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ESCOLA ESTADUAL ISABEL DA SILVA POLCK ENSINO: MÉDIO

DISCIPLINA: HISTÓRIA PROFESSOR: MARIANA BIMESTRE: 3º


IDADE MÉDIA/ RENASCIMENTO
ALUNO(A): TURMA: 1º ANO
CRISE DO IMPÉRIO ROMANO: A principal causa da decadência do Império Romano foi a crise do sistema escravista. O fim
das guerras diminuiu a oferta de escravos, elevando o seu valor. Como eram a base da economia romana, todos os preços
começaram a subir. Algumas reformas foram tentadas. Diocleciano, em 284, implantou o colonato (arrendamento de
terra por colonos), visando a substituir os escravos. Constantino, em 313, buscou o apoio dos cristãos – até então
perseguidos –, legalizando o cristianismo e convertendo-se a ele. Em 330, mudou a capital para Constantinopla – atual
Istambul. Teodósio, em 395, dividiu o império em duas partes: Império do Ocidente, com a capital em Roma, e Império
do Oriente, com centro em Constantinopla. Porém, com a intensificação das invasões dos “bárbaros”, que atacavam as
fronteiras romanas desde o século III, o Império do Ocidente não resistiu e caiu em 476. O Império do Oriente, também
conhecido como Império Bizantino, duraria até 1453, quando foi dominado pelos turco-otomanos. Com a queda de Roma,
ninguém se sentia seguro nas cidades. Começou um processo de desurbanização e regressão do comércio. Do ponto de
vista político, a grande transformação é que o poder político centralizado, que vigorava no período do Império, deu lugar
a uma multiplicidade de reinos bárbaros, fragmentando a autoridade no Ocidente. A única esfera de poder centralizado
que sobreviveu foi a Igreja.

IDADE MÉDIA O PODER DA IGREJA: Dona de grande poder político e econômico, a Igreja foi a principal instituição da
Europa medieval. Nenhuma instituição foi tão rica, bem organizada e poderosa durante a Idade Média na Europa quanto
a Igreja Católica. Com a transformação do cristianismo em religião oficial do Império Romano, em 391, durante o reinado
de Teodósio, a Igreja passou a acumular fortunas e vastos territórios, tornando-se altamente influente também no âmbito
político. No século V, já durante a Idade Média, a instituição tinha uma organização hierárquica definida – com padres e
sacerdotes na base da pirâmide, bispos logo acima e o papa no topo – e estava bem instalada no continente. Os religiosos
dedicaram-se a converter os bárbaros e a promover sua integração com os romanos, ganhando prestígio e passando a
assumir funções administrativas nos novos reinos. Dessa forma, a Igreja garantiu uma unidade religiosa, política e cultural
em uma sociedade altamente desagregada. O poder do catolicismo esteve intrinsecamente ligado às estruturas do
feudalismo, o sistema social predominante na Europa durante a Idade Média. Ao afirmar que tudo o que acontece na
Terra é a representação da vontade divina, a própria divisão social do sistema era justificada como desejo de Deus.
Segundo o conceito defendido pela Igreja, Deus determinou que existissem os que rezam, os que lutam e os que
trabalham. Por isso, as contestações ao sistema e ao poder católico não eram comuns no auge do feudalismo.
Pecados e dogmas: Uma das provas do poder da Igreja Católica durante a Idade Média foi a utilização do conceito dos
Sete Pecados Capitais, surgido antes mesmo do cristianismo, mas brilhantemente apropriado pelo catolicismo. Pecado
Capital, segundo a definição da própria Igreja, é aquele que, uma vez cometido, não é passível de perdão. São eles: gula,
avareza, luxúria, ira, inveja, preguiça e soberba. A ameaça de punição eterna para quem cometesse um dos pecados
garantia o controle sobre a população e ajudava a Igreja a preservar seu poder. Ao longo dos séculos, a Igreja também
estabeleceu uma série de dogmas – doutrinas aceitas como verdades que não admitem contestação. Segundo a pregação
católica, ao seguir essas regras, os fiéis garantiriam um lugar no paraíso. Além de manter a população sob controle ao
regular todos os aspectos da vida da população medieval, a Igreja também pedia doações de bens aos fiéis com a
justificativa de ajudar a propagar sua missão.
