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ECLESIOLOGIA

AULA 6

A Igreja e o Estado
RELIGIÃO E ESTADO ANTES DA ERA CRISTÃ

Para os homens antigos a distinção entre uma esfera religiosa e outra


não religiosa não teria qualquer sentido, pois tudo estava
profundamente permeado pelo sagrado. De maneira geral, no período
anterior aos hebreus, o relacionamento entre a religião e o estado (rei)
consistia numa união estreita das duas forças, o estado sendo
geralmente o parceiro dominante.
Em contraste, entre os antigos hebreus havia uma teocracia. A fé
mosaica não era simplesmente a religião do estado: ela era, pelo menos
até o início da monarquia, o próprio estado. A religião monoteísta de
Iavé, com as suas numerosas leis e instituições, regulava todos os
aspectos da vida dos israelitas, individuais e coletivos. Durante a
monarquia, muitas vezes houve conflitos entre os reis e a religião,
especialmente no reino do norte. Em linhas gerais, a teocracia hebraica
foi mais pura antes da monarquia e novamente na Diáspora, após o
exílio babilônico.
Fonte: internet
 Na Grécia antiga, como em outros lugares, não havia distinção entre o religioso e
o secular. A unidade entre religião e estado que caracterizava as cidades-
repúblicas gregas era aquela de um estado dominante e uma religião
subserviente. O cidadão ateniense, enquanto livre para cultuar os seus deuses
particulares, tinha o dever de participar do culto a Zeus e Apolo do modo prescrito
pela lei.

 Na Roma imperial, o imperador era também o Pontifex Maximus ou sumo


sacerdote da religião do estado. Por interesses políticos, César Augusto (27 AC-14
AD) ordenou a restauração dos templos e do antigo culto aos deuses. Ele também
iniciou a verdadeira religião da Roma pré-cristã: o culto ao imperador. Mais tarde,
quando esse culto tornou-se plenamente institucionalizado, a recusa em adorar a
César passou a ser vista como um ato de deslealdade, atraindo a ira do estado.

Fonte: Internet
CRISTÃOS E O ESTADO NO NOVO TESTAMENTO
 O cristianismo surgiu no contexto de uma relação tensa entre os judeus e o Império
Romano. Jesus ensinou claramente o princípio da separação entre os dois reinos com a
célebre declaração de Mt 22:21: “Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.
No seu nascimento e na sua morte, Jesus experimentou a ira dos poderes constituídos (Mt
2:3,13; 27:2,11,37; Lc 23:2,8-12), porém o seu maior conflito foi com o sistema religioso,
não com o sistema político.
 A atitude predominante de Atos é simpática às autoridades romanas. Procura-se eximi-las
da responsabilidade pela morte de Jesus (2:23; 3:13,17); quando as autoridades 
perseguem os cristãos, é por instigação dos judeus (13:50; 14:5; 17:5-9);
 Os cristãos são pacíficos e cumpridores da lei: eles são perseguidos injustamente (16:19-
22, 35-39; 18:12-16); em várias ocasiões, as autoridades os defendem (19:35-40; 21:31-36;
22:25-29; 23:21-24); Paulo reconhece a autoridade de César para julgá-lo (25:10-12).
 Fonte: Internet
 Os cristãos não fizeram qualquer tentativa de
formular uma teoria das relações entre a igreja e o
estado no período pré-constantiniano. Nos
primeiros séculos, embora não tivessem o direito
A IGREJA legal de existir, os crentes em geral seguiram a
admoestação paulina de sujeição às autoridades
PRIMITIVA E superiores (Rm 13:1), exceto quando tal sujeição
entrava em conflito com preceitos bíblicos ou a
pregação do evangelho (At 5:29).
O IMPÉRIO
ROMANO (64-  Durante cerca de 250 anos, a relação da igreja
nascente com o império foi em geral tensa e muitas
313 AD) vezes abertamente conflitiva. Nesse período, a
recusa dos cristãos em participar do culto imperial
atraiu muitas vezes a ira e a hostilidade do estado.

