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AO JUIZO DE DIREITO DA _ VARA CÍVEL E DE FAZENDA PÚBLICA DA

COMARCA DE SANTANA/AP.

RUY SANTOS CARVALHO, brasileiro, divorciado, advogado, OAB 3676A, CPF


nº 087.480.202-49 com RG 064.092-ap, residente e domiciliado na Av Gerusa,
264 CEP 68907-110, bairro Renascer 1, nesta cidade, atuando em causa
própria, na forma da lei, vem perante esse d. Juízo, com fulcro no art. 1.210 do
CC/2002 e art. 560 e seguintes do CPC, propor a presente:

AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE

Com pedido de Tutela Antecipada

Em face de ROSILENE PICANÇO LEMOS, com CPF 757.874.321-00, RG


102298 e endereço na Rodovia BR 210, n. 68, estrada Macapá – Jari,
comunidade São Raimundo do Maruanum, Santana – AP, ou Rua Antônio Carlos
Reis, nº 3133, Jardim Felicidade CEP 68.900- 000, pelos fatos e razões de direito
a seguir delineadas:

1 - DOS FATOS

O autor por meio de instrumento particular de compra, adquiriu o imóvel rural,


localizado na BR 210, rodovia Macapá-Jari km 65, Gleba Matapi - curiaú - vila
nova AD-04, com área medindo 138 hectares, ocupado desde 05/04/2002,
situado no município de Santana, denominado Agropecuária Nossa Senhora de
Fátima, devidamente inscrito no Cadastro Ambiental Rural, Requerimento
Fundiário, processo nº 56423.000 98/2014-19.

O contrato de compra foi assinado no dia 22 de outubro de 2022, quando o ora


autor passou a exercer a posse de fato e de direito, portanto, há menos de ano
e dia.

Ocorre que ao tomar posse do imóvel, detectou que a cerca que delimita o
terreno havia sido derrubada e que havia sido construída uma casa na área
dentro de sua propriedade, pela ora ré, havendo a mesma colocado uma placa
onde consta que a propriedade lhe pertence, com o firme propósito de esbulhar
a área, enquanto que os documentos acostados comprovam que a área
esbulhada pertence de fato ao autor.

Constatou-se que o esbulho cometido, com má-fé e clandestinamente, fora


realizado pela senhora Rosilene Picanço Lemos proprietária do lote confinante,
mas que não se sobrepõe ao lote ora questionado, razão pela qual o fato foi
noticiado a autoridade policial conforme Boletins de Ocorrência anexos,
realizados pelo antigo proprietário.

Ruy Santos Carvalho – Advogado – OAB/CE 32.197 - OAB/AP – suplementar 3676 A.


End. Rua Eliezer Levy, 2091, bairro Central, CEP 68.900-000 – Macapá – AP
E-Mail: ruycarvalho.adv@gmail.com Cel. (96) 99153-2602;
Destarte, o Autor foi informado pelo antigo proprietário que o mesmo tentou a
retomada da parte invadida de forma amigável, porém sem sucesso. Inconteste,
ingressou com ação de reintegração de posse junto ao juizado especial do
Município de Santana, processo n. 0057711-38.2019.8.03.0001 que,
entretanto, foi extinto, sem julgamento de mérito, por conta do grau de
complexidade, que, segundo aquele juízo, fugiria à competência dos juizados
especiais. Entretanto, algumas diligência foram realizadas, mormente, junto ao
INCRA, que confirmou que o lote em questão pertencia, realmente ao senhor,
Francisco Jaques Guimarães, antigo proprietário.

Tal invasão está gerando conflitos, e já se esgotaram todas as possibilidades da


esbulhadora deixar amigavelmente a área invadida. Postos assim os fatos, o
autor não tem outra opção senão o aforamento do interdito possessório, para
restabelecer sua posse.

2 – DO DIREITO

Estabelece o artigo 561 do novel CPC, verbis:

Art. 561. Incumbe ao autor provar:

I - a sua posse;
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a
perda da posse, na ação de reintegração.

