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Texto da aula Aulas do curso

História da Igreja Antiga

A perseguição aos cristãos e o imperador Constantino


A perseguição mais sangrenta enfrentada pelo cristianismo foi a de Diocleciano. Ela deu início à era dos mártires
e, por pouco, não extinguiu os cristãos. Mas Deus, em sua providência, utilizou-se de Constantino para pôr um fim
à violência e fazer nascer um tempo de paz para a Igreja. Conheça os detalhes dessa importante época do
Cristianismo nesta aula de História da Igreja.

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O último grande imperador do Império Romano foi Diocleciano (284-305). Ele governou durante o período
que ficou conhecido como Baixo Império e, embora esse título tenha por objetivo apenas situá-lo
cronologicamente, tem sido utilizado também para fazer referência ao declínio do Imperio, à sua decadência
em todos os aspectos.

Diocleciano percebeu que o Império estava sendo ameaçado por inimigos externos e que poderia ser
esmagado também por seus problemas internos e, com suas habilidades estratégicas, encontrou a solução
mais adequada para o momento. O grande escritor Daniel-Rops, em cuja obra "A Igreja dos Apóstolos e dos
mártires" este curso se inspira, diz a respeito da ideia de Diocleciano:

Antes de mais, era necessário dar uma base sólida à obra de seus predecessores, os imperadores
ilíricos, e tornar impossível o retorno àquela terrível crise de anarquia que durante trinta anos ameaçara
fazer soçobrar o Império. Ocorreu-lhe que os territórios confiados à sua guarda eram excessivamente
vastos para as forças de um só homem, e que seriam indispensáveis vários chefes para manter a ordem
e defender as fronteiras. Ao mesmo tempo, esta partilha de autoridade podia servir para resolver de
uma maneira definitiva a sempre delicada questão das sucessões. Dois anos depois de assumir o
poder, em 286, associou a si um colega, Maximiano, um panônio inculto, soldado aventureiro de pêlo
hirsuto e feições obstinadas, mas dotado de uma energia feroz e que mantinha pelo seu amigo um
indefectível respeito. Maximiano adotou o sobrenome de Hércules, enquanto Diocleciano reservou para
si o de Júpiter, o que marcava bem as distâncias. O Império foi dividido em duas partes, ficando
Diocleciano com o Oriente e Maximiano com o Ocidente. Estava criada a diarquia. O sistema foi
completado em 293 com a criação de dois novos imperadores que, como os primeiros, exerciam o
poder em regiões distintas, ocupando no entanto uma categoria inferior. Diocleciano e Maximiano
detinham os títulos de Augustus, ao passo que os outros dois eram somente Césares. E assim nasceu a
tetrarquia. (p. 387)

Nos anos seguintes reinou uma relativa paz , na qual os cristãos puderam exercer a fé de modo tranquilo,
sem perseguições. Ao mesmo tempo, o Império Romano passava por transmutações, pois, "à medida que
progredia no caminho da organização pública e centralizadora, o sistema tetrárquico podia suportar cada
vez menos qualquer espécie de não-conformismo." Os tetrarcas haviam implementado o que nem os mais
loucos de seus predecessores haviam conseguido: eles se declararam deuses em vida, inclusive com rito
de adoração. Diante disso, Diocleciano entendeu que:

A oposição entre o cristianismo e este regime de coação oficial resultava da própria natureza dos dois
adversários: já então a Igreja, em face do totalitarismo, assumia uma atitude de recusa e de resistência.
Diocleciano acabou por compreender que os cristãos nunca colaborariam nos seus esforços e que se
conservariam substancialmente, na oposição. (p. 390, 391)

Sendo os cristãos obstáculos a serem vencidos, Diocleciano inicia a perseguição mais sangrenta e cruel da
história do cristinianismo. Contudo ela não aconteceu de modo repentino, pois, como foi dito, o Império e o
cristianismo viveram em paz por cerca de trinta anos. Historiadores contam que foi graças à instigação de
Galeno junto a Diocleciano, afirmando que havia a necessidade de uma depuração entre os oficiais que ela
de fato se iniciou. Após alguns acontecimentos pontuais envolvendo cristãos, finalmente Diocleciano
decidiu-se pela força e baixou um primeiro edito contra eles (24/02/303) proibindo os cultos, mandando que
as igrejas fossem destruídas, os livros sagrados incinerados e que os funcionários públicos abjurassem.
Todavia, o edito não incentivava a morte e a tortura dos cristãos e isso somente ocorreu após dois
incêndios bastantes suspeitos acontecerem no palácio de Diocleciano. Num deles, Galeno "abandonou a
capital, gritando que não queria ser queimado vivo e insinuando que não teria dificuldade alguma para
encontrar os responsáveis", claramente se referindo aos cristãos. Diante disso, Diocleciano foi tomado pelo
pavor e totalmente alucinado, tomou as seguintes medidas:

Exigiu que a mulher e a filha abjurassem expressamente, mandou prender o seu camareiro-mor, o
cristão Doroteu, assim como o bispo Antima e grande quantidade de sacerdotes e fiéis, que pereceram
no meio das mais horríveis torturas. Três editos sucessivos acentuaram passo a passo o rigor das
medidas, e pôs-se novamente em vigor a ordem de Décio pela qual todos os cristãos eram obrigados a
sacrificar. Desencadeava-se a perseguição sangrenta através do Império. (p. 392)

A perseguição continuou cada vez mais violenta e cruel visando sobretudo encontrar os livros sagrados
para queimá-los. Com isso inaugurou-se um novo período da era cristã: a era dos mártires, pois muitos
preferiram dar o sangue e a vida para proteger os livros e se manterem fiéis a Cristo. A perseguição mais
cruenta que o cristianismo enfrentou durou dez anos aproximadamente e contou com toda sorte de
atrocidades contra os cristãos, o que gerou inúmeros e detalhados relatos de martírios.