Inquisição: Com tanto poder nas mãos, as autoridades católicas fizeram de tudo para aumentá-lo ainda mais. Para isso,
muitas vezes usavam como pretexto o suposto combate à heresia (prática contrária à doutrina da Igreja). O símbolo
máximo dessa repressão foi a instauração, em 1231, dos tribunais do Santo Ofício, ou Inquisição, que tinham poderes
para julgar e condenar à morte os réus considerados infiéis. Na verdade, quase todos os condenados eram simplesmente
pessoas que discordavam dos desmandos católicos ou opositores dos aliados da Igreja. Uma das vítimas famosas da
Inquisição foi a camponesa Joana d’Arc, queimada viva em 1431, sob a acusação de bruxaria. A intensa participação dos
clérigos nas questões terrenas provocou reações de alguns cristãos, que se isolaram para viver de forma simples, sob
votos de castidade e pobreza. Desse setor nasceram as ordens monásticas, cujos membros habitavam mosteiros e se
dedicavam ao trabalho intelectual e à oração. A Ordem dos Beneditinos, fundada por São Bento, em 525, consolidou a
estrutura dessas organizações. Além da versão medieval, aplicada entre os séculos XIII e XV, a Inquisição também foi
retomada entre os séculos XV e XIX. Concentrada em Portugal e na Espanha, a Inquisição moderna foi uma resposta à
expansão das doutrinas protestantes.
Filosofia medieval: Além de deterem poder político e econômico, os sacerdotes formavam a elite que sabia ler e escrever
e passaram a encerrar em si o monopólio do conhecimento. O pensamento filosófico da época foi intensamente
influenciado pelo cristianismo, confundindo-se com a teologia. Em termos ideológicos e filosóficos, podemos dividir o
pensamento católico na Idade Média em duas partes: durante a Alta Idade Média (sécs. V a X), fase na qual o poder da
Igreja era incontestável, e durante a Baixa Idade Média (sécs. X a XV), fase de declínio das estruturas feudais e,
consequentemente, do poder católico. As diferentes filosofias no período podem ser entendidas como uma mudança de
mentalidade, decorrente das transformações econômicas e sociais da Baixa Idade Média. Refletindo a influência da Igreja
na sociedade, os maiores expoentes da filosofia medieval eram religiosos:
SANTO AGOSTINHO: Pode ser considerado o primeiro grande teórico católico. Viveu entre os séculos IV e V, época do
declínio do Império Romano e do fortalecimento da Igreja Católica. Para ele, o único motivo para o homem filosofar é
buscar a felicidade, por meio da aproximação com o divino. A fé seria, portanto, a única forma de se alcançar a felicidade
eterna, ou seja, a beatitude. Assim, a felicidade estaria nas coisas de Deus e não no mundo terreno, aproximando-o do
pensamento de Platão. A alma, por isso, é hierarquicamente superior ao corpo. Apesar da defesa da supremacia da fé,
Agostinho valorizava a razão humana, uma vez que crer é um exercício humano, logo, racional. Segundo ele é necessário
“intellige ut credas, crede ut intelligas” (compreender para crer e crer para compreender).
SÃO TOMÁS DE AQUINO: Viveu durante o século XIII, em uma fase na qual se iniciava a contestação do poder absoluto
da Igreja Católica. Seu grande desafio foi o de conciliar a filosofia aristotélica aos dogmas do catolicismo. Bastante popular,
Aristóteles chegou a ser proibido pelo papa Gregório IX, no início do século XIII, por ignorar a concepção de um Deus
criador e da alma imortal, afirmando que ela nasce e morre com o homem. O processo de cristianização de Aristóteles,
efetuado por Tomás de Aquino, partiu do conceito clássico da distinção entre essência e existência. Para Aristóteles, a
essência do ser humano é ser um animal racional, podendo ou não ter uma existência individual, já que as qualidades
acidentais (cor, sexo, idade) não constituem essa essência. Já para Aquino, a essência dos seres humanos está ligada a
suas características individuais, fruto da vontade do Criador. Por isso, as criaturas não existem por si mesmas, mas graças
a uma realidade estranha ao mundo concreto. Desta forma os conceitos de criação e de criador são resgatados em sua
obra. Aquino foi um dos maiores representantes da escolástica, método de pensamento crítico responsável pela tentativa
de conciliação entre a fé cristã e o racionalismo, particularmente o defendido pela filosofia grega.

IMPÉRIO ÁRABE: Em apenas 100 anos, o Islã surgiu e deu origem a um império que se expandiu por três continentes A
civilização árabe surgiu no século VII, na Península Arábica, com tribos de origem semita. Anteriormente, elas já
compartilhavam algumas características, como a língua, mas foi somente nessa época que obtiveram união política,
conquistada na esteira da pregação do Islã, religião então recém-nascida. Logo, os árabes fundaram um extenso império,
que só se desintegraria no fim da Idade Média e deixaria forte influência cultural por onde se estendeu.
