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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL

DA COMARCA DE JUIZ DE FORA/MG

RONIELE, brasileiro, casado, profissão, portador do RG nº xxx e do CPF


nº xx, residente e domiciliado à Rua x, N º x , CEP: x, Bairro x, xxxxx - xx,
vem, com o devido acatamento, por intermédio da Defensora Pública que
esta subscreve, perante Vossa Excelência, propor a presente:

AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE c/c PEDIDO DE LIMINAR

observando-se o procedimento especial previsto nos artigos 920 e seguintes


do Código de Processo Civil, em face de WALLISON, brasileiro, casado,
profissão, residente e domiciliada à Rua x, N º x ; e de ESTHER, brasileira,
casada, profissão, residente e domiciliada à Rua x, N º x; pelos fatos e
fundamentos jurídicos adiante aduzidos:

DOS FATOS

A autora é proprietária e possuidora da unidade habitacional constituída por


uma casa popular localizada na Rua 6, n° 1, no B, em Juiz de Fora- MG,
sendo que tal imóvel lhe foi doado pela Prefeitura de Juiz de Fora. Cabe
salientar que a autora exercia a posse, bem como a propriedade da referida
casa. Contudo, no dia 04 de dezembro de 2021, a autora se viu obrigada a
deixar sua residência seguindo o conselho da Defensoria Pública, em
virtude de problemas conjugais consistentes em ameaças proferidas por seu
marido Wanderson XXX em desfavor da mesma, conforme boletim de
ocorrência em anexo. Assevera-se que no momento em que a autora foi
obrigada a ausentar-se do referido imóvel, encontravam-se no mesmo seus
objetos de uso pessoal, materiais de construção, eletrodomésticos, dentre
outros pertences, cujas notas fiscais encontram-se em anexo. Após tal fato,
o marido continuou residindo na referida casa até aproximadamente abril
de 2022. No entanto, em maio de 2022, o referido imóvel foi invadido
pelos réus da presente ação. Cumpre ressaltar que a autora, ao tomar
conhecimento acerca da invasão, descobriu também que seus pertences, os
quais se encontravam na referida residência, foram vendidos pelos
invasores. A autora demonstrando sua condição de legítima possuidora e
proprietária do imóvel, através do documento emitido pela Prefeitura
Municipal de Juiz de Fora, tentou, amigavelmente, retornar ao uso e gozo
de seu respectivo bem. Todavia, os réus recusaram-se a deixar o imóvel,
alegando que ninguém os faria desocupar o referido local, esbulhando
assim, a posse da autora. Com o intuito de resguardar seus direitos, a autora
acionou a Polícia Militar e lavrou o Boletim de Ocorrência nº 9-viatura 7.
Dessa forma, os réus já se mostravam cientes de que estavam exercendo
uma posse injusta. Outrossim, em julho de 2022, expediu-se uma
notificação judicial para os réus com o inteiro teor dos fatos ora relatados,
cientificando-os da situação de posse injusta exercida pelos mesmos.
Conforme se verifica pela certidão do Oficial de Justiça, os Réus foram
devidamente notificados, não apresentando contranotificação e nem
desocupando o referido imóvel. Portanto, como a presente demanda está
sendo ajuizada em outubro de 2022, cabível o procedimento especial
possessório de força nova, com a possibilidade de deferimento de liminar
específica de reintegração de posse.

DA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

O código civil, em seu artigo 1.196, caracteriza a posse como exercício, de


fato, dos poderes constitutivos do domínio a propriedade, ou de algum
deles somente, senão vejamos:

Art. 1.196 – Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o


exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.

A pretensão do autor encontra arrimo nos artigos 926, e no artigo 928,


primeira parte, do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 926 - O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de


turbação e reintegrado no de esbulho.

Art. 928 - Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz


deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de
manutenção ou de reintegração; no caso contrário, determinará que o
autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para
comparecer à audiência que for designada.

De acordo com Sílvio Rodrigues, em seu livro Direito Civil – Direito das
Coisas, volume V: A ação de reintegração de posse é concedida ao
possuidor que foi esbulhado, ou seja, tomado o domínio sobre a coisa.
Dá-se esbulho quando o detentor da coisa é injustamente privado de
sua posse.