Fonte: Internet
PERÍODO TENSO E DE CONFLITOS
A primeira perseguição do governo romano contra os cristãos foi promovida por Nero
(54-68 AD), em conexão com o incêndio de Roma no ano 64. Sob suspeita de ter
ordenado o incêndio, Nero pôs a culpa nos cristãos, até então pouco conhecidos e mal
compreendidos pela população em geral.

O próximo perseguidor dos cristãos, ainda no primeiro século, foi Domiciano (81-96 AD).

 Nosegundo século, surgiu uma política “oficial” do império em relação aos cristãos, pelo
simples fato de serem tais, não cometiam crime contra a sociedade e o estado. Assim, os
recursos do estado não deviam ser gastos em ir ao seu encalço. Porém, uma vez
acusados e levados diante das autoridades, eles precisavam adorar os deuses do império
ou sofrer punições.

Fonte: Internet
 Entre os mártires ilustres desse período estão Inácio, bispo de
Antioquia(110); Policarpo, bispo de Esmirna (155); Justino Mártir
(165); e os cristãos de Lião e Viena (Gália, 177).

 Acusações contra os cristãos: ateísmo, incesto, canibalismo; eram


vistos como subversivos, desleais a Roma: sua recusa em participar
do culto imperial podia ofender os deuses e atrair males sobre o
império.

 Tertuliano: “o sangue dos mártires é semente”.

Fonte: internet
 Diocleciano (284-305) e seu vice (César) Galério (292-311)
promoveram a última, maior e mais cruel perseguição contra
a igreja primitiva.

 Convicção de que a existência do cristianismo estava


rompendo a aliança de Roma com seus deuses, o que punha
em risco o destino do império.

 Anos 303-304: decretos ordenando destruição de igrejas,


confisco dos livros sagrados, prisão dos líderes cristãos,
obrigatoriedade de oferecer sacrifícios. Outra vez, muitos
morreram, sofreram ou apostataram.
 
Em 306, Constantino (†337) foi aclamado imperador pelo exército e
tornou-se o “César” do ocidente.
Na véspera da famosa batalha da Ponte Mílvia, perto de Roma,
A ALIANÇA Constantino teve um sonho em que viu as primeiras letras do
nome de Cristo e as palavras “Com este sinal, vencerás”. Disposto
ENTRE A a confiar a sua causa ao Deus dos cristãos, ele fez com que o
IGREJA monograma Chi-Rho fosse pintado nos escudos dos soldados.
ANTIGA E Quando ele entrou em Roma em triunfo, os costumeiros tributos
de agradecimento aos deuses de Roma foram omitidos.
O ESTADO
O imperador havia lançado a sua sorte com a causa minoritária
(313-590)
dos cristãos e desde então considerou o Deus cristão como o
protetor do império e o patrocinador da sua própria missão de
reforma e reconstrução. (Ver Walker, 125.)
O estopim da Reforma foi um acontecimento que
demonstrou até que ponto a cumplicidade entre a
igreja e o estado era danosa para a vida moral e
espiritual da cristandade.
Vendas de indulgências.
O PERÍODO DA
REFORMA João Calvino (†1564) procurou fazer uma clara
PROTESTANTE distinção entre as esferas de ação da igreja e do
(1517-1648) estado, crendo que era dever do segundo manter a
  paz, proteger a igreja e seguir normas bíblicas nas
questões civis.
Os anabatistas e outros reformadores radicais
insistiram, a partir do seu entendimento das
Escrituras e das suas próprias experiências, na
necessidade da completa separação entre a igreja e o
estado.
VISÃO REFORMADA DESTA RELAÇÃO