Antes de Maomé Inicialmente, o povo árabe (também conhecido como sarraceno) estava dividido em cerca de 300 tribos
rurais e urbanas, chefiadas pelos xeques. As que habitavam o deserto – denominadas beduínas – eram nômades e se
dedicavam sobretudo à criação de camelos e ao cultivo de produtos como tâmara e de trigo. Faziam constantes
peregrinações em busca de lugares férteis para sobreviver, os oásis, e guerreavam entre si. Já aquelas que moravam nos
centros urbanos da faixa costeira do Mar Vermelho se ocupavam principalmente do comércio, com a organização de
caravanas de camelos para o transporte de produtos. Ao encontrarem melhores condições climáticas e solo mais favorável
à produção agrícola, esses grupos se fixaram e formaram cidades, como Meca e Iatreb – atual Medina. A religião pré-
islâmica era politeísta. Os árabes cultuavam cerca de 300 astros, representados por ídolos. O maior centro religioso da
península era Meca, que abrigava o templo da Caaba, com todos os ídolos tribais e a pedra negra – provavelmente um
pedaço de meteorito, considerado sagrado. Todos os anos, milhares de beduínos e comerciantes se dirigiam à cidade para
visitar o santuário, que era administrado pelos coraixitas, tribo de aristocratas que lucravam com as peregrinações e o
comércio realizado na região. Apesar de compartilharem algumas tradições, as tribos se envolviam frequentemente em
conflitos e guerras, prejudicando o comércio. A unificação viria com o surgimento e a disseminação de uma nova religião:
o Islã.
Nasce o profeta: Em 570, nasce Maomé (Muhammad). Criado em um ramo pobre da tribo coraixita, tornou-se mercador.
Aos 25 anos, ele se casou com uma viúva rica e conseguiu estabilidade financeira, o que lhe permitiu viajar muito. Nesses
deslocamentos, entrou em contato com cristãos e judeus. Aos 40 anos, começou a ter visões e a ouvir vozes, que
acreditava ser do anjo Gabriel. Os chamados que Maomé recebia o apontavam como profeta de um deus único e
onipotente, Alá. Dois anos depois, quando já era aceito pela família como profeta, ele começou a pregar o monoteísmo e
a abominação dos ídolos a todas as tribos de Meca, revelando-lhes a religião islâmica. Seus ensinamentos foram
compilados no Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, usado por muitos países como código de moral e justiça. Ao
condenar a tradição politeísta, Maomé ganhou muitos inimigos em Meca e passou a sofrer perseguições. Em 622, ele
fugiu para Iatreb – atual Medina (“cidade do profeta”). O episódio, conhecido como hégira, marca o início do calendário
árabe. Em Medina, Maomé tornou-se líder político, religioso e militar. Organizou um Exército e deu início a uma guerra –
dita santa, a jihad – para tomar Meca e propagar a nova religião. Em 630, a cidade sagrada foi tomada; os ídolos da Caaba,
destruídos; e os opositores, aniquilados. Ao morrer, dois anos depois, Maomé havia deixado as tribos árabes
politicamente unificadas sob uma mesma religião.
O Império: Após a morte de Maomé, surgiram disputas sucessórias. Ali, primo do profeta e casado com uma de suas
filhas, considerava que a sucessão deveria ser hereditária, enquanto os demais líderes defendiam a escolha entre os pares.
