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EXMO.

JUIZ DE DIREITO DA VARA DE REGISTROS PÚBLICOS DA COMARCA


DE BELO HORIZONTE / MG

Nome, brasileira, profissão, estado civil, CPF n° xxxx, identidade nº xxxx, residente e
domiciliada na Rua xxxx, nº xx, Bairro xxxx, Belo Horizonte/MG, por meio dos advogados do
Núcleo de Prática Jurídica da Faculdade Pitágoras, todos com endereço profissional na
Rua Santa Madalena Sofia, 30 – Bairro Vila Paris – Belo Horizonte/MG, propor a
presente, vem a presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 1.238, parágrafo único do
Código Civil e no art. 1.071 do Novo Código de Processo Civil, que prescreve a faculdade do
reconhecimento do usucapião pela via judicial, propor a presente

AÇÃO DE USUCAPIÃO

EXTRAORDINÁRIO

Em face de Nome – CPF nº xxxx, Nome – CPF nº xxxx e Nome – CPF nº xxxx, tendo estes
endereços e identidades desconhecidos.

I – DOS FATOS

A autora e seu falecido marido, Nome, adquiriram o imóvel o qual se pleiteia a


propriedade através de Contrato de Compra e Venda de Imóvel, anexo aos autos, no ano
de 1991. Inclusive, contrato este que teve Promessa de Compra e Venda como contrato
preliminar.

O imóvel correspondia ao lote xxx, quarteirão xxx, da Planta Particular não aprovada do bairro
xxxx, nesta capital com área de 360m² conforme matrícula xxxx lavrada no xxº Ofício de
Registro de Imóveis.
Em razão de modificação ocorrida na região pela prefeitura, este imóvel atualmente é
identificado de acordo com a Planta xxxx, APROVADO PELO DECRETO xxxx em
xx/xx/xxxx com área de xxm², sendo que o Lote número xxx passou a pertencer ao quarteirão
xxx, localizado à Rua xxxx, nºxx, bairro xxxx – Belo Horizonte/MG.

Por fim, a área final analisada deste imóvel corresponde a xxxm², conforme apurado in loco
pelo memorial descritivo do terreno.

É certo que desde xxx de xxxx, data esta em que se firmou o contrato de compra e venda, a
autora tem a posse mansa e pacífica do imóvel, local onde vive há mais de xx anos.

Desde que a Autora e seu falecido marido se mudaram para o imóvel lá estabeleceram a sua
moradia habitual, o possuindo como se donos fossem, presente, portanto, o animus domini.

Ressalta-se novamente que desde que tomou posse do imóvel, no ano de xxx, a usucapiente
residiu de forma contínua neste e como prova de tal conduta e de sua boa-fé, encontra-se em
anexo, documentos e declarações da Cemig e Copasa, ao qual, atestam o ano do início da
prestação do serviço à família da Autora, qual seja, xx/xx/xxxx e xx/xx/xxxx respectivamente.

Importante registrar que a Autora nunca sofreu qualquer tipo de contestação ou impugnação à
sua posse por parte de quem quer que seja, sendo esta, portanto, mansa, pacífica, ininterrupta
e totalizando xx anos de moradia.

Consta em anexo à presente exordial, além do contrato de Promessa de Compra e Venda e o


Contrato de Compra de Venda de Imóvel, orçamentos para reforma da casa datadas nos anos de
1994 e1996, além de IPTU e contas de luz do referido imóvel devidamente pagas pela Autora.

II – OS CONFRONTANTES DO IMÓVEL

 Lateral direita, NÚMERO xx NA PLANTA: Nome, solteira, inscrita no CPF nº xxxxx e


identidade MG-xxxx, residente e domiciliada à Rua xxxx, xx, Bairro: xxx, Belo
Horizonte – MG;

 Lateral esquerda: NÚMERO xx NA PLANTA: Nome, solteira, inscrito no CPF nº


xxxxx e identidade MG-xxxx, residente e domiciliada à Rua xxxx, xx, Bairro: xxx, Belo
Horizonte – MG;

 Aos fundos, QUARTEIRÃO NÚMERO xx NA PLANTA: Nome, solteira, inscrito no


CPF nº xxxxx e identidade MG-xxxx, residente e domiciliada à Rua xxxx, xx, Bairro:
xxx, Belo Horizonte – MG.

Dessa forma, estando presentes todos os requisitos legais exigidos, a autora faz jus à presente
ação.

III – DO DIREITO

Assegura o art. 1.238, parágrafo único do Código Civil que adquirirá a propriedade do imóvel,
mediante usucapião extraordinária, àquele que, por dez anos, sem interrupção, nem oposição e
nele estabelecer a sua moradia habitual, ou realizar obras ou serviços de caráter produtivo,
independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por
sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Salienta-se que aquele que possui um justo título, tem a seu favor a presunção de que é
possuidor de boa-fé, conforme determina o art. 1.201, parágrafo único, do CC.

A jurisprudência também anuncia os requisitos indispensáveis para a configuração do usucapião


extraordinário, conforme julgados do TJ/MG:

APELAÇÃO CÍVEL. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA. REQUISITOS PREENCHIDOS.


