cidades, postos militares, igrejas,
mosteiros e escolas.
Esta lei foi um grande avanço, mas foi apenas dois pontificados
mais adiante que o monge Hildebrando, agora já Papa Gregório
VII, pôde promulgar uma lei que se dirigia diretamente à raiz
dos males que tinham se alastrado na Igreja durante os últimos
séculos. Dali para a frente, por determinação pontifícia, ficava
proibido, sob pena de excomunhão, que um leigo investisse um
clérigo em cargos eclesiásticos.
Foi assim que, durante os séculos dos anos 1100 e 1200, a Igreja
foi se recuperando gradualmente do desastre que lhe havia sido
imposto pelo feudalismo. Um processo semelhante, porém,
ocorria na mesma época também com o poder civil.
Em pleno feudalismo não havia lei nos feudos: a lei era a vontade
do senhor feudal. Não havia juízes de direito: o juiz era o senhor
feudal. Os impostos eram aqueles que cada senhor feudal julgava
que devessem ser cobrados. Não havia polícia para prender
criminosos, nem exércitos para defender a nação; havia apenas
os súditos armados de cada senhor feudal. Como se não bastasse
o problema das incursões dos bárbaros, cada feudo vivia
constantemente em guerra com outros feudos. Entretanto, se a
nação inteira estivesse em perigo, seria muito difícil agrupar um
bom exército para defendê-la. Os transportes, as comunicações e
a segurança eram muito precários e cada feudo vivia semi
isolado, sem comércio e comunicações relevantes com o mundo
exterior.
Foi justamente no início dos anos 1100 que viveu Hugo de São
Vitor, um dos principais responsáveis pelo início do
reflorescimento da Teologia que se verificaria nos séculos XII e
XIII. Sem o reflorescimento havido nestes duzentos anos muita
coisa que hoje é patrimônio indelével da Igreja e da humanidade
não teria existido; não teria sido possível, em particular, a obra
de Santo Tomás de Aquino e a influência que ela veio a exercer
posteriormente na Igreja.
I.2. Notas biográficas sobre Hugo de São Vitor.
Muito pouco se sabe sobre a vida de Hugo de São Vitor. O principal
testemunho sobre sua pessoa é a sua própria obra, cuja luminosidade
tão evidente muito nos revela sobre sua pessoa muito do que seus
dados biográficos nos calam.
Todas estas três características estão presentes quase por igual nos
escritos de Santo Tomás de Aquino, que, vivendo no fim dos anos
1200, incorporou em suas obras, além de um profundo conhecimento
dos santos padres, a herança de dois séculos de trabalho de uma
multidão de eminentes teólogos. Mas no início dos anos 1100 estas
mesmas características se encontravam espalhadas de um modo
desigual entre os fundadores da Escolástica.
"pertence à leviandade;
o exercício, porém, à virtude" (20).
Hugo quer que o aluno nada exclua de seu interesse para com isto
aprender a buscar metodicamente a integridade do conhecimento
que é um todo ordenado cujas partes principais não podem ser
compreendidas em um só conjunto sem o concurso das partes
secundárias. Por isto é que o texto acima adverte que "as ciências
têm os seus degraus" e que é preciso nelas "prosseguir com ordem":
Casualmente,
descia por este caminho um sacerdote;
viu-o e passou adiante.
Igualmente um levita,
atravessando este lugar,
viu-o e prosseguiu.
`Cuida dele,
e o que gastares a mais,
em meu regresso te pagarei'.
1. Introdução.
Os dois principais meios pelos quais se alcança a ciência são o
estudo e a meditação. Entre embos o estudo ocupa, no
aprendizado, uma posição de anterioridade em relação à
meditação. Será, portanto, do estudo que iremos tratar em
seguida, explicando quais são os seus preceitos, e
interessando- nos mais particularmente pelo estudo das
Sagradas Escrituras.
Embora seja mais importante ser justo do que ser sábio, sei
todavia que muitos buscam no estudo do sagrado discurso
mais a ciência do que a virtude. Não considero reprovável,
porém, a busca de nenhuma destas duas coisas; ao contrário,
tenho como certo que ambas são necessárias e louváveis, pelo
que passarei a tratar brevemente de cada uma delas.
11. As Sagradas Escrituras e a formação das virtudes.
Consideremos primeiramente o que se deve abraçar nas
Escrituras para a formação das virtudes.
"Na paz",
diz o profeta,
"Meu filho",
diz ele,