Os partidários de Ali ficaram conhecidos como xiitas, e os demais, sunitas. De forma geral, os xiitas defendem uma
interpretação mais ortodoxa do Alcorão. Já os sunitas, além do Alcorão, valorizam também a Suna, livro com os ditos e
exemplos do profeta, que pode ser considerado a base moral do islamismo. Os sunitas acabaram prevalecendo nessa
disputa, consolidando o seu poder no mundo muçulmano. Ainda assim, as rivalidades entre os sucessores colocavam em
risco a unidade política construída por Maomé. A ideia da expansão surgiu então como uma forma de manter a unidade
política em torno de um projeto de conquistas territoriais, saques e propagação do islamismo. A expansão na direção do
Ocidente resultou na conquista de todo o norte da África e da Península Ibérica. Ela só foi detida em 732, na Batalha de
Poitiers, pelo franco Carlos Martel, prefeito do palácio dos Merovíngios, que impôs uma barreira cristã ao avanço islâmico
na Europa. A leste, as conquistas incorporaram a região da Mesopotâmia, Pérsia e parte da Índia. Com os califas da dinastia
Abássida (750-1258), o império alcançou sua máxima extensão. A dinastia foi deposta em 1258, em Bagdá, pelos mongóis,
guerreiros nômades vindos da Ásia. No século XV, os árabes perderam o controle da parte asiática do império para outra
linhagem islâmica, os turcos-otomanos, e também a Península Ibérica para os cristãos espanhóis (1492), com a queda de
Granada. Vale ressaltar, no entanto, que a decadência das dinastias árabes não coincidiu com a decadência do islamismo,
que compensou as perdas no Ocidente com vitórias no Oriente. A tomada de Constantinopla dos cristãos em 1453, por
exemplo, permitiu à religião manter uma importante área de influência. Apesar da desagregação do império, a tradição
islâmica desempenhou papel fundamental. Encravada entre três continentes, essa tradição foi importante mediadora
cultural entre Ásia, África e Europa. Esse fato explica a imensa riqueza e diversidade da cultura islâmica e a forma pela
qual muitas conquistas tecnológicas e conhecimentos do Oriente – como os algarismos arábicos, o papel, a bússola, a
pólvora, a luneta, a álgebra etc. – chegaram até a Europa no início da Era Moderna.

REINO FRANCO: Com o fim do Império Romano, surgiram inúmeros reinos bárbaros em sua antiga parte europeia. Um
dos mais importantes foi o Reino Franco, que se formou no século V, ocupando a antiga província romana da Gália, atual
França.
Dinastia Merovíngia: Em 482, Clóvis, líder de uma das várias tribos francas, unificou os grupos e se tornou o primeiro rei,
fundando a dinastia Merovíngia (cujo nome deriva de seu avô, Meroveu). Clóvis empenhou-se em conquistar territórios
e converteu-se ao cristianismo, formalizando uma aliança com a Igreja Católica. Depois de sua morte, seus quatro filhos
dividiram o reino entre si, enfraquecendo-o. Na época, a Europa vivia um processo de ruralização e descentralização do
poder, com a formação do feudalismo. Os monarcas que sucederam a dinastia Merovíngia ficaram conhecidos como reis
indolentes, por demonstrar pouca habilidade política. O poder de fato passou a ser exercido por altos funcionários da
corte, os prefeitos do palácio, denominados majordomus. O majordomus Carlos Martel ganhou prestígio com a vitória
contra os muçulmanos na Batalha de Poitiers, em 732, que impediu o avanço islâmico sobre a Europa Ocidental. Depois
de sua morte, seu filho, Pepino, o Breve, depôs o último monarca merovíngio, Childerico III, e, com o apoio da nobreza e
do papa, tornou-se rei, iniciando a dinastia Carolíngia.
Império Carolíngio: O auge da dinastia ocorreu com o filho de Pepino, Carlos Magno. Ele adotou uma série de medidas
visando a resgatar a tradição do Império Romano. Carlos Magno expandiu os territórios do reino e buscou reforçar a
autoridade do poder central. Dividiu o império em unidades administrativas (condados e ducados), que delegava a
vassalos, numa cerimônia de juramento de fidelidade. Adotou a prática de enviar emissários para fiscalizar seus domínios,
criou leis escritas (capitulares) e buscou o reconhecimento da Igreja – em 800, ele foi coroado, pelo papa, imperador do
Sacro Império Romano. Além de patrocinar o cristianismo e expandir o reino, Magno promoveu a cultura e a educação,
impulsionando o Renascimento Carolíngio. Após sua morte, seus descendentes não conseguiram manter a unidade do
império. As disputas entre eles acabaram resultando num acordo, o Tratado de Verdun, de 843, no qual o império fora
dividido. No decorrer do século X, os últimos reis carolíngios foram depostos, e a dinastia, extinta. Entre todas as
realizações de Carlos Magno, a que se revelou mais perene foi a relação de vassalagem. Com o fim da suserania do
imperador, inúmeros senhores de terras passaram a replicar a relação suserano-vassalo, originando vários centros de
autoridade e fragmentando o poder político na Europa. Essa foi uma das bases sobre a qual o feudalismo se constituiu.

FEUDALISMO: O feudalismo foi o sistema político, social e econômico que predominou na Europa durante a Idade Média.
Era marcado pela descentralização política, pela imobilidade social e pela autossuficiência econômica dos feudos – as
unidades de produção da época. Começou a se desenvolver após a queda do Império Romano do Ocidente, no século V,
consolidou-se no século X, atingiu o auge no século XII e a partir do século XIII entrou em colapso.