OPOSIÇÃO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA Ante o deferimento da prova oral, é de se ressaltar que o
art. 130, do CPC, permite ao julgador determinar a produção das provas necessárias à instrução
processual. Para o reconhecimento da usucapião extraordinária, deve-se perquirir a
comprovação da posse pelo prazo de quinze anos, sem interrupção (posse contínua), sem
oposição (posse pacífica) e com animus domini. O referido prazo se reduz a dez anos se o possuidor
houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter
produtivo. Para que seja caracterizada a oposição sobre a posse do usucapiente, tem-se que a mesma
deve ser feita na esfera judicial, não podendo ser aceita a autotutela. Comprovado o preenchimento
dos requisitos, deve ser declarado o domínio do imóvel ao possuidor.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0074.11.006296-0/001 - COMARCA DE BOM DESPACHO -


APELANTE(S): RAFAEL ASSUNÇÃO - APELADO(A)(S): ZULMIRA TORRES GONTIJO,
ROBERTO MARQUES GONTIJO E SUA MULHER ZULMIRA TORRES GONTIJO (grifo nosso)

EMENTA: APELAÇÃO - AÇÃO DE USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO - CITAÇÃO DOS


CONFINANTES E DOS ENTES PÚBLICOS - INEXISTÊNCIA DE NULIDADE - JUNTADA DE
DOCUMENTO - DESNECESSIDADE À SOLUÇÃO DA CONTROVERSIA - INDEFERIMENTO
- AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS LEGAIS DA PRESCRIÇÃO
AQUISITIVA - IMPROCEDÊNCIA - SENTENÇA REFORMADA.
Não há que se falar em nulidade quando regularmente citados os confinantes do imóvel usucapiendo e
os entes públicos, comparecendo espontaneamente aos autos aquele que possui o seu domínio
conforme registro imobiliário.
Deve ser indeferida a juntada aos autos de documento imprestável à solução da controvérsia.
Para a declaração da usucapião extraordinária é necessária a demonstração inequívoca da
posse mansa, pacífica, ininterrupta e com "animus domini" durante o período temporal
legalmente exigido, pelo que não logrando a parte autora comprovar suas alegações, inviável o
acolhimento da pretensão. 

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0701.08.223073-4/001 - COMARCA DE UBERABA - 1º APELANTE:


KELLY CRISTINA BLANCO ESPIGAR - 2º APELANTE: VALDIR JOSÉ MENDES - 3º
APELANTE: ALEXANDRE CARLOS SANTOS DE PÁDUA - APELADO(A)(S): ALZERINO
EDUARDO ESPÓLIO DE, REPDO P/ INVTE CARLOS ANTÔNIO PONTES EDUARDO -
LITISCONSORTE: MUNICIPIO UBERABA (grifo nosso)

Nota-se que os requisitos para caracterização da usucapião extraordinária consistem na


demonstração inequívoca da posse mansa e pacífica do imóvel pelo lapso temporal exigido em
lei.

Conforme relatado acima, a Autora desde que tomou posse do imóvel, em março de 1991,
sempre agiu como se proprietária fosse de maneira pública e contínua tendo, inclusive,
justo título que comprova a sua aquisição, de acordo com as documentações anexadas,
pelo que resta demonstrada a sua boa-fé.
Diante da presença dos requisitos legais para usucapião extraordinária, demonstrada no caso em
comento, impõe-se a procedência do presente feito, devendo ao final ser declarado o domínio do
imóvel à possuidora, ora autora.

IV – DA COMPETÊNCIA

Dispõe o art. 47 do Novo CPC que nas ações fundadas em direito real sobre imóveis, é
competente o foro da situação da coisa, no presente caso a Comarca de Belo Horizonte.

VI – DA IMPOSSIBILIDADE DA USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL

Visto que a autora não possui qualquer contato ou notícia do então proprietário legal do imóvel
que comprara, e por não ter condições financeiras, fica esta impossibilitada pleitear a usucapião
pela via extrajudicial.

VII – DA LOCALIZAÇÃO DOS RÉUS

Desde já se requer seja realizada pesquisa pelo sistema INJOJUD objetivando a localização do
endereço dos réus, quais sejam Nome – CPF nº xxxx, Nome – CPF nº xxxx e Nome – CPF nº
xxxx.

VIII – DO PEDIDO

Ante o exposto, requer seja julgado procedente o pedido da presente ação, declarando a
aquisição da propriedade do imóvel em questão pela Autora.

IX – DOS REQUERIMENTOS

Para tanto requer:

a) sejam citados os réus, proprietários do imóvel litigioso para integrar a relação


processual e a sua intimação para comparecimento à audiência de conciliação, nos
termos do art. 334 do Novo CPC;
b) seja determinada a pesquisa INFOJUD para fins de tentar localizar o endereço para
citação dos réus.

c) sejam citados todos os confrontantes, conforme as especificações já mencionadas;

d) sejam intimados, por via postal, os representantes da Fazenda Pública da União, do


Município de Belo Horizonte e do Estado de Minas Gerais, para que manifestem
eventuais interesses na causa;

e) Intimação do Ministério Público, cuja manifestação se faz obrigatória no presente feito,


nos termos do art. 178 do NCPC;
f) seja a sentença transcrita no registro de imóveis, mediante mandado, por constituir esta,
título hábil para o respectivo registro junto ao Cartório de Registro de Imóveis;

g) o expresso DEFERIMENTO da possibilidade de que os prazos da parte Autora se


contem EM DOBRO, certificando-se a Secretaria deste Juízo de que a concessão dos
prazos e respectiva abertura de oportunidade para seu cumprimento se deem conforme
determina a Lei.

h) sejam concedidos os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, na forma do art. 98 e


seguintes do NCPC, eis que a própria peticionária, em declaração, já postula tal
benefício;

i) provar suas argumentações fáticas, documentalmente, apresentando desde já os


documentos acostados à peça exordial, protestando pela produção das demais provas
que eventualmente se fizerem necessárias no curso da lide.

Dá-se a causa o valor de R$ 00,00 (escrever por extenso).

Termos em que, requer deferimento.

Belo Horizonte, xx de xxx de xxxx.

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