 Deus estabelece na criação várias instituições para a ordem social, cada qual com
sua própria esfera de atividade e missão, e responsável por algo diante dele.
 A visão reformada da sociedade não se centraliza no indivíduo nem na instituição,
mas na soberania de Deus sobre as esferas da criação, nas quais diferentes
instituições estão debaixo do reinado de Deus.
Essa posição destaca que “todos os homens vivem numa rede
de relacionamentos divinamente ordenada.” Nesse sentido, “as
pessoas não encontram sentido ou propósito quer em sua
própria individualidade, quer como parte de um todo coletivo.”
Na verdade, “elas atendem a seus chamados dentro de uma
pluralidade de associações comunais, como família, escola e
Estado”, portanto “Deus ordenou cada uma dessas esferas de
atividade como parte da ordem original. Juntas, elas
constituem a comunidade da vida.”3 
 Nessa posição, a família, o indivíduo e a igreja são esferas
independentes do Estado, pois existem sem este, derivando sua
autoridade somente de Deus.
 O papel do Estado é mediador intervindo quando as diferentes
esferas entram em conflito entre si ou para defender os fracos
contra o abuso dos demais.
 Deste modo, a convicção que está por trás desta posição foi assim
expressa por Abraham Kuyper: “Na extensão total da vida humana
não há nenhum centímetro quadrado acerca do qual Cristo, que é
o único soberano, não declare: Isto é meu!”.4
ALGUMAS PREMISSAS QUE PODEM GUIAR O
ENTENDIMENTO EVANGÉLICO DA RELAÇÃO ENTRE O
CRISTÃO E A POLÍTICA:

Em primeiro lugar, afirma-se a distinção entre igreja e Estado, lembrando que


toda autoridade procede de Deus. As tarefas da igreja e do Estado são de dois tipos
e são distintas, não podendo ser confundidas. Deus instituiu o governo civil para
nosso benefício a fim de refrear o mal e promover o bem (Rm 13.1-7; 1Pe 2.13-17), e
deve haver distinção entre aquilo que é governado pela igreja e aquilo que está sob
a autoridade do governo civil (Mt 22.21).
A existência do Estado deve ser reconhecida como um dom e uma ordem de Deus.
Portanto, os que assumem cargos públicos devem reconhecer que sua autoridade é
delegada. O governo estabelecido por Deus é mediado pelo povo, que elege seus
governantes.
Em segundo lugar, rejeita-se o conceito de soberania absoluta do Estado e o
conceito de soberania absoluta do povo. Para a fé cristã, o poder reside em Deus e
em Cristo, que é o Senhor de todo poder e autoridade (Ef 1.21,22) e “o soberano dos
reis da terra” e “REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES” (Ap 1.5; 19.16),
comandando todas as esferas sociais. Somente Deus detém o poder absoluto:
“Porque o SENHOR é o nosso juiz; o SENHOR é o nosso legislador; o SENHOR é o
nosso rei; ele nos salvará” (Is 33.22).
Portanto, Deus é a fonte final da lei e de toda autoridade. Logo, prestar fidelidade ou
lealdade absoluta ao Estado é idolatria (Dn 3.1-30), pois é Deus quem estabelece o
certo por meio de sua lei, portanto deve-se compartilhar a lei de Deus por meio da
mudança das estruturas sociais. Por isso que, na mesma medida em que as leis
estabelecidas numa nação devem ser derivadas da lei de Deus, essas leis devem ser
aplicadas a todas as pessoas, incluindo os governantes.
Calvino escreveu:

O Senhor, portanto, é o Rei dos reis, e a ele devemos ouvir acima


de todos tão logo abra sua boca. De forma secundária, devemos
estar sujeitos aos homens que têm preeminência sobre nós, mas
somente sob a autoridade de Deus. Se as autoridades ordenarem
algo contra o mandamento de Deus, devemos desconsiderá-lo
completamente, seja quem for o mandante.
Em terceiro lugar, Deus delega autoridade tanto ao governante quanto às pessoas.
Ao ocupar um cargo de autoridade, nenhum homem tem poder sobre outro, a não
ser quando essa capacidade é delegada por Deus. Mas essa autoridade é relativa e
revogável. Por isso, os cristãos devem opor-se a todo sistema político totalitário.
Mais do que um direito, isto é um dever (Êx 1.17,21; Dn 3.18; 6.10; Et 4.16; Mt
2.8,12; At 4.18,20; 5.29).
A fé cristã honra as autoridades, embora negue ao Estado o direito de intervir em
matérias de culto, doutrina e ética. O respeito à autoridade é necessário, mas jamais
ao custo da liberdade de consciência, pois somente Deus é o único Senhor. Neste
sentido, “no momento em que os magistrados vão além dos limites de sua
autoridade, (…) tornam-se semelhantes aos ladrões, usurpadores e violadores”.8  Já
que a autoridade não é algo intrínseco ao governante, mas delegado por Deus, os
cristãos devem resistir, pelos meios corretos e legítimos, a quem exerce a autoridade
política contra a vontade de Deus.
Assim sendo, para a tradição reformada, o governo é governo
legítimo quando e na medida em que é servo de Deus. Assim, não
devemos identificar um governo, de forma direta e automática, com a
vontade de Deus.9  Nesse sentido, a resistência ao Estado que faça
mau uso da autoridade que lhe foi delegada deve ser entendida como
desobediência civil.10  Desde que exercido dentro de limites aceitáveis,
esse é um mecanismo legítimo a que tem direito todo cidadão e, de
forma específica, todo cristão, quando em confronto com um Estado
totalitário que interfere na esfera litúrgica, doutrinária ou ética, e
requer para si o que equivale à adoração (Ap 13.1-18). Portanto, a
“rebelião contra os tiranos é obediência a Deus”
Em quarto lugar, nenhuma ideologia é absoluta nem pode ser confundida com o
evangelho. Com acerto, a Declaração Teológica de Barmen afirma: “Rejeitamos a
falsa doutrina de que à Igreja seria permitido substituir a forma da sua mensagem e
organização, a seu bel-prazer ou de acordo com as respectivas convicções
ideológicas e políticas reinantes”.11  Sempre que cristãos identificam determinada
ideologia com o reino de Deus ou com a mensagem bíblica, essa mensagem não
apenas foi distorcida, como também acabou sendo obliterada
Por outro lado, a igreja deve manter vigilância sobre o Estado. Não se pretende com
isso substituir o sermão baseado na Escritura pelo discurso político. Adorar a Deus,
proclamar sua Palavra e ministrar os sacramentos é a principal tarefa da igreja,
além da qual não existe outra. Ao proclamar com fidelidade a Palavra de Deus, a
Igreja influencia o Estado, fazendo com que suas leis se conformem com a vontade
de Deus. De tal fidelidade ao chamado primário da comunidade cristã decorrem
consequências políticas e sociais na sociedade.
Em quinto lugar, o realismo cristão ressalta que a corrupção na política tem origem
primariamente no coração dos seres humanos. Se a doutrina da criação afirma a
dignidade humana, o ensino bíblico sobre a queda afirma a corrupção humana. Os
pecados individuais se tornam pecados estruturais, tais como idolatria, egoísmo
violência, despotismo, corrupção; estes acabam por afetar as estruturas do poder
constituído. Por isso, a igreja cristã “prega uma conversão interior dos governantes e
dos governados a Deus”, crendo que, a partir do arrependimento e quebrantamento
pessoal, as estruturas serão limpas de iniquidades.
Um ponto importante que se deve destacar aqui é que a “corrupção da chamada
classe política” deve ser interpretada como “um reflexo da sociedade, pois a
sociedade é corrupta e isso inclui a igreja”. Com consternação, constata-se que “o
povo de Deus deveria ser um exemplo de conduta e obediência, mas nossas ações
revelam que não somos muito diferentes da sociedade em geral”.13  Acabamos por
reproduzir os pecados da sociedade, em vez de influenciá-la, santificando-a.
Por outro lado, a revelação geral e a graça comum ensinam que “há princípios que, se
aplicados, produzirão a ética na política.” Essas são as doutrinas que proporcionam
a base dos valores éticos em pessoas que não são cristãs. Portanto, “o caminho para
a ética na política” não passa pela conversão de todos ao cristianismo, nem consiste
“em colocar em cargos políticos quem se professa cristão”, mas em “contribuir para
que a lei de Deus seja reconhecida” por todos.14  Por isso, podemos cooperar com
incrédulos como cobeligerantes na esfera política, lutando contra males aos quais
também nos opomos.
Em sexto lugar, por causa do pecado na sociedade, a república se torna não
apenas o melhor sistema, mas o sistema mais viável. A forma de governo que mais
se aproxima do modelo bíblico é a república, na qual a nação é governada pela lei
constitucional e administrada por representantes eleitos pelo povo. Porque somente
Deus concentra em si todo o poder (Is 33.22), deve haver a divisão e a separação
dos poderes executivo, legislativo e judiciário, de modo que nenhum governo ou
ramo do governo monopolize o poder.
Assim, a república se torna o melhor sistema, pois é a salvaguarda das liberdades
individuais, “designada para fragmentar o poder político, de modo que ele não
possa ameaçar as vidas, liberdades e propriedades”.17  Portanto, devido à inclinação
humana para a injustiça, advinda do pecado, a república torna-se necessária; e
devido à inclinação humana para a justiça, capacitada pela graça comum, a
república torna-se possível.
Como disse Winston Churchill, talvez o mais importante político do
século XX: “Muitas tentativas foram feitas para diferentes formas de
governo, e muitas ainda serão tentadas neste mundo de pecado e
dor. Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem
defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo,
salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de
tempos em tempos”.
PORTANTO, EM CONCLUSÃO, OS CRISTÃOS DEFENDEM
OS FATORES QUE DEFINEM UMA REPÚBLICA, QUE SÃO
AQUI ESBOÇADOS E QUE PODEM SER DEDUZIDOS OU
INFERIDOS DA ESCRITURA:
•    Ênfase nas funções primordiais do Estado, em que os governantes têm a
obrigação de zelar pela segurança do povo, afinal, para isso pagamos impostos (Rm
13.1-7);