Formação e economia A partir do século V, com o enfraquecimento do Império Romano, a Europa passou a sofrer diversas
invasões dos povos bárbaros, como os vândalos; os anglo-saxões, que desembarcaram na Inglaterra; e os lombardos, que
se instalaram na Itália. Eles destruíram as instituições romanas, mas, com exceção dos francos, não conseguiram substituí-
las por outro Estado forte. A tomada do controle do comércio no Mar Mediterrâneo pelos árabes, nos séculos VII e VIII,
deixou os europeus ainda mais enfraquecidos. O clima de insegurança e instabilidade prosseguiu até o século IX, quando
ocorreu uma nova onda de invasões, realizadas pelos húngaros magiares e pelos normandos (conhecidos como vikings).
Como forma de defesa, os nobres construíram castelos que funcionavam como fortalezas, em torno dos quais a população
pobre se instalou, buscando proteção. Essas propriedades ficaram cada vez mais isoladas umas das outras, o que criou a
necessidade de produzir ali mesmo o que era preciso para sobreviver. A agricultura se tornou a atividade econômica mais
importante. A produção era voltada para o consumo interno, e o comércio era quase nulo. Os donos das terras tornaram-
se os grandes chefes políticos e militares. Era o início do feudalismo.
Política A principal característica política do feudalismo era a descentralização do poder. O rei tinha pouca ou nenhuma
autoridade e, em troca de ajuda militar, era comum que cedesse grandes porções de terra (os feudos) a membros da
nobreza. Esse costume, o beneficium, se tornou hábito entre os nobres, e eles passaram a doar terras entre si. Numa
cerimônia denominada homenagem, o proprietário que recebia o domínio – vassalo – prometia fidelidade e apoio militar
ao doador – suserano. Este, por sua vez, jurava proteção ao vassalo. Essa obrigação recíproca, uma das características
mais marcantes do feudalismo, teve origem nas tradições dos invasores germânicos, que praticavam o comitatus –
fidelidade mútua entre chefes tribais e guerreiros. Outros costumes que influenciaram a ordem feudal vieram de Roma,
como o colonato, que impunha a fixação do homem à terra e virou prática fundamental no regime da Europa medieval.
Por essa dupla herança, pode-se dizer que o feudalismo é resultado dos mundos romano e germânico
Sociedade: A sociedade feudal estava dividida basicamente em dois estamentos e três estados (também chamado
ordens): o primeiro estamento era o dos proprietários, dividido em primeiro estado, formado pelo clero, e segundo
estado, constituído pelos nobres. o segundo estamento era o dos trabalhadores, formado pelo terceiro estado, onde se
encontravam os servos e outros camponeses. Os senhores feudais podiam pertencer tanto à nobreza quanto à Igreja. A
posição que as pessoas ocupavam na sociedade (hierarquia) era determinada pelo nascimento, o que significa que a
mobilidade entre os estamentos era impossível. Os servos não eram escravos, porque não pertenciam ao senhor – não
podiam ser vendidos, por exemplo –, mas dependiam totalmente da estrutura que ele possuía. Em troca do direito de
usar a terra, eles tinham de prestar serviços e pagar uma série de tributos. Entre as principais obrigações servis estavam
a corveia, trabalho gratuito; a talha, porcentagem da produção dada ao senhor; e a banalidade, pagamento pela utilização
de instrumentos ou benfeitorias do feudo. Além dos servos, havia, em menor número, outros tipos de trabalhador: os
vilões, habitantes das vilas, trabalhadores livres ligados a um senhor; e os pequenos proprietários, que usavam mão de
obra familiar
As Cruzadas: A partir do século XI, o sistema feudal começou a passar por intensas transformações. Se por um lado o fim
das invasões bárbaras proporcionou uma maior estabilidade na Europa, por outro gerou um aumento populacional que
comprometeu a autossuficiência dos feudos. Como havia mais homens para pouca terra, a população excedente foi
expulsa em direção às cidades, que estavam praticamente abandonadas durante o auge do feudalismo. Esse era o cenário
no início da Baixa Idade Média, quando a Igreja e os nobres europeus empreenderam uma série de expedições militares,
entre os séculos XI e XIII, que ficaram conhecidas como Cruzadas. Formalmente, tinham um objetivo religioso: retomar a
cidade de Jerusalém, considerada sagrada pelos cristãos, que fora dominada pelos turcos muçulmanos em 1071. A
expansão da fé católica também era fundamental para a Igreja manter seu poder, que começava a ser contestado na