O Novo Código de Processo Civil determina, no artigo 560, que o


possuidor tem o direito a ser reintegrado em caso de esbulho. É sabido que
é necessário que haja comprovação, por parte do autor, dos requisitos
constantes do artigo 561 do Novo CPC. Certo é, Excelência, que o primeiro
requisito para o aforamento de ação de reintegração é a prova da posse,
conforme dispõe o inciso I, do artigo 561, Novo Código de Processo Civil.

Art. 561. Incumbe ao autor provar:

I - a sua posse;

Nesse sentido, resta inequivocamente provada a posse indireta do imóvel,


pelo autor, em virtude da escritura pública de doação (documento em
anexo), vez que a posse é a exteriorização do domínio. O autor cedeu a
posse direta em face do contrato verbal, que agora busca recuperar.

Os demais requisitos para a ação é o esbulho praticado pela ré, que se


concretizou em meados de fevereiro do corrente ano a parte autora buscou
reestabelecer sua posse plena que restou infrutífera como explanado nos
fatos, para que se fixe o prazo de ano e dia a ensejar o rito especial dos
artigos 560 a 568 do Novo Código de Processo Civil, tudo nos termos do
artigo 561, incisos II a IV, do mesmo diploma legal.

Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de


turbação e reintegrado em caso de esbulho.

Art. 561. Incumbe ao autor provar:

I - a sua posse;

II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;


III - a data da turbação ou do esbulho;

IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção,


ou a perda da posse, na ação de reintegração.

Bem evidencia Cristiano Chaves, “Posse precária: resulta do abuso de


confiança do possuidor que indevidamente retém a coisa além do prazo
avençado para o término da relação jurídica de direito real ou obrigacional
que originou a posse.”

Como visto, restou demonstrado os requisitos, estando a presente exordial


devidamente instruída, o autor faz jus a concessão liminar inaudita altera
parte, da reintegração de posse do imóvel supracitado, conforme prevê o
artigo 562 do Novo CPC.

Ao tratar da manutenção e da reintegração de posse, dispõe a lei processual


no seu artigo Art. 562. “Estando a petição inicial devidamente instruída, o
juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de
manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor
justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à
audiência que for designada”. Máxima vênia, entendemos que o
deferimento de medida liminar de natureza possessória, nos termos dos
artigos 554 e seguintes do NCPC, fica à deriva da comprovação do
implemento dos requisitos do artigo 561 do referido Diploma Legal,
independentemente de restarem configuradas as condições do artigo 300 do
NCPC.

Portanto, entendemos demonstrados pelo autor os requisitos do artigo 560,


seguintes do NCPC e, ausente comprovação quanto à existência de fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, podendo sem
sombra de duvida esse MM juízo expedir mandado de reintegração de
posse na fração a qual o Autor sofreu esbulho com a não devolução do
imóvel.

DO PEDIDO:

Ante o exposto, requer:


1. O deferimento da gratuidade judiciária integral para todos os atos
processuais (cf. artigo 98 caput e § 1º, § 5º do CPC/15);

2. O recebimento da inicial com a qualificação apresentada (cf. artigo 319,


inciso II, e § 2º e 3ºdo CPC/15);

3. A procedência dos pedidos.

4. Seja, LIMINARMENTE, reintegrada na posse do imóvel, com ou sem


audiência de justificação, expedindo-se o competente mandado,
autorizando, ademais, o uso de força policial, se necessária, para a
desocupação do imóvel;

5. Determinar a CITAÇÃO do réu para, querendo, contestar o presente


feito, no prazo legal, bem como, acompanhá-lo em todos os seus
procedimentos até julgamento final, sob pena de, em assim não o fazendo,
sofrer os efeitos da REVELIA;

6. A decretação, por fim, da reintegração definitiva do imóvel à posse da


autora.

7. Julgar pela condenação do (a) promovido (a) ao pagamento de


honorários advocatícios de sucumbência.

8. provar o alegado por todos os meios admitidos em Direito, notadamente,


depoimento pessoal do acionado, oitiva de testemunhas, juntada ulterior de
documentos, bem como, quaisquer outras providências que Vossa
Excelência julgue necessário.
Dá-se à causa o valor de R$ XXX (valor do imóvel).

Termos em que requer deferimento.

CIDADE, DATA;

ADVOGADO, OAB.

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