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DA JUSTIÇA GRATUITA
Preliminarmente, cumpre salientar que o Requerente não possui condições financeiras
de arcar com custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de seu sustento
e de sua família (declaração de hipossuficiência anexa), requerendo desde já os
benefícios da Justiça Gratuita com fulcro no art. 5º, inciso LXXIV da Constituição
Federal que manda: “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos”; com sustentáculo na Lei 1.060/50 e consoante
aos arts. 98 e 99 § 4º do Código de Processo Civil:
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de
recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem
direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na
contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
FATOS
Antônio Amantino de Moraes e sua esposa Jucentina de Moraes, casados em Comunhão
Parcial de Bens, são possuidores de um terreno de 240 metros quadrados, no município
de Santa Maria, Rio Grande do Sul, matriculada sob o n. 25.000 no Registro de Imóveis
do mesmo Município. A área tem formato retangular, com 24,00 metros de frente para
duas vias públicas e 10,00 metros de frente aos fundos. A descrição da área em
memorial descritivo elaborado é a seguinte: “Uma área de terras na zona urbana, com
240,00 metros quadrados de área, com as seguintes medidas e confrontações: ao
NORTE, onde confronta com a rua das Flores, mede 24m00 de extensão; ao SUL, onde
confronta com a rua das Margaridas, mede 24m00 de extensão; ao LESTE, onde
confronta com propriedade de João de Oliveira, mede 10m00 de extensão; e, ao
OESTE, onde confronta com propriedade de Antônio e Luiza de Almeida, mede 10m00
de extensão.” A área, perante o Registro de Imóveis, está registrada em nome de
Antônio Carlos de Jesus, casado com Maria de Jesus em regime de Comunhão Parcial
de bens, sendo que Antônio e Jucentina residem no bem há seis anos, sem que tenham
feito qualquer negócio jurídico com os proprietários registrais, após ocupação irregular
do terreno e construção de uma casa de alvenaria de 40 m², que não se encontra
averbada na matrícula, e serve de moradia para o núcleo familiar. Afirmam que,
inclusive, passaram a pagar as despesas de energia elétrica, água e IPTU do local,
contas estas em nome de Antônio (o valor venal do imóvel, para fins fiscais municipais
é de R$ 55.000,00). Explicam também que neste período, os proprietários nunca
ajuizaram qualquer ação em face dos mesmos, não conhecendo pessoalmente os
mesmos. Obtido endereço destes, houve litígio, afirmando estes que não assinariam
qualquer documento favorável aos possuidores.
DIREITO
Incialmente, há de ser ressaltado que o ordenamento jurídico brasileiro prevê a
possibilidade de Ação de Usucapião como forma de regularizar o registro imobiliário de
imóvel urbano ou rural, cuja a aquisição se deu pela ocorrência de prescrição aquisitiva,
fruto da posse mansa, pacífica e ininterrupta. Dentre as diversas modalidades de
aquisição de propriedade originária, através da usucapião, está a espécie extraordinária,
expressamente entalhada na redação do caput do art. 1.238, parágrafo único, do Código
Civil que assim dicciona:
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção,
nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a
propriedade, independentemente de título e boa-fé;
podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença,
a qual servirá de título para o registro no Cartório de
Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-
se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no
imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou
serviços de caráter produtivo.
DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer-se:
I) Que seja deferido a gratuidade da Justiça, nos termos da Lei nº 1060/50 e art. 98 do
Código de Processo Civil;
II) Que seja dispensada a audiência de conciliação, conforme previsto no art. 334, § 5º
do Código de Processo Civil;
III) A citação de todas as partes Requeridas nos seus respectivos endereços, por meio
postal, para que, querendo, apresentem contestação no prazo legal, sob pena de revelia;
IV) A Intimação do Ministério Público para intervir no feito;
V) Ao final, sejam JULGADOS PROCEDENTES todos os pedidos contidos na
presente demanda para declarar o imóvel usucapiendo de propriedade do Sr.
ANTONIO DE MORAES e expedindo-se o competente mandado para o Cartório de
Registro de imóveis desta Comarca.
Pretende provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, em
especial pela juntada de documentos (anexos), perícia técnica e oitiva de testemunhas.
Dá-se à causa o valor de (R$ 55.000,00)
Nestes termos, pede deferimento.
SANTA MARIA, 30/10/2022
ADVOGADO/OAB...