Europa. Sem condições de sobreviver em um espaço onde não existia uma atividade econômica que a absorvesse, a
população passou a questionar os conceitos pregados pela Igreja de que tudo na Terra era representação da vontade de
Deus. Porém, várias outras motivações podem ser apontadas para a organização das expedições. A necessidade de escoar
a população excedente e encontrar uma atividade que absorvesse esse excedente pode ser entendida como motivação
social para o movimento cruzadista. Economicamente, as expedições abriam a possibilidade de expansão dos negócios a
partir do restabelecimento de uma rota comercial com o Oriente a partir do Mar Mediterrâneo. Já do ponto de vista
político, a conquista de novos territórios garantiria aos reis a possibilidade de aumentar seu poder em um período que as
estruturas descentralizadas do feudalismo começavam a ruir Dessa forma, em 1095, o papa Urbano II, no Concílio de
Clermont, convocou as Cruzadas, prometendo a salvação para todos aqueles que lutassem e/ou morressem na “guerra
santa” contra os pagãos – neste caso, os muçulmanos. Para a população, a oportunidade representava uma dupla
vantagem: além de ter seus pecados perdoados, havia a possibilidade de, por meio de saques às cidades orientais, reduzir
seus problemas econômicos. Entre 1096 e 1280 foram organizadas, oficialmente, nove. Entre as expedições, destaca-se a
Quarta Cruzada, também chamada de Cruzada Comercial. Realizada entre 1202 e 1204, ela foi financiada por
comerciantes de Veneza e tinha princípios diferentes dos das missões anteriores. O objetivo era a tomada de
Constantinopla, que abrigava o principal porto comercial do Mar Mediterrâneo. A empreitada foi bem-sucedida com a
conquista de Constantinopla e a reabertura da rota comercial entre o Oriente e o Ocidente. Anteriormente dominada
pelos muçulmanos, ela passou ao controle dos comerciantes de Veneza.
Renascimento comercial e urbano: Com a reabertura do Mediterrâneo ao comércio, estabeleceram-se rotas ligando
regiões produtoras – como Flandres (atualmente Bélgica e Holanda), famosa por sua lã – e as cidades portuárias italianas
que controlavam o contato com o Oriente – Veneza e Gênova. Nos cruzamentos dessas novas rotas foram organizados
centros de comércio temporários. Eram as feiras, que reuniam mercadores de diversas partes da Europa. Para se
protegerem de assaltos, os mercadores passaram a se estabelecer ao redor de palácios e mosteiros, formando os burgos
(de onde vem o termo burguês). Com o tempo, esses núcleos cresceram, e foram erguidas novas muralhas a seu redor.
Constituíam-se, assim, as cidades. No entanto, por viverem em áreas ainda pertencentes aos feudos, os burgueses eram
obrigados a pagar impostos aos senhores. A luta pela independência urbana ficou conhecida como movimento comunal,
e a emancipação era garantida pelas cartas de franquia, documento que assegurava às cidades direitos como cobrar
impostos e montar milícia. Livres da tutela feudal, as novas cidades se organizaram em ligas (ou hansas), para agilizar o
comércio e congregar interesses. A mais importante foi a Liga Teutônica (ou Hanseática). Dentro das cidades, os burgueses
também se organizaram em corporações. As mais conhecidas foram as corporações de mercadores, ou guildas, que
limitavam o comércio estrangeiro e controlavam os preços, e as corporações de ofício, que agrupavam artesãos – com o
objetivo de impedir a concorrência de quem produzisse o mesmo artigo. Na hierarquia das corporações de ofício, os
mestres eram os proprietários das oficinas e donos das ferramentas. Cabia-lhes estipular salários e normas de trabalho.
Abaixo deles estavam os oficiais, trabalhadores especialistas remunerados, e, por último, os aprendizes, jovens que
recebiam roupas, alimento e moradia em troca de trabalho.
Crise do feudalismo Um dos primeiros sintomas da crise do sistema feudal foram as revoltas camponesas. A partir de
1358, começando pela região de Flandres, espalharam-se pela Europa. A causa principal foi a queda da produtividade da
agricultura entre os séculos XI e XIV, que, junto com o crescimento da população e a resistência da nobreza em reduzir a
parte do excedente que lhe cabia, provocou a fome entre os camponeses. Na França, receberam o nome de e de jacquerie.
Castelos foram queimados, e nobres, assassinados. A nobreza contra-atacou, executando mais de 20 mil pessoas.