•    Limitação da extensão e do poder do Estado, pois, a partir das Escrituras,


entende-se que o governo não tem autoridade para estabelecer impostos
exorbitantes, redistribuir propriedades ou renda ou confiscar depósitos bancários;
•    Separação e cruzamento fiscalizador (freios e contrapesos) entre os poderes executivo,
legislativo e judiciário, para que nenhum poder possua poderes absolutos, e para que sempre
haja entre os poderes separação, independência e harmonia;

•    Lembrar que o papel do Estado não é igualar a todos, mas dar oportunidade de ascensão
social a todos, investindo e promovendo educação e serviços médicos de qualidade;

•    Apoio a associações e organizações que promovam a justiça em todos os aspectos da vida,
especialmente aos marginalizados e oprimidos (Jr 22.3; Tg 1.27; 2.1-10; 5.1-8). 19

•    Promoção de uma ética protestante do trabalho, que “é um conjunto de virtudes


econômicas [fundamentadas na Escritura]: honestidade, pontualidade, diligência, obediência
ao quarto mandamento — ‘seis dias trabalharás’, obediência ao oitavo mandamento — ‘não
furtarás’, e obediência ao décimo mandamento — ‘não cobiçarás’”, reconhecendo que a ênfase
no “trabalho produtivo origina-se da Bíblia e da Reforma”; 20
•    Direito à propriedade privada como direito fundamental (Êx 20.15,17; 1Rs 21.1-
29);21
•    Alternância do poder civil, que impede que um partido ou autoridade se
perpetue no poder, assim como a defesa do pluralismo político e partidário;
•    Centralidade do contrato social, que é um acordo entre os membros de uma
sociedade pelo qual reconhecem a autoridade sobre todos de um conjunto de
regras; a constituição, que limita o poder, organiza o Estado e define direitos e
garantias fundamentais;
•    Garantia das liberdades individuais, por meio do estabelecimento de normas
gerais de conduta, que redundem em liberdade de expressão, associação e de
imprensa;
•    Voto distrital para o poder legislativo, em que o país ou o estado é dividido em
distritos eleitorais com aproximadamente a mesma população; cada distrito elege
um deputado e, assim, completam-se as vagas no congresso e nas câmaras
estaduais.22
 Esses são o conjunto de princípios que a tradição reformada tem
afirmado ao tratar da relação dos fiéis e da comunidade cristã com o
Estado. Que, à luz desse ensino, os cristãos orem e intercedam pelos
governantes, “para que tenhamos uma vida tranquila e serena, em
toda piedade e honestidade” (1Tm 2.1-3).
 O Estado não é a solução última (ou penúltima) para a sociedade, pois
o melhor que o Estado pode fazer é refrear a injustiça causada pelo
pecado. A salvação somente é encontrada em Deus e em Jesus Cristo.
Portanto, o papel da igreja é proclamar essa salvação como a única
solução final para a sociedade: “Porque o SENHOR é o nosso juiz, o
SENHOR é o nosso legislador, o SENHOR é o nosso Rei; ele nos
salvará” (Is 33.22).

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