Pois bem, o autor adquiriu o imóvel rural de forma licita, desde 10 de outubro de
2022, conforme contrato de compra em anexo, e fotos das benfeitorias do imóvel.

É possuidor legitimo do terreno em questão, comprovado através de


documentos, a exemplo do instrumento de contrato de compra, requerimentos
de regularização fundiária, inscrição no Cadastro Ambiental Rural, solicitação
para titulação e etc. E, factualmente, pois na fazenda tem variadas plantações,
criação de aves e piscicultura, casa construída, sendo explorada em
conformidade com a função social da propriedade.

Objetivamente, a má-fé da esbulhadora é cristalina, senão vejamos: derrubou a


cerca do terreno do requerente, aumentou em praticamente 200 metros seu
limite territorial, construindo um casebre para configurar sua posse.

Por outro giro, não se pode olvidar que o imóvel possui marcos delimitadores
nos quatro vértices, tendo sido colocados por agente autorizado do INCRA, com
o respectivo georreferenciamento, os quais foram desrespeitados, tendo a
esbulhadora extrapolado seus limites territoriais e invadido as terras do
requerente, sendo necessário a confirmação da demarcação, por determinação
judicial, como forma de salvaguardar o direito do autor à sua posse, exercida de
forma mansa e pacífica.

Nesse sentir, a reintegração da posse do autor é medida que se impõe, visto que
Ruy Santos Carvalho – Advogado – OAB/CE 32.197 - OAB/AP – suplementar 3676 A.
End. Rua Eliezer Levy, 2091, bairro Central, CEP 68.900-000 – Macapá – AP
E-Mail: ruycarvalho.adv@gmail.com Cel. (96) 99153-2602;
devidamente comprovada anterior ao esbulho.

Nesse mesmo diapasão, o Código Civil Brasileiro estipula como possuidor todo
aquele que, de fato, exerce algum dos poderes inerentes a propriedade, como
podemos melhor observar no caput do art. 1.196, senão vejamos, in verbis:

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício,
pleno ou não, de algum dos poderes inerentes a propriedade.

No mesmo diploma legal consta:

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação,
restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio
de ser molestado.

§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por


sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço,
não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.

O autor, adquiriu em 2022 o direito de exercer de forma legitima o poder de


utilização e gozo do terreno em questão. Ora, que prova maior se faz necessária
para comprovação de posse anterior ao esbulho por parte do autor. Portanto,
brutal é pensar que, apenas por um anseio de invadir a posse alheia, sem a
certificação de quão necessário é a mesma para quem a possui, se possa
cercear o direito de propriedade de alguém.

Pelas comprovações demonstradas, resta claro que, o requerente é legitimo


possuidor do terreno em questão, devendo o mesmo ser reintegrado
urgentemente.

3 – DA MEDIDA LIMINAR

Estabelece o artigo 300 do novo Código de Processo Civil, verbis:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.

A decisão in limine litis compreende então o enquadramento da situação fático-


jurídica em dois institutos do direito com relação aos efeitos gerados pela decisão
ao caso concreto, sendo eles o fumus bonis iuris e o periculum in mora. No caso
em apreço, por tratar-se de medida para reintegração possessória, o pedido
liminar compreende apenas o preenchimento dos requisitos necessários a
obtenção da tutela, elencados no art. 561 do CPC, quais sejam:

I – a sua posse;
II – a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III – a data da turbação ou do esbulho;
IV – a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a
perda da posse na ação de reintegração.
Ruy Santos Carvalho – Advogado – OAB/CE 32.197 - OAB/AP – suplementar 3676 A.
End. Rua Eliezer Levy, 2091, bairro Central, CEP 68.900-000 – Macapá – AP
E-Mail: ruycarvalho.adv@gmail.com Cel. (96) 99153-2602;
Veja que a ré invasora se apossou abruptamente de bem que não lhe pertence,
tratando de construir em algo que possui de forma ilegítima. Se em algumas
semanas de posse indevida, a ré invasora quedou-se a construir e gradear parte
do terreno, ao final do julgamento meritório deve se esperar que já tenha,
realizado outras atividades, fato este absolutamente prejudicial ao autor e para
a própria ré.