Sublevações também ocorreram na Inglaterra e no norte da Itália. Além das revoltas, a peste negra chegou à Europa em
1347 pelo porto de Gênova. A epidemia, transmitida ao homem pela pulga do rato (o que não se sabia na época),
espalhou-se com grande velocidade e provocou a morte de quase metade da população europeia. A guerra também
atingiu a Europa nesse período. A pretensão do rei inglês Eduardo III de disputar a sucessão do trono francês provocou a
Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra. No decorrer do conflito, destaca-se a camponesa mística Joana d’Arc
(1412-1431), que alegava receber mensagens divinas desde criança. Sob sua inspiração, as tropas francesas conquistaram
importantes vitórias, e el se tornou heroína nacional. Capturada pelos ingleses, Joana d’Arc foi acusada de bruxaria e
condenada a morrer na fogueira, vítima da Inquisição. A guerra terminou em 1453, quando a França recuperou todas as
possessões sob o domínio inglês, venceu a guerra e, assim, preservou sua soberania nacional. As principais consequências
da crise feudal foram o enfraquecimento da nobreza e a flexibilização das relações de servidão. Depois do conflito, muito
do poder associado à nobreza foi transferido aos reis, fragilizando as relações feudo-vassálicas e praticamente pondo fim
ao sistema feudal.

RENASCIMENTO O Renascimento foi o movimento intelectual e artístico que ocorreu entre o século XIV e o XVI na Europa.
Representou a nova visão de mundo da sociedade que se formava após o desenvolvimento comercial e urbano iniciado
no fim da Idade Média. Se na estática estrutura social dos feudos valia a força da coletividade e a submissão aos desígnios
de Deus, no ambiente dinâmico das cidades modernas valorizavam-se o indivíduo e seu imenso potencial de
autoaperfeiçoamento e criação.
Características: O elemento central do Renascimento foi o humanismo, corrente filosófica que se baseava no
antropocentrismo, ou seja, considerava o ser humano o centro das questões. Para os humanistas, o homem é dotado de
uma capacidade quase divina de criar, e, ao exercê-la, aproxima-se de Deus. Ao proporem a superação dos ideais
medievais – segundo os quais Deus era o centro de tudo e a fé se sobrepunha à razão – e se inspirarem em pensadores
da Antiguidade Clássica, os humanistas julgavam estar promovendo um renascimento daquela cultura – daí o nome pelo
qual batizaram o período em que viveram. Outras características fundamentais do Renascimento foram o naturalismo, a
busca por uma representação da natureza fiel à realidade; o racionalismo, valorização da razão; e o hedonismo, que
defende o prazer individual como único bem possível. Com base nesses elementos, os renascentistas passaram a utilizar
com mais frequência os estudos científicos em suas produções artísticas e culturais. Muitos pintores e escultores
incorporaram estudos de matemática (perspectiva, ponto de fuga) e de anatomia em suas criações.

IDADE MODERNA REFORMA RELIGIOSA Em meados do século XVI, desencadeou-se na Europa um movimento de caráter
religioso, político e econômico que contestava a estrutura e os dogmas da Igreja Católica: a Reforma Protestante. Ocorrida
paralelamente ao Renascimento e à formação das monarquias nacionais europeias, ela expressou a necessidade de
adequação da religião às transformações decorrentes do desenvolvimento do capitalismo. Antecedentes No fim da Idade
Média, a Europa convivia com um constante medo dos castigos reservados aos pecadores no inferno. Quem estimulava
essa tensão era a própria Igreja, que enriquecia com a venda de indulgências (perdão dos pecados). A prática financiava
o luxo do alto clero, mas provocava descontentamento dentro da instituição. A incipiente burguesia também estava
insatisfeita. Ao proibir a usura – empréstimo de dinheiro a juros – e o lucro excessivo (decorrente da venda por um preço
superior ao “preço justo”), a doutrina católica freava o desenvolvimento das atividades bancárias e comerciais,
prejudicando a alma do negócio burguês. Paralelamente, com a formação das monarquias nacionais e o estabelecimento
de fronteiras, a Igreja, grande proprietária de terras, passou a ser considerada potência estrangeira, o que estimulou
conflitos entre reis e o papa. Nesse contexto, começaram a surgir importantes críticos da Igreja Católica: John Wycliffe,
no século XIV, na Inglaterra, e Jan Huss, no século XV, na Boêmia (região do Sacro Império Romano-Germânico), são
considerados precursores da Reforma, já que condenavam a venda de indulgências, a opulência do clero e defendiam o
confisco dos bens da Igreja.