O homem que poria um fim à perseguição e mudaria os rumos do cristianismo chamava-se Constantino.
Filho de Constâncio Cloro, um dos tetrarcas, a quem coube o Império Romano do Ocidente, foi proclamado
Augusto, após a morte do pai e à revelia de Galeno, que lhe concedeu apenas o título de César. Após várias
vitórias militares, Constantino torna-se o único poder no Oriente. Esse feito gerou ainda mais inveja em
Magêncio, filho de Maximiano, porque já havia sido rejeitado em favor de Maximino Daia, filho do César
Maximiano, e, com a ascensão de Constantino ficou ainda mais enfurecido. Nesse estado de ânimo, decidiu
dar um golpe de estado em Roma, proclamou-se Augusto, assumindo o poder.
Magêncio declarou-se "o único soberano legítimo, o único descendente dos grandes imperadores", o que
motivou Constantino a empreender uma grande campanha contra ele. Marchou para Roma com 40.000
soldados, passando incólume pelos Alpes e obtendo inúmeras vitórias e capitulações do inimigo pelo
caminho. Roma, ao saber dessas notícias, trocou o desdém por Constantino pelo medo e entrou em
polvorosa. Magêncio consulta os futurólogos e ouve do oráculo que não deve sair da cidade, pois caso o
faça, morrerá.

Constantino marcha pela Via Flamínia, acampa nas proximidades de Roma no dia 27 de outubro e, no dia
seguinte, após uma grande batalha, vence os exércitos de Magêncio, o qual perece durante a luta, seu corpo
é encontrado boiando no rio, sua cabeça é cortada e exibida pela cidade espetada numa lança. Além da
vitória estratégica de Constantino, essa batalha tem ainda um outro significado: ela marca a conversão de
Constantino ao cristianismo, num episódio cercado de mistério e interpretações, mas que não pode ser
negado historicamente. Daniel-Rops narra o episódio da seguinte forma:

Uma noite - diz Lactâncio -, pouco antes da batalha, Constantino teve um êxtase durante o qual recebeu
de Cristo a ordem de colocar sobre o escudo das suas tropas um sinal formado pelas letras CH e R
ligadas; é este, com efeito, o monograma que se encontra nas moedas e inscrições constantinianas.
Quanto a Eusébio, informado - segundo diz - pelo seu herói imperial, que no fim da vida lhe teria
contado todos os pormenores do episódio, eis a sua versão: momentos antes de entrar na luta contra
Magêncio, Constantino apelou para o Deus dos cristãos e então, em pleno dia, viu no céu, para os lados
do poente, uma cruz luminosa com estas palavras em grego: "Com este sinal vencerás". Na noite
seguinte, Cristo apareceu-lhe e mostrou-lhe a cruz, convidando-o a mandar fazer uma insígnia que a
representasse. Esta insígnia é o Labarum, estandarte em forma de cruz que, a partir daí, acompanhou
os exércitos de Constantino. (p.407)

Muitos historiadores, ainda hoje, afirmam que a conversão de Constantino não passou de uma manobra
política para angariar a simpatia dos cristãos e unificar o Império. Contudo, os dados históricos
demonstram que Constantino era um homem que "acreditava", um crédulo. Anteriormente havia invocado o
deus sol, o chamado Sol Invictum, numa outra ocasião afirmou ter tido uma visão de Apolo. Não era um
cético. Além disso, sua mãe Helena, também era uma devota cristã. A ideia mais plausível é que Constantino
de fato converteu-se ao cristianismo, mas manteve os seus traços supersticiosos.

O Império Romano ainda era pagão. Enquanto a elite era pagã, a classe subalterna era cristã. Quando
Constantino se converteu e foi aceito em Roma como Imperador, a classe dirigente providenciou os rituais
pagãos necessários para sua posse. Ele aceitou submeter-se aos rituais por uma questão política, mas
também porque a superstição fazia parte da sua natureza, em que pese a conversão. Mais que isso, ele
permaneceu catecúmeno durante toda a sua vida, tendo sido batizado apenas em seu leito de morte. Esta
prática era comum naquela época, pois a Igreja administrava o sacramento da penitência de modo muito
rigoroso e, caso a pessoa tivesse cometido pecados muito graves, deveria passar longos anos em
penitência e mortificações. Esse fato não depõe contra Constantino.

Embora muitos vejam nessa conversão uma grande desgraça, pois a Igreja teria se "paganizado", é inegável
que Deus se utilizou desse homem - com todos os seus defeitos e mazelas - para dar à Igreja um tempo de
paz e de prosperidade, permitindo que ela florescesse, como de fato, aconteceu nos séculos seguintes.
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