Ora, está comprovado através dos documentos comprobatórios em anexo, que


o autor é o legítimo possuidor da área em litígio, bem como da ocorrência do
esbulho possessório, protagonizado pela ora ré.

Da mesma forma, a continuidade do esbulho, inclusive com a construção de uma


casa na área esbulhada, impede o requerente de exercer qualquer dos seus
direitos de posse, mormente poder explorar economicamente a área, posto que
a esbulhadora não permite e destrói qualquer atividade na área, como fez com
a cerca, causando, assim prejuízos de ordem econômica ao autor.

Portanto, demonstrado o atendimento aos pré-requisitos estipulados por nosso


ordenamento, pleiteia o autor a medida liminar para a reintegração de posse do
terreno esbulhado, inaudita altera pars, para que seja restabelecido seu direito a
posse, possibilitando assim o retorno ao status quo ante, com a concessão da
tutela ora pleiteada.

Em caso de não deferimento da reintegração de posse, requer, no mesmo


sentido, medida liminar para determinar que a ré invasora se abstenha de
realizar qualquer modificação no terreno objeto do litigio, sob pena de multa
diária por descumprimento, a ser arbitrada por esse d. Juízo, a fim de que a
questão seja resolvida sem maiores problemas para o autor, bem como para a
ré.

3 - DOS PEDIDOS

Ex potitis, requer que esse d. Juízo se digne a:

a) Conceder a medida liminar, inaudita altera pars, para imediata reintegração


de posse do terreno objeto desta demanda, de acordo com o art. 561 do CPC,
para tanto se utilizando dos meios necessários, inclusive força policial.

b) Em caráter subsidiário, ao optar, o que, de certo, não acreditamos, pela não


concessão de medida liminar de reintegração, conceda liminar para determinar
que a invasora se abstenha de realizar qualquer modificação no terreno, nos
termos do pedido principal.

c) Superadas as medidas antecipatórias, no mérito, julgue procedente o pedido


de reintegração de posse em favor do autor, pelas inúmeras e robustas provas
apresentadas, e nos termos da legislação vigente.

d) determinar o traçado da linha demarcada da área pertencente ao autor com a


consequente confirmação, por perito nomeado por esse d. Juízo, homologando-
Ruy Santos Carvalho – Advogado – OAB/CE 32.197 - OAB/AP – suplementar 3676 A.
End. Rua Eliezer Levy, 2091, bairro Central, CEP 68.900-000 – Macapá – AP
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se a demarcação efetuada (Código de Processo Civil, arts. 581 e 587).

e) A condenação da Ré ao pagamento de indenização por perdas e danos,


honorários advocatícios na base de 20% sobre o valor da ação e custas
processuais. Todas as verbas mencionadas deverão ser monetariamente
corrigidas a contar do ajuizamento desta, na forma prevista no art. 1º e seus
parágrafos da Lei Federal nº 6.899, de 08 de abril de 1981.

f) Promova a citação da Ré, para querendo, contestar a presente, sob pena de


serem dados como verdadeiros todos os fatos alegados.

Protesta o autor provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em


direito principalmente pelo depoimento pessoal das partes e posterior
arrolamento de testemunhas.

Dá-se à causa o valor de R$ 8.600,00 (oito mil e seiscentos reais).

Nestes Termos,

Pede e Espera Deferimento

Macapá, 18 de janeiro de 2023

Ruy Santos Carvalho


Advogado – OAB/3676A

Ruy Santos Carvalho – Advogado – OAB/CE 32.197 - OAB/AP – suplementar 3676 A.


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