A reforma de Lutero Em 1517, indignado com a venda de indulgências, o monge alemão Martinho Lutero afixou na porta
da igreja em que pregava 95 teses, nas quais condenava várias práticas da Igreja. Após negar as exigências de retratação
do papa, Lutero foi excomungado, tendo queimado publicamente a bula – documento papal que o condenou. Sua
doutrina, elaborada no exílio na Saxônia, tinha como base os princípios de predestinação, de Santo Agostinho. Segundo
Lutero, a única saída para a salvação é a fé, não havendo necessidade de intermediários entre o homem e Deus – papel
dos sacerdotes no catolicismo. Além da extinção do clero regular, ele defendia a livre leitura e interpretação da Bíblia
pelos fiéis e a submissão da Igreja ao Estado. Suas ideias ofereciam uma justificativa para a nobreza germânica, que
desejava se ver livre da interferência política da Igreja nos principados do Sacro Império. Com a pressão do Vaticano, em
1521, o imperador Carlos V convocou uma assembleia, a Dieta de Worms, que condenou Lutero por heresia. Porém, o
monge continuou atraindo a simpatia dos nobres. Oito anos mais tarde, na Dieta de Spira, propôs-se tolerar o luteranismo
onde já tivesse sido instalado, mas impedir sua propagação. Alguns principados protestaram, o que deu origem ao nome
protestantismo. Em 1555 foi firmada a Paz de Augsburgo, que estabelecia a liberdade religiosa para os príncipes, cuja fé
deveria ser adotada pelos súditos, consolidando a vitória do luteranismo. Além da Alemanha, o luteranismo se difundiu
pela Suécia, Noruega e Dinamarca. As pregações de Lutero estimularam movimentos que difundiam transformações mais
radicais na sociedade. Em 1524 ocorreu a revolta camponesa dos anabatistas – nome pelo qual eram conhecidos os
membros do grupo liderado pelo luterano Thomas Münzer, que defendia de forma violenta o fim da propriedade privada
e a distribuição igualitária das riquezas. Lutero ficou do lado dos nobres, incitando a repressão, que acabou com a
execução de Münzer no ano seguinte.
A reforma de Calvino A primeira tentativa de reforma na Suíça se deu com Ulrich Zwinglio, luterano que propôs uma
doutrina mais radical. A briga entre protestantes e católicos desencadeou uma guerra civil entre 1529 e 1531. A Paz de
Kappel determinou a autonomia religiosa para cada região do país. Alguns anos depois, chegou a Genebra o religioso
francês João Calvino, que reconhecia os princípios da predestinação – segundo a qual apenas alguns homens estão
destinados à salvação – e da justificação pela fé. No entanto, pregava que as atividades comerciais e financeiras eram
vistas com bons olhos por Deus e, portanto, em vez de condená-las, as dente burguesia, o calvinismo difundiu-se mais
que o luteranismo. Na Escócia, seus seguidores foram chamados de presbiterianos; na França, de huguenotes; e na
Inglaterra, de puritanos.
A reforma inglesa Na Inglaterra, a reforma foi desencadeada pelo rei Henrique VIII. Querendo tomar para si o poder que
a Igreja Católica tinha em seu país, solicitou ao papa a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão, argumentando
que, após 18 anos de casamento, ainda não possuía um herdeiro homem ao trono. A requisição foi negada, e Henrique
VIII rompeu com o papa. Em 1533, o Parlamento britânico aprovou o divórcio, e o rei se casou com Ana Bolena. No ano
seguinte, Henrique VIII fundou a Igreja Anglicana, da qual era líder supremo. Após ser excomungado pelo papa, confiscou
as terras católicas e extinguiu mosteiros. As propostas da nova religião em muito se assemelhavam às do catolicismo, o
que resultou em sérios conflitos com os puritanos no século XVII.
Contrarreforma A reação católica à expansão das doutrinas protestantes ficou conhecida como Contrarreforma. O papa
Paulo III convocou, em 1545, o Concílio de Trento, que condenou o protestantismo e reafirmou os princípios católicos. A
Inquisição foi reativada – o astrônomo italiano Galileu Galilei foi uma de suas vítimas, sendo condenado a prisão domiciliar
em 1633. A Igreja também instituiu o Index Librorum Prohibitorum – uma lista de livros proibidos aos católicos. Mas
algumas reformas internas foram empreendidas: decidiu-se regular as obrigações do clero e o excesso de luxo na vida dos
religiosos. A Contrarreforma não conseguiu acabar com o protestantismo, apenas freou sua expansão. Um de seus êxitos
foi a disseminação da fé católica pelas colônias europeias – inclusive o Brasil –, trabalho realizado pela Companhia de
Jesus, a ordem dos jesuítas, criada em 1534. É graças a ela que a América Latina tem o maior número de católicos no
mundo.

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